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Tribuna de Debates

Número 5, MARÇO de 2011 1º CONGRESSO DA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA 

Um estranho no ninho
Crônicas de uma história recente do PT maranhense: pelo afastamento de
Raimundo Montero, Fernando Magalhães, Fernando Silva e Paulo Romão

por Bruno Rogens*

A
oligarquia Sarney é perversa. Disso nhense. Filiados ao PPS, PMDB, prefeitos, rio nacional de organização do partido Paulo
o povo já sabe há muito. Tanto que vereadores, secretários de estado interferiram Frateschi, que proclamou o resultado final
desde a redemocratização a oligar- diretamente no processo de eleições internas da votação e afirmou: “No Maranhão haverá
quia nunca se entendeu bem com as urnas, petista. Além disso, houve denúncias de com- aliança com o PCdoB”. Ainda neste encon-
sempre esteve à perigo de não sustentar sua pra de votos, de filiados votando por outros, tro não faltaram relatos de coação política a
dominação através do voto. Tanto que perdeu denúncias de falsidade ideológica etc. Rai- membros de governos municipais, aliciamen-
as eleições de 2006... e tomou no tapetão via mundo Montero venceu no segundo turno to para compra de votos, desaparições etc.
mãozinha dos tribunais federais. Em 2010 sob suspeitas de irregularidades nas votações Comenta-se que circularam pastas com valo-
lançou mão de todo tipo de expediente para em diversas cidades, sobretudo em Baca- res que chegavam quarenta mil reais.
esvaziar a candidatura de Flávio Dino e impe- beira. Naquele momento Montero assume a
dir o segundo turno por míseros 2600 votos. presidência e não ousa falar em aliança com As denúncias de compra de apoio político
Mas a oligarquia não é perversa apenas com o PMDB, se limita a afirmar que seguirá a continuaram. Com o encontro estadual perdi-
o povo, ela também é implacável com aque- orientação do “projeto nacional”. do, a ala sarnopetista organiza uma reunião
les que ousam dividir a mesa do poder e são que chama de encontro de delegados e afir-
estranhos às origens familiares e políticas do Mesmo com todos esses problemas o ma passar a ter maioria de delegados. Nes-
clã. Portanto vejamos como Washington Luís PED2009 elege os delegados que decidirão se encontro é produzido um documento que
conseguiu sentar-se à cadeira de vice-gover- nos encontros partidários a linha política do é apresentado, em Brasília, ao presidente
nador do Maranhão. partido nas eleições 2010. Aí os nomes come- nacional do PT José Eduardo Dutra, que in-
çaram a aparecer, por que para apoiar a can- clusive esteve presente ao encontro estadual
Pra garantir a eleição da filha, José Sarney uti- didatura majoritária de outro partido é preciso de definição de tática. Portanto tem razão o

— EDIÇÃO ELETRÔNICA Nº 18 — 30/MARÇO/2011


lizou-se do cargo de presidente do Senado da protocolar documento subscrito. O documen- companheiro Francisco Gonçalves quando
República e de todo seu poder de chantagem to em questão afirmava que era preciso apoiar afirma que a traição não é nacional, ela ocor-
para enquadrar Lula, exigir o apoio cartorial candidatura da base de sustentação do gover- reu aqui no Maranhão. Se não houvesse essa
do PT maranhense e até fez que o Presidente no federal. A lista continha uns 10 partidos, movimentação paralela às instâncias partidá-
da República passasse pelo ridículo papel de ia do PR ao PMDB. Nesse momento ainda rias aqui no Maranhão, não haveria recurso
entrevistador de Roseana, na patética peça de causava vergonha expressar publicamente na fatídica reunião do diretório nacional do
propaganda no horário eleitoral gratuito. apoio à Roseana Sarney. Assinaram o docu- dia 11 de junho que determinou a intervenção
mento Fernando Magalhães, Paulo Romão, branca no Maranhão.
Vale lembrar que do alto da cadeira da presi- Raimundo Montero, Washington Luís den-
dência do Senado, Sarney na prática evitou a tre outros. A ala anti-Sarney apressou-se em Amparado pela movimentação clandestina
consumação da prisão de seu filho e “admi- protocolar um documento em que declarava dos sarnopetistas liderados por Washington
nistrador” dos negócios da família, Fernando apoio ao bloco democrático-popular apoian- Luís, o presidente do PT José Eduardo Du-
Sarney, que responde à inquérito na Polícia do a candidatura do PCdoB de Flávio Dino. tra apresenta recurso ao Diretório Nacional
Federal por meia dúzia de crimes. Mas o en- invocando dispositivo contido na resolução
redo que desemboca no lamaçal de denúncias Com esses documentos tornou-se necessária aprovada no IV congresso que confere pode-
envolvendo sarnopetistas, dentro do dito ‘me- a realização do encontro estadual de definição res ao Diretório Nacional. A imprensa noti-
lhor governo da minha vida’ de Roseana é de tática eleitoral. Um eufemismo, porque o cia o comentário de dirigentes nacionais que
mais amplo. Relembremos alguns fatos. IV congresso nacional do PT aprovou resolu- afirmam: “É o Lula que quer.” A essa altura,
ção conferindo poderes ao diretório nacional o presidente Lula, com toda a popularidade
O PED de 2009, em que pese as debilidades para decidir em última instância sobre tática e admiração que o povo brasileiro nutriam e
e fragilidades, amplamente reconhecidas por eleitoral nos estados. Nesse encontro foi vito- nutrem por sua pessoa e seu governo, estava
todas as tendências do PT, mostrou no Mara- riosa a tese favorável à aliança com PCdoB, literalmente com a faca no pescoço. Sarney
nhão sua faceta mais deformada. Há denún- derrotando as intenções sarneyzistas no voto ameaçava licenciar-se do cargo do presidente
cias de participação externa no PED mara- aberto e nominal, com a presença do secretá- do senado e entregar a presidência à Marco-
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1º CONGRESSO DA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA 
TRIBUNA DE DEBATES
Diante das graves denúncias e da investigação da Polícia Federal contra
o presidente do PT, Raimundo Montero, é preciso que o mesmo se
ni Perilo do PSDB bem no momento em que
o congresso discutia e aprovava o marco re- licencie do cargo, para que o vice-presidente assuma e organize eleições
gulatório da exploração do petróleo na faixa
pré-sal. Com essa faca afiada no pescoço Lula para eleger um presidente interino como assegura o estatuto do PT. É
não quis, como afirmava a imprensa, mas na preciso também afastar Paulo Romão, Fernando Magalhães e Fernando
verdade foi obrigado, o que é um absurdo,
por que a ala sarnopetista do PT maranhense Silva dos cargos de dirigentes partidários com base no estatuto do PT.
ao invés de contribuir para que o governo se
livrasse de Sarney, contribuiu para tornar o assim, contra tudo e contra todos Roseana, seana, também foi nomeado na vice-gover-
governo mais refém do Sarney. E assim vai elegeu-se pela quarta vez governadora do es- nadoria. Por último foi noticiada a operação
continuar no governo Dilma. tado. “Estamos ferrados” anunciam blogs na da Polícia Federal que investiga o desvio de
internet, sobre os quatro anos de desmandos, recursos do Incra, destinados à construção de
Foi nesse contexto que aconteceu um dos atos incompetências e abusos que virão por ai... casas para trabalhadores rurais. A Polícia Fe-
políticos mais violentos da história do PT, deral aponta como cabeças da organização o
quando um encontro democrático, legítimo e O quarto governo de Roseana Sarney se inicia ex-presidente do Incra, Raimundo Montero,
legal foi simplesmente jogado no lixo, junta- na base do improviso e marcado pela ineficiên- atual presidente do PT-MA e o atual presiden-
mente com a história e os sonhos de milha- cia administrativa, coisa que se repete desde o te do Incra, Benedito Terceiro.
res de petistas maranhenses que derramaram primeiro governo Roseana, de 1995. A novida-
sangue, suor e lágrimas na esteia do sonho de de agora é a presença estranha de Washington O elo de ligação de todas as denúncias e
uma sociedade mais justa e fraterna. Domin- Luís na perigosa cadeira de Vice-Governador. todos os personagens petistas envolvidos é
gos Dutra, Terezinha Fernandes e Manoel da Para uma governadora que já passou 23 cirur- o vice-governador Washington Luís. Seu
Conceição, histórico líder camponês, único gias e sofreu um aneurisma cerebral, a presen- projeto é tornar-se governador não se sabe
maranhense signatário da carta de fundação ça de Washington realmente deve incomodar o como, porque não há meios de tomar o poder
do PT no colégio Sion em fevereiro de 1980, núcleo de poder da oligarquia. Há de se lem- político das mãos da oligarquia que se não
que foi desrespeitado e impedido de entrar na brar que desde abril de 2009, Roseana cedeu seja pelo protagonismo cívico do povo nas
sala em que se realizava a fatídica reunião do a poderosa secretaria de educação do estado a ruas, como foi em 2006. Contudo, o projeto
dia 11 de junho, entram em greve de fome no um indicado de Washington, Anselmo Raposo, de Washington é um projeto sem estratégia,
congresso nacional. Esse ato chama atenção como parte das negociações pelo apoio polí- ou com uma estratégia débil, do qual agora
da imprensa nacional pelo extremo que repre- tico do PT à oligarquia. Com a formação do ele próprio se tornou refém. A escalada de
senta mas a imprensa não toca no mérito da novo governo, o PT é jogado para escanteio. denúncias contra membros do PT cumpre
questão, o porquê do estupro ao PT do Ma- Rodrigo Comerciário comercializa o seu apoio uma função estratégica fundamental para os
ranhão e à história de milhares de militantes. à oligarquia já desde o PED 2009, indicando planos da oligarquia: tornar Washington tão
Edmilson Sanches à secretaria de desenvolvi- refém da proteção da família, que ele não
No cerne na questão está o senhor José Sar- mento social. No novo governo, Comerciário possa dar um passo sem o consentimen-
ney, um homem de família que não exita em assume a secretaria extraordinária de relações to dos cães de guarda da oligarquia. É um
empregar neto(a)s e parentes em cargos públi- institucionais, uma pasta tampão, e joga Ed- movimento claro e deliberado para contro-
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cos em Brasília, se for para ajudar a família. milson para escanteio. José Antônio Heluy lar um estranho no ninho, que pensou que
“Qualquer pai faria isso” disse certa vez. Um permanece na secretaria do trabalho, como poderia minar a oligarquia por dentro e que
político habilidoso, um gestor incompetente, cota pessoal da governadora. Roseana demite na verdade está sendo minado. Tudo o que
e uma cabeça que funciona ainda no século Anselmo Raposo e pede à Washington nome está acontecendo com Washington e seu
XVIII. Um político que se mantém no poder com ficha limpa e competência para a educa- grupo não diz respeito ao grupo que apoiou
desde a década de 1960, derrotou gerações e ção. Washington não tem esse nome. Quadros o PCdoB nas eleições de 2010. Trata-se de
gerações de oposicionistas, apoiou a ditadura o PT maranhense tem, com ficha limpa e com- responsabilidades que são única e somente
e sobrevive na democracia. Concentra poder petência, mas nenhum concorda em participar do grupo que traiu os sonhos de milhares de
e influência nas instâncias da república, na do governo oligárquico. militantes petistas, para se tornar um jogue-
base pura e simples da troca de favores. “Me te sujo e vil do poder pelo poder.
ajuda que eu te ajudo”, um mestre na arte de A ingerência administrativa é geral. Há crise
reproduzir essa forma de sociabilidade tão no setor da educação com greve de professo- Diante das graves denúncias e da investiga-
cara à formação colonial brasileira, baseada res, no setor penitenciário, com rebeliões e ção da Polícia Federal contra o presidente
na intimidade das relações pessoais e familia- 24 presos degolados em dois meses, no mi- do PT, Raimundo Montero, é preciso que o
res e infestar o espaço público republicano e nistério público com a reforma fraudulenta mesmo se licencie do cargo, para que o vice-
democrático com essas práticas. Um mestre da sede das promotorias, nas bolsas da FA- presidente assuma e organize eleições para
na arte de chantagear. PEMA cedidas a políticos, incluindo os petis- eleger um presidente interino como assegura
tas Fernando Magalhães, secretário geral do o estatuto do PT. É preciso também afastar
Foi com esse poder que José Sarney retirou PT-MA e Paulo Romão, membro do diretório Paulo Romão, Fernando Magalhães e Fer-
o apoio legítimo do PT maranhense à Flávio estadual, que no novo governo são nomeados nando Silva dos cargos de dirigentes partidá-
Dino, esvaziando a candidatura comunista, para a assessoria da vice-governadoria. rios com base no estatuto do PT.
que mesmo assim quase chegou ao segundo
turno. Mais um sintoma da fragilidade de sus- Recentemente a imprensa divulgou que An- *Bruno Rogens é militante da AE/PT-Ma e
tentação democrática da oligarquia. E mesmo selmo Raposo, gravemente acusado por Ro-
2 professor universitário
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TRIBUNA DE DEBATES

A economia camponesa é mais eficiente


por Mieceslau Kudlavicz*

I
nicio recordando parte da fala do professor Para a pesquisadora Almeida isto se deve do Censo de 1995/96. Já o arroz registrou
russo Teodor Shanin proferida no encerra- aos projetos de reforma agrária que alteraram um aumento de produtividade de 67,77% em
mento do SINGA de Londrina, realizado a concentração fundiária em 1% em favor da 2006, comparado com os dados do Censo de
em 2007. Na oportunidade ele afirmou que pequena propriedade. Esta classe de área (me- 1995/96, e o feijão também aumentou a pro-
atualmente estão acontecendo dois processos nos de 200 ha) ocupava 1.270.725 hectares em dutividade em 51,19% em relação ao mesmo
simultâneos no campo que é “a criação e a re- 1995/96 (4,11%) e em 2006 ocupa 1.504.902 período. Portanto, apesar destes produtos da
criação do campesinato” nos diferentes países hectares (5,01). Por outro lado, apesar de toda agricultura familiar ter sofrido uma redução de
do mundo. E citou como exemplo a Rússia propaganda a favor de que o agronegócio gera área colhida em 2006, o volume da produção
atual, pós socialismo, em que há um movi- empregos os dados do IBGE dizem o contrá- foi superior ao de 1995/96. A pesquisa ressalta,
mento de russos que retornam de outras ex-re- rio. Houve uma diminuição de pessoal ocu- por exemplo, que a classe de área responsável
públicas soviéticas, e eles decidem morar nas pado sem laços de parentesco (assalariados). pela produção de feijão é a pequena unida-
vilas rurais, porque a vida nas cidades é cara. E Caiu de 97.654 em 1995/96 para 75.083 em de com até 200 ha. Este estrato responde por
que são geralmente os mais jovens. 2006. Ou seja, tanto em 1995/96 como em 64,07% do total da produção. “Apesar de pe-
O estudo realizado pela doutora Rose- 2006 a média e a grande propriedade emprega- queno, estes estabelecimentos têm conseguido
meire Aparecida de Almeida, da Universida- vam menos gente que a pequena. Os dados do se apropriar dos avanços tecnológicos e me-
de Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Censo 2006 registram que o aumento no nú- lhorar sua eficiência produtiva” explica.
tendo como referência os censos agropecu- mero de pessoal ocupado ocorreu nas classes Quando o assunto é financiamento, a pes-
ários do IBGE de 1995/96 e 2006, também de área de menos de 50, ela sozinha representa quisa aponta uma interessante contradição no
aponta que no MS houve um pequeno, mas 44,18% do total do pessoal ocupado no Estado MS. Os 1.231 estabelecimentos com mais de
importante movimento de reprodução do (93.311). Cruzando as ocupações com o tama- 1.000ha acessaram 78,97% do valor total dos
campesinato. A investigação teve como foco nho da terra, a classe de área de menos de 50 financiamentos em 2006 e responderam por
a análise das transformações na agropecuária, ha gera uma ocupação a cada 6,7ha, enquanto 51,17% do valor total da produção agropecu-
no último período censitário, a partir de duas a classe de área acima de 1000 ha gera uma ária em 2006. Os 4.269 estabelecimentos das
escalas comparativas: a primeira refere-se ao ocupação a cada 411,56ha. classes de área de menos de menos de 50 hec-
Estado em si, a segunda é a análise compa- Outra observação importante na escala tares acessaram 2,45% dos financiamentos em
rativa entre amostras regionais, neste caso a estadual diz respeito ao aumento significativo 2006 e responderam por 12,19% do valor total
região Leste de Mato Grosso do Sul e Norte na produção de aves no Censo 2006. Ressalta- da produção agropecuária.
Central paranaense. se que 71,51% desta produção vêm da pequena Ou seja, proporcionalmente a peque-
Neste texto apresentamos parte do pri- unidade (até 200 ha). O mesmo ocorre com a na unidade (menos 50 ha) é quase dez vezes
meiro conjunto de análises que se refere ao produção de suínos que cresceu 69,87%, sendo mais eficiente do que a grande unidade, por-

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Estado de Mato Grosso do Sul. a pequena unidade responsável por 70% desta que acessou R$ 45.606.000 (2,45%) de recur-
Segundo a pesquisadora os dados do produção. Em relação ao leite a pequena uni- sos públicos e respondeu por R$ 434.460.000
Censo de 2006 revelam que no MS a concen- dade teve um aumento na produção de 41,01% (12,19%) do valor de produção agropecuária.
tração da terra continua sendo realidade, pois em relação ao Censo 1995/96, enquanto a mé- Enquanto que a grande unidade que acessou
as classes de área de menos 50 hectares repre- dia e a grande unidade reduziram sua produção R$ 1.472.448.000,00 (78,97%) respondeu por
sentam 58,83% dos estabelecimentos e detêm de leite. Este aumento na produção de leite está 1.823.344.000,00 (51,17%). É mais um dado
apenas 2,09% da área, já os estabelecimentos nas classes de área de menos de 50 hectares, do IBGE a confirmar a eficiência da pequena
acima de 1000 ha representam 10,18%, mas que representam em grande medida o tamanho unidade de produção.
possuem 76,93% do território. das parcelas dos lotes da Reforma Agrária. E para terminar, novamente recorro à
Mesmo assim os dados dos Censos Agro- Estas classes de área de menos de 50 ha, fala de Shanin: ao afirmar que “precisamos
pecuários de 1995/96 e 2006 revelam que não que detém apenas 2,09% da área total, produ- estudar os camponeses não só para ajudá-los,
houve uma diminuição do pessoal ocupado no zem 46,48% do leite no Estado, utilizando par- mas para nos ajudar. Não temos que ensinar os
campo como tem ocorrido em grande parte co financiamento. camponeses como viver, nós é que temos que
dos estados brasileiros. Houve um pequeno Segundo os dados fornecidos para a CPT/ aprender com eles como viver e como resolver
aumento de aproximadamente 9.000 pessoas MS, os pequenos estabelecimentos do Mato problemas nos quais a maior parte da popula-
ocupadas no campo. Pode parecer insignifican- Grosso do Sul que produzem arroz e feijão, ção está envolvida”. Porque “ser camponês é
te. Porém se observamos outro dado do Censo foram mais eficientes que as propriedades da saber como combinar muitas ocupações como
Agropecuário de 2006, em relação ao pessoal agricultura de exportação, de acordo com os trabalhar a terra, cortar madeira, cuidar de ani-
ocupado com laços de parentesco (campone- dados dos dois últimos censos agropecuários mais, cultivar alimentos, consertar máquinas”,
ses/agricultores familiares), houve um aumen- (1995/96 e 2006). afirma Shanin (2007). É um aprendizado.
to de aproximadamente 30 mil pessoas e uma Por exemplo, a soja teve um acréscimo
diminuição do pessoal ocupado sem laços de de produtividade de apenas 6,77% de quilos *Mieceslau Kudlavicz é Geógrafo, mestrando em
parentesco (os assalariados/empregados). por hectare em 2006, comparado aos dados Geografia pela UFMS (Campus Três Lagoas-MS).
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A capital da celulose: o não-dito


por Rosemeire A. de Almeida*

I
mpressiona a forma voraz como a mídia Como de praxe, não há na matéria o contra- Um dos impasses fundamentais é que a ex-
vem construindo o consenso em torno da dito. Ouviram apenas os que ganham muito, pansão do eucalipto não visa democratizar
formação do “vale da celulose” na região em especial os especuladores imobiliários, esta estrutura fundiária, ao contrário. Além de
Leste de Mato Grosso do Sul. Mais um capí- pois, como diz a reportagem, se pode viver na colocar bloqueios a aquisição de terras para a
tulo desta blindagem que visa anular ou colo- cidade da renda dos aluguéis; já o outro lado Reforma Agrária em curso na região, respon-
car no limbo questionamentos, foi veiculado há muito não dorme pela sangria do aluguel. sável pela socialização de inúmeras famílias
na edição de outubro da Revista Época, cujo que vivem à margem do sistema.
título é: “Três Lagoas – Capital Mundial da Poderíamos enumerar vários não ditos que
Celulose”. merecem investigação da academia, por exem- A ineficiência da política pública voltada ao
plo: camponeses têm relatado constantes e in- estímulo da produção familiar coloca impasse
Impondo uma visão de desenvolvimento tensos ataques de papagaios e maritacas em eminente na região Leste, obra, em especial,
como sinônimo de crescimento econômico, a suas roças de milho; frutas do pomar são dis- da dinâmica de monopolização do território,
reportagem dedica extensa matéria às trans- putadas, cada vez mais, com araras e tucanos; pois a produção de alimentos básicos, segun-
formações territoriais em curso no município, há registro de pulverização aérea em plantios do o Censo 2006 (IBGE), está em decréscimo
oriundas do “complexo celulose-papel”. Ao de eucalipto próximo a área de assentamento; contínuo em Três Lagoas. A utilização de ter-
leitor desavisado fica a ideia do progresso, nascentes e córregos em desequilíbrio. ras para a produção dos alimentos básicos é
fartura de empregos, gente sorrindo à toa, a insignificante. A área colhida de cana, feijão,
ignorar os impactos do plantio do eucalipto; A geração de empregos é discutível, uma vez mandioca e milho totalizam 123 ha, ou 0,01%
como diz a reportagem “...a população de que a empresa já mecanizou o corte do euca- da área total (932.678ha). Também decresce
Três Lagoas não fez do impacto ambiental lipto e anuncia mecanizar o plantio. Além dis- produção de leite e o rebanho bovino em
um assunto prioritário, como ocorreu recen- so, o cruzamento dos investimentos com os comparação ao Censo 1995/96. Urge pensar
temente no Rio Grande do Sul ...”. financiamentos do setor nos dá pistas de que numa escala de alternativas pautada no limite
o erário público é o grande financiador do ne- e na diversidade socioambiental.
Porém, é preciso complementar que esta rela- gócio. No caso do financiamento do BNDES,
tiva inércia da população se deve à velocida- o setor celulose-papel nos últimos dez anos O intuito deste artigo é evidenciar para a so-
de do negócio, incompatível com o processo obteve mais de 9 bilhões de reais em finan- ciedade que não há consenso, pelo menos
de conscientização e organização da socieda- ciamento – R$ 2,3 bilhões somente em 2006. de parte da academia, quando o assunto é a
de. Uma pesquisa autônoma leva, no mínimo, Para Três Lagoas, em 2009, a Fibria recebeu eucaliptização da região Leste do MS. Estão
dois anos para obter resultados. R$ 661.285.900,00. em curso pesquisas que poderão auxiliar no
debate junto à sociedade, no sentido de pen-
— EDIÇÃO ELETRÔNICA Nº 18 — 30/MARÇO/2011

Esta velocidade ocorre porque o Estado tem Certamente este debate é uma versão tupini- sar quem está sendo impactado no tempo e
ordenado o território por meio de incentivos, quim de Davi e Golias, pois se trata de uma no espaço: monitorarmos a área plantada por
isenções, flexibilização ambiental, o que per- gigante do setor, líder mundial na produção município, os impactos sobre fauna, flora e
mite uma acumulação de capital acelerada. de celulose de mercado, com produção em recursos hídricos, os conflitos gerados; discu-
Em três anos, a Fibria dobrou a área plantada 2009 de 5.400 milhões/ton/ano, capital esti- tirmos a constitucionalidade da flexibilização
e montou um complexo celulose-papel, em mado em 7 bilhões e um aumento de lucro de das leis ambientais em Mato Grosso do Sul,
torno de 280 mil ha, que faz com que, do total 116% em relação ao ano anterior. E não fica que dispensa de licenciamento ambiental as
produzido pela empresa, Três Lagoas respon- nisso. Outra do setor, a recente Eldorado, já é atividades de plantio e a condução de espé-
da por ¼ da realidade na região Leste a tecer a rede deste cies florestais nativas ou exóticas.
agronegócio.
produção de celulose (1,3 milhão Ton/Ano). Para aqueles que, às vezes, esmorecem ante
Por outro lado, o Plano Estadual de Florestas/ Ao contrário do que se ventila, a região Les- o peso e o preço imposto pelo bloco hegemô-
MS apresenta números no mínimo espanto- te possui outras formas sociais de existência, nico lembra que a sina dos que discordam do
sos, projetando uma área plantada de eucalip- fora a grande propriedade. Como exemplo, há consenso, como escreveu Frei Betto, é manter
to, em Mato Grosso do Sul, de 1 milhão de ha 32 projetos de assentamento, 5.811 famílias. a esperança porque “A esperança é um pássa-
(SEPROTUR, 2009). O céu é o limite! Porém, a dinâmica da concentração da terra ro em voo permanente. Segue adiante e acima
em poucas e privilegiadas mãos é também a de nossos olhos, flutua sob o céu azul, não se
Alguns probleminhas, como o caos no trân-
marca desta região. Nela os estabelecimentos lhe opõe nenhuma barreira.”
sito, são citados aqui e ali, sem realce, para
com menos de 200 ha representam 60,19%
que pareçam coisa normal, consequência ine-
detendo 4,58% da área, já aqueles acima de
vitável do progresso. O que não se revela são *Rosemeire A. de Almeida (raaalm@gmail.
1000 ha representam 14,30% e dominam
os números do “probleminha” que se materia- com)é professora da UFMS/Campus de
73,45% da área. Apesar disso, 42,68% do lei- Três Lagoas. Este artigo foi originalmente
lizam em seres humanos a lotar os leitos do
te produzido na região provêm dos estabele- publicado no jornal Correio do Estado em
único hospital público da cidade.
cimentos de menos de 100 ha. 29/11/2010.
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1º CONGRESSO DA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA 
TRIBUNA DE DEBATES

Alguns momentos de nossa história


por Valter Pomar*

U
m dos pontos de pauta do Primeiro Como se pode perceber, a história da No segundo período (1990-2002), o PT
Congresso da AE é um balanço do Articulação de Esquerda é diretamente vin- sofreu os efeitos combinados: da crise do
período. O que inclui uma análise da culada com a história do próprio PT. No texto socialismo real e da ofensiva neoliberal no
trajetória da própria Articulação de Esquerda, “Aspectos históricos e organizativos do PT”, Brasil. Ao mesmo tempo, ficou evidente que
desde sua fundação em 1993, até 2011. afirmamos que a história do partido pode ser conquistar a Presidência da República era
O texto a seguir tenta contribuir para esta dividida nos seguintes períodos: uma possibilidade factível. De 1990 a 1995,
análise. Importante ficar claro tratar-se de um *1980-1989, a luta contra a ditadura mi- houve uma dura luta interna, acerca do que
esboço inicial, a partir de uma visão pessoal litar e contra a “transição conservadora para a fazer nesta nova situação.
do processo e sem ter como preocupação cen- democracia”; Foi neste período que surgiu a Articula-
tral apresentar um balanço político global de *1990-2002, a oposição aos governos ção de Esquerda, com o propósito assumido
nossa trajetória. Importante saber, também, neoliberais; de evitar que a existência de uma nova situa-
que não se aborda aqui nossa atuação nos es- *2003-2011, governando o Brasil. ção (crise do socialismo, hegemonia neolibe-
tados, nos movimentos sociais, parlamentos e No primeiro daqueles períodos (1980- ral, PT como alternativa presidencial) levasse
governos, nos limitando aos grandes embates 1989), o PT experimentou três grandes mo- a maioria do Partido a abandonar o núcleo
partidários no sentido estrito da palavra. dificações: a) tornou-se o principal partido fundamental de suas formulações originais
A Articulação de Esquerda foi fundada da esquerda brasileira; b) de partido-frente, (partido da classe trabalhadora, combinar luta
oficialmente nos dias 18 e 19 de setembro de no interior do qual atuavam diversos “parti- social com disputa eleitoral, partido de mas-
1993. Portanto, em 2011 vamos comemorar dos clandestinos”, tornou-se um partido com sas e de quadros, internamente democrático,
18 anos de vida. tendências internas; c) de partido centrado na estratégia democrático-popular e socialista).
Anterior a isto, destacam-se: luta social, tornou-se alternativa eleitoral de Aquele período de luta interna (1990-
1) os debates realizados no interior do PT, governo. 1995) pode ser dividido em três momentos:
especialmente no período entre 1990 e 1993, Durante este primeiro período, o PT foi *1990 até 1993: a cúpula da Articulação
quando se constituíram, em âmbito nacional, hegemonizado pela Articulação dos 113. Esta (dos 113) decide “girar para a direita”. Tem
inclusive dentro da Articulação dos 113, dois tendência, que muitas vezes dizia não ser como aliados dois setores provenientes da
grandes blocos (“moderados” e “radicais”); uma tendência, surgiu em 1983. Seu nome antiga esquerda do Partido: a Nova Esquerda
2) os debates ocorridos durante o 8º En- decorria de um documento com 113 assina- (ex-Partido Revolucionário Comunista) e se-
contro do PT (agosto de 1993), tanto nos en- turas (segundo a lenda, que neste caso parece tores da antiga Vertente Socialista (ex-Poder
contros estaduais quanto no encontro nacional. verídica, foram 112 signatários, um dos quais Popular e Socialismo). Este “giro para a di-
Um marco destes debates foi o lançamento do assinou duas vezes). reita” se materializa numa oposição inicial
Manifesto “A hora da verdade”, no dia 4 de A Articulação enquanto tal existirá até ao Fora Collor, numa tentativa de restringir o
fevereiro de 1993. No Oitavo Congresso do 1993, sendo conhecida no mais das vezes Fora Collor a temas éticos, num apoio de fato

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PT saiu vitoriosa a chapa denominada Opção pelo nome Articulação. Depois de 1993, en- ao governo Itamar e na defesa do parlamenta-
de Esquerda (basicamente composta por AE e quanto um setor criava a Articulação de Es- rismo. Estas posições são derrotadas ampla-
DS). A Opção de Esquerda, juntamente com querda, outro dava origem à Articulação Uni- mente na base do Partido. O exemplo maior
outra chapa denominada Na luta PT (Força So- dade na Luta. A partir de 1995, a Unidade na disso foi o plebiscito sobre sistema de gover-
cialista + O Trabalho + outros setores) contro- Luta empenhou-se na constituição do chama- no: 70% da direção defendia o parlamentaris-
lavam praticamente 2/3 do Diretório Nacional. do Campo Majoritário, dissolvido de fato em mo, 70% da base votou pelo presidencialis-
Posterior à fundação oficial, a história 2005 e que se tenta ressuscitar, em 2009, na mo. Internamente, o “giro para a direita” se
da AE pode ser dividida em quadro grandes chapa Construindo um Novo Brasil. traduz na tentativa de compor um “campo”
momentos: Na época de sua criação, a Articulação para dirigir o Partido, unindo a Articulação
1)um curto período (1993-1995) em dos 113 tinha dois objetivos fundamentais: com os setores já mencionados. Isto fica evi-
que dirigimos a maioria do Diretório Nacio- combater os desvios de direita (nas palavras dente durante o Primeiro Congresso do PT,
nal do PT; da época, as posições dos que ameaçam di- quando a Articulação se divide publicamen-
2) um longo período (1995-2005) em luir o PT numa “frente oposicionista liberal te em diversas votações, uma das quais foi
que nos opusemos, pela esquerda, ao chama- como o PMDB ou daqueles que se deixam particularmente simbólica: a legitimidade da
do “Campo Majoritário”; seduzir por uma proposta socialista sem violência revolucionária. Detalhe: nesta vo-
3) um também curto período (2005- trabalhadores, como o PDT); e combater tação, a cúpula da velha Articulação perdeu,
2007), em que nenhuma tendência ou campo os desvios de esquerda (também em pala- demonstrando o peso que a esquerda tinha no
era isoladamente majoritário na direção; vras da época, isto significava combater as interior da velha maioria partidária.
4) finalmente, o período atual (2007- tendências organizadas que mantém uma *1993-1995: como reação ao giro à di-
2011), em que se tenta constituir um “grupo prática ambígua em relação ao PT, ora reita da cúpula da Articulação dos 113, um se-
majoritário” na direção nacional, primeiro concebendo-o como um partido tático, ora tor daquela tendência constitui uma “esquer-
em torno de uma aliança CNB-Mensagem, intentando transformá-lo numa organização da da Articulação”, que se agrupa ao redor de
depois em torno de uma aliança CNB-Novos à sua semelhança, com política e métodos um texto conhecido como “Manifesto A hora
Rumos-PT de Luta e Massa. marxistas e/ou leninistas). da verdade”. Por causa do nome do Mani-
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1º CONGRESSO DA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA 
TRIBUNA DE DEBATES

festo, em muitos estados fomos conhecidos *1995: no encontro nacional do PT re- de centro-esquerda”, que definida desta ma-
como HV, mesmo depois da criação formal alizado em Guarapari, confrontam-se duas neira nunca chegou a constar das resoluções
da AE (em setembro de 1993). chapas. Uma, encabeçada por Hamilton Pe- de encontros e congressos nacionais, compor-
A esquerda da Articulação elege ou aju- reira e denominada Socialismo ou Barbárie, ta variantes que a aproximam do PSDB (vide
da a eleger os presidentes estaduais do PT em reúne a antiga maioria de esquerda (Opção alianças feitas pelo PT do Acre, entre outras),
São Paulo e Rio Grande do Sul. No 8º En- de Esquerda e Na luta PT). A outra chapa, até variantes que podemos dizer que são de
contro Nacional, em aliança com a DS e ou- encabeçada por José Dirceu e apoiada por “esquerda-centro”.
tros setores, a esquerda da Articulação lança Lula, expressa as posições da direita da Arti- De 1995 a 2002, esta maioria foi he-
a chapa “Opção de Esquerda”. Esta chapa, culação e de seus aliados. A tese apresentada gemonizando o partido, às vezes por meios
mais a chapa “Na luta PT”, consegue maioria por esta chapa ganha por apenas 2 votos de legítimos, outras vezes adotando métodos
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absoluta no Diretório Nacional. Lula é eleito vantagem. Dirceu e sua chapa são vitoriosos, amplamente questionáveis (como é o caso da
presidente nacional do PT, por fora das cha- mas por uma margem muito pequena: 16 vo- intervenção no Rio de Janeiro, para obrigar o
pas. Rui Falcão, então principal dirigente da tos. E mesmo esta pequena diferença só foi PT a apoiar a candidatura de Garotinho).
futura AE, é eleito vice e assumirá a presidên- possível, porque Dirceu conseguiu articular o Note-se que a intervenção no Rio foi fei-
cia no 9º Encontro Nacional do PT, em 1994, apoio de setores que até então participavam ta a pretexto de garantir o apoio de Brizola à
quando Lula se licencia para ser candidato a da Articulação de Esquerda: Rui Falcão, Cân- candidatura Lula. Deste pode-se dizer que, em
presidência da República. dido Vaccarezza , Sílvio Pereira e outros. 1998, foi candidato contra sua vontade. Em
Mas a maioria de esquerda consegue Em retribuição a este apoio, a maioria do certa medida, foi a esquerda petista, no Encon-
impedir que a bancada do PT na Câmara dos Diretório Nacional eleito em Guarapari elege tro realizado no Hotel Glória, em 1997, quem
Deputados embarque na “revisão constitucio- Cândido Vaccarezza como secretário-geral mais estimulou a candidatura Lula. Cabe re-
nal ampla” proposta pelos partidos de direita. do Partido; em protesto contra este desrespei- fletir se esta candidatura não foi essencial para
Sem esta resistência, não sabemos o que teria to à proporcionalidade, os quase 49% mino- manter o fio da meada que nos levaria, em
ocorrido com a Petrobrás, com o Banco do ritários retiram-se durante várias semanas da 2002, a vencer a eleição presidencial.
Brasil e com a Caixa Econômica Federal, en- composição da executiva. Paradoxalmente, O fato isolado mais importante deste
tre outras expressões do aparato estatal e de esta atitude de protesto deixa o campo livre e processo de hegemonização do Partido pelo
políticas públicas. ajuda a nova maioria moderada a se instalar e “campo majoritário” foi o Segundo Congres-
Mas, ao mesmo tempo, a maioria de es- estabelecer seu controle sobre a direção parti- so do PT, realizado em Belo Horizonte, que
querda eleita no 8º Encontro tem muitas di- dária, abrindo um período de hegemonia que adotou a eleição direta para direções partidá-
ficuldades e apresenta enormes contradições vai se estender até 2005. rias, método que esvazia os encontros e tende
na condução da campanha presidencial de Portanto, a partir de 1995 se instalou no a reforçar o peso dos filiados, em detrimento
1994. Na verdade, a imensa maioria do PT foi partido uma maioria em torno de uma políti- dos militantes. Este novo método eleitoral ti-
surpreendida pelo Plano Real e pela força da ca que podemos sintetizar assim: “alianças da nha, entre seus objetivos de fato, fortalecer a
candidatura FHC. Mas, na hora do balanço, a esquerda com o centro, em torno de um pro- figura do presidente do Partido (José Dirceu)
fatura pela derrota foi cobrada da maioria de grama alternativo ao neoliberalismo, visando frente à figura do futuro presidente da Repú-
6 esquerda. conquistar o governo federal”. Esta “política blica. Apesar de aprovar tudo o que queria, o
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setor moderado passou por apuros e teve que Popular, impulsionada a partir de 1996 por citado em três momentos: na conferência re-
se desdobrar para que não saísse vitoriosa militantes petistas descontentes com os ru- alizada em dezembro de 2002; em outra con-
uma resolução simpática à palavra de ordem mos do Partido e adeptos de uma estratégia ferência realizada em duas etapas no ano de
Fora FHC. Em geral, aliás, podemos dizer que, em nossa opinião, subestimou o papel da 2003 (setembro, em Campinas; novembro,
que no ambiente petista, não há tranqüilidade luta eleitoral e institucional num país como em Belo Horizonte); e, finalmente, na VII
nem unanimidade para as maiorias. o Brasil. Desta estratégia decorre um afasta- conferência da AE, realizada em dezembro
Durante o período 1995-2002, a Arti- mento da militância direta no PT. Ainda que de 2004, em São Bernardo do Campo (SP).
culação de Esquerda buscou unir a esquerda parte dos companheiros e companheiras da Nesta sétima conferência, um setor da
petista, para resistir e derrotar a maioria mo- Consulta permaneça formalmente filiada, sua tendência rompe conosco. Parte sai imedia-
derada. Esta esquerda petista era composta linha contribui direta e indiretamente para o tamente do PT; outra parte sai após o PED
por diversas tendências e indivíduos, com enfraquecimento da esquerda petista. de 2005, tendo como destino o PCB, o PSOL
destaque para duas tendências: a Democracia A eleição de Lula, em 2002, foi apresen- ou a militância sem-partido. O motivo da rup-
Socialista e a Força Socialista. Grande parte tada pelo setor moderado do partido como a tura, como está claro, é a avaliação feita por
das polêmicas existentes no interior da AE, confirmação do acerto de sua estratégia de eles acerca do governo Lula e do PT.
nestes sete anos, disse respeito principalmen- centro-esquerda. A realidade é muito mais No caso da DS, um setor rompe com o
te ao que podemos denominar “política de complexa do que isto, mas do ponto de vista PT já no final de 2003, início de 2004, tendo
alianças da AE”. prático o setor moderado foi mais exitoso em como catalisador a expulsão de Heloísa He-
Esta polêmica esteve na base de duas se apropriar, ideológica e estruturalmente, da lena. No mesmo período, saem do PT duas
importantes rupturas sofridas pela tendência vitória. tendências: o MES e a CST, logo após a ex-
neste período: Em parte como resultado disto, em par- pulsão de Luciana Genro e Babá. No mes-
-em 1997, a saída de Arlindo Chinaglia, te por divergências sobre como atuar em um mo momento, saem Milton Temer, Leandro
que não concordou com a criação do setorial novo cenário, as três principais tendências da Konder e Carlos Nelson Coutinho, oriundos
sindical da Articulação de Esquerda. China- esquerda petista vivem uma dura luta inter- do antigo PCB. O destino de todos eles será
glia defendia, na prática, que seguíssemos na, protagonizada por setores que defendem formar um novo partido, o PSOL.
participando da Articulação Sindical; (com maior ou menor nitidez) uma tática de Os que vão para o PSOL coincidem na
-em 2002, a saída de um grupo de mi- oposição ao governo Lula e, no limite, uma idéia de que o PT já era. Mais ou menos a
litantes da AE, basicamente gaúchos, mas postura de ruptura com o PT. mesma avaliação feita, em 1990, pela antiga
com apoios em Santa Catarina e Bahia, que Esta luta interna (às tendências da es- Convergência Socialista, que após sua expul-
criaram uma tendência chamada Pólo Socia- querda) se combinava com a luta interna no são do PT cria o PSTU.
lista. O Pólo defendia uma política centrada PT, especialmente na bancada na Câmara dos No início, a crise de 2005 parecia mes-
na “autoconstrução da AE” e um decorrente Deputados; bem como com os conflitos no mo dar razão às posições do PSOL. Muita
distanciamento da DS. É bom dizer que este interior de outros setores do PT e do gover- gente, dentro e fora do PT, inclusive altos di-
discurso servia como justificativa para a tá- no. No centro destes conflitos, estava a linha rigentes e lideranças públicas, acharam que o
tica (adotada pelos militantes que viriam a política (hegemônica no governo e apoiada, PT estava liquidado. Mas a reação da militân-
fundar o Pólo) na prévia que escolheu entre mesmo que a crescente contragosto, por se- cia petista (que comparece em massa ao PED
Olívio Dutra e Tarso Genro como candidato tores importantes da maioria do partido) de de 2005) e os medos da burguesia brasileira
a governador do Rio Grande do Sul. O futuro conciliação com o neoliberalismo, propugna- (que não apostou no impeachment de Lula,

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Pólo apoiava Tarso. da e implementada pelo então ministro Anto- confiando que recuperaria “pacificamente” a
Ao mesmo tempo, a Articulação de nio Palocci. presidência em 2006) viraram o jogo.
Esquerda viveu uma luta interna e externa A Articulação de Esquerda caracterizou A esquerda petista não conseguiu unifi-
contra os defensores da chamada Consulta o governo Lula e enfrentou o debate acima car-se no PED de 2005. Em parte por dife-
renças legítimas, em parte por hegemonices,
em parte antecipando movimentos futuros, a
esquerda petista dividiu-se em várias chapas
e candidaturas presidenciais.
Eleitoralmente, esta divisão ajudou a
derrotar o campo majoritário no primeiro
turno do PED de 2005. Pois mais candidatos
criticaram e mais alternativas foram apresen-
tadas. Matematicamente, a esquerda tinha
condições de eleger o presidente do partido
no segundo turno. Mas, exatamente neste mo-
mento, uma parte da esquerda decidiu sair do
PT.
Falamos, é claro, da Força Socialista.
Logo após o primeiro turno do PED, esta
tendência sai do PT. Plínio de Arruda Sam-
paio e outros setores integrantes de sua chapa
fazem o mesmo. Tomado isoladamente, este
foi o principal fator que impediu a vitória da
esquerda, no segundo turno do PED de 2005. 7
1º CONGRESSO DA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA 
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A Articulação de Esquerda teve um bom êxito do partido na reeleição de 2006, bem -o reagrupamento, numa única chapa,
desempenho político no PED de 2005, pos- como o giro à esquerda do segundo mandato de quase todos os antigos integrantes do fi-
sibilitado em grande medida pelo acerto das de Lula, o que neutralizou parte das críticas nado campo majoritário. Vale lembrar que
resoluções aprovadas na VII Conferência Na- da esquerda; lideranças importantes da CNB argumenta-
cional, realizada em dezembro de 2004, que *a incapacidade da Articulação de Es- ram (em 2007) motivos éticos para negar,
permitiu que tivéssemos um discurso capaz querda de reunir, em uma só chapa, o restan- a Jilmar Tatto, a secretaria-geral. Um dos
de criticar os setores moderados do Partido te das tendências de esquerda. Isto se deveu efeitos colaterais disto foi a campanha, de-
e a linha hegemônica no governo, ao mesmo em parte a posturas sectárias de setores que flagrada por Tatto e aliados, para antecipar o
tempo em que defendíamos o PT e o governo em 2005 haviam integrado a chapa de Plínio próximo PED (que poderia ser realizado em
dos ataques da direita. e que não aceitaram compor uma chapa en- 2010 ou 2011, mas acabou antecipado para
É importante perceber que, em âmbito cabeçada pela AE. Mas se deveu, também, 2009). Como sabemos, no PED 2009, Tatto,
nacional, a AE ganha maior importância exa- a erros cometidos pela própria AE, entre os Vaccarezza e outros estariam na mesma cha-
tamente nos momentos de crise da hegemonia quais a cisão da tendência em Santa Catarina, pa que a CNB.
partidária (1993-1995; 2005-2007). Ao con- ocorrida pouco antes do PED de 2007. -a redução do interesse e o empobreci-
trário, nossa influência declina nos momentos Apesar de não ter tido êxito eleitoral, mento do debate político no PED.
em que existe uma hegemonia consolidada. a tática da Mensagem se materializou num Isto tudo criou um cenário muito difí-
Nosso desempenho político no PED “acordo de direção” com a “Construindo um cil para a Articulação de Esquerda. Mesmo
2005 permitiu que tivéssemos uma influência Novo Brasil”. Graças a isto, José Eduardo conseguindo montar uma chapa com outros
importante no Diretório ali eleito, sob cuja Cardozo, apesar de ter encabeçado a chapa setores da esquerda, reduziu-se nossa partici-
direção se realizou a campanha presidencial que ficou em terceiro lugar no PED, torna-se pação proporcional no Diretório Nacional e
de 2006. secretário-geral, desbancando Jilmar Tatto, a chapa encabeçada por José Eduardo Dutra
A rigor, no período 2005-2007, nenhuma encabeçador da segunda chapa mais votada venceu o PED 2009 já no primeiro turno.
tendência ou campo era isoladamente majori- e que disputou o segundo turno contra Ber- Paradoxalmente, a existência de uma
tário na direção nacional do PT. Nesse con- zoini. nova maioria (absoluta) não foi acompanha-
texto, a Articulação de Esquerda jogou um A direção eleita pelo PED 2007 teve da da constituição de uma nova hegemonia.
papel superior ao seu tamanho numérico. como tarefas centrais conduzir o partido nas Por um lado, a escolha de Dilma como
O mesmo foi deixando de ocorrer no eleições municipais de 2008 e na escolha da sucessora de Lula tornou mais confusa a di-
período seguinte (2007-2011). Neste perío- candidatura presidencial de 2009. nâmica interna do poder no PT.
do, tem início a tentativa de reconstituir um Os resultados destas duas tarefas são Por outro lado, o PT não conseguiu re-
“grupo majoritário” na direção nacional do contraditórios. solver, nem mesmo debater a contento, alguns
PT, primeiro em torno de uma aliança CNB- O PT não obtém uma vitória nas eleições obstáculos que, se não forem removidos, tor-
Mensagem, depois em torno de uma aliança municipais de 2008; além disso, a direção na- narão no médio prazo inviável a estratégia de
CNB-Novos Rumos-PT de Luta e Massa. cional do Partido sofre uma derrota estraté- “ser governo para ser poder”. Nos referimos
Para compreender este período, deve- gica em Belo Horizonte, onde se impôs uma a temas como a reforma política, democra-
mos falar: aliança de fato entre o PT de Pimentel e o tização da comunicação, reforma tributária,
*do PED 2007; PSDB de Aécio Neves. reforma agrária, reforma urbana etc.
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*do intervalo entre o PED 2007 e o PED O PT também não é fator decisivo na es- Ambas as coisas fazem com que no PT
2009; colha da candidatura às eleições presidenciais de hoje exista uma maioria, mas ainda não
*do que ocorre do PED 2009 até hoje. de 2010, fato que pesará bastante no momen- exista uma hegemonia capaz de enfrentar e
Vejamos as características destes mo- to seguinte, em que o partido enquanto tal superar com êxito os problemas estratégicos
mentos, no que diz respeito à AE. cumpre papel de fato secundário, apesar de vividos pelo partido.
No PED de 2007, a Articulação de Es- formalmente estar bem representado no co- É neste cenário que a AE se movimenta,
querda teve o mesmo desempenho eleitoral mando da campanha. hoje. Proporcionalmente mais fraca do que
de 2005, mas com um desempenho político Mesmo assim, o giro à esquerda do go- em 1993, com exceções como a do movimen-
inferior ao de 2005. Isto se deveu, no funda- verno Lula, iniciado com o PAC e aprofunda- to sindical. Ao mesmo tempo, necessitando
mental, a quatro motivos: do nos anos seguintes, neutralizou parte das ter ainda mais consciência dos desafios pro-
*a saída da Força Socialista e aliados do críticas da esquerda petista que, AE incluída, gramáticos, estratégicos e táticos da esquerda
PT ocorreu após o primeiro turno do PED de não dispunha dos meios para demonstrar e brasileira e mundial.
2005. Isto quer dizer que as vagas eleitas com capitalizar os êxitos obtidos pelo governo. Desafios que nos exigem seguir traba-
seus votos, foram ocupadas por pessoas de Naturalmente, foi Lula, seu círculo mais lhando para ampliar nossa força e presença
sua própria chapa, que haviam decidido per- próximo, bem como a CNB e outros segmen- na vida partidária, nas disputas eleitorais, na
manecer no PT. Mas no PED de 2007, aque- tos do partido, quem capitalizou em diferen- ação institucional, nas lutas sociais, distintas
les milhares de votos não existiam mais; tes níveis o fato do governo estar implemen- dimensões da luta de classes. Isto porque se-
*a mudança da DS, que opta por “virar ao tando políticas similares àquelas defendidas, guimos acreditando, como em 1993, que as
centro”, buscando compor uma nova tendência antes, pela esquerda petista. opções da esquerda petista, do conjunto do
com egressos do antigo Campo Majoritário. A Isso se refletirá no PED 2009, de três Partido dos Trabalhadores e da esquerda po-
tática não tem êxito eleitoral: enquanto Raul maneiras principais: lítica e social brasileira, bem como dos povos
Pont fica em segundo lugar em 2005, Cardozo -o crescimento do número total de filia- da América Latina, jogam um papel muito
fica em terceiro lugar em 2007; dos e de eleitores, o que beneficiou de ma- importante na luta pelo socialismo.
*a recuperação da “Construindo um neira desproporcional a chapa da CNB, vista
8 novo Brasil”, que capitaliza no PED 2007 o como a chapa “governista”; *Valter Pomar é dirigente nacional da AE
REGIMENTO

Convocado o Primeiro Congresso


Por acreditar que a vitória de 2010 abre um novo período, a Articulação de Esquerda decidiu convocar para os dias 5,
6 e 7 de agosto de 2011 seu Primeiro Congresso. Vale dizer que entre 1993 e 1997, a tendência realizou seis seminários
nacionais. E entre 1998 e 2009, realizou onze conferências nacionais. A seguir, Tribuna de Debates reproduz o regimen-
to interno do Primeiro Congresso da Articulação de Esquerda.

REGIMENTO DO  1º CONGRESSO DA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA 

1. O 1º Congresso Nacional da AE se realiza- 2.3. A lista será enviada para as direções 4.1. Cabe às direções estaduais aprovar o
rá nos dias 5, 6 e 7 de agosto de 2011, em municipais e estaduais, que devem realizar calendário proposto pelas direções munici-
Brasília (DF), para debater a seguinte pauta: campanhas de assinatura e conferir, no cre- pais e acompanhar os congressos de base.
denciamento dos respectivos congressos, se
a) balanço do período, até a eleição de os militantes estão em dia. 4.2. Cabe às direções estaduais definir a
2010; abrangência dos congressos de base, que
b) estratégia e programa para o próxi- 2.4. Militantes do PT que ainda não são mi- podem ser municipais ou regionais (agru-
mo período; litantes da AE poderão ingressar na tendên- pando vários municípios).
c) conjuntura e tática; cia, fazendo a assinatura bianual militante
d) construção do PT e da AE; do Página 13, até o dia do respectivo con- 4.3. A pauta dos congressos de base é a mes-
e) eleição da nova direção nacional e gresso municipal de base, desde que não ma do 1º Congresso Nacional da AE. O de-
da comissão de ética haja recurso contra sua filiação à tendência. bate de outros assuntos somente poderá ser

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feito depois de esgotada a pauta nacional.
1.1. O secretariado nacional pode, por 2.5. Nos casos de que trata o item 2.4, não
maioria absoluta de seus integrantes, alte- será exigido dos novos militantes da AE 4.4. Os/as militantes da AE só podem votar
rar a data e o local da plenária final do 1º estarem em dia com a assinatura do jornal e ser votados em um único congresso de
Congresso. no ano de 2010, sendo necessário apenas base.
que façam a assinatura bianual militante do
QUEM PODE VOTAR E SER VOTADO Página 13. 4.5. Caso algum militante não possa parti-
cipar do Congresso de base na região onde
2. Para votar e ser votado em qualquer 2.6. A ata do congresso de base deve rela- milita, pode comunicar através da lista na-
etapa do 1º Congresso, é necessário ser cionar nominalmente os militantes que re- cional da AE que o fará em outro Congresso
assinante do jornal Página 13 e estar em dia novaram ou que fizeram novas assinaturas de base.
com a assinatura referente a todo o ano de do Página 13, para o caso de haver contes-
2010 e 2011 (janeiro a dezembro). tação e recurso às instâncias superiores da 4.6. Militantes da AE que não tenham podi-
tendência, permitindo assim eventual re- do participar dos congressos de base, po-
2.1. Todo dia primeiro de cada mês, será contagem do número de delegados eleitos. derão participar da votação para delegados
divulgada a lista de militantes aptos a votar nacionais através de urna especial durante
no Congresso, bem como a lista de militan- 3. Militantes que se afastaram da tendência os congressos estaduais. Neste caso, a pro-
tes da AE em atraso com a assinatura do ou foram afastados por decisão de instância porção será: um delegado nacional para
jornal Página 13 no período mencionado no da tendência, não poderão votar nem ser cada 16 militantes.
item 2 deste Regimento. votados em nenhuma fase do processo,
salvo decisão em contrário da instância 4.6.1. Para efeito do disposto no item 4.6
2.2. A lista de que trata o item 2.1 indicará competente. deste Regimento, somente poderão votar os
o nome do militante, o número de meses militantes que constem da lista de MILITAN-
atrasados e o valor a ser pago (somando-se CONGRESSOS DE BASE TES APTOS A VOTAR ou da lista de MILITAN-
os meses em atraso de 2010 mais a assina- TES EM ATRASO, divulgadas pela direção
tura de 2011, tendo como base o valor da 4. Os congressos de base devem ocorrer nacional da AE no dia 1° do mês em que o
assinatura bianual militante). entre abril e maio de 2011. Congresso Estadual estiver sendo realizado.
9 9
TENDÊNCIA REGIMENTO DO  1º CONGRESSO DA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA 

CONGRESSOS ESTADUAIS
10. A eleição das direções estaduais será CONGRESSO NACIONAL
5. Os congressos estaduais da AE devem ser feita nos Congressos estaduais.
realizados nos meses de junho e julho de 14. O quorum para instalação e deliberação
2011. 10.1. Só poderão votar e ser votados os do 1° Congresso Nacional da AE é de 50%
assinantes do Página 13 que também este- mais 1 dos delegados eleitos nos congres-
6. Nos estados onde a AE não possui di- jam em dia com os critérios da política de sos estaduais.
reção estadual organizada, os respectivos finanças estadual.
congressos estaduais devem ser acompa- 15. Participam do I Congresso Nacional da AE:
nhados pela Direção Nacional da tendência. 10.1.1. Um militante que não esteja em dia
com os critérios da política de finanças es- 15.1. Com direito a voz e voto, delegados/
7. Fica autorizada, nos estados onde não há tadual poderá votar e ser votado na eleição as eleitos nos congressos estaduais prepa-
direção estadual organizada, a realização de delegados ao congresso nacional da AE. ratórios.
facultativa de um congresso estadual sem Para garantir isto, no momento da votação,
congressos de base preparatórios, sendo a direção estadual deve organizar duas 15.2. Com direito a voz, nos momentos
que neste caso a proporção para a eleição listas de votação, sendo uma para eleição autorizados pela Mesa, todos/as os/as mili-
dos delegados nacionais será de 1 delegado da direção estadual e outra para eleição de tantes da AE.
para cada 16 militantes presentes no con- delegados ao congresso nacional.
gresso estadual. 15.3. Sem direito a voz, salvo nos momen-
10.1.2. As respectivas direções estaduais po- tos previstos neste Regimento, convidados/
8. Nos estados onde há direção estadual derão, no ato do credenciamento, fornecer as a critério da Direção Nacional da AE, em
organizada, esta pode solicitar ao Secre- a cada delegado dois crachás distintos, sen- especial militantes da esquerda petista e
tariado Nacional autorização para realizar do um que dá direito a participar do debate representantes de outros setores do Partido.
congresso estadual sem congressos de base da pauta estadual e da eleição da direção
preparatórios. Esta autorização deve ser estadual e outro que dá direito a participar 15.4. Na sessão de abertura do Congresso,
solicitada, concedida ou negada até no má- do debate da pauta nacional e da eleição toda a militância petista.
ximo o dia 30 de maio de 2011. dos delegados ao Congresso Nacional.
16. Só serão credenciados/as os/as delega-
ELEIÇÃO DE DIREÇÕES E DEBATE DE 10.1.3. Alternativamente, as direções esta- dos/ as e militantes que:
OUTRAS PAUTAS duais poderão fornecer um único crachá,
que sirva tanto para o debate da pauta es- 16.1. Observarem o disposto no item 2 des-
9. A eleição das direções municipais será tadual e eleição da direção estadual, quanto te Regimento.
feita nos Congressos municipais. para o debate nacional e a eleição dos de-
legados ao Congresso Nacional, desde que 16.2. Cujos estados de origem estejam em
9.1. Só poderão votar e ser votados os assi- haja controle sobre o disposto nos itens 2 e dia com suas contribuições financeiras junto
nantes do Página 13 que também estejam 10.1 deste Regimento. à AE Nacional até o dia 15 de junho de 2011.
em dia com os critérios da política de finan-
ças municipal. ELEIÇÃO DE DELEGADOS 16.2.1. O pagamento de eventuais débitos
pode ser feito a qualquer momento até o
9.1.1. Um militante que não esteja em dia 11. A proporção a ser empregada para a dia do credenciamento dos delegados ao
com os critérios da política de finanças mu- eleição de delegados é a seguinte: Congresso Nacional.
nicipal poderá votar e ser votado na eleição
de delegados ao congresso estadual da AE. 11.1. Um delegado estadual para cada qua- 16.3. A tesouraria nacional divulgará, no dia
Para garantir isto, no momento da votação, tro militantes presentes no congresso de 1° de cada mês, a lista dos estados em débi-
a direção municipal deve organizar duas base. to com a Nacional, bem como o respectivo
listas de votação, sendo uma para eleição valor devido.
da direção municipal e outra para eleição 11.2. Um delegado nacional para cada
de delegados ao congresso estadual. quatro delegados presentes no congresso PROGRAMAÇÃO E REGIMENTO INTERNO
estadual.
9.1.2. As respectivas direções municipais 17. A Programação e o Regimento Interno
poderão, no ato do credenciamento, forne- 12. A ata dos congressos de base relacio- do 1° Congresso serão submetidos à apro-
cer a cada delegado dois crachás distintos, nando os delegados eleitos e os suplentes vação dos/das delegados/as, no dia 5 de
sendo um que dá direito a participar do aos congressos estaduais deve ser encami- agosto de 2011.
debate da pauta municipal e da eleição da nhada à respectiva direção até no máximo 5
direção municipal e outro que dá direito a dias antes do respectivo congresso estadual. 18. Aprovados o Regimento Interno e a
participar do debate da pauta nacional e Programação, os delegados deverão:
da eleição dos delegados aos congressos 13. A ata dos congressos estaduais relacio-
estaduais. nando os delegados eleitos e os suplentes 18.1. Eleger a Mesa Diretora dos trabalhos,
ao Congresso Nacional deve ser encaminha- a Comissão de Emendas e a Comissão Elei-
9.1.3. Alternativamente, as direções munici- da à Direção Nacional até o dia 1° de agosto toral.
pais poderão fornecer um único crachá, que de 2011.
sirva tanto para o debate da pauta munici- 18.2. Homologar ou alterar a Comissão de
pal e eleição da direção municipal, quanto 13.1. Caso as direções estaduais não ob- Credenciamento indicada pela Direção Na-
para o debate nacional e a eleição dos de- servem o disposto no item 13 deste Regi- cional ou pelo Secretariado Nacional.
legados ao Congresso estadual, desde que mento, o credenciamento dos delegados só
haja controle sobre o disposto nos itens 2 e poderá ser feito por decisão da Comissão de 19. A Mesa Diretora dos trabalhos deve ser
9.1 deste Regimento. Credenciamento. integrada por 3 membros, que dividirão
10
TENDÊNCIA REGIMENTO DO  1º CONGRESSO DA ARTICULAÇÃO DE ESQUERDA 

entre si as tarefas de condução do 1° Con- de textos assinados por amigos da AE a PROGRAMAÇÃO DO 1° CONGRESSO
gresso. convite do Secretariado Nacional. NACIONAL DA AE

20. A Comissão de Emendas deve ser in- 27. O Página 13 divulgará três edições es- 31. A programação do 1° Congresso Nacio-
tegrada por 3 membros, cabendo a ela peciais com as propostas de texto-base, a nal da AE será a seguinte:
recolher todas as propostas de emendas ao saber:
texto-base, apresentando à Mesa Diretora, 5 de agosto
de forma sistematizada, aquilo que deva ser 27.1. Uma em sua edição da primeira quin-
9h: abertura do credenciamento
submetido à deliberação dos delegados. zena de abril de 2011, em papel e por meio
eletrônico, de maneira que a edição esteja 10h: Reunião das frentes de trabalho
21. A Comissão Eleitoral, composta por 3 disponível nos congressos de base. 12h: Almoço
membros, será eleita pelo 1° Congresso e 14h: Plenárias setoriais
terá como tarefa receber a inscrição das 27.2. Uma em sua edição da primeira quin-
19h: Ato político de abertura do 1°
candidaturas à Direção Nacional da AE e zena de junho de 2011, em papel e por
Congresso
à Comissão de Ética Nacional, bem como meio eletrônico, de maneira que a edição
encaminhar as respectivas eleições. esteja disponível nos congressos estaduais.
6 de agosto
22. A Comissão de Credenciamento será 27.3. Uma em sua edição da primeira quin- 9h: Instalação do 1° Congresso, apro-
indicada pela Direção Nacional da AE e será zena de agosto de 2011, em papel e por vação do Regimento Interno, eleição da
composta por 3 membros. meio eletrônico, de maneira que a edição Mesa Diretora, da Comissão de Emen-
esteja disponível no 1° Congresso Nacional das, da Comissão Eleitoral e da Comis-
22.1. Compete à Comissão de Credencia- da AE. são de Credenciamento
mento proceder ao credenciamento dos
10h: Apresentação, debate e votação,
delegados, dos convidados e observadores, 27.4. O Página 13 divulgará, nas edições
em plenária, das propostas de texto-
bem como avaliar eventuais recursos inter- anteriormente referidas, os textos-base que
base
postos, apresentando à Mesa Diretora aqui- forem registrados conforme o disposto no
lo que deva ser submetido à deliberação item 25 deste Regimento. 11h: Discussão e votação das propostas
dos delegados. de emendas ao texto-base sobre balan-
27.4.1. Para fins de publicação, um texto- ço do período
TEXTO-BASE base deverá conter no máximo 10 mil 12h: Almoço
caracteres (incluindo espaços em branco). 14h: Discussão e votação das propostas
23. O 1º Congresso aprovará, logo após a Textos maiores que isso serão parcialmente de emendas ao texto-base sobre estra-
eleição da Mesa Diretora, da Comissão de publicados, com a íntegra disponibilizada tégia e programa
Emendas e da Comissão Eleitoral, um texto- na versão eletrônica do jornal.
17h: Discussão e votação das propostas
base.
de emendas ao texto-base sobre con-
DEBATE NO 1° CONGRESSO
juntura e tática
24. As propostas de texto-base devem ser
registradas junto ao Secretariado Nacional 28. Após a aprovação do texto-base, os 20h: Jantar
da AE, a partir do dia 30 de março de 2011, delegados ao 1° Congresso Nacional da AE
até o dia 30 de julho de 2011. debaterão a pauta em plenária geral e/ou 7 de agosto

— EDIÇÃO ELETRÔNICA Nº 18 — 30/MARÇO/2011


em grupos de discussão.
9h: Inscrição de chapas para a Direção
24.1. As propostas de texto-base devem
Nacional e Comissão de Ética
versar sobre cada ponto da pauta do 1° 29. Haverá na programação espaço para
Congresso. reunião das plenárias setoriais e das frentes 9h: Discussão e votação das propostas
de trabalho da tendência. de emendas ao texto-base sobre cons-
25. Para registrar um texto-base é necessá- trução do PT e da AE
rio a assinatura de: ELEIÇÃO DA DIREÇÃO NACIONAL 11h: Apresentação, defesa, votação
das chapas, apuração e proclamação
25.1. Um membro da Direção Nacional. 30. As chapas que irão disputar a Direção do resultado para a Direção Nacional e
Nacional da AE deverão se inscrever até as Comissão de Ética
25.2. Ou 10 assinaturas de dirigentes esta- 14h do dia previsto para a eleição da dire- 12h: Encerramento/almoço
duais, distribuídos por no mínimo 10 esta- ção (ver programação anexa).
14h: Reunião da nova Direção Nacional
dos (portanto, pelo menos um dirigente por
e da nova Comissão de Ética
estado). 30.1. A eleição de delegados e das direções
da AE nas várias etapas do 1° Congresso,
25.3. Ou 20 militantes de base em dia com nos níveis municipais, estaduais e nacional, 32. A Direção Nacional recomenda a adoção
suas assinaturas do Página 13. observará o disposto no Regimento Interno da paridade de gênero na composição das
da AE, a saber, em caso de mais de uma delegações e das direções eleitas em todos
26. O Página 13 eletrônico divulgará, até 30 chapa, proporcionalidade na composição os níveis.
de julho de 2011, com edições quinzenais das delegações e majoritariedade na com-
ou mensais, uma Tribuna de Debates do 1° posição das chapas (em outras palavras, 33. Questões omissas neste Regimento se-
Congresso da AE, onde serão publicados havendo mais de uma chapa para eleição rão decididas, em primeira instância, pela
tanto propostas de texto-base, quanto ar- das direções, a chapa vencedora ocupará Mesa Diretora, cabendo recurso ao plenário
tigos assinados por militantes em dia, além todos os postos da direção). do 1° Congresso.

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