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25/09/2018 A judicialização é o remédio para a saúde?

– Por Clenio Jair Schulze - Empório do Direito

A judicialização é o remédio para a saúde? – Por Clenio Jair


Schulze
Clenio Jair Schulze 30/12/2015

Muitos questionamentos surgem em razão da judicialização da saúde[1].

O que a judicialização traz de positivo?

1) A correção da administração - pública e das operadoras de plano de saúde, pois grande parte da judicialização
da saúde no Brasil (aproximadamente 35%) decorre do não fornecimento de tecnologias já incorporadas, ou seja,
de medicamentos e produtos que já constam da relação de medicamentos e que, portanto, deveriam ser
fornecidos diretamente no SUS e não foram por omissão inércia, inapetência, etc.

2) A incorporação de novas tecnologias. Em razão da sucessão de inúmeras decisões judiciais procedentes levou
o SUS e a ANS - Agência Nacional de Saúde Suplementar a incorporar tais tecnologias, após a comprovação da
eficácia, da acurácia, da segurança, eficiência e custo-efetividade.

3) Concretização da teoria dos direitos fundamentais. A judicialização permite o cumprimento da Constituição -


pelo menos em parte -, que deixa de ser apenas uma promessa inconsequente (Celso de Mello).

4) Ajustes na regulação. O alto número de condenações judiciais exigiu uma atuação mais concreta a acentuada
dos órgãos de regulação, como Anvisa, ANS, entre outros, no controle da administração pública e das operadoras
de plano de saúde.

5) Criação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias - CONITEC. A entidade foi criada pela Lei
12.401/2011 com a finalidade de auxiliar o Ministério da Saúde na incorporação de novas tecnologias, após
elaboração e apresentação de estudos técnicos.

6) O fomento ao uso da Medicina Baseada em Evidências - MBE como critério na teoria da decisão judicial.

O que a judicialização traz de negativo?

1) A percepção de que todas as tecnologias existentes no mercado mundial são passíveis de uso pela sociedade
brasileira. É inegável que os recursos públicos - e das operadoras de plano de saúde - são inexoráveis, razão pela
qual é impossível custear tudo a todos.

2) O pensamento de que o Judiciário é o caminho mais fácil. Muitos judicializam diretamente sem postular o
medicamento ou produto na via administrativa, fomentando, indevidamente, a análise per saltum da questão pelo
Estado-Juiz.

3) Ausência de visão técnica adequada do Judiciário na análise das postulações. Não é sempre que os juízes estão
preparados tecnicamente para usar a medicina baseada em evidências na análise dos casos judicializados. A falta
de critérios adequados pode ensejar a prolatação de decisões contrárias ao sistema de saúde e a ciência - médica,
farmacêutica.

4) Aumento do impacto financeiro com o alto número de condenações judiciais. Os entes públicos e as
operadores de plano de saúde passaram a fornecer, por força de decisões judiciais, tecnologias de alto custo e
com baixa evidência científica, causando forte influência nas suas contas. Muitas vezes as decisões judiciais
causam dificuldades administrativas (v.g. há Municípios que despendem 30% do seu orçamento com saúde em
razão do cumprimento de decisões judiciais, etc).

5) Aparente desorganização da administração, pois o impacto financeiro da condenação impede que a


Administração pública ou a operadora do plano de saúde fomente determinadas práticas ou políticas previamente
programadas.

6) Uso indevido da máquina do Judiciário. A Associação dos Magistrados do Brasil - AMB aponta que há uso
predatório da Justiça na propositura de ações judiciais desnecessárias, muitas delas decorrentes de abuso
praticado pelo usuário - consumidor - pelas operadoras de plano de saúde e pelo SUS.

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25/09/2018 A judicialização é o remédio para a saúde? – Por Clenio Jair Schulze - Empório do Direito

7) Causa benefício prioritário àqueles que judicializam, em detrimento aos cidadãos que não buscam ou não
podem acessar o Poder Judiciário (duas portas do SUS[2]).

Esta é uma descrição - ainda que sumária - de algumas das consequências do fenômeno da judicialização da
saúde. A missão da sociedade e do Poder Judiciário é permitir que os aspectos negativos sejam superados e que
os pontos positivos sejam fortalecidos.

Notas e Referências:

[1] NETO, João Pedro Gebran. SCHULZE, Clenio Jair. Direito à Saúde . Análise à luz da judicialização. Porto
Alegre: Verbo Jurídico, 2015.

[2] FERRAZ, Otávio. WANG, Daniel. As duas portas do SUS. Folha de São Paulo, 19/06/2014.

Imagem Ilustrativa do Post: [day13] on drugs // Foto de: Fernando Mafra // Sem alterações

Disponível em: https://www.flickr.com/photos/f_mafra/2233896408/

Licença de uso: http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/legalcode

O texto é de responsabilidade exclusiva do autor, não representando, necessariamente, a opinião ou


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