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Estudo sobre o Uso e Ocupação do Solo:

Incompatibilidade ambiental de convivência entre uma atividade


industrial e um loteamento residencial - Trabalhar vs Residir

SP# 5640812 v1
ECP Sistemas Ambientais
Parecer sobre Incompatibilidade Ambiental

1. OBJETO DO PARECER

São muitas as duvidas acerca da compatibilidade ambiental na convivência de um


loteamento residencial próximo a um loteamento industrial, e quais os riscos inerentes para os
dois lados envolvidos..

Neste sentido, serão abordados os princípios norteadores do uso e ocupação do


solo, bem como os instrumentos previstos na legislação ambiental para uma gestão adequada
do parcelamento do solo.

Por fim, buscou-se neste Parecer apontar alguns riscos e consequências notórias
em caso de inobservância dos referidos princípios e/ou gerenciamento inadequado dos
instrumentos citados.

2. PRINCÍPIOS DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

O presente tema é abrangente e de natureza complexa, pois envolve vários


interesses, com alteração do comportamento sócio-econômico, técnico, administrativo e
jurídico. Cada variável inserida explícita ou implicitamente, motiva o estabelecimento de
mudanças no conjunto ambiental.

Um bom parcelamento do solo urbano busca interagir coerentemente como


conjunto ambiental a que pertence envolvendo:

 A proximidade com outros tipos de atividades (comercial, centro urbano,


tipo de indústria, lazer, etc.);

 O uso dos recursos naturais, atentando para a qualidade do ar, corpos


d’água, vegetação e geomorfologia do terreno, entre outros.

Tudo isso irá gerar um bom ou mau equilíbrio biofísico, social e econômico para o
ser humano, fauna e flora deste conjunto ambiental, compatibilizando ou incompatibilizando o
principal fruto deste parcelamento do solo, que é o de residir com atividades diferentes como a
industrial, comercial ou outras.

Os índices urbanísticos devem ser definidos de forma que a ocupação do solo


seja feita visando à conservação ambiental. Porém, para uma correta avaliação do progresso
urbano, faz-se necessária a definição de sustentabilidade através de indicadores mensuráveis
que fundamentalmente reflitam o menor impacto ecológico, aliado à viabilidade econômica e ao
bem-estar social, em relação às diversas alternativas de uso do solo.

Dentro de um sistema ecológico-socioeconômico, podemos listar nove


indicadores de ameaças à sustentabilidade urbana: recursos hídricos, economia, auto-
suficiência de recursos, preservação ambiental, conforto de moradias, eficiência de transportes,
gestão ambiental, bem-estar social e educação.

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No início da industrialização até os anos 30, para resolverem o problema da


fixação de mão-de-obra, as indústrias construíam as chamadas “Vilas Operárias”, geralmente,
contíguas às fábricas, cujas residências eram alugadas ou vendidas aos trabalhadores.

Esse tipo de solução era viável, na medida em que a quantidade de força de


trabalho a ser alojada era pequena, já que as casas destinavam-se de modo particular aos
operários mais qualificados. Além disso, o baixo custo dos terrenos e da construção tornava
compensadora a fixação do trabalhador.

Os anos foram passando e essas “vilas” foram perdendo sua identidade, dando
lugar a novos inquilinos, sem qualquer vínculo com a indústria circunvizinha. A par desse
processo pode-se observar que o próprio assentamento industrial desordenado gerou, de
maneira desarticulada, espaços ocupados por residências, indústrias e comércio, cuja
convivência dá-se de acordo com o comportamento social de cada uma das partes.

De forma inversa, tem sido comum a instalação de áreas residenciais próximas a


indústrias, gerando incompatibilidades não saneáveis e de alto custo para todas as partes
envolvidas. Somente a intervenção do Poder Público pode harmonizar estes interesses,
evitando a ocorrência de situações não saneáveis, com até perigo iminente à saúde publica.

3. INSTRUMENTOS DE GESTÃO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

3.1. Plano Diretor

A cidade compreende seu espaço territorial, incluindo neste os seus habitantes.


Assim, estabelece a Constituição Federal que aquelas cidades que possuírem mais de 20 mil
habitantes deverão instituir um Plano Diretor.

O Plano Diretor é o instrumento básico da política urbana dos municípios, tendo


por função promover o adequado ordenamento territorial, bem como o pleno desenvolvimento
das funções sociais da cidade e a garantia do bem-estar de seus habitantes, de acordo com o
planejamento e controle do uso do parcelamento e da ocupação do solo, observados as
diretrizes da Lei Federal nº 10.257/01 - Estatuto da Cidade.1

Em outras palavras, sua principal finalidade é orientar a atuação do poder público


e da iniciativa privada na construção dos espaços urbano, rural e industrial na oferta dos
serviços públicos essenciais, visando assegurar melhores condições de vida para a população.

Considerando estes princípios, o Prefeito da cidade, os cidadãos e a Câmara


Municipal devem estruturar um Plano Diretor:

1
Art. 2º. A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da
propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais:
VI - ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar: (a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos; (b) a
proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes; (c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso
excessivos ou inadequados em relação à infra-estrutura urbana; (d) a instalação de empreendimentos ou
atividades que possam funcionar como pólos geradores de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura
correspondente; (e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não utilização;
(f) a deterioração das áreas urbanizadas; (g) a poluição e a degradação ambiental.

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 Que proponha meios para garantir e incentivar a participação popular na


gestão do município;

 Que aponte rumos para um desenvolvimento local economicamente viável,


socialmente justo e ecologicamente equilibrado;

 Que apresente diretrizes e instrumentos para que os investimentos em


saneamento, transporte coletivo, saúde, educação, equipamentos urbanos,
habitação popular sejam adequadamente distribuídos e beneficiem toda a
população;

 Que proponha soluções para a melhoria da qualidade da gestão pública


local, tornando-a mais apta a utilizar os recursos públicos e a prestar
melhores serviços à população;

 Que proponha diretrizes para proteger o meio ambiente, os mananciais, as


áreas verdes, o patrimônio histórico local e seus habitantes.

3.2. Zoneamento

O zoneamento possui conceitos jurídicos e técnicos diferentes, mas um fim


específico: delimitar geograficamente áreas territoriais com o objetivo de estabelecer regimes
especiais de uso, gozo e fruição da propriedade. A principal finalidade do zoneamento é dividir
o solo municipal em razão do uso destinado. Cabe, em regra, ao ente municipal por meio de
seu poder de polícia, esta função de dividir as respectivas zonas. Em relação ao meio ambiente
artificial, há uma preocupação em específico com o Zoneamento Industrial.

A preocupação decorre da observação da diminuição da qualidade de vida nos


centros urbanos, evitando assim o desordenamento do uso e ocupação do solo. É promulgada
assim a Lei federal nº 6.803, de 02 de junho de 1980, que dispõe sobre as diretrizes básicas
para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição.

O proprietário só poderá usar sua terra da maneira que lhe convir, desde que
respeite os interesses coletivos, como a função social e a conservação do meio ambiente.
Trata-se de controle estatal capaz de ordenar o interesse privado e a evolução econômica com
os interesses e direitos ambientais e sociais, possibilitando o alcance do tão almejado
crescimento sustentável.

Deve-se ressaltar que, uma vez estabelecida, toda e qualquer atividade a ser
exercida na região submetida a uma norma de zoneamento passa a ser vinculada, ou seja, não
poderão ser admitidas atividades que contrariem as normas de Zoneamento.

No interior destas diversas facetas, o zoneamento ambiental urbano se tornou em


instrumento de fundamental importância dentro dos planos pilotos das grandes metrópoles.
Podemos encontrar quatro principais divisões conceituais e técnicas do zoneamento ambiental
urbano, com suas respectivas faixas ideais de proteção ambiental (anéis verdes):

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 Zonas de Uso Industrial (ZUI) – 5.000 metros

 Zona de Uso Estritamente Industrial (ZEI) – 2.000 metros

 Zona de Uso Predominantemente Industrial (ZUPI) – 600 metros

 Zona de Uso Diversificado (ZUD) – 300 metros

O objetivo do Zoneamento Industrial é poder repartir o solo com intenção de um


melhor desenvolvimento da atividade industrial exercida, bem como buscar a diminuição dos
impactos negativos ao meio ambiente.

Para se evitar conflitos do trabalhar da indústria com o residir da comunidade, é


comum se estabelecer anéis verdes ou faixas de proteção ambiental que possam garantir
qualquer desajuste de processo industrial, emissão de resíduos de poluentes atmosféricos ou
garantir qualquer risco de incêndio ou explosão inicial.

Existem inclusive, em diversas cidades que têm seu Plano Diretor aprovado e
estruturado de acordo com todas estas diretrizes de zoneamento e uso e ocupação do solo,
casos onde até os princípios mais relevantes são abandonados e/ou deixados de lado,
causando grandes conflitos, ou no mínimo situações de alta vulnerabilidade ambiental.

Quando não é seguido o bom zoneamento, são criadas incompatibilidades:

 para uso da moradia (residir);

 para o uso da indústria (trabalhar);

 para o uso de trafego local;

 para aplicação da legislação dos poderes Municipal, Estadual e Federal;

 na gestão sustentável das cidades e seus arredores.

3.2.1. Revisão e alteração do zoneamento

A revisão e a alteração de um zoneamento impõem-se na medida em que durante


a sua implementação se percebeu desvio ou inadequações do uso e ocupação do solo,
demandando correção por parte da municipalidade.

Recomenda-se nessas alterações todo critério possível, a fim de que não se


façam modificações bruscas entre o zoneamento existente e o resultante da alteração, pois os
efeitos decorrentes de um zoneamento não são indenizáveis, podendo valorizar
demasiadamente alguns imóveis ou desvalorizar injustamente outros.

Recomenda-se, também, que o zoneamento resultante da revisão ou alteração


constitua uma progressão harmônica dentro da estrutura da dinâmica urbana, de modo a não

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causar impactos de ordem urbanística (tráfego, uso dos equipamentos urbanos, etc.),
ambiental (uso dos recursos naturais), convivência entre vizinhos (ventilação, iluminação
natural - "luz do Sol", odores, ruídos, etc.), econômica (valorização ou desvalorização dos
imóveis), entre outros.

Neste sentido, para evitar disparidades no uso e ocupação do solo urbano em


áreas contíguas, algumas cidades têm utilizado o chamado "zoneamento de transição", que
consiste na implementação de uma faixa homogênea (denominador comum) da área limítrofe
entre uma zona mais restritiva e outra menos restritiva, ou entre zonas com uso completamente
distintas.

4. AGLOMERAÇÃO OU DISPERSÃO DE INDÚSTRIAS

A área do planejamento territorial levou pouco em conta as questões ambientais,


com algumas exceções como ainda podemos ver na “velha” Europa, onde grandes parques e
jardins foram criados às margens dos grandes rios, para evitar e conter enchentes de maior
escala, protegendo áreas residenciais e minimizando danos. No Brasil ainda é bastante comum
observarmos o contrário, pois temos residências nessas áreas de preservação permanente.

A base para não se levar em conta as questões ambientais estava centrada nas
seguintes premissas:

 O ambiente tem recursos infinitos;


 Os recursos ambientais são bens públicos e por isso não são de responsabilidade do
empresário, por exemplo;
 O sistema de preço não pode absorver os custos dos danos da poluição;
 O ar, as águas e o solo, não tendo proprietários, poderão ser usados individualmente e
até sua saturação, por quem chegar primeiro;
 Ausência de padrões ou obrigatoriedade de financiamento dos investimentos para
controle da poluição, a não ser por parte do governo.

Os motivos acima já estão caindo em desuso e, na grande maioria dos casos em


que se confrontaram o poluidor e a “vizinhança” de uma mesma comunidade, acabou-se por
definir ou estabelecer o “uso” do recurso natural, que não havia sido previamente definido pela
comunidade em questão, contra o empresário.

O conjunto de dúvidas, de questionamentos; a necessidade de previsão de custos


ou riscos ambientais, antes não imaginados, tem levado os empresários a posições pró-ativas
e criativas, ao invés de passivas, proporcionando em termos de curto, médio ou longo prazo
vantagens econômicas ou, no mínimo, a diminuição significativa de perdas, e o mais
importante uma convivência harmônica com a sua vizinhança.

Através dos estudos de avaliação, controle e monitoramento ambiental realizados


nas décadas de 60, 70, 80, principalmente conclui-se que a gestão dos impactos causados
pela poluição industrial poderia ser feito através de quatro etapas: geração; emissão,
lançamento ou disposição; autodepuração e recepção.

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 Geração da poluição diretamente no processo industrial - a pesquisa e o


desenvolvimento de processos “limpos”, ou redução da geração de poluentes
existentes através do chamado “in-plant control”. Um exemplo típico recente é o
caso do “waste minimization” de resíduos industriais por alteração de processos
industriais ou reciclagem de resíduos.

 Emissão, lançamento ou disposição de, respectivamente, efluentes gasosos,


líquidos ou sólidos no ambiente - esta é a etapa mais antiga e usada de
gerenciamento ambiental, mas despreza a possibilidade do uso dos processos
limpos na geração, os benefícios de autodepuração e a boa localização do
receptor em relação ao gerador. Os custos são altos não só ao nível do
investimento inicial, mas também do ponto de vista de operação e manutenção,
totalizando um valor anualizado alto, mesmo bem gerenciado.

 Autodepuração - os recursos naturais ar, água e solo, quando bem conhecidas as


suas capacidades de dispersão no caso do ar; assimilação de cargas poluidoras
no caso da água; e infiltração/absorção no caso do solo, proporcionam uma
oportunidade promissora no gerenciamento das capacidades depuradoras desses
recursos, para lucro de todas as partes envolvidas: comunidade, empresário,
população e Estado.O caminho prático dessa etapa é a adequada localização do
gerador em relação ao receptor, e vice versa, através de estudos matemáticos de
dispersão de poluentes no ar, assimilação de cargas poluidoras pela água e
estudos da infiltração no solo, sempre também se levando em conta as situações
e/ou cenários de risco.
Para as centenas de municípios que estão crescendo desordenadamente a saída
é preparar um Plano Diretor de Desenvolvimento e Meio Ambiente, antigamente
chamado de Planejamento Territorial.

 Recepção - o aumento da consciência popular em relação ao processo


democrático, em fase de aprimoramento no Brasil, envolvendo as palavras
“direitos/deveres” e “custo/benefício”, tem criado um espaço propício para
entendimento dos interesses de produção de bens, da qualidade ambiental,
qualidade e quantidade de empregos e das responsabilidades do Estado em
harmonizar os poderes executivos, legislativo e judiciário.

É dentro da fase de Autodepuração, que a engenharia, biologia, geologia, direito,


urbanismo, entre outras, passaram a desenvolver novos conceitos de otimização no uso dos
recursos naturais dentro do chamado uso e ocupação do solo. E é dentro desta fase que
aparece a necessidade dos macro-planejadores aplicarem a aglomeração ou dispersão de
indústria. O conceito da aglomeração é a de utilizar a proximidade das indústrias umas das
outras, mas fazendo um controle da poluição (ar, água e solo) de uma maneira a não se gastar
muito dinheiro no controle da poluição, mas fazendo com que se obtenham tais controles em
escala.

O conceito de dispersão objetiva-se em localizar as indústrias afastadas umas das


outras, de tal forma que as mesmas ocupem somente uma pequena fração da qualidade do ar,
assim dificilmente atingindo o padrão de qualidade do ar, mas provendo-as da melhor
tecnologia de controle pratica disponível. Fica fácil de entender, no caso da poluição do ar, que

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quanto mais próximo as indústrias tiverem umas das outras (aglomeração) , maior a chance de
atingirmos os padrões de qualidade do ar.

Este foi o caso de Cubatão, onde as indústrias chegaram a atingir o nível de emergência
para material particulado no valor de 897 micrograma por metro cúbico (acima dos níveis de
alerta e atenção) sendo o padrão de qualidade do ar para este poluente 240 microgramas por
metro cúbico. Por outro lado o grande problema foi a escolha para a localização deste pólo
industrial uma vez que a altura da serra do mar de 700 metros, assim como as montanhas,
impedem a dispersão dos poluentes na região. Já do ponto de vista da poluição das águas, o
lançamento dos poluentes era feita diretamente no mangue (berçário de peixes). No caso dos
resíduos sólidos, tivemos a inexistência de aterros em Cubatão devido à pequena faixa de terra
entre a Serra do Mar e o Mangue.

São muitas as teses do uso e ocupação do solo, entretanto duas delas sempre foram as
mais discutidas.

4.1. Aglomeração de Indústrias

Isto facilitaria suas atividades de trabalhar, principalmente na oportunidade de se


utilizar sistemas de tratamento de efluentes líquidos, comum para as indústrias afins (por
exemplo: poluentes orgânicos, inorgânicos, etc.), sistema de armazenamento e tratamento de
resíduos industriais comuns às industriais (exemplo: incineração de resíduos sólidos, aterros
químicos, etc.), sistemas de utilidades comuns (vapor, água, etc.) e até sistemas de tratamento
de efluentes gasosos, sem contar no fácil manuseio de matérias-prima, subprodutos, produtos
finais de uma empresa para outra.

Neste caso, podemos citar o Pólo Petroquímico de Camaçari (Bahia), onde as


faixas de proteção deveriam ser de no mínimo de cinco quilômetros.

Usando a distância a favor e fazendo os respectivos cálculos de sistemas gerador


(indústrias) e receptor (residências), poderia exigir tecnologias de controle / tratamento de
efluentes gasosos e líquidos, que não precisariam ser do tipo “melhor tecnologia prática
disponível”, pois a fase de transporte e diluição dos poluentes aéreos auxilia na diminuição de
controle.

4.2. Dispersão de Indústrias

Este conceito seria diferente da aglomeração de indústrias, mas se gastaria mais


com os sistemas de controle / tratamento da poluição do ar, águas e resíduos, pois não
teríamos a economia de escala da situação de proximidade de indústrias.

Além disso, cuidados com a instalação de residências próximas de indústrias


deveriam passar por um crivo mínimo para o julgamento e decisão da instalação de certas
indústrias. Faixas de proteção mínima de 300 metros para indústrias de uso diversificado (ou
de baixo impacto poluidor) seriam necessários para garantia mínima dos direitos de moradia
(“residir”), como no caso de pequenas indústrias mecânicas, metalúrgicas e até de concreto
pré-misturado (problema de ruído).

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A aplicação de melhor tecnologia prática disponível seria exigida para indústrias


de maior porte e risco, aumentando as faixas de proteção (áreas verdes) para 600 metros,
2.000 metros, etc.

A maior parte das indústrias que se encontravam instaladas no ABCDM e


Município de São Paulo, na década de 70, tiveram que se mudar para o interior por não
poderem arcar com os custos de controle da poluição e até melhoria de processos industriais,
devido à alta vulnerabilidade de riscos ambientais, no que diz respeito aos riscos ambientais
(produtos químicos, explosão, incêndio, etc.)

Logicamente, sempre tentaram obter o apoio das Prefeituras locais para não
permitir a instalação de residências próximas e, para assim, não voltarem para as situações
extremas de conflito que tiveram na região do ABCDM e Município de São Paulo, local de onde
a maioria delas são provenientes.

5. INCOMPATIBILIDADE DE UMA ZONA INDUSTRIAL VIZINHA A UMA ZONA


RESIDENCIAL

Um bom planejamento urbanístico ocorre quando há uma divisão muito clara das
áreas e os tipos de atividades que nelas existirá, a distância entre elas, a disponibilidade e uso
dos recursos naturais e, é claro, a projeção futura para o desenvolvimento correto da cidade.

Tudo isso está relacionado ao bem estar público, ou seja, a qualidade de vida dos
habitantes. Atividades incompatíveis, próximas uma da outra, degradam a qualidade de vida
local e acabam por degradar a economia, o uso dos recursos naturais e assim por diante, como
uma cadeia.

É como projetar uma casa. Não há, por exemplo, compatibilidade da mesa de
jantar estar localizada dentro do banheiro, ou do vaso sanitário na sala de estar. Há uma
logística na definição de atividades por áreas; do mesmo jeito ocorre no planejamento
urbanístico.

Para deixarmos claro sobre quão diferente são as atividades da Indústria


(trabalhar) e aquelas das residências (residir), faremos abaixo uma descrição sobre os
seguintes parâmetros:

5.1. Uso dos Recursos Naturais

O uso dos recursos naturais (ar, água e solo), quando otimizados para o ser
humano, fauna e flora, se constituem no maior conceito de sustentabilidade ambiental. No caso
da indústria, esses recursos são principalmente destinados na manufatura de seus produtos,
ex: argila na produção de cerâmica, ar e combustível para caldeiras a vapor, e água em
serviços de galvanoplastia, entre outros. No caso do residir, podemos citar que no lazer e bem
estar das populações, áreas como as cidades de Lindoya, Serra Negra, São Lourenço e
cidades litorâneas como São Sebastião, Ubatuba, etc., não se permite indústrias para não
prejudicar a sua principal atividade econômica de turismo, também no caso das residências, o
uso do ar, água e do solo, são destinados para os seus moradores como, por exemplo, a
respiração, água potável, plantação de vegetais, e a própria localização da moradia.

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5.2. Tempo de exposição e estado de saúde ou condição Física

Na Indústria, o tempo de exposição dos seus trabalhadores é de oito horas por


turno de trabalho e com isto os seus padrões de saúde e bem estar estão associados na
garantia de um período de 25 a 35 anos de trabalho, considerando pessoas sadias para o
enfrentamento desse tempo de trabalho. A saúde dos trabalhadores é continuamente checada
e diferenciada para poder enfrentar os desgastes das operações produtivas.

No caso da residência, leva-se em conta uma exposição de 24 horas por dia,


todos os dias de sua vida, havendo idosos, gestantes, crianças e pessoas com problema de
saúde (cardiovasculares, respiratórias, doenças degenerativas, etc.). A saúde das pessoas, por
sua vez, não é necessariamente controlada para verificação dos assimilados em razão das
condições ambientais.

5.3. Movimentação no espaço

O tráfego de veículos e a movimentação de pessoal na indústria é fundamental


para este tipo de atividade sendo, entretanto, impactantes no caso da existência de outras
atividades como a do residir muito próximo.

Para o bom “residir”, a paz, o sossego e o lazer são considerados fundamentais.

5.4. Ocupação do espaço vizinho

A indústria necessita em seu entorno de áreas verdes de isolamento non


aedificandi, em dimensões suficientes para proteger as áreas circunvizinhas contra possíveis
efeitos residuais e acidentes, típico desde tipo de atividade.

Atividades que não ameacem o repouso noturno residencial, e/ou não causem
qualquer inconveniência à saúde, ao bem estar e à segurança das populações, são requisitos
mínimos que devem ser inclusos nos respectivos planos diretores dos municípios e/ou
zoneamento urbano, que em geral projetam as faixas sanitárias de proteção.

5.5. Casos de relocalização

A maioria das indústrias do Município de São Paulo e grande ABCDM tiveram de


mudar por terem recebido residências no seu entorno. Assim, mesmo após aplicarem a melhor
tecnologia prática disponível (artigo 41 do Decreto estadual nº 8.468/76)2, foram enquadradas
no artigo 3º, inciso V, do Decreto estadual nº 8.468/763, o que gerou a sua inviabilidade quanto
à ampliações no local do conflito e a sua conseqüente realocação.

2
Art. 41. As fontes de poluição, para as quais não foram estabelecidos padrões de emissão, adotarão sistemas de
controle de poluição do ar baseados na melhor tecnologia prática disponível para cada caso.
3
Art. 3º. Considera-se poluente toda e qualquer forma de matéria ou energia lançada ou liberada nas águas, no ar
ou no solo:
V - que, independentemente de estarem enquadrados nos incisos anteriores, tornem ou possam tornar as águas,
o ar ou o solo impróprios, nocivos ou ofensivos à saúde, inconvenientes ao bem-estar público; danosos aos

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A ocupação de uma população de 5000 pessoas na região Vila Parisi em


Cubatão, ao lado de indústrias de fertilizantes e Acearias (siderurgia), constituiu o maior conflito
de uso e ocupação do solo existente no estado de São Paulo, que somente foi resolvido após a
ocorrência do maior incêndio industrial, ocorrido no mesmo município de Cubatão, na Vila Socó
(vazamento de gasolina – Petrobrás) que ocasionou, oficialmente, 100 vitimas fatais.

5.6. Padrões ambientais aplicáveis

No caso das indústrias, é necessário que padrões de desempenho sejam


desenvolvidos e implantados para que sua instalação e operação sejam ambientalmente
sustentáveis e facilmente monitoráveis pelos órgãos ambientais e comunidade.

Assim, para a atividade de "trabalhar", os seguintes padrões abaixo descritos


mostram o que é necessário para sua conformidade e sua confiabilidade ambiental:

 padrões de condicionamento e projeto (processo de fabricação);

 padrões de emissão (chaminés);

 padrões de qualidade do ar;

 inciso V do artigo 3º do Decreto estadual nº 8.468, de 08/09/1976, que


regulamentou a Lei estadual nº 997, de 30/05/1976;

 artigo 33 (odores) do Decreto acima.4

No caso da atividade de “residir”, outros tipos de padrões de desempenho


deverão ser aplicados:

 padrão de qualidade do ar;

 padrões de risco ambiental (definido como probabilidade de ocorrência de


um efeito adverso com determinada gravidade), aplicável para indústria
com periculosidade alta, capaz de causar efeitos não minimizáveis,
(incêndio e explosão) mesmo depois da aplicação dos métodos adequados
de controle.

6. CONCLUSÃO

Percebe-se claramente que as atividades de “trabalhar” da indústria são


incompatíveis com aquelas de “residir” da moradia e para tanto podemos concluir:

materiais, à fauna e à flora; prejudiciais à segurança, ao uso e gozo da propriedade, bem como às atividades
normais da comunidade.
4
Art. 33. Fica proibida a emissão de substâncias odoríferas na atmosfera, em quantidades que possam ser
perceptíveis fora dos limites da área de propriedade da fonte emissora.

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 em todo e qualquer município é necessária a elaboração e observância de


um plano diretor, com suas respectivas regras de zoneamento de uso e
ocupação do solo, de modo a evitar o conflito intrínseco existente entre
indústrias e moradias;

 com residências limítrofes a indústrias não haverá a garantia de saúde,


bem estar e segurança de seus moradores. É necessária uma distância
mínima entre indústrias e moradias, para se evitar os riscos e conflitos
entre as atividades antagônicas de "trabalhar" e "residir";

 qualquer manifestação da comunidade contrária à indústria vizinha,


especialmente as manifestações com viés ambiental e social, ainda que
sem motivos justos, pode desencadear um processo de deterioração de
sua imagem, com reflexos negativos no mercado, incluindo aí
compradores, distribuidores, acionistas, etc.;

 o sossego da vizinhança, garantido no Código Civil (artigo 1.277)5, é de


impossível aferição objetiva, basicamente por dois fatores: (i) trata-se de
conflitos de interesses entre pessoas, com toda marca natural de sua
heterogeneidade; (ii) abrange uma gama infinita de indicadores, podendo
variar caso a caso;

 não obstante a dificuldade prática de se definir padrões objetivos de


mensuração do sossego da vizinhança, no caso específico da convivência
entre uma zona residencial e uma industrial, alguns parâmetros podem ser
listados (item 5): uso dos recursos naturais, tempo de exposição e estado
de saúde ou condição física, movimentação no espaço, ocupação do
espaço vizinho, casos de relocalização, padrões ambientais aplicáveis.

 por envolver a subjetividade inerente ao ser humano, os conflitos de


vizinhança podem se originar da mais diversa gama de fatores, sendo
5
Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais
à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha.
Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização, a localização do prédio,
atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas, e os limites ordinários de tolerância dos moradores
da vizinhança.

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impossível ao Poder Público (através do exercício do seu poder de polícia),


bem como às próprias indústrias contíguas (através do exercício pró-ativo
de ir além das imposições legais) prever e adotar as medidas necessárias
a evitar/mitigar futuros conflitos;

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