Вы находитесь на странице: 1из 2

Projeto de Artigo

Disciplina: Seminário em Filosofia Moderna


Título: O governo republicano provisório no Brasil (1889-1891) como ditadura soberana
Doutorando: Vinícius Batelli de Souza Balestra

Com a Proclamação da República no Brasil em 15 de novembro de 1889 e a


subsequente queda do Regime Monárquico, os revolucionários republicanos brasileiros –
amalgamados numa aliança política entre positivistas, liberais oligárquicos e jacobinistas1 –
se viram diante da necessidade de estabelecer um Governo Provisório que, ao mesmo
tempo, conduzisse os assuntos imediatos do governo e, mais importante, erigisse as novas
normas fundamentais de direito público que regeriam a agora República Federativa. Já na
data de 15 de novembro de 1889, o Governo Provisório lança mão do Decreto nº 1, parte
de “um conjunto de atos sucessivos, cuja combinação produzira uma Constituição de
bolso, emergencial, para reger o país, evitar o caos e decretar as bases fundamentais da
organização política imediatamente estabelecida”2. Esse governo ditatorial, conduzido por
Deodoro da Fonseca até a promulgação da Constituição em 24 fevereiro de 1891, também
foi responsável pelas linhas mestras do texto constitucional que viria a ser debatido (e
pouco modificado) pela Assembleia Constituinte. O presente trabalho terá como
pressuposto a diferenciação, em Carl Schmitt, entre ditadura comissária e ditadura
soberana, e procurará explorar os critérios dessa diferença para, ao final, tentar, ainda que
a título provisório, classificar o governo provisório nesses moldes. Por um lado, o Governo
Provisório era chefiado por um gabinete eminente militar, o que poderia colocá-lo,
conceitualmente, na coluna de uma típica ditadura comissária; no entanto, o critério
principal de diferenciação entre a ditadura comissária e a soberana, enunciado por Schmitt
em seu Die Diktatur (1921) é o da conservação ou alteração da ordem. Toda ditadura é,
antes, uma reação a uma situação existente, mais do que uma ação espontânea, e Schmitt
se vale de uma analogia com a legítima defesa para traçar essa explicação. Só é possível
definir juridicamente um ato de legítima defesa na medida em que se conheçam as

1 CARVALHO, José Murilo de. Formação das Almas: o imaginário da república no Brasil. São Paulo:
Companhia das Letras, 2003, p. 9
2 BONAVIDES, Paulo; ANDRADE, Paes de. História Constitucional do Brasil. São Paulo: Paz e

Terra, 1991, p. 210.


circunstâncias em que ela foi exercida, e se os elementos fáticos fizeram dela necessária.
Do mesmo modo é que Schmitt pretende classificar a ditadura, e desse mesmo critério é
que nasce a diferença entre ditadura comissária e ditadura soberana. A ditadura comissária
surge para, suspendendo a constituição, exercer poder para que haja um retorno da situação
fática à normalidade, e a constituição possa voltar a ter eficácia. A ditadura soberana, por
sua vez, não se justifica na conservação de uma constituição já existente, mas na
necessidade do estabelecimento de uma nova ordem jurídica. A ditadura soberana precisa
combater os inimigos de uma nova ordem, par que essa nova ordem consiga se erigir do
ponto de vista jurídico. Essa diferenciação recoloca o debate a respeito do governo
provisório, cujo objetivo era justamente o de fundar juridicamente a nova ordem
republicana, aproximando-o do conceito decisionista de ditadura soberana. No trabalho
que ora propomos, será possível explorar o modo com que o governo provisório operou
na outorga da nova constituição, bem como estudar, a partir do livro de Schmitt, as
características principais de uma ditadura soberana.

Referências:
SCHMITT, Carl. La Dictadura. Madrid: Alianza Editorial, 1985.
CARVALHO, José Murilo de. Formação das Almas: o imaginário da república no
Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
BONAVIDES, Paulo; ANDRADE, Paes de. História Constitucional do Brasil. São
Paulo: Paz e Terra, 1991.
SCHMITT, Carl. Political Theology. Chicago: The University Of Chicago Press, 2005.
SOCÍAS, Jonathan Arriola. Políticas do Extraordinário - exceção, ditadura comissarial e
ditadura soberana: lógicas de transformação em Schmitt e Badiou. Intuitio, Porto Alegre,
v. 7, n. 1, p.79-102, jun. 2014

Вам также может понравиться