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SUMÁRIO

UNIDADE 5

A CONSTRUÇÃO DA PESSOA: abordagem Walloniana e implicações


educacionais .......................................................... 133

Ideias Básicas de Henry Wallon ............................... 135

EMOÇÃO E AFETO: o papel do outro no desenvolvimento .. 139

As fases do desenvolvimento ................................. 145

Implicações educacionais .................................... 149

UNIDADE 6

A INCLUSÃO NAS ESCOLAS E O PAPEL DA PSICOLOGIA DA


EDUCAÇÃO ........................................................... 153

O que é inclusão? .............................................. 155

DIFERENÇAS: o desafio nas escolas ......................... 159

As ideias de Piaget e de Vygotsky a respeito das pessoas com


necessidades especiais ....................................... 165

UNIDADE 7

ADOLESCÊNCIA: desenvolvimento Biopsicossocial e Cultural .... 175

Siginficado evolutivo da adolescência e seu caráter


Biopsicossocial e Cultural .................................... 177

A adolescência sob a perspectiva de diversos teóricos ..... 183

Característica do desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo


e social e as questões relativas à sexualidade, à escolha
profissional e às drogas ....................................... 191

PALAVRAS FINAIS ..................................................... 223

REFERÊNCIAS ......................................................... 225

NOTAS SOBRE AS AUTORAS ......................................... 235


unidade

5
ObjetivoS dESTA unidade:
A Construção Da Pessoa: abordagem
Estabelecer as relações
Walloniana e Implicações Educacionais entre os conceitos e as
implicações pedagógicas
na abordagem
walloniana;

Analisar o papel da
emoção, do afeto e do
outro no processo de
desenvolvimento da
pessoa;

Caracterizar o processo
de desenvolvimento
ROTEIRO DE ESTUDOS e aprendizagem sob a
perspectiva de Wallon.

• Ideias básicas de Henri Wallon.

• Emoção e afeto: o papel do outro no desenvolvimento.

• As fases do desenvolvimento.

• Implicações educacionais.
pAra início de conversa

Nesta unidade, focalizamos a concepção dialética de Henri Wallon


sobre o desenvolvimento, a qual pressupõe a determinação
recíproca entre fatores orgânicos e fatores sociais, constituindo,
assim, a pessoa humana.

A teoria walloniana é conhecida como a teoria da “pessoa


completa”, uma vez que, em seus estudos, ele levou em conta
a multidimensionalidade do ser, dado que integrou os campos da
inteligência, da motricidade e da afetividade.

Para que você estude esta importante contribuição, dividimos a


presente unidade em quatro seções.

Na primeira buscamos esclarecer as ideias básicas da visão dialética


de Wallon, e o seu olhar para o desenvolvimento da pessoa. Na
segunda seção temos como foco a compreensão do papel da
emoção no desenvolvimento, o desenvolvimento da afetividade e
a análise do papel do outro no desenvolvimento humano. A terceira
aborda a visão de Wallon sobre o desenvolvimento, apresentando
seus princípios e as características de cada estágio. A quarta seção
é dedicada à apresentação de algumas implicações educacionais
da teoria walloniana.

Estudar Wallon e refletir sobre suas contribuições à educação


é o desafio que propomos a você, caro estudante. Que suas
leituras e reflexões sejam profícuas, e que você tenha um bom
aproveitamento.

Vamos a Wallon, então?

134 FILOSOFIA
IdEias básicas de Henri Wallon

N
Henri Wallon (1879-1962) foi um grande humanista. Viveu
em Paris, França, onde construiu uma fecunda produção
intelectual e engajou-se ativamente nos acontecimentos
sociais e políticos de sua época. Formado em Filosofia na Escola
Normal Superior, atuou como professor e mais tarde formou-
se médico psiquiatra até envolver-se com a Psicologia e com a
Wallon adotou uma visão
Educação novamente. De sua biografia constam os encontros com de desenvolvimento
que se destaca pela
a I e a II Guerras, a sua participação na resistência francesa, a abordagem concreta e
multidimensional do ser
perseguição dos nazistas, a vida clandestina, a sua atuação como humano.

militante político de esquerda e como professor universitário capaz


de uma ampla produção científica, mesmo em meio às inúmeras
adversidades (LAROCCA, 2002).

Em seus estudos, ao invés de separar, integrou os campos da


inteligência, da afetividade e da motricidade, considerando
a criança e sua atividade a partir das suas reais condições de
existência (TRANGTHONG, 1983; GALVÃO, 1995).

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 5 135


Segundo Galvão (1995), buscando compreender o psiquismo
humano, Wallon volta sua atenção para a criança, pois através
dela é possível ter acesso à gênese dos processos psíquicos. De uma
perspectiva abrangente e global, investiga a criança nos vários
campos de sua atividade e nos diversos momentos de sua evolução
psíquica. Enfoca o desenvolvimento em seus domínios afetivo,
cognitivo e motor, procurando mostrar quais são, nas diferentes
etapas, os vínculos entre cada campo e suas implicações com o
todo, representado pela personalidade.

PSICOGÊNESE DA PESSOA COMPLETA


CAMPOS FUNCIONAIS

AFETIVIDADE
CORPO INTELIGÊNCIA
DIMENSÃO
DIMENSÃO DIMENSÃO
EMOTIVA/
MOTORA COGNITIVA
RELACIONAL

A perspectiva walloniana em Psicologia contou com a contribuição


de sua formação e atuação em Medicina Psiquiátrica. Para a
sua tese de doutoramento (publicada com o nome de L’Enfant
Turbulent, em 1925), Wallon coletou cerca de 200 casos clínicos
de retardos e anomalias, referentes ao desenvolvimento mental
e motor de crianças. Além disso, as experiências com feridos
de guerra, que tinham sofrido lesões cerebrais, fortaleceram,
em Wallon, a crença de que havia uma estreita relação entre
as manifestações orgânicas e psíquicas, particularmente entre
o dinamismo motor e a atividade mental, ambos associados aos
desequilíbrios emocionais (DANTAS, 1983).

Como método de análise, Wallon adotou a perspectiva filosófica


dialética, fundada no Materialismo Histórico de Marx. Por
conseguinte, concebeu um movimento dialético, de determinação
recíproca, entre fatores orgânicos e fatores sociais.

136 FILOSOFIA
FATORES ORGÂNICOS FATORES SOCIAIS

Para Wallon, nosso psiquismo é uma síntese dialética entre o


orgânico e o social, em que os equipamentos orgânicos são condição
para as funções mentais, enquanto os objetos das ações mentais
Galvão (1995, p.29)
provêm do meio exterior, ou seja, do grupo social do indivíduo. descreve a relação entre
o orgânico e o social,
na teoria de Wallon, da
No processo de desenvolvimento da pessoa, Wallon explica seguinte maneira:

que os fatores orgânicos são mais determinantes no início do Entre os fatores de


natureza orgânica e os
desenvolvimento infantil, cedendo lugar aos fatores sociais, à de natureza social as
fronteiras são tênues, é
medida que o ser humano cresce e é por eles afetado. Os fatores uma complexa relação de
determinação recíproca.
sociais dependem das condições oferecidas pelo meio e do grau O homem é determinado
fisiológica e socialmente,
de apropriação de cada sujeito. São fatores sociais: a cultura, sujeito, portanto, a uma
dupla história, a de suas
a linguagem e o conhecimento. Tais fatores são decisivos na disposições internas e a das
aquisição das condutas psicológicas superiores, as quais podem situações exteriores que
encontra ao longo de sua
progredir sempre, num processo permanente de especialização e existência.

sofisticação.

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 5 137


Emoção e afeto: o papel do outro no
desenvolvimento

P
ara Wallon, a emoção é um instrumento de sobrevivência
típico de nossa espécie, acionado, desde o nascimento,
para suprir a incapacidade de o bebê alcançar sozinho o
atendimento de suas necessidades mais primárias. Você pode
verificar, por exemplo, que outros animais quando nascem são
muito mais independentes do que o filhote humano: buscam o
alimento, locomovem-se com mais desenvoltura. Assim, em face
de sua dependência, é através da emoção (choro, gritinhos, risos)
que o bebê mobiliza as pessoas do seu ambiente para atender às
suas necessidades (fome, sede, temperatura, conforto etc.).

São as emoções que exprimem e fixam na sensibilidade do sujeito


algumas disposições, atitudes que irão garantir o aparecimento
de reações sensório-motrizes. Essas reações introduzem o bebê
no ambiente físico que o rodeia, permitindo que o explore e atue
sobre ele. A emoção fornece, portanto, os primeiros e mais fortes

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 5 139


vínculos que irão suprir a imperícia do ser humano no início de seu
desenvolvimento.

A discussão sobre o valor da emoção é uma das maiores contribuições


de Wallon (1998). Para ele, as estruturas da consciência e da
Imperícia = condição
de quem não é personalidade vão surgir das oposições provocadas pela emoção,
perito, ou seja, não
sabe fazer alguma recurso inicial do bebê para agir. Segundo Wallon, será pela
coisa.
emoção que a criança passará a usar, de forma adequada, os
instrumentos que a atividade cognitiva lhe propicia. É graças ao
vínculo estabelecido com o meio social, através da emoção, que
o ser em desenvolvimento terá acesso à cultura e ao universo
simbólico elaborado ao longo da história da humanidade. A emoção
permite, então, que nos apropriemos dos instrumentos da atividade
cognitiva, estando, portanto, na sua origem, na sua gênese.

Para Wallon, a razão nasce da emoção e viverá da sua morte


(DANTAS, 1992).

Tais palavras mostram que, se a emoção está na origem da


inteligência ou razão, há um antagonismo que a emoção guarda
em relação à atividade cognitiva, pois, à medida que esta se
desenvolve, a ação da emoção tende a reduzir-se, tornando os
comportamentos mais lúcidos. Nesse sentido, podemos dizer que
a emoção faz a transição entre o orgânico e o cognitivo, por meio
da mediação cultural.

Vejamos como Wallon classificou dois tipos de emoções:

Quanto ao efeito que produzem no corpo: a) Hipotônicas


são aquelas que produzem redução do tônus muscular, como o
amolecimento corporal que existe em sustos e depressões. b)
Hipertônicas são as emoções que geram tônus muscular, como o
endurecimento corporal que observamos ou sentimos na cólera,
raiva e ansiedade. O ideal para o ser humano é que se estabeleça
um fluxo tônico que leve a emoção a se produzir e se escoar
imediatamente através de movimentos expressivos, como é o caso
da alegria, razão pela qual ela nos é prazerosa.

Quanto à origem e natureza das alterações emocionais: a) Emoções


produzidas por agentes químicos (ex: efeitos de drogas, como

140 FILOSOFIA
o álcool); b) Emoções produzidas por componentes mecânico-
musculares (ex: atividades rítmicas intensas); c) Emoções de
natureza abstratorepresentacional (ex: diante de reflexões
suscitadas por um poema, uma música) (DANTAS, 1992).

Estudando as características da vida emocional, Wallon


concluiu que a emoção se origina de sensibilidades orgânicas e
primitivas: sensibilidade visceral que permite sentir seus órgãos
e proprioceptiva que permite à criança sentir o estado de
seus músculos. Segundo Dantas (1992, p. 87) “A toda alteração
emocional corresponde uma flutuação tônica”, de modo que a
emoção provoca manifestações corporais visíveis para as outras
pessoas. Wallon chamou tais manifestações de “atividade
proprioplástica”, uma vez que a emoção imprime certas formas ao
corpo. Essas manifestações podem ser percebidas, ainda que de
forma inconsciente, pelas pessoas que estão ao redor do sujeito.
Tal aspecto mostra, também, o caráter contagioso ou epidêmico
da emoção, pois ela tende a transmitir-se para os outros por meio
de uma espécie de diálogo tônico, uma forma de comunicação
primitiva, permitida pelas alterações da tonicidade muscular das
pessoas. Vejamos, agora, características do comportamento
emocional, para que você possa reconhecê-lo:

• possui um caráter contagioso, isto é, passa para outras pessoas;

• nutre-se da presença de pessoas, pois a existência de uma


plateia tende a fazer aumentar a emoção;

• tende a reduzir o funcionamento cognitivo, pois emoção e


razão são dimensões antagônicas;

• o grau de emoção será tanto mais forte quanto maior for a


inaptidão ou a imperícia da pessoa perante dada necessidade;

• provoca uma revolução orgânica, capaz de concentrar no corpo


toda a sensibilidade do sujeito e diminuir sua capacidade de
perceber o que realmente se passa no mundo exterior;

• manifesta-se corporalmente e é visível para as outras pessoas;

• passa para os outros através de um diálogo tônico postural.

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 5 141


Wallon (1968) distinguiu sentimento de emoção. Os sentimentos
resultam de representações e conhecimentos que agem sobre as
emoções de maneira a reduzir o caráter instantâneo das mesmas.
Em geral são mais duradouros. As emoções são acompanhadas
de componentes orgânicos/corporais (alterações nos batimentos
cardíacos, sudorese, respiração, alterações tônicas visíveis na
postura do corpo, gestos, expressão facial).

As emoções concentram a sensibilidade do sujeito no corpo, de


modo que diminuem a percepção do sujeito sobre o mundo exterior
(WALLON, 1979).

Entre os comportamentos afetivos, as emoções procedem do mais


baixo nível de funcionamento cerebral – o nível subcortical. Apesar
de constituírem a primeira forma de o ser humano estabelecer
seus vínculos com o meio social, as emoções também aparecem
em todas as idades, diante do problema da imperícia. No entanto,
são as emoções que permitirão as relações que afinarão a
expressividade do sujeito, transformando-a em um instrumento
cada vez mais especializado da sociabilidade humana (LAROCCA,
2002). Dessa maneira, há uma transformação funcional que
implica, ao longo do processo de desenvolvimento, a evolução de
formas emocionais, que a princípio são puramente tônicas, para
formas simbólicas de expressão emocional e, posteriormente,
categoriais de afetividade.

Observe no quadro os três momentos da relação entre afetividade


e inteligência, ao longo do nosso desenvolvimento:

EVOLUÇÃO DAS FORMAS DE


AFETIVIDADE EM FACE DA CARACTERÍSTICAS
RELAÇÃO COM A INTELIGÊNCIA
- a afetividade reduz-se às
manifestações somáticas; é pura
emoção;
1ª FASE
- as trocas afetivas dependem
AFETIVIDADE EMOCIONAL-TÔNICA inteiramente da presença concreta
de outras pessoas através do contato
tônico- epidérmico;
- incorpora a linguagem (primeiro
2ª FASE oral, depois escrita);

AFETIVIDADE SIMBÓLICA - a nutrição afetiva acrescenta o


toque e a entonação da voz;

142 FILOSOFIA
3ª FASE - as relações afetivas passam a se
submeter a exigências racionais,
através de categorias como respeito,
AFETIVIDADE CATEGORIAL justiça, igualdade.

Ao explicar a dimensão afetiva da constituição da pessoa, conforme


Wallon, Dér (2004, p.61-62) diz o seguinte:

A afetividade é um conceito amplo que, além de envolver um


componente orgânico, corporal, motor e plástico, que é a emoção,
apresenta também um componente cognitivo, representacional,
que são os sentimentos e a paixão. O primeiro componente a se
diferenciar é a emoção, que assume o comando do desenvolvimento
logo nos primeiros meses de vida; posteriormente, diferenciam-se
os sentimentos e, logo a seguir, a paixão.

A afetividade é o conjunto funcional que responde pelos estados de


bem-estar e mal-estar, quando o homem é atingido e afeta o mundo
que o rodeia. Ela se origina nas sensibilidades orgânicas e primitivas,
denominadas sensibilidades interoceptivas e proprioceptivas que,
juntamente com os automatismos, são vistas por Wallon como os
recursos que a criança tem para se comunicar e sobreviver.

A sensibilidade interoceptiva é uma sensibilidade visceral


que permite à criança sentir como estão os seus órgãos, como
estômago, intestino etc.; e a sensibilidade proprioceptiva é
uma sensibilidade tônica ou postural que está relacionada às
sensações ligadas ao equilíbrio, às atitudes e aos movimentos, e
possibilita à criança sentir como está o estado de seus músculos.
Ambas as sensibilidades provêm do próprio corpo, mas, enquanto
a sensibilidade interoceptiva se reporta aos órgãos internos, a
proprioceptiva se distingue dela, pois os seus estimulantes, em vez
de se situar nas vísceras, se localizam nos tendões, articulações e
nos próprios músculos.

A abordagem walloniana do desenvolvimento dá especial destaque


ao lugar do outro na constituição do eu. Gulassa (2004) explica que
o par dialético “eu-outro” passará gradativamente a constituir o
mundo psíquico de cada pessoa de modo que um não pode viver
sem o outro e ambos dialogam e debatem.

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 5 143


Para Gulassa (2004, p.96):

A relação eu-outro vivida cotidianamente é uma


relação ao mesmo tempo de acolhimento e de
oposição, que no processo de desenvolvimento é
incorporada e internalizada, sendo constitutiva do
mundo psíquico.
O outro que é interiorizado, também chamado por
Wallon de socius, contém e sintetiza o contexto
cultural e simbólico presente no meio, trazendo
deste, por um lado, as referências, alimento cultural
fundamental, e por outro as regras e imposições
sociais, que vêm a ser contraponto da singularidade
e da autonomia do eu (ênfases na fonte).

Mediante o exposto, podemos compreender que há uma tensão


constante do par dialético eu-outro no nosso mundo psíquico, em
que o eu necessita do outro para sobreviver e para evoluir, no entanto
somente se constituirá como eu construindo sua própria identidade
pela oposição ao outro, libertando-se dele.

• O grupo é o espaço das relações interpessoais.

• É no grupo que a criança vive efetivamente a construção da sua


personalidade, desde a sua consciência simbiótica inicial, até a
construção do seu eu diferenciado.

• É no grupo que ela adquire consciência de si e dos outros.

• É no grupo que ela aprende a desempenhar as práticas sociais e


os papéis que estão definidos pela sua cultura.

• É no grupo que ela aprende a cooperar ou competir.

• O grupo é o espaço privilegiado de aprendizagem.

• O grupo é o espaço de humanização.

Nesse sentido, os grupos de que o sujeito participa terão importante


papel na constituição do eu, pois a vivência grupal permite, desde
cedo, que a criança aprenda sobre suas regras e normas, bem como
tome consciência de sua própria capacidade e de seus sentimentos.

Galassa (2004) destaca os seguintes aspectos a respeito da importância


do grupo para a constituição da pessoa. A seguir, veremos como Wallon
explica as fases do desenvolvimento.

144 FILOSOFIA
As fases do desenvolvimento

O
desenvolvimento, para Wallon, é um processo descontínuo,
pois apresenta oscilações tais como rupturas, conflitos,
reviravoltas, antecipação de funções, regressões.

Tais conflitos ou crises podem ser desencadeados por dois tipos


de fontes: as endógenas (que estão no organismo do sujeito) e as
exógenas (que estão no meio que o sujeito vive). Exemplo de fonte
endógena é a ausência de certas possibilidades sensoriais e motoras
que dependem da maturação nervosa. As fontes exógenas derivam
sempre da ação do sujeito no meio exterior (WALLON, 1968, 1995).

Apesar de funcionarem como molas propulsoras do desenvolvimento,


se os conflitos permanecerem na forma de emoção pura, terão um
efeito desintegrador. Para que isso não aconteça, é necessária a
participação da inteligência na resolução deles. Nesse momento, é
bom lembrar que o
comportamento emocional
Podemos dizer que há três grandes princípios do desenvolvimento, do ser humano surge diante
da imperícia, ou seja, da
segundo o teórico (1968): a predominância funcional; a alternância incapacidade de solucionar
de forma independente
funcional; a integração funcional. os seus problemas e
necessidades.

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 5 145


O princípio da predominância funcional implica momentos ou
estágios predominantemente afetivos e outros predominantemente
cognitivos. Isso significa que as fases de domínio afetivo
caracterizam-se pela construção da subjetividade, através da
interação com o outro, sendo centrípetas – ou seja, orientadas
do mundo exterior para o eu e permitindo o acúmulo de energia
psíquica. As fases de domínio cognitivo caracterizam-se pela
construção do objeto (realidade externa) e pelo dispêndio ou
gasto da energia psíquica anteriormente acumulada. Por isso,
foram chamadas de fases centrífugas – isto é, orientadas do eu
para o mundo.

O princípio da alternância funcional supõe que há formas de


atividade que são predominantes em cada fase, as quais se
alternam. Desse modo, cada fase do desenvolvimento porta
nuanças nas atividades preferenciais do sujeito, que estão
relacionadas aos recursos de que ele dispõe para interagir com
o mundo exterior. Graças à alternância funcional, podemos dizer
que ocorrem mudanças na orientação do “eu para o mundo” e
“das pessoas para as coisas”.

O princípio da integração funcional supõe que as funções


mais evoluídas, adquiridas recentemente, não implicam o
desaparecimento de funções anteriores, mas as controlam. Isso
quer dizer que as funções elementares vão perdendo autonomia
conforme são integradas às funções mais aptas. A integração
funcional, contudo, não é definitiva. Seu processo é impulsionado
por crises ou conflitos que são inerentes ao processo de
desenvolvimento.

FASE IDADE CARACTERÍSTICAS


Predomínio da emoção, que dá
Você agora vai observar um colorido especial às trocas que
no quadro que se segue
IMPULSIVO-EMOCIONAL a criança realiza com seu meio,
os estágios propostos
por Wallon e que foram orientando suas relações com as
reorganizados por Galvão outras pessoas e com sua ajuda,
(1995, p.43-46). A autora com o mundo. A criança depende
coloca que, para Wallon,
até um ano de
totalmente das outras pessoas para
a pessoa se desenvolve idade
sobreviver, estado esse que Wallon
progressivamente, chama de imperícia (nada saber
através de fases onde há
predominância ora afetiva,
fazer por si). Ela está conhecendo
ora cognitiva, mas esses seu próprio corpo e explorando
aspectos ocorrem sempre seus movimentos. Cada movimento
inter-relacionados. representa algo para ela.

146 FILOSOFIA
A criança explora o mundo físico,
SENSÓRIO-MOTOR E manipulando objetos e explorando
PROJETIVO o espaço, tendo mais autonomia. É
projetivo porque ela usa os gestos
para expressar seus pensamentos
e se comunicar (o ato mental
até o terceiro
projeta-se em ato motor). Aí
ano existe o predomínio da cognição
(inteligência prática e simbólica).
Utilizando a linguagem, a criança
faz descobertas; através da
denominação dos objetos, tenta
localizá-los e identificá-los.
Acontece a formação da
personalidade e a consciência de si,
que resulta das trocas que faz com
outras pessoas, na diferenciação
do eu outro. “[...] é pela expulsão
do que há de alheio dentro de si
PERSONALISMO
que se fabrica o Eu”. (DANTAS,
1990, p.94). Aí aparece primeiro
a oposição ao outro, quando
busca se firmar contradizendo e
dos três aos seis
confrontando as outras pessoas;
anos surge então a sedução ou idade
da graça, como chama Wallon.
A criança quer ser admirada,
apreciada pelos outros. Depois
surge a imitação, pela qual ela cria
personagens representando pessoas
que admira, representando papéis
para realizar isso. Nessa fase há o
predomínio da afetividade sobre a
cognição.
Dá-se a consolidação da função
simbólica e diferenciação da
CATEGORIAL
personalidade, iniciada no estágio
anterior. A criança volta-se para o
mundo, tentando conquistá-lo. Isso
acontece junto com o processo de
dos seis aos
escolarização, quando as exigências
onze anos da família e da escola fazem
com que a criança desempenhe
papéis variados. Nessa fase há
o predomínio da cognição, e o
desenvolvimento da inteligência
infantil é enorme.
Ocorrem as modificações
fisiológicas provocadas pelo
amadurecimento sexual, bem como
PUBERDADE E mudanças psicológicas, trazendo
ADOLESCÊNCIA à tona questões pessoais, morais
e existenciais. As transformações
do corpo acentuam as diferenças
entre os dois sexos, e é necessário
dos onze aos
que o esquema corporal seja
dezesseis anos reorganizado pelos jovens. Passa
a ser afetivo o predomínio
dessa fase. No processo de
desenvolvimento a pessoa deverá,
por meio de seu potencial
intelectual, reconhecer um eu
diferenciado e, ao mesmo tempo,
integrado.

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 5 147


Para Wallon (1975), em sua relação com o ambiente, a pessoa
assume determinadas ações considerando os recursos funcionais
que já construiu (suas competências motoras, cognitivas,
sociais, linguísticas) como condições para a realização de seus
objetivos. Cada estágio de desenvolvimento representa um
sistema de comportamentos, realizando uma maneira específica
e ótima de trocas com o meio, integrando, a cada momento, os
comportamentos do indivíduo em um sistema unitário, dentro
de um processo de equilíbrio funcional, no qual em cada estágio
prepondera uma forma particular de comportamento sobre as
demais.

Wallon coloca ainda que:

De etapa em etapa, a psicogênese da criança mostra, através da


complexidade dos fatores e das funções, através da diversidade e
da oposição das crises que a assinalam, uma espécie de unidade
solidária, tanto em cada uma como entre todas elas. Em cada idade
ela constitui um conjunto indissociável e original. Na sucessão de
idades, ela é um único e mesmo ser em curso de metamorfoses.
Feita de contradições e de conflitos, a sua unidade será por isso
ainda mais suscetível de desenvolvimento e de novidades (WALLON,
1998, p. 214).

148 FILOSOFIA
Implicações educacionais

V
ocê pode constatar que Wallon (1975) vê o processo
de socialização como o desenvolvimento progressivo
da consciência do eu para a consciência social, pelas
interações que existem entre as pessoas. Sua preocupação com a
formação dos professores é evidente.

Podemos dizer que foi muito marcante a estreita ligação que Wallon
procurou manter entre Psicologia e Pedagogia, envolvendo-se com
formação de professores e escolas, vindo a ter, inclusive, uma
efetiva participação na política educacional francesa (DANTAS,
1983; WEREBE; NADEL-BRULFERT, 1986).

Apresentamos a você uma síntese de tópicos que trazem


implicações para a sua prática pedagógica, como professor. Preste
atenção nestas contribuições de Wallon.

A meta máxima da educação não é apenas o desenvolvimento


intelectual, mas o desenvolvimento da pessoa total (afeto,
inteligência e motricidade).

• Compreensão dos significados das condutas dos alunos através


da fala, ações, posturas, jeito de caminhar, gestos, expressões
faciais.

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 5 149


• Valorização dos conteúdos de ensino para que os alunos tenham
maior domínio e diferenciação dos sistemas de significação.

• Valorização da aprendizagem linguística como auxiliar no


progresso do pensamento.

• Valorização da dimensão estética e da expressividade do


sujeito em termos de estados internos e vivências subjetivas.

• Compreensão de que é importante que a escola ofereça


oportunidades de os alunos se expressarem e valorize currículos
que integram ciência e arte.

• Compreensão de que há necessidade de planejar o ambiente


escolar, não só em termos de conteúdos e temas de ensino,
mas também no que diz respeito ao espaço escolar, mobiliário,
objetos, organização do tempo, interações sociais que a
escola oferece, bem como a participação do aluno em grupos
variados.

• Reflexões e análises sobre situações de conflitos na prática


pedagógica como, por exemplo, as dinâmicas envolvendo
professor e alunos (irritação, raiva, antagonismos, medos).

• Necessidade de o professor avaliar e compreender suas próprias


motivações e reações, aprendendo a analisar intelectualmente
a atmosfera emocional das classes.

O processo de
mediação através de
signos possibilitou ao
homem controlar e Finalmente, podemos dizer que Wallon propõe que cada educador
dominar o seu próprio
comportamento, procure conhecer seus alunos, tente saber em que etapas do
tornando a atividade
psicológica muito desenvolvimento se encontram para, a partir daí, auxiliá-los
mais sofisticada, pois
os sinais exteriores a se desenvolver, adequando as atividades escolares às suas
forneceram um
suporte concreto
necessidades e possibilidades.
para sua relação com
o mundo.

150 FILOSOFIA
DANTAS, Heloysa. A infância da razão: uma introdução à psicologia
da inteligência de Henri Wallon. São Paulo: Manole, 1990.

GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do


desenvolvimento. ALMEIDA, Laurinda Ramalho. Ser professor:
um diálogo com Henri Wallon. In: MAHONEY, Abigail A. e ALMEIDA,
Laurinda Ramalho. A constituição da pessoa na proposta de Henri
Wallon. São Paulo: Loyola, 2004. p.119-140.

SÍNTESE
Nesta unidade, você estudou as ideias de Wallon a respeito do
desenvolvimento humano. Constatou que ele fez sua análise
adotando a perspectiva filosófica dialética, fundada no materialismo
histórico de Marx.

Para Wallon, cada atividade da criança resulta da integração do


cognitivo com o afetivo e o motor. No processo de desenvolvimento
da pessoa, ele considera que os fatores orgânicos são mais
determinantes no início do desenvolvimento, cedendo, depois,
lugar aos fatores sociais.

São estágios propostos por ele: Impulsivo-emocional; o Sensório-


motor e Projetivo; Personalismo; Categorial; o da Puberdade e Ado-
lescência. Wallon apresenta como princípios do desenvolvimento:
a predominância funcional, a alternância funcional e a integração
funcional. Ainda propõe que cada educador procure considerar a
pessoa do aluno, para auxiliá-lo a se desenvolver, adequando as
atividades escolares às suas necessidades e possibilidades.

Destaque duas ideias de Wallon que possam ajudar sua


prática pedagógica.

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 5 151


Lembre-se do que Wallon afirmava e coloque V para as
alternativas verdadeiras e F para as falsas:
( ) A personalidade da pessoa e a sua consciência
surgem e se desenvolvem dentro de um contexto
social, pela e na vida social.
( ) Considera Wallon que a cultura, a linguagem e o
conhecimento não são decisivos na aquisição de
condutas psicológicas superiores.
( ) Para Wallon, a pessoa sofre influências do aspecto
biológico e de seu contexto histórico e social.
( ) Wallon propõe que cada educador procure
conhecer a criança, procure saber em que etapa
do desenvolvimento ela se encontra, para, assim,
auxiliá-la a se desenvolver.

Numere a segunda coluna de acordo com a primeira,


identificando o que acontece em cada fase:

(1) Impulsivo-emocional ( ) A criança explora o mundo


físico, manipulando objetos e
explorando espaço
(2) Sensório-motor e projetivo ( ) A criança depende
totalmente das outras
pessoas para sobreviver
(3) Categorial ( ) Nela ocorrem as
modificações fisiológicas
provocadas pelo
amadurecimento sexual.
(4) Puberdade e Adolescência ( ) A criança volta-se para o
mundo tentando conquistá-lo.

152 FILOSOFIA
unidade

6
ObjetivoS dESTA unidade:
A Inclusão nas Escolas e o Papel
Reconhecer que
da Psicologia da Educação todas as pessoas têm
condições de aprender e
de se desenvolver, e que
são as diferenças entre
elas que possibilitam
que isso aconteça;

Analisar as ideias de
Piaget e Vygotsky
acerca da inclusão;

Refletir sobre seu


papel como educador
ROTEIRO DE ESTUDOS frente ao aluno com
necessidades especiais.

• O que é inclusão?

• Diferenças: o desafio nas escolas.

• As ideias de Piaget e de Vygotsky a respeito das pessoas


com necessidades especiais.
pAra início de conversa

Nas unidades anteriores, estudamos os principais quadros teóricos


sobre o desenvolvimento e a aprendizagem, e procuramos
estabelecer relações entre as teorias e a prática pedagógica.

No entanto, sempre que discutimos o desenvolvimento e a


aprendizagem humana, é necessário que procuremos entender
que as pessoas que apresentam necessidades especiais se
desenvolvem biológica, psicológica e socialmente como qualquer
outra pessoa. Devemos compreender que elas têm sentimentos,
que podem estar alegres ou tristes, que agem sobre os objetos
porque são ativas, que pensam, imaginam e podem se expressar.
Sabemos também que inúmeros documentos asseguram a todo
cidadão o direito legítimo de poder se desenvolver e aprender.
Nesta unidade, que se subdivide em três seções, trataremos do
tema Inclusão.

Na Seção 1, estabelecemos algumas discussões preliminares


sobre o tema da inclusão, trazendo seu conceito e um pouco da
história dos movimentos da sociedade em relação às pessoas com
necessidades especiais.

Na Seção 2, procuramos mostrar o papel da escola e da comunidade


neste processo de educação voltado para auxiliar essas pessoas a
construirem seu conhecimento, apesar de suas limitações.

A Seção 3 traz as ideias de Piaget e de Vygotsky sobre as diferenças,


no que diz respeito às possibilidades de todas as pessoas,
inclusive as com necessidades especiais, de serem educadas, se
desenvolverem e participarem da vida da comunidade.

Mais uma vez, esperamos que você, que será um professor, faça
sua leitura ser proveitosa e que seus estudos feitos até aqui
iluminem as suas reflexões e as suas ações pedagógicas. Esperamos
que você acredite que todas as pessoas podem se desenvolver e
mudar, desde que sejam respeitadas e estimuladas.

154 FILOSOFIA
O que é inclusão?

Conceitua-se inclusão social como processo pelo


qual a sociedade se adapta para poder incluir,
em seus sistemas sociais gerais, pessoas com
necessidades especiais e, simultaneamente, estas
se preparam para assumir seus papéis na sociedade
(SASSAKI, 1997, p.41).

C
omeçamos explicando o que é inclusão, como surgiu essa
ideia e o que se pretende alcançar através dela. A semente
da inclusão foi plantada em 1981, em Singapura, de acordo
com Sassaki (1997), por meio de uma organização não-governamental
de pessoas deficientes físicas, que elaborou uma declaração de
princípios, em que definiu a ideia de equiparação de oportunidades.
Seu nome é “Disabled People’s International” (DPI). Incluir não é favor, mas
troca. Quem sai ganhando
nessa troca? Todos em
Esta organização proclamava, também, a necessidade de que igual medida. Conviver
todos os sistemas gerais da vida na sociedade, tais como: com as diferenças humanas
é direito do pequeno
habitação, transporte, serviços sociais e de saúde, meio físico, cidadão, deficiente ou não.
Juntos construirão um país
as oportunidades de educação e trabalho, as esportivas e de diferente (WERNECK, 1997,
p.65).

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 6 155


recreação, devessem ser acessíveis a todos. Almejando uma
qualidade de vida semelhante para todas as pessoas, explicava-
se que deveriam ser removidas as barreiras que impossibilitavam
a plena participação das pessoas com necessidades especiais em
todas essas áreas.

Sendo assim, vemos que a ideia de inclusão exige que a sociedade


se modifique para dar conta de todas as pessoas que nela existem,
de forma adequada, possibilitando seu desenvolvimento.

Pupo Filho (2003, p.3) explica que:

Atualmente uma nova forma de relacionamento da


sociedade com as pessoas deficientes está ganhando
força. É a inclusão, uma verdadeira revolução
pacífica que transforma o deficiente em cidadão.
A partir dela, cabe à sociedade abrir espaços,
criar alternativas para que qualquer pessoa, com
qualquer deficiência, possa conviver com os demais
nos mesmos locais e atividades das pessoas de sua
idade, respeitada em suas limitações.

Em abril de 1993, essa instituição organizou uma constituição


reafirmando as ideias e princípios que foram estabelecidos em
O movimento de
inclusão social começou 1981, e em seu Art.1, Inciso 2, dispõe que:
incipiente na segunda
metade dos anos
80 nos países mais A finalidade da Disabled People’s International é
desenvolvidos, tomou obter a justiça com a igualação das oportunidades
impulso na década de
90 também em países
para todos os povos com inabilidades através
em desenvolvimento do desenvolvimento da sustentação de suas
e vai se desenvolver organizações (DPI, 1993, p. 2).
fortemente nos
primeiros dez anos do
século 21 envolvendo
todos os países. Tomando conhecimento desses princípios, não podemos ficar
Este movimento indiferentes, pois eles são fundamentais na construção de uma
tem por objetivo a
construção de uma sociedade democrática, na qual devem existir cooperação e
sociedade realmente
para todas as pessoas,
fraternidade, um lugar para todas as pessoas, em que sejam dadas
sob a inspiração dos oportunidades de conviver e de viver em igualdade de condições
seguintes princípios,
dentre os quais se com os demais.
destacam: celebração
das diferenças;
direito de pertencer; Em 1990, aconteceu a Conferência Mundial sobre Educação para
valorização da
diversidade humana; todos: satisfação das necessidades básicas de aprendizagem,
solidariedade
humanitária; igual realizada de 05 a 09 de março, na cidade de Jontiem, na Tailândia,
importância das
minorias; cidadania iniciando um amplo movimento mundial para a concretização
com qualidade de vida
(SASSAKI, 1997, p.17). desse direito.

156 FILOSOFIA
Relembrando que a educação é um direito fundamental de todos,
mulheres, homens, de todas as idades, no mundo inteiro;

Entendendo que a educação pode contribuir para conquistar um


mundo mais seguro, mais sadio, mais próspero e ambientalmente
mais puro, que, ao mesmo tempo, favoreça o progresso social,
econômico e cultural, a tolerância e a cooperação internacional;

Sabendo que a educação, embora não seja suficiente, é de


importância fundamental para o progresso pessoal e social;

Reconhecendo que o conhecimento tradicional e o patrimônio


cultural têm utilidade e valor próprios, assim como a capacidade
de definir e promover o desenvolvimento;

Admitindo que, em termos gerais, a educação que hoje é


ministrada apresenta graves deficiências, que se faz necessário
torná-la mais relevante e melhorar sua qualidade, e que ela deve
estar universalmente disponível;

Reconhecendo que uma educação básica adequada é fundamental


para fortalecer os níveis superiores de educação e de ensino, a
formação científica e tecnológica e, por conseguinte, para alcançar
um desenvolvimento autônomo;

Reconhecendo a necessidade de proporcionar às gerações


presentes e futuras uma visão abrangente de educação básica e um
renovado compromisso, a favor dela, para enfrentar a amplitude
e a complexidade do desafio, proclamamos a seguinte: Declaração
Mundial sobre Educação para todos: satisfação das necessidades
básicas de aprendizagem (DECLARAÇÃO MUNDIAL, 1990, p.1-2).

Desta declaração podemos retirar inúmeras ideias sobre como


todas as pessoas devem ter acesso a uma educação de qualidade,
que lhes permita usufruir de todos os direitos como pessoa e
cidadão.

Mais tarde, na Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas


Especiais: Acesso e Qualidade, que aconteceu de 7 a 10 de junho
de 1994, na cidade de Salamanca, na Espanha, com o patrocínio
da UNESCO e do governo espanhol, foi elaborado um documento

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 6 157


onde estão colocadas as bases da inclusão. Neste evento, estavam
presentes mais de 300 participantes que representavam 92 países
e 25 organizações internacionais (CORDE, 1994).

Este documento, cujo título completo é Declaração de Salamanca


e Linha de Ação sobre Necessidades Educativas Especiais, reafirma
o compromisso das nações com a “Educação para todos” e
reconhece a urgência de se garantir uma educação de qualidade
para as pessoas com necessidades especiais, não importando se são
crianças, jovens ou adultos. Dele resultaram normas que deverão
ser cumpridas pelos estabelecimentos de ensino para que esses
direitos sejam garantidos a todos.

As ideias que nele constam o tornaram um dos textos mais


completos sobre a inclusão no sistema educacional e se referem
não somente às pessoas deficientes, mas a todos que tenham
necessidades educativas especiais, em caráter temporário ou
permanente. Esse documento mostra a urgência de ações que
venham transformar em realidade uma educação que seja capaz de
reconhecer as diferenças, de promover a aprendizagem e atender
às necessidades individualmente e de conclamar as escolas para
se ajustarem às necessidades dos alunos, quaisquer que sejam
Leia e conheça na (CORDE, 1994).
íntegra a Declaração de
Salamanca:

http://www.dhnet.org.
br/direitos/sip/onu/
deficiente/lex63.htm

Esse documento
reafirma o compromisso
de “Educação para
todos”. Aborda os
princípios, a política
e a prática que
devem nortear a
inclusão de crianças,
jovens e adultos com
necessidades especiais,
no sistema regular de
ensino.

158 FILOSOFIA
Diferenças: o desafio nas escolas

D
e acordo com a Declaração de Salamanca:

[...] as escolas devem acolher todas as crianças


com suas condições físicas, intelectuais, sociais,
emocionais, linguísticas ou outras. Devem acolher
crianças com deficiências e crianças bem dotadas,
crianças que vivem nas ruas e que trabalham,
crianças de populações distantes ou nômades,
crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais
e crianças de outros grupos ou zonas desfavorecidas
ou marginalizadas (CORDE, 1994, p.17-18).

Compreendemos que a sociedade precisa estabelecer políticas


escolares, tanto públicas como particulares, que reconheçam e
considerem a diversidade. É preciso que subsidiem a elaboração
de propostas pedagógicas inclusivas e, também, que cuidem da
organização e implementação de programas de formação continuada
para professores e educadores, nos quais exista um espaço para
a reflexão sobre a prática educativa inclusiva. Entendemos que
é dessa maneira que se dará a efetivação do processo de ensino

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 6 159


e aprendizagem dentro do contexto escolar, e que poderão ser
atendidas as especificidades e as necessidades de todos os alunos.

A Declaração de Salamanca explicita, também, a flexibilidade que


deve existir nos programas de estudos e nas opções curriculares
das escolas, para se adaptarem às necessidades da criança, suas
capacidades e interesses.

A aquisição de conhecimentos não é apenas uma simples questão


de instrução formal e retórica. O conteúdo do ensino deve atender
às necessidades dos indivíduos a fim de poderem participar
plenamente no desenvolvimento. A instrução deve ser relacionada
com a própria experiência dos alunos e com seus interesses
concretos, para que assim se sintam mais motivados (CORDE,
1994, p.34) .

Compreendemos que as escolas devem adequar o currículo para


atenderem as necessidades de toda sua clientela, bem como a
[...] uma coisa é preparação dos professores deve ser levada em conta.
clara: as escolas e o
sistema educacional
não funcionam de Sendo assim, acreditamos que o processo inclusivo traz em seu
modo isolado. O que
acontece na escola é
bojo a ideia de que, para que se concretize a inclusão, devemos
reflexo da sociedade
em que elas funcionam.
possibilitar ao professor uma preparação apropriada para isso, bem
Os valores, as crenças como garantir que seu desenvolvimento profissional seja contínuo,
e as prioridades da
sociedade permearão isto é, abranja toda sua vida (MITTLER, 2003).
a vida e o trabalho nas
escolas [...]” MITTLER,
2003, p.24). Acreditamos que essa mudança deve ser iniciada na vida familiar,
mas que a escola não pode deixar de lado essa incumbência,
cumprindo seu papel, que é o de educar todas as pessoas.
Concordamos com Gomez (1998, p.26) quando afirma:

É preciso transformar a vida da aula e da escola,


de modo que se possam vivenciar práticas sociais
e intercâmbios acadêmicos que induzam à
solidariedade, à colaboração, à experimentação
compartilhada, assim como a outro tipo de relações
com o conhecimento e a cultura que estimulem a
busca, a comparação, a crítica, a iniciativa e a
criação.

Podemos até afirmar que a inclusão exige de toda comunidade


escolar uma tomada de consciência de seu papel no processo

160 FILOSOFIA
de inclusão. Pois será exigida uma reorganização radical nas
escolas, tanto com a adequação do espaço escolar às diversas
especificidades de cada pessoa com necessidades especiais que
deverá acolher, como em termos de elaboração e organização
curricular, com a promoção de novas formas de agrupamentos dos
alunos e a dinamização de práticas educativas.

Mantoan (2008, p.61) explica:

[...] que uma escola se distingue por um ensino de


qualidade, capaz de formar pessoas nos padrões
requeridos por uma sociedade mais evoluída
e humanitária, quando consegue aproximar os
alunos entre si, tratar as disciplinas como meios
de conhecer melhor o mundo e as pessoas que
nos rodeiam e ter como parceiras as famílias e
a comunidade na elaboração e cumprimento do
projeto escolar.

Ainda, no que diz respeito às modificações que devem


acontecer no processo educacional, encontramos em Mittler
(2003, p.25), que:

No campo da educação, a inclusão envolve um


processo de reforma e de reestruturação das
escolas como um todo, com o objetivo de assegurar
que todos os alunos possam ter acesso a todas as
gamas de oportunidades educacionais e sociais
oferecidas pela escola. Isto inclui o currículo
corrente, a avaliação, os registros e os relatórios
e aquisições acadêmicas dos alunos, as decisões
que estão sendo tomadas sobre o agrupamento
dos alunos nas escolas ou nas salas de aula, a
pedagogia, e as práticas de sala de aula, bem como
as oportunidades de esporte, lazer, recreação.

Verificamos que, para atender a esta proposta, a escola


inclusiva deverá implementar um estilo diferente de ensino,
bem como desenvolver ações educativas próprias que tenham
como objetivo central garantir a todas as pessoas o acesso a
uma educação de qualidade. O objetivo é comum, promover
a transformação da realidade servindo-se do conhecimento
disponível, e através dele garantir as mudanças necessárias
para que isso seja concretizado.

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 6 161


Entendemos que educar é uma via de duas mãos, ou seja, ela
acontece na interação do sujeito com o objeto do conhecimento,
com outros sujeitos e com o meio. Portanto, as influências das
transformações e modificações devem acontecer em todas estas
instâncias. Assim, quando deparamos com um sistema educacional
cristalizado, inflexível às mudanças, percebemos visivelmente que
as possibilidades de fracasso e exclusão do aluno na escola são
maiores. É preciso ressaltar que não cabe à escola apenas ensinar,
é necessário que ela viabilize novas estratégias, procedimentos e,
sobretudo, práticas pedagógicas que possibilitem a aprendizagem
de todos os seus alunos (MENDONÇA e MORO, 2006, p. 23).

[...] as escolas
de qualidade são Ainda, em relação às mudanças que devem ocorrer no campo
espaços educativos
de construção de educacional e nas políticas das nações para que isto aconteça,
personalidades
humanas, autônomas,
alguns teóricos posicionam-se de maneira não muito otimista
críticas, nos quais as
crianças aprendem a
explicando que isso é muito difícil de ser realizado.
ser pessoas. Nesses
ambientes educativos
ensina-se os alunos a
Mantoan (2003, apud Mittler, 2003, p.xi), referindo-se à questão,
valorizar a diferença, diz:
pela convivência
com seus pares,
pelo exemplo dos
professores, pelo
Sem entender toda a extensão e a profundidade das
ensino ministrado nas transformações dos contextos educacionais e sociais,
salas de aula, pelo as políticas educacionais e os sistemas de ensino não
clima socioafetivo das conseguirão enfrentar os problemas criados pela
relações estabelecidas
em comunidade
adoção da inclusão escolar em suas interconexões,
escolar – sem tensões, nem darão conta das soluções a serem criadas para
competição de atender às exigências dessa inovação na nossa
forma solidária e escola brasileira e em escolas de outros países, as
participativa. Escolas
assim concebidas não
quais têm o mesmo objetivo a alcançar.
excluem nenhum aluno
de suas classes, de seus
programas, de suas Constatamos que a adequação das ideias inclusivas no contexto da
aulas, das atividades
e do convívio escolar educação comum é um trabalho que ainda não se concretizou. O
mais amplo. São
contextos educacionais que se pretende fazer está posto, mas sua concretização é que está
em que todos os alunos demorando a ocorrer.
têm possibilidade de
aprender, frequentando
uma mesma e única Além disso, precisamos lembrar que o ensino e a educação estão
turma (MANTOAN,
2008, p. 61). interligados, e que a pessoa necessita tanto de um quanto do
Procure ler: MANTOAN, outro, para poder se desenvolver plenamente. Ao construirmos uma
Maria Teresa Égler
(Org.). O desafio das sociedade inclusiva, estaremos realizando a vinculação da educação
diferenças nas escolas.
Petrópolis: Vozes, 2008.
ao ensino e possibilitando o desenvolvimento de todas as pessoas.

162 FILOSOFIA
De acordo com O’Brien e O’ Brien (1999, p.64):

A educação afasta as crianças e os adultos das


rotinas confortáveis levando-os em direção
aos prazeres de extrair lições da experiência
humana no enfrentamento da realidade da vida.
A educação acontece no contato com os outros, e
as potencialidades e as falibilidades das pessoas
moldam a extensão e a textura de cada um de nós.
O ensino oferece mais recursos para a educação
na medida em que adultos e alunos colaboram
para construir uma comunidade consciente, que
sustente o trabalho da escola [...] Os alunos com
deficiências importantes e seus pais podem liberar
a criatividade de uma comunidade escolar. Para
isso é necessário coragem para renegociar limites,
relacionamentos e estruturas familiares [...].

No Brasil, o conceito e a prática da inclusão são recentes, e essa


tendência está se tornando a maior preocupação relacionada à
formação dos profissionais da educação, tanto dos que exercem
suas funções no ensino regular comum como daqueles que atuam
no ensino especial. Segundo Godofredo (1999), estamos vivendo
um momento crucial, pois precisamos formar professores para
atuar com as pessoas que serão inclusas.

Inclusão, numa sociedade de excluídos, passa a ser palavra-


chave para se alcançar a verdadeira democracia. A cidadania
se estabelece pela igualdade dos direitos e deveres e pela
oportunidade de poder exercê-los plenamente. Vamos discutir a
inclusão do ponto de vista educacional, embora este movimento
seja muito mais amplo, norteando, também, todas as ações que
emanam dos direitos sociais, políticos e civis.

Nossa preocupação é com relação aos portadores de deficiência,


porque fazem parte das chamadas minorias excluídas, como
os negros, pobres e miseráveis, analfabetos e desempregados.
Precisamos, então, atender à premente necessidade de uma
“educação para todos”. Diante do paradigma da inclusão precisamos
pensar na educação dos portadores de deficiência, desde a educação
infantil até a superior (GODOFREDO, 1999, p. 67).

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 6 163


Você já pensou a esse respeito?

Ao mesmo tempo que se propõe essa interação entre as pessoas,


proporcionando que cada uma desenvolva ao máximo suas
potencialidades, estaremos admitindo que todas devem ter direitos
iguais e, como Sassaki (1997) explica, a inclusão é o início da
construção de uma sociedade para todos, onde as pessoas possam
usufruir, no convívio com as outras, o direito a uma vida de qualidade
e a aspiração à felicidade.

O deficiente é uma pessoa com direitos. Existe,


sente, pensa e cria. Tem uma limitação corporal ou
mental que pode afetar aspectos do comportamento,
aspectos esses muitas vezes atípicos, uns fortes e
adaptativos, outros fracos e poucos funcionais, que
lhe dão um “perfil intraindividual” peculiar. Possui
igualmente discrepâncias no desenvolvimento
biopsicossocial, ao mesmo tempo que aspira a uma
relação de verdade e de autenticidade e não a uma
relação de coexistência conformista e irresponsável
(FONSECA, 1987, p.11, grifo do autor).

Como você pode ver, para o autor, a pessoa, mesmo possuindo


alguma limitação, espera ser tratada de forma igual aos demais
membros da sociedade, de maneira justa, tendo um relacionamento
autêntico com os outros, sendo tratada como alguém que é capaz.
Esse reconhecimento é um direito que, muitas vezes, lhe é negado.
A sociedade precisa mudar seus conceitos para que isso aconteça,
e essa mudança só acontecerá quando o valor de cada pessoa for
reconhecido pelo grupo social.

164 FILOSOFIA
As idEias de Piaget e de Vygotsky
a respeito das pessoas com
necessidades especiais

O
s autores interacionistas que estudamos nas seções
anteriores – Piaget e Vygotsky - reconhecem esse direito
e acreditam que todas as pessoas, inclusive aquelas que
têm necessidades especiais, podem ser educadas, desenvolver suas
potencialidades e conviver em igualdade de condições na sociedade, Segundo Mantoan (1997,
p.34-35, grifo da autora):
desde que lhes seja dada essa oportunidade.
O impacto das novas
concepções de apoio
A seguir, estudaremos as ideias desses dois teóricos, para ver como a pessoas com déficit
mental tem propiciado a
se posicionam a respeito da educação e do desenvolvimento das concretização de projetos
que condizem com a
pessoas com necessidades especiais. interpretação de Piaget,
em 1943, ao prefaciar um
estudo de Inhelder sobre
A contribuição piagetiana está relacionada à área das pessoas o raciocínio dos débeis
com déficit mental; para o autor, se lhes forem dadas condições mentais, e, segundo
a qual, a deficiência
favoráveis, se elas forem estimuladas a se adequarem à realidade, intelectual seria análoga
a uma “construção mental
corresponderão ao que delas se espera. inacabada”.

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 6 165


Pesquisas piagetianas na área da deficiência mental confirmam a
identidade estrutural do desenvolvimento intelectual de normais e
deficientes mentais e sugerem o estudo de condições mais favoráveis
de se estimular os deficientes a aplicarem seus conhecimentos,
com vista a uma adaptação crescente à realidade. Referindo-se à
utilidade do diagnóstico, Piaget (1971 apud AJURIAGUERRA, 1987,
p.135) explica que:

[...] não se limita à constatação do êxito ou do


fracasso em uma determinada prova, mas também
possibilita analisar a atividade manifestada pelo
sujeito e que está em relação com suas aquisições
anteriores, com sua capacidade de integrar o novo
ao já adquirido.

O autor ainda enfatiza que “[...] Dessa maneira é possível obter-


se um quadro que não evidencia o déficit, mas também um
quadro positivo do funcionamento, de suas possibilidades de
adaptação e de utilização de ajudas externas”. (PIAGET, 1971
apud AJURIAGUERRA, 1987, p.135).
A autora, ainda, explica que os estudos piagetianos fundamentaram
propostas inovadoras e arrojadas para o ensino das pessoas com
déficit mental. A ideia que difundem é a seguinte:

A questão não é mais saber se os alunos deficientes


mentais necessitam de programas e serviços
educacionais especiais, diferentes, mas se a
classificação e destinação dessas pessoas a um
sistema escolar específico trazem benefícios ao
desenvolvimento de sua escolarização (MANTOAN,
1997, p.35).

Isto significa que, para Piaget, são as escolas que devem se adequar
aos alunos inclusos, oferecendo reais oportunidades para que essas
pessoas possam se desenvolver e viver bem.
Veja o que Mantoan diz:

O fim último da educação inclusiva é a conquista


da autonomia moral e intelectual das pessoas com
deficiência. [..] a valorização dos papéis sociais
foi acrescentada a esse fim, mas pressupondo a
igualdade de valor entre as pessoas e não apenas a
mera oportunidade de participação desses sujeitos
no meio produtivo geral. Em consequência dos
fins educacionais propostos, o desenvolvimento
das habilidades, talentos pessoais, papéis
sociais, conforme a cultura, a idade, o gênero
dos deficientes mentais, passou a ser enfatizado
em todos os serviços de apoio mais atualizados,
inclusive os escolares (1997, p.35).

166 FILOSOFIA
Como vemos, é competência das escolas e do processo educativo
propiciar condições para que essas pessoas possam, no convívio com
as demais, conquistar sua autonomia, tanto intelectual, como social
e moral.

Vygotsky é o outro autor que estudamos e que, também, se


preocupava com a educação e o desenvolvimento das pessoas com
necessidades especiais. Em sua biografia, apresentada por Oliveira
(1993), como um capítulo de seu livro chamado “História pessoal
e história intelectual”, e no de Rego (1995) como “A vida breve
e intensa de Vygotsky”, encontramos várias referências de seus
trabalhos publicados sobre as pessoas surdas, cegas, com deficiências
múltiplas, entre outras, que evidenciam sua preocupação com essas
pessoas.

Ainda, em sua biografia, consta que Vygotsky em 1925 fundou


um Laboratório de Psicologia para crianças com necessidades
especiais (para ele, deficientes). Esse laboratório é que deu origem
ao Instituto Experimental de Defectologia, do qual Vygotsky foi
diretor de 1931 a 1934. Nesse Instituto, ele fez pesquisas, ensinou e
A palavra Defectologia
organizou programas para as crianças com necessidades especiais. foi utilizada por Vygotsky
para denominar a ciência
Trabalhou com crianças que tinham déficit mental, com as cegas, que trata do estudo
surdas, cegas-surdas, crianças difíceis. qualitativo do processo
de desenvolvimento das
crianças com necessidades
Percebemos que as ideias de Vygotsky eram bem avançadas para sua especiais, bem como
dos objetivos, métodos
época, visto que ele morreu em 1934. Acreditava que os professores, e teorias que norteiam
os trabalhos realizados
pais e psicólogos deveriam procurar trabalhar com os pontos fortes nas escolas especiais
soviéticas.
e com as potencialidades das pessoas, estimulando-as para que seu
desenvolvimento se processasse.

Para ele, quem fosse estudar ou trabalhar com essas crianças


deveria levar em conta os seguintes pontos: o grau de dificuldade
apresentado pela criança, a maneira como utiliza os instrumentos
culturais e psicológicos e o modo de uso de suas funções psicológicas.
Isto porque os educadores precisam ter em mente que devem
estar sempre buscando caminhos alternativos para possibilitar
o desenvolvimento dessas pessoas. Quando acontecer que, ao
executarem as atividades, não consigam alcançar os objetivos, elas
devem ser estimuladas e motivadas para tentar de outra forma o
alcance dos objetivos que foram propostos (Vygotski, 1989).

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 6 167


O autor entende que a pessoa deficiente tem possibilidade de
se desenvolver, desde que esteja dentro de um contexto social,
e por isso é que afirma que cabe ao grupo social descobrir suas
potencialidades, enxergar o que essa pessoa poderá vir a ser,
oferecer os estímulos adequados para ela desenvolver suas
funções psicológicas e, ao mesmo tempo, propiciar que lhe sejam
dadas condições para que isso aconteça. “A sociedade é a fonte do
desenvolvimento dessas funções e, em particular, da criança com
atraso mental” (VYGOTSKI, 1989, p.109, tradução nossa).

Vygotsky visualizou o desenvolvimento das pessoas com


necessidades especiais procurando enxergar apenas os aspectos
qualitativos de suas diversidades, das potencialidades, de seu
relacionamento social. Ele tenta ver os aspectos favoráveis de seu
desenvolvimento, acreditando que podem se desenvolver de outra
maneira.

Ele explica que todas as crianças podem atingir a plenitude de seu


desenvolvimento, e que aquelas que têm necessidades especiais
farão isso através do que chama de “rotas alternativas”, que
lhes darão energia para realizar isso. Ele explica também que os
princípios do desenvolvimento são os mesmos para todas as pessoas,
e que são as limitações que servem de impulso, de motivação, para
a busca desses caminhos alternativos (VYGOTSKI, 1989).

Podemos entender que, para ele, a pessoa com necessidades


especiais, ao encontrar situações que a estimulem, pode interagir,
relacionar-se e, até mesmo, competir com as outras pessoas
utilizando outros recursos que sua capacidade de adaptação e
reorganização lhe proporcionam, quando lhe são dadas condições
de igualdade.

[...] Luria ressalta que, diferentemente de muitos pesquisadores


que estudavam a criança deficiente, Vygotsky concentrou sua
atenção nas habilidades que tais crianças possuíam, habilidades
que poderiam formar a base para o desenvolvimento de suas
capacidades integrais. Assim, interessava-se mais por suas forças

168 FILOSOFIA
do que por suas faltas, e rejeitava as descrições simplesmente
qualitativas, em termos de traços psicológicos, refletidos nos
testes psicológicos, porque estes instrumentos apenas indicavam
uma visão incompleta ou unidimensional sobre a criança. Preferia,
então, confiar nas descrições qualitativas da organização de seus
comportamentos (MONTEIRO, 1998, p.74).

As práticas educativas que estavam sendo utilizadas para o


ensino nas instituições que atendiam crianças com necessidades
especiais eram motivo de preocupação e de pesquisa para
Vygotsky. Ele acreditava que a aprendizagem tinha um papel
relevante no processo de desenvolvimento das pessoas e, por
essa razão, dedicou-se ao estudo e à pesquisa dessa área com
grande entusiasmo, procurando dar subsídios para os educadores,
psicólogos e qualquer pessoa que quisesse trabalhar e conviver
com as pessoas portadoras de necessidades especiais.

Compreendemos que, para ele, os educadores precisavam sempre


estar preocupados com o que esses alunos poderiam realizar, com
as suas conquistas futuras, seu processo de desenvolvimento, com
o desabrochar de suas potencialidades, com aquilo que poderiam
vir a realizar. Assim, como se pode ver, ele dava um valor muito
grande às relações entre as pessoas e ao papel da sociedade no
desenvolvimento de todas elas.

O papel da escola e da aprendizagem no desenvolvimento


da criança é para Vygotsky fundamental, pois afirma que é o
aprendizado que irá possibilitar o despertar dos processos internos
do desenvolvimento, e que é competência dos grupos sociais
providenciar para que isso aconteça.

Aprendizado ou aprendizagem – é o processo pelo qual o indivíduo


adquire informações, habilidades, atitudes, valores etc., a partir
de seu contato com a realidade, o meio ambiente e as outras
pessoas.

[...] em Vygotsky, justamente por sua ênfase nos


processos sócio-históricos, a ideia de aprendizado
inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos
no processo (OLIVEIRA, 1993, p. 57).

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 6 169


O aprendizado é uma das principais fontes de
conceitos da criança em idade escolar, e é
também uma poderosa força que direciona o seu
desenvolvimento, determinando o destino de seu
desenvolvimento mental (VYGOTSKY, 1987, p.74).

As ideias de Vygotsky, para o trabalho educativo, que era realizado


com as pessoas com necessidades especiais, são consideradas
revolucionárias, pois para ele não é o defeito que irá decidir a
vida da pessoa, o que pode determinar isso, mas sim como ele é
visto pela sociedade. Diz:

[...] o defeito por si só não decide o destino


da pessoa, mas as consequências sociais e sua
realização sociopsicológica. [...] para o psicólogo
se faz indispensável a compreensão de cada ato
psicológico, não só em relação ao passado, mas
também com o futuro da pessoa (Vygotski, 1989,
p.29, tradução nossa).

Uma das grandes preocupações de Vygotsky foi a da segregação


das crianças com necessidades especiais dentro de instituições e
separadas do mundo real. Ele questionou: “Como pode progredir
o desenvolvimento se a criança é segregada do mundo?” (Frase
retirada do vídeo: As borboletas de Zagorski). Vemos então que
Vygotsky era favorável ao processo de inclusão, supondo que
todas as pessoas, não importando as diferenças, devem conviver
realizando trocas, uma possibilitando o desenvolvimento da outra.

Por intermédio de suas ideias podemos, portanto, alimentar


a esperança da participação de todas as pessoas num mesmo
contexto social, com as escolas sendo organizadas e estruturadas
para esse fim. É um grande desafio, mas devemos nos mobilizar
para isso, pois assim essa realidade poderá se concretizar.

Veja o documentário intitulado “As borboletas de Zagorski”, Série


“Os transformadores”, da TV Cultura de São Paulo.

170 FILOSOFIA
MANTOAN, Maria Teresa Égler. Inclusão Escolar: O que é? Por quê?
Como fazer? São Paulo: Moderna, 2006.

MANTOAN, Maria Teresa Égler (Org.). O desafio das diferenças nas


escolas. Petrópolis: Vozes, 2008.

MARTINS, Lúcia de Araújo Ramos et al. (Orgs.). INCLUSÃO:


compartilhando saberes. Petrópolis: Vozes, 2006.

STAINBACK, Susan e STAINBACK, William. INCLUSÃO: um guia para


educadores. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

Caro cursista, agora que você já leu esta unidade, releia-a com
atenção e faça as atividades propostas:

Posicione-se quanto ao que você entendeu sobre o


processo de inclusão social.

Todas as pessoas devem ser sujeitos e promotores de


seu desenvolvimento porque todas têm valor. Como
você, futuro educador, poderá auxiliar a concretizar
isso?

Destaque três ideias de cada um dos seguintes


documentos: Declaração Mundial e Declaração de
Salamanca, e diga por que escolheu estas ideias.

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 6 171


4 Explique o que entendeu das ideias defendidas por
Piaget sobre pessoas deficientes.

5 Explique qual deve ser o papel da escola no processo


de desenvolvimento das pessoas com necessidades
especiais, segundo Vygotsky.

SÍNTESE
Você estudou nesta unidade que a inclusão é um processo pelo qual
a sociedade se adapta para inserir, dentro de seus sistemas, as pes-
soas com necessidades especiais.

Todos os sistemas sociais, de habitação, transporte, serviços, saúde,


recreação, educação, entre outros, devem trabalhar intensamente
para que sejam removidas as barreiras que impedem as pessoas
com necessidades especiais de participarem plenamente da vida
cidadã. Em 1990, aconteceu a Conferência Mundial sobre Educação
para todos: satisfação das necessidades básicas de aprendizagem,
realizada de 05 a 09 de março, na cidade de Jontiem, na Tailândia,
iniciando um amplo movimento mundial para concretização desse
direito.

A Declaração de Salamanca (1994) enfatiza que todas as crianças


devem ser acolhidas pela escola, independentemente de suas
condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais ou linguísticas.

Como no Brasil, a ideia e a prática da educação inclusiva é recente,


é importante que a formação dos professores abrace este desafio,
preparando-se para realizá-lo com qualidade. As contribuições
de Piaget e de Vygotsky sobre as possibilidades das pessoas com
necessidades especiais vêm ao encontro da inclusão. A pesquisa

172 FILOSOFIA
piagetiana vem mostrando que a deficiência mental é semelhante
a uma construção inacabada, sendo importante que as escolas
ofereçam condições estimuladoras, que levem a criança com
déficit mental à conquista da autonomia.

Vygotsky, em sua época, já trabalhava com crianças com


necessidades especiais, entendendo que todas elas tinham
possibilidades de aprender e se desenvolver, desde que não
ficassem isoladas do convívio social.

Quem aceita o processo de inclusão também acredita que todas


as pessoas com deficiência têm possibilidade de se desenvolver
no convívio com as outras pessoas. A escola inclusiva deve não
só acolher todas essas pessoas, mas dar-lhes oportunidade de ter
uma educação verdadeiramente de qualidade.

Destaque quais são as pessoas consideradas portadoras


de necessidades especiais.

Explique o que entendeu a respeito das escolas de


qualidade propostas por Mantoan.

Nesta atividade de verdadeiro (V) ou falso (F), você pode


avaliar a sua compreensão sobre as ideias de Piaget e de
Vygotsky acerca do desenvolvimento das pessoas com
necessidades especiais:
( ) A contribuição de Piaget está relacionada à área das
pessoas com déficit mental: acredita que se forem
dadas condições favoráveis a tais pessoas, se elas
forem estimuladas a se adequarem à realidade,
corresponderão ao que delas se espera.
( ) Para Piaget, são as escolas que devem se adequar
aos alunos inclusos, oferecendo reais oportunidades
para que eles possam se desenvolver e viver bem.

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 6 173


( ) A questão, segundo Piaget, é saber se os alunos
deficientes mentais necessitam de programas e
serviços educacionais especiais, diferentes.
( ) Vygotsky concluiu que os princípios fundamentais
do desenvolvimento são idênticos para as crianças
com e sem deficiências.
( ) Vygosky acreditou que o defeito, ou a diferença,
não pode limitar o desenvolvimento, ao contrário,
deve mostrar possibilidades, ser motivo de força de
vontade, perseverança, busca, sempre tendo uma
conotação positiva.
( ) As ideias de Vygotsky para o trabalho educativo
com as pessoas com necessidades especiais não
foram consideradas suficientes.

Parabéns!

Você completou o estudo da sexta unidade. Na próxima unidade


você será introduzido no estudo da adolescência para vir a
compreender melhor seu futuro aluno dos anos finais do ensino
fundamental e do ensino médio.

174 FILOSOFIA
unidade

7
ObjetivoS dESTA unidade:
Adolescência: desenvolvimento
Compreender o
biopsicossocial e cultural significado evolutivo
da adolescência e seu
caráter biopsicossocial e
cultural;

Diferenciar puberdade e
adolescência;

Compreender
o fenômeno da
adolescência sob a
perspectiva de diversos
teóricos;
ROTEIRO DE ESTUDOS Caracterizar as
mudanças físicas,
cognitivas, afetivas e
• Significado evolutivo da adolescência e seu caráter sociais que ocorrem
nessa fase da vida;
biopsicossocial e cultural.
Refletir sobre seu
• A adolescência sob a perspectiva de diversos teóricos. papel de educador
junto ao adolescente,
em questões sobre
• Características do desenvolvimento físico, cognitivo, sexualidade, escolha
afetivo e social e as questões relativas à sexualidade, profissional, violência
intrafamiliar e as
escolha profissional e as drogas.
drogas.
pAra início de conversa
Na unidade anterior, você pôde compreender o significado da inclusão nas
escolas e as ideias de Piaget e Vygotsky a respeito dessa questão. Nesta
unidade, seus estudos em psicologia vão se voltar para a compreensão
da fase evolutiva humana chamada Puberdade e Adolescência, uma
vez que os alunos dos anos finais do ensino Fundamental encontram-
se nessa fase. Como educar o adolescente? Quais os interesses que
predominam nessa fase? Que aspectos diferenciam a fase da Puberdade
e a fase da Adolescência? A adolescência é um fenômeno psicossocial
e cultural ou tem características universais? Qual a visão dos teóricos
da Psicologia sobre a Adolescência? Quais as mudanças evolutivas que
ocorrem no aspecto físico, cognitivo, afetivo e social do adolescente?
O que pensam os jovens? Quais são seus sonhos? Quais os desafios da
tarefa de educar a juventude do século XXI? Sem dúvida, são questões
que nos preocupam e diante das quais muitas vezes não sabemos que
caminho tomar.
Para auxiliá-lo na condução do trabalho educativo com os adolescentes
organizamos os conteúdos desta unidade! Iniciamos com o significado
evolutivo da adolescência e uma breve retrospectiva histórica, mostrando
a adolescência como fenômeno recente tal como a conhecemos
no ocidente em princípios do século XXI. Na sequência, revisamos as
mais significativas teorias sobre a adolescência. Dando continuidade,
procedemos à caracterização e análise das profundas mudanças evolutivas
que ocorrem no aspecto físico, cognitivo, afetivo e social e que marcam
a passagem da infância para a idade adulta. Por fim, abordamos algumas
das questões importantes relacionadas à afetividade e sexualidade, à
escolha profissional e ao problema das drogas.
Até algum tempo atrás, a adolescência era considerada meramente
uma etapa de transição entre a infância e a idade adulta. Nas últimas
décadas, contudo, a adolescência vem sendo concebida como uma
fase crucial do desenvolvimento humano, porque nela culmina todo
o processo de maturação biológica, psicológica, sociocultural do
indivíduo e marca não só a aquisição da imagem corporal definitiva
como também a estruturação final da personalidade.
Portanto, torna-se importante compreender os adolescentes para
ajudá-los a enfrentar as tarefas evolutivas que lhes cabem nessa
etapa da vida e assumir posturas educacionais conscientes e claras,
que facilitem o convívio harmônico das gerações, ou seja, entre você,
futuro professor, e seus alunos adolescentes.

176 FILOSOFIA
Significado evolutivo da
adolescência e seu caráter
biopsicossocial e cultural

N
as sociedades tribais primitivas, a passagem do mundo
infantil para o adulto era muito breve e seguia normas
rígidas. Seu início e seu fim eram claramente definidos por
rituais. Em poucas semanas ou meses, o adolescente era instruído
nas artes necessárias para obter alimento e defender seu povo;
casava-se e assumia de modo pleno a condição de guerreiro, ou
seja, de adulto.

Até o final do século XIX, segundo Palácios e Oliva (2004, p.310),


a adolescência não era compreendida como um estágio particular
de desenvolvimento. Nessa época começava a se esboçar a
diferenciação entre infância / adolescência / idade adulta. Nas
sociedades urbano–industriais modernas, a incorporação ao mundo
do trabalho e a atribuição das responsabilidades adultas costumam
ser mais precoces no meio rural e nos níveis socioeconômicos
mais baixos do que nos níveis normais altos e nas zonas urbanas
mais desenvolvidas. Atualmente constata-se uma tendência para

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 7 177


o prolongamento da adolescência nos níveis sociais mais altos e
zonas urbanas mais desenvolvidas.

Por que isso vem acontecendo? A extensão dos estudos universitários,


exigência de maior capacitação via estudos de pós-graduação e
estágios, para que o jovem possa inserir-se no mercado de trabalho
com possibilidades de êxito, dificulta a emancipação psicológica
e econômica em relação à família e não favorece a aceitação
plena do papel e da responsabilidade do adulto. Diferentemente
de sociedades precedentes, nas quais o fim da adolescência era
claramente definido, hoje ocorre uma passagem lenta e difusa
para a maturidade.

Pode-se afirmar que a adolescência é um fenômeno universal para


todos os membros da espécie humana?

Para responder a essa questão é necessário estabelecer a distinção


entre dois termos que têm significado e alcance diferentes:
puberdade e adolescência.

A puberdade é um Embora alguns considerem a puberdade – do latim pubertate,


fenômeno biológico
universal para todos sinal de pêlos, barba, penugem – como uma primeira fase da
os membros de nossa
espécie, e seu início adolescência – do latim adolescere, crescer - chama-se puberdade
cronológico coincide
em todos os povos ao conjunto de modificações biológicas dessa faixa etária em que
e latitudes, com
raríssimas exceções, há transformação do corpo infantil em um corpo adulto, capacitado
como no caso dos
pigmeus.
para a reprodução, e adolescência às transformações psicossociais
que as acompanham.

A adolescência, embora seja também um fenômeno universal, é


um fato psicossocial e tem características peculiares conforme o
ambiente sociocultural do indivíduo.

Considera-se concluída a puberdade e com ela o crescimento físico


e o amadurecimento gonadal em torno dos 18 anos, coincidindo
com a soltura das cartilagens de conjugação das epífises dos ossos
longos, o que determina o fim do crescimento esquelético. O
término da adolescência, assim como o seu início, é bem mais
difícil de determinar porque obedece a uma série de fatores
socioculturais.

178 FILOSOFIA
Numa tentativa de discriminar os elementos mais universais, na
atualidade, que possibilitariam assinalar o término da adolescência,
Osório (1992, p.12) relaciona as seguintes condições:

• estabelecimento de uma identidade sexual e possibilidade de


estabelecer relações afetivas estáveis;

• capacidade de assumir compromissos profissionais e ter


independência econômica;

• relação de reciprocidade com a geração precedente, sobretudo


os pais;

• aquisição de um sistema de valores pessoais, “moral própria”.

Em termos etários, isso ocorre por volta dos 25 anos na classe média
brasileira, com variações para mais ou para menos, conforme as
condições socioeconômicas da família de origem do adolescente.

Adolescência hoje

O interesse pelo estudo da adolescência decorreu, segundo Osório


(1992), de duas circunstâncias principais:

1- A explosão demográfica de pós-guerra, da qual resultou o


significativo aumento percentual da população jovem mundial.

2- A ampliação da faixa etária com as características da


adolescência. Se antes era tida como etapa de transição entre a
infância e a idade adulta, que coincidia com os limites biológicos da
puberdade, atualmente a adolescência é fortemente influenciada
pelas contingências socioculturais circunstantes. O estudo da
adolescência possibilita entender todo um processo de aquisições
e motivações da sociedade em que vivemos.

No campo literário, há uma tradição de obras que dramatizam a


passagem da adolescência para a maturidade. O romance “Os Anos
de Aprendizado de Wilhelm Meister”, de Goethe, é um exemplo,
contudo foi escrito por adulto. Hoje, temos livros escritos pelos

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 7 179


próprios adolescentes, de caráter confessional. É uma literatura
que traz memórias de jovens que viveram situações extremas
ou momentos históricos traumáticos. O clássico do gênero é O
Diário de Anne Frank, escrito por uma adolescente judia, que
morreu num campo de concentração. Há também Eu, Christiane
F., 13 Anos, Drogada, Prostituída, de 1979, porém Christiane não
escrevia: o livro é um depoimento registrado por jornalistas. Na
mesma linha, nos anos 90, durante a guerra na Bósnia, uma menina
de 11 anos, Zlata Filipovic, registrou seu cotidiano em Sarajevo
em outro diário transformado em livro. No Brasil, temos o livro
Feliz Ano Velho, escrito por Marcelo Rubens Paiva, aos 23 anos, e
mais recentemente, da ex - menina de rua, Esmeralda Ortiz, que
contou suas experiências em Por que não dancei.

Desde que foi sancionada a Lei Federal 8.069, de 13 de julho de


1990, conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente,
os direitos e deveres da criança e do (a) adolescente, as
responsabilidades do Estado, da sociedade e da família com o
futuro das novas gerações, passam a ser considerados dentro de
um novo paradigma e concepção que reconhece a criança e o
(a) adolescente como sujeitos de direito, pessoas em condição
peculiar de desenvolvimento e prioridade absoluta no que se
refere às políticas públicas, incluindo aí a destinação e liberação
de recursos financeiros. De acordo com Asinelli-Luz (2007, p.222),
a Escola, enquanto espaço formal de garantia de acesso à educação
de qualidade, ao esporte, à cultura e ao lazer, passa a fazer
parte integrante e importante da Rede de Proteção à Infância e
Adolescência. O artigo 56 do Estatuto da Criança e do Adolescente
refere-se especificamente à competência de os dirigentes de
estabelecimentos de ensino fundamental comunicarem ao
Conselho Tutelar os casos de: I- maus tratos envolvendo seus
alunos; II- reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar;
III- elevados índices de repetência.

A violência contra crianças e adolescentes não é um fenômeno


recente na história de nosso país, (nem se limita a ele), mas
remonta à própria colonização do Brasil. No que se refere à
violência familiar, conforme explicam Lavoratti e Costa (2007,

180 FILOSOFIA
p.208), a família ficou por muito tempo presa às relações privadas,
sem uma intervenção sistemática do poder público na busca
de conter os abusos dos adultos sobre crianças e adolescentes.
Estudos e pesquisa realizados por Sagaz e Berger (2008), sobre
crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual e o processo de
resiliência, constataram a ausência de projetos e ações educativas
nas escolas para o desenvolvimento da resiliência, bem como para
a prevenção, detecção e proteção à violência intrafamiliar.

Atualmente se busca construir um sistema de informações sobre


violação de direitos na área da infância e juventude, alimentados
a partir dos Conselhos Tutelares e sistematizados pelo Ministério
da Justiça, através da Secretaria Especial de Direitos Humanos e
do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Em muitos casos a violência intrafamiliar, em qualquer de suas
modalidades (física, psicológica, negligência), traz consequências
para a vida das crianças e adolescentes e condiciona outros
problemas sociais, tais como: a utilização de drogas, exploração
sexual, envolvimento de adolescentes com infrações, e a fuga de
crianças para as ruas.

Na próxima seção, você irá conhecer as contribuições teóricas


sobre o fenômeno da adolescência, que lhe serão úteis para
compreender esse período evolutivo.

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 7 181


A adolescência sob a perspectiva
de diversos teóricos

O
pioneiro no estudo da adolescência foi o americano W.
Stanley Hall (1844-1924), ao publicar, em 1904, sua obra
Adolescence, na qual expunha seu pensamento, muito
influenciado pela obra de Darwin sobre a evolução e pela teoria
da recapitulação de Haeckel, segundo a qual o desenvolvimento
ontogênico do ser humano reproduz o desenvolvimento filogenético
da espécie. Hall chama esse período, dos 12 ou 13 anos até os 22 ou 24,
de “segundo nascimento”, pois é nesse período que se manifestam
os traços mais desenvolvidos e essencialmente humanos.
Para Hall, a adolescência
representava um momento
A posição da adolescência entre a infância e a idade adulta marcaria crítico no desenvolvimento
humano por corresponder
esse período por tensões e sofrimentos psicológicos, em razão dos ao momento da evolução
da espécie humana que
conflitos entre os impulsos do adolescente e as demandas feitas supunha a passagem da
selvageria para o mundo
pela sociedade. civilizado.

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 7 183


Para Sigmund Freud (1856-1939), médico nascido em Viena,
criador da Psicanálise, as transformações somáticas da puberdade
constituem a origem das mudanças psicológicas da adolescência.
Foi a filha de Freud, Anna (1895-1982), quem dedicou parte
de sua obra à problemática da adolescência. Afirma que os
adolescentes são egoístas e se consideram o centro do universo,
mas, paradoxalmente, essa é a fase na qual o ser humano é capaz
de grande generosidade, autossacrifício e devoção. Nos escritos
de Anna Freud, segundo Griffa e Moreno (2001, p.13), é exposta
com clareza a vida psíquica do adolescente, caracterizada pelos
opostos e oscilando entre tendências que se contrapõem. O quadro
a seguir, construído com base nos autores supracitados, demonstra
a oscilação dos pensamentos, sentimentos e atitudes que ora se
expressam numa ou outra direção:

Submissão Rebeldia

Atividade Hedonismo

Exaltação Indiferença

Atividade Passividade

Egoísmo
Generosidade

e altruísmo
Apego ao

Se pensarmos no que há de essencial na adolescência, naquilo


que seria seu signo, diríamos que é a necessidade de entrar no
mundo adulto. A modificação corporal, essência da puberdade, e o
desenvolvimento dos órgãos sexuais e da capacidade de reprodução
são vividos pelo adolescente como uma irrupção de um novo
papel, que modifica sua posição frente ao mundo e que também o
compromete em todos os planos da convivência (ABERASTURY, A.
1990, p. 227).

184 FILOSOFIA
Forme um grupo de três colegas e, juntos, comentem
sobre as dificuldades que o adolescente enfrenta
para inserir-se no mundo adulto no atual contexto da
sociedade em que vivemos.

Quando estiver em sala de aula com alunos


adolescentes, forme subgrupos de cinco a seis alunos
e peça para planejarem e representarem, por meio de
dramatização, pelo menos duas dificuldades vivenciadas
por eles nessa fase. Esta é uma dinâmica que mobiliza
a expressão corporal, emocional e a identificação de
conflitos emergentes que podem ser compartilhados e
refletidos em grupo.

Programe uma sessão pipoca para assistir ao filme “Aos


treze” (2003), disponível em locadoras.

Sinopse: O drama retrata a vida de uma adolescente


em busca de identidade no ambiente familiar e escolar.

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 7 185


Para Arminda Aberastury (1990), o que há de essencial na
adolescência é a necessidade de entrar no mundo adulto. A
modificação corporal, o desenvolvimento dos órgãos sexuais e a
capacidade de reprodução alteram a posição do adolescente frente
ao mundo e o compromete em todos os planos da convivência.
As mudanças físicas representam uma verdadeira metamorfose,
atemorizando o púbere, que se sente impulsionado por forças
desconhecidas, atuando em seu interior. Essas mudanças o levam
a uma fuga progressiva do mundo exterior, refugiando-se em seu
mundo interno, ou a uma busca desesperada de planos e reformas
do mundo externo. A inter-relação e a distância entre mundo
interno e realidade externa determinarão a duração e qualidade
da crise. Além do medo do que é novo, o adolescente deve elaborar
a perda do mundo infantil, no qual se refugia de forma nostálgica
nos momentos de dificuldade. Na realidade, o adolescente sofre
triplo luto: pelo corpo infantil, pela identidade e papel infantis,
e pelos pais da infância. Esse processo é retratado por Oliveira e
Chakur (2000, p.157):

Na passagem da infância para a adolescência, o


jovem deixa para trás seus sonhos de criança, seu
mundo infantil, elaborando a perda simbólica da
infância, isto é, teoricamente deixa de ser criança
e na prática oscila entre o mundo infantil e o
mundo adolescente.

A adolescência é considerada por Knobel (1992) como uma síndrome


normal de desequilíbrios e instabilidades extremos que obriga os
jovens a recorrer ao uso de defesas e comportamentos também
extremos, cujos sintomas são:

É bom lembrar que


• Procura de si mesmo.
crise não é sinônimo de
grosseria e desrespeito. • Tendência grupal; superidentificação maciça entre os membros
do grupo; fuga da uniformização.

• Necessidade de fantasiar e intelectualizar.

• Desorientação temporal: o tempo é transformado em presente,


as urgências são enormes e os adiamentos são considerados
irracionais.

186 FILOSOFIA
É importante conhecer alguns desses sintomas, para poder
compreender melhor o aluno adolescente.

Segundo Erik H. Erikson (1987), assim como para a criança é


fundamental o sentido de confiança, o sentimento de fé no mundo
que a cerca e cuida dela, pois só assim pode sobreviver e enfrentar
as vicissitudes trazidas pelo desenvolvimento da personalidade
infantil, no caso do adolescente é o sentido de identidade que
leva à adoção de decisões que lhe permitirão inserir-se no mundo
adulto. O jovem não se pergunta tanto quem é, mas sim o que é, e
em que contexto pode vir a ser, questiona-se mais sobre o futuro.

A adolescência, para Erickson, é um período de moratória


psicossocial em que o indivíduo prepara-se para a autonomia
ao mesmo tempo em que recebe da família apoio, proteção e
orientação, e é menos exigido socialmente do que o adulto. É um
período de dependência, no qual o jovem ensaia modos de viver e
de se relacionar com os demais, além de testar suas capacidades
e limites.

Objetivo: Ampliar o conceito de identidade pessoal no


grupo.

Formar um círculo com os colegas, brincar alguns


segundos de roda e parar; cada pessoa entra no
centro da roda, pronuncia seu nome e faz um gesto
significativo que represente a sua identidade pessoal.
Todos os demais repetem o nome e o gesto. Em sentido
horário prossegue-se com a apresentação individual até
que todos se apresentem.

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 7 187


Existem outras teorias que procuram explicar o desenvolvimento
humano durante esse período, contudo nenhuma oferece uma
explicação definitiva. Estudos recentes demonstram que, para
a maioria dos adolescentes, essa fase representa dificuldades,
tensões e desajustes psicológicos. De acordo com Palácios e Oliva
(2004, p.314), não devemos perder de vista que a adolescência
é tanto uma experiência pessoal quanto um fenômeno cultural,
e que os fatores, tanto individuais como sociais, podem produzir
obstáculos nas trajetórias de determinados adolescentes. Para
alguns sujeitos os acontecimentos vividos durante esses anos
podem ser difíceis e conflituosos, se eles não adquiriram nos
anos anteriores as competências e habilidades necessárias para
enfrentar os desafios próprios dessa etapa e realizar uma transição
evolutiva tranquila.

Estas duas dinâmicas podem ser aplicadas entre


os próprios cursistas e posteriormente aos alunos
adolescentes.

Dinâmica 1: Silenciamento interior

Dinâmica 2: Linha da Vida

Objetivos:

Dinâmica 1: Promover relaxamento e quietude interior,


ampliar a consciência corporal e oportunizar a liberação
de memórias de vida.

Dinâmica 2: Identificar, na linha da vida, fatos e


situações que marcaram de modo positivo e negativo a
história pessoal tendo por parâmetro os itens quando,
onde, o que, com quem. Futurizar e exercitar-se como
sujeito da própria vida.

188 FILOSOFIA
Dinâmica 1 – Tempo: 10 min.

Colocar um fundo musical suave, pedir aos colegas


(alunos) que tomem uma posição bem confortável, bem
agradável e fechem os olhos. Em seguida conduzir o
silenciamento falando: Por três vezes, respire profunda
e calmamente, bem gostoso! Tudo tranquilo, não queira
nada, não faça nada, a não ser sentir, experimentar
o que você irá focalizar. A cada respiro sinta-se uma
pessoa mais calma e mais tranquila...(15 seg.). Sinta
que seus braços estão ficando pesados, pe..sa..dos..,
pe..sa..dos.., cada vez mais pesados... um pesado
gostoso, bem gostoso... (5 a 10 seg.). Sinta que seus
pés e pernas estão pesados, pe..sa..dos.., cada vez
mais pesados, um pesado gostoso...(5 a 10 seg.). Sinta
todo o seu corpo pesado, pe..sa..do.. relaxado, re..la..
xa..do! Uma sensação gostosa de paz e relaxamento!
Agora imagine que você está folhando um álbum de
fotografias sobre sua vida, e as fotos vão ganhando
vida e se transformando em um filme, voltam-se os
anos e você se vê como um bebê, nos braços de sua
mãe.... de seu pai... A partir daí você deixa a memória
fluir, liberando recordações da infância, meninice,
puberdade, adolescência. Aguarde oito minutos mais
ou menos, para que os participantes possam fazer essa
imersão no passado, e retome a condução da dinâmica
dizendo: agora..., lentamente, movimente os dedos
dos pés e das mãos, respirando profundamente, abra os
olhos, retornando para o aqui e agora, bem desperto,
bem animado, bem melhor do que antes. Só sentirá
sono na hora em que for dormir!

Dinâmica 2 – Tempo: 25 min.

Na sequência da dinâmica 1, dê as seguintes instruções:


ao retornar do relaxamento, mantenha a atenção em
você mesmo no que acabou de vivenciar e tendo uma
folha de papel à sua frente desenhe com um lápis uma

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 7 189


linha ascendente em espiral, demarcando o período
pré-natal, nascimento, infância (0 a 5), meninice (6
a 10), puberdade (11 a 13), adolescência (14 aos 18),
juventude (19 a 29), vida adulta (30...), velhice (70...).
Anote em cada período, ao lado da linha, as memórias
que vieram à tona, durante a dinâmica 1, especificando
se possível os itens: o que ocorreu, onde, quem estava
presente naquela ocasião. Proceda do mesmo modo em
cada período. Se for adolescente, faça uma projeção
positiva do que marcará as próximas fases da vida.

Ao término do registro, cada pessoa terá uma visão


retrospectiva e prospectiva da própria vida.

Essa dinâmica oportuniza a integração de experiências


passadas, sejam elas positivas ou negativas todas
contribuem para fortalecer o sentido do EU. Ao mesmo
tempo possibilita a futurição, isto é, o direcionamento
ou redirecionamento do projeto de vida existencial, na
condição de sujeito.

Na próxima seção, você aprenderá sobre as mudanças evolutivas


que ocorrem nos aspectos físico, cognitivo, afetivo e social que
marcam a passagem da infância para a idade adulta.

190 FILOSOFIA
Características do desenvolvimento
físico, cognitivo, afetivo e social e
as questões relativas à sexualidade,
escolha profissional e as drogas

N
inguém se torna adolescente de um dia para outro. A
adolescência vai se constituindo em diferentes fases, cujas
características são descritas no quadro a seguir, construído
a partir de Griffa e Moreno (2001, p. 23-24):

ADOLESCÊNCIA INICIAL ADOLESCÊNCIA MÉDIA ADOLESCÊNCIA FINAL


O final do período
adolescente varia
Inclui a puberdade. de acordo com
alguns critérios:
Meninas entre 11 e Compreende o
a inserção no
12 anos período entre os 12-
mundo do trabalho,
13 e 16 anos.
Meninos entre 12 e responsabilidade
13 anos legal, emancipação
dos pais, capacitação
profissional.

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 7 191


Estágio em
Há diferenciação que constrói
definitiva entre os a identidade Fase de
sexos. sexual definitiva consolidação de
e desenvolve a modos de vida e de
A transformação identidade pessoal. relacionamento com
brusca do os demais.
organismo infantil É uma fase de busca
exige uma profunda do sentido da vida, Período da escolha e
reorganização da de descoberta decisão vocacional.
personalidade. de valores e de
preocupação ética.
O desenvolvimento
corporal reduz
seu ritmo e Dependendo de
A atenção e as vai adquirindo como era e o
energias são proporções adultas. que consegue
voltadas para a na fase anterior,
No plano afetivo
reestruturação do recupera a calma
é um período de
esquema corporal e o equilíbrio;
contradições.
e conquista da prevalece uma
identidade. Ambivalências, afirmação positiva
confusão e o de si mesmo.
descontrole são
frequentes.
Volta-se para o
sexo oposto e Já conhece suas
forma grupos possibilidades
heterossexuais de e limitações, o
Busca de grupos de amigos. Conforma- que favorece a
pares do mesmo se às normas e aquisição de uma
sexo. costumes, às consciência de
exigências de ser responsabilidades
leal aos líderes ou sobre seu próprio
à “ideologia” do futuro.
grupo.
Distancia-se
A família continua afetivamente da
sendo o centro da família. Os ideais abstratos
vida do adolescen-
Atos de rebeldia são substituídos por
te, embora comece
contra os pais e ideais concretos.
a desprender-se
dela. contra a autoridade
em geral.

A adolescência é, portanto, caracterizada por um processo


gradativo de emancipação familiar, busca de autoafirmação,
equilíbrio emocional e de consciência frente às responsabilidades
acerca do próprio futuro.

192 FILOSOFIA
O corpo como identidade e emocionalidade

Nós somos corpos. Nosso corpo é nossa primeira fonte de


conhecimento de nós mesmos. Em nosso corpo nos reconhecemos
e com ele sentimos. Desde que nascemos, interiorizamos o modelo
cultural de corpo que existe em nossa sociedade, com a intervenção
de fatores como o sexo, a raça e o modelo de “beleza” dominante.
Isso se deve ao fato de que a imagem que temos de nosso corpo é o
resultado da interação entre nossa percepção pessoal e a imagem
social, isto é, a soma de imagens corporais de outras pessoas
de nosso ambiente. Este fato, de acordo com Yus (2002, p.204),
pode levar-nos a uma aceitação ou a uma recusa de nosso próprio
corpo, conforme ele se ajuste ou não a tal modelo ou estereótipo,
criando em nós conflitos em momentos-chave de nossa vida como,
por exemplo, na adolescência. Por isso que a aceitação do próprio
corpo e a aceitação da diversidade de corpos, frente à noção rígida
de estereótipo, é um fator fundamental no amadurecimento e no
equilíbrio mental das pessoas em idade especialmente vulnerável.

Se nós somos corpos, nossas relações com as outras pessoas


são realizadas por meio de nossos corpos. Nosso corpo não é só
um suporte que reflete as emoções e os sentimentos em nossa
comunicação com o exterior, mas é uma autêntica comunicação
em si mesmo, afirma Yus (2002, p.204). O medo dos demais e a
falta de autoestima e de aceitação de nosso corpo podem bloquear
essa comunicação até o ponto de torná-la impenetrável.

A formação do corpo depende de fatores como a capacidade de


formar vínculos de amor – aprendida no início da vida mediante
a relação com os adultos mais significativos (mãe, pai). Conforme
explicam os pesquisadores do GTPS (1995), fica registrada no corpo
da pessoa a vivência do prazer de ser amada e seu reconhecimento
de que é digna de sê-lo. Se, no começo de sua existência, a criança
é sistematicamente frustrada nos anseios afetivos, se atravessa
fases de insegurança emocional, pode desenvolver expectativas
de rejeição e uma descrença na possibilidade de formar vínculos
afetivos estáveis e satisfatórios. Nosso corpo sexuado inicia a

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 7 193


construção de sua identidade feminina ou masculina através do
desejo, da memória, e das marcas inscritas em cada um de nós.

DICAS PARA A SALA DE AULA

O professor pode melhorar a comunicação interpessoal e a


desinibição de alunos pré-adolescentes por meio de jogos, da
dança, exercícios destinados ao autoconhecimento, à autoestima
e à expressão da corporeidade. Essas atividades desenvolvem a
tolerância e o apreço mútuo em relação aos corpos.

Desenvolvimento físico, mudanças hormonais

Na adolescência ocorrem mudanças significativas em nível


biológico, emocional e nas relações pessoais. Essas mudanças
exigem das pessoas que se relacionam com o adolescente uma
atitude positiva e clara diante da sexualidade. Geralmente quando
esse assunto surge nas aulas, trata-se apenas do funcionamento
dos órgãos, como se existissem no abstrato, não pertencendo a
determinada pessoa humana, com sentimentos e história própria.
Ao se discutir o corpo, frequentemente se recorre a livros de
anatomia e fisiologia cuja linguagem especializada passa a ideia
de algo complexo. Embora os conhecimentos biológicos e também
os alertas sobre doenças sexualmente transmissíveis, gravidez
indesejada e aborto sejam necessários, o corpo não deve ser
apresentado de uma forma fragmentada, que o destitui do seu
significado maior: o relacionamento humano, sua história de vida,
seu movimento e transformações. O princípio básico é a totalidade
Qualquer mudança corporal, que inclui a dimensão psíquica, afetiva e emocional,
em um nível pode
provocar alterações nos presente na formação da identidade.
demais. As mudanças
hormonais, por
exemplo, podem alterar Os períodos de transição no desenvolvimento humano se
o equilíbrio emocional
do adolescente, caracterizam por acontecimentos ou fatos que têm o potencial
tornando-o triste e
inclinado à solidão, de provocar mudanças psicológicas duradouras nos sujeitos que as
evitando as relações
com os pais e com os
experimentam.
companheiros; ou ele
pode ficar mais irritado
do que o habitual e
As mudanças físicas estão estreitamente relacionadas com as
entrar em conflito com
seus familiares.
mudanças psicológicas e contextuais, de forma que não se pode

194 FILOSOFIA
entender bem essa transição sem analisar as complexas interações
entre os níveis biológico, psicológico e sociocultural.

O processo de transformação física é


desencadeado por vários mecanismos
hormonais, com padrões diferentes para Recorde sua adolescência.
Você vivenciou os aspectos
meninos e meninas. Esses mecanismos aqui mencionados?

hormonais se iniciam em razão da atividade do


hipotálamo, que envia sinais para a hipófise,
a fim de que esta comece a secretar maior
quantidade de hormônios gonadotróficos
que estimularão o desenvolvimento das
gônadas sexuais (os ovários, na mulher, e os
testículos, nos homens). Por consequência,
ocorre um aumento no nível dos hormônios
sexuais no sangue, se comparado aos níveis que existiam em
anos anteriores. Nos meninos, os hormônios testosterona, e nas
meninas, a progesterona e os estrógenos serão responsáveis pelas
mudanças físicas.

Os mecanismos hormonais responsáveis pela maturação sexual


são:

Hipotálamo Produz hormônio liberador de gonadotrofinas.

Hipófese Produz hormônios gonadotróficos.

Gônadas
Sexuais Produzem hormônios sexuais:

Ovários Estrógeno e progesterona;

Testículos Testosterona.

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 7 195


Você pode estar se perguntando quais são as mudanças físicas que
marcam o período da adolescência. São elas:

• O aumento súbito no ritmo de crescimento da estatura,


alterações de peso e maturação sexual.

• Diferenças de estatura e de peso entre os sexos.


Alguns adolescentes
chegam a apresentar
um passageiro aumento
de volume na região
mamária. Depósitos
temporários de gordura Durante os primeiros anos de vida e quando adultos, os meninos
na área genital,
capazes de fazer o
ultrapassam as meninas em altura. Contudo, há na adolescência
pênis parecer menor um período em que as meninas são mais altas do que os meninos.
do que é na realidade,
podem contribuir Também, durante um certo tempo, as meninas são em média
para desencadear
sentimento de falta de mais pesadas, mas depois as curvas de crescimento se cruzam, e
masculinidade.
os rapazes continuam a crescer após a curva das meninas já ter
começado a decrescer. Há também diferença entre o sexo feminino e
o masculino em relação aos tecidos adiposos. As meninas costumam
apresentar uma aparência mais “roliça” do que os meninos. Porém,
muitos meninos, em certa época, costumam apresentar volumosos
depósitos de gordura em várias partes do corpo.

A quantidade de tecido adiposo no adolescente é complicada tanto


do ponto de vista físico quanto psicológico.

Como o corpo e a identidade estão em formação, o adolescente


sente-se naturalmente inseguro com
a aparência. E a comparação com os
adultos “malhados” pode aumentar suas
angústias. Os garotos querem ficar tão
musculosos quanto os veteranos, e as
garotas almejam ter a silhueta esbelta
das atrizes de novela e modelos. Os
jovens estão frequentando a academia
cada vez mais cedo.

O aumento da sudorese e da quantidade de gordura nas secreções


cutâneas contribui para o aparecimento de acne e afeta
profundamente a relação e a valorização do próprio corpo. Pode
provocar baixa autoestima e insegurança no convívio social, pelo
fato de alguns se considerarem “feios”.

196 FILOSOFIA
DICAS PARA SALA DE AULA

- Para incentivar o desenvolvimento de uma relação positiva entre


o corpo e a mente e a autoexpressão do adolescente, sugere-se
ao pré-adolescente a escrita de um diário cuja elaboração auxilia
na autocompreensão.

- O desenho de autorretrato com uma ênfase particular no corpo


é um tipo de atividade que inspira as meninas e os meninos a
desafiar e a mudar a tirania das expectativas sociais e estereótipos
transmitidos pelos meios de comunicação.

- Estimular os estudantes a discutir, de maneira crítica, termos


dicotômicos como masculino/feminino, gordo/magro, bom/mau,
auxilia o desenvolvimento da compreensão intra e interpessoal.

Maturação sexual

No menino, os órgãos sexuais atingem a


forma e o tamanho adultos. Amadurecem
os testículos. A glândula prostática e
as vesículas seminais possibilitam as
primeiras ejaculações, que ocorrem
involuntariamente durante o sono. A
ereção do pênis, embora já ocorresse na infância, torna-se mais
frequente. Dá-se o surgimento da barba, a voz torna-se mais
grave, o tronco e a pelve assumem contornos masculinos. Emerge
a necessidade de redefinição da identidade sexual.

A possibilidade de procriar e de ter relações sexuais se torna um


problema que deve ser enfrentado no cotidiano. A masturbação é
frequente nesse período porque, dentre outros motivos, surgem os
desejos sexuais, a necessidade de conhecer e explorar o próprio
corpo, a dificuldade de se comunicar com o outro sexo e a angústia
de lidar com essa nova realidade.

Qual o papel da masturbação na adolescência? Esta é uma pergunta


frequente!

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 7 197


A masturbação, além de propiciar a descarga das tensões genitais,
também prepara o corpo do adolescente para o intercurso sexual.
Não só na adolescência como já a partir da infância é uma verdadeira
preparação para a vida genital adulta. Crianças e adolescentes
que nunca se masturbam nem revelam maiores curiosidades sobre
como funcionam seus órgãos sexuais, ou não buscam tocá-los e
experimentar as sensações que despertam, serão provavelmente
adultos com marcadas inibições e dificuldades na vida sexual
(OSÓRIO,1992, p.78).

Nas meninas, o amadurecimento sexual é mais


precoce e a menarca, comum entre os 12 e 13 anos,
Menarca: é a primeira
menstruação e tem um faz com que ela se sinta mulher.
grande significado; é
símbolo da condição
feminina. O ciclo menstrual – modificações cíclicas hormonais
que se produzem em média a cada 28 dias - tem
grande importância na personalidade e na atividade
feminina, porque afeta o estado de humor e
comportamento. Durante o amadurecimento do
óvulo, a secreção do estrógeno mobiliza desejos
heterossexuais e comportamentos orientados para

A primeira menstruação
o mundo externo. A ovulação é o ponto culminante. Depois da
pode gerar algumas ovulação, a secreção do hormônio progesterona favorece um
reações negativas
entre as adolescentes, comportamento mais passivo e receptivo. O movimento psíquico
sobretudo entre
aquelas que volta-se para o mundo interno, de forma a se preparar para uma
tenham sido pouco
informadas sobre esse possível gravidez. Antes do início da menstruação, o nível de
acontecimento e que
podem vivenciar sua progesterona diminui bruscamente, provocando a TPM – tensão
chegada com medo e
angústia. Sem esquecer pré-menstrual período no qual há uma tendência à irritabilidade.
as influências culturais,
pois, enquanto em
algumas culturas a Está naquela idade inquieta e duvidosa,
primeira menstruação Que não é dia claro e é já o alvorecer;
é recebida com Entreaberto botão, entrefechada rosa,
rituais que levam a Um pouco menina e um pouco mulher.
menina a se sentir [...]
orgulhosa de seu novo É que esta criatura adorável, divina,
status de mulher,
em nossa sociedade,
Nem se pode explicar, nem se pode entender:
com frequência, são Procura-se a mulher e encontra-se a menina,
destacados os aspectos Quer-se ver a menina e encontra-se a mulher!
negativos relacionados
ao incômodo ou à falta Machado de Assis
de higiene.

198 FILOSOFIA
Afetividade e sexualidade

O culto ao corpo e o interesse pelos relacionamentos tornou as


academias espaço para cultivar ambos os aspectos. Quanto à
sexualidade, os códigos também mudaram em ritmo acelerado,
suprimiram-se os rituais de cortejo e tornou-se comum o
relacionamento sem compromisso, tipo “ficar” e “rolo”. Esse
tipo de comportamento aparentemente “natural” pode gerar
confusão emocional, baixa autoestima e sentimento de rejeição.
Há uma crise de confiança entre as pessoas que se relacionam.
A falta de confiança pode provocar o medo de ser tratado como
objeto descartável e gerar comportamento cínico e manipulador
como autodefesa. Embora o amor, o desejo de ser amado e amar
seja uma das experiências mais buscadas na adolescência, os
relacionamentos nem sempre são satisfatórios, porém oportunizam
aprender a controlar os impulsos, as emoções, os sentimentos de
posse e ciúmes e auxiliam no autoconhecimento e amadurecimento
da dimensão afetiva.

Enfim, a adolescência é um período de busca interna para descobrir


“quem sou eu”, uma exploração exterior para encontrar seu lugar
na vida e uma busca em um “outro” para viver a intimidade e
poder completar-se. Descobrir o sentido da vida, encontrar o
sentido profundo da realidade, não é tarefa fácil nos dias de hoje
para os adolescentes, frente às modas culturais que lhes atribuem
um papel passivo e visão hedonista superficial. Despertá-los para
reagir ao conformismo e utilizar a energia e criatividade para a
construção de um mundo melhor, uma sociedade mais justa é o
desafio dos educadores de nosso tempo.

A primeira vez

A primeira vez realiza a passagem de uma sexualidade infantil,


recheada de fantasias, medos e curiosidades acerca da relação
sexual, para uma sexualidade considerada própria do mundo
adulto. Esse é um tema importante, pois se constata que muitos

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 7 199


jovens iniciam suas relações sexuais sem observar os cuidados
necessários. A expectativa das relações sexuais provoca grande
interesse nos adolescentes. Há uma série de dúvidas, sentimentos
e fantasias ligados ao assunto.

DICAS PARA SALA DE AULA

De acordo com o Grupo de Trabalho e Pesquisa em Orientação


Sexual (1995), é importante explicitar o respeito ao direito de
espera para se ter a primeira relação sexual.

É importante, também, que o adolescente e a adolescente tenham


autonomia de decisão quanto ao seu momento para iniciar a vida
sexual. Não precisa ser igual ao dos colegas, parentes ou qualquer
outra pessoa. Para isso, a discussão do tema deve garantir a
compreensão dos fatores de risco e de proteção. Sugere-se a
seguinte atividade:

Expectativas

1. Todos os adolescentes escrevem como imaginam a primeira


relação sexual, sem se identificar;

2. Colocam-se todos os papéis no centro da roda e misturam-se;

3. O educador os retira ao acaso e pergunta se o texto é de um


adolescente masculino ou feminino.

Deixa a polêmica acontecer e pontua as diferenças.

O objetivo dessas discussões é ajudar o aluno a refletir em nível


real, sem pensamentos mágicos.

Gravidez precoce e contracepção

O prazer e a deliberação de viver a vida do jeito que quiserem


podem ser maravilhosos e até um direito dos adolescentes. Só não
podem ser isentos de responsabilidade. Tanto para as meninas

200 FILOSOFIA
como para os meninos, a gravidez precoce é um fato extremamente
desestabilizador, porque ambos não estão preparados nem física,
nem emocional, nem economicamente.

A gravidez precoce é mais comum do que se pensa e ocorre


por desinformação ou por escolha inadequada dos métodos
contraceptivos.

Se os adolescentes decidem ter relações sexuais, mas não podem


ainda responder pelas suas próprias vidas, então devem assumir o
cuidado com a contracepção, usando pílula, camisinha ou ambos.
O que os jovens pensam sobre o sexo é formado por um conjunto de
informações, valores e modelos que vão obtendo no decorrer dos
anos. Muitos desses modelos e valores tomam por base a família,
e também a mídia.

DICAS PARA SALA DE AULA

• Promover debate em sala sobre os temas: sexualidade,


gravidez, doenças sexualmente transmissíveis. Convidar
adolescentes para participarem e, se considerado oportuno,
partilharem suas experiências.

• Buscar em diferentes sites, por exemplo o Google Acadêmico,


resultados de pesquisas sobre gravidez na adolescência. De
posse dos dados, discutir com os colegas sobre os indicadores
encontrados.

• Outra alternativa de debate é a dramatização de situações


conflitivas, envolvendo as influências sociais. As cenas seriam
criadas pelos jovens ou montadas com o auxílio do professor.
Exemplo: Os conflitos da adolescente em ter ou não o filho, as
pressões que sofre por parte do rapaz, as reações da família,
as conversas com as amigas mais próximas, os motivos que
levaram à gravidez – expectativas, medos e angústias vividos
pela adolescente, o papel dos rapazes adolescentes.

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 7 201


Desenvolvimento cognitivo

Pesquisas no campo da neurociência demonstram que nem só os


hormônios são os culpados pelo comportamento explosivo dos ado-
lescentes. Não apenas o corpo, mas a mente e o cérebro passam
por uma reorganização funcional nessa fase. As alterações mais
importantes pelas quais passa o cérebro nos últimos anos da ado-
lescência ocorrem no córtex pré-frontal, área responsável pelo
planejamento de longo prazo e pelo controle das emoções.

O córtex pré-frontal cresce até o começo da


adolescência. É a parte do cérebro envolvida
com a inibição de reações emocionais.
Córtex pré-frontal A atitude, tantas vezes irresponsável e
intempestiva dos adolescentes, explica-se, em
parte, pelo desenvolvimento inconcluso dessa
área cerebral.
São fibras nervosas que fazem a ligação entre os
hemisférios direito e esquerdo do cérebro. Na
Corpo caloso adolescência, essas fibras nervosas engrossam,
possibilitando maior fluxo de informações entre
um hemisfério e outro.
Exerce as funções de memória de curto e longo
Hipocampo prazo. Passa por um desenvolvimento acentuado
a partir do fim da adolescência.
Durante a adolescência, no cerebelo há
aumento no número de neurônios e na
Cerebelo
complexidade de suas conexões. Atua sobre a
coordenação motora.
Responde pelas emoções mais primárias, como
o medo e a raiva. É utilizada no processamento
das informações emocionais. Os adultos tendem
Amígdala
a usar mais o córtex pré-frontal. Esta diferença
pode explicar as reações impulsivas dos
adolescentes.

É na adolescência que o ser humano adquire a capacidade de pensar


e raciocinar além dos limites do próprio mundo e das realidades
próximas. O pensamento ultrapassa o tempo presente e torna-se
capaz de elaborar teorias acerca de tudo. Passa a orientar seus
interesses para o futuro, para os grandes ideais a serem atingidos
e para a elaboração de hipóteses. Na adolescência, desenvolve-
se o que Jean Piaget (1896 -1980) chamou de “poder dedutivo da
inteligência”, que permite mostrar quais são as consequências das
ações realizadas sobre a realidade.

202 FILOSOFIA
Podemos ver, no Pensamento lógico formal ou hipotético dedutivo,
que, diante de um problema concreto, o adolescente não considera
somente os dados presentes, mas também prevê todas as situações
e reações causais possíveis entre os elementos. Depois de analisar
de maneira lógica todas as possibilidades hipotéticas, procura
contrastá-las com a realidade por meio da experimentação. Desse
modo, o real está subordinado ao possível. O pensamento torna-se
independente da representação e das imagens. Passa a operar com
conceitos abstratos, cujo conteúdo não é representável de forma
concreta. O poder dedutivo da inteligência possibilita a generalização
e diferenciação, bem como estabelece relações lógicas entre
totalidades contraditórias e aparentemente desvinculadas.

A afirmação de que o sujeito subordina o real ao possível significa


- segundo Piaget e como consequência de sua teoria dos estados
de equilíbrio -, por um lado, que o adolescente, frente a uma
determinada situação, não considera unicamente as relações que
de fato observa, mas, além disso, procura, desde o princípio,
situá-las no contexto de todas as relações possíveis.
Dessa forma, estaria minimizando a possibilidade de cair em
contradição no desenrolar do exame dos fatos – o possível, agora,
deixa de significar um simples prolongamento do real para denotar
forças que se contrabalançam num sistema de equilíbrio. Por
outro lado, do ponto de vista do observador, este, para explicar
determinadas situações, também utiliza uma série de operações
cujas transformações deduz logicamente. Ou seja, aplica todo
um sistema de transformações virtuais. Com isso, Piaget nos quer
dizer que em cada situação, para que seja exequível conceber os
casos possíveis, é necessário que o sujeito disponha de operações
virtuais, operações estas que estão além das operações atuais,
isto é, efetuadas de fato, e que são necessárias para que se possa
manter o equilíbrio do sistema cognitivo. [...] Piaget considera
que o equilíbrio alcançado pelo adolescente na última etapa
do desenvolvimento das operações formais é a forma final das
estruturas elaboradas e permite explicar todas as conquistas,
inclusive da vida adulta, como também os raciocínios mais
abstratos conhecidos pelo homem (SISTO, F. 2000, p.103).

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 7 203


É preciso considerar, segundo Coll, Marchesi e Palácios (2004), que
o próprio Piaget (1970) introduziu algumas modificações em sua
teoria ao destacar diferenças de idade na aquisição das operações
formais pelos adolescentes, afirmando, por exemplo, que os
sujeitos provavelmente alcançavam o pensamento formal pelo
menos entre 15 e 20 anos, em vez de 11 e 15 anos. Além disso,
Piaget sugeriu que, nos casos em que a situação experimental
não correspondesse às aptidões ou aos interesses do sujeito,
poderia ocorrer que este utilizasse um raciocínio característico
do estágio anterior (operações concretas). Mas se o sujeito se
depara com situações que estão dentro de sua especialidade ou
domínio particular, então seu pensamento expressará seu nível
operacional formal. O raciocínio do adolescente, provavelmente
igual ao do adulto, é regido por critérios pragmáticos em vez de
critérios estritamente científicos, como Piaget pretendia em sua
caracterização original do pensamento formal.

Contudo, nem sempre uma capacidade lógica abstrata garante


uma mudança conceitual, pois, para que tal mudança ocorra,
é necessária a combinação de certas habilidades de raciocínio
com suficiente informação sobre os fatos que procuram explicar
e, sobretudo, com um modelo de relações no qual os diversos
elementos do problema se conectem entre si em um esquema
explicativo coerente.

Para raciocinar com base em critérios pragmáticos, não basta,


então, somente aprender termos científicos, saber as definições,
conhecer as fórmulas; também é preciso entender, dotar de
significado, relacionar, conectar com outros conhecimentos, e
tudo isso de forma não superficial e verbalista, mas como um saber
construído e elaborado.

De acordo com Griffa e Moreno (2001), embora o adolescente tenha


aptidão para o pensamento hipotético-dedutivo, utiliza-o pouco em
sua vida prática ou emprega modelos sem validade lógica e organiza
induções apressadas. Em muitos casos, o raciocínio do adolescente
se alimenta de crenças que não são bem fundamentadas, afirma
sem verificar e adota atitudes preconcebidas que assimila do
grupo de pares. Suas técnicas racionais de debate tendem mais

204 FILOSOFIA
a causar impacto no outro do que a comprovar suas hipóteses. O
adolescente se compraz em utilizar esse novo poder de manipular
ideias, embora, em muitos casos, sem se comprometer com
nenhuma delas. Em geral, não tem intenção de adotar algumas
ideias de forma permanente.

DICAS PARA SALA DE AULA

Participar em atividades de jogo de papéis e de expressão


dramática desenvolve as habilidades interpessoais e promove um
sentido positivo do Eu, permitindo ver as coisas de diferentes
perspectivas.

Forme dois grupos na sala de aula, A e B. Proponha que escolham


uma das questões abaixo, para discutir e argumentar a favor
(grupo A) e contra (grupo B). Depois inverta. Observe a lógica das
ideias e as operações de pensamento que utilizam.

a) Todo adolescente que “puxa fumo” é um viciado em potencial?

b) A solução para o problema da drogadicção entre os jovens é a


repressão?

c) A solução para o problema da drogadicção é a liberação.?

d) Homossexualismo é uma questão de educação?

Desenvolvimento social e da personalidade durante a adolescência

Nesta seção, abordaremos temáticas que contribuem para o


desenvolvimento social e da personalidade do adolescente. Os
temas aqui tratados merecem ser discutidos e aprofundados para
melhor compreensão dessa fase evolutiva.

a) A busca de identidade e autonomia

A identidade consiste numa organização interna construída pelo


sujeito, de forma que suas ações e decisões sejam coerentes entre

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 7 205


si e expressem um estilo próprio pelo qual ele seja reconhecido
pelos demais. É importante que esse estilo tenha uma certa
estabilidade ao longo do tempo e através de diferentes situações.
Apesar de ser uma característica pessoal, é experimentado em
um contexto social determinado. Essa identidade inclui as normas
dos grupos nos quais os adolescentes se integram, os valores
que interiorizam, os compromissos que assumem, enfim, é um
processo em que as experiências do passado são utilizadas para
dar significado ao presente e dirigir suas condutas futuras.

A adolescência, segundo Havighurst, apud Palácios e Oliva (2004),


é uma fase marcada pela convergência entre as necessidades do
jovem e as demandas sociais; dessa combinação, decorrem sete
tarefas evolutivas na busca de identidade e autonomia: 1 - aceitar
o próprio corpo, resultante das mudanças da puberdade; 2 -
demonstrar comportamento tipicamente feminino ou masculino,
isto é, assumir o papel de gênero; 3 - ser capaz de estabelecer
relações mais maduras com os companheiros de ambos os sexos;
4 - consolidar a imagem que tem de si mesmo; 5 - desenvolver a
independência emocional dos pais; 6 - escolher uma profissão; 7 -
adquirir valores que servirão como guia do comportamento.

Durante a adolescência, amplia-se a participação social e cada


um dos contextos terá importância e proporcionará informações
ao jovem sobre sua imagem, exercendo uma influência diferente
segundo o que se espera dele: os pais podem pedir obediência,
respeito e amabilidade; os amigos esperam lealdade, amizade; o
namorado ou namorada espera ternura e compromisso; a escola,
esforço e disciplina. Todas essas expectativas podem provocar
no adolescente um certo mal-estar ou confusão, o que poderia
explicar algumas atitudes e comportamentos incoerentes que com
frequência são observados na adolescência.

A popularidade entre os colegas adquire um significado especial


para a maioria dos adolescentes, por isso a competência social
e a valorização e aceitação pelos amigos contribui para a auto-
estima. Contudo, uma ênfase excessiva no grupo também pode
ter consequências negativas, já que ao estar tão centrado em
conseguir aprovação do grupo, o adolescente pode não se esforçar
o suficiente no desempenho escolar e nas relações familiares.

206 FILOSOFIA
As mudanças cognitivas que ocorrem nessa fase afetam a forma
como pensam sobre si mesmos e sobre os demais, bem como as
normas e regulamentos familiares, chegando a questioná-las. Além
disso, como desenvolvem a capacidade para diferenciar o real
do hipotético, passam a criar alternativas para o funcionamento
da própria família, apresentar argumentos mais sólidos e Você já parou para pensar
convincentes em suas discussões familiares, o que significa um o quanto a identidade
e a autonomia são
claro questionamento da autoridade dos pais e dos professores. construídas no período da
adolescência?

DICAS PARA SALA DE AULA

Leve os adolescentes a analisarem suas conexões com a sociedade


para verificar como fatores socioculturais influem em seus
pensamentos, emoções e comportamentos. Por exemplo, uma
atividade de sala de aula, cujo objetivo é explorar as mensagens
paradoxais encontradas nos meios de comunicação, vendo imagens
estereotipadas de corpos e o retrato de uma mulher e de um
homem.

Pede-se ao adolescente que defina as mensagens conflitantes da


mídia, faça suposições do porquê de elas existirem, e também
como eles sentem essa experiência.

b) Homossexualidade

A homossexualidade se relaciona com as construções sociais dos


padrões de gênero; com características biológicas; com os costumes
e rituais criados pelas culturas; com os caminhos percorridos
por cada indivíduo, com os dramas e tramas familiares. Todos
esses fatores integram um complexo sistema de elos ainda não
decifrados, o que suscita mais questões do que conduz a respostas.

Existem algumas hipóteses levantadas por diferentes áreas


do conhecimento que tentam oferecer alguma luz sobre a
homossexualidade. De acordo com o Grupo de Trabalho e Pesquisa
em Orientação Sexual – GTPOS (1995), há autores alinhados ao

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 7 207


determinismo biológico, para quem a homossexualidade resultaria
de uma formação específica do cérebro ou de uma predisposição
genética. Uma segunda hipótese baseia-se no trabalho do
fundador da Psicanálise, Sigmund Freud. Em seus estudos sobre
sexualidade infantil, ele apontou quatro razões para ocorrer a
homossexualidade:

a) a fixação em uma etapa anterior do desenvolvimento;

b) o medo de castração diante do desejo pela própria mãe;

c) o narcisismo que leva o indivíduo a procurar alguém igual a si;

d) a identificação da menina com o pai e do menino com a mãe.

Freud mostrou que, nas suas relações de amor e de ódio, a família


pode desencadear conflitos que acabam por dar origem a diferentes
caminhos, dentre eles a homossexualidade.

Ressalte-se que a teoria freudiana teve como referência original


uma sociedade burguesa determinada no tempo e espaço, na qual
a família era de tipo preponderantemente nuclear – pai, mãe e
filhos. As conclusões de Freud podem não se aplicar a outros tipos
de estrutura econômica e familiar com as quais nos deparamos em
nosso cotidiano.

Outra contribuição é das áreas da Sociologia e Antropologia


que estudam diferentes formas de vida de grupos humanos. A
sociedade capitalista ocidental apresenta rigidez nos papéis
de gênero, na maneira como se é homem ou mulher, e uma
fobia à homossexualidade. Diferentes modos de entender a
homossexualidade e relacionar-se com ela podem ser identificados
em diferentes culturas, embora predomine alguma forma de
exclusão ou discriminação.

Algumas informações para discutir

A relação sexual entre pessoas do mesmo sexo sempre existiu e


sempre existirá, pois essa é uma das formas possíveis para homens
e mulheres viverem seu prazer. A atração sexual homo ou hetero

208 FILOSOFIA
não é objeto de escolha. O homossexual não pode ser culpado por
sua atração pelo mesmo sexo e é no mínimo injusto reprová-lo por
esse fato.

A homossexualidade não é uma doença e portanto não se pode


pensar em cura e muito menos em transmissão. Essa é a posição
da Organização Mundial da Saúde há alguns anos.

Os homossexuais diferem dos heterossexuais tão somente na


questão da atração sexual. São antes de mais nada seres humanos
com direitos iguais aos outros e merecem nosso respeito. Há
entre eles pessoas criativas, bondosas, inteligentes, honestas,
neuróticas, inseguras, maldosas. Há aqueles com aparência
efeminada e aquelas com aparência masculinizada; porém, há
o homem homossexual forte e viril e a mulher homossexual, ou
lésbica, meiga e feminina.

DICAS PARA SALA DE AULA

Na discussão da homossexualidade com adolescentes, o enfoque


principal é a compreensão da existência da diversidade e a
capacidade de aprender a respeitá-la e conviver com ela.

Sugere-se dividir a turma em pequenos grupos com um roteiro de


discussão com questões-chave, como as seguintes:

a) Homossexuais são diferentes de heterossexuais? Em quê?

b) Os homossexuais masculinos têm “trejeitos” e as lésbicas são


“masculinizadas”?

c) A pessoa é homossexual porque quer?

d) A atração homossexual pode mudar ao longo da vida?

Após a discussão dos subgrupos, a partir das conclusões que


forem levantadas, será possível problematizar as questões e
suas respostas, não para chegar a conclusões definitivas, mas
para explicitar melhor os preconceitos e poder combatê-los. É
importante que os alunos saibam que não há conclusões definitivas

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 7 209


sobre a gênese da homossexualidade, que as teorias existentes
não abarcam a complexidade do fenômeno e que a compreensão e
a aceitação da homossexualidade como expressão da sexualidade
vêm avançando continuamente na sociedade moderna.

O adolescente e a escola

Na escola, os adolescentes podem apresentar falta de motivação,


porque esperam que ela os ensine a viver para além do vestibular.
Numa pesquisa realizada por Zagury (2000, p.60), o recado dos
adolescentes para os professores foi: “Não bastam professores
com bom conteúdo... queremos aulas motivadoras e atraentes”.

Há necessidade de repensarmos os currículos e as metodologias


que as escolas utilizam. Melhorando esses aspectos, a frequência
às aulas e a participação dos alunos tendem a melhorar.

Conforme alerta Zagury (2000, p.56), mesmo com todos os defeitos


a instituição escolar é ainda um lugar em que as novas gerações
convivem com o respeito e a orientação.

É ainda um lugar em que o saber é valorizado e no qual, apesar


de seus erros e problemas, o ser humano se socializa, aprende a
conviver, a tornar-se cidadão. É importante voltar a trabalhar a
mente dos jovens no sentido de uma postura ideológica em que
o social, a igualdade, a ética e os direitos humanos, enfim, as
liberdades democráticas prevaleçam.

Vale destacar que


a criatividade, a O desenvolvimento do pensamento hipotético-dedutivo permite
imaginação, a música, a
dança, os esportes são ao adolescente desprender-se do concreto e situar o real em
canais encantados de
expressão nessa fase. O um conjunto de transformações possíveis. Esse desenvolvimento
acesso às tecnologias de
comunicação, internet, cognitivo, aliado ao idealismo, inflama o coração dos adolescentes,
celular, contribuiu para
o surgimento de novos
tornando-os sensíveis às causas humanitárias e à transformação da
códigos na linguagem
dos adolescentes.
sociedade. Voltar a incluir no currículo das escolas de primeiro e
Estar em contato
“com” configura
segundo graus disciplinas que desenvolvem o raciocínio crítico e a
uma necessidade
permanente dos jovens.
consciência individual e grupal é urgente.

210 FILOSOFIA
[...] Devemos isso a nossos jovens: o direito de
ensinar-lhes a pensar, a criticar, a refletir com
base em dados concretos da realidade, para
que não se deixem manipular por pessoas ou
grupos inescrupulosos que se aproveitam de sua
inexperiência, ingenuidade e paixões (ZAGURY,
2000, p. 229).

A escolha profissional – ocupacional

A escolha da carreira
profissional tem sido um
fator de ansiedade, uma
vez que o jovem se defronta
com múltiplas opções de
cursos e profissões. Há um
triplo desafio neste aspecto:
autoconhecimento, isto é,
saber quais são seus interesses, expectativas e aptidões; obter
informações sobre as profissões; analisar as condições do mercado
profissional. Há o risco de escolher o curso e a profissão com base
apenas em ideias superficiais, vinculadas muitas vezes ao sucesso
e status, bem como se sugestionar pelas escolhas dos colegas.
Conhecer o dia-a-dia dos profissionais, o local de trabalho,
os espaços em que circulam, o estilo de vida, os desafios que
enfrentam, favorece uma escolha mais realista. Muitos jovens
tendem a fazer opções iguais a de seus melhores amigos, porque
não conseguem ter clareza sobre o que gostariam de fazer.

O vestibular, o número de vagas, a qualidade dos cursos, a natureza


pública ou privada das instituições de ensino superior, são fatores
que tornam a escolha da profissão mais complexa e difícil. Daí a
importância de a escola e a família trabalharem em conjunto para
auxiliar o jovem nessa fase, ensinando-o a enfrentar os desafios e
a não desanimar perante as dificuldades. De acordo com Gurfinkel,
apud Rappaport (1993, p.120):

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 7 211


O momento da escolha profissional é uma etapa
significativa do desenvolvimento quanto à
passagem da infância ao mundo adulto e carrega,
em si, a representação de uma mudança de papel
social e um ato de autonomia em relação aos pais.
Quando o adolescente se vê no confronto com a
necessidade de escolha e a toma como sua, isto
é, em si a saída da infância e o encontro com a
responsabilidade.

O Instituto DataFolha publicou recentemente o resultado de


interessante pesquisa sobre o perfil da juventude brasileira. O
estudo pode ser considerado o mais completo já realizado no Brasil.
De acordo com Leal (2008), essa pesquisa revela que os jovens já não
estão mais politicamente comprometidos com as transformações
sociais; o velho idealismo foi substituído por sonhos mais
pragmáticos. Foram entrevistados 1.541 jovens com idade entre
16 e 25 anos, para expressar o retrato socioeconômico e político
cultural dos mais de 35 milhões de jovens que representam 19%
da população brasileira. Quanto à ocupação principal, a pesquisa
apontou que 35% da população juvenil só trabalha; 25% são apenas
estudantes; 25% estudam e trabalham, e 15% não estudam nem
trabalham. Assim, o porcentual daqueles que somente estudam é
pequeno, se comparado com os países considerados desenvolvidos.
Já os que trabalham de forma permanente ou fazendo “biscates”
somam 60% da juventude brasileira, aí incluídas as jovens donas
de casa, que representam 5% desse batalhão juvenil. Surpreendeu
saber que o sonho de 51% dos nossos jovens é ter um emprego e
trabalhar. Destes, 18% sonham em ser médico ou advogado. Tudo
indica que as carreiras da magistratura, do Ministério Público, da
Polícia Federal e as assessorias jurídicas em geral influenciaram
a resposta dos jovens em relação aos seus projetos de vida
profissional. Quanto à medicina, a explicação parece fácil, porque
é uma atividade profissional respeitada e capaz de garantir uma
vida de bem-estar social. Afinal, os médicos ainda dispõem de um
mercado com boas oportunidades de trabalho.

O sonho juvenil de uma vida melhor passa também pelo desejo


de ter casa própria (14%); terminar os estudos (12%); ter uma boa
família (10%); ganhar dinheiro (9%) e ter um carro ou uma moto
(4%). Apenas 3% responderam que seu maior sonho é ser feliz e

212 FILOSOFIA
um porcentual menor ainda de 1% sonha com “um mundo sem
violência”. Esses resultados desmontam a imagem romântica de
nosso imaginário de que os jovens são contestadores, rebeldes e
politicamente engajados. Na verdade, o que o jovem quer mesmo,
ou disse querer, é emprego e trabalho. Nesse aspecto, seus maiores
Será que vivemos iludidos
sonhos são apenas materiais. Sonham viver uma vida materialmente com o mito de uma
juventude inevitavelmente
melhor da que nós, adultos, estamos lhes proporcionando. Em rebelde, questionadora e
síntese, a pesquisa revelou que os jovens já não estão mais revolucionária?

politicamente comprometidos com as transformações sociais.

QUERO DANÇAR - 2000

Sinopse: Billy Elliot (Jamie Bell) um garoto de 11 anos que vive numa
pequena cidade da Inglaterra, onde o principal meio de sustento são as
minas da cidade. Obrigado pelo pai a treinar boxe, Billy fica fascinado
com a magia do balé, ao qual tem contato através de aulas de dança
clássica que são realizadas na mesma academia onde pratica boxe.
Incentivado pela professora de balé (Julie Walters), que vê em Billy
um talento nato para a dança, ele resolve então pendurar as luvas de
boxe e se dedicar de corpo e alma dança, mesmo tendo que enfrentar a
contrariedade de seu irmão e de seu pai com sua nova atividade.

Direção: Stephen Daldry

Duração: 111min

Gênero: Drama

Elenco: Julie Walters, Jamie Bell, Jamie Draven, Gary Lewis, Jean
Heywood, Stuart Wells, Nicola Blackwell, Adam Cooper, Mike Elliot

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 7 213


O adolescente e as drogas

O que leva o jovem a se drogar? perguntam os educadores. Para


responder a essa indagação é necessário refletir sobre outros
aspectos que lhe são anteriores. Prevenir dá melhores resultados
do que tratar e curar. De acordo com Zagury (2000), não é somente
um fator que leva ao uso das drogas, mas um conjunto de fatores.
Ressalte-se que até hoje não se sabe exatamente qual a força de
influência de cada um, qual o nível de importância com que cada
um deles atua. Os principais são:

1) As características pessoais, o jeito de cada um enfrentar as


situações da vida, otimistas ou pessimistas, compreensivos ou
revoltados.

2) O meio em que vive. Uma das mais fortes influências é a


família. Com atenção, carinho, paciência, muita conversa,
firmeza, segurança e disposição, os pais podem minorar alguns
aspectos da personalidade dos filhos. Contudo, a acomodação, a
insegurança, a falta de um projeto educacional, a desatenção, a
falta de afeto, a superproteção, a incapacidade para avaliar de
forma objetiva os problemas de personalidade dos filhos podem
ser uma alavanca para o surgimento de problemas no futuro.

3) O grupo, a escola e os locais que frequenta. O grupo ganha grande


importância na adolescência, mas o que a educação familiar
e a escolar plantaram deixa raízes muito profundas. Portanto,
a influência do grupo, embora forte, pode ser minimizada
pela estrutura ética que recebeu. Quanto mais harmônica e
amorosa tiver sido a convivência familiar, menores as chances
de ser influenciado pelo grupo. A escola também contribui para
a formação equilibrada de desenvolver nos seus alunos uma
percepção menos individualista, um interesse pela sociedade
como um todo, a crença na possibilidade de realização pelo
trabalho, pela produtividade, o desejo de contribuir para a
melhoria do país, a fé nos valores humanísticos, em lugar da
preocupação míope e pobre apenas consigo próprio, com seu
prazer pessoal, com seus interesses individuais.

214 FILOSOFIA
Alguns indícios de que alguma coisa não vai bem com os
adolescentes, e isto pode ter origem em uma série de circunstâncias,
não obrigatoriamente no uso de drogas, são apontados por Bucher
(1993): irritabilidade, agressividade, falta de motivação para
o estudo, falta de motivação para o trabalho, troca do dia pela
noite, insônia, falta de motivação para namorar, sair, passear com
amigos, vermelhidão nos olhos, desaparecimento de objetos ou de
dinheiro de casa.

Diante da confirmação do uso de drogas pelo adolescente, o que


fazer? A primeira coisa é manter a calma e, na sequência, colocar-
se à disposição para ajudá-lo no que for necessário e buscar
soluções conjuntas. Contudo, para que isso seja possível é preciso,
antes de tudo, criar um clima de confiança, compreensão, afeto,
combinando segurança e autoridade.

www.saude.gov.br

Secretaria Nacional Antidrogas: www.senad.gov.br

Comunidades Terapêuticas no Brasil: www.diganaoasdrogas.com.br

SÍNTESE
Nesta unidade vimos que a adolescência é influenciada por fatores
individuais, sociais e culturais, e seu estudo adquiriu importância
a partir do pós-guerra, em razão do aumento da população
mundial jovem, bem como pela ampliação da faixa etária com
características da adolescência.

Vimos também que a puberdade refere-se ao período de


modificações biológicas, e à adolescência atribuem-se as
transformações psicossociais e culturais que a acompanham.

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 7 215


Há várias teorias que nos ajudam a compreender a adolescência
como um “segundo nascimento” - Stanley Hall; período
de transformações somáticas que dão origem a mudanças
psicológicas profundas, as quais se expressam em tendências que
se contrapõem, oscilando entre submissão e rebeldia, egoísmo e
generosidade, otimismo e pessimismo, exaltação e indiferença,
apego ao material e desapego – Ana Freud; crise gerada pela
necessidade de inserir-se no mundo adulto - Aberastury; síndrome
normal de desequilíbrios e instabilidade - Knobel; período de
moratória psicossocial – Erikson.

A adolescência se processa em fases nas quais ocorre a gradativa


modificação do comportamento em relação ao corpo, identidade,
relações familiares, amizades, sentido de vida, escolha de
profissão, responsabilidade com o próprio futuro. As mudanças
físicas, desencadeadas por mecanismos hormonais, provocam
complexas interações entre os níveis biológico, psicológico e
sociocultural. Há aumento súbito no ritmo de crescimento da
estatura, alterações de peso e maturação sexual. A menarca
ou primeira menstruação na menina e a primeira ejaculação ou
emissão de esperma no menino, indícios exteriores da capacitação
biológica para as funções de procriação, ocorrem por volta dos 12
aos 15 anos. A orientação sexual bem como as informações sobre
métodos contraceptivos, valores e modelos que os jovens obtêm
no decorrer dos anos podem evitar a gravidez precoce e as doenças
sexualmente transmissíveis.

Não apenas o corpo, mas a mente e o cérebro passam por


reorganização funcional nessa fase. As alterações mais importantes
ocorrem no córtex pré-frontal, responsável pela capacidade de
planejar a longo prazo e controlar as emoções. Desenvolve-se o
que Piaget chamou de pensamento lógico-formal ou hipotético-
dedutivo, isto é, o adolescente passa a raciocinar, prevendo
todas as situações e reações causais possíveis entre os elementos,
ultrapassando o tempo presente.

Desse modo, o real está subordinado ao possível. Torna-se capaz de


proceder a generalizações e diferenciações, bem como estabelecer
relações lógicas entre aspectos contraditórios e aparentemente

216 FILOSOFIA
desvinculados. Contudo, nem sempre essa capacidade lógica
abstrata garante uma mudança conceitual. Não basta aprender
termos científicos, conhecer as fórmulas; é preciso entender,
dotar de significado, saber relacionar com outros conhecimentos,
de modo construído e elaborado.

O desenvolvimento social e da personalidade durante a


adolescência consiste na busca de identidade e autonomia, as quais
se efetivam à medida que o adolescente passa a aceitar o próprio
corpo; consolida o papel de gênero; estabelece relações mais
maduras com pessoas de ambos os sexos; torna-se independente
emocionalmente dos pais; prepara-se para a carreira profissional
e a vida de casal e família; orienta o comportamento mediante
valores e princípios éticos e morais.

Novos códigos de relacionamento, sem rituais de cortejo e sem


compromisso, acabaram por gerar uma crise de confiança entre
as pessoas que se relacionam, provocando baixa autoestima e
confusão emocional. A escolha profissional também é um fator
de ansiedade para o adolescente, porque implica conhecer seus
interesses, expectativas e aptidões, obter informação sobre as
profissões e analisar as condições do mercado de trabalho. Frente
ao problema das drogas, prevenir é melhor do que remediar.
São vários os fatores que influenciam o adolescente a começar a
utilizar droga, dos quais os mais relevantes são: as características
pessoais, o meio em que vive, o grupo, a escola e os locais que
frequenta.

O papel dos educadores perante os adolescentes consiste em


conquistar confiança e respeito, prestar informações, orientar e
ajudá-los a descobrir o sentido da vida frente às modas culturais
que atribuem ao jovem uma atitude passiva e hedonista. Despertá-
los para utilizar a criatividade e o idealismo, tendo em vista a
construção de uma sociedade mais humana, solidária e tolerante
em relação às diferenças culturais e étnicas.

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 7 217


Quais as circunstâncias que favoreceram o estudo sobre
a adolescência?

A adolescência tem características universais?

Quais são os aspectos que diferem a puberdade e a


adolescência? É possível determinar o término dessas
fases?

4 Qual o significado da adolescência no processo evolutivo


humano?

5 Por que há atualmente uma tendência para o


prolongamento da adolescência?

6 Quais são as condições, propostas por Osório, que


assinalam o término da adolescência?

7 Foram apresentadas no texto diferentes concepções


teóricas sobre a adolescência. Especifique qual delas
você considerou a que melhor retrata essa fase evolutiva
do ser humano e justifique sua escolha.

8 Por que não podemos dissociar o corpo e a emocionalidade?

218 FILOSOFIA
9 Quais são as mudanças físicas que decorrem da ativação
e funcionamento hormonal nessa fase?

10 Descreva os mecanismos hormonais e as respectivas


glândulas responsáveis pela maturação sexual.

11 Explique com suas palavras no que consiste o


pensamento hipotético-dedutivo.

12 Converse com um adolescente sobre os desafios da busca


de identidade e autonomia. Relate, no caderno, qual
das tarefas evolutivas propostas por Havighurst esse
adolescente considera a mais difícil de ser conquistada.

13 Respondendo ao recado dos adolescentes, quais


estratégias os professores poderiam utilizar para
tornar as aulas motivadoras e atraentes? Registre suas
sugestões no caderno.

14 Observe o comportamento de adolescentes reunidos


em praças, parques, discotecas, shows, shopping
centers, clubes. Relate, em seu caderno, as formas
como expressam entre si a afetividade e a sexualidade.

15 Quais foram os fatores que influenciaram na escolha de


sua profissão?

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 7 219


16 Reúna um grupo de quatro colegas e elaborem um
instrumento de pesquisa com as seguintes questões:

a) Como você, jovem, reagiria ao convite para


experimentar drogas?
b) Que razões levam um adolescente a fazer uso de
drogas?
c) Dê uma sugestão sobre como prevenir o uso de
drogas entre os adolescentes? Após a aplicação
desse instrumento entre um grupo de adolescentes,
tabulem os dados, procedam à análise dos resultados
e reflitam sobre o papel da escola e dos educadores
frente a essa questão.

220 FILOSOFIA
Após o estudo desta unidade, verifique o que você conseguiu
aprender, respondendo às questões:

Quais são os aspectos que caracterizam a adolescência?

Por que a adolescência é um fenômeno universal e ao


mesmo tempo sociocultural?

Verifique se acertou, lendo a Seção1.

Faça a correspondência entre os autores e suas ideias


sobre o fenômeno da adolescência que você estudou na
Seção 2.

( 1 ) Aberastury ( ) A vida psíquica dos adolescentes é


caracterizada pelos opostos, oscilando
entre tendências que se contrapõem.

( 2 ) Stanley Hall ( ) O que há de essencial na adolescência é a


necessidade de entrar no mundo adulto,
elaborar a perda do mundo infantil.

( 3 ) Knobel ( ) A adolescência é um período de “moratória


social”.

( 4 ) Erickson ( ) Pioneiro no estudo da adolescência,


chamou esse período de “segundo
nascimento”

( 5 ) Ana Freud ( ) Síndrome normal de desequilíbrios e


instabilidade.

1. Produz hormônio liberador de gonadotrofina.

2. Hormônio produzido pela hipófise.

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | unidade 7 221


3. Hormônio produzido pelo ovário.

4. Primeira menstruação.

5. Glândulas sexuais femininas que produzem ovulação.

6. Período de transformações psicossociais e culturais que


acompanham as modificações biológicas da puberdade.

7. Produz hormônios gonadotróficos.

8. Glândulas sexuais masculinas e femininas.

9. Glândula sexual masculina que produz testosterona.

4 Marque V para verdadeiro e F para falso:


( ) A busca de identidade e autonomia é um dos
aspectos que marcam a adolescência.
( ) Autoconhecimento, conhecimento das profissões
e do mercado de trabalho auxiliam na escolha
profissional.
( ) O desenvolvimento biológico, psicológico e
sociocultural não se influenciam entre si.
( ) A adolescência consiste numa síndrome normal de
desequilíbrios e instabilidade.
( ) O pensamento hipotético-dedutivo permite ao
adolescente desprender-se do concreto e situar o
real em um conjunto de transformações possíveis.
( ) A menarca surge como o amadurecimento sexual
mais tardio, para as meninas.
( ) O adolescente sempre utiliza o pensamento
hipotético-dedutivo na vida prática.
( ) Nesta fase o adolescente sente-se seguro com sua
aparência.
( ) A identidade corporal e a emocionalidade são
indissociáveis.

222 FILOSOFIA
PALAVRAS finais

Prezado aluno,

E
speramos que o estudo desta obra tenha trazido contribuições
importantes para você, futuro professor. Acreditamos que
os subsídios teóricos e didático-pedagógicos apresentados
irão auxiliá-lo na sua prática educativa.

No início do fascículo, procedemos à retrospectiva histórica da


Psicologia e mostramos como se relaciona com a Educação.

Depois propusemos uma reflexão crítica sobre as teorias psicológicas


que tratam do desenvolvimento e da aprendizagem, dando ênfase
às suas implicações educacionais.

Nas teorias que enfatizam o sujeito, fizemos análises críticas das


contribuições de Rogers e de Binet. Nas teorias que enfatizam o
objeto, refletimos sobre o Comportamentalismo em Psicologia e
Educação. Apresentamos, ainda, abordagens interacionistas que
tentam superar as dicotomias representadas pelo subjetivismo
e objetivismo psicológicos, através das concepções de Piaget,
Vygotsky e Wallon. No interacionismo, enfatizamos as ideias

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | palavras finais 223


principais desses pesquisadores e como suas teorias podem ser
inspiradoras para a prática pedagógica. Procuramos, ainda, mostrar
o significado da inclusão e o papel que os educadores devem ter
nesse processo para que ela se concretize nas nossas escolas.

Trouxemos contribuições da Psicologia da Educação para que


você possa conhecer melhor o seu aluno adolescente sob
diferentes perspectivas teóricas, discutindo questões sobre o
desenvolvimento biopsicossocial e cultural, focalizando temas
relativos à sexualidade, escolha profissional e drogas.

Finalmente, esperamos que a nossa contribuição neste


fascículo venha a ajudá-lo na compreensão da pessoa humana,
principalmente dos adolescentes, neste período tão especial de
suas vidas, na análise crítica das concepções e práticas de ensino e
aprendizagem, no encaminhamento de alternativas metodológicas
e na condução geral de seu trabalho docente na escola.

Nossas últimas palavras são de estímulo para que você siga sempre
em frente em seu processo de desenvolvimento profissional na
educação.

Um grande abraço das professoras:

Maria Odete Vieira Tenreiro

Maria Virgínia Bernardi Berger

Neiva de Oliveira Moro

Priscila Larocca

224 FILOSOFIA
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PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | REFERÊNCIAS 233


NOTAS SOBRE aS AUTORaS

Maria Odete Vieira Tenreiro


Formada em Pedagogia – Orientação Educacional e Supervisão
Escolar pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Especialista
em Alfabetização e Mestre em Educação pela UEPG. Doutoranda
do Programa de Pós-Graduação: Educação e Currículo da PUC/SP.
Atuou como docente no Ensino Fundamental e como Coordenadora
Pedagógica do CAIC Reitor Álvaro Augusto Cunha Rocha – órgão
suplementar da UEPG – instituição escolar de Educação Infantil
e Ensino Fundamental. Professora Assistente do Departamento
de Educação da UEPG, atuando nas disciplinas de Psicologia da
Educação e Fundamentos Teóricos da Educação Infantil. Atuou
como membro da Comissão Geral das Licenciaturas na mesma
instituição. Desenvolve pesquisas que tematizam avaliação
da aprendizagem e educação infantil e anos iniciais do ensino
fundamental.

Maria Virgínia Bernardi Berger


Pedagoga e Orientadora Educacional formada pela UEPG. Mestre
em Psicologia da Educação pela PUC – SP e Doutora em Educação
– Psicologia Educacional pela UNICAMP - SP. Atuou como docente
e pesquisadora no Departamento de Educação e no Programa de

PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | notas sobre as autoras 235


Pós-Graduação, Mestrado em Educação da UEPG. Especialista
em Psicoterapia Transpessoal. Dedica-se atualmente a estudos e
pesquisas nas áreas de Formação do Educador; Desenvolvimento
Pessoal; Infância e Adolescência em situação de risco psicossocial.
Presta assessoria em pesquisas e projetos. Profere palestras e
realiza Workshops na área de Gestão de Pessoas.

Neiva de Oliveira Moro


Pedagoga formada pela UEPG, Especialista em Metodologia do
Ensino Superior pela Universidade Federal do Paraná/Universidade
Estadual de Ponta Grossa e Mestre em Psicologia da Educação pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUCSP. Foi professora
do Departamento de Educação, atualmente aposentada. Membro do
Grupo de Pesquisa em História da Educação Brasileira - HISTEDBR,
é autora de vários artigos a respeito da educação na cidade de
Ponta Grossa. Coautora do Fascículo 3 da Coleção Fundamentos da
Ação Docente: Um olhar psicológico sobre o desenvolvimento da
pessoa humana. Ponta Grossa, PR: MEC/CEFORTEC, 2006.

Priscila Larocca
Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas –
UNICAMP, onde fez também seu Mestrado em Educação, é autora
de várias obras e artigos científicos nas áreas da Educação, da
Psicologia Educacional e da Formação de Professores. É professora
efetiva da UEPG - Universidade Estadual de Ponta Grossa, desde
1988, atuando nas Licenciaturas e no Curso de Pedagogia. Desde
2002, exerce atividades de pesquisadora e docente no Programa
de Pós-Graduação - Mestrado em Educação da UEPG, onde lidera o
GEPEP – Grupo de Estudos e Pesquisas em Psicologia e Educação. É
pesquisadora da UNICAMP, integrada ao PES – Grupo de Estudos e
Pesquisas em Psicologia e Educação Superior.

236 FILOSOFIA
UemaNet - Núcleo de Tecnologias para Educação
Informações para estudo

Central de Atendimento
0800-280-2731

Sites
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http://ava.uemanet.uema.br
Universidade Estadual do Maranhão – UEMA
Núcleo de Tecnologias para Educação – UemaNet
Caro Estudante,
No sentido de melhorar a qualidade do material didático, gostaríamos que você
respondesse às questões abaixo com presteza e discernimento. Após, destaque a
folha da apostila e entregue ao seu Tutor. Não é necessário assinar.
Município: ______________________________ Polo: ______________________
Turma: _________ Data: _____/ _____/__________
Responda as questões abaixo de forma única e objetiva
[O] - ótimo, [B] – bom, [R] - regular, [I] - insuficiente

1 Qualidade gráfica [O] [B] [R] [I]


1.1 Encadernação gráfica
1.2 Formatação da apostila
1.3 Ícones apresentados são informativos
1.4 Tamanho da fonte (letra)
1.5 Tipo de fonte está visível (Arial, Times New Roman...)
1.6 Qualidade de ilustração

2 Conteúdo [O] [B] [R] [I]


2.1 Coesão
2.2 Coerência
2.3 Contextualizado com a realidade e prática
2.4 Organização
2.5 Programa da disciplina (Ementa)
2.6 Incentiva à pesquisa

3 Atividades [O] [B] [R] [I]


3.1 Atividades relacionadas com a proposta da disciplina
3.2 Atividades relacionadas com a realidade e a prática
3.3 Relacionadas ao conteúdo
3.4 Contextualizadas com a prática
3.5 Claras e de fácil entendimento
3.6 Estão relacionadas com as questões das avaliações
3.7 São Problematizadoras e incentivam à reflexão
3.8 Disponibilizam uma bibliografia complementar

O material chega em tempo hábil? sim ( ) não ( )

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