Вы находитесь на странице: 1из 10

TRIBUNAL MARÍTIMO

AR/MCP PROCESSO Nº 28.502/13


ACÓRDÃO

Embarcação “CAMPO DE HIELO SUR”. Colisão de hélice contra banco de


pedras, deixando a embarcação à deriva, seguido de encalhe, durante
navegação na praia pelas imediações da praia Pedra Redonda, município de
Paracuru-CE, resultando danos materiais, sem registros de acidentes pessoais,
tampouco de poluição ao meio ambiente marinho. Erro de navegação.
Condenação.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.


Trata-se de analisar e determinar causa(s) e responsabilidade(s) pela colisão
com pedras, seguida de encalhe sofridos pela L/M “CAMPO DE HIELO SUR”, de
bandeira panamenha, sob o Registro Especial Brasileiro - REB, empregada na atividade
transporte de passageiros e carga, área de navegação mar aberto (apoio marítimo),
medindo 33,34 metros de comprimento, 167 AB, propriedade de Detroit Chile S.A. e
armação de Starnav Serviços Marítimos Ltda, acidente da navegação este, tipificado no
artigo 14, alínea “a”, da Lei Orgânica deste Tribunal (Lei nº 2.180/54), ocorrido por volta
das 04h, de 10 de setembro de 2012, durante navegação pela praia do “Buraco”, também
conhecida pelos habitantes locais, como praia da “Pedra Redonda”, município de
Paracuru - CE, provocando avarias na embarcação, mas sem, no entanto resultar
acidentes pessoais, tampouco poluição ao meio ambiente marinho.
Em sede de IAFN instaurado pela Capitania dos Portos do Ceará (Portaria nº
2, fl. 02) foram ouvidas sete (07) testemunhas, realizada Perícia, juntados documentos da
embarcação, dos tripulantes ouvidos, fotos, croqui, demais documentos de praxe e ainda,
CD com suas principais peças e fotos, dos quais extraímos:
Às 00h30min de 10 de novembro de 2012, a L/M “CAMPO DE HIELO
SUR”, sob o comando do Mestre de Cabotagem (MCB) Luiz Carlos Arlindo dos Santos
suspendeu da área do Porto de Mucuripe, CE, com destino ao atracadouro do Terminal de
Paracuru - CE, navegando no rumo verdadeiro 305º e distante da costa 2.0 milhas
náuticas (fls. 270).
Consta que, as 03h40min, do mesmo dia, estando a embarcação sob a
condução do seu Imediato, o Mestre de Cabotagem (MCB) Flavio Sombra Basilio
ocorreu a colisão dos hélices da embarcação contra um banco de pedras, provocando a

1/10
(Continuação do Acórdão referente ao Processo n° 28.502/2013...........................................)
===============================================================
paralisação dos motores propulsores, deixando a embarcação à deriva (fls. 70),
terminando a embarcação por encalhar num banco de areia, mais precisamente na posição
geográfica de coordenadas LAT 03º 23´56´´S e LONG 038º 59´25´´W.
Diante da situação, foi arriado o ferro, permanecendo a embarcação nesta
situação até 30 de novembro de 2012, quando ocorreu o desencalhe e a embarcação foi
rebocada para Enseada de Mucuripe - CE (fls. 135).
Flavio Sombra Basilio, Mestre de Cabotagem (MCB) declarou (fls. 17 a 20):
quando ocorreu o encalhe era o depoente quem estava de serviço no passadiço
acompanhado do Chefe de Máquinas e que estava exercendo as funções de timoneiro e
responsável pela navegação. Declarou, também, que a visibilidade estava em torno de
quinze a vinte metros e que a maré estava vazando cerca de três horas, o mar estava um
pouco encrespado e vento de cerca de trinta nós. O depoente estava realizando navegação
costeira e que minutos antes de ocorrer o toque com o fundo, o depoente tinha consultado
o ecobatímetro e verificado que indicava a profundidade de dez metros. O toque da
embarcação com o fundo ocorreu após cerca de três minutos após a verificação da
profundidade no ecobatímetro. Afirmou que estava navegando no rumo traçado pelo
Comandante, mas não lembrava qual era o rumo e, que consta do Relatório de Encalhe. O
toque da embarcação com o fundo ocorreu a 3.5 milhas da praia da Pedra Redonda,
litoral de Paracuru - CE, e que estava navegando com a velocidade de dez nós,
aproximadamente. Declarou, ainda, não lembrar qual a Carta Náutica utilizada para
realizar a navegação, porém, encontra-se consignado no Relatório de Encalhe, a
indicação da carta, que estava atualizada. Não soube informar a posição exata do ponto
em que a embarcação tocou no fundo, em razão da embarcação não ter ficado encalhada
no local, ou seja, da embarcação ter ficado à deriva. Declarou também, que quando
aconteceu o toque da embarcação com o fundo, os dois motores pararam e a embarcação
começou a derivar em direção à praia, e o Chefe de Máquinas que no momento se
encontrava de serviço no passadiço, guarnecendo o painel de controle das máquinas, se
deslocou para Praça de Máquinas a fim de verificar os possíveis danos e colocar as
máquinas em funcionamento. As máquinas não voltaram a funcionar após o toque da
embarcação com o fundo. Decorridos cerca de vinte a trinta minutos, após a embarcação
haver tocado no fundo, encalhou na praia. Afirmou, quando o Comandante decidiu lançar
o ferro, a embarcação já estava encalhada. A embarcação calava dois metros, sendo que a
embarcação havia tocado em um banco de areia, porém, a carta náutica não indicava
nenhum banco de areia onde ocorreu o toque. Por último, declarou que, em razão das

2/10
(Continuação do Acórdão referente ao Processo n° 28.502/2013...........................................)
===============================================================
máquinas terem ficado inoperantes, a única manobra feita para evitar o encalhe foi lançar
o ferro na água, porém, quando o ferro foi lançado, a embarcação já estava praticamente
encalhada. A embarcação sofreu apenas avarias nos hélices e não houve risco de
poluição.
As demais testemunhas (fls. 40/41, 63/64, 66/67, 68/69, 70/71 e 108 a 110)
nada acrescentaram ao acima relatado.
Os Peritos em Laudo de Exame Pericial de fls. 125 a 146, realizado em
14/02/2013 ilustrado com fotos e croqui apontam o fator operacional como contribuinte
para o acidente, atribuindo como Causa Determinante para o encalhe da L/M “CAMPO
DE HIELO SUR” “o toque dos seus hélices, com o banco de pedras calcárias”.
Constatou-se o fato de não terem sido tomadas as medidas de precaução para a
navegação, caracterizadas pela imperícia do timoneiro que estava de serviço no horário,
que atuou sem tomar as medidas acautelatórias para evitar o acidente. Navegou se
utilizando da carta náutica nº 21800 da DHN (anexo XIII - fl. 281) de forma precária,
sem utilizar os auxílios à navegação constantes da mesma, não traçando e plotando uma
derrota mais segura, planejada e nem efetuando o seu acompanhamento, controle e
correção, em função das condições de mar, vento e corrente e também não registrando a
posição real que poderia ser obtida por GPS, corrigindo e compensando o rumo previsto
na navegação estimada, de modo a atingir o ponto de destino e evitar os perigos à
navegação existente e registrada na carta náutica descrita acima, conforme apresentada
em forma de croqui (anexo XIII).
Dos anexos que acompanham o Laudo de Exame Pericial, destacamos:
Boletim de Informações Ambientais, pelo Centro de Hidrografia da Marinha, para a área
e o período (fls. 265 a 269); Relatório de Encalhe, elaborado pelo MCB Flavio Sombra
Basilio (fls. 270/271); Relatório fotográfico da docagem da embarcação, após o acidente
(fls. 272 a 277).
O Encarregado do IAFN em relatório de fls. 283 a 291, após descrever as
Diligências realizadas, características da embarcação sinistrada, analisar e transcrever
resultado da perícia, depoimentos, sequência e consequências do acidente, concluiu que a
L/M “CAMPO DE HIELO SUR” teve como ocorrência inicial dentre aquelas que
contribuíram para o encalhe, a perda da propulsão, provocada pela colisão dos hélices da
embarcação com um baixio, em decorrência de erro de navegação, provocado, não por
imperícia, conforme afirmou os peritos às fls. 145, mas sim por negligência, haja vista
que a navegação estava sendo realizada próxima ao litoral (2 milhas de afastamento) sem

3/10
(Continuação do Acórdão referente ao Processo n° 28.502/2013...........................................)
===============================================================
que o timoneiro/responsável pela navegação observasse a Carta Náutica nº 21800, que
indica a existência de perigo à navegação na área marítima do litoral de Paracuru - CE,
exatamente no limite do rumo em que a embarcação estava navegando, conforme
ilustrado nos esquissos/croqui de fls. 281 e 282 e nas fotos do Laudo Pericial (fls.
130/131).
Encerrou o IAFN apontando como possível responsável direto pelo acidente
o MCB Flavio Sombra Basilio, Imediato da embarcação, por ter negligenciado em
navegar próximo ao litoral sem o devido cuidado de verificar se no rumo escolhido
existia perigo à navegação, ou seja, desprezando a carta náutica e optando por navegar
baseado na experiência de haver navegado por várias vezes na área marítima onde
ocorreu o acidente, conforme declarou às fls. 19.
Notificado (fl. 295), o indiciado apresentou defesa prévia (fl. 296), alegando,
em resumo, “que o encalhe foi uma fatalidade, pois ficou sabendo depois em conversa de
moradores da área que realmente há baixios e bancos de areia e que, outra embarcação,
inclusive o casco da mesma se encontra próximo onde estava na areia.” De acordo com
os autos, próximo ao toque observou o ecobatímetro marcando a profundidade de 10
metros. No momento do sinistro é muito difícil tomar uma decisão sem alguma
informação concreta, sendo que só teve vinte minutos, e graças a Deus não teve danos
com vida humana e nem com a natureza.
Após análise dos autos, a Procuradoria Especial da Marinha - PEM em
promoção juntada às fls. 303 a 305 representou, com fulcro no artigo 14, alínea “a”, e art.
15, alínea ‘e”, ambos da Lei nº 2.180/54, contra Flavio Sombra Basilio sustentando: (...)
O Representado ao empreender navegação a uma distância não segura em relação ao
local do encalhe, em local e período de baixa visibilidade, deixando de se utilizar dos
recursos de navegação existentes e capazes de evitar o evento, não tendo empregado a
Carta Náutica para verificar a segurança do rumo escolhido, agindo de forma imprudente
e imperita, dando causa, assim, ao acidente da navegação, além de colocar em grave risco
a segurança da navegação.
Ante o exposto, requer o recebimento da Representação, para que julgada
procedente, seja o ora Representado condenado nas penas e custas processuais
estabelecidas na Lei nº 2.180/54, com as alterações introduzidas pela Lei nº 8.969/94.
Por fim, protesta por todos os meios de prova em direito admitidos
porventura ainda necessário (...).
Recebida a representação (fl. 310) e citado (fl. 321v), o Representado que não

4/10
(Continuação do Acórdão referente ao Processo n° 28.502/2013...........................................)
===============================================================
possui antecedentes neste Tribunal (fls. 357) foi regularmente defendido por I. Advogado
constituído (fls. 325/326) que em sua defesa (fls. 328/332), alega (...) Não merece
prosperar a representação oferecida pela D. Procuradoria Especial da Marinha, que
entendeu como possível responsável o ora representado, pelo acidente ocorrido no dia
10/11/2012, às 04.00hs, com a embarcação “CAMPO DE HIELO SUR”, em Paracuru-
CE.
O fato é que, o acidente ocorreu quando a lancha navegava com destino ao
Píer da Petrobrás em Paracuru/CE, para abastecer de água e óleo, (navegação costeira)
quando distante de 1 milha e meia, a embarcação foi surpreendida por uma forte onda,
vindo a arremessar a mesma para um banco de areia, fazendo com que ficasse encalhada
na Lat. 03°23m56s S e Long 038°59m26s W.
Ocorre que o Boletim de Informações Ambientais, às fls. 265 e 269,
noticiam que Paracuru, não possui estação meteorológica Oficial e que as estações
próximas, sob similares condições meteorológicas estão localizadas em Fortaleza.
Portanto, ficando inviável auferir. as condições do tempo naquela região na madrugada
do dia 10/11/2011 quando as fortes rajadas de vento informadas pelo Boletim em
Fortaleza, indicava que eram de 18,5 nós, não no local do acidente, mas na Cidade de
Fortaleza, sem, contudo, precisar sobre a área onde a lancha encalhou. E os
depoimentos tanto do Comandante como do Imediato não deixam dúvidas e por ser
área costeira, as rajadas de vento estavam bem acima de 18,5 nós, ou seja, 30
(trinta) nós, já que a lancha se encontrava a duas milhas aproximadamente da costa.
Compulsando os autos pode-se observar que o depoimento do Comandante o
Sr. Luiz Carlos Rodrigues, (fls. 108) relata que a carta náutica usada para a navegação era
a carta 21800, e que a profundidade era de 10 metros no equipamento e a carta náutica
não indicava algum baixio no local em que a embarcação tocou no fundo tendo sido
arrastada para terra muito rápido.
E para corroborar com o ora alegado, o depoimento do Imediato (fls. 17), o
Sr. Flavio Sombra Basilio, que assumiu o serviço a zero hora do dia dez de novembro,
respondeu que as condições de maré, visibilidade, vento e estado do mar no momento do
acorrido a visibilidade estava em torno de quinze a vinte metros, que a maré vazando
acerca de três horas. O mar estava encrespado com vento de trinta nós, o ecobatímetro
estava ligado e funcionando normalmente, e poucos minutos antes do encalhe consultou o
aparelho e verificou que indicava a profundidade de 10 metros, e se passaram apenas 3
minutos quando aconteceu o toque das hélices no fundo. E que estava navegando no

5/10
(Continuação do Acórdão referente ao Processo n° 28.502/2013...........................................)
===============================================================
rumo traçado pelo Sr. Comandante.
No Laudo de fls. 142, no item 15, os Srs. Peritos relatam que a lancha
“CAMPO DE HIELO SUR”, navegava nas proximidades do atracadouro de Paracuru-
CE, com velocidade aproximada de 10 nós no rumo verdadeiro 305°, navegação costeira
no GPS, cerca de 1,5MN, em área de águas rasas onde predomina na natureza do fundo
formação de recifes. E concluiu que houve erro de navegação e demora na ação de largar
o ferro para fundear a embarcação, por parte do profissional que estava de serviço no
horário. Tal avaliação não merece prosperar, tendo em vista que a perícia não foi
realizada “in loco”, conforme se depreende às fls. 138, cujo teor transcrevemos abaixo:
“Dessa forma, a perícia não pôde ser realizada de imediato, contudo os
peritos obtiveram junto aos membros da tripulação dados importantes para o
inicio do competente laudo pericial”.
Vale ressaltar que a perícia não foi realizada no local, em que pese a lancha
ter permanecido até o dia 28 de dezembro de 2012, quando teve início a operação de
salvatagem da embarcação.
Ora Exa, os Srs. Peritos tentam atribuir responsabilidades aos
profissionais que se encontravam a serviço na hora do encalhe, apenas por
suposições, já que alegaram que obtiveram informações com os membros da
tripulação. Sendo que nos depoimentos não há relato de águas rasas, e formação de
recifes.
Tendo em vista que assim que ocorreu o toque com fundo imediatamente
os dois motores pararam e a embarcação começou a derivar, em direção à praia e
que o chefe de máquinas deslocou-se para a praça de máquinas a fim de verificar os
possíveis danos, bem como tentar colocar as máquinas em funcionamento. Ressalte-
se que não houve erro de navegação e que a carta Náutica, não indicava nenhum
banco de areia na área onde ocorreu o encalhe.
O que se pode verificar pela análise dos autos, e dos depoimentos foram
as condições meteorológicas, que não eram favoráveis naquela madrugada,
concluindo-se que se trata de excludentes da responsabilidade, ou seja, o caso de
força maior.
O caso fortuito e a força maior, estão previsto no Código Civil, em seu art.
393, parágrafo único que assim define:
“O caso fortuito ou de força maior, verifica-se no fato necessário, cujos
efeitos não era possível evitar ou impedir”.

6/10
(Continuação do Acórdão referente ao Processo n° 28.502/2013...........................................)
===============================================================
E Arnoldo Medeiros da Fonseca, jurista renomado destaca dois elementos no
caso fortuito ou de força maior. Ausência de culpa; e a inevitabilidade do evento.
No campo da responsabilidade civil, o caso fortuito e a força maior atuam
com o excludente da responsabilidade.
No caso vertente está presente a força maior, cujo conceito clássico no
Direito desenvolvido no Direito Romano e presente nas codificações jurídicas atuais. E
GAIO, conceituou a Força Maior com aquela que a Fraqueza Humana não pode resistir.
“Sendo um acontecimento relacionado a fatos externos, independentes da vontade
impedem o cumprimento das obrigações.
Daí, não se pode atribuir responsabilidade por imprudência e imperícia, ao
ora representado, pelas circunstâncias ocorridas no encalhe da lancha “CAMPO DE
HIELO SUR”, tendo em vista que fenômenos da natureza podem ocorrer com a
criação de bancos de areia, fortes rajadas de vento, erosões, o que modificam
frequentemente o solo marinho.
Em estudos realizados sobre mudanças climáticas os professores cujos
nomes seguem transcritos: Belmiro M. Castro, é físico, professor titular do Instituto
Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), Frederico P. Brandini é
biólogo, professor titular do Instituto Oceanográfico da USP), Ilana E.K.C. Wainer é
física, professora associada do Instituto Oceanográfico da UPS) Marcelo Doutor,
físico, professor doutor do Instituto Oceanográfico da USP) publicaram um
excelente e brilhante trabalho o qual passamos a transcrever:
MUDANÇAS CLIMÁTICAS E O MAR DO BRASIL, O espaço
marinho brasileiro compõe-se de 4,5 milhões de quilômetros quadrados
de mar territorial, Zona Econômica Exclusiva e Plataforma Continental,
além de possíveis zonas internacionais dos oceanos requisitadas para
exploração de recursos minerais. Esse enorme espaço, mais da metade
da área continental do país, ficará diretamente submetido a tensões
derivadas do aquecimento global. Entre os impactos possíveis podemos
destacar (8): aumento da frequência e intensidade de tempestades em
regiões costeiras, com alteração da dinâmica sedimentar provocando
erosão e assoreamento na região costeira; aumento da vulnerabilidade
das estruturas e operações offshore nas indústrias de petróleo e gás;
aumento da vulnerabilidade do transporte marítimo; aumento da
vulnerabilidade de obras e estruturas costeiras; mudanças no regime

7/10
(Continuação do Acórdão referente ao Processo n° 28.502/2013...........................................)
===============================================================
hidrológico (chuva/seca); aumento da vulnerabilidade de ecossistemas
sensíveis a pequenas variações de temperatura; perda do espaço
territorial costeiro por inundação permanente; perda de habitats costeiros
(manguezais, por exemplo); salinização do lençol freático em áreas
costeiras; problemas no abastecimento de água potável e para fins
industriais ou agrícolas; problemas na captação e no escoamento de
efluentes urbanos”. 2014 Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência.
E por todo o acima exposto, requer aos eminentes julgadores, seja a
presente representação arquivada, considerando o caso como força maior
Fenômenos da natureza, caso assim não entendam V. Exa., requer a improcedência
da representação oferecida, exculpando o ora representado, por ser de direito e
lídima JUSTIÇA (...).
Aberta a instrução, nenhuma prova foi produzida.
Em Alegações Finais, a PEM em manifestação à fl. 343v. ratifica os termos
de sua exordial de fls. 303 a 305. E, a Defesa, em manifestação às fls. 349/351 ratifica os
termos de sua inicial de fls. 328/332, ressaltando tratar-se de um evento de natureza
fortuita.
Isto posto, decidimos.
Da análise do conjunto probatório, concluímos que o acidente da navegação
em julgamento, tipificado no artigo 14, alínea “a”, da Lei Orgânica deste Tribunal (Lei nº
2.180/54) e suas consequências, materializado pela colisão dos hélices da embarcação
“CAMPO DE HIELO SUR”, deixando a embarcação à deriva, culminando no encalhe
nas proximidades da praia da Pedra Redonda, município de Paracuru - CE, ocorrido por
volta das 04h00 de 12 de novembro de 2012, provocando danos materiais, sem no
entanto, resultar acidentes pessoais, tampouco poluição ao meio ambiente marinho
TEVE COMO CAUSA DETERMINANTE o erro de navegação cometido pelo MCB
Flavio Sombra Basilio, Imediato, então condutor e responsável pela navegação,
resultado de suas condutas imprudente e imperita ao realizar a navegação sem adotar
medidas de precaução para a realização de uma navegação segura.
E neste sentido, representou a D. Procuradoria Especial da Marinha -
PEM contra o MCB Flavio Sombra Basilio, sustentando que o mesmo agiu com
imprudência e imperícia ao empreender navegação a uma distância não segura em
relação ao local do encalhe, em local e período de baixa visibilidade, deixando de se

8/10
(Continuação do Acórdão referente ao Processo n° 28.502/2013...........................................)
===============================================================
utilizar dos recursos de navegação existentes e capazes de evitar o evento, não tendo
empregado a Carta Náutica para verificar a segurança do rumo escolhido, agindo de
forma imprudente e imperita, dando causa, assim, ao acidente da navegação, além de
colocar em grave risco a segurança da navegação, conforme apurou os peritos.
Acusações estas que a defesa (fls. 328 a 332) procura refutar alegando em
síntese que o acidente foi resultando das condições adversas de tempo e mar; que não
houve erro de navegação e ainda, que a carta Náutica, não indicava nenhum banco
de areia na área onde ocorreu o encalhe.
Demais disso, alega a defesa que “pela análise dos autos, e dos depoimentos
foram as condições meteorológicas, que não eram favoráveis naquela madrugada,
concluindo-se que se trata de excludentes da responsabilidade, ou seja, o caso de força
maior, improcedente portanto as acusações que lhe faz o Órgão Acusador.”
Contudo, não trouxe a defesa qualquer elemento de prova capaz de
destruir aquelas provas que dão sustentação a tese acusatória, notadamente nas
declarações do próprio Representado e dos demais tripulantes prestadas em sede de IAFN
(fls. 19 a 20), Relatório de Encalhe e no Laudo de Exame Pericial acompanhado de
Relatório Fotográfico e croqui (fls. 125 a 146) a demonstrar, ao contraio do que alega
a defesa, que o Representado realizava a navegação sem atentar para os auxílios à
navegação, contidas na Carta Náutica 21800 da DHN, se de fato fazia uso, como bem
apurado pelos autos, não traçando e plotando uma derrota mais segura, planejada e nem
efetuando o seu acompanhamento, controle e correção, em função das condições de mar,
vento e corrente e também não registrando a posição real que poderia ser obtida por GPS,
corrigindo e compensando o rumo previsto na navegação estimada, de modo a atingir o
ponto de destino e evitar os perigos à navegação existentes e registrada na citada carta
náutica.
Diante de todo o exposto, considerando ainda, o contido no artigo 58, da
citada Lei nº 2.180/54, julgamos procedente a Representação de autoria da D.
Procuradoria Especial da Marinha - PEM de fls. 303 a 305. em todos os seus termos para
responsabilizar o MCB Flavio Sombra Basilio, pelo acidente da navegação em exame,
resultado de suas condutas imprudente e imperita, como bem exposto pelo Órgão
Acusador, acusações estas, repise-se, que a defesa não deu conta de ilidir.
Na aplicação da pena, deve-se observar o contido nos artigos 124, incisos I e
IX, 127 e 139, inciso IV (d), todos da Lei nº 2.180/54, com redação dada pela Lei nº
8.969/94.

9/10
(Continuação do Acórdão referente ao Processo n° 28.502/2013...........................................)
===============================================================
Assim,
ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à
natureza e extensão do acidente da navegação: colisão de hélice contra banco de pedras,
provocando a parada dos motores propulsores, deixando a embarcação à deriva, seguido
de encalhe e subsequente naufrágio, durante navegação na praia pelas imediações de
Pedra Redonda, município de Paracuru - CE, resultando danos materiais, sem registros de
acidentes pessoais tampouco de poluição ao meio ambiente marinho; b) quanto à causa
determinante: erro de navegação; e c) decisão: julgar procedente a Representação de
autoria da D. Procuradoria Especial da Marinha (fls. 303/305) para, considerando o
acidente da navegação, tipificado no art. 14, alínea “a”, da Lei Orgânica deste Tribunal
(Lei n° 2.180/54) e suas consequências como decorrente das condutas imprudente e
imperita de Flavio Sombra Basilio, Imediato, então condutor da embarcação “CAMPO
DE HIELO SUR”, condenando-o à pena de multa no valor de R$ 300,00 (trezentos
reais), prevista no art. 121, inciso VII, c/c os artigos 124, incisos I e IX, 127 e 139, inciso
IV, alínea “d”, todos da mesma lei, com redação dada pela Lei n° 8.969/94, acrescida de
custas processuais.
Publique-se. Comunique-se. Registre-se.
Rio de Janeiro, RJ, em 02 de agosto de 2018.

MARIA CRISTINA DE OLIVEIRA PADILHA


Juíza Relatora

Cumpra-se o Acórdão, após o trânsito em julgado.


Rio de Janeiro, RJ, em 11 de outubro de 2018.

WILSON PEREIRA DE LIMA FILHO


Vice-Almirante (RM1)
Juiz-Presidente
PEDRO COSTA MENEZES JUNIOR
Primeiro-Tenente (T)
Diretor da Divisão Judiciária
AUTENTICADO DIGITALMENTE

10/10
Assinado de forma digital por COMANDO DA MARINHA
DN: c=BR, st=RJ, l=RIO DE JANEIRO, o=ICP-Brasil, ou=Pessoa Juridica A3, ou=ARSERPRO, ou=Autoridade Certificadora SERPROACF, cn=COMANDO DA MARINHA
Dados: 2018.11.26 14:42:49 -02'00'

Вам также может понравиться