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RESUMO
Este trabalho objetivou analisar e comparar os dados de um trocador de calor casco e tubo que aquece o óleo de
licuri para a produção de biodiesel utilizando dois simuladores computacionais. Esse simulador escolhido irá ser
utilizado na simulação desta produção em escala industrial. Os simuladores foram: ASPEN PLUS V8.8 e STT
1.0. Para fazer este estudo foi necessário definir o modelo termodinâmico, sendo utilizado o NRTL, inserir os
dados de corrente de alimentação e de processo. Visando a minimização dos custos e o aumento da troca térmica
do trocador de calor, foi verificado que o programa computacional ASPEN PLUS V8.8 apresentou valores mais
satisfatórios em relação ao simulador de trocadores tubulares 1.0, como: a necessidade de um menor número de
tubos, maior fluxo de calor e menor fator de incrustação, em comparação ao programa STT 1.0.
1 INTRODUÇÃO
Para uma boa produção do biodiesel a partir do óleo de licuri, se faz necessário o controle de
temperatura do óleo. O aquecimento da corrente desse óleo deverá atingir uma temperatura de
50º C (máximo), pois logo após a esta etapa ocorrerá uma mistura reacional com o metóxido
de potássio.
O equipamento usualmente utilizado para este fenômeno é conhecido como trocador de calor
(INCROPERA, 2008). As aplicações estão na realização de transferência de calor para
aquecer a corrente de óleo de licuri na produção de biodiesel industrial, como a equipe
propõe, onde há empresas particulares que utilizam o processo do óleo de licuri para a
produção de cosméticos e sabão, devido a sua composição de ácidos graxos de cadeia média,
proporcionar uma excelente penetração cutânea (BONDAR, 1942).
Além disso, outro recurso muito utilizado nos dias de hoje são os simuladores computacionais
comerciais, que pode ser utilizado para a projeção de novas unidades industriais, a otimização
de processos, treinamentos de pessoas (operadores e engenheiros) e controle de perturbações
em vários pontos do processo.
Existem vários programas nessa área, mas para estudos desse artigo utilizou-se o ASPEN
PLUS e o STT 1.0 (simulador de trocadores tubulares). O STT é um software gratuito onde
realiza cálculos de trocadores de calor utilizando o método de Kern, que faz a análise do
fluido presentes no casco do trocador por defletores, fazendo uma melhora no seu diagnóstico
sobre um feixe de tubos ideal. Porém essa análise desconsidera os efeitos de correntes, sobre a
transferência de calor e perda de carga, conduzindo a uma análise aproximada. Este programa
possui uma base de dados que informa as propriedades dos fluidos, dimensões dos tubos, por
exemplo, facilitando o seu uso e reduzindo a entrada de dados. Já o ASPEN Plus é um
software computacional licenciado muito utilizado na indústria química para a simulação de
equipamentos de uma ou várias plantas industriais.
Um exemplo de empresa muito famosa, a Braskem, houve melhorias dos seus lucros da
planta de produção de etileno ao realizar mudanças operacionais, otimizando em tempo real a
mesma, aumentando a produção de etileno e reduzindo as perdas químicas de alto valor,
utilizando o sistema Aspentech. (SILVA, Marcia. Gerência BRASKEM).
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 METODOLOGIA
Para projetar e simular o aquecimento do óleo de licuri para a produção de biodiesel, foi
utilizado dois programas computacionais comerciais e acadêmico, ASPEN PLUS V8.8 e o
STT 1.0 (simulador de trocador tubulares), respectivamente. O primeiro simulador a ser
utilizado foi o ASPEN PLUS V.8.8, com uma interface robusta e completa. Inicialmente
foram inseridas as composições das substâncias envolvidas no processo, como mostrado na
tabela 1.
ÓLEO DE LICURI
NOME %
Caprílico 24,68
Cáprico 13,94
Laúrico 36,43
Mirístico 7,15
Palmítico 3,98
Esteárico 3,05
Oleíco 4,08
Linoleíco 1,02
ÁGUA
1%
Fonte: (CREPALDI et al., 2001)
Logo após, foi escolhido o modelo termodinâmico NRTL, que é o mais adequado para
misturas de álcoois graxos (BARBOSA, 2012). Sempre que necessário tem que se buscar
informações através da literatura, para as análises termodinâmicas, antes de qualquer
simulação, afim de obter resultados mais próximos à realidade. E então foi selecionado o
trocador de calor HeatX (modelo GEN-HT), montando assim um fluxograma do equipamento
com suas entradas e saídas do processo, como solicitado pela própria plataforma. Como
mostra a figura 1.
Figura 1 – Fluxograma do processo no ASPEN PLUS V8.8.
Fonte: Própria
ÁGUA
Temperatura de entrada (ºC) 60
Pressão de entrada (atm) 1
Vazão (kg/h) 1200
ÓLEO DE LICURIÓLEO DE LICURI
Temperatura de entrada (ºC) 20
Pressão de entrada (atm) 1
Vazão (kg/h) 2000
Fonte: Própria
DADOS DO PROCESSO
ÁGUA
Densidade (kg/m3) 1000
Viscosidade (µPa.s) 574,4439
Condutividade térmica (mW/m.K) 640,0660
Calor específico (kJ/kg.K) 4,1809
Temperatura de entrada (ºC) 60
Pressão de entrada (atm) 1
ÓLEO DE LICURI
Densidade (kg/m3) 956
Viscosidade (µPa.s) 5,733
Condutividade térmica (mW/m.K) 132,4
Calor específico (kJ/kg.K) 2,72008
Temperatura de entrada (ºC) 20
Pressão de entrada (atm) 1
Fonte: Própria
O modelo de estudo escolhido foi casco e tubos (figura 5), tendo a opção de escolher também
os trocadores bitubulares, caso seja realizado projetos nesse tipo de permutador de calor, além
de optar por apenas duas unidades de medida (Sistema Internacional e Inglesa), o que
desvaloriza um pouco o software, já que no ASPEN PLUS, pode-se escolher inúmeros tipos
de unidades de medidas.
Fonte: Própria
Após coloca-se os dados das propriedades termodinâmicas, tanto no fluído dos tubos, quanto
no fluído do casco, onde precisam de estudos dependendo de qual fluido ou processo a ser
utilizado, como mostrado na figura 6 e 7.
Fonte: Própria
Figura 7 – Coleta de dados termodinâmicos do fluido nos cascos.
Fonte: Própria
O programa solicita a coleta de informações estruturais do trocador de calor de referência,
como especificações dos tubos, comprimento dos tubos, diâmetros interno e externo,
geometria dos passos, número de passagem e afastamento (PT), etc., conforme mostra a figura
8.
Fonte: Própria
2.2 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Fonte: Própria
O layout do trocador de calor, pode ser gerado apenas por figuras através da plataforma
Aspen plus.
Figura 10 – Layout do trocador de calor projetado
Fonte: Própria
Foi gerado o gráfico de do comportamento das temperaturas dos fluidos quente e frio ao longo
do trocador do calor.
Figura 11 - Comportamento da temperatura do trocador de calor projetado
Fonte: Própria
Após a simulação nos dois programas computacionais, foi possível coletar alguns dados
importantes para a análise obtendo os resultados que são mostrados na tabela 4. Foram
considerados os valores do ASPEN PLUS V.8.8 como de referência, pois ele tem um índice
de confiabilidade maior na indústria e ter muitos anos de desenvolvimento (CAI, 2017), por
ser mais utilizado na simulação industrial de grandes empresas como por exemplo a Braskem.
O segundo ponto foi em relação ao fluxo de calor e área de troca térmica. Pois juntos
proporcionam o aumento da taxa de transferência de calor entre os fluidos. Em contrapartida a
temperatura de saída do fluido frio foi satisfatório no ASPEN PLUS V8.8 e STT, obtendo
valores 49,2515 ºC e 50,01 °C, respetivamente. Sendo que o valor esperado para a utilização
para a produção do biodiesel era de 50 ºC (visto diversas fontes analisadas, que essa é a
temperatura máxima que o biodiesel tem que está).
Além disso, o fator de incrustação também foi convincente nos dois programas. Mudaram-se
os arranjos de tubos para passos quadrados, onde houve uma diferença de erros significativos
em relação aos de passos triangulares. Cada vez que se aumentava o número de passes nos
tubos, observou que modificava dois fatores importantes em relação ao custo (número de
tubos) e a eficiência em taxa de transferência de calor (taxa de troca térmica), como segue no
gráfico 1 e 2.
10
6
Erro %
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Passes
Fonte: Própria
Dando além disso, uma atenção especial aos de passos quadrados que obteve erros bem
menores comparados aos de passos triangulares em se tratando dos quesitos de custos e
eficiência do trocador de calor.
50
40
30
Erro %
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Passes
Fonte: Própria
Em aspecto geral de comparação de dados entre os dois simuladores foi feito um cálculo de
erro médio para observar as divergências ou convergências entre os dados e o resultado
adquirido foi de 10,45%, considerado nesse processo de análise acadêmica como satisfatório.
3 CONCLUSÃO
A comparação dos simuladores em questão foi bastante útil para observar as discrepâncias
entre os dados apresentados pelos dois, ao que sinalizavam as condições para obtenção do
óleo aquecido na produção de biodiesel. Desta forma, foi possível perceber quais os dados
que devem ser utilizados para realizar o projeto de um trocador de calor para uma planta
industrial de produção de biodiesel a partir do óleo de licuri.
O erro médio calculado foi considerado aceitável, pois obteve-se uma porcentagem
relativamente baixa. Mas, tendo noção do nível de confiabilidade do ASPEN PLUS V8.8, em
termos industriais (por ser mais difundido e ter muitos anos de desenvolvimento nas grandes
empresas industrias para simulação das suas plantas) (CAI, 2017), sugere-se então o uso do
programa STT 1.0 apenas para início de projeto sem intenção de aplicar diretamente à
indústria. Sendo o escolhido para analises pequenas de trocadores tubulares atrelado ao ensino
acadêmico.
Apesar da diferença dos dados obtidos nos dois programas, o objetivo principal do processo
foi alcançado, pois resultados foram muitos próximos das condições esperadas para atingir o
aquecimento exato de 50º C, visto que na maioria das fontes pesquisadas o óleo de licuri tem
que está no máximo a essa temperatura para obtenção do biodiesel.
Por menor questões de custo, melhor eficiência, troca térmica, menor quantidade de tubos
damos credibilidade ao programa ASPEN PLUS V8.8 por apresentar esses melhores valores
comparados ao programa STT 1.0 (simulador para trocadores tubulares) e pelo fato do mesmo
ser mais utilizado em escala industrial.
4 REFERÊNCIAS
CAI, Z.; WANG, J.; CHEN, Y.; XIA, L.; XIANG, S. The development of chemical process
simulation software according to cape-open. Chemical Engineering Transactions, vol. 61,
2017.
SOUZA, Monique Silveira. Análise térmica de um trocador de calor do tipo casco e tubos
para resfriamento do resíduo de uma unidade de destilação atmosférica. 2013.