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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACED – FACULDADE DE EDUCAÇÃO


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

AVALIAÇÃO ESCRITA – 1.º SEMESTRE DE 2018

DISCIPLINA: EPISTEMOLOGIA E EDUCAÇÃO


PROFESSORA: DR.ª ROMANA VALENTE PINHO
ALUNA: ELIZANDRA PIRES NEVES
MATRÍCULA: 11812EDU007
Opinião Falsa, Opinião Verdadeira e Saber no contexto da epistemologia platônica
proposta no diálogo Teeteto

Elizandra Pires Neves

No Teeteto, um dos diálogos de Platão, Sócrates põe em discussão a questão “o que é


conhecimento (episteme)?”. A esta questão Teeteto apresenta três definições que constituem o
diálogo as quais são refutadas por Sócrates. A primeira definição trata a episteme como
sensação; a segunda, como opinião verdadeira; e a terceira, como opinião verdadeira
acompanhada da explicação racional ou logos.
Dada a primeira resposta de Teeteto que conhecimento é sensação, Sócrates refuta
construindo argumentos baseados na teoria de Protágoras, que diz que o “homem é a medida
de todas as coisas”, tratando as percepções individuais como verdade real para cada sujeito; e
na teoria do Fluxismo de Heráclito, que se refere ao movimento constante de todas as coisas.
Para Platão, o saber, a ideia, é perfeita e estável. As sensações são particulares e
diferentes para cada indivíduo. Cada sujeito tem em si o critério de diferenciação das coisas
como, quente e frio, seco e úmido, por exemplo. E isso não leva a uma ideia estável, portanto
não proporciona o conhecimento. Considerando ainda o movimento constante das coisas em
acordo com a teoria do Fluxismo de Heraclito e o perpétuo devir de Parmênides, novamente a
instabilidade torna impossível o alcance ao conhecimento.
Assim concluem que conhecimento não é percepção. Os órgãos dos sentidos são
apenas canais para uma primeira impressão sobre o saber, um primeiro passo em direção ao
conhecimento. Para Platão o saber se dará a partir da abstração e não somente pela sensação
empírica. Então passam a buscar a definição de conhecimento na opinião.
Prosseguindo o diálogo, Teeteto define o conhecimento como opinião verdadeira.
Sócrates então se detém a analisar a possibilidade do falso julgamento pelo indivíduo, da
formação de opiniões falsas e de erros, já que pra ele, a opinião verdadeira, a princípio, é de
fácil refutação.
Em acordo com o diálogo, a formação da opinião falsa consiste numa confusão da
mente, num desajuste entre a sensação e o pensamento, entre percepção e o saber da alma, em
que o indivíduo substitui uma coisa por outra. É um tipo de “outra opinião” resultada de uma
opinião, que tem como consequência a afirmação de que uma coisa que é seja uma outra
coisa.
Sócrates diz que no ato de pensar a alma discorre consigo mesma um discurso a cerca
de suas análises, procedendo dialeticamente, ora interrogando, ora respondendo, até chegar a
emitir um julgamento com segurança, uma opinião. Sendo assim é questionável a
possibilidade de que alguém possa confundir dois objetos que estão na mente substituindo um
pelo outro, ou confundir um objeto presente na mente com outro ausente. Assim, elimina a
definição da opinião falsa como troca de representação.
Deste modo Sócrates nega a possibilidade do juízo falso. É impossível alguém saber e
não saber, ao mesmo tempo, aquilo que sabe. Então ele recorre à memória para demonstrar a
possibilidade do erro.
Sócrates sugere que na nossa alma, existiria algo como um “bloco de cera”, diferente
em cada pessoa, o que implicaria em consequências em relação aos saberes contidos, em
memória, em cada alma. Nesses blocos de cera, que podem ser maiores, menores, puros,
impuro, duros ou moles, ficariam gravadas nossas sensações e pensamentos e teríamos a
lembrança e conhecimento; e o que não fosse registrado seria esquecido ou ignorado. Nessa
perspectiva, o conhecimento se daria a partir de uma percepção imediata que se tem de algo e
do registro da sua respectiva imagem na memória da alma. Isso aumentaria as possibilidades
de se julgar falsamente, pois Sócrates afirma que o saber difere da sensação, o que significa
dizer que o saber é possível sem que haja uma percepção atual em relação ao objeto, ou seja, é
possível conhecer algo tendo ou não a sensação empírica presente.
A partir das coisas que são conhecidas ou percebidas, a opinião poderá ser falsa ou
verdadeira. Será sempre verdadeira quando as imagens da cera forem compatíveis com os
seus respectivos objetos, e será falsa quando houver falhas entre o ajustamento da percepção
com o saber da alma.
Através de outra metáfora, a “Símile do aviário”, entre pássaros e conhecimento,
Sócrates sugere que cada alma possui diversas espécies de aves a serem capturadas em uma
gaiola. Quando crianças, a gaiola está vazia, e no momento de “caça às pombas”, da posse do
saber, se começa a preencher esse vazio dando lugar às aprendizagens, aos saberes. Antes da
captura, pode se dizer que existe a posse dos saberes na alma, mas esta não os têm presentes
no pensamento (na gaiola). Isso significa que a distinção entre “ter” e “possuir” conhecimento
exclui a possibilidade de alguém não possuir o conhecimento que possui, de tal modo que
jamais ocorreria o caso de não saber aquilo que sabe.
O erro, ou a opinião falsa, acontece quando, durante essa “caça”, é capturado um saber
diferente ao objetivado, quando se agarra uma ave ao invés de outra. Disto decorre ser
possível o engano sem deixar de possuir o saber. A opinião verdadeira acontece quando se
agarra exatamente o que fora proposto.
Para discorrer sobre o que está posto no trecho do diálogo Teeteto, 199b-199d, pode
ser considerado que a explicação sobre a formação de opiniões falsas expostas por Sócrates a
partir da símile do aviário, consegue superar a discussão sobre a dificuldade do ‘não saber o
que se sabe’. Entretanto, dessa conclusão surge a difícil questão sobre a “transposição de
saberes nalgum momento poder converter-se em opinião falsa” (199c).
Em decorrência disso, um homem poderia ter um saber e ignorá-lo em razão do seu
próprio saber, criando opiniões que a coisa que conhece é outra ou, que é outra a que conhece.
Porém nada impede que a ignorância leve a um saber até então desconhecido.
A busca da definição sobre a opinião falsa não teve resultado. Teeteto, então, reafirma
que “opinião verdadeira é conhecimento”. Sócrates refuta tomando como exemplo a arte dos
oradores e advogados, que exercem a função com base em opiniões que consideram
verdadeiras por persuasão, não por conhecimento. E afirma que a opinião verdadeira não pode
definir o conhecimento.
Teeteto então propõe uma última tentativa de definição para o conhecimento que é
“opinião verdadeira acompanhada da explicação racional” (201d).
Ainda assim o final das discussões não responde o que seja o conhecimento.

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