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TEMAS DE
DIREITOS HUMANOS
9i edição
revista, ampliada e atualizada
Editora
FLÁVIA PIOVESAN
TEMAS DE
DIREITOS HUMANOS
f
f
na University of Oxford em 2005. Foi visrting fetmv do Xlax-Planck-lnUrtute for Compa/M w
Public Law mxI International Luv, em Heidelberg, em 2007 2008 e 2015, e I tumboldt foun-
,
dation Georg fonie' Research fellow no Max-Planck-lnstitute for Comparative Pubik Luv
and International Law de 200,) a 2014.
É Procuradora do Estado de Sào Paulo desde 1991, tendo sido a primeira colocada no
concurso de ingresso. Foi coordenadora do Grupo de Trabalho de Direitos Humanos da
Procuradoria-Geral do Estado de 19% a 2001.
Membro do Comité Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher
(CLADEM), do Conselho de Defesa dos Direitos da Ressoa Humana (CDDPH), da Comissão
lustiça e Pa/, da Associação dos Constitucionalistas Democráticos, da SUR - Human Rights
University Network; e do gowming board da International Association oí law Schools HALS).
Foi membro da UN High level Task Force on the Implementation oí the Righi lo Development
TEMAS DE
e é membro do OAS Working Group para o monitora mento do Protocolo de San Salvador
em materia de direitos económicos, sociais e culturais. DIREITOS HUMANOS
Foi observadora das Nações Unidas na 42" sessão da Comissão do Status da Mulher.
Recebeu menção honrosa do Prèmio Franz de Castro I lolzwarth, conferido pela Comissão
de Direitos Humanos da OAB/SP em 1997. Ë assessora científica da FAPESP (Fundação de
Amparo à IVsquisa do Estado de São Paulo) e consultora ad hoc do CNPq. Tem prestado
consultoria em direitos humanos para a Fundação Ford. Fundação Heinrich Boll. European
Human Rights Foundation, United Naiions High Commissioner ror Human Rights e Comissão
Interamericana de Direitos Humanos.
É autora dos livros Direitos humanos e o direito constitucional internacional (16. ed.); Prefácio de Fábio Kondor Comparalo
Temas de duetto* humanos (9. ed.« e Proteção judicial contra omissões legislativas: açâo
direta de inconstitucionalidade por omissão e mandado de injunção (2. ed). Coautora do
livro A ñgura/peryonagem mulher em processos de familia. Coorganizadora dos livros: Di-
reito. cidadania e justiça; O sistema interamericano de proteção dos direitos humanos: di-
reito brasileiro; Nos limites da vida; Ordem jurídica e igualdade itnico-racial, Direito Iiu-
9Û edição
revista ampliada e alualizada
mano à alimentação adequada; Direitos humanos: fundamento, proteção e implementação; ,
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S»
U *#tQt Clavar IH. Im~i (Na - Swhifc - Now à 8« edição . 25
«rwiîw
nu II!3*133000 IWuu. IU.m Nota à 7* edição.. 27
WS« III WS T«au> 4> Amêe hn» / » Um. r»iu> - «
«I r». . .».pi « jfual - Sto fi-lo V...»*, »16 Notó à 6* edição . 31
hPaf.á*130nifJ9
Nota à 5* edição .,... 35
12 IV
Pl4.ll I Kunuii« (IXmtn I.UlliMUMial) 1 Nlta*4**fc* . 39
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lé* d Pacbmtmm Now à 3Ì edição . 41
C*MmûUrtf ¡knói(cmy>to*yx\ COU-M7 I3I.I Ml "2
Now à 2* edição . 45
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Êtmtm*
Data de fechamento dn cdiçio: 17-12-2015
timo de piora »'.ita* fitam * Ito-OTffo A *eb
píWím otvf«&wd>Sfa Oúvid«* Capitulo 1
f
Ou*m*kUilO.Sam tüuw Ni i«ln nk>l> 4 D« c*jtoi««to M I Tratados internacionais de proteção dos direitos humanos gé-
\
ÌÌTSTl»* c r-«. ru «t«. im *.<>**. nese e principiologia. 57
2 O Estado brasileiro em face do sistema internacional de prote-
h&mgntico Ato»**»
ção dos direitos humanos.. 66
Iiiqvíuõo {MMhttUfaMi
3 A incorporação dos tratados internacionais de proteção de direi-
»liolomenio («w AiAivno rfa Itfc .
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Capitulo 2
0 DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS E A
REDEFINIÇÃO DA CIDADANIA NO BRASIL
5
2 O Direito Internacional dos Direitos Humanos e o seu impacto no 4 Diálogo entre jurisdições e controle de convencionalidade
direito brasileiro. 93 desafios para o ¡us commune latino-americano em matéria de
98 direitos humanos. 154
3 A redefinição da cidadania no Brasil . ..
Capitulo 3 Parte II
BRASIL E 0 SISTEMA INTERAMERICANO A PROTEÇÃO INTERNACIONAL
DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS DOS DIREITOS HUMANOS
I .
Introdução . ,QQ
2 Sistema interamericano de proteção dos direitos humanos, ori- Capitulo 6
.
gem. perfil e objetivos. '00 0 VALOR JURÍDICO DOS TRATADOS E SEU IMPACTO
3 . Impacto do sistema interamericano de proteção dos direitos hu- NA ORDEM INTERNACIONAL
manos na experiência latino-americana . 104
2 1 O conceito de tratados .
. . 163
Capitulo 4
22
. .
O processo de formação dos tratados . 165
23
. . Os tratados internacionais na Constituição brasileira de
SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS:
1988: o processo de formação dos tratados a sistemática de
IMPACTO TRANSFORMADOR. DIÁLOGOS JURISDICIONAIS ,
I .
Introdução. '29
2 . Impacto transformador do sistema interamericano no contexto Capitulo 7
latino-americano. '30 PROTEÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS: DESAFIOS DOS
3 O empoderamento do sistema interamericano mediante a SISTEMAS GLOBAL REGIONAL E SUL-AMERICAN0
,
.
A afirmação histórica dos direitos humanos e os direitos sociais 177
pavimentação de um ins commune latino-americano em direitos
,
3
humanos". .40
.
A proteção dos direitos sociais no sistema global .
181
4 A proteção dos direitos sociais no sistema regional interamericano 193
5 .
A proteção dos direitos sociais no âmbito sul-americano: desafios
Capitulo 5 do ius commune . |99
DIREITOS HUMANOS E DIÁLOGO JURISDICIONAL NO
CONTEXTO LATINO-AMERICANO
Capítulo 8
DIREITO AO DESENVOLVIMENTO:
I Introdução.
. ,45
DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS
2 Emergência de um novo paradigma jurídico: da hermética
pirâmide centrada no Sfate approach à permeabilidade do 1 .
Introdução
,46 211
trapézio centrado no Human R( ç?fifs approach.
"
2'<
priedade intelectual.....-.
4 Direitos humanos e propriedade intelectual desafios e perspec- Parte III
tivas . 2*>
DIREITOS HUMANOS E IGUALDADE
Capitulo 10
Capitulo 12
0 DIREITO DE ASILO E A PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS IGUALDADE . PROIBIÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO E AÇÕES AFIRMATIVAS
1 Introdução . 2,3 I , Introdução. 319
2 O art 14 da Declaração Universal de 1948: o direito de asilo ...
.
254 2 . Igualdade, proibição da discriminação e ações afirmativas no
3 O direito de asilo e a Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados 255 Direito Internacional dos Direitos Humanos .
319
.
4 A Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados e a concepção con- 3 Ações afirmativas: desafios contemporâneos .. 328
8 Direitos humanos dos refugiados desafios e perspectivas con- 2 Direito à igualdade e direito à diferença sistema especial de pro-
teção dos direitos humanos 334
temporâneas ......-... 27* .
Capitulo 11
Capitulo 14
0 TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL E 0 DIREITO BRASILEIRO DIVERSIDADE ÉTNIC0-RACIAL CONSTITUCIONALISMO TRANSFORMADOR
.
E
Flávia Plovcsan e Daniela Ribeiro Ikawa IMPACTO DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS
1 Introdução
1 Introdução...-. 2f® 34«
.
. 349
3 .
Estrutura e jurisdição do Tribunal Penal Internacional . 286
8 #
3 Direitos humanos, diversidade étnico-racial e impado do sistema 2 2 O periti conservador dos agentes jurídicos e a urgência de
mudanças no ensino lurídko 409
interamericano ......-- . 355 _.
__
3 .
I .
416
3 A Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discri-
.
f
CONTRA A MULHER E A LEI MARIA DA PENHA*
"
2 Delineamentos conceituais dos direitos reprodutivos e sua prote-
ção na ordem internacional . ... 417
3 Os direitos reprodutivos e o direito brasileiro 425
I .
Introdução. . 384 .
. 434
3
das mulheres e reinvenção do marco normativo no pós-1988 389 .
lho
.
6 Conclusão.......... 401 4
. 441
.
Conclusões _
_______ 445
Capitulo 17
Capitulo 19
INTEGRANDO A PERSPECTIVA DE GÉNERO NA DOUTRINA
JURÍDICA BRASILEIRA DESAFIOS E PERSPECTIVAS PROIBIÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO POR ORIENTAÇÃO SEXUAL
NOS SISTEMAS REGIONAIS EUROPEU E INTERAMERICANO DE
I Introdução. 406 PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
2 .
Integrando a perspectiva de género na doutrina jurídica brasileir.i I -
Introdução
407 448
obstáculos e desafios . . .. .
3 I Os principais direitos humanos garantidos às crianças e aos 3 Proteção internacional dos direitos humanos das pessoas idosas
adolescentes pela legislação brasileira . no sistema OEA a Convenção Interamericana sobre a proteção
3 1 1
. .
Dos direitos à vida e à saúde. . dos direitos humanos das pessoas idosas . 520
.
...
* * * ** .
A PROTEÇÃO DOS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL 2 Delineando o perfil constitucional do Estado brasileiro - 527
Flávia Piovesan. Beatriz Pereira da Silva e 3 Desvendando os contornos jurídicos da cidadania - -
534
3 A proteção internacional dos direitos das pessoas com deficiên- 5 A política nacional de proteção dos direitos humanos . 542
Ó- Conclusões 545
cia ...-..... .
. -
.-.. -
12 13
Capitulo 24 Capitulo 27
LEIS DE AN 1ST IA DIREITO A VERDADE E À JUSTIÇA:
A FORÇA NORMATIVA OOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ,
2 O panorama at uai do Direito Constitucional brasileiro 3 Proteção dos direitos à lustiça e à verdade no marco da lustiça de
3 . Os princípios e sua relação com o Direito . 552 transição no contexto sul-amerlcano . ... 632
555
4 A evolução da tratativa dot princípios jurídicos . ... il. Argentina.-.. 633
5 A atual hermenéutica constitucional a concretização *63 3 2 Brasil _._634
6 Os princípios, os valores e as regras.... . *68 4 Desafios e perspectivas da justiça de transição no contexto sul-
7 . O princípio constitucional fundamental da dignidade da pessoa -
americano 640
humana... 573 R4MM*... ...i „h. ÿiini<iü*HgM É6.
8 Conclusões.... *76
.
__
Capitulo 25
PODER JUDICIÁRIO E DIREITOS HUMANOS
I .
Introdução . 581
2 O direito à proteção judicial no marco dos direitos humanos *81
3 Desafios e perspectivas para o fortalecimento do Poder ludiciárlo
*84
na proteção dos direitos humanos .
Capitulo 26
A LITIGÂNCIA DE DIREITOS HUMANOS NO BRASIL:
DESAFIOS E PERSPECTIVAS NO USO DOS SISTEMAS
NACIONAL E INTERNACIONAL DE PROTEÇÃO
*97
1 . Introdução-------
2 .
A crescente incorporação da gramática dos direitos humanos no
*98
contexto da democratização brasileira..-.-
3 .
A litigância de interesse público na defesa dos direitos humanos
604
perante as Cortes Nacionais.
4 .
A litigância de interesse público na defesa dos direitos humanos
617
perante as instâncias internacionais.
621
5 Conclusões .....-...-.
14 15
A descoberta do mundo dos valores, a partir dos trabalhos seminais de
Lotze e Brentano no século passado, transformou inteiramente o quadro da
reflexão filosófica contemporânea e. por via de consequência, todo o labor
cultural em matéria de ciências humanas Até então, o saber científico de-
senvolvia-se. ou peto menos pretendia desenvolver-se. no plano puramente
racional, mantendo-se o sujeito cognoscente, por assim dizer, alheio ou indi-
ferente ao objeto conhecido. O ideal proclamado e sempre louvado do cien-
tista era o de desempenhar a sua tarefa de modo impassível, sine ira ae studio.
A revelação do universo valorativo tornou caduca essa falsa concepção
da objetividade do saber, notadamente no vasto campo das ciências do ho-
mem Tivemos que nos render è evidência de que a maior parte de nossa vida
Adesenvolve-se não no campo Intelectual, mas sim no plano afetivo. senti-
mental. emotivo: e que o ser humano, antes de ser um animal racional, é um
ente sensível à beleza, ã lustiça. à generosidade e aos seus correspondentes
contravalores.
vismo puro e duro. que vigeu hegemonicamente durante a maior parte deste
século .
°
s fundamentos do dever-ser não são ideias nem fatos mas valores, é preci-
,
,'
®j1° à'inal
j '"
. em sua essência , como elegantemente afirmou Celso, nada
I 3"S è d°
que ars boni t a«u¡ (D. I. I )
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''
Oa os valores não se apreendem por via de puras operações intelectu- 1789 consiste em proteger a pessoa humana contra o arbitrio, o desprezo e
ais. mas graças a uma especial sensibilidade, que ultrapassa os limites da a violência dos poderosos Por isso mesmo proclamou o art 16 da Declara-
,
Pois bem fo< somente com o advento da teoria axiológica que se pôde
compreender o lugar especial que ocupam os direitos humanos no sistema É a grande verdade que ainda não logrou contudo penetrar na cons-
lurídKo São eles que formam a base ética da vida social, e é pelo grau de orneia perra de nossos governantes nestes tempos de neoegofsmo capita-
,
sua vigência na consciência coletiva que se pode aferir o caráter de uma ci- lista e privat izador
vilização
São Paulo, fevereiro de 199«
Tudo isso explica a singular importância da contribuição feminina ao
trabalho de edificação dos direitos humanos. A sensibilidade específica da Fábio Konder Comparato
mulher para as questões éticas, num mundo até há pouco avassalado pela Professor Titular da Faculdade de Direito
onipresença masculina, enriquece e revigora o labor jurídico, permitindo do- da Universidade de São Paulo
ravante a apreciação das instituições e condutas humanas sob um Angulo Doutor em Direito pela Universidade de Paris
inteiramente novo
18
Nota à 9? Edição
O ritual de rever, revisar e atualizar esta obra para a sua 9¿ edição impul-
siona um mergulho analítico retrospectivo e prospectivo na arena de prote-
ção dos direitos humanos, ao identificar seus avanços, suas maiores inquie-
tudes. suas tensões e seus dilemas na ordem contemporânea Trata-se de
um meticuloso e cuidadoso exercício de ourives das palavras, no desafio de
"
"
ÿse
que a Organização Internacional sobre Migrações (OlMi estima que .
até
Cembro de 2015 ao menos 473 887 homens, mulheres e crianças fizeram a
.
travessia do mar Mediterrâneo com destino à Europa, das quais 2 812 pes-
amiga de alma 1 Henry limenez Holger Hestermeyer
'
.
soas perderam a vida nessa travessia A maior parte dos refugiados procede
.
Matthias Hartwig e
.
da Síria - o conflito que gerou mais refugiados nas últimas duas décadas
Christina Binder recebam o meu maior carinho por nossa preciosa amizade .
Neste alarmante contexto, fundamental é enfrentar a problemática dos refu- pela cumplicidade de tanto» belos proietos e por tanto compartilhar Ao pro-
fessor e amigo Friednch Muller sou grata pelo encantamento de nosso diá-
giados sob o human nçhts approach Isto porque cada refugiado é reflexo de um
grave padrão de violação a direitos humanos. Atualmente. os países em de-
logo e pelas inesquecíveis conversas com a tradição do kalk * und *u<W« na
Inspiradora Heidelberg
senvolvimento acolhem 86% dos refugiados, enquanto que os países desen-
volvidos acolhem apenas 14%. o que aponta ao desafio de avançar na coope- Por im. deixo o saber tradicional de povos originários marcado pelo
f
ração internacional visando à proteção dos direitos dos refugiados, por meio diálogo entre p«il e filho, que Indaga Em meu (ora(do lutam dou loíw Um deles é
da articulação, coordenação e harmonização de políticas estatais, a compor nolente e pengow O outro estd iheio de «mito e íompaixio Qual deifí tnuiifardT Res-
"
ponde o pai A*nele nue alimente' Daí o convite para a luta emancipatórta por
um quadro de responsabilidades compartilhadas
direitos e por justiça, na expressèo da solidariedade auténtica pelo sofrimen-
Na Parte III. concernente aos direitos humanos e igualdade, foi Inserido
to alheio, a alimentar uma das dimensões mais belas do ser humano
um novo capítulo dedicado è proteção internacional dos direitos humanos
das pessoas idosas O envelhecimento da população constitui uma das mais
significativas mudanças demográficas no século XXI Pela primeira vez na Heidelberg julho de 2015
,
história haverá menos crianças do que pessoas idosas no mundo Há cerca A Autora
de 700 milhões de pessoas no mundo com mais de 60 anos (o que correspon-
de a aproximadamente 10% da população mundial | - até o final da década
esse número atingirá I bilhão Estima se que. em 2050. o percentual global
chegará a 20% de pessoas Idosas no mundo. ou. aproximadamente. 2 bilhões
de pessoas É neste contexto que. em 15 de ¡unho de 2015. a OEA adotou o
primeiro tratado internacional protetivo das pessoas idosas, com o objetivo
de enfocar o envelhecimento sob a perspectiva dos direitos humanos, com
realce à Incorporação da perspectiva de género em todas as políticas e pro-
gramas destinados a efetivar os direitos das pessoas idosas, bem como à
problemática da discriminação múltipla A Convenção consagra importantes
deveres aos Estados e um amplo universo de direitos às pessoas idosas as-
segurando-lhes dignidade. Independência, protagonismo, autonomia e in-
clusão plena
Uma vez mais e sempre, os meus mais sinceros e profundos agradeci-
mentos ao Max-Planck-Institute for Comparative Public Law and Internatio-
nal Law I Heidelberg I. pela tào especial acolhida académica, pelo vigor inte-
lectual dos Instigantes e qualificados debates e pelo intenso estímulo de um
diálogo jurídico transnacional Ao professor Armin von Bogdandy, receba a
minha maior gratidão, pelo inestimável apoio, por seu pensamento vibrante.
pela abertura a fascinantes ideias e pelos tantos proietos compartilhados A
professora Anne Peters, expresso a minha especial gratidão pelo t.lo estimu -
22
Nota à 82 Edição
Uma vez mais. o exercício de atualizar. revisar e ampliar esta obra - ago-
ra para a sua 8* edição - Inaugura um momento privilegiado de reflexão crí-
tica a respeito dos direitos humanos, seus avanços, dilemas, tensões, desa-
ios e perspectivas no século XXI
f
No sistema global de proteção, dois avanços notáveis merecem ser ce-
lebrados: a entrada em vigor do Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional
dos Direitos Económicos. Sociais e Culturais, em 5 de maio de 201 ì. e a en-
trada em vigor do Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da
Criança concernente ao procedimento das comunicações, em 14 de abril de
2014. Com eles há o fortaleci men lo dos mecanismos de monitoramento dos
tratados de direitos humanos e o empoderamento do indivíduo como sujeito
de direito internacional.
No sistema regional Interamericano, comemora-se a adoção da Con-
venção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Todas as
Formas de Intolerância em 5 de )unho de 2013 Esse instrumento inova ao
,
25
Além da inclusão dos dois capítulos, houve a cuidadosa e detida revi-
são e atualização dos demais capítulos, com realce aos avanços normativos
e jurisprudenciais no campo dos direitos humanos
Renovo os meus mais sinceros e profundos agradecimentos ao Max*
Nota à 7? Edição
-
Planck-Institute for Comparative Public Law and International Law (Heidel-
berg». pela tão especial acolhida académica, pelo vigor intelectual dos insti-
gantes e qualificados debates e pelo intenso estímulo de um diálogo jurídico Proteger a dignidade e prevenir o sofrimento humano a fim de que ,
transnacional Ao professor Armin von Bogdandy, receba a minha maior gra- toda e qualquer pessoa seja tratada com igual consideração e profundo res-
tidão. pelo inestimável apoio, por seu pensamento vibrante, pela abertura a peito. traduza essência da luta por direitos humanos. Para Luigi Ferrajoli,, os
fascinantes ideias e pelos tantos projetos compartilhados A professora Anne direitos humanos simbolizam a lei do mais fraco contra a lei do mais forte,
Peters, expresso a minha especial gratidão pelo tão estimulante diálogo aca- na expressão de um contrapoder em face dos absolutismos, advenham do
démico e pelo intercâmbio de ideias especialmente sobre um global (onstitu- Estado, do setor privado ou mesmo da esfera doméstica O "victim ctntrk
tionalism Aos tão queridos amigos Mariela Morales (minha amiga de alma
"
)
"
Henry limenez. Holger Hestermeyer. Matthias Hartwig e Christina Binder, re- tos humanos - toda ela destinada a conferir a melhor e mais eficaz proteção
cebam o meu maior carinho por nossa preciosa amizade, pela cumplicidade às vítimas reais e potenciais de violação de direitos
de tantos belos projetos e por tanto compartilhar Ao professor e amigo Frie- É esta a perspectiva que ilumina o desafio de tecer o mergulho reflexivo
drich Muller, sou grata pelo encantamento de nosso diálogo e pelas inesque- e analítico na 7' edição desta obra. agora revista, ampliada e atualizada A
cíveis conversas com a tradição do kaffte und kucken na bela Heidelberg travessia pelos tantos temas reunidos - sob o mesmo vértice da defesa obs-
Expresso, ainda, a minha maior gratidão à Humboldt Foundation, pela tinada pela dignidade humana - revela a dinámica da luta por direitos e por
renovação da Georg Forster Research Fellowship, que viabilizou o desenvol- justiça, nas mais diversas frentes, a partir de uma agenda revitalizada pela
vimento de pesquisas e estudos a contribuir extraordinariamente à cuidado- pluralidade de atores pela diversidade de bandeiras e pela força transforma-
sa atualização desta obra para a sua 8* edição. dora do diálogo .
Por fim. deixo o horizonte visionário do poeta Manoel de Barros, para Nesta 7i edição dois novos capítulos são adicionados: os Capítulos 4 e
quem a expressão reta não sonha. Não use o traço acostumado O olho vê. 13. No Capítulo 4 o foco é o sistema interamericano de direitos humanos
"
.
"
luta por direitos e por justiça nos inspire à entrega desmedida e apaixonada ao seu crescente empoderamento na região, fruto da efetividade do diálogo
de transver o mundo, com o potencial criativo, inventivo e transformador das jurisdicional em um sistema multinível É sob este prisma que emergem qua-
ações humanas tro vertentes do diálogo jurisdicional, a compreender a) o diálogo com o sis-
Heidelberg, julho de 2014 tema global (mediante a incorporação de parâmetros protetivos de direitos
A Autora
humanos); b) o diálogo com os sistemas regionais (a envolver a Vunyróoflo"
sistema interamericano e a inleramericaniza(ão~ do sistema europeu I; c) o
~
LU,K, Û"""
' " Û'" <fAn(Ù a cura dl Ermanno Vitale Roma Bari,
>
.
26 27
agenda de reformas visando «k> fortalecimento do sistema e à pavimentação lítica de cotas raciais nas Universidades públicas Para o Supremo não basta ,
de um tus commune latinoamericano em matéria de direitos humanos apenas proibir a discriminação Essenciais most ra m-se as ações afirmativas.
como medidas especiais e temporárias voltadas a concretizar a igualdade e a
lá o Capítulo 13 tem por objetivo densificar o debate acerca das açôes
afirmativas - sua natureza e finalidade - è luz do princípio da igualdade e da
neutralizar os efeitos perversos da discriminação racial Reconheceu que a
justiça social - mais que simplesmente demandar a distribuição de riquezas
proibição da discriminação pautado em uma interpretação dinàmica e evolu- -
requer o reconhecimento e a incorporação de valores, com destaque à di-
tiva dos tratados internacionais de proteção dos direitos humanos Defende
versidade étnko-racial Em outro julgado emblemático, em 9 de fevereiro de
que as .içócs afirmativas conslituem um legítimo e necessário instrumento 2012. ao enfrentar o debate sobre a (in>constltucionalidade da Lei "Maria da
para a realização dos direitos à igualdade e à diferença, sob a perspectiva Penha
*
desequilíbrio até então existente entre a proteção conferida aos direitos civis igualdade com respeito às diversidades Na ótica emancipatória dos direitos .
e políticos e aos direitos económicos, sociais e culturais na esfera internacio- a diferença passa a ser captada não mais para eliminar direitos , mas para
nal. endossando a visão integral dos direitos humanos No sistema regional promovê-los
interamericano, outro importante avanço normativo foi a adoção da Conven- Uma vez mais .
expresso os meus mais sinceros agradecimentos ao
ção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e todas as for- Planck-Institute for Comparative Public Law and International Law (Hei-
mas de Intolerância, em 5 de junho de 2013 Este instrumento inova ao con- delberg! pela tão especial acolhida académica, pelo vigor intelectual dos
.
sagrar o direito à discriminação positiva, bem como o dever dos Estados de qualificados debates e pelo intenso estímulo de um diálogo jurídico transna-
adotar medidas ou políticas públicas de ação afirmativa e de estimular a sua cional Ao professor Armin von Bogdandy, receba a minha maior gratidão.
adoção no âmbito privado pelo inestimável apoio por seu pensamento vibrante, pela abertura a fasci-
,
Também mereceram destaque os avanços jurisprudenciais da Corti' In- nantes ideias e pelos tantos projetos compartilhados Ao professor Rüdiger
Wolfrum expresso a minha profunda gratidão
teramericana de Direitos Humanos, envolvendo novos direitos da agenda .
por sua generosidade, por sua
,
contemporânea sobretudo no campo dos direitos reprodutivos Neste senti- extraordinária qualidade humana e grandeza intelectual Aos tâo queridos
do. destaca se a sentença proferida pela Corte Interamericana, em 28 de no- amigos Marida Morales. Holger Hestermeyer Matthias Hartwig e Christina
.
cumplicidad
temática da "fertilização in vitro sob a ótica dos direitos humanos Também e de tantos projetos Ao professor e amigo Friedrich Müller sou
no campo dos direitos reprodutivos, em 29 de maio de 2013 .
ineditamente, a «rata pelo encantamento de nosso diálogo em nosso nt uai dos inesquecíveis
<2lés na bela Heidelberg
Corte concedeu medidas provisórias em face de El Salvador em caso relativo
à interrupção de gravidez em virtude de anencefalia fetal Expresso ainda, a minha maior gratidão à Humboldt Foundation
jr!renovação d ,
pela ,
Destaque ainda foi conferido à relevante jurisprudência do Supremo a Georg Forster Research Fellowship que viabilizou o desenvolvimen-
,
osa atua-
.oaçâo desta obra para a sua 7" edi
ção
por unanimidade, o Supremo considerou constitucional a instituição de po- .
-
>o
29
Por fim. deixo a voz de Habermas, para quem lhe onci in oí human ights has
"
r
"
'
always been resistance to despotism. oppression and humiliation (. l .
Norberto Bobbio .
Adiciona Habermas The appeal to human rights feeds oil the outrage of the humiliated at the marcada pela crise do paradigma tradicional e pela emergência de um novo
violation ol their human dignity (HABERMAS, lurgen Tfrf cristi of lhe European a respond.
'
31
30
ordem constitucional e a ordem internacional na convergência da proteção novembro de 2011 da Lei n 12 528 que institui a Comissão Nacional da
.
aos direitos humanos Fundamental é avançar na interação entre as esleras Verdade com a finalidade de examinar e esclarecer as graves violações de
global, regional e local, potencializando o impacto entre elas. mediante o direitos humanos praticadas durante o regime militar ,
a fim de efetlvar o
fortalecimento do controle da convencionalldade e do diálogo entre jurisdi- -
é a proibição da discriminação por orientação sexual considerando os siste- exceção. Direito à verdade e direito à informação simbolizam um avanço ex-
traordinário ao fortalecimento do Estado de Direito da democracia e dos
mas regionais europeu e interamericano Nele há especial destaque ao í«u- ,
dinf Atala Riffo y niñas contra o Chile, decidido pela Corte Interamerica- direitos humanos no Brasil Esses avanços da justiça de transição são relle-
na. em 24 de fevereiro de 2012 Trata-se do primeiro caso julgado pela Corte xos da força catalisadora da jurisprudência da Corte Interamericana na expe-
concernente à violação aos direitos da diversidade sexual Ineditamente fol riência brasileira - em particular da sentença relativa ao caso Comes Lund e
outros ivrsus o Brasil, proferida pela Corte Interamericana em 24 de novem-
analisada a responsabilidade internacional daquele Estado em face do trata- ,
bro de 2010
mento discriminatório e da interferência indevida na vida privada e familiar
da vítima Karen Atala devido à sua orientação sexual Os meus mais sinceros agradecimentos ao Max-Planck-Institute for
Além da Incorporação de 2 (dois! capítulos, houve a cuidadosa e detida Comparative Public Law and International Law (Heidelbergi pela tão espe- .
revisão e atualizaçáo dos demais, com realce aos avanços normativos e juris-
cial acolhida académica, pelo vigor intelectual dos qualificados debates e
prudenciais no campo dos direitos humanos pelo intenso estímulo de um diálogo jurídico transnacional Ao professor
Armin von Bogdandy - receba .i minha maior gratidão - pelo inestimável
No sistema global, comemora-se a adoçâo do Protocolo Facultativo à apoio,
por seu pensamento vibrante, pela abertura a fascinantes ideias e pe-
Convenção sobre os Direitos da Criança relativo ao procedimento de comu -
ciar comunicações interestatais. e a realizar investigações w /«o. nas hipóte- logo e pelas inesquecíveis conversas no Frisch Café na bela He
idelberg
ses de graves ou sistemáticas violações aos direitos humanos das crianças Expresso ainda a minha maior gratidão à Humboldt Foundation pela
,
renova
ção da Georg Forster Reuvrch Fdbwship que viabilizou o desenvolvimen-
ção no Tribunal Penal Internacional, com especial destaque à sua primeira
.
in-
Também mereceu destaque o impacto da jurisprudência do sistema _
A Autori»
teramericano na experiência brasileira, com menção à aprovação, em 18 de
32 33
ota à 5! Edição
f
ção de um ius commun? em direitos sociais na região sul-americana Fortalecer
a proieçào e a incorporação de parámetros protetivos globais e regionais no
âmbito sul-americano. intensificando o diálogo vertical e horizontal de |uris-
dições é a temática central que inspira esse capítulo - tema debatido em
fascinante simpósio realizado no Max-Planck-Institute em Heidelberg, em
.
25 de novembro de 2010
" feitos humanos devem ser interpretados sob a perspectiva de sua inte-
E oade e Interdependência , ao coniugar direitos civis e políticos e direitos
35
económicos, sociais e culturais inexistindo hierarquia entre eles. enfati-
zando ser a aplicação progressiva dos direitos sociais suscetível de contro-
r violência contra a mulher perpetua a impunidade, simbolizando uma grave
violência institucional que se soma ao padrão de violência sofrido por mulhe-
le e fiscalização pelas instancias competentes e destacando ainda o dever res. em total desprezo à ordem internacional e constitucional Sustenta-se
iais, e cl) ao
dos I st ados de nào regressividade em matéria de direitos soc "
que. perante a comunidade Internacional, o Estado brasileiro assumiu o dever
caso Conzález e outras iytíuí México (2009 - caso "Campo Algodonero
! em
,
Também os casos submetidos ao Tribunal Penal Internacional (oram no caso Gomes Lund e outros ivrsus Brasil Este caso foi submetido à Corte
devidamente atualizados. de forma a incluir o recente caso da Líbia, remeti- pela Comissão Interamericana, por reconhecer que "representava uma opor-
do ao Tribunal Penal Internacional, pela Resolução n I 970/2011. do Conse- tunidade importante para consolidar a jurisprudência interamericana sobre
lho de Segurança, adotada por unanimidade cm 26 de fevereiro de 2011 leis de anistia em relação aos desaparecimentos forçados e às execuções
extrajudiciais, com a consequente obrigação dos Estados de assegurar o co-
No campo doutrinário, ressalte-se que tanto o Capítulo 5 lacerca dos nhecimento da verdade bem como de investigar processar e punir graves
direitos sociais) como o Capítulo 6 (acerca do direito ao desenvolvimento) ,
,
"
'
concluindo prudência produzida por órgãos das Nações Unidas e do sistema
de mot nitri rights are amona the constituent components of development ,
interamericano citando também decisões judiciais emblemáticas invalidan
fidi ever taken place in
,
-
que the protetto power of political liberty remb that no lamine do leis de anistia na Argentina, no Chile, no Peru. no Uruguai e na Colômbia
'
the history of the world in a funi ¡tonina democracy Daí a relação indissociável entre
" '
Ao enfrentar a decisão do Supremo Tribunal l ederai na ADPF n 153 (29 de
o exercício dos direitos civis e políticos e o exercício dos direitos sociais. abril de 20101 entende a Corte que "afeta o dever internacional do Estado de
.
económicos e culturais Investigar e punir graves violações a direitos humanos" afrontando, ainda o ,
No que se refere ao Capítulo 13. a respeito da violência contra a mulher dever de harmonizar a ordem interna à luz dos parâmetros da Con
,
venção
e a Lei Maria da Penha
"
"
,
aprofunda-se a visão de que a tolerância estatal à Americana Conclui que "não foi exercido o c
ontrole de convencional idade
Pelas autoridades jurisdicionais do Estado brasileiro"
tendo em vista que o ,
ibility
lo enrich reasoned engagement through enhancing inlormalional availability and the feas
k*ma!¡>
oI interactive discusv¡ons Democracy has to be lodged not lust by the institutions that duali
exist but by the enent to which dif! .tent voices c>rm dner-e sections oí the peoples can - '
f
37
A tarefa cie revisar este livro permite testemunhar a dinámica do proces-
so de afirmação de direitos humanos com a fixação de parâmetros protêtivos
internacionais e o* desafios lançados no diálogo global regional e local -
com desejáveis aberturas e. por veies, refratários recuos e retrocessos
Nota à 4? Edição
Reitera-se que os direitos humanos simbolizam a lei do mais fraco con-
tra a lei do mais forte na expressão de um contrapoder em face dos absolu-
tismos advenham do Estado, do setor privado ou mesmo da esfera domés- O exercício de revisão e atuallzaçâo desta obra, agora para a su« 4« edi-
tica. como leclona Luigi Ferraioli
*
ção. simboliza um cs|>eclal convite de reflexão a respeito da dinâmica vivaz e
O mantra maior da causa dos direitos humanos é a luta pela proteção á complexa do processo de afirmação dos direitos humanos na ordem contem-
dignidade e pela prevenção ao sofrimento, inspirada na ética emancipatóha porânea Trata-se de momento privilegiado para realizar um detido balanço
que. em sua radicalidade, defende o direito de todas e todos ao exercício acerca dos desafios, das inquietudes das perspectivas e da emergência de
pleno de suas potencialidades humanas, de forma livre, autónoma e plena A novos atores, anseios e reivindicações morais, no acúmulo de lutas emanci-
ética de ver no outro um ser merecedor de igual consideração e profundo patórias por direitos e por justiça
respeito é belamente cultuada por Gabriel Garcia Márquez quando observa Nesse mapeamento a traduzir o "estado da arte dos direitos humanos" .
"
aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para novos temas foram adicionados a esta 4« edição "Direito ao desenvolvimen-
"
baixo para a|ud.ir a levantá-lo to perspectivas contemporáneas" é o foco do Capítulo 6 que ambiciona .
Por fim uma vez mais. a revisão desta obra para a sua V edição contou analisar o desenvolvimento a partir do 'human ryhli bastd approdiliidentifi-
com o inestimável apoio do Max-Planck-Institute for Comparative Public Law cando os principais desafios para a sua implementação Nesse artigo com-
and International Law (Heidelberg), que tem sido uma consunte fonte de partilho experiências obtidas na qualidade de membro do UN High Level
inspiração e vigor Intelectual Ao professor Wolfrum e ao professor von Bog- Täsk Force on the Implementation of the Right to Development lá o Capítulo
dandy expresso «j minha profunda admiração, estima e respeito, como tam- 21 enfrenta o instigante tema das "Leis de Anistla Direito à Verdade e à lus-
bém a minha mais sincera gratidão pela especial acolhida académica Exter-
,
liç-i Impacto do Sistema Interamericano e Perspectivas da lustiça de Transi-
no também minha maior gratidão à Humboldt Foundation, pela concessão
ção no Contexto Sul-americano" objetivando contribuir para uma discussão
da Gtorg Fonur R/w«re* FriarsAy que viabilizou o desenvolvimento de pes- .
quisas e estudos, os quais contribuíram extraordinariamente k detida atuali- to do Estado de Diretto da democracia e dos direitos humanos
zaçáo desta obra
,
Heidelberg abril de 2011 Além da inserção de novos capítulos , a tarefa de revisão demandou a
atenta releitura e a atuallzaçâo de cada um dos capítulos que integravam a 3'
A Aulon cdiç.io do livro Foram assim ,
incorporadas mudanças e transformações no
campo dos direitos humanos ocorridas nos últimos an
os. compreendendo a
nova tendência jurisprudencial do Su
premo Tribunal Federal em matéria de
"
iiudos de direitos humanos: a expansão da jurisprudência da Corte Intera-
merican
a; os avanços no campo da ratificação de tratados pelo Estado Brasi-
t
r°,i°mQ à Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados e o Protocolo
Itativo ao Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos
ambos rati- -
os em 2009) .
adoçâo do Protocolo Facultativo ao Pacto dos Direitos
nômicos Sociais e Culturais em dezembro de 2008
.
os novos casos sub-
. FERRAJOLI Luigi Dwm k*¡*mtnub - Um dibattilo icdrtn. « cura dl Emanno Vitate Rom«.
,
.
«
nid. cm 20091. e novos marcos jurídicos protetivos de direitos humanos
(como o Programa Nacional de Direitos Humanos III. adotado em dezembro
de 20091.
dos quinze capítulos que integravam a 2* edição da obra Foram, assim iden-
dos direitos humanos tificadas. avaliadas e incorporadas as transformações no campo dos direitos
Uma vez mais. a revisão desta obra para a sua 4* edição contou com o humanos ocorridas nos últimos cinco anos Tais transformações envolveram
inestimável apoio do Max-Planck-Institute for Comparative Public Law and desde o impacto da Emenda Constitucional n 45, de 2004 - no que se refere
Inlernational Law |Heidelberg), que tem sido uma constante fonte de inspi- à hierarquia e à incorporação dos tratados de direitos humanos (art 5f, $ 3«),
ração e vigor intelectual Ao Professor Wolfrum e ao Professor Von Bogdandy h federalização das violações de direitos humanos (art 109, § 5Û| e ao reco-
expresso a minha profunda admiração, estima e respeito, como também a nhecimento da jurisdição do Tribunal Penal Internacional lart 5f. $ 4«| -, os
minha mais sincera gratidão pela especial acolhida académica Externo tam- primeiros casos submetidos à jurisdição desta Corte Penal Internacional, até
bém minha maior gratidão à Humboldt Foundation, pela concessão da Georg as inovações decorrentes da adoção de novos tratados de direitos humanos .
Forster Research Fellowship, que viabilizou o desenvolvimento de pesquisas e como a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e o Proto-
estudos a contribuir extraordinariamente à cuidadosa atualização desta edi- colo Facultativo à Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Dis-
ção criminação contra a Mulher
Por fim. como adverte Hannah Arendt, se ,all human must die; each is lá a segunda tarefa compreendeu a inclusão de quatro novos capítulos .
born to begin". Inspirada pelo potencial transformador das ações humanas e que enriquecem a obra com instigantes discussões de temas da agenda con-
abraçando o ser humano, ao mesmo tempo, como um infdo e um iniciador. temporânea dos direitos humanos
a causa dos direitos humanos invoca uma trajetória aberta, fascinante e in- Nesse sentido ,
destaca se a inserção do Capítulo 3 a respeito do impac-
conclusa. em que pontos de chegada convertem-se sempre em pontos de to do sistema interamericano na experiência brasileira, com a análise do
partida de lutas renovadas na defesa da dignidade humana Afinal, como di -
modo pelo qual a litigância perante este sistema regional tem permitido
zia Barbara Wootton.
"
6 dos campeões do impossível e não dos escravos do avanços internos no campo dos direitos humanos seja no âmbito legislati-
,
A Autora
, irf ° aÇàP,1Ü,°
ÿEÿlkfcade rela
6 ß°' ®Ûf V®¿' e"'°C3 1emà df acentuada relevância e atua-
*
.s .
económicos e culturais .
40 41
faculdades da paixão e do agir É o que nos tem ensinado o movimento dos
,
lá o Capítulo 10 traia da controvertida temática das açòes afirmativas no
caso brasileiro Ao tecer um balanço da experiência brasileira investiga em ,
direitos humanos, nos planos local, regional e global
que medida a Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discrimi- A revisão desta obra para a sua 3' edição contou com o inestimável
nação Racial e a Conferência de Durban fomentaram a adoção de açòes afirma- apoio do Max-Planck - Institute for Comparative Public Law and Internatio-
tivas. Busca ainda responder aos principais dilemas e tensões por elas introdu- nal Law (Heidelbergl. que tem sido uma fonte de inspiração e vigor intelec-
zidos. no processo de construção da igualdade étnico-racial tual Ao Professor Wolfrum expresso a minha admiração pela sua extraordi-
Uma vez mais. a interface local-global traz a marca do Capítulo 12 que .
nária qualidade humana e intelectual, como também a minha profunda
examina a litigância internacional e avanços locais tematizando a violência
,
gratidão pela especial acolhida académica.
contra a mulher e a adoção da Lei "Maria da Penha" A partir da análise do Ao querido Marcos Fuchs, uma vez mais e sempre, por tanta cumplici-
caso Maria da Penha - caso emblemático de violência contra a mulher - é dade de vida e pelo sentimento amoroso que tudo redimensiona e revitaliza.
avaliado o impacto da litigância e do ativismo internacional como estratégia À pequena Sophia, por todo encantamento, por tanto iluminar e por ser a
para obter transformações internas voltadas à promoção dos direitos huma- expressão maior do amor eterno e incondicional.
nos das mulheres na experiência brasileira .
Por fim. ao concluir esta nota à 3- edição, deixo a magia literária de
Guimarães Rosa\ em tudo aplicável aos direitos humanos, quando observa
Ainda que o objetivo desta obra seja contribuir para o debate de temas
que o mais importante e omite) do mundo é isto. que as pessoas não estão sempre iguais.
"
f
,
ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando alertando que o
" "
dade temática traduzida na voz dos dezenove capítulos que a compõem não
,
,
,
correr da vida embrulha tudo. a vida é assim esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sosse-
afasta a unidade e a convergência de sentido que permeia todas e cada qual '
A Autora
humano um ser merecedor de consideração e profundo respeito ,
dotado do
direito de desenvolver as potencialidades humanas de forma livre, autóno- ,
ma e plena.
Como esta obra é capaz de refletir os direitos humanos não traduzem
.
uma história linear, não compõem uma marcha triunfal nem tampouco uma ,
1 LOCHAK Daniele Les droitsde t homme. nouv. edit.. Paris La Découverte 2005. p 116. Apud LAFER.
.
.
Celso Prefácio ao livro Direilos humanos t ¡ustifa internacional -J ed Flávia Piovesan Sào Paulo:
RENDT Hannah Tlif/iunfii»jc.)»idilíO»i Chicago
ÿ
.
a n»esma autora
'
FLORES, loaqufn Herrera Direitos humanos uitrríií/luraluííicíi* e racionalidade de resistência mimeo.
.
Mrti in dur* lfm«. New York: Harcourt Brace & Company .
1995
,
"MARÄES ROSA loào. G rande senão, veredas
P 7. .
43
42
Nota à 2-* Edição
de operar dentro dos Estados mas contra os Estados e em defesa dos cida-
,
dãosi " Com efeito o grande desafio do Direito Internacional sempre foi o de
,
que o Estado cm questão nào cumpriu as recomendações do informe aprovado nos termos do
i anigo
-
soas ou
organização não governamental podem encaminhar denúncias de violação de direitos
¡/manos dlretamente à Corte Europeia de Direitos Humanos .
°
N°'fÇrr° Ai,Ûÿ,,rr'" T,â,, Car1osNe1sonCoutinho Riode laneiro Campus. 1992.
'
¿ 25-47
<15
adquirir garras e dentes ou seja. poder e capacidade sancionatórias A res- Sob esta perspectiva e atendo-se às tantas transformações que impacta-
"
A
peito. destacam-se as reiteradas lições de lhering. para quem a espada sem ram os direitos humanos, no breve período de 1998 a 2002 é que se procedeu
"
a balança é a força bruta; a balança sem a espada é a impotência do direito à atenta e à cuidadosa revisto de cada um dos dez capítulos originais Tam-
Uma não pode avançar sem a outra, nem haverá ordem jurídica perfeita sem bém. sob esta perspectiva, foram acrescidos novos capítulos à obra
que a energia com que a justiça aplica a espada seja igual à habilidade com O Capítulo 6 traz como tema o Tribunal Penal Internacional e o Direito
que maneja a balança brasileiro Objetiva desenvolver as seguintes questões Oual é a importância
"
Neste cenário de justicialização do Direito Internacional dos Direitos do Tribunal Penal Internacional? Oual é a sua competência? De que forma se
Humanos, as Cortes assumem especial legitimidade e constituem um dos relaciona com os Tribunais locais? Como interage com o Direito brasileiro?
instrumentos mais poderosos no sentido de persuadir os Estados a cumprir
Pe que modo poderá contribuir para a proteção dos direitos humanos e para
o combate à impunidade dos mais graves crimes internacionais? Oual é seu
obrigações concernentes aos direitos humanos. Associa-se a ideia de Estado
especial significado no contexto pós-11 de setembro?
de Direito com a existência de Cortes independentes, capazes de proferir
|á a inserção dos Capítulos II e 12. concernentes, respectivamente, è
decisões obrigatórias e vinculantes*
proteção dos direitos das crianças e dos adolescentes nos planos internacio-
Se no ámbito internacional, o foco se concentra no binómio direito da nal e interno e à proteção dos direitos das pessoas portadoras de deficiência.
força wrsus força do direito, o processo de justicialização do Direito Interna- tem como maior finalidade dar visibilidade à tutela destes grupos social-
cional. em especial dos direitos humanos, é capaz de celebrar, nesta ótica, a mente vulneráveis, com ênfase nas inovações jurídicas pós-1988 bem como
passagem do direito da força" para a "força do direito", Este processo ad- nos obstáculos para a efetiva implementação de seus direitos humanos.
"
quire uma relevância extraordinária particularmente no contexto pós-l I de enunciados tanto no âmbito interno como no internacional.
setembro, em virtude do desafio em prosseguir na construção de um
"
Estado Por sua vez. no Capítulo 14 o foco se concentra no estudo da força nor-
.
de Direito Internacional", como reação à imediata busca do "Estado Polícia mativa dos princípios constitucionais fundamentais, com destaque ao prin-
no campo internacional, fundamentalmente guiado pelo lema da força e se- cípio da dignidade humana. É justamente sob o prisma da reconstrução dos
gurança internacional' direitos humanos que é possível compreender no pós-Guerra. de um lado, d
,
tos Humanos Há a Corte Internacional de lust.ça (principal órgáo jurisdicional da ONU. cuja do a proteger direitos fundamentais e limitar o poder do Estado (mediante
lunsdiçào só pode ser actonada poi Est ados i. os Tribunais ai er para a Bósnia e Ruanda a criação de um sistema internacional de proteção de direitos), no âmbito
t
i
"
Wj a luta contra o terror comprometa o aparato civilizatório de direitos liberdades e garantias.
,
O maior desafio contemporâneo, comoallrma Paulo Sérgio Pinheiro 6 evitar a Neo-Guerra Fila ÿCOtw I ti,,"®am®",0, rC Ûm "Estado de Direito" no plano internacional
-
Multar La
A respeito do tema
w and the war on terrorism Harvard lonmat of L*». and PuMU Palky - 25th «MitYnary. v
tendente a condum ao perigoso .retorno às polaridades, definidas pelas noções de terrorismo
° °?
e pelos métodos para combatê-lo
"
46 47
força normativa dos princípios constitucionais, particularmente da digni- sentido ético, inovador e emancipatório a maior ambição do movimento
.
dade humana.
internacional dos direitos humanos tem sido. sobretudo , esla: assegurar a
O livro se encerra com o Capítulo 15 que desenvolve análise sobre a felicidade da humanidade como um todo.
litigância dos direitos humanos no Brasil, enfocando os desafios e as pers-
pectivas no uso dos sistemas nacional e internacional de proteção. O objeti- Cambridge julho de 2002,
,
vo central deste capítulo é avaliar o modo pelo qual o Direito tem sido utili-
A Autoru
zado cm prol de avanços sociais no Brasil, em particular mediante o exercício
da litigância para a defesa do interesse público, sob a perspectiva dos direi-
tos humanos, considerados em sua universalidade e indivisibilidade
outros, foram lumens e mulheres cujos desejos eram mais impessoais e de maior ambilo que
os íionwits e mulheres comuns A maioria dos homens e mulheres deseja sua própria felici-
dade: considerável percentagem deseja a felicidade de seus filhos, poucos desejam a lelicidade
da nação e apenas alguns desejam a felicidade de loda a humanidade Ao assumir um
"
48
Nota à 1* Edição
Este livro foi se compondo ao longo dos anos de I996 a 1998. como o
resultado gradativo da participação em cursos, debates seminários, encon-
,
Í humanos e o seu
1988 e os tratados de direitos humanos, o valor jurídico desses tratados, a
proteção internacional dos direitos sociais, económicos e culturais, a prote-
ção internacional dos refugiados, a implementação do direito à igualdade, a
proteção internacional dos direitos da mulher, a proteção dos direitos repro-
dutivos e a responsabilidade do Estado no processo de consolidação da ci-
dadania
Ousaria afirmar que esse tema foi em definitivo incorporado pela agen-
da nacional Basta avaliar a sequência de positivas inovações que recente-
.
cional de Direitos Humanos Em 1997, é por sua vez editado o Plano Esta-
.
,
. que desde 1994 pioneiramente
f«otou a matéria.
51
Esse cenário desenha um novo momento no que diz respeito t cultura Aos meus monitores e assistentes da PUCSP. nas disciplinas de Direitos
f
de direitos humanos no Brasil NAo há dúvida de que o padrão de violação a Humanos e de Direito Constitucional, agradeço pelo idealismo contagiante
esses direitos ainda continua dramático na experiência brasileira No entan- e pela forte crença em íazer do Direito um instrumento ético de transforma-
to, nflo há dúvida também de que há avanços significativos, na medida cm ção social
que se vive a urgência de discutir, pensar e exigir os direitos humanos, o que As companheiras e estimadas amigas do CLADEM (Comité Latino-Ame-
desperta a formação de uma gramática renovada de cidadania ricano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher) às companheiras do
,
À luz dessa dinámica, o desafio de escrever sobre direitos humanos é Conselho da Condição Feminina, aos companheiros da Comissão lustiça e
estimulante, porque permite revigorar o potencial transformador das açôes Paz. da Comissão de Direitos Humanos da OAB'SP. do Instituto Direito c Cida-
humanas, ativando sua capacidade criadora e emancipatória Esse processo dania. do Conselho da Ouvidoria da Polícia c da Anlstla Internacional, expres-
é revitalizado por especiais interlocutores a quem esta autora presta seus so um carinhoso agradecimento pelo Importante aprendizado na busca da
construção compartilhada de uma cidadania viva
mais sinceros agradecimentos
Aos coautores, amigos, ex-alunos. hoie profissionais do Direito. Ales- Uma palavra ainda aos meus pais. loâo Batista Piovesan e Elizabeth
sandra Passos Cotti, lanafna Senne Martins. Luciana Piovesan. Priscila Kei Vale|o Piovesan. por me ensinarem, desde o Início, os valores mais belos da
existência humana, que constituem a essência mesma dos direitos huma-
Sato e Wilson Ricardo Buquetti Plrotta, agradeço pelo privilégio de orientá-
nos Ao querido Marcos Fuchs, uma vez mais e sempre, pelo nosso amor.
los em proletos de pesquisa na área dos direitos humanos e sobretudo pelo
sorriso, carinho e os tantos sonhos, que abraçam os nossos dias e os encan-
entusiasmo e vocaçôo cientifica e humanista que a todo tempo demonstra- tam infinitamente
ram A Francisca Pimenta Evrard uma vez mais agradeço o inestimável auxí-
lio na cuidadosa revisão deste livro Por fim. dedico este livro a todas as instituições entidades e pessoas
,
52
com a baixa densidade de Estados de Direito e com a precària
de respeito aos direitos humanos no âmbito doméstico.
Do's períodos demarcam, ass'm, o contexto lat'no-amer'cano: o pe-
Capítu,o 3 dos reg,mes d,tator,a,s e o período da trans,ção po,ít,ca aos reg,mes
ráticos. marcado pelo fim das ditaduras militares na década de HO.
"
1
das prisões ilegais e arbitrárias, da perseguição político-ideológica.
.
Introdução
li abolição das liberdades de expressão, reunião e associação.
Como compreender o impacto do sistema interamericano na e Nas lições de Guillermo O"Donnell "Ê útil conceber o processo de
riêncla brasileira? Em que medida a litigância perante o sistema intera ralizaçâo como um processo que Implica em duas transições A pri -
icano tem permitido avanços internos no campo dos direitos hui ora é a transição do regime autoritário anterior para a instalação de um
r
Quais são os atores deste ativismo transnacional em prol dos direitos h »verno democrático A segunda transição é deste Governo para a conso
manos, quais as suas demandas e quais as respostas do sistema? democrática ou. em outras palavras, para a efetiva vigência do re-
são os principais desafios e perspectivas do sistema interamericano? in«- democrático »
"
São estas as questões centrais a inspirar este capítulo apa do processo de democratização já tenha sido alcançada na região - a
Inicialmente, será introduzido o sistema Interamericano, sua ori nsiçflo do regime autoritário para a instalação de um regime democráti-
. ÿ. a segunda etapa do processo de democratização, ou se|a. a efetiva
seu perfil e seus objetivos
»iisolidação do regime democrático, ainda está em curso
Em um segundo momento, será desenvolvida análise a respeito
Isto significa que a região latino-americana tem um duplo desafio
impacto do sistema interamericano na experiência latino-americana
lumper em definitivo com o legado da cultura autoritária ditatorial e con-
,
bretudo a brasileira
vidar o regime democrático, com o pleno respeito aos direitos humanos,
Por fim. serão destacados os principais desafios e perspectivas
sistema interamericano enquanto eficaz Instrumento para o fortalecim
to de direitos, a revelar uma força catalisadora capaz de promover ava
ços e evitar retrocessos no regime doméstico de proteção de dlreit > Vi«o Ptattdo da Thomas Buergonthil In PASQUALUCCI lo M T»w practk/ <iiW proutiuiro/lkt 1*1ÿ-
humanos Cmrt <m Hmmr k*t*s Cambridge Cambodge Umvcfsöy Pie». 2001. p XV
m> « Guatemala, após o golpe militar, esiima-se que em média 30 000 paiooa« tenham desapare-
I» I» Na Nicarágua a prática d» desaparecimento* orçados oi uma confante no governo So-
f
2 . Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos: Orige in, no Brasil, após o golpe militar de I0M no Chile, após o golpe militar de I97Î. ena Argen -
Perfil e Objetivos . particularmente após o golpe militar de 1076, OMlma-M que mais de 01100 pettoas
Na década de 80 eslas priticas i* estenderam a El Salvador. Peru e pen dem
A análise do sistema interamericano de proteção dos direitos huma ho|e na Colômbia | NOVELLI Mario, CELLYTA. Berenice Ut in America the reality ot hu-
demanda selam considerados o seu contexto histórico, bem como as ; nghtft In SMITH. Rhona K. M ANKER. Chrlstien van den | Editorei TV Eu/aU* O# »umd«
..ni London Hodder Arnold. 20OT. p 219»
liarldades da região. Trata-se de uma região marcada por elevado grau ÿ .
'
< 'OONNELL Guillermo Transitions. continuities, and paradoxes In MAIN WARING. Scon.
exclusão e desigualdade social ao qual se somam democracias em fase .
WOONNEL Guillermo VALENZUELA. I Samuel (Orgs t tumo u dmocniK amtèátúm the new
Lonvolldação A região ainda convive com as reminiscências do legado » Müh American democracies in comparative perspective Noire Dame University of Notre Dame
r< gim«"- autoritárias ditatoriais, com uma cultura de violência e de im i-- m .
Wp ib
101
amplamente considerados - direitos civis, políticos, económicos, socia Americana. Como observa Thomas Buergenthal: "Em 1978 quando a .
culturais, Como reitera a Declaração de Direitos Humanos de Viena io Americana de Direitos Humanos entrou em vigor ,
muitos dos
1993. há uma relação indissociável entre democracia, direitos human .
idos da América Central e do Sul eram governados por Ditaduras ,
tanto
desenvolvimento Ao processo de universalização dos direitos políticos, em « lireita como de esquerda Dos 11 Estados-partes da Convenção à época
.
rais. Em outras palavras, a densificação do regime democrático na regi za política. (...) O fato de hoje quase a totalidade dos Estados latino-
requer o enfrentamento do elevado padrão de violação aos direitos eco
"
micos. sociais e culturais, em face do alto grau de exclusão e desiguald imente tem produzido significativos avanços na situação dos direitos
social, que compromete a vigência plena dos direitos humanos na regi nos nesses Estados Estes Estados ratificaram a Convenção e reco-
sendo íator de instabilidade ao próprio regime democrático. ram a competência jurisdicional da Corte"' .
É à luz destes desafios que há de ser compreendido o sistema inte Substancialmente a Convenção Americana reconhece e assegura um
,
mericano de proteção dos direitos humanos ;o de direitos civis e políticos similar ao previsto pelo Pacto Interna-
I dos Direitos Civis e Políticos No universo de direitos destacam-se.
O instrumento de maior importância no sistema interamericano ,
Convenção Americana de Direitos Humanos, também denominada P .Ilrelto à personalidade jurídica; o direito à vida; o direito a não ser sub-
de San losé da Costa Rica,- Esta Convenção foi assinada em San losé. C Jo à escravidão; o direito à liberdade o direito a um julgamento justo;
,
da Organização dos Estados Americanos têm o direito de aderir à Con direito à liberdade de consciência e religião; o direito à liberdade de
mento e expressão; o direito à resposta; o direito à liberdade de as-
o; o direito ao nome; o direito à nacionalidade; o direito à liberdade
,
,
Note-se que o sistema interamericano consiste em dois regimes um baseado na Co Couri on Human Ripits. Cambridge Cambridge University Press 2003, p XV .
Americana e o outro baseado na Carta da Organização dos Estados Americanos. O enf (Kâo de Hector Gross Espiell "Os direitos previstos no capítulo II sâo . o direito à persona-
presente artigo se concentrará exclusivamente no regime instaurado pela Convenção lurídica. o direito à vida. o direito ao tratamento humano a proibição da escravidão e ,
de Direitos Humanos o. o direito à liberdade pessoal o direito a um lulgamento lusto, o princípio da nâo re*
,
t
. a Thomas Buergenthal *A Convenção Americana de Direitos Humanos foi adotada em 1969 o direito è compensação o direito de ter a própria honra e dignidade protegidas a
.
,
,
uma Conferência intergovernamental celebrada pela Organização dos Estados Americanos de consciência e religião a liberdade de pensamento e expressão o direito de respos-
,
,
O encontro ocorreu em San losé. Costa Rica, o que explica o porquê da Convenção A reito de assembleia, a liberdade de associação o direito de se casar e de fundar uma fa-
também conhecida como Pacto de San losé da Costa Rica A Convenção Americana entrou
"
system for the protection of human ights. In: MERON. Theodor (Edltoni Human rights In in f à proteção |udicial (arts. 4- a 25) ( .) O artigo 26 trata dos direitos sociais, económicos
r
"
rais (The Organization of American States (OAS). In VASAK Karel (Edito* | The intematmal
itonal Iaw legal and policy issues Oxford: Clarendon Press. 1984. p 440) Segundo dados da .
ganização dos Estados Americanos, dos 35 Estados-membros da OEA. 25 Estados sâo hoje o) human rmhts Revisado e editado para a edição Inglesa por Philip Alston Connecticut:
da Convenção Americana Neste universo, o Estado brasileiro foi um dos Estados que mais Press. 1982 .v I. p 558-559). Ver ainda HARRIS David. LIVINGSTONE, Stephen The
.
diamente aderiram è Convenção, fazendo-o apenas em 25 de setembro de 1992 System ol Human Rgtoç Oxford Clarendon Press 1998 .
IH? 103
que alcancem, progressivamente, a plena realização desses direitos, ll em 1992. lá o reconhecimento da jurisdição da Corte Interamericana
diante a adoção de medidas legislativas e outras medidas que se mostre reitos Humanos deu-se na Argentina em 1984, no Uruguai em 1985 ,
apropriadas, nos termos do artigo 26 da Convenção Posteriormente, e í Kiraguai em 1993 e no Brasil em 1998. Atualmente constata-se que os
1988. a Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos adot m s latino-americanos subscreveram os principais tratados de direitos
um Protocolo Adicional à Convenção, concernente aos direitos soei nos adotados pela ONU e pela OEA
económicos e culturais (Protocolo de San Salvador), que entrou em vi Quanto è incorporação dos tratados internacionais de proteção dos
em novembro de 1999. quando do depósito do 112 instrumento de ratifi . Itos humanos , observa-se que. em geral, as Constituições latino-ame-
ção. nos termos do artigo 21 do Protocolo, nas conferem a estes instrumentos uma hierarquia especial e privile-
Em face desse catálogo de direitos constantes da Convenção Am da, distinguindo-os dos tratados tradicionais. Nesse sentido, merecem
cana. cabe ao Estado-parte a obrigação de respeitar e assegurar o livre ue o art 75. 22. da Constituição Argentina que expressamente atri-
,
"
pleno exercício desses direitos e liberdades, sem qualquer discriminaç hierarquia constitucional aos mais relevantes tratados de proteção de
Cabe ainda ao Estado-parte adotar todas as medidas legislativas e de ou itos humanos, e o art. 5f, §§ 2" e 33. da Carta brasileira, que incorpora
natureza que sejam necessárias para conferir efetividade aos direitos e ost«-s tratados no universo de direitos fundamentais constitucionalmente
berdades enunciados protegidos
A Convenção Americana estabelece um aparato de monitoramento As Constituições latino-americanas estabelecem cláusulas constitu-
proteção dos direitos que enuncia, integrado pela Comissão e pela Cor ais abertas, que permitem a integração entre a ordem constitucional e
Interamericana de Direitos Humanos, como será examinado a seguir m internacional especialmente no campo dos direitos humanos. Ao
,
No caso latino-americano, o processo de democratização na regi stitucionalismo regional que objetiva salvaguardar direitos humanos
,
deflagrado na década de 80 é que propiciou a incorporação de important plano interamericano. A Convenção Americana, como um verdadeiro
instrumentos internacionais de proteção dos direitos humanos pelos E igo interamericano de direitos humanos", acolhida em 2014 por 24
dos latino-americanos A título de exemplo, note-se que a Conven dos. traduz a força de um consenso a respeito do piso protetivo mínimo
Americana de Direitos Humanos, adotada em 1969. foi ratificada pela Ar do teto máximo de proteção Serve a um duplo propósito al promo-
gentina em 1984. pelo Uruguai em 1985, pelo Paraguai em 1989 e pe e encorajar avanços no plano interno dos Estados; e b| prevenir recuos
retrocessos no regime de proteção de direitos .
Morte 11990) à Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura ( 1985). à Con cana de Direitos Humanos
Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas ( 19941; à Convenção Intera
Promover a observância e a proteção dos direitos humanos na Améri-
cana para Prevenir. Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher ( 1994«; e à Convenção In
americana sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra Pessoas com é a principal função da Comissão Interamericana. Para tanto, cabe à
ciência 11999) missão fazer recomendações aos governos dos Estados-partes prevendo
,
104 105
a adoçâo de medidas adequadas à proteção desses direitos , preparar sobre a repressão no Chile ( 1973) e desaparecimentos forçados
dos e relatórios que se mostrem necessários: solicitar aos governos in Ina 11979) A Comissão tem sido um relevante ator no processo de
mações relativas às medidas por eles adotadas concernentes à eleti tização nas Américas
aplicação da Convenção e submeter um relatório anual à Assembleia Ge
,
Contudo, a partir da democratização na região, a Comissão tem tido uma
da Organização dos Estados Americanos"f É também da competência o cada vez mais jurídica e não política, se comparada com a sua marca-
Comissão examinar as comunicações encaminhadas por indivíduo ou g
, iitu.içflo política no período dos regimes militares na América Latina
pos de indivíduos, ou ainda entidade não governamental que contení ,
Na experiência brasileira, até julho de 2015. apenas catorze casos haviam
denúncia de violação a direito consagrado pela Convenção por Estado q- ,
encaminhados à Corte Interamericana contra o Estado brasileiro, en-
dela sela parte, nos termos dos arts 44 e 41 O Estado, ao se tornar pa
.
On in Africa SmIA A/ruan Imnui ou Huma Kiÿcls. vil. part 3, 1999. p 4271 Note-seque.em
"
f
.
,
i «Ao Interamericana começou a realizar visitas M au pata observar a situaçto geral de
t
humanos no pals, ou para investigar uma situação particular Desde entio. foram realizadas
a 23 l.stados-membros A respeito de suas observações geral» sobre a situação de um pais.
o Interamericana publica informes especiais
"
Sobre o» elatórios produzidos pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos lec que se efere tios 7 casos contenciosos, destacam-se a) caso Gilson Nogueira de Carvalho.
r
r
,
o* inform« sto elaborados pela Comissão Interamericana de Diletto* Humanos Além telefónicas de integrant« do MST; d) caso Garibaldi eferente A denúncia de execuçto
r
constituir em um mécodo para determinar ato* precisar e difundir a obietMdade de uma s«
, e) caso Com« Lund referente ao desaparecimento de pessoas na guerrilha do Araguaia
çto. os informes da QonMo servem para modificar a atitude de Covern« resistent« A. compatibilidade da lei de anistia brasileira com a Convenção Americana de Direitos Hurna-
da dos direitos humanos através do debate interno que ei« proporcionam ou a depender .
I caso Cosme Rosa Genoveva. Evandro Oliveira e outros) Favela Nova Brasilia-Caso 11566),
caso. do debate internacional A GDH elabora dois tipos de inform« um sobre a situação A denúncia de eiecuçto extrajudicial envolvendo 26 pnsoa« inclusive 6 adolescente
direitos humanos em um determinado pais e outro que encaminha anualmente A Assembleia dai de atuaçto policial da Polfcia Civil do Estado do Rio de laneiro de IS de outubro de 1994
OEA O» Inform« sobre a situaçto dos direitos humanos em um Estado-membro da OEA maio de 1995 na Favela Nova Brasilia); e gl caso Trabalhador« da Fazenda Brasil Verde
deodkfc» pela própria Comissão ante situaçõ« que aletem gravemente a vigência dos. i< iso 12066). relativo a trabalho escravo Quanto aos 7 casos envolvendo medidas provisórias.
humanos ( | Por outro lado os Informes anuais para a Assembleia Geral da OEA atuall
. al caso Ptwídlo Urso Branco referente A denúncia de morte e maus-tratos de de-
situaçto do« direitos humanos em distintos país« apresentam o trabalho da Comissão
,
.
nn presídio de Rondóni a em que. em virtude da extrema gravidade e urgência e para
as resoluções adotadas com espeito a casos particulares e revelam a opiniáo da Comissão .vilar dano irreparável A vítima (ver art 74 do Regulamento da Comlssto Interamericana), a
r
as áreas nas quais é necessário redobrar esforços e propor novas normas" i PINTO Monica .
decidiu ordenar medidas provisórias de proteção de detentos do referido presídio, b» caso
recho internacional de los derechos humanos breve vinta de loa mecanismos de protección
, ndolncentes privados de liberdade no Complexo do Tatuapé" da FE BEM, em que a Corte
"
el sistema Interamericano In Dmdtf inUrMcioml it Im 4m*« Comlslon Inte" ordenou medidas provisórias para determinar ao Estado brasileiro que adotasse de orma Ime-
f
de Iuris tas. Colegio de Abogados del Uruguay 1993. p 8449)
.
1 .11.1 as medidas nec«sárlas para proteger a vida e a Integridade pessoal dos adolescent« in-
"
Para Chnstof Heyns e Frans Wjoen "Ao utilizar métodos Inovadores como as investigações los no "Complexo do Tatuapé" da FEBEM. assim como a de todas as pessoas que se encontrem
c) emo da Penitendária "Dr Sebastito Martins Silveira em Araraquara. em que
"
para regimes democratic* na Aménca Utflna na década de «T (An overview al human . I orte ordenou ao Estado que adotasse de forma imediata as medidas necessárias para prote-
106 107
Lopes - a Corte proferiu a primeira sentença condenatória contra o Brasil e ÎI violência rural.
4 de julho de 2006 em virtude de maus-tratos sofridos pela vítima
4) violência policial e outras violações praticadas por agentes estatais;
.
.
proteção judicial, visto que a vítima, pela violência sofrida faleceu três d ,
6) violação dos direitos das mulheres.
após sua internação na clínica,* A sentença constitui uma decisão parad
.
7) discriminação racial.
má tica para a defesa dos direitos das pessoas com deficiência mental e 8| violência contra defensores de direitos humanos;
avanços na política pública de saúde mental
9) violação de direitos de outros grupos vulneráveis; e
Quanto aos casos submetidos à Comissão Interamericana foram e ,
clonar os responsáveis pelos latos deste caso surta seus devidos efeitos, bj publicar no praro te em casos de violações a direitos civis «/ou políticos, sendo ainda
seis meses no Diáró O&mI e em outro jornal de ampla circulação nacional uma sAvnoC
piente a apresentação de denúncias atinentes à violação a direitos sociais.
,
tido VII relativo aos fatos prosados da sentença da Corte cl continuar a desenvolver um i
icos ou culturais
,
108 109
P<«ra <1 lustiça Comum do julgamento de crimes dolosos contra a vida No plano contencioso, a competência da Corte para o julgamento de
lidos por policiais militares .
é por sua ver. limitada aos Estados-partes da Convenção que reconhe
b) casos envolvendo tortura e desaparecimento forçado encorajaram m tal jurisdição expressamente, nos termos do artigo 62 da Convenção
adoção da Lei n 9 I4(V95 que estabeleceu indeniração aos familiares
,
a Comissão Interamericana e os Estados-partes podem submeter um
mortos e desaparecidos políticos; Corte Interamericana", riflo estando prevista a legitimação do Indivíduo,
termos do artigo 61 da Convenção Americana
c) caso relativo a assassinato de uma jovem estudante por deput
estadual foi essencial para a adoçâo da Emenda Constitucional n 35/200 A Corte tem jurisdição para examinar casos que envolvam a denúncia
que restringe o alcance da imunidade parlamentar no Brasil; juc um Estado-parte violou direito protegido pela Convenção Se reco-
r que efetivamente ocorreu a violação à Convenção, determinará a
dl caso envolvendo denúncia de discriminação contra mães adotivas
seus respectivos filhos - em face de decisão definitiva proferida pelo Supre ÿ de medidas que se façam necessárias à restauração do direito então
Tribunal Federal que negou direito à licença-gestante à mãe adotiva - f A Corte pode ainda condenar o Estado a pagar uma justa com pen-
também fundamental para a aprovação da Lei n 10 421/2002 . que est
à vítima Note-se que a decisão da Corte tem força jurídica vinculante
,"
coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher Até 2015, dos 23 Estados-partes da Convenção Americana de Direitos
f) os casos envolvendo violência contra defensores de direitos huma anos, 20 Estados haviam reconhecido a competência contenciosa da
contribuíram para a adoção do Programa Nacional de Proteção aos Defen
res de Direitos Humanos .
I" i omo afirma Monica Pinto: Até a presente data, somente a ComisOo tem submetido CM»
"
f
iti Cotflmbu Previamente a Corte |i havia se pronunciado em uma quesito de conflito de
Ouanto è Corte Interamericana órgão jurisdicional do sistema
,
. ÿ"«peténda no caso Viviana Gallardo «outras. submetido pela Costa Rica diretamcnte A Corte.
.
i. - anelando ao esgota mento dos recurso# Intimos e ao procedimento ante a Comlwio i Dere-
No plano consultivo qualquer membro da OEA - parte ou não da Con
,
I« ho internacional de k* derechos humano* breve visión de k* mecanismos . cit p 94-951
venção - pode solicitar o parecer da Corte relativamente à interpretação da Na ltçfc> de Paul Swghart a Corte Europeta de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de
(,írritos Humanos tèm o poder de proferir decisões luridamente vinculantes contra Estados
Convenção ou de qualquer outro tratado relativo à proteção dos dlrelt liberano« condenándo os pela violação de direitos humanos e liberdades fundamentais de
humanos nos Estados americanos A Corte ainda pode opinar sobre a coi indivíduos ,
e ordenando-lhes o pagamento de lutin Indentralo ou compensação As vítimas"
patibllidade de preceitos da legislação doméstica em face dos instrumentos UMBCHART. Paul International human lights lav* some current problems In Blackbu riu Robert
Internacionais , efetuando assim, o "controle da convencional idade das leis" MYLOR lohn I Editorsi Hhmmn rigkn lot Ikt 1990» legal political and ethical issues London
A Corte Interamericana tem desenvolvido análises aprofundadas a respeito Mameli Publishings. 1991 p Wl
No exercido de sua |url*dlç.lo contenciosa, st« |ulho de 201 » a Corte Interamericana havia
"
Iroondo 294 sentenças das quais 242 relerem-se a eiceçfics preliminares, sentenças de mérito
t
11 «je j val um fundamentalmente se houve violação ou nâo) e sentenças sobre reparação. enquan-
t<. *2 sio relacionadas à Interpretação d» sentença e outras questões Havia ainda adotado Y&
,
. Alé 2015 a Corte havia emitido 21 opiniões consultivas
.
110 II
Corte"*. Como já mencionado o Estado brasileiro inalmente reconheceu
, de suspensão da garantia judicial de habeas íorpus inclusive em
f
competência jurisdicional da Corte Interamericana em dezembro de 1998 . de emergência de acordo com o art 27 da Convenção Americana".
,
meio do Decreto Legislativo n 89. de Ï de dezembro de I998", /) Violações que refletem questões da justiça de transição (transitional
Considerando a atuação da Corte Interamericana é possível criar ui
,
tipologia de casos baseada em decisões concernentes a seis diferentes cat« Nesta categoria de casos estão as decisões relativas ao combate ò im-
gorias de violação a direitos humanos ? .
às leis de anistia e ao direito à verdade.
I ) Violações que refletem o legado do regime autoritário ditatorial No caso Barrios Altos (massacre que envolveu a denúncia de execução
Esta categoria compreende a maioria significativa das decisões da C< I ,I pessoas por agentes policiais) em virtude da promulgação e aplicação
,
te Interamericana, que tem por objetivo prevenir arbitrariedades e conti de anistia luma que concede anistia geral aos militares policiais e
,
o excessivo uso da força. Impondo limites ao poder punitivo do Estado e outra que dispõe sobre a Interpretação e alcance da anistia). o Peru
a reabrir investigações judiciais sobre os fatos em questão.
A título de exemplo, des taca-se o ¡Aiding (ase - Velasquez Rodriguez
; ao massacre de Barrios Altos", de forma a derrogar ou a tomar sem
Honduras concernente a desaparecimento forçado Em 1989 a Cortei
. as leis de anistia mencionadas O Peru foi condenado ainda, à repara-
o Estado de Honduras a pagar uma compensação aos familiares da vítii
,
i «las vítimas"
lações cometidas*
Esta decisão apresentou um elevado Impacto na anulação de leis de
Outro caso é o Loayza Tÿmayo vs Peru em que a Corte em 1997 r<
e na consolidação do direito à verdade pelo qual os familiares das
.
de precárias e cruéis condições de detenção e da violação à integridade ffsic »m uma injustiça continuada impedem às vítimas e aos seus família-
,
psíquica e moral de pessoas detidas, ou em face da prática de execução i o acesso à justiça e o direito de conhecer a verdade e de receber a repa-
mária e extrajudicial; ou tortura Estas decisões enfatizaram o dever do F «
.
de efetuar o pagamento de indenizações aim revogação, uma forma de reparação não pecuniána
No plano consultivo merecem menção as opiniões a respeito da
,
No mesmo sentido, destaca se o caso Almonacid Arellano wns Chile*",
sibilidade de adoção da pena de morte pelo Estado da Guatemala-, e da i i objeto era a validade do Decreto-Lei n 2 191/78-que perdoava os crimes
tidos entre 1973 e 1978 durante o regime Pinochet-à luz das obrigações
ites da Convenção Americana de Direitos Humanos Decidiu a Corte
invalidade do mencionado decreto-lei de "autoanistia". por Implicar a
"
Disponível cm <http//www corteldh orci/palscttflnde* hlml> io de justiça às vit imas bem como por afrontar os deveres do Estado
.
"
O Decreto Legislativo n 89. de 3 de dezembro de 1998. aprovou a solicitação de reconf westigar, processar, punir e reparar graves violações de direitos humanos
mento da competência obrigatório dn Corte Interamericana de Direitos Humanos em todo« <
.im constituem crimes de lesa-humanidade
casos relativos !i interpretado ou aplk.«« Ao da Convenção Americana de Direitos Humanos
.
112 n
Cite-se .
ainda, o caso argentino, em que decisão da Cone Suprema rio garantir a Independência de qualquer |ulz em um Estado de
lustlça de 2005 anulou as leis de ponto final «Lei n 23 492/86) e obedlé .
especialmente em Cortes constitucionais, o que demanda al um
devida (Lei n. 23 521/87). Invocando corno precedente o caso Barrios Al
.
processo de nomeação: bl um mandato com prazo certo, e c)
Em 24 de novembro de 2010 no caso Comes Lund e outros v,
.
ias contra pressões externas
Brasil ". a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Brasil Tal decisão contribuiu decisivamente para o fortalecimento de Insti-
virtude do desaparecimento de integrantes da guerrilha do Araguaia dur nacionais e para a consolidação do Estado de Direito
te as operações militares ocorridas na década de 70 Realçou a Corte q .II Violações de direitos de grupos vulneráveis
as disposições da lei de anistia de 1979 sâo manifestamente incomp it í .
I lá decisões que afirmam a proteção de direitos de grupos socialmen
com a Convenção Americana carecem de efeitos (urídicos e nao pe
,
Enfatizou que leis de anistia relativas a graves violações de direitos hu Ouanto aos direitos dos povos indígenas, destaca-se o relevante caso
*
unidade indígena Mayagna Awas Tingni contra a Nicarágua «2001 )
.
nos sâo incompatíveis com o Direito Internacional e as obrigações |urí . .
internacionais contraídas pelos Estados Respaldou sua argumentação * a Corte reconheceu o direitos dos povos indígenas à propriedade
vasta e sólida jurisprudência produzida por órgflos das Nações Unidas e Iva da terra, como uma tradição comunitária, e como um direito funda-
I e básico à sua cultura, à sua vida espiritual, à sua integridade e à sua
sistema Interamericano, destacando também decisões judiciais emblem
ticas Invalidando leis de anistia na Argentina no Chile, no Peru. no Uru,
Ivência económica Acrescentou que para os povos indígenas a relaçáo
e na Colômbia. terra nào é somente uma questão de possessão e produção, mas um
.
(Sumo) Awas Tlngnl Community n Nkaragua. Inler Amerlcan Court. 2001. Ser C n 79
*
Com« Lund c outros w Bratti. InlerAmerlcan Court 24-11-2010.
.
,
Axa Community v» Paraguay. Inter-American Court. 2001. Ser C. n. 125
"
Caso Gelman versus Uruguai Marnent of 24 February 2011
,
. Interamericana de Direitos Humanos. Caso Comunidad Indigena Xákmok KAsek w Para-
*
Aguirre Roca and others n Peru case (Constitutional Court Case) ludgment o( 11 lanuary 200 Fondo. Reparaciones y Costas Sentença de 24 de agosto de 2010. Ser C. n 214
114 15
na. o que afetaria seu direito à identidade cultural Ao motivar a sente . >nto de indenizaçâo pecuniária aos familiares das vítimas a reforma
destacou que os conceitos tradicionais de propriedade privada e de .namento jurídico interno visando à maior proteção dos direito*, das
sessão não se aplicam às comunidades Indígenas pelo significado coletl , e adolescentes guatemaltecos, e a construção de uma escola em
da terra, eis que a relação de pertença não se centra no indivíduo ,
sen Vria das vítimas
no grupo e na comunidade - o direito à propriedade coletiva estaria al" Também merece realce a Opinião Consultiva n 21. de 19 de agosto de
a merecer igual proteção polo art 21 da Convenção .
Afirmou o dever
114 a respeito dos direitos e garantias de crianças no contexto da migra
Estado em assegurar especial proteção às comunidades indígenas ,
à luz
em necessidade de proteção especial Neste caso. o parecer loi
suas particularidades próprias suas características económicas e sociais
,
os valores
do Paraguai e República Oriental do Uruguai para que a Corte deter-
,
os usos e os costumes dos povos indígenas de forma a assog ,
nacionais
'
xico embasou seu pedido de consulta nos vários casos de presos me-
, nos casos a envolver atividades ou projetos de exploração dos
cursos naturais de seu território ou qualquer investimento, ou. ainda.
condenados à pena de morte nos Estados Unidos
,
volvimento de planos com potencial Impacto em seu território Com relação aos direitos das mulheres, emblemático é o caso Gonzá-
No caso dos direitos das crianças cabe menção ao caso Vlllagrán ri e outras contra o México (caso Campo Algodonero ), em que a Corte
,
Morales contra a Guatemala (1999)" em que este Estado foi conden leramericana condenou o México em virtude do desaparecimento e mor-
,
rua. brutalmente torturados e assassinados por dois policiais nacionais d» contribuía para a cultura da violência e da discriminação contra a mulher
Guatemala Dentre as medidas de reparação ordenadas pela Corte estão período de 1993 a 2003. estlma-se que de 260 a 370 mulheres tenham
vítimas de assassinatos, em Ciudad luarez A sentença da Corte con-
o Estado do México ao dever de investigar, sob a perspectiva de
°
Villagran Morales et «I v* GuaienuU (The Slrm Children Case) .
Intw-Amencan Court.
) . as graves violações ocorridas, garantindo direitos e adotando mé-
November IW Ser C. n 61
. is preventivas necessárias de forma a combater a discriminação contra
116 117
. i mulher" De.iat.im-se ainda, relevantes decisões do sistema intera
.
h.i o
"
direito a criar e desenvolver um projeto de vida" Essa Interpre-
nomo -.obre discriminação e violência contra mulheres o que foment ,
lançou um importante horizonte para a proteção dos direitos sociais
reforma do Código Civil da Guatemala a adoçâo de uma lei de viol ,
.
Hildas para su pleno desarrollo Intelectual
por afrontar o princípio da igualdade e da proibição da discriminação .
prevê que somente os direitos è educação e à liberdade sindical seri i rte reconheceu que os direitos humanos devem ser interpretados sob a
tuteláveis pelo sistema de petições individuais (art 19 § 6«} . perspectiva de sua Integralidade e interdependência, a conjugar direitos
À luz de uma interpretação dinâmica e evolutiva , compreendendo i Ivi« e políticos e direitos económicos, sociais e culturais, inexistindo hie-
Convenção Americana como um living instrument no |á citado caso Villag ,
uiqula entre eles e sendo todos direitos exigíveis Realçou ser a aplicação
Morales contra a Guatemala < 1999) a Corte afirmou que o direito à vida n
.
progressiva dos direitos socials (art 26 da Convenção) suscetível de con-
pode ser concebido restritivamente,f Introduziu a visão de que o direito ti. »le e fiscalização pelas instâncias competentes, destacando o dever dos
vida compreende nâo apenas uma dimensão negativa - o direito a nâo s I -.lados de não regressividade em matéria de direitos sociais Endossou o
privado da vida arbitrariamente -. mas uma dimensão positiva que dema
da dos Estados medidas positivas apropriadas para proteger o direito è vi
,
.
Inter-American Court 19 .
Udov de la Contralorfa"! « Peru. Excepción Preliminar. Fondo Reparaciones y Costas Sentença
November 1999. Ser C n 6*
I« I de lulho de 2009. Ser C. n 198
.
118 119
I l.í ¿demais , um con|unto de decisões que consagram a proteção I I malmente, esta sexta categoria de casos compreende novos direitos da
r. u de direitos sociais mediante a proteção de direitos civis o que confi
,
, contemporânea, com especial destaque aos direitos reprodutivos
a ideia da Indivisibilidade e da Interdependência dos direitos humanos Em sentença proferida em 28 de novembro de 2012. a Corte Interamerl-
No caso Albán Corneio y otros vénus Ecuador (2007| referente à su.
de Direitos Humanos, no caso Artavia Murillo e outros contra a Costa
ta negligencia médica em hospital particular - mulher deu entrada no he *
enfrentou, de forma Inédita, a temática da fecundação in vitro sob a
tal com quadro de meningite bacteriana e foi medicada vindo a falecer no d
,
dos direitos humanos. O caso foi submetido pela Comissão Interame-
seguinte, provavelmente em decorrência do medicamento prescrito sob o argumento de que a proibição geral e absoluta de praticar a
Corte decidiu o caso com fundamento na proteção ao direito à integrldc ndação in vitro na Costa Rica desde 2000 estarla a implicar violação a
"
pessoal e não no direito à saúde". No mesmo sentido, no caso Myrna M direitos humanos Com eleito, por decisão da Sala Constitucional da Com-
Chang vfnus Guatemala 120031 concernente a danos à saúde decorrentes
. ma de lustiça de 15 de março de 2000. a prática da fertilização i»i vitro
condições de detenção, uma vez mais a proteção ao direito à saúde deu ria claramente contra a vida e a dignidade do ser humano Todavia, no
sob o argumento da proteção do direito à integridade física" . da Comissão, tal proibição estaria a constituir uma ingerência arbi-
Outros casos de proteção indi reta de direitos sociais atêm-se à prot trilla com relação aos direitos è vida privada e familiar, bem como ao direito
ao direito ao trabalho tendo como fundamento o direito ao devido proc
,
. !<ÿ formar uma famflia A proibição estaria ainda a afetar o direito de igualda-
legal e a proteção judicial A respeito destaca-se o caso Baena Ricardo y ot
,
I. «las vítimas visto que o Estado estaria a impedir o acesso a tratamento
,
Estado do Panamá pela violação da garantia do devido processo legal e Comissão é de que a proibição da fertilização in vitro afrontaria os direi-
teção judicial
determinando o pagamento de Indenização e a reintegr
.
i -» à vida privada e familiar, ò integridade pessoal, à saúde sexual e reprodu-
dos 270 trabalhadores No caso Trabajadores cesados del congreso i Agu ite bem como o direito de gozar dos benefícios do progresso científico e
Alfaro y otrosí versus Peru (20061 envolvendo a despedida arbitrária de
,
i< enològico e o princípio da não discriminação
trabalhadores, a Corte condenou o Estado do Peru também pela afronta a A partir de uma interpretação sistemática e histórica, com destaque à
devido processo legal e proteção judicial Em ambos os casos, a condena
.
Corte condenou o Estado com fundamento na violação ao direito de rado. por melo do diálogo com a experiência lurídica latino-americana e de
priedade privada e não com fundamento na afronta ao direito de segurl .
»litros países, como os EUA e a Alemanha, a respeito da matéria Concluiu
de social, em face dos danos sofridos pelos cinco pensionistasi, .
que ter filhos biológicos, por meio de técnica de reprodução assistida, decor
6) Violações a novos direitos da agenda contemporânea r.« dos direitos à integridade pessoal, liberdade e vida privada e familiar Ar-
mentou que o direito absoluto à vida do embrião - como base para restrin-
direltos - não encontra respaldo na Convenção Americana Condenou.
"
m. a Costa Rica por violação aos arts 5«. $ I«. 7«. 11. § 2« e 17. $ 2«. da
.
Albín Cometo y otros n Ecuador Inlet-American Court 22 November 2007 Set C. n 171
"
.
'
Hoena Ricardo y otros n Panamá Inter-Amencan Court 02 February 2001 Ser C n 72
.
"
Caso Tratwiadores cesados del congreso (Aguado Alfaro y otrwil w Peru .
Inter-Amcrlean C
24 November 2006, Ser C n 158. "
Caso Artavia Murillo e outros (-fecundación (a «tro") w Colta Rica. Corte Interamericana dr
"
Caso "Cinco pensionistas* n Peru Inter-Amencan Court. 2» February 2003. Ser C. n «i«
. Direito* Humanos, sentença proferida em 2» de novembro de 2012»
120 121
dade possível medidas apropriadas para que fique sem efeito a proibição ri.i contribuem para a denúncia dos mais sérios abusos e pressionam
praticar a fertilização in vitro, assegurando às pessoas a possibilidade de vai mos para que cessem com as violações de direitos humanos, forta-
-
se deste procedimento sem impedimentos Determinou também ao Est" a accountability dos Estados.
a implementação da fertilização in vitro tornando disponíveis os prograr
,
"
.
as medidas que sejam necessárias e efetivas para que a equipe médica res sentar justificativas a respeito de sua prática. A ação internacional e as
sável pela Senhora "B" pudesse adotar sem qualquer interferência, as med,
,
internacionais podem, assim, contribuir para transformar uma prá-
médicas para assegurar a devida proteção aos direitos consagrados nos arts .
1 governamental específica, no que se refere aos direitos humanos, confe-
.
Perspectivas "
() trabalho das ONGs torna as práticas repressivas dos Estados mais visíveis
ÿ« públicas, exigindo deles, que se manteriam calados, uma resposta Ao en-
O sistema interamericano está se consolidando como importante llantar pressões crescentes, os Estados repressivos buscam apresentar justi-
eficaz estratégia de proteção dos direitos humanos quando as instituiç ,
llcativas. (...) Quando um Estado reconhece a legitimidade das Intervenções
nacionais se mostram falhas ou omissas A Comissão e a Corte Intera
internacionais na questão dos direitos humanos e. em resposta a pressões
.
(envolvendo movimentos sociais e estratégias de mídia) a boa resposta o público interno, como de direito internacional Acrescentam os .
"
Vor SIKKINK Kathryn Human rlghtv principled Issue-networks
.
. ROPP StephenC . SIKKI » CANÇADO TRINDADE Antônio Augusto. ROBLES. Manuel E Ventura op ctt. p 36 Sobre o
Kathryn (Orgs ) Tfir /wurr of Human nabli international norms and domestic change Ca («ma defendem os autores a necessidade de se avançar
"
no sentido da evolução do locus
Cambridge University Press 1999. p 27V . lu uniu m ao jus sin-idi dos indivíduos ante a Corte (op. clt, p 96|
*
I ?4 125
O sistema interamericano deve estabelecer a lurisdição automáti «4« M execução das sentenças e decisões da Corte é uma tarefa que recai
"
**
compulsória da Corte não mais aceitando seja o reconhecimento de s
, Ir o conjunto dos Estados-partes da Convenção .
f
,
la de implementação
referem a indenizações de caráter pecuniário mas o mesmo nào oco
7) Fortalecimento do regime doméstico de proteção dos direitos hu-
,
f
lonais de proteção, em particular das decisões da Corte deve ser acrescentado ao linai
.fi (litigo 65 da Convenção Americana, a seguinte (rase A Assembleia Geral os remeterá ao
Bi nitelho Permanente, para estudai a matéria e elaborar um Inlorine. a lim de que a Assembleia
b«i«l delibere a respeito Deste modo. se supre uma lacuna com relação a um mecanismo, a
"
Mvi.ir em base permanente te nâo apenas uma ven por ano ante a Assembleia Geral da OEA).
"
Pata uma análise comparativa dos sistemas regionais , ver PIOVESAN, Flávia Dimlos liuma
iutlitd Intoimionat: um estudo comparativo dos sistemas regionais europeu .
Int |>ti'< »u|>ervisionar a liei execução, p
or todos os Estados-partes demandados, das sentenças da
africano 5 ed Séo Paulo Saraiva 2014
.
.
InitrTiop cit.. p 91-921
"
De «cordo com o ait 65 da Convenção *A Corte submeterá à consideração da Asse M a Ululo Ilustrativo ,
o orçamenlo da Corte Europeia corresponde aproximadamente a 20% do
Geral da OEA. em cada período ordinário de sessões nto o orçamento
, um relatório sobre as suas atlvidades PMntcnto do Conselho da Europa, envolvendo 41 milhões de euros, enquaente a 5% do orça-
ano anterior De maneira especial
.
,
e com as recomendações pertinentes Indicará os casos e
que um Estado n3o tenha dado cumprimento a suas sentenças"
.
126 127
O desafio é aumentar o comprometimento dos Estados para co
(«tusa dos direitos humanos, ainda vista, no contexto latino-amerh
como uma agenda contra o Estado. Há que se endossar a idela -
vital à experiência europeia - da indissociabllldade entre direitos
manos, democracia e Estado de Direito Isto é há que se refor
.
Capitulo 4
concepção de que o respeito aos direitos humanos é condição esse
para a sustentabilidade democrática e para a capilaridade do Esta
Direito na região SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS:
Diversamente do contexto europeu, em que há uma relação Indis. IMPACTO TRANSFORMADOR, DIÁLOGOS JURISDICIONAIS
vel entre democracia. Estado de Direito e direitos humanos, a reali E OS DESAFIOS DA REFORMA"
latino-americana refletc democracias políticas Incompletas e Est
Direito de baixa densidade, que convivem com um grave padrão de vi
a direitos
contribuído de forma decisiva para a consolidação do Estado de Direito Por fim. pretende-se identilicar os principais desafios do sistema inte-
das democracias na região; tem combatido a Impunidade; e tem ass« Minericano e os potenciais riscos de sua agenda de reformas visando ao
do às vítimas o direito à esperança de que a iustlça seja feita e os direit fortalecimento do sistema e à pavimentação de um rus commune latino-ameri-
humanos respeitados cano em matéria de direitos humanos.
npcdftl agradecimento é Into à Alexander voo Humbold! Found«too peia Mkvtfar que
turnou possível este estudo e ao Moi-PUnck Institute foc Comparative Public L» and Interna-
vi «idi U» pof prover um ambiente académico de extraordinario »Igor intelectual Este capitulo
lim« como base a conferência "Dlélogo en el Sistema Interamericano de Derecho» Humanos
«Moi. cam .1 lu Reforma", prolerlda no seminàrio Internacional "Diálogo sobre diálogo« luilsdic-
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Como a própria Autor«! escreve
no livro, "o desafio de escrever so-
bre direitos humanos e estimulan-
te
, porque permite revigorar o po-
tencial transformador das açòes
humanas , ativando sua capacidade
"
criadora e emancipatória .
indicado para:
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Profissionais
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