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INSTITUTO DE MATEMÁTICA
DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA
Qualquer equação que envolva uma função incógnita y = f (x) e algumas de suas derivadas
é denominada equação diferencial ordinária (EDO). Simbolicamente, uma EDO é qualquer
equação da forma
dy d2 y dn y
F x, y, , 2 , . . . , n = 0.
dx dx dx
Por exemplo,
dy dy d2 y
xy + sen(x) + +1 =0 (1.1)
dx dx dx2
é uma EDO. A ordem de uma EDO é, por definição, a maior ordem de derivada que
aparece na equação. Assim, a EDO do exemplo (1.1) é de segunda ordem, já que aparece
d2 y
dx2 na equação e não aparecem derivadas de ordem maior que dois.
Em muitas aplicações, tais como Fı́sica, Quı́mica, Biologia, Economia, Arqueologia,
Mecânica, Robótica etc, surgem EDOs que descrevem fenômenos importantes e o problema
consiste em resolvê-las, isto é, determinar funções y = f (x) que satisfazem a equação dada
para valores de x em algum intervalo de R.
dy
Observação: Segundo a definição acima, a equação dx = sen(x) é uma EDO (do tipo
mais simples que se possa obter), cujas soluções são as funções da forma y = − cos(x) + C.
dy
Mais geralmente, dx = g(x) é uma EDO, cujas soluções são (via o Teorema Fundamental
do Cálculo) todas as funções do tipo
Z x
y=C+ g(s) ds.
0
Portanto, podemos dizer que o cálculo de integral indefinida é o inı́cio deste tema. Observe-
mos também que sempre surgirão constantes arbitrárias quando se resolve uma EDO e os
particulares valores dessas constantes só podem ser obidos a partir de condições dadas a
priori . Essas constantes aparecem, como veremos, porque a solução de uma EDO sempre
envolve o cálculo de integrais.
O estudo das EDOs é muito amplo e faz parte de uma área importanto da Matemática
denominada Sistemas Dinâmicos. No Cálculo 2 restringiremo-nos a alguns tipos mais
simples de EDOs de primeira e segunda ordem, mas que aparecem numa gama bastante
ampla de aplicações, como veremos no decorrer do curso.
1
1. Equações Diferenciais de Primeira Ordem
Vamos iniciar o estudo com certos tipos especiais de equações de primeira ordem que
podem ser expressas na forma
dy
= G(x, y), (1.2)
dx
onde G é uma função definida numa dada região do plano R2 . O problema que queremos
resolver é o seguinte: determinar funções f : I → R, sendo I um intervalo de R (o domı́nio
de f ), tais que
f ′ (x) = G x, f (x) , ∀x ∈ I.
dy B(x, y)
=−
dx A(x, y)
São as equações do tipo (1.2) onde a função G é da forma G(x, y) = g(x)h(y) a saber,
dy
= g(x)h(y) (1.3).
dx
Para motivar o método de resolução neste caso, imaginemos ter encontrado uma solução
do problema, isto é, uma função f : I → R tal que
f ′ (x) = g(x)h f (x) , ∀x ∈ I.
2
Então, podemos escrever
1
f ′ (x) = g(x), ∀x ∈ I.
h f (x)
dy dy dy
Z Z
= g(x)h(y) ⇒ = g(x) dx ⇒ = g(x) dx + C.
dx h(y) h(y)
(1.5)
dy = xy, dy = y − y 2 ,
(1) dx (2) dx
y(0) = 1 y(0) = 2
dy dy
Z Z
= x dx ⇒ = x dx + c ⇒ ln(|y|) = x2 /2 + c. (1.6)
y y
A última igualdade em (1.6) expressa a solução geral da equação na forma implı́cita. Para
explicitar a solução, aplicamos a exponencial dos dois lados para obter
2 2
|y| = ex /2+c
= ec ex /2
3
Agora podemos determinar qual das constantes deve ser escolhida para que a condição
y(0) = 1 seja satisfeita. Subtituindo diretamente, obtemos C = 1, o que nos dá a solução
2
do problema: y = ex /2 . Observe que nesse caso, o domı́nio da solução é I = R.
(2) No segundo caso, temos
dy dy
Z
= dx ⇒ =x+c
y − y2 y − y2
1 1 1
2
= + , ∀y ∈ R \ {0, 1}.
y−y y 1−y
Logo,
dy dy dy y
Z Z Z
= + = ln(|y|) − ln(|1 − y|) = ln
.
y − y2 y 1−y 1 − y
Portanto,
y
ln = x + c.
1 − y
Aplicando a exponencial, obtemos
y x+c
1 − y = e
= ec ex .
y C ex
= C ex ⇒ (1 + C ex )y = C ex ⇒ y = .
1−y 1 + C ex
Agora podemos determinar qual das constantes deve ser escolhida para que a condição
y(0) = 2 seja satisfeita. Subtituindo diretamente, obtemos
C
= 2 ⇒ C = −2.
1+C
Portanto a solução é
2 ex 2 ex
y=− = , ∀x ∈ R \ {− ln(2)}.
1 − 2 ex 2 ex − 1
4
1.2 Equações lineares de primeira ordem
São as equações do tipo (1.2) onde a função G é da forma G(x, y) = −a(x)y + b(x), onde
a(x) e b(x) são funções dadas. Nesse caso, podemos expressar a EDO na seguinte forma:
dy
+ a(x)y = b(x). (1.7)
dx
A expressão (1.9) nos sugere a ideia de determinar uma função φ(x) tal que φ′ (x) =
a(x)φ(x). De fato, se uma tal φ pode ser determinada, obtemos de (1.8) após multiplicação
por φ,
φ(x)f ′ (x) + a(x)φ(x)f (x) = b(x), ∀x ∈ I, .
ou equivalentemente, ′
φ(x)f (x) = φ(x)b(x). (1.10)
Integrando ambos os lados da equação acima, temos
Z Z Z
′
φ(x)f (x) dx = φ(x)b(x) dx ⇒ φ(x)f (x) = φ(x)b(x) dx + C.
Assim, resolvendo a integral acima e dividindo ambos os lados da equação por φ(x), obte-
mos a solução geral da equação.
Uma função φ(x) satisfazendo a equação φ′ (x) = a(x)φ(x) é denominda Fator de Inte-
gração de a(x).
Não é difı́cil encontrar a forma geral do fator de integração de a(x). De fato, a equação
que o define é separável. Assim,
φ′ (x) φ′ (x)
Z Z
′
φ (x) = a(x)φ(x) ⇒ = a(x) ⇒ dx = − a(x) dx
φ(x) φ(x)
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Resumindo os argumentos acima: para resolver (1.7), multiplicamos ambos os lados da
equação pelo fator de intergração
R
φ(x) = e a(x) dx
R ′ R R Z R
a(x)dx a(x)dx a(x)dx a(x)dx
e y = e b(x) dx ⇒ e y= b(x) e dx + C.
(1.11)
dy = −2y + x, x dy + y = x
(1) dx (2) dx
y(0) = 1 y(1) = 2
′ x2 x C
xy = x ⇒ xy = +C ⇒ y = + .
2 2 x
Impondo a condição inicial y(1) = 2, obtemos 2 = 1 + C ⇐⇒ C = 1. Portanto, a solução
procurada é
1
y =1+ .
x
Neste caso, podemos transformá-la em uma equação separável a partir de uma conveniente
mudança de variáveis.
Definição: Dizemos que uma função G(x, y) é homogênea de grau α se satisfaz a seguinte
propriedade:
G(tx, ty) = tα G(x, y), ∀t ∈ R.
A(x,y)
É evidente que se G(x, y) = B(x,y) com A e B homogênenas de grau α, então G é
homogênea de grau zero. Portanto, equações da forma A(x, y) dy + B(x, y) dx = 0 podem
ser expressas na forma (1.2), com G homogênea de grau zero.
Vejamos então como resolvê-las. Observe que se G é homogênea de grau α, então
tomando t = 1/x obtemos G(x, y) = xα G(1, y/x). Em particular, se α = 0, temos
Então, denotando y = zx, obtemos G(x, y) = G(1, z) e, pela Regra da Derivada do Pro-
duto,
dy dz
=z+x .
dx dx
Substituindo na equação, obtemos
dz dz dx dz
Z
z+x = G(1, z) ⇒ = ⇒ = ln(|x|) + C.
dx G(1, z) − z x G(1, z) − z
(1.12)
7
Uma vez resolvida a integral na variável z e substituindo-se z por y/x obtemos a solução
y definida implicitamente.
Vejamos um exemplo.
Exemplo 3: Calcular a solução de:
dy x+y
= tal que y(1) = 1.
dx x−y
x+y
Como a função G(x, y) = é homogênea de grau zero, temos
x−y
dy 1 + y/x
= .
dx 1 − y/x
dz 1+z 1−z
Z
z+x = ⇒ dz = ln(|x|) + C.
dx 1−z 1 + z2
π √
C= − ln( 2).
4
1.4 Ecercı́cios
dy dy
(1) = (1 + y)(1 + x) (2) (1 + x2 ) = (1 + y 2 )
dx dx
dy dy
(3) = 1 − t + y 2 − ty 2 (4) = e t+y+3
dt dt
dy dy
(5) tan(x) = tan(y) (6) + y cos x = 0
dx dx
dy √ dy 2t 1
(7) + y t sen(t) = 0 (8) + 2
y=
dt dt 1+t +t2
dy dy
(9) + y = t et (10) + x2 y = x2
dt dx
8
2) Para cada um dos problemas abaixo determine a solução que satisfaz a condiação inicial
e determine o intervalo de validade da solução.
dy dy 2t
(1) 2y + t2 (1 + y 2 ) = 0, y(0) = 1 (2) = , y(2) = 3
dt dt y + yt2
p dy dy 3t2 + 4t + 2
(3) 1 + t2 = ty 3 (1 + t2 )−1/2 , y(0) = 1 (4) = , y(0) = −1
dt dt 2(y − 1)
dy dy t
(5) = k(a − y)(b − y), y(0) = 0, a, b > 0 (6) cos(y) =− sen(y), y(1) = π/2
dt dt 1 + t2
dy
(1 + x2 ) + xy = (1 + x2 )5/2 .
dx
dy
+ y = g(t),
dt
onde g é a função g : [0, +∞) → R definida por
2 se 0 ≤ t ≤ 1,
n
g(t) =
0 se t > 1.
dy
+ ay = b e−ct ,
dt
onde a e c são números reais positios e b ∈ R, tende a zero quanto t tende para +∞.
Mais geralmente, considere a equação
dy
+ a(t)y = f (t), (∗)
dt
onde a(t) e f (t) são funções contı́nuas no intervalo [0, +∞), com a(t) ≥ c > 0 para todo
t ≥ 0 e lim f (t) = 0. Mostre que qualquer solução de (∗) tende a zero quando t → +∞.
t→+∞
6) Determine a solução geral da equação
dy y y 2
=2 + .
dx x x
dy p
t = y + t2 + y 2 , y(1) = 0.
dt