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RIBEIRO, Djamila. O QUE É LUGAR DE FALA.

Belo Horizonte (MG): Editora


Letramento, 2017.

COMO TRABALHAR O LUGAR DE FALA: POR UMA ESCOLA SEM LGBTIFOBIA

Claudemar Pedroso Lopes1

Universidade Estadual do Paraná, Campus de Curitiba II

O presente trabalho resulta do interesse em analisar a obra “O que é lugar de


fala?”por Djamila Ribeiro fazendo relação de discursos excludentes associadas à
construção de gênero e sexualidades. O “lugar de fala” é um termo que aparece com
frequência em conversas, congressos, seminário e cursos entre militantes de
movimentos, LGBTI, negros, periféricos e feministas, O conceito representa a busca
pelo fim do discurso de ódio e da mediação: a pessoa que sofre preconceito fala por
si, como protagonista e ativista da própria luta e movimento. Esta pesquisa busca o
aprofundamento da reflexão sobre as relações de gênero e sexualidade, em
especial no âmbito educacional em que vem sendo trabalhada no artigo
desenvolvido para conclusão do curso de Licenciatura em Teatro.
Neste contexto, as distintas instâncias sociais, entre elas a escola, exercitam
uma pedagogia da sexualidade e do gênero, sobretudo por meio de estratégias com
tendência à reiterar identidades e práticas hegemônicas, enquanto subordinam,
negar ou recusar outras práticas identitárias.
Por outro lado, o sistema de educação é um espaço político, espaço oportuno
para um lugar de fala capaz de manter ou de modificar a apropriação dos discursos,
com os saberes e os poderes que eles trazem consigo. Neste sentido, é de suma
relevância que a Escola se articule com as novas situações e reformule as diretrizes
de seus objetivos, para viabilizar resultados além das competências cognitivas e
intelectuais para atingir também o espaço que permitam o repensar da própria
conduta e do contexto sociocultural no qual estamos inseridos. Para exemplificar,
ainda hoje as formas de representações de mulheres e homens divergentes dos
arranjos sociais estabelecidos no tecido social, permanecem sob o estigma da

1Graduado em Pedagogia pela UNESPAR – Universidade Paranaense e graduando do Curso de


Licenciatura em Teatro da Universidade Estadual do Paraná/UNESPAR, campus de Curitiba II.
e-mail: crauddy_lopes@hotmail.com
1
doença, do anormal, impróprio e nocivo.
A pesquisa de campo ocorreu com estudantes do Ensino Médio inseridos em
duas escolas da rede pública paranaense. No percurso desta investigação foi
possível constatar o desenvolvimento da percepção dos participantes envolvidos no
que tange às configurações de gênero e o leque de multiplicidades e de
enfrentamentos que envolvem esta temática.

Palavras-chave: Escola; Ensino médio; Pedagogia do teatro; LGBTIfobia.

Dá para falar de gênero e diversidade sexual na escola , qual é o meu lugar de


fala?

As questões ligadas ao ensino da sexualidade e gênero são propostas e


discutidas dentro de várias culturas e acima de tudo são questões centrais para as
diversas disciplinas e áreas do conhecimento nas sociedades ocidentais
contemporâneas. Dessa forma, trazemos aqui os conteúdos legais a partir da
década de 1990 sobre o tema Educação em gênero e diversidade sexual.
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente,2 no seu art.53, que reitera o
já previsto da Constituição Federal de 1998, “A criança e o adolescente têm direito à
educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o
exercício da sua cidadania e qualificação para o trabalho”. Ressalta-se que a
referida lei define como criança conforme art.2 “[...] a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade”.
Segundo o Art. 54 é dever do Estado proporcionar a educação formal desde a
pré-escola até o Ensino Médio3. Portanto, cabe também à escola parte fundamental
na educação dos indivíduos, juntamente com a família e a sociedade a discussão de
temas como gênero e diversidade sexual.
A Constituição Federal de 1988 institui um Estado Democrático com objetivo
de assegurar os direitos civis e individuais de toda brasileira, brasileiro, estrangeira
ou estrangeiro residente no Brasil. E define, entre os objetivos fundamentais da
República Federativa do Brasil, a promoção “do bem de todos, sem preconceito de

2Lei Federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990.


3A Emenda Constitucional nº 59 de 2009 altera dentre os incisos o I do art, 208 da Constituição
Federal ampliando a obrigatoriedade do ensino para 4 a 17 anos, mas somente com a Lei nº 12.796
de 2013 altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394 de 1996.
2
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (BRASIL,
1988).
No seu Art. 5º define que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residente no país a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade”. A carta
Magna ainda reforça, em seu Art. 205 que, “A educação, direito de todos e dever do
Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho” e que o ensino será ministrado com
base nos princípios da igualdade de condições para o acesso e permanência na
escola, da liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte
e o saber respeitando o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB4 reforça o
entendimento que o Estado tem sobre a educação desde a sua Constituição Federal
e inclui, em seu Art. 3º, os princípios que devem basear o ensino, que são o respeito
à liberdade e apreço à tolerância, à gestão democrática e à vinculação entre a
educação escolar e as práticas sociais.
Originadas através da LDB, temos as Diretrizes Curriculares Nacionais –
DCNs, que em cada etapa e modalidade da educação (Educação Infantil, Ensino
Fundamental e mais recentemente Ensino Médio) apresentam diretrizes próprias.
São normas obrigatórias para a Educação Básica que orientam o planejamento
curricular das escolas e dos sistemas de ensino.
As DCNs têm como objetivo a garantia da autonomia da escola e das
propostas pedagógicas, com incentivo na elaboração de currículos dentro das áreas
de conhecimento, levando em conta as especificidades de cada região e de cada
escola.
O Art. 16 das DCNs para o Ensino Fundamental de nove anos afirma que “os
componentes curriculares e as áreas de conhecimento devem articular em seus
conteúdos [...] a abordagem de temas abrangentes e contemporâneos” – e lista
sexualidade e gênero (BRASIL, 2010, p. 5).
As DCNs para o Ensino Médio, no seu Art. 16 reconhece que:

4
Lei Federal nº 9394, de 20 de dezembro de 1996.
3
[...] o projeto político-pedagógico das unidades escolares que ofertam o
Ensino Médio, devem considerar:
[...] XV – valorização e promoção dos direitos humanos mediante a temas
relativos a gênero, identidade de gênero, raça e etnia, religião, orientação
sexual, pessoas com deficiência, entre outros, bem como práticas que
contribuam para a igualdade e para o enfrentamento de todas as formas de
preconceito, discriminação e violência sob todas as formas” (BRASIL, 2012,
p. 7).

Em 2012, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação em Direitos


Humanos, que se aplicam a todos os sistemas e instituições de ensino, definem
como seus fundamentos, entre outros, a dignidade humana; a igualdade de direitos;
o reconhecimento e valorização das diferenças e das diversidades; a laicidade do
Estado e a democracia na educação, além das diversas referências à orientação
sexual e gênero e da possibilidade das pessoas de usufruir de uma educação não
discriminatória e democrática, independentemente do seu sexo, orientação sexual,
identidade de gênero entre outras características (BRASIL, 2012, p.2).
No estado do Paraná, foram elaboradas as Diretrizes Curriculares Estaduais
(DCEs) com objetivo de “recuperar a função da escola pública paranaense que é
ensinar, dar acesso ao conhecimento, para que todos [...] possam ter um projeto de
futuro que vislumbre trabalho, cidadania e uma vida digna” (PARANÁ, 2008, p. 7).
Diferente das DCNs, as DCEs foram elaboradas por disciplinas e modalidades
de ensino, como Educação do Campo, Educação Profissional, Educação Especial e
Educação de Jovens e Adultos (EJA). Utilizarei o documento voltado para o ensino
da Arte como referência para esta pesquisa.
O ensino de Arte deve basear-se num processo de reflexão sobre a
finalidade da Educação, os objetivos específicos dessa disciplina e a
coerência entre tais objetivos, os conteúdos programados (os aspectos
teóricos) e a metodologia proposta. Pretende-se que os alunos adquiram
conhecimentos sobre a diversidade de pensamento e de criação artística
para expandir sua capacidade de criação e desenvolver o pensamento
crítico (PARANÁ, 2008, p. 52).

Este documento busca fazer um resgate histórico do ensino da Arte no Brasil


e no mundo e rege a formação dos estudantes para o pensamento crítico e voltado
também para exercício da cidadania.
Um dos documentos que ficou apenas em versão preliminar foram as
Diretrizes Curriculares Estaduais de Gênero e Diversidade Sexual, que traz artigos e
conceitos escritos por grandes pesquisadoras e pesquisadores de gênero e
diversidade sexual do estado e do país, mas como dito, ficou apenas em uma
versão inicial e que, com a mudança de governo em 2010, o atual governo do
4
estado promoveu um desmonte no Departamento da Diversidade (DEDI) dentro da
Secretaria de Estado da Educação (SEED), principalmente no Núcleo de Gênero e
Diversidade Sexual (NGDS), paralisando os trabalhos feitos pelos profissionais
dentro deste núcleo, incluindo a Diretriz Curricular de Gênero e Diversidade Sexual
da Secretaria de Estado da Educação do Paraná.
O Estado Democrático de Direito é uma conquista recente na história do país,
e a educação brasileira ainda apresenta sequelas do processo histórico da ditadura
civil- militar, como mostra Silva (2013), quando relata que a maioria das escolas
brasileiras ainda manifesta um sistema de ensino unilateral, em que apenas um
pensamento e/ou julgamento é levado em consideração e que sua principal função
está ligada à transmissão de conhecimentos, sem ligação do conteúdo com a
realidade vigente.
Referente ao debate educacional às questões ligadas à sexualidade e gênero
no Brasil, podemos destacar os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, de 1997,
que trazem como um dos Temas Transversais a Orientação Sexual, que para Louro5
apud Souza, Cardoso e Souza (2017), a sexualidade passou a ser “assunto de
Estado”, ou seja, o que durante a ditadura militar foi tido como algo da esfera
privada, familiar, doméstica; passa a ser visto como “tema” da educação formal,
portanto, da esfera pública.
Para César6 (apud PARANÁ, 2009, p.53):
O fascículo sobre o tema transversal Orientação Sexual, publicado em
1997, consolidou definitivamente a escolarização de educação do sexo. A
partir de então os debates se dividiram entre aquelas/es que defendiam
orientação/educação sexual como uma disciplina, como garantia de
abordagens dentro das iniciativas curriculares e aquelas/es que a
defendiam como tema transversal, pois assim poderia habitar as múltiplas
abordagens disciplinares. (grifo da autora)

Com essa nova concepção do papel da escola nos debates referentes à


sexualidade, esperou-se que professoras/es e equipes pedagógicas revisassem a
proposta escolar de ensino, como uma iniciativa individual, considerando as
mudanças econômicas e sociais e criando alternativas para a construção do
conhecimento científico relativos à gênero e sexualidade (SILVA, 2013).

5
LOURO, G. L. Pensar a sexualidade na contemporaneidade. In. Sexualidade/ Secretaria de Estado da
Educação. Superintendência de Educação. Departamento de Diversidade Sexual. Núcleo de Gênero e
Diversidade Sexual. – Curitiba: SEED – PR., 2009. p. 29 – 35.
6
CÉSAR, M. R. A. Lugar de sexo é na escola? Sexo, sexualidade e educação sexual. In. Sexualidade/ Secretaria
de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Departamento de Diversidade Sexual. Núcleo de Gênero
e Diversidade Sexual. – Curitiba: SEED – PR., 2009. p. 49 – 58.
5
A autora supracitada traz a reflexão de que será durante a vida escolar que as
crianças e adolescentes vivenciarão situações de conflitos e de relações coletivas,
como a percepção das diferenças sociais, religiosas, raciais e também as de gênero.
Neste sentido, tende a delimitar papéis de acordo com o gênero, levando em
consideração apenas o sexo do indivíduo como identificação do seu gênero como as
cores, símbolos, vestimentas e muitas vezes separando atividades como sendo de
meninos ou de meninas. A reprodução desse modelo heteronormativo reprime a
vivência da sexualidade de crianças e adolescentes que não se encaixam nesse
padrão pré-estabelecido.
No entanto pensa-se que a escola não é somente reprodutora, mas que a
escola é um local de disputas de projetos e que pode além da reprodução, produzir
efeitos sociais para que possa educar as pessoas para uma possível transformação
social.
Como forma de aprofundar neste tem, podemos verificar, segundo Dore (s.p.
2006), com uma análise sobre a educação brasileira na visão gramisciniana, de que
Gramsci analisa duas dimensões de organização da cultura. A primeira é didática,
ou seja, da forma como organizar o pensamento, tendo a escola o seu papel
educativo, no sentido de oferecer aos filhos da classe trabalhadora “as condições
para superar as enormes dificuldades em aprender a pensar”. E a segunda
dimensão é organizativa, que propõe criar um “centro unitário de cultura”, com
objetivo de indicar metodologias para educação das massas populares.
A noção de escola unitária, formulado por Gramsci, ultrapassa a escola como
instituição e faz relação com a luta por igualdade social, de superação as divisões de
classe, expressam a separação entre trabalho industrial e trabalho intelectual. Essa
ideia de escola unitária tem o objetivo de transformar a escola capaz de enfrentar
novos desafios sociais e políticos (DORE, s.p., 2006).
A divulgação das ideias de Gramsci no Brasil, contribuíram para a
recuperação da escola pública, ora desvalorizada por ser considerada “aparelho
ideológico” do Estado.

O tema deste trabalho contribui para analisar e problematizar as inquietações


relacionadas à diversidade sexual e gênero que muitas vezes são omitidas dos
processos educacionais, permitindo abertura para uma compreensão de como o
ensino das Artes podem contribuir para momentos de reflexão, discussão e
6
formação de opinião sobre os temas presentes na vida das pessoas, mas que
muitas vezes é silenciado por discursos morais, éticos e sociais relacionados ao
tema da sexualidade.
Inicialmente retomo algumas questões que orientaram este trabalho: 1) Dá
para falar de gênero e Diversidade sexual na escola? 2) Como o ensino do teatro
pode contribuir para o discurso de autonomia e do respeito às diversidades? 3) O
curso de Licenciatura em teatro está preparando docentes capacitados para o
debate de gênero e diversidade sexual nas escolas?.
Os conceitos de gênero e diversidade sexual através dos estudos realizados
por pesquisadoras e pesquisadores no campo sociológico destas temáticas. Os
estudos de gênero são muito recentes no Brasil, e com isso, as descobertas de
novos conceitos e características sociais de gênero mudam com muita rapidez.
Podemos utilizar como exemplo a terminologia LGBTI, que busca atender os
debates em torno da comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, mulheres
transexuais, homens trans e intersexo mas que isso somente já não é suficiente
para representar toda uma população com identidades, expressões, sexos e
sexualidades distintas, como a não menção às pessoas intersexuais, assexuais, não
binárias e tantas outras concepções dos estudos de gênero que se ampliam na
teoria Queer. Ressalto aqui que a discussão sobre o respeito a toda a população
LGBTI se inclui os outros indivíduos ao qual mencionei, mas que elas e eles não
aparecem na nomenclatura LGBTI.
A reflexão proposta sobre as possibilidades de abordagem dos temas na
escola com o levantamento dos marcos legais que tratam sobre o ensino de gênero,
sexualidade, orientação sexual e tantos outros tópicos fundamentais para a
expansão das reflexões e percepções no que diz respeito aos direitos e deveres de
cada estudante. A mudança de escola para um ambiente que busque a
emancipação das/dos indivíduos requer alterações estruturais nos processos
didáticos, no qual a participação de estudantes, trabalhadoras e trabalhadores em
educação e toda a comunidade escolar participe e compreendam a importância e a
valorização das/os estudantes como sujeitos com individualidades e busquem juntos
a construção de um espaço coletivo que respeite a diversidade.
Como campo de pesquisa pude verificar como as/os estudantes trabalharam
os conteúdos de gênero e diversidade sexual a partir dos conteúdos da disciplina de

7
Artes e confesso que as vi muito amedrontadas com a responsabilidade de
trabalhar estes conteúdos nas suas aulas de artes .
Debater gênero na escola não deve ser visto pelas gestões como tema
transversal ou de pouca importância, mas sim reconhecer que as temáticas de
gênero, diversidade sexual, raça e etnia são conteúdos que precisam ser abordados
em todas as disciplinas. Meninas e meninos são mortos todos os dias por não ser
aceitos na sua sexualidade diferente da heteronormatividade imposta; meninas são
violentadas e obrigadas a cumprir um papel subalterno na sociedade apenas por ser
do gênero feminino; travestis, mulheres transexuais e homens trans são expulsos
das escolas por não ter sua identidade respeitada. Viver as diferenças dentro da
escola não implica somente respeito, mas valorização e legitimação de pessoas que
não querem mais viver à margem, querem fazer parte das decisões e para isso
precisam ser reconhecidas e acolhidas como cidadãs/ãos.
Com esse entendimento de que a escola pode e tem o dever de trabalhar as
questões de gênero e diversidade sexual na escola, precisamos verificar se as
instituições de ensino superior voltadas à licenciatura estão formando professoras e
professores com conhecimento para trabalhar estas temáticas. O conhecimento de
muitas/os foi a busca externa pelo aprendizado e/ou a militância em movimentos
sociais das mulheres ou LGBTI. Nesse possível entendimento que se sugere a
necessidade de disciplinas que abordem tais conteúdos para formar profissionais
capacitados para o enfrentamento e formação de uma nova cultura, que promova
reflexões para uma possível contribuição com a ruptura do machismo, do racismo e
da LGBTfobia.
Deste modo, entende-se que, antes de mais nada, é necessário que as
nossas universidades garantam a formação inicial em direitos humanos às/aos
nossas/os futuras/os professoras/es, com debates nos temas do combate à
discriminação e a igualdade de gênero. A carência do debate dentro do ambiante
escolar e dentro da universidade, e não apenas no curso de Licenciatura em teatro,
mas em todos os cursos. Temas como gênero e diversidade sexual não deveriam
amedrontar ou causar espanto nas futuras professoras e professores, visto que tem
uma formação para atuar na licenciatura e todas as diversidades existentes nas
escolas. Precisamos de formação continuada para professoras/es, funcionárias/os,
de materiais didáticos que colaborem e auxiliem os profissionais de educação a

8
debater esse tema tão importante para garantia de uma escola pública de qualidade
e livre da violência.
Para finalizar, gostaria de propor uma reflexão sobre os ataques
conservadores à arte nos últimos períodos no Brasil. Então, eu me pergunto: Por
que a arte e por que as/os artistas? E como professor de arte, acredito que os
ataques sofridos no campo das artes, cujo tema poético eram as relações entre
corpo e sexualidade, arrisco que essa carga de ódio se deve ao poder que a arte
tem de expandir a consciência e nos deslocar do lugar real. Fazendo isso, amplia a
nossa capacidade de enxergar além do óbvio, além do que nos é imposto a ver. E
isso, em uma cultura patriarcal, racista, LGBTIfóbica, elitista e fascista é
inadmissível, pois tende a mostrar além, e com isso, a manutenção dos privilégios e
do controle de poucos sobre muitos se torna perigoso.
Quando esse momento passar, viveremos em uma sociedade de terra
arrasada, de pais e mães com medo de tocar nas filhas e filhos pelo temor de serem
acusados de pedofilia, uma sociedade em que professoras e professores que
decidirem trabalhar temas ligados a sexualidade terão medo de ser linchados por
pais e mães descontrolados, medo de ser demitidos por gestores fracos. Estas
marcas ficarão por gerações na educação brasileira e cabe a cada um de nós não
permitir que destruam a arte e a educação brasileira.
Considero este trabalho como um exercício de pensar o respeito ao tema, e
que não se acaba neste texto, havendo, ao contrário, muito ainda a se pensar,
problematizar e construir na busca por mudanças na educação.

REFERÊNCIAS

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