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CURITIBA
2014
2
COMISSÃO EXAMINADORA
Professor 1: _________________________________________________________
___________________________________________________________________
(Titulação, nome completo e Instituição)
Professor 2: _________________________________________________________
___________________________________________________________________
(Titulação, nome completo e Instituição)
Professor 3: _________________________________________________________
___________________________________________________________________
(Titulação, nome completo e Instituição)
Etnografia dos sonhos: experiência de primeiro contato com líder espiritual Kaxinawa
e seu olhar sobre os sonhos, num ritual de pajelança.
RESUMO
1
Licenciado em Filosofia e Pós-graduando em Antropologia Cultural pela PUC-PR. Parapsicólogo e
Especialista em Educação em Valores Humanos pelas FIES.
2
Graduado em Ciências Sociais pela UFPR, mestre em sociologia com concentração em
antropologia e doutorando em antropologia pela UFRJ.
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SUMÁRIO
1 Introdução................................................................................................................... 05
2.1 O ritual........................................................................................................................ 07
3 Contato de segundo grau: uma possibilidade de contato com os pajés e qual deles
pode falar sobre os sonhos........................................................................................ 13
4 Discussão................................................................................................................... 14
4.3 Pajelança.................................................................................................................... 18
5 Considerações finais.................................................................................................. 22
Referências Bibliográficas.......................................................................................... 23
1 INTRODUÇÃO
O termo nawa mostra uma ambiguidade pano com relação às fronteiras entre
o "eu" e o outro. Pode denotar "verdadeira" alteridade, no sentido que o outro pode
ser inimigo, ou também pode ser usado para identificar um grupo pano distinto
(LAGROU, 2002). Cada um deles considera-se huni kuin, homem verdadeiro. Esta
relação não envolve uma reversibilidade, ou seja, a troca de posições, mas uma
intersubjetividade em que ambas dão qualidades de posições. Esse interesse pelos
"outros" pode os fazer sair de suas regiões e irem a direções distantes para levar
sua cultura ao outro. Para eles, o captar o ponto de vista do outro significa ganhar
poder sobre a situação interativa.
A missão de ir em direção aos outros pode ter relações com os sonhos, uma
vez que estes têm relevância social para os povos ameríndios. Os pajés Kaxinawas,
por meio de rituais de estados do ser antes do sono, obtêm nos sonhos informações
para suas comunidades. Isso difere das teorias ocidentais sobre os sonhos, em que
os sonhos são representações, geralmente falsas, do conteúdo inconsciente das
pessoas.
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Uma abelha pousa em minha unha, um sabiá canta a minha frente enquanto
nosso entrevistado, usando jeans e camisa, tira do porta-malas sua vestimenta
ritualística: cocar de penas vermelhas e um vestido branco com desenhos indígenas.
Em seu rosto, na faixa horizontal dos olhos, linhas pintadas de preto e vermelho
junto a um sorriso simpático, compõem a expressão desse índio de Tarauacá, no
Acre.
Tuim cumprimentou com um "Hei Chai", que quer dizer primo, ou família, e
aceitou meu pedido. Disse que era mais conhecido como Tuim Nova Era, do Povo
Huni Kuin, que quer dizer povo verdadeiro, um apelido que vem do tempo em que o
homem branco teve os primeiro contatos. Em suas palavras diz:
2.1 O RITUAL
No Parque Barigui, quem passasse por ali poderia escutar algo diferente na
noite curitibana: os presentes comungavam violão, atabaque e o canto de Tuim.
Misturado com cantos dos grilos, orquestrava-se o encontro de pessoas do Acre e
do Paraná.
Tentei conversar o que foi possível, para obter informações sobre sua cultura
e sobre sua vida, em estado de vigília, pois para continuar o encontro Tuim solicita
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Convida-nos para utilizar o Rapé, que é usado pelas narinas. O rapé, que
vem do francês râper, e significa raspar, é um tabaco em pó para inalar. Inalando,
perdi o controle sobre meus pensamentos que migravam do refletir para o sentir.
Desse ponto para frente, se era eu quem estava tentando conduzir uma pesquisa,
passou a ser o Tuim, a conduzir o ritual, pois ele dominava esse estado do ser, que
o Rapé provoca, e eu não. Também um espirro atrás do outro, senti como se minhas
vias nasais estivessem mais apuradas, com fluxo de ar melhor. Creio que isso seja
uma passagem significativa em que minha razão reduziu o seu poder e o sentimento
ficou mais presente, bem como as sensações do corpo. Para ele, esse estado é uma
medicina para o corpo e para o pensamento.
Então todas essa medicinas Nixi Pae, ela é da natureza, é o espírito divino,
são o Yuxibu. E dentro dessas medicinas sagrada nós temos o Nixi Pae que
é o Daime e Yunus Maruska o que é o Rapé. E temos também outras
medicinas, usamos o liquido nos olhos e temos algumas batatas. Toda
floresta são medicina é como se fosse pessoas, milhares de vida. [...]
E tem outras medicinas que a gente usa, a gente se cura através da
fumaça. A defumação, tudo faz parte da cura, de matéria, di espírito e di
pensamento. (NOVA ERA, 2013).
Então toda essa medicina ele é uma cura divina. Começa com o Nixi Pae.
Todas as religião do mundo elas são sagrada e tem poder de curar, sabe,
dependendo da fé, porque o que vale é a fé. Mas não tem uma religião no
mundo que teja mais puder de que o Nixi Pae, que é o Daime.
R: que o Daime?
R: hum
R: É da natureza, sim.
R: Como que foi sua iniciação como xamã, como lider espiritual, como que
se deu.
T: Então, eu, realmente não divulgo o nome como pajé, né? Eu sou um
estudante, sobre a natureza, né?
R: hunhum
R: Tá
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T: Mas a gente estuda essa realidade da pajelança, que tem o nome assim
de pajé, né?
R: hunhum.
T: Porque eu nunca tive interesse de ter o nome de pajé, mas alguns dos
irmãos que me chamam eu agradeço é uma gratidão. Mas eu não coloco o
nome disponível que eu sou pajé
T: Sim, sou um estudante. Mas assim, o pajé não se faz, o pajé já nasce,
porque se se fizesse qualquer um jé era um pajé. Porque eu mesmo lá não
tem diferença, porque não tem ninguém melhor que ninguém.
R: Sim
R: sei
T: Então não é todos. Então todos nós que estão presente, que tem esse
interesse, que tem esse amor sobre essa natureza ela recebe esse poder
divino, né?
R: hunhum
Pensar que a pessoa é o pajé e que é ele que cura é uma representação que
fiz. Entretanto, esse relato mostra outra perspectiva, que o verdadeiro pajé é a
natureza. Também é uma forma de não valorizar ou desvalorizar ninguém por um
título, segundo nosso informante: "ninguém é pior que ninguém [...], porque ninguém
é melhor que ninguém".
Aos seis anos, Tuim começou a ter um sonho de ser quem ele é hoje, um
líder espiritual, conhecer sua natureza espiritual e trabalhar nela. As práticas se
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mesclam com a tradição católica, pois teve contato com as orações dos santos e de
uma linha diferente da luz clara, que o fez entrar em crise e voltar para suas origens.
Esse episódio aparece na jornada do herói: uma das etapas da iniciação do xamã
são as crises de iniciação, as doenças em que depois eles saem e estão prontos
para curar os da comunidade. (CAMPBEL, 1990; KRIPPNER, 1998; ELIADE, 1978).
Ele pedia que sonhasse antes dos fatos acontecerem, bem como que seus
sonhos sobre sua vida dessem certos e também de voar, que seus pés saíssem do
chão. Além disso, focou numa missão, de levar e preservar os conhecimentos
tradicionais.
R: sim
R: Nossa
T: Era como si entrasse assim num tipo briga ai fosse tipo, lutasse com sete
pessoas. Eu entrar aqui e vencer sete pessoas. Aí com sete ponto de faca.
12
Aí a primeira vez que eu peguei, que eu rezei essa oração que o chai me
deu, aí eu fui pra mata caçar e aí eu dismaei, topei com muitos outros
animais, aí eu não ví nada, quando me dei por mim, meu primo tava me
chamando, eu tava arriado no chão.
R: unhum...
T: Ai eu vim de lá pra cá, aí meu tio me conheceu primeiro, falou pra mim,
se perguntou que horas são, o que eu tava usando? falei pra ele, mostrei
pra ele que não era bom, não era pra mim. Aí fez uma reza, umas curas em
mim, banho de medicina de (.....) Aí eu voltei novamente de novo. E
quando eu comecei a trabalhar, essa questão e voltar, o principal mesmo
era a cultura, as medicinas isso aí então, vou deixar isso pra lá, respeito,
todas missão exige respeito, tem um maior carinho, mas a minha missão
seria voltada a minha realidade, das medicina
R: das medicina
R: Olha!
R: unhum..
T: E esses conhecimentos era só, era só os pajé que sabiam. Então eu tive
uma visão que não era muito legal dessa forma, era bom que esses
conhecimentos explodissem pra juventude aprender, pra não ter só um
curador, porque senão ele faz a passagem e leva todo o conhecimento. Aí
juntei a juventude ai a gente tá nessa pesquisa, de aprender memo, a
segurar. Porque com a medicina da farmácia a gente não conhece, a gente
não tem o conhecimento, sabedoria pra se usar ela, porque eu conheço
como droga, né?
R: Sim
T: Como droga, porque a gente toma o remédio tem ser no horário certo
quantidade certa. Se tuma menos não serve, se tumar mais já se envenena
R: unhum
T: Então não sei trabaiá com isso. Eu achei melhor trabaiá com os
conhecimento tradicional que nois sabemo a forma de se trabaia com ela,
mais naturalmente, né?. Então toda essa medicina ela tão inserida nesse
nosso preparo. E eu consagro todo, até uma semente que a gente vê, pra
mim, é o milagre da natureza, é como se fosse, esse aqui tupi, chamamos
de tupi, esse tupi tem osso de gavião real. Osso de gavião real e osso da
jiboia, parece uma estrela, osso da jiboia. E tem essa simente, então cada
uma simente dessa é um milagre da natureza. Então todas medicina são
relacionado todos espírito, né? O rapé que nois temo aqui, é o espírito vivo.
R: Certo
R: unhum
T: Sabe que Yuxibu, espírito ninguém ingana, né?, Com Yuxibu ninguém
brinca. Yuxibu não deixa nada fiado. O que a gente faz recebe. Se faz o
bem, recebe o bem, se faz o mal recebe o mal. Então seria essas medicina.
E pra continuar a conversa, não sei se deu bem de esclarecer um pouco,
porque pra gente poder se conhecer a gente tem que entender, né? Material
e espiritualmente.
Uma das surpresas no contato com Tuim foi perceber que, de acordo com
seu relato, existem vários tipos de pajés, um para cada função na comunidade e
cada qual respeita a missão específica de cada um.
R: Não.
T: o pai da mata, o meu tio que apresenta lá como pajé, ele é um jovem
também. Tivemos aqui em Curitiba, inclusive agora passou pra se encontrar
com a gente, vai tá lá, cara manda bem. Nós chamamos que a gente não é
artista né?, a gente chama a força, mas ele manda muito bem. Ele tem
energia pra poder cantar. Mas que é legal esse nosso encontro aqui, vou
parar só por aqui, a gente chega até de conversar com o pajé. Eu te informo
muito bem, porque não vou me comprometer, a que eu não vou querer
inventar roda, porque aqui dentro dessa verdade, Tuim é bem pequeno, o
cara vacilou já era.
R: Ah, certo.
T: Então só informo o nível que posso informar, mas é muito bonito, é muito
lindo, a gente consagra muito.
T: sonha no outro dia, sonha no outro dia, que tem que tá preparado. É
verdade, é o nosso espírito, né?
R: isso.
T: O nosso sonho é o nosso espírito, que trabalha, que viaja, que encontra
com outros espíritos. Então tudo é verdade, que nosso espírito são
verdadeiro. (O grifo é meu).
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R: outro momento.
R: Tá.
R: Claro
R: Um mistério.
4 DISCUSSÃO
algo do corpo, portanto um simulacro, algo falso, diferente de Tuim que considera
verdadeiro o espírito, que é o sonho.
Aristóteles (2012), em seu livro Parvo Naturalia, começa a caracterizar que os
sonhos não eram mensagens divinas, mas algo ligado à natureza, ou seja, fruto das
percepções sensoriais, e que a verdade pode ser apreendida pelo corpo, o que para
ele não é falso. Nas tradições ameríndias, o corpo tem um papel importante na
construção da realidade e da verdade.
Artemidoro (2009) sistematiza o conhecimento das técnicas de interpretação,
na época, e sua abordagem incluía os sonhos simples e os oníricos. "O sonho
onírico difere do sonho simples porque o primeiro significa o futuro e o segundo, as
coisas presente" (ARTEMIDORO, 2009, p.21). O líder espiritual Tuim espera que
seus sonhos revelem suas realizações até a sua morte, mas também fala que seu
sonho é levar sua cultura para outros grupos.
No período Medieval, em especial na Espanha com Santa Tereza de Ávila e
São João da Cruz, os sonhos poderiam ter três causas: natural, a demoníaca e a
divina. Critérios simbólicos eram utilizados para caracterizá-los (NUNES JUNIOR,
2005). A questão do sagrado se manifesta com o profano através dos sonhos. As
orações são usadas na elevação do ser, uma prática presente no cristianismo de
possível contato com Deus. Se os sonhos conduzem uma mensagem do sagrado,
essa mensagem está fora da pessoa, configurando, portanto, uma característica
externalista. Tuim, por sua vez, teve contato com as orações dos santos para que
seus sonhos se realizassem e considerou algumas dessas experiências como fortes,
em que teve crise e deixou-as de lado. Isso favoreceu a valorização de sua própria
cultura.
Na modernidade, Descartes (2004), em sua obra Meditações sobre a
Filosofia, concebe o sonho, assim como a vigília, como fontes não seguras, uma
fantasia. A experiência de Tuim contraria essa abordagem, pois o sonho é tão
seguro que pode guiar uma vida, uma missão. No Romantismo, os sonhos
aparecem como uma revelação mais profunda do ser humano, em oposição à
racionalidade moderna.
Nietzsche(1992), no Nascimento da Tragédia, distingue os “sonhos” e o
“êxtase”, o primeiro como um princípio Apolíneo – ligado às artes plásticas e a
individuação; e o segundo como um princípio Dionisíaco – ligado à música e a livre
criação. Nos rituais com Tuim, música, cantos, roupas e a bebida de enteógenos
16
4.3 PAJELANÇA
O termo pajelança deriva de pajé, que é o nome dado à pessoa que transita
entre o mundo físico e espiritual, com uma finalidade social. Embora o uso mais
tradicional seja o de xamã e suas práticas o xamanismo, o termo pajé e pajelança
dizem respeito às tradições indígenas brasileiras.
O estado do ser funde estado do corpo e estado da mente. Por isso, quando
alguém, entre os Kaxinawa, vê fantasmas, yuxin ou outras aparições que
não pertencem à esfera da percepção cotidiana, ninguém questionará o fato
de ele ou ela realmente ter visto alguma coisa; se a percepção foi ou não
uma ilusão, isto é, uma “alucinação”, é algo não passível de discussão. Ter
alucinações significa perceber (através de um ou mais sentidos) o que não
existe na “realidade”. O conceito de “alucinação” não existe na língua
kaxinawa porque a concepção e a percepção da “realidade” são
radicalmente diferentes (LAGROU,2002 , p. 49).
3
Informação fornecida por Aristóteles Barcelos Neto, pela Internet - Curitiba- University of East Anglia, Reino
Unido, em janeiro de 2014.
21
seu grupo. Nesse sentido, os sonhos têm uma dimensão de conhecimento não
apenas para si próprio, mas para a comunidade. Isso só pode ser compreendido
através dos sonhos, que os pajés ou xamãs trazem de suas jornadas xamânicas
(ELIADE, 1978).
Tuim, após a experiência com sonhos, focou em sua missão reinventando sua
cultura e levando-a para outros lugares além de suas fronteiras físicas e culturais.
22
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Senti uma comunhão com Tuim, e parece que foi recíproca, pois houve o
convite para uma nova aventura antropológica, em sua aldeia a 4000 km de Curitiba.
Essa nova etapa seria uma imersão com os pajés dos sonhos e que Tuim se
prontificou de ser um mediador.
23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAMPBELL, Joseph. O poder do mito. trad. Carlos Felipe Moisés. São Paulo: Palas
Athena, 1990.
JUNG, Carl G. (et al.). O homem e seus símbolos. 2. Ed. Esp. Trad. Maria Lúcia
Pinho. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2008.
LAGROU, Elsje Maria. Prefácio. In: BARCELOS NETO, Aristóteles. A arte dos
sonhos. Lisboa – Portugal : Assirio & Alvaim, 2002.
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ANEXOS
ANEXO I - CADERNO DE CAMPO DIGITAL
07/03/13
Hoje é quinta-feira, estava em meu trabalho no Instituto Nacional de Pesquisas
Psicobiofísicas, dentro das Faculdades Integradas Espírita, na Cidade de Curitiba,
Paraná. Muito perto daqui, a 1 km, fica o Parque Barigui, local de minha etnografia.
Neste parque, a sociedade curitibana frequenta por vários interesses, desde saúde a
encontros amorosos e também de aparência.Neste dia ouvia a chuva lá fora, um
toró que afoga qualquer silêncio. Exatamente às 17h uma ex-aluna de
Parapsicologia me liga:
Juliez: - Regi, tenho uma boa notícia: vai ter um ritual xamânico hoje às 20:30,
daquele grupo indígena do Acre, que lhe falei.
Reginaldo: Puxa vida Jú, infelizmente eu não poderei ir, tenho um
compromisso já.
Juliez: - Ahhhhh, mas eles vão embora amanhã, quem sabe vocês possam se
encontrar.
Reginaldo: Se eles puderem, estarei livre de manhã e após as 16hs amanhã.
Juliez: Acho que vão acordar tarde amanhã, pois eles tem um ritual que vai
começar e terminar tarde hoje.
Reginaldo: Então se eles puderem, após as 16h estarei disponível
Juliez: OK!!, te aviso então. E se eu não te ligar, me ligue.
08/02/13:
Acabo de chegar em meu consultório de Parapsicologia e a Juliez me liga. Diz
que o grupo poderá ir após as 19hs. O local ideal é o Parque Barigui, no quiosque
da "esquina", como dizem os curitibanos.
Agora é 18:16hs, estacionado de frente para o Rio Bariguí e de costas para os
chalés, ponto de encontro com o pajé. Observo uma jovem de cabelos compridos,
sentada num skate, passa a minha frente, enquanto tento diminuir minha ansiedade
do encontro.
A água parada do rio e o movimento das pessoas, que andam ou correm, após um
dia de trabalho curitibano é a paisagem de espera. A pé ou de carro mostra o final
de semana, que antecede o carnaval.Corpos duros, corpos moles, moldados ou sem
moldes é a paisagem de um fim de tarde no parque. Qual será a representação que
o pajé fará sobre os corpos curitibano, ao chegar no parque? O que eles tem a dizer
sobre os corpos que dormem e tem sonhos?
Na literatura que ví sobre os sonhos dos índios ele se interessam e dão importância
a esse tema. Mas será que todos os grupos? e esse grupo, o que acha? Temo não
saber colocar as palavras e não ser entendido. Também temo não entender em sua
26
TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA.
T: Eu vou fazer uma conversa aqui, usar a medicina enquanto você trabalha. Eu vou
começar a conversar um pouco com ele.
R: Meu nome é Reginaldo, eu me interesso bastante pelas tradições indígenas. Já
na área de parapsicologia a gente se interessa bastante pelas tradições, curas,
sonhos, experiências que os xamãs tem, os pajés no caso aqui, e agora estou
fazendo estudo dentro da antropologia, por isso queria um contato, a gente estuda
mais literatura, por isso queria tem um contato mais direto, como este, que vocês
estão me oportunizando. Estou muito grato. Dentro desse contato, o que gostaria de
saber, seria um pouco mais sobre a tradição de vocês, de onde são, como se
denominam, se nos rituais de vocês existem algo ligado aos sonhos. Seria mais
dentro dos sonhos que gostaria de entender um pouco mais, e é claro, toda cultura.
São muitas perguntas, não precisa responder tudo.
R: Como é seu nome:
T:Boa noite, meu nome é Tuim, mais conhecido como Tuim nova Era. Sou do povo
Huni Kuin, mais conhecido como kaxinawa, mas o nome nativo seria Huni Kuin, que
significa o povo verdadeiro. Kaxinawa é o apelido do tempo de contato que o homem
branco teve com nós. Os Huni Kuin ..... Os chainauá, que chama o homem branco,
Chai se chama é como família, primo, é por isso que se chama Hei Chai. é
conhecido
Sou do Acre, no município de Tarauacá e a Terra indígena Rio Umaitá, Aldeia novo
futuro, 127 mil e 300 hec de terra, distribuido em cinco aldeia, Cada Aldeia como se
fosse seringal, vai subindo o rio, aí tem o seringal e sobe mais um a meia hora tem
outra aldeia. Cada aldeia é composta por liderança, o Cacique, Professor, Agente de
Saúde Agroflorestal trabalha m educação como Ibama indígena, coordenadoras das
mulheres, coordenadores da juventude, pajé. São todas essas categorias que
compõe na comunidade. Eu sou , represento lá o meu povo, trabalho na educação
ambiental como Ibama indígena, sistema agroflorestal. E ao mesmo tempo faço
parte de um organização nossa a ACIH - Associação Cultura Indígena do
Rio Humaitá - e exerço nessa organização como tesoureiro da associação. E ao
mesmo tempo sou incentivador, aluno incentivador preservador, como líder espiritual
da cultura da Cultura Huni Kuin.
R: Você é o líder espiritual
T: A gente incentiva toda essa cultura para que a gente não possa esquecer. Pelo
tempo do contato, foi muita perda do conhecimento, morreu muito dos nossos velhos
que tinha esse conhecimento, e os jovens foi pra esse outro lado da bebida
alcoólica, a destruição. Em 2000 pra ca quando eu comecei a sair da aldeia, pra
participar desses cursos em Rio Branco, que sistema agroflorestal, o curso era
basicamente de 45 dias, e ai eu pude conhecer um pouco, andei nas igrejas. Eu
atumava o Nixi Pae. O Nixi Pae é o Daime, o Ayuxuasca, tem muito outros nomes.
29
R: campu
T: Tradicional campu
T: Lá na aldeia que eu moro tem um igarapé que o nome chama iubuiá. iubu é a
jiboia, então os igarapés da jiboia. Enquanto o povo andava lá, era muita jiboia,
muita jiboia, muita cobra no igarapé, aí colocaram o nome batizaram com o nome
iubuiá. Ai o homem branco não soube dizer iubuiá aí acostumaram a dizer imbuia,
tem esse sotaque que nem a forma de campu, então tem essa medicina. Então toda
essa medicina ele é uma cura divina. Começa com o Nixi Pae. Todas as religião do
mundo elas são sagrada e tem poder de curar, sabe, dependendo da fé, porque o
que vale é a fé. Mas não tem uma religião no mundo que teja mais puder de que o
Nixi Pae, que o Daime.
R: que o Daime.
T: É, porque as religiões são criada e formada pelo homem. É o homem que estuda,
estuda, se forma passa para seu um pastor, que seja padre, que é demais, né?
R: hum
T: De forma que são criadas, da forma que as pessoas interessam. E o Nixi Pae, o
Daime, ele não é ciência e nem conhecimento de homem, ele é da natureza.
R: É da natureza, sim.
T: Então de tudo a gente () fala, com a grande espírito, com o Yuxibu, é sagrado ela
vale pura. Mas a gente se sente mais próximo do criador quando a gente toma
essas medicina. Né? consegue falar com ele. Então temos essa medicina sagrada,
esse aqui, ficou mais uns dois litros na casa deles, mas tem um pouco aqui, que
esse aqui tá muito especial também, divino.
J: É todo aquele meu? caramba, que beleza
R: E Yunus Maruska, é esse aqui, Juvenal ficou com o um pouco meu, esse aqui é
até dele. Ele ficou com meu potinho, tá com ele, mais tarde a gent vai se encontrar
com ele, mas eu tenho um pouquinho. Então, pra poder falar um pouco dessas
medicinas nós temos que usar um pouco. Você toma o Nixi Pa? Daime?
R: Sim, sim, já tomei
T: já né?
T: E Yunus Maruska, o Rapé, já usou alguma vez?
J: Aquele que usa no nariz
R: Já sim, sim
T: Tá bom, agora a gente vai dar uma rodada.
J: Vocês fizeram
?: O Rafael fez, aham.
31
R: iiii...
?: Mas, iii, eu não vou tomar daime, eu tenho que viajar amanha cedo, ainda nem
arrumei minha mala, eu vou ficar transtornada.
T: Então
R: No caso.
J: Se eu fosse você não perderia oportunidade
R: Como que foi sua iniciação como xamã, como lider espiritual, como que se deu.
T: Então, eu, realmente não divulgo o nome como pajé, né? Eu sou um estudante,
sobre a natureza, né?
R: hunhum
T: Eu considero como paje que são essas medicinas
R: Tá
T: Mas a gente estuda essa realidade da pajelança, que tem o nome assim de pajé,
né?
R: hunhum.
T: Porque eu nunca tive interesse de ter o nome de pajé, mas alguns dos irmãos
que me chamam eu agradeço é uma gratidão. Mas eu não coloco o nome disnivel
que eu sou pajé
R: Sim, você é um estudante.
T: Sim, sou um estudante. Mas assim, o pajé não se faz, o pajé já nasce, porque se
se fizesse qualquer um jé era um pajé. Porque eu mesmo lá não tem diferença,
porque não tem ninguém melhor que ninguém.
R: Sim
T: E nem ninguém pior de que ninguém. Tem pessoa diferente conhecimentos,
diferente categoria, né? Então se todos tivesse o mesmo pensamento, né?, o
interesse o sonho nosso, né e conhecesse essa mesma medicina, com certeza com
certeza o mundo teria um outra visão.
R: sei
T: Então não é todos. Então todos nós que estão presente, que tem esse interesse,
que tem esse amor sobre essa natureza ela recebe esse poder divino, né?
R: hunhum
T: Da pajelança da espiritualidade, por isso a gente se conectava. Todas pessoas
que seguem essa linha espiritual a gente parece que ha muito tempo já se conhece,
a gente se dá material, só no ver já chama atenção porque já faz parte da família.
R: Já faz parte de uma....
32
T: Exatamente. No fundo desse mistério todo mundo são indio. Dizendo assim que
o índio não é melhor que ninguém não.
R: Sei
T: Mas a gente já vem dessa origem, da tradição. De nascido nesta floresta, como
primeiro habitante do Brasil, mas também já vem dessa origem dessas medicina,
nascemos co essa medicina. Então desde criança, a primeira água que tomamos é o
Nixi Pa, primeira água; o primeiro banho é com as medicina, aí já viemo de lá com
essa espiritualidade da pajelança, desde pequeno a gente já vem já.
R: É a pessoa que identifica ou é o grupo que identifica que a pessoa tá vindo com
esse.
T: A gente já nasce, desde criança os pais, os irmãos já veem com aquela, com
aquele espírito, toda forma de se trabalhar, de conhecer, de poder falar, já vem
sabido com esses conhecimentos, depois se manifesta, a própria natureza
encaminha a gente, começar a aprender as medicina, começar a ter os
conhecimentos, começar a ter a missão sem nunca ter estudado ido a escola.
Porque eu nunca tinha ouvido, nunca fui estudado. A minha escola seria a floresta,
todo esse conhecimento que tô passando, todo esse conhecimento.
R: Então desde pequenino você já ia naturalmente ia buscar na floresta, buscar
esses conhecimentos, né
T: já ligado.
R: já ligado. E você teve alguma experiência, assim que você lembre de pequeno,
que te tocou bastante sobre isso?
T:Bem, Quando, da família todos. Quando eu comecei a me entender, eu comecei
logo assim ater, assim tipo um sonho
R: Um sonho
T: Um sonho assim de... ser a pessoa que eu sou
R: ahahmmm
T: De conhecer essa minha natureza e trabalhar esse lado espiritual. O meu maior
sonho era ser de, eu pudesse andar 15 minutos sem pisar no chão, como se
sumisse daqui.
R: Unhum....
T: Sabe, quinze minutos
R: Você tinha quantos anos?
T: Eu comecei com 6 anos
R: seis anos.conhecer um pouco da realidade da cultura tem nois também de
conhecer esse lado, esse mundo. Aí além dos conhecimento tradicional que a gente
já tinha, que T: seis anos a estudar. E comecei primeiro a aprender diante das
medicinas que eu já conhecia, mas como tem uns dos irmãos como você, os
33
chainauás que tem o interesse de eu tava aprendendo, mas eu aprofundei mais pra
aprender as orações, as devoções né? todos santas e santos que existe, que tem,
eu comecei a aprender. Primeiro eu comecei, a minha mãe passou uma oração que,
é de nossa senhora do desespero, quando passar um ano rezando, um ano, todo
dia rezando, que todos os meus sonhos iria dar certo. Que eu sonhasse, antes de
acontecer eu sonhasse. Então se diz, pensasse, né? E até o dia que eu fosse fazer
a minha passagem eu ia tar sabendo o dia e horário que eu fazer minha passagem.
R: Até a passagem, a questão da...
T: Aí eu comecei a estudar, o primeiro meu foco, que eu comecei a estudar ela me
deu, eu comecei a estudar salmo é? E ela entregou a missão. E eu tinha que
estudar pra aprender, porque seu não aprendiz na oração memo fala assim que se a
gente não aprendeu, usar e não aprender, a gente irá se arrepender na porta do
inferno. Aí então botei seguro. E aí comecei, é. Aí depois tive rodando assim, ai
conhecendo esse mundo também, muito jovem também, porque quando meu pai
teve a passagem eu era bem piquininho. Piquininho ainda eu sou, (risos) eu era
criança, (risos) eu era criança. Aí eu tive interesse de aprender também. Bom, agora
o que eu vou fazer? Aí eu comecei, eu passei, acho que foi bem três mês, né?,
aprendendo lutando a capoeira, depois eu passei mais um mês, aprender a lutar
karate, aprendendo como alem de ser da floresta, mais de ser um índio guerreiro
R: sim
T: todo lado tá preparada, né? Material espiritual, aí comecei, ai disse agora eu vou
passar pra outra oração, fonte, aí teve um chaina, eu perguntei, ele disse tinha um
oração muito bom, né? eu num sabia, ele passou uma oração que ela não faz parte
dessa linha, dessa luz clara, né? foi muito forte pra mim, ai essa aí eu andei
dismaiando, o meu tio chegou lá, eu era muito jovem, não me deixou mais, mandou
eu jogar essa oração e jogou. Mais era pra lutar com sete ponto de faca.
R: Nossa
T: Era como si entrasse assim num tipo briga ai fosse tipo, lutasse com sete
pessoas. Eu entrar aqui e vence sete pessoas. Aí com sete ponto de faca. Aí a
primeira vez que eu peguei, que eu rezei essa oração que o chai me deu, aí eu fui
pra mata caçar e aí eu dismaei, topei com muitos outros animais, aí eu não ví nada,
se eu vi por mim meu primo tava me chamando, eu tava arriado no chão
R: unhum...
T: Ai eu vim de lá pra cá, aí meu tio me conheceu primeiro, falou pra mim, se
perguntou que horas são, o que eu tava usando? falei pra ele, mostrei pra ele que
não era bom, não era pra mim. Aí fez uma reza, umas curas em mim, banho de
medicina de (.....) Aí eu voltei novamente de novo. E quando eu comecei a
trabalhar, essa questão e voltar , o principal memo era a cultura, as medicinas isso
aí então, vou deixar isso pra lá, respeito, todas missão exige respeito, tem um maior
carinho, mas a minha missão seria voltada a minha realidade, das medicina
R: das medicina
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?: E não sente nada, eu pensei, imaginei, ah será que eu vou sentir alguma coisa,
não, você só sente limpa, assim. Não é que como o daime, qe você ve, sente , não!!
ele só vai colocar, você sente teu nariz desprende, tudo fica, você respira melhor
J: Ah, eu vou pegar um papel
R: Tuim, posso tirar foto?
T: Agora?,
R: Sim
T:Pode. Pra você mesmo eu tiro de coração. Mas nem todo momento eu gosto de tá
tirando foto.
R: Eu só vou tirar antes de você começar, pra depois se eu precisar
T: Haux, Ayahuasca (quando se tirou foto)
[...]Falas sobre a foto.....
?: o que é haux haux haux?
T: haux haux haux é a palavra de de afirmamento. Que assim seja!!
?: não é yahoo?
J: isso aí não é da origem deles
?: é americano, né?
J: é, mas é que daí é xamanismo, né, aqui é a pajelança.
?: ah tá!!
J: Entendeu?
?: Entendi, então é a mesma, quase a mesma coisa, só que é de origem diferente.
J: eu não sei o significado do yahoo, tem que procurar com pro Gass, talvez ele
saiba.
?: é porque eu procurei.
J: Quem é muito bom pra falar sobre o xamanismo é o Renato, é um índião lá, bem
bonito. Um de camisa xadrez vermelha
?: ah eu sei, que tem um cabelo grande, sei, bonito, hahahah
T: só pra dar uma força memo. haux haux haux (depois ele fala na lingua nativa)
expressa: xixixixixixixixixi
T: algum de vocês vão usar?
?: hum hum
T: É só o rapé, o nixi pa a gente não vai tuma não, tô duas noite sem durmir.
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R: Tá difícil pra eu fazer as perguntas segui a... porque..... é, antes de você chegar
aqui, minha irmã ligou pra dizer que estava passando uma situação difícil, então já
fiquei um pouquinho sentindo já, né? mas eu vou tentar continuar, né? mas mandei,
essa medicina pra ela, né? lá pra minha casa, e agradecer profundamente essa
união né?, que nosso encontro favoreceu. O que eu queria também saber, se for
possível, se os sonhos , no grupo de vocês, se eles tem importância? como que
vocês entendem os sonhos? se você já teve algumas experiências durante os
sonhos.
R: Então, Assim, é que na nossa forma da tradição, igualmente o lado do mundo
também né?, cada um segue a sua missão. Então tem uns que é mais voltado ao
sonho, contato mesmo com a natureza, que faz parte de todos os seres. Como uma
jibóia, um gavião real chamado de nauatutu, também da água, da terra. do sol, da
estrela e toda essa floresta, tem uma tradição muito forte, só que eu ainda não me
manifestei pra aprofundar esse estudo desse lado do sonho, mas tenho, do lado do
meu tio como pajé, você conheceu?
J: o pai da floresta
T: o pai da mata, o meu tio que apresenta lá como pajé, ele é um jovem também.
Tivemos aqui em Curitiba, a J. conheceu, inclusive agora passou pra se encontrar
com a gente, vai tá lá, cara manda bem. Nós chamamos que a gente não é artista
né?, a gente chama a força, mas ele manda muito bem. Ele tem energia pra pra
poder cantar [truco]. Mas que é legal esse nosso encontro aqui, vou parar só por
aqui, a gente chega até de conversar com o pajé. Eu te informo muito bem, porque
não vou me comprometer, a que eu não vou querer inventar roda, porque aqui
dentro dessa verdade, Tuim é bem pequeno, o cara vacilou já era
R: Ah, certo
T: Então só informo o nível que posso informar, mas é muito bonito, é muito lindo, a
gente consagra muito.
R: Consagra muito os sonhos, ahanm
T: sonha no outro dia, sonha no outro dia, que tem que tá preparado. É verdade, é o
nosso espírito, né?
R: isso
T: O nosso sonho é o nosso espírito, que trabalha, que viaja, que encontra com
outros espíritos. Então tudo é verdade, que nosso espírito são verdadeiro.
R: Você, pessoalmente, já teve algum sonho que foi bastante revelador, ou então foi
importante pra você?
T: Sim, mas que seria outro momento
R: outro momento
T: A gente conversar melhor
R: Tá
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