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Prática Integrativa I

Universidade de Fortaleza
Novembro 2017
UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A PSICOLOGIA CLÍNICA E A
PSICOLOGIA JURÍDICA

Autores: Edvania Mourato de Souza e Ilton Aparecido de Paiva


Profª. Orientadora: Larissa Siqueira Cavalcante

Palavras-chave: Estudo. Psicologia. Clínica. Jurídica. Atuação

Resumo
O presente trabalho teve como objetivo conhecer áreas de atuação do psicólogo utilizando
de metodologia qualitativa de campo com entrevista semiestruturada. Este trabalho
acadêmico trata de duas áreas da psicologia: a clínica e a jurídica. Conceitua-se a
psicologia clínica e a jurídica, e delimita-se seu objeto e campo de atuação. Por meio de
entrevista semiaberta de um profissional de cada área, levanta-se dados para um estudo
comparativo apontando semelhanças e distinções entre as mesmas. Buscou-se uma
compreensão acerca de aspectos como abordagens teóricas, publico alvo, mercado de
trabalho, principais dificuldades enfrentadas por cada profissional nesse âmbito. Através
dessa experiência foi possível desenvolver algumas habilidades como a escuta, fala e
condução da entrevista para os fins planejados.

Introdução
A Psicologia como ciência teve início a partir de Wundt e James no fim do século
XIX, destacando os referidos autores como pioneiros da psicologia científica, dessa forma
de psicologia moderna. (ABIB, 2009). Sendo Wilhelm Wundt, considerado o fundador da
psicologia moderna e como disciplina acadêmica formal, instalando o a primeiro
laboratório em Leibniz, também, lançando a primeira revista especializada dando início à
psicologia experimental como ciência. (SCHULTZ E SCHULTZ, 2014)
A psicologia subdivide-se em várias áreas específicas. Entre elas, está a psicologia
clínica e a psicologia jurídica, de acordo com Moreira, Romagnoli e Neves (2007) a
psicologia clínica está diretamente ligada ao consultório, local onde ocorre a escuta e a
acolhida do sujeito de forma individual como também no âmbito grupal e coletivo.
A psicologia jurídica, sendo outra especialidade da psicologia, é relacionada ao
conhecimento de condutas complexas e relevantes de um indivíduo no contexto jurídico,
dentre várias competências de um psicólogo jurídico estão as realizações de avaliações
psicológicas e pericias. (FRANÇA, 2004)
Historicamente, a Psicologia Jurídica tem se iniciou com reconhecimento da
profissão, na década de 1960. Essa inserção se deu de modo gradual e lento, muitas vezes
de maneira informal, por meio de trabalhos voluntários. Os primeiros trabalhos ocorreram
na área criminal, enfocando estudos acerca de adultos criminosos e adolescentes infratores
da lei (Rovinski, 2002). A partir da promulgação da Lei de Execução Penal (Lei Federal nº
7.210/84) Brasil (1984), o psicólogo passou a ser reconhecido legalmente pela instituição
penitenciária (Fernandes,1998).
A Resolução nº 13 do Conselho Federal de Psicologia (CFP), de 14 de setembro de
2007, que institui a Consolidação das Resoluções relativas ao Título Profissional de
Especialista em Psicologia e dispõe sobre normas e procedimentos para seu registro,
dispõe no artigo 3º, inc. IV e VI, a psicologia jurídica a clínica como especialidades a
serem registradas no CFP por psicólogos que tenha cursado a especialização para fins de
concessão do registro de título profissional de especialista em psicologia. No anexo II da
resolução 13/2007 do CFP há a definição legal das especialidades. De modo que o
psicólogo jurídico atua no âmbito da justiça fornecendo subsídios aos processos judiciais
para avaliação das características das personalidades dos sujeitos do processo, tais como
condições intelectuais e emocionais de crianças, adolescentes e adultos atestando as
(in)sanidades ou deficiências mentais. Atua em processos judiciais de posse e guarda de
crianças e realizando testes psicométricos ou de técnicas psicológicas para colaborar na
determinação da responsabilidade por atos criminosos ou análogos a crime. Também
realiza perícias no âmbito da justiça cível, criminal e trabalhista e dá suporte ao sistema
penitenciário no que tange ao aspecto psicológico dos sujeitos componentes do sistema,
além de outras funções como a assistência aos elementos constituintes de uma família em
processos afins.
A psicologia jurídica também atende as crianças e adolescente em audiências nas
Varas de Família e/ou da Infância e Juventude quando da realização dos depoimentos sem
danos, em que a colheita do depoimento acontece em sala apartada dos outros sujeitos
processuais, com vista a manter a integridade psicológica do depoente e extrair o máximo
da verdade dos fatos sem se sentir constrangida pela presença do seu ofensor. De modo que
nessa sala ficam apenas o psicólogo e a criança, à qual responde a perguntas feitas pelo
magistrado através do psicólogo utilizando um ponto eletrônico (Brito & Parente, 2012)
O(a) psicólogo(a) clínico(a) é definido(a) na Resolução 13/2007 do CFP como o
profissional que atua na área específica da saúde em diferentes contextos, através de
intervenções a nível individual, grupal, social e institucional que visam reduzir o
sofrimento do homem, levando em conta a complexidade humana e sua subjetividade.
Também, desenvolve atendimentos terapêuticos, em diversas modalidades, tais como
psicoterapia individual, de casal, familiar ou em grupo, psicoterapia lúdica, terapia
psicomotora, arteterapia, orientação de pais e outros.
O psicólogo que atua na psicologia clínica desenvolve suas atividades de forma
individual ou com apoio de outros profissionais dependendo da demanda do paciente.
Desenvolve o seu trabalho na área especifica da saúde contribuindo no entendimento dos
fenômenos intra ou interpessoais, com técnicas preventivas ou curativas. Pode-se realizar
na área clinica avaliações, diagnostico, acompanhamento psicológico, observações, testes,
dinâmicas de grupo, podendo ser o atendimento individual ou em grupo, familiar ou casal,
adequado as diversas faixas etárias desde crianças a idosos. (BRASIL, 1992)
A psicologia clínica pode ser aplicada através de diferentes abordagens teóricas
como a psicologia humanista que surgiu na América no Norte há cerca de cinquenta anos
compondo parte de uma terceira força dentro da psicologia com o intuito de contribuir para
mudança da visão de homem promovida pelo Behaviorismo e pela psicanálise.
(CASTAÑON, 2007)
De acordo com Gomes, Holanda e Gauer (2004) dentre as teorias psicológicas
utilizadas na psicologia humanista estão: abordagem centrada na pessoa, Gestalt-Terapia,
psicodrama e logoterapia. Dessa forma se deteremos a abordar apenas aspectos breves dos
fundamentos do psicodrama que foi criado pelo Jacob Levy Moreno durante o século XX
na Áustria. Moreno teve influência da fenomenologia existencial onde trouxe uma proposta
diferenciada dos modelos tradicionais científicos. Utilizou-se da arte cênica como
expressão da realidade de problemas oriundos do contexto social, as dramatizações não se
limitavam apenas a situações do presente, mas também situações já vivenciadas ou que
nunca aconteceram possibilitando assim a liberdade de expressão do sujeito dentro da
psicoterapia. (VIEIRA E VANDERNBERGUE, 2014)
O presente estudo tem como principal objetivo conhecer a área de atuação do
psicólogo, com enfoque na psicologia clínica e na psicologia jurídica, realizando o diálogo
entre esses dois segmentos compreendendo suas constituições e suas diversidades através
da disciplina de Prática Integrativa I em que foi oportunizado uma aproximação com a
realidade vivenciada pelos psicólogos que atuam nessas áreas.
Esse trabalho se justifica pela relevância para a formação acadêmica dos discentes
do curso de Psicologia, bem como de outros profissionais da psicologia ou de áreas
diversas e/ou correlatas na tentativa, sem exaurir o tema, de investigar o que há em comum
e distinto entre a psicologia clínica e a psicologia jurídica.
Metodologia

A metodologia adotada para elaboração deste trabalho acadêmico foi entrevista


semiaberta com um psicólogo de cada área objeto deste artigo. Contatou-se cada psicólogo
e se agendou horários de acordo com suas disponibilidades. Compareceu-se ao local e hora
e se realizou a coleta de dados através de uma entrevista, à qual foi gravada e transcrita,
mediante consentimento. Entrevistou-se a psicóloga jurídica por aproximadamente 1(uma)
hora e a psicóloga clínica por cerca de 30 minutos. Buscou-se analisar a temática proposta
por meio de uma pesquisa qualitativa de campo com as orientações e supervisão da
professora Larissa Siqueira.

Resultados e Discussão

Através da entrevista semiaberta, foram obtidas respostas para sete perguntas


formuladas ao psicólogo clínico e ao psicólogo jurídico para obtenção de dados no intuito
de elaborar um estudo comparativo. Com essas informações, compara-se as categorias de
atuação, escolha pessoal e mercado de trabalho.
No aspecto da atuação dos dois profissionais, um dos pontos em comum é o
atendimento a casais. A psicóloga jurídica é um profissional especializado que atua em
separações litigiosas de casais, inventários, questões jurídicas entre famílias. De modo a
perceber o que há por detrás das questões envolvendo direitos, com vistas a descortinar
causas psíquicas que influenciam na lide dos casais e orientar os elementos humanos
envolvidos à uma solução jurídica por meio do profissional habilitado, acionando o
judiciário ou não, em virtude da possibilidade da via das soluções extrajudiciais. Nisso
distingue-se da psicóloga jurídica, quanto ao conhecimento jurídico, pois a psicóloga
clínica não detém o conhecimento jurídico.
A teoria adotada na atuação profissional da psicóloga clínica é o psicodrama em que
ela, através da observação das expressões faciais, corporais, não se detendo apenas à fala
do paciente, ela consegue vê-lo amplamente. Por meio, também, de encenações do paciente
ela extrai o material para constituir o diagnóstico e as causas das angústias, sofrimentos
etc. Ainda no aspecto da atuação, as duas profissionais atuam no modelo de abordagem
humanista em que segundo elas, é uma forma de enxergar o mundo através do paciente;
ver o todo.
O sujeito inserido no mundo, sendo parte de um complexo maior. Analisando-o não
como sujeito isolado no mundo, mas sendo pertencente e atuante no mundo em que está
inserido. É uma análise do sujeito humano em si mesmo. Coaduna-se com o entendimento
encontrado na literatura das teorias psicológicas:
O humano concebido como fim último de uma determinada teoria de
conhecimento, abordagem ou postura ética é um denominador comum
presente nas diversas acepções sobre o humanismo. Ele "... surge então
como um questionamento, uma procura pelo sentido de ser deste homem.
É um esforço contínuo pela compreensão de sua totalidade, pela sua
consideração integral" (Holanda, 1998, p.21).

No que tange às habilidades para o desempenho na área escolhida, são divergentes,


pois a psicóloga jurídica necessita de conhecimentos jurídicos para poder entender o
contexto em que o paciente está inserido juridicamente, como em ações judiciais que
versam sobre família, adoções, presos, interdições. Ao passo que a psicóloga clínica não
necessita desses conhecimentos para sua atuação com os pacientes atendidos por ela.
Em resposta à relação profissional com a psiquiatria, levantou-se dados da psicóloga
jurídica de modo a notar que há uma boa relação entre eles, no que tange ao tratamento dos
pacientes. Houve pontos distintos em relação à psicóloga clínica que informou que nem
sempre há um bom diálogo entre ela e os psiquiatras.
Na categoria de dados que dizem respeito à escolha da área de atuação por parte das
profissionais investigadas, tem-se como ponto distinto à época e a motivação. A psicóloga
jurídica escolheu essa área, após a formação acadêmica, tendo como motivos propulsores à
tal escolha: questões pessoais, tendo como start um inventário em família, sendo que o pai
era advogado, e ela viu uma forma de se aproximar do direito e que havia algo por detrás
das questões jurídica, algo de cunho psicológico. Enquanto a outra profissional decidiu
atuar na área clínica, ainda no curso de graduação em Psicologia, consolidando essa
escolha ao estagiar na área clínica, motivada pela completude profissional ao desenvolver o
sujeito que buscam atendimento psicológico.
Na categoria pergunta sobre mercado de trabalho, as duas profissionais têm em
comum a percepção de que o profissional autônomo depende muito da demanda de
pacientes que implica em uma remuneração mensal variável ao psicólogo. Destacando a
vontade da psicóloga jurídica em obter estabilidade financeira e atuar mais detidamente em
tribunais por ingresso via concurso público na área forense.
A psicóloga clínica entrevistada tem como abordagem o humanismo com enfoque no
psicodrama, atende de pré-adolescente a idosos, casais e grupo. A mesma escolheu essa
área por que desde graduação já tinha um interesse muito grande pela clínica. Acredita
que as habilidades e competências necessárias para atuar na clínica são: ética, respeito,
confiança, empatia, acolhimento, escuta atenta, sensibilidade e muito estudo. Sobre as
maiores dificuldades enfrentadas nessa área de atuação é ser um profissional autônomo que
depende da demanda de cliente no consultório.

Considerações Finais

Conclui-se que a psicologia jurídica e a psicologia clínica, são profissões


regulamentadas em lei e que seu objeto de estudo, no caso analisado, é o homem e suas
relações com a sociedade, família etc. As habilidades para atuação são peculiares a cada
área, a abordagem escolhida pelo profissional guia a atividade do psicólogo quanto o modo
de captar os elementos para a consecução da solução dos problemas enfrentados pelo
paciente.

Embora a abordagem humanista seja a mesma adotada pelos profissionais das duas
áreas, há nuances próprios nas técnicas adotadas, como no caso a teoria psicodrama
utilizada pela psicóloga clínica que não é utilizada pela psicóloga jurídica.
Problemas enfrentados na profissão podem ser em comum, no caso em comento, a
quantidade de pacientes não ser a esperada para atendimento. Contudo, nas relações
profissionais com psiquiatras, nem sempre pode haver boas relações no compartilhamento
de informações e sugestões com o fito de se atingir o bem-estar do paciente. Também, se
conclui que os ambientes de trabalho dos profissionais são distintos, uma atuando em
clínicas, empresas etc. Enquanto, a psicologia jurídica atua em ambiente forense, perícias,
penitenciárias etc.

A prática integrativa realizada com profissionais de psicologia possibilitou um


conhecimento mais amplo acerca da atuação psicológica na área clinica e jurídica e as
diversidades de seu trabalho, permitiu também desenvolver habilidades de escuta, fala e o
exercício de entrevistador através da elaboração de uma entrevista semiestruturada e da
aplicação da mesma, o que é de extrema importância para os graduandos do curso de
psicologia.
Referências

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http://site.cfp.org.br/legislacao/resolucoes-docfp/?
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Tradução Marilia de Moura Zanella, Suely Sonoe Murai Cuccio e Cintia Naomi Uemura. --
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humanistas: escutando vivências de psicodramatistas e gestalt-terapeutas. Psicol.
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.
Apêndices

Apêndice 1: Transcrição da entrevista com psicóloga clínica


Apêndice 1:
ENTREVISTA- PSICOLOGA CLÍNICA

• Fala um pouco sobre a psicologia clínica.

R. Minha abordagem é humanista, eu sou psicodramatista, né eu sou, eu trabalho dentro das linhas
humanista e sou psicodramatista, tenho especialização em psicodrama e relações humanas e sou
formada pela FEBRAP como psicodramatista que é a federação brasileira de psicodrama, entre das
formações, a minha formação dentro do embasamento teórico de trabalho é o psicodrama, as linhas
humanistas a gente envereda por elas, e assim aqui na clínica o meu trabalho, eu tanto trabalho com
atendimento individual, eu atendo de pré-adolescente, adolescente, adulto, idoso e casal aqui na
clínica, eu só não atendo criança muito pequenininhas, mas dentro realmente desse espectro dessa
faixa etária de pré-adolescente eu já atendo e trabalho também , faço atendimento de grupo, né ?
Aqui na clínica a minha abordagem ela me norteia na leitura, o atendimento clínico, nós somos
suspeitos para falar, mas é um trabalho muito especial assim como todos os outros, onde você
realmente se depara com o sujeito dentro de toda uma série de questões, sofrimentos, angústias, e
na clínica você se depara com todas as questões, né ? Tudo inerente ao ser humano, a gente se
depara para poder realmente estar fazendo esses enfrentamentos e tá auxiliando esse sujeito que
chega aqui com esse pedido de ajuda a ter uma caminhada mais plena e mais saudável dentro de
um autoconhecimento. Quando se trata de grupo também da melhor forma, só que as técnicas e a
forma realmente de atuação é um pouco diferenciado, mas o trabalho com grupo também é um
trabalho fantástico que promove realmente um entendimento muito bom, por que ali o indivíduo
ele tá numa micro sociedade quando está no grupo, ele estabelece aquela relação, mais ele
consegue ter enfrentamentos entre o sujeito e vai conseguindo realmente se descobrir também nas
relações, são trabalhos diferenciados mas todos os dois muito propício ao sujeito de uma forma
geral. Então assim, vocês podem me perguntando para mim ir direcionando a minha fala para o que
interessa né? As dúvidas de vocês, perguntas, questionamentos.

2. Como ocorreu a escolha por essa área?


R. Desde quando eu estava na faculdade, desde mesmo do início eu já me interessei muito pelo
atendimento clinico, em nível de leitura, formas de atuação, o trabalho mesmo em si, não só por
aquela visão mais bela né que é como o psicólogo só fosse psicólogo se estivesse na íe isso não é
uma verdade, nós podemos atuar em diversos, onde tem gente, haha, nós estamos né, nós podemos
atuar e o trabalho do psicólogo ele é belíssimo em cada local, hospital, escola, na área jurídica, em
organizações, né, o nosso olhar pro ser humano é um olhar muito diferenciado, então em todos os
locais que nós estamos, a gente pode contribuir de uma forma muito significativa, a minha
identificação pela clínica não foi só por essa ideia mais do sonho, esse coisa da utopia, do
psicólogo clinico, eu realmente sempre me interessei pelo tipo de trabalho que é desenvolvido aqui
com o sujeito né, e ai logo no início eu sempre estive tanto na clínica quanto na organizacional a
nível de estagio, então eu tanto estagiei na área organizacional como estagiei na área clínica, à
medida que eu fui estagiando eu fui conhecendo eu fui me envolvendo eu fui vendo realmente que
era uma atuação que me completava profissionalmente, conheci também outros espaços que eu
acho muito importante na formação, visitei penitenciarias, visitei escolas, visitei hospitais , fiz
trabalhos nesses espaços, por que a formação acadêmica ela existe exatamente para isso, ela nos
permite dentro de um local seguro e supervisionada para que a gente possa conhecer e ter contato
com esses diversos ambientes em que nós podemos atuar para a gente poder ter uma ideia de onde
é que a gente quer estar e tenho hoje colegas que trabalham em lugares diversos e quando a gente
senta para conversar a troca é muito rica, ne, cada um dentro daquele local onde seu coração está,
né? Eu sempre brinco dizendo que meu coração sempre pulsou mais forte dentro da clínica, a
organização é um local que eu também amo muito, trabalhei durante muito tempo lá e sei realmente
que se um dia eu quiser voltar as portas estão abertas. Os locais onde eu estive mas sabe onde o
coração bate mais forte, ne? Então, assim, a clínica sempre foi um local muito, muito confortável e
muito feliz para mim. E à medida que eu comecei a atuação já no estágio supervisionado eu não
tive dúvidas, eu só fui tendo mais certeza que era um local que eu me sentia muito bem para
trabalhar. Mas o fato deu poder ter dentro da minha formação, conhecido espaços diversos me
ajudou muito a poder ter certeza da minha escolha, né? Porque assim os estágios, as visitas, são
muito importantes para a gente aproveitar no período de formação porque é simplesmente muito
rico e é o que nos permite trilhar determinados caminhos dentro da nossa vida profissional.

3. Qual público que você atende?


R. Atende de forma individual pré-adolescente, adolescente, adulto, idoso, casal e atendimento de
grupo.

4. Qual sua abordagem?


R. Abordagem humanista, psicodrama.

5. Quais as habilidades e competências necessárias para atuar na psicologia clínica?


R. Eu acho que para a nossa atuação de forma geral na clínica especificamente, mas eu acho que
isso se estende para outras áreas a gente tem que ter muita sensibilidade para ler, enxergar o outro
além do que está sendo expresso de forma direta, na clínica o meu olhar para o meu paciente não é
só dentro do que ele fala, né, eu consigo, eu procuro estar aqui para ver, perceber em toda sua
amplitude, dentro da forma da sua expressões, corporal, facial por que o corpo fala, as vezes o
corpo fala mais do que a gente diz, ne, então aqui na clínica a gente precisa ouvir mais do que o
paciente está dizendo, ou o que ele está tentando dizer, então esses pequenos sinais são muito
importantes, você tem que olhar para o paciente como um todo, não só dentro da sua expressão
verbal, sua expressão em nível de sensação, a forma como ele está, o humor, ne, então assim essa
sensibilidade é muito importante você precisa estar aqui pelo outro e para o outro, não é você, não
é suas questões, suas opiniões ou que quer que seja. E esse ambiente se o paciente não se sente
livre aqui ele não tem como expor o que ele precisa para gente trabalhar, a gente sabe que na nossa
sociedade no nosso ciclo tem muito preconceito, tem muitas coisas pré-estabelecidas, então o
ambiente da clínica tem que ser um ambiente em que o sujeito pode ser o que ele com tudo que ele
tem de bom e o que ele quer melhorar e o que tá fazendo ele sofrer, por que se esse ambiente ele
não é esse ambiente que acolhe, que permite, se o paciente ele não sente no seu terapeuta abertura
para poder falar sobre tudo a coisa não acontece, ne então assim não é um lugar de permissividade,
ne, por que aqui nós temos o controle desse espaço, mas a gente precisa acolher esse sujeito que
seja com dor, ne que seja com algo que lhe incomoda, algo que muitas vezes lhe empata de tá
vivendo a vida da melhor forma. Então, eu realmente acho que essa abertura, essa disponibilidade
para o acolhimento essa escuta atenta, esse olhar para o sujeito de uma forma mais ampla e essa
certeza de que nos juntos podemos fazer algo, agora sem o complexo de poder, eu sempre coloco
para os meus pacientes, eu não tenho bola de cristal, eu não leio mão, eu não leio áurea, eu não faço
magica, eu preciso de você aqui comigo, profissionalmente eu posso ir a certo ponto, de lá pra cá
eu preciso que você caminhe até mim eu preciso que você me permita estar com você, no momento
que você me der essa permissão, a gente consegue construir alguma coisa, e essa permissão é muito
baseada numa relação de confiança que se estabelece dentro do que a gente chama de vínculo
terapêutico, ne e esse vínculo ele é construído e estabelecido, envolve confiança, envolve empatia,
envolve respeito de ambas as partes e eu sempre coloco quando eu falo, quando eu converso, já
tive oportunidade de conversar com outros alunos que estão querendo enveredar pela clínica que
buscam essas primeiras informações e eu sempre digo, vocês estão tocando, vocês estão querendo
tocar no que tem de mais precioso, que é a história, a dor, a alegria, ne, o paciente na clínica ele
confia o que ele tem de mais precioso que é a história dele, é a dor dele, é o sofrimento dele, então
no mínimo o que você deve ter é respeito e muita gratidão por essa entrega, e ai profissionalmente
você se entrega junto para as coisas acontecerem, então todo o qualquer paciente ele precisa se
sentir assim respeitado, ouvido, é esse nível realmente de importância, de singularidade para que
ele possa realmente se envolver na clínica. Infelizmente alguns pacientes não conseguem né e não
permanecem, até por que eu acredito que cada coisa tem sua hora, ne, a gente também tem que tá
preparado para pode fazer terapia mais o profissional que está desse lado tem que ter essa
sensibilidade, esse respeito e essa disponibilidade para poder ouvir , ne , por que na clínica você
escuta de tudo, quando você ouvir dizer que é tudo, é tudo inclusive pelo que não está passando na
sua cabeça de vocês , é tudo, então o paciente precisa realmente se sentir acolhido e precisa
enxergar nesse local e construir nesse local, um local que ele pode ser, que ele pode esta e que será,
por que se não houve entrega não tem como a gente trabalhar. Acredito que essa responsabilidade,
esse olhar, essa sensibilidade, esta empatia somada a todo um aparato técnico, você tem estudar
muito, você tem que ler muito, tem que tá o tempo todo buscando possibilidades, saídas, leituras,
temas, discursões com outros colegas pra poder tá dando ao teu paciente o aparato mais completo
possível, né porque trabalho na clinica não é só o tempo que eu estou com ele aqui ouvindo durante
cinquenta, sessenta minutos, fora daqui nos bastidores existe todo um trabalho técnico ao nível de
planejamento terapêutico para essa pessoa que está aqui. Então, assim essa retaguarda ela tem que
existir de uma forma muito responsável por que você tem que saber o que está fazendo, não adianta
você pegar essa vida e simplesmente está aqui ouvindo sem nenhum direcionamento, e aí envolve a
coisa mesmo do respeito e responsabilidade que a gente tem com nossa profissão, quando eu penso
em psicologia clínica eu penso nisso tudo, né que eu acredito que isso tudo é do psicólogo, estando
aqui estando na organização, estando no hospital estando em qualquer lugar, mas esse, outra coisa
muito importante, o nosso auto cuidado, a nossa estrutura para esta aqui ouvindo a dor de outra
pessoa, então eu tenho que fazer terapia sim, eu tenho que me cuidar sim, eu tenho que estudar sim,
eu tenho que me preparar para ter uma estrutura para esta aqui, por que ouvir o outro não é simples,
ouvir o outro não é uma coisa fácil, então se eu não me cuido dentro do meu lugar emocional como
é que eu vou da algo para alguém, por que muitas vezes o paciente chega aqui e ele toca em
questões que também são nossas, então se eu não estiver muito bem, ou pelo menos dentro de um
processo para esta bem aqui como é que eu vou conseguir dialogar e isso é muito forte, pode pensar
que não mais você acabou de terminar teu relacionamento ai um paciente por que eu terminei, isso
toca você, isso meche, então tem que se cuidar, não dá pra tá aqui sem um cuidado também
pessoal, isso também é uma responsabilidade, a minha responsabilidade ética também perpassa o
meu auto cuidado pelo meu fortalecimento tanto técnico com pessoal para poder estar aqui. Por que
quando eu tô aqui pelo menos o meu objetivo e eu parto do pressuposto e dos colegas também, eu
desejo está aqui pelo o melhor para quem me confia a sua história, ne , então eu vou fazer o que for
possível para poder estar aqui da melhor forma, por que é uma responsabilidade muito grande, ne
ouvir não é uma coisa fácil, ouvir e enlaçar tecnicamente , fazer esse processamento não é uma
coisa fácil, mas é muito gratificante, para quem gosta da clínica, para quem gosta de atuar na
clínica, eu particularmente sou apaixonada pelo que faço, é algo realmente que me faz está aqui
todos os dias e o cansaço passa e a gente realmente estar aqui bem entregue, mas enfim ne, acho
que é isso.
6. Quais as maiores dificuldades enfrentadas na psicologia clínica?
R. Dificuldade referente a ser profissional autônomo, principalmente no país em que estamos nos
precisamos nos organizar financeiramente e ter uma organização, nos resguardar dos nossos
direitos, a instabilidade de não estar com o cliente, pois é fato, pacientes em e pacientes vão, tem
períodos de baixas.

7. Como ocorre a relação com a psiquiatria?


R. Sempre procuro está próxima dos psiquiatras que acompanham meus pacientes, alguns são
ótimos tem um bom diálogo e outros nem tanto, mais sempre estou ligando, perguntando,
interagindo. E quando essa interação ocorre o paciente ganha muito, é sempre muito bom.

Apêndice 2: Transcrição da entrevista com psicóloga jurídica


Apêndice 2:
ENTREVISTA- PSICÓLOGA JURÍDICA

1.O que é a Psicologia Jurídica?


R.É justamente o enlace entre os conhecimentos do direito com os conhecimentos da
Psicologia no sentido de... ajudar mesmo, não é? De ampliar esses conhecimentos, porque
o que se percebe é que o direito é muito voltado para as leis, muito objetivo, né? Ele é
necessário, mas acaba deixando de lado uma parte que é muito importante, que é a
subjetividade humana. E preciso desse olhar, é lógico que o Direito sempre vai seguir as
regras constitucionais, isso é claro, é óbvio e necessário, né? Mas, acontece que a nossa
subjetividade está presente. Em todas as situações. Inclusive, nas questões jurídicas. Dá
essa ênfase, esse olhar. É isso que eu vejo. Porque na subjetividade nós percebemos a
singularidade de cada um, eu jamais vou perceber algo igual a você, nem você igual a
mim. E aí, a gente vai para família e vê como é esse apoio familiar que eu acho que
acrescenta muito ao Direito, eu acho que refina o olhar o advogado.

2.Por que você decidiu se tornar uma psicóloga jurídica?


R. Pois é, eu tenho minhas questões pessoais, né? Meu pai era advogado e... eu nunca
gostei só do Direito, eu vi na psicologia jurídica uma forma de me chegar mais ao Direito.
Acho que vem mais das minhas questões mesmo, pessoais. Eu tinha passado por um
inventário onde eu me deparei com questões jurídicas e de comportamentos de advogados,
do meu advogado na época e de pessoas que trabalhavam no fórum... comportamentos
muitos, como eu posso te falar? Muito objetivos, comportamento que só viam por um lado.
E eu como psicóloga dizia: mas não é só isso! Há algo mais, as coisas não podem ser
resolvidas assim. Não estou querendo burlar a lei, mas existe todo um lado que também
tem que olhar. Eu não percebia que havia esse olhar. E aí, foi na época que apareceu a
psicologia jurídica. Também tem outro fator que eu acho que foi um fator também muito
importante. É... eu sou psicóloga de família, de casais. Então, assim, quando eu estagiava,
que eu também sou da UNIFOR, lá no NAMI, nós começamos a atender famílias; algumas
famílias que o fórum mandava pra gente, e nós começamos a perceber o quanto era
importante a presença da psicóloga da família em alguns casos. É... litígios, separações
litigiosas que não tinha fim. O casal se apresentava e a mulher já havia colocado um monte
de processos contra o marido e vice-versa. E quando começávamos o atendimento,
começávamos a perceber que eram outras coisas ligadas às vidas daquelas pessoas. Era
aquela subjetividade dele que não havia sido trabalhada por eles e que estavam refletindo
nas questões jurídicas. E quando começamos a trabalhar essas questões emocionais, eles
começaram a perceber que não precisavam chegar naquele nível, naquele ponto.
Começavam a se entender; e quando se entendiam as questões jurídicas começavam a cair.
E eram resolvidas de uma forma mais saudável. Então, eu juntei tudo isso e depois
comecei a criar vontade, interesse, principalmente por trabalhar com família casais nessa
área da psicologia, e o direito, né? E a psicologia jurídica faz esse olhar. Inclusive, ampliou
né? A sala era composta por alunos, psicólogos e advogados. E na sala havia um Delegado
Federal e um Juiz. (ao falar sobre o curso de especialização em Psicologia Jurídica, feito
pela entrevistada na primeira turma da UNIFOR)

3.Qual a sua abordagem escolhida na Psicologia?


R. Eu sou da Humanística, tá? Da fenomenológica existencial. Bem da questão do
fenômeno que emerge dentro dessa nossa questão relacional com o mundo. O ser humano e
sua existência nessa mundaneidade dele. Nos seus sofrimentos, nas suas alegrias em estar
com o outro. E também atendo dentro da abordagem sistêmica que é justamente na
abordagem de acompanhamento familiar de casal. Porém é impossível eu atender
individualmente sem o meu olhar sistêmico. Quando a pessoa senta na minha frente,
mesmo que seja um atendimento só dessa pessoa, eu não consigo só olhar pra ela, eu estou
vendo através dela sua família, seus antepassados... eu consigo fazer, realmente, essa
junção nessa abordagem.

4.Quais habilidades e conhecimentos são necessários à atuação do psicólogo jurídico?


R. Lógico, não sou advogada. Mas, eu preciso ter o mínimo de conhecimento da lei em
relação aquela situação, ok? Porque eu preciso de alguma forma fazer uma psico
orientação. Não como advogada. Jamais. Não é isso. É cada um na sua área, né? Mas,
assim, se eu entendo um pouco daquele contexto jurídico e se o meu paciente... eu mesmo
atendendo individualmente aqui, eu consigo orientar. O meu paciente me traz uma questão,
vamos supor, de guarda ou de adoção, algumas coisas eu posso orientar, inclusive a quem
procurar. Principalmente, a quem ela deve procurar. Porque, na verdade, eu não posso
adentrar na área do Direito, que aí eu estou errada. Mas, no sentido mesmo de orientar.
Alguns casos, eu posso até me aprofundar um pouco, mas isso aí, entra na questão da
minha habilidade. Eu já atendi uma paciente que ela me trazia uma questão séria que era
sobre um inventário, tá? Inventário dela, do pai falecido. Ela era inventariante, e estava em
questão horrorosa porque ela não sabia como começar, por onde ir, inclusive os irmãos não
queriam fazer. Enfim, refletiu onde nela? Adoeceu, veio aqui para o consultório. E eu
comecei a tratar essas questões e comecei a orientá-la. Já aí, é minha visão jurídica.
Comecei a orientá-la, o que ela poderia fazer. Qual área do Direito ela deveria procurar. Se
ela não tinha condições, por que não ir à Justiça Gratuita, à Defensoria Pública. Bom, eu
dei algumas orientações e ela começou a seguir. Ela começou a desenrolar esse nó, né? E
foi um trabalho muito melhor né? Porque ela depois, estava com o advogado dela, porque
ela não conseguia chegar a esse ponto e com isso resolveu suas questões internas dela.
Questões subjetivas em relação à família dela. Então, não deixa de se interelacionar.

5.Qual a área de maior demanda?


R. Varas de família. E, criminais também. Está sendo muito utilizado nos fóruns, o
depoimento sem danos para crianças. É fantástico a Justiça ter essa sensibilidade para tirar
a criança daquele constrangimento, que não deixa de ser um constrangimento ela chegar
em uma sala com adultos e estranhos. E simplesmente, falar sobre o que aconteceu, muitas
vezes, na frente do agressor, do abusador. Então, assim, o depoimento sem danos que
separa a criança e põe ela com o psicólogo.

6.Você atua na assistência judiciária gratuita?


R. Não. Como eu faço para me cadastrar. (orientei-a como fazer esse cadastro no âmbito da
Justiça Federal, em virtude de trabalhar nesse órgão do Poder Judiciário). Na verdade, meu
interesse é entra para essa área, embora eu goste da clínica. Mas, pretendo trabalhar nos
tribunais. Mas, para isso... ou dessa forma como você falou, eu realmente não conhecia, ou
fazendo concurso, né? Eu já estou interessada em fazer concursos aqui ou em outros
Estados para psicólogo jurídico.

7.Qual o fato mais marcante na sua profissão como psicóloga jurídica?


R. Até o ano passado, eu trabalhava em um hospital de saúde mental também, trabalhava
com pacientes internados, no hospital de Messejana, que agora é Professor J. Pinto. E,
assim, foi algo que eu me envolvi como psicóloga, mas meu olhar é jurídico porque é uma
questão jurídica, também. Foi um casal; eles foram enviados pela justiça, o juiz do interior,
para serem internados compulsoriamente. Eram marido e mulher. Ele era engenheiro
elétrico, foi para a unidade onde eu trabalhava, ficou interno junto com os homens. Ela era
médica, foi internada na ala das mulheres. Então, eu comecei acompanhando (o caso) e
depois eu já estava acompanhando os dois. Porque foi assim, um trabalho que envolveu
muito psicólogo, muito psiquiatra, muita justiça, né? Foi alegado que eles tinham retirado
as crianças, três filhos menores, da escola. Ficavam em casa e sem estudar. E quando essa
denúncia chegou lá no município. Então, foi necessário toda essa questão do CRAS,
assistente social, para ver, enfim, o juiz achou melhor tirar a guarda parcialmente
(provisória) e deixar com os avós. E quando eu ia conversar com ele, eu ouvia um homem
normal, uma pessoa completamente equilibrada. Ele tinha o discurso coerente, muito
inteligente, orientado, consciente, nenhuma falha de memória, de atenção, percepção
coerente com a realidade. E a esposa também. Algumas coisas que eles falavam poderiam
ser da imaginação, mas também poderia ser susceptível, né? Eles falavam que ela era
perseguida politicamente. Porque tinha sido candidato à vice-prefeita nas eleições
anteriores. E isso era verdade porque quando eu ia confirmam era verdade. Por isso,
aconteceu isso. Por isso, ela precisava viajar. Ficava muito só, ia trabalhar fora. Eram
muitas questões, né? E assim, eu como psicóloga, o meu parecer era: o paciente não
apresenta nenhuma disfunção de comportamento porque ele estava sob o meu olhar em
todos os dias, enquanto eu estava lá. Mesmo que eu não o estivesse atendendo, ele estava
sob o meu olhar, Então, assim, eu observava tudo. Mesmo, é... eu fazia o atendimento com
ele, observação era, durante o tempo que eu estava lá. Era tranqüilo. Aí, foi para fazer uma
avaliação psíquica com o psiquiatra. Uma perícia psiquiátrica. O psiquiatra me chamou e
disse: você vai participar da perícia, será minha testemunha que ficará lá dentro. E eu
participei da perícia também, e li a perícia. E nós não vimos nada que pudéssemos detectar
que esse homem é “louco” ou tem o comportamento distante do normal, enfim, e esse foi o
caso que mais me chamou a atenção. Foi um caso assim, que envolvia as crianças menores
na faixa de seis anos, onze e quatorze anos. E esses filhos iam visitá-los no hospital e nós
não os deixavam entrar. O que eu percebia era um vínculo muito grande com essas crianças
e um sentimento dos filhos para com os pais. Eu percebia muito claro a educação que esses
meninos tinham, a forma como eles se tratava que não batia com aquilo que seria a causa.
A causa de eles estarem ali. Então, pra mim foi o que mais me marcou. Finalmente, eles
precisavam sair do hospital. Eu soube um tempo depois que eles ainda não estavam com a
guarda. Sinceramente, nós percebemos um conflito familiar na família dos cônjuges. Um
conflito familiar que começamos a realmente achar que tinha a ver com isso. A família
queria porque queria que eles continuassem internados, mesmo com essa nossa lei
antimanicomial. Queriam que eles ficassem morando lá para sempre. Começamos a
perceber, por isso e por outras questões que a família entrava que havia algo mais. Mas,
não conseguimos chegar lá. Quando eles saíram do hospital, eu não pude fazer nada. Eu
lembro bem quando eles saíram; a primeira coisa que eles falaram: Vamos agora buscar
nossos filhos! Estavam na casa das avós maternos, aqui em Fortaleza. Aí, eu liguei pra
vara. Porque eles só mandaram a liberação. Eu liguei para vara no interior e a Diretora da
Vara me explicou: Não adianta eles irem buscar os filhos porque eles não poderão pegá-
los. E se eles pegassem à força, né? Iria criar sérias complicações pra eles. Eles podem até
retornarem para o hospital.
E aí, assim, eu tive que informar isso pra eles. Pra mim foi muito duro, mas eu tinha que
colocá-los a par da realidade. Eles queriam ir diretamente buscar os filhos. Não é assim.
Aí, orientei e falei: Busquem um advogado e veja com ele como você poder fazer para
rever a guarda das crianças.
Ponto final. Foi até aí que eu fiquei.

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