Вы находитесь на странице: 1из 12

09/01/14 MEMÓRIAS DE CHARLES G.

FINNEY CAPÍTULO 4 --EDUCAÇÃO DOUTRINÁRIA E OUTRAS EXPERIECIAS

A VERDADE DO EVANGELHO
MEMÓRIAS DE CHARLES G. FINNEY
por Charles G. Finney

CAPÍTULO IV

EDUCAÇÃO DOUTRINÁRIA E OUTRAS EXPERIENCIAS EM ADAMS

Pouco tempo depois de me haver convertido, tive a oportunidade de ter uma longa conversa
com o meu pastor sobre a questão da reconciliação. Ele era um género de estudante típico de
Princeton e tinha uma visão muito limitada sobre essa grande questão. Dizia ele que tal coisa
apenas seria possível para os que achava escolhidos. A nossa conversa durou cerca de meio-
dia. Ele defendia que Cristo sofreu a penalidade literal da lei divina no lugar dos eleitos e
escolhidos; que Ele sofreu apenas aquilo que seria justo e exigido pela justiça retributiva. Eu
objectava que tal coisa seria um absurdo, porque se tal fosse justiça retributiva, ele haveria de
sofrer eternamente e distributivamente pela quantidade de eleitos que existissem. Disse-me que
era verdade. Ele disse-me que Cristo de facto pagara literalmente a dívida dos eleitos e supriu a
exigência da justiça divina. Mas naquele tempo, meu parecer seria de que o sacrifício de Cristo
apenas satisfazia justiça humana e que tal coisa seria a única que o governo moral de Deus
exigiria.

Eu era uma criança na questão da teologia. Era novato na religião e no estudo da Bíblia. Mas
acreditava que ele, o meu pastor, não substanciava a sua visão doutrinária naquilo que a Bíblia
dizia, o que lhe transmiti frontalmente. Pessoalmente nunca havia lido nada sobre o assunto e
toda a minha opinião baseava-se apenas naquilo que eu então entendia da leitura da Bíblia, do
mesmo modo que entenderia os meus livros de direito penal. Eu cria piamente que ele se
baseava numa teoria daquilo que uma certa corrente pensava e deduzia o que seria a
reconciliação de Cristo. Eu nunca o ouvira pregar sobre aquelas posições que ali substanciou
diante de mim. Estava surpreendido com as suas posições doutrinárias e oponha-me às mesmas
o mais e melhor que podia.

Ele estava alarmado, ouso dizer, sobre aquilo que ele pensava ser uma obstinação e teimosia da
minha parte, apenas. Eu pensava que a Bíblia me ensinava que a reconciliação do sacrifício de
Cristo se relacionava com a humanidade inteira. Ele limitava a salvação a algumas pessoas
escolhidas. Obviamente que não poderia nunca aceitar tais posições, pois via claramente que
ele não tinha como substanciar tais coisas a partir da Bíblia. As suas muitas regras de
interpretação de verdades colidiam com a minha visão das coisas. As posições dele eram muito
menos inteligentes que a inteligência revelada naqueles livros de direito, nos quais depunha
grande admiração. A todas as minhas objecções, ele não me apresentava coisas inteligíveis do
ponto de vista Bíblico. Perguntei-lhe se a Bíblia não requeria que se ouvisse o evangelho antes
de haver arrependimento, antes de haver qualquer fé, antes da salvação mesmo. Ele apenas
dizia e afirmava que as pessoas só necessitavam crer para serem salvas, ao que eu argumentava
www.gospeltruth.net/Port/memorias_ch4_fin.htm 1/12
09/01/14 MEMÓRIAS DE CHARLES G. FINNEY CAPÍTULO 4 --EDUCAÇÃO DOUTRINÁRIA E OUTRAS EXPERIECIAS

que se alguém não ouvisse não tinha como vir a crer. Ele debateu todo o parecer dele entre as
escolas novas e velhas de doutrina corrente da altura, sobre a reconciliação, tanto quanto meus
estudos teológicos mais tarde me fizeram entender dele. Eu até ali nunca havia lido uma página,
da qual me recorde, sobre esse assunto com excepção de tudo aquilo que lera da Bíblia.
Também nunca ouvi um único sermão sobre esse assunto.

Mas, esta discussão, sobre estes assuntos, duraria pelo tempo de toda a minha formação
teológica futura sob sua tutela. Ele mostrou receio de que estaria eminente da minha parte uma
aceitação da fé ortodoxa. Creio realmente que ele tinha a plena certeza de que me havia
convertido de facto, mas senti desde logo que o seu desejo seria manter-me dentro da sua
escola típica da teologia de Princeton. Ele imprimiu que teria de vir a ser ministro formado, ou
Deus nunca iria abençoar meus labores, que o Espírito Santo nunca iria derramar Sua bênção
sobre obra minha, nem dar qualquer testemunho pela palavra de qualquer das minhas
pregações, a menos que pregasse a verdade, mas como ministro. Também era essa a minha
opinião pessoal. Mas os argumentos que ele usaria para me convencer a estudar teologia, não
eram os mais apropriados. Ele informara-me nesta conversa que ele nunca havia sido usado
como instrumento na conversão dum simples pecador a Deus. Nunca o havia ouvido pregar
sobre arrependimento e reconciliação, ou a causar uma reconciliação entre Deus e homem.
Achei que ele temia as pessoas, de os provocar ao zelo por Deus. Nem mesmo a sua igreja
conhecia as suas posições limitadas que tinha sobre a reconciliação. Mesmo depois desse dia,
tivemos ainda oportunidade de debater variadíssimas posições teológicas, as quais terei
oportunidade de discutir e distinguir mais adiante.

Disse manifestamente que os membros da sua igreja começaram a decair em zelos pela causa
de Jesus. Isto oprimiu-me em demasia, tal como o faria com outros recém-convertidos em
Adams duma maneira geral. Recordo-me de haver lido um certo artigo num jornal intitulado
"Um avivamento Reavivado". A substância desse artigo seria que houve um avivamento num
certo lugar, no Inverno anterior, o qual havia declinado durante a primavera; também que
oração intensa para que o Espírito Santo descesse de novo sobre eles, havia sido o prato do
dia e que assim este avivamento havia sido poderosamente restabelecido. Este artigo levou-me
a chorar intensamente, rebentando em lágrimas incontroláveis. Na altura estava hospedado em
casa do Sr. Gale e levei aquele artigo a ele. Estava de tal forma possesso de bondade divina ao
haver visto e lido como a resposta a oração era tão segura, que Deus também nos ouviria sobre
Sua obra ali em Adams que estaria morrendo também, que percorri toda a casa chorando em
voz alta em busca do pastor para lhe revelar aquilo que se passava em meu coração
relacionado com aquele artigo. Chorava como uma criança. Mas o Sr. Gale surpreendeu-se
com aquele meu sentir, com a minha expressa confiança de que era possível e desejável que
Deus de facto reavivasse Sua obra. O artigo, porém, não obteve o mesmo efeito nele que
obteve em mim.

Logo na seguinte reunião de oração dos jovens propus a todos os presentes que deveríamos
conseguir um concerto mútuo de oração a favor dum reavivamento da Sua Obra ali em Adams,
que nos dedicássemos à oração específica de manhã, ao nascer do sol, ao meio-dia e ao fim da
tarde, em nossos quartos e que assim continuássemos durante uma semana inteira. Quando nos
tornássemos a reunir, deveríamos ver que progressos específicos havíamos obtido. Nenhuns
outros meios estavam a ser usados para um avivamento da Obra de Deus. Mas mesmo assim,
o espírito de oração foi intensamente derramado sobre nós e antes que terminasse aquela
semana, muitos deles, quando entravam em seus quartos para orar, quase perdiam as suas
forças sob aquela enorme responsabilidade de pedir o derramar do Espírito, de tal modo que

www.gospeltruth.net/Port/memorias_ch4_fin.htm 2/12
09/01/14 MEMÓRIAS DE CHARLES G. FINNEY CAPÍTULO 4 --EDUCAÇÃO DOUTRINÁRIA E OUTRAS EXPERIECIAS

muitos deles nem sequer se conseguiam ajoelhar nem permanecer de pé, senão prostrados com
gemidos e em oração. Era uma coisa natural e assim se orava pelo derramamento do Espírito
Santo sobre nós especificamente, pela obra de Deus. O espírito foi derramado mesmo antes de
haver terminado a semana; muito interesse foi provocado na vila pela religião, tanto quanto era
possível obter sob aquelas circunstâncias.

E aqui, dói-me dizer, um grande erro foi cometido, ou melhor, um pecado cometido por
membros mais velhos da igreja que por fim resultou num grandioso mal. Conforme vim a saber
mais tarde, muitos membros antigos resistiriam a esta nova movimentação dos jovens
convertidos em prol da obra de Deus. Estavam com ciúmes e inveja. Eles não sabiam como se
relacionar com todo aquele movimento puro e são, pois pensavam e admitiam que os jovens
estavam a sair da estribeiras e que estariam a envolver-se com o que não deviam ao
começarem a exortar os membros da igreja mais velhos com intrepidez e urgência. Este espírito
de resistência por fim entristeceu o Espírito Santo de tal forma que alienações e divisionismos
começaram a brotar entre os próprios membros antigos da igreja, o que resultou em ira contra
as pessoas que resistiram este ultimo movimento de reavivamento. Os jovens, porém,
mantiveram-se muito bem e erectos, tanto quanto pude ver, permaneceram universalmente
puros, constituindo-se mesmo crentes firmes e eficientes.

Naquela primavera de 1822, pus-me sob tutela do Presbitério da igreja como candidato ao
ministério do evangelho. Muitos pastores instigaram-me a ir-me inscrever em Princeton, para
estudar teologia, mas recusei ir. Quando me perguntaram porquê, retorqui que os meus
recursos financeiros não o permitiam. Era verdade, mas logo me disseram que me pagariam
todas as despesas. Mesmo assim declinei. Logo me questionaram sobre as minhas verdadeiras
razões daquela recusa em ir-me para Princeton. Assim pude confrontá-los abertamente que
temia estar sob a mesma influencia a que eles sujeitaram suas almas; que de coração cria que
eles não haviam obtido a melhor formação para uma obra tão importante como seria a obra de
Deus; que eles não eram aqueles ministros da Sua palavra como o próprio Cristo o exigia deles
e que temia vir a passar-se o mesmo comigo se fosse para lá. Falei-lhes com muitas reservas,
pois não conseguia conter a honestidade dos meus motivos. Foi assim que resolveram então,
colocar-me sob tutela do meu próprio pastor para me administrar a formação desejada, o qual
me abriu as portas para toda a sua biblioteca de livros, assegurando que daria a atenção
necessária à minha formação teológica até ao fim.

Mas os meus estudos, no tocante ao meu instrutor, nunca deixaram de ser transfigurados em
controvérsia aberta. Ele mantinha invariavelmente aquela velha escola do pecado original que se
manteria com as pessoas até à morte e que toda a constituição humana era moralmente
depravada. Também mantinha seus pontos de vista intocáveis sobre a questão dos humanos
nunca conseguirem ter como igualar todas as exigências do evangelho de Cristo, isto é, de crer,
de poder conseguir fazer e cumprir tudo aquilo que Deus de nós pede para cumprir; que
enquanto não estivessem livres de lidar com os pecados do dia a dia, nunca estariam nem livres
nem achados de poder efectivar o bem neles mesmos; que Deus condenava os homens pela sua
natureza depravada a qual nunca tinham como transformar e que por isso e pelas suas
transgressões seriam réus daquele juízo eterno. Também permanecia na sua convicção de que
as influências do Espírito eram meramente físicas, actuando apenas na alma sentimental dos
homens; que os homens seriam agentes meramente passivos na intervenção da sua regeneração;
resumindo, delas depreendia toda a sua vivência em conformidade e a partir daquele
pressuposto que a natureza humana era deficiente e depravada por efeito e natureza e nunca
por aprendizagem voluntária. Eu não teria como encaixar certas doutrinas que me pareciam

www.gospeltruth.net/Port/memorias_ch4_fin.htm 3/12
09/01/14 MEMÓRIAS DE CHARLES G. FINNEY CAPÍTULO 4 --EDUCAÇÃO DOUTRINÁRIA E OUTRAS EXPERIECIAS

absurdas demais, não conseguia aceitar os seus conceitos sobre a regeneração, sobre a
reconciliação, arrependimento, fé, a escravatura da vontade do homem, nem mesmo as
doutrinas com consequência directa nestas visões. Ele era tenaz e inabalável nos seus muitos
pontos de vista, por vezes revelando-se muito impaciente porque eu não aceitava desde logo os
seus pontos de vista sem questioná-los primeiro. O seu argumento principal era que, se
questionasse as coisas relacionadas com as doutrinas, tornar-me-ia num infiel a Deus. Munia-se
sempre de argumentos desses, de como alguns estudantes se haviam desviado por causa de
questões do género, como se tal fosse uma recompensa natural de não aceitar a Profissão de
Fé como ponto final de todas as coisas, como também o ensino dos doutorados de Princeton
que muito haviam estudado, entrando pela via da discussão de coisas sobre as quais eu, mas
não ele, achava essenciais desvendar como verdadeiras ou não. Também argumentou muito
efusivamente que, se não abraçasse a verdade &endash; e a verdade para ele seria apenas tudo
aquilo de que nem ele próprio tinha a certeza &endash; eu nunca seria um ministro da palavra.

Eu estava na inteira disposição de crer em tudo aquilo que ele se esforçava por me transmitir,
caso essas coisas viessem expressas na Bíblia. Havia muitas discussões doutrinárias entre nós
dois, que se protelavam por largos períodos. Não poucas vezes saia das suas aulas desanimado
e inteiramente comprimido num calabouço. Dizia para mim mesmo em estado de grande
depressão: "eu não posso abraçar estas doutrinas! Não posso crer que é isto que a Bíblia me
ensina". Cheguei ao ponto, por vezes, de querer abandonar tudo ali mesmo, de pensar que já
não devia seguir o ministério com o qual me comprometera. Havia, porém, um único membro
daquela igreja com quem eu me abria, relatando-lhe tudo aquilo que se passava na profundeza
do meu coração. O presbítero H--, um homem muito piedoso, homem de intensa oração. Ele
havia sido educado sob os pontos de vista de Princeton, mantendo a todo o custo as mais altas
patentes do Calvinismo sem mácula. Mesmo assim, durante as longas conversas que
mantínhamos, ele ficou satisfeito com o reconhecimento de que eu estaria certo e com a razão
do meu lado. Ele chamava por mim para irmos orar juntos muitas vezes, pedindo a Deus que
fosse fortalecido nos meus estudos e nas minhas muitas discussões com Sr. Gale, assegurando
mesmo que, acontecesse o que acontecesse, nada me iria impedir de ser um bom ministro da
Palavra de Deus.

Muitas vezes ele aparecia para estar comigo, prestando-me sério apoio quando me encontrava
deprimido depois de haver estado no escritório do Sr. Gale, nas aulas. Nessas alturas ia comigo
para o meu quarto e não poucas vezes permanecia lá até muito tarde clamando a Deus por luz e
fortalecimento, também por fé em aceitar a Sua vontade perfeita. Ele vivia a mais de três milhas
da nossa vila (cerca de quatro quilómetros e meio), mas mesmo assim permanecia ao meu lado
até cerca das onze da noite com alguma frequência. Depois partia a pé para casa. Que velhinho
querido era ele! Tenho muitas razões para crer que ele orou por mim diariamente sem cessar,
até ao dia da sua morte. Tempos depois de ter entrado no ministério, havendo e chovendo
oposição contra a minha maneira de expor o evangelho, com alguma frequência encontrava-me
com o Presbítero H--; ele dizia-me: "A minha alma está tão sobrecarregada pelo seu ministério,
que intercedo por si de dia e de noite. Mas tenho a plena certeza que Deus o ajudará. Continue
sempre, irmão Finney, persista e resista que Deus lhe vai conceder a almejada redenção desses
problemas!"

Uma certa tarde, eu e Sr. Gale estivemos a conversar durante um longo período de tempo
sobre a questão da reconciliação enquanto se aproximava a hora de atender a uma certa
conferência. Persistimos na nossa conversa até havermos entrado no local da conferência.
Como chegamos muito cedo, havendo muito poucas pessoas lá presentes ainda, continuamos a

www.gospeltruth.net/Port/memorias_ch4_fin.htm 4/12
09/01/14 MEMÓRIAS DE CHARLES G. FINNEY CAPÍTULO 4 --EDUCAÇÃO DOUTRINÁRIA E OUTRAS EXPERIECIAS

falar sobre o assunto. As pessoas foram entrando e escutando com grande atenção toda aquela
discussão. Discutíamos seriamente, mas tudo levado a cabo num sério espírito cristão, presumo.
As pessoas tornaram-se cada vez mais interessadas naquilo que discutíamos e quando nos
propusemos mutuamente parar com aquilo, para que a conferencia pudesse começar, pediram
ali mesmo que continuássemos e que esta discussão fosse a conferencia. Assim procedemos,
conforme nos havia sido solicitado, o que, creio haver trazido grande edificação a todos os
presentes ali, quiçá permanente edificação.

Depois de haver estudado aquela teologia durante muitos meses a fio, o estado de saúde do Sr.
Gale foi de tal ordem mau que nem podia pregar. Um ministro Universalista chegou para
assumir a chefia daquele púlpito, semeando as suas doutrinas corrosivas por tudo quanto era
canto. A parte impenitente da congregação parecia que gostava de o ouvir discursar, mas por
fim, alguns ficaram tão interessados nos discursos do homem que acabaram por se desviar das
sãs doutrinas Bíblicas por inteiro. Foi nesse estado de coisas que o Sr. Gale, depois de haver
conferenciado com o concelho da igreja, transmitiu o desejo que eu falasse à congregação
sobre aquele assunto do Universalismo, caso eu pudesse contestar aqueles argumentos do
pregador Universalista. O seu grande esforço era, como era óbvio, mostrar a todos como o
salário do pecado nunca poderia ser castigo sem fim. Discursava contra a ideia dum castigo
eterno como se fosse muito injusto, cruel e absurdo. Dizia que Deus era amor e como podia um
Deus de amor fazer tal coisa?

Levantei-me uma noite numa das conferências de culto, dizendo o seguinte: "as doutrinas deste
senhor Universalista são completamente novas para mim e creio mesmo que estas não serão
muito Bíblicas. Mas irei debruçar-me sobre o assunto um pouco mais e caso eu não consiga
provar que este homem está errado, eu próprio me comprometo a tornar-me um Universalista".
De seguida apontei um dia da semana seguinte para fornecer uma palestra de oposição àqueles
pontos de vista doutrinários. Todos os crentes ficaram desde logo alarmados com a minha
audácia em haver dito publicamente que me tornaria Universalista caso não conseguisse provar
que as suas doutrinas eram erradas. No entanto, eu achava que podia contestar tudo aquilo.
Chegando a noite da palestra agendada, a sala estava repleta. Peguei primeiro na questão da
justiça do castigo eterno, discursando sobre aquele assunto nessa noite e passando para a noite
seguinte. Havia uma satisfação geral nos que me ouviam, pois o caso foi defendido. O próprio
Universalista estava plenamente convicto que todo o povo achava que ele estaria na posse do
erro, indo pregar para outra freguesia logo de seguida. O Sr. Gale, em conjunto com sua escola
de teologia, mantinha no entanto que o castigo recebido por Cristo na Cruz seria o tal castigo
do pecado dos Seus eleitos, um sofrimento que eles mereciam mas que Cristo sofreu por eles.
Daí que dizia que era baseado nessa justiça que todos os eleitos se baseavam na sua salvação.
Dizia que Cristo cumprira assim todos os requisitos da lei de Deus com aquele sacrifício. O
Universalista baseou sua defesa então nesse ponto de vista, assumindo claramente que essa era
a questão relacionada com a reconciliação. A única coisa que ele necessitava de provar mais,
seria que essa reconciliação havia sido feita para todos universalmente, mostrando assim que
todos os homens na face de toda a terra estariam salvos baseados nesse sacrifício universalista.
Porque o total da dívida do homem para com Deus, havia sido paga em Cristo, o Universalismo
estaria fortemente baseado nesse princípio precário de justiça feita. Dizia que Deus não podia
ser justo caso não aceitasse esse castigo na cruz por todos os homens.

Pude ver, tal como toda a congregação, que o Universalista havia posto o Sr. Gale entre a
espada e a parede. Por esse caminho seria muito fácil mesmo, provar que a justiça havia sido
feita pelo sacrifício de Cristo para todos os homens sem excepção. Caso a natureza da

www.gospeltruth.net/Port/memorias_ch4_fin.htm 5/12
09/01/14 MEMÓRIAS DE CHARLES G. FINNEY CAPÍTULO 4 --EDUCAÇÃO DOUTRINÁRIA E OUTRAS EXPERIECIAS

reconciliação fosse aquela que o Sr. Gale defendia, O Universalismo era apenas uma
consequente verdade. Tudo isto levou as pessoas a espalharem-se para longe dos átrios da
verdade, saindo da igreja. O Sr. Gale pediu-me que continuasse com as minhas palestras, mas,
já que, em conformidade com a sua opinião própria, a questão da justiça da lei já haviam sido
debatidas, que eu apresentasse os meus argumentos baseados na cor do "evangelho de Cristo",
isto é, sob seus pontos de vista. Logo lhe respondi: "Sr. Gale, não poderei fazer tal coisa sem
contradizer os seus pontos de vista sobre esta questão, anulando-as mesmo por completo!
Através das suas doutrinas sobre a reconciliação, este homem não pode vir a ser contestado
sequer. Se a visão que o senhor tem sobre a reconciliação de Cristo estiver certa, as pessoas
logo veriam que o Universalismo era adequado, pois é muito fácil a partir dos seus pontos de
vista provar que o Universalismo está certo, que Cristo pagou a dívida de todos os homens na
face da terra para sempre. Se você não me autorizar a dar uma varrida nos seus próprios
pontos de vista sobre o assunto da reconciliação, não terei como contestar esta doutrina de
erro". "Então", retorquiu, "como não posso permitir que as coisas continuem conforme estão,
faço questão que se sinta em total liberdade de lhe dar a devida resposta à sua maneira. Se
necessário for vir a pregar sobre a reconciliação, sentir-me-ei no dever de o contestar
pessoalmente depois". "Está bem, aceito", respondi; "permita-me apenas e tão só expor os
meus pontos de vista sobre o assunto, pois tenho como contestar o Universalista e depois o
senhor pode encetar o rumo que achar que deve".

Marquei então uma conferência para contestar o argumento do Universalismo baseando-me no


evangelho. Falei duas vezes sobre a reconciliação. Consegui mostrar através das Escrituras que
a reconciliação não era baseada na justiça do castigo da lei sobre o pecado, pagando assim a
divida dos pecadores na sua totalidade para sempre, tal como o Universalista em questão
defendia. Desvendei que o sacrifício de Cristo apenas abria as portas para a possibilidade de
salvação para todos os homens, mas que nunca obrigava Deus a conceder salvação a qualquer
ímpio. Disse que nunca seria verdade que Cristo havia sido justiçado em nosso lugar, que em
nenhum lugar da Bíblia se podia chegar a uma conclusão desse tipo. Provei que o contrário
seria verdade &endash; que Cristo simplesmente morreu para remover o grande abismo e fosso
que havia entre Deus e homem a nível de sacrifício do perdão apenas, para que assim fosse
possível dar uma amnistia naquela culpa dos verdadeiros culpados, desde que se
arrependessem para que assim obtivessem acesso à fé que os levasse a aceitar uma salvação
crendo em Cristo; que em vez de satisfazer aquela justiça que apenas os pecadores mereciam,
o sacrifício de Cristo na Cruz do Calvário abria caminho a uma redenção e que Cristo apenas
aplicou seu testemunho a uma justiça meramente humana. Cristo apenas tornara possível aquele
perdão que forneceria honra à lei, perdoando todo e qualquer um que se arrependesse e
convertesse de facto pela fé n'Ele. Mantive a posição de que Cristo fez apenas tudo aquilo que
eram as condições para o perdão, o que não anulava a culpa do pecado efectivo pagando por
quem ainda não tivesse como deixar o pecado de lado.

Isto respondeu ao universalista e parou desde logo com toda a azáfama em redor desde
assunto. Mas aquilo que mais marcou estas palestras, foi a plena conversão daquela moça por
quem eu havia intercedido diante de Deus em total agonia de espírito: havendo então obtido
resposta, aqui se seguiu o resultado. Tudo aquilo deixou o Sr. Gale aturdido, pois detectou a
bênção de Deus sobre todos os meus pontos de vista. Conversando com ele mais tarde, pude
verificar que ele estava admirado que as coisas que eu pregava sobre a reconciliação pudessem
vir a ser subscritas por Deus, havendo sido instrumentos abençoados no seu uso para a
conversão da jovem em questão.

www.gospeltruth.net/Port/memorias_ch4_fin.htm 6/12
09/01/14 MEMÓRIAS DE CHARLES G. FINNEY CAPÍTULO 4 --EDUCAÇÃO DOUTRINÁRIA E OUTRAS EXPERIECIAS

Foi assim que, depois de muitas discussões com Sr. Gale, o presbitério foi finalmente chamado
a reunir para eu ser examinado com aquela finalidade de entrar no ministério. Se chegassem a
consenso, teria a licença de poder pregar o evangelho. Isto foi em Março de 1824. Estava
preparado para uma dura batalha num exame daquelas pessoas. Mas, admirado, descobri que
estavam muito receptivos e transformados. Era manifesta e clara aquela bênção que se
evidenciava nas minhas muitas conversas com pessoas, nas minhas palestras, nas conferências
sobre a oração. Por causa desse sucesso, penso, eles aproximaram-se de mim para me
examinar com cautelas acrescidas para não entrarem em controvérsia comigo. No decurso dos
exames e interrogatórios, evitaram questionar-me sobre aqueles assuntos que sabiam iriam
colidir com os meus pontos de vista. Depois de me haverem examinado, votaram unanimemente
em licenciar-me para o ministério. Mas, do nada, um deles perguntou-me se eu aceitava a
Confissão de Fé da igreja Presbiteriana. Eu, até ali, não a havia examinado em pormenor, isto
é, o Catecismo e grande parte dos seus credos. Isso tudo não havia sido parte integrante dos
meus estudos obrigatórios. Respondi calculadamente que a aceitava como substância
doutrinária, tanto quanto eu a entendia. Mas respondi de tal modo que estava claramente
implícito que não pretendia ter algo a haver com aqueles credos, mesmo não os conhecendo
bem. Respondi, no entanto, na conformidade dos conhecimentos que tinhas deles. Eles haviam
lido aqueles sermões que escrevi, sobre textos específicos que me haviam sido consignados
pelo Presbitério para tais fins. Passaram por todos os sermões minuciosamente. Foi aqui neste
concelho do Presbitério que eu pela primeira vez vi o Rev. Daniel Nash, que era geralmente
mais conhecido por Papai Nash. Ele era membro efectivo daquele presbitério. Uma grande
multidão assentou-se a ouvir a minha examinação. Entrei um pouco tarde e vi um homem a
pregar para aquela multidão, como supus ser o caso. Ele olhou para mim quando entrei e ao
mesmo tempo olhava para os que passavam à sua frente. Mas assim que me sentei para ouvir,
descobri que ele estava orando. Surpreendeu-me vê-lo a olhar para as pessoas ali presentes,
como se estivesse falando com elas. Mas estava a orar a Deus. Claro está que nem parecia ser
uma oração, mas encontrava-se então muito desviado e num estado lastimável de apostasia.
Este era o Papai Nash, de quem terei muitas coisas para relatar mais adiante, no decurso desta
escrita. No dia do Senhor seguinte, o Rev. Gale aproximou-se de mim e disse-me: "Sr. Finney,
vou sentir uma enorme vergonha se alguém vier a saber que você estudou teologia sob minha
tutela". Era típico dele, tal como já vinha afirmando vezes sem conta. Nada respondi, baixei a
minha cabeça e emudeci, saindo dali logo de seguida muito desanimado e envolto numa espessa
nuvem de desencorajamento por causa daquela observação. Mais tarde ele veio a ver as coisas
de forma muito distinta, pois dava graças a Deus que nunca havia conseguido influenciar-me
com seus pontos de vista, que não havia exercido qualquer mudança nas coisas que eu
pensava. Ele confessou abertamente mais tarde, o seu erro na maneira como lidou comigo
naqueles anos. Chegou mesmo a dizer que, caso houvesse dado ouvidos àquilo que ele me
transmitiu como verdade, teria arruinado todo o meu ministério.

O facto de maior realce foi que toda a sua educação tanto religiosa como ministerial, foi
inteiramente deficiente. Ele embebeu uma série de opiniões defeituosas, tanto teológicas como
práticas, as quais sempre operaram contra ele e serviam como um colete de forças que lhe
prendiam todos os seus movimentos. Ele pouco ou mesmo nada teria conseguido alcançar,
caso tivesse persistido sob o domínio de todos os seus princípios pretensiosos e alucinados.
Usei a sua biblioteca pessoal, buscando ali tudo sobre a teologia que lá poderia achar com a
finalidade expressa de apenas passar o exame de aprovação para o ministério. Mas quanto
mais examinava aqueles livros, tanto mais angustiado me sentia. Eu estava muito familiarizado
com aquela perspicácia dos Juízes de direito, tal como vinham nos nossos livros. Mas quando
penetrei em sua biblioteca, nada ali teria como preencher a minha insatisfação. Tenho aquela
www.gospeltruth.net/Port/memorias_ch4_fin.htm 7/12
09/01/14 MEMÓRIAS DE CHARLES G. FINNEY CAPÍTULO 4 --EDUCAÇÃO DOUTRINÁRIA E OUTRAS EXPERIECIAS

certeza que não era por eu estar em desacordo com a Verdade, mas sim de acordo com ela.
Eu estava insatisfeito porque todas aquelas posições teológicas eram precárias e carentes de
saúde genuína, como também eram precariamente sustentadas. Muitas vezes me pareciam
querer dizer uma coisa e provar outra. Continham nelas pouca lógica racional de verdade
espiritual e nunca conseguiam provar nada argumentativamente. Um dia disse ao Sr. Gale o
seguinte: "Se não houver nada melhor em favor da verdade na sua biblioteca, que sustentem as
doutrinas da nossa igreja, corro o risco de me tornar ou traidor à Causa de Cristo ou um infiel à
igreja". E sempre acreditei que, caso O Senhor não me houvesse iluminado para ver de facto a
falência daqueles argumentos sem nexo, também de experimentar a verdade em forma vivente a
partir das Escrituras; caso não se houvesse manifestado e revelado a mim pessoalmente para
que não tivesse como duvidar da essência da verdade cristã, haveria de ser forçado a tornar-
me um sólido infiel.

Não sendo nenhum teólogo, de início toda a minha atitude racional era de total oposição e de
negação às suas obsessões doutrinárias. Até me opunha com muita frequência às suas posições
positivas. Eu dizia-lhe: "as suas posições não estão comprovadas; carecem de prova concreta
&endash; há que provar tudo o que diz. Não posso aceitar que as doutrinas sejam algo que não
possam vir a ser debatidas e confrontadas perante a luz da Bíblia". Penso hoje da mesma forma
que pensava então. Os seus argumentos de persuasão contínua seriam que eu não me podia
opor ao pensamento de grandes e bons homens que, em sua opinião, depois de tantos
pareceres, estudos e deliberações, haviam chegado a tais conclusões finais sobre aquelas
matérias; que também não me competia a mim, como jovem, havendo-me instruído em direito
apenas, não sabendo nada de teologia, opor-me às posições daquelas pessoas que ele muito
admirava. Considerava-os grandes teólogos e tinha-os em alta estima &endash; daí que as suas
opiniões pudessem ser achadas na sua biblioteca particular. Ele persistiu que, caso eu quisesse
ver a minha inteligência satisfeita sobre aquelas grandes questões através de argumentação,
tornar-me-ia num infiel. Ele não admitia contestação e argumento sobre as questões da fé e da
igreja e que todas aquelas posições da igreja deveriam merecer a maior ovação por um jovem
como eu e que eu deveria era submeter o meu juízo das coisas ao daqueles homens que ele
considerava, de superior sabedoria. Eu detectei um forçar daquelas coisas sobre minha pessoa
e nunca pude aceitar doutrina sob pretexto autoritário &endash; não como autoridade
incontestável. Como dogmas, não podia aceitar tais doutrinas. Descobri que me partia e dividia
na sinceridade e honestidade caso as aceitasse, o que me privaria de verdade íntima. Muitas
vezes saia da presença do Sr. Gale e ia para meu quarto afundar-me nos meus joelhos com a
minha Bíblia na mão e perto do meu peito. De facto, lia a minha Bíblia de joelhos,
especialmente naqueles tempos turvados pelo conflito, clamando e suplicando ao Próprio que
abrisse as palavras que se encontravam em Seu próprio coração em relação a tudo aquilo,
sobre todas aquelas questões. Não tinha outra saída possível mas que não fosse em direcção à
Bíblia, às movimentações filosóficas da minha própria mente, tal com se revelavam e
manifestariam à minha consciência pessoal. Todas as minhas posições e visões começaram a
tomar um certo rumo desejável, pois creio que foi a partir destes conflitos com a doutrina que
tive e consegui como chegar àquelas verdades do evangelho que salvam. Lentamente foram-se
formatando e formando as bases sobre a verdade, o que gradualmente se constituiriam como
posições sábias, mas de inteira oposição a quem me ensinava.

Aquelas posições de teologia não apenas incrementavam uma grande debilidade real à obra do
Sr. Gale, como também lhe davam um misterioso abalo e ajuda em direcção ao erro
doutrinário. Era pouco usado por Deus em Sua Obra Santa porque era empurrado para o erro.
Ele profetizou muito agnósticamente contra todas a minhas posições e todo o meu futuro.
www.gospeltruth.net/Port/memorias_ch4_fin.htm 8/12
09/01/14 MEMÓRIAS DE CHARLES G. FINNEY CAPÍTULO 4 --EDUCAÇÃO DOUTRINÁRIA E OUTRAS EXPERIECIAS

Assegurou-me que Deus nunca chegaria com Sua bênção e aval pessoal sobre o meu Labor. E
caso eu discursasse aos muitos homens conforme lhe transmiti vir a ser o meu desejo real, que
logo todos se ofenderiam e que a congregação sob minha tutela iria perecer e desvanecer em
apostasia. Também me dizia que teria de me habituar a escrever todos os meus sermões, caso
eu quisesse ter como deixar de ser interessante nos meus muitos discursos, não havendo outra
maneira de vir a satisfazer pessoas inteligentes e não só. Logo dizia que a minha forma de estar
no púlpito, pressionado por minhas posições, dariam em descalabro total, que iriam
seguramente dividir qualquer congregação, em lugar de a habilitar. Descobri que tudo aquilo
sucedeu mas em sentido inverso de todos os seus variadíssimos impropérios e prognósticos
doutrinais. Eu pessoalmente achava que o meu dever como ministro de Cristo era divulgar a
verdade de todos os factos, principalmente no que toca a questões do foro prático e pessoal.
Nunca me admirei sequer que a minha nova forma, para ele, de trazer o evangelho, chocavam
com a sua maneira de ver as coisas reais, de ver o evangelho. Através de toda aquela
educação, ele nunca poderia haver tomado outra posição. Ele refutava apenas devido às suas
ideias doutrinárias muito precárias, as quais obtinham resultados quase nulos. Pela graça de
Deus, persisti nas minhas posições, as quais Deus pessoalmente avalizou mais tarde, dando Sua
bênção, contrariamente a tudo aquilo que o Sr. Gale predisse a meu respeito. Aqueles
resultados sobre os quais ele se admirava, no futuro da minha obra, tal como aquela visível
bênção de Deus derramada tão graciosamente em favor daquela verdade, primeiramente
alienaram dele a totalidade da sua tranquilidade e esperança como crente, o que mais tarde
contribuiu para vir a ser um ministro real e efectivo de Cristo, como irei relatar em seu devido
tempo e lugar. Havia uma deficiente carência grave nos seus erros doutrinários, a qual eu
sempre calculei como sendo um fundamento prioritário na avaliação e na própria pregação da
palavra também. Não se pode avaliar nem tão pouco avalizar a Palavra de Deus sem o próprio
Deus em pessoa, sob um Baptismo do Seu Espírito real e efectivo. Se ele era convertido até ali,
naquela altura, falhou na unção. É essa unção que traz efeitos devastadores sobre o pecado a
partir do púlpito e na sociedade.

Quando Cristo comissionou os Seus Apóstolos para irem pregar pelo mundo fora, comandou
que permanecessem em Jerusalém até que houvessem sido revestidos do poder da santidade.
Este poder, como todos sabemos, foi o Espírito Santo derramado sobre todos no dia de
Pentecostes. Esta era a qualificação final, sem a qual ninguém deveria passar para o tentar obter
aquele sucesso de qualquer ministério. Nunca supus ali e então, como também agora ainda
estou plenamente convicto de tal coisa, que este poder tivesse apenas a haver com meros
milagres. O poder de operar através dos milagres, tal como aquele sinal específico de línguas,
atestaram como simples sinais de ocasião para o efeito do cumprimento da sua missão na
altura. O Verdadeiro Baptismo do qual falo e não abdico, é antes de mais purificador,
provendo uma iluminação sobre a realidade da verdade e não só, enchendo-os da mais pura fé,
amor sem igual pelos perdidos, paz sem fim e poder. Tal conseguiu que umas simples palavras
deles, caso fossem inspiradas, se tornassem como setas e espadas agudas nos corações dos
inimigos de Deus, rápidas e estrondosamente convincentes, tal como uma espada verdadeira de
dois gumes. Esta é uma das poucas qualificações necessárias para se obter sucesso em
qualquer ministério. Estou deveras surpreendido que mesmo nos dias de hoje, se dê pouco
ênfase a esta qualificação ministerial de ir pregar Cristo a um mundo adverso e pecaminoso sem
se ser vencedor de facto. Sem aquele sussurrar ensinador do Espírito Santo, nenhum homem
pode ser um virtuoso ministro de Cristo. O facto é que, se alguém não tem como pregar o
evangelho como uma experiência pessoal e personalizada de facto, baseada na própria pessoa
de Cristo Emanuel, apresentar a religião às pessoas como coisa consciente e real, as suas
especulações e muitas teorias sobre a verdade dos factos de nada adiantarão. Isso nunca será
www.gospeltruth.net/Port/memorias_ch4_fin.htm 9/12
09/01/14 MEMÓRIAS DE CHARLES G. FINNEY CAPÍTULO 4 --EDUCAÇÃO DOUTRINÁRIA E OUTRAS EXPERIECIAS

pregar o evangelho sequer.

Mais tarde o Sr. Gale confessou que nunca se havia convertido de facto: que ele era um homem
honesto na defesa dos seus muitos pontos de vista, não ponho em dúvida. Mas confesso que
ele era muito deficiente na sua educação teológica, tanto filosoficamente como na sua
efectividade pratica dali resultante. E tanto quanto me pude aperceber do seu estado espiritual
real, ele não manifestava nele mesmo aquela paz que apenas o evangelho tem como conceder
desde que verdadeiro e real, nem nele nem no efectuar do seu ministério. Não suponha o meu
caro leitor que não amava o Sr. Gale e que não o tinha na maior respeitabilidade e estima.
Ambas as coisas eu tinha para com ele, tanto amor como respeito imensurável. Permanecemos
com uma amizade muito firmada, tanto quando sei, até ao dia da sua morte. Falo destas coisas
apenas para as ter como me relacionar e contrapor às suas visões doutrinárias, porque creio de
todo o meu coração, que será aquilo que se passa com muitos ministros por este mundo fora
&endash; ainda hoje. Creio que na sua maioria, a visão daqueles que se intitulam de ministros
de Cristo, carecem desta unção como válida e selada, sejam quais forem as suas ideias
teológicas. A sua degradação deve-se maioritariamente à falta desta unção específica. É uma
carência radical no seu ministério, de facto. Não se trata de carência de cerimónias, nem digo
isto como forma de censura, pois há muito que esta questão se encontra devidamente
estabelecida em minha mente. São coisas sobre as quais tive ocasião de me lamentar
profundamente muitas vezes. Quanto mais experiente e conhecedor me tornava através do
ministério, aqui e além-mar, tanto mais persuadido fiquei que, no meio de toda a disciplina,
educação, treino e estudo, existe um enorme fosso na questão prática no apresentar do
evangelho na sua melhor forma, da maneira mais efectiva, adaptando os meios para alcançar
todos os fins. Mas muito especialmente, na sua clara falta de poder específico.

Já falei extensivamente sobre as muitas controvérsias dilatadas com o Sr. Gale, o meu
professor. Depois de reflectir um pouco mais, penso ser apropriado manifestar algo mais sobre
estas controvérsias e discussões. Eu não poderia nunca aceitar ficção teológica como
mandamento supremo. Quero aqui relatar mais pormenorizadamente as suas posições relativas,
nas quais ele muito insistia. Em primeiro lugar, ele afirmaria que aquela transgressão inicial de
Adão se impunha sobre toda a raça descendente; que mereceriam o inferno apenas por serem
descendência de Adão. Em segundo lugar, concebia que recebemos de Adão através da
natureza, o pecado imputado, por essa razão, como hereditariedade, todos seriam moralmente
corruptos de natureza, tanto física como espiritualmente, de maneira tal que nunca
conseguiríamos qualquer coisa que chegasse a ser aceitável diante de Deus e que
necessariamente havíamos de entrar em pecado continuadamente, pois a nossa natureza era
transgressora da lei natural de Deus em todos os aspectos da nossa vida. Nestes pontos ele
insistia, afirmando que devido a herança, pecávamos sem poder cessar. Que seria devido a esta
natureza que todos os homens estariam sentenciados à condenação eterna. Em terceiro lugar,
ele detinha que éramos considerados sempre culpados e condenáveis com eterna devastação
pela devida transgressão da lei de Deus impossível de se poder evitar. O descendente de Adão
estaria condenado a pecar. Não podendo evitar ser pecador, o homem estaria sobre esta tripla
multiforme condenação eterna.

A segunda sequência da ramificação natural destes pontos de vista admiráveis, seria que, os
pecados dos eleitos, tanto pelo pecado original como o actual, isto é, a culpa de ser
descendente de Adão e aquela culpa da sua natureza incriminatória actual, tal como as culpas
das transgressões personalizadas, seriam naturalmente imputados sobre Cristo. Por essa razão
maioritariamente, o despacho divino alcançou a sua sentença corporal de culpabilidade n'Ele,

www.gospeltruth.net/Port/memorias_ch4_fin.htm 10/12
09/01/14 MEMÓRIAS DE CHARLES G. FINNEY CAPÍTULO 4 --EDUCAÇÃO DOUTRINÁRIA E OUTRAS EXPERIECIAS

sendo Cristo tratado de acordo com aquilo que eles mereciam factualmente; que o Pai fez
descansar a Sua ira sobre o corpo do Filho, atribuindo-Lhe a culpa daqueles que eram Lhe
eleitos. Daí se deduzia uma inculpabilidade pessoal através daquele castigo sobre Cristo em
pessoa. As pessoas seriam dessa forma, salvas através duma justiça execucionista, mas noutra
pessoa.

A terceira ramificação dos seus pontos de vista teológicos, era: primeiro, que aquela obediência
de Cristo à Lei de Deus era literalmente imputada aos seus eleitos e, mesmo não obedecendo
seriam tidos como sempre obedientes. Em segundo lugar, que a Sua morte lhes seria
naturalmente imputada, por haverem sido escolhidos. Assim se daria como consequente a Sua
morte na cruz, pois n'Ele estaria pregado a culpabilidade do pecado de Adão em nós, a culpa
da nossa natureza corrupta, como também a culpa das nossas transgressões. Em terceiro lugar,
que pela Sua segurança, todos aqueles que Lhe eram eleitos seriam tidos como havido
cumprido e obedecido a Lei de Deus e seriam tidos como se já houvessem sofrido a penalidade
da transgressão de Adão, da sua e da perversidade da sua natureza, havendo a sua penalidade
consequente sido já aplicada em Cristo. Dessa forma, eles haviam sofrido em Cristo essa
acumulação de ira, que assegurava justiça divina na pessoa de Cristo, mesmo que não
pudessem vir a ser tornados obedientes. Ele obedeceu no lugar deles, o que redundaria na sua
obediência aparentemente, mas acupulada na de Cristo por eles. Deus veria os eleitos sob
Cristo, mesmo que não fossem capazes de obedecer. Depois da lei haver sido preenchida nos
seus requisitos normais e formalizados, os eleitos eram convidados a arrependerem-se como se
nada deles fosse exigido, nem o arrependimento real. Em quarto lugar, havendo sido
formalizada justiça divina, todos os eleitos seriam absolvidos sob essa tutela legisladora, sendo
tal acto o tal acto de infinita graça para sempre. Daí se presumia e deduzia que todos os eleitos
estavam salvaguardados pela satisfação divina baseado nesse princípios analógicos de justiça.

Segue-se então, que todos os eleitos e apenas estes, poderiam salvaguardar a sua absolvição
contínua na tutela desse acto justo de Cristo. Não precisavam de invocar e pedir perdão e seria
mesmo um erro doutrinário fazê-lo. Esta inerência gratuita, seria pessoal para todos os eleitos.
Mas segue-se irreversivelmente debaixo daquilo que a Profissão de Fé afirmava, que os eleitos
eram considerados salvos por inerência e analogia, pois a justiça divina e seus requisitos
universais haviam sido preenchidos de justiça sem fim. Eu não podia senão discordar destas
asserções, sobre estes pontos focalizados. Eu não poderia imputar toda esta questão como uma
imputação analógica, pois me parecia mais ficção teológica. Tivemos constantes discussões em
virtude destes múltiplos pontos de vista. Não me recordo de ter ouvido o Sr. Gale insistir que a
Profissão de Fé imprimia estes princípios sobre seus ouvintes, mas lembro-me de comprovar
que afirmava tudo isto quando a estudei minuciosamente. Eu não havia tomado consciência que
as regras do Presbitério exigiam como pergunta chave aos candidatos ao ministério, se
aceitavam a Profissão de Fé como formulário de Fé e conduta. Mas assim que revi e estudei
todos os seus princípios ambíguos e absurdos, não hesitei nem por um momento em depor
contra estes mesmos princípios em todas as circunstâncias mais adequadas para a finalidade.
Passei a repudiá-los abertamente, expondo-os em público. Onde e quando achava que
pecadores se pervertiam sob pretexto destes dogmas, que se escondiam por de trás deles, não
hesitava nem por um momento em demoli-los até às cinzas, no melhor da minha capacidade de
então.

Eu não preenchia estes requisitos das posições do Sr. Gale, mas falava deles com ele na mesma
linguagem com que se dirigia a mim, isto é, quando eu as apresentava a ele em forma
controversa. Ele não as impunha como coisas racionais, ou como algo que se pudesse discutir

www.gospeltruth.net/Port/memorias_ch4_fin.htm 11/12
09/01/14 MEMÓRIAS DE CHARLES G. FINNEY CAPÍTULO 4 --EDUCAÇÃO DOUTRINÁRIA E OUTRAS EXPERIECIAS

abertamente. Ele insistia como defesa que a minha irreverente discussão sobre essas questões,
tornar-me-iam num infiel apóstata. Mas eu justificava que a nossa razão nos havia sido
embutida por alguma razão especial, especialmente para nos vir a justificar nos próprios
caminhos de Deus; e que nada de tal ficção pudesse ser imputado a quem viesse ser vivente de
facto e conviver com verdade real. É claro que haveria muitos mais pontos de vista que
mereciam a nossa discussão, sobre as quais sempre nos opusemos em forma controversa. Mas
por muito que discutíssemos, toda a teima iria embocar nestes mesmos assuntos,
inevitavelmente, pois eram as suas bases de podridão. Se o homem tinha uma natureza
pecaminosa, então concluía-se que a regeneração teria de vir a ser uma transformação dessa
mesma natureza. Se essa natureza era pecadora, a influência do Espírito Santo que a fosse
regenerar havia que ser real e factual, não apenas de aceitação ficcionada e moral. Se o homem
tiver essa natureza irregular e pecaminosa, não havia adaptação possível dela ao evangelho
como forma de transformar a sua natureza, pois a fé é firmeza, é firme e consequentemente não
haveria qualquer ligação entre meios, fins e finalidade.

Eram estas as posições que o Irmão Gale defendia com veemência. Por consequência, ele não
esperava que as pessoas se convertessem mesmo que pregasse a favor do arrependimento,
pois não apontava as suas palavras naquela direcção em nenhum dos sermões que dele pude
ouvir até então. Mas era um pregador muito hábil mesmo se avaliarmos pelos requisitos que se
impunham a um pregador debaixo daqueles jugos e circunstâncias. O facto transparecia desde
logo que estes dogmas serviam como um colete de forças sobre ele, por muito hábil que fosse
como pregador. Se pregasse o arrependimento, ele teria que providenciar uma explicação de
como lhes seria impossível arrependerem-se; Se os incitava à fé, logo lhes explicava como lhes
seria impossível crer por eles até que a sua natureza houvesse sido mudada, pois qualquer fé
lhes estaria vedada; era assim que a ortodoxia impunha uma perfeita armadilha e rede aos seus
ouvintes, naquela questão do evangelho. Eu nunca pude aceitar tais coisas e procedimentos. Eu
não entenderia assim a minha Bíblia; nem tinha como ver tal coisa ensinada na Bíblia sequer.

Assim que li a Profissão de Fé, olhando para as passagens que eram usadas para corroborar
aquelas peculiares e seculares posições, eu envergonhei-me delas em demasia, bastante e de
forma absoluta. Perdi todo o respeito por aquele documento que impunha sobre a totalidade da
raça humana tais dogmas caricatos, sustidos na sua grande maioria por passagens que lhes eram
inteiramente irrelevantes e desconectados. Num caso de tribunal, nunca tais passagens
poderiam ser mantidas como defesa dum caso, quanto mais dum grande caso como o é o
evangelho de Cristo. Mas todo o presbitério considerava aqueles pontos de vista conclusivos e
sagrados, irredutíveis mesmo. Todos tinham um mesmo pensamento, deliberavam numa só voz
controversa. Mais tarde todos estes mudaram as suas opiniões; cederam e Sr. Gale
transformou-se e nunca mais ouvi ninguém do presbitério defender aqueles pontos de vista
irracionais e sem qualquer nexo.

INDEX MEMÓRIAS

Copyright (c) 2002. Gospel Truth Ministries

HOME | FINNEY LIFE | FINNEY WORKS | TEXT INDEX | SUBJECT


INDEX | GLOSSARY | BOOK STORE

www.gospeltruth.net/Port/memorias_ch4_fin.htm 12/12

Вам также может понравиться