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1ª AULA - 25/01/2010
Toda relação jurídica tem os elementos acima, qual seja, sujeito, objeto e
vínculo. Eles são os elementos componentes da parte geral. A parte Geral funciona
como norma básica das relações privadas.
EX: Casamento, contrato – toda relação jurídica tem sujeito, objeto e vínculo.
A parte geral do direito civil tem aplicação universal. Assim não apenas no âmbito
do direito civil, mas a parte geral do direito civil se aplica as relações privadas, entre
particulares e entre as demais relações, sejam administrativas, trabalhistas etc. Ou seja,
se aplica em outros âmbitos do direito.
EX: O contrato administrativo tem que ter objeto licito.
Histórico
OBS: Até pouco tempo a interpretação do código civil se dava a partir do código civil.
Todo direito civil era interpretado através do código. Porque do Código? Até a ascensão
da burguesia prevalecia o absolutismo (o rei nunca erra). Um dos pilares da revolução
francesa (combater o absolutismo estatal) percebeu-se que era necessário editar um
código civil (visão de Napoleão). Queria tirar o estado e para isso seria necessário editar
o primeiro código civil da era moderna.
A estrutura do direito civil passa por dois momentos de compreensão:
1- 1804, Código Francês (Código Napoleônico)
2- 1896 BGB, código civil alemão.
*Porque Orlando Gomes usou a expressão re(unificar)? Unificação tinha sido com o
código, e a (re)unificação é fora do código. Nenhum código conseguira se manter
incólume com uma sociedade dinâmica, plural. Um único código não consegue reger
todas as relações jurídicas.
NOTA: O código não pode servir como instrumento único do direito civil. Direito civil
é muito maior que qualquer código. Mas, ele ainda é muito importante porque o Direito
civil precisa se sustentar em algo.
OBS: O OCASO DA CODIFICAÇÃO: É o declínio da codificação.
*Como uma lei ordinária consegue se manter incólume por 07 constituições? Essa lei
ordinária é o CC/16. O CC/16 se tornou inconstitucional em face da constituição de 88.
Porém ainda era constitucional nas 07 constituições anteriores. Era constitucional
porque as constituições anteriores não tratavam de direito privado.
88, o direito civil mudou por dentro, cada um dos clássicos institutos foi modificado em
seu conteúdo, tendo que se adequar a norma constitucional.
O texto constitucional passou a se preocupar com o direito civil, tivemos a
constitucionalização do direito civil, movimento por meio do qual as normas do
direito civil passam a ser entendidas conforme o texto constitucional.
Todo sistema está fundado no direito civil que está baseado na constituição. Isso
é chamado de direito civil constitucional.
O código compõe o Direito civil, não mais é o próprio Direito Civil. Antes o
contrato fundava no ‘pacta sunta servanda’, a propriedade era absoluta e perpétua. Tudo
mudou com a constituição. Os valores constitucionais passaram a ser aplicados no
direito civil.
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Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania;
II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
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Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma
sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a
marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes.
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Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social.
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
**Esse movimento de constitucionalização do direito civil quer dizer que são dois
direitos civis? Não. É um só direito civil.
OBS: Os dois movimentos podem estar juntos, porque eles não se confundem. Nesse
caso teríamos a constitucionalização de “braços dados” com a publicização.
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Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de
que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às
necessidades de sua educação.
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
Esta resposta deve ser vista a luz da crise como mudança, da mudança de
paradigmas do direito civil de 1916 para o direito civil constitucional e social trazido
pela constituição de 88.
A família e o contrato são abertos, plurais, solidários e sociais. O conteúdo
de cada um dos institutos do direito civil foi e está sendo alterado, relido em face da
Constituição de 88.
As influências constitucionais são tábua axiológica + normas privadas
específicas, atingindo todas as normas infraconstitucionais, tais como o CC, CDC,
ECA, inquilinato, registros públicos. Todas as normas de direito privado estão
vinculadas à constituição.
Essa vinculação traz a necessidade de produção de um novo CC, isso ocorre em
2002. A Constituição influencia diretamente o CC.
OBS: Agora não se fala mais em aplicabilidade ou não da eficácia horizontal dos
direitos fundamentais porque a doutrina e a jurisprudência são unânimes no sentido de
se aplicar. Vai surgindo temas novos: Já se fala em aplicação de direitos sociais nas
relações privadas.
Previsão legal: Artigo 7º CR/88. Aplicação desse artigo nas relações privadas. Não só
os direitos fundamentais têm eficácia horizontal, mas também os direitos sociais do
artigo 7º CR/88.
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
EX1: Plano de saúde e assistência a saúde. A relação é privada. O plano de saúde tinha
umas clausula limitadora de número de dias de internação. Sumula 302 STJ6.
EX2: Proibição do aumento de mensalidade de forma abusiva.
EX3: Bem de família – aumento de proteção do bem de família.
EX4: Direito a moradia.
**Como ficou o código civil? Como fica o direito civil em meio a esse novo panorama
do código civil? O CC já não é mais o panorama. O CC não é sinônimo do direito civil.
O CC tem o papel de facilitador da interpretação do direito civil. O CC/02 procurou se
antenar nas ondas emanadas da constituição. Estabelecer uma harmonia entre o CC/02 e
as diretrizes da constituição.
O CC/02 não poderia repetir os ideais individualistas e patrimonialistas do
CC/16. O CC/02 estabeleceu novos paradigmas para o Direito Civil. De modo que o
CC/02 estivesse em harmonia com a constituição.
Podemos demonstrar isso da seguinte maneira?
O CC/16 era patrimonialista, individualista. O CC/16 tinha caráter totalitário. O
CC/16 era Direito Civil no todo. Todo Direito civil vinha do Código Civil.
O CC/02 não podia mais estar submetido ao patrimonialismo e a individualização,
assim, mudam-se os valores e os paradigmas.
O CC de 2002 passa a ter 03 novos ideais, 03 novos paradigmas.
1- Eticidade,
2- Socialidade e
3- Operabilidade.
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Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do
poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.§1o O direito de propriedade deve ser exercido
em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de
conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio
ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
EX: Função social da família: Artigo 1.513 CC/029. Estado não pode interferir na vida
da família.
EX. Função social da empresa – É entrada “meia” para estudantes.
EX Função social da empresa: Licença da gestante. Discute-se em aumentar o prazo.
EX Função social da empresa: Lei 10.690/01 – Toda a pessoa jurídica pública ou
privada deve ter adaptação em seus prédios para deficientes.
OBS: Limite ético não tem nada a ver com moral e bons costumes. A eticidade não é
moral pessoal, filosófico, religiosos. Eticidade são valores éticos coletivos. Ética do
convívio social. Não é a ética pessoal (moral, bons costumes).
RESUMINDO:
Operabilidade, socialidade e eticidade são os novos paradigmas do CC/02, são declaratórios e
vieram da constitucionalização do direito civil. Não são constitutivos, pois já existiam e foram trazidos
pela constituição de 88.
O Código Civil está sintonizado nos valores constitucionais.
Todo e qualquer instituto do direito civil tem que ser aplicado e interpretado
consoante a Constituição.
Clausulas gerais (clausulas de conteúdo aberto) – Clausulas cujo conteúdo somente
pode ser definido no caso concreto.
OBS IMPORTANTE: TODA ESSA MOVIMENTAÇÃO (ETICIDADE,
OPERABILIDADE, SOCIALIDADE) VEM ESCRITA POR NOBERTO BOBBIO EM
SEU LIVRO DA ESTRUTURA A FUNÇÃO. BOBBIO ASSINALOU QUE: O QUE
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Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida
instituída pela família.
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Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé.
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
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Artigo5º, §2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do
Brasil seja parte.
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
Constitucional
Supralegal
infraconstitucinal
NOTA: O artigo 7º do Pacto de San Jose da costa rica (recepcionado em sede supra
legal) diz expressamente que não se admitira prisão por divida, salvo a do devedor de
alimentos.
Porem o CC/02 no artigo 65212 diz que é possível a prisão do depositário infiel
pelo prazo de 1 ano.
*Qual prevalece? O CC/02 que permite a prisão do depositário infiel ou o Pacto San
Jose de Costa Rica que não permite a prisão do depositário infiel? O STF já se
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Art. 652: Seja o depósito voluntário ou necessário, o depositário que não o restituir quando exigido
será compelido a fazê-lo mediante prisão não excedente a um ano, e ressarcir os prejuízos.
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
-Mas a prisão civil não está prevista na constituição? O que a constituição diz (Artigo
5º, LXVII15): A constituição excepcionou a prisão civil de devedor de alimentos e do
depositário infiel. A constituição não diz que vai ser preso, mas que pode ser preso. Não
necessariamente será preso. Diz que será na forma da lei. Qual é a forma da lei? O
código.
Por isso, a prisão do depositário infiel se tornou ilícita. Ela não é
inconstitucional, posto estar prevista na constituição.
Se um dia uma emenda resolver regulamentar em sede constitucional a prisão do
depositário infiel ela será repristinada. CUIDADO: Isso ainda não aconteceu. É só uma
suposição.
INTERPRETAÇÃO
Não se esqueça desse tema para o concurso do MP: Diálogo das fontes ou Diálogo de
conexão ou de completamentariedade
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Sumula 619: A PRISÃO DO DEPOSITÁRIO JUDICIAL PODE SER DECRETADA NO PRÓPRIO
PROCESSO EM QUE SE CONSTITUIU O ENCARGO, INDEPENDENTEMENTE DA
PROPOSITURA DE AÇÃO DE DEPÓSITO.
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Sumula Vinculante 25: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de
depósito.
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Art. 5º, LXVII: não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel.
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
*Qual a diferença da norma principio para norma regra? Lembrando que todas são
normas jurídicas. Enquanto a norma regra tem conteúdo fechado, solução
aprioristicamente concebida (solução definida de antemão). Norma princípio tem
conteúdo aberto e a solução é casuística (solução do caso concreto). Direito é fato, valor
e norma (Teoria Tridimensional do direito), logo para Reale princípio é valor. Toda
norma jurídica tem principio e regra.
EX: Artigo 422 CC/0218: Norma Princípio – Só saberemos o que é Boa-fé no caso
concreto
EX: Artigo 448 CC/0219: Norma regra – tem solução definida.
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Enunciado 369: Diante do preceito constante no art. 732 do Código Civil, teleologicamente e em uma
visão constitucional de unidade do sistema, quando o contrato de transporte constituir uma relação de
consumo, aplicam-se as normas do Código de Defesa do Consumidor que forem mais benéficas a este.
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Art. 8º CLT: As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou
contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros
princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito de trabalho, e, ainda, de acordo com os
usos e costumes, o direto comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou
particular prevaleça sobre o interesse público. Parágrafo único. O direto comum será fonte subsidiária
do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste.
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Art. 422: Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé.
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EX: Convenção de condomínio tem norma principio (condôminos devem se tratar com
urbanidade) e norma regra (piscina do condomínio só pode ser usada ate as 22 hs).
Resumindo: A norma jurídica do direito civil pode ser de diferentes categorias. Pode se apresentar no
caso concreto como norma-princípio ou norma-regra.
Norma jurídica (Gênero) = norma-princípio + norma-regra (Espécies)
São normas jurídicas: Constituição, regulamento, portaria, leis, decretos, contratos, convenção de
condomínio etc. é norma jurídica tudo que tem coercibilidade, tudo que obriga ou vincula.
No direito privado toda e qualquer norma jurídica traz os princípios (norma de conteúdo
aberto e valorativo) e regras (norma de conteúdo fechado)
Miguel Reale: o direito é fato, valor (princípio) e norma
Toda norma de direito civil é composta de regra e de princípio.
Toda norma de direito civil tem regra e princípio.
Ao dizer que a norma de direito civil é regra e é princípio. Estou a dizer que todo princípio
tem força normativa. Todo princípio é norma, logo obriga e vincula. O juiz pode decidir com a
aplicação direta do princípio, pois este é norma tanto quanto a regra.
Resumindo: Norma princípio é uma coisa “fofa”, fofa no sentido de amorfa, ou seja,
plástica. A norma princípio tem a forma da água. Ou seja, a norma princípio vai ter a
forma do recipiente onde estiver contida. Logo, o afastamento da norma regra deve ser
episódico, porque está colidindo agora e não necessariamente vai colidir depois em
outro caso concreto.
O princípio tem conteúdo aberto, pode ser que a colisão que se dê agora não se
dê depois.
EX: art. 422 e 448, ambos do CC/02.
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Art. 448: Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade
pela evicção.
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
Aqui temos a evicção: perda de um bem adquirido onerosamente por força de uma
sentença que conferiu o bem a terceiro. A evicção é a coisa mais lógica e ética dentro de
contrato, não posso vender jamais o que não é meu. O que é objeto de litígio.
Celso Antônio Bandeira de Melo “muito mais grave do que violar uma regra é violar um princípio”.
Ao violar um princípio já está a se violar todas as regras.
Prevalece a norma-princípio, mas esta prevalência é episódica e casuística, apenas para o caso
concreto discutido.
A regra quando colide com o princípio é afastada, mas não é eliminada, pois permanece no
sistema.
OBS: os grande constitucionalistas modernos (Paulo Bonavides, Daniel Sarmento, José Afonso da Silva,
Roberto Barroso) trazem o neoconstitucionalismo ou novo constitucionalismo democrático brasileiro,
sempre que houver colisão de norma constitucional com norma infraconstitucional , deve-se interpretar
a norma infraconstitucional de acordo no a norma constitucional – antes do controle de
constitucionalidade fazer a interpretação conforme, ou seja, tente salvar a norma infraconstitucional.
Conferir a norma juridicidade. A interpretação é um mecanismo de constitucionalização das normas, dá
constitucionalidade a norma.
Extinção da propriedade pelo patrimônio o proprietário abandona a coisa e deixa de pagar tributos
por 03 anos, presume-se de modo absoluto o abandono.
Art. 1.276: O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar em
seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, e
passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas
respectivas circunscrições.§ 1o O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias,
poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União, onde quer
que ele se localize.§ 2o Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando,
cessados os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais, respeitado o devido
processo legal (com essa frase por mim incluída, aplica-se a interpretação conforme).
Cessação da posse + parar de pagar tributos por 03 anos = arrecadação do bem pelo poder público,
mais especificamente pela União.
*Esse §2º é constitucional? Há presunção absoluta, isso é constitucional? Resposta: no art. 5º LV, a
constituição garante o devido processo legal no processo judicial e administrativo, assim, para que o
poder público possa adquirir um bem por abandono deve dar direito ao proprietário do contraditório e
da ampla defesa. A interpretação conforme faz com que não se declare este parágrafo inconstitucional,
devendo ser feita uma interpretação conforme com o devido processo legal.
NOTA: A súmula 301 do STJ20 virou lei (artigo 2º-A da lei 8560/92)
Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de
DNA induz presunção juris tantum (presunção relativa) de paternidade.
Direito do pai de uma lado de proteção a integridade física x direito do filho de
conhecer seu verdadeiro pai. (Ponderação de interesses).
Pela súmula a recusa ao exame faz presumir a paternidade, a prova que se quer
produzir prevalece na análise do caso em questão.
*É possível usar prova ilícita no âmbito do direito civil? O STJ não vem admitindo o
uso de prova ilícita no âmbito civil, esquecendo da ponderação de interesses.
EX: médico descobriu que a sua estava praticando adultério, por meio de gravação clandestina, grampo
telefônico. A mulher ministrava Lexotan para as crianças dormirem e com isso poder sair com seu
amante. O médico ajuíza 02 ações tendo como base a prova ilícita: uma de separação e outra de guarda
de filhos.
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STJ Súmula nº 301 - 18/10/2004 - DJ 22.11.2004 - Ação Investigatória - Recusa do Suposto Pai -
Exame de DNA - Presunção Juris Tantum de Paternidade. Em ação investigatória, a recusa do
suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade.
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
Na ação de separação não pode ser usada a prova ilícita, o interesse é puramente entre os cônjuges,
da manutenção do casamento, não precisa do uso de prova ilícita.
Na ação de guarda há a garantia da mulher de não uso da prova ilícita, mas há uma norma
constitucional para proteger o melhor interesse da criança (art. 217, Constituição). Aqui faz-se uma
ponderação de interesses e aplica-se a prova ilícita no direito civil, mesmo entendimento é sustentado
por Marinoni e Nery Jr.
Resposta: STF e STJ não admitem o uso de prova ilícita no direito civil (RMS 53252/GO).
Para o professor a não aplicação da prova ilícita no direito civil para este caso, fere a ponderação de
interesses, afinal, no direito brasileiro não há direito ou interesse absoluto. Todos os direitos podem ser
flexibilizados, no caso concreto, em face da ponderação de interesses.
Em cada caso por meio de princípios buscaremos a solução adequada.
REsp 226.436/PR admitiu-se a relativização da coisa julgada, coisa julgada “secundum eventum
probationis” só passa em julgado a coisa julgada admitida.
fundada em laudo veterinário, e ainda assim, após regular sedação, para que seja evitado
o sofrimento.
ADI 3510 – O PGR propôs a presente ADI contra o artigo 5º da lei 11.105/05,
aduzindo que o art. 5º da CF fala da inviolabilidade do direito à vida, ou seja, a
vida deve ser protegida em qualquer circunstância, não podendo manipular um
embrião humano. Contudo, esta ADI foi julgada improcedente, ou seja, O STF
considerou o art. 5º dessa lei constitucional.
EMENTA:
CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI DE BIOSSEGURANÇA.
IMPUGNAÇÃO EM BLOCO DO ART. 5º DA LEI Nº 11.105, DE 24 DE MARÇO DE 2005 (LEI
DE BIOSSEGURANÇA). PESQUISAS COM CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS.
INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO DIREITO À VIDA. CONSITUCIONALIDADE DO USO DE
CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS EM PESQUISAS CIENTÍFICAS PARA FINS
TERAPÊUTICOS. DESCARACTERIZAÇÃO DO ABORTO. NORMAS CONSTITUCIONAIS
CONFORMADORAS DO DIREITO FUNDAMENTAL A UMA VIDA DIGNA, QUE PASSA PELO
DIREITO À SAÚDE E AO PLANEJAMENTO FAMILIAR. DESCABIMENTO DE UTILIZAÇÃO DA
TÉCNICA DE INTERPRETAÇÃO CONFORME PARA ADITAR À LEI DE BIOSSEGURANÇA
CONTROLES DESNECESSÁRIOS QUE IMPLICAM RESTRIÇÕES ÀS PESQUISAS E TERAPIAS
POR ELA VISADAS. IMPROCEDÊNCIA TOTAL DA AÇÃO. I - O CONHECIMENTO CIENTÍFICO,
A CONCEITUAÇÃO JURÍDICA DE CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS E SEUS REFLEXOS NO
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DA LEI DE BIOSSEGURANÇA. As "células-tronco
embrionárias" são células contidas num agrupamento de outras, encontradiças em cada
embrião humano de até 14 dias (outros cientistas reduzem esse tempo para a fase de
blastocisto, ocorrente em torno de 5 dias depois da fecundação de um óvulo feminino
por um espermatozóide masculino). Embriões a que se chega por efeito de manipulação
humana em ambiente extracorpóreo, porquanto produzidos laboratorialmente ou "in
vitro", e não espontaneamente ou "in vida". Não cabe ao Supremo Tribunal Federal
decidir sobre qual das duas formas de pesquisa básica é a mais promissora: a pesquisa
com células-tronco adultas e aquela incidente sobre células-tronco embrionárias. A
certeza científico-tecnológica está em que um tipo de pesquisa não invalida o outro,
pois ambos são mutuamente complementares. II - LEGITIMIDADE DAS PESQUISAS COM
CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS PARA FINS TERAPÊUTICOS E O CONSTITUCIONALISMO
FRATERNAL. A pesquisa científica com células-tronco embrionárias, autorizada pela Lei
n° 11.105/2005, objetiva o enfrentamento e cura de patologias e traumatismos que
severamente limitam, atormentam, infelicitam, desesperam e não raras vezes
degradam a vida de expressivo contingente populacional (ilustrativamente, atrofias
espinhais progressivas, distrofias musculares, a esclerose múltipla e a lateral
amiotrófica, as neuropatias e as doenças do neurônio motor). A escolha feita pela Lei
de Biossegurança não significou um desprezo ou desapreço pelo embrião "in vitro",
porém u'a mais firme disposição para encurtar caminhos que possam levar à superação
do infortúnio alheio. Isto no âmbito de um ordenamento constitucional que desde o seu
preâmbulo qualifica "a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a
igualdade e a justiça" como valores supremos de uma sociedade mais que tudo
"fraterna". O que já significa incorporar o advento do constitucionalismo fraternal às
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CONCEPÇÕES DE PESSOA:
Como regra associar o conceito de pessoa à personalidade não está errado, pois
dentro da análise geral esses conceitos são indissociáveis.
Assim, sujeito é gênero; pessoa é espécie; pessoa é uma qualificação jurídica, não
sendo uma qualificação natural e essa qualificação jurídica decorre da
personalidade, que é uma atribuição do ordenamento jurídico, ou seja, é o
ordenamento jurídico que outorga a personalidade e tira a personalidade.
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
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Observamos ainda que até mesmo direito à reparação por dano moral em
favor do nascituro já foi admitido pelo Superior Tribunal de Justiça:
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5 – CAPACIDADE DE DIREITO -
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
Todas as vezes que escutar a palavra INCAPAZ não tem haver com a
capacidade de direito, tem haver com a capacidade de fato.
Art. 3 cc/02 – “...de exercer pessoalmente os atos da vida civil”. Não está
dizendo que a pessoa não possa exercer os atos da vida civil, está dizendo
que ela não pode fazer sozinha. Assim, o incapaz exerce atos, somente não
exerce sozinho ou exerce com restrições.
Por esta razão as pessoas incapazes acabam tendo um tipo de proteção.
Significa que INCAPAZ é uma pessoa que merece proteção.
Desta forma, quando falamos de INCAPAZES nós temos 2 grupos, pq essas
pessoas não tem autonomia, por isso os atos da vida civil exigem proteção:
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
Art. 1177 e ss do CPC. Assim, a pessoa só vai ser tratada como incapaz (se
maior de 18 anos) mediante prévia interdição.
Decorre de uma interferência nos exercícios dos atos que pode ser feita de 3
formas:
a) Representação: é um mecanismo de substituição do incapaz. A vontade
do representado é substituída pela vontade do representante, é utilizada
para os absolutamente incapazes. Figura no negócio jurídico apenas o
representante e a outra parte, certo que o representado não faz parte do
negócio pq ele é totalmente substituído.
b) Assistência – mecanismo de intervenção conjunta. Os 2 participam do
negócio.
c) Autorização – Nós temos uma aprovação, ou seja, uma chancela. A
vontade é do incapaz, mediante uma autorização. Ex: Casamento, quem
decide se vai casar ou não é o incapaz + ele precisa de uma autorização.
A autorização pode ser suprida – suprimento judicial. Já na representação
e assistência não tem suprimento judicial.
É uma forma de suprir a incapacidade, ela não supre idade e sim incapacidade. Desta
forma, quando há a emancipação a pessoa deixa de ser incapaz + se para algum ato da
vida civil for necessária a idade, mesmo emancipado não se terna apto a este ato.
A menoridade, à luz do Novo Código Civil, cessa aos 18 (dezoito) anos completos,
quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil (art.5º).
Vale lembrar que esta redução aos 18 anos reverberou (não necessariamente para impor
modificação na legislação especial) nos âmbitos penal, processual, previdenciário, e,
especialmente, no direito de família, no que tange ao pagamento de pensão alimentícia.
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
Decisão unânime tomada com base em voto da ministra Nancy Andrighi, presidente da
Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, definiu que, para deixar de pagar
pensão alimentícia, o pai não necessita entrar com uma ação autônoma própria. Pode
fazer o pedido nesse sentido até mesmo dentro do processo de investigação de
paternidade cumulada com alimentos movida contra ele pela filha maior. A decisão do
STJ foi tomada durante o julgamento de um recurso especial oriundo de Minas Gerais
em que o contador S. B., de Belo Horizonte, foi condenado a pagar três salários
mínimos de pensão à sua filha maior, T. C. da C., universitária de 24 anos. Julgada
procedente pelo Tribunal de Justiça do Estado a ação de investigação de paternidade
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
cumulada com alimentos, o pai efetuou o pagamento das prestações alimentícias, mas
requereu a exoneração do pagamento em razão de a filha já haver atingido a maioridade,
estando, portanto, extinto o pátrio poder.
O pedido do pai foi negado em razão de o TJ/MG haver entendido que, para exonerar-se
do dever de pagar a pensão alimentícia à sua filha maior, o pai teria que entrar com uma
ação própria, autônoma, em que fosse permitida a ambas as partes a produção de ampla
prova.
O pai alega que o dever de prestar alimentos que lhe foi imposto tem por único
fundamento o fato de sua filha ser menor de idade à época da decisão judicial que lhe
reconheceu o direito, condição que se alterou, pois hoje, já com 24 anos, atingida a
maioridade, não mais faz jus aos alimentos.
desde que o menor haja completado dezesseis anos (art. 5º., parágrafo único, I, primeira
parte, CC-02). A emancipação é ato irrevogável, mas os pais podem ser
responsabilizados solidariamente pelos danos causados pelo filho que
emanciparam. Esse é o entendimento mais razoável, em nossa opinião, para que a
vítima não fique sem qualquer ressarcimento.
A emancipação judicial é aquela concedida pelo juiz, ouvido o tutor, se o menor contar
com dezesseis anos completos (art. 5º, parágrafo único, I, segunda parte, CC-02). Posto
isso, passaremos a analisar as hipóteses de emancipação legal. A primeira hipótese é o
casamento (art. 5º, parágrafo único, II, CC-02 e art. 9º, § 1º, II, CC-16). Recebendo-se
em matrimônio, portanto, antecipam a plena capacidade jurídica, mesmo que venham a
se separar ou a se divorciar depois.
Interessante é a questão do menor com dezesseis anos completos emancipado por força
de uma relação de emprego. Trata-se de previsão legal inovadora. Nesse caso,
entendemos que, ainda que venha a ser demitido, não retorna à situação de
incapacidade, em respeito ao princípio da segurança jurídica.
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
Não havia previsão no cc/16, sendo introduzida através do cc/02, certo que RAM
tratados como hipóteses de ausência.
A morte presumida, ao contrário da ausência, não existe prazo para se declarar a morte,
bem com o não existe a sucessão provisória e definitiva, podendo ir direito para o
inventário, podendo ir diretamente extrair uma certidão de óbito, diferentemente da
ausência, que não pode.
A legislação é tão clara que raramente os tribunais superiores são acionados para julgar
conflitos relacionados ao tema, que majoritariamente são solucionados nas instâncias
ordinárias. O conceito de morte e seus efeitos jurídicos estão elencados no novo Código
Civil, que trata de duas hipóteses distintas: a morte presumida com a decretação da
ausência e a morte presumida sem a decretação da ausência.
São diversos dispositivos. O artigo 7º do Código determina que pode ser declarada a
morte presumida sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte
de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito
prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único:
A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida
depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data
provável do falecimento.
O artigo 6º do Código Civil dispõe que a existência da pessoa natural termina com a
morte; presume-se esta quanto aos ausentes nos casos em que a lei autoriza a abertura
de sucessão definitiva. O artigo 22 estabelece que, desaparecendo uma pessoa do seu
domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a
quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou
do Ministério Público, declarará a ausência e nomear-lhe-á curador.
Em tragédias aéreas, como a ocorrida recentemente com o avião da Air France que caiu
no Oceano Atlântico, a Justiça vem aplicando conjuntamente os artigos 7º do Código
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
Civil e 88 da Lei dos Registros Públicos para declarar a morte presumida sem a
decretação de ausência. Tal declaração substitui judicialmente o atestado de óbito.
Pois bem, a legislação pátria aponta a solução para casos tais não desamparando os
dependentes do segurado neste momento tão difícil.
Pensão por Morte - Definição : Como se sabe, a pensão por morte é um benefício
previdenciário devido ao conjunto de dependentes do segurado, enquanto durar a
situação de dependência. A Lei 8.213/91, em seu artigo 16, juntamente com a lei
9.032/95, elenca quem são beneficiários, na condição de dependentes do segurado no
RGPS, e para efeitos didáticos, apresentam-se da seguinte maneira:
- 2ª classe: os pais; ou
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
Importante salientar, ainda, que, enquanto a dependência econômica dos que figuram na
1ª classe é presumida, os que estão nas outras classes devem comprová-la.
A pensão por morte é devida aos dependentes a partir da morte do segurado, estivesse o
"de cujus" trabalhando ou aposentado. Se o pedido para o benefício for feito pelos
dependentes após 30 (trinta) dias do óbito, será devido a partir da data do requerimento
(e não da data do óbito), salvo no caso de dependentes incapazes (uma vez que não
corre prescrição contra incapazes).
Pode ter duração definitiva (quando ocorrer a morte real do segurado), ou provisória (no
caso de morte presumida).
Morte presumida pode operar-se de duas maneiras: 1) Por decisão judicial, após 6 (seis)
meses de ausência do segurado; 2) Através de prova do desaparecimento do segurado,
após catástrofe, desastre ou acidente.
- Na hipótese de morte real: a partir do óbito, quando a pensão for requerida pelo
dependente maior de 16 (dezesseis) anos, até 30 (trinta) dias depois; ou pelo dependente
menor até 16 (dezesseis) anos, até 30 (trinta) dias após completar essa idade.
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
Relembra-se que se o benefício for requerido após os prazos acima, será devido a partir
do seu pedido (e não da data do óbito). Nesse caso, não será devido qualquer valor
anterior à data do requerimento (todavia, a data do início do benefício será a data do
óbito, aplicando-se os respectivos reajustamentos até a data do início do pagamento).
Sendo considerada presumida a morte por decisão judicial, a data do benefício será a
data do óbito, aplicados os reajustamentos até a data de início dos pagamentos (efeito ex
nunc). Nesse caso, não serão devidos quaisquer valores referentes ao período anterior à
data de entrada do requerimento, salvo na hipótese da existência de menor (quando será
observada a condição de não ser nova habilitação de dependente a pensão anteriormente
recebida, hipótese essa em que o menor fará jus ao recebimento apenas de sua quota
parte, se for o caso, tão somente ao período anterior à concessão do benefício).
Mas, algumas dúvidas práticas surgem: O que acontece se o de cujus reaparecer? Onde
é processada a ação para comprovar a ausência do segurado para fins de recebimento da
pensão por morte - na Vara de Família ou na Justiça Federal?
Deve-se esclarecer, porém, que para fins previdenciários, a declaração de ausência para
administração de bens e sucessão (prevista no Código Civil e no Código Processual
Civil) não se confunde com a da que objetiva o recebimento da pensão por morte.
Dessa maneira, a ação a ser proposta perante a Justiça Federal tendente a conseguir a
decisão de morte presumida segue o rito especial inominado de jurisdição voluntária,
descrito nos artigos 1.103 a 1.112 do Código Processual Civil Brasileiro. Essa ação não
terá como resultado uma condenação direta do INSS para pagamento do mencionado
benefício previdenciário, mas apenas servirá para substituir a ausência de documento
público, demonstrando o óbito do segurado enquanto este estiver ausente.
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
- Boletim de Ocorrência;
- Outros semelhantes.
Vale destacar que se o pedido for concedido administrativamente, aquele que recebe a
pensão tem de apresentar a cada seis meses documento informando sobre o
andamento do processo de desaparecimento, até que seja emitida a certidão de óbito.
II - É relativamente incapaz aquele que por causa transitória não puder exprimir
sua vontade.
Errado. É absolutamente incapaz aquele que por causa transitória não puder exprimir
sua vontade, Art. 3º, III.
III - A morte presumida não pode ser declarada sem a decretação da ausência.
Errado, pois a morte presumida pode ser declarada sem a decretação da ausência nos
casos citados no artigo 7o, do Código Civil.
COMORIÊNCIA – art. 8º
É importante, pois pode ou não estabelecer direitos sucessórios. Ela só vai ocorrer
quando 2 pessoas sucessíveis entre si (EX: pai e filho – um é herdeiro do outro) vem
falecer em um evento e não se tem como precisar quem faleceu primeiro.
Se morreram ao mesmo tempo não se transmite direitos sucessórios, ou seja, não há
sucessão entre os comorientes.
Enquanto a premoriência e a pós-moriência devem ser comprovadas, a comoriência é
presumida. Assim, na dúvida de quem tenha falecido primeiro, o Código presume o
falecimento conjunto, sendo regra que, os comorientes não herdam entre si. Deve-se
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
QUESTÃO:
Antônio, casado em segunda núpcias pelo regime de comunhão universal de bens com
Benedita, tendo no 1º casamento 1 filho, Carlos, considere que Benedita possui, mãe
viva Darcy. Adimita-se que Antônio e Benedita viajavam no mesmo avião que caiu,
provocando a morte de todos os ocupantes.
B) A quem caberá os bens caso Benedito tenha falecido um minuto antes de Antônio?
Desta forma, caso Ântônio e Benedita morram simultaneamente, 50% dos bens vai para
Darcy e 50% para Carlos.
Caso Benedita morra antes de Antônio, dos 50% dos bens do casal, pertencentes a
Benedita 25% irão para sua mãe, Darcy e 25% para Antônio (que possui os outros
50%). Com a posterior morte de Antônio, que era proprietário de 50% do patrimônio do
casal, e herdou 25% de Benedita, transmitirá a seu filho Carlos 75% dos bens do casal.
DIREITOS DA PERSONALIDADE
Exemplo: uma criança recém-nascida pode ser sujeito de direitos, mas não tem
capacidade.
O condomínio edilício pode titularizar relações jurídicas, pode ser parte no processo,
contribuinte, contratante e consumidor? Consoante o art. 12 do CPC o condomínio
pode estar em juízo, e, além disso, titulariza relações jurídicas.
Pontes de Miranda já insurgia contra a teoria da personalidade, pois pode ser sujeito de
direitos, mesmo sem ter personalidade.
Hoje temos uma necessidade de rever a teoria, pois ter personalidade jurídica não
significa ser sujeito de direito. Exemplo: Massa falida e condomínio.
O condomínio pode requerer a adjudicação do bem imóvel que está sendo executado
pela falta de pagamento de taxa condominial. Neste caso é necessário fazer a lavratura
de registro especial em nome do condomínio.
Ser sujeito de direitos significa ter uma tutela mínima da personalidade.
Ter personalidade jurídica significa ter direito da personalidade.
A capacidade é atribuída a determinada pessoas que podem exercer algumas
pessoalmente (capacidade plena), outras que não podem exercer (capacidade jurídica
limitada)
Esse raciocínio é tirado do art. 1º do CC.
CAPÍTULO I
DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE
Essa pessoa pode ser natural ou jurídica (art. 40 cc/02), mas não só essas. Toda pessoa
(natural e jurídica é capaz, além, de outros entes a quem se confira capacidade, quais
sejam, os entes despersonalizados.)
A capacidade não decorre da personalidade.
O que ocorre da Personalidade é a proteção básica do direito de personalidade.
Hoje a categoria mais importante do direito civil são os direitos da personalidade. Os
direitos da personalidade formam a categoria fundamental do direito de personalidade.
Ter personalidade não é ser sujeito, mas ter direito de personalidade.
A 2ª e 3ª teoria dizem a mesma coisa, mas utilizando prismas distintos. A 3ª teoria está
adequada ao Código de 1916, mas a 2ª teoria é mais adequada ao CC 2.002.
PS: Esse projeto de lei virou a lei dos alimentos gravídicos -: LEI Nº 11.804, DE 5 DE
NOVEMBRO DE 2008.
Diante de tais ensinamentos, dúvidas não restavam de que a tendência apontada pela
doutrina e jurisprudência[4] era é o reconhecimento à mãe gestante da legitimidade para
a propositura de ações em benefício do nascituro. Fato jurídico que foi socorrido e se
fez consagrado pela nova legislação alimentícia através da Lei 11.804/08.
Abrilhanta a Lei de Alimentos Gravídicos a desejada proteção da pessoa humana e dos
direitos fundamentais consagrados na Carta Magna, correspondendo-os ao sistema do
direito privado, gerando a via tão desejada do direito civil-constitucional, considerando
assim um grande avanço da legislação pátria.
A nova legislação entra em contato com a realidade social facilitando a apreciação dos
requisitos para a concessão dos alimentos ao nascituro, devendo a requerente convencer
o juiz da existência de indícios da paternidade, desta forma, este fixará os alimentos
gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da
parte autora e as possibilidades da parte ré.
Note-se que os critérios para a fixação do valor dos alimentos gravídicos são os mesmos
hoje previstos para a concessão dos alimentos estabelecidos no art. 1694 do Código
Civil: a necessidade da gestante, a possibilidade do réu - suposto pai -, e a
proporcionalidade como eixo de equilíbrio entre tais critérios.
Outro aspecto interessante da nova lei é o período de condenação ao pagamento dos
alimentos gravídicos que se restringe a duração da gravidez, e com o nascimento, com
vida, do nascituro, eles se convertem em pensão alimentícia. Leva-nos, em ordem
contrária, como nos indica a boa justiça, a afirmar que caso haja a interrupção da
gestação, tal é o fato de um aborto espontâneo, por exemplo, extingue-se de pleno
direito os alimentos de forma automática. Isso porque não abrangem os alimentos
gravídicos o disposto na recente Súmula 358 do STJ, que dispõe sobre "o
cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à
decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos".
Vislumbra-se através da Lei de Alimentos Gravídicos a busca incessante pela dignidade
da pessoa humana, pessoa esta considerada desde a sua concepção. Alcança a nova
legislação alimentícia as características atinentes a repersonalização do Direito Civil, a
conseqüente despatrimonialização do Direito de Família e a responsabilização efetiva da
parentalidade.
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
Fonte: http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=467
Nati-morto, se não nascer com vida não adquire os direitos patrimoniais, mas terá
direitos da personalidade. Desde a concepção tem direitos da personalidade. Assim,
terá direito a nome, registro e a sepultura. É a tutela jurídica do nati-morto.
O nascituro também possui tais direitos, devendo ser enquadrado como pessoa. Aquele
que foi concebido mas não nasceu possui personalidade jurídica formal: tem direito à
vida, à integridade física, a alimentos, ao nome, à imagem. Conforme bem salienta
César Fiúza, professor da UFMG, sem dúvidas que faltou coragem ao legislador em
prever tais direitos expressamente (Código Civil Anotado. Coordenador: Rodrigo da
Cunha Pereira. Porto Alegre: Síntese, 1ª Edição, 2004, p. 23). Mas como a lei põe a
salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro, somos filiados aos concepcionistas
(art. 2º do CC).
Assim, não seria mais correta a afirmação de que o nascituro tem apenas expectativa de
direitos. Já a personalidade jurídica material, relacionada com os direitos
patrimoniais, essa sim o nascituro somente adquire com vida.
Direitos da personalidade II
Ter personalidade hoje é ser sujeito de direito e ter direito fundamental, ter
proteção elementar dos direitos de personalidade.
Consoante o art. 5º, todo médico é obrigado a guardar os embriões por prazo de 02
anos, após este prazo deve consultar os interessados, que nem sempre serão pai e mãe,
podendo ser doador de óvulo, não tendo interesse haverá o descarte, que é o
encaminhamento para pesquisa de célula-tronco.
Dizia-se nesta ADI que não era o citado artigo compatível com a Constituição por estar
negando ao tubo de laboratório os direitos de personalidade. O STF entendeu que este
artigo é compatível com a constituição independente de nova lei. É possível fazer
pesquisa com células-tronco, pois ali (embrião no tubo de ensaio) não há direito de
personalidade. O embrião laboratorial não tem direito de personalidade.
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
Outro exemplo: bem de família e lei 11.382/06, modificou o art. 649 do CPC e
estabeleceu o conceito de mínimo existencial para fins de bem de família
(imóvel + moveis que guarnecem o lar). Apenas os bens móveis para manter o
padrão médio de vida digna, os imóveis estão plenamente protegidos.
Mesmo que o bem de família seja único pode ser penhorado se ultrapassar o
padrão médio de vida digna.
O Presidente vetou a parte da lei que aplicava este padrão médio de vida digna para os
bens imóveis, assim, a casa continua impenhorável. Assim, o conceito de dignidade se
amoldou com perfeição apenas aos bens móveis. Os imóveis são o único bem
totalmente protegido. O veto do presidente da república se deu a pedido do presidente
do Senado José Sarney, alguém no Maranhão tem uma enorme dívida com um banco e
poderia ter sua casa penhorada para pagar dívidas. A lei ficou incoerente, pois, a
sistematização, a ratio da lei seria moldar a dignidade ao bem de família, fato que foi
mitigado.
A pessoa que possui o bem altamente valioso pode alegar a impenhorabilidade?
Ela pode, mas a dignidade da pessoa humana também é aplicada ao credor.
Nessa toada, a referida lei aduziu que o devedor somente terá a impenhorabilidade dos
bens do imóvel até o limite do padrão médio de uma vida digna (nem muito e nem
pouco)
No último concurso da AGU caiu uma questão sobre a aplicação da dignidade da pessoa
humana e as uniões homoafetivas. O servidor pediu a inclusão de seu companheiro para
todos os fins, previdenciários e etc. Dê um parecer como procurador da união a luz do
princípio da dignidade humana (devem ser considerados os 3 caminhos da dignidade).
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação
voluntária.
1- Intransmissível
2- Irrenunciável
Os direitos de personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, que são espécies do
gênero indisponíveis.
Este artigo quis dizer que os direitos de personalidade são indisponíveis.
Os direitos de personalidade admitem restrição voluntária (FALSO). Salvo quando
houver exceção prevista na lei.
Os direitos de personalidade são indisponíveis, mas admitem restrição voluntária
quando prevista em lei.
Os direitos de personalidade são relativamente indisponíveis, admitindo a restrição
voluntária nos casos previsto em lei.
Exemplo: Doação de órgãos, de sêmen e de sangue.
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
O ato de disposição dos direitos de personalidade não pode ser absoluto. O ato de
disposição é um ato de disposição relativo. Neste sentido está o enunciado 4 da jornada
de direito civil do STJ. “Os direitos de personalidade podem sofrer restrição
voluntária desde que não seja permanente e geral”.
Os direitos de personalidade podem sofrer restrição voluntaria, pq são relativamente
disponíveis (intransmissível e irrenunciável), dentro de determinados parâmetros e
limites.
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
O direito de exigir reparação (indenização por dano moral) transmite-se com a herança.
Mas essa transmissão se dá nos limites da força da herança. Isso não significa que o
direito foi transmitido a eles; o que passou foi a possibilidade de se reclamar a
reparação pecuniária pela violação ao direito da personalidade.
Obs. Eles não são irrepetíveis – a irrepetibilidade não tem a ver com os direitos da
personalidade. As relações obrigacionais são, em regra, repetíveis, restituíveis, a fim de
se evitar o enriquecimento sem causa, exceto algumas obrigações previstas em lei
irrepetíveis (alimentos). Ex. os tributos são, em regra, repetíveis.
O homem que prestou alimentos e depois descobre que o filho não é dele, não pode
exigir de volta o que pagou.
Os direitos da personalidade não são nem repetíveis nem irrepetíveis, porque eles
não possuem conteúdo econômico. Além disso, eles são inusucapíveis (não se
adquirem pelo decurso do tempo - prescrição aquisitiva, até porque eles não sofrem os
efeitos da prescrição).
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
Proteção Preventiva:
No CC 16 estávamos acostumados com a tutela genérica. Sempre que houvesse
violação ou ameaça convertia-se em perdas e danos. No entanto determinados direitos
não podem ser convertidos em perdas e danos, exigindo um mecanismo mais efetivo e
eficaz. Daqui surge a tutela especifica de direitos. Trazida para o Brasil em 1994
por LG Marinoni. A proteção reparatória não é suficiente. A tutela reparatória é
insuficiente para garantir os direitos de personalidade, pois não tem condições e
mecanismos de proteção efetiva da personalidade. Esta fica órfã e desprotegida com
esta única tutela, pois o bem jurídico não é recomposto. A vítima não quer dinheiro, a
vítima quer que seu direito seja restabelecido.
No caso da Carolina Dieckman x Pânico na TV, o advogado dela pleiteou uma tutela
preventiva, do art. 461 do CPC.
Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer
ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o
pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do
adimplemento. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) (permite qq espécie de
tutela especifica, seja, inibitoria, ressarcitória ou reintegratória – conhecido com as
tutelas do art. 461) (Criou o Poder Geral de Efetivação – o juiz pode criar tutelas não
típicas)
Dento do art. 461 existem uma infinidade de tutelas: sejam inibitórias, sub-
rogatórias, de restrição de direitos etc. O rol do art. 461 é meramente
exemplificativo, o juiz pode conceder toda e qualquer providência que se mostre
necessária ao caso concreto.
Art. 461, § 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado
prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as
medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
A título de tutela especifica o §5º do art. 461 diz que o rol é exemplificativo, permitindo
o CPC o uso de toda e qualquer providência.
Exemplo: A atriz Carolina Dieckman pleiteou uma multa diária, não funcionou, o
advogado pediu a substituição da tutela especifica, juiz concedeu a mudança para além
da multa diária, uma restrição de aproximação de 200 m. Novamente o juiz substituiu
falando que o Pânico não pode falar o nome dela no programa, sob pena de retirada do
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
programa do ar, aqui foi encontrada uma tutela especifica que garantiu a preservação
efetiva dos direitos da personalidade.
O limite da tutela especifica é o respeito aos direitos fundamentais. O juiz pode tudo
ao conceder a tutela específica menos violar direitos fundamentais.
Tutela Reparatória
A tutela reparatória se materializa pela indenização por dano moral. Aqui há a
consubstanciação e materialização da forma de proteção material do direito de
personalidade. O Dano moral é resultante da violação do direito de personalidade.
Toda violação do direito de personalidade gera o dano moral.
O dano moral não se relaciona com a dor, vexame, sofrimento. O Dano moral não
é um sentimento negativo. Mas, efetivamente uma violação do direito de
personalidade de modo que todo dano moral é resultado da violação do direito de
personalidade.
As hipóteses de dano moral são exemplificativas. No final das contas o dano moral é
a violação da dignidade da pessoa humana, pois os direitos de personalidade, que geram
os danos morais, estão ancorados na dignidade da pessoa humana.
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
O sentimento negativo não é idôneo para gerar o dano moral, o dano moral depende da
violação da personalidade. O simples e puro resultado do dano negativo, dor e vexame,
não é suficiente para gerar dano moral.
Exemplo: No Bradesco uma fila demorada, esta fila demorada por si só não ofende a
dignidade do titular. É um aborrecimento e gera um sentimento negativo, mas não gera
dano moral por si só. Mas, na fila do Bradesco o cliente ejaculou no outro cliente, neste
caso houve violação da dignidade da pessoa humana, aqui houve dano moral.
O Dano moral nada mais é do que a violação aos direitos da personalidade. Em
sendo assim o dano moral é a violação da honra, da imagem, da privacidade, da
integridade física etc. (O rol é exemplificativo).
O dano moral se caracteriza pela violação de um dos aspectos da dignidade da pessoa
humana. A repercussão negativa é irrelevante para a caracterização do dano moral, mas
importante para a fixação do quantum devido.
Súmula: 37 SÃO CUMULAVEIS AS INDENIZAÇÕES POR DANO MATERIAL E
DANO MORAL ORIUNDOS DO MESMO FATO.
Leading case: Foto da Maitê Proença seminua publicada por um jornal de Domingo.
Pleiteou uma indenização por violação da imagem e uma indenização por violação a
honra. O TJ Rio deu apenas a indenização por uso indevido a imagem, que gera dano
moral, não podendo ser dado outra indenização por dano moral; STJ ela faz jus a tantas
indenizações quanto forem os bem jurídicos violados. STJ reconheceu uma
duplicidade de violação e a necessidade de reparação de todos os bens jurídicos
violados. Houve violação da imagem e da honra subjetiva. Poderão ser pleiteadas uma
indenização para cada direito da personalidade violado.
No que diz respeito a violação do direito de personalidade com a reparação do dano
moral, temos um enriquecimento da matéria, pois a violação da personalidade gera o
dano moral.
Por fim, o dano moral pode ocorrer mesmo sem qualquer dano ou prejuízo
material; basta a violação a um direito da personalidade (que como foi dito, não
possuem conteúdo patrimonial). Por isso, no caso de inserção de nome no SPC, mesmo
que a pessoa não sofra nada, se tiver o seu nome inserido irregularmente, sofreu dano
moral porque o seu nome foi violado.
Punitive Damage
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No direito brasileiro o dano moral não tem caráter punitivo, mas apenas caráter
reparatório por sua co-relação com o direito de personalidade, independentemente do
sentimento negativo. Não há no direito brasileiro o punitive damage, por isso a
indenização por dano moral é baixa no direito brasileiro.
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as
ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: (Redação dada
pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
l - ao meio-ambiente;
ll - ao consumidor;
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
Assim, O dano moral individual é cobrado pela vitima, o coletivo é cobrado pelos
legitimados para ação civil pública (art. 5º da LACP)
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos
da personalidade.
No que couber: apesar da pessoa jurídica não dispor de integridade física e psíquica ela
dispõe de proteção ao direito de personalidade.
Não só a pessoa natural possui tais direitos, mas também a pessoa jurídica, regra
expressa do art. 52 do novo Código Civil, que apenas confirma o entendimento
jurisprudencial anterior, pelo qual a pessoa jurídica poderia sofrer um dano moral, em
casos de lesão à sua honra objetiva, com repercussão social (Súmula 227 do STJ).
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O art. 13 do novo Código veda a disposição de parte do corpo, a não ser em casos de
exigência médica e desde que tal disposição não traga inutilidade do órgão ou
contrarie os bons costumes.
Aliás, quanto à situação do transexual, pessoa que tem a forma de um sexo (masculino),
mas a mentalidade de outro (feminino), muito já evoluiu a jurisprudência.
Hoje é comum que seja deferida a realização da cirurgia de mudança de sexo em nosso
País, havendo julgados determinando a mudança de nome e registro do transexual,
entendimento esse que merece aplausos. Diante da dignidade da pessoa humana, não se
pode defender qualquer tipo de discriminação quanto à opção sexual.
STJ - RECURSO ESPECIAL Nº 1.008.398 - SP (2007/0273360-5)
Relatora: MINISTRA NANCY ANDRIGHI
“Assim, tendo o recorrente se submetido à cirurgia de redesignação sexual, nos termos
do acórdão recorrido, existindo, portanto, motivo apto a ensejar a alteração para a
mudança de sexo no registro civil, e a fim de que os assentos sejam capazes de cumprir
sua verdadeira função, qual seja, a de dar publicidade aos fatos relevantes da vida
social do indivíduo, forçosa se mostra a admissibilidade da pretensão do recorrente,
devendo ser alterado seu assento de nascimento a fim de que nele conste o sexo
feminino, pelo qual é socialmente reconhecido.”
Deve, pois, ser facilitada a alteração do estado sexual, de quem já enfrentou tantas
dificuldades ao longo da vida, vencendo-se a barreira do preconceito e da intolerância.
O Direito não pode fechar os olhos para a realidade social estabelecida, notadamente
no que concerne à identidade sexual, cuja realização afeta o mais íntimo aspecto da
vida privada da pessoa. E a alteração do designativo de sexo, no registro civil, bem
como do prenome do operado, é tão importante quanto a adequação cirúrgica,
porquanto é desta um desdobramento, uma decorrência lógica que o Direito deve
assegurar.
Sobretudo, assegurar ao transexual o exercício pleno de sua verdadeira identidade
sexual consolida, sobretudo, o princípio constitucional da dignidade da pessoa
humana, cuja tutela consiste em promover o desenvolvimento do ser humano sob todos
os aspectos, garantindo que ele não seja desrespeitado tampouco violentado em sua
integridade psicofísica. Poderá, dessa forma, o redesignado exercer, em amplitude,
seus direitos civis, sem restrições de cunho discriminatório ou de intolerância, alçando
sua autonomia privada em patamar de igualdade com os demais integrantes da vida
civil. A liberdade se refletirá na seara doméstica, profissional e social do recorrente,
que terá, após longos anos de sofrimentos, constrangimentos, frustrações e dissabores,
enfim, uma vida plena e digna.
De posicionamentos herméticos, no sentido de não se tolerar “imperfeições” como a
esterilidade ou uma genitália que não se conforma exatamente com os referenciais
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DIREITO CIVIL – LFG - Intensivo II
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DOMICÍLIO – art. 70
Domicílio: Tem um aspecto + estável e é regulamentado pelo legislador (ao contrário
da residência e moradia que não tem regulamentação na lei), ou seja, é o local onde a
pessoa se encontra com animo definitivo (vontade e intenção), ou seja, onde ela
concentra as sua relações em determinado lugar (onde ela trabalha, vive, votaonde ela
concentra toda a sua história e toda a sua vida), não é só onde a pessoa mora, pois ela
pode residir em um local e morar em outro.
A pessoa pode morar em um lugar e ter domicílio em outro. EX: posso trabalhar no Rio,
dar aula no RJ e ter a minha residência em Friburgo que é onde eu moro, onde eu durmo
e para onde eu vou quando não estou trabalhando.
Geralmente as pessoas são residentes e domiciliadas no mesmo lugar.
FATO JURÍDICO
O fato jurídico pode ser NATURAL ou HUMANO (fato jurídico em sentido estrito).
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*Fato Jurídico NATURAL que não interferência humana, ou seja, da vontade que o
homem não tem controle, pode ser: ORDINÁRIO (corriqueiros e comuns): EX:
nascimento, morte, decurso do tempo (prescrição e decadência)
ou
*Fato Jurídico HUMANO pode ser: ATO JURÍDICO : É um fato jurídico humano, ou
seja, + do que isso, podemos inclusive colocar um requisito, qual seja, LICITUDE, pq
temos classificações no sentido de fatos jurídicos humanos em contrariedade a lei, ou
seja, ILÍCITOS.
OBS: DIVERGÊNCIA: alguns autores dizem que o ATO ILÍCITO NÃO SERIA
FATO JURÍDICO, certo que seria FATO ANTIJURÍDICO. Não há corrente
predominante. Caio Mário diz que o fato é jurídico e o ato é que não está de acordo com
o mundo jurídico, sendo um ATO ANTIJURÍDICO OU ILÍCITO.
Obs: nos 2 casos eu posso ter os efeitos previstos na norma. No caso do AJPD TODOS
os efeitos estarão na norma e as partes não tem nenhuma liberdade em alterar esses
efeitos, ou seja, ou elas aderem integralmente ou não praticam este ato.
Já o negócio jurídico pode ter efeitos, e terá a maioria previstos na norma, mas existe
uma certa liberdade negocial, uma certa possibilidade em transacionar aqueles efeitos.
REGRAS DE INTERPRETAÇÃO
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TERMO: Art. 131 a 135. É uma data. A doutrina e a lei conceituam o termo como uma
cláusula que subordina os efeitos do NJ a um evento FUTURO e CERTO que subordina
os efeitos do negócio jurídico. Assim eu posso colocar a data de início dos efeitos do NJ
e a data de término de produção desses efeitos, isto é, TERMO INICIAL e TERMO
FINAL.
Não confundir com prazo, pois este é o LAPSO TEMPORAL existente entre um termo
e o outro termo.
É um evento futuro pq ele ainda virá e certo quanto a sua existência. – PQ É UMA
DATA!!!
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quando o nascituro nascer com vida ele adquire o bem, com essa condição suspensiva,
ou seja, se ele vier a nascer. Não começa a produzir os efeitos pq não há uma pessoa
para receber esse bem, pq isso os seus efeitos ficarão suspensos. No dia em que ele
nascer com vida, implemeta-se os efeitos desse negócio jurídico, mesmo se ele morrer
logo a seguida
Condição ilícita – Art. 123 - Ex: quando vc matar fulano eu lhe dou uma casa.
Condições impossíveis, são condições inexistentes – que contém cláusula que há
impossibilidade de se realizar. Ex: eu dou uma casa a vc se até 2011 vc viajar a lua.
ENCARGO – NÃO PRECISA SER FUTURO PODE SER IMEDIATO E NÃO TEM
INCERTEZA, POIS ELE É ABSOLUTAMENTE CERTO. É uma cláusula que
estabelece e impõe uma obrigação ou um ônus para alguém que deseja receber algo em
seu benefício. Algo que o sujeito suposta para receber algo.
Art. 136, 137 e 555 CC.
Ex: eu vou efetuar uma doação de um terreno + se vc quiser esse terreno deve suportar o
encargo x, ou seja, de um canil, por ex.. Se vc assina e concorda com o encargo vc
receberá a doação.
As pessoas confundem com a condição, pq por ex, eu dou algo a vc SE vc concordar,
que dá a idéia de incerteza, ou seja de uma condição, porém não é isso, pq aqui já é
imediato e certo, diferentemente da condição que é futuro e incerto.
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São aqueles que são da sua natureza, ou seja, precisam estar presentes para que o
negócio jurídico exista.
Os elementos são: Existência – Validade – Eficácia
REQUISITOS DE EXISTÊNCIA:
Para o NJ existir é preciso: Sujeito, objeto e vínculo( o que vincula os sujeitos na
relação jurídica, primeiro é o consentimento, em segundo é a própria forma que deve
ser obedecida para a realização do NJ)
REQUISITOS DE VALIDADE:
Quais são:
Sujeitos CAPAZES – CAPACIDADE (OBS: ter sujeito é existência, ser capaz é
validade)
Objeto POSSÍVEL, LÍCITO, DETERMINADO ou DETERNÁVEL (nas obrigações de
fazer ou de dar coisa incerta)
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uma pessoa que já nasce doente, em outros casos, o vício aparece depois do nascimento,
não gerando nulidade ou anulabilidade, gera extinção que é diferente de anulação.
É por essa razão que um dos antigos defeitos do vício do consentimento foi retirado
deste capítulo e colocado em outro capítulo do Código Civil, pq ele não era um vícil
sanável e estava sendo tratado como se fosse, qual seja, SIMULAÇÃO, sendo agora
tratada como causa de nulidade.
Com exceção da fraude contra credores que é um vício social, São vícios que
incidem sobre o consentimento emitido pelo agente, o qual realiza negócio jurídico
que não lhe é benéfico, ou lhe é prejudicial.
ERRO ou IGNORÂNCIA
Art. 138 a 144 – é uma falsa percepção da realidade.
Ex: em uma joalheria vc compra um anel de ouro com pérola, pg pelo preço de jóia, aí
vc vê depois que a pérola está descascando, aí vc consulta alguém de sua confiança e
constata que não era pérola. Se vc soubesse que não era pérola não teria comprado uma
peça pelo alto preço se assim não fosse. É caso de ERRO ESSENCIAL, pois o erro foi
contra a essência do NJ.
Essencial – vem de essência, ou seja, é uma coisa fundamental, que é um requisito
de EXISTÊNCIA. O erro essencial é o que se refere aos elementos de
EXISTÊNCIA, que no caso se deu em razão ao objeto. , art, 139, I
Ex: vc contrata um “belo” fotógrafo para o seu aniversário. Vc o contrata pq ele tem
uma bela propaganda e vários books. Depois quando ele entrega as fotos, vc percebe
que era melhor ter tirado elas na sua máquina, pq elas teriam uma melhor resolução. No
caso de vc descobrir que aquele pessoa não era um profissional é um erro existencial
sobre a pessoa, art. 139, II.
Art. 138 – erro substancial – é a mesma coisa que erro essencial, ou seja, é com
relação aos elementos de existência do negócio jurídico.
Nesse passo, cumpre ressaltar que, dada a necessidade de estabilização das relações
jurídicas, não se anula negócio jurídico por vício de vontade se o erro que deu lastro à
vicissitude alegada não for essencial e escusável.
É essencial o erro que, dada a sua magnitude, teria o condão de impedir a celebração da
avença, se dele tivesse conhecimento um dos contratantes, desde que relacionado à
natureza do negócio, ao objeto principal da declaração de vontade, a qualidades
essenciais do objeto ou pessoa ou, se for erro de direito, ao motivo único ou principal do
negócio (art. 139 do CC/02). Por outro lado, é tido como escusável o erro decorrente da
falsa representação da realidade própria do homem mediano, perdoável, no mais das
vezes, pelo desconhecimento natural das circunstâncias e particularidades do negócio
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jurídico. Vale dizer, para ser escusável o erro deve ser de tal monta que qualquer pessoa
de inteligência mediana o cometeria.
Nesse passo, colho o valioso magistério do professor Francisco Amaral:
"Erro essencial, também dito substancial, é aquele de tal importância que, sem ele, o
ato não se realizaria. Se o agente conhecesse a verdade, não manifestaria vontade de
concluir o negócio jurídico. Diz-se, por isso, essencial porque tem para o agente
importância determinante, isto é, se não existisse, não se praticaria o ato.
(...)
Mas, além de essencial , deve o erro ser desculpável , insto é, não pode ser
conseqüência da culpa ou falta de atenção daquele que alega o erro para tentar anular
o ato que praticou, para o que concorrem diversas condições, como a idade, a
profissão e a experiência do agente". (Direito civil: introdução . 6 ed. Rio de Janeiro:
Renovar, 2006, pp. 493/495)
Também na mesma linha é a valiosa doutrina de Caio Mário: "A doutrina acrescenta
ainda que somente é de se considerar o erro escusável , não afetando o negócio,
quando o agente procede sem as cautelas normais, ou seja tal que não o cometeria um
indivíduo de inteligência comum. Já o direito romano o consagrava: "ignorantia
emptori prodest quae non in supinum hominem cadit" (a ignorância que recai sobre um
homem astuto favorece o comprador). A esculpabilidade do erro que não é requisito
harmonicamente admitido, pois há escritores, como Oertmann, que a consideram
despicienda, deve ser apreciada em cada caso, mas submetida sempre a um critério
abstrato orientador, que consiste em perquirir se seria suscetível de ser evitado se o
agente houvesse procedido com cautela e prudência razoáveis em um indivíduo de
inteligência e conhecimento normais, relativamente ao objeto do negócio jurídico".
(Instituições de direito civil. vol. I. Rio de Janeiro, Forense, 2007, p. 522)
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OBS: Advogado não pode alegar erro em contrato. Quando o artigo 138 fala em “pessoa
de diligência normal”, quer dizer que não está se referindo a um expert , pois se for não
poderá alegar o erro.
DOLO
É um artifício utilizado por uma das partes para enganar a outra e fazer com que a outra
manifeste a sua vontade. (ardil, estratagema)
É a idéia do 171 do CP do estelionatário.
Ex: vc quer vender o seu carro e ele tem um buraco em baixo e vc esconde isso. É o
dolo pq vc vende um veículo como se ele estivesse adequado e em bom estado de
conservação e não está, pois vc esconde o defeito.
É uma forma de enganar o outro e prejudicá-lo, isso é má-fé, pq a Boa-fé de hoje é a
objetiva, ou seja, é a conduta clara, honesta, leal, transparente, onde vc não esconde
nada.
Esse é o chamado pela doutrina de dolus malus que é o contrário do chamado dolus
bônus que hoje não é + tratado no cc/02 e é considerado como uma exaltação , ou seja,
a mera exaltação do produto sem que seja mentira, o que não causa nulidade. pq se
mentir vira má-fé.
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DOLO POR OMISSÃO – art. 147 - Ex: Se eu me calo para enganar alguém.
DOLO DE TERCEIRO – art. 148 – Ex: vc pede para um amigo meio tranbiqueiro
para mostrar a sua casa que vc pretende vender pq vc não estará na cidade. Esse seu
amigo não terá nenhum benefício, porém ele acha que terá algum benefício. Depois o
comprador descobre que foi induzido a fazer o negócio, só que o imóvel está
completamente podre. Será que vc, o dono do imóvel será responsabilizado pelos atos
de seu amigo meio tranbiqueiro?
Art. 148 – se a parte que se beneficia soubesse do dolo ou ela deveria saber.
Assim, como vc sabia da fama desse seu amigo, vc poderia ter pedido para outra pessoa
mostrar o imóvel, pois coisa boa não viria dele.
Não adianta falar da boa-fé subjetiva, ou seja, “eu não tive a intenção, pq esta foi do
meu amigo”, porém o legislador não se preocupa com a intenção e sim com a ação.
Desta forma, não foi vc quem fez + quando vc mandou aquela pessoa mostrar o imóvel
vc deveria imaginar que ela iria aprontar algo, pq ela sempre apronta. Assim, o NJ será
anulado, pq vc se beneficiou e poderia prever.
Já se vc não soubesse ou não pudesse ter conhecimento, ainda que subsista o NJ, o 3º
responderá por todas as perdas e danos a parte que foi ludibriada, porém o NJ
continuará a existir e valer.
PROCURADOR – às vezes esse 3º tem uma procuração sua para agir em seu nome.
Assim seria pelo art. 149 – é quase uma teoria da aparência, pois vc responde por quem
vc elegeu para ser o seu procurador. Assim, neste caso, o legislador presume que vc
deveria saber pq vc deu poderes a essa pessoa, sendo devedor SOLIDÁRIO.
DOLO BILATERAL – art. 150 - Os 2 querem se “dar bem”. Ninguém pode querer
anular o NJ alegando em seu benefício à própria torpeza, pois o legislador só protege
quem age de boa-fé.
DOLO ACIDENTAL – art. 146 - somente se refere a elementos que não são da
essência do NJ. Significa que o dolo acidental não se refere a uma qualidade ou uma
característica essencial do NJ. Acidental significa que é um elemento opcional, que não
interfere na celebração, que mesmo ele existindo nós iríamos contratar da mesma
maneira. Ex: carro que tem um pequeno arranhão bobo que nem dá pra ver, e quando eu
vou ver o carro o vendedor tampa este pequeno arranhão. Assim, é natural que esse
carro usado tenha um arranhãozinho, pois a atuação do vendedor não influenciou vc a
comprar esse carro, não viciou a sua vontade.
Particularidades do dolo
Apenas o dolo essencial autoriza anulação do negocio isso porque o dolo periférico/
acidental gera como conseqüência a possibilidade de se pleitear perdas e danos, mas não
a desconstituição do negocio jurídico.
COAÇÃO
Art. 151 a art. 155. pressão psicológica exercida sobre alguém com a ameaça de um mal
grave e iminente, para que a vítima pratique um negócio não desejado.
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Até a onde posso falar que existe coação – Lembrar daquela idéia do estado de
necessidade do CP, onde existem momentos em que vc toma decisões sem pensar pq
alguém te ameaça, ou a sua família, ou o seu patrimônio. Ex: Se vc não celebrar esse
negócio foi colocar fogo na sua casa e essa pessoa já está com tudo pronta para isso. É
preciso um FUNDADO TEMOR de DANO ATUAL ou IMINENTE.
Art. 156- situação decorrente da necessidade de salvar uma vida, em que o agente
assume obrigação excessivamente onerosa e desproporcional.
Não é salvar qq coisa e sim VIDA. A palavra ASSUME significa que desde o início.
Obs: Não confundir Estado de Perigo (156) e lesão (157) com resolução por
onerosidade excessiva (478). Lembrar das pessoas doentes: a que nasce doente e a que
nasce saudável e fica doente depois. No caso da que nasce doente agente poderia
enquadrar num contrato que é celebrado em estado de perigo ou lesão. Nos 2 casos o
contrato nasceu com uma doença. Diferentemente da resolução por onerosidade
excessiva, onde o contrato nasceu saudável, mas ao longo da sua existência adquiriu
essa doença chamada onerosidade excessiva, que representa um desequilíbrio entre as
partes.
O problema é que esse problema grave em que a bilateralidade do contrato está
comprometida foi ocasionado desde a celebração ou se foi posterior a sua celebração.
Se for POSTERIOR – será resolução por onerosidade excessiva
Se for NA CELEBRAÇÃO - será anulação
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Pode acontecer de ele em dolo disser que vai salvar seu filho se vc der o seu carro e a
casa para ele. Vc não vai nem pensar vc vai aceitar o que for para que ele salve o seu
filho. Ele até merece um valor + esse valor é desarrazoável pelo “serviço”.
EX: Vc está na rua com seu pai e ele tem um ataque do coração, ai é levado para o
hospital e antes de antende-lo, lá no hospital já pedem para vc preencher um formulário
e dar um cheque em branco. Não é que vc não tenha que pg o hospital, deve pg pelo
serviço prestado e não um cheque em braço, pois este pode ser preenchido qq valor, aja
vista que vc deve pg por uma prestação equivalente a que foi realizado o atendimento e
não se aproveitar do momento difícil e cobrar 10 vezes o valor do serviço prestado.
OBS: Destaque - §2º 157 – convalidação – Muitos autores falam que da mesma maneiro
poderíamos estabelecer um raciocínio analógico da convalidação pro estado de perigo ,
desde que se pague o valor correto
Ainda que vc celebre esse NJ com estado de perigo ou lesão, se a pessoa, depois, se
oferece para realizar aquela prestação por um valor justo, não há anulação, pq o vício,
ou seja, a desproporção foi sanada. Só vai existir a anulação por motivo de
desproporção.
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158 a 165 CC – redução patrimonial realizada de forma dolosa pelo devedor, com o
objetivo de prejudicar seus credores.
Ex: tem bens de 500 mil e dívida de 200 mil. Se vc doa 200 mil não é fraude contra
credores pq vc ainda tem como pg a sua dívida. Aí vc doa 100 mil, ainda não é fraude,
não dá para presumir ainda, vc teria que provar, pq ainda resta o suficiente para quitar as
dívidas. Diferentemente se vc fizer agora uma doação de 200 mil, aí sim é fraude, pois
vc está dilapidando o seu patrimônio e não terá como pg.
Se vc tiver 200 mil, sendo 100 de dívida e vc vende 100 mil, para dizer que é fraude
contra credores é preciso avaliar a questão, mais sem dúvida se esses 100 mil não forem
utilizados para quitar a dívida já será fraude contra credores, pois se for vender os
outros 100 mil vai ficar sem nada e vai virar DEVEDOR INSOLVENTE .
Repare, diferentemente de tudo o que foi estudado não existe vício na manifestação de
vontade, o que existe é um VÍCIO SOCIAL, onde vc realiza um ato para prejudicar
alguém de forma dolosa, não há que se falar em manifestação equivocada de
consentimento.
Portanto, a fraude contra credores ainda está mal colocada no código pq ela não é um
defeito no consentimento.
Destaque:
Art. 159 - contratos onerosos
Em se tratando de ação anulatória (pauliana) para tornar sem efeito negócio jurídico, há
litisconsórcio necessário entre todos os que participaram do ato, porquanto a sentença
será, necessariamente, a mesma em relação às partes litigantes.
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Neste sentindo o STJ, no REsp. 506.312/MS, entende que a sentença da Ação Pauliana
é meramente declaratória, não gerando anulação do negócio jurídico, mas a
retirada parcial de sua eficácia em relação a determinados credores.
São também causas de extinção da ação o pagamento (pelo devedor, terceiro adquirente
ou qualquer outro interessado), a renúncia, a confissão e o fim da insolvabilidade do
devedor por fato superveniente.
Fraude contra credores é matéria de direito material. Consta de atos praticados pelo
devedor, proprietário de bens ou direitos, a título gratuito ou oneroso, visando a
prejudicar o credor em tempo futuro. O credor ainda não ingressou em juízo, pois a
obrigação pode ainda não ser exigível. A exteriorização da intenção de prejudicar
somente se manifestará quando o devedor já se achar na situação de insolvência. O
credor deve provar a intenção do devedor de prejudicar (eventum damni) e o acordo
entre o devedor alienante e o adquirente (consilium fraudis). Os atos praticados em
fraude contra credores são passiveis de anulação por meio de ação apropriada,
denominada ação pauliana a que se refere o artigo 161 do Código Civil. Os bens
somente retornam ao patrimônio do devedor (e ficarão sujeitos à penhora) depois de
julgada procedente a ação pauliana.
assim, a boa-fé quando da aquisição do bem. 3. 'O CTN nem o CPC, em face da
execução, não estabelecem a indisponibilidade de bem alforriado de constrição
judicial. A pré-existência de dívida inscrita ou de execução, por si, não constitui
ônus 'erga omnes', efeito decorrente da publicidade do registro público. Para a
demonstração do 'consilium' 'fraudis' não basta o ajuizamento da ação. A
demonstração de má-fé, pressupõe ato de efetiva citação ou de constrição judicial
ou de atos repersecutórios vinculados a imóvel, para que as modificações na ordem
patrimonial configurem a fraude. Validade da alienação a terceiro que adquiriu o bem
sem conhecimento de constrição já que nenhum ônus foi dado à publicidade. Os
precedentes desta Corte não consideram fraude de execução a alienação ocorrida
antes da citação do executado alienante' (EREsp 31.321/SP, Rel. Min. Milton Luiz
Pereira, DJ de 16/11/1999). 4. A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que
o terceiro que adquire veículo de pessoa diversa da executada, de boa-fé, diante da
ausência do registro da penhora junto ao DETRAN, não pode ser prejudicada pelo
reconhecimento da fraude à execução. 5. Desnecessidade de apreciação da
constitucionalidade da norma legal discutida (art. 185 do CTN), mas, sim, adequá-la ao
caso concreto. Decisão tomada com base em inúmeros precedentes desta Corte. 6.
Agravo regimental não-provido." (AgRg no REsp. 924.327/RS, Rel. Min. JOSÉ
DELGADO, DJU 26.06.07).
Diz a súmula 375 do STJ: "O reconhecimento da fraude de execução depende do registro da penhora do
bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.
NULIDADES
SIMULAÇÃO - Antes era tratada como vício do consentimento, porém nunca foi,
sendo uma causa de NULIDADE. É um vício social.
Ato simulado = ato falso
Espécies:
· Simulação absoluta: ocorre a pratica de um único negocio falso sem qualquer efeito
jurídico
· Simulação relativa (dissimulação): ocorre a pratica de dois negócios, um simulado e
outro dissimulado.
O negocio dissimulado na simulação relativa é valido.
EFEITOS – Art. 169 – não produz pq é nulo. Diz que não há prazo prescricional, muito
embora o + correto tecnicamente é dizer que NÃO HÁ PRAZO DECANDENCIAL, pq
não se trata de prescrição + sim de decadência. Assim, não há prazo para requerer a
nulidade absoluta, sendo imprescritível.
EFEITO: art. 177 1ª parte - ex-nunc, ou seja, nunca retroagem, já que a nulidade ela
não tem validade alguma, a não ser quando declarada por sentença.
PRAZOS: art. 178(4 anos) a 179 (prazo genérico de 2 anos quando a lei não estabelecer
prazo específico)
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
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