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UNIDADE 5
UNIDADE 6
UNIDADE 7
5
ObjetivoS dESTA unidade:
A Construção Da Pessoa: abordagem
Estabelecer as relações
Walloniana e Implicações Educacionais entre os conceitos e as
implicações pedagógicas
na abordagem
walloniana;
Analisar o papel da
emoção, do afeto e do
outro no processo de
desenvolvimento da
pessoa;
Caracterizar o processo
de desenvolvimento
ROTEIRO DE ESTUDOS e aprendizagem sob a
perspectiva de Wallon.
• As fases do desenvolvimento.
• Implicações educacionais.
pAra início de conversa
134 FILOSOFIA
IdEias básicas de Henri Wallon
N
Henri Wallon (1879-1962) foi um grande humanista. Viveu
em Paris, França, onde construiu uma fecunda produção
intelectual e engajou-se ativamente nos acontecimentos
sociais e políticos de sua época. Formado em Filosofia na Escola
Normal Superior, atuou como professor e mais tarde formou-
se médico psiquiatra até envolver-se com a Psicologia e com a
Wallon adotou uma visão
Educação novamente. De sua biografia constam os encontros com de desenvolvimento
que se destaca pela
a I e a II Guerras, a sua participação na resistência francesa, a abordagem concreta e
multidimensional do ser
perseguição dos nazistas, a vida clandestina, a sua atuação como humano.
AFETIVIDADE
CORPO INTELIGÊNCIA
DIMENSÃO
DIMENSÃO DIMENSÃO
EMOTIVA/
MOTORA COGNITIVA
RELACIONAL
136 FILOSOFIA
FATORES ORGÂNICOS FATORES SOCIAIS
sofisticação.
P
ara Wallon, a emoção é um instrumento de sobrevivência
típico de nossa espécie, acionado, desde o nascimento,
para suprir a incapacidade de o bebê alcançar sozinho o
atendimento de suas necessidades mais primárias. Você pode
verificar, por exemplo, que outros animais quando nascem são
muito mais independentes do que o filhote humano: buscam o
alimento, locomovem-se com mais desenvoltura. Assim, em face
de sua dependência, é através da emoção (choro, gritinhos, risos)
que o bebê mobiliza as pessoas do seu ambiente para atender às
suas necessidades (fome, sede, temperatura, conforto etc.).
140 FILOSOFIA
o álcool); b) Emoções produzidas por componentes mecânico-
musculares (ex: atividades rítmicas intensas); c) Emoções de
natureza abstratorepresentacional (ex: diante de reflexões
suscitadas por um poema, uma música) (DANTAS, 1992).
142 FILOSOFIA
3ª FASE - as relações afetivas passam a se
submeter a exigências racionais,
através de categorias como respeito,
AFETIVIDADE CATEGORIAL justiça, igualdade.
144 FILOSOFIA
As fases do desenvolvimento
O
desenvolvimento, para Wallon, é um processo descontínuo,
pois apresenta oscilações tais como rupturas, conflitos,
reviravoltas, antecipação de funções, regressões.
146 FILOSOFIA
A criança explora o mundo físico,
SENSÓRIO-MOTOR E manipulando objetos e explorando
PROJETIVO o espaço, tendo mais autonomia. É
projetivo porque ela usa os gestos
para expressar seus pensamentos
e se comunicar (o ato mental
até o terceiro
projeta-se em ato motor). Aí
ano existe o predomínio da cognição
(inteligência prática e simbólica).
Utilizando a linguagem, a criança
faz descobertas; através da
denominação dos objetos, tenta
localizá-los e identificá-los.
Acontece a formação da
personalidade e a consciência de si,
que resulta das trocas que faz com
outras pessoas, na diferenciação
do eu outro. “[...] é pela expulsão
do que há de alheio dentro de si
PERSONALISMO
que se fabrica o Eu”. (DANTAS,
1990, p.94). Aí aparece primeiro
a oposição ao outro, quando
busca se firmar contradizendo e
dos três aos seis
confrontando as outras pessoas;
anos surge então a sedução ou idade
da graça, como chama Wallon.
A criança quer ser admirada,
apreciada pelos outros. Depois
surge a imitação, pela qual ela cria
personagens representando pessoas
que admira, representando papéis
para realizar isso. Nessa fase há o
predomínio da afetividade sobre a
cognição.
Dá-se a consolidação da função
simbólica e diferenciação da
CATEGORIAL
personalidade, iniciada no estágio
anterior. A criança volta-se para o
mundo, tentando conquistá-lo. Isso
acontece junto com o processo de
dos seis aos
escolarização, quando as exigências
onze anos da família e da escola fazem
com que a criança desempenhe
papéis variados. Nessa fase há
o predomínio da cognição, e o
desenvolvimento da inteligência
infantil é enorme.
Ocorrem as modificações
fisiológicas provocadas pelo
amadurecimento sexual, bem como
PUBERDADE E mudanças psicológicas, trazendo
ADOLESCÊNCIA à tona questões pessoais, morais
e existenciais. As transformações
do corpo acentuam as diferenças
entre os dois sexos, e é necessário
dos onze aos
que o esquema corporal seja
dezesseis anos reorganizado pelos jovens. Passa
a ser afetivo o predomínio
dessa fase. No processo de
desenvolvimento a pessoa deverá,
por meio de seu potencial
intelectual, reconhecer um eu
diferenciado e, ao mesmo tempo,
integrado.
148 FILOSOFIA
Implicações educacionais
V
ocê pode constatar que Wallon (1975) vê o processo
de socialização como o desenvolvimento progressivo
da consciência do eu para a consciência social, pelas
interações que existem entre as pessoas. Sua preocupação com a
formação dos professores é evidente.
Podemos dizer que foi muito marcante a estreita ligação que Wallon
procurou manter entre Psicologia e Pedagogia, envolvendo-se com
formação de professores e escolas, vindo a ter, inclusive, uma
efetiva participação na política educacional francesa (DANTAS,
1983; WEREBE; NADEL-BRULFERT, 1986).
O processo de
mediação através de
signos possibilitou ao
homem controlar e Finalmente, podemos dizer que Wallon propõe que cada educador
dominar o seu próprio
comportamento, procure conhecer seus alunos, tente saber em que etapas do
tornando a atividade
psicológica muito desenvolvimento se encontram para, a partir daí, auxiliá-los
mais sofisticada, pois
os sinais exteriores a se desenvolver, adequando as atividades escolares às suas
forneceram um
suporte concreto
necessidades e possibilidades.
para sua relação com
o mundo.
150 FILOSOFIA
DANTAS, Heloysa. A infância da razão: uma introdução à psicologia
da inteligência de Henri Wallon. São Paulo: Manole, 1990.
SÍNTESE
Nesta unidade, você estudou as ideias de Wallon a respeito do
desenvolvimento humano. Constatou que ele fez sua análise
adotando a perspectiva filosófica dialética, fundada no materialismo
histórico de Marx.
152 FILOSOFIA
unidade
6
ObjetivoS dESTA unidade:
A Inclusão nas Escolas e o Papel
Reconhecer que
da Psicologia da Educação todas as pessoas têm
condições de aprender e
de se desenvolver, e que
são as diferenças entre
elas que possibilitam
que isso aconteça;
Analisar as ideias de
Piaget e Vygotsky
acerca da inclusão;
• O que é inclusão?
Mais uma vez, esperamos que você, que será um professor, faça
sua leitura ser proveitosa e que seus estudos feitos até aqui
iluminem as suas reflexões e as suas ações pedagógicas. Esperamos
que você acredite que todas as pessoas podem se desenvolver e
mudar, desde que sejam respeitadas e estimuladas.
154 FILOSOFIA
O que é inclusão?
C
omeçamos explicando o que é inclusão, como surgiu essa
ideia e o que se pretende alcançar através dela. A semente
da inclusão foi plantada em 1981, em Singapura, de acordo
com Sassaki (1997), por meio de uma organização não-governamental
de pessoas deficientes físicas, que elaborou uma declaração de
princípios, em que definiu a ideia de equiparação de oportunidades.
Seu nome é “Disabled People’s International” (DPI). Incluir não é favor, mas
troca. Quem sai ganhando
nessa troca? Todos em
Esta organização proclamava, também, a necessidade de que igual medida. Conviver
todos os sistemas gerais da vida na sociedade, tais como: com as diferenças humanas
é direito do pequeno
habitação, transporte, serviços sociais e de saúde, meio físico, cidadão, deficiente ou não.
Juntos construirão um país
as oportunidades de educação e trabalho, as esportivas e de diferente (WERNECK, 1997,
p.65).
156 FILOSOFIA
Relembrando que a educação é um direito fundamental de todos,
mulheres, homens, de todas as idades, no mundo inteiro;
http://www.dhnet.org.
br/direitos/sip/onu/
deficiente/lex63.htm
Esse documento
reafirma o compromisso
de “Educação para
todos”. Aborda os
princípios, a política
e a prática que
devem nortear a
inclusão de crianças,
jovens e adultos com
necessidades especiais,
no sistema regular de
ensino.
158 FILOSOFIA
Diferenças: o desafio nas escolas
D
e acordo com a Declaração de Salamanca:
160 FILOSOFIA
de inclusão. Pois será exigida uma reorganização radical nas
escolas, tanto com a adequação do espaço escolar às diversas
especificidades de cada pessoa com necessidades especiais que
deverá acolher, como em termos de elaboração e organização
curricular, com a promoção de novas formas de agrupamentos dos
alunos e a dinamização de práticas educativas.
[...] as escolas
de qualidade são Ainda, em relação às mudanças que devem ocorrer no campo
espaços educativos
de construção de educacional e nas políticas das nações para que isto aconteça,
personalidades
humanas, autônomas,
alguns teóricos posicionam-se de maneira não muito otimista
críticas, nos quais as
crianças aprendem a
explicando que isso é muito difícil de ser realizado.
ser pessoas. Nesses
ambientes educativos
ensina-se os alunos a
Mantoan (2003, apud Mittler, 2003, p.xi), referindo-se à questão,
valorizar a diferença, diz:
pela convivência
com seus pares,
pelo exemplo dos
professores, pelo
Sem entender toda a extensão e a profundidade das
ensino ministrado nas transformações dos contextos educacionais e sociais,
salas de aula, pelo as políticas educacionais e os sistemas de ensino não
clima socioafetivo das conseguirão enfrentar os problemas criados pela
relações estabelecidas
em comunidade
adoção da inclusão escolar em suas interconexões,
escolar – sem tensões, nem darão conta das soluções a serem criadas para
competição de atender às exigências dessa inovação na nossa
forma solidária e escola brasileira e em escolas de outros países, as
participativa. Escolas
assim concebidas não
quais têm o mesmo objetivo a alcançar.
excluem nenhum aluno
de suas classes, de seus
programas, de suas Constatamos que a adequação das ideias inclusivas no contexto da
aulas, das atividades
e do convívio escolar educação comum é um trabalho que ainda não se concretizou. O
mais amplo. São
contextos educacionais que se pretende fazer está posto, mas sua concretização é que está
em que todos os alunos demorando a ocorrer.
têm possibilidade de
aprender, frequentando
uma mesma e única Além disso, precisamos lembrar que o ensino e a educação estão
turma (MANTOAN,
2008, p. 61). interligados, e que a pessoa necessita tanto de um quanto do
Procure ler: MANTOAN, outro, para poder se desenvolver plenamente. Ao construirmos uma
Maria Teresa Égler
(Org.). O desafio das sociedade inclusiva, estaremos realizando a vinculação da educação
diferenças nas escolas.
Petrópolis: Vozes, 2008.
ao ensino e possibilitando o desenvolvimento de todas as pessoas.
162 FILOSOFIA
De acordo com O’Brien e O’ Brien (1999, p.64):
164 FILOSOFIA
As idEias de Piaget e de Vygotsky
a respeito das pessoas com
necessidades especiais
O
s autores interacionistas que estudamos nas seções
anteriores – Piaget e Vygotsky - reconhecem esse direito
e acreditam que todas as pessoas, inclusive aquelas que
têm necessidades especiais, podem ser educadas, desenvolver suas
potencialidades e conviver em igualdade de condições na sociedade, Segundo Mantoan (1997,
p.34-35, grifo da autora):
desde que lhes seja dada essa oportunidade.
O impacto das novas
concepções de apoio
A seguir, estudaremos as ideias desses dois teóricos, para ver como a pessoas com déficit
mental tem propiciado a
se posicionam a respeito da educação e do desenvolvimento das concretização de projetos
que condizem com a
pessoas com necessidades especiais. interpretação de Piaget,
em 1943, ao prefaciar um
estudo de Inhelder sobre
A contribuição piagetiana está relacionada à área das pessoas o raciocínio dos débeis
com déficit mental; para o autor, se lhes forem dadas condições mentais, e, segundo
a qual, a deficiência
favoráveis, se elas forem estimuladas a se adequarem à realidade, intelectual seria análoga
a uma “construção mental
corresponderão ao que delas se espera. inacabada”.
Isto significa que, para Piaget, são as escolas que devem se adequar
aos alunos inclusos, oferecendo reais oportunidades para que essas
pessoas possam se desenvolver e viver bem.
Veja o que Mantoan diz:
166 FILOSOFIA
Como vemos, é competência das escolas e do processo educativo
propiciar condições para que essas pessoas possam, no convívio com
as demais, conquistar sua autonomia, tanto intelectual, como social
e moral.
168 FILOSOFIA
do que por suas faltas, e rejeitava as descrições simplesmente
qualitativas, em termos de traços psicológicos, refletidos nos
testes psicológicos, porque estes instrumentos apenas indicavam
uma visão incompleta ou unidimensional sobre a criança. Preferia,
então, confiar nas descrições qualitativas da organização de seus
comportamentos (MONTEIRO, 1998, p.74).
170 FILOSOFIA
MANTOAN, Maria Teresa Égler. Inclusão Escolar: O que é? Por quê?
Como fazer? São Paulo: Moderna, 2006.
Caro cursista, agora que você já leu esta unidade, releia-a com
atenção e faça as atividades propostas:
SÍNTESE
Você estudou nesta unidade que a inclusão é um processo pelo qual
a sociedade se adapta para inserir, dentro de seus sistemas, as pes-
soas com necessidades especiais.
172 FILOSOFIA
piagetiana vem mostrando que a deficiência mental é semelhante
a uma construção inacabada, sendo importante que as escolas
ofereçam condições estimuladoras, que levem a criança com
déficit mental à conquista da autonomia.
Parabéns!
174 FILOSOFIA
unidade
7
ObjetivoS dESTA unidade:
Adolescência: desenvolvimento
Compreender o
biopsicossocial e cultural significado evolutivo
da adolescência e seu
caráter biopsicossocial e
cultural;
Diferenciar puberdade e
adolescência;
Compreender
o fenômeno da
adolescência sob a
perspectiva de diversos
teóricos;
ROTEIRO DE ESTUDOS Caracterizar as
mudanças físicas,
cognitivas, afetivas e
• Significado evolutivo da adolescência e seu caráter sociais que ocorrem
nessa fase da vida;
biopsicossocial e cultural.
Refletir sobre seu
• A adolescência sob a perspectiva de diversos teóricos. papel de educador
junto ao adolescente,
em questões sobre
• Características do desenvolvimento físico, cognitivo, sexualidade, escolha
afetivo e social e as questões relativas à sexualidade, profissional, violência
intrafamiliar e as
escolha profissional e as drogas.
drogas.
pAra início de conversa
Na unidade anterior, você pôde compreender o significado da inclusão nas
escolas e as ideias de Piaget e Vygotsky a respeito dessa questão. Nesta
unidade, seus estudos em psicologia vão se voltar para a compreensão
da fase evolutiva humana chamada Puberdade e Adolescência, uma
vez que os alunos dos anos finais do ensino Fundamental encontram-
se nessa fase. Como educar o adolescente? Quais os interesses que
predominam nessa fase? Que aspectos diferenciam a fase da Puberdade
e a fase da Adolescência? A adolescência é um fenômeno psicossocial
e cultural ou tem características universais? Qual a visão dos teóricos
da Psicologia sobre a Adolescência? Quais as mudanças evolutivas que
ocorrem no aspecto físico, cognitivo, afetivo e social do adolescente?
O que pensam os jovens? Quais são seus sonhos? Quais os desafios da
tarefa de educar a juventude do século XXI? Sem dúvida, são questões
que nos preocupam e diante das quais muitas vezes não sabemos que
caminho tomar.
Para auxiliá-lo na condução do trabalho educativo com os adolescentes
organizamos os conteúdos desta unidade! Iniciamos com o significado
evolutivo da adolescência e uma breve retrospectiva histórica, mostrando
a adolescência como fenômeno recente tal como a conhecemos
no ocidente em princípios do século XXI. Na sequência, revisamos as
mais significativas teorias sobre a adolescência. Dando continuidade,
procedemos à caracterização e análise das profundas mudanças evolutivas
que ocorrem no aspecto físico, cognitivo, afetivo e social e que marcam
a passagem da infância para a idade adulta. Por fim, abordamos algumas
das questões importantes relacionadas à afetividade e sexualidade, à
escolha profissional e ao problema das drogas.
Até algum tempo atrás, a adolescência era considerada meramente
uma etapa de transição entre a infância e a idade adulta. Nas últimas
décadas, contudo, a adolescência vem sendo concebida como uma
fase crucial do desenvolvimento humano, porque nela culmina todo
o processo de maturação biológica, psicológica, sociocultural do
indivíduo e marca não só a aquisição da imagem corporal definitiva
como também a estruturação final da personalidade.
Portanto, torna-se importante compreender os adolescentes para
ajudá-los a enfrentar as tarefas evolutivas que lhes cabem nessa
etapa da vida e assumir posturas educacionais conscientes e claras,
que facilitem o convívio harmônico das gerações, ou seja, entre você,
futuro professor, e seus alunos adolescentes.
176 FILOSOFIA
Significado evolutivo da
adolescência e seu caráter
biopsicossocial e cultural
N
as sociedades tribais primitivas, a passagem do mundo
infantil para o adulto era muito breve e seguia normas
rígidas. Seu início e seu fim eram claramente definidos por
rituais. Em poucas semanas ou meses, o adolescente era instruído
nas artes necessárias para obter alimento e defender seu povo;
casava-se e assumia de modo pleno a condição de guerreiro, ou
seja, de adulto.
178 FILOSOFIA
Numa tentativa de discriminar os elementos mais universais, na
atualidade, que possibilitariam assinalar o término da adolescência,
Osório (1992, p.12) relaciona as seguintes condições:
Em termos etários, isso ocorre por volta dos 25 anos na classe média
brasileira, com variações para mais ou para menos, conforme as
condições socioeconômicas da família de origem do adolescente.
Adolescência hoje
180 FILOSOFIA
p.208), a família ficou por muito tempo presa às relações privadas,
sem uma intervenção sistemática do poder público na busca
de conter os abusos dos adultos sobre crianças e adolescentes.
Estudos e pesquisa realizados por Sagaz e Berger (2008), sobre
crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual e o processo de
resiliência, constataram a ausência de projetos e ações educativas
nas escolas para o desenvolvimento da resiliência, bem como para
a prevenção, detecção e proteção à violência intrafamiliar.
O
pioneiro no estudo da adolescência foi o americano W.
Stanley Hall (1844-1924), ao publicar, em 1904, sua obra
Adolescence, na qual expunha seu pensamento, muito
influenciado pela obra de Darwin sobre a evolução e pela teoria
da recapitulação de Haeckel, segundo a qual o desenvolvimento
ontogênico do ser humano reproduz o desenvolvimento filogenético
da espécie. Hall chama esse período, dos 12 ou 13 anos até os 22 ou 24,
de “segundo nascimento”, pois é nesse período que se manifestam
os traços mais desenvolvidos e essencialmente humanos.
Para Hall, a adolescência
representava um momento
A posição da adolescência entre a infância e a idade adulta marcaria crítico no desenvolvimento
humano por corresponder
esse período por tensões e sofrimentos psicológicos, em razão dos ao momento da evolução
da espécie humana que
conflitos entre os impulsos do adolescente e as demandas feitas supunha a passagem da
selvageria para o mundo
pela sociedade. civilizado.
Submissão Rebeldia
Atividade Hedonismo
Exaltação Indiferença
Atividade Passividade
Egoísmo
Generosidade
e altruísmo
Apego ao
184 FILOSOFIA
Forme um grupo de três colegas e, juntos, comentem
sobre as dificuldades que o adolescente enfrenta
para inserir-se no mundo adulto no atual contexto da
sociedade em que vivemos.
186 FILOSOFIA
É importante conhecer alguns desses sintomas, para poder
compreender melhor o aluno adolescente.
Objetivos:
188 FILOSOFIA
Dinâmica 1 – Tempo: 10 min.
190 FILOSOFIA
Características do desenvolvimento
físico, cognitivo, afetivo e social e
as questões relativas à sexualidade,
escolha profissional e as drogas
N
inguém se torna adolescente de um dia para outro. A
adolescência vai se constituindo em diferentes fases, cujas
características são descritas no quadro a seguir, construído
a partir de Griffa e Moreno (2001, p. 23-24):
192 FILOSOFIA
O corpo como identidade e emocionalidade
194 FILOSOFIA
entender bem essa transição sem analisar as complexas interações
entre os níveis biológico, psicológico e sociocultural.
Gônadas
Sexuais Produzem hormônios sexuais:
Testículos Testosterona.
196 FILOSOFIA
DICAS PARA SALA DE AULA
Maturação sexual
A primeira menstruação
o mundo externo. A ovulação é o ponto culminante. Depois da
pode gerar algumas ovulação, a secreção do hormônio progesterona favorece um
reações negativas
entre as adolescentes, comportamento mais passivo e receptivo. O movimento psíquico
sobretudo entre
aquelas que volta-se para o mundo interno, de forma a se preparar para uma
tenham sido pouco
informadas sobre esse possível gravidez. Antes do início da menstruação, o nível de
acontecimento e que
podem vivenciar sua progesterona diminui bruscamente, provocando a TPM – tensão
chegada com medo e
angústia. Sem esquecer pré-menstrual período no qual há uma tendência à irritabilidade.
as influências culturais,
pois, enquanto em
algumas culturas a Está naquela idade inquieta e duvidosa,
primeira menstruação Que não é dia claro e é já o alvorecer;
é recebida com Entreaberto botão, entrefechada rosa,
rituais que levam a Um pouco menina e um pouco mulher.
menina a se sentir [...]
orgulhosa de seu novo É que esta criatura adorável, divina,
status de mulher,
em nossa sociedade,
Nem se pode explicar, nem se pode entender:
com frequência, são Procura-se a mulher e encontra-se a menina,
destacados os aspectos Quer-se ver a menina e encontra-se a mulher!
negativos relacionados
ao incômodo ou à falta Machado de Assis
de higiene.
198 FILOSOFIA
Afetividade e sexualidade
A primeira vez
Expectativas
200 FILOSOFIA
como para os meninos, a gravidez precoce é um fato extremamente
desestabilizador, porque ambos não estão preparados nem física,
nem emocional, nem economicamente.
202 FILOSOFIA
Podemos ver, no Pensamento lógico formal ou hipotético dedutivo,
que, diante de um problema concreto, o adolescente não considera
somente os dados presentes, mas também prevê todas as situações
e reações causais possíveis entre os elementos. Depois de analisar
de maneira lógica todas as possibilidades hipotéticas, procura
contrastá-las com a realidade por meio da experimentação. Desse
modo, o real está subordinado ao possível. O pensamento torna-se
independente da representação e das imagens. Passa a operar com
conceitos abstratos, cujo conteúdo não é representável de forma
concreta. O poder dedutivo da inteligência possibilita a generalização
e diferenciação, bem como estabelece relações lógicas entre
totalidades contraditórias e aparentemente desvinculadas.
204 FILOSOFIA
a causar impacto no outro do que a comprovar suas hipóteses. O
adolescente se compraz em utilizar esse novo poder de manipular
ideias, embora, em muitos casos, sem se comprometer com
nenhuma delas. Em geral, não tem intenção de adotar algumas
ideias de forma permanente.
206 FILOSOFIA
As mudanças cognitivas que ocorrem nessa fase afetam a forma
como pensam sobre si mesmos e sobre os demais, bem como as
normas e regulamentos familiares, chegando a questioná-las. Além
disso, como desenvolvem a capacidade para diferenciar o real
do hipotético, passam a criar alternativas para o funcionamento
da própria família, apresentar argumentos mais sólidos e Você já parou para pensar
convincentes em suas discussões familiares, o que significa um o quanto a identidade
e a autonomia são
claro questionamento da autoridade dos pais e dos professores. construídas no período da
adolescência?
b) Homossexualidade
208 FILOSOFIA
não é objeto de escolha. O homossexual não pode ser culpado por
sua atração pelo mesmo sexo e é no mínimo injusto reprová-lo por
esse fato.
O adolescente e a escola
210 FILOSOFIA
[...] Devemos isso a nossos jovens: o direito de
ensinar-lhes a pensar, a criticar, a refletir com
base em dados concretos da realidade, para
que não se deixem manipular por pessoas ou
grupos inescrupulosos que se aproveitam de sua
inexperiência, ingenuidade e paixões (ZAGURY,
2000, p. 229).
A escolha da carreira
profissional tem sido um
fator de ansiedade, uma
vez que o jovem se defronta
com múltiplas opções de
cursos e profissões. Há um
triplo desafio neste aspecto:
autoconhecimento, isto é,
saber quais são seus interesses, expectativas e aptidões; obter
informações sobre as profissões; analisar as condições do mercado
profissional. Há o risco de escolher o curso e a profissão com base
apenas em ideias superficiais, vinculadas muitas vezes ao sucesso
e status, bem como se sugestionar pelas escolhas dos colegas.
Conhecer o dia-a-dia dos profissionais, o local de trabalho,
os espaços em que circulam, o estilo de vida, os desafios que
enfrentam, favorece uma escolha mais realista. Muitos jovens
tendem a fazer opções iguais a de seus melhores amigos, porque
não conseguem ter clareza sobre o que gostariam de fazer.
212 FILOSOFIA
um porcentual menor ainda de 1% sonha com “um mundo sem
violência”. Esses resultados desmontam a imagem romântica de
nosso imaginário de que os jovens são contestadores, rebeldes e
politicamente engajados. Na verdade, o que o jovem quer mesmo,
ou disse querer, é emprego e trabalho. Nesse aspecto, seus maiores
Será que vivemos iludidos
sonhos são apenas materiais. Sonham viver uma vida materialmente com o mito de uma
juventude inevitavelmente
melhor da que nós, adultos, estamos lhes proporcionando. Em rebelde, questionadora e
síntese, a pesquisa revelou que os jovens já não estão mais revolucionária?
Sinopse: Billy Elliot (Jamie Bell) um garoto de 11 anos que vive numa
pequena cidade da Inglaterra, onde o principal meio de sustento são as
minas da cidade. Obrigado pelo pai a treinar boxe, Billy fica fascinado
com a magia do balé, ao qual tem contato através de aulas de dança
clássica que são realizadas na mesma academia onde pratica boxe.
Incentivado pela professora de balé (Julie Walters), que vê em Billy
um talento nato para a dança, ele resolve então pendurar as luvas de
boxe e se dedicar de corpo e alma dança, mesmo tendo que enfrentar a
contrariedade de seu irmão e de seu pai com sua nova atividade.
Duração: 111min
Gênero: Drama
Elenco: Julie Walters, Jamie Bell, Jamie Draven, Gary Lewis, Jean
Heywood, Stuart Wells, Nicola Blackwell, Adam Cooper, Mike Elliot
214 FILOSOFIA
Alguns indícios de que alguma coisa não vai bem com os
adolescentes, e isto pode ter origem em uma série de circunstâncias,
não obrigatoriamente no uso de drogas, são apontados por Bucher
(1993): irritabilidade, agressividade, falta de motivação para
o estudo, falta de motivação para o trabalho, troca do dia pela
noite, insônia, falta de motivação para namorar, sair, passear com
amigos, vermelhidão nos olhos, desaparecimento de objetos ou de
dinheiro de casa.
www.saude.gov.br
SÍNTESE
Nesta unidade vimos que a adolescência é influenciada por fatores
individuais, sociais e culturais, e seu estudo adquiriu importância
a partir do pós-guerra, em razão do aumento da população
mundial jovem, bem como pela ampliação da faixa etária com
características da adolescência.
216 FILOSOFIA
desvinculados. Contudo, nem sempre essa capacidade lógica
abstrata garante uma mudança conceitual. Não basta aprender
termos científicos, conhecer as fórmulas; é preciso entender,
dotar de significado, saber relacionar com outros conhecimentos,
de modo construído e elaborado.
218 FILOSOFIA
9 Quais são as mudanças físicas que decorrem da ativação
e funcionamento hormonal nessa fase?
220 FILOSOFIA
Após o estudo desta unidade, verifique o que você conseguiu
aprender, respondendo às questões:
4. Primeira menstruação.
222 FILOSOFIA
PALAVRAS finais
Prezado aluno,
E
speramos que o estudo desta obra tenha trazido contribuições
importantes para você, futuro professor. Acreditamos que
os subsídios teóricos e didático-pedagógicos apresentados
irão auxiliá-lo na sua prática educativa.
Nossas últimas palavras são de estímulo para que você siga sempre
em frente em seu processo de desenvolvimento profissional na
educação.
Priscila Larocca
224 FILOSOFIA
REFERÊNCIAS
226 FILOSOFIA
DELVAL, Juan. A fecundidade da epistemologia de Piaget. In:
TEBEROSKY, Ana; TOLCHINSKI, Liliana. (Dir.) Substractum: temas
fundamentais em psicologia e educação. Trad. De Beatriz Affonso
Neves. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. p. 83 – 118.
228 FILOSOFIA
LAROCCA, Priscila. Problematizando os contínuos desafios da
psicologia na formação docente. In: Psicologia e formação docente:
desafios e conversas. Roberta Gurgel Azzi; Ana Maria Falcão de
Araújo Sadalla, (Org.). São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002.
230 FILOSOFIA
___________. O Juízo Moral na criança. Trad. Elzon Lenardon.
São Paulo, SP: Summus, 1994.
PISANI, Elaine et. al. Psicologia Geral. 5 ed. Porto Alegre: Vozes,
1985.
232 FILOSOFIA
___________. A formação social da mente. 3. ed. Bras. São Paulo:
Martins Fontes, 1989.
Priscila Larocca
Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas –
UNICAMP, onde fez também seu Mestrado em Educação, é autora
de várias obras e artigos científicos nas áreas da Educação, da
Psicologia Educacional e da Formação de Professores. É professora
efetiva da UEPG - Universidade Estadual de Ponta Grossa, desde
1988, atuando nas Licenciaturas e no Curso de Pedagogia. Desde
2002, exerce atividades de pesquisadora e docente no Programa
de Pós-Graduação - Mestrado em Educação da UEPG, onde lidera o
GEPEP – Grupo de Estudos e Pesquisas em Psicologia e Educação. É
pesquisadora da UNICAMP, integrada ao PES – Grupo de Estudos e
Pesquisas em Psicologia e Educação Superior.
236 FILOSOFIA
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Caro Estudante,
No sentido de melhorar a qualidade do material didático, gostaríamos que você
respondesse às questões abaixo com presteza e discernimento. Após, destaque a
folha da apostila e entregue ao seu Tutor. Não é necessário assinar.
Município: ______________________________ Polo: ______________________
Turma: _________ Data: _____/ _____/__________
Responda as questões abaixo de forma única e objetiva
[O] - ótimo, [B] – bom, [R] - regular, [I] - insuficiente