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Lei Federal nº 9394, de 20 de dezembro de 1996.
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[...] o projeto político-pedagógico das unidades escolares que ofertam o
Ensino Médio, devem considerar:
[...] XV – valorização e promoção dos direitos humanos mediante a temas
relativos a gênero, identidade de gênero, raça e etnia, religião, orientação
sexual, pessoas com deficiência, entre outros, bem como práticas que
contribuam para a igualdade e para o enfrentamento de todas as formas de
preconceito, discriminação e violência sob todas as formas” (BRASIL, 2012,
p. 7).
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LOURO, G. L. Pensar a sexualidade na contemporaneidade. In. Sexualidade/ Secretaria de Estado da
Educação. Superintendência de Educação. Departamento de Diversidade Sexual. Núcleo de Gênero e
Diversidade Sexual. – Curitiba: SEED – PR., 2009. p. 29 – 35.
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CÉSAR, M. R. A. Lugar de sexo é na escola? Sexo, sexualidade e educação sexual. In. Sexualidade/ Secretaria
de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Departamento de Diversidade Sexual. Núcleo de Gênero
e Diversidade Sexual. – Curitiba: SEED – PR., 2009. p. 49 – 58.
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A autora supracitada traz a reflexão de que será durante a vida escolar que as
crianças e adolescentes vivenciarão situações de conflitos e de relações coletivas,
como a percepção das diferenças sociais, religiosas, raciais e também as de gênero.
Neste sentido, tende a delimitar papéis de acordo com o gênero, levando em
consideração apenas o sexo do indivíduo como identificação do seu gênero como as
cores, símbolos, vestimentas e muitas vezes separando atividades como sendo de
meninos ou de meninas. A reprodução desse modelo heteronormativo reprime a
vivência da sexualidade de crianças e adolescentes que não se encaixam nesse
padrão pré-estabelecido.
No entanto pensa-se que a escola não é somente reprodutora, mas que a
escola é um local de disputas de projetos e que pode além da reprodução, produzir
efeitos sociais para que possa educar as pessoas para uma possível transformação
social.
Como forma de aprofundar neste tem, podemos verificar, segundo Dore (s.p.
2006), com uma análise sobre a educação brasileira na visão gramisciniana, de que
Gramsci analisa duas dimensões de organização da cultura. A primeira é didática,
ou seja, da forma como organizar o pensamento, tendo a escola o seu papel
educativo, no sentido de oferecer aos filhos da classe trabalhadora “as condições
para superar as enormes dificuldades em aprender a pensar”. E a segunda
dimensão é organizativa, que propõe criar um “centro unitário de cultura”, com
objetivo de indicar metodologias para educação das massas populares.
A noção de escola unitária, formulado por Gramsci, ultrapassa a escola como
instituição e faz relação com a luta por igualdade social, de superação as divisões de
classe, expressam a separação entre trabalho industrial e trabalho intelectual. Essa
ideia de escola unitária tem o objetivo de transformar a escola capaz de enfrentar
novos desafios sociais e políticos (DORE, s.p., 2006).
A divulgação das ideias de Gramsci no Brasil, contribuíram para a
recuperação da escola pública, ora desvalorizada por ser considerada “aparelho
ideológico” do Estado.
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Artes e confesso que as vi muito amedrontadas com a responsabilidade de
trabalhar estes conteúdos nas suas aulas de artes .
Debater gênero na escola não deve ser visto pelas gestões como tema
transversal ou de pouca importância, mas sim reconhecer que as temáticas de
gênero, diversidade sexual, raça e etnia são conteúdos que precisam ser abordados
em todas as disciplinas. Meninas e meninos são mortos todos os dias por não ser
aceitos na sua sexualidade diferente da heteronormatividade imposta; meninas são
violentadas e obrigadas a cumprir um papel subalterno na sociedade apenas por ser
do gênero feminino; travestis, mulheres transexuais e homens trans são expulsos
das escolas por não ter sua identidade respeitada. Viver as diferenças dentro da
escola não implica somente respeito, mas valorização e legitimação de pessoas que
não querem mais viver à margem, querem fazer parte das decisões e para isso
precisam ser reconhecidas e acolhidas como cidadãs/ãos.
Com esse entendimento de que a escola pode e tem o dever de trabalhar as
questões de gênero e diversidade sexual na escola, precisamos verificar se as
instituições de ensino superior voltadas à licenciatura estão formando professoras e
professores com conhecimento para trabalhar estas temáticas. O conhecimento de
muitas/os foi a busca externa pelo aprendizado e/ou a militância em movimentos
sociais das mulheres ou LGBTI. Nesse possível entendimento que se sugere a
necessidade de disciplinas que abordem tais conteúdos para formar profissionais
capacitados para o enfrentamento e formação de uma nova cultura, que promova
reflexões para uma possível contribuição com a ruptura do machismo, do racismo e
da LGBTfobia.
Deste modo, entende-se que, antes de mais nada, é necessário que as
nossas universidades garantam a formação inicial em direitos humanos às/aos
nossas/os futuras/os professoras/es, com debates nos temas do combate à
discriminação e a igualdade de gênero. A carência do debate dentro do ambiante
escolar e dentro da universidade, e não apenas no curso de Licenciatura em teatro,
mas em todos os cursos. Temas como gênero e diversidade sexual não deveriam
amedrontar ou causar espanto nas futuras professoras e professores, visto que tem
uma formação para atuar na licenciatura e todas as diversidades existentes nas
escolas. Precisamos de formação continuada para professoras/es, funcionárias/os,
de materiais didáticos que colaborem e auxiliem os profissionais de educação a
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debater esse tema tão importante para garantia de uma escola pública de qualidade
e livre da violência.
Para finalizar, gostaria de propor uma reflexão sobre os ataques
conservadores à arte nos últimos períodos no Brasil. Então, eu me pergunto: Por
que a arte e por que as/os artistas? E como professor de arte, acredito que os
ataques sofridos no campo das artes, cujo tema poético eram as relações entre
corpo e sexualidade, arrisco que essa carga de ódio se deve ao poder que a arte
tem de expandir a consciência e nos deslocar do lugar real. Fazendo isso, amplia a
nossa capacidade de enxergar além do óbvio, além do que nos é imposto a ver. E
isso, em uma cultura patriarcal, racista, LGBTIfóbica, elitista e fascista é
inadmissível, pois tende a mostrar além, e com isso, a manutenção dos privilégios e
do controle de poucos sobre muitos se torna perigoso.
Quando esse momento passar, viveremos em uma sociedade de terra
arrasada, de pais e mães com medo de tocar nas filhas e filhos pelo temor de serem
acusados de pedofilia, uma sociedade em que professoras e professores que
decidirem trabalhar temas ligados a sexualidade terão medo de ser linchados por
pais e mães descontrolados, medo de ser demitidos por gestores fracos. Estas
marcas ficarão por gerações na educação brasileira e cabe a cada um de nós não
permitir que destruam a arte e a educação brasileira.
Considero este trabalho como um exercício de pensar o respeito ao tema, e
que não se acaba neste texto, havendo, ao contrário, muito ainda a se pensar,
problematizar e construir na busca por mudanças na educação.
REFERÊNCIAS