Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Unidade 9
Conceitos de energia e trabalho
princípios gerais da termodinâmica.
Autor: Professor Nestor Correia
I. Introdução
II. Trabalho
IV. Potência
X. Referências
#M1U9 I. Introdução
N
esta unidade você aprenderá os conceitos de trabalho, energia cinética, energia
potencial, potência, energia interna, calor, temperatura e entropia. Nossa, são
muitos conceitos! Felizmente, alguns deles certamente já lhe são familiares. O
de trabalho, entretanto, tem uma significação diferente da utilizada na linguagem co-
tidiana, como veremos logo a seguir. Cuidado, em Ciência ocorre com freqüência que
significantes (palavras, símbolos, etc.) têm significados diferentes dos utilizados no coti-
diano. Mas isso já é Semiótica.
www.
Conheça melhor o significado da Semiótica no site:
http://industrias-culturais.blogspot.com/2003_11_01_industrias-culturais_
archive.html
tratado. Em Ciência, significa a parte do universo que estamos considerando. Em geral, Sobre a palavra
o sistema tem fronteiras bem definidas. Por exemplo a célula, que tem a sua membrana adiabático - do
grego adiabatos
como fronteira, pode ser considerada um sistema físico. O sistema pode ser aberto, se troca (impenetrável),
matéria com o exterior através de suas fronteiras, como a célula; ou fechado, caso não tro- é a qualidade
relativa ao limite
que matéria. Pode, ainda, ser isolado termicamente, quando não troca calor com o exterior.
a partir do qual
Às vezes, um sistema isolado termicamente é chamado adiabático (palavra feia, não é?). não ocorre
Em computação, quando falamos de sistema operacional, nos referimos ao conjun- transmissão
energia térmica.
to de programas que controlam o funcionamento do computador. O sistema penitenciá-
www.
Acesse o site:
http://en.wikipedia.org/wiki/Mechanical_equivalent_of_heat (esse site esta em
inglês - Vá tentando melhorar a sua leitura em inglês, isso é muito importante para
estudar ciência!)
W= ∫F dr
Viu como o conceito físico de trabalho parece estranho por ser diferente do conceito
usado no cotidiano?
Calma, vamos explicar o que isso significa, inclusive as setinhas colocadas sobre os
símbolos das grandezas físicas força, ( F ), e deslocamento, ( dr ). Estamos usando a letra W
(do inglês work) para representar trabalho, porque reservamos a letra T para temperatura,
que vamos considerar mais abaixo. O W também vai aparecer como unidade de medida
de potência, abreviação para Watt. Pode parecer confuso, mas tenha paciência, pois pelo
contexto fica claro a que estamos nos referindo.
Comecemos com um exemplo simples onde tudo é constante (não muda enquanto o
Saiba mais
tempo passa), “tudo” aqui se refere às grandezas físicas envolvidas no processo considerado.
Se uma pessoa puxa um bloco de madeira usando uma corda amarrada ao bloco, Joule estudou
a natureza do
de modo que exerça uma força constante de 10N (a unidade mais usada para medir força
calor, e descobriu
é Newton, abreviado N) sobre o bloco e esse bloco se desloca 1,0m (m é abreviação de relações com
metro, isso você sabe!) na mesma direção que a força está sendo exercida, o trabalho é sim- o trabalho
mecânico. Isso
plesmente o produto da força por esse deslocamento, isto é, W = F. d = 10,0N • 1,0m = 10,0J direcionou para
( J significa Joule, em homenagem ao cientista inglês James Prescott Joule (1818-1889), a teoria da
conservação
pronuncia ‘jul’, não ‘jaule’, como muitos físicos
da energia (a
fazem, tentando imitar a pronúncia inglesa. O Primeira Lei da
cara era inglês, mas de origem francesa). Termodinâmica).
Ele trabalhou
Joule estudou a natureza do calor e com Lorde Kelvin,
descobriu a sua equivalência com a energia para desenvolver
a escala absoluta
mecânica. J é a unidade do Sistema Interna-
de temperatura,
cional de Medidas (SI) para trabalho, energia também
e calor (1J = 1N . 1m). encontrou
relações entre o
Voltemos ao exemplo da pessoa puxan- fluxo de corrente
do o bloco de madeira. Se a força de 10,0N não através de uma
resistência
estiver na direção do deslocamento, mas fizer
elétrica e o calor
um ângulo de 60º, com a horizontal, somente a dissipado, agora
componente dessa força ao longo da horizon- chamada Lei de
Joule.
tal (a parte da força que é paralela à direção do
deslocamento) é que realiza trabalho, porque só
essa componente é que muda a intensidade da
velocidade. Veja figura a seguir.
James Joule (1818-1889)
Estamos falando em direção da força e intensidade da velocidade, isso nos leva a ter
de falar sobre o significado da setinha colocada sobre os símbolos de força, F, e de desloca-
mento, dr. Essas grandezas físicas são chamadas vetores ou grandezas vetoriais.
O produto escalar entre dois vetores (representado pelo ponto gordinho) é defi-
nido como o produto dos módulos (intensidades) dos vetores e do cosseno do ângulo
entre eles. Isso é equivalente a dizer que é o produto do módulo do primeiro vetor
pela componente do segundo vetor ao longo da direção do primeiro, já que para obter
essa componente multiplicamos o módulo (tamanho) do vetor pelo cosseno do ângulo
entre os dois vetores.
Essa definição de produto escalar é geral, vale para quaisquer vetores. Em parti-
cular, vale para calcular o trabalho realizado pela força ao produzir um deslocamento.
O resultado do produto escalar de dois vetores é uma grandeza escalar. Existe, ain-
da, o produto vetorial entre vetores, cujo resultado é uma grandeza vetorial, mas não
precisamos disso agora.
∫
Ainda falta explicar o que a integral ( ) está fazendo em nossa definição de tra-
balho. Já dissemos que esse símbolo lê-se “integral de ... ”. Se tem F, ponto gordo e dr
depois da cobrinha, lê-se integral de F escalar dr . Na verdade, essa cobrinha nunca apa-
rece sozinha, tem sempre de estar indicada sobre qual variável a integração está sendo
realizada, no nosso caso, dr .
F(r) 4ri
0 r
r0 ri r1
1 2
E cin = mv
2
A definição de energia cinética é feita assim porque essa é uma grandeza cuja varia-
ção é igual ao trabalho externo realizado sobre o sistema, como veremos a seguir.
Leibnitz sabia que a sua vis viva estava relacionada à massa do corpo e a sua veloci-
dade, mas não sabia qual era essa relação.
Agora, iremos mostrar que a energia cinética de um corpo muda se algum trabalho
for realizado sobre ele e que essa variação da energia cinética é igual ao trabalho realizado
sobre o corpo. Se você não entender, pergunte, busque em livros, na internet, etc. Essa é
uma observação que vale sempre, mas é um comportamento fundamental, esperado prin-
cipalmente do estudante de um curso a distância.
teoria da “Tábula a aceleração da gravidade, que é constante para movimentos próximos a superfície da Terra,
Rasa” de John pois o raio da Terra é muito grande comparado com as mudanças na posição do corpo 2. A
Locke).
confusão que existe na linguagem cotidiana entre os conceitos de massa e peso vem do fato
#
M1U9 Conceitos de energia e trabalho; princípios gerais da termodinâmica
de que a única diferença numérica entre essas grandezas, na superfície da Terra, é a cons-
tante de proporcionalidade entre elas, a aceleração da gravidade.
Saiba mais
Se você for para a Lua, seu peso muda, mas sua massa não. Existe uma outra dife-
rença sutil entre os conceitos de massa inercial e massa gravitacional, mas deixemos isso Em física,
a massa é,
para outra oportunidade. O que nos interessa agora é relacionar trabalho com variação de grosso modo,
energia. A gravitação só foi mencionada aqui para usarmos energia potencial gravitacio- o mesmo que
quantidade de
nal no exemplo de queda livre e para explicar a diferença entre massa e peso.
matéria. Existem
Voltemos ao exemplo: o corpo de peso P = mg cai livremente a partir do repouso dois conceitos
de uma altura h até chegar ao chão. Como ele está sujeito a aceleração da gravidade, g, ele distintos de
massa. A massa
adquire uma velocidade v=at=gt (a=g). A energia cinética do corpo ao chegar ao chão é inercial que é
uma medida
da resistência
1 2
Ec = mv de um corpo
2 à aceleração e
que se define
a partir da 2
O trabalho que a força da gravidade (força com que a Terra atrai o corpo, ou o peso lei de Newton,
∫
do corpo) realizou sobre o corpo foi W = F dr = mg (Vamos chamar essa equação de e a massa
gravitacional, que
Eq. 01, para que possamos nos referir a ela mais adiante).
é a quantidade
O resultado da integral, mgh , decorre de que o peso, F = mg , é constante e a dis- de massa
que provoca
∫
tância total percorrida foi dr = h . Como a força e o deslocamento estão na mesma dire- a atracção
gravitacional
ção, os vetores que representam essas grandezas fazem um ângulo de 0º e o cosseno de 0º
entre corpos e
é igual a 1 (lembra-se disso?). Portanto, o produto escalar F dr torna-se simplesmente que se define
uma multiplicação dos módulos de F e dr . pela Lei da
Gravitação
Como você já viu no estudo de cinemática, a distância h que o corpo percorre é Universal.
representada geometricamente pela área sob a curva no gráfico de velocidade por tempo,
v x t, e a aceleração, pela inclinação da curva no ponto. Nesse caso, como a aceleração é
constante, essa curva é uma linha reta e, como o corpo partiu do repouso, a reta passa pela
origem. Observe o gráfico:
60º
t
A área sob a curva é então a área de um triângulo, ou seja, metade da base vezes a al-
1 1 2 1
tura, isto é, h = vt , como v = gt , ficamos com h = gt . Agora, de h = vt , tiramos
2 2 2 2
2h 1 2 1 2h
h= e, substituindo esse t em h = gt , obtemos h = g , que dá: v2 = 2gh.
v 2 2 v
Refaça, em seu caderno essas manipulações algébricas ou pergunte se não conseguir!
Vamos agora substituir esse valor da velocidade na equação que usamos para de-
finir energia cinética:
1 2 1
Ec = mv = m(2gh) = mgh
2 2
Aha!
A energia cinética que o corpo adquire ao cair de uma altura h é igual ao traba-
lho realizado pela força da gravidade durante o percurso (Eq. 01). Podemos dizer que o
corpo tinha energia cinética zero ao partir (estava com velocidade zero) e que ao chegar
1 2
ao solo tinha energia cinética Ec = mv . Dizemos, então, que na altura h o corpo tinha
2
energia potencial mgh e que ao chegar ao solo sua energia potencial é zero (a escolha do
nível de energia potencial é arbitrária, porque só estamos interessados em variações de
energia. Escolhemos aqui o nível zero no solo). Assim, obtemos para esse exemplo que a
energia mecânica (soma da energia cinética mais a potencial) é constante!
1 2
Isto é: Ecin + E p = v + mgh = CONSTANTE
2
Na verdade, esse calor é a energia cinética média das moléculas que constituem a
superfície da nossa pele, mas, como isso é algo microscópico e essa energia está distribu-
ída aleatoriamente entre muitas moléculas (da ordem de 1023 moléculas), não podemos
medir essa energia cinética e, por isso, usamos o conceito de calor.
Vamos estudar isso logo mais abaixo, antes porém teremos de falar da taxa de va-
riação da energia com o tempo, ou seja, o conceito de potência (Eq. 02).
Você certamente conhece esse conceito, talvez não esteja ainda familiarizado com a
sua expressão matemática. Você diz, por exemplo, que um carro fórmula 1 tem um motor
muito potente ou que um cavalo de vaquejada é mais potente que um jegue de carga.
Às vezes, utilizamos os termos potência dissipada, potência útil, dizemos que o
rendimento de uma determinada máquina é a razão entre a potência aproveitada (útil) e
a potência recebida. Afinal, o que é potência?
Potência é uma grandeza física que mede a transformação de energia por unidade
de tempo ou o quociente entre o trabalho realizado por uma força e o tempo gasto
para realizá-lo. A primeira definição é mais geral porque compreende qualquer
forma de energia, já a segunda só se aplica à energia mecânica (relacionada a forças
e a movimentos observáveis).
Por isso que um carro potente acelera rápido, pois o tempo que gasta para trans-
formar energia química (do combustível no motor) em energia cinética é pequeno. Ma-
dW Curiosidade
tematicamente, P = , aqui usamos dW para trabalho instantâneo e dt para intervalo
dt
A lâmpada
infinitesimal de tempo, isso significa que potência é a derivada do trabalho em relação ao incandescente ou
tempo. Quando usamos a derivada, estamos pensando em potência instantânea. Poderí- lâmpada elétrica
é um dispositivo
amos utilizar, também, o conceito de potência média, isto é, Pm = T , nesse caso usamos elétrico que
t transforma
W para o trabalho total realizado durante o intervalo de tempo total t. Já vimos isso acima energia elétrica
na equação Eq. 02. em energia
luminosa e
d energia térmica.
E = F .v
dt cin Thomas Alva
Edison em 1880
construiu a
O que nos dá outra equação matemática para a potência: o produto da força aplica- primeira lâmpada
da pela velocidade adquirida. A unidade usada para medir a potência no SI é Watt, incandescente
utilizando uma
símbolo W, e é igual a um Joule dividido por um segundo, já que potência é energia haste de carvão
dividida por tempo e a unidade de energia no SI é Joule e a de tempo é segundo. muito fina que
aquecendo até
próximo ao ponto
de fusão passa a
As unidades de medida são, quase sempre, tomadas em homenagem a algum cien- emitir luz.
tista que trabalhou com problemas relacionados à grandeza medida. Nesse caso, foi o
escocês James Watt, que desenvolveu a máquina a vapor.
Uma curiosidade com essa unidade é que é usada para medir a energia elétrica
gasta na sua casa, mas, para medir energia tem de multiplicar pelo tempo durante o qual
a energia foi gasta, porque Watt é unidade de medida de potência, não de energia. Por
isso, é que usam KWh, que é igual a mil Watt vezes uma hora.
Olhe o relógio contador ou a sua conta de luz. Lá, o gasto de energia elétrica é me-
dido em KWh em vez de ser medido em J, que é a unidade convencional do SI para medir
energia. Na verdade, está medindo a energia total gasta, mas em vez de dar o valor em
Joule, dá em KWh ( 1KW = 1000 Watt – sem ‘s’, pois unidade de medida não tem plural, 1
h = 3600 s) . Agora faça a conta, quantos Joules de energia elétrica você gasta em uma hora
com uma lâmpada de 100W acesa? Para saber como transformar KWh em J, usamos:
J 6
1 KWh = 1000 W * 3600 s = 1000 * 3600 s = 3600000 J = 3 , 6 * 10 J
s
www.
Conheça mais sobre a biografia do escocês James Watt no site:
http://pt.wikipedia.org/wiki/James_Watt
Calor é uma maneira de transferir energia de um sistema a outro quando eles estão
em temperaturas diferentes.
Já estamos novamente com problemas, apesar de você saber muito bem o que é
temperatura e o que é calor no seu uso coloquial, é necessário que esses conceitos sejam
muito bem fundamentados e expressos de forma precisa para buscarmos a objetividade
necessária ao conhecimento científico.
Uma experiência interessante para ver como o conceito de quente e frio, a partir de
sensações térmicas, é subjetivo e enganador, é a seguinte: coloque três copos com água,
um com água bem fria (misturada com gelo), outro com água à temperatura ambiente e o
terceiro com água quente (mas não tão quente, porque senão você pode se queimar!).
Coloque o dedo indicador da mão direita na água fria e o da mão esquerda na água
quente. Espere um pouco (~ 10 segundos) para aproximar o equilíbrio térmico. Coloque
agora os dois dedos na água à temperatura intermediária. O que você sente? Por favor,
faça essa experiência na cozinha da sua casa.
Já vimos acima que podemos transferir energia a um sistema realizando trabalho
sobre ele, aplicando-lhe uma força. A outra maneira de transferir energia é através do
fluxo de calor de um corpo mais quente para um corpo mais frio.
No primeiro caso, o movimento é ordenado e no segundo é desordenado, pois ca-
lor é, na verdade, a energia cinética média devido ao constante movimento aleatório dos
átomos ou moléculas que constituem o sistema.
h 00C 1000C
Talvez você já saiba como obter a equação de uma reta, pois aprendeu isso em ma-
temática. Se sim, considere o próximo parágrafo uma revisão, se não, estude-o com muita
atenção, porque esse conhecimento é muito útil!
Considere o gráfico de y versus x abaixo:
Saiba mais
O gelo é o
estado sólido Y Y (x2 ,y2)
da água, seu
aspecto é vítreo,
emitransparente. (x1 ,y 1)
Sua densidade
é inferior à da
água ficando em
0,92, seu ponto
de fusão é 0°C. A
mesma massa de
água em estado
líquido ou em
X X
estado sólido
têm volumes
diferentes, pois
ao passar de um
estado a outro o
volume aumenta A equação que representa a reta passando pelos pontos de coordenadas (x1 , y1) e
cerca de 9%; (x2 , y2) é dada por y = ax+b , onde a é a inclinação da reta e b = y0 é a ordenada do ponto
ao contrário
onde a reta corta o eixo dos y , pois em x = 0, y = y0 = b . A inclinação, a , é igual a tangente
da maioria dos
sólidos, o gelo do ângulo , indicado no gráfico, e a tangente de teta é igual ao cateto oposto, (y2 - y1) ,
em seu ponto de
fusão apresenta- divido pelo cateto adjacente, (x2 - x1 ) isto é, a = tan = ( y2 y1 )
. Assim, a equação da
se mais dilatado ( x2 x1 )
do que sua forma ( y2 y1 )
líquida a 4°C. Por reta é y = x + y0 .
isso o gêlo flutua
( x2 x1 )
na água!
Agora fechamos o parêntese de revisão matemática e vamos aplicar esse conheci-
mento à calibração do termômetro e à definição da escala centígrada de temperatura.
Aqui x será l , onde l denota o comprimento da coluna de mercúrio, e y será T(l) , a
temperatura, onde colocamos o l entre parênteses para indicar que a temperatura é fun-
ção do comprimento da coluna, como poderíamos ter colocado y(x) para indicar que y é
função de x na dedução da equação da reta.
Os pontos fixos de temperatura convencionados são ponto de fusão do gelo,
T(lg) = 00C , e o ponto de vaporização ou ebulição da água é T(lv) = 1000C . Aqui, lg é o
comprimento da coluna quando o termômetro estiver em equilíbrio térmico com uma
mistura de gelo e água, e lv é o comprimento da coluna quando o termômetro estiver em
equilíbrio com a água em ebulição, ambos à pressão de uma atmosfera (760mm Hg).
A correspondência entre os pontos nos dois gráficos é a seguinte: (x1, y1) corresponde
a (lg, 0) e (x2, y2) corresponde a (lv, 100). A inclinação da reta será, portanto, dada por:
( y2 y1 ) 100 0 100
a = tan = = = . A reta fica como no gráfico abaixo, onde ainda
( x2 x1 ) lv lg lv lg
não sabemos qual é o valor de T(0) = T0 , que corresponde ao valor de b = y0, isto é, o valor
da ordenada quando a reta corta o eixo vertical. Para determinar esse valor, precisamos
escolher a origem da medida do comprimento da coluna. Tomamos um comprimento
menor do que o que corresponde a zero grau (ponto de fusão do gelo) como origem, isto
é, l = 0 , pois é a partir desse ponto que medimos o comprimento. Observe que essa esco-
lha não influencia o resultado, como fica explícito na expressão final. O valor de T(0) = T0
é obtido a partir do triângulo com vértices nos pontos com coordenadas (-T0 , 0), (0, 0) e
(lg, 0) . Veja o gráfico:
T(l)
(lv, 100)
(0, 0) (lg , 0) lv l
T0
(0, T0)
Uma variável termodinâmica é uma função de estado, é uma grandeza física que
só depende do estado do sistema, não de como o sistema chegou a essa condição. Exis-
tem variáveis ou grandezas físicas que descrevem processos e que dependem de qual é a
história do sistema, assim, o trabalho realizado por uma força não conservativa, como o
atrito, por exemplo, depende do caminho que o corpo percorre, da trajetória, sendo assim
uma função de processo.
Se subirmos num pé de manga e tiramos uma manga que está a uma altura H do
solo e a colocamos essa manga em cima de uma pedra diretamente abaixo da mangueira,
a uma altura h, a variação de energia potencial da manga é mg(H - h).
Se, entretanto, antes de colocarmos a manga em cima da pedra, formos até um ria-
cho próximo, tomarmos um banho, voltarmos até a mangueira e só então colocarmos a
manga em cima da pedra, teremos certamente realizado um trabalho maior sobre a man-
ga, mas a variação de energia potencial da manga foi a mesma. A energia potencial é uma
função de estado, porém o trabalho é uma função de processo.
As variações infinitesimais em quantidades que são funções de estado vamos de-
notar como dX, são ditas diferenciais exatas, porque podem ser integradas e a sua inte-
gral não depende da trajetória.
Já as variações infinitesimais em quantidades que não são funções de estado, indica-
mos por X , as quais são chamadas de diferenciais inexatas, pois suas integrais não estão
definidas de forma única, já que o resultado da integração depende de como o sistema é
levado de um ponto a outro no espaço de estados. Essas variáveis são chamadas de proces-
so. Por isso é que a integral que usamos para definir trabalho é uma integral de linha.
Falamos aqui de espaço de estados, isso quer dizer que o espaço gerado pelas va-
riáveis termodinâmicas que definem o sistema. Por exemplo, no gráfico de pressão versus
volume, p x V de um gás ideal, o espaço de estados é bidimensional, pois as variáveis
que definem seu estado termodinâmico são a pressão e o volume, onde a temperatura do
gás fica estabelecida por meio da relação que define o gás ideal, pV = nRT . Poderíamos
também escolher p e T, ou T e V como variáveis independentes, a terceira ficando definida
pela equação dos gases ideais. O número de variáveis independentes necessárias para es-
tabelecer o estado do sistema é chamado de número de graus de liberdade do sistema.
As variáveis termodinâmicas são também classificadas como extensivas e intensi-
vas. As extensivas dependem do tamanho do sistema no qual são medidas, são defini-
das para o sistema como um todo. Por sua vez, as intensivas não dependem do tamanho
do sistema e são definidas localmente.
Para entender a diferença, considere dois sistemas com o mesmo volume, (V), e
mesma pressão, (p). Se os colocarmos juntos, o volume total será V1 = V+V = 2V , mas a
pressão total será p1 = p . As variáveis aditivas, como volume, massa, etc., são extensivas e
são proporcionais ao tamanho ou à extensão do sistema. As que permanecem constantes,
independente do tamanho do sistema, como pressão, temperatura, etc., são intensivas.
Questão para você pensar: como é definida a densidade? Ela é uma variável inten-
siva ou extensiva? Os físicos costumam utilizar letras maiúsculas para indicar variáveis
extensivas e minúsculas para as intensivas, mas fazem exceção para a temperatura.
Observe que tanto trabalho quanto calor são variáveis de processo, por isso a letra
grega delta em vez da letra d é utilizada para indicar uma quantidade infinitesimal, mas
a energia interna é uma variável de estado.
dU = Q + W (Eq. 03)
A convenção utilizada por nós considera o trabalho W como positivo, quando rea-
lizado sobre o sistema, e o calor Q também positivo, quando é cedido ao sistema, porque
nesses casos a energia interna do sistema aumenta. O foco está sobre o sistema.
É comum, entretanto, em textos técnicos, adotar-se a convenção onde o trabalho
que o sistema realiza é considerado positivo, já que a ênfase nesse caso é em máquinas
térmicas. Esta também é a convenção comum em textos mais antigos, pois os pioneiros
dessa ciência eram engenheiros.
É bom notar que a soma do calor e do trabalho transferidos ao sistema entre os esta-
dos de equilíbrio inicial (i) e final (f) é independente do processo como o sistema procede
de i para f, já que essa soma dá a energia interna, sendo esta uma variável de estado.
Nesse caso, a soma de duas variáveis de processo dá uma variável de estado. Essa é a
razão porque é impossível construir um moto (efeito de mover-se) perpétuo de primeira
espécie, isto é, uma máquina que opera em ciclo e produz energia. Ao realizar um ciclo, a
máquina volta ao estado inicial e a variação da energia interna será zero.
Gás ideal é um gás para o qual é válida a equação pV = nRT , onde p é a pressão; V, o
volume; n, o número de moles; R, a constante dos gases ideais; e T , a temperatura.
Muito abstrato, não é? Entretanto, para que essa equação seja válida, é preciso assu-
mir que as moléculas do gás só interagem por meio de colisões instantâneas, que seguem
trajetórias retilíneas entre as colisões e que o volume total das moléculas é desprezível
comparado com o volume que o gás ocupa (quase só tem espaço vazio).
Observe que essa equação permite usar gases como substâncias termométricas.
Manter um gás a volume constante e variar a pressão, altera a temperatura de acordo
com T( p ) = V p , assim, como a relação entre T e p é uma relação linear, podemos usar
nR
a Eq. 03 acima, obtida para a relação entre a temperatura e o comprimento da coluna de
100
mercúrio, que dá: T ( p ) = ( p p ) , com a mesma notação da Eq. 03.
( pv pg ) g
dh
hi
hf
dh = hi - hf
A força que o pistom realiza sobre o gás é igual, em módulo, com sentido contrá-
rio, a que o gás exerce sobre o pistom pois o sistema está em equilibrio mecânico. Como
pressão é força por unidade de área, isto é, p = F , então a força é F = pA. Agora, se o pis-
A
tom é movido por uma pequena distância infinitesimal dh para baixo, obtemos, usando
a definição de trabalho, W = F • dr , que o trabalho infinitesimal realizado sobre o gás
dV
pela força F é dW = F dh = p A dh = p dV = nRT . (Eq. 04)
V
Você segura um copo cheio de água em sua mão, de repente, ele cai no chão, se
quebra e a água se esparrama. O processo contrário, isto é, os cacos de vidro se juntarem,
formarem o copo, a água voltar para dentro e o copo voltar para a sua mão, é impossível
acontecer na natureza. Só num filme passando do fim para o começo. Os processos que só
ocorrem numa direção são chamados irreversíveis.
Já falamos que a lei zero foi formulada depois das outras. A segunda lei foi formu-
lada inicialmente pelo engenheiro francês Sadi Carnot (1796-1832), antes da primeira. Essa
confusão de qual delas deve vir antes das outras, vem da necessidade de se estabelecer uma
lógica interna na teoria. Carnot, na formulação original, não usou a primeira lei, contudo
conhecê-la primeiro torna mais fácil e mais coerente entender a segunda lei . Existe uma
formulação mais rigorosa da segunda lei, feita pelo matemático greco/alemão Constantin
Carathéodory (1873-1950), que ficará para seus estudos mais avançados. Se sua curiosidade
for muito grande, leia o artigo de J. P. Braga na revista Química Nova, volume 21, de 1998.
Apresentamos a seguir as duas formulações
mais conhecidas da segunda lei da Termodinâmica:
1. William Thomson (l824-l907), conhecido
como Barão Kelvin, afirmou que não é possível exis-
tir um processo cujo único resultado seja a transfor-
mação de calor em trabalho. Ou, o que é equivalen-
te, não é possível, num processo cíclico, retirar calor
de um reservatório quente e convertê-lo totalmente
em trabalho, sem, ao mesmo tempo, transferir certa
quantidade de calor de um corpo mais quente para
um corpo mais frio. A expressão ‘único resultado’
equivale dizer que o processo deve ser cíclico, isto é,
voltar ao estado inicial. Uma máquina que só absorve
calor e produz trabalho é aquela que realiza um moto
perpétuo do segundo tipo, porém esse tipo de equi-
pamento não existe.
2. Rudolf Clausius (1822-1888) estabeleceu
William Thomson (1824-1907)
que não é possível existir um processo cujo único
resultado seja a transferência de calor de um corpo
mais frio para um corpo mais quente. Ou, é impos-
sível, num processo cíclico, transferir calor de um
corpo mais frio para um corpo mais quente sem, ao
mesmo tempo, converter uma certa quantidade de
calor em trabalho.
A formulação de Kelvin é que não existe a
máquina perfeita e a de Clausius é que não existe a
geladeira perfeita. Essas duas formulações são equi-
valentes e isso é demonstrado em cursos de Termo-
dinâmica, acoplando as máquinas e mostrando que a
impossibilidade de existir uma implica a impossibi-
lidade de existir a outra. Mas, não vamos fazer essa
demonstração aqui.
Vamos considerar uma máquina térmica ope-
rando em ciclos, isto é, uma máquina que retira uma
Rudolf Clausius (1822-1888) quantidade de calor, Qq , de uma fonte quente, à tem-
peratura Tq , transforma parte desse calor em traba-
lho e retorna parte do calor, Qf , a uma fonte fria, à temperatura Tf. A eficiência dessa
máquina é a razão entre o trabalho produzido, W , e o calor absorvido da fonte quente,
Qq , isto é, a proporção do calor absorvido é transformada em trabalho. Chamemos essa
eficiência de e = W .
Qq
Agora vamos aplicar a primeira lei da Termodinâmica à substância que está operan-
do em ciclos nessa máquina, por exemplo, um gás, que absorve calor da fonte quente, se
expande movendo um pistom e realizando trabalho sobre o exterior, depois perde calor
para a fonte fria, diminui de volume e é novamente colocado em contato com a fonte quen-
te, voltando ao estado inicial. Como o gás voltou ao estado inicial, a variação da energia
interna é zero (lembre-se que energia interna é uma variável de estado) U = 0 = Q - W , que
dá Q = W . Observe que W é negativo, pois o sistema realizou trabalho sobre o exterior. Mas
o calor absorvido pelo gás no ciclo foi Q = Qq - Qf
Então a eficiência é
Q Qf Qf
e= q =1
Qq Qq
O problema de Carnot era construir uma má-
quina que tivesse a maior eficiência possível. Para
isso, é necessário que tenha o mínimo de perda para
o exterior. Então o processo cíclico pelo qual o siste-
ma passa tem de ser reversível mecanicamente, isto
é, não pode haver perdas por atrito, por exemplo, e
também tem de ser reversível termicamente, isto é, só
pode haver troca de calor entre as fontes de calor e o
sistema, não com o ambiente. E em cada momento do
processo, podemos mudar infinitesimalmente as va-
riáveis e fazer o processo andar na direção contrária,
ou seja, promovendo a reversibilidade!
Isso é o chamado ciclo de Carnot e é composto Sadi Carnot (1796 - 1832)
das seguintes etapas, todas reversíveis, acompanhe na figura 3:
1. A B - O sistema (gás) em contato térmico com a fonte quente tem uma expansão
isotérmica à temperatura Tq e absorve calor Qq da fonte quente. Trabalho é realizado pelo
sistema sobre o ambiente exterior. O volume passa de VA para VB
2. B C - Expansão adiabática com a temperatura caindo de Tq a Tf . O sistema rea-
liza trabalho. O volume passa de VB para VC .
3. C D - O sistema, em contato térmico com a fonte fria, contrai isotermicamente a
temperatura Tf . O trabalho é realizado sobre o sistema. O volume passa de VC para VD.
4. D A - O sistema contrai adiabaticamente, voltando à temperatura Tq e ao vo-
lume inicial. O trabalho é realizado sobre o sistema. O volume passa de VD para VA. O
ciclo se completa.
Esse processo, o ciclo de Carnot, é o que dá a maior eficiência possível para uma
máquina térmica. Podemos também mostrar que a relação entre o calor transferido ao
sistema pela fonte quente e o calor transferido pelo sistema à fonte fria é igual à relação
Qq
entre as temperaturas dessas fontes, isto é = Tq . Aliás, é assim que é definida a tem-
Qf Tf
peratura termodinâmica, cuja definição coincide com a temperatura empírica para o gás
ideal, como visto acima.
A escala Kelvin de temperatura é estabelecida assim: atribui-se a temperatura de
273.16K (não se diz grau kelvin, só Kelvin), ao ponto tríplice da água, temperatura na
qual gelo, água líquida e vapor coexistem em equilíbrio.
#M1U9 X. Referências
Nussenzweig, H. M. Curso de Física básica. São Paulo: Edgard Blucher, 1996.
Feynman, R. P.; Leighton, R. B.; Sands, M. L. The Feynman lectures on physics. Mass:
Addison Wesley, 1963.