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ENTREVISTA

FLÁVIO ROCHA
OS MOTIVOS QUE
TRANSFORMARAM O
EMPRESÁRIO NO GRANDE
DEFENSOR DE TEMER

SÓ AQUI
O ADVOGADO QUE
PÔS NEYMAR NO PSG
A MORTE DOS
NIGHTCLUBS

CARNE DE
TUCANO
OQUEFHC
COME
EMPARIS

ROBERTO MEDINA:
COMO A MALANDRAGEM
EM UMA CAMPANHA
DE UÍSQUE AJUDOU
A CRIAR O ROCK IN RIO
MODA
ADOTE NO DIA A DIA
OS LOOKS DOS
PRINCIPAIS ASTROS
DO FESTIVAL
Colaboradores

BRUNO ASTUTO
JORNALISTA
Engana-se quem acha que é só
no Brasil que os nightclubs estão
em crise. O fenômeno cruza
oceanos, como explica Bruno
Astuto na reportagem Fim de
Festa?. “Realmente conversei
com os reis da noite do mundo
inteiro dos últimos 40 anos!”
O resultado ficou incrível, sem
nenhuma falsa modéstia.

MIRO
FOTÓGRAFO
O paulista de Bebedouro fotografa desde os
anos 1970. É unanimidade em campanhas
publicitárias e editoriais de moda.
Mas faltava a ele um ensaio com rappers.

MARI RIOS
Se você gosta de vê-la
cantar e gostou das fotos,
certifique-se de assistir ao
vídeo sensacional da musa
em gq.globo.com

“O ensaio de
moda com os MAIS, POR FAVOR
novos nomes do Já conhece o Globo+? O
hip hop brasileiro
me devolveu aplicativo reúne o melhor
a vontade do portfólio de revistas e
de fotografar jornais do Grupo Globo –
editoriais. Fiz com entre eles, GQ. Disponível
grande prazer. As
imagens exalam para Android e iOS.
personalidade, e
é exatamente isso
o que procuro
no momento.”
MAURÍCIO
PLANEL
SEBASTIAN ILUSTRADOR
PALMER É dele toda a
FOTÓGRAFO linguagem visual da
Habituado a seção Diálogos desde
colaborar com a GQ a última edição.
no mundo inteiro, o “Achar as pontes “AUTORREPRATO”
inglês foi escalado visuais corretas para Jefferson Rueda e outros
FOTOS ARQUIVO PESSOAL; REPRODUÇÃO

para apresentar o leitor conectar chefs preparam o prato que


em imagens texto e ilustração é melhor descreve cada um
as posições da um desafio. Mas a e que define, ingrediente
superioga para a busca por imagens a ingrediente, sua
reportagem que em enciclopédias personalidade. Você precisa
abre a seção Corpo compensa. É sempre assistir à série de vídeos.
desta edição. uma diversão.”

@ Brasil

14 II II SETEMBRO 2017
Índice

COSTUME HUGO BOSS R$ 3.745 | CAMISA BRANCA D-AURA R$ 365 | CAMISA ESTAMPADA ÁGUA DE COCO R$ 399 |
SAPATOS CHRISTIAN LOUBOUTIN R$ 5.190 | MEIAS ALTAI COMPANY R$ 45 | CHAPÉU PLAS R$ 300
26 | COLABORADORES + NO SITE

122
28 | CARTA DO EDITOR
152 | EXPEDIENTE

Essencial
33 | MUSA
Barbara Fialho solta a voz em Nova York

36 | HOMEM DO MÊS
Marcos Motta, o advogado de Neymar
LA SAPE
40 | GASTRONOMIA
O movimento dândi
O prato predileto de FHC e outras dicas de Paris nascido no Congo
veste rappers brasileiros
42 | PERFIL
Marcus Ribeiro comanda o gala da BrazilFoundation

44 | NOITE
Café Society, o inferninho chique da rua Amauri
Manual 112 | DINASTIA DO SOM
Por Delmo moreira Fotos Daryan Dornelles
Roberto Medina e filhos em mais um Rock in Rio
48 | ARTE 77 | TOM CERTO
Como adotar os looks dos astros do Rock in Rio
A consolidação do Museu Oscar Niemeyer 116 | FIM DE FESTA?
50 | LIFESTYLE 82 | RELÓGIOS Por Bruno astuto
Os nightclubs agonizam em todo o mundo
Cronógrafos sofisticam o casual esportivo
Tiago Tebet apresenta sua casa-ateliê
84 | NOTAS 120 | ENTREVISTA
52 | BLACK BOOK Mochilas com mensagens da Fendi e mais novidades
Por Guilherme manechini Foto roDriGo marques
As dicas de moda e cultura de um time de notáveis Flávio Rocha, um fervoroso defensor de Temer

56 | LITERATURA 86 | FESTIVAL DE ESTILO 122 | LA SAPE


Um kit matador para ver shows de rock com classe
O Brasil na vida do premiado Colson Whitehead Fotos miro styling Giovanni Frasson
Rappers com os desavergonhados looks sapeur
58 | DIGITAL 88 | PEÇA-CHAVE
Couro de pirarucu na weekend bag da Osklen
Produtos feios que seduzem e as novas do Ben 130 | ESTAÇÃO LIBERDADE
Fotos raFael Pavarotti styling thiaGo Ferraz
59 | FESTIVAL
A aula de negócios do Rock in Rio
Diálogos Guarda-roupa leve para esperar o verão

94 | ESPORTE 138 | COMBINAÇÃO PERFEITA


60 | MÚSICA Por tiaGo leiFert
Fotos GreG swales styling antonio Branco
As novas (e ótimas) cantoras brasileiras Alessandro Sartori renova a Ermenegildo Zegna
Neymar acertou ao deixar o Barcelona, sim

Motor
95 | COMPORTAMENTO
Por ivan m artins
Corpo
O exagero feminista contra Chico Buarque
145 | MUITO SUOR
65 | DAS PISTAS ÀS RUAS 96 | VIDA EXECUTIVA Você vai querer aderir à superioga
A Fórmula E cai nas graças das montadoras
Por a lexanDre t eixeira
Para organizar a agenda, é preciso dizer não
149 | GOLFE
70 | SUV A discrição decisiva dos caddies
Por dentro do novo Q5, da Audi
97 | SEXO 150 | DUAS RODAS
72 | MOTO Por m ariliz P ereira JorGe
Sexo casual também é coisa de mulher
Como criar seu próprio roteiro de cicloturismo
A BMW R 1200 GS chega ao Brasil
98 | HIGH LIFE
Por B runo a stuto
O cobiçado (e discreto) herdeiro Hugh Grosvenor
154 | CLUBE DE CAVALHEIROS
Os homens de destaque do mês

NESTE MÊS
FOTO MIRO; DIVULGAÇÃO

100 | EMICIDA
Por Guilherme manechini e Piti vieira Fotos Capa
manuel noGueira EMICIDA
O artista brilha no rap - e em outras frentes Foto
MANUEL NOGUEIRA
106 | ENSAIO Emicida veste:
Por erik Paulussi Fotos anDré nicolau Moletom Felipe Fanaia |
Mariana Rios, música para os ouvidos Camiseta Y-3
calvinklein.com/205

Arte do outdoor: Andy Warhol, Skull (Crânio), 1976 © Fundação Andy Warhol/ARS, fotografado no Museu Andy Warhol, Pittsburgh
CALVIN KLEIN 205W39NYC Outono 2017: fotografado em maio de 2017, Deserto Mojave, Califórnia
Hugh Jackman and
the new TimeWalker
Chronograph
O novo TimeWalker Chronograph é inspirado
no desempenho e no espírito das corridas.
montblanc.com/timewalker
Crafted for New Heights.

São Paulo: Cidade Jardim 11 3552 8000 · Higienópolis 11 3662 2525 · Ibirapuera 11 5096 1714
Iguatemi São Paulo 11 3032 4230 · JK Iguatemi 11 3152 6180 · Morumbi 11 5184 0775 · Oscar Freire 11 3068 8811
Rio de Janeiro: 21 3252 2744 · Belo Horizonte: 31 3505 5155 · Campinas: 19 3255 8922
Cuiabá: 65 3623 4658 · Curitiba: Barigui 41 3373 4797 · Patio Batel 41 3088 1147
Índice
ANO 7 | N0 78
SETEMBRO 2017

106
FOTO ANDRÉ NICOL AU

MARIANA
RIOS
LINDA E AFINADA
NO POPSTAR
CELEBRATING 100 YEARS OF TANK

cartier.com.br

TANK AMÉRICAINE WATCH

Shopping Iguatemi São Paulo - 11 3030 0930 \ Shopping Cidade Jardim - 11 3759 3240
Shopping Village Mall - 21 3252 2570
E spírito de competidor
Enumere o que aconteceu de
realmente importante na música
brasileira da última década e,
sem dúvida, em qualquer lista
criando outras conexões neurais
– desta vez, entre moda e música.
São muitos predicados em que se
destaca o espírito de competidor
que se preze, ocupando qualquer vindo das batalhas e rinhas de
posição que seja, estará lá um MCs. Definitivamente, esse é um
rapper paulistano, cheio de estilo e cara que veio para ganhar. Como
proceder. Emicida, vulgo Leandro, ele se sente com tudo isso? Com a
Emicida: onipresente 100 chegou pesado e, com a maturidade palavra, sem rimas, mas editado, o
pessoal e artística, ergueu pontes próprio: “Eu me considero um cara
que unem diferentes pessoas e muito abençoado. É tão bizarro que
classes sociais em torno da música penso que estou sonhando quando
e das questões que levanta nas olho minha vida hoje. Meus últimos
rimas que destila com maestria. 12 anos foram mágicos, e eu vivo
Dono do próprio passe, advogado agradecendo por isso”. Nóis.
de si mesmo, autogestor artístico
e comercial, ele representa a força
e a visão da música como negócio
da primeira geração pós-Racionais
Mariana Rios, linda e afinada 106 MCs e também o equilíbrio entre
as forças sisudas e as vertentes
festeiras do hip-hop nacional.
Transita entre elas naturalmente:
ora suave, leve, elegante, sorridente;
ora brutal, agressivo, questionador,
de cara fechada. Não à toa, é ele
o nosso escolhido para ilustrar
a capa deste Especial Música,
puxando feito locomotiva outros
nomes do estilo, como o feiticeiro
A dinastia brasileira do rock 112 Rincon Sapiência e a flor-granada
FOTO RODRIGO MARQUES

Rico Dalasam, que prestam nesta


edição uma homenagem aos
sapeurs congolenses. Não à toa,
é ele uma das principais atrações
do Rock in Rio 2017, o já lendário
festival que tem à frente a família
Medina. Não à toa, a Lab, marca
comandada por ele e o irmão, Fióti,
que nesta temporada estreiam na
direção criativa, é uma das grandes Ricardo Franca Cruz
Rap com suingue sapeur 122 novidades recentes da SPFW, DIRETOR DE REDAÇÃO

28 II II SETEMBRO 2017
SOHO

osklen.com
Editado por
Piti Vieira

Musa
Barbara
Fialho
Fotos Danny
Cardozo

Homem
do mês /
Marcos Motta,
o advogado
de Neymar
Música /
A nova
(e ótima)
geração
de cantoras
brasileiras
Festival / Blusa top
Fernando
A "academia Garcia
executiva"
do Rock
in Rio
SETEMBRO 2017 II II 33
L á se vão 15 anos desde que
Barbara Fialho, de 29 anos,
se jogou no mundo para cor-
rer atrás de um de seus sonhos:
modelar para grandes marcas,
inclusive a Victoria’s Secret –
ela é uma das angels há cinco
anos. A mineira de Montes Cla-
ros vai realizar ainda neste se-
mestre outro sonho: lançar seu
primeiro álbum, ainda sem títu-
lo, em que interpreta músicas de
Chico Buarque, Tom Jobim, Do-
rival Caymmi e outros mestres.
“Gravei nove clássicos da músi-
ca brasileira com uma banda de
jazz em Los Angeles. São músi-
cas que marcaram minha vida:
quatro bossas, quatro sambas-
-jazz e uma música linda em es-
panhol, que é uma mistura de
tudo isso”, diz ela. “Estou traba-
lhando no projeto de lançamen-
to do álbum completo, em par-
ceria com uma gravadora, mas
ainda não posso contar qual. Vou
lançar antes do Victoria’s Secret
Fashion Show" – o evento ainda
não tem data oficial, mas deve
acontecer entre o fim de novem-

ST YLIST DANNY SANTIAGO; BELEZA EURIDICE MARTIN; PRODUÇÃO LISSANDRA GIANGR ANDI E T YLER BRUNS
bro e o começo de dezembro.
Barbara, que vive em Nova
York, não pretende largar a pro-
fissão de modelo para se dedicar
integralmente à música. Ela divi-
de seu tempo entre os desfiles e
compromissos profissionais com
a Juilliard, o melhor conservató-

A S S I S T E N T E D E P R O D U Ç Ã O A R M A N D O D E L A PA Z ; T R ATA M E N T O D E I M A G E M J P
rio do mundo, onde estuda, e os
bares de jazz da cidade, onde
se apresenta para pouquíssimas
pessoas. “Estou comprometida
com o caminho que todo músico
precisa percorrer. Às vezes, me
apresento para 15 pessoas. Isso
é importante. Criar intimidade
com o palco, com a conversa
com o público. São áreas que
não desenvolvi como modelo,
mas tenho a experiência de 15
anos de carreira, que me serve
no lado de produção e de admi-
nistração da música."

Maiô Indah
Na página ao lado:
Calcinha Society Amuse |
Chapéu Eric Javits

34 II II SETEMBRO 2017
TENHO UMA
COLEÇÃO
DE VIOLÕES.
ESTUDO
CANTO E
MÚSICA
TODOS OS
DIAS. MINHAS
PAIXÕES SÃO
A BOSSA
NOVA, O
SAMBA E O
JAZZ. CANTAR
É O QUE ME
FAZ MAIS FELIZ

SETEMBRO 2017 II II 35
Homem do Mês
Marcos Motta
Conheça o advogado carioca que ajudou Neymar a assinar a transferência
mais cara da história do futebol Por Natália Leão Foto Julia Rodrigues

N o dia 3 de agosto, uma foto rodou o


mundo via redes sociais. Nela, Neymar
aparece assinando a transferência mais cara
sua carreira, é claro, foi a de Neymar. Na reta
final, foram 36 horas ininterruptas de ne-
gociações. "Tive que voar dos Estados Uni-
da história do futebol: aquela que concluiu dos para a Europa revisando o contrato no
sua ida do Barcelona para o Paris Saint-Ger- voo e meditando (ele acorda diariamente
main. Ao seu lado, de costume bem-corta- antes das 5h para a prática) para sentar na
do, estava Marcos Motta, o advogado ca- FUTEBOL frente do presidente do Barcelona sabendo
rioca que há sete anos é responsável pelas É PARA que ele se recusaria a receber o dinheiro."
letras miúdas dos contratos que o craque
provavelmente não tem paciência para ler.
ENTRETER. E Neymar? "Só queria saber se conseguiria
jogar no sábado." Midiático, Motta entrou
ESPORTE É
ASSISTENTE DE FOTO SIL AS AGUIAR;
AG R AD EC I M ENTOS ALLIANZ PARQ U E

Motta acumula 25 anos no mercado do es- em uma discussão no Twitter após a nego-
porte e entretenimento. Conduziu opera- SUA PELADA ciação. "Me disseram: 'Vocês esquecem que
ções de Robinho, Roberto Carlos e do sur- DE DOMINGO isso é esporte, estão transformando o fute-
fista Gabriel Medina e tem como clientes bol em um balcão de negócios'. Eu respon-
personalidades do showbizz, como Julia- COM OS di: 'Isso é entretenimento, esporte é sua pe-
na Paes. "Mas já fui advogado tributário", AMIGOS lada de domingo com os amigos. Quando
conta. "Meus clientes não tinham rosto, ti- você liga a televisão, paga o pay-per-view,
nham CNPJ e estavam sempre em transa- vira entretenimento. Tem assunto que não
ções que mudam o mercado." A maior de é para a arquibancada'."

36 II II SETEMBRO 2017
attitude
sexy
desire
timeless
#ellushistory

W W W. E L LU S . C O M
Gastronomia
Je t’aime, Paris
Os restaurantes que fazem Fernando Henrique
Cardoso, Jack Vartanian e Antoine Arnault
amarem ainda mais a cidade Por Alexandra Forbes

LE SEVERO
8 Rue des Plantes
lesevero.fr FERNANDO
HENRIQUE CARDOSO
De fora, ninguém dá nada, mas reconhecidamente ótima,
esse minúsculo e modesto forte em Borgonhas, como
restaurante de esquina é os do produtor cult Philippe
considerado o melhor da Pacalet. Fernando Henrique
cidade pelos fãs de pratos bem Cardoso, apreciador de bons
carnívoros – o casal de chefs vinhos e gastronomia, está
Jefferson e Janaína Rueda, por entre os habitués. “Além de as
exemplo, adora. William Bernet, carnes serem excelentes, há um
o dono, já foi açougueiro e petisco imperdível, o boudin
matura as carnes in loco por noir”, diz o ex-presidente,
mais de 100 dias. O prato- referindo-se ao embutido de
Aval presidencial -assinatura da casa é a côte de sangue, espécie de linguiça
No alto, o boudin boeuf para três, acompanhada negra supermacia muito
noir, que FHC define de fritas fininhas (180 €) apreciada na França. Os queijos
como “imperdível” – delícia! Enófilo, Bernet artesanais servidos antes da
oferece uma carta de vinhos sobremesa são outro must.

ORIENT EXTRÊME Atração


4 Rue Bernard Palissy revista
orient-extreme.com O black cod
marinado
Se o ambiente badalado do Orient
com som alto e a cozinha Extrême
neojaponesa desse ANTOINE
restaurante da Rive Gauche ARNAULT
lembram um pouco o
estilo Nobu, não é mera
coincidência. Toyofumi
Uzuru foi chef do extinto
Nobu Paris antes de
abrir seu restaurante
próprio e replica algumas
especialidades dos ex-
-patrões, como o famoso
black cod marinado no
missô e grelhado, e sushis
com pimenta jalapeño.
A matriz tem hoje duas
filiais: uma ao lado da Rue
Montaigne, no coração do
chamado triângulo de ouro,
frequentado por modelos
FOTOS DIVULGAÇÃO; REPRODUÇÃO

e gente da moda, e outro


mais tranquilo, em Neuilly.
Antoine Arnault, presidente
da marca Berlutti e
I L U S T R AÇ Õ E S L OVAT T O

herdeiro do conglomerado
LVMH, considera a matriz
melhor do que as filiais.
Para ele e sua mulher, a
modelo e filantropa Natalia
Vodianova, não há japonês
que ganhe dele em Paris.

40 II II SETEMBRO 2017
Esmero
O chef
Stéphane
Jégo com
a mão
na massa

CHEZ L’AMI JEAN


27 Rue Malar
@l_ami_jean JACK
VARTANIAN
O basco Stéphane Jégo, chef-proprietário
desse pequeno restaurante, é daqueles chefs
apaixonados pela profissão, que botam
a mão na massa de verdade. Quem vai lá
comer o vê em sua cozinha aberta para o
salão vociferando e finalizando os pratos.
“Considero o ato de cozinhar um exercício
físico, no qual invisto toda a energia do
meu corpo e da minha mente e minhas
emoções”, diz. Essa paixão toda transparece
nos pratos, de apresentação simples, quase
caseira, mas cheios de sabor. “O ambiente é
descontraído e sedutor, e a comida francesa
mixa o tradicional e a loucura extraordinária
do chef”, diz o joalheiro Jack Vartanian, que
jantou lá recentemente com sua mulher,
Cássia Ávila. “É bom para ir a dois ou com
amigos. A carta de vinhos é cool, excelente
e deliciosa, foge do óbvio.” Até Barack
Obama já provou o famoso arroz-doce,
servido com chantilly de caramelo com flor
de sal e nozes pecãs caramelizadas.

LUXO SOB MEDIDA


Uma vez na cidade, não deixe dividiram a tarefa de decorar
de conferir as novidades dos os apartamentos e as áreas
hotéis Crillon e Ritz, recém- comuns, está Karl Lagerfeld,
-reabertos. As reformas que assina duas suítes com
levaram anos e custaram megaterraço debruçando-se
milhões, mas o esforço valeu. sobre a Place de la Concorde.
A GQ visitou em primeira Completam o pacote três
mão o novo Hôtel de Crillon e restaurantes superelegantes,
constatou que conseguiram a um bar que já virou hit e
façanha de elevar o patamar uma barbearia vintage, filial
da hotelaria de luxo em plena da impecável Barbière de
capital do luxo. É algo quase Paris. Já o staff do Ritz Paris
surreal: piscina nababesca agora se veste de Turnbull
no subsolo, 40 diferentes & Asser, alfaiates da Jermyn
tipos de mármore e uma Street que criam os ternos e
sala de charutos escurinha camisas da realeza britânica.
que faz você se sentir na Além disso, o cinco estrelas
mansão de um playboy aboliu os horários de check-
bilionário. Entre os cinco -in e check-out. Parfait!
designers de interiores que @rwcrillon e @ritzparis

SETEMBRO 2017 II II 41
Perfil
Defensor de
meio mundo
Ativista de direitos
humanos renomado,
Marcus Ribeiro comanda
o gala da BrazilFoundation
Foto Pedro Dimitrow

M
arcus Vinicius Ribeiro é um
homem de conexões. Um dos
brasileiros mais influentes de
Nova York, para onde se mudou em
1992 após deixar o Brasil e o cargo de
procurador da República (o motivo que
o fez ir embora é segredo de Justiça,
mas ele continua com direito vitalício
à função), o advogado começou a tra-
balhar na cidade como vice-presidente
de finanças corporativas e mercado de
capitais do banco Santander. Depois,
tornou-se diretor-geral da butique de
investimentos North State Group e tra-
balhou para o LMDC – agência responsá-
vel pela reconstrução da área do World
Trade Center e da revitalização da parte
sul da ilha de Manhattan – antes de ser
diretor para as Américas do conglome-
rado de mídia Prisa, grupo que edita o
jornal El País, entre outros veículos de
língua espanhola e portuguesa.
Mas é como ativista dos direitos
humanos que o fluminense de 53 anos
mais se identifica e como é reconhecido
mundialmente – até por autoridades
como o ex-presidente americano Bara-
ck Obama. “Tenho falado muito sobre
direitos humanos internacionalmente,
representando latinos, refugiados, imi- Diversidade e Inclusão. Foi ele também
grantes, a comunidade LGBTQ, crianças quem reuniu as embaixadoras do proje-
em áreas de guerra e a dignidade de to – Ana Claudia Michels, Carol Bitten-
mulheres. São bandeiras que levanto TENHO FALADO court, Luciana Curtis, Marcelle Bittar,
há muito tempo”, diz. “Isso me dá uma MUITO SOBRE Mariana Weickert e Talytha Pugliese
felicidade muito grande: poder dar voz –, que ajudaram no primeiro gala, em
a quem não tem, mostrar que existem DIREITOS 2003. “Não conseguíamos vender in-
HUMANOS. DAR
AGR ADECIMENTOS CIA DE PRODUTOS

opções para que a vida seja melhor.” gressos. Pedi ajuda, e elas começaram a
É pela BrazilFoundation que seu co-
ração bate acelerado. Neste mês, o gala
VOZ A QUEM falar da fundação e a vender sem parar.
Ali, surgiu o gala”, conta. Em julho, ele
da fundação celebra 15 anos com uma NÃO A TEM É esteve em uma reunião privada off-the-
festa no Mandarin Oriental, em Nova UMA GRANDE -record com Rodrigo Janot e membros
York, com recepção para 350 pessoas. da comunidade internacional. "Tratamos
Marcus, que é membro do conselho FELICIDADE de assuntos relacionados ao que está
da fundação e será o chair, escolheu acontecendo no Brasil e visando ao bem
o tema, Celebrando Direitos Humanos: do país. Esperem novidades em breve."

42 II II SETEMBRO 2017
Noite
Meia-noite
na Amauri
Com nome de filme de
Woody Allen, dining club
Café Society homenageia
os anos 1930 com jazz,
soul e blues no berço
gourmet paulistano

A revitalização da Rua Amauri, em


São Paulo, continua a todo vapor.
O antigo endereço gourmet da cida-
de acaba de ganhar um novo espaço,
inspirado nos anos 1930. Com fachada
de cimento queimado, sem nome apa-
rente e que exige uma senha para en-
trar (digitada em um telefone instalado
na porta da casa), o Café Society che-
ga no formato de um dining speakeasy
inspirado no filme de mesmo nome do
diretor Woody Allen. Com capacidade
para até 140 pessoas sentadas (200 em
pé), a casa – com menu temático de
Erick Jacquin, carta de drinques assi-
nada pelo mixologista Márcio Silva e
projeto arquitetônico e decoração de
Felipe Diniz – recebe às terças e quar-
tas-feiras shows de diferentes músicos
na Temporada de Artistas, com cura-
doria de Seu Jorge e direção artística
do fotógrafo Luiz Tripoli, além de apre-
sentações de um quarteto de jazz e
sets de DJs depois de 0h30. De quin-
ta a sábado, as noites são divididas em
quatro atos: apresentações de jazz se-
guidas de um jantar com performance,

fotos divulgação; luiz tripoli


Inferninho chique
Até 200 pessoas drinques inspirados no mood da déca-
conseguem assistir da de 1930 e sets que garantem o cli-
aos shows de jazz, ma de nightclub sem hora para acabar.
de terça a sábado
@cafesocietysp

BATIDA PERFEITA Marcelo D2 estreia projeto de jazz no Blue Note carioca


Conhecido por misturar samba com hip-hop, Marcelo D2 gosta mesmo é de jazz.
“É o que mais ouço. Sou viciado em Chet Baker”, diz. Ele vai homenagear o gênero
musical em parceria com o trio carioca Samba Drive em um novo show com
releituras de sucessos de sua carreira, como Qual é e A Maldição do Samba, além
de clássicos do samba-jazz dos anos 1950 e 1960. “É um projeto despretensioso,
com arranjos mais sofisticados, em que pretendo tocar músicas da minha carreira
solo e do Planet Hemp em ritmo de jazz, além de improvisações de rap em cima de
canções de Milton Banana Trio, Zimbo Trio e Azimuth, por exemplo.” O projeto será
apresentado no Blue Note Rio nos dias 9 e 10 de novembro. @bluenoterio

44 ii ii setembro 2017
Arte
De olho em você
Bienal de Curitiba, exposição de obras
apreendidas pela Lava Jato e mais seis
mostras: o Museu Oscar Niemeyer se
firma na programação artsy nacional

O Museu Oscar Niemeyer


(MON), o maior da América
Latina, completa 15 anos em
LOS CARPINTEROS: OBJETO VITAL
(até3dedezembro,deterçaadomingo,das10hàs18h)
Apresentada em três blocos (Objeto de Ofício, Objeto
22 de novembro e se consolida Possuído e Espaço-Objeto), a exposição do coletivo
cubano Los Carpinteros ocupa duas salas, com mais
como um dos mais importantes de 60 obras. São desenhos, aquarelas, esculturas,
espaços de arte do Brasil. instalações e vídeos com todas as fases de Marco
Atualmente, são sete exposições Castillo e Dagoberto Rodríguez, conhecidos pelo for-
em andamento, além da Bienal te apelo social das obras e pela crítica ácida e bem-
-humorada. A mostra cobre da década de 1990 até
de Curitiba, que começa em obras inéditas feitas especialmente para a exposição
outubro. Grande destaque deste no Brasil, a partir de ideias e desenhos anteriores.
semestre, a Bienal tem a China
como país homenageado. Uma
seleção de seus mais renomados
artistas contemporâneos ocupará
espaço de honra no Olho do
museu (anexo de 30m de altura
feito de concreto e vidro). Uma
das mostras mais procuradas
pela curiosidade do público é
FOTOS DIVULGAÇÃO; REPRODUÇÃO;

Obras Sob Guarda do MON, que


apresenta uma seleção das obras
apreendidas pela Operação Lava
Jato. A seleção inclui 38 trabalhos
de diferentes artistas e estilos.
Outra exposição imperdível é a
dos trabalhos do coletivo cubano
NANI GOIS

Los Carpinteros. Confira mais em


@museuoscarniemeyer

48 II II SETEMBRO 2017
BIENAL DE CURITIBA
(de 1º de outubro a 25 de fevereiro de 2018)
Com o título Antípodas – Diverso e Reverso,
a Bienal de Curitiba terá a China como país
homenageado. A edição assume o tema da
diversidade, e as exposições trabalham a
diferença geográfica e cultural entre o leste
asiático e seu extremo oposto geográfico,
o Cone Sul da América Latina. A edição de
2017 terá a participação de obras de artistas
brasileiros e de países dos cinco continentes,
ocupando mais de 100 espaços de Curitiba.
bienaldecuritiba.com.br

Destaques da ArtRio
Sétima edição da
mostra acontece entre
13 e 17 de setembro
Por Artur Tavares
A MARINA DA GLÓRIA VIRA
PAVILHÃO ARTÍSTICO COM A 7ª
EDIÇÃO DA ARTRIO, QUE RECEBE
70 EXPOSITORES. “O OPAVIVARÁ!
(ACIMA) TEM MUITA POTÊNCIA.
NESSES TEMPOS DE CRISE, O GRUPO
NOS FAZ PENSAR EM FORMAS
COLETIVAS DE AÇÃO POLÍTICA E
ESTÉTICA”, DIZ PABLO LÉON DE LA
BARRA, CURADOR DE ARTE LATINO-
-AMERICANA DO GUGGENHEIM
NYC. GALERIAS INTERNACIONAIS
DE RENOME, COMO WHITE CUBE E
MARIAN GOODMAN, APARECEM NO
PROGRAMA SOLO, CURADO POR
KELLY TAXTER, DO JEWISH MUSEUM
DE NOVA YORK. O ESPAÇO REMETE
AO GLAMOUR DOS ANOS 1920, COM
UMA CENOGRAFIA FEITA EM PARCERIA
COM PROFISSIONAIS DA REDE GLOBO.
JÁ O PROGRAMA MIRA (ABAIXO) É
DEDICADO À VÍDEOARTE: “OS VÍDEOS
ESTÃO SENDO MAIS VENDIDOS, COM
COLECIONADORES DEDICADOS
A ELES”, DIZ BRENDA VALANSI,
PRESIDENTE DA ARTRIO.
@ARTRIO.ART.BR

OBRAS SOB GUARDA DO MON (de terça a domingo, das 10h às 18h)
O MON foi a instituição escolhida pela Justiça Federal para abrigar as obras apreendidas
na Operação Lava Jato. A mostra Obras Sob Guarda do MON apresenta uma seleção das
obras de arte apreendidas pela Polícia Federal desde 2014. A seleção inclui 38 trabalhos de
diferentes artistas e estilos. Algumas já haviam sido expostas, e outras estão sendo exibidas
pela primeira vez, como os azulejos de Adriana Varejão e quadros de Miró e Amilcar de
Castro (acima e ao lado). A escolha se justifica pelo fato de o local apresentar espaço técnico
adequado para preservação e conservação. “O museu cumpre sua missão de preservar
e abrigar coleções de arte e também de democratizar seu acesso aos visitantes”, diz a
diretora-presidente do Museu Oscar Niemeyer, Juliana Vosnika. As obras estão passando
pelo processo de quarentena, higienização e limpeza no espaço da reserva técnica. Elas
ficarão sob guarda do museu até decisão definitiva da Justiça Federal.

SETEMBRO 2017 II II 49
Lifestyle
Ateliê em
domicílio
A ideia de home
office toma outras
proporções no
apartamento do
artista plástico
Tiago Tebet
Foto Christian Maldonado

P restes a estrear duas ex-


posições – uma no fim de
setembro, no Instituto Tomie
Ohtake, e outra em outubro,
na Luciana Brito Galeria –, Tia-
go Tebet, de 31 anos, traba-
lha incessantemente na sala
do apartamento que transfor-
mou em ateliê. “Penduro nas
paredes de todos os cômodos
as obras que produzo. Quan-
do chega a hora da exposi-
ção, fica um buraco. Ao vol-
tar pra casa, que deveria ser o
meu mundo, está tudo vazio,
o que dá uma puta angústia e
me coloca pra trabalhar nova-
mente”, diz ele. As exposições
se dividem em duas partes:
pinturas lixadas (que surgiram
quando ficava customizando
os tanques de suas motos) e
pinturas com referências ar-
quitetônicas (como revesti-
mentos de fachadas dos anos
1950 e muros falsos de pedra).

50 II II SETEMBRO 2017
AGOSTO 2017 II II 51
Black book

RICARDO F. CRUZ
Garimpo insider
Montamos uma lista quente com
dicas certeiras de moda e lifestyle.
Siga, anote e aproveite
Por Dudi Machado

O s óculos, uma bolsa e até a peça de teatro que


você não pode perder. Na nossa hot list de di-
cas insider, um seleto time de notáveis junta moda,
arte e lifestyle para indicar seus achados mais pre-
ciosos dos últimos tempos. O roteiro alterna no-
mes bem brasileiros e outros de fora, mas a pega-
da segue sempre globalizada. Enjoy!

Diretor de redação da GQ Brasil @ricardocruzgq


"Não consigo parar de usar o moletom nightmare, da Life Under
Zen, uma colaboração entre dois ícones da tatuagem mundial: o
dono da marca, Jun Matsui (@junmatsui), e o lendário Horiyoshi
III, do Japão, que criou as caligrafias sagradas de proteção que
transformam a peça em uma armadura contra todo o mal."

F OTO S C A R L O S B E S S A (C A L Ç A E G R E Y ) , E D U M E N D E S ( M O L E T O M N I G H T M A R E ) E D I V U L G AÇ ÃO ; I L U S T R AÇ Õ E S L OVAT T O
SEBA ORTH
Restaurateur e sócio do grupo Chez @chezseba
Óculos Eyevan Daikanyama (@eyevan_daikanyama)
“Gosto muito do modelo 747. Essa marca de óculos japonesa tem os
modelos mais leves que conheço.”

ADRIANO PEDROSA, diretor artístico do Masp


Pulseiras indígenas encontradas na loja do Masp (@masp_oficial)
ANTONIO “Tenho várias pulseiras indígenas de contas, Huni Kuin e Waurá. Eu prefiro as
FRAJADO, stylist que têm padrões geométricos em duas ou mais combinações de cores.”
@antoniofrajado
Calça da Egrey
(@egreyoficial)
“Sou apaixonado
pela calça com
cadarço, da Egrey.
É a que me vestiu
melhor na vida.
Superconfortável
e com um fit
absurdo.”

52 II II SETEMBRO 2017
AERIN LAUDEER, diretora de estilo
da Estée Lauder @aerin
"Adoro os pijamas masculinos da @charvet_
nyc. Eles são o presente perfeito para alguém
muito especial."

DUDI MACHADO,
editor contribuinte
@dudimachado
Corda de óculos Julia
Gastin (@jugastin)
“Superfuncional, esse
cordão de couro com
miçangas da Julia Gastin
é a melhor forma de não
perder os óculos e ainda
manter o charme.”

OSKAR METSAVAHT
GIOVANI BIANCO
Diretor criativo da Osklen @oskarmetsavaht
"Recomendo a peça Grande Sertão: Veredas, adaptação de
Bia Lessa para a obra de Guimarães Rosa, que estreia dia 9 de
setembro, em São Paulo. Fiz fotos dela para um artbook."

SYLVAIN JUSTUM, editor de


moda da GQ Brasil
@sylvainjustum_gqbr
"Sou fã das bolsas da
@arteriabr. A Gŭnka é uma
peça versátil, que lembra
um gym sac se usada como Diretor criativo @gb65
mochila e muda totalmente de Perfume Le Labo (@lelabofragrances)
formato quando dobrada ao “Tenho verdadeiro amor pelos perfumes
meio. Vira quase uma clutch." da Le Labo. O meu é o Rose 31.”

SETEMBRO 2017 II II 53
Literatura
Made in Brazil
Como uma viagem ao país
ajudou a moldar a carreira de
Colson Whitehead, principal
escritor americano da atualidade
Por Patrick Cruz

V inte e três anos atrás, Colson Whitehead ainda


não sabia direito o que fazer da vida. Ele tinha
uma vaga ideia de que queria ser escritor, mas, na
prática, nunca tinha parado para colocar suas pre-
tensões literárias no papel. Era uma crise existencial
aos 24 anos. “A primeira parte da minha juventude
já tinha ficado para trás. Eu precisava decidir meu
futuro”, conta o americano à GQ. Meio sem norte,
ele decidiu tentar sanar essa angústia no Brasil – e
foi assim, em uma viagem meio improvisada, que o
país acabou ajudando a moldar a carreira do
principal escritor americano da atualidade.
Whitehead é o autor de The Under-
ground Railroad – Os Caminhos para a Liber-
dade, que ganhou edição brasileira recen- o Brasil derrotou a seleção americana – e,
temente. A obra conta a pungente história principalmente, anotou ideias. As anotações
da jovem Cora, que tenta fugir da escravi- não viraram livro, mas fizeram emergir o es-
dão na Geórgia. Com o livro, Whitehead critor, hoje autor de seis obras de ficção e
arrematou os maiores prêmios da literatu- recebido em janeiro na Casa Branca com o
ra em língua inglesa no último ano, entre status de ídolo do inquilino – na ocasião, o

FOTOS DIVULGAÇÃO; REPRODUÇÃO


eles, o Pulitzer e o National Book Award, os presidente Barack Obama.
dois mais importantes dos Estados Unidos. Whitehead não voltou mais ao Brasil.
O escritor ficou seis semanas no Bra- Ele conta que há conversas para tentar vir
sil. Passou por São Paulo, Rio de Janeiro e no ano que vem para a Festa Literária de
Salvador, hospedou-se em muquifos, diver- Paraty, cidade que ele também visitou em
tiu-se com as gozações futebolísticas que 1994. “Não teve literatura. Em Paraty, bebi
ouvia dos brasileiros – ele esteve no país THE UNDERGROUND RAILROAD muitas garrafas de cerveja Antarctica.” Des-
Colson Whitehead (Harper
durante a Copa do Mundo de 1994, quando Collins; 320 págs.; R$ 44,90) sa vez, claro, o cardápio será outro.

Leitura do mês Seu cardápio para setembro


Aqui Por Dois Mil Anos Astrofísica para
Richard McGuire Mihail Sebastian Apressados
(Quadrinhos na Cia; (Amarilys Editora; Neil deGrasse Tyson
304 págs.; R$ 79,90) 352 págs.; R$ 59) (Editora Planeta;
A obra-prima das Celebrado por Philip 192 págs.; R$ 39,90)
HQs sobre o tempo Roth e Arthur Miller, o Best-seller do astrofísico
finalmente chega ao livro (publicado em 1934) mais popular da
Brasil. Ela conta a história discute o lugar do povo atualidade, este guia
de um canto de uma judeu e sua cultura no cobre desde o espectro
casa e o que aconteceu mundo, num texto entre eletromagnético até
ali durante centenas de especulação filosófica a natureza do espaço.
milhares de anos. e ficção narrativa. Divertido e didático!

56 II II SETEMBRO 2017
Digital As novas do Ben
O feio que seduz Inovações tecnológicas e
como elas mudarão a vida
das pessoas Por Ben Hammersley
Muitas empresas já se deram conta: produtos e
serviços imperfeitos têm, sim, muito valor

Banco mágico //
A Disney criou um sistema de realidade virtual
em que você pode sentar-se ao lado do seu
personagem preferido e interagir com ele.
Chamada de Magic Bench, a ferramenta usa
um sistema háptico embaixo do assento, que
dá a sensação de que alguém realmente está
ali conversando com você.
disneyresearch.com/publication/magic-bench

N a Austrália, a palavra feio (ugly)


tem uma abreviação, “ugg”.
Pois essa mesma palavra batiza
é necessariamente vergonhoso: é
uma das maneiras de conquistar a
confiança do público.
uma bota meio esquisitona, mas Hoje, mostrar-se falho virou
que faz sucesso em todo o mundo. uma opção, não (apenas) um desli-
A nova técnica do cinema //
Igualmente feias e igualmente su- ze involuntário. Mas há quem ado- Conforme disse um dos maiores críticos da
cesso de vendas, as sandálias Crocs te a estratégia há muito tempo. Já cultura da internet old school, Jason Kottke,

F OTO S T H I N K S T O C K ; D I V U L G AÇ ÃO ; R E P R O D U Ç ÃO I L U S T R AÇ Õ E S L O VAT T O ; M A R C E L O C A L E N DA
são outro produto que se encaixa faz 15 anos que o Hans Brinker Bud- Dunkirk, de Christopher Nolan, é muito
tenso por causa, em parte, de uma ilusão de
na categoria de imperfeitos para os get Hotel, em Amsterdã, apresenta-
som chamada The Shepard Tone: uma nota
olhos – e por isso mesmo com gran- -se, de forma divertida, como uma musical que parece subir para sempre, feita
de apelo entre os consumidores. péssima opção de hospedagem. exclusivamente para assustar.
Cada vez mais, as pessoas que- E quer saber? As pessoas adoram
rem experiências autênticas. Essa hospedar-se lá. Elas são atraídas
busca tem sido abraçada por um por peças com frases como “Ofere-
número crescente de marcas cendo níveis de conforto com-
que, ao oferecerem um paráveis aos de uma prisão
produto ou serviço in- de segurança mínima”.
desejável à primeira O Hans Brinker está
vista, na verdade, hu- sempre lotado, e mui-
manizam a experiência tos turistas ainda le-
– e seduzem com isso. vam de lembrança um
Permitir-se errar e livro com imagens des-
admitir que a perfeição sas hilárias peças publici- Big Brother //
não é a única meta de- Rohit
tárias. O caso do hotel ho- O aeroporto de Cingapura é o primeiro a
sejável é hoje uma prá- Bhargava landês mostra que, mais usar o reconhecimento de rosto para permitir
O autor da que os passageiros embarquem sem interagir
tica adotada pelos mais que um simples produ- com uma pessoa real. Basta olhar para uma
série de livros
poderosos líderes e em- Non Obvious to ou serviço, o que mui- câmera ao fazer o check-in no balcão da
presas do mundo para desvenda tos consumidores querem companhia aérea, para o sistema rastrear o
hoje as viajante onde quer que ele esteja.
exibir autenticidade. Fa- tendências hoje é uma história para
lhar publicamente já não do futuro compartilhar depois.

58 II II SETEMBRO 2017
Festival
Rock para executivos
Rock in Rio Academy, o programa de imersão no modelo de negócio
do festival, chega à segunda edição em meio à maratona de shows Por Carlos Messias

À s vésperas do segundo fim de semana do Rock in Rio VII,


que acontece de 21 a 24 de setembro, empreendedores
das mais diferentes áreas terão a oportunidade de viver uma
do departamento artístico, e uma decisão artística pode ser
sugerida por alguém do financeiro. Por isso, o Academy se
destina a empreendedores de diversas áreas, do mercado fi-
experiência não necessariamente ligada à música nos basti- nanceiro aos salões de cabeleireiros”, afirma Agatha.
dores do megafestival. Trata-se do Rock in Rio Academy, que Concebido em 2014 e desenvolvido no ano seguinte, jun-
chega à sua segunda edição nos dias 19 e 20 de setembro. to com a plataforma HSM Educação Executiva (que repete a
“Desde o início, o Rock in Rio alimenta a cultura de partilhar parceria neste ano), o programa é dividido em três blocos:
o conhecimento”, diz Agatha Arêas, diretora de marketing do Do Sonho à Estratégia, oferecido pela manhã, que mostra
festival. Além dela e do presidente e fundador, Roberto Medi- como o ideal foi transformado em modelo de negócio; Estra-
na, o line-up do programa inclui Luis Justo (CEO da empresa), tégia e Execução com Excelência, à tarde, com foco na expe-
Zé Ricardo (diretor artístico do palco Sunset) e Ricardo Acto riência de marca; e, à noite, Vivendo a Experiência, momento
(vice-presidente de operações globais), além de patrocina- em que os participantes conhecem os bastidores da Cida-
dores, artistas e clientes. “Um dos fatores que fazem do fes- de do Rock. Além do curso de um dia, a matrícula no Aca-
tival um modelo de negócio vencedor é que não fazemos di- demy dá direito a ingresso para um dos quatro dias do se-
visão de conhecimento. Uma negociação pode surgir a partir gundo fim de semana de festival. rockinrioacademy.com.br

Grande irmão Central monitora tudo o que acontece na Cidade do Rock


FOTOS DIVULGAÇÃO; THINKSTOCK

Uma central de inteligência criada em 2003 Ricardo Acto. Dentro da central, ficam 20 funcio-
funciona na Cidade do Rock como um Big Bro- nários e alguns representantes das autoridades
ther da vida real, monitorando de filas e canos cariocas, que monitoram 60 câmeras e coman-
entupidos nos banheiros a atividades suspeitas, dam 1.500 seguranças. A central ainda tem o
como furtos. Nada acontece sem que o Centro de trabalho gigantesco de observar tudo o que é
Controle de Operações fique sabendo. “Grande dito sobre o festival nas redes sociais. “Identi-
parte dos softwares de apoio foi desenvolvida ficamos que muitas insatisfações e boatos são
por nós. É um dos sistemas de monitoramento expostos e ganham velocidade no meio virtual”,
mais avançados que existem”, diz o português afirma Ricardo. (Artur Tavares)

SETEMBRO 2017 II II 59
Música A NOVA BAIANA
Vinda da Cidade Baixa, em Salvador, a

A voz do Brasil cantora Illy, de 29 anos, já abriu shows


para Gal Costa e Djavan, lançou um EP
produzido por Alexandre Kassin e em-
placou uma faixa na trilha da novela Sol
É feminina. Do pop à MPB, do rock ao hip-hop, a música Nascente, da Rede Globo. “A partir daí,
brasileira atual apresenta uma eclética leva de ótimas minha música ganhou um grande alcance,
cantoras – e você ainda vai ouvir falar muito delas
F O T O S D A R YA N D O R N E L L E S ( I L LY ) E D I V U L G A Ç Ã O

foi maravilhoso! São esses momentos que


mostram que você está conquistando as
Por Carlos Messias coisas”, diz ela. Neste mês, Illy lança Voo

A
Longe, seu álbum de estreia, no qual inter-
racy de Almeida, Dalva de Oliveira, Elizeth Cardoso, Dolores Duran, Maysa, preta Afrouxa, canção inédita de Arnaldo
Clara Nunes, Nara Leão, Elis Regina. Tão nobre linhagem de cantoras ajuda Antunes. “Essa música ficou uma delícia. É
a contar a história da música nacional, com todas as suas fases e nuances. Mas o puro Novos Baianos. Nesse meu encontro
brilho não se limita ao passado. O momento atual é rico: uma nova geração de vozes com Arnaldo, tive a oportunidade de estar
na casa dele, ouvir algumas composições
femininas tem brotado no território não domesticado da internet e repercutido e escolher o que queria gravar. Quem fez
em programas de auditório e reality shows. De Brusque (SC) a Salvador, passando essa ponte foi Cezar Mendes (violonista e
por Rio de Janeiro e São Paulo, o cenário de novas cantoras é tão vibrante quanto compositor), que me apresentou a muita
diversificado. Em comum, elas têm o costume de homenagear as artistas que as gente. O Caetano também foi uma sorte
de ter perto do projeto. Morar no Rio tem
influenciaram e imprimir a própria marca em tudo que cantam. A GQ apresenta me proporcionado isso, de estar mais per-
as vozes do momento. to desses artistas.” @illy

60 II II SETEMBRO 2017
DIRETO DO THE VOICE
Promessa do pop nacional, a catarinense Jade Baraldo, de 18 anos, foi reve-
lada no ano passado pelo reality show The Voice Brasil. “Ao cantar para um
público tão grande, aprendi a me soltar no palco”, afirma. Ela foi apadrinhada
por Hélio Delmiro, ex-guitarrista de Elis Regina, que ela homenageou no pro-
grama. Jade acaba de lançar um EP de remixes com quatro faixas, incluindo
Brasa, seu primeiro hit – que foi rejeitado pelas rádios por causa de sua letra
elegantemente explícita. @jadebaraldo

MUSA DO RAP
No ano passado, durante a gravidez, a santista Mariana Mello,
de 23 anos, abandonou a carreira de modelo para se dedicar
ao rap. Ela acaba de lançar o EP Eu, Mariana, com o single
Universo em Crise, que soma 1,3 milhão de visualizações no
YouTube. Ela acredita que o Instagram, onde tem mais de
330 mil seguidores, foi essencial para o sucesso. “O contato
direto com os fãs é valioso”, diz. @marianamelllo

NO RADAR ESTRANGEIRO
Luisa Maita gravou com o medalhão francês Laurent Voulzy, participou da tri-
lha sonora do filme Boyhood (2014) e foi descoberta pelo cultuado selo ame-
ricano Cumbamcha, que lançou seu segundo disco, Fio da Memória (2016).
No trabalho, a paulistana de 35 anos trocou o samba da estreia por uma rou-
pagem eletrônica. “Gosto de estar em contato permanente com o espírito do
nosso tempo”, conta. @luisamaita

PERFORMÁTICA
Também de São Paulo, Lia Paris, de 31 anos, fez duas músicas em parceria
com Samuel Rosa. Uma para seu álbum solo, homônimo, de 2015, e outra
para o Skank. No ano passado, lançou o EP Lva Vermelha, produzido por
Daniel Hunt, do grupo inglês de synthpop Ladytron. O trabalho rendeu uma
turnê multimídia com projeções do VJ Spetto. “É uma performance: conceito,
imagem e som estão entrelaçados.” @liaparis

SETEMBRO 2017 II II 61
promogq

1 2

voando alto
A Líder Aviação e a Honda Aircraft Company celebraram a
7
certificação do Hondajet em noite marcada pela presença de
convidados especiais e pelo show do músico George Israel.
A festa foi durante a 15ª Labace, maior feira de aviação
executiva da América Latina e segunda maior do mundo
8

|1| O Hondajet já pode ser entregue


no Brasil |2| Philipe Figueiredo,
Rodrigo Berti e Carlos Petiz |3|
Giuliano Donadio, Adenir Neto, Philipe
Figueiredo, Luis Eduardo Branquinho,
fotos: flavio teperman

Elvio José Machado e o filho |4|


Collier Faubion, Kristy Kennedy,
Simon Roads |5| George Israel
|6| O interior premium do jato |7|
Ryan Ramos, Giuliano Donadio
|8| Evento lotado no aeroporto
de Congonhas |9| Eduardo Vaz,
CEO da Líder Aviação

9
Agora
CERTIFICADO no Brasil
H onda Jet A VA N G U A R D A N A A V I A Ç Ã O
Como o design inovador do HondaJet o transformou no jato leve mais
avançado do mundo.

hondajet.com
Motor
Editado por Renan Batista

SOBRE MÁQUINAS FANTÁSTICAS DO CÉU, DA TERRA E DO MAR

DAS
PISTAS
PARA
AS RUASCOM APENAS
TRÊS TEMPORADAS,
A FÓRMULA E ATRAI
AS MONTADORAS
PARA DESENVOLVER
TECNOLOGIAS QUE MUITO
FOTO DIVULGAÇÃO

EM BREVE ESTARÃO NOS


CARROS DE PASSEIO
Por Marcio Ishikawa

SETEMBRO 2017 II II 65
Motor

M
uita gente torceu o nariz para a
Fórmula E quando ela surgiu, no
fim de 2014, tipo: “Cadê o ron-
co dos motores e o cheiro de gasolina
queimada?”. Três temporadas depois,
não é que o patinho feio ganha feições
de cisne – ou de galinha dos ovos de
ouro? Ela já é a categoria com maior
presença de montadoras: serão dez até
2019, enquanto a Fórmula 1 atual conta
com apenas cinco marcas.

QUEM JÁ ESTÁ E QUEM CHEGA


Na temporada 2016/17, Jaguar, Mahin-
dra e NIO competiram com equipes de
fábrica com Audi, DS, Faraday Future
e Renault oferecendo apoio oficial. Na
próxima temporada, a Audi vira time
oficial, e a BMW dará suporte à equipe DISPUTA ACIRRADA É comum os carros cruzarem a linha de chegada com menos
Andretti – e, em 2018, vira operação de de 1 segundo de diferença. Nessa disputa por espaço, as batidas são frequentes
fábrica. Em 2019, chegam Mercedes e
Porsche – a primeira abandona a DTM
(a Stock Car alemã) no fim de 2018,
enquanto a segunda deixa a LMP1 da
WEC (categoria que inclui as 24 Horas
de Le Mans) já no fim deste ano. As duas
categorias correm sério risco de acabar.

O QUE ATRAI AS FABRICANTES?


Com certeza as montadoras não estão
nessa só pela competição nas pistas.
“Nosso envolvimento com qualquer ca-
tegoria do automobilismo é por uma
boa razão. Está bem claro que a mobili-
dade elétrica terá um papel fundamental
em um futuro próximo”, explica Stefan
Moser, diretor de comunicação da Audi
Sport. “Nossos engenheiros levam muito
do aprendizado na Fórmula E para nos-
sos carros de rua.” A categoria permite
que as equipes desenvolvam o trem de
força elétrico, conjunto composto por
motor elétrico, inversor e transmissão.

FALA, DEPOIS DE
BATER NA TRAVE
Resumo da temporada
“Eu brinco que o hashtag deste ano foi #nevergiveup. Buemi
CAMPEÃO! DUAS VEZES,
LUCAS DI GRASSI
venceu cinco das sete primeiras corridas, mas nós nunca desis-
timos: saí em último em Hong Kong e no México e terminei em
segundo e primeiro, respectivamente. No campeonato, saímos
LEVANTOU A TAÇA
da condição de zebra para o título.”
DA TEMPORADA
2016/17, EM UMA Aposta na Fórmula E
RECUPERAÇÃO “Para mim, sempre foi muito claro que a indústria automobilística
SENSACIONAL, iria caminhar para o lado elétrico, então sempre acreditei muito na
COM DIREITO categoria.” Lucas foi o piloto de desenvolvimento do carro da cate-
À CORRIDA goria e tem voz bastante ativa com a organização. “A quantidade
DISPUTADA COM A de montadoras envolvidas reflete a importância que ela tem hoje.
PERNA QUEBRADA A Fórmula E não é uma categoria do futuro, ela já é o presente.”
TEM ULTRAPASSAGEM?
Disputas com freadas lado a lado são
uma cena comum na F-E. Isso se deve,
principalmente, ao fato de o carro não
ser dependente da aerodinâmica, como
ocorre na F-1, permitindo o uso do vá-
cuo. Um carro totalmente novo será
usado a partir da quinta temporada,
e o visual futurista será uma atração à
parte. Haverá também um novo pacote
de baterias, permitindo autonomia para
uma corrida inteira, sem a necessidade
de trocar o carro no meio da prova.

MÃO DE OBRA QUALIFICADA


A categoria vem atraindo não só as
montadoras, mas também uma turma
boa de braço e com bagagem nas cos-
tas. Na temporada 2016/17, entraram
na disputa brasileiros com passagem
VISUAL pela Fórmula 1 (Lucas Di Grassi e Nel-
RENOVADO sinho Piquet), além dos estrangeiros
Um carro
inteiramente Sebastien Buemi, Jerome D’Ambrosio,
novo, com visual Nick Heidfeld e Jean-Eric Vergne. E
futurista, aparecerá tem muita gente de olho na novidade,
na quinta
temporada. como Felipe Massa, que já disse ter
As baterias interesse na categoria quando ele se
também – e vão
permitir concluir aposentar (de verdade) da Fórmula 1.
a corrida inteira,
eliminando
a troca de carro E O PÚBLICO?
no meio da prova A reclamação do torcedor raiz é a falta
do ronco dos motores, mas as próximas
CUSTOS MAIS BAIXOS US$ 300 milhões. Na Fórmula E, o cus- gerações nem vão ligar para isso – em
O chassi da Fórmula E é igual para to- to das equipes fica em 5% disso (ou poucas décadas, afinal, os elétricos
dos e continuará sendo usado até o fim US$ 15 milhões), de acordo com o CEO serão a regra nas ruas. São Paulo vai
da próxima temporada, assim como da categoria, o espanhol Alejandro Agag. receber a categoria pela primeira vez
o conjunto de baterias. Isso reduz (e “A Fórmula E permite que a empresa se na próxima temporada (17 de março
muito) os custos, permitindo que as envolva com uma tecnologia em que de 2018), a Fórmula E e incentiva a
equipes concentrem o desenvolvimento todos estão buscando desenvolvimen- participação do público, que vota no
tecnológico naquilo que realmente in- to”, disse ele em uma entrevista recente FanBoost, escolhendo três pilotos para
teressa para as empresas. O orçamen- ao site americano Autoblog. Esse fator receber dois acionamentos extras do
to de equipes como Ferrari e Toyota pode, a médio e longo prazos, compli- botão de ultrapassagem, que dá 40cv
na F-1 ou na WEC passa facilmente de car a vida até da poderosa Fórmula 1. adicionais por cinco segundos.

A vida na Audi Sport Le Mans


“Depois de altos e baixos na carreira, achei minha casa “Infelizmente, quando a gente estava se acertando e próximo
na Audi Sport. Eu me dou muito bem com os alemães. da vitória, a Audi decidiu sair da WEC. Mas fui eleito o melhor
No começo, chegava atrasado nas reuniões, mas logo piloto de protótipos do ano passado pela FIA (Federação
eles me botaram na linha.” (risos) Internacional de Automobilismo), o que me deixou muito feliz.
Ainda não fui o primeiro brasileiro a vencer em Le Mans,
Volta para a Fórmula 1 mas isso ainda está nos planos.”
“Seria hipócrita se dissesse que não voltaria, mas eu não
trocaria a minha posição na Fórmula E e na Audi para compor Pista em São Paulo
o grid da F-1 em um time médio ou pequeno. Sou vitorioso “Provavelmente, será usada a estrutura do Anhembi e do
na segunda categoria mais importante da atualidade Sambódromo, mas o traçado deve ser diferente daquele
e que tem uma proposta de desenvolvimento de tecnologia usado pela Indy. Eu sugeri que não se feche a Marginal Tietê.
que faz muito mais sentido. Tenho mais alguns anos de carreira É possível criar uma pista técnica e atrativa, com pontos de
e pretendo me aposentar aqui.” ultrapassagem, sem causar problemas no trânsito da cidade.”

SETEMBRO 2017 II II 67
andriello.com.br
@gerardo_andriello
Motor
Geração “Q”
Evolução do SUV chega às lojas mais leve, maior, mais econômico
e com sistema 4x4 mais eficiente POR MICHELLE FERREIRA

A
s egunda geração do Audi Q5 chega
às concessionárias para comprovar
três tendências do mundo dos car-
ros: o SUV está mais leve, mais econômico e
com sistema 4x4 mais eficiente. Em todas as
versões, o novo Q5 vem equipado com um
2.0 TFSI, à gasolina e com 252cv de potência,
câmbio de sete velocidades e tração integral.
O conjunto mecânico faz com que a novidade AUDI Q5
alemã atinja 100km/h em bons 6,3 segundos linhas mais modernas. Por dentro, o painel de
MOTOR
e velocidade máxima de 237km/h. instrumentos 100% digital com 12,3 polega-
2.0 TFSI
Com 4,66m de comprimento, o novo Q5 das. Apesar do progresso, a tela multimídia 4 CILINDROS
cresceu em praticamente todas as suas dimen- de 8,3 polegadas ainda não é sensível ao
sões em relação à geração anterior. Apesar toque. Falando em telas, o ar-condicionado
POTÊNCIA
disso, o peso foi reduzido em quase 50kg. A também tem uma. São nove botões, sem 252CV
dieta? Uma mistura de aços de alta resistência contar os dois seletores de temperatura. O
e alumínio na produção da carroceria. Outra sistema digital consegue até controlar o clima
VELOCIDADE
novidade está na suspensão, que ganhou um no banco de trás. MÁXIMA
sistema capaz de desengatar as rodas do O motor, que já equipa os novos Audi A4 237KM/H
eixo traseiro quando não são necessárias. e A5, é silencioso e tem fôlego de sobra. As
Isso significa que ele é um veículo com tração respostas ficam ainda melhores quando o 0 A 100KM/H
dianteira na maior parte do tempo. O resul- propulsor ultrapassa as 1.500rpm. A direção 6,3S
FOTOS DIVULGAÇÃO

tado dessa novidade é menos consumo de elétrica é ágil, mas o que mais surpreende
combustível. Os preços são R$ 244.990 na é a suspensão, que filtra com excelência as PREÇO
versão Attraction, R$ 274.990 na Ambiente e irregularidades do asfalto. Cinco modos de VERSÕES A PARTIR DE
R$ 292.990 na Ambition, a configuração que condução podem ser selecionados pelo mo- R$ 244.990
a GQ usou no teste. torista: comfort, efficiency, dynamics, auto e
Basta colocar os olhos no novo Q5 para individual. O mais divertido é o dynamics, que
perceber que se trata mesmo de uma evolu- eleva o giro do motor e deixa a resposta do
ção. Faróis, lanternas e até capô ganharam acelerador ainda mais instantânea.

70 II II SETEMBRO 2017
Motor

Gigante por natureza


A nova BMW R 1200 GS chega ao mercado ainda mais tecnológica e confortável
POR RENAN BATISTA

F
oram cinco dias de chove-e-para ela muda completamente: suspensão,
com o modelo trail top de linha freios, motor e amortecedores ficam
da BMW, que chega às ruas este mais “espertos”, e máquina, enfim,
mês. Andar com a 1200 GS é uma gran- corre solta. O acelerador eletrônico
de aventura, tanto na cidade quanto garante uma evolução controlada de
na estrada. A moto tem grandes di- velocidade, a nova embreagem per-
mensões (2,20m de comprimento por mite trocas de marcha precisas sem
1,41m de altura) e, por causa disso, a necessidade de acionar o manete
circular entre os carros a faz parecer e o controle de estabilidade mantém
ainda maior e desajeitada. No painel de a moto literalmente na mão até nas
instrumentos, bastante completo, com curvas de alta velocidade. Resultado:
o aquecedor de manoplas ligado (fazia mesmo com a breve trégua da chuva,
110C em São Paulo quando a GQ testou VERSÃO TOP DE LINHA a GQ encerrou o teste da novidade da
O pacote Premium da nova R 1200 GS
a máquina) e o modo rain de condução chega ao mercado por R$ 74.900 e montadora alemã com a sensação de
selecionado, foi possível manter os com ainda mais itens tecnológicos, que os engenheiros usaram toda a
como controle de tração dinâmico,
125cv de potência sob controle. sistema de partida sem chave tecnologia disponível para adestrar a
Na estrada vazia, com modo dy- e computador de bordo PRO nova 1200 GS, tornando os passeios
namic acionado, a sensação é de que ainda mais divertidos e seguros.

FOTOS DIVULGAÇÃO

72 II II SETEMBRO 2017
fideli.com.br
@fideliwear
MANUAL
Editado por Sylvain Justum

Festival de
estilo
Com nova edição neste
mês, o Rock in Rio, o Dobre as
maior evento musical do mangas
Subir sutilmente
país, completa 32 anos de o comprimento
criação em 2017 – e com das mangas
da camisa
um line-up que esbanja transforma você
atitude. Inspire-se em rock star
na rapidez de
FOTOS IVAN ERIK três acordes.
STYLING
MATHEUS PALLOS

Estampa certa
A arte pop traz um
charme retrô em
perfeita sintonia com a
música. Pin-ups, cartas
e navios remetem
aos marinheiros
e combinam com
as tattoos.

ADAM LEVINE
O vocalista do Maroon Camisa Triton
5 é velho conhecido dos R$ 308 |
Camiseta
brasileiros. Ele já veio Cavalera
algumas vezes ao país e R$ 89 | Calça
costuma arrancar suspiros Emporio
de fãs. A presença do astro Armani
já é um bom motivo para R$ 1.160 |
inspirar-se em suas Pulseiras
produções. Vai que você Liberty Art
cruza com alguma top model Brothers a
do nível de Behati Prinsloo, partir de
mulher do rapaz. R$ 129 cada

SETEMBRO 2017 II II 77
Manual
Colete R$ 450, calça
R$ 1.390 e gravata
R$ 199 Calvin Klein |
Camisa preço sob
consulta e cinto R$ 1.620
Prada | Tênis Hardcore
Footwear R$ 295 | Anel
R$ 640 e relógio
R$ 7.346 Alpina na
Dryzun | Pulseira Liberty
Art Brothers R$ 179

Aja naturalmente
Finja que não se
importa – afinal, Pulo do gato
vestir um terno, Convenhamos, é
com colete e tudo extremamente mais
é algo trivial para cool andar por aí
você. Escolha só com o colete
uma infalível e deixar o paletó
camisa branca, em casa. Alivia a
enrole as mangas formalidade e dá
displicentemente ares de pop star.
até os cotovelos
e seja o mais
alinhado da festa.

Atualize o clássico
Sneakers – brancos, de
preferência – são o mais
novo par perfeito da
alfaiataria. Com eles nos
pés, você usa terno por
opção, não por obrigação.

JUSTIN TIMBERLAKE
O moço tem talento. Dança e canta como um legítimo herdeiro de Michael Jackson, carrega uma
alfaiataria como poucos e ainda é casado com a atriz Jessica Biel. Aproveite a inspiração para
revisitar ternos clássicos com aquele twist providencial nos detalhes.

78 II II SETEMBRO 2017
Jaqueta R$ 9.440, Novo clássico
camiseta R$ 3.740, calça Óculos aviador
R$ 4.350 e tênis R$ 4.150 não saem de
Gucci | Óculos Fendi moda. No
para Safilo R$ 1.475 | máximo, ganham
Meias Puket R$ 27 releituras. E com
uma delas você
evita o risco de
que o acessório
chame mais
atenção do
que o resto da
produção.

Tipo 90's
A lavagem
clarinha do
jeans foi sucesso
há 20 anos e
está de volta
Foco nos pés da maneira
Meias coloridas mais cool.
e sneakers
abusados dão
vida ao look
de jeans total.
Vantagem extra:
a plataforma
pode salvar você
em caso de lama.

JARED LETO
O ator já ganhou até Oscar interpretando um transexual, mas é como vocalista da banda Thirty
Seconds to Mars que ele vem ao Brasil exercitar a sua veia camaleônica. Escolhemos a fase
platinada para ilustrar o penchant fashionista que ele cultiva tão bem. Aqui, vale quase tudo.

SETEMBRO 2017 II II 79
Manual
Dupla função
A bandana Jaqueta R$ 3.490 e
de Axl Rose é calça R$ 449 Replay |
arma de estilo, Camiseta New Era
é bem verdade,
mas também R$ 240 | Camisa Ellus
tem a função R$ 259 | Bandana Brechó
de estancar o Frou Frou R$ 95 | Tênis
suor. São dois Triton R$ 270 | Pulseiras
motivos para de couro com detalhe em
você adotá-la. metal R$ 69 cada e de
couro trançado
R$ 45 cada, colar de ônix
com pedra turmalina
R$ 55 e de níquel com
pingentes em níquel
R$ 55 Match Style

Ícone xadrez
Roqueiro que se
preze tem sempre
uma camisa
quadriculada à
mão. Neste caso,
amarrá-la na cintura
faz parte do show.

Desgaste natural
Jeans detonados,
com a famosa
lavagem destroyed,
estão de volta. Nada
mais propício, certo?

AXL ROSE
O show do Guns N' Roses deve durar até três horas e promete doses cavalares de atitude badass.
Olhe para a fase de ouro da banda, entre os anos 1980 e 1990, e incorpore o estilo de Axl no auge de
sua forma. Seus ícones seguem atuais: eles são clássicos que atravessam décadas. Como o Guns.

80 II II SETEMBRO 2017
Paletó Ricardo Almeida De gala
O paletó do seu smoking
R$ 4.933 | Camisa não serve apenas para
Zoomp R$ 444 | bailes pomposos.
Camiseta Renner Pense fora da caixa.
R$ 50 | Calça Guess
R$ 399 | Tênis Converse
R$ 150 | Cinto acervo
stylist | Colar Liberty
Art Brothers R$ 169 |
Relógio Hugo Boss
R$ 1.690 | Pulseira Vila
Romana R$ 80

Grooming
Jayme Vasconcelos
(Capa MGT)
Produção executiva
Paula Gugliano
Assistente de foto
Marcos Jose de Souza
Modelos
Coppini (JOY), Eduardo
Riffel (FORD), João Knorr
(JOY), Lucas Lourenço
(Mega) e Matias (JOY)
Agradecimentos
Estudio Costella

Dois tons
Juntar lavagens distintas
de jeans pode parecer
complicado, mas quando o
black e o raw se encontram, o
resultado é pura elegância.
High and low
Para dar ainda
mais bossa
ao paletó
de smoking,
arregace as
mangas e
arremate o braço
com pulseiras
rústicas.

Modelo
Raphael Lacchine
(Mega)
Grooming
Alê Fagundes
(Capa MGT)
Assistente de moda
Gabriel Feriani SHAWN MENDES
Assistente de O novo fenômeno canadense faz a linha básica, mas nem por isso perde pontos – afinal, somos
fotografia entusiastas do keep it simple na moda masculina do dia a dia. Aqui, ensinamos você a subir um
Renan Vitorino degrau nesse quesito com discretos movimentos de estilo. Dica extra: aprenda a tocar violão.

SETEMBRO 2017 II II 81
Manual

MONTBLANC TISSOT
TIMEWALKER T-RACE NICKY
CHRONOGRAPH HAYDEN
Preço R$ 20.200 LIMITED
EDITION
Preço R$ 5.320
na Monte Cristo
Guitarra Deluxe Stratocaster
Top Plus HSS IOS Connect (352
– Tobacco Sunburst) R$ 4.190 e
Amplificador Champion 100
R$ 2.990 ambos Fender | Microfone
AT2020 Audio-Technica R$ 699

PANERAI LUMINOR
SUBMERSIBLE 1950 3 DAYS
CHRONO FLYBACK AUTOMATIC
Preço R$ 80 mil

JAEGER-LECOULTRE
MASTERCOMPRESSOR CHRONO
CERAMIC BICOLOR Preço R$ 71 mil
HUGO BOSS na VIVARA
Preço R$ 690

ROLEX
COSMOGRAPH
DAYTONA
em ouro branco
18 quilates
Preço sob consulta

IWC PILOT
CHRONOGRAPH
EDITION ANTOINE
DE SAINT
EXUPÉRY
Preço R$ 20.700

RITMO
MARCADO
Cronógrafos esbanjam
precisão e sofisticam
o casual esportivo em
materiais e complicações
de primeira. Controle o
tempo entre uma jam
AGR ADECIMENTO PRIDE MUSIC

session e o seu próximo BREITLING


compromisso profissional. SUPEROCEAN
Se depender do design, HÉRITAGE
a transição ocorrerá sem CHRONO
PULSEIRA
perder o ritmo OCEAN CLASSIC
Foto CARLOS BESSA Preço R$ 27.860
Manual

LUXO BÁSICO
Símbolo da moda sustentável no Brasil, a Osklen volta
seus holofotes para a linha e-basics, composta por ca-
misetas, tricôs, calças e jaquetas atemporais, que fazem
da simplicidade o novo luxo. Orgânico e tecnológico
se encontram para fazer a transição entre a natureza e
o asfalto em peças minimalistas que todo mundo tem
vontade de usar. A coleção ganha a sua primeira cam-
panha e quer, por meio do Instituto-E, idealizado por
Oskar Metsavaht, incentivar o reconhecimento do Brasil
como o país do desenvolvimento sustentável. osklen.com

HIT CARIOCA
Sucesso entre a jovem
R$ 7.630
ala feminina carioca,
a Três quer estender a
receita de sucesso aos
homens. Em apenas
três (rá!) anos de vida,
a grife de Fernanda
Bion acumula números Preço sob
impressionantes. Nascida consulta
on-line, ela ganha neste
mês sua primeira loja
física, no Fashion Mall,
depois de crescer,
pasme, 585% em um
ano! O ponto deve trazer
as coleções semanais
e as colaborativas
mensais. Aqui, nada
de celebridades e
blogueiras: Fernanda
aposta nas clientes
para ditarem o que Recado otimista
querem ver nas araras. Chegaram as bolsas, mochilas e os sneakers da linha Vo-
Para a linha masculina, cabulary, parte da coleção de inverno 2017 da Fendi. Colo-
ridas e vibrantes, as peças carregam, além da marca italia-
convidou o artista na estampada, palavras-chave e nomes de cores bordados
Gabriel Mello Franco à mão. “Think”, “blue”, “fantastic” e “hope” são algumas
e o fotógrafo Victor delas. “São palavras simples e comuns, mas que carregam
Ronccally como significados capazes de melhorar o humor”, explica a dire-
colaboradores da estreia. tora-criativa Silvia Venturini Fendi. Alguns acessórios vêm
lojatres.com cobertos de pele colorida, bem fun! fendi.com

84 II II SETEMBRO 2017
R$ 219 R$ 259
Pegada global
Depois de 22 anos à frente do estilo da Richards, Marcello Gomes
decidiu encarar novos desafios e lançou a Odde, marca de acessórios
e calçados casuais com DNA composto por ótimas referências. Livros
da editora cult Gestalten, traços minimalistas e a atitude global de
empresas americanas inspiram Marcello a criar calçados, mochilas e
cintos confortáveis e funcionais. odderio.com.br

ESTILO CURINGA
Não contente em ser o
garoto-propaganda dos óculos Carrera, o
ator e vocalista da banda Thirty Seconds
to Mars (este mês no Rock in Rio), Jared
Leto, agora também assina dois modelos
para a marca. Um deles é solar e, o outro,
de grau. “Eu sempre apreciei
a manufatura artesanal e o
design atemporal. Combine
esses elementos com
funcionalidade e tecnologia
e você terá algo muito
especial”, diz Jared sobre
suas criações. As imagens da
campanha – que mostram o
novo corte de cabelo
do rapaz – levam a
assinatura irreverente de
Terry Richardson.
carreraworld.com

Passo artesanal R$ 1.500


Idealizada na Itália, na
Inglaterra e na Alemanha
durante os estudos da
dupla Amanda Daud e
Camila Freitas, a Wolken
quer adaptar o design
de calçados clássicos
masculinos ao clima
tropical. Para isso, as
meninas fizeram uma
imersão no aprendizado
sobre escolha e
beneficiamento do couro,
técnicas de costura e
maquinário. Feitos com a
técnica manual de costura
R$ 1.950
e montagem chamada
goodyear welted – na

Tudo em um
qual as máquinas
desempenham papel
secundário –, os sapatos
são confeccionados Lançamentos simultâneos de Fossil
com couro de curtumes e Diesel, os novos relógios híbridos
integrados, que realizam unem alta tecnologia digital ao charme
todas as operações – eterno do analógico. Ao contrário
ribeira, curtimento e dos smartwatches tradicionais, estes
acabamento. A Wolken dispensam carregador elétrico. Entre as
garante exclusividade aos funções, destaque para as notificações
seus clientes e, por isso, de chamadas ao celular, fuso horário,
FOTOS DIVULGAÇÃO

produz grades pequenas. emparelhamento com o telefone para


A marca nasceu on-line tirar fotos, reprodução e transmissão
e abriu recentemente a de músicas. Achou pouco? Pois os
primeira loja física, em brinquedinhos ainda monitoram tempo
São Paulo. e qualidade do sono.
wolkenshoes.com.br fossil.com.br / diesel.com

SETEMBRO 2017 II II 85
Manual

F O T O S C A R L O S B E S S A E F L AV I O B AT TA I O L A ; T R ATA M E N T O D E I M A G E M M A R C E L O C A L E N D A
7

3 6

1. Manta Cutterman Co.

FREE PASS
R$ 290 | 2. HERO5 Black GoPro
US$ 399,99 | 3. Protetor Solar
Protect & Fresh Aerossol FPS 50
Diversão, sim, mas sem perder Nívea R$ 47,90 (200ml) |
o estilo. Montamos um kit de 4. Óculos Osklen R$ 897 |
5. Chapéu Plas R$ 350 | 6. Mochila
sobrevivência para você aproveitar Gucci R$ 7.740 | 7. Relógio Runner
horas de shows com muita classe 3 Music TomTom R$ 1.799

86 II II SETEMBRO 2017
SUPORTE NO GAP:
SEM ESPAÇO ENTRE A TV E A PAREDE.

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Tela de Pontos 'HVFXEUD D SHUIHLÿR Controle remoto
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The Next Innovation in TV ambiente. ¼ 4/(' 79

Imagens meramente ilustrativas. O suporte de parede No Gap é um acessório vendido separadamente. Medido a partir da extremidade traseira da TV, o espaço pode variar com base no tipo de
LQVWDODÿR H GH SDUHGH &RQWUROH UHPRWR ÖQLFR YHULƫTXH D FRPSDWLELOLGDGH GRV GLVSRVLWLYRV FRQHFWDGRV 2 %XUQLQ RFRUUH TXDQGR LPDJHQV HVW½WLFDV V¿R UHSURGX]LGDV HP XPD 79 HP PÅGLD SRU  KRUDV
H HYHQWXDOPHQWH D 79 DEVRUYH HVVH FRQWHÖGR JHUDQGR PDQFKDV GHƫQLWLYDV QD WHOD 2V H[HPSORV V¿R ORJRV GH HPLVVRUDV OHJHQGDV RX PHQXV GH ƫOPHV 2 GHIHLWR WÅFQLFR %XUQLQ Q¿R WHP UHODÿR FRP
RXWURV GHIHLWRV FRPR SL[HO RX WHOD TXHLPDGRV IDL[DV HVFXUDV YHUWLFDLV RX KRUL]RQWDLV GHULYDGDV GD TXHLPD GR /(' GHIHLWRV RFDVLRQDGRV SRU OÉTXLGRV UDLRV IRJR RX FXUWRFLUFXLWR HQWUH RXWURV $ JDUDQWLD
DEUDQJH RV SURGXWRV XWLOL]DGRV HP DPELHQWHV GRPÅVWLFRV QRUPDLV DSHQDV SDUD GHIHLWRV %XUQLQ Q¿R LQWHQFLRQDLV $ JDUDQWLD GH  DQRV FRQWUD %XUQLQ Å HOHJÉYHO SDUD RV FRQVXPLGRUHV TXH WHQKDP
DGTXLULGR XP GRV SURGXWRV GD 79 6DPVXQJ 4/('  RƫFLDOPHQWH QR %UDVLO 2V SURGXWRV DQXQFLDGRV SRGHP VHU GHVFRQWLQXDGRV VHP DYLVR SUÅYLR 0DLV LQIRUPDÃÑHV HP ZZZVDPVXQJFRPEUTOHGWY
Manual
LUXO SUSTENTÁVEL
VE Weekend bags já são acessórios dos mais procurados pelos homens nas marcas de luxo.
ÇA-CHA
PE Esse movimento é provocado por um ritmo de vida que pede praticidade ao transitar
entre urbano e outdoor, entre trabalho e lazer. Mas luxo mesmo é, diante das muitas
opções, escolher um modelo elegantemente sustentável FOTO CARLOS BESSA

COISA NOSSA
O couro de pirarucu
ganha status de nobreza e
leva tratamento especial
para resistir ao tempo.
Orgulhosamente made
in Brazil.

Bolsa
Osklen
R$ 5.749

88 II II SETEMBRO 2017
NOVO
APP

O
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O D
NTA D ULINO L u i s M o n t e i r o /G Q B r a s i l

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DIÁLOGOS ANÁLISES DA VIDA COMO ELA É (OU DEVERIA SER)

TIAGO LEIFERT sobre Esportes | IVAN MARTINS sobre Comportamento


ALEXANDRE TEIXEIRA sobre Vida Executiva | MARILIZ PEREIRA JORGE sobre Sexo
BRUNO ASTUTO sobre High Life
ilustrado por MAURÍCIO PLANEL

SETEMBRO 2017 II II 93
E S P O R T E S

Neymar acertou
No PSG, ele poderá derrotar Messi – e não há outro jeito de ser o melhor do mundo
por TIAGO LEIFERT

L
ogo quando Neymar chegou ao Barcelona, num no lugar do Neymar? Pois é: não tem ninguém no nível!
dos primeiros gols, ele foi até a torcida dançar. Mas consigo imaginar uma noite em que, depois de
Normal. Assim que ele começou a coreografia, ser campeão da Champions e artilheiro do torneio,
porém, Messi e Piqué chegaram correndo e Neymar deitou no sofá enquanto os parças jogavam
o interromperam. Se, por um lado, os veteranos do PS4 e começou a pensar: e se?
Barça salvaram o mundo de mais um refrão-chiclete “E se eu quiser mesmo ser o melhor do mundo?
que Neymar estava prestes a lançar com a dancinha, E se eu quiser uma Chuteira de Ouro? E se eu quiser ser
por outro, mostraram a Menino Ney que ele não estava dono do vestiário? E se eu quiser não tocar a bola?
mais em Kansas. E se eu quiser bater todos os pênaltis e somar 20 gols
Deve ter sido desconfortável o começo. Não ser aos mais de 30 que ando marcando? Eu posso?”
o dono do time (Messi é o proprietário), não conhecer
os caras direito, uma pegada mais séria, poucos chinelos NO BARCELONA, NEYMAR NÃO
e muitos sapatos. Terno? Putz...
Quatro anos depois, quase ninguém parou para
CONQUISTOU SÓ TÍTULOS: MESMO
pensar no TAMANHO de Neymar e no que ele fez SEM SER A MAIOR ESTRELA, ELE
no Barcelona. Sério: é muito importante! E não estou TAMBÉM GANHOU O VESTIÁRIO
falando dos títulos.
Hoje, se ele começasse uma dancinha, pode Neymar será o dono do PSG, um clube com recursos
ter certeza que Piqué ia dançar junto. Neymar fez infinitos e vaga assegurada na Champions. Vai poder
o vestiário do time ficar mais alegre, basta ver as fazer o que é preciso para quem quer ser o melhor do
mensagens que os ex-companheiros postaram quando mundo: derrotar Messi. Vai poder comemorar dançando
ele anunciou sua saída para ir para o PSG. Hell, com Marquinhos, Lucas, Thiago e Daniel Alves.
bastava olhar o Insta Stories do Neymar. Ele conseguiu E, veja: Neymar, cá entre nós, é maior que o PSG.
conquistar o vestiário e o dono do vestiário sem nunca Pense nisso. Ele está num nível, raríssimo, de atletas que
ter tido sequer um problema de relacionamento. transcendem seus esportes. Ele, Messi, CR7, Ibrahimovic,
Neymar conseguiu jogar ao lado do Messi. Você acha Phelps e LeBron James são ícones pop, são monumentos.
que é fácil? Só um gênio semelhante consegue. Imagina Se der errado, ele vai para outro lugar em dois anos! Ele
só: você pega a bola na esquerda e opta por não tocar para tem dinheiro até para pagar a própria multa. Aliás, não se
o Messi, dribla dois e erra. No Santos? Ok. No Camp Nou? engane: não tem nada a ver com dinheiro a ida para o PSG:
Vai dar ruim. Faz isso não. o Menino já não tem mais como contar grana desde 2013.
Jogar com essa pressão, de ter “Deus” pedindo bola O plano vai dar certo? Se eu tivesse que apostar, diria
do seu lado, é só para os gênios. O Menino conseguiu, que sim. Mas o que importa é o frio na barriga de não
conquistou tudo, e ainda saiu do Barcelona maior do que saber, é disso que o moleque gosta. E agora só depende
entrou. É impressionante. Sabe quem eles vão colocar dele, e disso ele também gosta. Neymar fez o certo.

94 II II SETEMBRO 2017
C O M P O R T A M E N T O

Chico somos todos


Se a intolerância feminista atinge um ídolo como Chico Buarque, o que será de nós?
por IVAN MARTINS

J
á ouvi umas dez vezes a música nova de Chico ser livre para expressar ideias e sentimentos, ainda que
Buarque, lançada na internet. Não a achei sejam contraditórios ou firam a sensibilidade de quem
especialmente bonita ou cativante, mas, de ouve. Se as canções de Chico se tornarem politicamente
alguma forma, a canção me fisgou. Vira e corretas, também ficarão vazias.
mexe, me pego assoviando a melodia monótona de
Tua Cantiga, que Caetano Veloso, num texto bonito
e esclarecedor, explicou ser um afoxé lento, cheio de
POR CAUSA DE UNS VERSOS
brasilidade, embalado por rimas sutis como apenas ARREBATADOS, AGORA
Chico e o próprio Caetano sabem fazer. COMPARAM CHICO A UM BÊBADO
Engraçado que essa música suave – a primeira
que Chico gravou em muitos anos – tenha despertado
INCONVENIENTE. QUANTO EXAGERO
polêmica tão oposta ao seu andamento delicado.
Por causa de um par de versos arrebatados (“Quando Outras coisas me chamam atenção nesse debate.
teu coração suplicar / Ou quando teu capricho Primeira, que os versos que causaram a confusão estão
exigir / Largo mulher e filhos / E de joelhos / Vou te na boca de um homem, e isso parece ser intolerável.
seguir”), a canção foi considerada machista. Uma moça Se, na música, Chico pusesse uma mulher dizendo ao
escreveu na internet que esses versos demonstram amante “largo marido e filhos para te seguir”, haveria
que Chico está “datado” e perdeu o contato com a controvérsia? Suponho que não. Seria mais uma
“subjetividade das mulheres”. canção dele sobre o jeito feminino de amar, e ninguém
Quanto exagero. Chico sempre foi visceral na reclamaria. Como a declaração indecente é feita por
personificação de seus personagens musicais. Há um homem, vira canalhice. Não sei se as moças que se
décadas, suas músicas falam de mulheres que sofrem, queixaram da música pensaram nisso.
enlouquecem, morrem e matam por seus homens. Outra coisa alarmante é a rapidez com que se mudam
Nunca houve reclamação. Pelo contrário: havia a lenda percepções. Chico sempre foi o objeto de admiração e
de que Chico tinha alma feminina, capaz de dar voz aos desejo de nove em dez mulheres brasileiras. Agora, sem
sentimentos secretos das mulheres. Agora, por causa de mais nem menos, virou alvo. Ele continua o mesmo, mas
uns versos de amante enlouquecido, o comparam a um a atmosfera ao redor dele mudou. Não são apenas rapazes
bêbado inconveniente. ricos que se atrevem a insultá-lo na rua por causa de suas
As pessoas esquecem que o que Chico faz é arte. posições políticas. Agora algumas feministas acham que
Suas letras não podem ser interpretadas de forma podem desqualificá-lo publicamente porque, numa leitura
literal, como se ele estivesse incentivando os homens cheia de superficialidade, não gostam dos versos que ele
a largar suas mulheres e seguir suas amantes ou como compõe. Fico pensando: se esse tipo de intolerância pode
se achasse que as mulheres de Atenas são exemplo atingir um ídolo como Chico Buarque, o que não pode
para todas as demais. Arte não é discurso. Ela precisa acontecer com um homem comum?

SETEMBRO 2017 II II 95
V I D A E X E C U T I V A

Sua agenda, suas regras


Na correria do dia a dia, é preciso aprender a dizer não sem culpa
por ALEXANDRE TEIXEIRA

N
unca fui tão produtivo – e nunca deixei de
fazer tanta coisa.” A frase, dita por um amigo
que hoje é um dos líderes para a América
Latina de uma das maiores empresas de
tecnologia do mundo, resume o desafio de operar num
cenário de abundância de oportunidades. Desafio
invejável, sim, mas deixar oportunidades na mesa é
estressante, escolher é estressante e dizer não também
pode ser bastante estressante.
Faz pensar numa frase de André Barrence, diretor
do Campus, o espaço para empreendedores que o
Google mantém em São Paulo. Ele me disse: “As 24
horas do dia são um recurso escasso e limitado, mas
são suas”. Esse, para mim, é um belo lembrete sobre
a nossa responsabilidade pela definição de nossas
rotinas e sobre duas sensações, aparentemente
inofensivas, que nos causam estresse e drenam
energia mental como poucas: não saber o que
deveríamos estar fazendo a cada momento (ficar
pensando sem parar na alocação correta do tempo) e
não conseguir realizar o que planejamos (por abraçar
mais oportunidades do que deveríamos). Esses dois
sentimentos costumam ser o resultado de gastarmos
o nosso tempo com demandas e tarefas que são
jogadas na nossa direção, sem fazermos escolhas
sobre o modo como gastamos as nossas horas.

UMA LIÇÃO SOBRE A IMPORTÂNCIA


DE UMA AGENDA ORGANIZADA: AS
24 HORAS DO DIA SÃO UM RECURSO que entrevistei para o livro Rotinas Criativas, “colocar
ESCASSO, MAS SÃO SUAS cadência na agenda”. O calendário ideal não tem
aqueles picos que parecem eletrocardiograma.
O antídoto contra eles é uma combinação de dois Só que para isso você precisa empurrar tarefas mais
exercícios potencialmente difíceis: identificar o que para frente e dizer não para muita coisa.
é relevante (priorizar) e dizer não com competência. Saber dizer não é, primeiro de tudo, uma ferramenta
A melhor dica que conheço para melhorar o processo eficiente para impor limites à nossa carga de trabalho.
de priorização é contraintuitiva: no meio da correria Mas talvez mais importante seja escolher bem os sins
do dia a dia, alocar tempo para gerir o tempo, ou seja, que vamos poder dizer se abrirmos espaço na agenda e
reservar blocos de tempo só para gerir a agenda. Em no cérebro. Barrence me ensinou o seguinte: para quem
geral, uma ou duas horas na sexta-feira para planejar está negando, o “não” tem de significar “sim” a outras
cuidadosamente a semana seguinte. Quando fazem possibilidades – mais importantes ou mais agradáveis.
esse exercício, as pessoas em geral descobrem que Lembrar em nome de qual “sim” você está dizendo
uma parte considerável do estresse vem do mau “não” tende a tirar a culpa pela negativa. Por outro
hábito de colocar muitas atividades na agenda para lado, para quem ouve, o “não” não pode ser entendido
um mesmo dia – algumas delas disputando até o como uma negativa fria e insensível. Se você nega de
mesmo horário. Planejar, por exemplo, a semana forma gentil (e honesta), com a intenção correta, esse
com antecedência permite desarmar essas bombas “não” perde o caráter nocivo. Principalmente quando
escondidas no calendário e, como diz um dos CEOs você oferece alternativas.

96 II II SETEMBRO 2017
S E X O

As mulheres e o sexo casual


O jogo virou, meu amigo: também aprendemos que transar é uma coisa, amor é outra
por MARILIZ PEREIRA JORGE

T
em uma lição que toda mulher aprende assim de que amor e sexo são ativados na mesma área do
que começa a transar. Por melhor que o sexo cérebro, para ambos os gêneros. O que me leva a afirmar
seja, não significa que ele renda uma noite de que a paixão imediata que muita mulher sente até por
conchinha nem uma mensagem no dia seguinte. um cara ruim de cama está apenas em nossa cabeça e
A gente já vai para a cama preparada para pedir o táxi na questão moral de que o sexo é algo tão especial que a
depois ou levar o moço até o elevador, e adeus para gente só dá para quem seja assim também.
sempre. Os homens nunca tiveram essa aula. E estão
tendo que conhecer na prática a dolorosa sensação de ser
rejeitado minutos depois de um belo orgasmo.
NESSA NOVA REALIDADE, MACHOS
Você, quando quer, vai ficando, sem cerimônia. EMOTIVOS PODEM QUEBRAR A CARA,
Ou tem certeza de que a moça vai passar a noite apenas MAS TAMBÉM TÊM MAIS CHANCE DE
porque você decidiu assim. Agora, quando se dá conta,
ela está com a bolsa na mão, pedindo um Uber. Ou
ACHAR ALGUÉM QUE VALHA A PENA
inventa dor de cabeça, dificuldade para dormir, reunião
cedinho, qualquer coisa para o príncipe virar abóbora. Bobagem. Sexo é só sexo. Lavou, tá novo. Para homens
Aconteceu comigo e um ex, excelente amante e e mulheres. E mesmo que você acompanhe de perto as
péssimo namorado. Corpão sarado, cérebro de minhoca. mudanças de comportamento, talvez ainda não tenha
Acabei a relação, mas tentei manter os benefícios. Sem assimilado que o discurso “meu corpo, minhas regras”
chance. Lá pela terceira vez, o moço, meio magoado, traz embutida a opção “transar sem compromisso”. Moços
reclamou que eu só queria sexo. Nunca mais soube dele. moderninhos e sensíveis podem sofrer mais do que os
Antes tarde do que nunca. As mulheres têm aprendido cafajestes porque não descartam fazer de uma noite de
que sexo é sexo, amor é outra coisa. E que há poucas sexo casual uma relação com nome e sobrenome.
coisas melhores do que a liberdade de transar gostosinho Machos emotivos e evoluídos podem quebrar a cara
com alguém sem pensar em fazer o mapa astral do casal e machucar o coraçãozinho, mas nada diferente da
no dia seguinte. Sem culpa, sem expectativa. realidade de sempre das mulheres. Por isso, é bom acabar
O problema é que a cada história que ouço, percebo com o chororô. Eles têm também muito mais chance de
que esse novo arranjo não foi combinado com os russos. conhecer alguém que valha a pena e que poderia apenas
Tem muito marmanjo com nó na cabeça porque essa ter se transformado apenas numa lembrança.
nova mulher talvez não queira nem ir ao cinema depois Claro que esses ainda são minoria. Para o macho alpha
de trocar fluidos, quanto mais romance. raiz, a dificuldade em se adaptar às novas regras é maior.
Há uma série de explicações sobre os mecanismos É o tipo que vai seguir separando as mulheres em “para
cerebrais e hormonais que levam uma mulher a se sentir comer” e “para casar” e vai curtir a rejeição, atacando o
imediatamente conectada a um cara sobre quem ela não que talvez o tenha atraído naquela mulher: a liberdade.
sabe nada. Mas pesquisas recentes apontam na direção E sem perceber que o feitiço virou contra o feiticeiro.
H I G H L I F E

O herdeiro mais cobiçado


Hugh Grosvenor herdou uma fortuna de R$ 38 bilhões, mas só quer saber de reciclagem
por BRUNO ASTUTO

Q
uando o sexto duque de Westminster
morreu repentinamente de um ataque
do coração aos 64 anos, em agosto do
ano passado, depois de uma caminhada
em sua propriedade de Lancashire, na Inglaterra, o
mundo voltou os olhos para seu único filho homem,
o jovem Hugh. Aos 25, ele se tornava o homem mais
rico do mundo abaixo dos 30, sem ter criado qualquer
aplicativo ou start-up no Vale do Silício – apenas
mantendo uma conta com pseudônimo no Facebook,
fechada para seu restritíssimo círculo de amigos.
Hugh Grosvenor, o sétimo duque de Westminster –
ou Hughie para os mais íntimos –, herdou uma fortuna
estimada em R$ 38 bilhões, é dono de mais de 1.500
propriedades em 60 países, incluindo metade do bairro
de Mayfair, em Londres, e boa parte de Belgravia.
Sua holding familiar faturou no ano passado cerca
de R$ 320 milhões, mas o rapaz não pode vender
um apartamentinho sequer sem a autorização do
trust que controla a empresa. Curiosidade: uma de
suas firmas, a Sonae Sierra, tem participação em
35 shopping centers na Europa e dez no Brasil.

TOTALMENTE OFF-LINE, HUGH


É AVE RARA ENTRE OS MILLENIALS.
O SEGREDO É A ALMA DO NEGÓCIO A nobreza da família remonta ao rei Guilherme,
o Conquistador, e sua mais antiga propriedade
Único varão entre três irmãs – as mais velhas, está com eles há quase mil anos. Mas a estrela da
Edwina e Tamara, são casadas, e a caçula, Lady Viola, fortuna veio no século 17, quando um membro
ainda está solteira –, ele mantém um namoro ioiô da família casou-se com uma garota de 12 anos,
de dez anos com uma amiga de escola, com quem que trouxe no dote Mayfair e Belgravia.
fez uma viagem de férias pela Califórnia neste ano Foi a rainha Victoria quem deu em 1876 ao chefe
a bordo de um Ford Mustang amarelo conversível. da família, então parlamentar, o título de primeiro
Sua mãe, Natalia, para quem Hugh manteve duque de Westminster. O segundo duque entrou para
o título de duquesa, é madrinha de batismo a história por manter um caso com a estilista Coco
do príncipe William, que retribuiu a honraria Chanel durante dez anos, a quem ele abandonou
convidando Hugh para batizar seu filho, George. por pressão do clã antes de se casar quatro vezes.
Mas o rapaz é completamente avesso às badalações Há um ano como chefe dessa família
da aristocracia; a única vez em que bombou poderosíssima, Hugh ainda não manifestou interesse
publicamente foi em seu aniversário de 21 anos, algum em trocar a equipe nomeada pelo pai para
numa festa para 800 pessoas oferecida pelo pai. gerir seus bilhões. Estudou administração agrícola,
O falecido duque tinha os dois pés fincados no chão dá expediente todos os dias no setor contábil de um
no quesito educação. As crianças estudaram numa escola escritório londrino de uma companhia de reciclagem
pública até a adolescência, e ele costumava levá-las em e corta pela raiz as amizades que saiam postando
visitas a centros de reabilitação de drogados e prisões suas poucas saídas incógnitas pela noite e pelas festas
para que elas vissem desde cedo como a vida é e se privadas que frequenta. O herdeiro mais cobiçado
mantivessem longe dos perigos do dinheiro fácil. O efeito do mundo é uma ave rara no universo dos
foi tal que Edwina, a filha mais velha, é uma das maiores millennials: totalmente off-line. O segredo,
vozes pela reforma do sistema prisional da Inglaterra. ora, ora, ainda é a alma do negócio.

98 II II SETEMBRO 2017
PrePare seus sentidos
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R

MÚSICO, EMPRESÁRIO, PRODUTOR, ESTILISTA...

EMICIDA APOSTA ALTO EM VÁRIAS FRENTES, DÁ AULA NOS NEGÓCIOS

E CONSTRÓI A REPUTAÇÃO DE PRINCIPAL NOME DO RAP NACIONAL

Por GUILHERME MANECHINI e PITI VIEIRA Fotos MANUEL NOGUEIRA Styling DAVID POLLAK
CAPA

O PAPO FOI RETO: “MANO, NO SHOW,


CURTI ESSA PARADA
de costura. Me explica mais disso aí!” Com essa intimada VOCÊ VAI VER
e um livro de corte e costura para iniciantes debaixo do
braço, em meados de 2013, Leandro Roque de Oliveira, o
OS GAYS, OS
rapper Emicida, decidia entrar na moda. O interlocutor
da ocasião era o estilista João Pimenta, que o recebia
CARAS SISUDOS
para a segunda prova do costume que o artista veste na DO RAP, UMAS
capa do álbum O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve
Aqui (2013). “Na hora, saquei que surgia um concorrente PATRICINHAS,
novo na praça”, diverte-se o estilista ao lembrar do dia.
Pimenta ainda foi o responsável pela direção criativa
UNS MOLEQUE
dos dois primeiros desfiles da Lab Fantasma, a grife de
Emicida, na São Paulo Fashion Week. Mas, já na edição
DE FAVELA...”
do segundo semestre deste ano da semana de moda,

U
quem assinou a coleção Avuá da Lab foi o próprio rapper,
junto com o irmão Evandro Fióti (saiba mais sobre ele na m bom malandro, con-
página 125), repetindo na moda o que já faz na música. quistador, tem naipe de
Durante as mais de três horas de entrevista para a artista, pique de joga-
GQ, Emicida recorre com frequência ao termo “cabeça dor...” A rima é dos Ra-
de competidor”. É uma referência aos tempos em que cionais MCs, mas serve
participava das batalhas de rimas que o projetaram bem ao estilo Emicida de empreender.
no rap nacional. Foi nelas, afinal, que Leandro virou Junto do irmão Evandro Fióti, traba-
Emicida, alcunha que remete a matador de MCs. “Tá lha para dominar toda a cadeia das
vendo aquele franguinho ali?”, aponta para um galo áreas em que atua. No jargão de um
de brinquedo de uns 10cm colocado numa estante do administrador, seria como uma em-
escritório do Laboratório Fantasma, na Zona Norte de presa totalmente verticalizada. “No
São Paulo. “Quem ganhava a batalha da Rinha dos MCs capitalismo, o que não virar mercado
do fim de semana levava ele pra casa, como um cinturão. vai virar saudade, tá ligado? E se o
Ganhei 17 semanas seguidas, e me deram o troféu.” O hip-hop vai se fundir com o mercado
degrau seguinte foi vencer a Liga dos MCs em 2006, no cada vez mais, como aconteceu nos
Rio de Janeiro, principal reduto das batalhas. “Ali, o Estados Unidos, é melhor que este-
bagulho cresceu”, pontua. Hoje, aos 32 anos e pai de uma ja sendo conduzido por pessoas que
menina, Emicida é o principal nome do rap nacional. conheçam a raiz dessa cultura. Por
Em 13 anos de carreira, gravou dois discos, duas mixta- isso, nasceu a Lab Fantasma”, diz.
pes, dois EPs e mais de 15 singles. Em paralelo, ele produz Na empresa, a regra é abrigar os par-
ou se envolve nas carreiras dos rappers Akua Naru, Rael ceiros do rap e da infância humilde
e Kamau. Em seu canal no YouTube, conta com 534 mil vivida na periferia de São Paulo. A
seguidores e diversos vídeos com mais de 5 milhões de gestão da Lab, inclusive, foi – e ainda
visualizações; no Instagram, 1,1 milhão. No Facebook, é – bastante influenciada por um sím-
só perde para os Racionais MCs. Coleciona ainda proje- bolo do capitalismo por excelência: o
tos em conjunto com grandes empresas, como Natura, McDonald’s. Fióti e outros parceiros
Renner, West Coast, Ray-Ban, Intel e Nike, entre outras. de Emicida trabalharam na rede de
Na moda, apesar de ser uma empreitada relativa- fast food e, desde o início, buscaram
mente recente, Emicida tem feito com autenticidade a aplicar alguns de seus conceitos na
união entre o streetwear e a alfaiataria, um movimento marca do rapper.
perseguido por grifes do mundo inteiro. E o resultado A movimentação é acompanhada
tem sido aplaudido por grandes nomes do setor. “A Lab e aplaudida por quem está no ramo
traz para a passarela a vivência real das pessoas que há mais de 30 anos. Marcelo Castello
fazem a marca. Isso é muito forte”, diz Paulo Borges, Branco, ex-presidente das gravadoras
fundador e diretor criativo da SPFW. Para ele, é possível Universal e EMI e atual diretor-exe-
fazer uma analogia entre a chegada de outras grifes ao cutivo da União Brasileira de Compo-
evento, hoje consolidadas, e o impacto de Emicida e sua sitores, não poupa elogios ao rapper.
banca. “A Lab representa um novo movimento no mer- “É o primeiro artista brasileiro desse
cado. Já aconteceu com Osklen, Cavalera”, acrescenta. segmento que enxerga a música como

102 II II SETEMBRO 2017


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(Capa MGT)
Produção de moda
Kato Pollak
Assistentes
de fotografia
Flavia Faustino
e Gael Oliveira
Agradecimentos
Baró Galeria
e Ivan Navarro
Tratamento
de imagens
Helder Bragatel
e Thinkers MGT

104 II II SETEMBRO 2017


um negócio completo”, diz o executivo. Para ele, Emicida
segue uma linha bastante explorada nos Estados Unidos O BRASIL NÃO
pelo empresário da música e cofundador da Def Jam
Records, Russell Simmons. “O Emicida entende que
TEM EDUCAÇÃO
música, além de cultura, é negócio”, afirma. “E que a
cultura pode ser um negócio lucrativo.”
PARA FALAR DE
Somada a essa visão mais verticalizada da música, RACISMO. HÁ
uma mudança de postura em relação ao modus operandi
do rap nacional durante muitos anos, menos agressiva UMA ESTRUTURA
e sem restrição aos grandes meios de comunicação,
contribui para o sucesso de Emicida. “O rap de São Paulo
RACISTA COM
sempre foi muito sisudo. Acontece que agora, inclusive, POLÍCIA, JUIZ,
os Racionais estão reconhecendo que artisticamente
também têm o direito de sugerir outras coisas.” O último MÉDICO...”
disco de Emicida, Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e
Lições de Casa, de 2015, é prova disso. Nele, o rapper
canta com Caetano Veloso e Vanessa da Mata músicas
que não atendem diretamente ao estereótipo do público desfile da Lab na SPFW até o álbum
fã de rap, assim como já fez em outras parcerias. repleto de referências e críticas, Sobre
“No show do Emicida, você vai encontrar os gays, Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições
os caras sisudos que vão lá conferir se está tendo rap de Casa, só para ficar em algumas das
mesmo, umas patricinhas, uns moleque de favela, tra- ações mais recentes.
balhador, uns tiozinho”, conta. A diversidade intrigou “A real é que o Brasil não tem edu-
ele e o irmão ao ponto de eles decidirem contratar uma cação para falar de racismo. Existe uma
pesquisa de mercado para entender melhor quem são estrutura racista que independe da sua
seus fãs. “O resultado foi foda, porque nóis fala exata- e da minha atitude. Uma pessoa não
mente com quem nóis quer falar. Muita classe C e D, gostar de preto, tudo bem, é problema
mas tem A e B também.” dela com ela mesma. A treta é quando

F
o policial, o juiz e o médico têm um
alar o que quer e com quem deseja traz tam- estereótipo de pessoa com pele escura
bém a responsabilidade de formar opinião, que pode prejudicar essa pessoa, tá li-
algo que ficou claro em mais de uma oportuni- gado?”, indaga Emicida, antes de se re-
dade nos últimos anos. Numa delas, ele se viu ferir ao caso de Rafael Braga, no Rio de
encurralado por grupos feministas revoltados Janeiro, catador de material reciclável
com a letra da canção Trepadeira, composta em parceria que foi preso durante as manifestações
com Wilson das Neves. “Os caras do rap são sempre os de 2013 – e, segundo consta, de forma
que comem todo mundo. E eu queria fazer uma música injusta. “Quando fiquei sabendo, ao
de corno. Infelizmente, não entenderam assim. Mas teve invés de ficar postando hashtag para
uma coisa positiva: foi o reconhecimento de que não é soltar o mano, liguei pra defesa dele.
com todo mundo que as pessoas se importam sobre o Afinal, quem manda nessa porra é o
que está se falando. Isso fez a gente refletir bastante”, dinheiro. Queria pagar a fiança, mas a
diz. Outro recuo foi na política. Depois de fazer campa- defesa disse que o juiz tirou essa pos-
nha para o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e sibilidade. Cê acredita?”
para a reeleição de Dilma Rousseff, ele tirou um pouco Autodidata e nerd convicto, Emi-
o pé do acelerador. “Eu quis virar o espelho para mim. cida também é supersticioso. Carrega
Quando fiz campanha para o Haddad, foi porque achava sempre um galho de arruda atrás da
que ele seria um bom prefeito. Quando apoiei a Dilma, orelha como amuleto de proteção. E
não fui ingênuo, mas também não me arrependo. Acho é a superstição que, em comparações
que ela ficou refém de bandidos. E, agora, os bandidos com rappers de peso, diz preferir Jay-Z a
é que comandam tudo.” 2Pac. “Uma vez, o Mano Brown me dis-
Se o assunto for racismo, porém, inexiste qualquer se que eu era injusto com o 2Pac quando
sinal de hesitação. O rapper utiliza de todos os meios eu falava que eu gostava mais do Jay-Z.
que dispõe para deixar clara a situação desigual existente Por quê? Porque ele tá vivo, porra. E
entre negros e brancos no Brasil. Isso significa desde ficar vivo é difícil pra caralho de onde
fazer uma espécie de cota para modelos brancos no a gente vem.” Vida longa, parceiro.

SETEMBRO 2017 II II 105


ENSAIO

MÚSICA PA R A

OUVIDOS OS
MARIANA RIOS DESPONTOU COMO ATRIZ,
MAS QUERIA MESMO ERA CANTAR. O SUCESSO EM
POPSTAR A FEZ REENCONTRAR SEU SONHO
Por ERIK PAULUSSI Fotos ANDRÉ NICOLAU Styling YAN ACIOLI

106 II II SETEMBRO 2017


Top e hot pants Triya |
Poncho Ralph Lauren |
Pulseiras, anel e colar
Silvia Furmanovich |
Botas Brechó Frou Frou |
Chapéu B.Luxo

SETEMBRO 2017 II II 107


ENSAIO

no The Voice Brasil), mas claro que cantar nunca tinha


saído de sua cabeça. Há dois anos, Mariana estrelou
Memórias de um Gigolô, musical comandado por Mi-
guel Falabella. Mais uma vez, a música aparecia em
sua trajetória. “Um detalhe importante é que eu nunca
tinha estudado. Nunca tinha feito aula, vocalização,
nada para aperfeiçoar minha voz”, relembra.
É por esse histórico que o sucesso no Popstar não
espanta quem a conhece. Domingo após domingo,
ela conquista as estrelas dos jurados. Mas acredite: na
hora que o produtor avisa que é a vez dela de subir ao
palco, nem toda a experiência tira a ansiedade de cena.
“Eu nem sabia que conseguia ficar tão nervosa. Eu já
me apresentei com o Thiaguinho e o Exaltasamba para
ariana Rios é 120 mil pessoas. No ano passado, cantei num festival
tão linda e sua companhia, tão agradável, que ela sertanejo em Goiânia para 110 mil pessoas... E em
pode transformar em alegria uma tarde chuvosa no nenhum desses momentos me senti tão tensa. Tem
encalacrado trânsito de São Pau- um monte de sentimentos ali.”

C
lo – quem já enfrentou uma tarde
dessas sabe do que se trata. Já omo o Popstar é ao
faz uma década que a mineira de vivo, qualquer deslize
Araxá começou a ficar conheci- viraliza em segundos.
da pelo grande público – ela fez E é preciso administrar
em 2007 sua estreia na novela ainda a tensa relação
teen Malhação –, mas só agora com os jurados, que de bonzinhos
tem conseguido projeção de fato não têm nada. Recentemente, a
na música, a vocação que, para cantora Maria Rita não gostou de
início de conversa, a fez tentar sua apresentação. “Se você acei-
carreira no mundo artístico. Ma- tou fazer o programa, tem que es-
riana é um dos destaques do rea- tar disposta a passar por isso. E é
lity dominical Popstar, no qual música: se não tocar a pessoa, não
um time de celebridades disputa emocionar, tudo bem, acontece”,
quem é o melhor na música. Aos explica Mariana. Teve ainda a fa-
32 anos, ela está no auge. Sentada mosa “torta de climão”, quando
no banco de trás do carro com a a musa foi julgada por ninguém
reportagem da GQ durante um menos que Di Ferrero, vocalista
congestionamento muito bem- do NX Zero, de quem foi noiva
-vindo, ela relembra uma traje- até 2013. Mas isso ela tirou de le-
tória que é vencedora, mas por tra. Perguntada a respeito, não
caminhos tortos. se estendeu muito no assunto, li-
O sonho de se tornar canto- mitando-se a dizer que “Foi tudo
ra é cultivado desde os 7 anos, bem, sem problema”.
quando ela ficou em segundo lugar em um concurso Se o passado da mineira é musical, o que será de
em sua cidade. Antes de completar 10 anos, trabalhava seu futuro? Independentemente do resultado em
duas vezes por semana fazendo jingles e propagandas. Popstar, a atriz (e cantora) quer seguir trabalhando
Mudou-se para o Rio de Janeiro aos 18, quando dividia na TV até o fim do ano para dedicar-se novamente à
sua rotina entre aulas de teatro, trabalho como lojista música em 2018. A pressa da jovem de oito anos atrás,
e noites cantando em bares. Aos 23, quando terminava quando gravou um disco que não a agradou, sai de
sua estreia em Malhação, ela gravou seu primeiro ál- cena e entra a calma de uma mulher mais madura,
bum. O ano era 2009, e o sonho parecia que ia enfim realizada – e discreta: ela soa tarimbada em desviar
se tornar realidade. Mas ainda não era a hora. “O de perguntas íntimas. Nessas horas, nem o trânsito,
resultado poderia ter sido melhor. Eu não consegui até então caótico, ajudou – parece até que começou a
trabalhar no disco, meu foco era a carreira de atriz”, fluir melhor. Ao menos, terminamos a entrevista com
afirma. “Hoje em dia, o meu estilo de cantar é outro, uma boa trilha sonora: Tocando em Frente, de Almir
meu estilo musical é outro. Eu amadureci muito.” Sater, canção que a musa acredita definir seu atual
A artista emendou algumas novelas e passagens momento: “Cada um de nós compõe a sua história”,
como apresentadora e repórter no Multishow (e até afirma. Enquanto compõe a sua, Mariana canta.

108 II II SETEMBRO 2017


Top e hot pants Triya |
Poncho Ralph Lauren |
Pulseiras, anel e colar
Silvia Furmanovich |
Botas Brechó Frou Frou |
Chapéu B.Luxo

AGOSTO
SETEMBRO
20162017
II II II 109
II 109
ENSAIO

110 II II SETEMBRO 2017


Regata, top e hot pants
Versace | Colete Letage |
Meias Trifil | Botas Ellus |
Pulseira Cartier | Cinto
Tigresse | Brincos Le Briju |
Anel Silvia Doring

Produção de moda
Pedro Gonçalves
e Satomi Maeda
Beleza
Henrique Martins
(Capa MGT)
Assistente de beleza
Mario Marques
Assistente de foto
Gustavo Ribeiro
Agradecimento
Fazenda Cana Verde
Tratamento de imagens
Doctor Raw

AGOSTO
SETEMBRO
2016 2017
II II II 111 II 111
REPORTAGEM

ROCK
DO

ROBERTO MEDINA ESCREVIA POEMAS TRISTONHOS NA


ADOLESCÊNCIA E PENSAVA EM COMO DARIA ORGULHO
AO PAI NO FUTURO. NESSA BUSCA, CRIOU O ROCK IN RIO,
QUE HOJE É ENCABEÇADO POR SEUS FILHOS
Por DELMO MOREIRA Foto DARYAN DORNELLES

N
ÃO SEI O QUE VOU SER NA VIDA. marroquinos, Abraham, dono da Rei da Voz,
Meu pai é tão grande que não posso importara em 1955 um grande lote de aparelhos
fazer nada que ele tenha orgulho.” Aos CBS Columbia apostando no sucesso da televi-
13 anos, a ideia de um futuro insosso são, inaugurada no Brasil quatro anos antes. O
dominava o criador do Rock in Rio, festival que estoque, porém, encalhou. Então ele inventou
já reuniu 7,7 milhões de pessoas ao som de rock e patrocinou um programa como jamais houve
e música pop em quatro países. Aos 69 anos, outro no país. Noite de Gala, na TV Rio, canal 13,
Roberto Medina recorda aquela conversa com caríssimo e sofisticado, reunia ao vivo uma sin-
um primo e ainda acha que não havia razões fônica completa (regida por Tom Jobim), estre-
para ter muita esperança. “Esse menino é muito las internacionais, corpo de baile, gente famosa
inteligente, mas, coitado, é poeta”, costumava para entrevistas, humoristas, show de vedetes
dizer o velho Abraham Medina, o empresário e colunistas implacáveis. Foi um estouro. Os
mais popular do Rio de Janeiro nas décadas cinemas do Rio, sem público, cancelavam as
de 1950 e 1960. O imberbe Roberto escrevia sessões da segunda-feira, enquanto a Rei da Voz
poemas tristonhos no casarão colonial dos Me- desovava estoques e aumentava as importações.
dina no Bairro Peixoto, enquanto Abraham, Abraham também tinha uma agência de pu-
sempre cercado de celebridades, comandava blicidade, a Midas, e partiu para uma carreira
a maior rede de eletrodomésticos do país e paralela no show business, abrindo casas notur-
revolucionava a televisão brasileira. Mas os nas e promovendo shows, além de patrocinar
dois eram mais parecidos do que imaginavam. as principais festas da cidade. Roberto cresceu
Descendente de uma família de judeus sob a sombra desse incansável empreendedor,

112 II II SETEMBRO 2017


G R O O M I N G K AT I A E R B A S (C A PA M G T ) ; A S S I S T E N T E D E F OTO G R A F I A J U A N PA L M A D I A S

Som em família
Roberto com os filhos
Roberta e Rodolfo: o pai
passou o bastão, mas
segue com voz ativa

SETEMBRO 2017 II II 113


REPORTAGEM

dono de 16 empresas, com 4 mil funcionários. Strike que fumava e um estoque de Jack Daniel’s.
Dividia seu tempo entre as peladas na praia, os Na chuvosa noite de 26 de janeiro de 1980, de-
versos pungentes e as espiadelas no verdadeiro pois de duas apresentações impecáveis no Hotel
backstage em que se tornara a sala de casa com Rio Palace, Roberto Medina levou Sinatra pelo
os convidados de Abraham. “Eu era um mauri- braço até a boca do túnel do Maracanã, onde 144
cinho, até que tudo acabou.” mil pagantes o esperavam no maior palco de sua

Q
vida. Roberto ainda guarda na sala de casa o pia-
UANDO VEIO O GOLPE MILITAR DE no branco do maestro Vinnie Falconi, que regeu
1964, Abraham, amigo de Juscelino os 38 músicos da orquestra de Sinatra. A Artplan
Kubitschek, Carlos Lacerda e Jânio teve um pequeno prejuízo com o projeto, mas
Quadros, tirou seu programa do ar dobrou sua receita naquele ano e consolidou-se
em solidariedade ao presidente deposto, João como uma das principais agências brasileiras.
Goulart. Pouco depois, foram os próprios mi- Sinatra foi sua primeira incursão no show bu-
litares que cortaram o Noite de Gala devido às siness internacional, mas, na Artplan, Roberto
críticas que Abraham, apesar das ameaças, já adotava a concepção do pai, de que o grande
teimava veicular. O império começou a ruir, trabalho de uma agência é criar acontecimentos.
e, aos 17 anos, Roberto resolveu que era hora Em 1985, durante uma noite mal dormida, ele
de mudar de vida e começou a trabalhar com imaginou um grande concerto de rock para o
o pai na agência de publicidade. Rio. “Cheguei cedo à agência. Quando apresen-
O ato derradeiro aconteceria no fim de 1968, tei a ideia para a equipe, só não fui demitido por-
quando os militares baixaram o AI-5, o ato insti- que era o dono.” Roberto decidiu levar a coisa
tucional que fechou o Congresso e instaurou de em frente, afastando-se do dia a dia da criação
vez o regime de terror no país. No dia seguinte ao da Artplan para cuidar da área de promoções.
decreto, homens armados invadiram a casa dos Nos Estados Unidos, atrás de estrelas para o
Medina atrás de Rubem, o irmão de Roberto que festival, Roberto colecionou negativas. “Duran-
se destacava como deputado federal do MDB.

OSEQUESTRO
Quebraram o que puderam, espancaram Rubem
e Abraham, então adoentado, e arrastaram os
dois para a Vila Militar no Realengo. Abraham,
com um corte na testa, foi solto no dia seguinte.
Rubem ficaria preso por duas semanas. “A par-
tir dali, papai desistiu de tudo”, conta Roberto. FEZ ROBERTO TER
AVERSÃO A MIOJO
Ele tinha 21 anos e havia largado a faculdade
de direito. Era vice-presidente do grupo, mas,
com a quebra, precisou se virar. Arrumou empre-
go como vendedor de antenas para TV, ganhan-
do o equivalente a US$ 100 por mês, até que um
tio arranjou-lhe uma vaga na pequena agência Behind blue eyes
Foi com Frank
Artplan. Ali, começou a reescrever sua história. Sinatra que Roberto
Sua primeira grande tacada foi levar os anúncios Medina entrou no
circuito internacional
de lançamentos imobiliários (então restritos de shows
aos classificados dos jornais) para a televisão.
O sucesso fez Roberto progredir na agência até
comprar seu controle, aos 25 anos. Na Artplan,
fez campanhas de grande repercussão, como
as peças para o uísque Passport, apresentadas
pelo ator David Niven e – o que ninguém no
Brasil acreditava – pelo cantor Frank Sinatra.
Nas negociações com a equipe de Sinatra,
que jamais havia gravado um comercial para
TV, Roberto Medina improvisou um argumento:
a propaganda era só um primeiro passo, que
desembocaria numa apresentação do cantor
no Brasil. As tratativas para o show histórico
levaram mais dois anos e 14 viagens a Los Ange-
les. O contrato foi assinado sem a exigência de
mordomias típicas dos grandes astros – Sinatra
fez questão de garantir apenas os cigarros Lucky

114 II II SETEMBRO 2017


erguida a primeira Cidade do Rock. Foi encon-
trada aos prantos. Roberta começou a trabalhar
aos 17 anos na equipe de promoção de even-
tos do Barra Shopping, pegou gosto e, um ano
depois, passou a dividir tarefas com o pai. Em
2001, aos 22 anos, pouco antes da abertura do
terceiro Rock in Rio, foi convocada por Roberto
para coordenar sozinha o megashow. Ela sentiu-
-se novamente perdida num descampado. “Pa-
recia que ele tinha me atirado na jaula do leão
e jogado a chave fora”, diz Roberta, que levou
algum tempo para perceber que o pai estava o
tempo todo “espiando atrás da cortina”.
Hoje, como diretora do Rock in Rio, ela é o
rosto mais visível do festival. Seu irmão, Rodol-
fo, preside a Artplan desde 2007. O outro irmão,
Jomar, lidera a equipe de produção da Dream
Factory, a empresa de organização de eventos
do grupo. Júnior gosta mesmo é da atividade de
campo, pendurado nos andaimes com os operá-
rios. Nenhum dos três sofreu aquelas angústias
Salve, rainha
O Queen foi uma das existenciais do pai na adolescência.
primeiras bandas a entrar Foi durante o terceiro Rock in Rio que Ro-
na programação do Rock
in Rio de 1985 berto Medina recebeu o convite de empresários
portugueses para levar o evento para Lisboa.
Em 2004, numa Cidade do Rock permanente,
te 45 dias, em 70 reuniões, ouvi 70 nãos”, conta. os europeus viram o maior festival de música
A fama do Brasil na área não era boa, e ele notou já ocorrido no continente. Além dessa edição,
ainda que havia uma barreira de estilos. Sempre houve mais cinco em Lisboa, três em Madri
de terno e gravata impecáveis, visitou o empre- (2008, 2010 e 2012), mais três no Brasil (2011,
sário do Iron Maiden, que o recebeu de cueca, 2013 e 2015) e uma nos Estados Unidos (2015).
com uma barba enorme suja de macarrão. De- 1985 A marca globalizou-se, e Roberto fixou-se na
Ozzy Osbourne
cidiu comprar um jeans para não ser confundido abriu o casting Europa. Morou cinco anos em Lisboa e cinco
com agente do FBI. Mas o que o salvou mesmo da primeira edição em Madri e voltou ao Brasil em 2011. O sétimo
foi a ajuda dos executivos de Sinatra, que agen- Rock in Rio brasileiro, que começa neste mês, é
daram uma coletiva de imprensa para ele. No dia hoje um parque de diversões unido pela música.
seguinte, os principais jornais divulgavam que Casado pela segunda vez e pai de Raissa,
“o maior show do mundo acontecerá no Brasil”. de 9 anos, Roberto Medina parece não ter mar-
FOTOS ACERVO EDITOR A GLOBO; JR . RIPPER (AGÊNCIA O GLOBO); REPRODUÇÃO

Empresários passaram a fazer fila no hotel onde cas dos pesados tropeços que sofreu. Nem do
Roberto estava. O primeiro a fechar foi Ozzy 1991 maior deles. Em 1990, a organização criminosa
O Guns N’ Roses
Osbourne. Logo depois, acertou com o Queen foi a maior atração Comando Vermelho iniciou uma terrível onda
e, em uma semana, o casting estava fechado. da segunda edição de sequestros – mais de 200 em 18 meses. No

O
início da noite de 6 de junho, quando deixava
PRIMEIRO ROCK IN RIO JUNTOU 1,38 a sede da Artplan na Lagoa Rodrigo de Freitas,
milhão de pessoas, mas deu prejuízo: Roberto teve seu carro cercado por um bando
o governador Leonel Brizola mandou armado de metralhadoras, com uniformes po-
desmontar a Cidade do Rock, pro- liciais. Foi parar num cativeiro imundo, onde
2004
jeto de US$ 11 milhões construído para duas Paul McCartney passou 16 dias comendo um macarrão pavo-
edições. O segundo Rock in Rio, em 1991, foi estrelou o primeiro roso. Roberto apanhou, foi torturado e enfren-
Rock in Rio Lisboa
realizado no Maracanã, remodelado para re- tou sádicas encenações de execução. Acabou
ceber 700 mil pessoas em nove noites, com 22 libertado depois de a família pagar o resgate de
artistas internacionais e 18 nacionais. O evento US$ 2,5 milhões. Em casa, passou seis meses
foi transmitido para 55 países, com cerca de 580 encolhido, com medo de sair, até que resolveu
milhões de espectadores. Em termos financei- “abrir a porta da vida” e retomar sua rotina. Ro-
ros, o negócio empatou, mas transformou de 2015 berto garante que superou o trauma, exceto por
vez o Rock in Rio numa marca internacional. Bruno Mars na primeira um detalhe: até hoje, basta ver alguém preparan-
A filha, Roberta Medina, tinha seis anos edição do festival do um miojo para que o sequestro lhe volte por
nos Estados Unidos
quando se perdeu no terreno baldio onde era inteiro, com seus cheiros, dores e pavores.

SETEMBRO 2017 II II 115


ESPECIAL

FIM DE
FESTA? COM UMA EPIDEMIA MUNDIAL DE BOATES FECHANDO AS PORTAS
E OS CARETÍSSIMOS MILLENNIALS TROCANDO A BALADA PELO
NETFLIX E PELO SPOTIFY, A NOITE NÃO É MAIS AQUELA CRIANÇA.
OS REIS QUE A MANTIVERAM VIVA NOS ÚLTIMOS 40 ANOS DÃO SEU
DIAGNÓSTICO À GQ. HAVERIA LUZ NO FIM DA PISTA? Por BRUNO ASTUTO
116 II II SETEMBRO 2017
Tempos bicudos
A Tramp, em Londres,
segue na ativa, mas a
Inglaterra perdeu quase
metade de suas casas
noturnas na última década

M ALGUM MOMENTO da pré-história, Atual rei da noite paulistana, Facundo Guerra,


três coisas atraíam uma criatura para a bo- dono de nove casas noturnas, diz que tem repensa-
ate: 1) exorcizar a dureza da vida dançando, do seus negócios. “O que a gente chamava de noite
como se não houvesse amanhã, ao som de cinco anos atrás, hoje, é dia, com as sunset parties
uma música que você só descobriria graças aos bem- que acontecem até meia-noite no máximo. Ninguém
-informados disc-jóqueis; 2) poder ficar bem louco mais fica dando teco até 3h da manhã, enchendo
tomando todas e tudo sem que ninguém chamasse a cara. A nova galera não quer mais isso”, afirma.
uma ambulância; e 3) a maior de todas elas: transar. A teoria de Facundo encontra respaldo num es-
Mas, hoje, com o Spotify bombando e os aplica- tudo da entidade Monitoring The Future, que acom-
tivos de encontros gerando matches em qualquer panha o comportamento dos jovens nos Estados
esquina, quem, afinal, precisa de uma boate? E nem Unidos. Segundo ela, o uso de drogas sintéticas e de
fale de drogas: as novas gerações estão mais inte- álcool por adolescentes às vésperas da maioridade
FOTO REPRODUÇÃO

ressadas em suco verde e pedalar às 5h da manhã, chegou a seu nível mais baixo desde que a pesqui-
além de acharem que, sim, pega mal cheirar uma li- sa foi iniciada, em 1975. Apenas 40% dos estudan-
nha no banheiro enquanto milhares de pessoas são tes declararam ter ingerido algum tipo de bebida al-
assassinadas por causa da guerra contra o tráfico. coólica. E noite à base de clorofila, será que dá pé?

SETEMBRO 2017 II II 117


ESPECIAL

Boates, baladas, nights e discotecas estão em dele está vencendo também”, alerta Buaiz. “A ga-
vias de se tornar letras mortas no mundo todo. Se- lera prefere gastar nos megafestivais, com mais va-
gundo a Nightlife Association, mais de 10 mil ba- riedade e atrações, como o Villa Mix, e os gringos,
res e casas noturnas fecharam as portas nos Estados como o Lollapalooza, o Glastonbury e o Coachella.”
Unidos na última década; na Inglaterra, de baladas Entre os motivos que os millennials alegam para
históricas como a Tramp, das 3.100 casas noturnas terem abandonado as boates estão os preços das be-
existentes em 2007, quase metade desapareceu. bidas, as filas, o excesso de pretensão e rudeza dos
Basta dar uma voltinha por Paris, onde eu iniciei funcionários, a incapacidade de conversar por cau-
minha vida noturna, em clubes como o Les Bains sa da música alta e, pasmem, o medo de “perder a li-
Douches, o Queen e o Castel, para saber que a cida- nha”, ser filmado e acabar humilhado nas redes so-
de luz passou a funcionar à base da luz do sol. Na úl- ciais. Esse comportamento transformou a Geração
tima semana de moda, só o minúsculo clube Mon- Y na Geração “Yawn”, a geração bocejo.
tana tinha um certo quórum de dancing animals. “É impossível você realmente se divertir só se
preocupando em ficar bonito nas redes sociais. Isso
M SÃO PAULO, depois da febre da impor- é um horror”, avisa a eterna rainha da noite Régi-
tação das megacasas noturnas estrangei- ne Choukroun, empresária belga que ganhou fama
ras, como a Pink Elephant e a Mokai, nin-
guém quer nem ouvir falar de balada. A pá

J A M I E B A K E R ( A L A M Y/ L AT I N S T O C K ) ; A N T H O N Y G H N A S S I A ( A P P H O T O / G L O W I M A G E S ) ;
de cal veio com a história do notório “rei do cama-
rote”, uma figura que se gabava de torrar fortunas
SEM MILLENIALS,
AS BOATES
em garrafas jumbo de vodca com estrelinha na boca
trazidas por belas garçonetes para seu curralzinho

F O T O S R I C H A R D C O R K E R Y ( N Y D A I LY N E W S A R C H I V E / G E T T Y I M A G E S ) ;
vip. O rapaz foi o último moicano da falsa bonança
da era Lula, antes que o país mergulhasse em seu
PERDERAM

A L C Y R C AVA L C A N T I /A G Ê N C I A O G L O B O ) ; A G Ê N C I A O G L O B O
frangalho econômico. Com a crise, os emergentes,
que imitavam seus pares russos nas boates do sul
da França gastando desmedidamente em camaro-
tes repletos de bebidas e mulheres, submergiram.
ESPAÇO NO MUNDO
O show-off do tempo dos BRICs é o novo brega.
No Rio, das 192 casas cadastradas com a ati- planetária no fim dos anos 1960 ao inventar o con-
RESSACA
vidade boate, apenas 70 têm inscrição municipal ceito de boate. “Fui a primeira a colocar um DJ para Em sentido
ativa, o que não quer dizer que estejam em funcio- tocar num clube no lugar da orquestra, a colocar uma horário, a
partir do alto:
namento. No último ano, quatro das principais ba- garrafa de champanhe na mesa e inventei a mesi- Hippopotamus e
ladas da cidade, Nuth, Miroir, 021 e 00, disseram nha com um buraco no meio para servir de cinzei- 00 (Rio); Queen
adeus à noite. Aliás, o fechamento da agradabilíssi- ro”, orgulha-se ela, que chegou a manter 20 casas Nightclub (Paris);
Fabric (Londres);
ma 00, com seu espaço outdoor ao lado do Planetá- de seu clube Régine’s abertas ao mesmo tempo em e Bianca Jagger
rio da Gávea, teve ares de fechar a tampa do caixão. cidades como Paris, Nova York, Rio, Salvador e São no Studio 54
(NY) – não existe
Você pode dizer que é culpa da violência ou da Paulo. Frequentavam o Régine’s potestades do jet- app para entrar a
crise, mas nem se estivéssemos nadando em di- -set, como o bilionário grego Aristóteles Onassis e cavalo na boate
nheiro as boates como nós conhecíamos triunfa- sua amante, Maria Callas, estilistas do naipe de Yves
riam a longo prazo. Tudo culpa da tal geração mil- Saint Laurent e Karl Lagerfeld, atrizes de Hollywood
lennial, pessoas que atingiram a maioridade depois e todo mundo que contava nos anos 1970. “Imagine
do ano 2000 e entraram na vida adulta com um ce- o que Onassis não faria se viessem pedir uma sel-
lular em punho. Um dos primeiros a antever esse fie. Ele faria a pessoa engolir o celular”, diverte-se
movimento foi o empresário Marcus Buaiz, que, ela, cética em relação ao futuro da noite. “Não vai
em outubro de 2015, vendeu suas 12 casas notur- aparecer outro Régine’s. Era uma época de desafo-
nas, que chegaram a faturar, no ápice, R$ 70 mi- go da repressão sexual, da invenção da pílula, nin-
lhões por ano. “Vi que a forma como os jovens saíam guém mais tem esse fogo. E a noite tem que ter fogo.”
estava mudando. É uma garotada ultraconecta- Ex-promoter do Studio 54, a peruana Carmen
da em redes sociais, que não se apega a hábitos, d’Alessio, que convenceu Bianca Jagger a entrar na
que não quer ir três noites por semana a uma mes- boate em cima de um cavalo em 1977 e contratou
ma casa noturna. Ela é ligada aos eventos, e esses um grupo de travestis para animar o aniversário de
têm que ser muito diferentes uns dos outros para Giorgio Armani, reforça o coro. “A noite ficou ve-
mobilizá-los”, diz ele. “As baladas foram derrota- lha, cinza e desinteressante. Hoje, prefiro um jantar
das pelo suco verde, pelo Facebook e pelo Netflix.” ou ir à praia a fazer uma noitada. Eu quero é sol”,
No Brasil, as baladas sertanejas são o filé do mo- anuncia ela, habituée dos Carnavais do Rio. “Di-
mento. “Nos meus últimos anos da noite, eu che- ziam que no Studio 54 era servida a melhor cocaína
guei a investir nesse filão, mas o prazo de validade do mundo. Era uma época de experimentação, mas

118 II II SETEMBRO 2017


acabou. Os que sobreviveram praticam ioga e pila-
tes. As pessoas estão procurando a energia do sol,
a iluminação espiritual, no que fazem muito bem."
Mas a noite ainda encontra seus focos de resis-
tência. Nos balneários turísticos, como Ibiza, Saint
Tropez e Marbella, as boates estão no pacote de fé-
rias. Em Moscou, ainda é na balada que os grandes
negócios são selados. Em Miami, emigrados da cri-
se latino-americana ainda gastam a sola dos sapa-
tos em novas casas noturnas nos bairros descola-
dos de Downtown, Design District e Wynwood. Em
Nova York, existem bares, como o Spritzenhaus 33
e o South, no Brooklyn, que oferecem até cerveja
sem glúten para atrair a geração neoalérgica. Em
Londres, estrangeiros multimilionários – gregos,
russos, indianos, árabes – mantêm vivos os clubes
fechados apenas para sócios, como os excelentes
Loulou’s e The Arts Club. Mas esses não oferecem
só a pista de dança; ela é apenas parte de um am-
biente que reúne ótimas comida e bebida, bate-pa-
pos sobre arte contemporânea e a sensação de per-
tencer a uma casta cosmopolita. Uma coisa é certa:
o melhor lugar para dançar ainda é Berlim, sempre
na vanguarda do apocalipse.

TÉ NO RIO, quem diria, o lendário Hip-


popotamus reabriu, com um simpaticís-
simo rooftop, um excelente restaurante,
boate e o slogan “Os bons tempos volta-
ram”, mesmo com as notícias desoladoras sobre a
cidade. “Em mais de 40 anos de noite, já vivi todo
tipo de crise. Nós batemos no fundo do poço, e está
na hora de virar”, diz o rei da noite brasileira, Ricar-
do Amaral. “E para esses millennials, só digo uma
coisa: o perfume, a troca de olhares, a mão na mão,
a mão na coxa e um beijo repentino na pista de dan-
ça são insubstituíveis, nenhum aplicativo vai dar."
Prestes a abrir sua décima casa em São Paulo, o
bar Arcos, no subsolo do Theatro Municipal, Facun-
do Guerra vai abrir mão da pista de dança. “Ela vai
rolar onde for. A festa não precisa mais ser dentro
da boate, pode ser num edifício abandonado, em-
baixo de uma ponte. O problema é que as estruturas
estão obsoletas. As boates ficam seguindo o mode-
lo dos anos 1980, e os restaurantes, o do século 16.”
Ele afirma que talvez tenha achado a fórmula
para a sobrevivência do negócio. “O clube não mor-
reu, mas deve ser fechado para assinantes. Por que
não juntar gente com afinidade e, via crowdfun-
ding, montar uma boate só para os doadores? Ou
retomar os clubes de cavalheiros da década de 1920,
em que cada um tinha a chave, mas com a tecnolo-
gia de hoje?”, pergunta. “Não precisa ser essa coi-
sa esnobe e elitista, para escolhidos. Os escolhi-
dos hoje são as trans, os ‘mano’, que sabem fazer o
caldo, o malandro, o playboy. A mauriceia é chata
pra caralho! Tenho preguiça de gente que tem di-
nheiro e acha que isso basta. Isso é que é velho.”

SETEMBRO 2017 II II 119


ENTREVISTA

120 II II SETEMBRO 2017


TEMER TEM SEU
FLÁVIO ROCHA, PRESIDENTE DA RIACHUELO, É DOS POUCOS NOMES DO PRIMEIRO
TIME DO EMPRESARIADO QUE DEFENDEM O PRESIDENTE ABERTAMENTE. NESTA
ENTREVISTA, ELE EXPLICA POR QUÊ Por GUILHERME MANECHINI Foto RODRIGO MARQUES

E
m julho, o índice de aprovação do inflação, aumento do poder de com- torneiras que enriqueceram Joesley
presidente Michel Temer desceu pra, redução do desemprego pelo Batista, do BNDES ao fornecimento
a minúsculos 5%, o que faz dele quarto mês consecutivo e queda da de gás da Petrobras. Joesley estava
o presidente com a pior avaliação na taxa de juros são alguns deles. Nos- desesperado e tinha que fazer algo
história. Nomes de peso que defen- so resultado recorde no primeiro se- para não quebrar. Só sobrevivia com
dam Temer abertamente virou rarida- mestre é um reflexo da recuperação. as torneiras escancaradas pelo PT.
de. Mas há, sim, defensores e, no meio Para existir corrupção, é preciso ter
empresarial, é possível que Flávio Ro- Qual sua avaliação sobre o gover- contrapartida. Não vejo justificativa
cha seja o mais relevante – e também no Temer? É o governo mais liberal para um pagamento de R$ 100.
o mais veemente. “O Ponte para o Fu- que já tivemos. Não quero fulanizar
turo é genial”, diz o comandante da o negócio, mas o Ponte para o Futu- Acesso privilegiado é algo valioso.
Riachuelo em referência ao programa ro é genial, principalmente se pensar- Certo. Mas não esqueça que Joesley
apresentado pelo PMDB no fim de 2015 mos em quando foi proposto: antes era o homem mais poderoso do Con-
e que hoje norteia o mandato do pre- de Mauricio Macri (Argentina) e João gresso. Maior do que qualquer pre-
sidente. No primeiro semestre deste Doria Jr. A história irá creditar Temer sidente de partido. Vejo Temer com
ano, a Riachuelo teve seu maior lucro por causa disso. Ele intuiu essa mu- a única chance de entrar para histó-
já registrado para o período, de mais dança que estamos falando. Hoje, é ria realmente lancetando esse tumor
de R$ 82 milhões. Logo depois desta fácil concluir. Ele viu isso em 2015. [corrupção] e fazendo as reformas.
entrevista, admiradores o “lançaram”
como candidato a vice-presidente em As denúncias de corrupção não o Mas as reformas são encabeçadas
uma eventual chapa encabeçada por incomodam? Posso estar sendo in- por um governo denunciado por
João Doria. À GQ, o empresário negou gênuo, mas não entendo qual a re- corrupção constantemente. Escre-
a candidatura, não sem antes ter com- lação de troca dessa corrupção do vi o artigo Os Presuntos e as Moscas.
partilhado (e rapidamente apagado) a [Rodrigo] Rocha Loures (ex-assessor Imagine uma sala infestada de mos-
postagem no Instagram. especial de Temer, que foi preso pela cas e um presunto pendurado. Uns
Polícia Federal). Essa da sacola dos acham que se resolve o problema es-
Em 2014, a Riachuelo deu uma R$ 500 mil. Era pra comprar o quê? pantando as moscas. Outros sabem
guinada para o fast fashion, con- que é preciso retirar o presunto. Te-
ceito difundido mundialmente pela Era uma mesada com previsão de mer é combatido porque quer tirar o
Zara. Depois de três anos, qual é o ser paga durante anos. Mas em tro- presunto da sala e resolver o proble-
resultado? FLÁVIO ROCHA Sempre ca de quê? Temer fechou todas as ma [corrupção] na raiz.
fomos um grupo verticalizado, mas
cada um (Guararapes Têxtil, Confec- O senhor tem candidato para 2018?
ções Guararapes, Transportadora Tenho ideias para 2018. Vai se ele-
Casa Verde, Riachuelo e a financeira ger quem se comprometer com o bi-
Midway) buscava sua eficiência antes nômio da prosperidade: democracia
do resultado global. A partir de se- e livre mercado. Fulanizar essa ideia
tembro passado, adotamos o modelo NÃO QUERO é a última etapa. João Doria mostrou
em que o varejo puxa toda a cadeia. VOLTAR À isso saindo do zero para vencer no
primeiro turno em São Paulo.
O senhor tem falado sobre sinais POLÍTICA. SOU
de retomada da economia. Como o MAIS OUVIDO HOJE Não pensa em voltar à política? Não.
grupo tem percebido isso?
Estou confiante. Os sinais de retoma-
DO QUE QUANDO Eu acho que sou mais útil como em-
presário. Hoje, sou até mais ouvido do
da têm aparecido: desaceleração da ERA DEPUTADO que quando era deputado federal.

SETEMBRO 2017 II II 121


CONVIDAMOS A NOVA SAFRA DO RAP E DA MPB PARA ATUALIZAR O ESTILO ELEGANTEMENTE
SEM-VERGONHA DO MOVIMENTO DÂNDI NASCIDO NO CONGO Por LUCAS BARANYI Fotos MIRO Styling GIOVANNI FRASSON

122 II
MODA

II SETEMBRO 2017
LASAPE
Da esquerda para
a direita: Paletó
Brechó Frou Frou
R$ 399 | Costume
Hugo Boss R$ 3.745 |
Camisa Prada
R$ 2.690 | Gravata
Burberry R$ 750 |
Sapatos Christian
Louboutin
R$ 5.490 |
Terno Ricardo
Almeida
R$ 4.567 | Camisa
Saint Benjamin
R$ 289 | Sapatos
Prada R$ 3.860 |
Meias Altai
Company R$ 19,99 |
Terno R$ 4.567 e
gravata R$ 289
Ricardo Almeida |
Camisa Caroline
Funke R$ 840 na
Choix | Relógio
Drive Fases
da Lua Cartier
R$ 90 mil | Boina
preço sob consulta
e sapatos R$ 4.150
Prada | Meias Altai
Company R$ 45 |
Paletó Brechó Frou
Frou R$ 289 |
Camisa Emporio
Armani preço sob
consulta | Camisa
polo Osklen R$ 447 |
Calça Lab R$ 799 |
Sapatos Passarela
R$ 199 | Cinto Prada
preço sob consulta

SETEMBRO 2017 II II 123


MODA

124 II II SETEMBRO 2017


Terno Calvin Klein
R$ 1.390 | Camisa rosa
Docthos R$ 249,70 |
Camisa estampada
Renner R$ 99,90 |
Camisa Osklen R$ 447 |
Sapatos Christian
Louboutin R$ 5.190 |
Meias Puket R$ 26,90 |
Chapéu Plas R$ 350

Na página ao lado:
Blazer com lenço
embutido Fabrizio
Allur R$ 5.300 | Camisa
Gucci R$ 2.270 |
Gravata Ermenegildo
Zegna R$ 1.385

EVANDRO FIÓTI
Irmão mais novo de Emicida, nossa
estrela da capa, Evandro Fióti é a cabeça
por trás da grife Lab Fantasma. Discreto,
ele também assina, ao lado do irmão
(de quem é empresário e produtor), as
coleções da Lab.
O rapper é ainda figura de relevo na
música. E quem pensa que Fióti está
afastado dos microfones, se engana:
o paulistano, autodidata no violão – e
que no colégio também tocava corne-
ta e trompete –, lançou seu primeiro
trabalho, Gente Bonita, em 2016. Com
seis faixas, o EP trouxe gente de peso
para fazer um som bem brasileiro: Ju-
çara Marçal e Thiago França, do Metá
Metá, Anelis Assumpção e Rael, que
você também vê neste editorial.
Fióti é a clara representação de uma
quebra de estereótipo muito bem-vinda:
o negro da periferia que assumiu um
papel de destaque no mundo dos ne-
gócios. Sua sagacidade na gestão, com-
partilhada com o irmão mais velho, tem
sido um sopro de renovação de ideias,
seja dentro de um estúdio de gravação
ou de um ateliê.

SETEMBRO 2017 II II 125


MODA

Costume R$ 10.600,
camisa R$ 2.400 e lenço
R$ 770 Dolce&Gabbana |
Gravata Ricardo
Almeida R$ 289 |
Sapatos Prada R$ 4.150 |
Meias Puket R$ 26,90 |
Suspensório Brechó Frou
Frou R$ 129 | Pulseira
e anéis Acervo pessoal

Na página ao lado:
Paletó R$ 9.240,
camisa polo R$ 2.900 e
calça R$ 2.720 Gucci |
Chapéu Plas R$ 300

RAEL
Talvez o nome Israel Feliciano não diga
muito a você, mas o visual com longos
dreads e o riso fácil tornam Rael uma
figura facilmente reconhecível. Antes
conhecido como Rael da Rima, ele co-
meçou na música aos 16 anos e estreou
em carreira solo em 2010, aos 28, com o
disco MP3 – Música Popular do 3º Mundo.
Seu nome, a partir de então, só ficou
maior: já estabelecido no mundo do
rap com o grupo Pentágono, na década
de 2000, assumiu uma musicalidade
ainda mais abrangente e complexa,
abraçando, para além do rap, samba,
reggae e jazz.
Em 2013, Rael mostrou a que veio
com Ainda Bem que Eu Segui as Batidas
do Meu Coração, produzido nos Estados
Unidos. Com esse álbum e com Coisas
do Meu Imaginário, lançado no ano pas-
sado, ele consolidou, de vez, seu nome
no cenário musical brasileiro.

126 II II SETEMBRO 2017


SETEMBRO 2017 II II 127
MODA

RINCON SAPIÊNCIA
Danilo Albert Ambrósio demorou 31
anos para gravar o primeiro disco, mas
bastou Galanga Livre ser lançado para
que ele fosse alçado ao posto de revela-
ção incontestável do rap brasileiro. Rin-
conSapiência,comoéconhecido,estána
música, oficialmente, desde 2009 – data
de seu primeiro EP, Elegância.
Foi com o clipe da música Ponta de
Lança, porém, que tudo mudou: lançada
em dezembro de 2016, um dia depois
do Natal, virou hit – e não é difícil en-
tender por quê: Rincon é meticuloso
e perfeccionista (segundo o próprio,
por influência dos signos e pelos traços
clássicos de um virginiano).
Com um disco que mistura guitarras
à la Jimi Hendrix, R&B dos anos 1980,
rap contemporâneo e ritmos africanos,
Rincon é o tipo de artista que foge de
qualquer estereótipo: pode ser ouvido
em uma festa com os amigos, sozinho
em casa ou ao lado de alguém que você
quer conquistar – e é justamente essa ha-
bilidade de transitar em tantos mundos
que o faz tão bom.

128 II II SETEMBRO 2017


Costume Fabrizio
Allur R$ 7.200 | Camisa
Forum R$ 199 | Camisa
estampada R$ 3.580
e sapatos R$ 4.150 Prada |
Gravata Ricardo Almeida
R$ 289 | Lenço
Ermenegildo Zegna
R$ 440 | Meias Altai
Company R$ 45

Na página ao lado:
Camisa Louis Vuitton
R$ 3.300 | Calça Calvin
Klein R$ 314 | Relógio Drive
Fases da Lua Cartier
R$ 90 mil | Suspensório
Renner R$ 49,90 |
Chapéu Plas R$ 300

Convidados
Fióti, Rael, Rico Dalasam
e Rincón Sapiência
Grooming
Agnes Mamede (Capa MGT)
Produção de moda
Manoela Fiães
Assistentes de fotografia
Gil Alves e Luis Hartwig
Agradecimentos
Regatta Tecidos

RICO DALASAM
Disponho Armas Libertárias a Sonhos
Antes Mutilados. Antes que você fique
em dúvida, esta frase forma a sigla que é
o sobrenome artístico de Rico Dalasam.
Por que tanta poesia? É quase simples:
imagine ser um homem negro e gay da
periferia de São Paulo.
Dos quatro rappers deste editorial,
Rico é o que tem a trajetória musical
mais curta: sua estreia aconteceu em
2016, com o disco Orgunga – referência
às palavras orgulho, negro e gay.
Para muito além da participação no
single Todo Dia, ao lado de Pabllo Vittar,
Rico não é apenas promessa de música
dequalidade:eleéumchamadoparaque
outros artistas também se posicionem
de verdade em relação aos problemas
sociais que os cercam.

SETEMBRO 2017 II II 129


MODA

ESTAÇÃO
LIBERDADE
PREPARE O GUARDA-ROUPA PARA DIAS MAIS LEVES. LISTRAS, BRANCOS E
FORMAS RELAX AVISAM: VERÃO À VISTA! Fotos RAFAEL PAVAROTTI Styling THIAGO FERRAZ
Camisa R$ 399 e bermuda R$ 375 Colcci | Relógio Hugo Boss R$ 1.590 na Vivara |
Anéis na mão direita: dedo indicador Hector Albertazzi para À La Garçonne R$ 282 e
no dedo anelar Liberty Art Brothers R$ 429 | Anéis na mão esquerda: dedo indicador
R$ 419 e no dedo anelar R$ 309 Liberty Art Brothers

Na página ao lado: Camisa R$ 466 e calça R$ 408 Colcci | Anel no dedo indicador
Hector Albertazzi para À La Garçonne R$ 282 e no dedo anelar Liberty Art Brothers
R$ 429 | Colar de quartzo com pérola R$ 387 e colar com pingente de prata R$ 419
Iracema (usados em quase todas as fotos)
MODA

Blazer Emporio Armani


R$ 5.100 | Regata Heloisa
Faria R$ 455 | Calça
Handred R$ 388 na Choix |
Chinelos Rider R$ 119 |
Relógio TimeWalker
Chronograph Automatic
Montblanc R$ 21.600 |
Pulseira R$ 1.373 e bracelete
R$ 3.463 Guerreiro

Na página ao lado:
Camisa R$ 299 e bermuda
R$ 320 Colcci | Óculos
Persol R$ 980 | Cinto
acervo stylist | Anel Hector
Albertazzi para À La
Garçonne R$ 282 | Relógio
Hugo Boss R$ 1.590
na Vivara

132 II II SETEMBRO 2017


SETEMBRO 2017 II II 133
MODA

Camisa Colcci R$ 299

Na página ao lado:
Camiseta
À La Garçonne
R$ 229 | Calça
Emporio Armani
R$ 2.150 | Sandálias
West Coast R$ 148 |
Cinto acervo stylist |
Anel no dedo
indicador R$ 419
e no dedo anelar
R$ 309 Liberty Art
Brothers | Pulseira
Hector Albertazzi
R$ 474 | Relógio
Deepsea Rolex
preço sob consulta

134 II II SETEMBRO 2017


SETEMBRO 2017 II II 135
MODA

136 II II SETEMBRO 2017


Cardigã Ratier R$ 890 |
Camisa Ermenegildo
Zegna R$ 1.680 | Calça
Dolce&Gabbana
R$ 3.600 | Anel no
dedo indicador Hector
Albertazzi para À La
Garçonne R$ 282 e no
dedo anelar Liberty Art
Brothers R$ 429

Na página ao lado:
Parca Moncler
R$ 4.675 | Camisa PAIR
Store R$ 429 | Bermuda
Tommy Hilfiger
R$ 379 | Anel Liberty
Art Brothers R$ 429

Grooming
Lau Neves (Capa MGT)
Assistente de fotografia
Edu Malta
Produção de moda
Luise Federman e
Matheus Pallos
Modelo
Francisco Lachowski (Mega)

SETEMBRO 2017 II II 137


MODA

COMBINAÇÃO
PERFEITA

ALESSANDRO
SARTORI
COMPLETA UM
ANO COMO
DIRETOR
ARTÍSTICO DA
ERMENEGILDO
ZEGNA, SACODE
AS ESTRUTURAS
DA MAIOR GRIFE
MASCULINA
DO PLANETA E
REINVENTA A
ALFAIATARIA
CONTEMPORÂNEA
Por SYLVAIN JUSTUM
Fotos GREG SWALES
Styling ANTONIO BRANCO

138 II II SETEMBRO 2017


SETEMBRO 2017 II II 139
MODA

140 II II SETEMBRO 2017


M
ilão, janeiro de em seu principal asset: nasceu recentemente o Bespoke Atelier, composto por
2017. O desfi- dois alfaiates master e outros quatro profissionais dispostos a realizar todos os
le que abre a desejos do cliente em matéria de roupas sob medida exclusivas. Mas o olhar de
temporada ita- Sartori vai além do formal. “Acredito que o prêt-à-porter tem de acompanhar
liana de inver- o lifestyle do homem moderno. Por isso, aposto no sportswear e nas roupas
no 2017/2018 é outdoor como universo principal. É o que vemos nas ruas”, explica. O casting
o mais aguar- multifacetado mesclava, providencialmente, jovens modelos imberbes e ho-
dado da sema- mens mais maduros - a estrela do show foi o chinês Wang Deshun, de 81 anos.
na e leva compradores e jornalistas O dress code da Ermenegildo Zegna Couture sugere um preciso e sofisticado mix
ao imponente HangarBicocca, antiga de calças jogging de cashmere, jaquetas de couro vegetal pouco mais espessas do
fábrica da Pirelli convertida em uma que uma folha de papel, luxuosos casacos de lã de vicunha e calças de jacquard, tudo
enorme galeria de arte. O espaço já ao mesmo tempo agora, para combinar a uma alfaiataria relax, de formas amplas e
recebeu exposições e performances confortáveis, e sneakers nos pés. A cartela de cores é um primor de coesão, transi-
de Marina Abramovic, Alfredo Jaar e tando entre terrosos, brancos e tons pastel. Um sopro de leveza para uma coleção de
Philippe Parreno, alguns dos prefe- inverno, com materiais feitos para aguentar temperaturas muito baixas, aliviados
ridos de Alessandro Sartori, diretor igualmente pela fluidez da silhueta. Delicadeza acentuada pela trilha de piano
artístico da Ermenegildo Zegna, que executada ao vivo entre as imponentes colunas da instalação The Seven Heavenly
fez sua estreia à frente da linha Cou- Palaces, de Anselm Kiefer. O cuidado com a música é outro dom natural de Sartori.
ture naquela noite. Estamos prestes Fã de eletrônico, ele vai de ícones dos anos 1980, como o Depeche Mode, até
a assistir ao início de uma pequena raridades obscuras mais atuais. De vez em quando, permite mesclar em sua playlist
revolução na tradicional grife italiana. o indie de Placebo, Massive Attack e do duo Hurts, sensação cult britânica, e uma
Sartori é velho conhecido da casa. pitada de música clássica, para fazer o link com o erudito e as raízes de todos os
Ele foi por oito anos responsável pelo gêneros. Adepto da dualidade pop-erudita também na hora do lazer, ele gosta
estilo da Z Zegna, marca mais espor- de reunir os amigos para comer peixe e frutos do mar no Gallura, na região de
tiva, high-tech e casual do grupo, an- Fiera Milano, mas não dispensa o mojito e o brunch do badalado Refil, em Porta
tes de aceitar, em 2011, o desafio de Romana. Nas poucas horas vagas, se manda para o pátio da Universidade Esta-
reposicionar a Berluti. Não resistiu ao dual de Milão, onde mantém o hábito de ler um bom livro desde os tempos de
convite do CEO Gildo Zegna e, em estudante. O local serviria de locação para o não menos impressionante desfile
2016, anunciou que retornaria ao antigo de verão 2018, o segundo capítulo do triunfante retorno do filho à casa.
endereço. “Conheço Alessandro há
anos e estou extremamente satisfeito
em acolhê-lo de volta ao grupo. Seu
talento, sua criatividade, paixão e mo-
dernidade são a combinação perfeita
para elevarmos o patamar da Zegna”,
declarou Gildo à época. Sartori tinha
um plano: nada seria como antes. De
fato, as diferenças começam em seu
cartão de visitas. O piemontês agora
assina a direção artística das três la-
bels da casa: Z Zegna, Ermenegildo
Zegna e Ermenegildo Zegna Couture,
apresentada nos desfiles. “Propus que
pensássemos não mais em três marcas
independentes, mas em uma só marca,
desdobrada em três linhas”, contou
Sartori à GQ em entrevista na sede
da companhia, em Milão. A intersec-
ção entre elas trouxe modernidade à
alfaiataria, toques esportivos a linhas
clássicas e um brilhante casamento
de materiais orgânicos e tecnológicos.
De casa
Se você ainda associa a Zegna apenas Alessandro
a costumes clássicos, reveja seus con- Sartori
ceitos. Eles continuam lá, veja bem, retornou
mais vivos do que nunca e, apesar do ao grupo
depois de
proclamado declínio do traje entre os cinco anos de
homens, a empresa segue investindo afastamento
MODA

142 II II SETEMBRO 2017


Grooming
Patrycja Cichon
Cabelo
Hikaru Hirano
Produção
AGP
Modelo
Simon Nessman
(Soul Artists)

SETEMBRO 2017 II II 143


T EMBRO :
D E S E
A N A E D IÇÃO
CONFIR

a
z u m s upergui
e s e t e m bro tra
. S ã o 2 2 carros
sporte d 70 mil um
A Autoe ticos de até R$ o mais fácil, em o,
omá nsit nsum
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DISPONÍVEL PARA
Editado por Natália Leão

ESPORTE

IOGA
SUPER
Descubra por que
essa é a versão da
prática indiana milenar
que todo homem vai
querer fazer
Fotos Sebastian Palmer

SETEMBRO 2017 II II 145


CORPO

Troque o “ommm...” ento-


ado em uníssono por gru-
nhidos de dor e exaustão.
No lugar de inspiração e
expiração profundas, pense
em transpiração contínua.
Se até agora o motivo que
você dava para não praticar
ioga era a convicção de que
a modalidade é tranquila de-
mais, talvez mude de ideia
ao conhecer a superioga.
Mas antes de se aventurar
em uma dessas aulas ou
de recusar o convite sem
ponderar, existem algumas DESATE OS NÓS
coisas que você precisa sa- Flexibilidade e alongamento são habilidades desejáveis para praticantes de ioga – são
ber sobre a prática. A GQ fez também limitações indiscutíveis para a maioria dos homens. Não à toa, algumas posturas
uma das aulas com seu cria- avançadas costumam amedrontar a classe masculina (pense naquelas fotos de homens
apoiados no chão apenas pelas mãos, joelho no cotovelo oposto, tronco torcido).
dor, o educador físico (talvez Junqueira preferiu optar por posturas simples que exigem pouco ou nenhum malabarismo,
seja esse o trunfo) Paulo Jun- mas demandam esforço – como a trikonasana (acima) –, executadas à exaustão. “A
queira e conta por que essa é prioridade das aulas é força, mas a flexibilidade está lá, colocada de forma inteligente,
sutil, para não assustar. Daqui a pouco, terei alunos homens colocando os pés atrás da
a versão da ioga que todo ho-
cabeça, dando nó no corpo sem perceber, mas só quando estiverem aptos e com um
mem interessado em bem- vínculo forte com a ioga.” As séries são elaboradas utilizando 60 a 70 posturas. Algumas
-estar vai querer fazer. tradicionais da hatha yoga, modalidade tradicional, e outras próprias da superioga.

FORÇA
SEM FERRO
“A filosofia da superioga é que seja um
fortalecimento para a vida, que o aluno
saia da aula preparado para qualquer
situação”, explica Junqueira. Para que isso
aconteça sem a ajuda de equipamentos
ou acessórios externos ao corpo, as aulas
contam com uma sequência ininterrupta
de posturas intensas, como a prancha (ao
lado), o cavalo (espécie de agachamento
isométrico em que joelhos e pés ficam
apontando para fora) e o guerreiro (que
lembra um afundo isométrico). Tudo, é
claro, com a devida nomenclatura em
sânscrito na voz de comando do professor.
As séries mudam de acordo com a aula,
mas todas têm foco na força. A única
pausa acontece no fim da aula, nos
poucos minutos reservados ao shavasana
(postura em que o aluno permanece
deitado de costas, com as palmas das
mãos direcionadas para o teto).

146 II II SETEMBRO 2017


CARDIO DE
RESPEITO
A superioga foi concebida
a partir da hatha yoga, mas
adiciona uma boa dose
de movimento àquilo que
antes era estático. “Ela
não é um estilo de ioga
delicado, é muito mais
forte em relação ao ritmo
e aos comandos”, explica
Junqueira. “Talvez por
isso os homens tenham
se encontrado nela.”
Durante os 60 minutos
de aula, você não ficará
parado na mesma postura
sequer por três minutos.
Elas são todas dinâmicas
e intermitentes, como a
utkatasana advanced (ao
lado), uma combinação
da postura da cadeira com
salto. “Sou atleta amador,
corro maratonas, e sempre
fui resistente em relação
à ioga, achava que era
coisa de relaxamento”,
conta o médico Ricardo
Rienzo, aluno de
Junqueira. “Comecei a
superioga e vi que é uma
atividade que exige muito
condicionamento físico. Eu
corro por três horas ou mais
e consegui desenvolver
com as aulas técnicas de
respiração que me ajudam
muito nas provas e treinos.”

SETEMBRO 2017 II II 147


CORPO

FOCO
É A SAÍDA
“A proposta de ter posturas
dinâmicas e intermitentes,
nas quais é sugerido
sincronizar a respiração com
o ritmo dos movimentos,
faz com que o aluno fique
focado (e cansado). É
impossível pensar na vida
enquanto está fazendo
força entre uma postura e
outra, coordenando com a
respiração”, explica. “Isso
reduz os níveis de cortisol
no corpo – o hormônio do
estresse – e deixa os alunos
mais calmos e focados. Até
os homens mais agitados
se sentem estimulados a
ficar nas aulas até o fim.”
Para o advogado Fernando
Escobar, esse é um dos
principais benefícios da
prática. “É claro que percebi
benefícios no físico: ganho
de tônus e massa muscular,
mais alongamento, equilíbrio.
Mas foi o bem-estar que me
transformou. Depois que
aprendi a respirar, passei
a ter calma em situações
em que outras pessoas
não conseguiam, como
audiências e reuniões tensas,
e consegui desenvolver
com as aulas técnicas de
respiração que me ajudam
muito em provas e treinos.”

EQUILÍBRIO BROGA
COMO BÔNUS A ioga dos brothers

Não se surpreenda ao encontrar nas aulas de Na Europa e na


Paulo Junqueira homens de mais de 60 anos América do Norte,
um tipo especí-
plenos em suas posturas enquanto alguns jovens fico de ioga vem
parecem estar à beira de um colapso (você ganhando cada vez
incluso, caso seja um principiante). Boa parte mais adeptos:
das posturas de ioga (qualquer modalidade) é a broga, ioga
trabalha o desenvolvimento do equilíbrio. Embora para homens.
na superioga essas não sejam as posturas mais A modalidade
realizadas, elas estão presentes; a habilidade dos combina a ioga
alunos em executá-las aumenta gradativamente tradicional com
exercícios funcionais
com o tempo de prática. O empresário José Rafael e treinamento inter-
Rosolen estava doente quando foi apresentado valado de alta inten-
à modalidade por um amigo. “Eu tive arritmia, sidade. Os maiores
estava muito estressado, e os médicos me benefícios estão no
entupindo de remédios. Eu ficava cada vez mais fortalecimento do
fraco, qualquer escada me cansava.” Em menos core, tonificação dos
de três meses, Rosolen perdeu 6kg e ganhou músculos, gasto ca-
qualidade de vida. “Dizem que depois dos 50 anos, lórico e redução do
estresse. A filosofia
o homem não ganha mais músculos. Eu ganhei e é celebrar o físico
me sinto cada dia melhor, nem parece que tenho sobre o espiritual
mais de 70. E a cada dia que passa, me sinto e a força sobre a
melhor. Faço coisas hoje, depois da superioga, flexibilidade.
que não fazia quando era bem mais jovem.” brogayoga.com

148 II II SETEMBRO 2017


PARCERIA
No golfe, o caddie não é um técnico,
mas seu feeling ajuda a construir
campeões Por Guilherme Manechini DE OURO
P
rimeiro foi o número 4 do mundo, Phil Mickelson, que se desentendeu com Escolha dos tacos
seu caddie Jim “Bones” Mackay. Depois, foi a vez do líder do ranking mun- Há modelos para cada distância e
tipo de jogada, certo? Sim. Mas eles
dial Rory McIlroy, que demitiu o experiente J.P. Fitzgerald, o mesmo que o podem variar bastante, dependendo
acompanhou durante toda a sua ascensão no tour. Em comum, as duas mudanças, do estilo de jogo do golfista. É aí
além de mostrarem a ruptura de parcerias de décadas e coincidirem de acontecer na que entra o olhar atento do caddie.
atual temporada, ressaltam a importância da relação entre o golfista e seu caddie. Sabendo o estilo e a habilidade do
jogador, ele faz as escolhas sob
Comparar Fitzgerald e McIlroy a Larri Passos e Gustavo Kuerten seria exagero, mas medida para cada tacada.
listamos algumas funções que tornam o caddie um membro-chave para o golfista.
Medição do vento
Variável constante e de suma
importância para o jogo do golfista,
o vento age diretamente sobre a
direção e a velocidade da bolinha.
Medi-lo com precisão para dar a
orientação correta ao jogador é
papel do caddie. Vale ressaltar que
os efeitos do vento variam também
conforme o buraco da vez, já que as
dimensões do campo são grandes.

Leitura do green
Interpretar a inclinação do green, a
região mais próxima do buraco, é
trabalho do caddie. Mas ele vai além
e identifica até a direção em que a
grama cresce. Isso pode representar
maior ou menor resistência à
bolinha. Pois é, ele também
precisa ter olho de paisagista.

Controle da plateia
O golfe é, em geral, um esporte
de cavalheiros. Isso vale inclusive
para a plateia. Determinadas
partidas, porém, podem gerar maior
empolgação na torcida. Nessas
horas, alguém tem que colocar a
situação nos eixos. No caso, o caddie.

Adversários
A estratégia do jogo é uma
atribuição do técnico. Mas o caddie,
Era uma vez invariavelmente, também participa.
Rory McIlroy, Além do vasto conhecimento do
líder do esporte e seus jogadores, é preciso
FOTO GET T Y IMAGES

ranking mundial
(à esquerda), e lembrar que caddie e golfista
J.P. Fitzgerald chegam a ficar oito horas juntos
encerraram a em um dia. E, aí, fala-se de tudo.
dupla em 2017 É quase um casamento – ou mais.

SETEMBRO 2017 II II 149


CORPO
O MUNDO
DUAS RODAS
Não importa se você é ciclista de fim de semana ou semiprofissional do pedal:
existe um roteiro de cicloturismo na medida para o seu perfil Por Verônica Mambrini
ificilmentealguémfazapenasumacicloviagem. menos óbvios. Tudo passa a ter um gosto de descoberta”,
Experimentar a sensação de sair de um diz Tomas Perez, da Teresa Perez Tours. Parece audacioso
lugar pedalando e chegar a outra cidade – demais? Saiba que uma das vantagens das viagens de bicicleta
ou talvez outro país – é tão surpreendente e é sua flexibilidade quase infinita: dá para optar por roteiros
transformador que vicia. “O mais enriquecedor planos e fáceis ou técnicos e fisicamente exigentes, com mais
das viagens de bike é a sensação de liberdade. As ciclovias ou menos infraestrutura de hotelaria, ir totalmente autônomo
nos levam praticamente a todos os lugares, incluindo roteiros ou relaxar enquanto uma agência cuida de tudo. Partiu?

CROÁCIA #Instabike
É impressionante que
caibam tantas opções para
o ciclismo em um país tão
pequeno: elas incluem de
estradas deslumbrantes
bordejando o Mar Adriático
a cadeias montanhosas.
Há rotas para quem gosta
de off-road, como a trilha
de Gorski Kotar, com sete
estágios entre 28 e 43km,
e provas de estrada como
Istria Granfondo, de 88
e 128km. O país também
ganha pontos por ter uma
boa infraestrutura, como
os bike friendly points, que
permitem fazer pequenos
ajustes mecânicos, e os

FOTOS DIVULGAÇÃO
Bike & Bed, com estrutura
hoteleira adaptada.
Quem leva: komune.com.br
Quando: de fevereiro
a outubro

Faça você mesmo


A bióloga Juliana Hirata 1 A melhor bike é a sua saiba identificar o que não está nor- consertar pneu furado ou rasga-
está fazendo uma viagem Faça uma boa revisão, troque pe- mal. A dica é manter um álbum de do e raio ou corrente quebrados.
de bike de um extremo a ças duvidosas e estude um rotei- fotos das peças e partes mais im-
ro adequado ao seu equipamen- portantes da sua bike (limpas e lu- 4 Tenha uma ótima playlist
outro da América, do Alasca
to. Fazer mountain bike com uma brificadas) no seu celular e nuvem. Naquele momento de desmotivação
até Ushuaia. Ela já removeu bicicleta urbana não é impossível, por causa do vento incessante ou
cascavéis para montar a mas pode ser traumático. 3 Aprenda mecânica básica da subida, ela pode ser a salvação.
barraca, enfrentou uma Segundo a lei de Murphy do ciclo-
matilha de coiotes e faz a 2 Conheça sua bicicleta turismo, 11 de dez problemas na sua 5 Entenda análise de riscos
manutenção da bike. Juliana Fique íntimo de sua bike antes que bicicleta acontecerão a muitos qui- Aceitar riscos é normal e faz par-
dá 11 dicas para você viajar o pó, a chuva e a lama da estrada lômetros de distância de uma bi- te de uma viagem interessante.
de bike por conta própria. a transformem em um monstro e cicletaria. O fundamental é saber O importante é avaliar quais são

150 II II SETEMBRO 2017


CANADÁ Off-road de respeito DIÁRIO DE BORDO
A beleza dos parques nacionais do Canadá é Pippo Garnero
famosa, mas o Banff National Park é o que se Ciclista profissional
“Sou apaixonado por ciclismo,
pode chamar de paraíso do mountain bike, e não existe a possibilidade de
com atividades como trekkings e canoagem. não levar a bicicleta quando
Esse roteiro não deve nada em conforto eu viajo. Só não levei na lua de
também: a dica de hospedagem é o Hotel mel. Como minha mulher tam-
bém é ciclista, tudo funciona
Fairmont, às margens do Lake Louise. Com muito bem – e levamos as du-
sorte, o inverno pode dar de brinde ainda as bicicletas. Uma das viagens
uma visão espetacular da aurora boreal. mais legais que já fizemos foi
na Provença, perto do Mont
Quem leva: teresaperez.com.br Ventoux: num dia, fizemos es-
Quando: sob consulta sa subida, que é muito dura
(foram mais de 20km), e, no
outro, os campos de lavanda,
que é um passeio lindo!”
HIMALAIA Pedal para os fortes
Lauro Wöllner
Vales verdes em contraste com os picos Empresário e designer
congelados das montanhas mais altas do “Uma boa dica para viagens é
levar seu selim e pedal e alu-
mundo: o Himalaia é um destino de tirar o gar a bike. No Camboja, ano
fôlego para mountain bikers, em diversos passado, eu e minha mulher
sentidos. O circuito começa e termina em fizemos Angkor toda de bici-
Katmandu, passando pelo vale de Kali cleta. No Japão, saltamos em
Quioto e pedalamos por to-
Gandaki, na região de Mustang. É um pedal dos os templos. Levamos nos-
exigente por ter diversos trechos técnicos off- sas bicicletas à Croácia. Na In-
-road e subidas destruidoras, mas conhecer glaterra, tínhamos duas com-
petições em fins de semana
a grandeza da cordilheira do Himalaia e seguidos e passamos uma se-
mergulhar na cultura do Nepal e do Tibete mana em Londres com nossas
são prêmios que compensam todo o esforço. bikes. É o melhor transporte.
VERMONT, EUA Beer & Bike Quem leva: komune.com.br Você deixa de ser outsider e
entra na cultura local.”
Quando: outubro e novembro
Os Estados Unidos já têm registrados
Gabriel Sauer
mais de 1.500 fabricantes de cerveja Diretor da Amsterdam Sauer
artesanal e alguns dos melhores “Fiz um trecho da Road to
rótulos do mundo. Esse roteiro Hana, no Havaí, de bike. Lá,
você consegue reunir várias
de seis dias tem pedais entre 22 experiências em uma só via-
e 69km, sempre terminando em gem. Tem cachoeiras e praias
alguma das cervejarias artesanais com visual espetacular. Além
premiadas. O roteiro pede preparo do ciclismo, para quem gos-
ta de surfar ou velejar, Maui é
físico básico a intermediário, passando um prato cheio. Tem oportu-
principalmente por estradas asfaltadas nidades ótimas de mergulho
tranquilas, mas o carro de apoio e snorkel, e o pôr ou nascer
do sol no vulcão Haleakalã é
está lá caso a tentação da cerveja imperdível. É possível inclusi-
ganhe da vontade de pedalar mais. ve descer a montanha de bike
Quem leva: komune.com.br depois do amanhecer.”
Quando: agosto, setembro e outubro

desnecessários e o contexto – via- 7 Não ignore o medo Quando alguém falar muito mal motorizados, a qualquer hora do
jar sozinho ou acompanhado é to- Onde há fumaça, há fogo. O me- sobre um local, pergunte como dia. Use coletes refletivos, luzes
talmente diferente. Garanta que do tem uma função importan- essa pessoa soube desses dados. traseiras e dianteiras.
sempre haja alguém que saiba on- te e nos deixa mais atentos. Não
de você está e seu roteiro. deixe ele paralisar você, mas fi- 9 Seja curioso 11 Planeje-se
que alerta e esteja preparado pa- Perguntas são uma importante fer- Você não precisa ser um atle-
6 Abrace o imprevisto ra eventualidades. ramenta de contato com pessoas lo- ta para começar, mas planejar
Uma das belezas do ciclotour são cais e para aprender sobre a cultura. de acordo com seu condiciona-
as infinitas surpresas que apare- 8 Questione excessos mento físico atual evitará frus-
cem. Aceite e incorpore mudan- de tragédias 10 Seja visível na estrada trações. Iniciantes planejam en-
ças no roteiro e ritmo do pedal. Qualquer lugar soa perigoso quan- Estar visível é muito importante tre 25 e 50km diários em três a
A viagem acontece no caminho. do só o negativo é divulgado. para nossa relação com os veículos cinco horas de pedal.

SETEMBRO 2017 II II 151


Diretor de Redação RICARDO FRANCA CRUZ
Redator-Chefe PATRICK CRUZ

REDAÇÃO
Editor de Moda SYLVAIN JUSTUM Estagiário de Moda GABRIEL FERIANI
Editores GUILHERME MANECHINI, NATÁLIA LEÃO e PITI VIEIRA
Produtor Executivo ENZO AMENDOLA
Assistente Administrativa ANDREA ZILET
ARTE
Editor RENAN BATISTA Designers FERNANDA THIESEN MAGLIARI, LEANDRO BICUDO e LEONARDO MEGNA
DIGITAL
Editor ERIK PAULUSSI Editor-Assistente LUCAS BARANYI Repórteres DAPHNE RUIVO e FELIPE BLUMEN
COLABORADORES
ADRIAN IKEMATSU, AGNES MAMEDE, ALEXANDRA FORBES, ALEXANDRE TEIXEIRA, ANDRE NICOLAU, ARTUR TAVARES, BÁRBARA PELISSARO (Revisão), BEN HAMMERSLEY, BRUNO ASTUTO,
CARLOS BESSA, CARLOS MESSIAS, DARYAN DORNELLES, DAVID POLLAK, DECO CURY, DELMO MOREIRA, DENIS FREITAS, DUDI MACHADO, EDU MALTA, FLAVIA FAUSTINO, FRANÇOISE TERZIAN,
GAEL OLIVEIRA, GIL ALVES, GIOVANNI FRASSON, GUSTAVO RIBEIRO, HENRIQUE MARTINS, IVAN ERIK, IVAN MARTINS, JAYME VASCONCELLOS, JUAN PALMA DIAS, JULIA RODRIGUES, KATIA ERBAS,
KATO POLLAK, LAU NEVES, LOVATTO, LUIS HARTWIG, LUISE FEDERMAN, MANOELA FIÃES, MANUEL NOGUEIRA, MARCELO CALENDA MARCIO ISHIKAWA, MARILIZ PEREIRA JORGE, MARIO MARQUES,
MATHEUS PALLOS, MICHELLE FERREIRA, MIRO, PAULA GUGLIANO, PEDRO DIMITROW, PEDRO GONÇALVES, RAFAEL PAVAROTTI, RAFAEL VALENTINI, RODRIGO MARQUES, ROHIT BHARGAVA, THIAGO FERRAZ,
TIAGO LEIFERT, XICO BUNY, YAN ACIOLI

DIRETORA-GERAL
DANIELA FALCÃO
DIRETOR DE CRIAÇÃO
CLAYTON CARNEIRO
MARKETING E CIRCULAÇÃO
Diretora de Marketing GIULIANA SESSO
Coordenadora de Marketing LUCIANA MORAES
Analista de Marketing JESSICA BRITO
Assistente de Marketing BIANCA FUNARO e CAMILA DIAS

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Diretora de Mercado Anunciante ANDREA BROGLIA MENDES (abmendes@globocondenast.com.br)
Diretoras de Unidade de Negócios Multiplataforma MARINA CALADO (mcalado@globocondenast.com.br) e SILVIA CORDEIRO (scordeiro@globocondenast.com.br)
Gerentes de Negócios Multiplataforma DANIELLA GALUPPI (dgaluppi@globocondenast.com.br) e ELIZANDRA PAIVA (epaiva@globocondenast.com.br)
Executivas de Negócios Multiplataforma ANA PAULA NOGUEIRA (apnogueira@globocondenast.com.br), ANNA CAROLINA BIANCHI (abianchi@globocondenast.com.br),
CAMILA RODER (croder@globocondenast.com.br), CLAUDIA GASPARETTI (cgasparetti@globocondenast.com.br), ELEONORA CARVALHAL (eleonorac@globocondenast.com.br),
FLAVIA GOZOLI (flaviag@globocondenast.com.br), GUSTAVO BITTENCOURT (gustavob@globocondenast.com.br), LUCIANE MOTOOKA (lmotooka@globocondenast.com.br),
LUIZ GOMIDE (lgomide@globocondenast.com.br) e NATHÁLIA RODRIGUES (nbarbosa@globocondenast.com.br)
Assistente de Publicidade CAROLINA GARDIN (cgardin@globocondenast.com.br)
Gerente de Projetos Especiais ANITA CASTANHEIRA (acastanheira@globocondenast.com.br)
Especialistas de Projetos Especiais JAQUELINE FERNANDES (jaqueof@globocondenast.com.br) e JESSICA LAGO (jlago@globocondenast.com.br)
Analistas de Projetos Especiais ANA LUCIA SILVA (anas@globocondenast.com.br), ISABELA PELARINI VASQUEZ (ipelarini@globocondenast.com.br),
KARINA MENDES (kmcardoso@globocondenast.com.br) e RAPHAEL MIRANDA (rmiranda@globocondenast.com.br)
Especialistas de Arte AUDIANE AMADA (audianea@globocondenast.com.br) e RAONI FELIX (raonif@globocondenast.com.br)
Estagiária LAÍS PRADO (lprado@globocondenast.com.br) Coordenadora de Conteúdo MARINA CHICCA (mchicca@globocondenast.com.br)
Repórter MARIANA BELLEY (mbelley@globocondenast.com.br) Assistente de Produção Administrativa LARISSA CARVALHO (larissacs@globocondenast.com.br)
Especialista de Business Intelligence WUDSON MAZALLA (wmazalla@globocondenast.com.br) Coordenador de Opec DIEGO RIQUE (drique@globocondenast.com.br)
Analistas de Opec JOHN LUIZ DOS SANTOS (johns@globocondenast.com.br) e RAFAEL MILITELLO (rmilitello@globocondenast.com.br)
Planejamento e Controle de Produção ROBERTO APOLINÁRIO

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Diretora de Mercado Anunciante VIRGINIA ANY
Consultora de Marcas OLIVIA BOLONHA
Diretoria de Negócios Multiplataforma SP: RENATO CASSIS SINISCALCO, SELMA SOUTO, CIRO HASHIMOTO, ANDREA FLORES e EMILIANO HANSENN
PUBLICIDADE RIO DE JANEIRO E BRASÍLIA
Gerente de Negócios Multiplataforma RJ ROGERIO PONCE DE LEON, MARCELO LIMA, RENATA AGUIAR MELO, LEONARDO CAMPOS ANDRÉ
Gerente de Negócios Multiplataforma DF LUIZ MANSO e BARBARA COSTA
PUBLICIDADE REGIONAL
São Paulo / Interior e Litoral H2F MIDIA com Humberto Vicentini: (19) 99953-0991 (comercial@h2fmidia.com.br)
Minas Gerais ON&OFF MÍDIA com Rodrigo Longuinho: (31) 3223-1839 / (31) 9124-0525 (rlonguinho@oneoffmidia.com.br)
Paraná / Santa Catarina YAGUAR PUBLICIDADE E REPRESENTAÇÕES LTDA. com Jean Luc Jadoul: (41) 3336-4619 (jeanluc@yaguar.com.br)
Rio Grande do Sul JAZZ REPRESENTAÇÕES com Patricia Koops: (51) 3030-7777 / (51) 9792-9898 (pkoops@jazz.ppg.br)
Norte / Nordeste A G HOLANDA COMUNICAÇÃO LTDA. com Agimiro Holanda: (85) 3224-2367 / (85) 99983-3472 (agholanda@agholanda.com.br)
Ceará A G HOLANDA COMUNICAÇÃO LTDA. com Agimiro Holanda: (85) 3224-2367 / (85) 99983-3472 (agholanda@agholanda.com.br)
Bahia MUSA MIDIA E PLANEJAMENTO com Diana Falcão: (71) 9962-9832 (dfalcao@musamidia.com.br)
Milão MR. ANGELO CAREDDU – Oberon Media: (39) 02-874543 (contact@oberonmedia.com)
Londres MR. LEONARDO CAREDDU – Oberon Media: (44) 07766256830 (leonardo@oberonmedia.com)
Nova York / Miami MR. ALESSANDRO CREMONA – Condé Nast International: (212) 380-8236 (alessandro_cremona@condenast.com)
ESTRATÉGIAS DIGITAIS
Gerente MARCELA TAVARES (mtavares@globocondenast.com.br) Analista FERNANDO ARAÚJO (fcarvalho@globocondenast.com.br) Editora de Vídeo CECILIA CUSSIOLI

COORDENAÇÃO EDITORIAL
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ACERVO DIGITAL E SYNDICATION
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CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
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GQ BRASIL é uma publicação das Edições Globo Condé Nast S.A.
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152 II II SETEMBRO 2017


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Uma publicação das EDIÇÕES GLOBO CONDÉ NAST S.A.


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Publicada nos Estados Unidos por The Condé Nast Publications Inc. AS MARCAS DESTA EDIÇÃO
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Chairman CHARLES H. TOWNSEND
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OUTROS PAÍSES (11) 2364-3280 (11) 3152-6230 (16) 3434-1100 (11) 3152-6660
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Chairman e Chief Executive JONATHAN NEWHOUSE
Presidente NICHOLAS COLERIDGE Adidas Originals Dryzun Liberty Art Brothers Safilo
Vice-Presidentes ELIZABETH SCHIMEL, GIAMPAOLO GRANDI,
JAMES WOOLHOUSE E MORITZ VON LAFFERT (11) 3587-8301 (11) 3017-0900 (11) 3562-3488 safilogroup.com
Chief Digital Officer WOLFGANG BLAU adidas.com.br dryzun.com.br lab-store.com
Presidente Ásia-Pacífico JAMES WOOLHOUSE Saint Benjamin
Presidente e Diretora Editorial de Desenvolvimento de Marca e de Novos Negócios
KARINA DOBROTVORSKAYA Água de Coco Ellus Louis Vuitton (47) 3053-8180
Diretor de Planejamento JASON MILES (11) 3059-4042 (11) 3061-2900 (11) 3060-5099 saintbenjamin.com.br
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Global: Condé Nast E-commerce Division Silvia Doring
Presidente FRANCK ZAYAN
Global: Condé Nast Global Development Alpina Emporio Armani Match Style (41) 99719-4095
Diretor-Executivo JAMIE BILL alpinawatches.com (11) 3034-3559 matchstyle.com.br silviadoring.com.br
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ESTADOS UNIDOS (11) 94230-1295 Eric Javits (11) 3152-6262 silviafurmanovich.com.br
Vogue, Vanity Fair, Glamour, Brides, Self, GQ, GQ Style, The New Yorker, altaicompany.com.br ericjavits.com moncler.com
Condé Nast Traveller, Details, Allure, Architectural Digest, Bon Appétit, Epicurious, Society Amuse
Wired, W, Style.com, Golf Digest, Teen Vogue, Ars Technica,
Condé Nast Entertainment, The Scene, Pitchfork B.Luxo Ermenegildo Zegna Montblanc amusesociety.com
INGLATERRA (11) 3062-6479 (11) 3152-6633 (11) 3552-8000
Vogue, House & Garden, Brides & Setting Up Home, Tatler, The World Storvo
zegna.com montblanc.com
of Interiors, GQ, Vanity Fair, Condé Nast Traveller, Glamour, Condé Nast Banditee (11) 3360-5151
Johansens, GQ Style, Love, Wired, Condé Nast College of Fashion & Design,
Ars Technica (11) 96636-7445 Fabrizio Allur Movado storvo.com
FRANÇA banditee.com.br (11) 3045-4882 movado.com
Vogue, Vogue Hommes International, AD, Glamour, Vogue Collections, GQ, Tigresse
fabrizioalfaiataria.com.br
AD Collector, Vanity Fair, Vogue Travel in France, GQ Le Manuel du Style, Glamour Style Brechó Frou Frou New Balance (11) 2219-2247
ITÁLIA (11)25068954 Felipe Fanaia (11) 3051-4981 tigstore.com.br
Vogue, L’Uomo Vogue, Vogue Bambini, Glamour, Vogue Gioiello, Vogue Sposa,
AD, Condé Nast Traveller, GQ, Vanity Fair, Wired, Vogue Accessory, (11) 3081-7911 newbalance.com.br
La Cucina Italiana, CNLive Breitling Tissot
(11) 3198-9366 Fendi New Era tissotwatches.com
ALEMANHA
Vogue, GQ, AD, Glamour, GQ Style, Myself, Wired breitling.com fendi.com (11) 3312-2355
TomTom
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Vogue, GQ, Vogue Novias, Vogue Niños, Condé Nast Traveller, Brunello Cucinelli Fernando Garcia tomtom.com.br
Vogue Colecciones, Vogue Belleza, Glamour, (11) 3198-9387 monse.com Nivea
AD, Vanity Fair Tommy Hilfiger
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JAPÃO Gucci (11) 3060-8994
Vogue, GQ, Vogue Girl, Wired, Vogue Wedding (11) 3047-4040 br.tommy.com
Burberry Osklen
TAIWAN gucci.com
(11) 3152-6555 (11) 3083-7977
Vogue, GQ Track & Field
br.burberry.com osklen.com
RÚSSIA Guerreiro (11) 3816-3663
Vogue, GQ, AD, Glamour, GQ Style, Tatler, Condé Nast Traveller, Allure
Calvin Klein (11) 2362-1379 PAIR Store tf.com.br
MÉXICO E AMÉRICA LATINA guerreiro.com
Vogue Mexico and Latin America, Glamour Mexico and Latin America, (11) 3817-5702 (11) 3729-8799
Trifil
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Guess (11) 2338-0337
ÍNDIA
Vogue, GQ, Condé Nast Traveller, AD Caroline Funke guess.com Panerai trifil.com.br
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Publicadas por Edições Globo Condé Nast S.A. – hardcorefootwear.com.br
Vogue, Casa Vogue, GQ, Glamour, GQ Style (11) 3081-4171 Plas
Triya
cartel011.com.br (11) 3527-9919
Hector Albertazzi plas.lojavirtualnuvem. (11) 2367-5135
PUBLICAÇÃO SOB LICENCIAMENTO Cartier (11) 3062-4033 triya.com.br
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AUSTRÁLIA Heloisa Faria (11) 3812-9161
Vogue, Vogue Living, GQ (11) 3078-8326
Cavalera (11) 3081-7733 prada.com versace.com
BULGÁRIA heloisafaria.com.br
Glamour (11) 3063.5700
Puket Vila Romana
CHINA www.cavalera.com.br
High Company (11) 3021-7522
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Condé Nast Center of Fashion & Design Chilli Beans highcompanybr.com vilaromana.com.br
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COREIA (11) 3173-2050 Hugo Boss
Vogue, GQ, Allure, W, GQ Style Ralph Lauren Vivara
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HOLANDA
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Glamour, Vogue Christian Louboutin ralphlauren.com VR
HUNGRIA (11) 3071-4175 Indah
Glamour Ratier (11) 3081-2919
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ISLÂNDIA vr-oficial.com.br
Glamour (11) 3068-0627
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Renner (51) 2101-0703
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POLÔNIA westcoast.com.br
Glamour (11) 2165-2800
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PORTUGAL Y-3
Vogue, GQ cocacolajeans.com.br (11) 3152-6610 y-3.com
REPÚBLICA TCHECA e ESLOVÁQUIA iwc.com Replay
La Cucina Italiana Colcci (11) 4280-0049 Zoomp
ROMÊNIA (47) 3247-4238 Jaeger-LeCoultre replayjeans.com.br (11) 3078-9475
Glamour colcci.com.br (11) 3152-6640 zoompbrasil.com.br
RÚSSIA jaeger-lecoultre.com Reserva
Vogue Café Moscow, Tatler Club Moscow Converse (11) 3032-8722 ZZegna
TAILÂNDIA converse.com.br Laboratório Fantasma reserva.com.br
Vogue, GQ, Vogue Lounge Bangkok
(11) 3152-6633
Cutterman Co. laboratoriofantasma.com zegna.com
TURQUIA Ricardo Almeida
Vogue, GQ, Condé Nast Traveller, La Cucina Italiana, GQ Style, Glamour (41) 3252-7058 Lacoste (11) 3887-4114
UCRÂNIA cutterman.co (11) 3064-6633 ricardoalmeida.com.br
Vogue, Vogue Café Kiev
D-AURA lacoste.com
Impressão PLURAL EDITORA E GRÁFICA LTDA.
Rider
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Av. Marcos Penteado de Ulhôa Rodrigues, 700, Tamboré – Santana de Parnaíba, SP (11) 2755-1818
Docthos (11) 3666-0585 rider.lojagrendene.com.br
Distribuição FERNANDO CHINAGLIA COMERCIAL E DISTRIBUIDORA S.A.
Avenida Engenheiro Roberto Zuccolo, 134, Jardim Humaitá – São Paulo, SP (46) 3547-8000 lebriju.com.br
CNPJ nº 28.322.873/0002-10
EDITORA ABRIL S.A. Avenida Otaviano Alves de Lima, 4.400, docthos.com.br
Freguesia do Ó – São Paulo, SP – CNPJ/MF nº 02.183.757/0001-93

SETEMBRO 2017 II II 153


Clube de Cavalheiros
OS HOMENS
DE DESTAQUE
DO MÊS
VALDEMAR NASSER
IÓDICE AL-KHELAIFI
Neste mês, completam- Se o mundo não
-se exatos 30 anos conhecia o dono do
da guinada que PSG até agora, passou
transformou uma a conhecê-lo. Nascido
malharia paulistana em no Catar, este filho de
uma das marcas mais pescadores, um sofrível
conhecidas da moda ex-jogador de tênis,
brasileira. Em setembro acertou com Neymar
de 1987, Valdemar a maior transferência
Iódice decidiu recolher da história do futebol.
as roupas de todos os Os € 222 milhões
pontos de venda para desembolsados pelo
reposicionar totalmente magnata tiraram o
a atuação de sua craque do Barcelona e
empresa. O passo puseram o clube francês
ousado de Valdemar no centro dos holofotes.
fez a Iódice nascer, de
fato, naquele ano.

JOÃO PAULO
DINIZ E
KENNETH RENATO CALIXTO
FRAZIER A rua Amauri é uma
A reação dúbia de das mais importantes
Donald Trump à da gastronomia
passeata de grupos paulistana. Ela perdeu
de clara orientação alguns restaurantes
racista em nos últimos anos,
Charlottesville gerou mas, pouco a pouco,
uma avalanche está recuperando seu
de críticas. O espaço. Em setembro,
CEO da indústria um passo-chave
farmacêutica nessa retomada será
Merck foi além: dado pelos sócios
ele prontamente João Paulo Diniz e
renunciou à cadeira Ricardo Trevisani,
no conselho de que, com a chegada

M O N TA G E M D E D E N I S F R E I TA S S O B R E I M A G E N S D E D I V U L G A Ç Ã O , R E P R O D U Ç Ã O
empresários do restaurateur
que assessora Renato Calixto, vão
o presidente abrir o Factório. O
americano. Outros novo restaurante deve
executivos seguiram ser um dos marcos
seu exemplo e da nova fase da rua.
fizeram o mesmo.

LUIS FONSI CAIO BONFIM


Você não precisa ser fã para conhecer ou, ao menos, ter ouvido O feito desse filho de Sobradinho, cidade-satélite de Brasília,
falar do mega-hit Despacito. O sucesso é assombroso: o vídeo é a vitória de um homem, uma família e um esporte. Em
da música do cantor porto-riquenho tornou-se em agosto o mais agosto, o atleta, treinado pelos pais, conquistou a medalha
assistido na história do YouTube – já são mais de 3,3 bilhões de de bronze na marcha atlética no Mundial de Atletismo de
visualizações. Os brasileiros deram uma tremenda força: no país, Londres. A medalha, a única do Brasil na competição, foi a
as exibições do clipe já passam de 200 milhões. Sube, sube! primeira conquistada pelo país na história da modalidade.

154 II II SETEMBRO 2017

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