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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Instituto de Ciências Sociais

Curso de Relações Internacionais

Jorel Musa de Noronha Lemes

Thomas Lineker Pereira Santos

Vinícius Duarte Pereira Madeira

Evolução das relações Estados Unidos e Venezuela e riscos

Belo Horizonte

2018
Jorel Musa de Noronha Lemes

Thomas Lineker Pereira dos Santos

Vinícius Duarte Pereira Madeira

Evolução das relações Estados Unidos e Venezuela e riscos

Artigo feito como trabalho final para a


disciplina Política Internacional
Contemporânea.

Belo Horizonte

2018
RESUMO

Este presente trabalho tem como temática a relação bilateral entre os Estados
Unidos da América e a República Bolivariana da Venezuela. Por grande parte do
século XX a relação entre estes dois países foi amigável, com os governos tradicionais
venezuelanos recebendo altos investimentos americanos e tomando posições
alinhadas com os interesses norte-americanos, mais especificamente no embate
contra as ameaças comunistas. Todavia, com a chegada de Hugo Chávez ao poder,
os laços de amizades entre estes dois países foram quebrados, com a tomada de
interesses totalmente divergentes que levaram a certos embates, mesmo que não
levaram a um conflito aberto, no âmbito internacional. Este tópico foi escolhido devido
a seu importante impacto no sistema internacional:Estados terceiros estão envolvidos,
com grande parte do hemisfério sofrendo impactos das decisões tomadas pela
Venezuela e pelo Estados Unidos. Além disso, a importância do petróleo venezuelano
para o resto do mundo e as questões ideológicas envolvidas de fato faz com que o
interesse internacional pareça desproporcional ao real tamanho desta relação bilateral.

ABSTRACT

This present work shall have as a themethe bilateral relationship between he


United States of America and the Bolivarian Republic of Venezuela. For a good portion
of the twentieth century the relationship between these two countries was friendly, with
the traditional governments of Venezuela receiving high investments from the
americans, and taking stances aligned with american interests, more specifically on the
fighting against the communist threats. However, with the arrival of Hugo Chavez in
power, the bonds of friendship between the two countries were broken, with the taking
of completely opposite interests that drove these two countries to a struggle, even if
open war did not occur, in the international arena. This topic was chosen due to its high
impact in the international system: it is affecting other states, with a good portion of the
hemisphere suffering impacts of the decisisons taken by both Venezuela and the
United States. Furthermore, the importance of the Venezuelan oil to the rest of the
world, and the ideological questions involved make it so that the international interest
seems disproportional to the real size of this bilateral relationship.
1 INTRODUÇÃO

Este presente trabalho tem como temática a relação bilateral entre os


Estados Unidos da América e a República Bolivariana da Venezuela. Por
grande parte do século XX a relação entre estes dois países foi amigável, com
os governos tradicionais venezuelanos recebendo altos investimentos
americanos e tomando posições alinhadas com os interesses norte-
americanos, mais especificamente no embate contra as ameaças comunistas.

Todavia, com a chegada de Hugo Chávez ao poder, os laços de


amizades entre estes dois países foram quebrados, com a tomada de
interesses totalmente divergentes que levaram a certos embates, mesmo que
não levaram a um conflito aberto, no âmbito internacional. Este tópico foi
escolhido devido a seu importante impacto no sistema internacional: Estados
terceiros estão envolvidos, com grande parte do hemisfério sofrendo impactos
das decisões tomadas pela Venezuela e pelo Estados Unidos. Além disso, a
importância do petróleo venezuelano para o resto do mundo e as questões
ideológicas envolvidas de fato faz com que o interesse internacional pareça
desproporcional ao real tamanho desta relação bilateral.

Portanto, primeiro será feito uma breve descrição desta relação bilateral,
o espaço temporal detalhado iniciando-se durante os governos tradicionalistas
de direita da Venezuela, para depois detalharmos a grande alteração ocorrida
quando Hugo Chávez chega ao poder. Além disso, iremos contextualizar a
relação entre os países com a guerra fria e, posteriormente, com a ordem
internacional contemporânea.

É importante também analisarmos esta relação com o contexto sul-


americano em específico, as convergências ideológicas entre os governos
desta região em inúmeros momentos históricos, além de mostrarmos como a
influência americana impactou este continente.

Em seguida, iremos conectar este estudo de caso com os pensamentos


teóricos e conclusões empíricas delineadas durante a nossa aula, atentando
principalmente as contribuições teóricas feitas por Lopes, Lorenzini, Lima e
Pieterse.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Relações Estados Unidos e Venezuela anteriores ao século XXI e


ascensão de Chavéz

Em 1902, a Venezuela sofreu um bloqueio naval de várias nações


europeias, devido a recusa deste país de pagar suas dívidas externas. Os
Estados Unidos procuraram a amenizar a relação entre os lados nesta crise,
pressionando o governo venezuelano a chegarem a um acordo. O governo
Venezuelano acreditava que, devido à doutrina Monroe, Washington apoiaria o
país sul-americano totalmente, mas esta crença foi rapidamente desfeita: a
crise da Venezuela fez nascer o corolário de Roosevelt, uma adição à doutrina
Monroe que afirmava que os Estados Unidos iriam intervir em conflitos entre
europeus e países latino-americanos com o intuito de fazer valer os legítimos
interesses europeus (MAAS, 2009).

Os Estados Unidos na década de trinta alteraram a sua política externa,


referente ao trato com os países latino-americanos. Franklin Delano Roosevelt
começou a política da boa vizinhança, retirando forças americanas do Haiti e
da Nicarágua, como também negociando com México a respeito da
nacionalização do petróleo ocorrida neste país em 1938. A política procurou
redefinir o modo que os americanos percebiam a América Latina e seus povos,
e ao mesmo tempo manter a unidade do hemisfério. Neste período América
Latina foi a prioridade para a política externa americana, todavia neste contexto
a Venezuela não foi um dos focos, mas sim os países mais influentes e com
maior extensão territorial, a exemplo do Brasil e da Argentina (NIXON, 1969).

A política da boa vizinhança acabou em 1945, com o advento da guerra


fria entre os blocos soviético e ocidental. O princípio de não intervenção foi
retirado em prol a atuação direta ou indireta no continente, buscando o fim da
expansão da influência da U.R.S.S. Com isso, movimentos esquerdistas foram
combatidos, e governos militares de extrema direita foram apoiados, golpes
acontecendo com apoio e financiamento americano, geralmente pela CIA
(GILDERHUS, 2006).

Assim, durante o regime do Ditador Marcos Perez Jimenez, entre 1950 e


1958, a Venezuela aproximou-se dos Estados Unidos. O investimento externo
oriundo deste país cresceu, e Jimenez permitiu a exploração dos recursos
naturais de seu país por empresas petrolíferas norte-americanas, com uma
porção dos lucros de empresas como Mobil e Exxon se destinando aos bolsos
do ditador (TURNER, 1976). Devido a seu apoio a estas empresas, Jimenez
recebeu dos Estados Unidos a medalha Legião do Mérito, em 1954 (SZULC,
1959).

Enquanto isso, agências de inteligência de ambos os países


colaboravam entre si, com o intuito de silenciar comunistas e aqueles que
apoiavam a redemocratização da Venezuela. Jimenez foi perdendo apoio, e em
1958 sofreu um golpe, que levou a eleições democráticas. Todavia, as relações
entre este país e Washington continuaram como antes, com os Estados
Unidos, suas empresas e a CIA sendo altamente influentes (BEYER, 2011).

A principal mudança ocorreu em 1998, com a chegada de Hugo Chávez


ao poder a partir de eleições. Isto desafiou a posição confortável possuída
pelos interesses americanos no país por boate parte do século XX. Ele assume
em 1999 e afirma que a orientação da política externa da Venezuela não
poderia ser a mesma dos anos 1980 e 1990, na qual o país era um aliado
quase incondicional aos Estados Unidos. E sob seu governo então foi colocado
em prática a primeira política externa revisionista da América do Sul nos anos
2000. Chamado de realismo periférico às avessas ou revisionismo periférico,
tinha como objetivo uma revisão da política de um país periférico em relação à
potência, na qual calcada nas condições de assimetria nas relações, tinha o
objetivo de reverter antigos alinhamentos cujos benefícios, ao contrário do que
se supunha antigamente, não foram grandes o suficiente para compensar as
grandes crises sociais e econômicas decorrentes. (MONTEIRO)
2.2 George Bush e sua relação com a Venezuela

George W. Bush iniciou sua presidência em 2000 com fortes intenções


de fortalecer laços com a região latino-americana, mas após os ataques
terroristas no país, o foco da política externa norte-americana se voltou para o
Oriente Médio (DESAROLLANDO). E através da ascensão de Bush os
conservadores trataram de orientar a política internacional dos Estados Unidos,
conforme o Project for the New American Century (PNAC), que consistia em
aumentar os gastos de defesa, fortalecer os vínculos democráticos e desafiar
os regimes hostis aos interesses e valores americanos.
Esse último ponto serviu de justificativa as guerras no Oriente Médio. A
segurança nacional dos Estados Unidos, portanto, implicava necessariamente,
o domínio das fontes de energia, no Oriente Médio, onde estavam depositadas
64.5% das reservas conhecidas de petróleo, bem como na Ásia Central.
Qualquer outra potência que dominasse aquelas regiões, teria poderosa arma
para ameaçar a sociedade americana, cuja segurança energética se tornaria
bastante vulnerável nas próximas décadas (FUNAG).
E pelos mesmos motivos geoestratégicos, além de outros como a
ascensão da China, a questão nuclear com o Irã, a rivalidade com a Rússia de
Putin, o Estado islâmico e a Síria, Obama também acabou por relegar a região
para segundo plano. (DESAROLLANDO)

2.3 O que a chegada de Obama representou às relações?

Foi constatado que não houve uma mudança considerável na


agenda de segurança e defesa em relação à região e especificamente à
Venezuela. Esta agenda estaria marcada pela luta contra o narcotráfico e na
promoção da democracia representativa, dentro da perspectiva de deter e
retroceder o máximo possível do impacto regional da experiência chavista.
(ROMERO)
Através da emissão de um comunicado felicitando o novo governo
estadunidense, a relação que pareceu começar de forma harmônica não
demorou muito a se deteriorar. Pouco tempo depois os Estados Unidos
emitiram relatórios que presenciavam danos aos direitos humanos no país
latino-americano, os quais apontavam para a politização do poder judicial e as
ameaças oficiais à oposição política e aos meios de comunicação. Além disso
devido à carência de uma cooperação internacional relacionada ao anti-
narcotráfico na Venezuela faz com que o país se mantenha como um território
importante para o trânsito das drogas. Por último, o terrorismo internacional e a
expropriação de empresas privadas locais e estrangeiras são também
reclamações da Casa Branca perante Caracas. (ROMERO).
Caracas rechaçou a veracidade dos relatórios e o clima então se
deteriora. Chávez diz à Obama que gostaria de “ser seu amigo”, e a partir do
momento em que ambos coincidem a votar favoravelmente à revogação da
resolução de 1962 em que suspende Cuba da OEA, os países abrem espaço
para o espaço do retorno dos embaixadores de cada país à suas funções.
Lembrando que em 2008 o embaixador norte-americano Patrick Duddy foi
declarada por Caracas como personna non grata e foi convidado para se retirar
do país nas próximas 72 horas. O governo venezuelano ofereceu duas razões:
fez isso com base em um ato solidário em que a Bolívia expulsou um
embaixador e acusou Washington de preparar um golpe de Estado. Depois
disso, o governo dos Estados Unidos respondeu com a mesma moeda.
(ROMERO)
A Venezuela também propôs desaparecer com a Organização dos
Estados Americanos (OEA), em substituição pela Comunidade de Estados
Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), herdeira do Grupo do Rio e da
Cúpula da América Latina e Caribe. Tudo isso com o objetivo de fortalecer a
cooperação Sul-Sul na qual destacam-se uma série de instrumentos petroleiros
e ideológicos a fim de assegurar um papel importante não somente na região
latino-americana como também na Ásia e África, desapegando dos Estados
Unidos e de vários países europeus. (ROMERO).
E apesar da Venezuela continuar a ser um país importante comercial
para os Estados unidos, o governo de Washington não via em tal momento o
país em uma posição confiável devido a aproximação deste com países
considerados por Washington como difíceis. Além disso, a falta do
compromisso venezuelano de fortalecer a democracia representativa no país e
na região favorecerem tal posição do governo americano. (ROMERO).

2.4 Representatividade de Nicolás Maduro e a sua ascensão


Durante a repercussão da morte de Hugo Chávez, muito tem se falado a
respeito de quem seria o seu sucessor, Nicolás Maduro seu vice de um lado e
Diosdado Cabello como segundo homem a nível militar do outro. Portanto,
Chávez nomeia maduro por ter sido educado pelo castrismo em Cuba e porque
também a representatividade de Maduro era a garantia de um projeto que
deveria continuar a ser radicalizado na Venezuela e o mesmo iria apoiar depois
as outras ditaduras latino-americanas. Mesmo alguns grupos chavistas não
querendo apoiar Maduro precisam dele para manter o poder. Maduro serve
como um líder “testa de ferro”, ou seja, um sujeito que está ali mais para atrair
as atenções e para servir como pivô para manter o sistema unido.(VILLA)
Portanto, no momento em que Maduro se apresentou como candidato à
presidência aconteceu uma pequena crise política porque a oposição acreditou
que este poderia ser o grande momento de ter o governo da Venezuela.
Entretanto, Maduro ganhou as eleições e consequentemente teve-se então
uma continuidade do governo de Hugo Chavez, porém depois de ter o
congresso do lado por 16 anos perdeu a sua maioria nas eleições sendo assim
até o presente momento começa-se a ter uma oposição do governo
venezuelano dentro do congresso. (VILLA)
Após duas décadas de governos chavistas, a economia venezuelana
está à beira do colapso: o país com as maiores reservas de petróleo do mundo
atravessa uma forte escassez de alimentos e remédios que empurrou ao exílio
1,6 milhão de venezuelanos desde 2015, e a inflação poderia chegar a
1.000.000% este ano, segundo o FMI.
Como decorrência da crise de inflação e a alta violência, Caracas virou a
capital mais violenta do mundo e consequentemente isso acarretou ainda mais
na insatisfação do povo com o governo. Maduro com o risco de sofrer algum
golpe de Estado ou algo do tipo conseguiu tornar ilegítimo o congresso e
propôs fazer uma nova constituição. (VILLA)
A perseguição política hoje na Venezuela não é só à oposição, mas
também ao chavismo democrático. É uma perseguição executada pelo Estado
contra qualquer tipo de dissidência em relação ao modelo revolucionário
cubano. Os tribunais militares são usados para processar os dissidentes. Não
se recorre aos tribunais civis. Recentemente, Maduro ordenou 25 anos de
prisão a quem for considerado traidor da pátria. (LUCIANI)
Aqueles que realmente sustentam Maduro no poder são os militares. Ele
não tem apoio popular para se sustentar, nem conta com a unidade monolítica
que tinha antes nas fileiras do chavismo. A única coisa que lhe resta é a força
bruta repressiva militar. A única saída viável, para que o chavismo
castrista volte ao poder em poucos anos, tem de ser negociada entre a
oposição, o chavismo democrático e os militares, para formar já, de modo
público, um novo governo que represente o que o povo pedia em 1998. O
desafio é criar uma “unidade nacional superior”, para além da atual Mesa da
Unidade Democrática - MUD. Incluindo outra instancia da sociedade como
movimentos sociais, das organizações não governamentais e da sociedade
civil em geral, que, junto com os partidos políticos, mas sem se submeter a
eles. (LUCIANI)

2.5 Donald Trump sob o governo dos Estados Unidos

Os Estados Unidos têm muito interesse na questão da Venezuela não


apenas no petróleo em si, mas também pelo fato de ser um governo que se
declara socialista. Agora com Donald Trump no governo, demonstrando essa
preocupação com os regimes socialistas vigentes no mundo a Venezuela volta
à pauta de preocupação dos Estados Unidos da América. (NETO)
No momento que Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos
houve um sentimento de surpresa e incerteza em relação a como esse governo
iria agir em termos de Política Externa perante à América Latina. Com exceção
do México, a região foi pouco mencionada durante a campanha presidencial e
seria pouco provável que a região teria uma importância estratégica para o
governo Trump. (desarrollando)
O presidente dos EUA observando este cenário que a Venezuela estava
passando nestes últimos tempos, não descarta qualquer possibilidade de
intervenção militar quanto a Venezuela. Trump por sua vez alegou que todas
as opções estariam na mesa das mais fortes as menos fortes, o mesmo disse
que a Venezuela é um desastre e as pessoas precisam ser cuidadas. Julgou
como necessário resolver este problema o quanto antes possível e deixou bem
claro que a sua intenção é de que a Venezuela se endireite e que as pessoas
estejam mais seguras. Ressalto que o governo venezuelano após essas
declarações acusou Donald Trump de promover uma “insurreição militar” no
país. E os aliados de Trump também reagiram negativamente a ideia.(NETO)
Temos que entender que a Venezuela necessita urgentemente de
dólares americanos, mas esse dinheiro só ingressa no país quando o petróleo
está em alta. A Venezuela exporta grandes quantidades de petróleo e com
essa renda (com esses dólares adquiridos), ela importa grande parte daquilo
que ela precisa seja produtos agrícolas seja produtos manufaturados.
Resumindo o preço do petróleo está baixo, com isso a menos dólares no
mercado venezuelano e consequentemente faltam dólares para importar
produtos básicos e para o mercado importar os comerciantes vendem esses
produtos por um preço cada vez mais alto. (NETO)
A atuação dos EUA no conflito é desastrosa. A retórica anti-imperialista
de Chávez e a repetição quase caricatural por Maduro expressam apreensões
que afligem todo o continente latino-americano. A Venezuela, não nos
esqueçamos, é grande produtora de petróleo e essa riqueza é parte dos
problemas do país. A crise econômica, à parte os desacertos de Maduro, foi
potencializada com a queda do preço do petróleo no mercado internacional.
(NETO)
As manifestações de Donald Trump e de seu secretário de Estado,
RexTillerson, sobre um desfecho rápido para a crise na Venezuela, acendeu os
receios de uma intervenção norte-americana em relação ao governo de
Caracas. Em 2002, os EUA apoiaram a tentativa de golpe contra Chávez. Na
viagem feita à Buenos Aires no início de fevereiro, Tillerson afirmou que “ficar
de braços cruzados é deixar que o povo venezuelano continue sofrendo”. A
“benevolência” norte-americana é conhecida e, sob Trump, ainda mais
aterradora em relação aos latino-americanos e sua visão sobre os povos do
continente. O programa norte-americano prevê a aplicação de sanções
econômicas e aplicação de embargos comerciais à Venezuela. Talvez, não se
restrinja a estas medidas, pois a intervenção militar foi apresentada pelo
próprio Trump em agosto de 2017. O discurso do governo Trump em “defesa
dos interesses dos venezuelanos que lutam pela liberdade” foi, mais do que
nunca, recebido com reticência no continente. Os governos do México,
Colômbia e Bolívia condenaram as intenções de alguma solução que não seja
negociada internamente. (NETO)
A retórica trumpista soa como ameaça, mas também oferece alguma
sobrevida ao regime de Maduro, ao alinhar apoios internos e externos contra o
discurso imperialista. (NETO)

Relação com os autores e conclusão

Ikenberry discorre a respeito da ordem pós-guerra, a qual se expandiu a


partir de diversas instituições como a OTAN, OMC, G20 e passou a ser uma
ordem que caminharia para o liberalismo. No entanto, segundo esse autor a
ordem estaria em crise devido a diversas questões. Uma delas se refere a
eleição de um presidente avesso a temas liberais como Trump; o que não
ocorria desde os anos 30 nos EUA. Em diversas questões é possível
comprovar essa aversão a temas liberais do presidente, sendo a principal delas
a questão do Direito Internacional e multilateralismo. Além disso, os governos
autoritários – como os de Hugo Chavez e Maduro – constituíram uma outra
ameaça à ordem liberal segundo o autor.

Com o fim da guerra fria, ocorreu a entrada de novos Estados no


sistema, assim as barganhas antigas e instituições que forneciam as fontes de
estabilidade foram devastadas. Agora Estados com diversas ideologias,
pautas, demandas e barganhas fazem parte desse sistema. Essa também foi
outro motivo pelo qual os problemas envolvendo a ordem liberal começaram a
surgir depois do fim da guerra fria.

No entanto apesar da ordem liberal está em crise, Ikenberry acredita que


reconciliando os dilemas de soberania e interdependência, e preservando
também os direitos entre e dentro dos Estados os problemas serão sanados.
Contudo, é difícil pensarmos que a Venezuela vai caminhar para uma solução
melhor de preservação de direitos humanos, visto a precariedade que o país se
encontra já há alguns anos com a ditadura de Maduro.

Lima discorre a respeito das teses equivocadas e uma das teses seria
de que o ambiente comunitário e expansão do neoliberalismo favoreceria uma
cooperação entre Estados. O que no âmbito internacional é difícil confirmar se
de fato ocorreu ou não, mas que no caso particular da Venezuela é nítido que o
Estado não quer cooperar com a nova ordem.

Outra tese equivocada trabalhada pela autora está no sentido que era
acreditado que a nova ordem seria conduzida pela ONU e não mais pelos
Estados Unidos. Porém, os Estados Unidos atacando Iraque e Afeganistão no
começo da virada do século sem o consentimento da ONU nada nos faz crer
que ele não agirá dessa maneira futuramente sobre a Venezuela.

Lorenzini demonstra como o modelo americano sobressai – fazendo


com que a unipolaridade regesse o sistema internacional - sob um contexto pós
Guerra Fria. Nesse período os Estados Unidos se torna a principal potência do
mundo, devido a suas capacidades econômicas, militares, políticas. Como
consequência desse poder os EUA moldaram o Sistema Internacional de um
jeito unipolar.

O autor não nega que apesar dos EUA ter uma assimetria de poder com
os demais enorme, isso não significa que os EUA podem tomar o controle do
mundo inteiro e que todos os Estados irão se render aos interesses dos EUA (é
o caso dos sucessivos governos venezuelanos que preferem confrontar o país)

Segundo ele, a capacidade econômica dos Estados Unidos se encontra


no fato de ser a principal economia do mundo já há mais de um século, a qual
além disso é a mais diversa e auto suficiente, e que desfruta grandemente das
inovações tecnológicas. Quanto a esse último ponto, os EUA podem ao longo
dos anos desenvolver tecnologia mais barata para extração de xisto ou
baratear a utilização das fontes renováveis de energia, fazendo assim com que
a Venezuela fique comprometida com a principal exportação de seu país.

Desde o fim dos anos 90 os EUA têm aumentado e gastado muito em


termos de defesa. O país gasta mais de 7x do que o segundo colocado no
ranking, a China. Além disso os EUA também são aptos a colocar suas tropas
em campo de uma forma muito dinâmica, conforme muitas operações já
demonstraram. Isso é influenciado também pelos diversos campos militares ao
redor do mundo.
Em razão dos motivos econômicos e militares, a Venezuela não deve
instigar os EUA, ainda mais devido ao presidente Trump costumar agir de
forma emocional e incautelosa.

Já Lopes, reserva a questão militar também como foco de sua análise.


Segundo ele, as Guerras do Afeganistão e Iraque retomam a onipotência dos
EUA para contornar vulnerabilidades que a crise de legitimidade após 11 de
setembro gerou. E, portanto, nesse primeiro momento a Venezuela foi deixada
de lado pela Casa Branca. A política externa dos demais países não era
preocupação dos EUA, e isso muda após a crise de legitimidade, através da
Doutrina Bush.

Para esse autor há desvantagem e vantagens de ser o hegêmona no


sistema. A desvantagem se dá no sentido de que surgem grandes problemas
(inclusive de custos) para ele estabilizar o sistema. Os quais podem sem
comprovados quando analisados o financiamento que o governo norte-
americano concede a oposição venezuelana e a ameaça de intervenção militar.
Já na vantagem de ser hegêmona, o pressuposto é que ele próprio constitui a
ordem do jeito que beneficia a ele.

Para Lopes, tal ordem não deve ser impositiva, e sim introjetada
(persuasão, indução). Todavia, é difícil pensarmos que o país latino-americano
vai aceitar que a ordem seja introjetada. Neste caso, para o autor a ameaça
militar surge como alternativa em último caso. Porém, Estados podem ficar
ressabiados caso o hegêmona use muito a força e a ordem pode desmoronar
desse modo.

Pieterse acredita que a desindustrialização faria com que Estados


Unidos fosse ameaçado de perder sua hegemonia. No entanto, apesar das
diversas polêmicas envolvendo o presidente Donald Trump, a economia norte-
americana cresce atualmente a um bom ritmo, e logo, é difícil pensarmos que
ela será o fator determinante para a perda relativa de poder dos Estados
Unidos. Além disso, Pieterse também acredita que os EUA deixariam de ser
primeira opção em diversos âmbitos, como por exemplo, através do surgimento
de novos blocos. Segundo ele, a rivalização agora aconteceria por meio da
formação desses blocos, e constituiria então uma nova tendência. Isso vai de
encontro com a proposta venezuelana de se desfazer da OEA e se filiar a
Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC), com o
objetivo de tentar fugir da zona de influência do governo norte-americano.

Por mais que a Venezuela seja um país importante para os Estados


Unidos (as importações de petróleo do país representam 10% das importações
totais da commoditie pelos Estados Unidos), a relação ainda é desigual. Os
venezuelanos dependem mais dos Estados Unidos do que vice-versa, na
medida que o país do Norte corresponde por absorver 40% das exportações do
país latino-americano. E apesar da retórica antiamericana e anti-imperialista de
Hugo Chávez e, posteriormente, Nicolás Maduro, as trocas comerciais entre os
países não só foram mantidas – inclusive quando os canais diplomáticos
estiveram fechados – como aumentaram de intensidade.Ainda há o fato de que
as exportações de petróleo para os Estados Unidos são mais vantajosas do
que exportar para a China, visto a proximidade geográfica e consequente
redução de custos logísticos bem como o fato de refinarias da Venezuela
estarem presentes nos Estados Unidos.

Assim é difícil crer que os países chegaram a uma relação de conflito


armado, porém, não é esperado que as relações sejam as mais amistosas
possível, principalmente, por ambos presidentes serem imprudentes e
despreparados para lidarem com tais questões.

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