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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UFRN
Assistente em Administração

ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA
1. Organização do texto 1.1. Propósito comunicativo 1.2. Tipos de texto (dialogal, descritivo, narrativo, injuntivo, explicativo e
argumentativo) 1.3. Gêneros discursivos 1.4. Mecanismos coesivos 1.5. Fatores de coerência textual 1.6. Progressão temática
1.7. Paragrafação 1.8. Citação do discurso alheio 1.9. Informações implícitas 1.10. Linguagem denotativa e linguagem conotativa ............ 01

2. Conhecimento linguístico 2.1. Variação linguística 2.2. Classes de palavras: usos e adequações 2.3. Convenções da norma padrão
(no âmbito da concordância, da regência, da ortografia e da acentuação gráfica) 2.4. Organização do período simples e do período
composto 2.5. Pontuação 2.6. Relações semânticas entre palavras (sinonímia, antonímia, hiponímia e hiperonímia) .................................. 15

3. Produção de texto (Redação) 3.1. A Prova de Redação exigirá que o candidato produza um texto argumentativo em prosa,
segundo a norma padrão da língua portuguesa escrita, com base em uma situação comunicativa determinada, em um dos
seguintes gêneros: artigo de opinião ou carta argumentativa .......................................................................................................................... 44

LEGISLAÇÃO
1. Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990 - Regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das
fundações públicas federais......................................................................................................................................................................... 01/20

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
1. Conhecimentos Básicos em Administração: características básicas das organizações, natureza, finalidade, níveis e
departamentalização ......................................................................................................................................................................................... 01

2. Funções do processo administrativo: planejamento, organização, direção e controle................................................................................. 10

3. Conhecimentos básicos em Administração Financeira: fundamentos e técnicas; orçamento e controle de custos .................................... 50

4. Conhecimentos básicos em Administração de Materiais e logística ............................................................................................................ 92

5. Técnicas de arquivo e controle de documentos: classificação, codificação, catalogação e arquivamento de documentos ...................... 107

6. Elementos de redação técnica: documentos oficiais, tratamento de correspondências, normas e despachos de correspondências e
uso de serviços postais ................................................................................................................................................................................... 135

7. Relações Humanas no Trabalho................................................................................................................................................................. 142

8. Qualidade na Prestação de Serviços e no atendimento ao público ........................................................................................................... 142

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PORTUGUÊS

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APOSTILAS OPÇÃO
No caso de textos literários, é preciso conhecer a ligação daquele tex-
to com outras formas de cultura, outros textos e manifestações de arte da
época em que o autor viveu. Se não houver esta visão global dos momen-
Língua Portuguesa tos literários e dos escritores, a interpretação pode ficar comprometida.
Aqui não se podem dispensar as dicas que aparecem na referência biblio-
gráfica da fonte e na identificação do autor.
A última fase da interpretação concentra-se nas perguntas e opções
de resposta. Aqui são fundamentais marcações de palavras como não,
1. Organização do texto 1.1. Propósito exceto, errada, respectivamente etc. que fazem diferença na escolha
comunicativo 1.2. Tipos de texto (dialogal, adequada. Muitas vezes, em interpretação, trabalha-se com o conceito do
descritivo, narrativo, injuntivo, explicativo "mais adequado", isto é, o que responde melhor ao questionamento
e argumentativo) 1.3. Gêneros discursivos proposto. Por isso, uma resposta pode estar certa para responder à per-
gunta, mas não ser a adotada como gabarito pela banca examinadora por
1.4. Mecanismos coesivos 1.5. Fatores de
haver uma outra alternativa mais completa.
coerência textual 1.6. Progressão temática
Ainda cabe ressaltar que algumas questões apresentam um fragmen-
1.7. Paragrafação 1.8. Citação do discurso
to do texto transcrito para ser a base de análise. Nunca deixe de retornar
alheio 1.9. Informações implícitas 1.10. Lin-
ao texto, mesmo que aparentemente pareça ser perda de tempo. A des-
guagem denotativa e linguagem conotativa
contextualização de palavras ou frases, certas vezes, são também um
recurso para instaurar a dúvida no candidato. Leia a frase anterior e a
Os concursos apresentam questões interpretativas que têm por finali- posterior para ter ideia do sentido global proposto pelo autor, desta manei-
dade a identificação de um leitor autônomo. Portanto, o candidato deve ra a resposta será mais consciente e segura.
compreender os níveis estruturais da língua por meio da lógica, além de Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpretação de
necessitar de um bom léxico internalizado. texto. Para isso, devemos observar o seguinte:
As frases produzem significados diferentes de acordo com o contexto 01. Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto;
em que estão inseridas. Torna-se, assim, necessário sempre fazer um 02. Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura, vá
confronto entre todas as partes que compõem o texto. até o fim, ininterruptamente;
03. Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo monos
Além disso, é fundamental apreender as informações apresentadas umas três vezes ou mais;
por trás do texto e as inferências a que ele remete. Este procedimento 04. Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas;
justifica-se por um texto ser sempre produto de uma postura ideológica do 05. Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;
autor diante de uma temática qualquer. 06. Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor;
07. Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor com-
Denotação e Conotação preensão;
Sabe-se que não há associação necessária entre significante (ex- 08. Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do texto
pressão gráfica, palavra) e significado, por esta ligação representar uma correspondente;
convenção. É baseado neste conceito de signo linguístico (significante + 09. Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão;
significado) que se constroem as noções de denotação e conotação. 10. Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de ...), não, correta,
incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; palavras que
O sentido denotativo das palavras é aquele encontrado nos dicioná- aparecem nas perguntas e que, às vezes, dificultam a entender o que se
rios, o chamado sentido verdadeiro, real. Já o uso conotativo das palavras perguntou e o que se pediu;
é a atribuição de um sentido figurado, fantasioso e que, para sua compre- 11. Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a mais
ensão, depende do contexto. Sendo assim, estabelece-se, numa determi- exata ou a mais completa;
nada construção frasal, uma nova relação entre significante e significado. 12. Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um fundamento de
lógica objetiva;
Os textos literários exploram bastante as construções de base conota- 13. Cuidado com as questões voltadas para dados superficiais;
tiva, numa tentativa de extrapolar o espaço do texto e provocar reações 14. Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela resposta,
diferenciadas em seus leitores. mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto;
15. Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras denuncia a
Ainda com base no signo linguístico, encontra-se o conceito de polis- resposta;
semia (que tem muitas significações). Algumas palavras, dependendo do 16. Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo autor,
contexto, assumem múltiplos significados, como, por exemplo, a palavra definindo o tema e a mensagem;
ponto: ponto de ônibus, ponto de vista, ponto final, ponto de cruz ... Neste 17. O autor defende ideias e você deve percebê-las;
caso, não se está atribuindo um sentido fantasioso à palavra ponto, e sim 18. Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são importan-
ampliando sua significação através de expressões que lhe completem e tíssimos na interpretação do texto.
esclareçam o sentido. Ex.: Ele morreu de fome.
de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na realiza-
Como Ler e Entender Bem um Texto ção do fato (= morte de "ele").
Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de leitura: a informativa e Ex.: Ele morreu faminto.
de reconhecimento e a interpretativa. A primeira deve ser feita de maneira faminto: predicativo do sujeito, é o estado em que "ele" se encontra-
cautelosa por ser o primeiro contato com o novo texto. Desta leitura, va quando morreu.;
extraem-se informações sobre o conteúdo abordado e prepara-se o pró- 19. As orações coordenadas não têm oração principal, apenas as
ximo nível de leitura. Durante a interpretação propriamente dita, cabe ideias estão coordenadas entre si;
destacar palavras-chave, passagens importantes, bem como usar uma 20. Os adjetivos ligados a um substantivo vão dar a ele maior clareza
palavra para resumir a ideia central de cada parágrafo. Este tipo de proce- de expressão, aumentando-lhe ou determinando-lhe o significado. Eraldo
dimento aguça a memória visual, favorecendo o entendimento. Cunegundes

Não se pode desconsiderar que, embora a interpretação seja subjeti- ELEMENTOS CONSTITUTIVOS - TEXTO NARRATIVO
va, há limites. A preocupação deve ser a captação da essência do texto, a • As personagens: São as pessoas, ou seres, viventes ou não,
fim de responder às interpretações que a banca considerou como perti- forças naturais ou fatores ambientais, que desempenham papel no desen-
nentes. rolar dos fatos.
Língua Portuguesa 1

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APOSTILAS OPÇÃO
Toda narrativa tem um protagonista que é a figura central, o herói ou - visão “com”: o narrador é personagem e ocupa o centro da nar-
heroína, personagem principal da história. rativa que é feito em 1a pessoa.
O personagem, pessoa ou objeto, que se opõe aos designos do pro- - visão “de fora”: o narrador descreve e narra apenas o que vê,
tagonista, chama-se antagonista, e é com ele que a personagem principal aquilo que é observável exteriormente no comportamento da per-
contracena em primeiro plano. sonagem, sem ter acesso a sua interioridade, neste caso o narra-
As personagens secundárias, que são chamadas também de compar- dor é um observador e a narrativa é feita em 3a pessoa.
sas, são os figurantes de influencia menor, indireta, não decisiva na narra- • Foco narrativo: Todo texto narrativo necessariamente tem de
ção. apresentar um foco narrativo, isto é, o ponto de vista através do
O narrador que está a contar a história também é uma personagem, qual a história está sendo contada. Como já vimos, a narração é
pode ser o protagonista ou uma das outras personagens de menor impor- feita em 1a pessoa ou 3a pessoa.
tância, ou ainda uma pessoa estranha à história.
Formas de apresentação da fala das personagens
Podemos ainda, dizer que existem dois tipos fundamentais de perso- Como já sabemos, nas histórias, as personagens agem e falam. Há
nagem: as planas: que são definidas por um traço característico, elas não três maneiras de comunicar as falas das personagens.
alteram seu comportamento durante o desenrolar dos acontecimentos e
tendem à caricatura; as redondas: são mais complexas tendo uma di- • Discurso Direto: É a representação da fala das personagens
mensão psicológica, muitas vezes, o leitor fica surpreso com as suas através do diálogo.
reações perante os acontecimentos. Exemplo:
“Zé Lins continuou: carnaval é festa do povo. O povo é dono da
• Sequência dos fatos (enredo): Enredo é a sequência dos fatos, verdade. Vem a polícia e começa a falar em ordem pública. No carna-
a trama dos acontecimentos e das ações dos personagens. No enredo val a cidade é do povo e de ninguém mais”.
podemos distinguir, com maior ou menor nitidez, três ou quatro estágios
progressivos: a exposição (nem sempre ocorre), a complicação, o climax, No discurso direto é frequente o uso dos verbo de locução ou des-
o desenlace ou desfecho. cendi: dizer, falar, acrescentar, responder, perguntar, mandar, replicar e
etc.; e de travessões. Porém, quando as falas das personagens são curtas
Na exposição o narrador situa a história quanto à época, o ambiente, ou rápidas os verbos de locução podem ser omitidos.
as personagens e certas circunstâncias. Nem sempre esse estágio ocorre
na maioria das vezes, principalmente nos textos literários mais recentes, • Discurso Indireto: Consiste em o narrador transmitir, com suas
a história começa a ser narrada no meio dos acontecimentos (“in média”), próprias palavras, o pensamento ou a fala das personagens.
ou seja, no estágio da complicação quando ocorre e conflito, choque de Exemplo:
interesses entre as personagens. “Zé Lins levantou um brinde: lembrou os dias triste e passa-
dos, os meus primeiros passos em liberdade, a fraternidade
O clímax é o ápice da história, quando ocorre o estágio de maior ten- que nos reunia naquele momento, a minha literatura e os
são do conflito entre as personagens centrais, desencadeando o desfe- menos sombrios por vir”.
cho, ou seja, a conclusão da história com a resolução dos conflitos.
• Discurso Indireto Livre: Ocorre quando a fala da personagem
• Os fatos: São os acontecimentos de que as personagens partici-
se mistura à fala do narrador, ou seja, ao fluxo normal da narra-
pam. Da natureza dos acontecimentos apresentados decorre o
ção. Exemplo:
gênero do texto. Por exemplo o relato de um acontecimento coti-
“Os trabalhadores passavam para os partidos, conversando
diano constitui uma crônica, o relato de um drama social é um
alto. Quando me viram, sem chapéu, de pijama, por aqueles
romance social, e assim por diante. Em toda narrativa há um fato
lugares, deram-me bons-dias desconfiados. Talvez pensas-
central, que estabelece o caráter do texto, e há os fatos secundá-
sem que estivesse doido. Como poderia andar um homem
rios, relacionados ao principal.
àquela hora, sem fazer nada de cabeça no tempo, um branco
• Espaço: Os acontecimentos narrados acontecem em diversos de pés no chão como eles? Só sendo doido mesmo”.
lugares, ou mesmo em um só lugar. O texto narrativo precisa con- (José Lins do Rego)
ter informações sobre o espaço, onde os fatos acontecem. Muitas
vezes, principalmente nos textos literários, essas informações são
TEXTO DESCRITIVO
extensas, fazendo aparecer textos descritivos no interior dos tex-
Descrever é fazer uma representação verbal dos aspectos mais ca-
tos narrativo.
racterísticos de um objeto, de uma pessoa, paisagem, ser e etc.
• Tempo: Os fatos que compõem a narrativa desenvolvem-se num
determinado tempo, que consiste na identificação do momento, As perspectivas que o observador tem do objeto são muito importan-
dia, mês, ano ou época em que ocorre o fato. A temporalidade sa- tes, tanto na descrição literária quanto na descrição técnica. É esta atitude
lienta as relações passado/presente/futuro do texto, essas rela- que vai determinar a ordem na enumeração dos traços característicos
ções podem ser linear, isto é, seguindo a ordem cronológica dos para que o leitor possa combinar suas impressões isoladas formando uma
fatos, ou sofre inversões, quando o narrador nos diz que antes de imagem unificada.
um fato que aconteceu depois.
Uma boa descrição vai apresentando o objeto progressivamente, va-
O tempo pode ser cronológico ou psicológico. O cronológico é o tem- riando as partes focalizadas e associando-as ou interligando-as pouco a
po material em que se desenrola à ação, isto é, aquele que é medido pela pouco.
natureza ou pelo relógio. O psicológico não é mensurável pelos padrões
fixos, porque é aquele que ocorre no interior da personagem, depende da Podemos encontrar distinções entre uma descrição literária e outra
sua percepção da realidade, da duração de um dado acontecimento no técnica. Passaremos a falar um pouco sobre cada uma delas:
seu espírito. • Descrição Literária: A finalidade maior da descrição literária é
• Narrador: observador e personagem: O narrador, como já dis- transmitir a impressão que a coisa vista desperta em nossa mente
semos, é a personagem que está a contar a história. A posição através do sentidos. Daí decorrem dois tipos de descrição: a sub-
em que se coloca o narrador para contar a história constitui o fo- jetiva, que reflete o estado de espírito do observador, suas prefe-
co, o aspecto ou o ponto de vista da narrativa, e ele pode ser ca- rências, assim ele descreve o que quer e o que pensa ver e não o
racterizado por: que vê realmente; já a objetiva traduz a realidade do mundo obje-
- visão “por detrás”: o narrador conhece tudo o que diz respeito tivo, fenomênico, ela é exata e dimensional.
às personagens e à história, tendo uma visão panorâmica dos • Descrição de Personagem: É utilizada para caracterização das
acontecimentos e a narração é feita em 3a pessoa. personagens, pela acumulação de traços físicos e psicológicos,
pela enumeração de seus hábitos, gestos, aptidões e tempera-
Língua Portuguesa 2

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mento, com a finalidade de situar personagens no contexto cultu- do conteúdo, ou daquilo que fora tratado seja concretado. A formação
ral, social e econômico. discursiva é responsável pelo emassamento do conteúdo que se deseja
• Descrição de Paisagem: Neste tipo de descrição, geralmente o transmitir, ou persuadir, e nele teremos a formação do ponto de vista do
observador abrange de uma só vez a globalidade do panorama, sujeito, suas análises das coisas e suas opiniões. Nelas, as opiniões o que
para depois aos poucos, em ordem de proximidade, abranger as fazemos é soltar concepções que tendem a ser orientadas no meio em
partes mais típicas desse todo. que o indivíduo viva. Vemos que o sujeito lança suas opiniões com o
• Descrição do Ambiente: Ela dá os detalhes dos interiores, dos simples e decisivo intuito de persuadir e fazer suas explanações renderem
ambientes em que ocorrem as ações, tentando dar ao leitor uma o convencimento do ponto de vista de algo/alguém.
visualização das suas particularidades, de seus traços distintivos
e típicos. Na escrita, o que fazemos é buscar intenções de sermos entendidos e
• Descrição da Cena: Trata-se de uma descrição movimentada, desejamos estabelecer um contato verbal com os ouvintes e leitores, e
que se desenvolve progressivamente no tempo. É a descrição de todas as frases ou palavras articuladas produzem significações dotadas
um incêndio, de uma briga, de um naufrágio. de intencionalidade, criando assim unidades textuais ou discursivas.
• Descrição Técnica: Ela apresenta muitas das características ge- Dentro deste contexto da escrita, temos que levar em conta que a coerên-
rais da literatura, com a distinção de que nela se utiliza um voca- cia é de relevada importância para a produção textual, pois nela se dará
bulário mais preciso, salientando-se com exatidão os pormenores. uma sequência das ideias e da progressão de argumentos a serem expla-
É predominantemente denotativa tendo como objetivo esclarecer nadas. Sendo a argumentação o procedimento que tornará a tese aceitá-
convencendo. Pode aplicar-se a objetos, a aparelhos ou meca- vel, a apresentação de argumentos atingirá os seus interlocutores em
nismos, a fenômenos, a fatos, a lugares, a eventos e etc. seus objetivos; isto se dará através do convencimento da persuasão. Os
mecanismos da coesão e da coerência serão então responsáveis pela
TEXTO DISSERTATIVO unidade da formação textual.
Dissertar significa discutir, expor, interpretar ideias. A dissertação Dentro dos mecanismos coesivos, podem realizar-se em contextos
consta de uma série de juízos a respeito de um determinado assunto ou verbais mais amplos, como por jogos de elipses, por força semântica, por
questão, e pressupõe um exame critico do assunto sobre o qual se vai recorrências lexicais, por estratégias de substituição de enunciados.
escrever com clareza, coerência e objetividade.
A dissertação pode ser argumentativa - na qual o autor tenta persua- Um mecanismo mais fácil de fazer a comunicação entre as pessoas é
dir o leitor a respeito dos seus pontos de vista ou simplesmente, ter como a linguagem, quando ela é em forma da escrita e após a leitura, (o que
finalidade dar a conhecer ou explicar certo modo de ver qualquer questão. ocorre agora), podemos dizer que há de ter alguém que transmita algo, e
A linguagem usada é a referencial, centrada na mensagem, enfati- outro que o receba. Nesta brincadeira é que entra a formação de argu-
zando o contexto. mentos com o intuito de persuadir para se qualificar a comunicação; nisto,
Quanto à forma, ela pode ser tripartida em: estes argumentos explanados serão o germe de futuras tentativas da
• Introdução: Em poucas linhas coloca ao leitor os dados funda- comunicação ser objetiva e dotada de intencionalidade, (ver Linguagem e
mentais do assunto que está tratando. É a enunciação direta e Persuasão).
objetiva da definição do ponto de vista do autor.
• Desenvolvimento: Constitui o corpo do texto, onde as ideias co- Sabe-se que a leitura e escrita, ou seja, ler e escrever; não tem em
locadas na introdução serão definidas com os dados mais rele- sua unidade a mono característica da dominação do idioma/língua, e sim o
vantes. Todo desenvolvimento deve estruturar-se em blocos de propósito de executar a interação do meio e cultura de cada indivíduo. As
ideias articuladas entre si, de forma que a sucessão deles resulte relações intertextuais são de grande valia para fazer de um texto uma
num conjunto coerente e unitário que se encaixa na introdução e alusão à outros textos, isto proporciona que a imersão que os argumentos
desencadeia a conclusão. dão tornem esta produção altamente evocativa.
• Conclusão: É o fenômeno do texto, marcado pela síntese da
ideia central. Na conclusão o autor reforça sua opinião, retoman- A paráfrase é também outro recurso bastante utilizado para trazer a
do a introdução e os fatos resumidos do desenvolvimento do tex- um texto um aspecto dinâmico e com intento. Juntamente com a paródia,
to. Para haver maior entendimento dos procedimentos que podem a paráfrase utiliza-se de textos já escritos, por alguém, e que tornam-se
ocorrer em um dissertação, cabe fazermos a distinção entre fatos, algo espetacularmente incrível. A diferença é que muitas vezes a paráfra-
hipótese e opinião. se não possui a necessidade de persuadir as pessoas com a repetição de
- Fato: É o acontecimento ou coisa cuja veracidade e reconhecida; argumentos, e sim de esquematizar novas formas de textos, sendo estes
é a obra ou ação que realmente se praticou. diferentes. A criação de um texto requer bem mais do que simplesmente a
- Hipótese: É a suposição feita acerca de uma coisa possível ou junção de palavras a uma frase, requer algo mais que isto. É necessário
não, e de que se tiram diversas conclusões; é uma afirmação so- ter na escolha das palavras e do vocabulário o cuidado de se requisitá-las,
bre o desconhecido, feita com base no que já é conhecido. bem como para se adotá-las. Um texto não é totalmente auto-explicativo,
- Opinião: Opinar é julgar ou inserir expressões de aprovação ou daí vem a necessidade de que o leitor tenha um emassado em seu históri-
desaprovação pessoal diante de acontecimentos, pessoas e obje- co uma relação interdiscursiva e intertextual.
tos descritos, é um parecer particular, um sentimento que se tem
a respeito de algo. As metáforas, metomínias, onomatopeias ou figuras de linguagem,
entram em ação inseridos num texto como um conjunto de estratégias
capazes de contribuir para os efeitos persuasivos dele. A ironia também é
O TEXTO ARGUMENTATIVO muito utilizada para causar este efeito, umas de suas características
Baseado em Adilson Citelli salientes, é que a ironia dá ênfase à gozação, além de desvalorizar ideias,
valores da oposição, tudo isto em forma de piada.
A linguagem é capaz de criar e representar realidades, sendo caracte-
rizada pela identificação de um elemento de constituição de sentidos. Os Uma das últimas, porém não menos importantes, formas de persuadir
discursos verbais podem ser formados de várias maneiras, para dissertar através de argumentos, é a Alusão ("Ler não é apenas reconhecer o dito,
ou argumentar, descrever ou narrar, colocamos em práticas um conjunto mais também o não-dito"). Nela, o escritor trabalha com valores, ideias ou
de referências codificadas há muito tempo e dadas como estruturadoras conceitos pré estabelecidos, sem porém com objetivos de forma clara e
do tipo de texto solicitado. concisa. O que acontece é a formação de um ambiente poético e sugerí-
vel, capaz de evocar nos leitores algo, digamos, uma sensação...
Para se persuadir por meio de muitos recursos da língua é necessário
que um texto possua um caráter argumentativo/descritivo. A construção de Texto Base: CITELLI, Adilson; “O Texto Argumentativo”
um ponto de vista de alguma pessoa sobre algo, varia de acordo com a São Paulo SP, Editora. Scipione, 1994 - 6ª edição.
sua análise e esta dar-se-á a partir do momento em que a compreensão

Língua Portuguesa 3

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APOSTILAS OPÇÃO
TIPOLOGIA TEXTUAL O pretérito imperfeito apresenta a ação em processo, cuja incidência
chega ao momento da narração: "Rosário olhava timidamente seu preten-
A todo o momento nos deparamos com vários textos, sejam eles dente, enquanto sua mãe, da sala, fazia comentários banais sobre a
verbais e não verbais. Em todos há a presença do discurso, isto é, a ideia história familiar." O perfeito, ao contrário, apresenta as ações concluídas
intrínseca, a essência daquilo que está sendo transmitido entre os no passado: "De repente, chegou o pai com suas botas sujas de barro,
interlocutores. olhou sua filha, depois o pretendente, e, sem dizer nada, entrou furioso na
sala".
Esses interlocutores são as peças principais em um diálogo ou em um
texto escrito, pois nunca escrevemos para nós mesmos, nem mesmo A apresentação das personagens ajusta-se à estratégia da definibili-
falamos sozinhos. dade: são introduzidas mediante uma construção nominal iniciada por um
artigo indefinido (ou elemento equivalente), que depois é substituído pelo
É de fundamental importância sabermos classificar os textos dos
definido, por um nome, um pronome, etc.: "Uma mulher muito bonita
quais travamos convivência no nosso dia a dia. Para isso, precisamos
entrou apressadamente na sala de embarque e olhou à volta, procurando
saber que existem tipos textuais e gêneros textuais.
alguém impacientemente. A mulher parecia ter fugido de um filme român-
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um fato presenciado tico dos anos 40."
ou ocorrido conosco, expomos nossa opinião sobre determinado assunto, O narrador é uma figura criada pelo autor para apresentar os fatos
ou descrevemos algum lugar pelo qual visitamos, e ainda, fazemos um que constituem o relato, é a voz que conta o que está acontecendo. Esta
retrato verbal sobre alguém que acabamos de conhecer ou ver. voz pode ser de uma personagem, ou de uma testemunha que conta os
É exatamente nestas situações corriqueiras que classificamos os fatos na primeira pessoa ou, também, pode ser a voz de uma terceira
nossos textos naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição e pessoa que não intervém nem como ator nem como testemunha.
Dissertação. Além disso, o narrador pode adotar diferentes posições, diferentes
Para melhor exemplificarmos o que foi dito, tomamos como exemplo pontos de vista: pode conhecer somente o que está acontecendo, isto é, o
um Editorial, no qual o autor expõe seu ponto de vista sobre determinado que as personagens estão fazendo ou, ao contrário, saber de tudo: o que
assunto, uma descrição de um ambiente e um texto literário escrito em fazem, pensam, sentem as personagens, o que lhes aconteceu e o que
prosa. lhes acontecerá. Estes narradores que sabem tudo são chamados onisci-
entes.
Em se tratando de gêneros textuais, a situação não é diferente, pois
se conceituam como gêneros textuais as diversas situações
sociocomunciativas que participam da nossa vida em sociedade. Como
A Novela
exemplo, temos: uma receita culinária, um e-mail, uma reportagem, uma
monografia, e assim por diante. Respectivamente, tais textos classificar- É semelhante ao conto, mas tem mais personagens, maior número de
se-iam como: instrucional, correspondência pessoal (em meio eletrônico), complicações, passagens mais extensas com descrições e diálogos. As
texto do ramo jornalístico e, por último, um texto de cunho científico. personagens adquirem uma definição mais acabada, e as ações secundá-
rias podem chegar a adquirir tal relevância, de modo que terminam por
Mas como toda escrita perfaz-se de uma técnica para compô-la, é converter-se, em alguns textos, em unidades narrativas independentes.
extremamente importante que saibamos a maneira correta de produzir
esta gama de textos. À medida que a praticamos, vamos nos
aperfeiçoando mais e mais na sua performance estrutural. Por Vânia
Duarte A Obra Teatral

O Conto Os textos literários que conhecemos como obras de teatro (dramas,


tragédias, comédias, etc.) vão tecendo diferentes histórias, vão desenvol-
É um relato em prosa de fatos fictícios. Consta de três momentos per- vendo diversos conflitos, mediante a interação linguística das persona-
feitamente diferenciados: começa apresentando um estado inicial de gens, quer dizer, através das conversações que têm lugar entre os partici-
equilíbrio; segue com a intervenção de uma força, com a aparição de um pantes nas situações comunicativas registradas no mundo de ficção
conflito, que dá lugar a uma série de episódios; encerra com a resolução construído pelo texto. Nas obras teatrais, não existe um narrador que
desse conflito que permite, no estágio final, a recuperação do equilíbrio conta os fatos, mas um leitor que vai conhecendo-os através dos diálogos
perdido. e/ ou monólogos das personagens.
Todo conto tem ações centrais, núcleos narrativos, que estabelecem Devido à trama conversacional destes textos, torna-se possível en-
entre si uma relação causal. Entre estas ações, aparecem elementos de contrar neles vestígios de oralidade (que se manifestam na linguagem
recheio (secundários ou catalíticos), cuja função é manter o suspense. espontânea das personagens, através de numerosas interjeições, de
Tanto os núcleos como as ações secundárias colocam em cena persona- alterações da sintaxe normal, de digressões, de repetições, de dêiticos de
gens que as cumprem em um determinado lugar e tempo. Para a apresen- lugar e tempo. Os sinais de interrogação, exclamação e sinais auxiliares
tação das características destes personagens, assim como para as indica- servem para moldar as propostas e as réplicas e, ao mesmo tempo,
ções de lugar e tempo, apela-se a recursos descritivos. estabelecem os turnos de palavras.
Um recurso de uso frequente nos contos é a introdução do diálogo As obras de teatro atingem toda sua potencialidade através da repre-
das personagens, apresentado com os sinais gráficos correspondentes sentação cênica: elas são construídas para serem representadas. O
(os travessões, para indicar a mudança de interlocutor). diretor e os atores orientam sua interpretação.
A observação da coerência temporal permite ver se o autor mantém a Estes textos são organizados em atos, que estabelecem a progressão
linha temporal ou prefere surpreender o leitor com rupturas de tempo na temática: desenvolvem uma unidade informativa relevante para cada
apresentação dos acontecimentos (saltos ao passado ou avanços ao contato apresentado. Cada ato contém, por sua vez, diferentes cenas,
futuro). determinadas pelas entradas e saídas das personagens e/ou por diferen-
tes quadros, que correspondem a mudanças de cenografias.
A demarcação do tempo aparece, geralmente, no parágrafo inicial. Os
contos tradicionais apresentam fórmulas características de introdução de Nas obras teatrais são incluídos textos de trama descritiva: são as
temporalidade difusa: "Era uma vez...", "Certa vez...". chamadas notações cênicas, através das quais o autor dá indicações aos
atores sobre a entonação e a gestualidade e caracteriza as diferentes
Os tempos verbais desempenham um papel importante na construção
cenografias que considera pertinentes para o desenvolvimento da ação.
e na interpretação dos contos. Os pretéritos imperfeito e o perfeito predo-
Estas notações apresentam com frequência orações unimembres e/ou
minam na narração, enquanto que o tempo presente aparece nas descri-
bimembres de predicado não verbal.
ções e nos diálogos.

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APOSTILAS OPÇÃO
O Poema A publicidade é um componente constante dos jornais e revistas, à
medida que permite o financiamento de suas edições. Mas os textos
Texto literário, geralmente escrito em verso, com uma distribuição es- publicitários aparecem não só nos periódicos como também em outros
pacial muito particular: as linhas curtas e os agrupamentos em estrofe dão meios amplamente conhecidos como os cartazes, folhetos, etc.; por isso,
relevância aos espaços em branco; então, o texto emerge da página com nos referiremos a eles em outro momento.
uma silhueta especial que nos prepara para sermos introduzidos nos
misteriosos labirintos da linguagem figurada. Pede uma leitura em voz Em geral, aceita-se que os textos jornalísticos, em qualquer uma de
alta, para captar o ritmo dos versos, e promove uma tarefa de abordagem suas seções, devem cumprir certos requisitos de apresentação, entre os
que pretende extrair a significação dos recursos estilísticos empregados quais destacamos: uma tipografia perfeitamente legível, uma diagramação
pelo poeta, quer seja para expressar seus sentimentos, suas emoções, cuidada, fotografias adequadas que sirvam para complementar a informa-
sua versão da realidade, ou para criar atmosferas de mistério de surrea- ção linguística, inclusão de gráficos ilustrativos que fundamentam as
lismo, relatar epopeias (como nos romances tradicionais), ou, ainda, para explicações do texto.
apresentar ensinamentos morais (como nas fábulas).
É pertinente observar como os textos jornalísticos distribuem-se na
O ritmo - este movimento regular e medido - que recorre ao valor so- publicação para melhor conhecer a ideologia da mesma. Fun-
noro das palavras e às pausas para dar musicalidade ao poema, é parte damentalmente, a primeira página, as páginas ímpares e o extremo supe-
essencial do verso: o verso é uma unidade rítmica constituída por uma rior das folhas dos jornais trazem as informações que se quer destacar.
série métrica de sílabas fônicas. A distribuição dos acentos das palavras Esta localização antecipa ao leitor a importância que a publicação deu ao
que compõem os versos tem uma importância capital para o ritmo: a conteúdo desses textos.
musicalidade depende desta distribuição.
O corpo da letra dos títulos também é um indicador a considerar sobre
Lembramos que, para medir o verso, devemos atender unicamente à a posição adotada pela redação.
distância sonora das sílabas. As sílabas fônicas apresentam algumas
diferenças das sílabas ortográficas. Estas diferenças constituem as cha-
madas licenças poéticas: a diérese, que permite separar os ditongos em A Notícia
suas sílabas; a sinérese, que une em uma sílaba duas vogais que não
constituem um ditongo; a sinalefa, que une em uma só sílaba a sílaba final Transmite uma nova informação sobre acontecimentos, objetos ou
de uma palavra terminada em vogal, com a inicial de outra que inicie com pessoas.
vogal ou h; o hiato, que anula a possibilidade da sinalefa. Os acentos As notícias apresentam-se como unidades informativas completas,
finais também incidem no levantamento das sílabas do verso. Se a última que contêm todos os dados necessários para que o leitor compreenda a
palavra é paroxítona, não se altera o número de sílabas; se é oxítona, informação, sem necessidade ou de recorrer a textos anteriores (por
soma-se uma sílaba; se é proparoxítona, diminui-se uma. exemplo, não é necessário ter lido os jornais do dia anterior para interpre-
A rima é uma característica distintiva, mas não obrigatória dos versos, tá-la), ou de ligá-la a outros textos contidos na mesma publicação ou em
pois existem versos sem rima (os versos brancos ou soltos de uso fre- publicações similares.
quente na poesia moderna). A rima consiste na coincidência total ou É comum que este texto use a técnica da pirâmide invertida: começa
parcial dos últimos fonemas do verso. Existem dois tipos de rimas: a pelo fato mais importante para finalizar com os detalhes. Consta de três
consoante (coincidência total de vogais e consoante a partir da última partes claramente diferenciadas: o título, a introdução e o desenvolvimen-
vogal acentuada) e a assonante (coincidência unicamente das vogais a to. O título cumpre uma dupla função - sintetizar o tema central e atrair a
partir da última vogal acentuada). A métrica mais frequente dos versos vai atenção do leitor. Os manuais de estilo dos jornais (por exemplo: do Jornal
desde duas até dezesseis sílabas. Os versos monossílabos não existem, El País, 1991) sugerem geralmente que os títulos não excedam treze
já que, pelo acento, são considerados dissílabos. palavras. A introdução contém o principal da informação, sem chegar a ser
As estrofes agrupam versos de igual medida e de duas medidas dife- um resumo de todo o texto. No desenvolvimento, incluem-se os detalhes
rentes combinadas regularmente. Estes agrupamentos vinculam-se à que não aparecem na introdução.
progressão temática do texto: com frequência, desenvolvem uma unidade A notícia é redigida na terceira pessoa. O redator deve manter-se à
informativa vinculada ao tema central. margem do que conta, razão pela qual não é permitido o emprego da
Os trabalhos dentro do paradigma e do sintagma, através dos meca- primeira pessoa do singular nem do plural. Isso implica que, além de omitir
nismos de substituição e de combinação, respectivamente, culminam com o eu ou o nós, também não deve recorrer aos possessivos (por exemplo,
a criação de metáforas, símbolos, configurações sugestionadoras de não se referirá à Argentina ou a Buenos Aires com expressões tais como
vocábulos, metonímias, jogo de significados, associações livres e outros nosso país ou minha cidade).
recursos estilísticos que dão ambiguidade ao poema. Esse texto se caracteriza por sua exigência de objetividade e veraci-
TEXTOS JORNALÍSTICOS dade: somente apresenta os dados. Quando o jornalista não consegue
comprovar de forma fidedigna os dados apresentados, costuma recorrer a
Os textos denominados de textos jornalísticos, em função de seu por- certas fórmulas para salvar sua responsabilidade: parece, não está des-
tador ( jornais, periódicos, revistas), mostram um claro predomínio da cartado que. Quando o redator menciona o que foi dito por alguma fonte,
função informativa da linguagem: trazem os fatos mais relevantes no recorre ao discurso direto, como, por exemplo:
momento em que acontecem. Esta adesão ao presente, esta primazia da
atualidade, condena-os a uma vida efêmera. Propõem-se a difundir as O ministro afirmou: "O tema dos aposentados será tratado na Câmara
novidades produzidas em diferentes partes do mundo, sobre os mais dos Deputados durante a próxima semana.
variados temas. O estilo que corresponde a este tipo de texto é o formal.
De acordo com este propósito, são agrupados em diferentes seções: Nesse tipo de texto, são empregados, principalmente, orações
informação nacional, informação internacional, informação local, socieda- enunciativas, breves, que respeitam a ordem sintática canônica. Apesar
de, economia, cultura, esportes, espetáculos e entretenimentos. das notícias preferencialmente utilizarem os verbos na voz ativa, também
A ordem de apresentação dessas seções, assim como a extensão e o é frequente o uso da voz passiva: Os delinquentes foram perseguidos pela
tratamento dado aos textos que incluem, são indicadores importantes polícia; e das formas impessoais: A perseguição aos delinquentes foi feita
tanto da ideologia como da posição adotada pela publicação sobre o tema por um patrulheiro.
abordado. A progressão temática das notícias gira em tomo das perguntas o
Os textos jornalísticos apresentam diferentes seções. As mais co- quê? quem? como? quando? por quê e para quê?
muns são as notícias, os artigos de opinião, as entrevistas, as reporta-
gens, as crônicas, as resenhas de espetáculos.
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APOSTILAS OPÇÃO
O Artigo de Opinião A Entrevista
Contém comentários, avaliações, expectativas sobre um tema da atu- Da mesma forma que reportagem, configura-se preferentemente me-
alidade que, por sua transcendência, no plano nacional ou internacional, já diante uma trama conversacional, mas combina com frequência este
é considerado, ou merece ser, objeto de debate. tecido com fios argumentativos e descritivos. Admite, então, uma maior
liberdade, uma vez que não se ajusta estritamente à fórmula pergunta-
Nessa categoria, incluem-se os editoriais, artigos de análise ou pes- resposta, mas detém-se em comentários e descrições sobre o entrevista-
quisa e as colunas que levam o nome de seu autor. Os editoriais expres- do e transcreve somente alguns fragmentos do diálogo, indicando com
sam a posição adotada pelo jornal ou revista em concordância com sua travessões a mudança de interlocutor. É permitido apresentar uma intro-
ideologia, enquanto que os artigos assinados e as colunas transmitem as dução extensa com os aspectos mais significativos da conversação manti-
opiniões de seus redatores, o que pode nos levar a encontrar, muitas da, e as perguntas podem ser acompanhadas de comentários, confirma-
vezes, opiniões divergentes e até antagônicas em uma mesma página. ções ou refutações sobre as declarações do entrevistado.
Embora estes textos possam ter distintas superestruturas, em geral se Por tratar-se de um texto jornalístico, a entrevista deve necessa-
organizam seguindo uma linha argumentativa que se inicia com a identifi- riamente incluir um tema atual, ou com incidência na atualidade, embora a
cação do tema em questão, acompanhado de seus antecedentes e alcan- conversação possa derivar para outros temas, o que ocasiona que muitas
ce, e que segue com uma tomada de posição, isto é, com a formulação de destas entrevistas se ajustem a uma progressão temática linear ou a
uma tese; depois, apresentam-se os diferentes argumentos de forma a temas derivados.
justificar esta tese; para encerrar, faz-se uma reafirmação da posição
adotada no início do texto. Como ocorre em qualquer texto de trama conversacional, não existe
uma garantia de diálogo verdadeiro; uma vez que se pode respeitar a vez
A efetividade do texto tem relação direta não só com a pertinência dos de quem fala, a progressão temática não se ajusta ao jogo argumentativo
argumentos expostos como também com as estratégias discursivas usa- de propostas e de réplicas.
das para persuadir o leitor. Entre estas estratégias, podemos encontrar as
seguintes: as acusações claras aos oponentes, as ironias, as insinuações, TEXTOS DE INFORMAÇÃO CIENTÍFICA
as digressões, as apelações à sensibilidade ou, ao contrário, a tomada de
distância através do uso das construções impessoais, para dar objetivida- Esta categoria inclui textos cujos conteúdos provêm do campo das ci-
de e consenso à análise realizada; a retenção em recursos descritivos - ências em geral. Os referentes dos textos que vamos desenvolver situam-
detalhados e precisos, ou em relatos em que as diferentes etapas de se tanto nas Ciências Sociais como nas Ciências Naturais.
pesquisa estão bem especificadas com uma minuciosa enumeração das Apesar das diferenças existentes entre os métodos de pesquisa des-
fontes da informação. Todos eles são recursos que servem para funda- tas ciências, os textos têm algumas características que são comuns a
mentar os argumentos usados na validade da tese. todas suas variedades: neles predominam, como em todos os textos
A progressão temática ocorre geralmente através de um esquema de informativos, as orações enunciativas de estrutura bimembre e prefere-se
temas derivados. Cada argumento pode encerrar um tópico com seus a ordem sintática canônica (sujeito-verbo-predicado).
respectivos comentários. Incluem frases claras, em que não há ambiguidade sintática ou se-
Estes artigos, em virtude de sua intencionalidade informativa, apre- mântica, e levam em consideração o significado mais conhecido, mais
sentam uma preeminência de orações enunciativas, embora também difundido das palavras.
incluam, com frequência, orações dubitativas e exortativas devido à sua O vocabulário é preciso. Geralmente, estes textos não incluem vocá-
trama argumentativa. As primeiras servem para relativizar os alcances e o bulos a que possam ser atribuídos um multiplicidade de significados, isto
valor da informação de base, o assunto em questão; as últimas, para é, evitam os termos polissêmicos e, quando isso não é possível, estabele-
convencer o leitor a aceitar suas premissas como verdadeiras. No decor- cem mediante definições operatórias o significado que deve ser atribuído
rer destes artigos, opta-se por orações complexas que incluem proposi- ao termo polissêmico nesse contexto.
ções causais para as fundamentações, consecutivas para dar ênfase aos
efeitos, concessivas e condicionais.
Para interpretar estes textos, é indispensável captar a postura A Definição
ideológica do autor, identificar os interesses a que serve e precisar sob Expande o significado de um termo mediante uma trama descritiva,
que circunstâncias e com que propósito foi organizada a informação que determina de forma clara e precisa as características genéricas e
exposta. Para cumprir os requisitos desta abordagem, necessitaremos diferenciais do objeto ao qual se refere. Essa descrição contém uma
utilizar estratégias tais como a referência exofórica, a integração crítica configuração de elementos que se relacionam semanticamente com o
dos dados do texto com os recolhidos em outras fontes e a leitura atenta termo a definir através de um processo de sinonímia.
das entrelinhas a fim de converter em explícito o que está implícito.
Recordemos a definição clássica de "homem", porque é o exemplo
Embora todo texto exija para sua interpretação o uso das estratégias por excelência da definição lógica, uma das construções mais generaliza-
mencionadas, é necessário recorrer a elas quando estivermos frente a um das dentro deste tipo de texto: O homem é um animal racional. A expan-
texto de trama argumentativa, através do qual o autor procura que o leitor são do termo "homem" - "animal racional" - apresenta o gênero a que
aceite ou avalie cenas, ideias ou crenças como verdadeiras ou falsas, pertence, "animal", e a diferença específica, "racional": a racionalidade é o
cenas e opiniões como positivas ou negativas. traço que nos permite diferenciar a espécie humana dentro do gênero
animal.
A Reportagem
Usualmente, as definições incluídas nos dicionários, seus portadores
É uma variedade do texto jornalístico de trama conversacional que, mais qualificados, apresentam os traços essenciais daqueles a que se
para informar sobre determinado tema, recorre ao testemunho de uma referem: Fiscis (do lat. piscis). s.p.m. Astron. Duodécimo e último signo ou
figura-chave para o conhecimento deste tópico. parte do Zodíaco, de 30° de amplitude, que o Sol percorre aparentemente
A conversação desenvolve-se entre um jornalista que representa a antes de terminar o inverno.
publicação e um personagem cuja atividade suscita ou merece despertar a Como podemos observar nessa definição extraída do Dicionário de La
atenção dos leitores. Real Academia Espa1ioJa (RAE, 1982), o significado de um tema base ou
A reportagem inclui uma sumária apresentação do entrevistado, reali- introdução desenvolve-se através de uma descrição que contém seus
zada com recursos descritivos, e, imediatamente, desenvolve o diálogo. traços mais relevantes, expressa, com frequência, através de orações
As perguntas são breves e concisas, à medida que estão orientadas para unimembres, constituídos por construções endocêntricas (em nosso
divulgar as opiniões e ideias do entrevistado e não as do entrevistador. exemplo temos uma construção endocêntrica substantiva - o núcleo é um
substantivo rodeado de modificadores "duodécimo e último signo ou parte

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APOSTILAS OPÇÃO
do Zodíaco, de 30° de amplitude..."), que incorporam maior informação A macroestrutura desses relatos contém, primordialmente, duas cate-
mediante proposições subordinadas adjetivas: "que o Sol percorre aparen- gorias: uma corresponde às condições em que o experimento se realiza,
temente antes de terminar o inverno". isto é, ao registro da situação de experimentação; a outra, ao processo
observado.
As definições contêm, também, informações complementares relacio-
nadas, por exemplo, com a ciência ou com a disciplina em cujo léxico se Nesses textos, então, são utilizadas com frequência orações que co-
inclui o termo a definir (Piscis: Astron.); a origem etimológica do vocábulo meçam com se (condicionais) e com quando (condicional temporal):
("do lat. piscis"); a sua classificação gramatical (s.p.m.), etc.
Se coloco a semente em um composto de areia, terra preta, húmus, a
Essas informações complementares contêm frequentemente planta crescerá mais rápido.
abreviaturas, cujo significado aparece nas primeiras páginas do Dicionário:
Lat., Latim; Astron., Astronomia; s.p.m., substantivo próprio masculino, etc. Quando rego as plantas duas vezes ao dia, os talos começam a
mostrar manchas marrons devido ao excesso de umidade.
O tema-base (introdução) e sua expansão descritiva - categorias bá-
sicas da estrutura da definição - distribuem-se espacialmente em blocos, Estes relatos adotam uma trama descritiva de processo. A variável
nos quais diferentes informações costumam ser codificadas através de tempo aparece através de numerais ordinais: Em uma primeira etapa, é
tipografias diferentes (negrito para o vocabulário a definir; itálico para as possível observar... em uma segunda etapa, aparecem os primeiros brotos
etimologias, etc.). Os diversos significados aparecem demarcados em ...; de advérbios ou de locuções adverbiais: Jogo, antes de, depois de, no
bloco mediante barras paralelas e /ou números. mesmo momento que, etc., dado que a variável temporal é um componen-
te essencial de todo processo. O texto enfatiza os aspectos descritivos,
Prorrogar (Do Jat. prorrogare) V.t.d. l. Continuar, dilatar, estender apresenta as características dos elementos, os traços distintivos de cada
uma coisa por um período determinado. 112. Ampliar, prolongar 113. uma das etapas do processo.
Fazer continuar em exercício; adiar o término de.
O relato pode estar redigido de forma impessoal: coloca-se, colocado
A Nota de Enciclopédia em um recipiente ... Jogo se observa/foi observado que, etc., ou na primei-
ra pessoa do singular, coloco/coloquei em um recipiente ... Jogo obser-
Apresenta, como a definição, um tema-base e uma expansão de tra- vo/observei que ... etc., ou do plural: colocamos em um recipiente... Jogo
ma descritiva; porém, diferencia-se da definição pela organização e pela observamos que... etc. O uso do impessoal enfatiza a distância existente
amplitude desta expansão. entre o experimentador e o experimento, enquanto que a primeira pessoa,
A progressão temática mais comum nas notas de enciclopédia é a de do plural e do singular enfatiza o compromisso de ambos.
temas derivados: os comentários que se referem ao tema-base constitu-
em-se, por sua vez, em temas de distintos parágrafos demarcados por
subtítulos. Por exemplo, no tema República Argentina, podemos encontrar A Monografia
os temas derivados: traços geológicos, relevo, clima, hidrografia, biogeo-
grafia, população, cidades, economia, comunicação, transportes, cultura, Este tipo de texto privilegia a análise e a crítica; a informação sobre
etc. um determinado tema é recolhida em diferentes fontes.

Estes textos empregam, com frequência, esquemas taxionômicos, Os textos monográficos não necessariamente devem ser realizados
nos quais os elementos se agrupam em classes inclusivas e incluídas. Por com base em consultas bibliográficas, uma vez que é possível terem como
exemplo: descreve-se "mamífero" como membro da classe dos vertebra- fonte, por exemplo, o testemunho dos protagonistas dos fatos, testemu-
dos; depois, são apresentados os traços distintivos de suas diversas nhos qualificados ou de especialistas no tema.
variedades: terrestres e aquáticos. As monografias exigem uma seleção rigorosa e uma organização coe-
Uma vez que nestas notas há predomínio da função informativa da rente dos dados recolhidos. A seleção e organização dos dados servem
linguagem, a expansão é construída sobre a base da descrição científica, como indicador do propósito que orientou o trabalho. Se pretendemos, por
que responde às exigências de concisão e de precisão. exemplo, mostrar que as fontes consultadas nos permitem sustentar que
os aspectos positivos da gestão governamental de um determinado per-
As características inerentes aos objetos apresentados aparecem atra- sonagem histórico têm maior relevância e valor do que os aspectos nega-
vés de adjetivos descritivos - peixe de cor amarelada escura, com man- tivos, teremos de apresentar e de categorizar os dados obtidos de tal
chas pretas no dorso, e parte inferior prateada, cabeça quase cônica, forma que esta valorização fique explícita.
olhos muito juntos, boca oblíqua e duas aletas dorsais - que ampliam a
base informativa dos substantivos e, como é possível observar em nosso Nas monografias, é indispensável determinar, no primeiro parágrafo, o
exemplo, agregam qualidades próprias daquilo a que se referem. tema a ser tratado, para abrir espaço à cooperação ativa do leitor que,
conjugando seus conhecimentos prévios e seus propósitos de leitura, fará
O uso do presente marca a temporalidade da descrição, em cujo teci- as primeiras antecipações sobre a informação que espera encontrar e
do predominam os verbos estáticos - apresentar, mostrar, ter, etc. - e os formulará as hipóteses que guiarão sua leitura. Uma vez determinado o
de ligação - ser, estar, parecer, etc. tema, estes textos transcrevem, mediante o uso da técnica de resumo, o
que cada uma das fontes consultadas sustenta sobre o tema, as quais
estarão listadas nas referências bibliográficas, de acordo com as normas
O Relato de Experimentos que regem a apresentação da bibliografia.
Contém a descrição detalhada de um projeto que consiste em O trabalho intertextual (incorporação de textos de outros no tecido do
manipular o ambiente para obter uma nova informação, ou seja, são textos texto que estamos elaborando) manifesta-se nas monografias através de
que descrevem experimentos. construções de discurso direto ou de discurso indireto.
O ponto de partida destes experimentos é algo que se deseja saber, Nas primeiras, incorpora-se o enunciado de outro autor, sem modifi-
mas que não se pode encontrar observando as coisas tais como estão; é cações, tal como foi produzido. Ricardo Ortiz declara: "O processo da
necessário, então, estabelecer algumas condições, criar certas situações economia dirigida conduziu a uma centralização na Capital Federal de
para concluir a observação e extrair conclusões. Muda-se algo para cons- toda tramitação referente ao comércio exterior'] Os dois pontos que pre-
tatar o que acontece. Por exemplo, se se deseja saber em que condições nunciam a palavra de outro, as aspas que servem para demarcá-la, os
uma planta de determinada espécie cresce mais rapidamente, pode-se traços que incluem o nome do autor do texto citado, 'o processo da eco-
colocar suas sementes em diferentes recipientes sob diferentes condições nomia dirigida - declara Ricardo Ortiz - conduziu a uma centralização...')
de luminosidade; em diferentes lugares, areia, terra, água; com diferentes são alguns dos sinais que distinguem frequentemente o discurso direto.
fertilizantes orgânicos, químicos etc., para observar e precisar em que Quando se recorre ao discurso indireto, relata-se o que foi dito por ou-
circunstâncias obtém-se um melhor crescimento. tro, em vez de transcrever textualmente, com a inclusão de elementos

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APOSTILAS OPÇÃO
subordinadores e dependendo do caso - as conseguintes modificações, ções, etc. Mas todos eles, independente de sua complexidade, comparti-
pronomes pessoais, tempos verbais, advérbios, sinais de pontuação, lham da função apelativa, à medida que prescrevem ações e empregam a
sinais auxiliares, etc. trama descritiva para representar o processo a ser seguido na tarefa
empreendida.
Discurso direto: ‘Ás raízes de meu pensamento – afirmou Echeverría -
nutrem-se do liberalismo’ A construção de muitos destes textos ajusta-se a modelos convencio-
nais cunhados institucionalmente. Por exemplo, em nossa comunidade,
Discurso indireto: 'Écheverría afirmou que as raízes de seu estão amplamente difundidos os modelos de regulamentos de co-
pensamento nutriam -se do liberalismo' propriedade; então, qualquer pessoa que se encarrega da redação de um
Os textos monográficos recorrem, com frequência, aos verbos dis- texto deste tipo recorre ao modelo e somente altera os dados de identifi-
cendi (dizer, expressar, declarar, afirmar, opinar, etc.), tanto para introduzir cação para introduzir, se necessário, algumas modificações parciais nos
os enunciados das fontes como para incorporar os comentários e opiniões direitos e deveres das partes envolvidas.
do emissor. Em nosso cotidiano, deparamo-nos constantemente com textos ins-
Se o propósito da monografia é somente organizar os dados que o trucionais, que nos ajudam a usar corretamente tanto um processador de
autor recolheu sobre o tema de acordo com um determinado critério de alimentos como um computador; a fazer uma comida saborosa, ou a
classificação explícito (por exemplo, organizar os dados em tomo do tipo seguir uma dieta para emagrecer. A habilidade alcançada no domínio
de fonte consultada), sua efetividade dependerá da coerência existente destes textos incide diretamente em nossa atividade concreta. Seu em-
entre os dados apresentados e o princípio de classificação adotado. prego frequente e sua utilidade imediata justificam o trabalho escolar de
abordagem e de produção de algumas de suas variedades, como as
Se a monografia pretende justificar uma opinião ou validar uma hipó- receitas e as instruções.
tese, sua efetividade, então, dependerá da confiabilidade e veracidade das
fontes consultadas, da consistência lógica dos argumentos e da coerência As Receitas e as Instruções
estabelecida entre os fatos e a conclusão. Referimo-nos às receitas culinárias e aos textos que trazem instru-
Estes textos podem ajustar-se a diferentes esquemas lógicos do tipo ções para organizar um jogo, realizar um experimento, construir um artefa-
problema /solução, premissas /conclusão, causas / efeitos. to, fabricar um móvel, consertar um objeto, etc.
Os conectores lógicos oracionais e extra-oracionais são marcas lin- Estes textos têm duas partes que se distinguem geralmente a partir
guísticas relevantes para analisar as distintas relações que se estabele- da especialização: uma, contém listas de elementos a serem utilizados
cem entre os dados e para avaliar sua coerência. (lista de ingredientes das receitas, materiais que são manipulados no
experimento, ferramentas para consertar algo, diferentes partes de um
A Biografia aparelho, etc.), a outra, desenvolve as instruções.
É uma narração feita por alguém acerca da vida de outra(s) As listas, que são similares em sua construção às que usamos habi-
pessoa(s). Quando o autor conta sua própria vida, considera-se uma tualmente para fazer as compras, apresentam substantivos concretos
autobiografia. acompanhados de numerais (cardinais, partitivos e múltiplos).
Estes textos são empregados com frequência na escola, para apre- As instruções configuram-se, habitualmente, com orações bimembres,
sentar ou a vida ou algumas etapas decisivas da existência de persona- com verbos no modo imperativo (misture a farinha com o fermento), ou
gens cuja ação foi qualificada como relevante na história. orações unimembres formadas por construções com o verbo no infinitivo
Os dados biográficos ordenam-se, em geral, cronologicamente, e, da- (misturar a farinha com o açúcar).
do que a temporalidade é uma variável essencial do tecido das biografias, Tanto os verbos nos modos imperativo, subjuntivo e indicativo como
em sua construção, predominam recursos linguísticos que asseguram a as construções com formas nominais gerúndio, particípio, infinitivo apare-
conectividade temporal: advérbios, construções de valor semântico adver- cem acompanhados por advérbios palavras ou por locuções adverbiais
bial (Seus cinco primeiros anos transcorreram na tranquila segurança de que expressam o modo como devem ser realizadas determinadas ações
sua cidade natal Depois, mudou-se com a família para La Prata), proposi- (separe cuidadosamente as claras das gemas, ou separe com muito
ções temporais (Quando se introduzia obsessivamente nos tortuosos cuidado as claras das gemas). Os propósitos dessas ações aparecem
caminhos da novela, seus estudos de física ajudavam-no a reinstalar-se estruturados visando a um objetivo (mexa lentamente para diluir o conteú-
na realidade), etc. do do pacote em água fria), ou com valor temporal final (bata o creme com
A veracidade que exigem os textos de informação científica mani- as claras até que fique numa consistência espessa). Nestes textos inclui-
festa-se nas biografias através das citações textuais das fontes dos dados se, com frequência, o tempo do receptor através do uso do dêixis de lugar
apresentados, enquanto a ótica do autor é expressa na seleção e no modo e de tempo: Aqui, deve acrescentar uma gema. Agora, poderá mexer
de apresentação destes dados. Pode-se empregar a técnica de acumula- novamente. Neste momento, terá que correr rapidamente até o lado
ção simples de dados organizados cronologicamente, ou cada um destes oposto da cancha. Aqui pode intervir outro membro da equipe.
dados pode aparecer acompanhado pelas valorações do autor, de acordo TEXTOS EPISTOLARES
com a importância que a eles atribui.
Os textos epistolares procuram estabelecer uma comunicação por es-
Atualmente, há grande difusão das chamadas "biografias não - crito com um destinatário ausente, identificado no texto através do cabeça-
autorizadas" de personagens da política, ou do mundo da Arte. Uma lho. Pode tratar-se de um indivíduo (um amigo, um parente, o gerente de
característica que parece ser comum nestas biografias é a inten- uma empresa, o diretor de um colégio), ou de um conjunto de indivíduos
cionalidade de revelar a personagem através de uma profusa acumulação designados de forma coletiva (conselho editorial, junta diretora).
de aspectos negativos, especialmente aqueles que se relacionam a defei-
tos ou a vícios altamente reprovados pela opinião pública. Estes textos reconhecem como portador este pedaço de papel que,
de forma metonímica, denomina-se carta, convite ou solicitação, depen-
TEXTOS INSTRUCIONAIS dendo das características contidas no texto.
Estes textos dão orientações precisas para a realização das mais di- Apresentam uma estrutura que se reflete claramente em sua organi-
versas atividades, como jogar, preparar uma comida, cuidar de plantas ou zação espacial, cujos componentes são os seguintes: cabeçalho, que
animais domésticos, usar um aparelho eletrônico, consertar um carro, etc. estabelece o lugar e o tempo da produção, os dados do destinatário e a
Dentro desta categoria, encontramos desde as mais simples receitas forma de tratamento empregada para estabelecer o contato: o corpo, parte
culinárias até os complexos manuais de instrução para montar o motor de do texto em que se desenvolve a mensagem, e a despedida, que inclui a
um avião. Existem numerosas variedades de textos instrucionais: além de saudação e a assinatura, através da qual se introduz o autor no texto. O
receitas e manuais, estão os regulamentos, estatutos, contratos, instru- grau de familiaridade existente entre emissor e destinatário é o princípio

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que orienta a escolha do estilo: se o texto é dirigido a um familiar ou a um A argumentação destas solicitações institucionalizaram-se de tal ma-
amigo, opta-se por um estilo informal; caso contrário, se o destinatário é neira que aparece contida nas instruções de formulários de emprego, de
desconhecido ou ocupa o nível superior em uma relação assimétrica solicitação de bolsas de estudo, etc.
(empregador em relação ao empregado, diretor em relação ao aluno, etc.), Texto extraído de: ESCOLA, LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS, Ana Maria
impõe-se o estilo formal. Kaufman, Artes Médicas, Porto Alegre, RS.

A Carta
As cartas podem ser construídas com diferentes tramas (narrativa e EXERCÍCIOS – INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
argumentativa), em tomo das diferentes funções da linguagem (informati-
va, expressiva e apelativa).
Atenção: As questões de números 1 a 10 referem-se ao texto que
Referimo-nos aqui, em particular, às cartas familiares e amistosas, is- segue.
to é, aqueles escritos através dos quais o autor conta a um parente ou a No coração do progresso
um amigo eventos particulares de sua vida. Estas cartas contêm aconte- Há séculos a civilização ocidental vem correndo atrás de tudo o que
cimentos, sentimentos, emoções, experimentados por um emissor que classifica como progresso. Essa palavra mágica aplica-se tanto à inven-
percebe o receptor como ‘cúmplice’, ou seja, como um destinatário com- ção do aeroplano ou à descoberta do DNA como à promoção do papai no
prometido afetivamente nessa situação de comunicação e, portanto, capaz novo emprego. “Estou fazendo progressos”, diz a titia, quando enfim
de extrair a dimensão expressiva da mensagem. acerta a mão numa velha receita. Mas quero chegar logo ao ponto, e
Uma vez que se trata de um diálogo à distância com um receptor co- convidar o leitor a refletir sobre o sentido dessa palavra, que sempre
nhecido, opta-se por um estilo espontâneo e informal, que deixa transpa- pareceu abrir todas as portas para uma vida melhor.
recer marcas da oraljdade: frases inconclusas, nas quais as reticências Quando, muitos anos atrás, num daqueles documentários de cinema,
habilitam múltiplas interpretações do receptor na tentativa de concluí-las; via-se uma floresta sendo derrubada para dar lugar a algum empreendimen-
perguntas que procuram suas respostas nos destinatários; perguntas que to, ninguém tinha dúvida em dizer ou pensar: é o progresso. Uma represa
encerram em si suas próprias respostas (perguntas retóricas); pontos de monumental era progresso. Cada novo produto químico era um progresso.
exclamação que expressam a ênfase que o emissor dá a determinadas As coisas não mudaram tanto: continuamos a usar indiscriminadamente a
expressões que refletem suas alegrias, suas preocupações, suas dúvidas. palavrinha mágica. Mas não deixaram de mudar um pouco: desde que a
Ecologia saiu das academias, divulgou-se, popularizou-se e tornou-se,
Estes textos reúnem em si as diferentes classes de orações. As
efetivamente, um conjunto de iniciativas em favor da preservação ambiental
enunciativas, que aparecem nos fragmentos informativos, alternam-se
e da melhoria das condições da vida em nosso pequenino planeta.
com as dubitativas, desiderativas, interrogativas, exclamativas, para
manifestar a subjetividade do autor. Esta subjetividade determina também Para isso, foi preciso determinar muito bem o sentido de progresso. Do
o uso de diminutivos e aumentativos, a presença frequente de adjetivos ponto de vista material, considera-se ganho humano apenas aquilo que
qualificativos, a ambiguidade lexical e sintática, as repetições, as interjei- concorre para equilibrar a ação transformadora do homem sobre a natureza
ções. e a integridade da vida natural. Desenvolvimento, sim, mas sustentável: o
adjetivo exprime uma condição, para cercear as iniciativas predatórias. Cada
A Solicitação novidade tecnológica há de ser investigada quanto a seus efeitos sobre o
É dirigida a um receptor que, nessa situação comunicativa estabeleci- homem e o meio em que vive. Cada intervenção na natureza há de adequar-
da pela carta, está revestido de autoridade à medida que possui algo ou se a um planejamento que considere a qualidade e a extensão dos efeitos.
tem a possibilidade de outorgar algo que é considerado valioso pelo Em suma: já está ocorrendo, há algum tempo, uma avaliação ética e
emissor: um emprego, uma vaga em uma escola, etc. política de todas as formas de progresso que afetam nossa relação com o
Esta assimetria entre autor e leitor um que pede e outro que pode ce- mundo e, portanto, a qualidade da nossa vida. Não é pouco, mas ainda
não é suficiente. Aos cientistas, aos administradores, aos empresários,
der ou não ao pedido, — obriga o primeiro a optar por um estilo formal,
aos industriais e a todos nós – cidadãos comuns – cabe a tarefa cotidiana
que recorre ao uso de fórmulas de cortesia já estabelecidas con-
vencionalmente para a abertura e encerramento (atenciosamente ..com de zelarmos por nossas ações que inflectem sobre qualquer aspecto da
votos de estima e consideração . . . / despeço-me de vós respeitosamente qualidade de vida. A tarefa começa em nossa casa, em nossa cozinha e
. ../ Saúdo-vos com o maior respeito), e às frases feitas com que se inici- banheiro, em nosso quintal e jardim – e se estende à preocupação com a
am e encerram-se estes textos (Dirijo-me a vós a fim de solicitar-lhe que ... rua, com o bairro, com a cidade.
O abaixo-assinado, Antônio Gonzalez, D.NJ. 32.107 232, dirigi-se ao “Meu coração não é maior do que o mundo”, dizia o poeta. Mas um
Senhor Diretor do Instituto Politécnico a fim de solicitar-lhe...) mundo que merece a atenção do nosso coração e da nossa inteligência é,
certamente, melhor do que este em que estamos vivendo.
As solicitações podem ser redigidas na primeira ou terceira pessoa do
singular. As que são redigidas na primeira pessoa introduzem o emissor Não custa interrogar, a cada vez que alguém diz progresso, o sentido
através da assinatura, enquanto que as redigidas na terceira pessoa preciso – talvez oculto - da palavra mágica empregada. (Alaor Adauto de
identificam-no no corpo do texto (O abaixo assinado, Juan Antonio Pérez, Mello)
dirige-se a...).
1. Centraliza-se, no texto, uma concepção de progresso, segundo a
A progressão temática dá-se através de dois núcleos informativos: o qual este deve ser
primeiro determina o que o solicitante pretende; o segundo, as condições (A)) equacionado como uma forma de equilíbrio entre as atividades
que reúne para alcançar aquilo que pretende. Estes núcleos, demarcados humanas e o respeito ao mundo natural.
por frases feitas de abertura e encerramento, podem aparecer invertidos (B) identificado como aprimoramento tecnológico que resulte em ativi-
em algumas solicitações, quando o solicitante quer enfatizar suas condi- dade economicamente viável.
ções; por isso, as situa em um lugar preferencial para dar maior força à (C) caracterizado como uma atividade que redunde em maiores lucros
sua apelação. para todos os indivíduos de uma comunidade.
Essas solicitações, embora cumpram uma função apelativa, mostram (D) definido como um atributo da natureza que induz os homens a
um amplo predomínio das orações enunciativas complexas, com inclusão aproveitarem apenas o que é oferecido em sua forma natural.
tanto de proposições causais, consecutivas e condicionais, que permitem (E) aceito como um processo civilizatório que implique melhor distribui-
desenvolver fundamentações, condicionamentos e efeitos a alcançar, ção de renda entre todos os agentes dos setores produtivos.
como de construções de infinitivo ou de gerúndio: para alcançar essa
posição, o solicitante lhe apresenta os seguintes antecedentes... (o infiniti- 2. Considere as seguintes afirmações:
vo salienta os fins a que se persegue), ou alcançando a posição de... (o I. A banalização do uso da palavra progresso é uma consequência
gerúndio enfatiza os antecedentes que legitimam o pedido). do fato de que a Ecologia deixou de ser um assunto acadêmico.

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II. A expressão desenvolvimento sustentável pressupõe que haja Está correto APENAS o que se afirmar em
formas de desenvolvimento nocivas e predatórias. (A) I.
III. Entende o autor do texto que a magia da palavra progresso advém (B)) II.
do uso consciente e responsável que a maioria das pessoas vem (C) III.
fazendo dela. (D) I e II.
Em relação ao texto está correto APENAS que se afirmar em (E) II e III.
(A) I. (B))II.
(C) III. (D) I e II. (E) II e III. 8. A palavra progresso frequenta todas as bocas, todas pronunciam a
palavra progresso, todas atribuem a essa palavra sentidos mágicos
3. Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente uma frase do que elevam essa palavra ao patamar dos nomes miraculosos.
texto em: Evitam-se as repetições viciosas da frase acima substituindo-se os
(A) Mas quero chegar logo ao ponto = devo me antecipar a qualquer elementos sublinhados, na ordem dada, por:
conclusão. (A)) a pronunciam - lhe atribuem - a elevam
(B) continuamos a usar indiscriminadamente a palavrinha mágica = (B) a pronunciam - atribuem-na - elevam-na
seguimos chamando de mágico tudo o que julgamos sem precon-
(C) lhe pronunciam - lhe atribuem - elevam-lhe
ceito.
(C) para cercear as iniciativas predatórias = para ir ao encontro das (D) a ela pronunciam - a ela atribuem - lhe elevam
ações voluntariosas. (E) pronunciam-na - atribuem-na - a elevam
(D) ações que inflectem sobre qualquer aspecto da qualidade da vida =
práticas alheias ao que diz respeito às condições de vida. 9. Está clara e correta a redação da seguinte frase:
(E)) há de adequar-se a um planejamento = deve ir ao encontro do que (A) Caso não se determine bem o sentido da palavra progresso, pois
está planificado. que é usada indiscriminadamente, ainda assim se faria necessário
que reflitamos sobre seu verdadeiro sentido.
4. Cada intervenção na natureza há de adequar-se a um planejamento (B) Ao dizer o poeta que seu coração não é maior do que o mundo,
pelo qual se garanta que a qualidade da vida seja preservada. devemos nos inspirar para que se estabeleça entre este e o nosso
Os tempos e os modos verbais da frase acima continuarão correta- coração os compromissos que se reflitam numa vida melhor.
mente articulados caso se substituam as formas sublinhadas, na (C) Nada é desprezível no espaço do mundo, que não mereça nossa
ordem em que surgem, por atenção quanto ao fato de que sejamos responsáveis por sua me-
(A) houve - garantiria – é (B) haveria - garantiu - teria lhoria, seja o nosso quintal, nossa rua, enfim, onde se esteja.
sido (D)) Todo desenvolvimento definido como sustentável exige, para fazer
(C) haveria - garantisse – fosse (D) haverá - garantisse - e jus a esse adjetivo, cuidados especiais com o meio ambiente, para
(E) havia - garantiu – é que não venham a ser nocivos seus efeitos imediatos ou futuros.
(E) Tem muita ciência que, se saísse das limitações acadêmicas, acaba-
5. As normas de concordância verbal estão plenamente respeitadas riam por se revelarem mais úteis e mais populares, em vista da Eco-
na frase: logia, cujas consequências se sente mesmo no âmbito da vida prática.
(A)) Já faz muitos séculos que se vêm atribuindo à palavra progresso
algumas conotações mágicas. 10. Está inteiramente correta a pontuação do seguinte período:
(B) Deve-se ao fato de usamos muitas palavras sem conhecer seu (A) Toda vez que é pronunciada, a palavra progresso, parece abrir a
sentido real muitos equívocos ideológicos. porta para um mundo, mágico de prosperidade garantida.
(C) Muitas coisas a que associamos o sentido de progresso não chega (B)) Por mínimas que pareçam, há providências inadiáveis, ações
a representarem, de fato, qualquer avanço significativo. aparentemente irrisórias, cuja execução cotidiana é, no entanto, im-
(D) Se muitas novidades tecnológicas houvesse de ser investigadas a portantíssima.
fundo, veríamos que são irrelevantes para a melhoria da vida. (C) O prestígio da palavra progresso, deve-se em grande parte ao
(E) Começam pelas preocupações com nossa casa, com nossa rua, modo irrefletido, com que usamos e abusamos, dessa palavrinha
com nossa cidade a tarefa de zelarmos por uma boa qualidade da mágica.
vida. (D) Ainda que traga muitos benefícios, a construção de enormes repre-
sas, costuma trazer também uma série de consequências ambien-
6. Está correto o emprego de ambas as expressões sublinhadas na
tais que, nem sempre, foram avaliadas.
frase:
(E) Não há dúvida, de que o autor do texto aderiu a teses ambientalis-
(A) De tudo aquilo que classificamos como progresso costumamos
tas segundo as quais, o conceito de progresso está sujeito a uma
atribuir o sentido de um tipo de ganho ao qual não queremos abrir
permanente avaliação.
mão.
(B) É preferível deixar intacta a mata selvagem do que destruí-la em
nome de um benefício em que quase ninguém desfrutará. Leia o texto a seguir para responder às questões de números 11 a 24.
(C) A titia, cuja a mão enfim acertou numa velha receita, não hesitou
em ver como progresso a operação à qual foi bem sucedida. De um lado estão os prejuízos e a restrição de direitos causados pe-
(D) A precisão da qual se pretende identificar o sentido de uma palavra los protestos que param as ruas de São Paulo. De outro está o direito à
depende muito do valor de contexto a que lhe atribuímos. livre manifestação, assegurado pela Carta de 1988. Como não há fórmula
(E)) As inovações tecnológicas de cujo benefício todos se aproveitam perfeita de arbitrar esse choque entre garantias democráticas fundamen-
representam, efetivamente, o avanço a que se costuma chamar tais, cabe lançar mão de medidas pontuais – e sobretudo de bom senso.
progresso. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) estima em R$ 3 mi-
lhões o custo para a população dos protestos ocorridos nos últimos três
7. Considere as seguintes afirmações, relativas a aspectos da cons- anos na capital paulista. O cálculo leva em conta o combustível consumido
trução ou da expressividade do texto: e as horas perdidas de trabalho durante os engarrafamentos causados por
I. No contexto do segundo parágrafo, a forma plural não mudaram protestos. Os carros enfileirados por conta de manifestações nesses três
tanto atende à concordância com academias. anos praticamente cobririam os 231 km que separam São Paulo de São
II. No contexto do terceiro parágrafo, a expressão há de adequar-se Carlos.
exprime um dever imperioso, uma necessidade premente.
III. A expressão Em suma, tal como empregada no quarto parágrafo, A Justiça é o meio mais promissor, em longo prazo, para desestimular
anuncia a abertura de uma linha de argumentação ainda inexplora- os protestos abusivos que param o trânsito nos horários mais inconvenien-
da no texto. tes e acarretam variados transtornos a milhões de pessoas. É adequada a
atitude da CET de enviar sistematicamente ao Ministério Público relatórios
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com os prejuízos causados em cada manifestação feita fora de horários e (E) satisfação, porque cita casos em que a Justiça já teve êxito em
locais sugeridos pela agência ou sem comunicação prévia. impedir protestos em horários inconvenientes e em avenidas movi-
mentadas.
Com base num documento da CET, por exemplo, a Procuradoria aci-
onou um líder de sindicato, o qual foi condenado em primeira instância a 16. De acordo com o texto, a atitude da Companhia de Engenharia de
pagar R$ 3,3 milhões aos cofres públicos, a título de reparação. O direito à Tráfego de enviar periodicamente relatórios sobre os prejuízos cau-
livre manifestação está previsto na Constituição. No entanto, tal direito não sados em cada manifestação é
anula a responsabilização civil e criminal em caso de danos provocados (A) pertinente. (B) indiferente.
pelos protestos. (C) irrelevante. (D) onerosa. (E) inofensiva.
O poder público deveria definir, de preferência em negociação com as
categorias que costumam realizar protestos na capital, horários e locais 17. No quarto parágrafo, o fato de a Procuradoria condenar um líder
vedados às passeatas. Práticas corriqueiras, como a paralisia de avenidas sindical
essenciais para o tráfego na capital nos horários de maior fluxo, deveriam (A) é ilegal e fere os preceitos da Carta de 1998.
ser abolidas. (B) deve ser comemorada, ainda que viole a Constituição.
(Folha de S.Paulo, 29.09.07. Adaptado) (C) é legal, porque o direito à livre manifestação não isenta o manifes-
tante da responsabilidade pelos danos causados.
11. De acordo com o texto, é correto afirmar que (D) é nula, porque, segundo o direito à livre manifestação, o acusado
(A) a Companhia de Engenharia de Tráfego não sabe mensurar o custo poderá entrar com recurso.
dos protestos ocorridos nos últimos anos. (E) é inédita, porque, pela primeira vez, apesar dos direitos assegura-
(B) os prejuízos da ordem de R$ 3 milhões em razão dos engarrafa- dos, um manifestante será punido.
mentos já foram pagos pelos manifestantes.
18. Dentre as soluções apontadas, no último parágrafo, para resolver o
(C) os protestos de rua fazem parte de uma sociedade democrática e
conflito, destaca-se
são permitidos pela Carta de 1988.
(A) multa a líderes sindicais.
(D) após a multa, os líderes de sindicato resolveram organizar protestos (B) fiscalização mais rígida por parte da Companhia de Engenharia de
de rua em horários e locais predeterminados. Tráfego.
(E) o Ministério Público envia com frequência estudos sobre os custos (C) o fim dos protestos em qualquer via pública.
das manifestações feitas de forma abusiva. (D) fixar horários e locais proibidos para os protestos de rua.
(E) negociar com diferentes categorias para que não façam mais mani-
12. No primeiro parágrafo, afirma-se que não há fórmula perfeita para festações.
solucionar o conflito entre manifestantes e os prejuízos causados ao
restante da população. A saída estaria principalmente na 19. No trecho – É adequada a atitude da CET de enviar relatórios –,
(A) sensatez. substituindo-se o termo atitude por comportamentos, obtém-se, de
(B) Carta de 1998. acordo com as regras gramaticais, a seguinte frase:
(C) Justiça. (A) É adequada comportamentos da CET de enviar relatórios.
(D) Companhia de Engenharia de Tráfego. (B) É adequado comportamentos da CET de enviar relatórios.
(E) na adoção de medidas amplas e profundas. (C) São adequado os comportamentos da CET de enviar relatórios.
(D) São adequadas os comportamentos da CET de enviar relatórios.
13. De acordo com o segundo parágrafo do texto, os protestos que (E) São adequados os comportamentos da CET de enviar relatórios.
param as ruas de São Paulo representam um custo para a popula-
ção da cidade. O cálculo desses custos é feito a partir 20. No trecho – No entanto, tal direito não anula a responsabilização
(A) das multas aplicadas pela Companhia de Engenharia de Tráfego civil e criminal em caso de danos provocados pelos protestos –, a
(CET). locução conjuntiva no entanto indica uma relação de
(B) dos gastos de combustível e das horas de trabalho desperdiçadas (A) causa e efeito. (B) oposição.
em engarrafamentos. (C) comparação. (D) condição. (E) explicação.
(C) da distância a ser percorrida entre as cidades de São Paulo e São
Carlos. 21. “Não há fórmula perfeita de arbitrar esse choque.” Nessa frase, a
(D) da quantidade de carros existentes entre a capital de São Paulo e palavra arbitrar é um sinônimo de
São Carlos. (A) julgar. (B) almejar.
(E) do número de usuários de automóveis particulares da cidade de (C) condenar. (D) corroborar. (E) descriminar.
São Paulo.
22. No trecho – A Justiça é o meio mais promissor para desestimular os
protestos abusivos – a preposição para estabelece entre os termos
14. A quantidade de carros parados nos engarrafamentos, em razão
uma relação de
das manifestações na cidade de São Paulo nos últimos três anos, é
(A) tempo. (B) posse.
equiparada, no texto,
(C) causa. (D) origem. (E) finalidade.
(A) a R$ 3,3 milhões.
(B) ao total de usuários da cidade de São Carlos. 23. Na frase – O poder público deveria definir horários e locais –, subs-
(C) ao total de usuários da cidade de São Paulo. tituindo-se o verbo definir por obedecer, obtém-se, segundo as re-
(D) ao total de combustível economizado. gras de regência verbal, a seguinte frase:
(E) a uma distância de 231 km. (A) O poder público deveria obedecer para horários e locais.
(B) O poder público deveria obedecer a horários e locais.
15. No terceiro parágrafo, a respeito do poder da Justiça em coibir os (C) O poder público deveria obedecer horários e locais.
protestos abusivos, o texto assume um posicionamento de (D) O poder público deveria obedecer com horários e locais.
(A) indiferença, porque diz que a decisão não cabe à Justiça. (E) O poder público deveria obedecer os horários e locais.
(B) entusiasmo, porque acredita que o órgão já tem poder para impedir
protestos abusivos. 24. Transpondo para a voz passiva a frase – A Procuradoria acionou
(C) decepção, porque não vê nenhum exemplo concreto do órgão para um líder de sindicato – obtém-se:
impedir protestos em horários de pico. (A) Um líder de sindicato foi acionado pela Procuradoria.
(D) confiança, porque acredita que, no futuro, será uma forma bem- (B) Acionaram um líder de sindicato pela Procuradoria.
sucedida de desestimular protestos abusivos. (C) Acionaram-se um líder de sindicato pela Procuradoria.

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(D) Um líder de sindicato será acionado pela Procuradoria. 27. Assinale a alternativa em que se repete o tipo de oração introduzida
(E) A Procuradoria foi acionada por um líder de sindicato. pela conjunção se, empregado na frase – Questionamos também se
uma corporação profissional deve ter carta-branca para determinar
Leia o texto para responder às questões de números 25 a 34. a dificuldade das provas, ...
(A) A sociedade não chega a saber se os advogados são muito corpo-
DIPLOMA E MONOPÓLIO rativos.
Faz quase dois séculos que foram fundadas escolas de direito e me- (B) Se os advogados aprendem pouco, a culpa é da fragilidade do
dicina no Brasil. É embaraçoso verificar que ainda não foram resolvidos os ensino básico.
enguiços entre diplomas e carreiras. Falta-nos descobrir que a concorrên- (C) O advogado afirma que se trata de uma questão secundária.
cia (sob um bom marco regulatório) promove o interesse da sociedade e (D) É um curso no qual se exercita lógica rigorosa.
que o monopólio só é bom para quem o detém. Não fora essa ignorância, (E) No curso de direito, lê-se bastante.
como explicar a avalanche de leis que protegem monopólios espúrios para
o exercício profissional? 28. Assinale a alternativa em que se admite a concordância verbal tanto
Desde a criação dos primeiros cursos de direito, os graduados apenas no singular como no plural como em: A maioria dos advogados
ocasionalmente exercem a profissão. Em sua maioria, sempre ocuparam ocupam postos de destaque na política e no mundo dos negócios.
postos de destaque na política e no mundo dos negócios. Nos dias de (A) Como o direito, a medicina é uma carreira estritamente profissional.
hoje, nem 20% advogam. (B) Os Estados Unidos e a Alemanha não oferecem cursos de adminis-
tração em nível de bacharelado.
Mas continua havendo boas razões para estudar direito, pois esse é
(C) Metade dos cursos superiores carecem de boa qualificação.
um curso no qual se exercita lógica rigorosa, se lê e se escreve bastante.
(D) As melhores universidades do país abastecem o mercado de traba-
Torna os graduados mais cultos e socialmente mais produtivos do que se
lho com bons profissionais.
não houvessem feito o curso. Se aprendem pouco, paciência, a culpa é
(E) A abertura de novos cursos tem de ser controlada por órgãos
mais da fragilidade do ensino básico do que das faculdades. Diante dessa
oficiais.
polivalência do curso de direito, os exames da OAB são uma solução
brilhante. Aqueles que defenderão clientes nos tribunais devem demons-
trar nessa prova um mínimo de conhecimento. Mas, como os cursos são 29. Assinale a alternativa que apresenta correta correlação de tempo
também úteis para quem não fez o exame da Ordem ou não foi bem verbal entre as orações.
sucedido na prova, abrir ou fechar cursos de “formação geral” é assunto (A) Se os advogados demonstrarem um mínimo de conhecimento,
do MEC, não da OAB. A interferência das corporações não passa de uma poderiam defender bem seus clientes.
prática monopolista e ilegal em outros ramos da economia. Questionamos (B) Embora tivessem cursado uma faculdade, não se desenvolveram
também se uma corporação profissional deve ter carta-branca para deter- intelectualmente.
minar a dificuldade das provas, pois essa é também uma forma de limitar (C) É possível que os novos cursos passam a ter fiscalização mais
a concorrência – mas trata-se aí de uma questão secundária. (...) severa.
(D) Se não fosse tanto desconhecimento, o desempenho poderá ser
(Veja, 07.03.2007. Adaptado)
melhor.
(E) Seria desejável que os enguiços entre diplomas e carreiras se
25. Assinale a alternativa que reescreve, com correção gramatical, as resolvem brevemente.
frases: Faz quase dois séculos que foram fundadas escolas de di-
reito e medicina no Brasil. / É embaraçoso verificar que ainda não 30. A substituição das expressões em destaque por um pronome pes-
foram resolvidos os enguiços entre diplomas e carreiras. soal está correta, nas duas frases, de acordo com a norma culta,
(A) Faz quase dois séculos que se fundou escolas de direito e medicina em:
no Brasil. / É embaraçoso verificar que ainda não se resolveu os (A) I. A concorrência promove o interesse da sociedade. / A concorrên-
enguiços entre diplomas e carreiras. cia promove-o. II. Aqueles que defenderão clientes. / Aqueles que
(B) Faz quase dois séculos que se fundava escolas de direito e medici- lhes defenderão.
na no Brasil. / É embaraçoso verificar que ainda não se resolveram (B) I. O governo fundou escolas de direito e de medicina. / O governo
os enguiços entre diplomas e carreiras. fundou elas. II. Os graduados apenas ocasionalmente exercem a
(C) Faz quase dois séculos que se fundaria escolas de direito e medici- profissão. / Os graduados apenas ocasionalmente exercem-la.
na no Brasil. / É embaraçoso verificar que ainda não se resolveu os (C) I. Torna os graduados mais cultos. / Torna-os mais cultos. II. É
enguiços entre diplomas e carreiras. preciso mencionar os cursos de administração. / É preciso mencio-
(D) Faz quase dois séculos que se fundara escolas de direito e medici- nar-lhes.
na no Brasil. / É embaraçoso verificar que ainda não se resolvera os (D) I. Os advogados devem demonstrar muitos conhecimentos. Os
enguiços entre diplomas e carreiras. advogados devem demonstrá-los. II. As associações mostram à so-
(E) Faz quase dois séculos que se fundaram escolas de direito e medi- ciedade o seu papel. / As associações mostram-lhe o seu papel.
cina no Brasil. / É embaraçoso verificar que ainda não se resolve- (E) I. As leis protegem os monopólios espúrios. / As leis protegem-os.
ram os enguiços entre diplomas e carreiras. II. As corporações deviam fiscalizar a prática profissional. / As cor-
porações deviam fiscalizá-la.
26. Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, de
acordo com a norma culta, as frases: O monopólio só é bom para 31. Assinale a alternativa em que as palavras em destaque exercem,
aqueles que _______. / Nos dias de hoje, nem 20% advogam, e ape- respectivamente, a mesma função sintática das expressões assinala-
nas 1% ________. / Em sua maioria, os advogados sempre das em: Os graduados apenas ocasionalmente exercem a profissão.
________. (A) Se aprendem pouco, a culpa é da fragilidade do ensino básico.
(A) o retêem / obtem sucesso / se apropriaram os postos de destaque (B) A interferência das corporações não passa de uma prática monopolis-
na política e no mundo dos negócios ta.
(B) o retém / obtém sucesso / se apropriaram aos postos de destaque (C) Abrir e fechar cursos de “formação geral” é assunto do MEC.
na política e no mundo dos negócios (D) O estudante de direito exercita preferencialmente uma lógica rigorosa.
(C) o retém / obtêem sucesso / se apropriaram os postos de destaque (E) Boas razões existirão sempre para o advogado buscar conhecimento.
na política e no mundo dos negócios
(D) o retêm / obtém sucesso / sempre se apropriaram de postos de 32. Assinale a alternativa que reescreve a frase de acordo com a norma
destaque na política e no mundo dos negócios culta.
(E) o retem / obtêem sucesso / se apropriaram de postos de destaque (A) Os graduados apenas ocasionalmente exercem a profissão. / Os
na política e no mundo dos negócios graduados apenas ocasionalmente se dedicam a profissão.

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APOSTILAS OPÇÃO
(B) Os advogados devem demonstrar nessa prova um mínimo de (B) às considerações sobre a etimologia dessa palavra.
conhecimento. / Os advogados devem primar nessa prova por um (C) aos métodos com que as ciências sociais a analisam.
mínimo de conhecimento. (D) às íntimas conexões que ela mantém com o Direito.
(C) Ele não fez o exame da OAB. / Ele não procedeu o exame da OAB. (E) às perspectivas em que é considerada pelos acadêmicos.
(D) As corporações deviam promover o interesse da sociedade. / As
corporações deviam almejar do interesse da sociedade. 36. A concepção de ética atribuída a Adolfo Sanchez Vasquez é reto-
(E) Essa é uma forma de limitar a concorrência. / Essa é uma forma de mada na seguinte expressão do texto:
restringir à concorrência. (A) núcleo especulativo e reflexivo.
(B) objeto descritível de uma Ciência.
33. Assinale a alternativa em que o período formado com as frases I, II e (C) explicação dos fatos morais.
III estabelece as relações de condição entre I e II e de adição entre I e (D) parte da Filosofia.
III. (E) comportamento consequencial.
I. O advogado é aprovado na OAB.
37. No texto, a terceira acepção da palavra ética deve ser entendida
II. O advogado raciocina com lógica. como aquela em que se considera, sobretudo,
III. O advogado defende o cliente no tribunal. (A) o valor desejável da ação humana.
(A) Se o advogado raciocinar com lógica, ele será aprovado na OAB e (B) o fundamento filosófico da moral.
defenderá o cliente no tribunal com sucesso. (C) o rigor do método de análise.
(B) O advogado defenderá o cliente no tribunal com sucesso, mas terá (D) a lucidez de quem investiga o fato moral.
de raciocinar com lógica e ser aprovado na OAB. (E) o rigoroso legado da jurisprudência.
(C) Como raciocinou com lógica, o advogado será aprovado na OAB e
defenderá o cliente no tribunal com sucesso. 38. Dá-se uma íntima conexão entre a Ética e o Direito quando ambos
(D) O advogado defenderá o cliente no tribunal com sucesso porque revelam, em relação aos valores morais da conduta, uma preocupa-
raciocinou com lógica e foi aprovado na OAB. ção
(E) Uma vez que o advogado raciocinou com lógica e foi aprovado na (A) filosófica. (B) descritiva.
OAB, ele poderá defender o cliente no tribunal com sucesso. (C) prescritiva. (D) contestatária. (E) tradicionalista.

34. Na frase – Se aprendem pouco, paciência, a culpa é mais da fragili- 39. Considerando-se o contexto do último parágrafo, o elemento subli-
dade do ensino básico do que das faculdades. – a palavra paciência nhado pode ser corretamente substituído pelo que está entre parên-
vem entre vírgulas para, no contexto, teses, sem prejuízo para o sentido, no seguinte caso:
(A) garantir a atenção do leitor. (A) (...) a colocará em íntima conexão com o Direito. (inclusão)
(B) separar o sujeito do predicado. (B) (...) os valores morais dariam o balizamento do agir (...) (arremate)
(C) intercalar uma reflexão do autor. (C) (...) qualificação do comportamento do homem como ser em situa-
(D) corrigir uma afirmação indevida. ção. (provisório)
(E) retificar a ordem dos termos. (D) (...) nem tampouco como fenômeno especulativo. (nem, ainda)
Atenção: As questões de números 35 a 42 referem-se ao texto abai- (E) (...) de um agir, de um comportamento consequencial... (concessi-
xo. vo)

SOBRE ÉTICA 40. As normas de concordância estão plenamente observadas na frase:


(A) Costumam-se especular, nos meios acadêmicos, em torno de três
A palavra Ética é empregada nos meios acadêmicos em três acep-
acepções de Ética.
ções. Numa, faz-se referência a teorias que têm como objeto de estudo o
(B) As referências que se faz à natureza da ética consideram-na, com
comportamento moral, ou seja, como entende Adolfo Sanchez Vasquez,
muita frequência, associada aos valores morais.
“a teoria que pretende explicar a natureza, fundamentos e condições da
(C) Não coubessem aos juristas aproximar-se da ética, as leis deixari-
moral, relacionando-a com necessidades sociais humanas.” Teríamos,
am de ter a dignidade humana como balizamento.
assim, nessa acepção, o entendimento de que o fenômeno moral pode ser
(D) Não derivam das teorias, mas das práticas humanas, o efetivo valor
estudado racional e cientificamente por uma disciplina que se propõe a
de que se impregna a conduta dos indivíduos.
descrever as normas morais ou mesmo, com o auxílio de outras ciências,
(E) Convém aos filósofos e juristas, quaisquer que sejam as circunstân-
ser capaz de explicar valorações comportamentais.
cias, atentar para a observância dos valores éticos.
Um segundo emprego dessa palavra é considerá-la uma categoria fi-
losófica e mesmo parte da Filosofia, da qual se constituiria em núcleo
41. Está clara, correta e coerente a redação do seguinte comentário
especulativo e reflexivo sobre a complexa fenomenologia da moral na
sobre o texto:
convivência humana. A Ética, como parte da Filosofia, teria por objeto
(A) Dentre as três acepções de Ética que se menciona no texto, uma
refletir sobre os fundamentos da moral na busca de explicação dos fatos
apenas diz respeito à uma área em que conflui com o Direito.
morais.
(B) O balizamento da conduta humana é uma atividade em que, cada
Numa terceira acepção, a Ética já não é entendida como objeto des-
um em seu campo, se empenham o jurista e o filósofo.
critível de uma Ciência, tampouco como fenômeno especulativo. Trata-se
(C) Costuma ocorrer muitas vezes não ser fácil distinguir Ética ou
agora da conduta esperada pela aplicação de regras morais no compor-
Moral, haja vista que tanto uma quanto outra pretendem ajuizar à si-
tamento social, o que se pode resumir como qualificação do comporta-
tuação do homem.
mento do homem como ser em situação. É esse caráter normativo de
(D) Ainda que se torne por consenso um valor do comportamento
Ética que a colocará em íntima conexão com o Direito. Nesta visão, os
humano, a Ética varia conforme a perspectiva de atribuição do
valores morais dariam o balizamento do agir e a Ética seria assim a moral
mesmo.
em realização, pelo reconhecimento do outro como ser de direito, especi-
(E) Os saberes humanos aplicados, do conhecimento da Ética, costu-
almente de dignidade. Como se vê, a compreensão do fenômeno Ética
mam apresentar divergências de enfoques, em que pese a metodo-
não mais surgiria metodologicamente dos resultados de uma descrição ou
logia usada.
reflexão, mas sim, objetivamente, de um agir, de um comportamento
consequencial, capaz de tornar possível e correta a convivência. (Adapta-
do do site Doutrina Jus Navigandi) 42. Transpondo-se para a voz passiva a frase Nesta visão, os valores
morais dariam o balizamento do agir, a forma verbal resultante de-
35. As diferentes acepções de Ética devem-se, conforme se depreende verá ser:
da leitura do texto, (A) seria dado. (B) teriam dado.
(A) aos usos informais que o senso comum faz desse termo. (C) seriam dados. (D) teriam sido dados. (E) fora dado.

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APOSTILAS OPÇÃO
Atenção: As questões de números 43 a 48 referem-se ao texto abai- 47. Está correta a articulação entre os tempos e os modos verbais na
xo. frase:
(A) Se o moralizador vier a respeitar o padrão moral que ele impusera,
O HOMEM MORAL E O MORALIZADOR já não podia ser considerado um hipócrita.
Depois de um bom século de psicologia e psiquiatria dinâmicas, es- (B) Os moralizadores sempre haveriam de desrespeitar os valores
tamos certos disto: o moralizador e o homem moral são figuras diferentes, morais que eles imporão aos outros.
se não opostas. O homem moral se impõe padrões de conduta e tenta (C) A pior barbárie terá sido aquela em que o rigor dos hipócritas ser-
respeitá-los; o moralizador quer impor ferozmente aos outros os padrões visse de controle dos demais cidadãos.
que ele não consegue respeitar. (D) Desde que haja a imposição forçada de um padrão moral, caracteri-
zava-se um ato típico do moralizador.
A distinção entre ambos tem alguns corolários relevantes.
(E) Não é justo que os hipócritas sempre venham a impor padrões
Primeiro, o moralizador é um homem moral falido: se soubesse res- morais que eles próprios não respeitam.
peitar o padrão moral que ele impõe, ele não precisaria punir suas imper-
feições nos outros. Segundo, é possível e compreensível que um homem 48. Está correto o emprego de ambos os elementos sublinhados na
moral tenha um espírito missionário: ele pode agir para levar os outros a frase:
adotar um padrão parecido com o seu. Mas a imposição forçada de um (A) O moralizador está carregado de imperfeições de que ele não
padrão moral não é nunca o ato de um homem moral, é sempre o ato de costuma acusar em si mesmo.
um moralizador. Em geral, as sociedades em que as normas morais (B) Um homem moral empenha-se numa conduta cujo o padrão moral
ganham força de lei (os Estados confessionais, por exemplo) não são ele não costuma impingir na dos outros.
regradas por uma moral comum, nem pelas aspirações de poucos e (C) Os pecados aos quais insiste reincidir o moralizador são os mes-
escolhidos homens exemplares, mas por moralizadores que tentam remir mos em que ele acusa seus semelhantes.
suas próprias falhas morais pela brutalidade do controle que eles exercem (D) Respeitar um padrão moral das ações é uma qualidade da qual não
sobre os outros. A pior barbárie do mundo é isto: um mundo em que todos abrem mão os homens a quem não se pode acusar de hipócritas.
pagam pelos pecados de hipócritas que não se aguentam. (Contardo (E) Quando um moralizador julga os outros segundo um padrão moral
Calligaris, Folha de S. Paulo, 20/03/2008) de cujo ele próprio não respeita, demonstra toda a hipocrisia em
que é capaz.
43. Atente para as afirmações abaixo.
I. Diferentemente do homem moral, o homem moralizador não se Atenção: As questões de números 49 a 54 referem-se ao texto abaixo.
preocupa com os padrões morais de conduta. FIM DE FEIRA
II. Pelo fato de impor a si mesmo um rígido padrão de conduta, o Quando os feirantes já se dispõem a desarmar as barracas, começam
homem moral acaba por impô-lo à conduta alheia. a chegar os que querem pagar pouco pelo que restou nas bancadas, ou
III. O moralizador, hipocritamente, age como se de fato respeitasse os mesmo nada, pelo que ameaça estragar. Chegam com suas sacolas
padrões de conduta que ele cobra dos outros. cheias de esperança. Alguns não perdem tempo e passam a recolher o
Em relação ao texto, é correto o que se afirma APENAS em que está pelo chão: um mamãozinho amolecido, umas folhas de couve
(A) I. (B) II. amarelas, a metade de um abacaxi, que serviu de chamariz para os
(C) III. (D) I e II. (E) II e III. fregueses compradores. Há uns que se aventuram até mesmo nas cerca-
nias da barraca de pescados, onde pode haver alguma suspeita sardinha
44. No contexto do primeiro parágrafo, a afirmação de que já decorreu oculta entre jornais, ou uma ponta de cação obviamente desprezada.
um bom século de psicologia e psiquiatria dinâmicas indica um fator
Há feirantes que facilitam o trabalho dessas pessoas: oferecem-lhes o
determinante para que
que, de qualquer modo, eles iriam jogar fora.
(A) concluamos que o homem moderno já não dispõe de rigorosos
padrões morais para avaliar sua conduta. Mas outros parecem ciumentos do teimoso aproveitamento dos refu-
(B) consideremos cada vez mais difícil a discriminação entre o homem gos, e chegam a recolhê-los para não os verem coletados. Agem para
moral e o homem moralizador. salvaguardar não o lucro possível, mas o princípio mesmo do comércio.
(C) reconheçamos como bastante remota a possibilidade de se caracte- Parecem temer que a fome seja debelada sem que alguém pague por
rizar um homem moralizador. isso. E não admitem ser acusados de egoístas: somos comerciantes, não
(D) identifiquemos divergências profundas entre o comportamento de assistentes sociais, alegam.
um homem moral e o de um moralizador.
Finda a feira, esvaziada a rua, chega o caminhão da limpeza e os
(E) divisemos as contradições internas que costumam ocorrer nas
funcionários da prefeitura varrem e lavam tudo, entre risos e gritos. O
atitudes tomadas pelo homem moral.
trânsito é liberado, os carros atravancam a rua e, não fosse o persistente
cheiro de peixe, a ninguém ocorreria que ali houve uma feira, frequentada
45. O autor do texto refere-se aos Estados confessionais para exempli-
por tão diversas espécies de seres humanos. (Joel Rubinato, inédito)
ficar uma sociedade na qual
(A) normas morais não têm qualquer peso na conduta dos cidadãos.
49. Nas frases parecem ciumentos do teimoso aproveitamento dos
(B) hipócritas exercem rigoroso controle sobre a conduta de todos.
refugos e não admitem ser acusados de egoístas, o narrador do
texto
(C) a fé religiosa é decisiva para o respeito aos valores de uma moral
(A) mostra-se imparcial diante de atitudes opostas dos feirantes.
comum.
(B) revela uma perspectiva crítica diante da atitude de certos feirantes.
(D) a situação de barbárie impede a formulação de qualquer regra
(C) demonstra não reconhecer qualquer proveito nesse tipo de coleta.
moral.
(E) eventuais falhas de conduta são atribuídas à fraqueza das leis. (D) assume-se como um cronista a quem não cabe emitir julgamentos.
(E) insinua sua indignação contra o lucro excessivo dos feirantes.
46. Na frase A distinção entre ambos tem alguns corolários relevan-
50. Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente o sentido de
tes, o sentido da expressão sublinhada está corretamente traduzido
um segmento do texto em:
em:
(A) significativos desdobramentos dela. (A) serviu de chamariz respondeu ao chamado.
(B) determinados antecedentes dela. (B) alguma suspeita sardinha possivelmente uma sardinha.
(C) reconhecidos fatores que a causam. (C) teimoso aproveitamento = persistente utilização.
(D) consequentes aspectos que a relativizam. (D) o princípio mesmo do comércio = preâmbulo da operação comerci-
(E) valores comuns que ela propicia. al.
(E) Agem para salvaguardar = relutam em admitir.

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APOSTILAS OPÇÃO
51. Atente para as afirmações abaixo.
I. Os riscos do consumo de uma sardinha suspeita ou da ponta de um
cação que foi desprezada justificam o emprego de se aventuram, no
2. Conhecimento linguístico 2.1. Varia-
primeiro parágrafo.
ção linguística 2.2. Classes de palavras:
II. O emprego de alegam, no segundo parágrafo, deixa entrever que o usos e adequações 2.3. Convenções da
autor não compactua com a justificativa dos feirantes. norma padrão (no âmbito da concor-
III. No último parágrafo, o autor faz ver que o fim da feira traz a supera- dância, da regência, da ortografia e da
ção de tudo o que determina a existência de diversas espécies de acentuação gráfica) 2.4. Organização do
seres humanos. período simples e do período composto
Em relação ao texto, é correto o que se afirmar APENAS em 2.5. Pontuação 2.6. Relações semânti-
(A) I. cas entre palavras (sinonímia, antoní-
(B) II. mia, hiponímia e hiperonímia)
(C) III.
(D) I e II.
(E) II e III. As dificuldades para a ortografia devem-se ao fato de que há fonemas
que podem ser representados por mais de uma letra, o que não é feito de
52. Está INCORRETA a seguinte afirmação sobre um recurso de cons- modo arbitrário, mas fundamentado na história da língua.
trução do texto: no contexto do Eis algumas observações úteis:
(A) primeiro parágrafo, a forma ou mesmo nada faz subentender a
expressão verbal querem pagar. DISTINÇÃO ENTRE J E G
(B) primeiro parágrafo, a expressão fregueses compradores faz suben- 1. Escrevem-se com J:
tender a existência de “fregueses” que não compram nada. a) As palavras de origem árabe, africana ou ameríndia: canjica. cafajes-
(C) segundo parágrafo, a expressão de qualquer modo está empregada te, canjerê, pajé, etc.
com o sentido de de toda maneira. b) As palavras derivadas de outras que já têm j: laranjal (laranja), enrije-
(D) segundo parágrafo, a expressão para salvaguardar está empregada cer, (rijo), anjinho (anjo), granjear (granja), etc.
com o sentido de a fim de resguardar. c) As formas dos verbos que têm o infinitivo em JAR. despejar: despejei,
(E) terceiro parágrafo, a expressão não fosse tem sentido equivalente despeje; arranjar: arranjei, arranje; viajar: viajei, viajeis.
ao de mesmo não sendo. d) O final AJE: laje, traje, ultraje, etc.
e) Algumas formas dos verbos terminados em GER e GIR, os quais
53. O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se no plural mudam o G em J antes de A e O: reger: rejo, reja; dirigir: dirijo, dirija.
para preencher de modo correto a lacuna da frase:
(A) Frutas e verduras, mesmo quando desprezadas, não ...... (deixar) 2. Escrevem-se com G:
de as recolher quem não pode pagar pelas boas e bonitas. a) O final dos substantivos AGEM, IGEM, UGEM: coragem, vertigem,
(B) ......-se (dever) aos ruidosos funcionários da limpeza pública a ferrugem, etc.
providência que fará esquecer que ali funcionou uma feira. b) Exceções: pajem, lambujem. Os finais: ÁGIO, ÉGIO, ÓGIO e ÍGIO:
(C) Não ...... (aludir) aos feirantes mais generosos, que oferecem as estágio, egrégio, relógio refúgio, prodígio, etc.
sobras de seus produtos, a observação do autor sobre o egoísmo c) Os verbos em GER e GIR: fugir, mugir, fingir.
humano.
(D) A pouca gente ...... (deixar) de sensibilizar os penosos detalhes da DISTINÇÃO ENTRE S E Z
coleta, a que o narrador deu ênfase em seu texto. 1. Escrevem-se com S:
(E) Não ...... (caber) aos leitores, por força do texto, criticar o lucro a) O sufixo OSO: cremoso (creme + oso), leitoso, vaidoso, etc.
razoável de alguns feirantes, mas sim, a inaceitável impiedade de b) O sufixo ÊS e a forma feminina ESA, formadores dos adjetivos pátrios
outros. ou que indicam profissão, título honorífico, posição social, etc.: portu-
guês – portuguesa, camponês – camponesa, marquês – marquesa,
burguês – burguesa, montês, pedrês, princesa, etc.
54. A supressão da vírgula altera o sentido da seguinte frase:
c) O sufixo ISA. sacerdotisa, poetisa, diaconisa, etc.
(A) Fica-se indignado com os feirantes, que não compreendem a ca- d) Os finais ASE, ESE, ISE e OSE, na grande maioria se o vocábulo for
rência dos mais pobres. erudito ou de aplicação científica, não haverá dúvida, hipótese, exe-
(B) No texto, ocorre uma descrição o mais fiel possível da tradicional gese análise, trombose, etc.
coleta de um fim de feira. e) As palavras nas quais o S aparece depois de ditongos: coisa, Neusa,
(C) A todo momento, dá-se o triste espetáculo de pobreza centralizado causa.
nessa narrativa. f) O sufixo ISAR dos verbos referentes a substantivos cujo radical
(D) Certamente, o leitor não deixará de observar a preocupação do termina em S: pesquisar (pesquisa), analisar (análise), avisar (aviso),
autor em distinguir os diferentes caracteres humanos. etc.
(E) Em qualquer lugar onde ocorra uma feira, ocorrerá também a g) Quando for possível a correlação ND - NS: escandir: escansão;
humilde coleta de que trata a crônica. pretender: pretensão; repreender: repreensão, etc.

RESPOSTAS 2. Escrevem-se em Z.
a) O sufixo IZAR, de origem grega, nos verbos e nas palavras que têm o
1. A 11. C 21. A 31. E 41. B 51. D mesmo radical. Civilizar: civilização, civilizado; organizar: organização,
2. B 12. A 22. E 32. B 42. A 52. E organizado; realizar: realização, realizado, etc.
3. E 13. B 23. B 33. A 43. C 53. D b) Os sufixos EZ e EZA formadores de substantivos abstratos derivados
4. C 14. E 24. A 34. C 44. D 54. A de adjetivos limpidez (limpo), pobreza (pobre), rigidez (rijo), etc.
5. A 15. D 25. E 35. E 45. B c) Os derivados em -ZAL, -ZEIRO, -ZINHO e –ZITO: cafezal, cinzeiro,
6. E 16. A 26. D 36. B 46. A chapeuzinho, cãozito, etc.
7. B 17. C 27. A 37. A 47. E
8. A 18. D 28. C 38. C 48. D DISTINÇÃO ENTRE X E CH:
9. D 19. E 29. B 39. D 49. B 1. Escrevem-se com X
10. B 20. B 30. D 40. E 50. C a) Os vocábulos em que o X é o precedido de ditongo: faixa, caixote,
feixe, etc.
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APOSTILAS OPÇÃO
c) Maioria das palavras iniciadas por ME: mexerico, mexer, mexerica, MAL pode ser:
etc. a) advérbio de modo (antônimo de bem).
d) EXCEÇÃO: recauchutar (mais seus derivados) e caucho (espécie de Ele se comportou MAL.
árvore que produz o látex). Seu argumento está MAL estruturado
e) Observação: palavras como "enchente, encharcar, enchiqueirar, b) conjunção temporal (equivale a assim que).
enchapelar, enchumaçar", embora se iniciem pela sílaba "en", são MAL chegou, saiu
grafadas com "ch", porque são palavras formadas por prefixação, ou c) substantivo:
seja, pelo prefixo en + o radical de palavras que tenham o ch (enchen- O MAL não tem remédio,
te, encher e seus derivados: prefixo en + radical de cheio; encharcar: Ela foi atacada por um MAL incurável.
en + radical de charco; enchiqueirar: en + radical de chiqueiro; encha-
pelar: en + radical de chapéu; enchumaçar: en + radical de chumaço). CESÃO/SESSÃO/SECÇÃO/SEÇÃO
CESSÃO significa o ato de ceder.
2. Escrevem-se com CH: Ele fez a CESSÃO dos seus direitos autorais.
a) charque, chiste, chicória, chimarrão, ficha, cochicho, cochichar, estre- A CESSÃO do terreno para a construção do estádio agradou a todos os
buchar, fantoche, flecha, inchar, pechincha, pechinchar, penacho, sal- torcedores.
sicha, broche, arrocho, apetrecho, bochecha, brecha, chuchu, ca-
chimbo, comichão, chope, chute, debochar, fachada, fechar, linchar, SESSÃO é o intervalo de tempo que dura uma reunião:
mochila, piche, pichar, tchau. Assistimos a uma SESSÃO de cinema.
b) Existem vários casos de palavras homófonas, isto é, palavras que Reuniram-se em SESSÃO extraordinária.
possuem a mesma pronúncia, mas a grafia diferente. Nelas, a grafia
se distingue pelo contraste entre o x e o ch. SECÇÃO (ou SEÇÃO) significa parte de um todo, subdivisão:
Exemplos: Lemos a notícia na SECÇÃO (ou SEÇÃO) de esportes.
• brocha (pequeno prego) Compramos os presentes na SECÇÃO (ou SEÇÃO) de brinquedos.
• broxa (pincel para caiação de paredes)
• chá (planta para preparo de bebida) HÁ / A
• xá (título do antigo soberano do Irã) Na indicação de tempo, emprega-se:
• chalé (casa campestre de estilo suíço) HÁ para indicar tempo passado (equivale a faz):
• xale (cobertura para os ombros) HÁ dois meses que ele não aparece.
• chácara (propriedade rural) Ele chegou da Europa HÁ um ano.
• xácara (narrativa popular em versos) A para indicar tempo futuro:
• cheque (ordem de pagamento) Daqui A dois meses ele aparecerá.
• xeque (jogada do xadrez) Ela voltará daqui A um ano.
• cocho (vasilha para alimentar animais)
• coxo (capenga, imperfeito) FORMAS VARIANTES
Existem palavras que apresentam duas grafias. Nesse caso, qualquer
DISTINÇÃO ENTRE S, SS, Ç E C uma delas é considerada correta. Eis alguns exemplos.
aluguel ou aluguer hem? ou hein?
Observe o quadro das correlações: alpartaca, alpercata ou alpargata imundície ou imundícia
Correlações Exemplos amídala ou amígdala infarto ou enfarte
t-c ato - ação; infrator - infração; Marte - marcial assobiar ou assoviar laje ou lajem
ter-tenção abster - abstenção; ater - atenção; conter - contenção, deter - assobio ou assovio lantejoula ou lentejoula
detenção; reter - retenção azaléa ou azaleia nenê ou nenen
rg - rs aspergir - aspersão; imergir - imersão; submergir - submersão; bêbado ou bêbedo nhambu, inhambu ou nambu
rt - rs inverter - inversão; divertir - diversão
pel - puls impelir - impulsão; expelir - expulsão; repelir - repulsão
bílis ou bile quatorze ou catorze
corr - curs correr - curso - cursivo - discurso; excursão - incursão cãibra ou cãimbra surripiar ou surrupiar
sent - sens sentir - senso, sensível, consenso carroçaria ou carroceria taramela ou tramela
ced - cess ceder - cessão - conceder - concessão; interceder - intercessão. chimpanzé ou chipanzé relampejar, relampear, relampeguear
exceder - excessivo (exceto exceção) debulhar ou desbulhar ou relampar
gred - gress agredir - agressão - agressivo; progredir - progressão - progres- fleugma ou fleuma porcentagem ou percentagem
so - progressivo
prim - press imprimir - impressão; oprimir - opressão; reprimir - repressão.
tir - ssão admitir - admissão; discutir - discussão, permitir - permissão.
(re)percutir - (re)percussão EMPREGO DE MAIÚSCULAS E MINÚSCULAS
Escrevem-se com letra inicial maiúscula:
PALAVRAS COM CERTAS DIFICULDADES 1) a primeira palavra de período ou citação.
Diz um provérbio árabe: "A agulha veste os outros e vive nua."
ONDE-AONDE No início dos versos que não abrem período é facultativo o uso da
Emprega-se AONDE com os verbos que dão ideia de movimento. Equi- letra maiúscula.
vale sempre a PARA ONDE.
2) substantivos próprios (antropônimos, alcunhas, topônimos, nomes
AONDE você vai?
sagrados, mitológicos, astronômicos): José, Tiradentes, Brasil,
AONDE nos leva com tal rapidez?
Amazônia, Campinas, Deus, Maria Santíssima, Tupã, Minerva, Via-
Naturalmente, com os verbos que não dão ideia de “movimento” empre- Láctea, Marte, Cruzeiro do Sul, etc.
ga-se ONDE O deus pagão, os deuses pagãos, a deusa Juno.
ONDE estão os livros? 3) nomes de épocas históricas, datas e fatos importantes, festas
Não sei ONDE te encontrar. religiosas: Idade Média, Renascença, Centenário da Independência
MAU - MAL do Brasil, a Páscoa, o Natal, o Dia das Mães, etc.
MAU é adjetivo (seu antônimo é bom). 4) nomes de altos cargos e dignidades: Papa, Presidente da
Escolheu um MAU momento. República, etc.
Era um MAU aluno.

Língua Portuguesa 16

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APOSTILAS OPÇÃO
5) nomes de altos conceitos religiosos ou políticos: Igreja, Nação, Não se separam as letras que representam um tritongo.
Estado, Pátria, União, República, etc. 6- Paraguai: Pa-ra-guai
saguão: sa-guão
6) nomes de ruas, praças, edifícios, estabelecimentos, agremiações,
órgãos públicos, etc.: Consoante não seguida de vogal, no interior da palavra, fica na sílaba
Rua do 0uvidor, Praça da Paz, Academia Brasileira de Letras, que a antecede.
Banco do Brasil, Teatro Municipal, Colégio Santista, etc. 7- torna: tor-na núpcias: núp-cias
7) nomes de artes, ciências, títulos de produções artísticas, literárias e técnica: téc-ni-ca submeter: sub-me-ter
científicas, títulos de jornais e revistas: Medicina, Arquitetura, Os absoluto: ab-so-lu-to perspicaz: pers-pi-caz
Lusíadas, 0 Guarani, Dicionário Geográfico Brasileiro, Correio da
Manhã, Manchete, etc. Consoante não seguida de vogal, no início da palavra, junta-se à síla-
ba que a segue
8) expressões de tratamento: Vossa Excelência, Sr. Presidente, 8- pneumático: pneu-má-ti-co
Excelentíssimo Senhor Ministro, Senhor Diretor, etc. gnomo: gno-mo
9) nomes dos pontos cardeais, quando designam regiões: Os povos psicologia: psi-co-lo-gia
do Oriente, o falar do Norte.
Mas: Corri o país de norte a sul. O Sol nasce a leste. No grupo BL, às vezes cada consoante é pronunciada separadamen-
te, mantendo sua autonomia fonética. Nesse caso, tais consoantes ficam
10) nomes comuns, quando personificados ou individuados: o Amor, o em sílabas separadas.
Ódio, a Morte, o Jabuti (nas fábulas), etc. 9- sublingual: sub-lin-gual
sublinhar: sub-li-nhar
Escrevem-se com letra inicial minúscula: sublocar: sub-lo-car
1) nomes de meses, de festas pagãs ou populares, nomes gentílicos,
nomes próprios tornados comuns: maia, bacanais, carnaval, Preste atenção nas seguintes palavras:
ingleses, ave-maria, um havana, etc. trei-no so-cie-da-de
gai-o-la ba-lei-a
2) os nomes a que se referem os itens 4 e 5 acima, quando des-mai-a-do im-bui-a
empregados em sentido geral: ra-diou-vin-te ca-o-lho
São Pedro foi o primeiro papa. Todos amam sua pátria. te-a-tro co-e-lho
du-e-lo ví-a-mos
3) nomes comuns antepostos a nomes próprios geográficos: o rio a-mné-sia gno-mo
Amazonas, a baía de Guanabara, o pico da Neblina, etc. co-lhei-ta quei-jo
pneu-mo-ni-a fe-é-ri-co
dig-no e-nig-ma
4) palavras, depois de dois pontos, não se tratando de citação direta:
e-clip-se Is-ra-el
"Qual deles: o hortelão ou o advogado?" (Machado de Assis) mag-nó-lia
"Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso,
mirra." (Manuel Bandeira)
Acentuação gráfica
DIVISÃO SILÁBICA
Não se separam as letras que formam os dígrafos CH, NH, LH, QU,
GU. ORTOGRAFIA OFICIAL
1- chave: cha-ve
Por Paula Perin dos Santos
aquele: a-que-le
palha: pa-lha
manhã: ma-nhã O Novo Acordo Ortográfico visa simplificar as regras ortográficas da
guizo: gui-zo Língua Portuguesa e aumentar o prestígio social da língua no cenário
internacional. Sua implementação no Brasil segue os seguintes parâme-
Não se separam as letras dos encontros consonantais que apresen- tros: 2009 – vigência ainda não obrigatória, 2010 a 2012 – adaptação
tam a seguinte formação: consoante + L ou consoante + R completa dos livros didáticos às novas regras; e a partir de 2013 – vigên-
2- emblema: em-ble-ma abraço: a-bra-ço cia obrigatória em todo o território nacional. Cabe lembrar que esse “Novo
reclamar: re-cla-mar recrutar: re-cru-tar Acordo Ortográfico” já se encontrava assinado desde 1990 por oito países
flagelo: fla-ge-lo drama: dra-ma que falam a língua portuguesa, inclusive pelo Brasil, mas só agora é que
globo: glo-bo fraco: fra-co teve sua implementação.
implicar: im-pli-car agrado: a-gra-do É equívoco afirmar que este acordo visa uniformizar a língua, já que
atleta: a-tle-ta atraso: a-tra-so uma língua não existe apenas em função de sua ortografia. Vale lembrar
prato: pra-to que a ortografia é apenas um aspecto superficial da escrita da língua, e
que as diferenças entre o Português falado nos diversos países lusófonos
Separam-se as letras dos dígrafos RR, SS, SC, SÇ, XC. subsistirão em questões referentes à pronúncia, vocabulário e gramática.
3- correr: cor-rer desçam: des-çam Uma língua muda em função de seus falantes e do tempo, não por meio
passar: pas-sar exceto: ex-ce-to de Leis ou Acordos.
fascinar: fas-ci-nar A queixa de muitos estudantes e usuários da língua escrita é que, de-
pois de internalizada uma regra, é difícil “desaprendê-la”. Então, cabe aqui
Não se separam as letras que representam um ditongo. uma dica: quando se tiver uma dúvida sobre a escrita de alguma palavra,
4- mistério: mis-té-rio herdeiro: her-dei-ro o ideal é consultar o Novo Acordo (tenha um sempre em fácil acesso) ou,
cárie: cá-rie na melhor das hipóteses, use um sinônimo para referir-se a tal palavra.
Separam-se as letras que representam um hiato. Mostraremos nessa série de artigos o Novo Acordo de uma maneira
5- saúde: sa-ú-de cruel: cru-el descomplicada, apontando como é que fica estabelecido de hoje em
rainha: ra-i-nha enjoo: en-jo-o diante a Ortografia Oficial do Português falado no Brasil.

Língua Portuguesa 17

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APOSTILAS OPÇÃO
Alfabeto 3. Todas as proparoxítonas são acentuadas.
A influência do inglês no nosso idioma agora é oficial. Há muito tempo Ex. México, música, mágico, lâmpada, pálido, pálido, sândalo, crisân-
as letras “k”, “w” e “y” faziam parte do nosso idioma, isto não é nenhuma temo, público, pároco, proparoxítona.
novidade. Elas já apareciam em unidades de medidas, nomes próprios e
palavras importadas do idioma inglês, como:
QUANTO À CLASSIFICAÇÃO DOS ENCONTROS VOCÁLICOS
km – quilômetro,
kg – quilograma 4. Acentuamos as vogais “I” e “U” dos hiatos, quando:
Show, Shakespeare, Byron, Newton, dentre outros. • Formarem sílabas sozinhos ou com “S”
Ex. Ju-í-zo, Lu-ís, ca-fe-í-na, ra-í-zes, sa-í-da, e-go-ís-ta.
Trema
Não se usa mais o trema em palavras do português. Quem digita mui- IMPORTANTE
to textos científicos no computador sabe o quanto dava trabalho escrever Por que não acentuamos “ba-i-nha”, “fei-u-ra”, “ru-im”, “ca-ir”, “Ra-ul”,
linguística, frequência. Ele só vai permanecer em nomes próprios e seus se todos são “i” e “u” tônicas, portanto hiatos?
derivados, de origem estrangeira. Por exemplo, Gisele Bündchen não vai
deixar de usar o trema em seu nome, pois é de origem alemã. (neste Porque o “i” tônico de “bainha” vem seguido de NH. O “u” e o “i” tôni-
caso, o “ü” lê-se “i”) cos de “ruim”, “cair” e “Raul” formam sílabas com “m”, “r” e “l” respectiva-
mente. Essas consoantes já soam forte por natureza, tornando natural-
QUANTO À POSIÇÃO DA SÍLABA TÔNICA
mente a sílaba “tônica”, sem precisar de acento que reforce isso.
1. Acentuam-se as oxítonas terminadas em “A”, “E”, “O”, seguidas
ou não de “S”, inclusive as formas verbais quando seguidas de “LO(s)”
ou “LA(s)”. Também recebem acento as oxítonas terminadas em ditongos 5. Trema
abertos, como “ÉI”, “ÉU”, “ÓI”, seguidos ou não de “S” Não se usa mais o trema em palavras da língua portuguesa. Ele só
Ex. vai permanecer em nomes próprios e seus derivados, de origem estran-
Chá Mês nós geira, como Bündchen, Müller, mülleriano (neste caso, o “ü” lê-se “i”)
Gás Sapé cipó
Dará Café avós 6. Acento Diferencial
Pará Vocês compôs O acento diferencial permanece nas palavras:
vatapá pontapés só pôde (passado), pode (presente)
Aliás português robô pôr (verbo), por (preposição)
dá-lo vê-lo avó Nas formas verbais, cuja finalidade é determinar se a 3ª pessoa do
recuperá-los Conhecê-los pô-los verbo está no singular ou plural:
guardá-la Fé compô-los SINGULAR PLURAL
réis (moeda) Véu dói Ele tem Eles têm
méis céu mói Ele vem Eles vêm
pastéis Chapéus anzóis Essa regra se aplica a todos os verbos derivados de “ter” e “vir”, co-
ninguém parabéns Jerusalém mo: conter, manter, intervir, deter, sobrevir, reter, etc.

Resumindo:
Só não acentuamos oxítonas terminadas em “I” ou “U”, a não ser que Crase
seja um caso de hiato. Por exemplo: as palavras “baú”, “aí”, “Esaú” e
“atraí-lo” são acentuadas porque as semivogais “i” e “u” estão tônicas
nestas palavras. Crase é a fusão da preposição A com outro A.
Fomos a a feira ontem = Fomos à feira ontem.
2. Acentuamos as palavras paroxítonas quando terminadas em:
• L – afável, fácil, cônsul, desejável, ágil, incrível. EMPREGO DA CRASE
• em locuções adverbiais:
• N – pólen, abdômen, sêmen, abdômen. à vezes, às pressas, à toa...
• R – câncer, caráter, néctar, repórter. • em locuções prepositivas:
• X – tórax, látex, ônix, fênix. em frente à, à procura de...
• em locuções conjuntivas:
• PS – fórceps, Quéops, bíceps. à medida que, à proporção que...
• Ã(S) – ímã, órfãs, ímãs, Bálcãs. • pronomes demonstrativos: aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo,
• ÃO(S) – órgão, bênção, sótão, órfão. a, as
Fui ontem àquele restaurante.
• I(S) – júri, táxi, lápis, grátis, oásis, miosótis. Falamos apenas àquelas pessoas que estavam no salão:
• ON(S) – náilon, próton, elétrons, cânon. Refiro-me àquilo e não a isto.
• UM(S) – álbum, fórum, médium, álbuns. A CRASE É FACULTATIVA
• US – ânus, bônus, vírus, Vênus. • diante de pronomes possessivos femininos:
Entreguei o livro a(à) sua secretária
• diante de substantivos próprios femininos:
Também acentuamos as paroxítonas terminadas em ditongos cres- Dei o livro à(a) Sônia.
centes (semivogal+vogal):
CASOS ESPECIAIS DO USO DA CRASE
• Antes dos nomes de localidades, quando tais nomes admitirem o
Névoa, infância, tênue, calvície, série, polícia, residência, férias, lírio. artigo A: Viajaremos à Colômbia.
(Observe: A Colômbia é bela - Venho da Colômbia)
Língua Portuguesa 18

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APOSTILAS OPÇÃO
• Nem todos os nomes de localidades aceitam o artigo: Curitiba, Brasí- Os principais elementos móficos são:
lia, Fortaleza, Goiás, Ilhéus, Pelotas, Porto Alegre, São Paulo, Madri, RADICAL
Veneza, etc. É o elemento mórfico em que está a ideia principal da palavra.
Viajaremos a Curitiba. Exs.: amarelecer = amarelo + ecer
(Observe: Curitiba é uma bela cidade - Venho de Curitiba). enterrar = en + terra + ar
• Haverá crase se o substantivo vier acompanhado de adjunto que o pronome = pro + nome
modifique.
Ela se referiu à saudosa Lisboa. PREFIXO
Vou à Curitiba dos meus sonhos. É o elemento mórfico que vem antes do radical.
• Antes de numeral, seguido da palavra "hora", mesmo subentendida: Exs.: anti - herói in - feliz
Às 8 e 15 o despertador soou.
• Antes de substantivo, quando se puder subentender as palavras SUFIXO
“moda” ou "maneira": É o elemento mórfico que vem depois do radical.
Aos domingos, trajava-se à inglesa. Exs.: med - onho cear – ense
Cortavam-se os cabelos à Príncipe Danilo.
• Antes da palavra casa, se estiver determinada:
Referia-se à Casa Gebara. FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
• Não há crase quando a palavra "casa" se refere ao próprio lar.
Não tive tempo de ir a casa apanhar os papéis. (Venho de casa). A Língua Portuguesa, como qualquer língua viva, está sempre criando
• Antes da palavra "terra", se esta não for antônima de bordo. novas palavras. Para criar suas novas palavras, a língua recorre a vários
Voltou à terra onde nascera. meios chamados processos de formação de palavras.
Chegamos à terra dos nossos ancestrais.
Os principais processos de formação das palavras são:
Mas:
Os marinheiros vieram a terra. DERIVAÇÃO
O comandante desceu a terra. É a formação de uma nova palavra mediante o acréscimo de
• Se a preposição ATÉ vier seguida de palavra feminina que aceite o elementos à palavra já existente:
artigo, poderá ou não ocorrer a crase, indiferentemente: a) Por sufixação:
Vou até a (á ) chácara. Acréscimo de um sufixo. Exs.: dent - ista , bel - íssimo.
Cheguei até a(à) muralha b) Por prefixação:
Acréscimo de um prefixo. Exs.: ab - jurar, ex - diretor.
• A QUE - À QUE c) Por parassíntese:
Se, com antecedente masculino ocorrer AO QUE, com o feminino Acréscimo de um prefixo e um sufixo. Exs.: en-fur-ecer, en-tard-
ocorrerá crase: ecer.
Houve um palpite anterior ao que você deu. d) Derivação imprópria:
Houve uma sugestão anterior à que você deu. Mudança das classes gramaticais das palavras.
Se, com antecedente masculino, ocorrer A QUE, com o feminino não Exs.: andar (verbo) - o andar (substantivo).
ocorrerá crase. contra (preposição) - o contra (substantivo).
Não gostei do filme a que você se referia. fantasma (substantivo) - o homem fantasma (adjetivo).
Não gostei da peça a que você se referia. oliveira (subst. comum) - Maria de Oliveira (subst. próprio).
O mesmo fenômeno de crase (preposição A) - pronome demonstrati-
vo A que ocorre antes do QUE (pronome relativo), pode ocorrer antes COMPOSIÇÃO
do de: É a formação de uma nova palavra, unindo-se palavras que já existem
Meu palpite é igual ao de todos na língua:
Minha opinião é igual à de todos. a) Por justaposição :
Nenhuma das palavras formadoras perde letra.
NÃO OCORRE CRASE Exs.: passatempo (= passa + tempo); tenente-coronel = tenente +
• antes de nomes masculinos: coronel).
Andei a pé. b) Por aglutinação:
Andamos a cavalo. Pelo menos uma das palavras perde letra.
• antes de verbos: Exs.: fidalgo (= filho + de + algo); embora (= em + boa + hora).
Ela começa a chorar.
Cheguei a escrever um poema. HIBRIDISMO
• em expressões formadas por palavras repetidas: É a criação de uma nova palavra mediante a união de palavras de
Estamos cara a cara. origens diferentes.
• antes de pronomes de tratamento, exceto senhora, senhorita e dona: Exs.: abreugrafia (português e grego), televisão (grego e latim),
Dirigiu-se a V. Sa com aspereza. zincografia (alemão e grego).
Escrevi a Vossa Excelência.
Dirigiu-se gentilmente à senhora. SUBSTANTIVOS
• quando um A (sem o S de plural) preceder um nome plural:
Não falo a pessoas estranhas. Substantivo é a palavra variável em gênero, número e grau, que dá
Jamais vamos a festas. nome aos seres em geral.
São, portanto, substantivos.
a) os nomes de coisas, pessoas, animais e lugares: livro, cadeira, cachorra,
Classes de palavras
Valéria, Talita, Humberto, Paris, Roma, Descalvado.
As palavras, em Língua Portuguesa, podem ser decompostas em vários
elementos chamados elementos mórficos ou elementos de estrutura das b) os nomes de ações, estados ou qualidades, tomados como seres:
palavras. trabalho, corrida, tristeza beleza altura.
Exs.: CLASSIFICAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS
cinzeiro = cinza + eiro
endoidecer = en + doido + ecer a) COMUM - quando designa genericamente qualquer elemento da espé-
predizer = pre + dizer cie: rio, cidade, pais, menino, aluno

Língua Portuguesa 19

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APOSTILAS OPÇÃO
b) PRÓPRIO - quando designa especificamente um determinado elemen- falange - de soldados, de anjos
to. Os substantivos próprios são sempre grafados com inicial maiúscula: farândola - de maltrapilhos
Tocantins, Porto Alegre, Brasil, Martini, Nair. fato - de cabras
c) CONCRETO - quando designa os seres de existência real ou não, fauna - de animais de uma região
propriamente ditos, tais como: coisas, pessoas, animais, lugares, etc. feixe - de lenha, de raios luminosos
Verifique que é sempre possível visualizar em nossa mente o substanti- flora - de vegetais de uma região
vo concreto, mesmo que ele não possua existência real: casa, cadeira, frota - de navios mercantes, de táxis, de ônibus
caneta, fada, bruxa, saci. girândola - de fogos de artifício
horda - de invasores, de selvagens, de bárbaros
d) ABSTRATO - quando designa as coisas que não existem por si, isto é, junta - de bois, médicos, de examinadores
só existem em nossa consciência, como fruto de uma abstração, sendo, júri - de jurados
pois, impossível visualizá-lo como um ser. Os substantivos abstratos legião - de anjos, de soldados, de demônios
vão, portanto, designar ações, estados ou qualidades, tomados como malta - de desordeiros
seres: trabalho, corrida, estudo, altura, largura, beleza. manada - de bois, de elefantes
Os substantivos abstratos, via de regra, são derivados de verbos ou ad- matilha - de cães de caça
jetivos: ninhada - de pintos
trabalhar - trabalho nuvem - de gafanhotos, de fumaça
correr - corrida panapaná - de borboletas
alto - altura pelotão - de soldados
belo - beleza penca - de bananas, de chaves
pinacoteca - de pinturas
FORMAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS plantel - de animais de raça, de atletas
a) PRIMITIVO: quando não provém de outra palavra existente na língua quadrilha - de ladrões, de bandidos
portuguesa: flor, pedra, ferro, casa, jornal. ramalhete - de flores
b) DERIVADO: quando provem de outra palavra da língua portuguesa: réstia - de alhos, de cebolas
florista, pedreiro, ferreiro, casebre, jornaleiro. récua - de animais de carga
c) SIMPLES: quando é formado por um só radical: água, pé, couve, romanceiro - de poesias populares
ódio, tempo, sol. resma - de papel
d) COMPOSTO: quando é formado por mais de um radical: água-de- revoada - de pássaros
colônia, pé-de-moleque, couve-flor, amor-perfeito, girassol. súcia - de pessoas desonestas
vara - de porcos
COLETIVOS vocabulário - de palavras
Coletivo é o substantivo que, mesmo sendo singular, designa um gru-
po de seres da mesma espécie. FLEXÃO DOS SUBSTANTIVOS
Como já assinalamos, os substantivos variam de gênero, número e
Veja alguns coletivos que merecem destaque: grau.
alavão - de ovelhas leiteiras Gênero
alcateia - de lobos Em Português, o substantivo pode ser do gênero masculino ou femi-
álbum - de fotografias, de selos nino: o lápis, o caderno, a borracha, a caneta.
antologia - de trechos literários escolhidos Podemos classificar os substantivos em:
armada - de navios de guerra a) SUBSTANTIVOS BIFORMES, são os que apresentam duas formas,
armento - de gado grande (búfalo, elefantes, etc) uma para o masculino, outra para o feminino:
arquipélago - de ilhas aluno/aluna homem/mulher
assembleia - de parlamentares, de membros de associações menino /menina carneiro/ovelha
atilho - de espigas de milho Quando a mudança de gênero não é marcada pela desinência, mas
atlas - de cartas geográficas, de mapas pela alteração do radical, o substantivo denomina-se heterônimo:
banca - de examinadores
bandeira - de garimpeiros, de exploradores de minérios padrinho/madrinha bode/cabra
bando - de aves, de pessoal em geral cavaleiro/amazona pai/mãe
cabido - de cônegos
cacho - de uvas, de bananas b) SUBSTANTIVOS UNIFORMES: são os que apresentam uma única
cáfila - de camelos forma, tanto para o masculino como para o feminino. Subdividem-se
cambada - de ladrões, de caranguejos, de chaves em:
cancioneiro - de poemas, de canções 1. Substantivos epicenos: são substantivos uniformes, que designam
caravana - de viajantes animais: onça, jacaré, tigre, borboleta, foca.
cardume - de peixes
clero - de sacerdotes Caso se queira fazer a distinção entre o masculino e o feminino, de-
colmeia - de abelhas vemos acrescentar as palavras macho ou fêmea: onça macho, jacaré
concílio - de bispos fêmea
conclave - de cardeais em reunião para eleger o papa 2. Substantivos comuns de dois gêneros: são substantivos uniformes
congregação - de professores, de religiosos que designam pessoas. Neste caso, a diferença de gênero é feita pelo
congresso - de parlamentares, de cientistas artigo, ou outro determinante qualquer: o artista, a artista, o estudante,
conselho - de ministros a estudante, este dentista.
consistório - de cardeais sob a presidência do papa
3. Substantivos sobrecomuns: são substantivos uniformes que designam
constelação - de estrelas
pessoas. Neste caso, a diferença de gênero não é especificada por
corja - de vadios
artigos ou outros determinantes, que serão invariáveis: a criança, o
elenco - de artistas
cônjuge, a pessoa, a criatura.
enxame - de abelhas
enxoval - de roupas Caso se queira especificar o gênero, procede-se assim:
esquadra - de navios de guerra uma criança do sexo masculino / o cônjuge do sexo feminino.
esquadrilha - de aviões
Língua Portuguesa 20

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APOSTILAS OPÇÃO
AIguns substantivos que apresentam problema quanto ao Gênero: b) nos compostos com os prefixos grão, grã e bel: grão-mestre, grão-
São masculinos São femininos mestres; grã-cruz, grã-cruzes; bel-prazer, bel-prazeres;
o anátema o grama (unidade de peso) a abusão a derme
o telefonema o dó (pena, compaixão) a aluvião a omoplata
c) nos compostos de verbo ou palavra invariável seguida de substanti-
o teorema o ágape a análise a usucapião vo ou adjetivo: beija-flor, beija-flores; quebra-sol, quebra-sóis; guar-
o trema o caudal a cal a bacanal da-comida, guarda-comidas; vice-reitor, vice-reitores; sempre-viva,
o edema o champanha a cataplasma a líbido sempre-vivas. Nos compostos de palavras repetidas mela-mela,
o eclipse o alvará a dinamite a sentinela
o lança-perfume o formicida a comichão a hélice mela-melas; recoreco, recorecos; tique-tique, tique-tiques)
o fibroma o guaraná a aguardente
o estratagema o plasma 2. Somente o primeiro elemento é flexionado:
o proclama o clã
a) nos compostos ligados por preposição: copo-de-leite, copos-de-
Mudança de Gênero com mudança de sentido leite; pinho-de-riga, pinhos-de-riga; pé-de-meia, pés-de-meia; burro-
Alguns substantivos, quando mudam de gênero, mudam de sentido. sem-rabo, burros-sem-rabo;
Veja alguns exemplos: b) nos compostos de dois substantivos, o segundo indicando finalida-
o cabeça (o chefe, o líder) a cabeça (parte do corpo) de ou limitando a significação do primeiro: pombo-correio, pombos-
o capital (dinheiro, bens) a capital (cidade principal) correio; navio-escola, navios-escola; peixe-espada, peixes-espada;
o rádio (aparelho receptor) a rádio (estação transmissora) banana-maçã, bananas-maçã.
o moral (ânimo) a moral (parte da Filosofia, conclusão) A tendência moderna é de pluralizar os dois elementos: pombos-
o lotação (veículo) a lotação (capacidade) correios, homens-rãs, navios-escolas, etc.
o lente (o professor) a lente (vidro de aumento)
3. Ambos os elementos são flexionados:
Plural dos Nomes Simples a) nos compostos de substantivo + substantivo: couve-flor, couves-
1. Aos substantivos terminados em vogal ou ditongo acrescenta-se S: flores; redator-chefe, redatores-chefes; carta-compromisso, cartas-
casa, casas; pai, pais; imã, imãs; mãe, mães. compromissos.
2. Os substantivos terminados em ÃO formam o plural em: b) nos compostos de substantivo + adjetivo (ou vice-versa): amor-
a) ÕES (a maioria deles e todos os aumentativos): balcão, balcões; cora- perfeito, amores-perfeitos; gentil-homem, gentis-homens; cara-
ção, corações; grandalhão, grandalhões. pálida, caras-pálidas.
b) ÃES (um pequeno número): cão, cães; capitão, capitães; guardião,
guardiães. São invariáveis:
c) ÃOS (todos os paroxítonos e um pequeno número de oxítonos): cristão, a) os compostos de verbo + advérbio: o fala-pouco, os fala-pouco; o
cristãos; irmão, irmãos; órfão, órfãos; sótão, sótãos. pisa-mansinho, os pisa-mansinho; o cola-tudo, os cola-tudo;
Muitos substantivos com esta terminação apresentam mais de uma for- b) as expressões substantivas: o chove-não-molha, os chove-não-
ma de plural: aldeão, aldeãos ou aldeães; charlatão, charlatões ou charla- molha; o não-bebe-nem-desocupa-o-copo, os não-bebe-nem-
tães; ermitão, ermitãos ou ermitães; tabelião, tabeliões ou tabeliães, etc. desocupa-o-copo;
3. Os substantivos terminados em M mudam o M para NS. armazém, c) os compostos de verbos antônimos: o leva-e-traz, os leva-e-traz; o
armazéns; harém, haréns; jejum, jejuns. perde-ganha, os perde-ganha.
4. Aos substantivos terminados em R, Z e N acrescenta-se-lhes ES: lar, Obs: Alguns compostos admitem mais de um plural, como é o caso
lares; xadrez, xadrezes; abdômen, abdomens (ou abdômenes); hífen, por exemplo, de: fruta-pão, fruta-pães ou frutas-pães; guarda-
hífens (ou hífenes). marinha, guarda-marinhas ou guardas-marinhas; padre-nosso, pa-
Obs: caráter, caracteres; Lúcifer, Lúciferes; cânon, cânones. dres-nossos ou padre-nossos; salvo-conduto, salvos-condutos ou
5. Os substantivos terminados em AL, EL, OL e UL o l por is: animal, salvo-condutos; xeque-mate, xeques-mates ou xeques-mate.
animais; papel, papéis; anzol, anzóis; paul, pauis.
Obs.: mal, males; real (moeda), reais; cônsul, cônsules. Adjetivos Compostos
6. Os substantivos paroxítonos terminados em IL fazem o plural em: fóssil, Nos adjetivos compostos, apenas o último elemento se flexiona.
fósseis; réptil, répteis. Ex.:histórico-geográfico, histórico-geográficos; latino-americanos, latino-
Os substantivos oxítonos terminados em IL mudam o l para S: barril, americanos; cívico-militar, cívico-militares.
barris; fuzil, fuzis; projétil, projéteis. 1) Os adjetivos compostos referentes a cores são invariáveis, quando
7. Os substantivos terminados em S são invariáveis, quando paroxítonos: o segundo elemento é um substantivo: lentes verde-garrafa, tecidos
o pires, os pires; o lápis, os lápis. Quando oxítonas ou monossílabos tô- amarelo-ouro, paredes azul-piscina.
nicos, junta-se-lhes ES, retira-se o acento gráfico, português, portugue- 2) No adjetivo composto surdo-mudo, os dois elementos variam: sur-
ses; burguês, burgueses; mês, meses; ás, ases. dos-mudos > surdas-mudas.
São invariáveis: o cais, os cais; o xis, os xis. São invariáveis, também, 3) O composto azul-marinho é invariável: gravatas azul-marinho.
os substantivos terminados em X com valor de KS: o tórax, os tórax; o
ônix, os ônix. Graus do substantivo
8. Os diminutivos em ZINHO e ZITO fazem o plural flexionando-se o Dois são os graus do substantivo - o aumentativo e o diminutivo, os
substantivo primitivo e o sufixo, suprimindo-se, porém, o S do substanti- quais podem ser: sintéticos ou analíticos.
vo primitivo: coração, coraçõezinhos; papelzinho, papeizinhos; cãozinho,
cãezitos. Analítico
Utiliza-se um adjetivo que indique o aumento ou a diminuição do tama-
Substantivos só usados no plural nho: boca pequena, prédio imenso, livro grande.
afazeres anais
arredores belas-artes Sintético
cãs condolências Constrói-se com o auxílio de sufixos nominais aqui apresentados.
confins exéquias
férias fezes Principais sufixos aumentativos
núpcias óculos AÇA, AÇO, ALHÃO, ANZIL, ÃO, ARÉU, ARRA, ARRÃO, ASTRO, ÁZIO,
olheiras pêsames ORRA, AZ, UÇA. Ex.: A barcaça, ricaço, grandalhão, corpanzil, caldeirão,
viveres copas, espadas, ouros e paus (naipes) povaréu, bocarra, homenzarrão, poetastro, copázio, cabeçorra, lobaz, dentu-
ça.
Plural dos Nomes Compostos
1. Somente o último elemento varia: Principais Sufixos Diminutivos
a) nos compostos grafados sem hífen: aguardente, aguardentes; cla- ACHO, CHULO, EBRE, ECO, EJO, ELA, ETE, ETO, ICO, TIM, ZINHO,
raboia, claraboias; malmequer, malmequeres; vaivém, vaivéns; ISCO, ITO, OLA, OTE, UCHO, ULO, ÚNCULO, ULA, USCO. Exs.: lobacho,

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APOSTILAS OPÇÃO
montículo, casebre, livresco, arejo, viela, vagonete, poemeto, burrico, flautim, 3) No adjetivo composto (como já vimos) surdo-mudo, ambos os elementos
pratinho, florzinha, chuvisco, rapazito, bandeirola, saiote, papelucho, glóbulo, variam:
homúncula, apícula, velhusco. menino surdo-mudo meninos surdos-mudos
menina surda-muda meninas surdas-mudas
Observações:
• Alguns aumentativos e diminutivos, em determinados contextos, ad- Graus do Adjetivo
quirem valor pejorativo: medicastro, poetastro, velhusco, mulherzinha, As variações de intensidade significativa dos adjetivos podem ser ex-
etc. Outros associam o valor aumentativo ao coletivo: povaréu, foga- pressas em dois graus:
réu, etc. - o comparativo
• É usual o emprego dos sufixos diminutivos dando às palavras valor - o superlativo
afetivo: Joãozinho, amorzinho, etc.
• Há casos em que o sufixo aumentativo ou diminutivo é meramente Comparativo
formal, pois não dão à palavra nenhum daqueles dois sentidos: car- Ao compararmos a qualidade de um ser com a de outro, ou com uma
taz, ferrão, papelão, cartão, folhinha, etc. outra qualidade que o próprio ser possui, podemos concluir que ela é
• Muitos adjetivos flexionam-se para indicar os graus aumentativo e di- igual, superior ou inferior. Daí os três tipos de comparativo:
minutivo, quase sempre de maneira afetiva: bonitinho, grandinho, - Comparativo de igualdade:
bonzinho, pequenito. O espelho é tão valioso como (ou quanto) o vitral.
Pedro é tão saudável como (ou quanto) inteligente.
Apresentamos alguns substantivos heterônimos ou desconexos. Em lu- - Comparativo de superioridade:
gar de indicarem o gênero pela flexão ou pelo artigo, apresentam radicais O aço é mais resistente que (ou do que) o ferro.
diferentes para designar o sexo: Este automóvel é mais confortável que (ou do que) econômico.
bode - cabra genro - nora - Comparativo de inferioridade:
burro - besta padre - madre A prata é menos valiosa que (ou do que) o ouro.
carneiro - ovelha padrasto - madrasta Este automóvel é menos econômico que (ou do que) confortável.
cão - cadela padrinho - madrinha
cavalheiro - dama pai - mãe Ao expressarmos uma qualidade no seu mais elevado grau de inten-
compadre - comadre veado - cerva sidade, usamos o superlativo, que pode ser absoluto ou relativo:
frade - freira zangão - abelha - Superlativo absoluto
frei – soror etc. Neste caso não comparamos a qualidade com a de outro ser:
Esta cidade é poluidíssima.
ADJETIVOS Esta cidade é muito poluída.
- Superlativo relativo
FLEXÃO DOS ADJETIVOS Consideramos o elevado grau de uma qualidade, relacionando-a
a outros seres:
Gênero
Este rio é o mais poluído de todos.
Quanto ao gênero, o adjetivo pode ser:
Este rio é o menos poluído de todos.
a) Uniforme: quando apresenta uma única forma para os dois gêne-
ros: homem inteligente - mulher inteligente; homem simples - mu-
Observe que o superlativo absoluto pode ser sintético ou analítico:
lher simples; aluno feliz - aluna feliz.
- Analítico: expresso com o auxílio de um advérbio de intensidade -
b) Biforme: quando apresenta duas formas: uma para o masculino,
muito trabalhador, excessivamente frágil, etc.
outra para o feminino: homem simpático / mulher simpática / ho-
- Sintético: expresso por uma só palavra (adjetivo + sufixo) – anti-
mem alto / mulher alta / aluno estudioso / aluna estudiosa
quíssimo: cristianíssimo, sapientíssimo, etc.
Observação: no que se refere ao gênero, a flexão dos adjetivos é se-
Os adjetivos: bom, mau, grande e pequeno possuem, para o compa-
melhante a dos substantivos.
rativo e o superlativo, as seguintes formas especiais:
Número NORMAL COM. SUP. SUPERLATIVO
a) Adjetivo simples ABSOLUTO
Os adjetivos simples formam o plural da mesma maneira que os RELATIVO
substantivos simples: bom melhor ótimo
pessoa honesta pessoas honestas melhor
regra fácil regras fáceis mau pior péssimo
homem feliz homens felizes pior
Observação: os substantivos empregados como adjetivos ficam grande maior máximo
invariáveis: maior
blusa vinho blusas vinho pequeno menor mínimo
camisa rosa camisas rosa menor
b) Adjetivos compostos Eis, para consulta, alguns superlativos absolutos sintéticos:
Como regra geral, nos adjetivos compostos somente o último acre - acérrimo ágil - agílimo
elemento varia, tanto em gênero quanto em número: agradável - agradabilíssimo agudo - acutíssimo
acordos sócio-político-econômico acordos sócio-político-econômicos amargo - amaríssimo amável - amabilíssimo
causa sócio-político-econômica causas sócio-político-econômicas amigo - amicíssimo antigo - antiquíssimo
acordo luso-franco-brasileiro acordo luso-franco-brasileiros áspero - aspérrimo atroz - atrocíssimo
lente côncavo-convexa lentes côncavo-convexas audaz - audacíssimo benéfico - beneficentíssimo
camisa verde-clara camisas verde-claras benévolo - benevolentíssimo capaz - capacíssimo
sapato marrom-escuro sapatos marrom-escuros célebre - celebérrimo cristão - cristianíssimo
cruel - crudelíssimo doce - dulcíssimo
Observações: eficaz - eficacíssimo feroz - ferocíssimo
1) Se o último elemento for substantivo, o adjetivo composto fica invariável: fiel - fidelíssimo frágil - fragilíssimo
camisa verde-abacate camisas verde-abacate frio - frigidíssimo humilde - humílimo (humildíssimo)
sapato marrom-café sapatos marrom-café incrível - incredibilíssimo inimigo - inimicíssimo
blusa amarelo-ouro blusas amarelo-ouro íntegro - integérrimo jovem - juveníssimo
2) Os adjetivos compostos azul-marinho e azul-celeste ficam invariáveis: livre - libérrimo magnífico - magnificentíssimo
blusa azul-marinho blusas azul-marinho magro - macérrimo maléfico - maleficentíssimo
camisa azul-celeste camisas azul-celeste manso - mansuetíssimo miúdo - minutíssimo

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APOSTILAS OPÇÃO
negro - nigérrimo (negríssimo) nobre - nobilíssimo • Esta casa é antiga. (esta)
pessoal - personalíssimo pobre - paupérrimo (pobríssimo) • Meu livro é antigo. (meu)
possível - possibilíssimo preguiçoso - pigérrimo
próspero - prospérrimo provável - probabilíssimo Classificação dos Pronomes
público - publicíssimo pudico - pudicíssimo Há, em Português, seis espécies de pronomes:
sábio - sapientíssimo sagrado - sacratíssimo • pessoais: eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas e as formas oblíquas
salubre - salubérrimo sensível - sensibilíssimo de tratamento:
simples – simplicíssimo tenro - tenerissimo
terrível - terribilíssimo tétrico - tetérrimo
• possessivos: meu, teu, seu, nosso, vosso, seu e flexões;
velho - vetérrimo visível - visibilíssimo • demonstrativos: este, esse, aquele e flexões; isto, isso, aquilo;
voraz - voracíssimo vulnerável - vuInerabilíssimo • relativos: o qual, cujo, quanto e flexões; que, quem, onde;
• indefinidos: algum, nenhum, todo, outro, muito, certo, pouco, vá-
Adjetivos Gentílicos e Pátrios rios, tanto quanto, qualquer e flexões; alguém, ninguém, tudo, ou-
Argélia – argelino Bagdá - bagdali trem, nada, cada, algo.
Bizâncio - bizantino Bogotá - bogotano • interrogativos: que, quem, qual, quanto, empregados em frases
Bóston - bostoniano Braga - bracarense interrogativas.
Bragança - bragantino Brasília - brasiliense
Bucareste - bucarestino, - Buenos Aires - portenho, buenairense
bucarestense Campos - campista PRONOMES PESSOAIS
Cairo - cairota Caracas - caraquenho Pronomes pessoais são aqueles que representam as pessoas do dis-
Canaã - cananeu Ceilão - cingalês curso:
Catalunha - catalão Chipre - cipriota 1ª pessoa: quem fala, o emissor.
Chicago - chicaguense Córdova - cordovês Eu sai (eu)
Coimbra - coimbrão, conimbri- Creta - cretense Nós saímos (nós)
cense Cuiabá - cuiabano Convidaram-me (me)
Córsega - corso EI Salvador - salvadorenho
Croácia - croata Espírito Santo - espírito-santense,
Convidaram-nos (nós)
Egito - egípcio capixaba 2ª pessoa: com quem se fala, o receptor.
Equador - equatoriano Évora - eborense Tu saíste (tu)
Filipinas - filipino Finlândia - finlandês Vós saístes (vós)
Florianópolis - florianopolitano Formosa - formosano Convidaram-te (te)
Fortaleza - fortalezense Foz do lguaçu - iguaçuense Convidaram-vos (vós)
Gabão - gabonês Galiza - galego 3ª pessoa: de que ou de quem se fala, o referente.
Genebra - genebrino Gibraltar - gibraltarino Ele saiu (ele)
Goiânia - goianense Granada - granadino
Groenlândia - groenlandês Guatemala - guatemalteco
Eles sairam (eles)
Guiné - guinéu, guineense Haiti - haitiano Convidei-o (o)
Himalaia - himalaico Honduras - hondurenho Convidei-os (os)
Hungria - húngaro, magiar Ilhéus - ilheense
Iraque - iraquiano Jerusalém - hierosolimita
Os pronomes pessoais são os seguintes:
NÚMERO PESSOA CASO RETO CASO OBLÍQUO
João Pessoa - pessoense Juiz de Fora - juiz-forense
singular 1ª eu me, mim, comigo
La Paz - pacense, pacenho Lima - limenho
2ª tu te, ti, contigo
Macapá - macapaense Macau - macaense
3ª ele, ela se, si, consigo, o, a, lhe
Maceió - maceioense Madagáscar - malgaxe
plural 1ª nós nós, conosco
Madri - madrileno Manaus - manauense
2ª vós vós, convosco
Marajó - marajoara Minho - minhoto
3ª eles, elas se, si, consigo, os, as, lhes
Moçambique - moçambicano Mônaco - monegasco
Montevidéu - montevideano Natal - natalense
Normândia - normando Nova lguaçu - iguaçuano PRONOMES DE TRATAMENTO
Pequim - pequinês Pisa - pisano Na categoria dos pronomes pessoais, incluem-se os pronomes de tra-
Porto - portuense Póvoa do Varzim - poveiro
Quito - quitenho Rio de Janeiro (Est.) - fluminense
tamento. Referem-se à pessoa a quem se fala, embora a concordância
Santiago - santiaguense Rio de Janeiro (cid.) - carioca deva ser feita com a terceira pessoa. Convém notar que, exceção feita a
São Paulo (Est.) - paulista Rio Grande do Norte - potiguar você, esses pronomes são empregados no tratamento cerimonioso.
São Paulo (cid.) - paulistano Salvador – salvadorenho, soteropolitano Veja, a seguir, alguns desses pronomes:
Terra do Fogo - fueguino Toledo - toledano PRONOME ABREV. EMPREGO
Três Corações - tricordiano Rio Grande do Sul - gaúcho Vossa Alteza V. A. príncipes, duques
Tripoli - tripolitano Varsóvia - varsoviano Vossa Eminência V .Ema cardeais
Veneza - veneziano Vitória - vitoriense Vossa Excelência V.Exa altas autoridades em geral
Vossa Magnificência V. Mag a reitores de universidades
Vossa Reverendíssima V. Revma sacerdotes em geral
Locuções Adjetivas Vossa Santidade V.S. papas
Vossa Senhoria V.Sa funcionários graduados
As expressões de valor adjetivo, formadas de preposições mais subs-
Vossa Majestade V.M. reis, imperadores
tantivos, chamam-se LOCUÇÕES ADJETIVAS. Estas, geralmente, podem
São também pronomes de tratamento: o senhor, a senhora, você, vo-
ser substituídas por um adjetivo correspondente.
cês.

PRONOMES EMPREGO DOS PRONOMES PESSOAIS


1. Os pronomes pessoais do caso reto (EU, TU, ELE/ELA, NÓS, VÓS,
Pronome é a palavra variável em gênero, número e pessoa, que re- ELES/ELAS) devem ser empregados na função sintática de sujeito.
presenta ou acompanha o substantivo, indicando-o como pessoa do Considera-se errado seu emprego como complemento:
discurso. Quando o pronome representa o substantivo, dizemos tratar-se Convidaram ELE para a festa (errado)
de pronome substantivo. Receberam NÓS com atenção (errado)
• Ele chegou. (ele) EU cheguei atrasado (certo)
• Convidei-o. (o) ELE compareceu à festa (certo)
2. Na função de complemento, usam-se os pronomes oblíquos e não os
Quando o pronome vem determinando o substantivo, restringindo a pronomes retos:
extensão de seu significado, dizemos tratar-se de pronome adjetivo. Convidei ELE (errado)

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APOSTILAS OPÇÃO
Chamaram NÓS (errado) 8. As formas oblíquas O, A, OS, AS são sempre empregadas como
Convidei-o. (certo) complemento de verbos transitivos diretos, ao passo que as formas
Chamaram-NOS. (certo) LHE, LHES são empregadas como complemento de verbos transitivos
indiretos:
3. Os pronomes retos (exceto EU e TU), quando antecipados de prepo- O menino convidou-a. (V.T.D )
sição, passam a funcionar como oblíquos. Neste caso, considera-se O filho obedece-lhe. (V.T. l )
correto seu emprego como complemento:
Informaram a ELE os reais motivos. Consideram-se erradas construções em que o pronome O (e flexões)
Emprestaram a NÓS os livros. aparece como complemento de verbos transitivos indiretos, assim como
Eles gostam muito de NÓS. as construções em que o nome LHE (LHES) aparece como complemento
de verbos transitivos diretos:
4. As formas EU e TU só podem funcionar como sujeito. Considera-se Eu lhe vi ontem. (errado)
errado seu emprego como complemento: Nunca o obedeci. (errado)
Nunca houve desentendimento entre eu e tu. (errado) Eu o vi ontem. (certo)
Nunca houve desentendimento entre mim e ti. (certo) Nunca lhe obedeci. (certo)
Como regra prática, podemos propor o seguinte: quando precedidas
de preposição, não se usam as formas retas EU e TU, mas as formas 9. Há pouquíssimos casos em que o pronome oblíquo pode funcionar
oblíquas MIM e TI: como sujeito. Isto ocorre com os verbos: deixar, fazer, ouvir, mandar,
Ninguém irá sem EU. (errado) sentir, ver, seguidos de infinitivo. O nome oblíquo será sujeito desse
Nunca houve discussões entre EU e TU. (errado) infinitivo:
Ninguém irá sem MIM. (certo) Deixei-o sair.
Nunca houve discussões entre MIM e TI. (certo) Vi-o chegar.
Há, no entanto, um caso em que se empregam as formas retas EU e Sofia deixou-se estar à janela.
TU mesmo precedidas por preposição: quando essas formas funcionam É fácil perceber a função do sujeito dos pronomes oblíquos, desen-
como sujeito de um verbo no infinitivo. volvendo as orações reduzidas de infinitivo:
Deram o livro para EU ler (ler: sujeito) Deixei-o sair = Deixei que ele saísse.
Deram o livro para TU leres (leres: sujeito)
Verifique que, neste caso, o emprego das formas retas EU e TU é 10. Não se considera errada a repetição de pronomes oblíquos:
obrigatório, na medida em que tais pronomes exercem a função sintática A mim, ninguém me engana.
de sujeito. A ti tocou-te a máquina mercante.
Nesses casos, a repetição do pronome oblíquo não constitui pleo-
5. Os pronomes oblíquos SE, SI, CONSIGO devem ser empregados nasmo vicioso e sim ênfase.
somente como reflexivos. Considera-se errada qualquer construção
em que os referidos pronomes não sejam reflexivos: 11. Muitas vezes os pronomes oblíquos equivalem a pronomes possessi-
Querida, gosto muito de SI. (errado) vo, exercendo função sintática de adjunto adnominal:
Preciso muito falar CONSIGO. (errado) Roubaram-me o livro = Roubaram meu livro.
Querida, gosto muito de você. (certo) Não escutei-lhe os conselhos = Não escutei os seus conselhos.
Preciso muito falar com você. (certo)
12. As formas plurais NÓS e VÓS podem ser empregadas para represen-
Observe que nos exemplos que seguem não há erro algum, pois os tar uma única pessoa (singular), adquirindo valor cerimonioso ou de
pronomes SE, SI, CONSIGO, foram empregados como reflexivos: modéstia:
Ele feriu-se Nós - disse o prefeito - procuramos resolver o problema das enchen-
Cada um faça por si mesmo a redação tes.
O professor trouxe as provas consigo Vós sois minha salvação, meu Deus!

6. Os pronomes oblíquos CONOSCO e CONVOSCO são utilizados 13. Os pronomes de tratamento devem vir precedidos de VOSSA, quando
normalmente em sua forma sintética. Caso haja palavra de reforço, nos dirigimos à pessoa representada pelo pronome, e por SUA, quan-
tais pronomes devem ser substituídos pela forma analítica: do falamos dessa pessoa:
Queriam falar conosco = Queriam falar com nós dois Ao encontrar o governador, perguntou-lhe:
Queriam conversar convosco = Queriam conversar com vós próprios. Vossa Excelência já aprovou os projetos?
Sua Excelência, o governador, deverá estar presente na inauguração.
7. Os pronomes oblíquos podem aparecer combinados entre si. As
combinações possíveis são as seguintes: 14. VOCÊ e os demais pronomes de tratamento (VOSSA MAJESTADE,
me+o=mo me + os = mos VOSSA ALTEZA) embora se refiram à pessoa com quem falamos (2ª
te+o=to te + os = tos pessoa, portanto), do ponto de vista gramatical, comportam-se como
lhe+o=lho lhe + os = lhos pronomes de terceira pessoa:
nos + o = no-lo nos + os = no-los Você trouxe seus documentos?
vos + o = vo-lo vos + os = vo-los Vossa Excelência não precisa incomodar-se com seus problemas.
lhes + o = lho lhes + os = lhos
COLOCAÇÃO DE PRONOMES
A combinação também é possível com os pronomes oblíquos femini- Em relação ao verbo, os pronomes átonos (ME, TE, SE, LHE, O, A,
nos a, as. NÓS, VÓS, LHES, OS, AS) podem ocupar três posições:
me+a=ma 1. Antes do verbo – próclise Eu te observo há dias.
me + as = mas 2. Depois do verbo – ênclise Observo-te há dias.
te+a=ta 3. No interior do verbo – mesóclise - Observar-te-ei sempre.
te + as = tas
- Você pagou o livro ao livreiro? Ênclise
- Sim, paguei-LHO.
Na linguagem culta, a colocação que pode ser considerada normal é a
ênclise: o pronome depois do verbo, funcionando como seu complemento
Verifique que a forma combinada LHO resulta da fusão de LHE (que
direto ou indireto.
representa o livreiro) com O (que representa o livro).

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APOSTILAS OPÇÃO
O pai esperava-o na estação agitada. Tenho-me levantado cedo.
Expliquei-lhe o motivo das férias. Não me tenho levantado cedo.
O uso do pronome átono solto entre o auxiliar e o infinitivo, ou entre o
Ainda na linguagem culta, em escritos formais e de estilo cuidadoso, a auxiliar e o gerúndio, já está generalizado, mesmo na linguagem culta.
ênclise é a colocação recomendada nos seguintes casos: Outro aspecto evidente, sobretudo na linguagem coloquial e popular, é o
1. Quando o verbo iniciar a oração: da colocação do pronome no início da oração, o que se deve evitar na
Voltei-me em seguida para o céu límpido. linguagem escrita.
2. Quando o verbo iniciar a oração principal precedida de pausa:
Como eu achasse muito breve, explicou-se. PRONOMES POSSESSIVOS
Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribu-
3. Com o imperativo afirmativo: indo-lhes a posse de alguma coisa.
Companheiros, escutai-me. Quando digo, por exemplo, “meu livro”, a palavra “meu” informa que o
4. Com o infinitivo impessoal: livro pertence a 1ª pessoa (eu)
A menina não entendera que engorda-las seria apressar-lhes um Eis as formas dos pronomes possessivos:
destino na mesa. 1ª pessoa singular: MEU, MINHA, MEUS, MINHAS.
2ª pessoa singular: TEU, TUA, TEUS, TUAS.
5. Com o gerúndio, não precedido da preposição EM: 3ª pessoa singular: SEU, SUA, SEUS, SUAS.
E saltou, chamando-me pelo nome, conversou comigo. 1ª pessoa plural: NOSSO, NOSSA, NOSSOS, NOSSAS.
2ª pessoa plural: VOSSO, VOSSA, VOSSOS, VOSSAS.
6. Com o verbo que inicia a coordenada assindética.
3ª pessoa plural: SEU, SUA, SEUS, SUAS.
A velha amiga trouxe um lenço, pediu-me uma pequena moeda de
Os possessivos SEU(S), SUA(S) tanto podem referir-se à 3ª pessoa
meio franco.
(seu pai = o pai dele), como à 2ª pessoa do discurso (seu pai = o pai de
você).
Próclise
Por isso, toda vez que os ditos possessivos derem margem a ambi-
Na linguagem culta, a próclise é recomendada:
guidade, devem ser substituídos pelas expressões dele(s), dela(s).
1. Quando o verbo estiver precedido de pronomes relativos, indefinidos,
Ex.:Você bem sabe que eu não sigo a opinião dele.
interrogativos e conjunções.
A opinião dela era que Camilo devia tornar à casa deles.
As crianças que me serviram durante anos eram bichos.
Eles batizaram com o nome delas as águas deste rio.
Tudo me parecia que ia ser comida de avião.
Os possessivos devem ser usados com critério. Substituí-los pelos
Quem lhe ensinou esses modos?
pronomes oblíquos comunica á frase desenvoltura e elegância.
Quem os ouvia, não os amou.
Crispim Soares beijou-lhes as mãos agradecido (em vez de: beijou as
Que lhes importa a eles a recompensa?
suas mãos).
Emília tinha quatorze anos quando a vi pela primeira vez.
Não me respeitava a adolescência.
2. Nas orações optativas (que exprimem desejo):
A repulsa estampava-se-lhe nos músculos da face.
Papai do céu o abençoe.
O vento vindo do mar acariciava-lhe os cabelos.
A terra lhes seja leve.
Além da ideia de posse, podem ainda os pronomes exprimir:
3. Com o gerúndio precedido da preposição EM:
1. Cálculo aproximado, estimativa:
Em se animando, começa a contagiar-nos.
Ele poderá ter seus quarenta e cinco anos
Bromil era o suco em se tratando de combater a tosse.
2. Familiaridade ou ironia, aludindo-se á personagem de uma histó-
4. Com advérbios pronunciados juntamente com o verbo, sem que haja
ria
pausa entre eles.
O nosso homem não se deu por vencido.
Aquela voz sempre lhe comunicava vida nova.
Chama-se Falcão o meu homem
Antes, falava-se tão-somente na aguardente da terra.
3. O mesmo que os indefinidos certo, algum
Eu cá tenho minhas dúvidas
Mesóclise Cornélio teve suas horas amargas
Usa-se o pronome no interior das formas verbais do futuro do presen- 4. Afetividade, cortesia
te e do futuro do pretérito do indicativo, desde que estes verbos não Como vai, meu menino?
estejam precedidos de palavras que reclamem a próclise. Não os culpo, minha boa senhora, não os culpo
Lembrar-me-ei de alguns belos dias em Paris. No plural usam-se os possessivos substantivados no sentido de pa-
Dir-se-ia vir do oco da terra. rentes de família.
Mas: É assim que um moço deve zelar o nome dos seus?
Não me lembrarei de alguns belos dias em Paris. Podem os possessivos ser modificados por um advérbio de intensida-
Jamais se diria vir do oco da terra. de.
Com essas formas verbais a ênclise é inadmissível: Levaria a mão ao colar de pérolas, com aquele gesto tão seu, quando
Lembrarei-me (!?) não sabia o que dizer.
Diria-se (!?)

O Pronome Átono nas Locuções Verbais PRONOMES DEMONSTRATIVOS


1. Auxiliar + infinitivo ou gerúndio - o pronome pode vir proclítico ou São aqueles que determinam, no tempo ou no espaço, a posição da
enclítico ao auxiliar, ou depois do verbo principal. coisa designada em relação à pessoa gramatical.
Podemos contar-lhe o ocorrido. Quando digo “este livro”, estou afirmando que o livro se encontra per-
Podemos-lhe contar o ocorrido. to de mim a pessoa que fala. Por outro lado, “esse livro” indica que o livro
Não lhes podemos contar o ocorrido. está longe da pessoa que fala e próximo da que ouve; “aquele livro” indica
O menino foi-se descontraindo. que o livro está longe de ambas as pessoas.
O menino foi descontraindo-se.
O menino não se foi descontraindo. Os pronomes demonstrativos são estes:
ESTE (e variações), isto = 1ª pessoa
2. Auxiliar + particípio passado - o pronome deve vir enclítico ou proclíti- ESSE (e variações), isso = 2ª pessoa
co ao auxiliar, mas nunca enclítico ao particípio. AQUELE (e variações), próprio (e variações)
"Outro mérito do positivismo em relação a mim foi ter-me levado a MESMO (e variações), próprio (e variações)
Descartes ." SEMELHANTE (e variação), tal (e variação)

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APOSTILAS OPÇÃO
Emprego dos Demonstrativos 5. Os pronomes demonstrativos, quando regidos pela preposição DE,
1. ESTE (e variações) e ISTO usam-se: pospostos a substantivos, usam-se apenas no plural:
a) Para indicar o que está próximo ou junto da 1ª pessoa (aquela que Você teria coragem de proferir um palavrão desses, Rose?
fala). Com um frio destes não se pode sair de casa.
Este documento que tenho nas mãos não é meu. Nunca vi uma coisa daquelas.
Isto que carregamos pesa 5 kg.
b) Para indicar o que está em nós ou o que nos abrange fisicamente: 6. MESMO e PRÓPRIO variam em gênero e número quando têm caráter
Este coração não pode me trair. reforçativo:
Esta alma não traz pecados. Zilma mesma (ou própria) costura seus vestidos.
Tudo se fez por este país.. Luís e Luísa mesmos (ou próprios) arrumam suas camas.
c) Para indicar o momento em que falamos:
Neste instante estou tranquilo. 7. O (e variações) é pronome demonstrativo quando equivale a AQUILO,
Deste minuto em diante vou modificar-me. ISSO ou AQUELE (e variações).
d) Para indicar tempo vindouro ou mesmo passado, mas próximo do Nem tudo (aquilo) que reluz é ouro.
momento em que falamos: O (aquele) que tem muitos vícios tem muitos mestres.
Esta noite (= a noite vindoura) vou a um baile. Das meninas, Jeni a (aquela) que mais sobressaiu nos exames.
Esta noite (= a noite que passou) não dormi bem. A sorte é mulher e bem o (isso) demonstra de fato, ela não ama os
Um dia destes estive em Porto Alegre. homens superiores.
e) Para indicar que o período de tempo é mais ou menos extenso e no
qual se inclui o momento em que falamos: 8. NISTO, em início de frase, significa ENTÃO, no mesmo instante:
Nesta semana não choveu. A menina ia cair, nisto, o pai a segurou
Neste mês a inflação foi maior. 9. Tal é pronome demonstrativo quando tomado na acepção DE ESTE,
Este ano será bom para nós. ISTO, ESSE, ISSO, AQUELE, AQUILO.
Este século terminará breve. Tal era a situação do país.
f) Para indicar aquilo de que estamos tratando: Não disse tal.
Este assunto já foi discutido ontem. Tal não pôde comparecer.
Tudo isto que estou dizendo já é velho.
g) Para indicar aquilo que vamos mencionar: Pronome adjetivo quando acompanha substantivo ou pronome (atitu-
Só posso lhe dizer isto: nada somos. des tais merecem cadeia, esses tais merecem cadeia), quando acompa-
Os tipos de artigo são estes: definidos e indefinidos. nha QUE, formando a expressão que tal? (? que lhe parece?) em frases
como Que tal minha filha? Que tais minhas filhas? e quando correlativo
2. ESSE (e variações) e ISSO usam-se: DE QUAL ou OUTRO TAL:
a) Para indicar o que está próximo ou junto da 2ª pessoa (aquela com Suas manias eram tais quais as minhas.
quem se fala): A mãe era tal quais as filhas.
Esse documento que tens na mão é teu? Os filhos são tais qual o pai.
Isso que carregas pesa 5 kg. Tal pai, tal filho.
b) Para indicar o que está na 2ª pessoa ou que a abrange fisicamente:
Esse teu coração me traiu. É pronome substantivo em frases como:
Essa alma traz inúmeros pecados. Não encontrarei tal (= tal coisa).
Quantos vivem nesse pais? Não creio em tal (= tal coisa)
c) Para indicar o que se encontra distante de nós, ou aquilo de que
desejamos distância: PRONOMES RELATIVOS
O povo já não confia nesses políticos. Veja este exemplo:
Não quero mais pensar nisso. Armando comprou a casa QUE lhe convinha.
d) Para indicar aquilo que já foi mencionado pela 2ª pessoa: A palavra que representa o nome casa, relacionando-se com o termo
Nessa tua pergunta muita matreirice se esconde. casa é um pronome relativo.
O que você quer dizer com isso? PRONOMES RELATIVOS são palavras que representam nomes já
e) Para indicar tempo passado, não muito próximo do momento em que referidos, com os quais estão relacionados. Daí denominarem-se relativos.
falamos: A palavra que o pronome relativo representa chama-se antecedente.
Um dia desses estive em Porto Alegre. No exemplo dado, o antecedente é casa.
Comi naquele restaurante dia desses. Outros exemplos de pronomes relativos:
f) Para indicar aquilo que já mencionamos: Sejamos gratos a Deus, a quem tudo devemos.
Fugir aos problemas? Isso não é do meu feitio. O lugar onde paramos era deserto.
Ainda hei de conseguir o que desejo, e esse dia não está muito distante. Traga tudo quanto lhe pertence.
Leve tantos ingressos quantos quiser.
3. AQUELE (e variações) e AQUILO usam-se: Posso saber o motivo por que (ou pelo qual) desistiu do concurso?
a) Para indicar o que está longe das duas primeiras pessoas e refere-se Eis o quadro dos pronomes relativos:
á 3ª. VARIÁVEIS INVARIÁVEIS
Aquele documento que lá está é teu? Masculino Feminino
Aquilo que eles carregam pesa 5 kg. o qual a qual quem
b) Para indicar tempo passado mais ou menos distante. os quais as quais
Naquele instante estava preocupado. cujo cujos cuja cujas que
Daquele instante em diante modifiquei-me. quanto quanta quantas onde
Usamos, ainda, aquela semana, aquele mês, aquele ano, aquele quantos
século, para exprimir que o tempo já decorreu. Observações:
1. O pronome relativo QUEM só se aplica a pessoas, tem antecedente,
4. Quando se faz referência a duas pessoas ou coisas já mencionadas, vem sempre antecedido de preposição, e equivale a O QUAL.
usa-se este (ou variações) para a última pessoa ou coisa e aquele (ou O médico de quem falo é meu conterrâneo.
variações) para a primeira: 2. Os pronomes CUJO, CUJA significam do qual, da qual, e precedem
Ao conversar com lsabel e Luís, notei que este se encontrava nervoso sempre um substantivo sem artigo.
e aquela tranquila. Qual será o animal cujo nome a autora não quis revelar?
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APOSTILAS OPÇÃO
3. QUANTO(s) e QUANTA(s) são pronomes relativos quando precedidos • o número gramatical (plural).
de um dos pronomes indefinidos tudo, tanto(s), tanta(s), todos, todas. • o tempo em que tal ação ocorreu (pretérito).
Tenho tudo quanto quero. • o modo como é encarada a ação: um fato realmente acontecido
Leve tantos quantos precisar. no passado (indicativo).
Nenhum ovo, de todos quantos levei, se quebrou. • que o sujeito pratica a ação (voz ativa).
4. ONDE, como pronome relativo, tem sempre antecedente e equivale a
EM QUE. Portanto, o verbo flexiona-se em número, pessoa, modo, tempo e voz.
1. NÚMERO: o verbo admite singular e plural:
A casa onde (= em que) moro foi de meu avô.
O menino olhou para o animal com olhos alegres. (singular).
Os meninos olharam para o animal com olhos alegres. (plural).
PRONOMES INDEFINIDOS
Estes pronomes se referem à 3ª pessoa do discurso, designando-a de 2. PESSOA: servem de sujeito ao verbo as três pessoas gramaticais:
modo vago, impreciso, indeterminado. 1ª pessoa: aquela que fala. Pode ser
1. São pronomes indefinidos substantivos: ALGO, ALGUÉM, FULANO, a) do singular - corresponde ao pronome pessoal EU. Ex.: Eu adormeço.
SICRANO, BELTRANO, NADA, NINGUÉM, OUTREM, QUEM, TUDO b) do plural - corresponde ao pronome pessoal NÓS. Ex.: Nós adorme-
Exemplos: cemos.
Algo o incomoda? 2ª pessoa: aquela que ouve. Pode ser
Acreditam em tudo o que fulano diz ou sicrano escreve. a) do singular - corresponde ao pronome pessoal TU. Ex.:Tu adormeces.
Não faças a outrem o que não queres que te façam. b) do plural - corresponde ao pronome pessoal VÓS. Ex.:Vós adorme-
Quem avisa amigo é. ceis.
Encontrei quem me pode ajudar. 3ª pessoa: aquela de quem se fala. Pode ser
Ele gosta de quem o elogia. a) do singular - corresponde aos pronomes pessoais ELE, ELA. Ex.: Ela
2. São pronomes indefinidos adjetivos: CADA, CERTO, CERTOS, adormece.
CERTA CERTAS. b) do plural - corresponde aos pronomes pessoas ELES, ELAS. Ex.:
Cada povo tem seus costumes. Eles adormecem.
Certas pessoas exercem várias profissões.
Certo dia apareceu em casa um repórter famoso. 3. MODO: é a propriedade que tem o verbo de indicar a atitude do
falante em relação ao fato que comunica. Há três modos em portu-
PRONOMES INTERROGATIVOS guês.
a) indicativo: a atitude do falante é de certeza diante do fato.
Aparecem em frases interrogativas. Como os indefinidos, referem-se
A cachorra Baleia corria na frente.
de modo impreciso à 3ª pessoa do discurso.
b) subjuntivo: a atitude do falante é de dúvida diante do fato.
Exemplos:
Talvez a cachorra Baleia corra na frente.
Que há?
c) imperativo: o fato é enunciado como uma ordem, um conselho, um
Que dia é hoje?
pedido
Reagir contra quê?
Corra na frente, Baleia.
Por que motivo não veio?
Quem foi?
4. TEMPO: é a propriedade que tem o verbo de localizar o fato no tem-
Qual será?
po, em relação ao momento em que se fala. Os três tempos básicos
Quantos vêm?
são:
Quantas irmãs tens?
a) presente: a ação ocorre no momento em que se fala:
Fecho os olhos, agito a cabeça.
VERBO b) pretérito (passado): a ação transcorreu num momento anterior àquele
em que se fala:
Fechei os olhos, agitei a cabeça.
CONCEITO
c) futuro: a ação poderá ocorrer após o momento em que se fala:
“As palavras em destaque no texto abaixo exprimem ações, situando-
Fecharei os olhos, agitarei a cabeça.
as no tempo.
O pretérito e o futuro admitem subdivisões, o que não ocorre com o
Queixei-me de baratas. Uma senhora ouviu-me a queixa. Deu-me a
presente.
receita de como matá-las. Que misturasse em partes iguais açúcar, fari-
Veja o esquema dos tempos simples em português:
nha e gesso. A farinha e o açúcar as atrairiam, o gesso esturricaria dentro
Presente (falo)
elas. Assim fiz. Morreram.”
INDICATIVO Pretérito perfeito ( falei)
(Clarice Lispector)
Imperfeito (falava)
Essas palavras são verbos. O verbo também pode exprimir:
Mais- que-perfeito (falara)
a) Estado:
Futuro do presente (falarei)
Não sou alegre nem sou triste.
do pretérito (falaria)
Sou poeta.
Presente (fale)
b) Mudança de estado:
SUBJUNTIVO Pretérito imperfeito (falasse)
Meu avô foi buscar ouro.
Futuro (falar)
Mas o ouro virou terra.
c) Fenômeno: Há ainda três formas que não exprimem exatamente o tempo em que
Chove. O céu dorme. se dá o fato expresso. São as formas nominais, que completam o esque-
ma dos tempos simples.
VERBO é a palavra variável que exprime ação, estado, mudança de Infinitivo impessoal (falar)
estado e fenômeno, situando-se no tempo. Pessoal (falar eu, falares tu, etc.)
FORMAS NOMINAIS Gerúndio (falando)
FLEXÕES Particípio (falado)
O verbo é a classe de palavras que apresenta o maior número de fle- 5. VOZ: o sujeito do verbo pode ser:
xões na língua portuguesa. Graças a isso, uma forma verbal pode trazer a) agente do fato expresso.
em si diversas informações. A forma CANTÁVAMOS, por exemplo, indica: O carroceiro disse um palavrão.
• a ação de cantar. (sujeito agente)
• a pessoa gramatical que pratica essa ação (nós). O verbo está na voz ativa.
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APOSTILAS OPÇÃO
b) paciente do fato expresso: Quando pode ser substituído por FAZIA, o verbo HAVER concorda no
Um palavrão foi dito pelo carroceiro. pretérito imperfeito, e não no presente:
(sujeito paciente) Havia (e não HÁ) meses que a escola estava fechada.
O verbo está na voz passiva. Morávamos ali havia (e não HÁ) dois anos.
c) agente e paciente do fato expresso: Ela conseguira emprego havia (e não HÁ) pouco tempo.
O carroceiro machucou-se. Havia (e não HÁ) muito tempo que a policia o procurava.
(sujeito agente e paciente) 4) REALIZAR-SE
O verbo está na voz reflexiva. Houve festas e jogos.
Se não chovesse, teria havido outros espetáculos.
6. FORMAS RIZOTÔNICAS E ARRIZOTÔNICAS: dá-se o nome de Todas as noites havia ensaios das escolas de samba.
rizotônica à forma verbal cujo acento tônico está no radical.
Falo - Estudam. 5) Ser possível, existir possibilidade ou motivo (em frases negativas e
Dá-se o nome de arrizotônica à forma verbal cujo acento tônico está seguido de infinitivo):
fora do radical. Em pontos de ciência não há transigir.
Falamos - Estudarei. Não há contê-lo, então, no ímpeto.
Não havia descrer na sinceridade de ambos.
7. CLASSIFICACÃO DOS VERBOS: os verbos classificam-se em: Mas olha, Tomásia, que não há fiar nestas afeiçõezinhas.
a) regulares - são aqueles que possuem as desinências normais de sua E não houve convencê-lo do contrário.
conjugação e cuja flexão não provoca alterações no radical: canto - Não havia por que ficar ali a recriminar-se.
cantei - cantarei – cantava - cantasse. Como impessoal o verbo HAVER forma ainda a locução adverbial de
b) irregulares - são aqueles cuja flexão provoca alterações no radical ou há muito (= desde muito tempo, há muito tempo):
nas desinências: faço - fiz - farei - fizesse. De há muito que esta árvore não dá frutos.
c) defectivos - são aqueles que não apresentam conjugação completa, De há muito não o vejo.
como por exemplo, os verbos falir, abolir e os verbos que indicam fe- O verbo HAVER transmite a sua impessoalidade aos verbos que com
nômenos naturais, como CHOVER, TROVEJAR, etc. ele formam locução, os quais, por isso, permanecem invariáveis na 3ª
d) abundantes - são aqueles que possuem mais de uma forma com o pessoa do singular:
mesmo valor. Geralmente, essa característica ocorre no particípio: Vai haver eleições em outubro.
matado - morto - enxugado - enxuto. Começou a haver reclamações.
e) anômalos - são aqueles que incluem mais de um radical em sua Não pode haver umas sem as outras.
conjugação. Parecia haver mais curiosos do que interessados.
verbo ser: sou - fui Mas haveria outros defeitos, devia haver outros.
verbo ir: vou - ia A expressão correta é HAJA VISTA, e não HAJA VISTO. Pode ser
construída de três modos:
Hajam vista os livros desse autor.
QUANTO À EXISTÊNCIA OU NÃO DO SUJEITO Haja vista os livros desse autor.
1. Pessoais: são aqueles que se referem a qualquer sujeito implícito ou Haja vista aos livros desse autor.
explícito. Quase todos os verbos são pessoais.
O Nino apareceu na porta. CONVERSÃO DA VOZ ATIVA NA PASSIVA
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmente o
2. Impessoais: são aqueles que não se referem a qualquer sujeito implí- sentido da frase.
cito ou explícito. São utilizados sempre na 3ª pessoa. São impessoais: Exemplo:
a) verbos que indicam fenômenos meteorológicos: chover, nevar, ventar, Gutenberg inventou a imprensa. (voz ativa)
etc. A imprensa foi inventada por Gutenberg. (voz passiva)
Garoava na madrugada roxa. Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o sujeito da ati-
b) HAVER, no sentido de existir, ocorrer, acontecer: va passará a agente da passiva e o verbo assumirá a forma passiva,
Houve um espetáculo ontem. conservando o mesmo tempo.
Há alunos na sala. Outros exemplos:
Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Anica com seus olhos Os calores intensos provocam as chuvas.
claros. As chuvas são provocadas pelos calores intensos.
Eu o acompanharei.
c) FAZER, indicando tempo decorrido ou fenômeno meteorológico. Ele será acompanhado por mim.
Fazia dois anos que eu estava casado. Todos te louvariam.
Faz muito frio nesta região? Serias louvado por todos.
Prejudicaram-me.
O VERBO HAVER (empregado impessoalmente) Fui prejudicado.
O verbo haver é impessoal - sendo, portanto, usado invariavelmente Condenar-te-iam.
na 3ª pessoa do singular - quando significa: Serias condenado.
1) EXISTIR
Há pessoas que nos querem bem. EMPREGO DOS TEMPOS VERBAIS
Criaturas infalíveis nunca houve nem haverá. a) Presente
Brigavam à toa, sem que houvesse motivos sérios. Emprega-se o presente do indicativo para assinalar:
Livros, havia-os de sobra; o que faltava eram leitores. - um fato que ocorre no momento em que se fala.
2) ACONTECER, SUCEDER Eles estudam silenciosamente.
Houve casos difíceis na minha profissão de médico. Eles estão estudando silenciosamente.
Não haja desavenças entre vós. - uma ação habitual.
Naquele presídio havia frequentes rebeliões de presos. Corra todas as manhãs.
3) DECORRER, FAZER, com referência ao tempo passado: - uma verdade universal (ou tida como tal):
Há meses que não o vejo. O homem é mortal.
Haverá nove dias que ele nos visitou. A mulher ama ou odeia, não há outra alternativa.
Havia já duas semanas que Marcos não trabalhava. - fatos já passados. Usa-se o presente em lugar do pretérito para dar
O fato aconteceu há cerca de oito meses. maior realce à narrativa.

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APOSTILAS OPÇÃO
Em 1748, Montesquieu publica a obra "O Espírito das Leis". VERBOS IRREGULARES
É o chamado presente histórico ou narrativo. DAR
- fatos futuros não muito distantes, ou mesmo incertos: Presente do indicativo dou, dás, dá, damos, dais, dão
Amanhã vou à escola. Pretérito perfeito dei, deste, deu, demos, destes, deram
Pretérito mais-que-perfeito dera, deras, dera, déramos, déreis, deram
Qualquer dia eu te telefono.
Presente do subjuntivo dê, dês, dê, demos, deis, dêem
b) Pretérito Imperfeito Imperfeito do subjuntivo desse, desses, desse, déssemos, désseis, dessem
Emprega-se o pretérito imperfeito do indicativo para designar: Futuro do subjuntivo der, deres, der, dermos, derdes, derem
- um fato passado contínuo, habitual, permanente: MOBILIAR
Ele andava à toa. Presente do indicativo mobilio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais, mobiliam
Nós vendíamos sempre fiado. Presente do subjuntivo mobilie, mobilies, mobílie, mobiliemos, mobilieis, mobiliem
- um fato passado, mas de incerta localização no tempo. É o que ocorre Imperativo mobília, mobilie, mobiliemos, mobiliai, mobiliem
por exemplo, no inicio das fábulas, lendas, histórias infantis.
Era uma vez... AGUAR
- um fato presente em relação a outro fato passado. Presente do indicativo águo, águas, água, aguamos, aguais, águam
Eu lia quando ele chegou. Pretérito perfeito aguei, aguaste, aguou, aguamos, aguastes, aguaram
Presente do subjuntivo águe, agues, ague, aguemos, agueis, águem
c) Pretérito Perfeito
Emprega-se o pretérito perfeito do indicativo para referir um fato já MAGOAR
ocorrido, concluído. Presente do indicativo magoo, magoas, magoa, magoamos, magoais, magoam
Pretérito perfeito magoei, magoaste, magoou, magoamos, magoastes,
Estudei a noite inteira. magoaram
Usa-se a forma composta para indicar uma ação que se prolonga até Presente do subjuntivo magoe, magoes, magoe, magoemos, magoeis, magoem
o momento presente. Conjugam-se como magoar, abençoar, abotoar, caçoar, voar e perdoar
Tenho estudado todas as noites.
APIEDAR-SE
d) Pretérito mais-que-perfeito Presente do indicativo: apiado-me, apiadas-te, apiada-se, apiedamo-nos, apiedais-
Chama-se mais-que-perfeito porque indica uma ação passada em vos, apiadam-se
relação a outro fato passado (ou seja, é o passado do passado): Presente do subjuntivo apiade-me, apiades-te, apiade-se, apiedemo-nos, apiedei-
A bola já ultrapassara a linha quando o jogador a alcançou. vos, apiedem-se
e) Futuro do Presente Nas formas rizotônicas, o E do radical é substituído por A
Emprega-se o futuro do presente do indicativo para apontar um fato
MOSCAR
futuro em relação ao momento em que se fala.
Presente do indicativo musco, muscas, musca, moscamos, moscais, muscam
Irei à escola. Presente do subjuntivo musque, musques, musque, mosquemos, mosqueis,
f) Futuro do Pretérito musquem
Emprega-se o futuro do pretérito do indicativo para assinalar: Nas formas rizotônicas, o O do radical é substituído por U
- um fato futuro, em relação a outro fato passado.
- Eu jogaria se não tivesse chovido. RESFOLEGAR
- um fato futuro, mas duvidoso, incerto. Presente do indicativo resfolgo, resfolgas, resfolga, resfolegamos, resfolegais,
- Seria realmente agradável ter de sair? resfolgam
Presente do subjuntivo resfolgue, resfolgues, resfolgue, resfoleguemos, resfolegueis,
Um fato presente: nesse caso, o futuro do pretérito indica polidez e às
resfolguem
vezes, ironia. Nas formas rizotônicas, o E do radical desaparece
- Daria para fazer silêncio?!
NOMEAR
Modo Subjuntivo Presente da indicativo nomeio, nomeias, nomeia, nomeamos, nomeais, nomeiam
a) Presente Pretérito imperfeito nomeava, nomeavas, nomeava, nomeávamos, nomeáveis,
Emprega-se o presente do subjuntivo para mostrar: nomeavam
Pretérito perfeito nomeei, nomeaste, nomeou, nomeamos, nomeastes,
- um fato presente, mas duvidoso, incerto.
nomearam
Talvez eles estudem... não sei. Presente do subjuntivo nomeie, nomeies, nomeie, nomeemos, nomeeis, nomeiem
- um desejo, uma vontade: Imperativo afirmativo nomeia, nomeie, nomeemos, nomeai, nomeiem
Que eles estudem, este é o desejo dos pais e dos professores. Conjugam-se como nomear, cear, hastear, peritear, recear, passear
b) Pretérito Imperfeito
COPIAR
Emprega-se o pretérito imperfeito do subjuntivo para indicar uma Presente do indicativo copio, copias, copia, copiamos, copiais, copiam
hipótese, uma condição. Pretérito imperfeito copiei, copiaste, copiou, copiamos, copiastes, copiaram
Se eu estudasse, a história seria outra. Pretérito mais-que-perfeito copiara, copiaras, copiara, copiáramos, copiá-
Nós combinamos que se chovesse não haveria jogo. reis, copiaram
Presente do subjuntivo copie, copies, copie, copiemos, copieis, copiem
e) Pretérito Perfeito
Imperativo afirmativo copia, copie, copiemos, copiai, copiem
Emprega-se o pretérito perfeito composto do subjuntivo para apontar
um fato passado, mas incerto, hipotético, duvidoso (que são, afinal, as ODIAR
características do modo subjuntivo). Presente do indicativo odeio, odeias, odeia, odiamos, odiais, odeiam
Que tenha estudado bastante é o que espero. Pretérito imperfeito odiava, odiavas, odiava, odiávamos, odiáveis, odiavam
Pretérito perfeito odiei, odiaste, odiou, odiamos, odiastes, odiaram
d) Pretérito Mais-Que-Perfeito - Emprega-se o pretérito mais-que- Pretérito mais-que-perfeito odiara, odiaras, odiara, odiáramos, odiáreis, odiaram
perfeito do subjuntivo para indicar um fato passado em relação a outro Presente do subjuntivo odeie, odeies, odeie, odiemos, odieis, odeiem
fato passado, sempre de acordo com as regras típicas do modo sub- Conjugam-se como odiar, mediar, remediar, incendiar, ansiar
juntivo:
Se não tivéssemos saído da sala, teríamos terminado a prova tranqui- CABER
lamente. Presente do indicativo caibo, cabes, cabe, cabemos, cabeis, cabem
Pretérito perfeito coube, coubeste, coube, coubemos, coubestes, couberam
e) Futuro Pretérito mais-que-perfeito coubera, couberas, coubera, coubéramos,
Emprega-se o futuro do subjuntivo para indicar um fato futuro já coubéreis, couberam
concluído em relação a outro fato futuro. Presente do subjuntivo caiba, caibas, caiba, caibamos, caibais, caibam
Quando eu voltar, saberei o que fazer. Imperfeito do subjuntivo coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos, coubés-
seis, coubessem

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APOSTILAS OPÇÃO
Futuro do subjuntivo couber, couberes, couber, coubermos, couberdes, coube- Pretérito mais-que-perfeito quisera, quiseras, quisera, quiséramos, quisé-
rem reis, quiseram
O verbo CABER não se apresenta conjugado nem no imperativo afirmativo nem no Presente do subjuntivo queira, queiras, queira, queiramos, queirais, queiram
imperativo negativo Pretérito imperfeito quisesse, quisesses, quisesse, quiséssemos quisésseis,
quisessem
CRER Futuro quiser, quiseres, quiser, quisermos, quiserdes, quiserem
Presente do indicativo creio, crês, crê, cremos, credes, crêem
Presente do subjuntivo creia, creias, creia, creiamos, creiais, creiam REQUERER
Imperativo afirmativo crê, creia, creiamos, crede, creiam Presente do indicativo requeiro, requeres, requer, requeremos, requereis, reque-
Conjugam-se como crer, ler e descrer rem
Pretérito perfeito requeri, requereste, requereu, requeremos, requereste,
DIZER requereram
Presente do indicativo digo, dizes, diz, dizemos, dizeis, dizem Pretérito mais-que-perfeito requerera, requereras, requerera, requerera-
Pretérito perfeito disse, disseste, disse, dissemos, dissestes, disseram mos, requerereis, requereram
Pretérito mais-que-perfeito dissera, disseras, dissera, disséramos, dissé- Futuro do presente requererei, requererás requererá, requereremos, requere-
reis, disseram reis, requererão
Futuro do presente direi, dirás, dirá, diremos, direis, dirão Futuro do pretérito requereria, requererias, requereria, requereríamos, reque-
Futuro do pretérito diria, dirias, diria, diríamos, diríeis, diriam reríeis, requereriam
Presente do subjuntivo diga, digas, diga, digamos, digais, digam Imperativo requere, requeira, requeiramos, requerer, requeiram
Pretérito imperfeito dissesse, dissesses, dissesse, disséssemos, dissésseis, Presente do subjuntivo requeira, requeiras, requeira, requeiramos, requeirais,
dissesse requeiram
Futuro disser, disseres, disser, dissermos, disserdes, disserem Pretérito Imperfeito requeresse, requeresses, requeresse, requerêssemos,
Particípio dito requerêsseis, requeressem,
Conjugam-se como dizer, bendizer, desdizer, predizer, maldizer Futuro requerer, requereres, requerer, requerermos, requererdes,
requerem
FAZER Gerúndio requerendo
Presente do indicativo faço, fazes, faz, fazemos, fazeis, fazem Particípio requerido
Pretérito perfeito fiz, fizeste, fez, fizemos fizestes, fizeram O verbo REQUERER não se conjuga como querer.
Pretérito mais-que-perfeito fizera, fizeras, fizera, fizéramos, fizéreis,
fizeram REAVER
Futuro do presente farei, farás, fará, faremos, fareis, farão Presente do indicativo reavemos, reaveis
Futuro do pretérito faria, farias, faria, faríamos, faríeis, fariam Pretérito perfeito reouve, reouveste, reouve, reouvemos, reouvestes, reouve-
Imperativo afirmativo faze, faça, façamos, fazei, façam ram
Presente do subjuntivo faça, faças, faça, façamos, façais, façam Pretérito mais-que-perfeito reouvera, reouveras, reouvera, reouvéramos, reouvéreis,
Imperfeito do subjuntivo fizesse, fizesses, fizesse, fizéssemos, fizésseis, fizessem reouveram
Futuro do subjuntivo fizer, fizeres, fizer, fizermos, fizerdes, fizerem Pretérito imperf. do subjuntivo reouvesse, reouvesses, reouvesse, reouvéssemos,
Conjugam-se como fazer, desfazer, refazer satisfazer reouvésseis, reouvessem
Futuro reouver, reouveres, reouver, reouvermos, reouverdes, reouverem
PERDER O verbo REAVER conjuga-se como haver, mas só nas formas em que esse apre-
Presente do indicativo perco, perdes, perde, perdemos, perdeis, perdem senta a letra v
Presente do subjuntivo perca, percas, perca, percamos, percais, percam
Imperativo afirmativo perde, perca, percamos, perdei, percam SABER
Presente do indicativo sei, sabes, sabe, sabemos, sabeis, sabem
PODER Pretérito perfeito soube, soubeste, soube, soubemos, soubestes, souberam
Presente do Indicativo posso, podes, pode, podemos, podeis, podem Pretérito mais-que-perfeito soubera, souberas, soubera, soubéramos,
Pretérito Imperfeito podia, podias, podia, podíamos, podíeis, podiam soubéreis, souberam
Pretérito perfeito pude, pudeste, pôde, pudemos, pudestes, puderam Pretérito imperfeito sabia, sabias, sabia, sabíamos, sabíeis, sabiam
Pretérito mais-que-perfeito pudera, puderas, pudera, pudéramos, pudéreis, Presente do subjuntivo soubesse, soubesses, soubesse, soubéssemos, soubés-
puderam seis, soubessem
Presente do subjuntivo possa, possas, possa, possamos, possais, possam Futuro souber, souberes, souber, soubermos, souberdes, souberem
Pretérito imperfeito pudesse, pudesses, pudesse, pudéssemos, pudésseis,
pudessem VALER
Futuro puder, puderes, puder, pudermos, puderdes, puderem Presente do indicativo valho, vales, vale, valemos, valeis, valem
Infinitivo pessoal pode, poderes, poder, podermos, poderdes, poderem Presente do subjuntivo valha, valhas, valha, valhamos, valhais, valham
Gerúndio podendo Imperativo afirmativo vale, valha, valhamos, valei, valham
Particípio podido
O verbo PODER não se apresenta conjugado nem no imperativo afirmativo nem no TRAZER
imperativo negativo Presente do indicativo trago, trazes, traz, trazemos, trazeis, trazem
Pretérito imperfeito trazia, trazias, trazia, trazíamos, trazíeis, traziam
PROVER Pretérito perfeito trouxe, trouxeste, trouxe, trouxemos, trouxestes, trouxeram
Presente do indicativo provejo, provês, provê, provemos, provedes, provêem Pretérito mais-que-perfeito trouxera, trouxeras, trouxera, trouxéramos,
Pretérito imperfeito provia, provias, provia, províamos, províeis, proviam trouxéreis, trouxeram
Pretérito perfeito provi, proveste, proveu, provemos, provestes, proveram Futuro do presente trarei, trarás, trará, traremos, trareis, trarão
Pretérito mais-que-perfeito provera, proveras, provera, provêramos, Futuro do pretérito traria, trarias, traria, traríamos, traríeis, trariam
provêreis, proveram Imperativo traze, traga, tragamos, trazei, tragam
Futuro do presente proverei, proverás, proverá, proveremos, provereis, prove- Presente do subjuntivo traga, tragas, traga, tragamos, tragais, tragam
rão Pretérito imperfeito trouxesse, trouxesses, trouxesse, trouxéssemos, trouxés-
Futuro do pretérito proveria, proverias, proveria, proveríamos, proveríeis, seis, trouxessem
proveriam Futuro trouxer, trouxeres, trouxer, trouxermos, trouxerdes, trouxe-
Imperativo provê, proveja, provejamos, provede, provejam rem
Presente do subjuntivo proveja, provejas, proveja, provejamos, provejais, provejam Infinitivo pessoal trazer, trazeres, trazer, trazermos, trazerdes, trazerem
Pretérito imperfeito provesse, provesses, provesse, provêssemos, provêsseis, Gerúndio trazendo
provessem Particípio trazido
Futuro prover, proveres, prover, provermos, proverdes, proverem
Gerúndio provendo VER
Particípio provido Presente do indicativo vejo, vês, vê, vemos, vedes, vêem
Pretérito perfeito vi, viste, viu, vimos, vistes, viram
QUERER Pretérito mais-que-perfeito vira, viras, vira, viramos, vireis, viram
Presente do indicativo quero, queres, quer, queremos, quereis, querem Imperativo afirmativo vê, veja, vejamos, vede vós, vejam vocês
Pretérito perfeito quis, quiseste, quis, quisemos, quisestes, quiseram Presente do subjuntivo veja, vejas, veja, vejamos, vejais, vejam
Pretérito imperfeito visse, visses, visse, víssemos, vísseis, vissem
Língua Portuguesa 30

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APOSTILAS OPÇÃO
Futuro vir, vires, vir, virmos, virdes, virem Pretérito imperfeito fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem
Particípio visto Futuro for, fores, for, formos, fordes, forem
Infinitivo pessoal ir, ires, ir, irmos, irdes, irem
ABOLIR Gerúndio indo
Presente do indicativo aboles, abole abolimos, abolis, abolem Particípio ido
Pretérito imperfeito abolia, abolias, abolia, abolíamos, abolíeis, aboliam
Pretérito perfeito aboli, aboliste, aboliu, abolimos, abolistes, aboliram OUVIR
Pretérito mais-que-perfeito abolira, aboliras, abolira, abolíramos, abolíreis, Presente do indicativo ouço, ouves, ouve, ouvimos, ouvis, ouvem
aboliram Presente do subjuntivo ouça, ouças, ouça, ouçamos, ouçais, ouçam
Futuro do presente abolirei, abolirás, abolirá, aboliremos, abolireis, abolirão Imperativo ouve, ouça, ouçamos, ouvi, ouçam
Futuro do pretérito aboliria, abolirias, aboliria, aboliríamos, aboliríeis, aboliriam Particípio ouvido
Presente do subjuntivo não há
Presente imperfeito abolisse, abolisses, abolisse, abolíssemos, abolísseis, PEDIR
abolissem Presente do indicativo peço, pedes, pede, pedimos, pedis, pedem
Futuro abolir, abolires, abolir, abolirmos, abolirdes, abolirem Pretérito perfeito pedi, pediste, pediu, pedimos, pedistes, pediram
Imperativo afirmativo abole, aboli Presente do subjuntivo peça, peças, peça, peçamos, peçais, peçam
Imperativo negativo não há Imperativo pede, peça, peçamos, pedi, peçam
Infinitivo pessoal abolir, abolires, abolir, abolirmos, abolirdes, abolirem Conjugam-se como pedir: medir, despedir, impedir, expedir
Infinitivo impessoal abolir
Gerúndio abolindo POLIR
Particípio abolido Presente do indicativo pulo, pules, pule, polimos, polis, pulem
Presente do subjuntivo pula, pulas, pula, pulamos, pulais, pulam
O verbo ABOLIR é conjugado só nas formas em que depois do L do radical há E ou Imperativo pule, pula, pulamos, poli, pulam
I.
REMIR
AGREDIR Presente do indicativo redimo, redimes, redime, redimimos, redimis, redimem
Presente do indicativo agrido, agrides, agride, agredimos, agredis, agridem Presente do subjuntivo redima, redimas, redima, redimamos, redimais, redimam
Presente do subjuntivo agrida, agridas, agrida, agridamos, agridais, agridam
Imperativo agride, agrida, agridamos, agredi, agridam RIR
Nas formas rizotônicas, o verbo AGREDIR apresenta o E do radical substituído por Presente do indicativo rio, ris, ri, rimos, rides, riem
I. Pretérito imperfeito ria, rias, ria, riamos, ríeis, riam
Pretérito perfeito ri, riste, riu, rimos, ristes, riram
COBRIR Pretérito mais-que-perfeito rira, riras, rira, ríramos, rireis, riram
Presente do indicativo cubro, cobres, cobre, cobrimos, cobris, cobrem Futuro do presente rirei, rirás, rirá, riremos, rireis, rirão
Presente do subjuntivo cubra, cubras, cubra, cubramos, cubrais, cubram Futuro do pretérito riria, ririas, riria, riríamos, riríeis, ririam
Imperativo cobre, cubra, cubramos, cobri, cubram Imperativo afirmativo ri, ria, riamos, ride, riam
Particípio coberto Presente do subjuntivo ria, rias, ria, riamos, riais, riam
Conjugam-se como COBRIR, dormir, tossir, descobrir, engolir Pretérito imperfeito risse, risses, risse, ríssemos, rísseis, rissem
Futuro rir, rires, rir, rirmos, rirdes, rirem
FALIR Infinitivo pessoal rir, rires, rir, rirmos, rirdes, rirem
Presente do indicativo falimos, falis Gerúndio rindo
Pretérito imperfeito falia, falias, falia, falíamos, falíeis, faliam Particípio rido
Pretérito mais-que-perfeito falira, faliras, falira, falíramos, falireis, faliram Conjuga-se como rir: sorrir
Pretérito perfeito fali, faliste, faliu, falimos, falistes, faliram
Futuro do presente falirei, falirás, falirá, faliremos, falireis, falirão VIR
Futuro do pretérito faliria, falirias, faliria, faliríamos, faliríeis, faliriam Presente do indicativo venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm
Presente do subjuntivo não há Pretérito imperfeito vinha, vinhas, vinha, vínhamos, vínheis, vinham
Pretérito imperfeito falisse, falisses, falisse, falíssemos, falísseis, falissem Pretérito perfeito vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram
Futuro falir, falires, falir, falirmos, falirdes, falirem Pretérito mais-que-perfeito viera, vieras, viera, viéramos, viéreis, vieram
Imperativo afirmativo fali (vós) Futuro do presente virei, virás, virá, viremos, vireis, virão
Imperativo negativo não há Futuro do pretérito viria, virias, viria, viríamos, viríeis, viriam
Infinitivo pessoal falir, falires, falir, falirmos, falirdes, falirem Imperativo afirmativo vem, venha, venhamos, vinde, venham
Gerúndio falindo Presente do subjuntivo venha, venhas, venha, venhamos, venhais, venham
Particípio falido Pretérito imperfeito viesse, viesses, viesse, viéssemos, viésseis, viessem
Futuro vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem
FERIR Infinitivo pessoal vir, vires, vir, virmos, virdes, virem
Presente do indicativo firo, feres, fere, ferimos, feris, ferem Gerúndio vindo
Presente do subjuntivo fira, firas, fira, firamos, firais, firam Particípio vindo
Conjugam-se como FERIR: competir, vestir, inserir e seus derivados. Conjugam-se como vir: intervir, advir, convir, provir, sobrevir

MENTIR SUMIR
Presente do indicativo minto, mentes, mente, mentimos, mentis, mentem Presente do indicativo sumo, somes, some, sumimos, sumis, somem
Presente do subjuntivo minta, mintas, minta, mintamos, mintais, mintam Presente do subjuntivo suma, sumas, suma, sumamos, sumais, sumam
Imperativo mente, minta, mintamos, menti, mintam Imperativo some, suma, sumamos, sumi, sumam
Conjugam-se como MENTIR: sentir, cerzir, competir, consentir, pressentir. Conjugam-se como SUMIR: subir, acudir, bulir, escapulir, fugir, consumir, cuspir
FUGIR
Presente do indicativo fujo, foges, foge, fugimos, fugis, fogem
Imperativo foge, fuja, fujamos, fugi, fujam ADVÉRBIO
Presente do subjuntivo fuja, fujas, fuja, fujamos, fujais, fujam

IR Advérbio é a palavra que modifica a verbo, o adjetivo ou o próprio ad-


Presente do indicativo vou, vais, vai, vamos, ides, vão vérbio, exprimindo uma circunstância.
Pretérito imperfeito ia, ias, ia, íamos, íeis, iam Os advérbios dividem-se em:
Pretérito perfeito fui, foste, foi, fomos, fostes, foram 1) LUGAR: aqui, cá, lá, acolá, ali, aí, aquém, além, algures, alhures,
Pretérito mais-que-perfeito fora, foras, fora, fôramos, fôreis, foram nenhures, atrás, fora, dentro, perto, longe, adiante, diante, onde,
Futuro do presente irei, irás, irá, iremos, ireis, irão avante, através, defronte, aonde, etc.
Futuro do pretérito iria, irias, iria, iríamos, iríeis, iriam 2) TEMPO: hoje, amanhã, depois, antes, agora, anteontem, sempre,
Imperativo afirmativo vai, vá, vamos, ide, vão
nunca, já, cedo, logo, tarde, ora, afinal, outrora, então, amiúde, breve,
Imperativo negativo não vão, não vá, não vamos, não vades, não vão
Presente do subjuntivo vá, vás, vá, vamos, vades, vão brevemente, entrementes, raramente, imediatamente, etc.

Língua Portuguesa 31

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APOSTILAS OPÇÃO
3) MODO: bem, mal, assim, depressa, devagar, como, debalde, pior, VII 7 sete sétimo sétuplo sétimo
melhor, suavemente, tenazmente, comumente, etc. VIII 8 oito oitavo óctuplo oitavo
4) ITENSIDADE: muito, pouco, assaz, mais, menos, tão, bastante, IX 9 nove nono nônuplo nono
demasiado, meio, completamente, profundamente, quanto, quão, tan- X 10 dez décimo décuplo décimo
to, bem, mal, quase, apenas, etc. XI 11 onze décimo onze avos
5) AFIRMAÇÃO: sim, deveras, certamente, realmente, efetivamente, etc. primeiro
6) NEGAÇÃO: não. XII 12 doze décimo doze avos
7) DÚVIDA: talvez, acaso, porventura, possivelmente, quiçá, decerto, segundo
provavelmente, etc. XIII 13 treze décimo treze avos
terceiro
Há Muitas Locuções Adverbiais XIV 14 quatorze décimo quatorze
1) DE LUGAR: à esquerda, à direita, à tona, à distância, à frente, à quarto avos
entrada, à saída, ao lado, ao fundo, ao longo, de fora, de lado, etc. XV 15 quinze décimo quinze avos
2) TEMPO: em breve, nunca mais, hoje em dia, de tarde, à tarde, à quinto
noite, às ave-marias, ao entardecer, de manhã, de noite, por ora, por XVI 16 dezesseis décimo sexto dezesseis
fim, de repente, de vez em quando, de longe em longe, etc. avos
3) MODO: à vontade, à toa, ao léu, ao acaso, a contento, a esmo, de XVII 17 dezessete décimo dezessete
sétimo avos
bom grado, de cor, de mansinho, de chofre, a rigor, de preferência,
XVIII 18 dezoito décimo dezoito avos
em geral, a cada passo, às avessas, ao invés, às claras, a pique, a
oitavo
olhos vistos, de propósito, de súbito, por um triz, etc.
XIX 19 dezenove décimo nono dezenove
4) MEIO OU INSTRUMENTO: a pau, a pé, a cavalo, a martelo, a máqui- avos
na, a tinta, a paulada, a mão, a facadas, a picareta, etc. XX 20 vinte vigésimo vinte avos
5) AFIRMAÇÃO: na verdade, de fato, de certo, etc. XXX 30 trinta trigésimo trinta avos
6) NEGAÇAO: de modo algum, de modo nenhum, em hipótese alguma, XL 40 quarenta quadragési- quarenta
etc. mo avos
7) DÚVIDA: por certo, quem sabe, com certeza, etc. L 50 cinquenta quinquagé- cinquenta
simo avos
Advérbios Interrogativos LX 60 sessenta sexagésimo sessenta
Onde?, aonde?, donde?, quando?, porque?, como? avos
LXX 70 setenta septuagési- setenta avos
Palavras Denotativas mo
Certas palavras, por não se poderem enquadrar entre os advérbios, LXXX 80 oitenta octogésimo oitenta avos
terão classificação à parte. São palavras que denotam exclusão, inclusão, XC 90 noventa nonagésimo noventa avos
situação, designação, realce, retificação, afetividade, etc. C 100 cem centésimo centésimo
1) DE EXCLUSÃO - só, salvo, apenas, senão, etc. CC 200 duzentos ducentésimo ducentésimo
2) DE INCLUSÃO - também, até, mesmo, inclusive, etc. CCC 300 trezentos trecentésimo trecentésimo
3) DE SITUAÇÃO - mas, então, agora, afinal, etc. CD 400 quatrocen- quadringen- quadringen-
4) DE DESIGNAÇÃO - eis. tos tésimo tésimo
5) DE RETIFICAÇÃO - aliás, isto é, ou melhor, ou antes, etc. D 500 quinhentos quingentési- quingentési-
6) DE REALCE - cá, lá, sã, é que, ainda, mas, etc. mo mo
Você lá sabe o que está dizendo, homem... DC 600 seiscentos sexcentési- sexcentési-
Mas que olhos lindos! mo mo
Veja só que maravilha! DCC 700 setecentos septingenté- septingenté-
simo simo
DCCC 800 oitocentos octingenté- octingenté-
simo simo
NUMERAL CM 900 novecen- nongentési- nongentési-
tos mo mo
Numeral é a palavra que indica quantidade, ordem, múltiplo ou fração.
M 1000 mil milésimo milésimo
O numeral classifica-se em:
- cardinal - quando indica quantidade.
Emprego do Numeral
- ordinal - quando indica ordem.
Na sucessão de papas, reis, príncipes, anos, séculos, capítulos, etc.
- multiplicativo - quando indica multiplicação.
empregam-se de 1 a 10 os ordinais.
- fracionário - quando indica fracionamento.
João Paulo I I (segundo) ano lll (ano terceiro)
Exemplos:
Luis X (décimo) ano I (primeiro)
Silvia comprou dois livros.
Pio lX (nono) século lV (quarto)
Antônio marcou o primeiro gol.
Na semana seguinte, o anel custará o dobro do preço.
De 11 em diante, empregam-se os cardinais:
O galinheiro ocupava um quarto da quintal.
Leão Xlll (treze) ano Xl (onze)
Pio Xll (doze) século XVI (dezesseis)
QUADRO BÁSICO DOS NUMERAIS
Luis XV (quinze) capitulo XX (vinte)
Algarismos Numerais
Roma- Arábi- Cardinais Ordinais Multiplica- Fracionários Se o numeral aparece antes, é lido como ordinal.
nos cos tivos XX Salão do Automóvel (vigésimo)
I 1 um primeiro simples - VI Festival da Canção (sexto)
II 2 dois segundo duplo meio lV Bienal do Livro (quarta)
dobro XVI capítulo da telenovela (décimo sexto)
III 3 três terceiro tríplice terço
IV 4 quatro quarto quádruplo quarto Quando se trata do primeiro dia do mês, deve-se dar preferência ao
V 5 cinco quinto quíntuplo quinto emprego do ordinal.
VI 6 seis sexto sêxtuplo sexto Hoje é primeiro de setembro

Língua Portuguesa 32

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APOSTILAS OPÇÃO
Não é aconselhável iniciar período com algarismos Conjunção é uma palavra invariável que liga orações ou palavras da
16 anos tinha Patrícia = Dezesseis anos tinha Patrícia mesma oração.

A título de brevidade, usamos constantemente os cardinais pelos or- No 2º exemplo, a conjunção liga as orações sem fazer que uma depen-
dinais. Ex.: casa vinte e um (= a vigésima primeira casa), página trinta e da da outra, sem que a segunda complete o sentido da primeira: por isso, a
dois (= a trigésima segunda página). Os cardinais um e dois não variam conjunção E é coordenativa.
nesse caso porque está subentendida a palavra número. Casa número
vinte e um, página número trinta e dois. Por isso, deve-se dizer e escrever No 3º exemplo, a conjunção liga duas orações que se completam uma à
também: a folha vinte e um, a folha trinta e dois. Na linguagem forense, outra e faz com que a segunda dependa da primeira: por isso, a conjunção
vemos o numeral flexionado: a folhas vinte e uma a folhas trinta e duas. QUANDO é subordinativa.
As conjunções, portanto, dividem-se em coordenativas e subordinativas.
ARTIGO CONJUNÇÕES COORDENATIVAS
As conjunções coordenativas podem ser:
Artigo é uma palavra que antepomos aos substantivos para determi- 1) Aditivas, que dão ideia de adição, acrescentamento: e, nem, mas
ná-los. Indica-lhes, ao mesmo tempo, o gênero e o número. também, mas ainda, senão também, como também, bem como.
Dividem-se em O agricultor colheu o trigo e o vendeu.
• definidos: O, A, OS, AS Não aprovo nem permitirei essas coisas.
• indefinidos: UM, UMA, UNS, UMAS. Os livros não só instruem mas também divertem.
Os definidos determinam os substantivos de modo preciso, particular. As abelhas não apenas produzem mel e cera mas ainda polini-
Viajei com o médico. (Um médico referido, conhecido, determinado). zam as flores.
Os indefinidos determinam os substantivos de modo vago, impreciso, 2) Adversativas, que exprimem oposição, contraste, ressalva, com-
geral. pensação: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, sendo, ao
Viajei com um médico. (Um médico não referido, desconhecido, inde- passo que, antes (= pelo contrário), no entanto, não obstante,
terminado). apesar disso, em todo caso.
Isoladamente, os artigos são palavras de todo vazias de sentido. Querem ter dinheiro, mas não trabalham.
Ela não era bonita, contudo cativava pela simpatia.
Não vemos a planta crescer, no entanto, ela cresce.
CONJUNÇÃO A culpa não a atribuo a vós, senão a ele.
O professor não proíbe, antes estimula as perguntas em aula.
O exército do rei parecia invencível, não obstante, foi derrotado.
Conjunção é a palavra que une duas ou mais orações. Você já sabe bastante, porém deve estudar mais.
Eu sou pobre, ao passo que ele é rico.
Conjunções Coordenativas Hoje não atendo, em todo caso, entre.
1) ADITIVAS: e, nem, também, mas, também, etc. 3) Alternativas, que exprimem alternativa, alternância ou, ou ... ou,
2) ADVERSATIVAS: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, senão, ora ... ora, já ... já, quer ... quer, etc.
no entanto, etc. Os sequestradores deviam render-se ou seriam mortos.
3) ALTERNATIVAS: ou, ou.., ou, ora... ora, já... já, quer, quer, etc. Ou você estuda ou arruma um emprego.
4) CONCLUSIVAS. logo, pois, portanto, por conseguinte, por conse- Ora triste, ora alegre, a vida segue o seu ritmo.
quência. Quer reagisse, quer se calasse, sempre acabava apanhando.
5) EXPLICATIVAS: isto é, por exemplo, a saber, que, porque, pois, etc. "Já chora, já se ri, já se enfurece."
(Luís de Camões)
Conjunções Subordinativas 4) Conclusivas, que iniciam uma conclusão: logo, portanto, por
1) CONDICIONAIS: se, caso, salvo se, contanto que, uma vez que, etc. conseguinte, pois (posposto ao verbo), por isso.
2) CAUSAIS: porque, já que, visto que, que, pois, porquanto, etc. As árvores balançam, logo está ventando.
3) COMPARATIVAS: como, assim como, tal qual, tal como, mais que, Você é o proprietário do carro, portanto é o responsável.
etc. O mal é irremediável; deves, pois, conformar-te.
4) CONFORMATIVAS: segundo, conforme, consoante, como, etc. 5) Explicativas, que precedem uma explicação, um motivo: que,
5) CONCESSIVAS: embora, ainda que, mesmo que, posto que, se bem porque, porquanto, pois (anteposto ao verbo).
que, etc. Não solte balões, que (ou porque, ou pois, ou porquanto) podem
6) INTEGRANTES: que, se, etc. causar incêndios.
7) FINAIS: para que, a fim de que, que, etc. Choveu durante a noite, porque as ruas estão molhadas.
8) CONSECUTIVAS: tal... qual, tão... que, tamanho... que, de sorte que, Observação: A conjunção A pode apresentar-se com sentido adver-
de forma que, de modo que, etc. sativo:
Sofrem duras privações a [= mas] não se queixam.
9) PROPORCIONAIS: à proporção que, à medida que, quanto... tanto
"Quis dizer mais alguma coisa a não pôde."
mais, etc.
(Jorge Amado)
10) TEMPORAIS: quando, enquanto, logo que, depois que, etc.
Conjunções subordinativas
VALOR LÓGICO E SINTÁTICO DAS CONJUNÇÕES As conjunções subordinativas ligam duas orações, subordinando uma
à outra. Com exceção das integrantes, essas conjunções iniciam orações
Examinemos estes exemplos: que traduzem circunstâncias (causa, comparação, concessão, condição
1º) Tristeza e alegria não moram juntas. ou hipótese, conformidade, consequência, finalidade, proporção, tempo).
2º) Os livros ensinam e divertem. Abrangem as seguintes classes:
3º) Saímos de casa quando amanhecia. 1) Causais: porque, que, pois, como, porquanto, visto que, visto como,
já que, uma vez que, desde que.
No primeiro exemplo, a palavra E liga duas palavras da mesma oração: O tambor soa porque é oco. (porque é oco: causa; o tambor soa:
é uma conjunção. efeito).
Como estivesse de luto, não nos recebeu.
No segundo a terceiro exemplos, as palavras E e QUANDO estão ligan- Desde que é impossível, não insistirei.
do orações: são também conjunções.

Língua Portuguesa 33

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APOSTILAS OPÇÃO
2) Comparativas: como, (tal) qual, tal a qual, assim como, (tal) como, 9) Temporais: quando, enquanto, logo que, mal (= logo que), sempre
(tão ou tanto) como, (mais) que ou do que, (menos) que ou do que, que, assim que, desde que, antes que, depois que, até que, agora
(tanto) quanto, que nem, feito (= como, do mesmo modo que), o que, etc.
mesmo que (= como). Venha quando você quiser.
Ele era arrastado pela vida como uma folha pelo vento. Não fale enquanto come.
O exército avançava pela planície qual uma serpente imensa. Ela me reconheceu, mal lhe dirigi a palavra.
"Os cães, tal qual os homens, podem participar das três categorias." Desde que o mundo existe, sempre houve guerras.
(Paulo Mendes Campos) Agora que o tempo esquentou, podemos ir à praia.
"Sou o mesmo que um cisco em minha própria casa." "Ninguém o arredava dali, até que eu voltasse." (Carlos Povina Caval-
(Antônio Olavo Pereira) cânti)
"E pia tal a qual a caça procurada."
(Amadeu de Queirós) 10) Integrantes: que, se.
"Por que ficou me olhando assim feito boba?" Sabemos que a vida é breve.
(Carlos Drummond de Andrade) Veja se falta alguma coisa.
Os pedestres se cruzavam pelas ruas que nem formigas apressadas. Observação:
Nada nos anima tanto como (ou quanto) um elogio sincero. Em frases como Sairás sem que te vejam, Morreu sem que ninguém o
Os governantes realizam menos do que prometem. chorasse, consideramos sem que conjunção subordinativa modal. A NGB,
porém, não consigna esta espécie de conjunção.
3) Concessivas: embora, conquanto, que, ainda que, mesmo que, ainda
quando, mesmo quando, posto que, por mais que, por muito que, por Locuções conjuntivas: no entanto, visto que, desde que, se bem
menos que, se bem que, em que (pese), nem que, dado que, sem que que, por mais que, ainda quando, à medida que, logo que, a rim de que,
(= embora não). etc.
Célia vestia-se bem, embora fosse pobre. Muitas conjunções não têm classificação única, imutável, devendo,
A vida tem um sentido, por mais absurda que possa parecer. portanto, ser classificadas de acordo com o sentido que apresentam no
Beba, nem que seja um pouco. contexto. Assim, a conjunção que pode ser:
Dez minutos que fossem, para mim, seria muito tempo. 1) Aditiva (= e):
Fez tudo direito, sem que eu lhe ensinasse. Esfrega que esfrega, mas a nódoa não sai.
Em que pese à autoridade deste cientista, não podemos aceitar suas A nós que não a eles, compete fazê-lo.
afirmações. 2) Explicativa (= pois, porque):
Não sei dirigir, e, dado que soubesse, não dirigiria de noite. Apressemo-nos, que chove.
3) Integrante:
4) Condicionais: se, caso, contanto que, desde que, salvo se, sem que Diga-lhe que não irei.
(= se não), a não ser que, a menos que, dado que. 4) Consecutiva:
Ficaremos sentidos, se você não vier. Tanto se esforçou que conseguiu vencer.
Comprarei o quadro, desde que não seja caro. Não vão a uma festa que não voltem cansados.
Não sairás daqui sem que antes me confesses tudo. Onde estavas, que não te vi?
"Eleutério decidiu logo dormir repimpadamente sobre a areia, a menos 5) Comparativa (= do que, como):
que os mosquitos se opusessem." A luz é mais veloz que o som.
(Ferreira de Castro) Ficou vermelho que nem brasa.
6) Concessiva (= embora, ainda que):
5) Conformativas: como, conforme, segundo, consoante. As coisas Alguns minutos que fossem, ainda assim seria muito tempo.
não são como (ou conforme) dizem. Beba, um pouco que seja.
"Digo essas coisas por alto, segundo as ouvi narrar." 7) Temporal (= depois que, logo que):
(Machado de Assis) Chegados que fomos, dirigimo-nos ao hotel.
8) Final (= pare que):
6) Consecutivas: que (precedido dos termos intensivos tal, tão, tanto, Vendo-me à janela, fez sinal que descesse.
tamanho, às vezes subentendidos), de sorte que, de modo que, de 9) Causal (= porque, visto que):
forma que, de maneira que, sem que, que (não). "Velho que sou, apenas conheço as flores do meu tempo." (Vival-
Minha mão tremia tanto que mal podia escrever. do Coaraci)
Falou com uma calma que todos ficaram atônitos.
Ontem estive doente, de sorte que (ou de modo que) não saí. A locução conjuntiva sem que, pode ser, conforme a frase:
Não podem ver um cachorro na rua sem que o persigam. 1) Concessiva: Nós lhe dávamos roupa a comida, sem que ele pe-
Não podem ver um brinquedo que não o queiram comprar. disse. (sem que = embora não)
7) Finais: para que, a fim de que, que (= para que).
Afastou-se depressa para que não o víssemos. 2) Condicional: Ninguém será bom cientista, sem que estude muito.
Falei-lhe com bons termos, a fim de que não se ofendesse. (sem que = se não,caso não)
Fiz-lhe sinal que se calasse.
3) Consecutiva: Não vão a uma festa sem que voltem cansados.
8) Proporcionais: à proporção que, à medida que, ao passo que, quan- (sem que = que não)
to mais... (tanto mais), quanto mais... (tanto menos), quanto menos...
(tanto mais), quanto mais... (mais), (tanto)... quanto. 4) Modal: Sairás sem que te vejam. (sem que = de modo que não)
À medida que se vive, mais se aprende.
À proporção que subíamos, o ar ia ficando mais leve. Conjunção é a palavra que une duas ou mais orações.
Quanto mais as cidades crescem, mais problemas vão tendo.
Os soldados respondiam, à medida que eram chamados. PREPOSIÇÃO
Observação:
São incorretas as locuções proporcionais à medida em que, na medi- Preposições são palavras que estabelecem um vínculo entre dois
da que e na medida em que. A forma correta é à medida que: termos de uma oração. O primeiro, um subordinante ou antecedente, e o
"À medida que os anos passam, as minhas possibilidades diminuem." segundo, um subordinado ou consequente.
(Maria José de Queirós) Exemplos:
Chegaram a Porto Alegre.

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APOSTILAS OPÇÃO
Discorda de você. PREDICADO
Fui até a esquina. Predicado é o termo da oração que declara alguma coisa do sujeito.
Casa de Paulo. O predicado classifica-se em:
1. Nominal: é aquele que se constitui de verbo de ligação mais
Preposições Essenciais e Acidentais predicativo do sujeito.
As preposições essenciais são: A, ANTE, APÓS, ATÉ, COM, CON- Nosso colega está doente.
TRA, DE, DESDE, EM, ENTRE, PARA, PERANTE, POR, SEM, SOB, Principais verbos de ligação: SER, ESTAR, PARECER,
SOBRE e ATRÁS. PERMANECER, etc.
Certas palavras ora aparecem como preposições, ora pertencem a Predicativo do sujeito é o termo que ajuda o verbo de ligação a
outras classes, sendo chamadas, por isso, de preposições acidentais: comunicar estado ou qualidade do sujeito.
afora, conforme, consoante, durante, exceto, fora, mediante, não obstante, Nosso colega está doente.
salvo, segundo, senão, tirante, visto, etc. A moça permaneceu sentada.

INTERJEIÇÃO 2. Predicado verbal é aquele que se constitui de verbo intransitivo ou


transitivo.
O avião sobrevoou a praia.
Interjeição é a palavra que comunica emoção. As interjeições podem
Verbo intransitivo é aquele que não necessita de complemento.
ser:
O sabiá voou alto.
- alegria: ahl oh! oba! eh!
Verbo transitivo é aquele que necessita de complemento.
- animação: coragem! avante! eia!
• Transitivo direto: é o verbo que necessita de complemento sem auxílio
- admiração: puxa! ih! oh! nossa!
de proposição.
- aplauso: bravo! viva! bis!
Minha equipe venceu a partida.
- desejo: tomara! oxalá!
• Transitivo indireto: é o verbo que necessita de complemento com
- dor: aí! ui!
auxílio de preposição.
- silêncio: psiu! silêncio!
Ele precisa de um esparadrapo.
- suspensão: alto! basta!
• Transitivo direto e indireto (bitransitivo) é o verbo que necessita ao
mesmo tempo de complemento sem auxílio de preposição e de
LOCUÇÃO INTERJETIVA é a conjunto de palavras que têm o mesmo complemento com auxilio de preposição.
valor de uma interjeição. Damos uma simples colaboração a vocês.
Minha Nossa Senhora! Puxa vida! Deus me livre! Raios te partam!
Meu Deus! Que maravilha! Ora bolas! Ai de mim! 3. Predicado verbo nominal: é aquele que se constitui de verbo
intransitivo mais predicativo do sujeito ou de verbo transitivo mais
Sintaxe; frases, oração e período predicativo do sujeito.
FRASE Os rapazes voltaram vitoriosos.
Frase é um conjunto de palavras que têm sentido completo. • Predicativo do sujeito: é o termo que, no predicado verbo-nominal,
O tempo está nublado. ajuda o verbo intransitivo a comunicar estado ou qualidade do sujeito.
Socorro! Ele morreu rico.
Que calor! • Predicativo do objeto é o termo que, que no predicado verbo-nominal,
ajuda o verbo transitivo a comunicar estado ou qualidade do objeto
ORAÇÃO
direto ou indireto.
Oração é a frase que apresenta verbo ou locução verbal.
Elegemos o nosso candidato vereador.
A fanfarra desfilou na avenida.
As festas juninas estão chegando.
TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO
PERÍODO Chama-se termos integrantes da oração os que completam a
Período é a frase estruturada em oração ou orações. significação transitiva dos verbos e dos nomes. São indispensáveis à
O período pode ser: compreensão do enunciado.
• simples - aquele constituído por uma só oração (oração absoluta). 1. OBJETO DIRETO
Fui à livraria ontem. Objeto direto é o termo da oração que completa o sentido do verbo
• composto - quando constituído por mais de uma oração. transitivo direto. Ex.: Mamãe comprou PEIXE.
Fui à livraria ontem e comprei um livro.
2. OBJETO INDIRETO
Termos essências e integrantes da oração Objeto indireto é o termo da oração que completa o sentido do verbo
TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO transitivo indireto.
São dois os termos essenciais da oração: As crianças precisam de CARINHO.
SUJEITO
Sujeito é o ser ou termo sobre o qual se diz alguma coisa. 3. COMPLEMENTO NOMINAL
Os bandeirantes capturavam os índios. (sujeito = bandeirantes) Complemento nominal é o termo da oração que completa o sentido de
O sujeito pode ser: um nome com auxílio de preposição. Esse nome pode ser representado
- simples: quando tem um só núcleo por um substantivo, por um adjetivo ou por um advérbio.
As rosas têm espinhos. (sujeito: as rosas; Toda criança tem amor aos pais. - AMOR (substantivo)
núcleo: rosas) O menino estava cheio de vontade. - CHEIO (adjetivo)
- composto: quando tem mais de um núcleo Nós agíamos favoravelmente às discussões. - FAVORAVELMENTE
O burro e o cavalo saíram em disparada. (advérbio).
(suj: o burro e o cavalo; núcleo burro, cavalo)
- oculto: ou elíptico ou implícito na desinência verbal 4. AGENTE DA PASSIVA
Chegaste com certo atraso. (suj.: oculto: tu) Agente da passiva é o termo da oração que pratica a ação do verbo
- indeterminado: quando não se indica o agente da ação verbal na voz passiva.
Come-se bem naquele restaurante. A mãe é amada PELO FILHO.
- Inexistente: quando a oração não tem sujeito O cantor foi aplaudido PELA MULTIDÃO.
Choveu ontem. Os melhores alunos foram premiados PELA DIREÇÃO.
Há plantas venenosas.
Língua Portuguesa 35

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APOSTILAS OPÇÃO
TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO A oração coordenada sindética pode ser:
TERMOS ACESSÓRIOS são os que desempenham na oração uma 1. ADITIVA:
função secundária, limitando o sentido dos substantivos ou exprimindo Expressa adição, sequência de pensamento. (e, nem = e não), mas,
alguma circunstância. também:
São termos acessórios da oração: Ele falava E EU FICAVA OUVINDO.
1. ADJUNTO ADNOMINAL Meus atiradores nem fumam NEM BEBEM.
Adjunto adnominal é o termo que caracteriza ou determina os A doença vem a cavalo E VOLTA A PÉ.
substantivos. Pode ser expresso:
• pelos adjetivos: água fresca, 2. ADVERSATIVA:
• pelos artigos: o mundo, as ruas Ligam orações, dando-lhes uma ideia de compensação ou de
• pelos pronomes adjetivos: nosso tio, muitas coisas contraste (mas, porém, contudo, todavia, entretanto, senão, no entanto,
• pelos numerais: três garotos; sexto ano etc).
• pelas locuções adjetivas: casa do rei; homem sem escrúpulos A espada vence MAS NÃO CONVENCE.
O tambor faz um grande barulho, MAS É VAZIO POR DENTRO.
2. ADJUNTO ADVERBIAL
Apressou-se, CONTUDO NÃO CHEGOU A TEMPO.
Adjunto adverbial é o termo que exprime uma circunstância (de
tempo, lugar, modo etc.), modificando o sentido de um verbo, adjetivo ou
3. ALTERNATIVAS:
advérbio.
Ligam palavras ou orações de sentido separado, uma excluindo a
Cheguei cedo.
outra (ou, ou...ou, já...já, ora...ora, quer...quer, etc).
José reside em São Paulo.
Mudou o natal OU MUDEI EU?
3. APOSTO “OU SE CALÇA A LUVA e não se põe o anel,
Aposto é uma palavra ou expressão que explica ou esclarece, OU SE PÕE O ANEL e não se calça a luva!”
desenvolve ou resume outro termo da oração. (C. Meireles)
Dr. João, cirurgião-dentista, 4. CONCLUSIVAS:
Rapaz impulsivo, Mário não se conteve. Ligam uma oração a outra que exprime conclusão (LOGO, POIS,
O rei perdoou aos dois: ao fidalgo e ao criado. PORTANTO, POR CONSEGUINTE, POR ISTO, ASSIM, DE MODO QUE,
etc).
4. VOCATIVO Ele está mal de notas; LOGO, SERÁ REPROVADO.
Vocativo é o termo (nome, título, apelido) usado para chamar ou Vives mentindo; LOGO, NÃO MERECES FÉ.
interpelar alguém ou alguma coisa.
Tem compaixão de nós, ó Cristo. 5. EXPLICATIVAS:
Professor, o sinal tocou. Ligam a uma oração, geralmente com o verbo no imperativo, outro
Rapazes, a prova é na próxima semana. que a explica, dando um motivo (pois, porque, portanto, que, etc.)
Alegra-te, POIS A QUI ESTOU. Não mintas, PORQUE É PIOR.
PERÍODO COMPOSTO - PERÍODO SIMPLES Anda depressa, QUE A PROVA É ÀS 8 HORAS.

No período simples há apenas uma oração, a qual se diz absoluta. ORAÇÃO INTERCALADA OU INTERFERENTE
Fui ao cinema. É aquela que vem entre os termos de uma outra oração.
O pássaro voou. O réu, DISSERAM OS JORNAIS, foi absolvido.
A oração intercalada ou interferente aparece com os verbos:
PERÍODO COMPOSTO CONTINUAR, DIZER, EXCLAMAR, FALAR etc.
No período composto há mais de uma oração.
(Não sabem) (que nos calores do verão a terra dorme) (e os homens ORAÇÃO PRINCIPAL
folgam.) Oração principal é a mais importante do período e não é introduzida
por um conectivo.
Período composto por coordenação ELES DISSERAM que voltarão logo.
Apresenta orações independentes. ELE AFIRMOU que não virá.
(Fui à cidade), (comprei alguns remédios) (e voltei cedo.) PEDI que tivessem calma. (= Pedi calma)

Período composto por subordinação ORAÇÃO SUBORDINADA


Apresenta orações dependentes. Oração subordinada é a oração dependente que normalmente é
(É bom) (que você estude.) introduzida por um conectivo subordinativo. Note que a oração principal
nem sempre é a primeira do período.
Período composto por coordenação e subordinação Quando ele voltar, eu saio de férias.
Apresenta tanto orações dependentes como independentes. Este Oração principal: EU SAIO DE FÉRIAS
período é também conhecido como misto. Oração subordinada: QUANDO ELE VOLTAR
(Ele disse) (que viria logo,) (mas não pôde.)
ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA
ORAÇÃO COORDENADA Oração subordinada substantiva é aquela que tem o valor e a função
Oração coordenada é aquela que é independente. de um substantivo.
Por terem as funções do substantivo, as orações subordinadas
As orações coordenadas podem ser: substantivas classificam-se em:
- Sindética: 1) SUBJETIVA (sujeito)
Aquela que é independente e é introduzida por uma conjunção Convém que você estude mais.
coordenativa. Importa que saibas isso bem. .
Viajo amanhã, mas volto logo. É necessário que você colabore. (SUA COLABORAÇÃO) é
necessária.
- Assindética:
Aquela que é independente e aparece separada por uma vírgula ou 2) OBJETIVA DIRETA (objeto direto)
ponto e vírgula. Desejo QUE VENHAM TODOS.
Chegou, olhou, partiu. Pergunto QUEM ESTÁ AI.

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APOSTILAS OPÇÃO
3) OBJETIVA INDIRETA (objeto indireto) 6) CONSECUTIVAS: exprimem uma consequência, um resultado:
Aconselho-o A QUE TRABALHE MAIS. A fumaça era tanta QUE EU MAL PODIA ABRIR OS OLHOS.
Tudo dependerá DE QUE SEJAS CONSTANTE. Bebia QUE ERA UMA LÁSTIMA!
Daremos o prêmio A QUEM O MERECER. Tenho medo disso QUE ME PÉLO!

4) COMPLETIVA NOMINAL 7) FINAIS: exprimem finalidade, objeto:


Complemento nominal. Fiz-lhe sinal QUE SE CALASSE.
Ser grato A QUEM TE ENSINA. Aproximei-me A FIM DE QUE ME OUVISSE MELHOR.
Sou favorável A QUE O PRENDAM.
8) PROPORCIONAIS: denotam proporcionalidade:
5) PREDICATIVA (predicativo) À MEDIDA QUE SE VIVE, mais se aprende.
Seu receio era QUE CHOVESSE. = Seu receio era (A CHUVA) QUANTO MAIOR FOR A ALTURA, maior será o tombo.
Minha esperança era QUE ELE DESISTISSE.
Não sou QUEM VOCÊ PENSA. 9) TEMPORAIS: indicam o tempo em que se realiza o fato expresso
na oração principal:
6) APOSITIVAS (servem de aposto) ENQUANTO FOI RICO todos o procuravam.
Só desejo uma coisa: QUE VIVAM FELIZES = (A SUA FELICIDADE) QUANDO OS TIRANOS CAEM, os povos se levantam.
Só lhe peço isto: HONRE O NOSSO NOME.
10) MODAIS: exprimem modo, maneira:
7) AGENTE DA PASSIVA Entrou na sala SEM QUE NOS CUMPRIMENTASSE.
O quadro foi comprado POR QUEM O FEZ = (PELO SEU AUTOR) Aqui viverás em paz, SEM QUE NINGUÉM TE INCOMODE.
A obra foi apreciada POR QUANTOS A VIRAM. ORAÇÕES REDUZIDAS
Oração reduzida é aquela que tem o verbo numa das formas
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS nominais: gerúndio, infinitivo e particípio.
Oração subordinada adjetiva é aquela que tem o valor e a função de Exemplos:
um adjetivo. • Penso ESTAR PREPARADO = Penso QUE ESTOU PREPARADO.
• Dizem TER ESTADO LÁ = Dizem QUE ESTIVERAM LÁ.
Há dois tipos de orações subordinadas adjetivas: • FAZENDO ASSIM, conseguirás = SE FIZERES ASSIM, conseguirás.
1) EXPLICATIVAS: • É bom FICARMOS ATENTOS. = É bom QUE FIQUEMOS ATENTOS.
Explicam ou esclarecem, à maneira de aposto, o termo antecedente, • AO SABER DISSO, entristeceu-se = QUANDO SOUBE DISSO,
atribuindo-lhe uma qualidade que lhe é inerente ou acrescentando-lhe entristeceu-se.
uma informação. • É interesse ESTUDARES MAIS = É interessante QUE ESTUDES MAIS.
Deus, QUE É NOSSO PAI, nos salvará. • SAINDO DAQUI, procure-me. = QUANDO SAIR DAQUI, procure-me.
Ele, QUE NASCEU RICO, acabou na miséria.

2) RESTRITIVAS:
Restringem ou limitam a significação do termo antecedente, sendo
indispensáveis ao sentido da frase: Aspectos gramaticais: concordância e
Pedra QUE ROLA não cria limo. regência verbal e nominal;
As pessoas A QUE A GENTE SE DIRIGE sorriem.
Ele, QUE SEMPRE NOS INCENTIVOU, não está mais aqui.
Concordância é o processo sintático no qual uma palavra determinan-
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS te se adapta a uma palavra determinada, por meio de suas flexões.
Oração subordinada adverbial é aquela que tem o valor e a função de Principais Casos de Concordância Nominal
um advérbio. 1) O artigo, o adjetivo, o pronome relativo e o numeral concordam em
gênero e número com o substantivo.
As orações subordinadas adverbiais classificam-se em: As primeiras alunas da classe foram passear no zoológico.
1) CAUSAIS: exprimem causa, motivo, razão: 2) O adjetivo ligado a substantivos do mesmo gênero e número vão
Desprezam-me, POR ISSO QUE SOU POBRE. normalmente para o plural.
O tambor soa PORQUE É OCO. Pai e filho estudiosos ganharam o prêmio.
3) O adjetivo ligado a substantivos de gêneros e número diferentes vai
2) COMPARATIVAS: representam o segundo termo de uma para o masculino plural.
comparação. Alunos e alunas estudiosos ganharam vários prêmios.
O som é menos veloz QUE A LUZ. 4) O adjetivo posposto concorda em gênero com o substantivo mais
Parou perplexo COMO SE ESPERASSE UM GUIA. próximo:
Trouxe livros e revista especializada.
3) CONCESSIVAS: exprimem um fato que se concede, que se
5) O adjetivo anteposto pode concordar com o substantivo mais próximo.
admite:
POR MAIS QUE GRITASSE, não me ouviram. Dedico esta música à querida tia e sobrinhos.
Os louvores, PEQUENOS QUE SEJAM, são ouvidos com agrado. 6) O adjetivo que funciona como predicativo do sujeito concorda com o
CHOVESSE OU FIZESSE SOL, o Major não faltava. sujeito.
Meus amigos estão atrapalhados.
4) CONDICIONAIS: exprimem condição, hipótese: 7) O pronome de tratamento que funciona como sujeito pede o predi-
SE O CONHECESSES, não o condenarias. cativo no gênero da pessoa a quem se refere.
Que diria o pai SE SOUBESSE DISSO? Sua excelência, o Governador, foi compreensivo.
8) Os substantivos acompanhados de numerais precedidos de artigo
5) CONFORMATIVAS: exprimem acordo ou conformidade de um fato vão para o singular ou para o plural.
com outro: Já estudei o primeiro e o segundo livro (livros).
Fiz tudo COMO ME DISSERAM. 9) Os substantivos acompanhados de numerais em que o primeiro vier
Vim hoje, CONFORME LHE PROMETI. precedido de artigo e o segundo não vão para o plural.
Já estudei o primeiro e segundo livros.

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APOSTILAS OPÇÃO
10) O substantivo anteposto aos numerais vai para o plural. 8) A expressão UM DOS QUE pede o verbo no singular ou no plural.
Já li os capítulos primeiro e segundo do novo livro. Ele é um dos autores que viajou (viajaram) para o Sul.
11) As palavras: MESMO, PRÓPRIO e SÓ concordam com o nome a 9) A expressão MAIS DE UM pede o verbo no singular.
que se referem. Mais de um jurado fez justiça à minha música.
Ela mesma veio até aqui. 10) As palavras: TUDO, NADA, ALGUÉM, ALGO, NINGUÉM, quando
Eles chegaram sós. empregadas como sujeito e derem ideia de síntese, pedem o verbo
Eles próprios escreveram. no singular.
12) A palavra OBRIGADO concorda com o nome a que se refere. As casas, as fábricas, as ruas, tudo parecia poluição.
Muito obrigado. (masculino singular) 11) Os verbos DAR, BATER e SOAR, indicando hora, acompanham o
Muito obrigada. (feminino singular). sujeito.
13) A palavra MEIO concorda com o substantivo quando é adjetivo e Deu uma hora.
fica invariável quando é advérbio. Deram três horas.
Quero meio quilo de café. Bateram cinco horas.
Minha mãe está meio exausta. Naquele relógio já soaram duas horas.
É meio-dia e meia. (hora) 12) A partícula expletiva ou de realce É QUE é invariável e o verbo da
14) As palavras ANEXO, INCLUSO e JUNTO concordam com o subs- frase em que é empregada concorda normalmente com o sujeito.
tantivo a que se referem. Ela é que faz as bolas.
Trouxe anexas as fotografias que você me pediu. Eu é que escrevo os programas.
A expressão em anexo é invariável. 13) O verbo concorda com o pronome antecedente quando o sujeito é
Trouxe em anexo estas fotos. um pronome relativo.
15) Os adjetivos ALTO, BARATO, CONFUSO, FALSO, etc, que substi- Ele, que chegou atrasado, fez a melhor prova.
tuem advérbios em MENTE, permanecem invariáveis. Fui eu que fiz a lição
Vocês falaram alto demais. Quando a LIÇÃO é pronome relativo, há várias construções possíveis.
O combustível custava barato.
• que: Fui eu que fiz a lição.
Você leu confuso.
• quem: Fui eu quem fez a lição.
Ela jura falso.
• o que: Fui eu o que fez a lição.
16) CARO, BASTANTE, LONGE, se advérbios, não variam, se adjeti-
14) Verbos impessoais - como não possuem sujeito, deixam o verbo na
vos, sofrem variação normalmente.
terceira pessoa do singular. Acompanhados de auxiliar, transmitem
Esses pneus custam caro.
a este sua impessoalidade.
Conversei bastante com eles.
Chove a cântaros. Ventou muito ontem.
Conversei com bastantes pessoas.
Deve haver muitas pessoas na fila. Pode haver brigas e discussões.
Estas crianças moram longe.
Conheci longes terras. CONCORDÂNCIA DOS VERBOS SER E PARECER
1) Nos predicados nominais, com o sujeito representado por um dos
CONCORDÂNCIA VERBAL pronomes TUDO, NADA, ISTO, ISSO, AQUILO, os verbos SER e
CASOS GERAIS PARECER concordam com o predicativo.
1) O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa. Tudo são esperanças.
O menino chegou. Os meninos chegaram. Aquilo parecem ilusões.
2) Sujeito representado por nome coletivo deixa o verbo no singular. Aquilo é ilusão.
O pessoal ainda não chegou. 2) Nas orações iniciadas por pronomes interrogativos, o verbo SER
concorda sempre com o nome ou pronome que vier depois.
A turma não gostou disso.
Que são florestas equatoriais?
Um bando de pássaros pousou na árvore. Quem eram aqueles homens?
3) Se o núcleo do sujeito é um nome terminado em S, o verbo só irá 3) Nas indicações de horas, datas, distâncias, a concordância se fará
ao plural se tal núcleo vier acompanhado de artigo no plural. com a expressão numérica.
Os Estados Unidos são um grande país. São oito horas.
Os Lusíadas imortalizaram Camões. Hoje são 19 de setembro.
Os Alpes vivem cobertos de neve. De Botafogo ao Leblon são oito quilômetros.
Em qualquer outra circunstância, o verbo ficará no singular. 4) Com o predicado nominal indicando suficiência ou falta, o verbo SER
Flores já não leva acento. fica no singular.
O Amazonas deságua no Atlântico. Três batalhões é muito pouco.
Trinta milhões de dólares é muito dinheiro.
Campos foi a primeira cidade na América do Sul a ter luz elétrica.
5) Quando o sujeito é pessoa, o verbo SER fica no singular.
4) Coletivos primitivos (indicam uma parte do todo) seguidos de nome Maria era as flores da casa.
no plural deixam o verbo no singular ou levam-no ao plural, indife- O homem é cinzas.
rentemente. 6) Quando o sujeito é constituído de verbos no infinitivo, o verbo SER
A maioria das crianças recebeu, (ou receberam) prêmios. concorda com o predicativo.
A maior parte dos brasileiros votou (ou votaram). Dançar e cantar é a sua atividade.
5) O verbo transitivo direto ao lado do pronome SE concorda com o Estudar e trabalhar são as minhas atividades.
sujeito paciente. 7) Quando o sujeito ou o predicativo for pronome pessoal, o verbo SER
Vende-se um apartamento. concorda com o pronome.
Vendem-se alguns apartamentos. A ciência, mestres, sois vós.
6) O pronome SE como símbolo de indeterminação do sujeito leva o Em minha turma, o líder sou eu.
verbo para a 3ª pessoa do singular. 8) Quando o verbo PARECER estiver seguido de outro verbo no infiniti-
Precisa-se de funcionários. vo, apenas um deles deve ser flexionado.
Os meninos parecem gostar dos brinquedos.
7) A expressão UM E OUTRO pede o substantivo que a acompanha
Os meninos parece gostarem dos brinquedos.
no singular e o verbo no singular ou no plural.
Um e outro texto me satisfaz. (ou satisfazem)
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APOSTILAS OPÇÃO
Regência verbal e nominal Lembrei o recado, assim que o vi.
Regência é o processo sintático no qual um termo depende gramati- • quando forem pronominais, constrói-se com objeto indireto:
calmente do outro. Esqueceram-se da reunião de hoje.
A regência nominal trata dos complementos dos nomes (substantivos Lembrei-me da sua fisionomia.
e adjetivos). 15. Verbos que exigem objeto direto para coisa e indireto para pessoa.
Exemplos:
• perdoar - Perdoei as ofensas aos inimigos.
- acesso: A = aproximação - AMOR: A, DE, PARA, PARA COM
EM = promoção - aversão: A, EM, PARA, POR • pagar - Pago o 13° aos professores.
PARA = passagem • dar - Daremos esmolas ao pobre.
A regência verbal trata dos complementos do verbo. • emprestar - Emprestei dinheiro ao colega.
• ensinar - Ensino a tabuada aos alunos.
ALGUNS VERBOS E SUA REGÊNCIA CORRETA • agradecer - Agradeço as graças a Deus.
1. ASPIRAR - atrair para os pulmões (transitivo direto) • pedir - Pedi um favor ao colega.
• pretender (transitivo indireto) 16. IMPLICAR - no sentido de acarretar, resultar, exige objeto direto:
No sítio, aspiro o ar puro da montanha. O amor implica renúncia.
Nossa equipe aspira ao troféu de campeã. • no sentido de antipatizar, ter má vontade, constrói-se com a preposi-
2. OBEDECER - transitivo indireto ção COM: O professor implicava com os alunos
Devemos obedecer aos sinais de trânsito. • no sentido de envolver-se, comprometer-se, constrói-se com a prepo-
3. PAGAR - transitivo direto e indireto sição EM:
Já paguei um jantar a você. Implicou-se na briga e saiu ferido
4. PERDOAR - transitivo direto e indireto.
17. IR - quando indica tempo definido, determinado, requer a preposição
Já perdoei aos meus inimigos as ofensas. A:
5. PREFERIR - (= gostar mais de) transitivo direto e indireto
Ele foi a São Paulo para resolver negócios.
Prefiro Comunicação à Matemática.
quando indica tempo indefinido, indeterminado, requer PARA:
6. INFORMAR - transitivo direto e indireto.
Depois de aposentado, irá definitivamente para o Mato Grosso.
Informei-lhe o problema.
7. ASSISTIR - morar, residir: 18. CUSTAR - Empregado com o sentido de ser difícil, não tem pessoa
como sujeito:
Assisto em Porto Alegre.
• amparar, socorrer, objeto direto O sujeito será sempre "a coisa difícil", e ele só poderá aparecer na 3ª
pessoa do singular, acompanhada do pronome oblíquo. Quem sente
O médico assistiu o doente.
dificuldade, será objeto indireto.
• PRESENCIAR, ESTAR PRESENTE - objeto direto
Custou-me confiar nele novamente.
Assistimos a um belo espetáculo.
Custar-te-á aceitá-la como nora.
• SER-LHE PERMITIDO - objeto indireto
Assiste-lhe o direito.
8. ATENDER - dar atenção Pontuação
Atendi ao pedido do aluno. Pontuação é o conjunto de sinais gráficos que indica na escrita
• CONSIDERAR, ACOLHER COM ATENÇÃO - objeto direto as pausas da linguagem oral.
Atenderam o freguês com simpatia.
9. QUERER - desejar, querer, possuir - objeto direto PONTO
A moça queria um vestido novo. O ponto é empregado em geral para indicar o final de uma frase de-
• GOSTAR DE, ESTIMAR, PREZAR - objeto indireto clarativa. Ao término de um texto, o ponto é conhecido como final. Nos
casos comuns ele é chamado de simples.
O professor queria muito a seus alunos.
Também é usado nas abreviaturas: Sr. (Senhor), d.C. (depois de Cris-
10. VISAR - almejar, desejar - objeto indireto to), a.C. (antes de Cristo), E.V. (Érico Veríssimo).
Todos visamos a um futuro melhor.
• APONTAR, MIRAR - objeto direto PONTO DE INTERROGAÇÃO
O artilheiro visou a meta quando fez o gol. É usado para indicar pergunta direta.
• pör o sinal de visto - objeto direto Onde está seu irmão?
O gerente visou todos os cheques que entraram naquele dia. Às vezes, pode combinar-se com o ponto de exclamação.
A mim ?! Que ideia!
11. OBEDECER e DESOBEDECER - constrói-se com objeto indireto
Devemos obedecer aos superiores. PONTO DE EXCLAMAÇÃO
Desobedeceram às leis do trânsito. É usado depois das interjeições, locuções ou frases exclamativas.
12. MORAR, RESIDIR, SITUAR-SE, ESTABELECER-SE Céus! Que injustiça! Oh! Meus amores! Que bela vitória!
• exigem na sua regência a preposição EM Ó jovens! Lutemos!
O armazém está situado na Farrapos.
Ele estabeleceu-se na Avenida São João. VÍRGULA
13. PROCEDER - no sentido de "ter fundamento" é intransitivo. A vírgula deve ser empregada toda vez que houver uma pequena
pausa na fala. Emprega-se a vírgula:
Essas tuas justificativas não procedem.
• Nas datas e nos endereços:
• no sentido de originar-se, descender, derivar, proceder, constrói-se São Paulo, 17 de setembro de 1989.
com a preposição DE. Largo do Paissandu, 128.
Algumas palavras da Língua Portuguesa procedem do tupi-guarani • No vocativo e no aposto:
• no sentido de dar início, realizar, é construído com a preposição A. Meninos, prestem atenção!
O secretário procedeu à leitura da carta. Termópilas, o meu amigo, é escritor.
14. ESQUECER E LEMBRAR • Nos termos independentes entre si:
• quando não forem pronominais, constrói-se com objeto direto: O cinema, o teatro, a praia e a música são as suas diversões.
• Com certas expressões explicativas como: isto é, por exemplo. Neste
Esqueci o nome desta aluna.
caso é usado o duplo emprego da vírgula:

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APOSTILAS OPÇÃO
Ontem teve início a maior festa da minha cidade, isto é, a festa da pa- • Para indicar palavras ou expressões alheias ao idioma em que se
droeira. expressa o autor: estrangeirismo, gírias, arcaísmo, formas populares:
• Após alguns adjuntos adverbiais: Há quem goste de “jazz-band”.
No dia seguinte, viajamos para o litoral. Não achei nada "legal" aquela aula de inglês.
• Com certas conjunções. Neste caso também é usado o duplo empre- • Para enfatizar palavras ou expressões:
go da vírgula: Apesar de todo esforço, achei-a “irreconhecível" naquela noite.
Isso, entretanto, não foi suficiente para agradar o diretor. • Títulos de obras literárias ou artísticas, jornais, revistas, etc.
• Após a primeira parte de um provérbio. "Fogo Morto" é uma obra-prima do regionalismo brasileiro.
O que os olhos não vêem, o coração não sente. • Em casos de ironia:
• Em alguns casos de termos oclusos: A "inteligência" dela me sensibiliza profundamente.
Eu gostava de maçã, de pêra e de abacate. Veja como ele é “educado" - cuspiu no chão.

RETICÊNCIAS PARÊNTESES
• São usadas para indicar suspensão ou interrupção do pensamento. Empregamos os parênteses:
Não me disseste que era teu pai que ... • Nas indicações bibliográficas.
• Para realçar uma palavra ou expressão. "Sede assim qualquer coisa.
Hoje em dia, mulher casa com "pão" e passa fome... serena, isenta, fiel".
• Para indicar ironia, malícia ou qualquer outro sentimento. (Meireles, Cecília, "Flor de Poemas").
Aqui jaz minha mulher. Agora ela repousa, e eu também...
• Nas indicações cênicas dos textos teatrais:
PONTO E VÍRGULA "Mãos ao alto! (João automaticamente levanta as mãos, com os olhos
• Separar orações coordenadas de certa extensão ou que mantém fora das órbitas. Amália se volta)".
alguma simetria entre si. (G. Figueiredo)
"Depois, lracema quebrou a flecha homicida; deu a haste ao desco-
nhecido, guardando consigo a ponta farpada. " • Quando se intercala num texto uma ideia ou indicação acessória:
"E a jovem (ela tem dezenove anos) poderia mordê-lo, morrendo de
• Para separar orações coordenadas já marcadas por vírgula ou no seu fome."
interior. (C. Lispector)
Eu, apressadamente, queria chamar Socorro; o motorista, porém,
mais calmo, resolveu o problema sozinho. • Para isolar orações intercaladas:
"Estou certo que eu (se lhe ponho
DOIS PONTOS Minha mão na testa alçada)
• Enunciar a fala dos personagens: Sou eu para ela."
Ele retrucou: Não vês por onde pisas? (M. Bandeira)

• Para indicar uma citação alheia: COLCHETES [ ]


Ouvia-se, no meio da confusão, a voz da central de informações de Os colchetes são muito empregados na linguagem científica.
passageiros do voo das nove: “queiram dirigir-se ao portão de embar-
que". ASTERISCO
O asterisco é muito empregado para chamar a atenção do leitor para
• Para explicar ou desenvolver melhor uma palavra ou expressão alguma nota (observação).
anterior:
Desastre em Roma: dois trens colidiram frontalmente. BARRA
A barra é muito empregada nas abreviações das datas e em algumas
• Enumeração após os apostos: abreviaturas.
Como três tipos de alimento: vegetais, carnes e amido.
Semântica
TRAVESSÃO
Marca, nos diálogos, a mudança de interlocutor, ou serve para isolar Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
palavras ou frases
– "Quais são os símbolos da pátria?
– Que pátria?
– Da nossa pátria, ora bolas!" (P. M Campos).
– "Mesmo com o tempo revoltoso - chovia, parava, chovia, parava outra
vez.
– a claridade devia ser suficiente p'ra mulher ter avistado mais alguma
coisa". (M. Palmério).
• Usa-se para separar orações do tipo:
– Avante!- Gritou o general.
– A lua foi alcançada, afinal - cantava o poeta.

Usa-se também para ligar palavras ou grupo de palavras que formam


uma cadeia de frase: Semântica (do grego σηµαντικός, sēmantiká, plural neutro de
• A estrada de ferro Santos – Jundiaí. sēmantikós, derivado de sema, sinal), é o estudo do significado. Incide
• A ponte Rio – Niterói. sobre a relação entre significantes, tais como palavras, frases, sinais e
• A linha aérea São Paulo – Porto Alegre. símbolos, e o que eles representam, a sua denotação.
ASPAS A semântica linguística estuda o significado usado por seres humanos
São usadas para: para se expressar através da linguagem. Outras formas de semântica
• Indicar citações textuais de outra autoria. incluem a semântica nas linguagens de programação, lógica formal, e
"A bomba não tem endereço certo." (G. Meireles) semiótica.

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APOSTILAS OPÇÃO
A semântica contrapõe-se com frequência à sintaxe, caso em que a Eufemismo
primeira se ocupa do que algo significa, enquanto a segunda se debruça Alguns sinônimos são também utilizados para minimizar o impacto,
sobre as estruturas ou padrões formais do modo como esse algo normalmente negativo, de algumas palavras (figura de linguagem
é expresso(por exemplo, escritos ou falados). Dependendo da concepção conhecida como eufemismo).
de significado que se tenha, têm-se diferentes semânticas. A semântica Exemplos:
formal, a semântica da enunciação ou argumentativa e a semântica • gordo - obeso
cognitiva, fenômeno, mas com conceitos e enfoques diferentes. • morrer - falecer
Na língua portuguesa, o significado das palavras leva em
consideração: Sinônimos Perfeitos e Imperfeitos
Os sinônimos podem ser perfeitos ou imperfeitos.
Sinonímia: É a relação que se estabelece entre duas palavras ou
Sinônimos Perfeitos
mais que apresentam significados iguais ou semelhantes, ou seja, os
Se o significado é idêntico.
sinônimos: Exemplos: Cômico - engraçado / Débil - fraco, frágil / Distante -
Exemplos:
afastado, remoto.
• avaro – avarento,
Antonímia: É a relação que se estabelece entre duas palavras ou
• léxico – vocabulário,
mais que apresentam significados diferentes, contrários, isto é, os
antônimos: Exemplos: Economizar - gastar / Bem - mal / Bom - ruim. • falecer – morrer,
• escarradeira – cuspideira,
Homonímia: É a relação entre duas ou mais palavras que, apesar de
possuírem significados diferentes, possuem a mesma estrutura fonológica, • língua – idioma
ou seja, os homônimos: • catorze - quatorze

As homônimas podem ser: Sinônimos Imperfeitos


 Homógrafas: palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia. Se os signIficados são próximos, porém não idênticos.
Exemplos: gosto (substantivo) - gosto / (1ª pessoa singular presente Exemplos: córrego – riacho, belo – formoso
indicativo do verbo gostar) / conserto (substantivo) - conserto (1ª pessoa
singular presente indicativo do verbo consertar); Antônimo
Antônimo é o nome que se dá à palavra que tenha significado
 Homófonas: palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita. contrário (também oposto ou inverso) à outra.
Exemplos: cela (substantivo) - sela (verbo) / cessão (substantivo) - sessão
(substantivo) / cerrar (verbo) - serrar ( verbo); O emprego de antônimos na construção de frases pode ser um recurso
 Perfeitas: palavras iguais na pronúncia e na escrita. Exemplos: estilístico que confere ao trecho empregado uma forma mais erudita ou
cura (verbo) - cura (substantivo) / verão (verbo) - verão (substantivo) / que chame atenção do leitor ou do ouvinte.
cedo (verbo) - cedo (advérbio); Palavra Antônimo
 Paronímia: É a relação que se estabelece entre duas ou mais aberto fechado
palavras que possuem significados diferentes, mas são muito parecidas alto baixo
na pronúncia e na escrita, isto é, os parônimos: Exemplos: cavaleiro - bem mal
cavalheiro / absolver - absorver / comprimento - cumprimento/ aura bom mau
(atmosfera) - áurea (dourada)/ conjectura (suposição) - conjuntura bonito feio
(situação decorrente dos acontecimentos)/ descriminar (desculpabilizar) -
discriminar (diferenciar)/ desfolhar (tirar ou perder as folhas) - folhear demais de menos
(passar as folhas de uma publicação)/ despercebido (não notado) - doce salgado
desapercebido (desacautelado)/ geminada (duplicada) - germinada (que forte fraco
germinou)/ mugir (soltar mugidos) - mungir (ordenhar)/ percursor (que gordo magro
percorre) - precursor (que antecipa os outros)/ sobrescrever (endereçar) - salgado insosso
subscrever (aprovar, assinar)/ veicular (transmitir) - vincular (ligar) /
descrição - discrição / onicolor - unicolor. amor ódio
seco molhado
 Polissemia: É a propriedade que uma mesma palavra tem de
apresentar vários significados. Exemplos: Ele ocupa um alto grosso fino
posto na empresa. / Abasteci meu carro no posto da esquina. / Os duro mole
convites eram de graça. / Os fiéis agradecem a graça recebida. doce amargo
 Homonímia: Identidade fonética entre formas de significados e grande pequeno
origem completamente distintos. Exemplos: São(Presente do soberba humildade
verbo ser) - São (santo) louvar censurar
bendizer maldizer
Conotação e Denotação:
ativo inativo
 Conotação é o uso da palavra com um significado diferente do simpático antipático
original, criado pelo contexto. Exemplos: Você tem um coração de progredir regredir
pedra. rápido lento
 Denotação é o uso da palavra com o seu sentido original. sair entrar
Exemplos: Pedra é um corpo duro e sólido, da natureza das
sozinho acompanhado
rochas.
concórdia discórdia
Sinônimo
pesado leve
Sinônimo é o nome que se dá à palavra que tenha significado idêntico
ou muito semelhante à outra. Exemplos: carro e automóvel, cão e quente frio
cachorro. presente ausente
O conhecimento e o uso dos sinônimos é importante para que se escuro claro
evitem repetições desnecessárias na construção de textos, evitando que inveja admiração
se tornem enfadonhos.

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APOSTILAS OPÇÃO
Homógrafo lenimento. suavizante - linimento. medicamento para fricções
Homógrafos são palavras iguais ou parecidas na escrita e diferentes migrar. mudar de um local para outro - emigrar. deixar um país para
na pronúncia. morar em outro - imigrar. entrar num país vindo de outro
Exemplos peão. que anda a pé - pião. espécie de brinquedo
• rego (subst.) e rego (verbo); recrear. divertir - recriar. criar de novo
• colher (verbo) e colher (subst.); se. pronome átono, conjugação - si. espécie de brinquedo
• jogo (subst.) e jogo (verbo); vadear. passar o vau - vadiar. passar vida ociosa
• Sede: lugar e Sede: avidez; venoso. relativo a veias - vinoso. que produz vinho
• Seca: pôr a secar e Seca: falta de água. vez. ocasião, momento - vês. verbo ver na 2ª pessoa do singular

Homófono DENOTAÇAO E CONOTAÇAO


Palavras homófonas são palavras de pronúncias iguais. Existem dois A denotação é a propriedade que possui uma palavra de limitar-se a
tipos de palavras homófonas, que são: seu próprio conceito, de trazer apenas o seu significado primitivo, original.
• Homófonas heterográficas A conotação é a propriedade que possui uma palavra de ampliar-se
• Homófonas homográficas no seu campo semântico, dentro de um contexto, podendo causar várias
interpretações.
Homófonas heterográficas Observe os exemplos
Como o nome já diz, são palavras homófonas (iguais na pronúncia), Denotação
mas heterográficas (diferentes na escrita). As estrelas do céu. Vesti-me de verde. O fogo do isqueiro.
Exemplos
• cozer / coser; Conotação
• cozido / cosido; As estrelas do cinema.
• censo / senso O jardim vestiu-se de flores
• consertar / concertar O fogo da paixão
• conselho / concelho
• paço / passo
• noz / nós SENTIDO PRÓPRIO E SENTIDO FIGURADO
• hera / era As palavras podem ser empregadas no sentido próprio ou no sentido
• ouve / houve figurado:
• voz / vós Construí um muro de pedra - sentido próprio
• cem / sem Maria tem um coração de pedra – sentido figurado.
• acento / assento A água pingava lentamente – sentido próprio.
Homófonas homográficas
Como o nome já diz, são palavras homófonas (iguais na pronúncia), e
homográficas (iguais na escrita). Figuras de linguagem
Exemplos
Ele janta (verbo) / A janta está pronta (substantivo); No caso,
janta é inexistente na língua portuguesa por enquanto, já que
deriva do substantivo jantar, e está classificado como Consideradas pelos autores clássicos gregos e romanos como inte-
neologismo. grantes da arte da retórica, de grande importância literária, as figuras de
Eu passeio pela rua (verbo) / O passeio que fizemos foi linguagem contribuem também para a evolução da língua.
bonito (substantivo). Figuras de linguagem são maneiras de falar diferentes do cotidiano
comum, com o fim de chamar a atenção por meio de expressões mais
Parônimo vivas. Visa também dar relevo ao valor autônomo do signo linguístico, o
Parônimo é uma palavra que apresenta sentido diferente e forma que é característica própria da linguagem literária. As figuras podem ser
semelhante a outra, que provoca, com alguma frequência, confusão. de dicção (ou metaplasmos), quando dizem respeito à própria articulação
Essas palavras apresentam grafia e pronúncia parecida, mas com dos vocábulos; de palavra (ou tropos), quando envolvem a significação
significados diferentes. dos termos empregados; de pensamento, que ocorre todas as vezes que
O parônimos pode ser também palavras homófonas, ou seja, a se apresenta caprichosamente a linguagem espiritual; ou de construção,
pronúncia de palavras parônimas pode ser a mesma.Palavras parônimas quando é conseguida por meios sintáticos.
são aquelas que têm grafia e pronúncia parecida.
Exemplos Metaplasmos. Todas as figuras que acrescentam, suprimem, permu-
Veja alguns exemplos de palavras parônimas: tam ou transpõem fonemas nas palavras são metaplasmos. Assim, por
acender. verbo - ascender. subir exemplo, mui em vez de muito; enamorado, em vez de namorado; cuido-
acento. inflexão tônica - assento. dispositivo para sentar-se so, em vez de cuidadoso; desvario, em vez de desvairo.
cartola. chapéu alto - quartola. pequena pipa
comprimento. extensão - cumprimento. saudação Figuras de palavras. As principais figuras de palavras são a metáfora,
coro (cantores) - couro (pele de animal) a metonímia e o eufemismo. Recurso essencial na poesia, a metáfora é a
deferimento. concessão - diferimento. adiamento transferência de um termo para outro campo semântico, por uma compa-
delatar. denunciar - dilatar. retardar, estender ração subentendida (como por exemplo quando se chama uma pessoa
descrição. representação - discrição. reserva astuta de "águia"). A metonímia consiste em designar um objeto por meio
descriminar. inocentar - discriminar. distinguir de um termo designativo de outro objeto, que tem com o primeiro uma
despensa. compartimento - dispensa. desobriga dentre várias relações: (1) de causa e efeito (trabalho, por obra); (2) de
destratar. insultar - distratar. desfazer(contrato) continente e conteúdo (garrafa, por bebida); (3) lugar e produto (porto, por
emergir. vir à tona - imergir. mergulhar vinho do Porto); (4) matéria e objeto (cobre, por moeda de cobre); (5)
eminência. altura, excelência - iminência. proximidade de ocorrência concreto e abstrato (bandeira, por pátria); (6) autor e obra (um Portinari,
emitir. lançar fora de si - imitir. fazer entrar por um quadro pintado por Portinari); (7) a parte pelo todo (vela, por
enfestar. dobrar ao meio - infestar. assolar embarcação). O eufemismo é a expressão que suaviza o significado
enformar. meter em fôrma - informar. avisar inconveniente de outra, como chamar uma pessoa estúpida de "pouco
entender. compreender - intender. exercer vigilância inteligente", ou "descuidado", ao invés de "grosseiro".

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APOSTILAS OPÇÃO
Figuras de construção e de pensamento. Tanto as figuras de constru- se deslocam às vezes, deslizando para a frente (produção), como em júdice
ção quanto as de pensamento são às vezes englobadas como "figuras > juiz, ou antecipando-se (correpção), como em amassémus > amássemos.
literárias". As primeiras são: assindetismo (falta de conectivos), sindetismo A crase (ou fusão) é um caso particular de diminuição, característico aliás da
(abuso de conectivos), redundância (ou pleonasmo), reticência (ou inter- língua portuguesa, e consiste em se reduzirem duas ou três vogais consecu-
rupção), transposição (ou anástrofe, isto é, a subversão da ordem habitual tivas a uma só: avoo > avô, avoa > avó, aa > à, maior > mor, põer > pôr. A
dos termos). As principais figuras de pensamento são a comparação (ou crase é também normal em casos como "casa amarela" (káz ãmáréla).
imagem), a antítese (ou realce de pensamentos contraditórios), a grada- Os metaplasmos são, em literatura, principalmente na poesia, figuras de
ção, a hipérbole (ou exagero, como na frase: "Já lhe disse milhares de dicção. Os poetas apelam para as supressões, para as crases, para os
vezes"), a lítotes (ou diminuição, por humildade ou escárnio, como quando hiatos, como para recursos de valor estilístico. A um poeta é lícito dizer no
se diz que alguém "não é nada tolo", para indicar que é esperto). Brasil: "E o rosto of'rece a ósculos vendidos" (Gonçalves Dias). Quando
Figuras de sintaxe. Quando se busca maior expressividade, muitas Bilac versifica: "Brenha rude, o luar beija à noite uma ossada" dá ao encontro
vezes usam-se lacunas, superabundâncias e desvios nas estruturas da u-a um tratamento diferente daquele que lhe notamos adiante em: "Contra
frase. Nesse caso, a coesão gramatical dá lugar à coesão significativa. Os esse adarve bruto em vão rodavam "no ar". No ar reduzido a um ditongo
processos que ocorrem nessas particularidades de construção da frase constitui uma sinérese. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações
chamam-se figuras de sintaxe. As mais empregadas são a elipse, o ze- Ltda.
ugma, o anacoluto, o pleonasmo e o hipérbato.
FIGURAS DE ESTILO
Na elipse ocorre a omissão de termos, facilmente depreendidos do
METÁFORA = significa transposição. Consiste no uso de uma palavra
contexto geral ou da situação ("Sei que [tu] me compreendes."). Zeugma é
ou expressão em outro sentido que não o próprio, fundamentando-se na
uma forma de elipse que consiste em fazer participar de dois ou mais
íntima relação de semelhança entre coisas e fatos. A metáfora é sempre
enunciados um termo expresso em apenas um deles ("Eu vou de carro,
uma imagem, isto é, representação mental de uma realidade sensível. É
você [vai] de bicicleta."). O anacoluto consiste na quebra da estrutura
uma espécie de comparação latente ou abreviada. Por exemplo: Paulo é
regular da frase, interrompida por outra estrutura, geralmente depois de
um touro.
uma pausa ("Quem o feio ama, bonito lhe parece."). O pleonasmo é a
repetição do conteúdo significativo de um termo, para realçar a ideia ou COMPARAÇÃO = consiste em comparar dois termos, em que vêm
evitar ambiguidade ("Vi com estes olhos!"). Hipérbato é a inversão da expressos termos comparativos, constituindo-se em intermediário entre o
ordem normal das palavras na oração, ou das orações no período, com sentido próprio e o figurado. Por exemplo: Paulo é forte como um touro.
finalidade expressiva, como na abertura do Hino Nacional Brasileiro: METONÍMIA = significa mudança de nome. Consiste na troca de um
"Ouviram do Ipiranga as margens plácidas / de um povo heróico o brado nome por outro com o qual esteja em íntima relação por uma circunstân-
retumbante. ("As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumban- cia, de modo que um implique o outro. Há metonímia quando se emprega:
te de um povo heróico.") ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações • o efeito pela causa = Sócrates tomou a morte(= o veneno).
Ltda.
• a causa pelo efeito = Vivo do meu trabalho(= do produto de meu
trabalho).
Metaplasmo
As palavras, tanto no tempo quanto no espaço, estão sujeitas a alte- • o autor pela obra = Eu li Castro Alves(= a obra de Castro Alves).
rações fonéticas, que chegam por vezes a desfigurá-las. Só se admite que • o continente pelo conteúdo = Traga-me um copo d’água(= a água
a palavra "cheio" era, em sua origem latina, o vocábulo plenus, porque leis do copo).
fonéticas e documentos provam essa identidade. • a marca pelo produto = Comprei um gol(= carro).
Metaplasmo é a alteração fonética que ocorre na evolução dos fone- • o conteúdo pelo continente = As ondas fustigavam a areia(= a
mas, dos vocábulos e até das frases. Os metaplasmos que dizem respeito praia).
aos fonemas são vários. Na transformação do latim em português alguns • o instrumento pela pessoa = Ele é um bom garfo(= comilão).
foram frequentíssimos, como o abrandamento, a queda, a simplificação e
a vocalização. • o sinal pela coisa significada = A cruz dominará o Oriente(= Cris-
tianismo).
No caso do abrandamento, as consoantes fortes (proferidas sem voz)
tendem a ser proferidas com voz, quando intervocálicas (lupus > lobo, • o lugar pelo produto = Ele só fuma Havana(= cigarro da cidade de
defensa > defesa). Na queda, as consoantes brandas tendem a desaparer Havana).
na mesma posição (luna > lua, gelare > gear). Excetuam-se m, r, e por
vezes g (amare > amar, legere > ler, regere > reger). O b, excetuando-se SINÉDOQUE = consiste em alcançar ou restringir a significação pró-
também, muda-se em v (debere > dever). pria de uma palavra. É o emprego do mais pelo menos ou vice-versa, isto
Ocorre a simplificação quando as consoantes geminadas reduzem-se é, a troca de um nome pelo outro de modo que um contenha o outro.
a singelas (bucca > boca, caballus > cavalo). O atual digrama ss não • a parte pelo todo = No horizonte surgia uma vela(= um navio).
constitui exceção, porque pronunciado simplesmente como ç (passus > • o todo pela parte = O mundo é egoísta(= os homens).
passo). Quanto ao rr, para muitos conserva a geminação, na pronúncia • o singular pelo plural = O homem é mortal(= os homens).
trilada, como no castelhano (terra > terra); para outros os dois erres se • a espécie pelo gênero = Ganhei o pão com o suor do rosto(= ali-
simplificam num r uvular, muito próximo do r grasseyé francês. mento).
Consiste a vocalização na troca das consoantes finais de sílabas inte- • o indivíduo pela classe = Ele é um Atenas(= cidade culta).
riores em i, ou u: (acceptus > aceito, absente > ausente). Muitos brasilei- • a espécie pelo indivíduo = No entender do Apóstolo…(São Pau-
ros estendem isso ao l, como em "sol", que proferem "çóu", criando um lo).
ditongo que não existe em português. • a matéria pelo instrumento = Ela possui lindos bronzes(= objetos).
Os vocábulos revelam, em sua evolução, metaplasmos que se classi- • o abstrato pelo concreto = A audácia vencerá(= os audaciosos).
ficam como de aumento, de diminuição, e de troca. Como exemplos de
acréscimos anotam-se os fonemas que se agregam às antigas formas. Em
"estrela" há um e inicial, e mais um r, que não havia no originário stella. CATACRESE = é o desvio da significação de uma palavra por outra,
Observem-se essas evoluções: foresta > floresta, ante > antes. "Brata", ante a inexistência de vocábulo apropriado. Origina-se da semelhança
oriundo de blatta, diz-se atualmente "barata". Decréscimos são supres- formal entre dois objetos, dois seres. É uma metáfora estereotipada. Por
sões como as observadas na transformação de episcopus em "bispo". Ou exemplo: Dente de alho; pernas da mesa.
em amat > ama, polypus > polvo, enamorar > namorar. ELIPSE = é a omissão de um termo da frase facilmente subentendido.
Apontam-se trocas em certas transformações. Note-se a posição do r Por exemplo: "Na terra tanta guerra, tanto engano, tanta necessidade
em: pigritia > preguiça, crepare > quebrar, rabia > raiva. Os acentos também aborrecida, no mar tanta tormenta e tanto engano"(Camões). Os casos

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APOSTILAS OPÇÃO
mais comuns são de verbos (ser e haver), a conjunção integrante(que), a HIPÉRBATO = é uma inversão dos termos da frase, uma alteração na
preposição(de) das orações subordinadas substantivas indiretas e comple- ordem direta. Por exemplo: Já da morte o palor me cobre o rosto (Álvares
tivas nominais, sujeito oculto. de Azevedo).
ZEUGMA = é a omissão de um termo já expresso anteriormente na ANÁFORA = é a repetição de um termo no início das frases ou ver-
frase. Por exemplo: Nem ele entende a nós, nem nós a ele. sos. Por exemplo: Tem mais sombra no encontro que na espera. Tem
PLEONASMO = consiste na repetição de uma mesma ideia por meio mais samba a maldade que a ferida (Chico Buarque de Holanda).
de vocábulos ou expressões diferentes. Por exemplo: Resta-me a mim ALITERAÇÃO = é a repetição de sons consonantais iguais ou seme-
somente uma esperança. lhantes. Por exemplo: E as cantilenas de serenos sons amenos fogem
POLISSÍNDETO = é a repetição de uma conjunção. Por exemplo: E fluidas, fluindo à fina flor dos fenos (Eugênio de Castro).
rola, e rebola, como uma bola. ASSONÂNCIA = é a repetição de sons vocálicos iguais ou semelhan-
ANACOLUTO = consiste na interrupção do esquema sintático inicial tes. Por exemplo: Até amanhã, sou Ana da cama, da cana, fulana, sacana
da frase, que termina por outro esquema sintático. Por exemplo: Este, o (Chico Buarque de Holanda).
rei que têm não foi nascido príncipe(Camões). PARANOMÁSIA = é o encontro de duas palavras muito semelhantes
ONOMATOPEIA = consiste no uso de palavras que imitam o som ou quanto à forma. Por exemplo: Ser capaz, como um rio, (…) de lavar do
a voz natural dos seres. Graças a seu valor descritivo, é também excelen- límpido a mágoa da mancha (Thiago de Mello).
te subsídio da linguagem afetiva. Por exemplo: Os sinos bimbalhavam Fonte: http://www.micropic.com.br/noronha/grama_fig.htm
ruidosamente.
RETICÊNCIA = consiste na proposital suspensão do pensamento,
quando se julga o silêncio mais expressivo que as palavras. Por exemplo: 3. Produção de texto (Redação) 3.1. A
Nós dois … e, entre nós dois, implacável e forte. Prova de Redação exigirá que o candi-
dato produza um texto argumentativo
SILEPSE = concordância ideológica. A concordância não é feita com
o elemento gramatical expresso, mas sim com a ideia, com o sentido real. em prosa, segundo a norma padrão da
língua portuguesa escrita, com base em
A silepse pode ser: de gênero = Vossa Majestade mostrou-se genero- uma situação comunicativa determina-
so. (V.Majestade = feminino e generoso = masculino); de número = O da, em um dos seguintes gêneros: arti-
povo lhe pediram que ficasse. (o povo = singular e pediram = plural); de go de opinião ou carta argumentativa.
pessoa = Os brasileiros somos nós.(os brasileiros = 3ª pessoa e somos =
1ª pessoa).
MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
ANTÍTESE = consiste na exposição de uma ideia através de conceitos Apresentação
ou pensamentos opostos, quer fazendo confrontos, quer associando-os. Com a edição do Decreto no 100.000, em 11 de janeiro de 1991, o
Por exemplo: Buscas a vida, e eu a morte; procuras a luz, e eu as trevas. Presidente da República autorizou a criação de comissão para rever,
IRONIA = consiste no uso de uma expressão, pela qual dizemos o con- atualizar, uniformizar e simplificar as normas de redação de atos e comu-
trário do que pensamos com intenção sarcástica e entonação apropriada. nicações oficiais. Após nove meses de intensa atividade da Comissão
Por exemplo: A excelente D. Celeste era mestra na arte de judiar dos alu- presidida pelo hoje Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Ferreira
nos. Mendes, apresentou-se a primeira edição do MANUAL DE REDAÇÃO DA
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA.
EUFEMISMO = consiste no uso de uma expressão em sentido figura-
A obra dividia-se em duas partes: a primeira, elaborada pelo diploma-
do para suavizar, atenuar uma expressão rude ou desagradável. Por ta Nestor Forster Jr., tratava das comunicações oficiais, sistematizava
exemplo: Ficou rico por meios ilícitos (= roubou).
seus aspectos essenciais, padronizava a diagramação dos expedientes,
HIPÉRBOLE = consiste em exagerar a realidade, a fim de impressio- exibia modelos, simplificava os fechos que vinham sendo utilizados desde
nar o espírito de quem ouve. Por exemplo: Ele se afogava num dilúvio de 1937, suprimia arcaísmos e apresentava uma súmula gramatical aplicada
cartas. à redação oficial. A segunda parte, a cargo do Ministro Gilmar Mendes,
ocupava-se da elaboração e redação dos atos normativos no âmbito do
PROSOPOPEIA = consiste na personificação de coisas e evocação de
Executivo, da conceituação e exemplificação desses atos e do procedi-
deuses ou de mortos. Por exemplo: As estrelas disseram-me: aqui estamos.
mento legislativo.
ANTONOMÁSIA = substituição de um nome próprio por um nome A edição do Manual propiciou, ainda, a criação de um sistema de con-
comum, por uma apelido ou por um título que tornou a pessoa conhecida. trole sobre a edição de atos normativos do Poder Executivo que teve por
Por exemplo: O Mártir da Inconfidência (para Tiradentes). finalidade permitir a adequada reflexão sobre o ato proposto: a identifica-
ção clara e precisa do problema ou da situação que o motiva; os custos
PERÍFRASE = rodeio de palavras, circunlóquio: por exemplo: A mais
que poderia acarretar; seus efeitos práticos; a probabilidade de impugna-
antiga das profissões (a prostituição).
ção judicial; sua legalidade e constitucionalidade; e sua repercussão no
SINESTESIA = figura que se baseia na soma de sensações percebi- ordenamento jurídico.
das por diferentes órgãos dos sentidos. Por exemplo: A ondulação sonora Buscou-se, assim, evitar a edição de normas repetitivas, redundantes
e táctil entrava pelos meus ouvidos. ou desnecessárias; possibilitar total transparência ao processo de elabo-
ração de atos normativos; ensejar a verificação prévia da eficácia das
PARADOXO = expressão contraditória. Por exemplo: Ia divina, num
normas e considerar, no processo de elaboração de atos normativos, a
simples vestido roxo, que a vestia como se a despisse (Raul Pompéia).
experiência dos encarregados em executar o disposto na norma.
APÓSTROFE = é uma invocação, um chamado emotivo. Por exem- Decorridos mais de dez anos da primeira edição do Manual, fez-se
plo: Deuses impassíveis… Por que é que nos criastes? (Antero de Quen- necessário proceder à revisão e atualização do texto para a elaboração
tal). desta 2a Edição, a qual preserva integralmente as linhas mestras do
GRADAÇÃO = é a disposição das ideias numa ordem gradativa. Por trabalho originalmente desenvolvido. Na primeira parte, as alterações
exemplo: Homens simples, fortes, bravos… hoje míseros escravos sem ar, principais deram-se em torno da adequação das formas de comunicação
sem luz, sem razão… (Castro Alves). usadas na administração aos avanços da informática. Na segunda parte,
as alterações decorreram da necessidade de adaptação do texto à evolu-
ASSÍNDETO = é a ausência de conectivos numa sequência de frases. ção legislativa na matéria, em especial à Lei Complementar no 95, de 26
Por exemplo: Destrançou os cabelos, soltou-os, trançou-os de novo (Pe- de fevereiro de 1998, ao Decreto no 4.176, de 28 de março de 2002, e às
dro Rabelo). alterações constitucionais ocorridas no período.

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APOSTILAS OPÇÃO
Espera-se que esta nova edição do Manual contribua, tal como a pri- remontam ao período de nossa história imperial, como, por exemplo, a
meira, para a consolidação de uma cultura administrativa de profissionali- obrigatoriedade – estabelecida por decreto imperial de 10 de dezembro de
zação dos servidores públicos e de respeito aos princípios constitucionais 1822 – de que se aponha, ao final desses atos, o número de anos trans-
da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, com a corridos desde a Independência. Essa prática foi mantida no período
consequente melhoria dos serviços prestados à sociedade. republicano.
PEDRO PARENTE Esses mesmos princípios (impessoalidade, clareza, uniformidade,
Chefe da Casa Civil da Presidência da República concisão e uso de linguagem formal) aplicam-se às comunicações oficiais:
elas devem sempre permitir uma única interpretação e ser estritamente
Sinais e Abreviaturas Empregados impessoais e uniformes, o que exige o uso de certo nível de linguagem.
* = indica forma (em geral sintática) inaceitável ou agramatical.
§ = parágrafo Nesse quadro, fica claro também que as comunicações oficiais são
adj. adv. = adjunto adverbial necessariamente uniformes, pois há sempre um único comunicador (o
arc. = arcaico Serviço Público) e o receptor dessas comunicações ou é o próprio Serviço
art. = artigo Público (no caso de expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o
cf. = confronte conjunto dos cidadãos ou instituições tratados de forma homogênea (o
CN = Congresso Nacional público).
Cp. = compare
f.v. = forma verbal Outros procedimentos rotineiros na redação de comunicações oficiais
fem.= feminino foram incorporados ao longo do tempo, como as formas de tratamento e
ind. = indicativo de cortesia, certos clichês de redação, a estrutura dos expedientes, etc.
i. é. = isto é Mencione-se, por exemplo, a fixação dos fechos para comunicações
masc. = masculino oficiais, regulados pela Portaria no 1 do Ministro de Estado da Justiça, de 8
obj. dir. = objeto direto de julho de 1937, que, após mais de meio século de vigência, foi revogado
obj. ind. = objeto indireto pelo Decreto que aprovou a primeira edição deste Manual.
p. = páginap. us. = pouco usado
pess. = pessoa Acrescente-se, por fim, que a identificação que se buscou fazer das
pl. = plural características específicas da forma oficial de redigir não deve ensejar o
pref. = prefixo entendimento de que se proponha a criação – ou se aceite a existência –
pres. = presente de uma forma específica de linguagem administrativa, o que coloquialmen-
Res. = Resolução do Congresso Nacional te e pejorativamente se chama burocratês. Este é antes uma distorção do
RI da CD = Regimento Interno da Câmara dos Deputados que deve ser a redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões
RI do SF = Regimento Interno do Senado Federal e clichês do jargão burocrático e de formas arcaicas de construção de
s. = substantivo frases.
s.f. = substantivo feminino
s.m. = substantivo masculino A redação oficial não é, portanto, necessariamente árida e infensa à
sing. = singular evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar com impes-
tb. = também soalidade e máxima clareza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz
v. = ver ou verbo da língua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto jornalístico,
v. g; = verbi gratia da correspondência particular, etc.
var. pop. = variante popular Apresentadas essas características fundamentais da redação oficial,
passemos à análise pormenorizada de cada uma delas.
PARTE I
AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS 1.1. A Impessoalidade
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela escrita.
CAPÍTULO I Para que haja comunicação, são necessários: a) alguém que comunique,
ASPECTOS GERAIS DA REDAÇÃO OFICIAL b) algo a ser comunicado, e c) alguém que receba essa comunicação. No
1. O que é Redação Oficial caso da redação oficial, quem comunica é sempre o Serviço Público (este
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela ou aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção);
qual o Poder Público redige atos normativos e comunicações. Interessa- o que se comunica é sempre algum assunto relativo às atribuições do
nos tratá-la do ponto de vista do Poder Executivo. órgão que comunica; o destinatário dessa comunicação ou é o público, o
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do conjunto dos cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros
padrão culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade. Poderes da União.
Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe,
no artigo 37: “A administração pública direta, indireta ou fundacional, de Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser dado
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos aos assuntos que constam das comunicações oficiais decorre:
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, a) da ausência de impressões individuais de quem comunica: embo-
moralidade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo a publicidade e a impes- ra se trate, por exemplo, de um expediente assinado por Chefe de
soalidade princípios fundamentais de toda administração pública, claro determinada Seção, é sempre em nome do Serviço Público que é
está que devem igualmente nortear a elaboração dos atos e comunica- feita a comunicação. Obtém-se, assim, uma desejável padroniza-
ções oficiais. ção, que permite que comunicações elaboradas em diferentes se-
tores da Administração guardem entre si certa uniformidade;
Não se concebe que um ato normativo de qualquer natureza seja re- b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com duas
digido de forma obscura, que dificulte ou impossibilite sua compreensão. A possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre con-
transparência do sentido dos atos normativos, bem como sua inteligibili- cebido como público, ou a outro órgão público. Nos dois casos,
dade, são requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um temos um destinatário concebido de forma homogênea e impes-
texto legal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, pois, soal;
necessariamente, clareza e concisão. c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o universo
temático das comunicações oficiais se restringe a questões que
Além de atender à disposição constitucional, a forma dos atos norma- dizem respeito ao interesse público, é natural que não cabe qual-
tivos obedece a certa tradição. Há normas para sua elaboração que quer tom particular ou pessoal.

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Desta forma, não há lugar na redação oficial para impressões pesso- acadêmicos, e mesmo o vocabulário próprio a determinada área, são de
ais, como as que, por exemplo, constam de uma carta a um amigo, ou de difícil entendimento por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se
um artigo assinado de jornal, ou mesmo de um texto literário. A redação ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em comunicações encaminhadas a
oficial deve ser isenta da interferência da individualidade que a elabora. outros órgãos da administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos.

A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos va- Outras questões sobre a linguagem, como o emprego de neologismo
lemos para elaborar os expedientes oficiais contribuem, ainda, para que e estrangeirismo, são tratadas em detalhe em 9.3. Semântica.
seja alcançada a necessária impessoalidade.
1.3. Formalidade e Padronização
1.2. A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é, obede-
A necessidade de empregar determinado nível de linguagem nos atos cem a certas regras de forma: além das já mencionadas exigências de
e expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio caráter público impessoalidade e uso do padrão culto de linguagem, é imperativo, ainda,
desses atos e comunicações; de outro, de sua finalidade. Os atos oficiais, certa formalidade de tratamento. Não se trata somente da eterna dúvida
aqui entendidos como atos de caráter normativo, ou estabelecem regras quanto ao correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento para
para a conduta dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos uma autoridade de certo nível (v. a esse respeito 2.1.3. Emprego dos
públicos, o que só é alcançado se em sua elaboração for empregada a Pronomes de Tratamento); mais do que isso, a formalidade diz respeito à
linguagem adequada. O mesmo se dá com os expedientes oficiais, cuja polidez, à civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a
finalidade precípua é a de informar com clareza e objetividade. comunicação.

As comunicações que partem dos órgãos públicos federais devem ser A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária uni-
compreendidas por todo e qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse formidade das comunicações. Ora, se a administração federal é una, é
objetivo, há que evitar o uso de uma linguagem restrita a determinados natural que as comunicações que expede sigam um mesmo padrão. O
grupos. Não há dúvida que um texto marcado por expressões de circula- estabelecimento desse padrão, uma das metas deste Manual, exige que
ção restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técni- se atente para todas as características da redação oficial e que se cuide,
co, tem sua compreensão dificultada. ainda, da apresentação dos textos.

Ressalte-se que há necessariamente uma distância entre a língua fa- A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para o texto defini-
lada e a escrita. Aquela é extremamente dinâmica, reflete de forma imedi- tivo e a correta diagramação do texto são indispensáveis para a padroni-
ata qualquer alteração de costumes, e pode eventualmente contar com zação. Consulte o Capítulo II, As Comunicações Oficiais, a respeito de
outros elementos que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a normas específicas para cada tipo de expediente.
entoação, etc., para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis
por essa distância. Já a língua escrita incorpora mais lentamente as 1.4. Concisão e Clareza
transformações, tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do texto
de si mesma para comunicar. oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo de informa-
ções com um mínimo de palavras. Para que se redija com essa qualidade,
A língua escrita, como a falada, compreende diferentes níveis, de é fundamental que se tenha, além de conhecimento do assunto sobre o
acordo com o uso que dela se faça. Por exemplo, em uma carta a um qual se escreve, o necessário tempo para revisar o texto depois de pronto.
amigo, podemos nos valer de determinado padrão de linguagem que É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais redundâncias
incorpore expressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um ou repetições desnecessárias de ideias.
parecer jurídico, não se há de estranhar a presença do vocabulário técnico O esforço de sermos concisos atende, basicamente ao princípio de
correspondente. Nos dois casos, há um padrão de linguagem que atende economia linguística, à mencionada fórmula de empregar o mínimo de
ao uso que se faz da língua, a finalidade com que a empregamos. palavras para informar o máximo. Não se deve de forma alguma entendê-
la como economia de pensamento, isto é, não se devem eliminar passa-
O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu caráter impessoal, por gens substanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se
sua finalidade de informar com o máximo de clareza e concisão, eles exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias, passagens que
requerem o uso do padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão nada acrescentem ao que já foi dito.
culto é aquele em que a) se observam as regras da gramática formal, e b)
se emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários do idioma. É Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em todo texto
importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na de alguma complexidade: ideias fundamentais e ideias secundárias. Estas
redação oficial decorre do fato de que ele está acima das diferenças últimas podem esclarecer o sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las;
lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, mas existem também ideias secundárias que não acrescentam informação
das idiossincrasias linguísticas, permitindo, por essa razão, que se atinja a alguma ao texto, nem têm maior relação com as fundamentais, podendo,
pretendida compreensão por todos os cidadãos. por isso, ser dispensadas.

Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplicidade de ex- A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial, conforme
pressão, desde que não seja confundida com pobreza de expressão. De já sublinhado na introdução deste capítulo. Pode-se definir como claro
nenhuma forma o uso do padrão culto implica emprego de linguagem aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor. No entanto
rebuscada, nem dos contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem a clareza não é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das
próprios da língua literária. demais características da redação oficial. Para ela concorrem:
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações que
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um “padrão ofi- poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto;
cial de linguagem”; o que há é o uso do padrão culto nos atos e comunica- b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de entendimen-
ções oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso de determinadas to geral e por definição avesso a vocábulos de circulação restrita,
expressões, ou será obedecida certa tradição no emprego das formas como a gíria e o jargão;
sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se consagre a c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a imprescindível
utilização de uma forma de linguagem burocrática. O jargão burocrático, uniformidade dos textos;
como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre sua compreensão d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos linguísticos
limitada. que nada lhe acrescentam.

A linguagem técnica deve ser empregada apenas em situações que a É pela correta observação dessas características que se redige com
exijam, sendo de evitar o seu uso indiscriminado. Certos rebuscamentos clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de todo texto redigido.

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APOSTILAS OPÇÃO
A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscuros e de erros gramati- Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pronomes de
cais provém principalmente da falta da releitura que torna possível sua tratamento são sempre os da terceira pessoa: “Vossa Senhoria nomeará
correção. seu substituto” (e não “Vossa ... vosso...”).

Na revisão de um expediente, deve-se avaliar, ainda, se ele será de Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero grama-
fácil compreensão por seu destinatário. O que nos parece óbvio pode ser tical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e não com o
desconhecido por terceiros. O domínio que adquirimos sobre certos as- substantivo que compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor for ho-
suntos em decorrência de nossa experiência profissional muitas vezes faz mem, o correto é “Vossa Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria
com que os tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre é deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”,
verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos técnicos, o “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”.
significado das siglas e abreviações e os conceitos específicos que não
possam ser dispensados. 2.1.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento
Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento obedece a secu-
A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa com que lar tradição. São de uso consagrado:
são elaboradas certas comunicações quase sempre compromete sua Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
clareza. Não se deve proceder à redação de um texto que não seja segui-
da por sua revisão. “Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, a) do Poder Executivo;
diz a máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável repercussão Presidente da República;
no redigir. Vice-Presidente da República;
Ministros de Estado;
Por fim, como exemplo de texto obscuro, que deve ser evitado em to- Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal;
das as comunicações oficiais, transcrevemos a seguir um pitoresco qua- Oficiais-Generais das Forças Armadas;
dro, constante de obra de Adriano da Gama Kury, a partir do qual podem Embaixadores;
ser feitas inúmeras frases, combinando-se as expressões das várias Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos
colunas em qualquer ordem, com uma característica comum: nenhuma de natureza especial;
delas tem sentido! Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
Prefeitos Municipais.
CAPÍTULO II
AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS b) do Poder Legislativo:
2. Introdução Deputados Federais e Senadores;
A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo, seguir os Ministros do Tribunal de Contas da União;
preceitos explicitados no Capítulo I, Aspectos Gerais da Redação Oficial. Deputados Estaduais e Distritais;
Além disso, há características específicas de cada tipo de expediente, que Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais;
serão tratadas em detalhe neste capítulo. Antes de passarmos à sua Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.
análise, vejamos outros aspectos comuns a quase todas as modalidades
de comunicação oficial: o emprego dos pronomes de tratamento, a forma c) do Poder Judiciário:
dos fechos e a identificação do signatário. Ministros dos Tribunais Superiores;
Membros de Tribunais;
2.1. Pronomes de Tratamento Juízes;
2.1.1. Breve História dos Pronomes de Tratamento Auditores da Justiça Militar.
O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento tem larga
tradição na língua portuguesa. De acordo com Said Ali, após serem incor- O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes
porados ao português os pronomes latinos tu e vos, “como tratamento de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo:
direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra”, passou-se a Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
empregar, como expediente linguístico de distinção e de respeito, a se- Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,
gunda pessoa do plural no tratamento de pessoas de hierarquia superior. Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal.
Prossegue o autor:
“Outro modo de tratamento indireto consistiu em fingir que se dirigia a As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, segui-
palavra a um atributo ou qualidade eminente da pessoa de categoria do do cargo respectivo:
superior, e não a ela própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu Senhor Senador,
rei com o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...); assim usou-se Senhor Juiz,
o tratamento ducal de vossa excelência e adotaram-se na hierarquia Senhor Ministro,
eclesiástica vossa reverência, vossa paternidade, vossa eminência, vossa Senhor Governador,
santidade.”
No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às autori-
A partir do final do século XVI, esse modo de tratamento indireto já dades tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte forma:
estava em voga também para os ocupantes de certos cargos públicos. A Sua Excelência o Senhor
Vossa mercê evoluiu para vosmecê, e depois para o coloquial você. E o Fulano de Tal
pronome vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa tradição que provém Ministro de Estado da Justiça
o atual emprego de pronomes de tratamento indireto como forma de 70064-900 – Brasília. DF
dirigirmo-nos às autoridades civis, militares e eclesiásticas.
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssi-
2.1.2. Concordância com os Pronomes de Tratamento mo (DD), às autoridades arroladas na lista anterior. A dignidade é pressu-
Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta) apresen- posto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária
tam certas peculiaridades quanto à concordância verbal, nominal e pro- sua repetida evocação.
nominal. Embora se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e para par-
quem se fala, ou a quem se dirige a comunicação), levam a concordância ticulares. O vocativo adequado é:
para a terceira pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que Senhor Fulano de Tal,
integra a locução como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o (...)
substituto”; “Vossa Excelência conhece o assunto”. No envelope, deve constar do endereçamento:
Ao Senhor

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Fulano de Tal 3. O Padrão Ofício
Rua ABC, no 123 Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela finalidade
12345-000 – Curitiba. PR do que pela forma: o ofício, o aviso e o memorando. Com o fito de unifor-
mizá-los, pode-se adotar uma diagramação única, que siga o que chama-
Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado o emprego mos de padrão ofício. As peculiaridades de cada um serão tratadas adian-
do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento te; por ora busquemos as suas semelhanças.
de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de
tratamento Senhor. 3.1. Partes do documento no Padrão Ofício
O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguintes partes:
Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento, e sim título a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o
acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente. Como regra geral, empre- expede:
gue-o apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau Exemplos:
por terem concluído curso universitário de doutorado. É costume designar Mem. 123/2002-MF
por doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em Aviso 123/2002-SG
Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada Of. 123/2002-MME
formalidade às comunicações.
b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinhamento à
Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, empregada por direita:
força da tradição, em comunicações dirigidas a reitores de universidade. Exemplo:
Corresponde-lhe o vocativo: Brasília, 15 de março de 1991.
Magnífico Reitor,
(...) c) assunto: resumo do teor do documento
Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a hierar- Exemplos:
quia eclesiástica, são: Assunto: Produtividade do órgão em 2002.
Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores.
correspondente é:
Santíssimo Padre, d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a co-
(...) municação. No caso do ofício deve ser incluído também o endereço.
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em comuni-
cações aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo: e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento de do-
Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou cumentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura:
Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal, – introdução, que se confunde com o parágrafo de abertura, na qual é
(...) apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o uso das for-
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações dirigi- mas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpre-me informar que”,
das a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria empregue a forma direta;
Reverendíssima para Monsenhores, Cônegos e superiores religiosos. – desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o texto contiver
Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos e demais religi- mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas em parágra-
osos. fos distintos, o que confere maior clareza à exposição;
– conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente reapresentada a
2.2. Fechos para Comunicações posição recomendada sobre o assunto.
O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade óbvia de
arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos para fecho que Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos em
vinham sendo utilizados foram regulados pela Portaria no 1 do Ministério que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos.
da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simpli-
ficá-los e uniformizá-los, este Manual estabelece o emprego de somente Já quando se tratar de mero encaminhamento de documentos a estru-
dois fechos diferentes para todas as modalidades de comunicação oficial: tura é a seguinte:
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República:
Respeitosamente, – introdução: deve iniciar com referência ao expediente que solicitou o
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior: encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver sido solicitada,
Atenciosamente, deve iniciar com a informação do motivo da comunicação, que é encami-
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autorida- nhar, indicando a seguir os dados completos do documento encaminhado
des estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios, devidamente (tipo, data, origem ou signatário, e assunto de que trata), e a razão pela
disciplinados no Manual de Redação do Ministério das Relações Exterio- qual está sendo encaminhado, segundo a seguinte fórmula:
res. “Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991, encaminho,
anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 1990, do Departamento
2.3. Identificação do Signatário Geral de Administração, que trata da requisição do servidor Fulano de
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República, Tal.”
todas as demais comunicações oficiais devem trazer o nome e o cargo da ou
autoridade que as expede, abaixo do local de sua assinatura. A forma da
“Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia do tele-
identificação deve ser a seguinte:
grama no 12, de 1o de fevereiro de 1991, do Presidente da Confederação
Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de modernização de técni-
(espaço para assinatura)
cas agrícolas na região Nordeste.”
NOME
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República – desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer algum
(espaço para assinatura) comentário a respeito do documento que encaminha, poderá acrescentar
NOME parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário, não há parágrafos de
Ministro de Estado da Justiça desenvolvimento em aviso ou ofício de mero encaminhamento.

Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em pá- f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações);
gina isolada do expediente. Transfira para essa página ao menos a última g) assinatura do autor da comunicação; e
frase anterior ao fecho. h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação do Signatário).

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APOSTILAS OPÇÃO
3.2. Forma de diagramação Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser empregado para a
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à seguinte forma exposição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados por deter-
de apresentação: minado setor do serviço público.
a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo 12 no
texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé; Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do memorando
b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman poder- em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de
se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings; procedimentos burocráticos. Para evitar desnecessário aumento do núme-
c) é obrigatório constar a partir da segunda página o número da pá- ro de comunicações, os despachos ao memorando devem ser dados no
gina; próprio documento e, no caso de falta de espaço, em folha de continua-
d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impressos ção. Esse procedimento permite formar uma espécie de processo simplifi-
em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda e cado, assegurando maior transparência à tomada de decisões, e permitin-
direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem do que se historie o andamento da matéria tratada no memorando.
espelho”);
e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância 3.4.2. Forma e Estrutura
da margem esquerda; Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão ofício,
f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo, com a diferença de que o seu destinatário deve ser mencionado pelo
3,0 cm de largura; cargo que ocupa.
g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm; Exemplos:
h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração
pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos
comportar tal recurso, de uma linha em branco;
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras 4. Exposição de Motivos
maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer ou- 4.1. Definição e Finalidade
tra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presidente da Repú-
documento; blica ou ao Vice-Presidente para:
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel bran- a) informá-lo de determinado assunto;
co. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos e b) propor alguma medida; ou
ilustrações; c) submeter a sua consideração projeto de ato normativo.
l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser im-
pressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm; Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da Repú-
m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Rich blica por um Ministro de Estado.
Text nos documentos de texto;
n) dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um Ministério, a
arquivo de texto preservado para consulta posterior ou aprovei- exposição de motivos deverá ser assinada por todos os Ministros envolvi-
tamento de trechos para casos análogos; dos, sendo, por essa razão, chamada de interministerial.
o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser
formados da seguinte maneira: 4.2. Forma e Estrutura
tipo do documento + número do documento + palavras-chaves do Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação do padrão
conteúdo ofício (v. 3. O Padrão Ofício). O anexo que acompanha a exposição de
Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002” motivos que proponha alguma medida ou apresente projeto de ato norma-
tivo, segue o modelo descrito adiante.
3.3. Aviso e Ofício
3.3.1. Definição e Finalidade A exposição de motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta du-
Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial praticamente as formas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter exclu-
idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é expedido exclusi- sivamente informativo e outra para a que proponha alguma medida ou
vamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia, submeta projeto de ato normativo.
ao passo que o ofício é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos
têm como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos da No primeiro caso, o da exposição de motivos que simplesmente leva
Administração Pública entre si e, no caso do ofício, também com particula- algum assunto ao conhecimento do Presidente da República, sua estrutu-
res. ra segue o modelo antes referido para o padrão ofício.

3.3.2. Forma e Estrutura Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Presiden-


Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo do padrão ofício, te da República a sugestão de alguma medida a ser adotada ou a que lhe
com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário (v. 2.1 Pronomes de apresente projeto de ato normativo – embora sigam também a estrutura
Tratamento), seguido de vírgula. do padrão ofício –, além de outros comentários julgados pertinentes por
Exemplos: seu autor, devem, obrigatoriamente, apontar:
Excelentíssimo Senhor Presidente da República a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da me-
Senhora Ministra dida ou do ato normativo proposto;
Senhor Chefe de Gabinete b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou aquele
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as seguintes in- ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e eventuais
formações do remetente: alternativas existentes para equacioná-lo;
– nome do órgão ou setor; c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou qual
– endereço postal; ato normativo deve ser editado para solucionar o problema.
– telefone e endereço de correio eletrônico.
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição de mo-
3.4. Memorando tivos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte modelo previsto
3.4.1. Definição e Finalidade no Anexo II do Decreto no 4.176, de 28 de março de 2002.
O memorando é a modalidade de comunicação entre unidades admi-
nistrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquicamente em Anexo à Exposição de Motivos do (indicar nome do Ministério ou ór-
mesmo nível ou em níveis diferentes. Trata-se, portanto, de uma forma de gão equivalente) no , de de de 200 .
comunicação eminentemente interna.

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APOSTILAS OPÇÃO
5. Mensagem Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e 83), e
5.1. Definição e Finalidade a autorização é da competência privativa do Congresso Nacional.
É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos Poderes
Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder O Presidente da República, tradicionalmente, por cortesia, quando a
Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato da Administração ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comunicação a cada Casa
Pública; expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão do Congresso, enviando-lhes mensagens idênticas.
legislativa; submeter ao Congresso Nacional matérias que dependem de
deliberação de suas Casas; apresentar veto; enfim, fazer e agradecer e) encaminhamento de atos de concessão e renovação de concessão
comunicações de tudo quanto seja de interesse dos poderes públicos e da de emissoras de rádio e TV.
Nação. A obrigação de submeter tais atos à apreciação do Congresso Nacio-
nal consta no inciso XII do artigo 49 da Constituição. Somente produzirão
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Ministérios à Pre- efeitos legais a outorga ou renovação da concessão após deliberação do
sidência da República, a cujas assessorias caberá a redação final. Congresso Nacional (Constituição, art. 223, § 3o). Descabe pedir na
mensagem a urgência prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o §
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacio- 1o do art. 223 já define o prazo da tramitação.
nal têm as seguintes finalidades: Além do ato de outorga ou renovação, acompanha a mensagem o
a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, complementar ou fi- correspondente processo administrativo.
nanceira.
Os projetos de lei ordinária ou complementar são enviados em regime f) encaminhamento das contas referentes ao exercício anterior.
normal (Constituição, art. 61) ou de urgência (Constituição, art. 64, §§ 1o a O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias após a aber-
4o). Cabe lembrar que o projeto pode ser encaminhado sob o regime tura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacional as contas
normal e mais tarde ser objeto de nova mensagem, com solicitação de referentes ao exercício anterior (Constituição, art. 84, XXIV), para exame e
urgência. parecer da Comissão Mista permanente (Constituição, art. 166, § 1o), sob
pena de a Câmara dos Deputados realizar a tomada de contas (Constitui-
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Membros do Con- ção, art. 51, II), em procedimento disciplinado no art. 215 do seu Regimen-
gresso Nacional, mas é encaminhada com aviso do Chefe da Casa Civil to Interno.
da Presidência da República ao Primeiro Secretário da Câmara dos Depu-
tados, para que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, caput). g) mensagem de abertura da sessão legislativa.
Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre a situação do
Quanto aos projetos de lei financeira (que compreendem plano pluria- País e solicitação de providências que julgar necessárias (Constituição,
nual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e créditos adicionais), art. 84, XI).
as mensagens de encaminhamento dirigem-se aos Membros do Congres- O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da Presidência da
so Nacional, e os respectivos avisos são endereçados ao Primeiro Secre- República. Esta mensagem difere das demais porque vai encadernada e é
tário do Senado Federal. A razão é que o art. 166 da Constituição impõe a distribuída a todos os Congressistas em forma de livro.
deliberação congressual sobre as leis financeiras em sessão conjunta,
h) comunicação de sanção (com restituição de autógrafos).
mais precisamente, “na forma do regimento comum”. E à frente da Mesa
Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso Nacional, en-
do Congresso Nacional está o Presidente do Senado Federal (Constitui-
caminhada por Aviso ao Primeiro Secretário da Casa onde se originaram
ção, art. 57, § 5o), que comanda as sessões conjuntas.
os autógrafos. Nela se informa o número que tomou a lei e se restituem
dois exemplares dos três autógrafos recebidos, nos quais o Presidente da
As mensagens aqui tratadas coroam o processo desenvolvido no âm-
República terá aposto o despacho de sanção.
bito do Poder Executivo, que abrange minucioso exame técnico, jurídico e
econômico-financeiro das matérias objeto das proposições por elas enca- i) comunicação de veto.
minhadas. Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66, § 1o),
a mensagem informa sobre a decisão de vetar, se o veto é parcial, quais
Tais exames materializam-se em pareceres dos diversos órgãos inte- as disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto vai publicado na
ressados no assunto das proposições, entre eles o da Advocacia-Geral da íntegra no Diário Oficial da União (v. 4.2. Forma e Estrutura), ao contrário
União. Mas, na origem das propostas, as análises necessárias constam da das demais mensagens, cuja publicação se restringe à notícia do seu
exposição de motivos do órgão onde se geraram (v. 3.1. Exposição de envio ao Poder Legislativo. (v. 19.6.Veto)
Motivos) – exposição que acompanhará, por cópia, a mensagem de
encaminhamento ao Congresso. j) outras mensagens.
Também são remetidas ao Legislativo com regular frequência mensa-
b) encaminhamento de medida provisória. gens com:
Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição, o Presi- – encaminhamento de atos internacionais que acarretam encargos
dente da República encaminha mensagem ao Congresso, dirigida a seus ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I);
membros, com aviso para o Primeiro Secretário do Senado Federal, – pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às operações
juntando cópia da medida provisória, autenticada pela Coordenação de e prestações interestaduais e de exportação (Constituição, art.
Documentação da Presidência da República. 155, § 2o, IV);
– proposta de fixação de limites globais para o montante da dívida
c) indicação de autoridades. consolidada (Constituição, art. 52, VI);
As mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação de – pedido de autorização para operações financeiras externas
pessoas para ocuparem determinados cargos (magistrados dos Tribunais (Constituição, art. 52, V); e outros.
Superiores, Ministros do TCU, Presidentes e Diretores do Banco Central,
Procurador-Geral da República, Chefes de Missão Diplomática, etc.) têm Entre as mensagens menos comuns estão as de:
em vista que a Constituição, no seu art. 52, incisos III e IV, atribui àquela – convocação extraordinária do Congresso Nacional (Constituição,
Casa do Congresso Nacional competência privativa para aprovar a indica- art. 57, § 6o);
ção. – pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da Re-
O curriculum vitae do indicado, devidamente assinado, acompanha a pública (art. 52, XI, e 128, § 2o);
mensagem. – pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobiliza-
ção nacional (Constituição, art. 84, XIX);
d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presidente da – pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz (Consti-
República se ausentarem do País por mais de 15 dias. tuição, art. 84, XX);

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APOSTILAS OPÇÃO
– justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua pror- 8.2. Forma e Estrutura
rogação (Constituição, art. 136, § 4o); Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua flexibili-
– pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Constitui- dade. Assim, não interessa definir forma rígida para sua estrutura. Entre-
ção, art. 137); tanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma comuni-
– relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio ou cação oficial (v. 1.2 A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais).
de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único); O campo assunto do formulário de correio eletrônico mensagem deve
– proposta de modificação de projetos de leis financeiras (Constitui- ser preenchido de modo a facilitar a organização documental tanto do
ção, art. 166, § 5o); destinatário quanto do remetente.
– pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado, preferen-
despesas correspondentes, em decorrência de veto, emenda ou cialmente, o formato Rich Text. A mensagem que encaminha algum
rejeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. arquivo deve trazer informações mínimas sobre seu conteúdo..
166, § 8o); Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de confirmação de lei-
– pedido de autorização para alienar ou conceder terras públicas tura. Caso não seja disponível, deve constar da mensagem pedido de
com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188, § 1o); etc. confirmação de recebimento.

5.2. Forma e Estrutura 8.3 Valor documental


As mensagens contêm: Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de correio
a) a indicação do tipo de expediente e de seu número, horizontal- eletrônico tenha valor documental, i. é, para que possa ser aceita como
mente, no início da margem esquerda: documento original, é necessário existir certificação digital que ateste a
Mensagem no identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.
b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do
destinatário, horizontalmente, no início da margem esquerda;
Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal, PROVA SIMULADA
c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo;
d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e horizon- 01. Assinale a alternativa correta quanto ao uso e à grafia das palavras.
talmente fazendo coincidir seu final com a margem direita. (A) Na atual conjetura, nada mais se pode fazer.
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da (B) O chefe deferia da opinião dos subordinados.
República, não traz identificação de seu signatário. (C) O processo foi julgado em segunda estância.
(D) O problema passou despercebido na votação.
6. Telegrama (E) Os criminosos espiariam suas culpas no exílio.
6.1. Definição e Finalidade
Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os procedimen- 02. A alternativa correta quanto ao uso dos verbos é:
tos burocráticos, passa a receber o título de telegrama toda comunicação (A) Quando ele vir suas notas, ficará muito feliz.
oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc. (B) Ele reaveu, logo, os bens que havia perdido.
Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos cofres públi- (C) A colega não se contera diante da situação.
cos e tecnologicamente superada, deve restringir-se o uso do telegrama
(D) Se ele ver você na rua, não ficará contente.
apenas àquelas situações que não seja possível o uso de correio eletrôni-
(E) Quando você vir estudar, traga seus livros.
co ou fax e que a urgência justifique sua utilização e, também em razão de
seu custo elevado, esta forma de comunicação deve pautar-se pela conci-
são (v. 1.4. Concisão e Clareza). 03. O particípio verbal está corretamente empregado em:
6.2. Forma e Estrutura (A) Não estaríamos salvados sem a ajuda dos barcos.
Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a estrutura dos (B) Os garis tinham chego às ruas às dezessete horas.
formulários disponíveis nas agências dos Correios e em seu sítio na (C) O criminoso foi pego na noite seguinte à do crime.
Internet. (D) O rapaz já tinha abrido as portas quando chegamos.
(E) A faxineira tinha refazido a limpeza da casa toda.
7. Fax
7.1. Definição e Finalidade 04. Assinale a alternativa que dá continuidade ao texto abaixo, em
O fax (forma abreviada já consagrada de fac-simile) é uma forma de conformidade com a norma culta.
comunicação que está sendo menos usada devido ao desenvolvimento da Nem só de beleza vive a madrepérola ou nácar. Essa substância do
Internet. É utilizado para a transmissão de mensagens urgentes e para o interior da concha de moluscos reúne outras características interes-
envio antecipado de documentos, de cujo conhecimento há premência, santes, como resistência e flexibilidade.
quando não há condições de envio do documento por meio eletrônico. (A) Se puder ser moldada, daria ótimo material para a confecção de
Quando necessário o original, ele segue posteriormente pela via e na componentes para a indústria.
forma de praxe.
(B) Se pudesse ser moldada, dá ótimo material para a confecção de
Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia xerox do
componentes para a indústria.
fax e não com o próprio fax, cujo papel, em certos modelos, se deteriora
rapidamente. (C) Se pode ser moldada, dá ótimo material para a confecção de com-
ponentes para a indústria.
7.2. Forma e Estrutura (D) Se puder ser moldada, dava ótimo material para a confecção de
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estrutura que componentes para a indústria.
lhes são inerentes. (E) Se pudesse ser moldada, daria ótimo material para a confecção de
É conveniente o envio, juntamente com o documento principal, de fo- componentes para a indústria.
lha de rosto, i. é., de pequeno formulário com os dados de identificação da
mensagem a ser enviada. 05. O uso indiscriminado do gerúndio tem-se constituído num problema
para a expressão culta da língua. Indique a única alternativa em que
8. Correio Eletrônico ele está empregado conforme o padrão culto.
8.1 Definição e finalidade (A) Após aquele treinamento, a corretora está falando muito bem.
O correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e celeridade, trans- (B) Nós vamos estar analisando seus dados cadastrais ainda hoje.
formou-se na principal forma de comunicação para transmissão de docu- (C) Não haverá demora, o senhor pode estar aguardando na linha.
mentos. (D) No próximo sábado, procuraremos estar liberando o seu carro.
(E) Breve, queremos estar entregando as chaves de sua nova casa.
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APOSTILAS OPÇÃO
06. De acordo com a norma culta, a concordância nominal e verbal está Para eliminar as repetições, os pronomes apropriados para substituir
correta em: as expressões: das empresas de franquia, às empresas, os investidores e
(A) As características do solo são as mais variadas possível. dos investidores, no texto, são, respectivamente:
(B) A olhos vistos Lúcia envelhecia mais do que rapidamente. (A) seus ... lhes ... los ... lhes
(C) Envio-lhe, em anexos, a declaração de bens solicitada. (B) delas ... a elas ... lhes ... deles
(D) Ela parecia meia confusa ao dar aquelas explicações. (C) seus ... nas ... los ... deles
(E) Qualquer que sejam as dúvidas, procure saná-las logo. (D) delas ... a elas ... lhes ... seu
(E) seus ... lhes ... eles ... neles
07. Assinale a alternativa em que se respeitam as normas cultas de
flexão de grau. 13. Assinale a alternativa em que se colocam os pronomes de acordo
(A) Nas situações críticas, protegia o colega de quem era amiquíssimo. com o padrão culto.
(B) Mesmo sendo o Canadá friosíssimo, optou por permanecer lá (A) Quando possível, transmitirei-lhes mais informações.
durante as férias.
(B) Estas ordens, espero que cumpram-se religiosamente.
(C) No salto, sem concorrentes, seu desempenho era melhor de todos.
(C) O diálogo a que me propus ontem, continua válido.
(D) Diante dos problemas, ansiava por um resultado mais bom que
(D) Sua decisão não causou-lhe a felicidade esperada.
ruim.
(E) Me transmita as novidades quando chegar de Paris.
(E) Comprou uns copos baratos, de cristal, da mais malíssima qualida-
de.
14. O pronome oblíquo representa a combinação das funções de objeto
Nas questões de números 08 e 09, assinale a alternativa cujas pa- direto e indireto em:
lavras completam, correta e respectivamente, as frases dadas. (A) Apresentou-se agora uma boa ocasião.
08. Os pesquisadores trataram de avaliar visão público financiamento (B) A lição, vou fazê-la ainda hoje mesmo.
estatal ciência e tecnologia. (C) Atribuímos-lhes agora uma pesada tarefa.
(A) à ... sobre o ... do ... para (B) a ... ao ... do ... para (D) A conta, deixamo-la para ser revisada.
(C) à ... do ... sobre o ... a (D) à ... ao ... sobre o ... à (E) Essa história, contar-lha-ei assim que puder.
(E) a ... do ... sobre o ... à
15. Desejava o diploma, por isso lutou para obtê-lo.
09. Quanto perfil desejado, com vistas qualidade dos candidatos, a
Substituindo-se as formas verbais de desejar, lutar e obter pelos
franqueadora procura ser muito mais criteriosa ao contratá-los, pois
respectivos substantivos a elas correspondentes, a frase correta é:
eles devem estar aptos comercializar seus produtos.
(A) O desejo do diploma levou-o a lutar por sua obtenção.
(A) ao ... a ... à
(B) O desejo do diploma levou-o à luta em obtê-lo.
(B) àquele ... à ... à
(C) àquele...à ... a (C) O desejo do diploma levou-o à luta pela sua obtenção.
(D) ao ... à ... à (D) Desejoso do diploma foi à luta pela sua obtenção.
(E) àquele ... a ... a (E) Desejoso do diploma foi lutar por obtê-lo.

10. Assinale a alternativa gramaticalmente correta de acordo com a 16. Ao Senhor Diretor de Relações Públicas da Secretaria de Educação
norma culta. do Estado de São Paulo. Face à proximidade da data de inaugura-
(A) Bancos de dados científicos terão seu alcance ampliado. E isso ção de nosso Teatro Educativo, por ordem de , Doutor XXX, Dignís-
trarão grandes benefícios às pesquisas. simo Secretário da Educação do Estado de YYY, solicitamos a má-
xima urgência na antecipação do envio dos primeiros convites para
(B) Fazem vários anos que essa empresa constrói parques, colaboran-
o Excelentíssimo Senhor Governador do Estado de São Paulo, o
do com o meio ambiente.
Reverendíssimo Cardeal da Arquidiocese de São Paulo e os Reito-
(C) Laboratórios de análise clínica tem investido em institutos, desen- res das Universidades Paulistas, para que essas autoridades pos-
volvendo projetos na área médica. sam se programar e participar do referido evento.
(D) Havia algumas estatísticas auspiciosas e outras preocupantes Atenciosamente, Assistente de Gabinete.
apresentadas pelos economistas.
(E) Os efeitos nocivos aos recifes de corais surge para quem vive no
litoral ou aproveitam férias ali. De acordo com os cargos das diferentes autoridades, as lacunas
são correta e adequadamente preenchidas, respectivamente, por
(A) Ilustríssimo ... Sua Excelência ... Magníficos
11. A frase correta de acordo com o padrão culto é:
(B) Excelentíssimo ... Sua Senhoria ... Magníficos
(A) Não vejo mal no Presidente emitir medidas de emergência devido
às chuvas. (C) Ilustríssimo ... Vossa Excelência ... Excelentíssimos
(B) Antes de estes requisitos serem cumpridos, não receberemos (D) Excelentíssimo ... Sua Senhoria ... Excelentíssimos
reclamações. (E) Ilustríssimo ... Vossa Senhoria ... Digníssimos
(C) Para mim construir um país mais justo, preciso de maior apoio à
cultura. 17. Assinale a alternativa em que, de acordo com a norma culta, se
(D) Apesar do advogado ter defendido o réu, este não foi poupado da respeitam as regras de pontuação.
culpa. (A) Por sinal, o próprio Senhor Governador, na última entrevista, reve-
(E) Faltam conferir três pacotes da mercadoria. lou, que temos uma arrecadação bem maior que a prevista.
(B) Indagamos, sabendo que a resposta é obvia: que se deve a uma
12. A maior parte das empresas de franquia pretende expandir os sociedade inerte diante do desrespeito à sua própria lei? Nada.
negócios das empresas de franquia pelo contato direto com os pos- (C) O cidadão, foi preso em flagrante e, interrogado pela Autoridade
síveis investidores, por meio de entrevistas. Esse contato para fins Policial, confessou sua participação no referido furto.
de seleção não só permite às empresas avaliar os investidores com (D) Quer-nos parecer, todavia, que a melhor solução, no caso deste
relação aos negócios, mas também identificar o perfil desejado dos funcionário, seja aquela sugerida, pela própria chefia.
investidores. (E) Impunha-se, pois, a recuperação dos documentos: as certidões
(Texto adaptado) negativas, de débitos e os extratos, bancários solicitados.

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APOSTILAS OPÇÃO
18. O termo oração, entendido como uma construção com sujeito e 24. O público observava a agitação dos lanterninhas da plateia.
predicado que formam um período simples, se aplica, adequada- Sem pontuação e sem entonação, a frase acima tem duas possibili-
mente, apenas a: dades de leitura. Elimina-se essa ambiguidade pelo estabelecimen-
(A) Amanhã, tempo instável, sujeito a chuvas esparsas no litoral. to correto das relações entre seus termos e pela sua adequada pon-
(B) O vigia abandonou a guarita, assim que cumpriu seu período. tuação em:
(C) O passeio foi adiado para julho, por não ser época de chuvas. (A) O público da plateia, observava a agitação dos lanterninhas.
(D) Muito riso, pouco siso – provérbio apropriado à falta de juízo. (B) O público observava a agitação da plateia, dos lanterninhas.
(E) Os concorrentes à vaga de carteiro submeteram-se a exames. (C) O público observava a agitação, dos lanterninhas da plateia.
(D) Da plateia o público, observava a agitação dos lanterninhas.
Leia o período para responder às questões de números 19 e 20. (E) Da plateia, o público observava a agitação dos lanterninhas.

O livro de registro do processo que você procurava era o que esta- 25. Felizmente, ninguém se machucou.
va sobre o balcão. Lentamente, o navio foi se afastando da costa.
19. No período, os pronomes o e que, na respectiva sequência, reme- Considere:
tem a I. felizmente completa o sentido do verbo machucar;
(A) processo e livro. II. felizmente e lentamente classificam-se como adjuntos adverbiais de
(B) livro do processo. modo;
(C) processos e processo. III. felizmente se refere ao modo como o falante se coloca diante do
(D) livro de registro. fato;
(E) registro e processo. IV. lentamente especifica a forma de o navio se afastar;
V. felizmente e lentamente são caracterizadores de substantivos.
20. Analise as proposições de números I a IV com base no período Está correto o contido apenas em
acima: (A) I, II e III.
I. há, no período, duas orações; (B) I, II e IV.
II. o livro de registro do processo era o, é a oração principal; (C) I, III e IV.
III. os dois quê(s) introduzem orações adverbiais; (D) II, III e IV.
IV. de registro é um adjunto adnominal de livro. (E) III, IV e V.
Está correto o contido apenas em
26. O segmento adequado para ampliar a frase – Ele comprou o car-
(A) II e IV. (B) III e IV.
ro..., indicando concessão, é:
(C) I, II e III. (D) I, II e IV. (E) I, III e IV.
(A) para poder trabalhar fora.
(B) como havia programado.
21. O Meretíssimo Juiz da 1.ª Vara Cível devia providenciar a leitura do
(C) assim que recebeu o prêmio.
acórdão, e ainda não o fez. Analise os itens relativos a esse trecho:
(D) porque conseguiu um desconto.
I. as palavras Meretíssimo e Cível estão incorretamente grafadas;
(E) apesar do preço muito elevado.
II. ainda é um adjunto adverbial que exclui a possibilidade da leitura
pelo Juiz;
III. o e foi usado para indicar oposição, com valor adversativo equiva- 27. É importante que todos participem da reunião.
lente ao da palavra mas; O segmento que todos participem da reunião, em relação a
IV. em ainda não o fez, o o equivale a isso, significando leitura do É importante, é uma oração subordinada
acórdão, e fez adquire o respectivo sentido de devia providenciar. (A) adjetiva com valor restritivo.
Está correto o contido apenas em (B) substantiva com a função de sujeito.
(A) II e IV. (C) substantiva com a função de objeto direto.
(B) III e IV. (D) adverbial com valor condicional.
(C) I, II e III. (E) substantiva com a função de predicativo.
(D) I, III e IV.
(E) II, III e IV. 28. Ele realizou o trabalho como seu chefe o orientou. A relação esta-
belecida pelo termo como é de
22. O rapaz era campeão de tênis. O nome do rapaz saiu nos jornais. (A) comparatividade.
Ao transformar os dois períodos simples num único período com- (B) adição.
posto, a alternativa correta é: (C) conformidade.
(A) O rapaz cujo nome saiu nos jornais era campeão de tênis. (D) explicação.
(B) O rapaz que o nome saiu nos jornais era campeão de tênis. (E) consequência.
(C) O rapaz era campeão de tênis, já que seu nome saiu nos jornais.
(D) O nome do rapaz onde era campeão de tênis saiu nos jornais. 29. A região alvo da expansão das empresas, _____, das redes de
franquias, é a Sudeste, ______ as demais regiões também serão
(E) O nome do rapaz que saiu nos jornais era campeão de tênis.
contempladas em diferentes proporções; haverá, ______, planos
diversificados de acordo com as possibilidades de investimento dos
23. O jardineiro daquele vizinho cuidadoso podou, ontem, os enfraque- possíveis franqueados.
cidos galhos da velha árvore.
Assinale a alternativa correta para interrogar, respectivamente, A alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas e
sobre o adjunto adnominal de jardineiro e o objeto direto de podar. relaciona corretamente as ideias do texto, é:
(A) Quem podou? e Quando podou? (A) digo ... portanto ... mas
(B) Qual jardineiro? e Galhos de quê? (B) como ... pois ... mas
(C) Que jardineiro? e Podou o quê? (C) ou seja ... embora ... pois
(D) Que vizinho? e Que galhos? (D) ou seja ... mas ... portanto
(E) Quando podou? e Podou o quê? (E) isto é ... mas ... como

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APOSTILAS OPÇÃO
30. Assim que as empresas concluírem o processo de seleção dos _______________________________________________________
investidores, os locais das futuras lojas de franquia serão divulga-
dos. _______________________________________________________
A alternativa correta para substituir Assim que as empresas concluí- _______________________________________________________
rem o processo de seleção dos investidores por uma oração reduzi-
da, sem alterar o sentido da frase, é: _______________________________________________________
(A) Porque concluindo o processo de seleção dos investidores ... _______________________________________________________
(B) Concluído o processo de seleção dos investidores ...
(C) Depois que concluíssem o processo de seleção dos investidores ... _______________________________________________________
(D) Se concluído do processo de seleção dos investidores... _______________________________________________________
(E) Quando tiverem concluído o processo de seleção dos investidores
_______________________________________________________
RESPOSTAS _______________________________________________________
01. D 11. B 21. B
02. A 12. A 22. A
_______________________________________________________
03. C 13. C 23. C _______________________________________________________
04. E 14. E 24. E
05. A 15. C 25. D _______________________________________________________
06. B 16. A 26. E _______________________________________________________
07. D 17. B 27. B
08. E 18. E 28. C _______________________________________________________
09. C 19. D 29. D
_______________________________________________________
10. D 20. A 30. B
_______________________________________________________
___________________________________ _______________________________________________________
___________________________________ _______________________________________________________
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Língua Portuguesa 54

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LEGISLAÇÃO

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APOSTILAS OPÇÃO
IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
V - readaptação;
VI - reversão;
Legislação VII - aproveitamento;
VIII - reintegração;
IX - recondução.
Seção II
1. Lei 8.112, de 11 de dezembro de
Da Nomeação
1990 - Regime jurídico dos servidores
públicos civis da União, das autarquias Art. 9o A nomeação far-se-á:
e das fundações públicas federais I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de provimento
efetivo ou de carreira;
II - em comissão, inclusive na condição de interino, para cargos de
Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, confiança vagos. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
das autarquias e das fundações públicas federais. Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão ou de
Título I natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, interinamente,
Capítulo Único em outro cargo de confiança, sem prejuízo das atribuições do que
Das Disposições Preliminares atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar pela remuneração de um
Art. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores Públicos deles durante o período da interinidade. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime especial, e das de 10.12.97)
fundações públicas federais. Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de
Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente provimento efetivo depende de prévia habilitação em concurso público de
investida em cargo público. provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o
prazo de sua validade.
Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades
previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o
servidor. desenvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão
estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira na
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os Administração Pública Federal e seus regulamentos. (Redação dada pela
brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e vencimento Lei nº 9.527, de 10.12.97)
pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em
comissão. Seção III
Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os casos Do Concurso Público
previstos em lei. Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e títulos, podendo
ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei e o regulamento
do respectivo plano de carreira, condicionada a inscrição do candidato ao
Título II pagamento do valor fixado no edital, quando indispensável ao seu custeio,
Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e Substituição e ressalvadas as hipóteses de isenção nele expressamente
Capítulo I previstas.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)(Regulamento)
Do Provimento Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois ) anos,
Seção I podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período.
Disposições Gerais § 1o O prazo de validade do concurso e as condições de sua
realização serão fixados em edital, que será publicado no Diário Oficial da
Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo público: União e em jornal diário de grande circulação.
I - a nacionalidade brasileira; § 2o Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato
II - o gozo dos direitos políticos; aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expirado.
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; Seção IV
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; Da Posse e do Exercício
V - a idade mínima de dezoito anos; Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, no qual
VI - aptidão física e mental. deverão constar as atribuições, os deveres, as responsabilidades e os
§ 1o As atribuições do cargo podem justificar a exigência de outros direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão ser alterados
requisitos estabelecidos em lei. unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício
previstos em lei.
§ 2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de
se inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas § 1o A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da publicação
atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; do ato de provimento. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas § 2o Em se tratando de servidor, que esteja na data de publicação do
oferecidas no concurso. ato de provimento, em licença prevista nos incisos I, III e V do art. 81, ou
§ 3o As universidades e instituições de pesquisa científica e afastado nas hipóteses dos incisos I, IV, VI, VIII, alíneas "a", "b", "d", "e" e
tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores, "f", IX e X do art. 102, o prazo será contado do término do impedimento.
técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
procedimentos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.515, de 20.11.97) § 3o A posse poderá dar-se mediante procuração específica.
Art. 6o O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato da § 4o Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por
autoridade competente de cada Poder. nomeação. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá com a posse. § 5o No ato da posse, o servidor apresentará declaração de bens e
valores que constituem seu patrimônio e declaração quanto ao exercício
Art. 8o São formas de provimento de cargo público:
ou não de outro cargo, emprego ou função pública.
I - nomeação;
§ 6o Será tornado sem efeito o ato de provimento se a posse não
II - promoção; ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo.
III - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Legislação 1

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APOSTILAS OPÇÃO
Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia inspeção finalidade, de acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da
médica oficial. respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade de apuração
Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que for julgado dos fatores enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo. (Redação
apto física e mentalmente para o exercício do cargo. dada pela Lei nº 11.784, de 2008
Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do cargo § 2o O servidor não aprovado no estágio probatório será exonerado
público ou da função de confiança. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupado, observado o
10.12.97) disposto no parágrafo único do art. 29.
§ 1o É de quinze dias o prazo para o servidor empossado em cargo § 3o O servidor em estágio probatório poderá exercer quaisquer
público entrar em exercício, contados da data da posse. (Redação dada cargos de provimento em comissão ou funções de direção, chefia ou
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e somente poderá ser
§ 2o O servidor será exonerado do cargo ou será tornado sem efeito o cedido a outro órgão ou entidade para ocupar cargos de Natureza
ato de sua designação para função de confiança, se não entrar em Especial, cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção e
exercício nos prazos previstos neste artigo, observado o disposto no art. Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes.
18. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3o À autoridade competente do órgão ou entidade para onde for § 4o Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser
nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe exercício. (Redação concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81, incisos I
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar de curso de
formação decorrente de aprovação em concurso para outro cargo na
§ 4o O início do exercício de função de confiança coincidirá com a
Administração Pública Federal. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
data de publicação do ato de designação, salvo quando o servidor estiver
em licença ou afastado por qualquer outro motivo legal, hipótese em que § 5o O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e os
recairá no primeiro dia útil após o término do impedimento, que não afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem assim na
poderá exceder a trinta dias da publicação. (Incluído pela Lei nº 9.527, de hipótese de participação em curso de formação, e será retomado a partir
10.12.97) do término do impedimento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do exercício Seção V
serão registrados no assentamento individual do servidor. Da Estabilidade
Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor apresentará ao Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e empossado em
órgão competente os elementos necessários ao seu assentamento cargo de provimento efetivo adquirirá estabilidade no serviço público ao
individual. completar 2 (dois) anos de efetivo exercício. (prazo 3 anos - vide EMC nº
Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de exercício, que é 19)
contado no novo posicionamento na carreira a partir da data de publicação Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em virtude de sentença
do ato que promover o servidor. (Redação dada pela Lei nº 9.527/97) judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar no
Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro município em qual lhe seja assegurada ampla defesa.
razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido ou posto em Seção VI
exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de Da Transferência
prazo, contados da publicação do ato, para a retomada do efetivo Art. 23. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
desempenho das atribuições do cargo, incluído nesse prazo o tempo Seção VII
necessário para o deslocamento para a nova sede. (Redação dada pela
Da Readaptação
Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo de
§ 1o Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença ou afastado
atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha
legalmente, o prazo a que se refere este artigo será contado a partir do
sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em inspeção
término do impedimento. (Parágrafo renumerado e alterado pela Lei nº
médica.
9.527, de 10.12.97)
§ 1o Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando será
§ 2o É facultado ao servidor declinar dos prazos estabelecidos no
aposentado.
caput. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2o A readaptação será efetivada em cargo de atribuições afins,
Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada em razão
respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e equivalência de
das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, respeitada a duração vencimentos e, na hipótese de inexistência de cargo vago, o servidor
máxima do trabalho semanal de quarenta horas e observados os limites exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência de
mínimo e máximo de seis horas e oito horas diárias, respectivamente. vaga.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
(Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
Seção VIII
§ 1o O ocupante de cargo em comissão ou função de confiança
submete-se a regime de integral dedicação ao serviço, observado o Da Reversão
disposto no art. 120, podendo ser convocado sempre que houver interesse Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposentado:
da Administração. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
§ 2o O disposto neste artigo não se aplica a duração de trabalho I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes os
estabelecida em leis especiais. (Incluído pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) motivos da aposentadoria; ou (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-
Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo de 45, de 4.9.2001)
provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por período de 24 II - no interesse da administração, desde que: (Incluído pela Medida
(vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
objeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados os seguinte a) tenha solicitado a reversão; (Incluído pela Medida Provisória nº
fatores: 2.225-45, de 4.9.2001)
I - assiduidade; b) a aposentadoria tenha sido voluntária; (Incluído pela Medida
II - disciplina; Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
III - capacidade de iniciativa; c) estável quando na atividade; (Incluído pela Medida Provisória nº
IV - produtividade; 2.225-45, de 4.9.2001)
V- responsabilidade. d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à
§ 1o 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio probatório, solicitação; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
será submetida à homologação da autoridade competente a avaliação do e) haja cargo vago. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
desempenho do servidor, realizada por comissão constituída para essa 4.9.2001)

Legislação 2

Apostila Digital Licenciada para Thiago Azevedo de Oliveira - thiagoagrotec@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
APOSTILAS OPÇÃO
§ 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultante de VI - readaptação;
sua transformação. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de VII - aposentadoria;
4.9.2001) VIII - posse em outro cargo inacumulável;
§ 2o O tempo em que o servidor estiver em exercício será IX - falecimento.
considerado para concessão da aposentadoria. (Incluído pela Medida
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do servidor,
ou de ofício.
§ 3o No caso do inciso I, encontrando-se provido o cargo, o servidor
exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga. Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório;
§ 4o O servidor que retornar à atividade por interesse da II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em exercício
administração perceberá, em substituição aos proventos da no prazo estabelecido.
aposentadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer, inclusive Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dispensa de função
com as vantagens de natureza pessoal que percebia anteriormente à de confiança dar-se-á: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
aposentadoria. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) I - a juízo da autoridade competente;
§ 5o O servidor de que trata o inciso II somente terá os proventos II - a pedido do próprio servidor.
calculados com base nas regras atuais se permanecer pelo menos cinco Capítulo III
anos no cargo. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Da Remoção e da Redistribuição
§ 6o O Poder Executivo regulamentará o disposto neste artigo.
Seção I
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Da Remoção
Art. 26. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício,
Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver completado 70
no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede.
(setenta) anos de idade.
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-se por
Seção IX
modalidades de remoção: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Da Reintegração
I - de ofício, no interesse da Administração; (Incluído pela Lei nº
Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no cargo 9.527/97)
anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação,
II - a pedido, a critério da Administração; (Incluído pela Lei nº 9.527,
quando invalidada a sua demissão por decisão administrativa ou judicial,
de 10.12.97)
com ressarcimento de todas as vantagens.
III - a pedido, para outra localidade, independentemente do interesse
§ 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará em
da Administração: (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e 31.
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor
§ 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante será
público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou aproveitado
Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no interesse da
em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade.
Administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Seção X
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou
Da Recondução dependente que viva às suas expensas e conste do seu assentamento
Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo funcional, condicionada à comprovação por junta médica oficial; (Incluído
anteriormente ocupado e decorrerá de: pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo; c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em que o
II - reintegração do anterior ocupante. número de interessados for superior ao número de vagas, de acordo com
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem, o normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam
servidor será aproveitado em outro, observado o disposto no art. 30. lotados.(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Seção XI Seção II
Da Disponibilidade e do Aproveitamento Da Redistribuição
Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade far-se-á Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimento
mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribuições e efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal, para
vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado. outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia apreciação do
Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil determinará o órgão central do SIPEC, observados os seguintes preceitos: (Redação
imediato aproveitamento de servidor em disponibilidade em vaga que vier dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
a ocorrer nos órgãos ou entidades da Administração Pública Federal. I - interesse da administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de
Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o do art. 37, o servidor 10.12.97)
posto em disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do II - equivalência de vencimentos; (Incluído pela Lei nº 9.527, de
órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal - 10.12.97)
SIPEC, até o seu adequado aproveitamento em outro órgão ou entidade. III - manutenção da essência das atribuições do cargo; (Incluído pela
(Parágrafo incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e complexidade
disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo legal, salvo das atividades; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
doença comprovada por junta médica oficial. V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação
Capítulo II profissional; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Da Vacância VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalidades
Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de: institucionais do órgão ou entidade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de
10.12.97)
I - exoneração;
§ 1o A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento de lotação e
II - demissão;
da força de trabalho às necessidades dos serviços, inclusive nos casos de
III - promoção; reorganização, extinção ou criação de órgão ou entidade. (Incluído pela
IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Lei nº 9.527, de 10.12.97)
V - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Legislação 3

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APOSTILAS OPÇÃO
§ 2o A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará mediante ato ausências justificadas, ressalvadas as concessões de que trata o art. 97, e
conjunto entre o órgão central do SIPEC e os órgãos e entidades da saídas antecipadas, salvo na hipótese de compensação de horário, até o
Administração Pública Federal envolvidos. (Incluído pela Lei nº 9.527, de mês subsequente ao da ocorrência, a ser estabelecida pela chefia
10.12.97) imediata. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3o Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou entidade, Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes de caso fortuito ou
extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no órgão ou entidade, o de força maior poderão ser compensadas a critério da chefia imediata,
servidor estável que não for redistribuído será colocado em sendo assim consideradas como efetivo exercício. (Incluído pela Lei nº
disponibilidade, até seu aproveitamento na forma dos arts. 30 e 31. 9.527, de 10.12.97)
(Parágrafo renumerado e alterado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, nenhum
§ 4o O servidor que não for redistribuído ou colocado em desconto incidirá sobre a remuneração ou provento. (Regulamento)
disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão central Parágrafo único. Mediante autorização do servidor, poderá haver
do SIPEC, e ter exercício provisório, em outro órgão ou entidade, até seu consignação em folha de pagamento a favor de terceiros, a critério da
adequado aproveitamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) administração e com reposição de custos, na forma definida em
Capítulo IV regulamento.
Da Substituição Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atualizadas até 30 de
Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de direção ou junho de 1994, serão previamente comunicadas ao servidor ativo,
chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão substitutos aposentado ou ao pensionista, para pagamento, no prazo máximo de
indicados no regimento interno ou, no caso de omissão, previamente trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do interessado. (Redação
designados pelo dirigente máximo do órgão ou entidade. (Redação dada dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 1o O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao
§ 1o O substituto assumirá automática e cumulativamente, sem correspondente a dez por cento da remuneração, provento ou pensão.
prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do cargo ou função de direção ou (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
chefia e os de Natureza Especial, nos afastamentos, impedimentos legais § 2o Quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês anterior
ou regulamentares do titular e na vacância do cargo, hipóteses em que ao do processamento da folha, a reposição será feita imediatamente, em
deverá optar pela remuneração de um deles durante o respectivo período. uma única parcela. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 45/2001)
§ 2o O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do cargo ou § 3o Na hipótese de valores recebidos em decorrência de
função de direção ou chefia ou de cargo de Natureza Especial, nos casos cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a sentença que
dos afastamentos ou impedimentos legais do titular, superiores a trinta venha a ser revogada ou rescindida, serão eles atualizados até a data da
dias consecutivos, paga na proporção dos dias de efetiva substituição, que reposição. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
excederem o referido período. (Redação dada pela Lei nº 9.527/97) 4.9.2001)
Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos titulares de Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for demitido,
unidades administrativas organizadas em nível de assessoria. exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou disponibilidade cassada,
Título III terá o prazo de sessenta dias para quitar o débito. (Redação dada pela
Dos Direitos e Vantagens Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Capítulo I Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo previsto implicará
sua inscrição em dívida ativa. (Redação dada pela Medida Provisória nº
Do Vencimento e da Remuneração
2.225-45, de 4.9.2001)
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo
Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não serão objeto
público, com valor fixado em lei.
de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de prestação de
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das alimentos resultante de decisão judicial.
vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei.
Capítulo II
§ 1o A remuneração do servidor investido em função ou cargo em
comissão será paga na forma prevista no art. 62. Das Vantagens
Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as
§ 2o O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou
seguintes vantagens:
entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração de acordo
com o estabelecido no § 1o do art. 93. I - indenizações;
§ 3o O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de II - gratificações;
caráter permanente, é irredutível. III - adicionais.
§ 4o É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de § 1o As indenizações não se incorporam ao vencimento ou provento
atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre servidores para qualquer efeito.
dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter individual e as § 2o As gratificações e os adicionais incorporam-se ao vencimento ou
relativas à natureza ou ao local de trabalho. provento, nos casos e condições indicados em lei.
§ 5o Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao salário Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão computadas, nem
mínimo. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer outros acréscimos
Art. 42. Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a título de pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fundamento.
remuneração, importância superior à soma dos valores percebidos como Seção I
remuneração, em espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos Das Indenizações
Poderes, pelos Ministros de Estado, por membros do Congresso Nacional Art. 51. Constituem indenizações ao servidor:
e Ministros do Supremo Tribunal Federal. I - ajuda de custo;
Parágrafo único. Excluem-se do teto de remuneração as vantagens II - diárias;
previstas nos incisos II a VII do art. 61.
III - transporte.
Art. 43. (Revogado pela Lei nº 9.624, de 2.4.98)
IV - auxílio-moradia.(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Art. 44. O servidor perderá: Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos incisos I a III
I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem motivo do art. 51, assim como as condições para a sua concessão, serão
justificado; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) estabelecidos em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 11.355, de
II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos atrasos, 2006)

Legislação 4

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APOSTILAS OPÇÃO
Subseção I com meio de hospedagem administrado por empresa hoteleira, no prazo
Da Ajuda de Custo de um mês após a comprovação da despesa pelo servidor. (Incluído pela
Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas de Lei nº 11.355, de 2006)
instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar a ter exercício Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se atendidos os
em nova sede, com mudança de domicílio em caráter permanente, vedado seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
o duplo pagamento de indenização, a qualquer tempo, no caso de o I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servidor;
cônjuge ou companheiro que detenha também a condição de servidor, vier (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
a ter exercício na mesma sede. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel funcional;
10.12.97)
(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
§ 1o Correm por conta da administração as despesas de transporte
do servidor e de sua família, compreendendo passagem, bagagem e bens III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou tenha sido
pessoais. proprietário, promitente comprador, cessionário ou promitente cessionário
de imóvel no Município aonde for exercer o cargo, incluída a hipótese de
§ 2o À família do servidor que falecer na nova sede são assegurados
lote edificado sem averbação de construção, nos doze meses que
ajuda de custo e transporte para a localidade de origem, dentro do prazo
antecederem a sua nomeação; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
de 1 (um) ano, contado do óbito.
Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração do IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba auxílio-
servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo exceder a moradia; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
importância correspondente a 3 (três) meses. V - o servidor tenha se mudado do local de residência para ocupar
Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se afastar cargo em comissão ou função de confiança do Grupo-Direção e
do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo. Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Especial,
Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não sendo de Ministro de Estado ou equivalentes; (Incluído pela Lei nº 11.355, de
servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, com mudança 2006)
de domicílio. VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou função de
Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I do art. 93, a confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, § 3o, em relação ao
ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, quando cabível. local de residência ou domicílio do servidor; (Incluído pela Lei nº 11.355,
Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo quando, de 2006)
injustificadamente, não se apresentar na nova sede no prazo de 30 (trinta) VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido no
dias. Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo em
Subseção II comissão ou função de confiança, desconsiderando-se prazo inferior a
Das Diárias sessenta dias dentro desse período; e (Incluído pela Lei nº 11.355, de
2006)
Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter
eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou para o VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração de lotação
exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas a indenizar as parcelas ou nomeação para cargo efetivo. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
de despesas extraordinária com pousada, alimentação e locomoção IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006.
urbana, conforme dispuser em regulamento. (Redação dada pela Lei nº (Incluído pela Lei nº 11.490, de 2007)
9.527, de 10.12.97) Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será considerado o prazo
§ 1o A diária será concedida por dia de afastamento, sendo devida no qual o servidor estava ocupando outro cargo em comissão relacionado
pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite fora da sede, ou no inciso V. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
quando a União custear, por meio diverso, as despesas extraordinárias
Art. 60-C. O auxílio-moradia não será concedido por prazo superior a
cobertas por diárias.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
8 (oito) anos dentro de cada período de 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei
§ 2o Nos casos em que o deslocamento da sede constituir exigência nº 11.784, de 2008
permanente do cargo, o servidor não fará jus a diárias.
Parágrafo único. Transcorrido o prazo de 8 (oito) anos dentro de cada
§ 3o Também não fará jus a diárias o servidor que se deslocar dentro
período de 12 (doze) anos, o pagamento somente será retomado se
da mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião,
observados, além do disposto no caput deste artigo, os requisitos do caput
constituídas por municípios limítrofes e regularmente instituídas, ou em
do art. 60-B desta Lei, não se aplicando, no caso, o parágrafo único do
áreas de controle integrado mantidas com países limítrofes, cuja jurisdição
citado art. 60-B. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
e competência dos órgãos, entidades e servidores brasileiros considera-se
estendida, salvo se houver pernoite fora da sede, hipóteses em que as Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a 25% (vinte e
diárias pagas serão sempre as fixadas para os afastamentos dentro do cinco por cento) do valor do cargo em comissão, função comissionada ou
território nacional. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) cargo de Ministro de Estado ocupado. (Incluído pela Lei nº 11.784, de
Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar da sede, por 2008
qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integralmente, no prazo de 5 § 1o O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25% (vinte e
(cinco) dias. cinco por cento) da remuneração de Ministro de Estado. (Incluído pela Lei
Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede em prazo nº 11.784, de 2008
menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as diárias § 2o Independentemente do valor do cargo em comissão ou função
recebidas em excesso, no prazo previsto no caput. comissionada, fica garantido a todos os que preencherem os requisitos o
Subseção III ressarcimento até o valor de R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais). (Incluído
pela Lei nº 11.784, de 2008
Da Indenização de Transporte
Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, colocação de imóvel
Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor que funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel, o auxílio-
realizar despesas com a utilização de meio próprio de locomoção para a moradia continuará sendo pago por um mês. (Incluído pela Lei nº 11.355,
execução de serviços externos, por força das atribuições próprias do de 2006)
cargo, conforme se dispuser em regulamento.
Seção II
Subseção IV
Das Gratificações e Adicionais
Do Auxílio-Moradia
Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas nesta Lei,
(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
serão deferidos aos servidores as seguintes retribuições, gratificações e
Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das despesas adicionais: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel de moradia ou

Legislação 5

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APOSTILAS OPÇÃO
I - retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será afastada,
assessoramento; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais previstos
II - gratificação natalina; neste artigo, exercendo suas atividades em local salubre e em serviço não
III - (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) penoso e não perigoso.
IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades penosas, de
penosas; insalubridade e de periculosidade, serão observadas as situações
estabelecidas em legislação específica.
V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos servidores
VI - adicional noturno; em exercício em zonas de fronteira ou em localidades cujas condições de
VII - adicional de férias; vida o justifiquem, nos termos, condições e limites fixados em
VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho. regulamento.
IX - gratificação por encargo de curso ou concurso. (Incluído pela Lei Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que operam com Raios
nº 11.314 de 2006) X ou substâncias radioativas serão mantidos sob controle permanente, de
Subseção I modo que as doses de radiação ionizante não ultrapassem o nível máximo
Da Retribuição pelo Exercício de Função de Direção, Chefia e previsto na legislação própria.
Assessoramento (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo serão
Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em função de submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses.
direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento em comissão ou Subseção V
de Natureza Especial é devida retribuição pelo seu exercício.(Redação Do Adicional por Serviço Extraordinário
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com acréscimo de
Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remuneração dos 50% (cinquenta por cento) em relação à hora normal de trabalho.
cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9o. (Redação dada Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário para atender a
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite máximo de 2
Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal Nominalmente (duas) horas por jornada.
Identificada - VPNI a incorporação da retribuição pelo exercício de função Subseção VI
de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento em comissão Do Adicional Noturno
ou de Natureza Especial a que se referem os arts. 3º e 10 da Lei no 8.911, Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre
de 11 de julho de 1994, e o art. 3o da Lei no 9.624, de 2 de abril de 1998. 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do dia seguinte, terá o
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por cento), computando-se
Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste artigo somente cada hora como cinquenta e dois minutos e trinta segundos.
estará sujeita às revisões gerais de remuneração dos servidores públicos Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordinário, o
federais. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a remuneração prevista
Subseção II no art. 73.
Da Gratificação Natalina Subseção VII
Do Adicional de Férias
Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze avos) da
Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago ao servidor, por
remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por mês de
ocasião das férias, um adicional correspondente a 1/3 (um terço) da
exercício no respectivo ano.
remuneração do período das férias.
Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias será
Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função de direção,
considerada como mês integral.
chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva
Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês de vantagem será considerada no cálculo do adicional de que trata este
dezembro de cada ano. artigo.
Parágrafo único. (VETADO). Subseção VIII
Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua gratificação natalina, Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
proporcionalmente aos meses de exercício, calculada sobre a (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
remuneração do mês da exoneração. Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso é devida
Art. 66. A gratificação natalina não será considerada para cálculo de ao servidor que, em caráter eventual: (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
qualquer vantagem pecuniária. I - atuar como instrutor em curso de formação, de desenvolvimento ou
Subseção III de treinamento regularmente instituído no âmbito da administração pública
Do Adicional por Tempo de Serviço federal; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Art. 67. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001, II - participar de banca examinadora ou de comissão para exames
respeitadas as situações constituídas até 8.3.1999) orais, para análise curricular, para correção de provas discursivas, para
elaboração de questões de provas ou para julgamento de recursos
Subseção IV
intentados por candidatos; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Dos Adicionais de Insalubridade,
III - participar da logística de preparação e de realização de concurso
Periculosidade ou Atividades Penosas
público envolvendo atividades de planejamento, coordenação, supervisão,
Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade em locais execução e avaliação de resultado, quando tais atividades não estiverem
insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxicas, incluídas entre as suas atribuições permanentes; (Incluído pela Lei nº
radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um adicional sobre o 11.314 de 2006)
vencimento do cargo efetivo.
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exame
§ 1o O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e de vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas atividades.
periculosidade deverá optar por um deles. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
§ 2o O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade cessa § 1o Os critérios de concessão e os limites da gratificação de que
com a eliminação das condições ou dos riscos que deram causa a sua trata este artigo serão fixados em regulamento, observados os seguintes
concessão. parâmetros: (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de servidores em I - o valor da gratificação será calculado em horas, observadas a
operações ou locais considerados penosos, insalubres ou perigosos. natureza e a complexidade da atividade exercida; (Incluído pela Lei nº
11.314 de 2006)
Legislação 6

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APOSTILAS OPÇÃO
II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente a 120 (cento e Seção I
vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada situação de excepcionalidade, Disposições Gerais
devidamente justificada e previamente aprovada pela autoridade máxima
Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:
do órgão ou entidade, que poderá autorizar o acréscimo de até 120 (cento
e vinte) horas de trabalho anuais; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) I - por motivo de doença em pessoa da família;
III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá aos seguintes II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
percentuais, incidentes sobre o maior vencimento básico da administração III - para o serviço militar;
pública federal: (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
IV - para atividade política;
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se tratando de
V - para capacitação; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
atividades previstas nos incisos I e II do caput deste artigo; (Redação dada
pela Lei nº 11.501, de 2007) VI - para tratar de interesses particulares;
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se tratando de VII - para desempenho de mandato classista.
atividade prevista nos incisos III e IV do caput deste artigo. (Redação dada § 1o A licença prevista no inciso I do caput deste artigo bem como
pela Lei nº 11.501, de 2007) cada uma de suas prorrogações serão precedidas de exame por perícia
§ 2o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso somente será médica oficial, observado o disposto no art. 204 desta Lei. (Redação dada
paga se as atividades referidas nos incisos do caput deste artigo forem pela Lei nº 11.907, de 2009)
exercidas sem prejuízo das atribuições do cargo de que o servidor for § 2o (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
titular, devendo ser objeto de compensação de carga horária quando
desempenhadas durante a jornada de trabalho, na forma do § 4o do art. § 3o É vedado o exercício de atividade remunerada durante o período
98 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) da licença prevista no inciso I deste artigo.
§ 3o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso não se Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias do término
incorpora ao vencimento ou salário do servidor para qualquer efeito e não de outra da mesma espécie será considerada como prorrogação.
poderá ser utilizada como base de cálculo para quaisquer outras Seção II
vantagens, inclusive para fins de cálculo dos proventos da aposentadoria Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família
e das pensões. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de
Capítulo III doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padrasto ou
Das Férias madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas e conste
Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que podem ser do seu assentamento funcional, mediante comprovação por perícia
acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso de necessidade do médica oficial. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação específica. § 1o A licença somente será deferida se a assistência direta do
(Redação dada pela Lei nº 9.525, de 10.12.97) (Férias de Ministro - Vide) servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamente com
§ 1o Para o primeiro período aquisitivo de férias serão exigidos 12 o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, na forma do
(doze) meses de exercício. disposto no inciso II do art. 44. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
§ 2o É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço. 10.12.97)
§ 3o As férias poderão ser parceladas em até três etapas, desde que § 2o A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações, poderá
assim requeridas pelo servidor, e no interesse da administração pública. ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes condições:
(Incluído pela Lei nº 9.525, de 10.12.97) (Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010)
Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será efetuado até 2 I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a
(dois) dias antes do início do respectivo período, observando-se o disposto remuneração do servidor; e (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
no § 1o deste artigo. Férias de Ministro - Vide) II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remuneração.
§ 1° e § 2° (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
§ 3o O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão, § 3o O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a partir
perceberá indenização relativa ao período das férias a que tiver direito e da data do deferimento da primeira licença concedida. (Incluído pela Lei nº
ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês de efetivo 12.269, de 2010)
exercício, ou fração superior a quatorze dias. (Incluído pela Lei nº 8.216, § 4o A soma das licenças remuneradas e das licenças não
de 13.8.91) remuneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em um
§ 4o A indenização será calculada com base na remuneração do mês mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no § 3o, não
em que for publicado o ato exoneratório. (Incluído pela Lei nº 8.216, de poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e II do § 2o.
13.8.91) (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
§ 5o Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor adicional Seção III
previsto no inciso XVII do art. 7o da Constituição Federal quando da Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge
utilização do primeiro período. (Incluído pela Lei nº 9.525, de 10.12.97) Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para acompanhar
Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemente com Raios X cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outro ponto do território
ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) dias consecutivos de férias, nacional, para o exterior ou para o exercício de mandato eletivo dos
por semestre de atividade profissional, proibida em qualquer hipótese a Poderes Executivo e Legislativo.
acumulação. § 1o A licença será por prazo indeterminado e sem remuneração.
Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas por motivo de § 2o No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou companheiro
calamidade pública, comoção interna, convocação para júri, serviço militar também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer dos Poderes da
ou eleitoral, ou por necessidade do serviço declarada pela autoridade União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, poderá haver
máxima do órgão ou entidade.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de exercício provisório em órgão ou entidade da Administração Federal
10.12.97) direta, autárquica ou fundacional, desde que para o exercício de atividade
Parágrafo único. O restante do período interrompido será gozado de compatível com o seu cargo. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
uma só vez, observado o disposto no art. 77. (Incluído pela Lei nº 9.527, 10.12.97)
de 10.12.97) Seção IV
Capítulo IV Da Licença para o Serviço Militar
Das Licenças Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar será concedida

Legislação 7

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licença, na forma e condições previstas na legislação específica. Dos Afastamentos
Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá até 30 Seção I
(trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício do cargo. Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou Entidade
Seção V Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício em outro
Da Licença para Atividade Política órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, ou do Distrito
Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração, durante o Federal e dos Municípios, nas seguintes hipóteses: (Redação dada pela
período que mediar entre a sua escolha em convenção partidária, como Lei nº 8.270, de 17.12.91)
candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro de sua candidatura I - para exercício de cargo em comissão ou função de confiança;
perante a Justiça Eleitoral. (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
§ 1o O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde II - em casos previstos em leis específicas.(Redação dada pela Lei nº
desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia, 8.270, de 17.12.91)
assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a partir § 1o Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para órgãos ou
do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a Justiça entidades dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, o ônus da
Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito. (Redação dada pela Lei remuneração será do órgão ou entidade cessionária, mantido o ônus para
nº 9.527, de 10.12.97) o cedente nos demais casos. (Redação dada pela Lei nº 8.270, de
§ 2o A partir do registro da candidatura e até o décimo dia seguinte ao 17.12.91)
da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os vencimentos do § 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública ou sociedade
cargo efetivo, somente pelo período de três meses. (Redação dada pela de economia mista, nos termos das respectivas normas, optar pela
Lei nº 9.527, de 10.12.97) remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração do cargo efetivo
Seção VI acrescida de percentual da retribuição do cargo em comissão, a entidade
Da Licença para Capacitação cessionária efetuará o reembolso das despesas realizadas pelo órgão ou
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) entidade de origem. (Redação dada pela Lei nº 11.355, de 2006)
Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o servidor poderá, § 3o A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no Diário Oficial
no interesse da Administração, afastar-se do exercício do cargo efetivo, da União. (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
com a respectiva remuneração, por até três meses, para participar de § 4o Mediante autorização expressa do Presidente da República, o
curso de capacitação profissional. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de servidor do Poder Executivo poderá ter exercício em outro órgão da
10.12.97) Administração Federal direta que não tenha quadro próprio de pessoal,
Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata o caput não são para fim determinado e a prazo certo. (Incluído pela Lei nº 8.270, de
acumuláveis.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 17.12.91)
Art. 88. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 5º Aplica-se à União, em se tratando de empregado ou servidor por
Art. 89. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ela requisitado, as disposições dos §§ 1º e 2º deste artigo. (Redação dada
pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002)
Art. 90. (VETADO).
§ 6º As cessões de empregados de empresa pública ou de sociedade
Seção VII de economia mista, que receba recursos de Tesouro Nacional para o
Da Licença para Tratar de Interesses Particulares custeio total ou parcial da sua folha de pagamento de pessoal,
Art. 91. A critério da Administração, poderão ser concedidas ao independem das disposições contidas nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste
servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em estágio artigo, ficando o exercício do empregado cedido condicionado a
probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo prazo de até autorização específica do Ministério do Planejamento, Orçamento e
três anos consecutivos, sem remuneração. (Redação dada pela Medida Gestão, exceto nos casos de ocupação de cargo em comissão ou função
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) gratificada. (Incluído pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002)
Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a qualquer tempo, § 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, com a
a pedido do servidor ou no interesse do serviço. (Redação dada pela finalidade de promover a composição da força de trabalho dos órgãos e
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) entidades da Administração Pública Federal, poderá determinar a lotação
Seção VIII ou o exercício de empregado ou servidor, independentemente da
Da Licença para o Desempenho de Mandato Classista observância do constante no inciso I e nos §§ 1º e 2º deste artigo.
(Incluído pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002) (Vide Decreto nº 5.375, de
Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem remuneração
2005)
para o desempenho de mandato em confederação, federação, associação
de classe de âmbito nacional, sindicato representativo da categoria ou Seção II
entidade fiscalizadora da profissão ou, ainda, para participar de gerência Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo
ou administração em sociedade cooperativa constituída por servidores Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam-se as
públicos para prestar serviços a seus membros, observado o disposto na seguintes disposições:
alínea c do inciso VIII do art. 102 desta Lei, conforme disposto em I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará
regulamento e observados os seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº afastado do cargo;
11.094, de 2005)
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, sendo-
I - para entidades com até 5.000 associados, um servidor; (Inciso
lhe facultado optar pela sua remuneração;
incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
III - investido no mandato de vereador:
II - para entidades com 5.001 a 30.000 associados, dois servidores;
(Inciso incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vantagens de
seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo;
III - para entidades com mais de 30.000 associados, três servidores.
(Inciso incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado do cargo,
sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração.
§ 1o Somente poderão ser licenciados servidores eleitos para cargos
de direção ou representação nas referidas entidades, desde que § 1o No caso de afastamento do cargo, o servidor contribuirá para a
cadastradas no Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado. seguridade social como se em exercício estivesse.
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 2o O servidor investido em mandato eletivo ou classista não poderá
§ 2° A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser ser removido ou redistribuído de ofício para localidade diversa daquela
prorrogada, no caso de reeleição, e por uma única vez. onde exerce o mandato.
Capítulo V Seção III

Legislação 8

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Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-se do
Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País para estudo ou serviço:
missão oficial, sem autorização do Presidente da República, Presidente I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
dos Órgãos do Poder Legislativo e Presidente do Supremo Tribunal II - por 2 (dois) dias, para se alistar como eleitor;
Federal. III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de :
§ 1o A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a missão ou a) casamento;
estudo, somente decorrido igual período, será permitida nova ausência. b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou padrasto,
§ 2o Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo não será filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos.
concedida exoneração ou licença para tratar de interesse particular antes Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor estudante,
de decorrido período igual ao do afastamento, ressalvada a hipótese de quando comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar e o da
ressarcimento da despesa havida com seu afastamento. repartição, sem prejuízo do exercício do cargo.
§ 3o O disposto neste artigo não se aplica aos servidores da carreira § 1o Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a compensação
diplomática. de horário no órgão ou entidade que tiver exercício, respeitada a duração
§ 4o As hipóteses, condições e formas para a autorização de que semanal do trabalho. (Parágrafo renumerado e alterado pela Lei nº 9.527,
trata este artigo, inclusive no que se refere à remuneração do servidor, de 10.12.97)
serão disciplinadas em regulamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de § 2o Também será concedido horário especial ao servidor portador de
10.12.97) deficiência, quando comprovada a necessidade por junta médica oficial,
Art. 96. O afastamento de servidor para servir em organismo independentemente de compensação de horário. (Incluído pela Lei nº
internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere dar-se-á 9.527, de 10.12.97)
com perda total da remuneração. (Vide Decreto nº 3.456, de 2000) § 3o As disposições do parágrafo anterior são extensivas ao servidor
Seção IV que tenha cônjuge, filho ou dependente portador de deficiência física,
Do Afastamento para Participação em Programa de Pós-Graduação exigindo-se, porém, neste caso, compensação de horário na forma do
Stricto Sensu no País inciso II do art. 44. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da Administração, e desde § 4o Será igualmente concedido horário especial, vinculado à
que a participação não possa ocorrer simultaneamente com o exercício do compensação de horário a ser efetivada no prazo de até 1 (um) ano, ao
cargo ou mediante compensação de horário, afastar-se do exercício do servidor que desempenhe atividade prevista nos incisos I e II do caput do
cargo efetivo, com a respectiva remuneração, para participar em programa art. 76-A desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007)
de pós-graduação stricto sensu em instituição de ensino superior no País. Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse da
(Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) administração é assegurada, na localidade da nova residência ou na mais
§ 1o Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade definirá, em próxima, matrícula em instituição de ensino congênere, em qualquer
conformidade com a legislação vigente, os programas de capacitação e os época, independentemente de vaga.
critérios para participação em programas de pós-graduação no País, com Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao cônjuge ou
ou sem afastamento do servidor, que serão avaliados por um comitê companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor que vivam na sua
constituído para este fim. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) companhia, bem como aos menores sob sua guarda, com autorização
§ 2o Os afastamentos para realização de programas de mestrado e judicial.
doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares de cargos Capítulo VII
efetivos no respectivo órgão ou entidade há pelo menos 3 (três) anos para Do Tempo de Serviço
mestrado e 4 (quatro) anos para doutorado, incluído o período de estágio Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de serviço público
probatório, que não tenham se afastado por licença para tratar de federal, inclusive o prestado às Forças Armadas.
assuntos particulares para gozo de licença capacitação ou com Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita em dias, que
fundamento neste artigo nos 2 (dois) anos anteriores à data da solicitação serão convertidos em anos, considerado o ano como de trezentos e
de afastamento. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) sessenta e cinco dias.
§ 3o Os afastamentos para realização de programas de pós- Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no art. 97, são
doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares de cargos considerados como de efetivo exercício os afastamentos em virtude de:
efetivo no respectivo órgão ou entidade há pelo menos quatro anos, I - férias;
incluído o período de estágio probatório, e que não tenham se afastado
por licença para tratar de assuntos particulares ou com fundamento neste II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em órgão ou
artigo, nos quatro anos anteriores à data da solicitação de afastamento. entidade dos Poderes da União, dos Estados, Municípios e Distrito
(Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010) Federal;
§ 4o Os servidores beneficiados pelos afastamentos previstos nos §§ III - exercício de cargo ou função de governo ou administração, em
1o, 2o e 3o deste artigo terão que permanecer no exercício de suas qualquer parte do território nacional, por nomeação do Presidente da
funções após o seu retorno por um período igual ao do afastamento República;
concedido. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) IV - participação em programa de treinamento regularmente instituído
§ 5o Caso o servidor venha a solicitar exoneração do cargo ou ou em programa de pós-graduação stricto sensu no País, conforme
aposentadoria, antes de cumprido o período de permanência previsto no § dispuser o regulamento; (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
4o deste artigo, deverá ressarcir o órgão ou entidade, na forma do art. 47 V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, municipal ou do
da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, dos gastos com seu Distrito Federal, exceto para promoção por merecimento;
aperfeiçoamento. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
§ 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau que justificou seu VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o afastamento,
afastamento no período previsto, aplica-se o disposto no § 5o deste artigo, conforme dispuser o regulamento; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
salvo na hipótese comprovada de força maior ou de caso fortuito, a critério 10.12.97)
do dirigente máximo do órgão ou entidade. (Incluído pela Lei nº 11.907, de VIII - licença:
2009)
a) à gestante, à adotante e à paternidade;
§ 7o Aplica-se à participação em programa de pós-graduação no
b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte e quatro
Exterior, autorizado nos termos do art. 95 desta Lei, o disposto nos §§ 1o
meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço público prestado à
a 6o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
União, em cargo de provimento efetivo; (Redação dada pela Lei nº 9.527,
Capítulo VI de 10.12.97)
Das Concessões
Legislação 9

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c) para o desempenho de mandato classista ou participação de Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo, a juízo
gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída por da autoridade competente.
servidores para prestar serviços a seus membros, exceto para efeito de Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de reconsideração
promoção por merecimento; (Redação dada pela Lei nº 11.094, de 2005) ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do ato impugnado.
d) por motivo de acidente em serviço ou doença profissional; Art. 110. O direito de requerer prescreve:
e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento; (Redação I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de cassação de
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse patrimonial e
f) por convocação para o serviço militar; créditos resultantes das relações de trabalho;
IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18; II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo quando outro
X - participação em competição desportiva nacional ou convocação prazo for fixado em lei.
para integrar representação desportiva nacional, no País ou no exterior, Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado da data da
conforme disposto em lei específica; publicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo interessado,
XI - afastamento para servir em organismo internacional de que o quando o ato não for publicado.
Brasil participe ou com o qual coopere. (Incluído pela Lei nº 9.527, de Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso, quando cabíveis,
10.12.97) interrompem a prescrição.
Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não podendo ser relevada
disponibilidade: pela administração.
I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, Municípios e Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é assegurada vista do
Distrito Federal; processo ou documento, na repartição, ao servidor ou a procurador por ele
II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da família do constituído.
servidor, com remuneração, que exceder a 30 (trinta) dias em período de Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a qualquer tempo,
12 (doze) meses. (Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010) quando eivados de ilegalidade.
III - a licença para atividade política, no caso do art. 86, § 2o; Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos neste
IV - o tempo correspondente ao desempenho de mandato eletivo Capítulo, salvo motivo de força maior.
federal, estadual, municipal ou distrital, anterior ao ingresso no serviço Título IV
público federal; Do Regime Disciplinar
V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à Previdência Capítulo I
Social;
Dos Deveres
VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
Art. 116. São deveres do servidor:
VII - o tempo de licença para tratamento da própria saúde que
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
exceder o prazo a que se refere a alínea "b" do inciso VIII do art. 102.
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) II - ser leal às instituições a que servir;
§ 1o O tempo em que o servidor esteve aposentado será contado III - observar as normas legais e regulamentares;
apenas para nova aposentadoria. IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente
§ 2o Será contado em dobro o tempo de serviço prestado às Forças ilegais;
Armadas em operações de guerra. V - atender com presteza:
§ 3o É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço prestado a) ao público em geral, prestando as informações requeridas,
concomitantemente em mais de um cargo ou função de órgão ou ressalvadas as protegidas por sigilo;
entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito Federal e Município, b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou
autarquia, fundação pública, sociedade de economia mista e empresa esclarecimento de situações de interesse pessoal;
pública. c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
Capítulo VIII VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo ao
Do Direito de Petição conhecimento da autoridade superior ou, quando houver suspeita de
Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de requerer aos Poderes envolvimento desta, ao conhecimento de outra autoridade competente
Públicos, em defesa de direito ou interesse legítimo. para apuração; (Redação dada pela Lei nº 12.527, de 2011)
Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade competente para VII - zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio
decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que estiver público;
imediatamente subordinado o requerente. VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade que houver IX - manter conduta compatível com a moralidade administrativa;
expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não podendo ser X - ser assíduo e pontual ao serviço;
renovado.
XI - tratar com urbanidade as pessoas;
Parágrafo único. O requerimento e o pedido de reconsideração de
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.
que tratam os artigos anteriores deverão ser despachados no prazo de 5
(cinco) dias e decididos dentro de 30 (trinta) dias. Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII será
encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade superior
Art. 107. Caberá recurso:
àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao representando
I - do indeferimento do pedido de reconsideração; ampla defesa.
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos. Capítulo II
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade imediatamente superior à Das Proibições
que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e, sucessivamente, em
Art. 117. Ao servidor é proibido: (Vide Medida Provisória nº 2.225-45,
escala ascendente, às demais autoridades.
de 4.9.2001)
§ 2o O recurso será encaminhado por intermédio da autoridade a que
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia
estiver imediatamente subordinado o requerente.
autorização do chefe imediato;
Art. 108. O prazo para interposição de pedido de reconsideração ou
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer
de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da publicação ou da ciência, pelo
documento ou objeto da repartição;
interessado, da decisão recorrida.
III - recusar fé a documentos públicos;

Legislação 10

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APOSTILAS OPÇÃO
IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento e controladas, bem como quaisquer empresas ou entidades em que a
processo ou execução de serviço; União, direta ou indiretamente, detenha participação no capital social,
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da observado o que, a respeito, dispuser legislação específica. (Redação
repartição; dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumular
em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo de provimento
de seu subordinado; em comissão, ficará afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a hipótese em que houver compatibilidade de horário e local com o exercício
associação profissional ou sindical, ou a partido político; de um deles, declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou
entidades envolvidos.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de
confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil; Capítulo IV
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em Das Responsabilidades
detrimento da dignidade da função pública; Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo
X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, exercício irregular de suas atribuições.
personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou
qualidade de acionista, cotista ou comanditário; (Redação dada pela Lei nº comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a
11.784, de 2008 terceiros.
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições § 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário
públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta de outros
assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou bens que assegurem a execução do débito pela via judicial.
companheiro; § 2o Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o servidor
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer perante a Fazenda Pública, em ação regressiva.
espécie, em razão de suas atribuições; § 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro; contra eles será executada, até o limite do valor da herança recebida.
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e
XV - proceder de forma desidiosa; contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato
ou atividades particulares; omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou função.
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-
ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias; se, sendo independentes entre si.
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada
exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho; no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua
autoria.
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado.
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil, penal
ou administrativamente por dar ciência à autoridade superior ou, quando
Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput deste houver suspeita de envolvimento desta, a outra autoridade competente
artigo não se aplica nos seguintes casos: (Incluído pela Lei nº 11.784, de para apuração de informação concernente à prática de crimes ou
2008 improbidade de que tenha conhecimento, ainda que em decorrência do
I - participação nos conselhos de administração e fiscal de empresas exercício de cargo, emprego ou função pública. (Incluído pela Lei nº
ou entidades em que a União detenha, direta ou indiretamente, 12.527, de 2011)
participação no capital social ou em sociedade cooperativa constituída Capítulo V
para prestar serviços a seus membros; e (Incluído pela Lei nº 11.784, de
2008 Das Penalidades
II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na forma Art. 127. São penalidades disciplinares:
do art. 91 desta Lei, observada a legislação sobre conflito de interesses. I - advertência;
(Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 II - suspensão;
Capítulo III III - demissão;
Da Acumulação IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é vedada V - destituição de cargo em comissão;
a acumulação remunerada de cargos públicos. VI - destituição de função comissionada.
§ 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos e Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a
funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem
sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos Estados, para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os
dos Territórios e dos Municípios. antecedentes funcionais.
§ 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada à Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade mencionará
comprovação da compatibilidade de horários. sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar. (Incluído pela
§ 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de vencimento Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de cargo ou emprego público efetivo com proventos da inatividade, salvo Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de
quando os cargos de que decorram essas remunerações forem violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de
acumuláveis na atividade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamentação ou
Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em norma interna, que não justifique imposição de penalidade mais grave.
comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do art. 9o, nem ser (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
remunerado pela participação em órgão de deliberação coletiva. (Redação Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência das
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) faltas punidas com advertência e de violação das demais proibições que
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à remuneração não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão, não podendo
devida pela participação em conselhos de administração e fiscal das exceder de 90 (noventa) dias.
empresas públicas e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e § 1o Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o servidor
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que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido a inspeção médica § 5o A opção pelo servidor até o último dia de prazo para defesa
determinada pela autoridade competente, cessando os efeitos da configurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá automaticamente
penalidade uma vez cumprida a determinação. em pedido de exoneração do outro cargo. (Incluído pela Lei nº 9.527, de
10.12.97)
§ 2o Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de § 6o Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé, aplicar-se-
suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cinquenta á a pena de demissão, destituição ou cassação de aposentadoria ou
por cento) por dia de vencimento ou remuneração, ficando o servidor disponibilidade em relação aos cargos, empregos ou funções públicas em
obrigado a permanecer em serviço. regime de acumulação ilegal, hipótese em que os órgãos ou entidades de
Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão terão seus vinculação serão comunicados. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos de § 7o O prazo para a conclusão do processo administrativo disciplinar
efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não houver, nesse submetido ao rito sumário não excederá trinta dias, contados da data de
período, praticado nova infração disciplinar. publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação
Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não surtirá efeitos por até quinze dias, quando as circunstâncias o exigirem. (Incluído pela
retroativos. Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: § 8o O procedimento sumário rege-se pelas disposições deste artigo,
observando-se, no que lhe for aplicável, subsidiariamente, as disposições
I - crime contra a administração pública; dos Títulos IV e V desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
II - abandono de cargo; Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do inativo
III - inassiduidade habitual; que houver praticado, na atividade, falta punível com a demissão.
IV - improbidade administrativa; Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido por não
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição; ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração sujeita às
VI - insubordinação grave em serviço; penalidades de suspensão e de demissão.
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este artigo, a
legítima defesa própria ou de outrem; exoneração efetuada nos termos do art. 35 será convertida em destituição
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; de cargo em comissão.
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo; Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, nos
casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a indisponibilidade
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional;
dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível.
XI - corrupção;
Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, por
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas; infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-servidor para
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos.
Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de cargos, Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público federal o
empregos ou funções públicas, a autoridade a que se refere o art. 143 servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão por
notificará o servidor, por intermédio de sua chefia imediata, para infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
apresentar opção no prazo improrrogável de dez dias, contados da data Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência intencional do
da ciência e, na hipótese de omissão, adotará procedimento sumário para servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos.
a sua apuração e regularização imediata, cujo processo administrativo
Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao serviço,
disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases:(Redação dada pela Lei nº
sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente, durante o
9.527, de 10.12.97)
período de doze meses.
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão, a
Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade
ser composta por dois servidores estáveis, e simultaneamente indicar a
habitual, também será adotado o procedimento sumário a que se refere o
autoria e a materialidade da transgressão objeto da apuração; (Incluído
art. 133, observando-se especialmente que: (Redação dada pela Lei nº
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
9.527, de 10.12.97)
II - instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e relatório;
I - a indicação da materialidade dar-se-á: (Incluído pela Lei nº 9.527,
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de 10.12.97)
III - julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa do
§ 1o A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-se-á pelo nome período de ausência intencional do servidor ao serviço superior a trinta
e matrícula do servidor, e a materialidade pela descrição dos cargos, dias; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
empregos ou funções públicas em situação de acumulação ilegal, dos
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias de falta
órgãos ou entidades de vinculação, das datas de ingresso, do horário de
ao serviço sem causa justificada, por período igual ou superior a sessenta
trabalho e do correspondente regime jurídico. (Redação dada pela Lei nº
dias interpoladamente, durante o período de doze meses; (Incluído pela
9.527, de 10.12.97)
Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2o A comissão lavrará, até três dias após a publicação do ato que a
II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará relatório
constituiu, termo de indiciação em que serão transcritas as informações de
conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, em que
que trata o parágrafo anterior, bem como promoverá a citação pessoal do
resumirá as peças principais dos autos, indicará o respectivo dispositivo
servidor indiciado, ou por intermédio de sua chefia imediata, para, no
legal, opinará, na hipótese de abandono de cargo, sobre a
prazo de cinco dias, apresentar defesa escrita, assegurando-se-lhe vista
intencionalidade da ausência ao serviço superior a trinta dias e remeterá o
do processo na repartição, observado o disposto nos arts. 163 e 164.
processo à autoridade instauradora para julgamento. (Incluído pela Lei nº
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
9.527, de 10.12.97)
§ 3o Apresentada a defesa, a comissão elaborará relatório conclusivo
Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas:
quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, em que resumirá as
peças principais dos autos, opinará sobre a licitude da acumulação em I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas do
exame, indicará o respectivo dispositivo legal e remeterá o processo à Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da
autoridade instauradora, para julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527/97) República, quando se tratar de demissão e cassação de aposentadoria ou
disponibilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder, órgão, ou
§ 4o No prazo de cinco dias, contados do recebimento do processo, a
entidade;
autoridade julgadora proferirá a sua decisão, aplicando-se, quando for o
caso, o disposto no § 3o do art. 167. (Incluído pela Lei nº 9.527, de II - pelas autoridades administrativas de hierarquia imediatamente
10.12.97) inferior àquelas mencionadas no inciso anterior quando se tratar de

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suspensão superior a 30 (trinta) dias; Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por igual
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não concluído o
respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de advertência ou de processo.
suspensão de até 30 (trinta) dias; Capítulo III
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se tratar de Do Processo Disciplinar
destituição de cargo em comissão. Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento destinado a apurar
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá: responsabilidade de servidor por infração praticada no exercício de suas
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, atribuições, ou que tenha relação com as atribuições do cargo em que se
cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em encontre investido.
comissão; Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por comissão
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; composta de três servidores estáveis designados pela autoridade
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência. competente, observado o disposto no § 3o do art. 143, que indicará,
dentre eles, o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo efetivo
§ 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se
superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior
tornou conhecido.
ao do indiciado. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às
§ 1o A Comissão terá como secretário servidor designado pelo seu
infrações disciplinares capituladas também como crime.
presidente, podendo a indicação recair em um de seus membros.
§ 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo
disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por § 2o Não poderá participar de comissão de sindicância ou de
autoridade competente. inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusado, consanguíneo ou
afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau.
§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a correr a
partir do dia em que cessar a interrupção. Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com independência e
imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucidação do fato ou
Título V
exigido pelo interesse da administração.
Do Processo Administrativo Disciplinar
Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comissões terão
Capítulo I caráter reservado.
Disposições Gerais
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes fases:
Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço
público é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão;
sindicância ou processo administrativo disciplinar, assegurada ao acusado II - inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa e
ampla defesa. relatório;
§ 1o (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005) III - julgamento.
§ 2o (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005) Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não
§ 3o A apuração de que trata o caput, por solicitação da autoridade a excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do ato que
que se refere, poderá ser promovida por autoridade de órgão ou entidade constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando
diverso daquele em que tenha ocorrido a irregularidade, mediante as circunstâncias o exigirem.
competência específica para tal finalidade, delegada em caráter § 1o Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo integral aos
permanente ou temporário pelo Presidente da República, pelos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do ponto, até a
presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e entrega do relatório final.
pelo Procurador-Geral da República, no âmbito do respectivo Poder, órgão
ou entidade, preservadas as competências para o julgamento que se § 2o As reuniões da comissão serão registradas em atas que deverão
seguir à apuração. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) detalhar as deliberações adotadas.
Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto de Seção I
apuração, desde que contenham a identificação e o endereço do Do Inquérito
denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a autenticidade. Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao princípio do
Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar evidente contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a utilização dos
infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada, por falta de meios e recursos admitidos em direito.
objeto. Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o processo disciplinar,
Art. 145. Da sindicância poderá resultar: como peça informativa da instrução.
I - arquivamento do processo; Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicância concluir
II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até 30 que a infração está capitulada como ilícito penal, a autoridade competente
(trinta) dias; encaminhará cópia dos autos ao Ministério Público, independentemente
III - instauração de processo disciplinar. da imediata instauração do processo disciplinar.
Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância não excederá Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá a tomada de
30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual período, a critério da depoimentos, acareações, investigações e diligências cabíveis,
autoridade superior. objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessário, a técnicos
Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar a e peritos, de modo a permitir a completa elucidação dos fatos.
imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) dias, de Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição processo pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e
de cargo em comissão, será obrigatória a instauração de processo reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular
disciplinar. quesitos, quando se tratar de prova pericial.
Capítulo II § 1o O presidente da comissão poderá denegar pedidos considerados
Do Afastamento Preventivo impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum interesse para o
esclarecimento dos fatos.
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor não venha a
influir na apuração da irregularidade, a autoridade instauradora do § 2o Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a
processo disciplinar poderá determinar o seu afastamento do exercício do comprovação do fato independer de conhecimento especial de perito.
cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem prejuízo da Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor mediante mandado
remuneração. expedido pelo presidente da comissão, devendo a segunda via, com o

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ciente do interessado, ser anexado aos autos. Seção II
Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público, a expedição do Do Julgamento
mandado será imediatamente comunicada ao chefe da repartição onde Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do
serve, com a indicação do dia e hora marcados para inquirição. processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão.
Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e reduzido a termo, § 1o Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da autoridade
não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito. instauradora do processo, este será encaminhado à autoridade
§ 1o As testemunhas serão inquiridas separadamente. competente, que decidirá em igual prazo.
§ 2o Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se infirmem, § 2o Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções, o
proceder-se-á à acareação entre os depoentes. julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da pena
Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão mais grave.
promoverá o interrogatório do acusado, observados os procedimentos § 3o Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação de
previstos nos arts. 157 e 158. aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá às autoridades de
§ 1o No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvido que trata o inciso I do art. 141.
separadamente, e sempre que divergirem em suas declarações sobre § 4o Reconhecida pela comissão a inocência do servidor, a
fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação entre eles. autoridade instauradora do processo determinará o seu arquivamento,
§ 2o O procurador do acusado poderá assistir ao interrogatório, bem salvo se flagrantemente contrária à prova dos autos. (Incluído pela Lei nº
como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado interferir nas 9.527, de 10.12.97)
perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém, reinquiri-las, por Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo quando
intermédio do presidente da comissão. contrário às provas dos autos.
Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do acusado, Parágrafo único. Quando o relatório da comissão contrariar as provas
a comissão proporá à autoridade competente que ele seja submetido a dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente, agravar a
exame por junta médica oficial, da qual participe pelo menos um médico penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de responsabilidade.
psiquiatra. Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a autoridade que
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será processado em determinou a instauração do processo ou outra de hierarquia superior
auto apartado e apenso ao processo principal, após a expedição do laudo declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, a
pericial. constituição de outra comissão para instauração de novo
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formulada a indiciação processo.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
do servidor, com a especificação dos fatos a ele imputados e das § 1o O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade do
respectivas provas. processo.
§ 1o O indiciado será citado por mandado expedido pelo presidente § 2o A autoridade julgadora que der causa à prescrição de que trata o
da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de 10 (dez) dias, art. 142, § 2o, será responsabilizada na forma do Capítulo IV do Título IV.
assegurando-se-lhe vista do processo na repartição. Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade julgadora
§ 2o Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e de 20 determinará o registro do fato nos assentamentos individuais do servidor.
(vinte) dias. Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como crime, o processo
§ 3o O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, para disciplinar será remetido ao Ministério Público para instauração da ação
diligências reputadas indispensáveis. penal, ficando trasladado na repartição.
§ 4o No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia da Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar só poderá
citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada, em termo ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente, após a
próprio, pelo membro da comissão que fez a citação, com a assinatura de conclusão do processo e o cumprimento da penalidade, acaso aplicada.
(2) duas testemunhas.
Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o parágrafo
Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica obrigado a único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em demissão, se for o caso.
comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado.
Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias:
Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabido, será
I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora da sede de
citado por edital, publicado no Diário Oficial da União e em jornal de
sua repartição, na condição de testemunha, denunciado ou indiciado;
grande circulação na localidade do último domicílio conhecido, para
apresentar defesa. II - aos membros da comissão e ao secretário, quando obrigados a se
deslocarem da sede dos trabalhos para a realização de missão essencial
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa será
ao esclarecimento dos fatos.
de 15 (quinze) dias a partir da última publicação do edital.
Seção III
Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente citado,
não apresentar defesa no prazo legal. Da Revisão do Processo
§ 1o A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo e Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer tempo,
devolverá o prazo para a defesa. a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou circunstâncias
§ 2o Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora do suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a inadequação da
penalidade aplicada.
processo designará um servidor como defensor dativo, que deverá ser
ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de § 1o Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do
escolaridade igual ou superior ao do indiciado. (Redação dada pela Lei nº servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão do
9.527, de 10.12.97) processo.
Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório § 2o No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão será
minucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e mencionará as requerida pelo respectivo curador.
provas em que se baseou para formar a sua convicção. Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao requerente.
§ 1o O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou à Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade não constitui
responsabilidade do servidor. fundamento para a revisão, que requer elementos novos, ainda não
§ 2o Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão apreciados no processo originário.
indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem como as Art. 177. O requerimento de revisão do processo será dirigido ao
circunstâncias agravantes ou atenuantes. Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se autorizar a revisão,
encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade onde se originou
Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da comissão, será
remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para julgamento. o processo disciplinar.

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APOSTILAS OPÇÃO
Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade competente b) auxílio-natalidade;
providenciará a constituição de comissão, na forma do art. 149. c) salário-família;
Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo originário. d) licença para tratamento de saúde;
Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia e hora e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade;
para a produção de provas e inquirição das testemunhas que arrolar.
f) licença por acidente em serviço;
Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a
g) assistência à saúde;
conclusão dos trabalhos.
Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no que h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho
couber, as normas e procedimentos próprios da comissão do processo satisfatórias;
disciplinar. II - quanto ao dependente:
Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a penalidade, a) pensão vitalícia e temporária;
nos termos do art. 141. b) auxílio-funeral;
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 (vinte) dias, c) auxílio-reclusão;
contados do recebimento do processo, no curso do qual a autoridade d) assistência à saúde.
julgadora poderá determinar diligências.
§ 1o As aposentadorias e pensões serão concedidas e mantidas
Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito a pelos órgãos ou entidades aos quais se encontram vinculados os
penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos do servidor, servidores, observado o disposto nos arts. 189 e 224.
exceto em relação à destituição do cargo em comissão, que será
§ 2o O recebimento indevido de benefícios havidos por fraude, dolo
convertida em exoneração.
ou má-fé, implicará devolução ao erário do total auferido, sem prejuízo da
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar ação penal cabível.
agravamento de penalidade.
Capítulo II
Título VI
Dos Benefícios
Da Seguridade Social do Servidor
Seção I
Capítulo I
Da Aposentadoria
Disposições Gerais
Art. 186. O servidor será aposentado:
Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade Social para o servidor
I - por invalidez permanente, sendo os proventos integrais quando
e sua família.
decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave,
§ 1o O servidor ocupante de cargo em comissão que não seja, contagiosa ou incurável, especificada em lei, e proporcionais nos demais
simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego efetivo na administração casos;
pública direta, autárquica e fundacional não terá direito aos benefícios do
Plano de Seguridade Social, com exceção da assistência à saúde. II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos
(Redação dada pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003) proporcionais ao tempo de serviço;
§ 2o O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, sem direito à III - voluntariamente:
remuneração, inclusive para servir em organismo oficial internacional do a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos 30 (trinta)
qual o Brasil seja membro efetivo ou com o qual coopere, ainda que se mulher, com proventos integrais;
contribua para regime de previdência social no exterior, terá suspenso o b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções de magistério
seu vínculo com o regime do Plano de Seguridade Social do Servidor se professor, e 25 (vinte e cinco) se professora, com proventos integrais;
Público enquanto durar o afastamento ou a licença, não lhes assistindo, c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 (vinte e cinco)
neste período, os benefícios do mencionado regime de previdência. se mulher, com proventos proporcionais a esse tempo;
(Incluído pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003) d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e aos 60
§ 3o Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem (sessenta) se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de serviço.
remuneração a manutenção da vinculação ao regime do Plano de
§ 1o Consideram-se doenças graves, contagiosas ou incuráveis, a
Seguridade Social do Servidor Público, mediante o recolhimento mensal
que se refere o inciso I deste artigo, tuberculose ativa, alienação mental,
da respectiva contribuição, no mesmo percentual devido pelos servidores
esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no
em atividade, incidente sobre a remuneração total do cargo a que faz jus
serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, doença de Parkinson,
no exercício de suas atribuições, computando-se, para esse efeito,
paralisia irreversível e incapacitante, espondiloartrose anquilosante,
inclusive, as vantagens pessoais. (Incluído pela Lei nº 10.667, de
nefropatia grave, estados avançados do mal de Paget (osteíte
14.5.2003)
deformante), Síndrome de Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e outras
§ 4o O recolhimento de que trata o § 3o deve ser efetuado até o que a lei indicar, com base na medicina especializada.
segundo dia útil após a data do pagamento das remunerações dos
§ 2o Nos casos de exercício de atividades consideradas insalubres ou
servidores públicos, aplicando-se os procedimentos de cobrança e
perigosas, bem como nas hipóteses previstas no art. 71, a aposentadoria
execução dos tributos federais quando não recolhidas na data de
de que trata o inciso III, "a" e "c", observará o disposto em lei específica.
vencimento. (Incluído pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003)
§ 3o Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à junta médica
Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura aos
oficial, que atestará a invalidez quando caracterizada a incapacidade para
riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e compreende um
o desempenho das atribuições do cargo ou a impossibilidade de se aplicar
conjunto de benefícios e ações que atendam às seguintes finalidades:
o disposto no art. 24. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - garantir meios de subsistência nos eventos de doença, invalidez,
Art. 187. A aposentadoria compulsória será automática, e declarada
velhice, acidente em serviço, inatividade, falecimento e reclusão;
por ato, com vigência a partir do dia imediato àquele em que o servidor
II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade; atingir a idade-limite de permanência no serviço ativo.
III - assistência à saúde. Art. 188. A aposentadoria voluntária ou por invalidez vigorará a partir
Parágrafo único. Os benefícios serão concedidos nos termos e da data da publicação do respectivo ato.
condições definidos em regulamento, observadas as disposições desta § 1o A aposentadoria por invalidez será precedida de licença para
Lei. tratamento de saúde, por período não excedente a 24 (vinte e quatro)
Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servidor meses.
compreendem: § 2o Expirado o período de licença e não estando em condições de
I - quanto ao servidor: reassumir o cargo ou de ser readaptado, o servidor será aposentado.
a) aposentadoria; § 3o O lapso de tempo compreendido entre o término da licença e a
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publicação do ato da aposentadoria será considerado como de servirá de base para qualquer contribuição, inclusive para a Previdência
prorrogação da licença. Social.

§ 4o Para os fins do disposto no § 1o deste artigo, serão consideradas Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração, não
apenas as licenças motivadas pela enfermidade ensejadora da invalidez acarreta a suspensão do pagamento do salário-família.
ou doenças correlacionadas. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) Seção IV
§ 5o A critério da Administração, o servidor em licença para Da Licença para Tratamento de Saúde
tratamento de saúde ou aposentado por invalidez poderá ser convocado a Art. 202. Será concedida ao servidor licença para tratamento de
qualquer momento, para avaliação das condições que ensejaram o saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem prejuízo
afastamento ou a aposentadoria. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) da remuneração a que fizer jus.
Art. 189. O provento da aposentadoria será calculado com Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei será concedida
observância do disposto no § 3o do art. 41, e revisto na mesma data e com base em perícia oficial. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
proporção, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em § 1o Sempre que necessário, a inspeção médica será realizada na
atividade. residência do servidor ou no estabelecimento hospitalar onde se encontrar
Parágrafo único. São estendidos aos inativos quaisquer benefícios ou internado.
vantagens posteriormente concedidas aos servidores em atividade, § 2o Inexistindo médico no órgão ou entidade no local onde se
inclusive quando decorrentes de transformação ou reclassificação do encontra ou tenha exercício em caráter permanente o servidor, e não se
cargo ou função em que se deu a aposentadoria. configurando as hipóteses previstas nos parágrafos do art. 230, será
Art. 190. O servidor aposentado com provento proporcional ao tempo aceito atestado passado por médico particular. (Redação dada pela Lei nº
de serviço se acometido de qualquer das moléstias especificadas no § 1o 9.527, de 10.12.97)
do art. 186 desta Lei e, por esse motivo, for considerado inválido por junta § 3o No caso do § 2o deste artigo, o atestado somente produzirá
médica oficial passará a perceber provento integral, calculado com base efeitos depois de recepcionado pela unidade de recursos humanos do
no fundamento legal de concessão da aposentadoria. (Redação dada pela órgão ou entidade. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
Lei nº 11.907, de 2009) § 4o A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte) dias no
Art. 191. Quando proporcional ao tempo de serviço, o provento não período de 12 (doze) meses a contar do primeiro dia de afastamento será
será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração da atividade. concedida mediante avaliação por junta médica oficial. (Redação dada
Art. 192. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) pela Lei nº 11.907, de 2009)
Art. 193. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 5o A perícia oficial para concessão da licença de que trata o caput
Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a gratificação natalina, até deste artigo, bem como nos demais casos de perícia oficial previstos nesta
o dia vinte do mês de dezembro, em valor equivalente ao respectivo Lei, será efetuada por cirurgiões-dentistas, nas hipóteses em que
provento, deduzido o adiantamento recebido. abranger o campo de atuação da odontologia. (Incluído pela Lei nº 11.907,
Art. 195. Ao ex-combatente que tenha efetivamente participado de de 2009)
operações bélicas, durante a Segunda Guerra Mundial, nos termos da Lei Art. 204. A licença para tratamento de saúde inferior a 15 (quinze)
nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, será concedida aposentadoria com dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispensada de perícia oficial, na
provento integral, aos 25 (vinte e cinco) anos de serviço efetivo. forma definida em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de
Seção II 2009)
Do Auxílio-Natalidade Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não se referirão ao
nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões produzidas
Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por motivo de
por acidente em serviço, doença profissional ou qualquer das doenças
nascimento de filho, em quantia equivalente ao menor vencimento do
especificadas no art. 186, § 1o.
serviço público, inclusive no caso de natimorto.
Art. 206. O servidor que apresentar indícios de lesões orgânicas ou
§ 1o Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido de 50%
funcionais será submetido a inspeção médica.
(cinquenta por cento), por nascituro.
Art. 206-A. O servidor será submetido a exames médicos periódicos,
§ 2o O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro servidor público,
nos termos e condições definidos em regulamento. (Incluído pela Lei nº
quando a parturiente não for servidora.
11.907, de 2009)
Seção III
Seção V
Do Salário-Família
Da Licença à Gestante, à Adotante e da Licença-Paternidade
Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo ou ao inativo, por Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por 120 (cento e
dependente econômico. vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração. (Vide Decreto nº
Parágrafo único. Consideram-se dependentes econômicos para efeito 6.690, de 2008)
de percepção do salário-família: § 1o A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de
I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os enteados até 21 gestação, salvo antecipação por prescrição médica.
(vinte e um) anos de idade ou, se estudante, até 24 (vinte e quatro) anos § 2o No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a partir
ou, se inválido, de qualquer idade; do parto.
II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante autorização § 3o No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do evento, a
judicial, viver na companhia e às expensas do servidor, ou do inativo; servidora será submetida a exame médico, e se julgada apta, reassumirá
III - a mãe e o pai sem economia própria. o exercício.
Art. 198. Não se configura a dependência econômica quando o § 4o No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora terá
beneficiário do salário-família perceber rendimento do trabalho ou de direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado.
qualquer outra fonte, inclusive pensão ou provento da aposentadoria, em Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá direito à
valor igual ou superior ao salário-mínimo. licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos.
Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores públicos e viverem em Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis meses, a
comum, o salário-família será pago a um deles; quando separados, será servidora lactante terá direito, durante a jornada de trabalho, a uma hora
pago a um e outro, de acordo com a distribuição dos dependentes. de descanso, que poderá ser parcelada em dois períodos de meia hora.
Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a madrasta Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de criança
e, na falta destes, os representantes legais dos incapazes. até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias de licença
Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer tributo, nem remunerada.

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Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de criança § 2o Ocorrendo habilitação às pensões vitalícia e temporária, metade
com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este artigo será de do valor caberá ao titular ou titulares da pensão vitalícia, sendo a outra
30 (trinta) dias. metade rateada em partes iguais, entre os titulares da pensão temporária.
Seção VI § 3o Ocorrendo habilitação somente à pensão temporária, o valor
Da Licença por Acidente em Serviço integral da pensão será rateado, em partes iguais, entre os que se
Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o servidor habilitarem.
acidentado em serviço. Art. 219. A pensão poderá ser requerida a qualquer tempo,
Art. 212. Configura acidente em serviço o dano físico ou mental prescrevendo tão-somente as prestações exigíveis há mais de 5 (cinco)
sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou imediatamente, com as anos.
atribuições do cargo exercido. Parágrafo único. Concedida a pensão, qualquer prova posterior ou
Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço o dano: habilitação tardia que implique exclusão de beneficiário ou redução de
pensão só produzirá efeitos a partir da data em que for oferecida.
I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servidor no
exercício do cargo; Art. 220. Não faz jus à pensão o beneficiário condenado pela prática
de crime doloso de que tenha resultado a morte do servidor.
II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-versa.
Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte presumida do
Art. 213. O servidor acidentado em serviço que necessite de servidor, nos seguintes casos:
tratamento especializado poderá ser tratado em instituição privada, à
I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária competente;
conta de recursos públicos.
II - desaparecimento em desabamento, inundação, incêndio ou
Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta médica oficial
acidente não caracterizado como em serviço;
constitui medida de exceção e somente será admissível quando
inexistirem meios e recursos adequados em instituição pública. III - desaparecimento no desempenho das atribuições do cargo ou em
missão de segurança.
Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez) dias,
prorrogável quando as circunstâncias o exigirem. Parágrafo único. A pensão provisória será transformada em vitalícia
ou temporária, conforme o caso, decorridos 5 (cinco) anos de sua
Seção VII
vigência, ressalvado o eventual reaparecimento do servidor, hipótese em
Da Pensão que o benefício será automaticamente cancelado.
Art. 215. Por morte do servidor, os dependentes fazem jus a uma pensão Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário:
mensal de valor correspondente ao da respectiva remuneração ou provento, a
I - o seu falecimento;
partir da data do óbito, observado o limite estabelecido no art. 42.
II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer após a
Art. 216. As pensões distinguem-se, quanto à natureza, em vitalícias e
concessão da pensão ao cônjuge;
temporárias.
III - a cessação de invalidez, em se tratando de beneficiário inválido;
§ 1o A pensão vitalícia é composta de cota ou cotas permanentes,
que somente se extinguem ou revertem com a morte de seus IV - a maioridade de filho, irmão órfão ou pessoa designada, aos 21
beneficiários. (vinte e um) anos de idade;
§ 2o A pensão temporária é composta de cota ou cotas que podem se V - a acumulação de pensão na forma do art. 225;
extinguir ou reverter por motivo de morte, cessação de invalidez ou VI - a renúncia expressa.
maioridade do beneficiário. Parágrafo único. A critério da Administração, o beneficiário de pensão
Art. 217. São beneficiários das pensões: temporária motivada por invalidez poderá ser convocado a qualquer
I - vitalícia: momento para avaliação das condições que ensejaram a concessão do
benefício. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
a) o cônjuge;
Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de beneficiário, a
b) a pessoa desquitada, separada judicialmente ou divorciada, com respectiva cota reverterá:
percepção de pensão alimentícia;
I - da pensão vitalícia para os remanescentes desta pensão ou para
c) o companheiro ou companheira designado que comprove união os titulares da pensão temporária, se não houver pensionista
estável como entidade familiar; remanescente da pensão vitalícia;
d) a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do servidor; II - da pensão temporária para os co-beneficiários ou, na falta destes,
e) a pessoa designada, maior de 60 (sessenta) anos e a pessoa para o beneficiário da pensão vitalícia.
portadora de deficiência, que vivam sob a dependência econômica do Art. 224. As pensões serão automaticamente atualizadas na mesma
servidor; data e na mesma proporção dos reajustes dos vencimentos dos
II - temporária: servidores, aplicando-se o disposto no parágrafo único do art. 189.
a) os filhos, ou enteados, até 21 (vinte e um) anos de idade, ou, se Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a percepção
inválidos, enquanto durar a invalidez; cumulativa de mais de duas pensões.
b) o menor sob guarda ou tutela até 21 (vinte e um) anos de idade; Seção VIII
c) o irmão órfão, até 21 (vinte e um) anos, e o inválido, enquanto durar Do Auxílio-Funeral
a invalidez, que comprovem dependência econômica do servidor; Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servidor falecido na
d) a pessoa designada que viva na dependência econômica do atividade ou aposentado, em valor equivalente a um mês da remuneração
servidor, até 21 (vinte e um) anos, ou, se inválida, enquanto durar a ou provento.
invalidez. § 1o No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será pago
§ 1o A concessão de pensão vitalícia aos beneficiários de que tratam somente em razão do cargo de maior remuneração.
as alíneas "a" e "c" do inciso I deste artigo exclui desse direito os demais § 2o (VETADO).
beneficiários referidos nas alíneas "d" e "e". § 3o O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, por
§ 2o A concessão da pensão temporária aos beneficiários de que meio de procedimento sumaríssimo, à pessoa da família que houver
tratam as alíneas "a" e "b" do inciso II deste artigo exclui desse direito os custeado o funeral.
demais beneficiários referidos nas alíneas "c" e "d". Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este será indenizado,
Art. 218. A pensão será concedida integralmente ao titular da pensão observado o disposto no artigo anterior.
vitalícia, exceto se existirem beneficiários da pensão temporária. Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em serviço fora do local
§ 1o Ocorrendo habilitação de vários titulares à pensão vitalícia, o seu de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de transporte do corpo
valor será distribuído em partes iguais entre os beneficiários habilitados. correrão à conta de recursos da União, autarquia ou fundação pública.

Legislação 17

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APOSTILAS OPÇÃO
Seção IX Art. 231. (Revogado pela Lei nº 9.783, de 28.01.99)
Do Auxílio-Reclusão Título VII
Capítulo Único
Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio-reclusão, nos Da Contratação Temporária de Excepcional Interesse Público
seguintes valores: Art. 232. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
I - dois terços da remuneração, quando afastado por motivo de prisão, Art. 233. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
em flagrante ou preventiva, determinada pela autoridade competente,
enquanto perdurar a prisão; Art. 234. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
II - metade da remuneração, durante o afastamento, em virtude de Art. 235. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
condenação, por sentença definitiva, a pena que não determine a perda Título VIII
de cargo. Capítulo Único
§ 1o Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servidor terá Das Disposições Gerais
direito à integralização da remuneração, desde que absolvido. Art. 236. O Dia do Servidor Público será comemorado a vinte e oito de
§ 2o O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do dia imediato outubro.
àquele em que o servidor for posto em liberdade, ainda que condicional. Art. 237. Poderão ser instituídos, no âmbito dos Poderes Executivo,
Capítulo III Legislativo e Judiciário, os seguintes incentivos funcionais, além daqueles
Da Assistência à Saúde já previstos nos respectivos planos de carreira:
Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo, e de sua I - prêmios pela apresentação de ideias, inventos ou trabalhos que
família compreende assistência médica, hospitalar, odontológica, favoreçam o aumento de produtividade e a redução dos custos
psicológica e farmacêutica, terá como diretriz básica o implemento de operacionais;
ações preventivas voltadas para a promoção da saúde e será prestada II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao mérito,
pelo Sistema Único de Saúde – SUS, diretamente pelo órgão ou entidade condecoração e elogio.
ao qual estiver vinculado o servidor, ou mediante convênio ou contrato, ou
ainda na forma de auxílio, mediante ressarcimento parcial do valor Art. 238. Os prazos previstos nesta Lei serão contados em dias
despendido pelo servidor, ativo ou inativo, e seus dependentes ou corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do vencimento,
pensionistas com planos ou seguros privados de assistência à saúde, na ficando prorrogado, para o primeiro dia útil seguinte, o prazo vencido em
forma estabelecida em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 11.302 de dia em que não haja expediente.
2006) Art. 239. Por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
§ 1o Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja exigida perícia, política, o servidor não poderá ser privado de quaisquer dos seus direitos,
avaliação ou inspeção médica, na ausência de médico ou junta médica sofrer discriminação em sua vida funcional, nem eximir-se do cumprimento
oficial, para a sua realização o órgão ou entidade celebrará, de seus deveres.
preferencialmente, convênio com unidades de atendimento do sistema Art. 240. Ao servidor público civil é assegurado, nos termos da
público de saúde, entidades sem fins lucrativos declaradas de utilidade Constituição Federal, o direito à livre associação sindical e os seguintes
pública, ou com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS. (Incluído direitos, entre outros, dela decorrentes:
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como substituto
§ 2o Na impossibilidade, devidamente justificada, da aplicação do processual;
disposto no parágrafo anterior, o órgão ou entidade promoverá a b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano após o final do
contratação da prestação de serviços por pessoa jurídica, que constituirá mandato, exceto se a pedido;
junta médica especificamente para esses fins, indicando os nomes e c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindical a que for
especialidades dos seus integrantes, com a comprovação de suas filiado, o valor das mensalidades e contribuições definidas em assembleia
habilitações e de que não estejam respondendo a processo disciplinar geral da categoria.
junto à entidade fiscalizadora da profissão. (Incluído pela Lei nº 9.527, de
10.12.97) Art. 241. Consideram-se da família do servidor, além do cônjuge e
filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensas e constem do seu
§ 3o Para os fins do disposto no caput deste artigo, ficam a União e
assentamento individual.
suas entidades autárquicas e fundacionais autorizadas a: (Incluído pela
Lei nº 11.302 de 2006) Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge a companheira ou
companheiro, que comprove união estável como entidade familiar.
I - celebrar convênios exclusivamente para a prestação de serviços de
assistência à saúde para os seus servidores ou empregados ativos, Art. 242. Para os fins desta Lei, considera-se sede o município onde a
aposentados, pensionistas, bem como para seus respectivos grupos repartição estiver instalada e onde o servidor tiver exercício, em caráter
familiares definidos, com entidades de autogestão por elas patrocinadas permanente.
por meio de instrumentos jurídicos efetivamente celebrados e publicados Título IX
até 12 de fevereiro de 2006 e que possuam autorização de funcionamento Capítulo Único
do órgão regulador, sendo certo que os convênios celebrados depois Das Disposições Transitórias e Finais
dessa data somente poderão sê-lo na forma da regulamentação específica
Art. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico instituído por esta Lei,
sobre patrocínio de autogestões, a ser publicada pelo mesmo órgão
na qualidade de servidores públicos, os servidores dos Poderes da União,
regulador, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias da vigência desta Lei,
dos ex-Territórios, das autarquias, inclusive as em regime especial, e das
normas essas também aplicáveis aos convênios existentes até 12 de
fundações públicas, regidos pela Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 -
fevereiro de 2006; (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, ou pela Consolidação
II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei no 8.666, de 21 de das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1o de maio
junho de 1993, operadoras de planos e seguros privados de assistência à de 1943, exceto os contratados por prazo determinado, cujos contratos
saúde que possuam autorização de funcionamento do órgão regulador; não poderão ser prorrogados após o vencimento do prazo de prorrogação.
(Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
§ 1o Os empregos ocupados pelos servidores incluídos no regime
III - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
instituído por esta Lei ficam transformados em cargos, na data de sua
§ 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
publicação.
§ 5o O valor do ressarcimento fica limitado ao total despendido pelo
servidor ou pensionista civil com plano ou seguro privado de assistência à § 2o As funções de confiança exercidas por pessoas não integrantes
saúde. (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) de tabela permanente do órgão ou entidade onde têm exercício ficam
transformadas em cargos em comissão, e mantidas enquanto não for
Capítulo IV
implantado o plano de cargos dos órgãos ou entidades na forma da lei.
Do Custeio

Legislação 18

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APOSTILAS OPÇÃO
§ 3o As Funções de Assessoramento Superior - FAS, exercidas por I - com a remuneração do padrão de classe imediatamente superior
servidor integrante de quadro ou tabela de pessoal, ficam extintas na data àquela em que se encontra posicionado;
da vigência desta Lei. II - quando ocupante da última classe da carreira, com a remuneração
§ 4o (VETADO). do padrão correspondente, acrescida da diferença entre esse e o padrão
§ 5o O regime jurídico desta Lei é extensivo aos serventuários da da classe imediatamente anterior.
Justiça, remunerados com recursos da União, no que couber. Art. 193. O servidor que tiver exercido função de direção, chefia,
§ 6o Os empregos dos servidores estrangeiros com estabilidade no assessoramento, assistência ou cargo em comissão, por período de 5
serviço público, enquanto não adquirirem a nacionalidade brasileira, (cinco) anos consecutivos, ou 10 (dez) anos interpolados, poderá
passarão a integrar tabela em extinção, do respectivo órgão ou entidade, aposentar-se com a gratificação da função ou remuneração do cargo em
sem prejuízo dos direitos inerentes aos planos de carreira aos quais se comissão, de maior valor, desde que exercido por um período mínimo de 2
encontrem vinculados os empregos. (dois) anos.
§ 7o Os servidores públicos de que trata o caput deste artigo, não § 1° Quando o exercício da função ou cargo em comissão de maior
amparados pelo art. 19 do Ato das Disposições Constitucionais valor não corresponder ao período de 2 (dois) anos, será incorporada a
Transitórias, poderão, no interesse da Administração e conforme critérios gratificação ou remuneração da função ou cargo em comissão
estabelecidos em regulamento, ser exonerados mediante indenização de imediatamente inferior dentre os exercidos.
um mês de remuneração por ano de efetivo exercício no serviço público § 2° A aplicação do disposto neste artigo exclui as vantagens
federal. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) previstas no art. 192, bem como a incorporação de que trata o art. 62,
ressalvado o direito de opção.
§ 8o Para fins de incidência do imposto de renda na fonte e na
declaração de rendimentos, serão considerados como indenizações Art. 231. ...........................................................................
isentas os pagamentos efetuados a título de indenização prevista no § 1° ..................................................................................
parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 2º O custeio da aposentadoria é de responsabilidade integral do
§ 9o Os cargos vagos em decorrência da aplicação do disposto no § Tesouro Nacional.
7o poderão ser extintos pelo Poder Executivo quando considerados Art. 240. ...........................................................................
desnecessários. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) a) .....................................................................................
Art. 244. Os adicionais por tempo de serviço, já concedidos aos b) .....................................................................................
servidores abrangidos por esta Lei, ficam transformados em anuênio. c) .....................................................................................
Art. 245. A licença especial disciplinada pelo art. 116 da Lei nº 1.711, d) de negociação coletiva;
de 1952, ou por outro diploma legal, fica transformada em licença-prêmio
por assiduidade, na forma prevista nos arts. 87 a 90. e) de ajuizamento, individual e coletivamente, frente à Justiça do
Trabalho, nos termos da Constituição Federal.
Art. 246. (VETADO).
Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a satisfazer, dentro
Art. 247. Para efeito do disposto no Título VI desta Lei, haverá ajuste de 1 (um) ano, as condições necessárias para a aposentadoria nos termos
de contas com a Previdência Social, correspondente ao período de do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto dos Funcionários Públicos Civis
contribuição por parte dos servidores celetistas abrangidos pelo art. 243. da União, Lei n° 1.711, de 28 de outubro de 1952, aposentar-se-á com a
(Redação dada pela Lei nº 8.162, de 8.1.91) vantagem prevista naquele dispositivo."
Art. 248. As pensões estatutárias, concedidas até a vigência desta
Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou entidade de origem do servidor. ___________________________________
Art. 249. Até a edição da lei prevista no § 1o do art. 231, os servidores ___________________________________
abrangidos por esta Lei contribuirão na forma e nos percentuais
atualmente estabelecidos para o servidor civil da União conforme
___________________________________
regulamento próprio. ___________________________________
Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a satisfazer, dentro
___________________________________
de 1 (um) ano, as condições necessárias para a aposentadoria nos termos
do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto dos Funcionários Públicos Civis _______________________________________________________
da União, Lei n° 1.711, de 28 de outubro de 1952, aposentar-se-á com a
vantagem prevista naquele dispositivo. (Mantido pelo Congresso Nacional) _______________________________________________________
Art. 251. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) _______________________________________________________
Art. 252. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, com _______________________________________________________
efeitos financeiros a partir do primeiro dia do mês subsequente.
Art. 253. Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952, e _______________________________________________________
respectiva legislação complementar, bem como as demais disposições em _______________________________________________________
contrário.
_______________________________________________________
LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990 _______________________________________________________
Partes vetadas pelo Presidente da República e mantidas pelo _______________________________________________________
Congresso Nacional, do Projeto que se transformou na Lei n.° 8.112, de
11 de dezembro de 1990, que "dispõe sobre o Regime Jurídico dos _______________________________________________________
Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e das fundações
públicas federais". _______________________________________________________
"Art. 87.......................................................................... _______________________________________________________
§ 1° .............................................................................. _______________________________________________________
§ 2° Os períodos de licença-prêmio já adquiridos e não gozados pelo
servidor que vier a falecer serão convertidos em pecúnia, em favor de _______________________________________________________
seus beneficiários da pensão. _______________________________________________________
Art. 192. O servidor que contar tempo de serviço para aposentadoria
com provento integral será aposentado: _______________________________________________________
_______________________________________________________
Legislação 19

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Legislação 20

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

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APOSTILAS OPÇÃO
Nessa nova organização, o fator de qualidade será primordial e a
intuição passa a assumir um papel cada vez mais relevante.
O centro de interesse se desloca da infra-estrutura para a qualidade de vida.
Conhecimentos Específicos Downsinzing  Nas décadas de hiper desenvolvimento que se
seguiram à segunda grande guerra todas as empresas incharam suas
estruturas no intuito de estarem presentes em diversos mercados. Pode
até ter sido a opção correta na época.
Porém o mundo mudou, a tecnologia evoluiu, e nenhuma organização
1. Conhecimentos Básicos em consegue sustentar estruturas administrativas pesadas, havendo, portanto
Administração: características básicas necessidade de eliminar o excesso de gorduras.
das organizações, natureza, finalidade, O downsinzing não se refere à demissão de Office boy e auxiliares
níveis e departamentalização como forma de redução de custo de pessoal, mas sim a técnica de
adequação do tamanho e da qualidade da estrutura com vistas à
consecução dos objetivos com máxima produtividade.
O administrador é a pessoa responsável pelo desempenho do Administração Participativa  Apesar de não ser técnica muito recente,
trabalho de outras pessoas. A administração é o processo de utilização essa teoria ganhou vulto maior na década de 80, notadamente entre os
dos recursos organizacionais para atingir objetivos específicos através das brasileiros. Sua lógica é muito simples, os níveis hierárquicos inferiores
funções de planejar, organizar e alocar pessoas, liderar e controlar. Os possuem tanta ou mais informações sobre o dia a dia dos clientes e dos
níveis de organização compreendem administradores de alto nível, nível concorrentes que os próprios gerentes.
médio, de nível operacional e colaboradores individuais. As categorias de Desenvolver mecanismos de escuta e coleta de informações e
administradores incluem administradores funcionais e administradores- sugestões pode resultar em significativa economia de tempo, dinheiro e
gerais, administradores de serviços públicos (sobretudo administradores demais recursos. Foi-se o tempo em que somente os donos, os principais
em organizações sem fins lucrativos), empreendedores (aqueles que diretores e uns poucos iluminados detinham o saber nas organizações.
começam negócios inovadores), proprietários de pequenos negócios e Mas a administração participativa não é apenas instalar uma caixinha de
líderes de equipes. sugestões nem transferir responsabilidade para os empregados.
Para atingir as metas de organização, os administradores de recursos Administração da Qualidade Total  Foi-se também o tempo em que
a levam a cabo as funções administrativas básica. Os recursos são era assunto da engenharia, da produção ou da assistência técnica. Na
divididos em categorias:humanos, financeiros, físicos e informativos. Os organização moderna, qualidade é atributi de todos e deve estar presente
administradores de alto nível valorizam o planejamento estratégico, em toda parte, em todas as tarefas, em todas as pessoas, produtos e
enquanto os de nível operacional se concentram na liderança face a face. serviços. O certificado ISO 9000 virou mania e muitas empresas gastaram
Para realizar suas tarefas, os administradores necessitam de pequenas fortunas nesse sentido, muitas vezes por puro marketing,
habilidades interpessoais, conceituais, diagnósticas e políticas. Um modo acabando por perdê-la poucas auditorias mais tarde. Na maioria das
eficaz de desenvolver habilidades administrativas é seguir um modelo de vezes eram casos em que a cúpula queria por que queria a certificação e
aprendizado geral. O modelo envolve conhecimento conceitual, linhas exigiu que toda a organização, exceto a própria cúpula, se empenhasse
gerais de comportamento, exemplos a seguir, exercícios de em obtê-la. Descobriram que perderam tempo e dinheiro, pois a política da
desenvolvimento de habilidade e feedback. As habilidades administrativas qualidade total começa pelo comprometimento da cúpula.
são também adquiridas através de uma combinação de cultura e Reengenharia  Em determinadas circunstâncias aperfeiçoar o que já
experiência. existe pode até trazer alguma lehoria, mas começar de novo livrando-se
O ambiente externo da empresa é dividido em forças ambientais dos vícios da estrutura e do modelo anterior, pode propriciar melhorias da
gerais e especificas. As forças ambientais gerais são: econômicas, ordem de 80 a 90%. Reengenharia é uma mudança drática na forma de
sociais/culturais, políticas/legais, tecnológicas e internacionais. As forças produzir e gerenciar, orientada para o obajetivo maior da organização e
ambientais especificas são os clientes, fornecedores de não apenas a busca de pequenas melhorias. Não apenas organizações
créditos/fornecedores, mercados de trabalho, agências regulatórias e os em extrema dificuldade podem reengenheirar, mas também aquelas que
concorrentes. estão em situação relativamente cômoda hoje mas vislubram a
Os maiores desafios para os administradores incluem: ênfase sobre a continuidade desse estado num futuro próximo.
qualidade total, organizações baseadas em equipe, downsinzing ÉTICA NOS NEGÓCIOS
corporativos, reengenharias, ambiente de trabalho polarizado (empregos Compreender e praticar bons negócios é uma parte importante do
de alta habilitação versus emprego de baixa habilitação), integração das trabalho de um administrador. Uma das muitas razões pelas quais a ética
demandas de trabalho e da família ênfase na ética. Outro desafio é o de é importante é a de que os clientes e fornecedores preferem lidar com
lidar com os sindicatos, porque eles são afetados pelos outros desafios. empresas éticas. A ética é o estudo da obrigação moral, ou a separação
As crises geram a necessidade de mudança, mas para mudar certo é do certo e do errado.
preciso primeiro identificar qual é o real problema para depois pensar nas Quando decidirem sobre o que é certo ou errado, as pessoas podem
possíveis soluções. Pior que estar doente é tomar o remédio errado, ou o focalizar as consequências; responsabilidades, obrigações e princípios; ou
remédio certo porem em doses equivocadas. integridade. Focalizar as consequências é chamado de utilitarismo, porque
Algumas das principais novidades em tecnologia de gestão o tomador de decisão está preocupado com a utilidade da decisão.
produzidas nas últimas décadas e que provaram ter valor : Examinar as próprias responsabilidades na tomada de decisão é a
Reinventando as organizações  Os autores John Naisbitt e Patrícia abordagem deontológica, que se baseia nos princípios universais como
Aburdene apontam algumas características do que denominas honestidade e equidade. De acordo com a abordagem da virtude, se o
reinvenções das organizações: tomador de decisão tem bom caráter e motivações e intenções genuínas,
ele está se comportando eticamente.
O novo papel do dirigente é o de cultivar e manter um ambiente
Os padrões e valores morais de uma empresa ajudam a nortear uma
propicio ao desenvolvimento pessoal;
atitude ética na tomada de decisão. Os valores de uma pessoa também
Os sistemas de remuneração devem atuar como estímulos e influem no tipo de comportamentos que ela acredita são éticos. De acordo
recompensarem o desempenho e a inovação; com uma administração eticamente centrada, a alta qualidade de um
O emprego permanente e de tempo integral perde terreno para outras produto final tem precedência sobre a obtenção do prazo de entrega.
formas de prestação de serviço. O que se pode dizer da estabilidade no Verdadeiras catástrofes podem advir quando a administração não e
serviço? eticamente centrada.
O estilo de gestão autoritário e hierarquizado cede lugar à Os fatores que mais contribuem para o comportamento antiético são a
administração tipo “rede”. cobiça e ambição, além de uma atmosfera organizacional que tolera o
A organização do futuro será uma federação de empreendedores comportamento antiético. Tentações e violações éticas são usuais,
internos. inclusive atos criminais, incluem: roubar dos empregadores e clientes,
Conhecimentos Específicos 1

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copiar software ilegalmente, tratar as pessoas de modo desigual, assédio estatais daquelas em que o aparato estatal será o único a garantir a
sexual, conflito de interesses, divulgação de informações confidenciais e uniformidade e a realização continuada das políticas públicas.
apropriação indébita de recursos corporativos.
A - Reconstruindo o Estado e Recuperando a Governança
O comportamento ética e socialmente responsável parece ser custo-
A reconstrução da capacidade estatal é uma condição essencial para
efetivo ou ao menos custo-neutro e também resulta em bem social. Esse
que os países latino-americanos enfrentem com mais sucesso as
comportamento pode também atrair e reter empregados e clientes
questões da redemocratização, do desenvolvimento econômico e da
valiosos.
distribuição de riqueza. Neste contexto, a implantação da Reforma
Gerencial é um aspecto fundamental para aumentar a governança do
ADMINISTRAÇÃO GERENCIAL
Estado bem como para melhorar a governabilidade democrática do
A reforma do Estado tornou-se o tema central da agenda política
sistema político.
mundial. A origem deste processo ocorreu quando o modelo de Estado
A Reforma Gerencial vem ocorrendo na administração pública de
montado pelos países desenvolvidos no pós-guerra, responsável por uma
vários países, como mostram diversos estudos. No entanto, apesar das
era de prosperidade sem igual no capitalismo, entrou em crise no final da
características comuns às experiências de reforma, não há um sentido
década de 70. Num primeiro momento, a resposta foi a neoliberal-
unívoco, um único paradigma organizacional que guie a todas as nações.
conservadora. Dada a imperiosa necessidade de reformar o Estado,
Neste sentido, procuraremos definir a Reforma Gerencial que mais se
restabelecer seu equilíbrio fiscal, e equilibrar o balanço de pagamento dos
adapta à realidade e às necessidades dos países latino-americanos.
países em crise, aproveitou-se à oportunidade para se propor,
O modelo gerencial tem como inspiração às transformações
simplesmente, a redução do tamanho do Estado e o predomínio total do
organizacionais ocorridas no setor privado, as quais têm alterado a forma
mercado. A proposta, entretanto, fazia pouco sentido econômico ou
burocrática-piramidal de administração, flexibilizando a gestão, diminuindo
político. Depois de algum tempo constatou-se que a solução não estaria
os níveis hierárquicos e, por conseguinte, aumentando a autonomia de
no desmantelamento do aparelho estatal, mas em sua reconstrução.
decisão dos gerentes - daí o nome gerencial. Com estas mudanças, saiu-
A construção de um novo tipo de Estado é também a grande questão
se de uma estrutura baseada em normas centralizadas para outra
para a Brasil. Mas embora haja um contexto global de reformas, há
ancorada na responsabilização dos administradores, avaliados pelos
importantes peculiaridades latino-americanas. Primeiro, no que diz
resultados efetivamente produzidos. Este novo modelo busca responder
respeito à situação inicial da crise do Estado, cuja gravidade era bem
mais rapidamente às grandes mudanças ambientais que acontecem na
maior do que a existente no mundo desenvolvido. Não só estes países
economia e na sociedade contemporâneas.
entravam em uma séria crise fiscal como ainda o modelo anterior de
Embora inspirado na iniciativa privada, o modelo gerencial deve
desenvolvimento econômico (modelo de substituição de importações)
impreterivelmente se adequar ao contexto político democrático no qual
exauria-se. Ademais, o problema da dívida externa tornou-se crônico em
está inserido o setor público. A especificidade da organização
quase todo o continente. A não resolução destes problemas estruturais fez
governamental deriva, em primeiro lugar, da motivação que a guia:
com que a década de 80 fosse marcada, para a maioria das nações latino-
enquanto as empresas buscam o lucro, os gestores públicos devem atuar
americanas, pela estagnação e por altas taxas de inflação.
conforme o interesse público. É bem verdade que os políticos também se
Diante deste cenário econômico, o ângulo financeiro da crise do
orientam pelo desejo de reeleição e os burocratas podem ser capturados
Estado foi priorizado pela primeira geração de reformas. Assim, as
pelos interesses econômicos. Mas é a necessidade de ser ter o crivo
reformas orientadas para o mercado, sobretudo a abertura comercial, e o
democrático que torna a ação de políticos e burocratas passível de
ajustamento fiscal foram as principais medidas tomadas nos anos 80. A
controle público. Controle este presente nos arranjos da democracia
busca da estabilização da economia ante o perigo hiperinflacionário foi, na
representativa, nos mecanismos de democracia direta ou, mais
maior parte dos casos, o êxito mais importante desta primeira rodada de
recentemente, na participação dos cidadãos na avaliação e na gestão de
reformas.
políticas públicas, formas típicas do modelo gerencial. Este tipo de
A mudança do papel do Estado nos setores econômicos e sociais é
controle democrático não encontra similar nas organizações privadas.
outra tendência estrutural. Sua atuação deve estar voltada
No processo de decisão encontra-se outra diferença entre o setor
primordialmente para a área social, assegurando a universalidade dos
público e o privado. No setor privado, o número de participantes é restrito
serviços de saúde e educação, e para a criação de instrumentos que
e a capacidade para tomar decisões mais rápidas é maior. O governo, por
ajudem a promover o desenvolvimento econômico, garantindo as
sua vez, toma suas decisões segundo procedimento democrático, que
condições macroeconômicas favoráveis ao investimento privado e o
envolvem um número maior de atores e maior demora na tomada de
aumento da competitividade sistêmica do país, através de políticas fortes
decisões, sobretudo porque tal sistema pressupõe o controle mútuo entre
nos setores de ciência e tecnologia e comércio exterior. A grande
os Poderes e a fiscalização da oposição. Por fim, a “legitimidade” de uma
modificação no papel do Estado, contudo, tem de ocorrer na forma de
empresa resulta de sua sobrevivência à competição no mercado, ao passo
intervenção, no plano econômico e no plano político.
que os governos se legitimam pela via democrática.
Neste sentido, em termos econômicos, em vez da intervenção direta
Em suma, como bem tem sido afirmado, “o governo não pode ser
como produtor, o aparelho estatal deve concentrar suas atividades na
uma empresa, mas pode se tornar mais empresarial”, isto é, pode ser
regulação. Privatizações e a criação de agências reguladoras fazem parte
mais ágil e flexível frente às gigantescas mudanças ambientais que
deste processo. Além disso, o Estado deve desenvolver sua capacidade
atingem a todas as organizações.
estratégica de atuar junto ao setor privado e à universidade para criar um
A administração pública burocrática, em primeiro lugar, não deu conta
entorno adequado ao aumento da competitividade das empresas.
do problema da eficiência. Com a diminuição dos recursos à disposição
Ressalte-se que Estado também deve atuar para que os novos ciclos de
dos governos, tornou-se fundamental aumentar a eficiência administrativa.
desenvolvimento e a elevação da produtividade sejam virtuosos no que se
Tal questão é ainda mais importante na Brasil, onde o Estado é mais
refere ao uso dos recursos naturais, ao incremento da base tecnológica e
pobre, a sociedade é mais desigual e, portanto, é imprescindível a
à distribuição de renda, saindo assim do círculo vicioso do “crescimento
otimização dos recursos usados nas políticas sociais.
empobrecedor” que caracterizou a Brasil no passado.
A Reforma Gerencial é uma modificação estrutural do aparelho de
Na área social, o caminho é reforçar o papel do Estado como
Estado. Não pode ser confundida com a mera implementação de novas
formulador e financiador das políticas públicas Para isso, torna-se
formas de gestão, como a da qualidade total. Trata-se de mudar os
fundamental o desenvolvimento da capacidade catalisadora dos governos
incentivos institucionais do sistema, de modo a transformar as regras
em atrair a comunidade, as empresas ou o Terceiro setor para
burocráticas mais gerais, o que permitiria aos administradores públicos
compartilhar a responsabilidade pela execução dos serviços públicos,
adotar estratégias e técnicas de gestão mais adequadas.
principalmente os de saúde e educação básica. Mas um primeiro alerta
A implantação de uma reforma institucional não implica, porém, a
deve ser feito para o caso latino-americano: é necessário manter o poder
criação de um extenso e detalhado arcabouço de regras jurídicas. Essa é
de intervenção estatal direta quando não houver as condições sociais
a tradição latino-americana - na verdade, ibero-americana -, cujos
mínimas para compartilhar as atividades com a sociedade. Portanto, é
resultados têm sido perversos, criando um Direito Administrativo
preciso diferenciar as situações nas quais os serviços poderão ser
extremamente rígido que atrapalha a flexibilização da Administração
prestados por mais de um provedor e/ou por entidades públicas não-
Pública, importante requisito da Reforma Gerencial do Estado. Além do
Conhecimentos Específicos 2

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APOSTILAS OPÇÃO
mais, o formalismo administrativo vigente na Brasil tem instaurado uma centralização e a descentralização não é dicotômica e sim complementar.
“poluição legal” que pode significar, na verdade, o primado da O Governo Central continuará tendo um papel estratégico para garantir a
informalidade, isto é, o comportamento burocrático real não corresponde equidade, sobretudo em países com grandes desequilíbrios
ao universo jurídico estabelecido, favorecendo assim o estabelecimento socioeconômicos regionais, financiando parte da provisão dos serviços
de máfias administrativas ou de ineficiência generalizada. públicos. A descentralização realizada sem contrapartidas aos lugares
O sucesso das mudanças institucionais rumo ao modelo gerencial mais pobres tende a reproduzir a desigualdade social existente, mantendo
depende, primeiro, da criação de regras gerais e claras que modifiquem os assim o padrão histórico de desenvolvimento perverso do continente
incentivos à atuação dos atores, o que, em suma, constituir-se-ia em um latino-americano.
novo contrato entre os políticos, os funcionários públicos e a sociedade. É B4) Nas atividades exclusivas de Estado que permanecerem a cargo
preciso, ainda, uma aplicação contínua das reformas, monitorando-as e do Governo Central, a administração deve ser baseada na
estabelecendo junto à burocracia uma nova cultura administrativa. Desse desconcentração organizacional. Os órgãos centrais devem delegar a
modo, transformações das regras e da cultura administrativas fazem parte execução das funções para agências descentralizadas. O princípio que
de um mesmo processo. norteia esta mudança é o de que deve haver uma separação funcional
entre as estruturas responsáveis pela formulação de políticas e as
B - Características e Objetivos da Reforma Gerencial unidades descentralizadas e autônomas, executora dos serviços, e, dessa
A Reforma Gerencial assegura os mecanismos necessários ao maneira, orientar a administração pública pelo controle dos resultados
aumento da eficácia, eficiência e efetividade da administração pública, obtidos pelas agências autônomas.
além de criar novas condições que possibilitam tornar mais democrática a Nestes espaços, a Reforma Gerencial modifica os pressupostos que
relação entre o Estado e a sociedade. As principais características deste guiaram a administração pública burocrática ao longo deste século e que
modelo administrativo são as seguintes: já não dão mais conta dos problemas atuais. Com o controle a posteriori
B1) A profissionalização da alta burocracia é o ponto de partida da dos resultados, em primeiro lugar, o pressuposto norteador é o da
Reforma Gerencial. Para isso, deve-se constituir um núcleo estatal confiança limitada e não da desconfiança total em relação aos
estratégico, fundamental na formulação, supervisão e regulação das funcionários públicos.
políticas, e formada por uma elite burocrática tecnicamente preparada e A administração baseada no controle a posteriori dos resultados
motivada. Esta elite burocrática terá também que desenvolver a também obriga a organização a definir claramente seus objetivos,
capacidade de negociação e responsabilização perante o sistema político. analisados em sua substância e não como processo administrativo. Desse
Isto a torna bastante distinta da tecnocracia estruturada nos regimes modo, a avaliação da burocracia se faz predominantemente através do
autoritários latino-americanos, que acreditava na superioridade de seu cumprimento ou não de metas, e não a partir do respeito a regras que por
saber e prática em relação ao comportamento da classe política - muitas vezes são autoreferidas.
classificado como oportunista e irracional do ponto de vista técnico. A avaliação do desempenho burocrático não serve apenas para aferir
Decerto que é preciso reduzir o clientelismo e a politização da alta se as metas foram ou não cumpridas. A administração pública gerencial
burocracia presentes na Brasil, mas não se pode fazê-lo insulando os utiliza-se do controle a posteriori dos resultados como um instrumento
funcionários públicos da necessária supervisão democrática dos políticos técnico capaz de fazer as organizações aprenderem com seus erros e, a
e da sociedade. partir disso, elaborarem suas estratégias futuras. Isto é o que tem sido
É bem verdade que o grau de profissionalização da administração denominado princípio do aprendizado organizacional, fundamental para
pública não será o mesmo por todo o funcionalismo. Seguindo tendência que a administração por objetivos não seja meramente uma forma de
mundial de reformas gerenciais, o Brasil não pode adotar um padrão único punir ou encontrar responsáveis pelo eventual mau desempenho dos
de regime jurídico ou de contratação, tratando os burocratas igualmente órgãos públicos, mas sim consiga desenvolver a capacidade de aprender
em termos de direitos e deveres, até porque parte das atividades públicas com sua performance e melhorar continuamente a prestação dos serviços
poderá ser realizada por profissionais que não necessariamente serão públicos.
servidores públicos. Determinadas tarefas auxiliares ou de apoio ao O primeiro mecanismo é o estabelecimento de um modelo contratual
núcleo duro do Estado serão de modo geral terceirizadas, desde as mais entre o órgão central e as agências descentralizadas. É o chamado
simples, como limpeza, até as mais complexas, como serviços de contrato de gestão, que tem como base metas quantitativas e qualitativas
informática. Apesar disto, cabe ter uma política ativa para dignificar todos definidas a priori e posteriormente avaliadas. O contrato de gestão
aqueles que exercerem função pública, valorizando-os e exigindo em troca também deve definir o que fazer após a avaliação, em termos de
a observância de rígidos padrões éticos. penalidades, premiações ou formas de corrigir os erros. Em suma, o
B2) A administração pública deve ser transparente e seus contrato de gestão constitui um instrumento que permite tanto uma
administradores, responsabilizados democraticamente perante a aferição mais rigorosa da eficiência, da eficácia e da efetividade, bem
sociedade. Isto porque a profissionalização da burocracia não a torna como aumentar a transparência da administração pública, uma vez que a
completamente imune à corrupção, fenômeno mundial que tem sociedade pode saber de antemão quais são de fato os objetivos de cada
aumentado demasiadamente no Brasil. Neste ponto, vários estudos órgão público, seus resultados e o que poderá ser feito para porventura
comparados e o Relatório do Banco Mundial de 1997 são unânimes: é mudar um mau desempenho.
preciso atuar diretamente na relação entre política e administração, B5) A maior autonomia gerencial das agências e de seus gestores
diminuindo a politização da máquina governamental, tornando mais deve ser complementada por novas formas de controle. O controle deixa
transparentes as decisões públicas e investindo no reforço dos padrões de ser o primordialmente burocrático, que buscava aferir se todos os
salariais e éticos do funcionalismo. procedimentos tinham sido cumpridos de forma correta, para se preocupar
Ao tornar os administradores públicos mais autônomos e mais mais com os ganhos de eficiência e efetividade das políticas. Com a
responsabilizados perante a sociedade, a Administração Pública Gerencial Reforma Gerencial do Estado, o controle que antes era realizado apenas
constitui-se em um instrumento fundamental na defesa do patrimônio pelos administradores e estruturas internas de controle externo e interno,
público e dos princípios republicanos. passa a ser, adicionalmente, a combinação de quatro tipos de controle:
B3) Descentralizar a execução dos serviços públicos é tarefa Controle de resultados, realizado a partir de indicadores de
essencial no caminho da modernização gerencial do Estado latino- desempenho estipulados de forma precisa nos contratos de gestão.
americano. Primordialmente, as funções que podem ser realizadas pelos Controle contábil de custos, que estará preocupado não somente com
governos subnacionais e que antes estavam centralizadas, devem ser a checagem dos gastos realizados, mas também com a descoberta de
descentralizadas. Esta medida busca não somente ganhos de eficiência e formas mais econômicas e eficientes de fazer as políticas públicas. A
efetividade, mas também aumentar a fiscalização e o controle social dos aquisição desta última habilidade foi chamada na reforma administrativa
cidadãos sobre as políticas públicas. O Governo opta normativamente inglesa de incorporação da “consciência de custos” no serviço público. A
pela descentralização, mas faz ressalvas quanto à adoção de uma partir disso, os funcionários públicos começaram a valorizar o bom uso do
perspectiva em que o processo descentralizador seja sempre, em dinheiro público e, assim, respeitar mais a população pensada como
qualquer circunstância, o único modo de resolver os problemas da contribuinte.
administração pública. Isto porque, em primeiro lugar, a relação entre a

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Controle por competição administrada, ou por quase-mercados, nos Com esta mudança, os cidadãos devem participar tanto da avaliação
quais as diversas agências buscam oferecer o melhor serviço público aos como da gestão das políticas públicas, especialmente na área social. No
usuários. Essa competição pode trazer ganhos de eficiência e efetividade caso da avaliação, várias reformas administrativas pelo mundo estão
ao sistema, já que a disputa obriga a uma utilização mais racional dos introduzindo instrumentos de aferição dos resultados dos serviços públicos
recursos e porque a tendência é aumentar o leque de serviços à através da consulta popular. No que se refere à gestão, as comunidades
disposição dos cidadãos. estão assumindo a responsabilidade por programas nas áreas da
E, por fim, o controle social, por meio do qual os cidadãos avaliarão educação, saúde e habitação, como se pode ver em diversas experiências
os serviços públicos ou participaram de sua gestão. O controle social é um bem sucedidas na Brasil.
instrumento fundamental para lidar com a complexa relação entre os C - Uma Reforma Democrática e Progressista
cidadãos e seus agentes, os políticos e os burocratas. Obviamente o A Reforma Gerencial do Estado precisa assumir uma estratégia
controle da burocracia feito pelos políticos é essencial na democracia diferente da assumida pelas reformas até então. Primeiro, utilizando-se do
representativa, mas seguramente ele não é o único que garante a aprendizado adquirido diante dos erros cometidos. Segundo, e mais
informação necessária à população avaliar o caráter público das ações do importante, os objetivos da Reforma Gerencial são diferentes dos
Estado. Tem mostrado-se que controle da população sobre a burocracia - presentes nas primeiras reformas implantadas na Brasil.
supervisão de tipo “alarme de incêndio” - é o que assegura a maior A primeira rodada de reforma, de cunho mais neoliberal, colocou a
otimização da relação entre o principal (cidadãos) e seus agentes burocracia pública e a esquerda tradicional na defensiva, já que estes
governamentais, uma vez que o custo da informação é menor do que na grupos insistiam em fechar os olhos para a grave crise que assolava o
relação estabelecida entre políticos e burocratas e os ganhos imediatos à Estado latino-americano. Mas sabemos hoje que os meios utilizados por
sociedade são maiores. essas reformas não levaram à resolução dos problemas. No que se refere
Além destes controles vinculados ao modelo da Reforma Gerencial do à administração pública, as medidas inicialmente tomadas enfatizaram a
Estado, é preciso reforçar o controle judicial sobre atos ilícitos e para demissão de funcionários (downsinzing), a eficiência a qualquer custo e a
garantir a uniformidade de tratamento aos cidadãos. Esta questão é identificação pura e simples da administração pública com a administração
extremamente relevante no Brasil, dada a histórica fragilidade dos órgãos de empresas.
judiciários na região, ao contrário da experiência norte-americana ou A Reforma Gerencial do Estado posiciona-se contra esta receita. Ela
mesmo europeia. Duas razões justificam atualmente o reforço do controle vê na demissão apenas um recurso - e certamente não o mais relevante -
judicial como um aspecto importante do processo de reforma do Estado. A para se alcançar equilíbrio fiscal e eficiência. Mais do que isso, o critério
primeira é que a confiança dos agentes econômicos no Judiciário, de que a redução de pessoal não deve ser abordada como um fim em si
sobretudo em sua relação de fiscalização do Poder público, é fundamental mesma ou como uma mera reação a problemas fiscais. Sem planejamento
para estabelecer o bom funcionamento do mercado. E mais importante, é cuidadoso dos programas de corte, o risco de curto prazo é o êxodo dos
fundamental aprimorar o controle judicial no continente latino-americano, melhores. Os riscos de longo prazo incluem a desmoralização dos
pois os direitos civis e a efetividade da lei não são respeitados funcionários públicos, a qualidade inferior do serviço e a perda de
integralmente pelo Poder público. Cabe lembrar que os usuários dos credibilidade se os cortes forem percebidos como arbitrários e opacos.
serviços públicos em nosso continente de modo geral não têm protegidos A Reforma Gerencial do Estado também não busca a eficiência a
os seus direitos de consumidores. De fato, o modelo gerencial pode mudar qualquer custo. Primeiro porque a eficiência não pode ser descolada da
muito esta situação, mas fica a pergunta: e quando tais direitos não forem efetividade, pois otimizar os recursos públicos sem oferecer bons serviços
respeitados? Os controles gerenciais, em suma, precisam ter como ou resolver os problemas sociais é incompatível com os valores que
salvaguarda última o controle judicial. estamos defendendo. Além disso, o modelo gerencial deve subordinar a
Com relação ao segundo tipo de agência descentralizada, que atua eficiência ou qualquer outro critério racional administrativo ao critério
nos serviços sociais e científicos, o Governo defende que o Estado deve democrático, expresso na vontade popular. São os critérios definidos nos
continuar atuando na formulação geral, na regulação e no financiamento espaços públicos que devem prevalecer sobre qualquer racionalidade
das políticas sociais e de desenvolvimento científico-tecnológico, mas que técnica, e por isso a Reforma Gerencial do Estado se afasta de qualquer
é possível transferir o provimento desses serviços a um setor público não visão tecnocrática de gestão.
estatal em várias situações. De antemão, é preciso frisar que não se trata Desse modo, a Reforma gerencial não opta pelos princípios do
da privatização dos serviços públicos na área social. O Estado continuará mercado como o ordenador por excelência dos novos rumos do setor
sendo o principal financiador e, mais do que isso terá um papel regulador público. A proposta do CLAD é de que o caminho para modernizar a
no sentido de continuar definindo as diretrizes gerais e poder retirar a administração pública passa pela redefinição das relações entre a
provisão de determinadas políticas caso seus mantenedores não estejam sociedade e o Estado, construindo uma esfera pública que de fato envolva
realizando um trabalho de acordo com o esperado pelos cidadãos. Essa a sociedade e os cidadãos na gestão das políticas públicas.
confusão conceitual provém de uma visão dicotômica que contrapõe o Por fim, a Reforma Gerencial do Estado, como definimos
“estatal” ao “privado”. Assim, se o Estado não está realizando diretamente anteriormente, tem muito clara a distinção entre a administração pública e
a prestação dos serviços, logo eles foram privatizados. a administração de empresas.
Além disso, os grupos sociais que assumem esse espaço público Portanto, não se trata de uma proposta contra os servidores públicos.
não-estatal, em sua maioria, possuem uma motivação que vai além da Procura-se compatibilizar a profissionalização dos setores fundamentais
pecuniária. Isto ocorre, sobretudo porque o compromisso ideológico com a da burocracia com o aumento da responsabilização dos funcionários
causa em questão - serviços na área educacional ou assistência à velhice, públicos frente à sociedade e ao sistema político.
por exemplo - estreita os vínculos dos membros dessas organizações, O Governo propõe uma nova burocracia, e não o seu fim. Com novos
sendo mais relevante do que os preceitos organizacionais burocráticos ou estímulos no ambiente de trabalho, dada a mudança gerencial da gestão,
aqueles voltados ao lucro. Em políticas como as da área social, é de os funcionários tornar-se-ão mais autônomos e responsáveis
importância capital a dedicação humana, mais presente em organizações (empowerment) e não peças de uma engrenagem sem vida. Certamente
cuja base é a solidariedade. terão que ser mais treinados e bem pagos, contudo terão que responder
Uma outra vantagem trazida pelo conceito de público não-estatal é precisamente às metas do contrato de gestão e às demandas do cidadão-
mostrar que o Estado precisa aumentar sua capacidade de cooperação usuário. Para parte do funcionalismo, os contratos de trabalho serão
com a comunidade, o Terceiro Setor e o mercado. Sem isso, os governos flexibilizados, mas continuará sendo objetivo do Estado dignificar a função
terão dificuldade de melhorar a prestação dos serviços públicos. pública.
Finalmente, o setor público não-estatal tem a grande vantagem de A Reforma Gerencial do Estado também não é conservadora, como
tornar mais democrática a prestação e a gestão dos serviços públicos. alardeiam alguns grupos, muitos deles temerosos de perder o seu statu
Esse é um aspecto capital do modelo gerencial, tal como mostramos logo quo. Ao contrário, ela é uma proposta essencialmente progressista, pois:
adiante. - Afirma a responsabilidade do Estado pelos direitos sociais e o seu
B6) Outra característica importante da Reforma Gerencial do Estado é papel financiador na área dos serviços sociais de educação, saúde e
a orientação da prestação dos serviços para o cidadão-usuário. cultura.

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APOSTILAS OPÇÃO
- Pressupõe que a função do Estado no plano do emprego não é dar A administração geral tem pleno controle dos destinos da empresa e
emprego, mas criar condições favoráveis ao pleno emprego. Para isso, é há segurança de que a ação esteja orientada para a missão, porque é
preciso garantir condições macroeconômicas saudáveis e, sobretudo, muito fácil atribuir, localizar e cobrar responsabilidades dentro de uma
investir maciçamente em educação, grande porta para a empregabilidade estrutura onde a divisão de tarefas é muito cristalina
no século XXI. Há pequena confusão em relação sobre quem tem que fazer o que já
- Busca ampliar o espaço público, com a criação do conceito do que as responsabilidades estão muito bem definidas.
público não-estatal e procura aumentar as formas de participação popular O número de gerentes tende a ser econômico
na avaliação e controle dos serviços públicos. O desenvolvimento da experiência e da competência técnica fica
O Brasil passou por uma grande crise na década de 80 e está favorecido, porque os especialistas funcionais ficam juntos.
buscando sua superação ao longo dos anos 90. A consciência dos erros Com o aumento da especialização e da competência, torna-se fácil
das reformas anteriores já existe, e por isso é preciso assumir a Reforma absorver novas técnicas e conceitos relacionados com as operações de
Gerencial, para a qual o Brasil já está preparado, como o instrumento cada área. Há uma tendência à administração eficaz.
fundamental para tornar o Estado capaz de atuar positivamente em prol do Se o tamanho aumenta muito, certos problemas podem surgir. Entre
desenvolvimento econômico sustentado, da melhor distribuição de renda e eles, o da excessiva especialização, porque as funções vão subdividindo-
da consolidação da democracia. se sucessivamente e com isso criam-se novas camadas funcionais e
Processo administrativo. Funções da administração: planejamento, novos cargos especializados. A estrutura tende a tornar-se complexa e
organização, direção e controle. Estrutura organizacional. Cultura “feudalizada” , acarretando um distanciamento dos objetivos gerais.
organizacional.
ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL
A administração pública pode ser definida objetivamente com A alternativa da organização territorial torna-se uma exigência quando
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS ORGANIZAÇÕES FORMAIS a empresa opera em lugares físicos diferentes e em cada local é
Uma organização é uma combinação de esforços individuais que tem necessário alocar certo volume de recursos ou certa autonomia, e também
por finalidade realizar propósitos coletivos. Além de pessoas, as quando é possível promover algum tipo de agregação por proximidade.
organizações utilizam outros recursos, como máquinas e equipamentos, Quando a organização usa este critério geográfico de
dinheiro, tempo, espaço e conhecimentos. departamentalização, cada unidade de trabalho corresponde a um
Por meio de uma organização, é possível perseguir e alcançar território. O gerente dessa unidade é responsável por tudo aquilo que
objetivos que seriam inatingíveis para uma pessoa. Uma grande empresa aconteça dentro de seu território ou região.
ou uma pequena oficina, um laboratório de análises ou um corpo de O critério territorial é usado no primeiro escalão quando há um grau
bombeiros, um hospital ou uma escola são todos exemplos de elevado de dispersão geográfica de todas as atividades. Este é o caso que
organizações. será analisado adiante, no segmento divisionalização.
As organizações têm características importantes que as diferenciam
de outros grupos sociais, como a família, as multidões, os passageiros de ORGANIZAÇÃO POR PRODUTO
um veículo coletivo e a massa de consumidores de determinado produto. Quando a empresa trabalha com vários produtos, que apresentam
As principais são: diferenças importantes entre si pode ser melhor tratá-los separadamente,
Propósito no que diz respeito aos processos de fabricá-los e comercializá-los
Divisão do trabalho, e Isto conduz a uma forma de organizar onde a responsabilidade é
Coordenação. atribuída tendo o produto como critério. Cada unidade de trabalho,
Todas as organizações formais são burocracias, ou seja, há excesso consequentemente, tem responsabilidade sobre um grupo de operações
de regulamentos, há gente demais para fazer pouca coisa, há muitas ou sobre a totalidade das operações relativas a um produto.
tramitações a serem percorridas num processo. Esta alternativa pode ser usada tanto em empresas industrias, para
estruturar linhas de produção , ou comerciais, para especializar o trabalho
ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL de vendas.
Qualquer empreendimento pode ter seu propósito básico dividido ORGANIZAÇÃO POR FASES
numa sequência de funções ou operações principais. Um primeiro critério Dentro da função de produção das empresas industriais e em outras
que se pode adotar, para dividir a organização em departamentos, operações, mesmo de escritório, que envolvem a montagem de um
consiste em usar funções como base para a divisão do trabalho. Assim produto final, uma possibilidade de organização frequentemente
uma organização segue o critério funcional de departamentalização empregada é a criação de departamentos que têm responsabilidades
quando cada departamento corresponde a uma função principal. Há um sobre cada um dos estágios pelos quais passam os materiais até se
administrador geral que comanda o conjunto todo e, logo abaixo, cada transformarem no produto final. Neste caso, os indivíduos e os recursos
integrante do primeiro escalão hierárquico é responsável por uma por eles utilizados são agrupados em função de sua posição na sequência
atividade especifica: produção, vendas, finanças, e assim por diante. dos estágios que foram definidos pela administração. Esses estágios - ou
O modelo funcional de departamentalização presta-se a um grande fases - podem abranger todo o processo de montagem ou fabricação, ou
número de utilidades. Ele é usado em primeiro lugar, por organizadores uma parte dele que se julgue mais importante.
que:
Estão no começo de sua vida ORGANIZAÇÃO POR CLIENTE
São de pequeno porte; Assim como a organização por produto é a escolha natural no caso de
Manufaturam apenas um produto. haver distinções marcantes entre os produtos, à diversificação dos clientes
O modelo funcional também é usado por grandes empresas quando é o fator que determina a escolha da organização por cliente. O Volume
as seguintes condições estejam presentes: de compras, a intensidade e a frequência do atendimento exigido e outros
Pequena diversificação tecnológica ou de produtos: há um número fatores diferenciam os clientes uns dos outros.
pequeno de produtos, ou todos são fabricados usando a mesma O ponto extremo da organização por cliente é a criação de um
tecnologia básica. departamento para cada cliente, ou pelo menos, para cada um dos
Venda e distribuição dos produtos pelos mesmos tipos de canais clientes ,mais trabalho ou do faturamento da organização. Agências de
Execução de operações numa mesma área geográfica publicidade e empregar esta opção, onde cada cliente é uma conta.
Ambiente externo estável (consumo, fornecimento e concorrência
relativamente constantes). ORGANIZAÇÃO DISCIPLINAR
O critério funcional também pode ser usado sucessivamente, nas Organizações como escolas, laboratórios industriais e centros de
partes menores dos departamentos, dividindo-se o trabalho de acordo pesquisa, que têm como objetivos a educação e a produção de
com as operações principais dessas partes. informações costumam empregar a alternativa da divisão do trabalho
Em todos os casos onde é utilizada, a estrutura funcional apresenta segundo os ramos do conhecimento, disciplinas ou especializações
algumas características como: profissionais.

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APOSTILAS OPÇÃO
Neste caso, casa departamento corresponde a um grupo de Um projeto compreende todas as tarefas necessárias para realizar um
especialistas em determinada área do conhecimento, que procuram objetivo específico, e a pessoas que nelas trabalham formam a equipe do
alcançar objetivos como: projeto. Há pelo menos três alternativas para a organização de projetos.
Obter novos conhecimentos por meio de pesquisa. Projetos puros
Aplicar o conhecimento disponível à solução de problemas A primeira possibilidade para organizar projetos é estruturar toda a
Transmitir o conhecimento a estudantes ou à comunidade em geral. empresa em forças tarefas, com exceção de um grupo centralizado de
pessoas que respondem pelos serviços de infra-estrutura administrativa.
ORGANIZAÇÃO POR PERÍODO Neste modelo, cada um dos projetos corresponde a uma equipe diferente
Atividade que devem ser executadas ininterruptamente, ou que vão das demais , com responsabilidade sobre um produto final ou serviço
além do chamado horário comercial de trabalho, podem ser divididas em específico.
períodos, chamados turnos. Neste caso, cada turno corresponde a um Este modelo de organização de projeto tem a vantagem evidente de
grupo diferente de indivíduos que trabalham em determinado horário, possibilitar a concentração da equipe nos objetivos de seu projeto e de
sendo o chefe do turno responsável pelas tarefas executadas durante orientá-la eficazmente em direção ao problema a ser resolvido. No entanto
aquele período de trabalho. Esta alternativa é muito empregada em tem a desvantagem evidente da ociosidade de cada equipe, uma vez que
determinados tipos de linhas de produção e prestação de serviços, como seu projeto termine , tornando-se necessário desmobilizá-la ou demitir
hospitais segurança pública e agências bancárias. seus integrantes se não houver possibilidade de distribuí-los entre as
demais equipes.
ORGANIZAÇÃO POR QUANTIDADE
A organização por quantidade é o que o próprio nome diz: as pessoas Projetos Autônomos
são agrupadas em quantias, em função do volume de trabalho a ser Um projeto autônomo é uma força tarefa “encaixada” dentro de uma
realizado o qual geralmente é o mesmo para cada uma das quantias. É estrutura maior, que pode estar organizada segundo qualquer um dos
provavelmente o critério de organização sobre o qual primeiro se critérios anteriores. Esta é uma solução interessante quando a
escreveu, estando registrado na Bíblia como a forma empregada por organização tem uma predominância de atividades rotineiras, combinadas
Moisés, seguindo o conselho de Jetro, para dividir os hebreus em grupos. com a ocorrência muito esporádica de projetos, ou quando há uma
As forças armadas, com sua estrutura de divisões, regimentos e atividade importante demais para ser tratada de modo comum.
batalhões, também o empregam desde a antiguidade. As empresas
modernas quando têm que lidar com grandes volumes de produção fazem Estrutura Matricial
a mesma coisa. O volume total é dividido em linhas de produção, cada A estrutura do tipo matricial pode ser empregada quando for
uma delas correspondendo a uma gerência, que fazem todas a mesma necessário conduzir diversos projetos de natureza similar, utilizando os
coisa. mesmos recursos humanos. Em seu modelo “ideal” este tipo de estrutura
consiste em uma organização funcional estável combinada com uma
DIVISIONALIZAÇÃO estrutura consiste em uma organização funcional estável combinada com
A divisionalização é um processo de atividades e de autoridade pelo uma estrutura horizontal de coordenação que comanda e orienta os
qual cada unidade de trabalho passa a desfrutar de grande autonomia - recursos humanos especializados para a execução de um mais projeto.
com uma dose correspondente de responsabilidade. Essa A vantagem da estrutura matricial decorre da combinação de dois
descentralização torna-se uma necessidade quando a organização cresce, outros tipos de estrutura. Enquanto a organização funcional favorece a
passando a atuar em grandes extensões geográficas, a atender a especialização e a acumulação de conhecimentos, a organização por
mercados muito diferentes uns dos outros, ou a operar linhas muito projetos favorece a orientação para algum tipo de resultado ou problema a
diversificadas de produtos e serviços ser resolvido.
Quando se emprega a divisionalização, os produtos ou as áreas Uma análise dessa combinação de vantagens foi feita pelo professor
geográficas vêm em primeiro lugar, logo abaixo do administrador geral, ás Roberto Sbragia que estudou a ocorrência da estrutura matricial em
funções, seguem-se as gerências de produto ou território. institutos de pesquisa. Neste tipo de empresa, em geral organiza por meio
Uma divisão, portanto, é uma unidade de trabalho que tem de uma estrutura disciplinar, as divisões técnicas realizam algumas
responsabilidade sobre um produto ou sobre um território e, de maneira atividades continuamente, tais como ensaios, testes, atendimento de
geral , engloba todos os recursos necessários à produção e consultas, pesquisas produção de materiais diversos em pequenas
comercialização do respectivo produto na respectivo território. quantidades.
De outro lado, a estrutura matricial compromete os princípios
ORGANIZAÇÕES DE PROJETOS clássicos da unidade de comando e da equivalência entre
As diversas possibilidades da estrutura funcional e a estrutura responsabilidade e autoridade, por causa da dupla subordinação e porque
divisional prestam-se a atividades ou organizações cujas atividades são nem sempre o gerente de projeto tem a dose necessária de poderes
rotineiras e programadas. formais para garantir o desempenho dos profissionais que lhe são
Certos empreendimentos, no entanto, não seguem nenhum padrão de emprestados.
uniformidade. Eles podem ser muito esporádicos, ou ocorrer uma única
vez na vida da organização e mesmo repetir-se, mas nunca duas vezes do COMO ESCOLHER UMA ESTRUTURA
mesmo jeito. Qual é o tipo especifico de estrutura organizacional que se deve usar?
Nesse caso, por exemplo, estão atividades como: Para selecionar o padrão estrutural mais apropriado, é preciso levar
Certos tipos de industria que trabalham por encomenda, em particular em conta diversos fatores. Alguns deles são os seguintes:
a indústria de grandes equipamentos. Diversidade ou homogeneidade de operações, por causa da
Certos tipos de serviços prestados também sob encomendas, como tecnologia empregada, por exemplo, na produção ou nas matérias-primas.
congressos e convenções, programas de treinamento, corridas de Diversidade ou homogeneidade dos canais de distribuição das fontes
automóveis, eleições presidenciais e grandes competições esportivas. de recursos e das necessidades do consumidor ou usuário.
Implantação de mudanças organizacionais de larga escala e foco bem Natureza da organização (pública, privada, banco, sindicato, escola
definido - novos métodos , procedimentos e tecnologia. etc.)
Pesquisa, desenvolvimento e lançamento de novos produtos. Ênfase estratégia (estabilidade e eficiência ou expansão e eficácia).
Implantação e operação de novas instalações fabris, ou transferência Proporção entre atividades de rotina e de inovação: uma das duas
de sede de um cidade para outra predomina ou têm a mesma importância?
Para organizar as pessoas e os recursos empenhados em atividades Turbulência em contraposição a tranquilidade no ambiente:
como as destes exemplos, que têm começo e fim definidos, a alternativa a estabilidade ou instabilidade no comportamento de clientes, fornecedores
ser considerada é alguma forma de organização de projeto. e outros segmentos do ambiente organizacional.
Participação de cada um dos produtos serviços ou linhas no volume
total de recursos empregados ou resultados obtidos pela empresa.

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APOSTILAS OPÇÃO
Ênfase da administração superior na centralização ou um grande almoxarifado central, cujos itens de estoque atendem à maior
descentralização de autoridade e atividades. parte das necessidades da empresa.
Num determinado estudo, os diferentes fatores que influenciam a Dessa forma, as atividades de prestação de serviços ficam
estrutura, como os dessa relação, forma simplificada e agrupada em três descentralizadas, facilitando o atendimento adaptado às necessidades e,
categorias principais: ao mesmo tempo, a autoridade pelas compras fica centralizada,
Grau de diversificação de produtos e clientes; preservando a economia de compras, cadastro de fornecedores,
Ênfase dos planos e objetivos; e licitações, e assim por diante. Essa é a vantagem de especialização que
Alocação dos recursos favorece a descentralização.
A tarefa de organizar não termina com a divisão do trabalho e a Entretanto, se a especialização é uma vantagem da descentralização,
escolha de uma estrutura. Não apenas é preciso acompanhar e avaliar a a necessidade de coordenação é um motivo que provoca a centralização.
estrutura escolhida, como também há muitas outras decisões que se deve É esse papel que exercem os conselhos de administração e as holdings,
tomar a fim de torná-la viável. que procuram preservar a uniformidade de conduta em suas diferentes
empresas.
NATUREZA A necessidade de economia é outro fator que costuma provocar a
Por estrutura entende-se um sistema estável formado de vários centralização. Como a dispersão de atividades e de autoridade
elementos coordenados ou relacionado de determinada maneira. Se o normalmente implicam o aumento do número de pessoas e instalações ,
termo refere à estrutura da empresa, então admitem-se várias acepções. organizações com problemas de dinheiro ou em épocas de crise procuram
A mais elementar delas é a que define a estrutura como uma equipe de evitá-las.
homens da qual derivam todas as realizações da empresa. Uma segunda
acepção é aquela que considera a estrutura como um conjunto de níveis PROCESSO ORGANIZACIONAL
hierárquicos e de inter-relações entre diferentes grupos de homens ao Na operação diária de uma organização principalmente aquelas que
desenvolverem sua atividade profissional. Diz-se também que a estrutura estão em processo de amadurecimento e consolidação, é possível que
é um esquema de organização que determina quem depende de quem, e ocorram indefinições de responsabilidade e autoridade , tais como
como se dividem e se integram as tarefas. duplicação de esforços ou omissão; certas atividades são executadas por
Esta última acepção pressupõe que na empresa se realizem trabalhos mais de uma pessoa ou certas coisas deixam de ser feitas, porque alguém
diretivos e operativos. Os primeiros relacionados com as tomadas de acha é incumbência de outro.
decisões apontam os objetivos determinados, que se alcançam mediante Com a mudança de pessoas, que normalmente ocorre em qualquer
uma condução adequada dos homens e com a autoridade que a empresa, em com o simples passar do tempo, também é possível que a
competência específica confere. Os segundos são as atividades divisão do trabalho comece a ficar confusa.
padronizadas, que se repetem sob essa condução. Os instrumentos a que A estrutura organizacional necessita de revisão e de manutenção
se refere esta acepção são os meios disponíveis para essa atividade. periodicamente, e para isso existem ferramentas apropriadas. Uma delas
é o organograma linear, que aplica particularmente às situações
FINALIDADES exemplificadas acima.
As finalidade seriam: melhorar o produto, melhorar o volume de O organograma linear é um recurso gráfico no qual está embutida
vendas e os serviços, aumentar a rentabilidade, melhorar a imagem junto uma técnica para analisar três coisas, simultaneamente:
ao público, melhorar as relações humanas dentro da organização e Atividades.
melhorar a capacidade organizacional de resposta a situações futuras. Departamentos envolvidos na execução dessas atividades.
Divisão de autoridade e responsabilidade dos departamentos na
CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO execução das atividades.
Uma das questões enfrentadas por organizações de grande porte, ou
que passam por processos de mudanças ou crescimento diz respeito à COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL: MOTIVAÇÃO
concentração ou dispersão do poder e de certas atividades. Esta questão A motivação (derivada do latim motivus, movere, mover) indica o
envolve decisões de centralizar ou descentralizar que se referem a dois conjunto de razões ou motivos que explicam, induzem, incentivam,
aspectos das organizações: a autoridade e as atividades. estimulam ou provocam algum tipo de ação ou comportamento. Dentro de
Atividades campos especializados, a palavra motivação adquire significados
A descentralização de atividades é também chamada de dispersão específicos. Por exemplo, motivação do consumidor refere-se às razões
geográfica. Há centralização quando as atividades são executadas num que induzem o comportamento de comprar; a pesquisa motivacional é o
mesmo local; inversamente, há descentralização quando diferentes locais estudo das atitudes do consumidor em relação a produtos e serviços.
abrigam atividades de uma mesma natureza. Esta configuração significa A motivação para o trabalho é uma expressão que indica um estado
que as atividades relativas à função de recursos humanos estão psicológico de disposição ou vontade de perseguir uma meta ou realizar
descentralizadas (dispersas) no nível de cada fábrica, de forma que as uma tarefa. Uma pessoa motivada para o trabalho é uma pessoa com
questões locais são tratadas localmente. disposição favorável para perseguir a meta ou realizar a tarefa. Estudar a
motivação para o trabalho é procurar entender quais são as razões ou
Autoridade motivos que influenciam o desempenho das pessoas, que é a mola
Autoridade está centralizada quando o poder de decisão sobre propulsora da produção de bens e da prestação de serviços.
determinados assuntos permanece nas mãos de uma pessoa ou grupo de
pessoas, sem que os executores da decisão ou outros interessados MOTIVOS INTERNOS
possam participar do processo. Inversamente, quando o poder de decisão Os motivos internos são as necessidades, aptidões, interesses e
está distribuído, diz-se que a autoridade foi descentralizada, ou que há habilidades do indivíduo, que o fazem capaz de realizar certas tarefas e
delegação de autoridade. Por exemplo, quando o diretor industrial permite não outras; que o fazem valorizar certos comportamentos e menosprezar
que o gerente de produção estabeleça suas metas de fabricação mediante outros. São impulsos interiores, de natureza fisiológica e psicológica,
entendimentos diretos com o gerente de vendas subordinado do diretor afetadas por fatores sociológicos necessidades, frustração, aptidões,
comercial, está havendo delegação de autoridade nesse assunto habilidades, atitudes e interesses.
específico. Entre os motivos mais importantes estão as necessidades humanas.
A fome, por exemplo, é uma necessidade que motiva o organismo a
Centralizar ou Descentralizar? procurar alimento. Quanto mais forte essa necessidade, maior será o
Tanto a centralização quanto a descentralização oferecem vantagens empenho em satisfazê-la - mais intensa será a motivação. Uma vez
e há inúmeros fatores que influem em cada uma das duas possibilidades. satisfeita a necessidade, o organismo entra num estado de saciedade ou
Uma grande empresa tem em sua área industrial, um setor de fabricação, satisfação, e o objeto do comportamento - no caso da fome, o alimento -
organizado por produtos e dois laboratórios, um de análise de matéria- deixa de representar um estímulo, porque se extinguiu o impulso interno
prima e outro de análise de produtos acabados. Essa mesma organização para persegui-lo.
tem em sua área administrativa, um setor de suprimentos, que administra

Conhecimentos Específicos 7

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APOSTILAS OPÇÃO
Necessidades inerentes à condição humana, como as de Os incentivos monetários também podem ser combinados com outras
alimentação, reprodução , abrigo e segurança , são básicas ou primárias. modalidades de premiação. Pode-se oferecê-los em ocasiões especiais ,
Elas tornam todos os indivíduos iguais uns aos outros. São também como um salário extra atingimento de uma meta de desempenho.
chamadas necessidades de sobrevivência.
LIDERANÇA
Hierarquia das necessidades “É mais fácil apontar alguém que tem liderança do que tentar definir o
A noção de que as necessidades humanas estão organizadas numa que seja liderança”. Não apenas é extremamente difícil dizer o que é
espécie de ordem ou hierarquia desempenha papel importante campo do liderança”, como também o conceito do que é o líder varia de pessoa para
comportamento humano nas organizações pessoa, de grupo para grupo, e de situação para situação. Teremos todos
Necessidades básicas: Abrigo, Vestimenta, Fome, Sede, Sexo, que concordar que o Papa, por exemplo, tem essa capacidade, apesar
Conforto. que aqueles que não são católicos não a aceitam. Mesmo estes, no
Necessidades de segurança: Proteção, Ordem, Consciência dos entanto , não poderão deixar de reconhecer que ela existe dentro de
perigos e riscos, Senso de responsabilidade. determinado universo de valores. Além disso, ficamos em dúvida sobre a
Necessidades de participação: Amizade, Inter-relacionamento base de sua liderança : ela está no indivíduo , na posição que ele ocupa
humano, Amor. ou na instituição que ele simboliza?
Necessidades de estima: Status, Egocentrismo, Ambição, Exceção. Definição
Necessidades de auto - realização : Crescimento pessoal, Aceitação Há muitas definições desse fenômeno social complexo que é a
de desafios, Sucesso pessoal, Autonomia. liderança. A explicação mais simples diz que o indivíduo A é um líder (ou
De acordo com Maslow: tem liderança) quando consegue conduzir as ações ou influenciar com
As necessidades básicas manifestam-se em primeiro lugar, e as sucesso o comportamento dos indivíduos B, C, D etc.
pessoas procuram satisfazê-las antes de se preocupar com as de nível Nessa definição, está caracterizada a natureza da liderança como
mais elevado. fenômeno, sem discutirmos, ainda , os motivos pelos quais os indivíduos
Uma necessidade de uma categoria qualquer entre as cinco precisa B,C, D etc. concordam em ser conduzidos ou deixam que seu
ser atendida antes que a necessidade de uma categoria seguinte comportamento seja influenciado pelo indivíduo A .
represente uma preocupação. Em outras palavras, se uma necessidade Outra definição diz o seguinte:
não for satisfeita, a pessoa ficará estacionada nesse nível de motivação. “Liderança é a realização de uma meta por meio da direção de
Uma vez atendida, uma necessidade deixa de representar uma colaboradores humanos. O homem que comanda com sucesso seus
preocupação. Em outras palavras, se uma necessidade não for satisfeita, colaboradores para alcançar finalidades específicas é um líder. Um grande
a pessoa ficará estacionada nesse nível de motivação. líder é aquele que tem essa capacidade dia após dia, ano após ano ,
Uma vez atendida, uma necessidade deixa de representar uma numa grande variedade de situações”.
preocupação, e a pessoa a ser motivada pela ordem seguinte de Quem são os líderes?
necessidades. Um líder não é apenas um personagem proeminente, que pertence à
história ou tem uma aura de sobrenaturalidade a seu redor. Há muitas
MOTIVOS EXTERNOS situações nas organizações e na vida social que envolvem essa
Os motivos externos são estímulos ou incentivos que o ambiente capacidade de comandar visando à realização de objetivos.
oferece ou objetos que a pessoa persegue porque satisfazem a uma Que tipos de líderes há?
necessidade, despertam um sentimento de interesse ou representam a Em segundo lugar, é importante distinguir administradores formais de
recompensa a ser alcançada. Um discurso de exortação feito por um líder lideres informais. Não que os dois sejam mutuamente exclusivos, mas há
político, um desafio proposto pelo gerente de vendas, uma escala de diferença entre por exemplo, o presidente de uma empresa e o dirigente
progressão salarial, “o que eu quero ser quando crescer” e até mesmo o sindical que mobiliza seus empregados numa manifestação ou greve
chicote usado pelos antigos feitores de escravos são exemplos desses contra essa mesma empresa. A diferença é que o primeiro tem poder
estímulos externos. formal (ou autoridade formal) sobre seus funcionários, enquanto o
Os motivos externos podem ser divididos em duas categorias segundo está exercendo uma liderança informal, ou simplesmente
principais - o trabalho - segundo uma classificação feita numa teoria liderança, sobre os mesmos funcionários, visando a meta de fazer
proposta por Frederick Herzberg, que exerceu grande influência nos manifestação ou greve.
estudos sobre a motivação. Por que há liderados?
A estes aspectos foi dado o nome de fatores intrínsecos ou fatores de O terceiro aspecto importante no fenômeno da liderança envolve os
motivação propriamente dita entre estes encontravam-se os seguintes: motivos que levam um grupo a concordar com a influência de um líder
O trabalho em si. sobre seu comportamento.
A realização de algo importante A compreensão do fenômeno da liderança precisamente nesse ponto:
O exercício da responsabilidade os motivos que levam uma pessoa a ser capaz de influenciar o
A possibilidade de crescimento comportamento alheio. Esta é a questão essencial, que abrange as duas
anteriores.
Teoria dos dois fatores Felizmente, o conhecimento disponível oferece-nos uma classificação
Por outro lado, os aspectos insatisfatórios diziam respeito mais ao desses motivos, chamado bases da autoridade.
contexto do trabalho, ou seja, às condições dentro das quais o trabalho
era executado. A estes aspectos foi dado o nome fatores extrínsecos ou ESTILOS DE LIDERANÇA
higiênicos e eram: Uma ideia bastante disseminada sobre os estilos de liderança coloca
Estilo de supervisão os três comportamentos - autocrático, democrático e liberal - não como
Relações pessoais categorias totalmente distintas e isoladas umas das outras, mas como
Salário pontos de referência dentro de uma escala.
Políticas de administração de pessoal Comportamentos autocráticos
Condições físicas e segurança do trabalho. Os comportamentos autocráticos correspondem ao uso propriamente
Incentivos monetários dito da autoridade formal e de seus instrumentos, e suprimem a
A premiação em dinheiro é a mais simples que uma empresa pode participação ou influencia dos subordinados no processo decisório do
usar. É também muito tradicional e largamente usada: comissões de dirigente. A autocracia, como comportamento do dirigente, pode ser
vendas, bonificações por peças produzidas, participação nos lucros e “suave “ ou forte.
prêmios por sugestões são apenas alguns dos inúmeros exemplos que Comportamentos democráticos
esta modalidade de premiação oferece. O dinheiro é fácil de manejar; é Os comportamentos do tipo democrático pressupõem alguma espécie
algo de que todos precisam e tem a vantagem de que o ganhador pode de influência ou participação dos subordinados no processo de decisão ou
escolher o que fazer com ele. de uso da autoridade por parte do dirigente. Aqui também, temos mais e
menos democracia.

Conhecimentos Específicos 8

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APOSTILAS OPÇÃO
Comportamentos Liberais O efeito Pigmalião nas organizações
No caso dos comportamentos liberais, o gerente ou líder transfere sua Aplicado ao trabalho dos gerentes, o conceito do efeito Pigmalião
autoridade para os subordinados, conferindo-lhes o poder de tomar propõe que o desenvolvimento, a motivação e o desempenho de uma
decisões que os afetam e que afetam o próprio gerente ou líder. Ser pessoa dependem em parte da forma como ela é tratada por outros, em
liberal, em termos de comportamento do líder, implica a decisão de particular por aqueles outros que têm sobre ela alguma espécie de
abdicar racionalmente do poder de decisão. ascendência, como é o caso de seus chefes. Esse tratamento, por sua
vez, é produto das expectativas que a segunda pessoa tem em relação
LIDERANÇA SITUACIONAL aos alunos.
Um dos modelos mais populares de liderança que se baseiam na
ideia de dois estilos - tarefa versus pessoa - é a grade gerencial INFLUÊNCIA DA PERCEPÇÃO
(managerial grid, no original), de Blake e Mouton . A percepção pode ser definida como um processo de aquisição e
Autoridade versus liberdade interpretação de informações. Uma pessoa faminta vê a comida de forma
Dos autores que disseminaram a ideia da liderança situacional, diferente de outra satisfeita, porque aquilo que ocorre em seu organismo
Tanenbaum e Schmit estão entre os primeiros que tentaram definir os altera psicologicamente as propriedades intrínsecas do estímulo,
fatores que poderiam influenciar a escolha do estilo de liderança e a emprestando-lhe um significado particular. Por isso, é a percepção: a
eficácia do dirigente. Eles desenvolveram a ideia de um continuum ou maneira como o estímulo é visto e interpretado.
spectrum da liderança , dentro do qual a autoridade do gerente e a A percepção resulta de todos os fatores anteriormente analisados: a
liberdade do subordinado se combinam em proporções variadas, e sociedade, o grupo e o próprio indivíduo. Cada um destes exerce sua
propuseram que três conjuntos de “forças” ( ou fatores da situação) pesam influência particular, para que o estímulo seja percebido de maneira
na escolha do estilo de liderança entre essas diferenças possibilidades: peculiar por um indivíduo.
Resumindo
A liderança foi considerada, como produto de diversos aspectos da PRINCÍPIOS E SISTEMAS DE ADMINISTRAÇÃO FEDERAL
personalidade e do comportamento e da capacidade de utilizar o conceito Segundo o artigo 4º do Decreto-lei nº 200, de 25-02-1967, “a
de liderança situacional No entanto, é uma assunto por demais complexo administração Federal compreende”:
para caber numa apostila, e sobre o qual nunca é demais estudar, não I - a Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na
apenas em livros de administração, mas também em outras disciplinas e estrutura da Presidência da República e dos Ministérios.
na observação que no dia-a-dia podemos dos líderes que nos cercam. II - a Administração Pública Indireta que compreende as seguintes
categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria:
DESEMPENHO Autarquia; empresas públicas; sociedades de economia mista.
É necessário, portanto, haver sintonia entre os motivos internos e os §1º - As entidades compreendidas na Administração Indireta
externos. As necessidades, interesses a aptidões, de um lado, e os consideram-se vinculadas ao Ministério em cuja área de competência
estímulos que lhes correspondem, de outro, agem simultaneamente para estiver enquadrada sua principal atividade.
motivar o comportamento. A carência de algo que parece importante a Pelo Decreto-lei nº 900 de 29-09-1969, em seu artigo 3º, “Não
pessoa a perseguí-lo. Enquanto permanecer a carência, permanecerá o constituem entidades da Administração Indireta as fundações instituídas
comportamento de busca da satisfação. em virtude de lei federal, aplicando-se-lhes, entretanto, quando recebem
Em outras palavras, para que um estímulo de qualquer natureza subvenções ou transferências à conta do orçamento da União, a
tenha efeito motivador, é preciso que seja visto como recompensa - algo supervisão ministerial”.
que a satisfaz uma necessidade ou responde a um interesse. Dessa Entretanto o Decreto-lei nº 2.299, de 22-11-1986, em seu artigo 1º,
forma, o principal efeito que empresta maior ou menor força a determinado introduziu o §2º ao artigo 4º do Decreto-lei nº 200/67, integrando à
fator de motivação ou satisfação vem do próprio indivíduo, de sua forma Administração Federal Indireta as fundações instituídas em virtude de lei
de encarar o mundo, seus interesses e aptidões. Esses fatores individuais, federal ou de cujos recursos participe a União. E o § 3º exclui as
tão numerosos quanto os indivíduos, exercem o mesmo tipo de influência fundações universitárias e as destinadas à pesquisa, ao ensino e às
que os fatores sociais ou grupais analisados a seguir. atividades culturais, mas apenas para efeitos de inclusão de seus cargos,
empregos, funções e respectivos titulares no Plano de Classificação de
INFLUÊNCIA NO DESEMPENHO Cargos instituídos pela Lei nº 5.645, de 10-12-1970. Referidos parágrafos
O limite do desempenho não é estático e altera-se com a aquisição de foram revogados pelo artigo 10 da Lei nº 7.569, de 10-04-1987. Essa
novos conhecimentos, com o aprimoramento das habilidades e com a mesma lei inclui as fundações públicas entre as entidades constantes do
mudança de atitudes e interesses, por meio de treinamento, educação, inciso II do art. 4º do Decreto-lei nº 200/67 (alínea d).
interação social ou da experiência trazida pela passagem do tempo. Essa O artigo 5º do Decreto-lei nº 200/67 define os seguintes tipos de
evolução constante oferece a cada indivíduo um grande leque de entidades:
possibilidades, cada uma das quais pode concretizar-se ou não, uma vez autarquia => serviço autônomo, criado por lei, com personalidade
que uma pessoa em particular pode estar obrigada a permanecer em jurídica , patrimônio e receita próprios para executar atividades típicas da
determinado patamar de aproveitamento de potencialidades, seja pela Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento,
falta de oportunidade para progredir, pela falta de incentivos, ou por gestão administrativa e financeira descentralizada;
alguma outra razão. empresa pública => entidade dotada de personalidade jurídica de
Efeito Pigmalião nas relações humanas direito privado, com patrimônio e capital exclusivo da união criada por lei
Saindo do plano sociológico para o psicólogo, o fator desencadeador para a exploração da atividade econômica que o Governo seja levado a
tem analogia com a lenda de Pigmalião, da mitologia grega, que se exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa,
apaixonou pela estátua da mulher perfeita que havia esculpido. Vênus deu podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito;
vida à uma estátua e transformou em realidade a expectativa de sociedade de economia mista => entidade dotada de personalidade
Pigmalião, de que ela fosse uma mulher de verdade. Por causa disso, o jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade
fator desencadeador analisado por Merton como um fenômeno sociológico econômica, sob forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a
é também conhecido como efeito Pigmalião, quando transposto para a voto pertençam, em sua maioria, à União ou à entidade da Administração
esfera das relações humanas. Indireta, mas somente a União quando a atividade for submetida a regime
O Experimento de Rosenthal de monopólio estatal.
Para comprovar esse conceito, inúmeros experimentos foram, O Poder Executivo assegurará autonomia administrativa e financeira, no
realizados. Um dos mais interessantes, cuja concepção forneceu o modelo grau conveniente, aos serviços, institutos e estabelecimentos incumbidos da
para os demais, foi levado a efeito por Robert Rosenthal, e consistiu em execução de atividades de pesquisa ou ensino ou de caráter industrial,
dizer a uma professora de uma escola primária americana que metade de comercial ou agrícola que, por suas peculiaridades de organização e
seus alunos haviam sido indicados como intelectualmente promissores” funcionamento, exijam tratamento diverso do aplicável aos demais órgãos da
num teste de QI, e que ao longo do curso esses alunos mostrariam um Administração Direta, observada sempre a supervisão ministerial”
desempenho excepcionalmente elevado.

Conhecimentos Específicos 9

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APOSTILAS OPÇÃO
Os órgão a que se refere este artigo terão a denominação genérica de O sub-sistema administrativo, ou gerencial atua sobre o sub-sistema
órgãos autônomos. Vê-se, pois, que os órgãos autônomos fazem parte da técnico, ou operacional, visando a melhor combinação dos recursos
Administração Direta disponíveis, na busca por resultados.
De acordo o 2º, incluído pelo Decreto-lei nº 900/67, “ Nos casos de
concessão de autonomia financeira , fica o Poder Executivo autorizado a O Sub-Sitema Gerencial
instituir fundos especiais, de natureza contábil, a cujo crédito se levarão
todos os recursos vinculados às atividades do órgão autônomo As funções administrativas, estão relacionadas com o sub-sistema de
orçamentários , inclusive a receita própria. Gerência das Organizações, também denominado sub-sistema gerencial.
Recentemente, o Decreto nº 93.872/86, em seu artigo 71, denominou Basicamente esse sub-sistema tem como objetivo conseguir a cooperação
Fundo Especial, para os fins daquele Decreto (o que faria supor a permanente das pessoas, nas diversas áreas de especialização, para
existência de tais fundos em outras circunstâncias) “ a modalidade de alcançar os objetivos organizacionais.
gestão de parcela de recursos do Tesouro Nacional, vinculados por lei à Ao contrário das funções técnicas, que são diferentes conforme as
realização de determinados objetivos de política econômica, social ou particularidades de cada empresa, as funções administrativas se aplicam
administrativa do Governo”. sem exceção a qualquer tipo de organização.
O distingue, das demais, os de natureza contábil os primeiros, Na definição das funções administrativas, identifica-se inicialmente a
referentes a este capítulo, são os constituídos por disponibilidades de Planejamento que por definição, precede a ação. De fato, no princípio
financeiras evidenciadas em registros contábeis, destinados a atender a de grande parte das ações humanas, individuais ou coletivas, está algum
saques a serem efetuados diretamente contra a caixa do Tesouro Nacional “. tipo de planejamento.
A contabilização dos fundos especiais a que se faz referência é de O planejamento pode ser sistemático ou assistemático, externalizado
responsabilidade do órgão de contabilidade do Sistema de Controle ou internalizado e a curto, médio ou longo prazo.
Interno, onde, inclusive, ficarão arquivados os respectivos documentos. Planejamento sistemático é aquele que se realiza através de técnicas
Quando se tratar especificamente dos controles interno, poder-se-á apropriadas e em prazos regulares. Ele é externalizado quando participam
constatar que a abrangência do controle governamental é bem mais ampla de sua elaboração as pessoas envolvidas no processo e seu prazo de-
que o campo de aplicação da Contabilidade Pública e o dos próprios pende do horizonte de tempo que a organização pretende ter algum tipo
órgãos e entidades que integram a estrutura da Administração Pública. de controle.
Objetivos das empresas públicas
Em seguida, identifica-se a função de Organização, que decorre de
Diz-se que as empresas públicas têm, por exemplo, os seguintes
algum tipo de Planejamento. De fato, ao se planejar uma ação através de
objetivos: promover o desenvolvimento e superar uma alta aversão
uma coletividade de pessoas, cooperando de forma permanente, define-se
privada ao risco; coordenar atividades infra e intersetoriais; assegurar o
também a forma como as pessoas estarão agrupadas e a forma como irão
controle estatal sobre os setores considerados básicos, assim como
trabalhar.
administrador dos monopólios; limitar as práticas monopolísticas ou
oligopolísticas e frear a intervenção das empresas multinacionais; A forma de organizar depende em grande parte dos pressupostos que
contribuir para a instrumentalização da prática econômica governamental, o organizador tem sobre o comportamento das pessoas, sua capacidade
na atenuação ou compensação dos desequilíbrios regionais etc. de se envolver com o trabalho, de assumir responsabilidades, motivação
O desenvolvimento das empresas públicas pode ser explicado pela etc.
concorrência de quatro tipos de causas: Definidos o plano e a estrutura, vem a função de Direção, ou seja: fa-
1. Fatores políticos. Derivam das contradições geradas pelo próprio zer com que as coisas se façam. É a função que conduz a ação.
sistema capitalista e que obrigam o Estado a participar da produção direta Finalmente, identifica-se a função de Controle, que tem como objetivo
de bens e serviços garantir que o trabalho executado corresponda ao que foi planejado.
2. Instrumento de política econômica. O governo utiliza a empresa Planejamento
pública para intervir sobre variáveis econômicas, como emprego,
Dentro desta função, totalmente voltada para o futuro ter-se algum ti-
investimento, redução dos desequilíbrios regionais ,crescimento,
po de controle sobre o futuro, colocam-se atividades como a elaboração
reestruturação setorial e promoção da reindustrialização.
de previsões, fixação de objetivos, programação, orçamentação e a defini-
3. Condições técnicas que impedem uma empresa regida pela ótica
ção de políticas e procedimentos.
privada de alcançar a otimização individual, compatível com otimização
social e sem incorrer em perdas de bem-estar. Organização
4. Vincular sua criação à função que é objetivo dos executivos das Dentro desta função, estão as atividades de definição da estrutura:
empresas públicas, como meio para aumentar sua autonomia e seu poder. unidades orgânicas a serem criadas, para desempenhar as diversas
A forma utilizada nestes casos é a criação de filiais e subfiliais. finalidades; a definição das responsabilidades a serem atribuídas a cada
uma dessas unidades; as relações hieráquicas e funcionais entre as
mesmas.
Direção
2. Funções do processo administrativo: Esta função engloba atividades como a tomada de decisão, a comuni-
planejamento, organização, cação com os subordinados, superiores e pares, a obtenção, motivação e
direção e controle desenvolvimento de pessoal.
Controle
AS FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS Esta função está intimamente associada com o Planejamento. Ao pla-
De uma forma geral identifica-se quatro funções administrativas: nejamento define objetivos a se alcançar; ao Controle cabem as atividades
PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO e CONTROLE. Certos de estabelecer os padrões de desempenho, manter registros de processos
autores discutem se a função de ORGANIZAÇÃO que, embora não seja e resultados alcançados (pontos de controle), avaliar resultados e estabe-
menos importante em relação às outras, não poderia ser considerada lecer as medidas corretivas necessárias. Osnaldo Araúijo.
como parte da função de PLANEJAMENTO, desde que o resultado de seu Controle - Em sentido amplo, caracteriza-se numa das formas de
trabalho são planos permanentes da Organização, na forma de organo- exercício do poder hierárquico, com o objetivo de fiscalização, pelo órgão
gramas, definições de relações hierárquicas e funcionais, descrições de superior, do cumprimento da lei, das instruções e da execução das atribui-
cargos e funções etc. ções específicas, dos órgãos inferiores, bem como dos atos e rendimento
É através da função de ORGANIZAÇÃO que se estabelece a divisão de cada servidor. Pelo enfoque da reforma administrativa e que mais
e subdivisão do trabalho. Isto se materializa no Organograma e descrições diretamente interessa ao nosso estudo, constitui-se em instrumento da
de Funções das diversas unidades orgânicas do SISTEMA-EMPRESA. supervisão ministerial, a que sujeitam-se todos os órgãos da Administra-
Em toda e qualquer organização humana, são desempenhadas funções ção federal, inclusive os entes descentralizados (autarquias, paraestatais),
técnicas e administrativas. normalmente não sujeitos ao poder hierárquico das autoridades da Admi-

Conhecimentos Específicos 10

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APOSTILAS OPÇÃO
nistração direta. Visa, especificamente, à consecução de seus objetivos e c. CLAREZA NA REDAÇÃO
à eficiência de sua gestão, sendo exercido de diversos modos e que Um bom plano deve ser claro e compreensível. Um plano pode ser
poderão chegar, se for o caso, à intervenção, mediante controle total. claro para o planejador, mas o será também para quem o vai usar? Além
A Comunicação Empresarial é uma atividade estratégica para as dire- disso, o planejador tem a responsabilidade de transmitir um plano de
torias e presidencias das empresas. Ela engloba, nas empresas, a super- modo que os que vão utilizá-Io acreditem na sua eficácia e bom senso.
visão da assessoria de imprensa, o planejamento, implementação e
condução das ações de comunicação interna — o que envolve o público TIPOS DE PLANO
interno, ou seja, os funcionários da corporação, e todo e qualquer relacio- a. DIRETRIZES
namento com o público externo, no âmbito corporativo. As atividades de São afirmações ou entendimentos generalizadas que orientam ou ca-
Comunicação Empresarial ainda englobam o cuidado com a imagem nalizam o raciocínio no processo de tomada de decisão pelos subordina-
corporativo, ou seja, com a marca da empresa (não confundir com as dos.
marcas dos produtos) e assim, cuida da imagem da empresa. Os profissi- As diretrizes delimitam uma área dentro do qual uma decisão deve ser
onais desta área estão sempre preocupados com o relacionamento da tomada e asseguram que essa decisão seja compatível com os objetivos e
empresa como um todo com a sociedade e seus interlocutores. Eles contribua para que eles seja alcançados.
olham este relacionamento não de forma multifacetada, ou seja, apenas Tanto as diretrizes como os objetivos orientam os pensamentos à
como clientes, fornecedores, parceiros, mas principalmente como forma- ação, mas com uma diferença: os objetivos são pontos terminais do
dores de opinião e membros de uma sociedade e que podem auxiliar ou planejamento, ao passo que, as diretrizes canalizam decisões no processo
não na preservação da imagem da empresa. Trabalham na área de Co- até esses pontos, ou seja, as diretrizes conduzem aos objetivos, assim
municação Empresarial principalmente jornalistas, relações públicas e como uma série de itinerários alternativos conduzem a uma cidade.
publicitários mas, no Brasil, os postos de gerência sênior e de diretoria
têm sido ocupados por profissionais de outras áreas. b- PROCEDIMENTOS
São também planos para estabelecer um método costumeiro de lidar
com atividades, na realidade, são mais guias de ação do que de raciocínio
Comunicação e especificam a maneira exata pela qual uma certa atividade deve ser
Comunicação é uma troca dos fatos, ideias, opiniões ou emoções en- realizada.
tre duas ou mais pessoas, por meio de palavras, letras, símbolos ou Sua essência é sequência cronológica
mensagens.
Numa empresa industrial, o procedimento para atender a encomen-
O propósito da comunicação em uma empresa é efetivar mudanças e das, certamente compreenderá:
influenciar ações.
- o departamento de vendas para o pedido original;
- o departamento financeiro para a concessão do crédito;
PLANEJAMENTO
- o departamento de produção para produzir ou retirar do estoque;
FASES PARA GERAÇÃO DE UM PLANEJAMENTO
- o departamento contábil para o faturamento;
a. Obtenção de informação e dados
- o departamento de expedição para estabelecer o roteiro e efetuar a
b. Análise dos dados e informações obtidos entrega.
c. Previsão dos acontecimentos futuros c. NORMAS
d. Decisões sobre: As normas são, frequentemente, confundidas com os procedimentos
d.1 - fins; - especificações sobre metas e objetivos. embora as duas coisas sejam inteiramente distintas. A norma exige que
d.2 - meios:- seleção das diretrizes, dos procedimentos, das normas, uma ação específica e definida seja, tomada com respeito a uma situação
dos orçamentos, programas e estratégia, através dos quais as metas e mas, não especifica uma sequência de tempo.
objetivos serão alcançados. “É Proibido Fumar” - É uma norma inteiramente sem relação com
d.3 - recursos: determinação dos tipos e quantidades de recursos ne- qualquer procedimento. O procedimento, porém, regulamentando um
cessários, como deverão ser gerados ou adquiridos e como serão aloca- manejo de pedidos, pode incorporar a norma segundo a qual todos os
dos as atividades. pedidos devem ser submetidos à seção de crédito, no mesmo dia em que
d.4- implementação - projeto da política de tomada de decisão e uma são recebidos,
forma de organizá-la de tal modo que o plano possa ser executado. “Os encarregados da inspeção, no setor de recebimentos, devem con-
tar ou pesar todos materiais recebidos pela empresa” - é outro exemplo de
NORMAS PARA UM PLANEJAMENTO EFICIENTE norma.
a. DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS As diretrizes guiam o raciocínio no processo de decisão através de-
marcação de áreas de arbítrio. As normas não facultam arbítrio em seu
Em todos os estágios do planejamento, é imperioso lembrar as finali-
emprego.
dades que se espera, sejam por ele atingidas.
d. ORÇAMENTOS
O sucesso final de um plano depende do grau em que ele atinge os
objetivos desejados. Se os resultados estão abaixo dos objetivos, o plano Um orçamento, visto como um plano, é uma afirmação de resultados
então falhou naquela quantidade ou proporção. esperados, expressa em termos numéricos. Pode ser apresentado em
termos financeiros, como em homens-hora; unidades de produção; horas-
Um plano é um meio para um fim, e devera ser encarado dessa ma-
máquina, ou qualquer outra expressão numericamente mensurável. Pode
neira.
tratar de operações (orçamento de despesas) ou investimentos de capital
(orçamentos de despesa de capital) ou ainda demonstrar o fluxo monetá-
b- FLEXIBILIDADE DOS PLANOS rio (orçamento de caixa).
Um plano deve indicar uma rota para as metas desejadas, mas assim Um orçamento obriga uma empresa a fazer antecipadamente (seja
mesmo, deve ter um grau de flexibilidade. Um orçamento financeiro ex- com antecipação de uma semana ou de 5 anos) uma compilação numéri-
pressa em termos monetários, quanto deverá ser gasto, em algum período ca do fluxo do numerário esperado, de receitas e despesas, de investi-
futuro, para que certas finalidades sejam conseguidas. Mas, durante esse mentos ou utilização de homens-obra ou horas-máquina.
período, poderão ocorrer variações diferentes das esperadas e, para O orçamento é necessário para o controle mas, não pode servir um
tanto, deverá ser estabelecido um plano que faça concessões para desvi- padrão coerente de aferição a menos que reflita os planos.
os das condições planejadas. Assim, o orçamento é estável no que se e. PROGRAMAS
refere ao estabelecimento de uma rota para os objetivos desejados mas, é
flexível no que diz respeito às variações em quantias fixos que a rota Programas são um complexo de diretrizes, procedimentos, normas,
poderá sofrer. designação de obrigações e outros elementos necessários para dar an-
damento a um certo curso de ação. Os programas podem ser tão impor-
Conhecimentos Específicos 11

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APOSTILAS OPÇÃO
tantes, como o de uma empresa aérea para adquirir uma frota de jatos de Para dirigir subordinados um administrador tem que:
800 milhões de dólares ou, mais simples, como o formulado por um único - motivar
encarregado num departamento de peças para melhorar a moral de seus - comunicar
subordinados.
- liderar
No 1.º caso o programa inicial exige muitos programas derivados co-
mo: COMUNICAÇÃO
e.1- provisionamento das bases de operação e manutenção com Comunicação é uma troca dos fatos, ideias, opiniões ou emoções en-
componentes e peças; tre duas ou mais pessoas, por meio de palavras, letras, símbolos ou
mensagens.
e.2- treinamento do pessoal encarregado;
O propósito da comunicação em uma empresa é efetivar mudanças e
e.3- especialização de pilotos a engenheiros de voo; influenciar ações.
e.4- recrutamento de novos elementos;
e.5- escalonamento de voos; a. PRINCÍPIOS DA COMUNICAÇAO:
e.6- publicidade adequada ao novo serviço; a.1- Clareza;
e.7- financiamento das aeronaves e respectivos seguros. Comunicar sempre em linguagem compreensível, isto requer familia-
Esses e outros programas devem ser elaborados e executados antes ridade com padrões de linguagem dos subordinados, colegas e superio-
que qualquer novo aparelho seja recebido e colocado em serviço. Além res.
isso, todos esses programas reclamam coordenação e sincronização pois, a.2- Atenção:
o fracasso de qualquer um deles, atrasará o programa principal e, em
consequência, acarretará custos desnecessários e evasão de rendas por Dar toda a atenção quando do recebimento da comunicação. Ouvir de
terem sido executados “cedo demais” ou “tarde demais”. maneira descontínua e esporádica; portar-se desatentamente; ignorar ou
saltar palavras escritas redunda em falta de compreensão.
Assim, é raro encontrar-se em um programa de planejamento de al-
guma importância, isolado. a.3- Integridade :
Ele usualmente faz parte de uma complexa estrutura de programas Para um administrador a comunicação é sempre um meio e nunca um
dependendo de alguns, e afetando outros. fim. A integridade da empresa depende em parte, de apoiar a posição dos
administradores subordinados. Os superiores muitas vezes esquecem isso
Mesmo um procedimento ou norma aparentemente sem importância e enviam mensagens passando por cima dos subordinados, num esforço
quando impropriamente concebido, pode arruinar um importante progra- de atingir diretamente os empregados a que elas se destinam, é muito
ma. importante que o superior imediato transmita e interprete as informações.
f. ESTRATÉGIA a.4- Utilização da organização Informal
Estratégias podem ser consideradas como planejamento interpretativo As mensagens fluem regularmente de superior a subordinados e vice-
ou planos feitos à luz dos planos de um competidor. versa, mas esse canal, às vezes, é inadequado para transmitir de maneira
A competição existe onde duas ou mais pessoas lutam pelo mesmo rápida e compreensível, havendo, portanto, necessidade de uma aborda-
objetivo, que poderá ser alcançado apenas por uma delas. gem informal entre superior e subordinados.
Se um administrador elabora seus planos sem atentar ao que seus
competidores estão fazendo, está sujeito a que mesmo os seus melhores b. COMUNICAÇÃO ORAL x COMUNICAÇÃO ESCRITA
projetos caiam por terra. b.1- Comunicação Escrita:
Evidentemente, o melhor tipo de estratégia pode ser elaborado quan- Vantagens :
do o administrador tem conhecimento dos planos de seus competidores,
podem ser retidas como documentos legais e fontes de referência.
em caso contrário, deverá colocar-se no lugar delas, avaliar as circunstân-
cias nas quais estão operando e modificar seus planos estrategicamente. São formuladas mais cuidadosamente.
Desvantagens:
CONCLUSÃO • quando redigidas precariamente obrigam inúmeros esclarecimen-
tos escritos e orais, que tornam a mensagem cara e confusa.
O planejamento é a função administrativa de determinar, adiantada-
mente, o que um grupo deve fazer e quais as metas devem ser atingidas. • por segurança, isenção de responsabilidade ou para créditos futu-
Um administrador planeja o trabalho dos outros. ros as pessoas tendem à conservação de uma volumosa docu-
Ele segue o que Frederick Taylor arquitetou ser um principio básico mentação escrita como meio de defesa ou ataque.
da administração, isto é, separar o planejamento do desempenho. O b.2- Comunicação Oral :
especialista em administração deve planejar o trabalho do grupo e os - Vantagens:
membros do grupo devem especializar-se no desempenho do trabalho - intercâmbio rápido, completo
como este foi planejado. - perguntas podem ser formuladas e respondidas imediatamente.
O planejamento é, ao mesmo tempo, o resultado visado, a linha de - a pessoa que fala é obrigada a ter contato direto com o ouvinte e a
conduta a seguir, as etapas a vencer, os meios a empregar; é uma espé- se fazer entender.
cie de quadro do futuro, é a marcha da empresa prevista e preparada para
Desvantagens:
certo tempo.
- transmissões sucessivas de uma mesma mensagem acarretam per-
da na sua clareza; na comunicação oral, algo da ordem de 30% é perdido
DIREÇÃO em cada transmissão.
Direção é a função administrativa de operar a organização (ou qual- Dificuldade na apuração de mérito ou responsabilidade.
quer subdivisão), à medida que esta, ativamente, executa os planos
traçados. CONTROLE
Esta fase de administração, como o termo implica, dirige o grupo para Controlar é o exercício da função administrativa de restringir e regular
as metas estabelecidas numa fase anterior de planejamento. Quanto mais vários fatores, de modo que as obras e projetos sejam completados pela
completos forem o planejamento e organização, tanto menores serão os maneira porque foram planejados, organizados e dirigidos. Equivale a
problemas inesperados e as decisões de última hora que o executivo verificar se cada pessoa faz a coisa certa, no tempo certo, no lugar certo e
encontrará a medida que ele guiar, eficientemente, sua equipe para os com os recursos certos.
objetivos desejados.
Certas pessoas se impressionam tanto com o significado de “controle”
que usam o termo como um equivalente para “administração”. Assim,

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muitas vezes deparamos com termos como “controle financeiro”, “controle planejamento estratégico, tático e operacional; Balanced scorecard, estra-
de material”, “controle de qualidade” e “controle de pessoal”. Nestes casos tégias, indicadores de gestão, gestão de projetos, gestão por competên-
o controle recebe, realmente, o significado de administração; assim, cias;
controle financeiro é essencialmente administração financeira, controle de Gestão estratégica de empresas (em língua inglesa: strategic enter-
material e administração do material, etc. prise management — SEM) é um termo que se refere às técnicas de
Neste contexto, controle não tem significado tão amplo, porque essa gestão, avaliação e ao conjunto de ferramentas respectivas (como softwa-
palavra não implica o suficiente para garantir o seu uso como sinônimo de re) concebidas para ajudar empresas na tomada de decisões estratégicas
“administração”. de alto nível.
Controle define uma parte bastante importante do trabalho de admi-
nistração e consiste em medir o desempenho de subordinados para Sistema de informação estratégico
assegurar que os objetivos da empresa e os planos delineados para Tipicamente é utilizado um sistema de informação estratégico (SIE)
alcançá-los, sejam realizados. É, pois, a função segundo a qual cada para gerir a informação e assistir no processo de decisão estratégica. Os
administrador, do presidente ao mestre, certifica-se de que aquilo que é SIE representam a evolução natural dos sistemas de informação de ges-
feito está de acordo com o que se tencionava fazer. tão face às necessidades das empresas em tirar partido da informação
recolhida e processada por forma a ganhar vantagem competitiva e quiçá
ETAPAS DO PROCESSO DE CONTROLE redefinir os objetivos da empresa para reajustá-la às alterações ambien-
O processo básico de controle, onde quer que exista e qualquer que tais.
seja a coisa controlada, envolve 3 etapas: Um sistema de informação estratégico foi definido como “O sistema
1. estabelecer os padrões de informação que suporta ou altera a estratégia da empresa” por Charles
Wiseman (Strategy and Computers 1985). Sprague definiu três classifica-
2. medir o desempenho conforme esses padrões. ções destes sistemas:
3. corrigir desvios em relação aos padrões e aos planos. - Sistema competitivo
a. Estabelecimento de Padrões - Sistema cooperativo
Padrões são critérios estabelecidos mediante os quais os resultados - Sistema de operações de mudança na organização
reais podem ser medidos. Constituem a expressão de objetivos de plane-
jamento da empresa ou departamento, em termos tais que a prática Os conceitos chave na gestão estratégica de empresas são:
efetiva dos deveres pode ser medida em relação a esses objetivos. Estabelecer objetivo melhorar a posição da companhia, em oposição
Os padrões podem ser físicos e representar quantidades de produto, a objetivos genéricos, como o aumento de lucro ou redução de custos.
unidades de serviço, homens-hora, velocidade, volume dê rejeições, etc., Avaliação da performance em termos dos objetivos estabelecidos, e
ou podem ser formulados em termos monetários, tais como custos, rendas disponibilização da informação a quem toma as decisões estratégicas.
ou investimentos ou ainda, expressos em quaisquer outros termos que Avaliação e gestão do “capital intelectual”, aptidões e experiência da
medem o desempenho. força de trabalho das companhias.
b. Avaliação de Desempenho Gestão baseada em atividades (ABM, activity based management),
Se o padrão foi estabelecido apropriadamente e se há meios disponí- que busca avaliar clientes e projetos nos termos de seus custo e benefí-
veis para determinar com exatidão o que os subordinados estão fazendo, cios totais à organização, melhor que supor que os projetos mais impor-
a avaliação do desempenho real ou esperado é relativamente fácil. tantes são aqueles que trazem o rendimento mais elevado.
Nos tipos de trabalho menos técnicos, não somente será difícil esta- Gestão estratégica no planejamento público
belecer o padrão, como também será bastante trabalhosa a avaliação. No mundo globalizado, as organizações constantemente tentam fazer
Por exempIo, não é fácil controlar o desempenho de um diretor de fi- uma medição do seu nível, mediante um mercado ou setor, a fim de
nanças ou de um diretor de relações industriais, porque, raramente, se obterem comparações de seus indicadores com outras organizações. Este
podem estabelecer padrões definidos e medir-se com exatidão o desem- processo é denominado de benchmarking.
penho. O superior desses administradores tende, muitas vezes, a confiar Na gestão pública não ocorre diferente. A organização pública faz
em padrões imprecisos, tais como, o estado financeiro da firma, o entusi- constantemente a medição de seus indicadores, tais como o produto
asmo e lealdade dos subordinados, a admiração dos colegas e o sucesso interno bruto per capita, renda familiar, arrecadação de impostos, desem-
em geral do departamento (muitas vezes medido de maneira negativa pela penho de estudantes, entre outros, de modo a obter um referencial, um
ausência de provas de fracasso). nível de performance, reconhecido como padrão de excelência para um
É importante, portanto, ressaltar que à medida que as tarefas se afas- processo de negócio específico em relação a outros países.
tam da linha de montagem, da oficina ou da máquina de calcular o traba- Um dos desafios dos gestores públicos é encontrar Benchmarks para
lho de controlar se torna mais complexo e muitas vezes, mais importante. os principais indicadores ou processos da gestão pública. O advento da
c. Correção dos Desvios globalização trouxe a homogeneização dos centros urbanos, expansões
Se os padrões são estabelecidos para refletir a estrutura da organiza- geopolíticas, revolução tecnológica e hibridização entre as culturas.
ção e se o desempenho é medido nesses termos, a correção dos desvios Os países, considerados de primeiro mundo, passaram a influenciar e
é acelerada, pois o administrador sabe exatamente onde, na designação ditar os padrões de excelência em todas as áreas: econômica, política,
individual ou grupal de tarefas, que medida corretiva deve ser aplicada. educacional e social.
A correção dos desvios no desempenho é o ponto em que o controle “Não basta conquistar a sabedoria, é preciso usá-la”, já dizia Cícero.
se utiliza e se confunde com as demais funções administrativas. O admi- Para diminuir essa linha de comando imposta pelos países de primeiro
nistrador pode corrigir retraçando seus planos ou modificando seu objeti- mundo, a gestão pública pode visionar seu foco num excelente planeja-
vo; ou então poderá corrigir o desvio exercitando sua função de organizar, mento estratégico.
mediante redistribuição das tarefas, novas designações de pessoal, me- Para tal, ela pode utilizar a ferramenta de gestão empresarial conhe-
lhor seleção e treinamento de subordinados, ou pelo último recurso para cida como balanced scorecard (BSC). O BSC traduz a missão e a estraté-
renovação de pessoal, a demissão. gia das organizações num conjunto abrangente de medidas de desempe-
Poderá ainda, corrigir por uma direção melhor, através de explicações nho que serve de base para um sistema de medição e gestão estratégica.
mais detalhadas das tarefas, novas formas de incentivo ou liderança mais A proposta do BSC é tornar entendível, para todos os níveis da orga-
enérgica. nização, a visão, a missão e a estratégia, para todos saibam o que fazer e
AVALIAÇÃO – A aferição ou o julgamento d eficiência de uma ativida- de que forma suas ações impactam no desempenho organizacional.
de administrativa. Os objetivos desta metodologia vão muito além do que se poderia ex-
Gestão Estratégica: excelência nos serviços públicos, Gestão estraté- trair de um mero conjunto de indicadores. Quando aplicado adequada-
gica do Poder Judiciário brasileiro, ferramentas de análise para gestão e mente, permite ainda transformações organizacionais no sentido da ação,
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em especial criar uma visão integral da gestão e da sua situação atual, conforme encontrada na obra “Inteligência Pública na Era do Conhecimen-
olhar em frente de forma pró-ativa, alinhar a estrutura organizacional, to” (Ed. Revan, 2006).
estabelecer iniciativas priorizadas em direção as estratégicas definidas e Gestão sustentável
ainda influenciar o comportamento da sociedade. A gestão sustentável é uma capacidade para dirigir o curso de uma
O BSC é uma construção interativa feita pelos gestores da própria or- empresa, comunidade, ou país, por vias que valorizam, recuperam todas
ganização. As perspectivas do BSC estão todas interligadas, nenhuma as formas de capital, humano, natural e financeiro de modo a gerar valor
pode ser vista de forma independente e a ordem é relevante. aos stakeholders (lucro). A gestão de processos deve ser vista sempre
Entretanto, uma análise de conteúdo do que se inclui em cada pers- como um processo evolutivo de trabalho e gestão e não somente como
pectiva mostra grandes diferenças entre um BSC aplicado a uma empresa um projeto com inicio, meio e fim. Se não for conduzida com esta visão, a
ou serviço público: na missão estratégica, na perspectiva financeira, na tendência de se tornar um modismo dentro da empresa ou do país e logo
perspectiva social, na perspectiva dos processos internos e na perspectiva ser esquecida ao sinal de um primeiro tropeço é grande. Muitos esforços e
de aprendizagem e crescimento. investimentos têm sido gastos sem o retorno espectável.
Como o BSC nasceu no meio empresarial e tem sido desenvolvido em Tudo isto leva-nos a questionar o que será necessário, manter o busi-
torno dessa realidade, não se pode aplicar sem as devidas adaptações à ness as usual onde a otimização muita das vezes está esgotada ou ade-
realidade do setor público, que tradicionalmente guiado pela imensidão de rirmos a um business as bnusual, isto é, tentar mudar o paradigma de
normais legais, está hoje pressionado pela escassez dos recursos financei- desenvolvimento e para isso será necessário novas atitudes e comporta-
ros e colocado perante a necessidade de adotar novos instrumentos de mentos, a “eco eficiência”. É imperativo saber adaptar-se às novas mu-
gestão. danças., aprender a fomentar uma cultura empresarial onde se fundem a
De certa forma, o BSC é um modelo interessante capaz de trazer ino- lucratividade e se salvaguarda o ambiente e os benefícios sociais. As
vação aos serviços públicos. Porém, as organizações públicas estão empresas não podem descurar a Globalização crescente da economia
começando a compreender que os projetos de sucesso exigem mais do mundial.
que recursos financeiros e ideias dispersas. Quando um projeto falha, Se pensarmos que 10% de tudo o que é extraído do planeta pela in-
perde-se dinheiro, tempo e confiança pública. dustria (em peso) é que se torna produto útil e que o restante é resíduo,
Um olhar sobre a inércia dos sistemas de informações atuais dos ser- torna-se urgente uma gestão sustentável que nos leve a um consumo
viços públicos, sugere que alguns têm funcionado em autogestão e inter- sustentável, é urgente minimizar a utilização de recursos naturais e mate-
namente, algumas produzidas também isoladamente ao longo do tempo. riais tóxicos. O desenvolvimento sustentável não é ambientalismo nem
Por exemplo, temos a redundância de processos para uma mesma finali- apenas ambiente, mas sim um processo de equilíbrio entre os objetos
dade, sendo processo um conjunto de atividades estruturadas. econômicos, financeiros, ambientais e sociais.
Tem-se ouvido constantemente de alguns “arrivistas adeptos da era Se pensarmos que os recursos desperdiçados e as constantes perdas
da modernização” que a área pública carece e necessita urgentemente da de lucros têm tendência a aumentarão longo dos anos (ex.: Katrina —
implantação de inteligência. Falam em inteligência como se esta fosse um 80.000 milhões dólares em prejuízos), e que países em desenvolvimento
produto acabado, disposto em prateleiras de lojas, à disposição de um (ex.: o BRIC — Brasil, Rússia, Índia e China) começam a dar sobeja
ávido administrador bem-intencionado que queira propiciar uma verdadei- importância ao crescimento ambiental e social, leva-nos a pensar que é
ra reforma no setor público! Eis um desafio, desenvolver um processo de urgente também Portugal acordar para esta temática e tomar uma atitude
gestão do conhecimento. mais firme e real no que concerne à gestão sustentável, quer por parte
Os sintomas de disfunção são visíveis no interior do setor público, ao das entidades governamentais, quer por parte do tecido empresarial.
longo de seu relacionamento e até com a sociedade. A perspectiva de Tendo em conta que o lucro é uma pré-condição para objetivar as outras
processos do BSC aplicada ao setor público implica uma visão organizada condições da sustentabilidade, não vejo razão alguma para que Portugal e
e interativa que afeta ao negócio de todos os serviços públicos fazendo o seu tecido empresarial não adquiram uma competitividade sustentável.
cair à lógica de autogestão, independência funcional destes serviços e a Apesar de na teoria Portugal já ter uma estratégia para o desenvolvi-
carência de inteligência. mento sustentável, na prática ainda não se verifica, pois o grande proble-
Tal visão leva ainda a inclusão da voz do cidadão no desenho do pro- ma do nosso país é “o crescimento anêmico da produtividade”, ou seja a
cesso, de modo que o resultado conduza a sua satisfação. Tudo é uma reduzida competitividade. A nova gestão e consequentemente os atuais e
questão de estratégia. De identificar quais as aspirações públicas: aonde futuros gestores/empreendedores portugueses deverão assim adaptar um
queremos chegar e o que pretendemos ser? novo instrumento para criar valor, melhorando a eficiência das empresas
— a eco eficiência.
Embora não seja um padrão único e universal para a formulação de
estratégias, faz-se necessário à criação de um esboço para que se possa Em suma, a sustentabilidade do planeta somente vai apresentar uma
prosseguir com a definição do processo estratégico, que viabilize a socie- evolução compatível com as necessidades do meio ambiente a partir do
dade. momento em que ela se tornar um grande negócio. Ganham todos; ganha
o planeta, ganham os consumidores (população), ganham os empresários
De forma mais específica é formular, desenvolver, planejar, implantar em geral (economia mundial).
e controlar o processo estratégico, além de se prevenir dos comportamen-
Obtida de http://pt.wikipedia.org/wiki/Gest%C3%A3o_estrat%C3%A9gica_de_empresas”
tos sazonais futuros nas séries temporais, que está liga a macroeconomia
(crescimento econômico, taxas de inflação, etc), às finanças (previsão de
evoluções de mercados financeiros, investimentos, etc), a gestão empre- PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
sarial (procura de produtos, consumo, etc), a gestão pública (previsões de Ildalberto Chiavenato
trafego em pontos ou estradas, etc) e as áreas científicas (meteorologia, • Caso para discussão
etc). Rubens Fonseca, o presidente da RBM, recebeu do conselho admi-
Muitas análises preditivas podem ajudar os administradores na gestão nistrativo da empresa a incumbência de executar a nova estratégia em-
de seus municípios, estados e outros órgãos públicos, nas mais diversas presarial decidida na última reunião do conselho: criar cinco novos produ-
áreas. Estas análises auxiliam na prevenção a eventos futuros, fazendo tos no decorrer do ano e obter um lucro médio estimado em R$5.000,00
com que diversas ações possam ser tomadas antes que os eventos em cada produto vendido. Os produtos atuais não chegam à média de
ocorram. R$2.000,00 por unidade. Como interface entre as decisões do conselho
Essas análises devem estar presentes no planejamento estratégico. administrativo e a empresa, Rubens reuniu a diretoria para tratar do as-
Isso auxiliará a gestão pública nas questões concernentes à arrecadação sunto, já que todas as áreas da empresa esta-riam envolvidas no plane-
dos impostos, ao atendimento das demandas sociais em relação à saúde jamento estratégico para a execução da estratégia escolhida, a saber:
e a educação. engenharia, tecnologia, finanças, marketing e recursos humanos. Como
Nota: O resumo acima foi elaborado com base na conceituação de Rubens deveria abrir a primeira reunião?
Danilo Mozeli Dumont, José Araújo Ribeiro e Luiz Alberto Rodrigues, O planejamento realizado no nível institucional da empresa recebe o
nome de planejamento estratégico. Os dirigentes, no nível institucional da
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empresa, estão totalmente voltados para a tarefa primária da empresa de oxigênio que a compõem. Efeito sinergístico porque as partes do todo
se relacionar com o mercado e, com isso, se defrontar com a incerteza interagem e cooperam entre si no senti-do de proporcionar um resultado
gerada pelos elementos incontroláveis e imprevisíveis do ambiente de final maior do que a soma das partes. Sinergia é causa, holismo é conse-
tarefa da empresa e do ambiente geral. Ao rastrearem as ameaças ambi- quência.
entais e oportunidades disponíveis para a empresa e ao desenvolverem • Como o planejamento estratégico é genérico e abrangente, ele pre-
estratégias para enfrentar esses elementos ambientais, os dirigentes no cisa ser desdobrado em planos táticos desenvolvidos no nível intermediá-
nível institucional precisam de um horizonte de tempo projetado no longo rio da empresa, cada qual voltado para o seu departamento. Além disso,
prazo, de uma abordagem global que envolva a empresa como um todo cada plano tático precisa ser desdobrado em vários planos operacionais
integrado de recursos, capacidades e potencialidades e, sobretudo, preci- desenvolvidos no nível operacional da empresa, detalhando minuciosa-
sam utilizar decisões cada vez mais baseadas em julgamento, em vez de mente cada tarefa ou atividade a ser executada.
decisões baseadas em dados. Quando se trata de lidar com um ambiente Etapas do planejamento estratégico
complexo, dinâmico, mutável e imprevisível, nem sempre se tem tempo
suficiente para coletar todos os dados e informações possíveis. A empresa O planejamento estratégico exige sete etapas:
não tem condições de processar e interpretar todos os dados e informa- 1. Determinação dos objetivos.
ções que provêm do ambiente. Além disso, como o planejamento estraté- 2. Análise ambiental externa.
gico está orientado para o futuro em um horizonte temporal de longo prazo 3. Análise organizacional interna.
— e como não se tem da-dos ou informações sobre ele — é necessário 4. Formulação de alternativas.
haver uma boa dose de intuição, discernimento e julga-mento. Daí, as
5. Elaboração do planejamento.
duas dificuldades básicas em se lidar com o planejamento estratégico: a
complexidade ambiental e a projeção de ações para o futuro. 6. Implementação e execução
7. Avaliação dos resultados.
Características do planejamento estratégico A seguir, discutiremos sobre cada uma das etapas do planejamento
estratégico.
O planejamento estratégico apresenta as seguintes características
fundamentais: Determinação dos objetivos
1. É projetado no longo prazo: pelo menos em termos de seus efeitos Em função da missão e da visão organizacional, são estabelecidos os
e consequências. Quase sempre o seu limiar cobre algo como 2 a 5 anos objetivos empresariais. Objetivos são as pretensões ou os propósitos da
pela frente. Em alguns casos, chega a cobrir 10,15 ou 20 anos, depen- empresa, os quais, em conjunto, definem sua razão de ser ou de existir.
dendo dos investimentos de longíssimo prazo de empresas de capital Podem ser formulados inicialmente em termos amplos e abstratos, como,
intensivo. por exemplo, aumentar a fatia de participação no mercado consumidor,
aumentar a produção com os mesmos recursos disponíveis, diminuir
2. Está voltado para as relações entre a empresa e seu ambiente de
custos operacionais, manter os custos financeiros e elevar o índice de
tarefa: portanto, sujeito à incerteza e imprevisibilidade dos eventos ambi-
liquidez da empresa. Todavia, os objetivos estão quase sempre distancia-
entais. Por se defrontar com a incerteza, o planejamento estratégico
dos da realidade do cotidiano da empresa, para permitirem a formulação
baseia suas decisões em julgamento e discernimento e não em dados ou
de programas a serem operacionalizados. Os objetivos empresariais
informações referenciais. Isso significa que existe um alto grau de subjeti-
precisam ser desdobrados em objetivos departamentais para poderem ser
vidade no planejamento estratégico. Em muitos casos, as empresas
detalhados em termos operacionais.
“apostam ‘ no futuro com o planejamento estratégico.
Os objetivos empresariais podem ser agrupados em quatro categori-
3. Envolve a empresa como um todo: abarcando todos os seus recur-
as:
sos, no sentido de obter efeito sinergístico de todas as capacidades,
competências e potencialidades da empresa. A resposta estratégica da 1. Lucro: considerado dentro de sua dupla óptica — de retorno dos
empresa deve envolver sempre um comportamento global e sistêmico. proprietários e da economia da empresa.
Isso significa que o planejamento estratégico não é a soma dos planos 2. Expansão da empresa: seja em relação a ela mesma, seja em rela-
táticos e operacionais. Pelo contrário, os planos táticos e operacionais ção ao mercado do qual participa.
constituem desdobramentos do planejamento estratégico. A razão? Muito 3. Segurança: corresponde ao desejo da empresa de assegurar o seu
simples: não se trata apenas de somar, mas de aglutinar e integrar de tal futuro e continuidade.
forma que tudo possa contribuir para o sucesso do plano estratégico da 4. Autonomia ou independência: objetivo pelo qual a empresa preten-
empresa através de resultados amplificados pela multiplicação de esfor- de livremente decidir o seu destino.
ços.
Desse modo, lucro, expansão, segurança e autonomia são os objeti-
O planejamento estratégico é um conjunto de tomada deliberada e vos genéricos principais que as empresas procuram alcançar. Até certo
sistemática de decisões acerca de empreendimentos que afetam ou ponto, o lucro assegura os três outros objetivos. O lucro, a segurança e a
deveriam afetar toda a empresa por longos períodos de tempo. É o plane- autonomia são basicamente objetivos de sobrevivência da empresa, ao
jamento que envolve prazos mais longos de tempo, é mais abrangente e é passo que a expansão é um objetivo de crescimento empresarial.
discutido e formulado nos níveis hierárquicos mais elevados da empresa,
• Função do lucro
isto é, no nível institucional. É um processo contínuo de tomada de deci-
são estratégica e não mais um plano feito e refeito a cada ano que passa. Para Drucker, “o lucro não é uma causa e sim uma consequência —
resultado do desempenho da empresa em marketing, inovação e produti-
Não se preocupa em antecipar decisões a serem tomadas no futuro,
vidade. É um resultado necessário, a serviço de funções econômicas
mas sim de considerar as implicações futuras das decisões que devem ser
essenciais. O lucro é primeiramente o teste do desempenho — o único
tomadas no presente.
teste eficaz. De fato, o lucro é um belo exemplo do que os técnicos que-
Enquanto a estratégia empresarial está voltada para o que a empresa rem dizer quando falam sobre a retroação por trás de todos os sistemas
deve fazer para alcançar os objetivos empresariais, o planejamento estra- de produção automatizada: a auto-regulagem de um processo por seus
tégico procura especificar como fazer para alcançar tais objetivos. Trata- próprios resultados”. Além disso, “o lucro tem uma segunda função, igual-
se de estabelecer o que a empresa deve fazer antes da necessária ação mente importante. É o prêmio pelo risco da incerteza. A atividade econô-
empresarial. Isso significa que a empresa toda deve ser envolvida no mica, porque é uma atividade, se volta para o futuro; e a única coisa certa
planejamento estratégico: todos os seus níveis, recursos, potencialidades sobre o futuro é a sua incerteza, os seus riscos”.
e habilidades, para se obter o efeito holístico e sinergístico da interação de
A obrigação fundamental da empresa em um sistema de livre iniciati-
to-dos esses aspectos.
va é gerar riqueza — como resultado, lucros — para cumprir suas obriga-
• O que significa efeito holístico e sinergístico ções com seus acionistas e proporcionar um fluxo de caixa adequado para
O efeito holístico envolve a empresa como uma totalidade. Como saldar seus compromissos financeiros. Uma empresa que não produz
afirma o holismo, o todo é maior do que a soma de suas partes. O todo é lucros está fadada a desaparecer, pois a rapidez de sua morte dependerá
diferente de suas partes, tal qual a água é diferente do hidrogênio e do da paciência dos credores, do tamanho dos seus recursos líquidos e das
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demandas de seus acionistas. O lucro apresenta duas dimensões: quali- 3. Objetivos operacionais: são os objetivos limitados a cada cargo ou
dade e eficiência. Pode ser quantificado em dinheiro e também pode ser tarefa, entre os quais atendimento primoroso ao cliente, quantidade de
avaliado em termos de eficiência em relação ao investimento empresarial cobranças, tempo médio de atendimento, tempo médio de entrega, custo
(como é o caso do retorno sobre o capital investido). unitário de produto.
Administração por objetivos
Shareholders e stakeholders Com a Administração por Objetivos (APO), a ênfase, antes colocada
Quando se trata de objetivos organizacionais e globais surge sempre nas “atividades-meio”, foi deslocada para os objetivos ou finalidades da
uma pergunta: a quem a empresa deve prestar contas? Quem deve empresa. Em outras palavras, o enfoque baseado nos métodos e proces-
receber os retornos da riqueza criada? Ou, então, quem deve usufruir do sos e sobretudo na eficiência passou a ser substituído por um enfoque
sucesso e dos resultados da empresa? Existem dois modelos sobre baseado nos resulta-dos e objetivos a serem alcançados. A eficácia
assunto: shareholders e stakeholders. tornou-se mais importante.
1. Modelo shareholders: segundo este modelo, predominante durante A APO é uma ferramenta administrativa por intermédio da qual os ge-
toda a Era Industrial, a empresa é considerada uma entidade econômica e rentes superiores e subordinados de uma empresa definem em conjunto
que deve trazer retornos aos seus donos, proprietários ou acionistas — os suas metas comuns, especificam as áreas de responsabilidade de cada
chama-dos shareholders. Esse modelo de responsabilidade econômica ou posição em relação aos resultados esperados de cada um e utilizam
financeira fez com que os documentos mais importantes a respeito da essas medidas como guias para a melhor operação e verificação da
situação da empresa fossem o balanço contábil e as demonstrações contribuição de cada um de seus membros. O fundamental é definir objeti-
financeiras. O lucro é o indicador supremo do sucesso empresarial. vos e traçar os meios para alcançá-los da melhor forma possível, aprovei-
2. Modelo stakeholders: segundo este modelo, o qual emergiu nas úl- tando o espírito empreendedor das pessoas.
timas décadas, a empresa é considerada uma entidade social e que deve Existem vários sistemas de APO. Os elementos comuns encontrados
trazer retornos para todos os parceiros do negócio ou grupos de interes- nesses vários sistemas são os seguintes:
ses — stakeholders —responsáveis por contribuir direta ou indiretamente 1. Estabelecimento conjunto de objetivos entre o executivo e seu su-
para o seu sucesso. Este modelo de responsabilidade social faz com que perior.
o documento mais importante a respeito da situação da empresa seja o 2. Estabelecimento de objetivos para cada departamento ou unidade.
balanço social. A distribuição da riqueza gerada pela empresa deve ser 3. Interligação entre os vários objetivos para alcançar efeitos sinergís-
feita proporcionalmente entre os parceiros do negócio de acordo com sua ticos.
contribuição ao êxito do empreendimento. Assim, os proprietários ou
acionistas (shareholders), clientes ou consumidores, fornecedores (de 4. Revisão periódica do desempenho para correção de possíveis des-
capital ou investidores, de matérias-primas, máquinas, tecnologias etc.), vios e reciclagem para adequar os meios e assegurar o alcance dos
executivos e funcionários, comunidade, sociedade devem participar pro- resultados.
porcionalmente dessa distribuição. 5. Ênfase na mensuração (quantificação de resultados) e no controle
Na verdade, o conceito moderno de empresa reflete uma responsabi- dos resultados.
lidade simultaneamente financeira e social, lucrativa e retributiva. Daí Transição dos estilos administrativos a partir da APO.
decorre o conceito de responsabilidade social ou responsabilidade corpo- PRÉ-APO
rativa: a empresa. Administração do dia-a-dia.
Hierarquia de objetivos Visualização para dentro da empresa.
Existe uma hierarquia de objetivos nas empresas: para ser fixado, ca- Orientação para produtos.
da objetivo leva em conta uma orientação mais ampla ou toma por refe- Orientação para a organização.
rência objetivos mais abrangentes da organização, a fim de que não
Orientação para atividades.
ocorra dispersão de esforços ou perda da unidade organizacional da
empresa. Administração da rotina.
• Convergência e não divergência Ênfase no “como”.
Cada departamento da empresa apresenta uma tendência muito forte Ênfase no dinheiro, máquinas e materiais.
para maximizar seus objetivos e re-sultados, de modo que o seu esforço Controle centralizado, tecnocrático, funcional.
pode anular ou comprometer o de outros departamentos, mediante um Estilo autoritário.
esforço de subobjetivação. Assim, cada subobjetivo maximizado leva a Diretrizes e supervisão.
empresa a se transformar em sistema centrífugo de esforços, no qual os
Individualismo.
esforços mais se separam do que se conjugam, tendendo a sair do siste-
ma e levando-o à entropia. O ideal seria o efeito não de soma dos esfor- PÓS-APO
ços, mas sua multiplicação, ou seja, a sinergia. A sinergia significa o efeito Focalização no futuro.
multiplicador da combinação dos recursos, os quais quando utilizados visualização para fora da empresa.
conjugadamente, produzem um efeito resultante maior do que apenas a Orientação para pessoas.
sua adição. Daí decorre a necessidade de um sistema de objetivos e de
Orientação para cliente.
resultados globais definidos e desdobrados por meio dos planos táticos
por departamentos convergindo os objetivos em uma direção única. Se os Orientação para resultados.
objetivos colidem entre si (o lucro colide com a produtividade, a inovação Criação de inovações.
colide com as operações repetitivas), nenhum objetivo trabalha junto com Ênfase no “para que
o outro. O trabalho da administração, pois, é o de compatibilizar objetivos Ênfase em pessoas, mentalidades e tempo.
conflitantes. Toda empresa, no fundo, é um conjunto de conflitos que vão
Iniciativa descentralizada dos subordinados.
existindo em um equilíbrio delicado. e
Estilo participativo.
Os objetivos gerais da empresa em geral são desdobrados em:
Delegação e responsabilidade.
1. Objetivos estratégicos ou globais: são os objetivos mais amplos do
negócio, como, por exemplo, lucratividade, participação no mercado, Trabalho em equipe.
imagem, retorno do investimento. Após o estabelecimento dos objetivos de cada departamento e das in-
2. Objetivos táticos ou departamentais: são os objetivos específicos ter-relações entre eles, são elaborados os planos adicionais (planos
de cada unidade organizacional, como volume de produção, volume de táticos e planos operacionais) nos níveis mais baixos da organização
vendas, volume de compras, orçamento de despesas departamentais, sobre os meios e tarefas para o alcance dos objetivos em questão. Os
custo de produção, custo de cobrança, ciclo financeiro, entre outros. planos táticos e operacionais constituem a base para a medida e a avalia-

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ção da eficácia dos executivos e de seus departamentos. Dessa avalia- uma infinidade de outros aspectos, tornam a atividade empresarial sujeita
ção, decorrem duas alternativas: a limitações e restrições legais. Muitas vezes, a estratégia empresarial
1. Ações corretivas no sentido de rever ou modificar os meios utiliza- esbarra em certos impedimentos legais.
dos para alcançar os objetivos. 5. Fatores sociais: os valores sociais e as atitudes das pessoas —
2. Reanálise dos próprios objetivos que podem ser modificados, au- como clientes ou empregados —podem afetar a estratégia empresarial. A
mentados, reduzidos ou alterados. qualidade desejada de vida, os padrões de conforto, as preferências de
• APO lazer, os costumes referentes a vestuário, passeios, interesses, entre
outros. influenciam os produtos e serviços desejados pela sociedade em
A APO é uma técnica que exige gerentes amigáveis e prestativos, de geral, bem como sua qualidade, preço, importância etc.
um lado, e subordinados honestos e maduros de outro para assegurar um
clima de elevada confiança mútua. Além disso, a APO produz melhores 6. Fatores demográficos: como a densidade populacional e a distribui-
resultados em empresas que atuam em ambientes mutáveis e dinâmicos. ção geográfica da população, distribuição por idade, sexo, raça, por
Condições rapidamente mutáveis e papéis que envolvam conflito e ambi- exemplo, definem a maneira pela qual os clientes estão distribuídos no
guidade constituem os meios favoráveis para a aplicação da APO. Em mercado.
resumo, a APO impõe uma cultura participativa e aberta a empresas que 7. Fatores ecológicos: envolvem aspectos do ambiente físico e natu-
assumem a mudança como maneira básica de operar. O ral, bem como políticas governamentais a respeito.
Para que servem os objetivos? Todos esses fatores (tecnológicos, políticos, econômicos, legais, so-
• Para apontar direção futura. ciais e demográficos) constituem aspectos do ambiente geral (ou macro-
ambiente).
• Para orientar as pessoas naquilo que elas devem fazer.
Análise do ambiente de tarefa
• Para proporcionar convergência de esforços.
O ambiente de tarefa representa o nicho ambiental mais próximo e
• Para aumentar a eficiência e eficácia. imediato de cada organização. Na verdade, cada organização tem ao seu
• Para produzir melhores resultados. redor o próprio ambiente de tarefa. A empresa precisa ter uma visão
Análise ambiental externa periférica do seu negócio. Isso implica conhecer profundamente seu
Esta é a segunda etapa do planejamento estratégico. A análise ambi- ambiente de tarefa. A análise ambiental deve focalizar especificamente
ental é a maneira pela qual a empresa procura conhecer seu ambiente aspectos do ambiente de tarefa da empresa, como:9
externo e diagnosticar o que nele ocorre. Para a empresa operar com 1. Consumidores ou usuários: dos produtos ou serviços da empresa,
eficiência e eficácia é fundamental que ela conheça o ambiente externo à isto é, os clientes da empresa. É o chamado mercado (de consumidores,
sua volta: suas necessidades, oportunidades, recursos dispo-níveis, usuários ou clientes) e que pode absorver todos os resultados ou saídas
dificuldades e restrições, ameaças, coações e contingências dos quais ela da atividade empresarial. Tanto o mercado atual quanto o potencial preci-
não pode fugir ou escapar. Em um estrato ambiental mais próximo, a sam ser abordados para verificação de oportunidades e ameaças, a curto,
empresa precisa conhecer profundamente seu ambiente de tarefa: clien- médio ou longo prazo. As necessidades e preferências dos consumidores
tes, fornecedores, concorrentes e agências reguladoras que estão ao seu são aspectos que não podem ser ignorados pela empresa. A pergunta
redor. Como o ambiente continuamente muda o nível institucional da básica é: quais são os consumidores atuais e potenciais dos produtos ou
empresa, precisa contínua e sistematicamente obter dados e informações serviços da empresa? Quais são suas necessidades e preferências?
que permitam analisar e diagnosticar as condições ambientais acerca da Quais são as outras alternativas para atendê-los cada vez melhor?
empresa. Trata-se de criar condições para a gestão do conhecimento 2. Fornecedores de recursos: isto é, as empresas que proporcionam
estratégico da empresa. Esse conhecimento estratégico é vital para o as entradas e os recursos necessários para as operações e atividades da
sucesso do negócio. empresa. Em outros termos, as demais empresas com as quais a empre-
A análise ambiental deve abranger o ambiente geral (macroambiente) sa mantém relações de dependência. Existem fornecedores de capital e
e o ambiente de tarefa. A respeito do ambiente geral, a análise ambiental de dinheiro (mercado de capitais envolvendo acionistas, investidores e
envolve os seguintes aspectos: particulares, bancos, entidades financeiras etc.), de materiais e matérias-
Análise do ambiente geral primas (mercado de fornece-dores que proporcionam os insumos materi-
O ambiente geral envolve fatores que influenciam todas as organiza- ais básicos para a empresa), de equipamentos, de tecnologia, de mão-de-
ções sem qualquer distinção, embora com diferentes impactos, a saber:8 obra, de espaço a ser alugado, comprado ou arrendado, de serviços
(como, por exemplo, propaganda, assistência médico-hospitalar, recruta-
1. Fatores tecnológicos: abrangem custos e disponibilidades de todos os
mento e seleção, limpeza e faxina, segurança e vigilância bancária e
fatores produtivos utilizados nas empresas e as mudanças tecnológicas que
industrial).
envolvem e afetam esses fatores de produção, bem como novos produtos
ou ser-viços prováveis de substituir os atuais produtos ou serviços ofereci- 3. Concorrentes: (quanto a saídas ou entradas) da empresa. Podem
dos. disputar clientes, consumidores ou usuários, como é o caso de empresas
que oferecem os mesmos produtos ou serviços colocados no mesmo
2. Fatores políticos: dizem respeito a decisões governamentais nos
mercado consumidor. Podem disputar também os recursos necessários,
níveis federal, estadual e municipal capazes de afetar as atividades e
como é o caso de empresas que precisam das mesmas entradas, entre as
operações da empresa. Os governos podem ser grandes compradores de
quais dinheiro, materiais e matérias-primas, máquinas e equipamentos,
bens e de serviços, subsidiar empresas e indústrias que os ajudam a
tecnologia, recursos humanos, serviços. A concorrência quanto a saídas
sobreviver e prosperar, proteger as empresas locais da concorrência
ou entradas provoca alterações no mecanismo de ofertas e procura do
estrangeira e, sobretudo, ver nas empresas as oportunidades de emprego
mercado, interferindo nas disponibilidades, nos preços, na qualidade e na
indispensáveis para a sobrevivência e o bem-estar dos cidadãos.
relativa facilidade ou dificuldade na ob-tenção dos recursos indispensáveis
3. Fatores econômicos: referem-se ao estágio da economia (em de- às operações da empresa. A concorrência afeta a dinâmica do ambiente,
pressão, recessão, recuperação ou prosperidade), às tendência nos provocando turbulência e reatividade ambiental.
preços de bens e serviços (inflação ou deflação), às políticas monetárias e
4. Agências regulamentadoras: como, por exemplo, entidades gover-
fiscais, ao balanço de pagamentos etc. Cada uma dessas facetas da
namentais, sindicatos, associações de classe, opinião pública, que interfe-
economia pode facilitar ou dificultar o alcance dos objetivos da empresa e
rem nas atividades e operações da empresa, quase sempre para vigiá-las
o sucesso ou fracasso de sua estratégia.
e provocar restrições e limitações, reduzindo o grau de liberdade no
4. Fatores legais: a legislação nos âmbitos federal, estadual e munici- processo de tomada de decisão da empresa. Em casos de hostilidade
pal vem afetando cada vez mais as operações e atividades das empresas. neste setor do ambiente de tarefa, a empresa precisa adotar estratégias
A legislação sobre assuntos, como salários e controles de preços, higiene bem planejadas e implementadas para reduzir ou neutralizar as coações e
e segurança do trabalho, concessão de crédito direto ao consumidor, ameaças externas.
construção de edifícios, condições de trabalho, faturamento, estocagem e
• Absorver ou transferir
depósito de matérias-primas e de produtos acaba-dos, além de impostos e

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Muitas empresas procuram a integração vertical fabricando todos os 3. Poder de barganha dos compradores: o cliente (grupo de compra-
subprodutos e componentes necessários para a produção de seus produ- dores) tem poder quando:
tos ou serviços, com o objetivo de diminuir sua dependência externa em • O cliente está adquirindo grande parte do total da produção do setor.
relação a fornecedores, reduzir custos e melhor aproveitar recursos dispo- • O produto adquirido pelo cliente responde por uma parcela significa-
níveis, enquanto outras pro-curam delegar a outras empresas fornecedo- tiva dos custos do comprador.
ras uma parcela de suas atividades (terceirização), a fim de se concentrar
e especializar nas operações essenciais para aumentar sua eficiência. • Os produtos da indústria não são diferenciados ou padronizados.
São duas estratégias opostas: a primeira reduz a dependência externa, • O comprador pode apresentar uma ameaça concreta de integração
mas provoca problemas de complexidade dentro da em-presa que passa a para trás e concorrer com o vendedor. A indústria automobilística está
lidar internamente com uma variedade de assuntos heterogêneos, en- oferecendo um serviço de vendas nacionais on-line para oferecer serviços
quanto a segunda aumenta a dependência externa em relação às demais adicionais ao cliente.
empresas fornecedoras, mas alivia internamente a empresa de uma 4. Ameaça de produtos substitutos: produtos substitutos são diferen-
enorme variedade de problemas, permitindo-lhe concentrar-se em proble- tes bens ou serviços que vêm de fora do setor e desempenham as mes-
mas que ela não pode delegar nem abrir mão para terceiros. No primeiro mas funções de um produto fabricado no setor. Os recipientes plásticos no
caso há uma resposta empresarial a ameaças externas e, no segundo, a lugar de potes de vidro, sacos de papel em vez de sacos plásticos são
oportunidades externas. exemplos.
Qualquer mudança em relação aos produtos ou serviços oferecidos 5. Intensidade da rivalidade entre os concorrentes: em todo setor há
pela empresa alterará, de alguma forma, o seu ambiente de tarefa e as empresas que concorrem agressivamente para atingir competitividade
suas relações de interdependência, ou seja, o intrincado jogo de poder e estratégica. Os fatores que influenciam a intensidade da rivalidade entre
dependência definidos em função do domínio. as empresas são:
A análise ambiental pode ser feita por meio de informação verbal ou • Concorrentes numerosos ou equilibrados entre si.
escrita, pesquisa e análise, espionagem, estudos de previsão e sistemas • Crescimento lento do setor.
de in-formação gerencial, que variam de acordo com a empresa. • Custos fixos elevados.
A análise ambiental de Porter • Capacidade de produção aumentada.
Porter propõe um modelo de cinco forças competitivas para analisar a • Concorrentes divergentes em termos de metas e estratégias.
rivalidade entre concorrentes e a ameaça representada por novos entran-
• Apostas estratégicas elevadas.
tes, pela possível emergência de produtos substitutos e pelo poder de
barganha ou negociação de fornecedores ou de compradores. A Figura 8 • Barreiras de saída elevadas, como ativos especializados (ligados a
dá uma ideia dessas cinco forças competitivas que atuam em cada indús- um negócio específico), custos fixos de saída (como custos trabalhistas),
tria, isto é, em cada setor do mercado. inter-relacionamentos estratégicos (relações de dependência recíproca,
como operações compartilhadas), barreiras emocionais (como lealdade
aos funcionários) e limitações sociais e governamentais (preocupação
As cinco forças podem ser explicadas deste modo: com demissões).
1. Ameaça de novos entrantes: outras empresas podem ingressar no O modelo proposto por Porter permite melhorar a visão periférica do
setor de negócios — os no-vos entrantes — e trazer ameaças às empre- negócio e analisar com maior profundidade a situação de cada setor de
sas já nele radicadas por trazer capacidade de produção adicional, for- mercado (ou indústria, segundo sua terminologia).
çando as demais a serem mais eficazes e aprenderem a concorrer em
novas dimensões. Para barrar o ingresso de novos entrantes, as empre-
sas utilizam barreiras de entradas, como: Elaboração de cenários
• Economias de escala: as economias de escala aumentam à medida Fazer uma análise perfunctória do ambiente geral e do ambiente de
que aumenta a quantidade de um produto fabricado, enquanto os custos tarefa é fundamental para o planeja-mento estratégico. Trata-se de mape-
de fabricação de cada unidade diminuem. Assim, o novo entrante enfrenta ar a situação atual. Mas surge uma questão importante: se o planejamento
o desafio imposto pelas economias de escala dos concorrentes existentes. estratégico é dimensionado para o longo prazo — ao exercício de alguns
anos para a frente —, ele somente poderia ser bem-sucedido se todos os
• Diferenciação de produto: as empresas existentes diferenciam o pro-
fatores ambientais permanecessem estáticos no decorrer do tempo.
duto para torná-lo único e exclusivo e para que o cliente o valorize mais. O
Acontece que o mundo gira e o ambiente muda intensamente. Corre-se o
novo entrante precisa alocar muitos recursos para superar a fidelidade do
risco de, chegando no futuro estratégico, o ambiente já não ser o mesmo
cliente.
do que é hoje. E certamente ele será bem diferente. A solução? Elaborar
• Requisitos de capital: o novo entrante precisa dispor de capital e re- cenários para descortinar como seria o ambiente geral e o ambiente de
cursos para entrar no setor. tarefa no futuro estratégico a partir do que é hoje. Projetar a situação atual
• Custos de mudança: para ingressar, o novo entrante enfrenta custos no futuro estratégico. Vimos que o cenário é uma construção de alternati-
adicionais de aquisição de equipamentos auxiliares, retreinamento de vas futuras das condições ambientais. Em vez de enfrentar às cegas o
pessoal e outros. Quando tais custos de mudança são elevados, o novo futuro e improvisar soluções em cima da hora, o melhor é dispor de várias
entrante enfrenta desafios. alternativas na mente para poder responder melhor e mais rapidamente às
• Acesso aos canais de distribuição: os novos entrantes enfrentam oportunidades e ameaças que surgem intempestivamente.
desafios para distribuição de seus produtos, pois as empresas já firmes no
mercado dispõem de um forte relacionamento com distribuidores com a Análise organizacional Interna
finalidade de gerar custos de mudanças para aqueles.
Esta é a terceira etapa do planejamento estratégico e refere-se à aná-
2. Poder de barganha dos fornecedores: um grupo de fornecedores lise das condições internas da empresa e seu correspondente diagnóstico.
tem poder no contexto da indústria quando: É o processo pelo qual se examinam os recursos disponíveis, sejam
• A indústria é constituída de poucas e grandes empresas fornecedo- financeiros, mercadológicos, produtivos e humanos da empresa como
ras e fortemente concentradas. fatores conjuntos para verificar quais são suas forças e fraquezas e como
• Não há produtos substitutos satisfatórios para a indústria. a empresa pode explorar as oportunidades e defrontar-se com as amea-
• Não considera as empresas clientes importantes para seu negócio. ças e coações que o ambiente lhe apresenta. Trata-se de criar condições
• Os insumos que o fornecedor oferece são essenciais ao sucesso do para a gestão do conhecimento estratégico da empresa em relação às
comprador no mercado. suas características e condições. Não basta conhecer profundamente o
ambiente externo; e preciso também conhecer profundamente as condi-
• O fornecedor constitui uma ameaça de integrar-se para a frente no ções internas da empresa, suas competências e suas potencialidades e
setor de compra-dores, optando por concorrer com eles. Um produtor de vulnerabilidades.
roupas pode optar por operar os próprios canais de varejo.

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A análise organizacional deve levar em conta os seguintes aspectos análise ambiental com a análise organizacional para aclarar a situação da
internos da empresa: em-presa em um dado momento.
1. Missão e visão organizacional: bem como os objetivos empresariais Quase sempre a análise SWOT é feita periodicamente pelas empre-
e sua hierarquia de importância. A missão define o papel assumido pela sas para mapear sua situação diante do ambiente geral e ambiente de
empresa na sociedade, enquanto a visão define o que ela pretende ser no tarefa, particularmente em relação aos concorrentes e mudanças que
futuro e os objetivos a alcançar. Missão e visão funcionam como balizado- surgem a cada momento.
res de toda atividade humana na empresa e indicam como as pessoas
podem contribuir para o sucesso do negócio.
2. Recursos empresariais disponíveis: como re-cursos financeiros, fí-
sicos ou materiais, humanos, mercadológicos e administrativos. Em geral,
os recursos determinam até que ponto a empresa pode operar, crescer e
se expandir.
3. Competências atuais e potenciais: quais são os conhecimentos,
habilidades, capacidades e atitudes individuais que a empresa reúne ou
pode reunir.
4. Estrutura organizacional: como a empresa esta organizada e suas
características, envolvendo os sistemas internos, valores e princípios. A
estrutura representa a maneira pela qual a em-presa se organiza para
cumprir sua estratégia.
5. Tecnologia: as tecnologias utilizadas pela empresa, seja para a
produção de seus produtos e serviços ou para o seu próprio funcionamen-
to interno, representam a infra-estrutura que permite ou amarra o seu
desenvolvimento.
6. Pessoas: suas habilidades, seus talentos, capacidades e compe-
tências. A empresa precisa contar com talentos para que possa crescer e
ser bem-sucedida.
7. Cultura organizacional: abrange o estilo de administração, clima or-
ganizacional, estilo de liderança e os aspectos motivacionais internos.

Recursos e competências
Nenhuma empresa é igualmente forte em todas as suas áreas de atu-
ação. Cada área apresenta suas forças e suas fraquezas e cada empresa,
como um todo, também apresenta as suas vantagens e desvantagens
estratégicas atuais e potenciais.

A análise organizacional verifica as potencialidades e vulnerabilidades


da empresa, mostrando as suas possibilidades atuais em termos merca-
dológicos, financeiros, tecnológicos, humanos e organizacionais.

Competências essenciais
Não basta ter ou conjugar recursos organizacionais e tecnologia, pois
são estáticos e inertes. Não têm vida própria, e nem inteligência. Além
disso, eles podem ser facilmente comprados no mercado. Qualquer em-
presa pode adquiri-los com relativa facilidade. E para operá-los e ativá-los
são necessárias pessoas. Mais do que pessoas, as empresas precisam
saber cultivar talentos. Talentos são pessoas especiais, pessoas precio-
sas com competências distintas e relevantes para o negócio da empresa.
A diferença entre pessoas e talentos está exatamente na posse de certas
competências pessoais. Voltaremos a falar em competências essenciais Formulação de alternativas
no capítulo final. A partir dos objetivos empresariais, analisando-se as oportunidades e
• Competências ameaças ambientais de um lado e as potencialidades e vulnerabilidades
Na prática, as empresas começam com uma carteira de negócios e internas de outro, a administração tem nas mãos um balizamento que a
não com uma carteira de competências. De imediato, a competitividade ajudará a definir ou redefinir as alternativas estratégicas quanto à ação
decorre apenas de seus atributos de preço e desempenho dos produtos. futura da empresa.
Entretanto, os concorrentes imitam e rapidamente convergem para pa-
drões similares e formidáveis de custos de produto e de qualidade — Elaboração do planejamento
barreiras mínimas para a competição contínua, mas que funcionam cada
O planejamento estratégico representa a manei-ra como a estratégia
vez menos como fontes de vantagem diferenciada. Logo, a competição é
empresarial deverá ser colo-cada em ação, isto é, operacionalizada.
passageira e fugaz.
Enquanto a estratégia empresarial se preocupa com o que fazer” para
atingir os objetivos empresariais propostos, o planejamento estratégico
Análise SWOT volta-se para o “como fazer”, tendo em vista o diagnóstico sobre “o que há
O termo SWOT provém da conjunção das siglas das palavras em in- no ambiente” e “o que temos na empresa”.
glês strenghts, weakness, opportuntties e threats. Poderia ser denominado O horizonte temporal do planejamento estratégico deve ser orientado
FFOA (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças). Na verdade, trata-se para o longo prazo. Em um ambiente estável o longo prazo pode configu-
de uma tabela de dupla entrada na qual nas linhas estão as forças e rar cinco ou mais anos. Já em um ambiente instável e turbulento, o longo
fraquezas organizacionais, e nas colunas as oportunidades e ameaças prazo pode significar no máximo 12 meses e, mesmo assim, sujeito a
ambientais. A figura a seguir quadro abaixo dá uma ideia de como juntar a atualizações constantes. O aumento do nível de incerteza faz com que o

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planejamento estratégico se torne mais importante. Se tudo fosse certinho, Os estrategistas selecionam alternativas estratégicas dentro de uma
não haveria necessidade de planejamento. Ele existe para dar um pouco abordagem contingencial no planejamento de primeira geração (no nível
de coerência e consistência às coisas incertas. institucional) e multiplicam os conjuntos de alternativas no planejamento
O diagnóstico da situação atual da empresa em face do ambiente ex- de segunda geração dentro de abordagens gradativamente mecanísticas.
terno e a identificação das ameaças e oportunidades constituem o ponto Isso significa que, enquanto o planejamento estratégico (realizado no nível
de partida para o estabelecimento dos objetivos empresariais —mesmo os institucional) é orgânico e contingencial, o planejamento tático (realizado
de curto prazo — e, consequentemente, para a formulação das alternati- no nível intermediário) e o planejamento operacional (realizado no nível
vas estratégicas. O estreitamento da margem de manobra das empresas operacional) tendem a ser crescente-mente mecanísticos e rígidos.
em um ambiente incerto faz com que qualquer receituário seja flexível. As
seis etapas do planejamento estratégico poderão ser cambiadas entre si e
a sua ordem sequencial poderá ser alterada. A ordem dos fatores não
altera o resultado, já que existe uma íntima relação de interdependência
entre as etapas do processo.
O processo de elaboração do planejamento estratégico deve se ca-
racterizar por canais de comunicação abertos em todos os níveis da
empresa. Embora a estratégia empresarial seja uma responsabilidade do
nível institucional, isso não significa que o planejamento estratégico seja
centralizado na cúpula da organização. Pelo contrário, ele deve ser des-
centralizado, pois o melhor planejador é o próprio gerente de linha que
conhece profundamente sua área de atuação. As metas não podem ficar
vivas apenas na mente do presidente, mas na cabeça de todos os partici-
pantes. O processo de elaboração do planejamento deve contar com a
ampla e irrestrita participação de todos os níveis da organização. A em-
presa deve responder às ameaças e oportunidades ambientais com
solidariedade e em uníssono, com forte apelo sinergético. A busca e a
manutenção do consenso entre os níveis e as diferentes áreas da empre- Filosofias de planejamento
sa devem ser constantes e intensivas, uma vez que não haverá tolerância Todo planejamento constitui um conceito a respeito do futuro em torno
ambiental para os desperdícios e perdas inúteis resultantes dos conflitos de algo que se pretende alcançar. Portanto, todo planejamento estratégico
inter ou intra-organizacionais característicos da empresa sem rumo defini- deve subordinar-se a uma filosofia de ação. Nesse sentido, existem três
do. tipos de filosofia do planejamento:
O processo de elaboração de planejamento deve ser iniciado e de- 1. Planejamento conservador: sua filosofia está refletida nas decisões
senvolvido de modo informal e espontâneo: o planejamento deve ser de obter resultados bons, mas não necessariamente os melhores possí-
sempre resultante — e nunca um fator desencadeante — do trabalho em veis, pois dificilmente o planejamento procurará fazer mudanças radicais
equipe da organização. na empresa, conservando as práticas atualmente vigentes. O planejamen-
O planejamento estratégico precisa considerar todos os fatores que to conservador está mais preocupado em identificar deficiências e proble-
integradamente deverão constituir o comportamento da empresa. Esse mas internos do que em explorar oportunidades ambientais futuras.
conjunto de fatores é conhecido como os sete “7”, a saber: 2. Planejamento otimizante: sua filosofia está refletida nas decisões
1. Staff: a equipe, as pessoas que formam a organização e sua ge- de obter os melhores resultados possíveis para a empresa, seja minimi-
rência, o trabalho em conjunto. zando recursos para alcançar um determinado desempenho ou objetivo,
2. Style: o estilo, o comportamento dos administradores e funcionários seja maximizando o desempenho para melhor utilizar os recursos disponí-
e sua ética de trabalho. veis. O planejamento otimizante baseia-se em uma preocupação em
3. Skills: a qualificação, o que a empresa sabe e como faz, as habili- quantificar todas as decisões e melhorar as práticas atualmente vigentes
dades e os conhecimentos das pessoas. na empresa por meio de modelos matemáticos.
4. Systems: os sistemas, padrões de comunicação da organização e 3. Planejamento adaptativo: sua filosofia está refletida nas decisões
entre a organização e seu ambiente, a busca de sinergia e integração. de compatibilizar os diferentes interesses envolvidos, elaborando uma
composição capaz de levar a resultados para o desenvolvimento natural
5. Structure: a estrutura organizacional, o plano organizacional da da empresa. O planejamento adaptativo procura reduzir o planejamento
empresa, a maneira como a empresa se organiza para operacionalizar retrospectivo voltado para a eliminação das deficiências localizadas no
sua estratégia. passado da empresa e voltar-se para a adaptação ambiental.
6. Shared values: os valores comuns e compartilhados pelas pessoas, O planejamento estratégico consiste na tomada antecipada de deci-
a cultura organizacional, o modo de pensar e agir da equipe que forma a são, em decidir agora o que fazer antes da ocorrência da ação necessária.
empresa. Não se trata simplesmente da previsão das decisões a ser tomadas no
7. Superordinate goal: a missão e hierarquia de objetivos, a filosofia futuro, mas da tomada de decisão que produzirá efeitos e consequências
da empresa, a vocação e finalidade da organização. futuras.

Daí a estratégia empresarial (strategy), ou seja, como a empresa se Implementação e execução


comporta em seu meio ambiente, em função dos sete fatores. Implementação significa colocar os planos em ação. É a fase da exe-
A integração desses fatores entre si e com o ambiente específico da cução, do fazer acontecer na administração. A implementação diz respeito
empresa determina como ela irá se comportar, diante das oportunidades às etapas que o administrador leva adiante para conseguir das pessoas a
ou aos desafios. Esse comportamento se torna incrementalmente eficaz à realização dos planos estabelecidos por seu trabalho cotidiano. A imple-
medida que a empresa aprende a melhorá-lo quando o repete. A aprendi- mentação significa a ponte entre as decisões administrativas e a execução
zagem organizacional permite a contínua melhoria do desempenho e a real por meio das pessoas nos vários níveis da empresa.
correção dos erros ou falhas. Daí a denominação abordagem incrementa- Se a formulação estratégica é difícil e complexa, a sua execução é
lista para a organização que aprende. muito mais complicada. Sem uma execução adequada, a estratégia não
Todos os sete fatores são interdependentes e, no conjunto, proporci- acontece. A execução requer organização adequada, intensa coordena-
onam um efeito de sinergia que representa a vantagem competitiva da ção, incentivos às pessoas, controles, acompanhamento intenso e, sobre-
empresa no cenário de suas operações. O planejamento estratégico deve tudo, liderança estratégica por parte do executivo principal e liderança
levar em conta todos esses fatores, sua interação e seu efeito sinergético. tática e operacional por parte dos gerentes e super-visores. Sem a partici-
pação e o compromisso de todas as pessoas, a estratégia não acontece.

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Para implementar o planejamento estratégico e transformá-lo em rea- deravam apenas indicadores financeiros. Estes, por si só, não refletem
lidade concreta, a empresa deve seguir estes passos: perfeitamente a eficácia da empresa, uma vez que medem apenas os
1. Participação das pessoas: elas devem ser atores e protagonistas resultados dos investimentos e das atividades em termos monetários nem
da ação estratégica e não simplesmente espectadores ou observadoras. A refletem os chamados impulsionadores de rentabilidade de longo prazo.
implementação estratégica deve fazer com que a estratégia passe a ser a Em seguida, o BSC avançou para uma representação equilibrada e
atividade cotidiana das pessoas. Transformar a estratégia em ação diária organizada de indicadores financeiros e operacionais com base em uma
é fundamental para o seu sucesso. tabela (scorecard) com quatro perspectivas:
2. Comunicação intensiva: explicar, esclarecer, orientar as pessoas 1. Perspectiva financeira: envolve indicadores financeiros que infor-
quanto ao que devem fazer para contribuir com resultados para a estraté- mam se a estratégia empresarial e sua implementação e execução es-tão
gia empresarial. A comunicação deve se fazer em todos os sentidos: entre contribuindo para a melhoria do resultado financeiro.
os vários níveis e entre todas as pessoas participantes. 2. Perspectiva do cliente: envolve indicadores sobre mercados e seg-
3. Preparação prévia do pessoal: inclui treina-mento e desenvolvimen- mentos nos quais a empresa está competindo. O atendimento ao cliente é
to, educação corporativa, reuniões sistemáticas de apresentação e acom- traduzido em medidas específicas sob critérios de qualidade, custo, aten-
panhamento dos resultados. dimento e garantias, como também satisfação do cliente, sua captação e
4. Reforço contínuo: falar sempre na estratégia, bater firme nos objeti- fidelização.
vos e festejar resultados. A estratégia deve ser o assunto principal de 3. Perspectiva dos processos internos: envolve indicadores para men-
to-das as reuniões e contatos com as pessoas. surar o desempenho de processos nos quais a empresa deve alcançar
5. Avaliação sistemática: medição por indicadores de desempenho e excelência para proporcionar melhores resultados financeiros e dos clien-
de resultados é fundamental. Diariamente ou semanalmente as pessoas tes.
devem se reunir para avaliar o andamento das ações estratégicas, da 4. Perspectiva do aprendizado e do crescimento: envolve indicadores
coordenação e integração de todos os esforços. A avaliação sistemática que permitem o alcance dos objetivos pretendidos nas outras três pers-
deve funcionar como um reforço contínuo e positivo para a ação estratégi- pectivas anteriores. Enfatizam a necessidade de investir nas pessoas, no
ca. aprendizado e no seu crescimento para que elas possam produzir melhor
6. Recompensas por resultados: a estratégia repousa na ação das (perspectiva dos processos inter-nos), atender melhor o cliente (perspecti-
pessoas e estas devem ser incentivadas e estimuladas constantemente va do cliente) e assegurar objetivos financeiros de longo prazo (perspecti-
para que não haja paradas ou atrasos. As pessoas precisam ser recom- va financeira).
pensadas ou premiadas a partir do momento em que os resultados são As mudanças no planejamento estratégico
alcançados. As recompensas devem também funcionar como um reforço A função de planejamento nas organizações sempre foi a de reduzir a
contínuo e positivo para a ação estratégica. incerteza sobre o futuro e o ambiente. Agora, a nova função do planeja-
mento é aceitar a incerteza tal como ela é e se apresenta. Não dá para
Execução do planejamento estratégico brigar com ela. E o que se busca hoje nas organizações para desafiar a
Quase sempre as estratégias são perfeitamente formuladas e plane- incerteza é a criatividade e a inovação. A teoria da complexidade salienta
jadas, mas acabam não saindo do papel ou da mera intenção. O problema que somente há criatividade quando se afasta do equilíbrio. Desse modo,
geralmente está na implementação do planejamento estratégico. É que a adaptação a um ambiente instável deve ser feita — não mais pelo
enquanto a formulação fica a cargo do nível institucional, a execução fica retorno cíclico ao equilíbrio dentro de escolhas limitadas e restritas — mas
a cargo de todos os níveis organizacionais, principalmente no nível opera- por maior liberdade de escolha, escapando às limitações impostas pelo
cional. E é aí que está o gargalo. Como o nível operacional pouco discute ambiente.
a estratégia e quase sempre ignora o seu conteúdo, ele passa a tratá-la Então, o planejamento deve repousar nos seguintes aspectos dinâmi-
como algo distante e malcançável. E a estratégia não acontece. Falta cos:
participação, aceitação, engajamento, comprometimento para transformar 1. A base do novo planejamento muda: o foco na estrutura organiza-
a estratégia em ação operacional. A execução constitui hoje o principal cional (vertical e hierárquica) deve ser substituído por um processo fluido
desafio da estratégia empresarial. (horizontal e livre) no qual as informações, relações que permitem a troca
O planejamento estratégico trata das decisões e ações globais, gené- dessas informações e a identidade produzida no processo sejam mais
ricas e amplas. Para que possa ser executado com maestria em todos os importantes.
níveis da empresa, precisa ser adequadamente detalhado e desdobrado. 2. O foco na previsão passa para o foco no potencial: o planejamento
Assim, no nível intermediário ele é desdobrado em planos táticos para está deixando de lado a atenção exclusiva para cenários futuros e se
cada departamento da empresa e no nível operacional cada plano tático é deslocando decisivamente para a localização de potencialidades que a
desdobrado e detalhado em planos operacionais relacionados com tarefas organização pode dinamizar e explorar.
e operações a serem realizadas. Os dois próximos capítulos tratam dos 3. A incerteza e a aleatoriedade conduzem à liberdade: liberdade sig-
planos táticos e planos operacionais, respectivamente. nifica a capacidade de autonomia das organizações para lidar com um
Avaliação dos resultados contexto dinâmico e competitivo. A liberdade é o resultado de maior com-
Por se tratar de uma ação empresarial sistêmica e integrada, o plane- plexidade. Maior complexidade conduz à maior liberdade, que por sua vez,
jamento estratégico requer um in-tenso acompanhamento e a avaliação leva a maior flexibilidade e maiores possibilidades de escolha. E, em
dos resultados alcançados de maneira contínua e ininterrupta. O objetivo é consequência, a um maior potencial de estratégias.
buscar meios de retroação para que todas as ações corretivas possam ser 4. O mundo imprevisível e caótico no qual pequenas causas podem
tomadas imediatamente para a empresa navegar com confiança no seu gerar grandes efeitos. Fica difícil distinguir antecipadamente quais aspec-
imenso oceano de atividades. Lembram-se do Titanic? tos serão táticos e quais serão estratégicos. Em geral, em um mundo
Balanced Scorecard (BSC) turbulento, o estratégico e o tático confundem-se de maneira indissociável.
Vimos que toda empresa considera seus recursos organizacionais, o De uma forma geral, o processo estratégico está se tornando mais
arsenal de competências essenciais, a arquitetura organizacional adotada, importante do que o conteúdo estratégico. Como as pessoas lidam com os
bem como a cultura e os sistemas de valores para fazer uma avaliação assuntos adquire maior importância do que como as questões são seleci-
competitiva. O importante é saber utilizar todos esses componentes de onadas e discutidas. Antigamente, passava-se a maior parte do tempo na
forma coesa e integrada, a fim de obter um efeito sinergético e sistêmico. análise e na montagem do planejamento estratégico detalhado com rigi-
E isso somente pode ser feito com um diagnóstico abrangente e detalhado dez. Agora, o foco está em vincular pessoas, unidades ou tarefas, embora
de todos esses componentes. não se possa determinar quais os resultados exatos a serem alcançados.
O Balanced Scorecard (BSC) foi inicialmente criado como um sistema Mais vale a união das pessoas do que os assuntos tratados, embora estes
de avaliação do desempenho organizacional. Seus autores — Kaplan e sejam relevantes e importantes para o sucesso da empresa.
Norton — verificaram que os sistemas de avaliação então adotados consi-

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PLANEJAMENTO TÁTICO quanto os subsistemas que o compõem, bem como as relações internas e
O planejamento constitui a primeira função dentro do processo admi- externas.
nistrativo. Antes que qualquer função administrativa seja executada, a 6. O planejamento é iterativo. Como o planejamento se projeta para o
administração precisa determinar os objetivos e os meios necessários futuro, ele deve ser flexível para aceitar ajustamentos e correções. O
para alcançá-los. A ação empresarial parte de um planejamento estratégi- planejamento deve ser iterativo, pois pressupõe avanços e recuos, altera-
co que abrange a em-presa como uma totalidade, afetando-a no longo ções e modificações em função de eventos novos ou diferentes que
prazo pelas suas consequências. Esse planejamento é decidido no nível ocorram seja na empresa, seja no ambiente.
hierárquico mais elevado da organização: o nível institucional. Para que o 7. O planejamento é uma técnica de alocação de recursos de forma
planeja-mento estratégico possa ser levado adiante, ele precisa ser im- antecipadamente estudada e decidida. O planejamento deve refletir a
plementado nos níveis hierárquicos mais baixos da empresa, nos quais as otimização na alocação e no dimensionamento dos recursos com os quais
tarefas são executa-das. Contudo, entre o nível institucional e o nível a empresa ou o órgão dela poderá contar no futuro para as suas opera-
operacional existe uma enorme diferença de linguagem e de postura. O ções.
nível estratégico opera com in-certeza em face da exposição às forças e 8. O planejamento é uma técnica cíclica. À medida que o planejamen-
variáveis ambientais, enquanto o nível operacional precisa operar com to é executado, permite condições de avaliação e mensuração para
base na certeza e na programação de suas atividades. A absorção da no-vos planejamentos, com informações e perspectivas mais seguras e
incerteza provocada pelas pressões e influências ambientais precisa ser corretas.
feita no nível intermediário. Em outros termos, o planejamento estratégico
precisa ser desdobrado em planejamentos táticos, em nível intermediário, 9. O planejamento é uma função administrativa que interage dinami-
para que as decisões estratégicas ali contidas sejam moldadas e traduzi- camente com as demais. O planejamento está relacionado com as demais
das em planos capazes de serem entendidos e, por sua vez, desdobrados funções administrativas, como a organização, a direção e o controle,
e detalhados em planos operacionais, para serem executados pelo nível influenciando e sendo influenciado por todas elas a todo momento e em
operacional da empresa. todos os níveis da empresa.
Conceituação de planejamento tático 10. O planejamento é uma técnica de coordenação. O planejamento
permite a coordenação de várias atividades no sentido da realização dos
O planejamento é a função administrativa que determina antecipada- objetivos desejados de modo eficaz. Como a eficácia é a obtenção dos
mente o que se deve fazer e quais objetivos devem ser alcançados. Além objetivos deseja-dos, torna-se necessário que as atividades dos diferentes
disso, visa dar condições racionais para que se organize e dirija a empre- órgãos ou níveis da empresa sejam integradas e sincronizadas para a
sa ou seus departamentos ou divisões a partir de certas hipóteses a consecução dos objetivos finais. O planejamento permite essa integração
respeito da realidade atual e futura. O planejamento parte do seguinte e sincronização.
reconhecimento: “desde que as ações presentes reflitam necessariamente
antecipações implícitas e presunções sobre o futuro, estas antecipações e 11. O planejamento é uma técnica de mudança e de inovação. O pla-
presunções devem ser feitas de forma explícita e não subjetivamente sob nejamento é uma das melhores maneiras de se introduzir deliberada-
qualquer tipo de análise comumente efetuada para tornar menos nebulo- mente mudança e inovação dentro da empresa, sob uma forma previa-
sos certos assuntos imediatos e consequentemente menos importantes”. mente definida e programada.
Se o futuro vai chegar — e ele sempre chega a qualquer momento — por O planejamento tático é o conjunto de tomada deliberada e sistemáti-
que deixá-lo aparecer sem se preparar devidamente para enfrentá-lo a ca de decisão sobre empreendimentos mais limitados, prazos mais curtos,
ponto de se improvisarem soluções repentinas que nem sempre serão as áreas menos amplas e níveis mais baixos da hierarquia da organização. O
melhores? Daí a mentalidade simplista de solução de problemas conforme planejamento tático está contido no planejamento estratégico e não repre-
surjam a cada momento, nas empresas, tornando-as mais reativas às senta um conceito absoluto, mas relativo: o planejamento tático de um
ocorrências do que proativas em relação aos eventos ocorridos em um departamento da empresa em relação ao planejamento estratégico geral
mundo repleto de mudanças. No fundo, o planejamento é uma técnica da organização pode ser considerado estratégico em relação a cada uma
para absorver a incerteza e permitir mais consistência no desempenho das seções que compõem aquele departamento. A distinção entre plane-
das empresas.2 jamento estratégico e tático deve ser sempre feita em termos relativos; em
O planejamento tático se refere ao nível intermediário da organização, ter-mos absolutos, ambos ocupam os dois extremos de um espectro
ou seja, ao nível dos departamentos ou unidades de negócio da empresa. contínuo de possibilidades.
Como tal, ele é elaborado pelos gerentes ou executivos no tocante ao
programa de atividades de seu órgão, ten-do por base o planejamento As diferenças mais importantes no planejamento tático são:
estratégico da empresa e o objetivo de contribuir para que este tenha 1. Nível de decisões: o planejamento tático é decidido e desenvolvido
sucesso. nos escalões médios da empresa, isto é, no nível intermediário.
Características do planejamento tático 2. Dimensão temporal: o planejamento tático é dimensionado a médio
O planejamento tático apresenta as seguintes características: prazo.
1. O planejamento é um processo permanente e contínuo, pois é rea- 3. Amplitude de efeitos: as decisões envolvidas no planejamento táti-
lizado continuamente dentro da empresa e não se esgota na simples co abrangem partes da empresa, isto é, sua amplitude é departamental.
montagem de um plano de ação. • Planos
2. O planejamento é sempre voltado para o futuro e está intimamente O planejamento produz um resultado imediato: o pl-no. Todos os pla-
ligado com a previsão, embora não se confunda com ela. O conceito de nos têm um propósito comum: a previsão, a programação e a coordena-
planejamento inclui o aspecto de temporaLidade e de futuro: o planeja- ção de uma sequência lógica de eventos, os quais deverão conduzir ao
mento é uma relação entre coisas a fazer e o tempo disponível para fazê- cumprimento do objetivo que os comanda. Um pla-no é um curso prede-
las. Como o passado já se foi e o presente vai andando, é com futuro que terminado de ação sobre um período especificado de tempo e que repre-
o planejamento se preocupa. senta uma resposta projetada a um ambiente antecipado, no sentido de
3. O planejamento se preocupa com a racionalidade de tomada de alcançar um conjunto específico de objetivos adaptativos. Como um plano
decisão, pois, ao estabelecer esquemas para o futuro, funciona como descreve um curso de ação, ele precisa proporcionar respostas às ques-
meio de orientar o processo decisório, dando-lhe maior racionalidade e tões: o que, quando, como, onde e por quem.
subtraindo a incerteza subjacente a qualquer tomada de decisão. Como vimos, o planejamento consiste na toma-da antecipada de de-
4. O planejamento seleciona entre as várias alternativas disponíveis cisão sobre o que fazer antes de a ação ser necessária. Sob o aspecto
um determinado curso de ação em função de suas consequências futuras formal, planejar consiste em simular o futuro desejado e estabelecer
e das possibilidades de sua realização. previamente os cursos de ação necessários e os meios adequados para
5. O planejamento é sistêmico, pois considera a empresa ou o órgão atingi-los. Para melhor se compreender o planejamento, torna-se necessá-
(seja departamento, divisão etc.) como uma totalidade, tanto o sistema rio estudar o processo decisório.

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Processo decisório 2. Procura de soluções alternativas mais promissoras. Esta fase en-
Para planejar há de se tomar decisões sobre o futuro. A tomada de volve a busca de cursos alternativos de ação possíveis e que se mostrem
decisão constitui o núcleo da responsabilidade administrativa. Sob um mais promissores para a solução do problema, a satisfação da necessida-
ponto de vista mais restrito, administrar significa tomar decisões, escolher de ou o alcance do objetivo.
opções, definir entre várias alternativas o melhor curso de ação. A cada 3. Análise e comparação dessas alternativas de solução. E a fase na
instante o administrador se defronta com situações alternativas que exi- qual as várias alternativas de cursos de ação são analisadas, ponderadas
gem tomar alguma decisão. O administrador deve constantemente decidir e comparadas, no sentido de verificar os custos (de tempo, de esforços,
o que fazer, quem deve fazer, quando, onde e, muitas vezes, como fazer. de recursos etc.) e os benefícios que possam trazer, além de consequên-
Seja ao estabelecer objetivos, alocar recursos ou resolver problemas que cias futuras e prováveis quanto à sua adoção.
surgem pelo caminho, o administrador deve ponderar o efeito da decisão 4. Seleção e escolha da melhor alternativa como um plano de ação. A
de hoje sobre as oportunidades de amanhã. Decidir é optar ou selecionar escolha de uma alternativa de curso de ação implica o abandono dos
entre várias alternativas de cursos de ação a que pareça — dentro da demais cursos alternativos. Há sempre um processo de seleção e de
racionalidade adotada — a mais adequada para o alcance de determina- escolhas entre várias alternativas apresentadas. A racionalidade está
dos fins ou objetivos. implícita nesta atividade de escolha.
Alguns autores enfatizam mais a decisão do que a ação:6 como cada
ação é consequência de uma decisão anterior, o mais importante é tomar Racionalidade do processo decisório
boas decisões. No fundo, a ação corresponde à execução de uma deci-
são. Assim, a empresa pode ser descrita como um sistema de decisões: a O tomador de decisão deve escolher uma alternativa entre várias. Se
todo momento todo mundo está tomando decisões a respeito de suas ele escolhe os meios apropriados para alcançar um determinado objetivo,
ações. Presidentes, diretores, gerentes, supervisores, funcionários estão a decisão é considerada racional. As empresas procuram proporcionar às
sempre às voltas com decisões sobre o caminho a tomar. pessoas que nelas tomam decisões todas as informações necessárias e
no tempo hábil, para serem bem-sucedidas nas escolhas. Mais do que
isso, as empresas procuram gerar um ambiente psicológico capaz de
Elementos do processo decisório condicionar as decisões dos indivíduos aos objetivos organizacionais.
Toda decisão envolve no mínimo seis elementos: Logo, existe uma racionalidade no comportamento administrativo, pois o
1. Tomador da decisão: é o indivíduo ou grupo de indivíduos que faz comportamento dos indivíduos nas empresas é planejado e orientado no
uma escolha entre vários cursos de ação disponíveis. sentido de metas e objetivos. E tal intencionalidade que propicia a integra-
2. Objetivos: são os objetivos que o tomador de decisão pretende al- ção dos sistemas de comportamentos, cuja ausência tornaria a adminis-
cançar por meio de suas ações. tração sem sentido algum. Não existem decisões perfeitas, pois o tomador
de decisão precisaria — para proceder de forma racional — escolher entre
3. Sistema de valores: são os critérios de preferência que o tomador diferentes alternativas que se diferenciam entre si pelas suas consequên-
de decisão usa para fazer sua escolha. cias futuras, comparar caminhos distintos, por meio da avaliação prévia
4. Cursos de ação: são as diferentes sequências de ação que o toma- das consequências decorrentes de cada uma delas, e confrontar tais
dor de decisão pode escolher. consequências com os objetivos pretendidos. A eficiência na decisão é a
5. Estados da natureza: são aspectos do ambiente em torno do toma- obtenção de resultados máximos com os meios e recursos limitados. Há
dor de decisão e que afetam sua escolha de cursos de ação. São fatores sempre uma relatividade nas decisões, uma vez que toda decisão é, até
ambientais fora do controle do tomador de decisões, como as condições certo ponto, resultado de uma acomodação: a alternativa escolhida dificil-
de certeza, risco ou incerteza, que veremos adiante. mente permite a realização completa ou perfeita dos objetivos visados,
6. Consequências: representam os efeitos resultantes de um determi- representando apenas a melhor solução encontrada naquelas circunstân-
nado curso de ação e de um determinado estado da natureza. cias. Por esses motivos, o processo decisório repousa em uma racionali-
dade limitada, na qual o tomador de decisão não tem condições de anali-
Níveis de decisão sar todas as alternativas possíveis e receber todas as informações neces-
Como todas as pessoas estão tomando decisões o tempo todo, é im- sárias, O administrador toma decisões sem poder procurar e analisar
portante notar que existem três diferentes áreas de decisão na empresa: todas as alternativas possíveis, pois, se assim o fosse, o tempo despendi-
do nesse processo retardaria enormemente a definição dos cursos de
1. Decisões estratégicas: relacionadas com as relações entre a em- ação a serem seguidos na atividade empresarial. Por outro lado, o com-
presa e o ambiente. São amplas, genéricas e guiam e dirigem o compor- portamento administrativo é basicamente satisfaciente (satisficer) e não
ta-mento da empresa como um todo. São decisões tomadas no nível otimizante, visto que o tomador de decisão procura sempre alternativas
institucional e se referem a aspectos estratégicos da empresa, como, por satisfatórias e não as alternativas ótimas, dentro das possibilidades da
exemplo, produtos, serviços, mercados, competição. situação envolvida. Todo processo decisório, humano, seja de um indiví-
2. Decisões administrativas: relacionadas com aspectos internos da duo, seja da organização, ocupa-se da descoberta e da seleção de alter-
empresa que envolvem departamentos ou unidades organizacionais, nativas satisfatórias; somente em casos excepcionais preocupa-se com a
alocação e distribuição de recursos. São toma-das no nível intermediário. descoberta e a seleção de alternativas ótimas. O comportamento de busca
3. Decisões operacionais: relacionadas com as tarefas, cargos e as- será detido quando a empresa encontrar um padrão considerado aceitável
pectos cotidianos das operações da empresa. São tomadas no nível ou razoavelmente bom, isto é, satisfaciente. Quando a realização da
operacional encarregado de realizar as tarefas do dia-a-dia. empresa cair abaixo desse nível, nova busca de soluções será tentada.
E necessário analisar cada nível de decisões, sem perder de vista o Desse modo, o processo decisório na empresa se caracteriza pelos se-
seu inter-relacionamento e sua interdependência. guintes aspectos:
1. O tomador de decisão evita a incerteza e segue as regras padroni-
Etapas do processo decisório zadas para tomar as decisões.
As decisões são tomadas em resposta a algum problema a ser resol- 2. O tomador de decisão procura manter as regras estabelecidas pela
vido, a alguma necessidade a ser satisfeita ou a algum objetivo a ser empresa e somente as redefine quando sofre pressões.
alcançado. A decisão envolve um processo, isto é, uma sequência de 3. Quando o ambiente muda e novas estatísticas afloram ao processo
passos ou etapas que se sucedem. Daí o nome pro-cesso decisório para decisório, a empresa se mostra lenta no ajustamento e tenta utilizar o seu
se descrever essa sequência de fases. Na realidade, o processo decisório modelo decisório atual a respeito do mundo para lidar com as condições
pode ser descrito em quatro fases essenciais: modificadas.
1. Definição e diagnóstico do problema. Esta fase envolve a obtenção Decisões programáveis e não-programáveis
dos dados e dos fatos a respeito do problema, suas relações com o con- Quanto à sua forma, podemos distinguir dois tipos de decisão: deci-
texto mais amplo, suas causas, definições e seu diagnóstico. sões programáveis e decisões não-programáveis.

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1. Decisões programáveis: são as tomadas de acordo com regras e operacional em suas tarefas e atividades, a fim de atingir os objetivos
procedimentos já establecidos para enfrentar assuntos rotineiros perfeita- empresariais propostos. Para alcançar essa integração de esforços e
mente conhecidos. plena identificação com a estratégia empresarial, os planos táticos preci-
2. Decisões não-programáveis: são as tomadas diante de situações sam ser complementados por políticas.
novas e não bem conhecidas. Constituem novidades e tendem a ser
tomadas após julgamentos improvisados e que exigem esforços para Políticas
definir e diagnosticar o problema ou situação pela obtenção dos fatos e Uma política é um guia genérico para a ação. Ela de-limita a ação,
dos dados, procura de soluções alternativas, análise e comparação des- mas não especifica o tempo. E uma definição de propósitos comuns de
sas alternativas e seleção e escolha da melhor alternativa como um plano uma empresa e estabelece linhas de orientação e limites para a ação dos
de ação. indivíduos responsáveis pela implementação dos planos. As políticas
Na maioria das vezes, as decisões não-programadas são tomadas no constituem planos que lidam com problemas recorrentes e para os quais
nível institucional quando estratégicas ou no intermediário das empresas não existe solução rotineira e levam a organização a re-conhecer objetivos
quando táticas. Já as decisões programadas são tomadas no nível opera- específicos e a trabalhar em conjunto para seu alcance de uma maneira
cional a partir de políticas e procedimentos previamente traçados e sujei- amplamente definida. Uma política simplesmente estabelece linhas mes-
tas a possíveis confirmações ou aprovações. tras ou fronteiras dentro das quais as decisões subsequentes deverão ser
tomadas. Ela toma a forma de afirmações genéricas. Seu propósito não é
Condições de decisão o de obter absoluta uniformidade de ação, mas o de guiar as pessoas que
As decisões podem ser tomadas dentro de três condições: devem desenvolver outros tipos de planos, para elas poderem conhecer
quando fazer exceções às práticas usuais e quando não fazer. Geralmen-
1. Incerteza: nas situações de decisão sob incerteza, o tomador de te, uma política apresenta maior flexibilidade do que os outros tipos de
decisão tem pouco ou nenhum conhecimento ou informação para utilizar planos. A medida que se caminha das políticas aos procedimentos e às
co-mo base na atribuição de probabilidade a cada estado da natureza ou a regras, os limites tornam-se gradativamente mais estreitos e menos sujei-
cada evento futuro. Em casos extremos de incerteza não é possível esti- tos à interpretação pessoal.
mar o grau de probabilidade com que o evento venha a ocorrer. É a situa-
ção típica com a qual se defronta o nível institucional das empresas, As políticas podem ser escritas ou apenas implícitas e vagas, mas
exigindo um planejamento contingencial que permita alternativas variadas sempre constituem guias para a tomada de decisão dentro da empresa.
e flexíveis. São princípios ou grupos de princípios que estabelecem regras para a
ação e contribuem para o alcance bem-sucedido dos objetivos. As políti-
2. Risco: nas situações de decisão sob risco, o tomador de decisão cas constituem balizamentos ao comportamento dos participantes da
tem informação suficiente para predizer os diferentes estados da natureza. empresa. Portanto, as políticas fazem parte — de um modo mais específi-
No entanto, a qualidade dessa informação e a sua interpretação pelos co — da estratégia geral da empresa. Um aspecto interessante das políti-
diversos administradores são capazes de variar amplamente e cada cas é o de elas mais guiarem e orientarem do que controlarem a tomada
administrador pode atribuir diferentes probabilidades conforme sua crença de decisão, pois conduzem o tomador de decisão aos cursos de ação
ou intuição, experiência anterior, opinião, entre outros. preferidos ou consequências desejadas pela empresa e presumem, impli-
3. Certeza: nas situações sob certeza, o administrador tem completo citamente, a ocorrência de certos desvios se as condições o permitirem.
conhecimento das co-sequências ou dos resultados das várias alternativas Devido a isso, as políticas assumem um ar de generalidade e de abran-
de cursos de ação para resolver o problema. E a decisão mais fácil de se gência. Quando as políticas se tornam mais específicas e restritivas, elas
tomar, pois cada alternativa pode ser associada com os resultados que limitam as alternativas do tomador de decisão. Se os guias para a tomada
pode produzir. Mesmo que o administrador não tenha condições de inves- de decisão se tornam muito formais, específicos e restritivos, eles deixam
tigar todas as alternativas disponíveis, ele pode escolher a melhor das de ser políticas para se transformarem em procedimentos ou em regras e
alternativas consideradas. Esta é uma situação excepcional e não a regra. regulamentos.
O planejamento consiste na tomada antecipada de decisão sobre o
que fazer antes de a ação se tornar necessária e, por isso, constitui um Tipos de políticas
sistema aberto e dinâmico de decisões. No fundo, as empresas constitu-
em sistemas programados de decisão em níveis intermediários. Quanto ao nível em que funcionam, as políticas podem ser:
1. Políticas globais da empresa: são desenvolvidas no nível institucio-
nal e estão relacionadas com aspectos globais da empresa. Todas as
Para que servem as decisões? demais políticas deverão conformar-se com ela. As políticas com relação a
• Para definir comportamentos futuros. acionistas, clientes, fornecedores, concorrentes, funcionários, governo e
• Para alocar recursos organizacionais. ecologia estão entre elas.
• Para resolver problemas. 2. Políticas administrativas: são desenvolvidas no nível intermediário e
• Para criar inovação. estão relacionadas predominantemente com aspectos internos da empre-
• Para conduzir uma empresa em um ambiente mutável. sa. As políticas de pessoal, produção, mercadológica, financeira e de
abastecimento são exemplos típicos.
• Para estabelecer prioridades.
3. Políticas operacionais: são desenvolvidas para serem seguidas pe-
Tipos de planos táticos
lo nível operacional da empresa e estão relacionadas com aspectos
Os planos táticos geralmente se referem a: específicos da atividade empresarial. As políticas de redução de custos,
1. Planos de produção: envolvem métodos e tecnologias necessárias de compras, de salários, de admissão de funcionários, controle de quali-
para as pessoas em seu trabalho, arranjo físico do trabalho e equipamen- dade, manutenção e segurança no trabalho são exemplos. Em alguns
tos como suportes para as atividades e tarefas. casos, as políticas operacionais podem ser elevadas a políticas adminis-
2. Planos financeiros: abrangem captação e aplicação do dinheiro ne- trativas ou até globais, quando se tornam importantes e relevantes para os
cessário para suportar as várias operações da organização. negócios da empresa. É o caso do controle de qualidade em empresas
3. Planos de marketing: referem-se aos requisitos de vender e distri- que comercializam seus produtos, vinculando-os à qualidade garantida ou
buir bens e serviços no mercado e atender ao cliente. de segurança para empresas geradoras de pro-dutos perigosos.
4. Planos de recursos humanos: dizem respeito a recrutamento, sele-
ção e treinamento das pessoas nas várias atividades da organização. PLANEJAMENTO OPERACIONAL
Enquanto o nível institucional opera com a incerteza trazida do ambi-
Implementação dos planos táticos ente que circunda a empresa, o nível intermediário procura amortecê-la,
neutralizá-la e contemporizá-la para encaminhar ao nível operacional os
Os planos táticos representam uma tentativa da em-presa de integrar
esquemas de tarefas e operações racionalizados e submetidos a um
o processo decisório e alinhá-lo à estratégia adotada para orientar o nível
processo reducionista típico de abordagem de sistema fechado. Então, o
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nível operacional quase sempre trabalha dentro da lógica de sistema maiores. Devido à sua natureza detalhada, costumam ser escritos e
fechado para que alcance regularidade e certeza no seu cotidiano e colocados à disposição dos que devem usá-los.
funcione com a máxima eficiência possível. Apesar de todas as pressões Os procedimentos constituem guias para a ação e são mais específi-
e contingências do ambiente externo, o nível operacional precisa funcionar cos que as políticas. Em conjunto com outras formas de planejamento,
como um mecanismo de relojoaria: tecnologia e máquinas em operação, procuram evitar a confusão por meio da direção, da coordenação e da
ritmo e cadência para alcançar produtividade, cuidados para evitar possí- articulação das operações de uma empresa. Ajudam a dirigir todas as
veis paralisações ou esperas e uma constante regularidade. Para tanto, o atividades da empresa para objetivos comuns, a impor consistência ao
nível operacional precisa de um tipo de planejamento o mais próximo longo da organização e através do tempo e buscam economias ao capaci-
possível de um sistema fechado às intempéries ambientais, a menos que tarem a administração a evitar to-dos os custos de verificações recorren-
estas sejam de tal porte e intensidade a ponto de provocar um profundo tes e a delegar autoridade a subordinados para tomar decisões dentro de
choque no funcionamento da empresa. limites impostos pela administração. Enquanto as políticas são guias para
pensar e decidir, um procedimento é um guia para fazer. O termo proce-
Conceituação de planejamento operacional dimento refere-se aos métodos para executar as atividades. Um método
O planejamento operacional se preocupa basicamente com “o que fa- descreve o processo de executar um passo ou uma etapa do procedimen-
zer” e com o “como fazer” no nível em que as tarefas são executadas. to e pode ser considerado um plano de ação, mas normalmente é um
Refere-se especificamente às tarefas e operações realizadas no dia-a-dia subplano de um procedimento.
no nível operacional. Como está inserido na lógica de sistema fechado, o Procedimento
planejamento operacional focaliza a otimização e a maximização de O procedimento — também denominado procedimento operacional
resultados, ao passo que o planejamento tático está voltado para resulta- padronizado — é um sistema de passos ou técnicas sequenciais que
dos apenas satisfacientes. Por meio do planejamento operacional, os descreve como uma determinada tarefa ou atividade deve ser feita. Serve
administradores visualizam e determinam ações futuras dentro do nível para detalhar várias atividades que devem ser executadas com o objetivo
operacional que melhor conduzam ao alcance dos objetivos da empresa. de completar um programa.
Como o grau de liberdade na execução das tarefas e operações no nível Os procedimentos em geral são transformados em rotinas e expres-
operacional é muito estreito e pequeno, o planejamento operacional se sos na forma de fluxogramas. Fluxogramas são gráficos que representam
caracteriza pelo detalhamento com o qual estabelece as tarefas e opera- o fluxo ou a sequência de procedimentos ou de rotinas. Estas nada mais
ções, pelo caráter imediatista que focaliza apenas o curto prazo e pela são do que procedimentos devida-mente padronizados e formalizados. Os
abrangência focal que aborda apenas uma tarefa ou operação. fluxogramas podem ser de vários tipos.
O planejamento operacional pode ser visualizado como um sistema:
começa com os objetivos estabelecidos pelo planejamento tático, desen- Fluxograma vertical
volve planos e procedimentos detalhados e proporciona informação de
retroação no sentido de propiciar meios e condições para otimizar e ma- O fluxograma vertical retrata a sequência de uma rotina por meio de
ximizar os resultados. O planejamento operacional é composto de uma linhas — que traduzem as diversas tarefas ou atividades necessárias para
infinidade de planos operacionais que proliferam nas diversas áreas e a execução da rotina — e de colunas — que representam, respectivamen-
funções da empresa: produção ou operações, finanças, mercadologia, te, os símbolos das tarefas ou operações, os funcionários envolvidos na
recursos humanos, entre outras. rotina, as tarefas ou operações executadas, o espaço percorrido para a
execução ou operação e o tempo despendido.
No fundo, os planos operacionais cuidam da administração pela rotina
para assegurar que todos executem as tarefas e operações de acordo O fluxograma vertical, também denominado gráfico de análise de pro-
com os procedimentos estabelecidos pela empresa, a fim de esta alcançar cesso, é utilizado para descrever simbolicamente um procedimento execu-
os seus objetivos. Os planos operacionais estão voltados principalmente ta do por vários funcionários, cada qual desempenhando uma tarefa
para a eficiência (ênfase nos meios), uma vez que a eficácia (ênfase nos diferente, ou para descrever uma rotina executada por uma única pessoa.
fins) é problema remetido para os níveis institucional e intermediário da
empresa. Rotina em sequência vertical
No fluxograma vertical anterior, a rotina representada é constituída de
Tipos de planos operacionais dez fases, que envolvem três funcionários, demandam um tempo médio
Embora os planos operacionais sejam heterogêneos e diversificados, de 164 minutos e levam a uma movimentação de 207 metros. Os dez
eles podem ser classificados em quatro tipos: passas ou fases são constituídos de uma operação, cinco trans-portes,
duas paradas e duas verificações ou conferências. A linha que liga os
1. Planos relacionados com métodos, denominados procedimentos. diversos símbolos das operações traduz a sequência vertical do fluxogra-
2. Planos relacionados com dinheiro, denominados orçamentos. ma.
3. Planos relacionados com tempo, denominados programas ou pro- O fluxograma vertical coloca a ênfase na sequência da rotina ou do
gramações. processo. A utilidade do fluxo-grama vertical é enorme, principalmente na
4. Planos relacionados com comportamentos, denominados regula- área de planejamento de métodos e procedimentos de trabalho, para se
mentos. montar um procedimento ou rotina, para ajudar no treinamento do pessoal,
O importante é notar que cada plano pode consistir em muitos sub- para fixar a sequência das operações, para racionalizar uma tarefa e
planos com diferentes graus de detalhamento. Vejamos mais de perto outras atividades.
cada um desses tipos de planos operacionais.
Fluxograma horizontal
Para que servem os planos? O fluxograma horizontal utiliza, na maioria das ocasiões, os mesmos
• Para melhorar o desempenho das pessoas. símbolos do fluxograma vertical e enfatiza os órgãos ou as pessoas envol-
• Para melhor utilizar máquinas e equipamentos. vidos em um determinado procedimento ou rotina. Em procedi-mentos ou
rotinas que envolvam muitos órgãos ou pessoas, o fluxograma horizontal
• Para evitar possíveis paralisações ou esperas desnecessárias. permite visualizar a parte cabível a cada um e comparar a distribuição das
• Para melhor alcançar metas e objetivos. tarefas entre todos os envolvidos para uma possível racionalização ou
• Para aumentar a eficiência e eficácia. redistribuição, ou para dar uma ideia da participação existente, a fim de
Procedimentos facilitar os trabalhos de coordenação e de integração.
Formam a sequência de passos ou de etapas que devem ser rigoro-
samente seguidos para a execução dos planos. São séries de passos Fluxograma de blocos
detalhados que indicam como cumprir uma tarefa ou alcançar um objetivo O fluxograma de blocos baseia-se em uma sequência de blocos ou
preestabelecido. Assim, os procedimentos são subplanos de planos ícones encadeados entre si, tendo cada qual um significado específico.
Conhecimentos Específicos 25

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APOSTILAS OPÇÃO
Apresenta duas vantagens: utiliza uma simbologia mais rica e variada e • uso da estrutura organizacional, regras e regulamentos;
não se restringe apenas a linhas e colunas preestabelecidas no gráfico. É • controle do processo de tomada de decisão;
um fluxograma utilizado pelos analistas de sistemas para representar • controle do conhecimento e da informação;
graficamente as entradas, operações e processos, saídas, conexões,
decisões, arquivamento etc., que constituem o fluxo ou sequência das • controle dos limites;
atividades de um sistema qualquer. • habilidade de lidar com incerteza;
• Simbologia do fluxograma de blocos • além dos acima mencionados, premissas referentes à cultura orga-
Os símbolos universais utilizados no fluxograma vertical são os se- nizacional, como valores e normas, também são importantes.
guintes: A divisão do trabalho necessita de mecanismo de coordenação, pois é
1. Operação: representada por um círculo. É uma etapa ou subdivisão através dela que os esforços são pulverizados pela organização. Logo, é
do processo. Uma operação é realizada quando algo é criado, alterado, necessário unir, ligar e harmonizar todos os esforços, visando atingir
acrescentado ou subtraído. Geralmente agrega valor ao processo, ao objetivos organizacionais.
produto ou ao serviço. Exemplos: emissão de um documento, anotação de 2 Mecanismos de coordenação
um registro, colocação de uma peça. Ajuste mútuo — baseado em processos simples de comunicação in-
2. Transporte: representada por um círculo pequeno ou por uma seta. formal, nos quais o controle do trabalho é centrado no nível operacional: a
É a tarefa de levar algo de um lugar para outro. Ocorre quando um objeto, aprendizagem e o conhecimento se desenvolvem em tempo de execução
uma mensagem ou documento é movimentado de um lugar para outro. e dependem do grau de adaptação dos especialistas no decurso da ação.
Não agrega valor nenhum ao processo, produto ou serviço, apenas custos Exemplo: uma equipe médica procedendo a uma cirurgia.
adicionais. Supervisão direta — mecanismo de coordenação que se dá por in-
3. Inspeção (ou verificação ou controle): representada por um quadra- termédio de um único gerente ou pessoa que se responsabiliza pelo
do. É uma verificação ou fiscalização (de quantidade ou de qualidade) trabalho dos outros, dando instruções e monitorando ações. A liderança
sem que haja realização de operação. Também não agrega valor, mas central é uma exigência, para que todos os resultados de um grupo apre-
agrega custos adicionais. Exemplos: conferência de um documento, endam etapas de trabalho de um mesmo processo.
verificação de uma assinatura. Exemplo: trabalhadores de uma linha de montagem de automóveis.
4. Arquivamento ou armazenamento: representados por um triângulo. Padronização dos processos de trabalho, das habilidades e das saí-
Pode se referir a algum documento (arquivamento) ou a algum material ou das — a padronização visa estabelecer as seguintes questões: Como
produto (armazenamento). fazer? Com que competências? Que serviços ou produtos intermediários
ou finais serão feitos?
Orçamentos 3 Estrutura organizacional - conceituação
São os planos operacionais relacionados com dinheiro em um deter- Mintzberg (1983) define estrutura como a soma total de meios pelos
minado período de tempo. Os orçamentos comumente têm a extensão de quais o trabalho é dividido em tarefas distintas e como é realizada a
um ano, correspondendo ao exercício fiscal da empresa. Quando os coordenação entre elas.
valores financeiros e os períodos temporais se tornam maiores, ocorre o Vasconcelos (1989) entende estrutura como o resultado de um pro-
planejamento financeiro, definido e elaborado no nível intermediário da cesso no qual a autoridade é distribuída, as atividades são especificadas
empresa, com dimensões e efeitos mais amplos do que os orçamentos, (desde os níveis mais baixos até a alta administração).
cuja dimensão é meramente local e cuja temporalidade é limitada. Stoner (1985) define estrutura como a disposição e a inter-relação en-
O fluxo de caixa, os orçamentos departamentais de despesas, de en- tre as partes componentes e cargos de uma empresa.
cargos sociais referentes aos empregados, de reparos e manutenção de Bowdicht (1992) define estrutura genericamente como os padrões de
máquinas e equipamentos, de custos diretos de produção, de despesas trabalho e disposições hierárquicas que servem para controlar ou distin-
de promoção e propaganda, entre outros, são exemplos de orçamentos no guir as partes que compõem uma organização.
nível operacional.
Tanto Hall (1984) entende que estrutura é a distribuição das pessoas
entre posições sociais que influenciam os relacionamentos de papéis
Listas de verificação desempenhados pelas mesmas. Como consequência direta desta distri-
As listas de verificação (check-lists) constituem um tipo de procedi- buição, ocorre a divisão do trabalho e a hierarquia.
mento de rotina que contém todas as ações necessárias para a execução Observamos que, embora não haja uma uniformidade de definições,
de uma determinada tarefa. No fundo, trata-se de uma espécie de lembre- todos os autores concordam que a estrutura nasce através do princípio da
te para que o executor não se esqueça de nenhum detalhe. Em geral, divisão do trabalho e da hierarquia, logo, é um instrumento gerencial
referem-se a atividades do nível operacional. Em companhias aéreas os valioso, que, como todos os recursos, precisa ser usado de maneira
co-mandantes seguem listas de verificação para decolar ou aterrissar eficiente.
aviões e os tripulantes seguem listas de verificação no caso de situações 4 Elementos da estrutura organizacional segundo Stoner (1985)
perigosas ou acidentes. A seguir há uma lista de verificação sobre os tipos
• A especificação de tarefas, que se refere à especificação de ativida-
de informação que devem ser obtidos de candidatos aos cargos em uma
des individuais ou de grupos em toda a organização (divisão do trabalho)
empresa.
e ao agrupamento destas em unidades de trabalho (departamentalização);
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL • A padronização das tarefas, ou seja, a definição de procedimentos a
Marcelo Marques serem realizados para garantir a previsibilidade das tarefas;
1 Modelo de gestão • A coordenação das atividades, composta pelos procedimentos reali-
O modelo de gestão envolve as seguintes variáveis: zados para integrar as funções das subunidades da organização;
• divisão do trabalho; • A centralização e descentralização de decisões, que se refere à lo-
calização do poder decisório;
• alocação de recursos;
• O tamanho da unidade de trabalho, que se refere ao número de em-
• coordenação do trabalho; pregados que compõem os grupos de trabalho.
• definição de padrões qualitativos; A estrutura organizacional pode ser entendida através de dimensões:
• natureza dos vínculos formais entre os integrantes. 1 — A especialização — divisão de trabalho — realização de tarefas
Os modelos de gestões são influenciados pelas seguintes variáveis: em posições definidas;
• autoridade formal; 2 — A padronização e formalização — regras e procedimentos de
• controle sobre recursos escassos; ocorrência constante definidos pela organização, caracterizando-se pelas
comunicações escritas;
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APOSTILAS OPÇÃO
3 — A centralização — autoridade responsável pelas decisões (ló- Paiva (1999) caracteriza as organizações celulares por:
cus); • reconhecimento pelo valor gerado;
4 — A configuração, que se refere à forma da estrutura, incluindo a • autodesenvolvimento;
amplitude de controle vertical e horizontal. • responsabilidades pelos fins com autonomia sobre os meios;
5 Modelos de estrutura • compromisso com o resultado;
5.1 Estrutura linear • decisões compartilhadas;
Características: • participação dos resultados e sentimento de prosperidade e partici-
• respeita o Princípio da Unidade de Comando; pação acionária; e
• valoriza a hierarquia; • autoridade pelo conhecimento.
• perde especialização; Vasconcellos e Hemsley (1997) definem o modelo celular como uma
• possui linhas claras e definidas de autoridade; forma de organização com alta flexibilidade, em que o delineamento da
• centraliza as decisões; estrutura praticamente inexiste, e a informalidade é muito elevada.
• apresenta-se em forma piramidal. Ribeiro (1993) estabelece algumas características, tais como:
• pequeno grupo de trabalho onde as relações interpessoais são in-
5.2 Estrutura funcional tensas;
Características: • cada membro do grupo é reconhecido por suas qualidades e defei-
tos;
• respeita o Princípio da Unidade de Comando;
• o grupo funciona de forma auto-regulada;
• valoriza a hierarquia;
• o mesmo indivíduo pode pertencer a mais de um grupo;
• perde especialização;
• algumas células são estáveis no tempo, outras têm duração muito
• possui linhas claras e definidas de autoridade; efêmera;
• centraliza as decisões; • o tecido celular é organizado em forma de rede com muitos cami-
• apresenta-se em forma piramidal. nhos possíveis entre uma célula e outra;
• a célula ineficaz não tem condição de sobreviver;
5.2 Estrutura funcional • o crescimento da empresa é orientado pelas condições externas;
Características: • as condições de geração de inovação são aumentadas.
• respeita o Princípio da Unidade de Comando; 8 Modelo de Mintzberg - tecnoestrutura
• enfatiza a especialização e a hierarquia; Para Mintzberg, as estruturas organizacionais são formadas pelos se-
• possui assessores especialistas; guintes elementos:
• órgãos A a G = deliberam; • cúpula estratégica;
• staffs = assessoram. • linha intermediária;
• gestão estratégica e tecnológica;
5.4 Estrutura matricial • recursos e serviços corporativos;
A estrutura matricial permite uma possibilidade a mais de variação a • execução e operação finalística.
ser considerada quando desejamos: especialização das habilidades dos A organização, então, passa a:
executivos, rápida transferência de tecnologia entre programas, grande • estrutura simples;
flexibilidade de utilização de mão-de-obra especializada e redução de
duplicação de esforços, com consequente redução de custos. Este modelo • burocracia mecanicista;
combina dois critérios de departamentalização: a funcional e a por proje- • burocracia profissional;
tos, serviços ou produtos. Portanto, cada equipe estará subordinada a dois • estrutura divisionada;
tipos de chefia, não se respeitando a unidade de comando. • adhocracia.
6 Departamentalização e seus critérios 9 Tipos de estrutura segundo Mintzberg
A finalidade da departamentalização é agrupar, de forma homogênea, 9.1 Estrutura simples
atividades afins. Decorre da divisão do trabalho em nível horizontal (busca A tecnoestrutura é praticamente inexistente, bem como os Staffs.
da especialização), pois em nível vertical a busca é pela supervisão, Possui órgão centralizador e um centro de operação (nível operacional). O
através da autoridade hierárquica. mecanismo de controle utilizado é do tipo supervisão direta. A divisão do
Critérios de departamentalização trabalho não é clara. Podemos associá-la com as organizações em seus
• Funcional — funcional, financeiro, engenharia etc. estágios iniciais.
• Por Quantidade — turnos de trabalho em decorrência da natureza 9.2 Burocracia mecanizada
da atividade. Neste modelo a tecnoestrutura tem seu valor, logo, o mecanismo mais
• Geográfica — atividades dispersas em função de necessidades lo- usado é a padronização de processos, sendo, portanto, altamente meca-
gísticas. nizado. As normas são uma necessidade. Encontramos a especialização
• Por Projeto — grande concentração de recursos e tempo de duração no sentido vertical (níveis hierárquicos) e no horizontal (departamentos). Ë
longo para a fabricação do produto. centralizada vertical-mente e descentralizada em nível de departamentos,
• Por Produto — indicada quando uma organização encontra-se em e o trabalho exige controle, uma vez que desempenha tarefas especializa-
um ambiente instável que exige atenção especial para as mudanças nos das, simples e rotineiras.
pro-dutos. Exemplo: empresa de software e hardware. 9.3 Burocracia profissional
• Por Cliente — o foco está nas expectativas dos clientes, logo, esse Diferencia-se da anterior basicamente por possuir funcionários opera-
critério fica mais atento às diferenças. cionais bem qualificados, mais autônomos, conseguindo, assim, responder
• Por Processo — relaciona-se com o fluxo de trabalho. mais rápido às mudanças. A burocracia profissional é o exemplo de uma
estrutura mecânica, descentralizada horizontal e verticalmente, pois o
7 Modelo organizacional celular centro de execução finalística é o componente fundamental.
Este modelo tem sua teorização muito recente e ainda não existe uma Indicada em um ambiente estável, mas complexo.
constância de definições entre os diversos autores. Estabelecerei, portan-
to, diferentes perspectivas sobre o tema sob a ótica dos estudiosos.

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APOSTILAS OPÇÃO
9.4 Estrutura divisionada • Em que tipo de ambiente a organização insere-se atualmente?
Neste modelo a linha hierárquica é o componente estratégico, pois • O que pode ser feito para melhor alcançar os objetivos organizacio-
através dela é estabelecida a ligação com as divisões e a cúpula. Cada nais no futuro?
divisão é uma subestrutura, funcionando como pequenas burocracias 4. Implementação da estratégia
mecanicistas, logo, o mecanismo de coordenação é a padronização dos • Gerenciamento de pessoas
resultados obtidos por cada unidade. As divisões apresentam uma alta
formalização e divisão do trabalho, mas são independentes umas das • Alocação de recursos
outras. O contexto externo (ambiente) para essa organização é, geralmen- • Monitoração
te, estável e simples. • Organização
9.5 Adhocracia 5. Controle estratégico
Caracteriza-se pelo pouco tempo de duração. É constituída por equi- Consiste em monitorar e avaliar o processo de gerenciamento de es-
pes ad hoc de pessoas qualificadas em áreas diversificadas. O mecanis- tratégias como um todo, para assegurar que ele esteja funcionando ade-
mo de coordenação é o ajuste mútuo entre os participantes. O mecanicis- quadamente.
mo não tem lugar, cedendo para a analogia orgânica, apresentando alta 3 Planejamento estratégico clássico
diferenciação horizontal e pouca importância vertical (hierarquia). É versá- Concepção -> Gestão do conhecimento -> Formulação -> Implemen-
til e flexível, e a estratégia vai surgindo com as decisões. tação -> Avaliação
3.1 Missão
NOVAS TECNOLOGIAS GERENCIAIS E ORGANIZACIONAIS A missão é uma orientação atemporal, a razão de ser, o porquê de a
Marcelo Marques organização existir.
1 Gestão estratégica — presença nos governos e nas organizações Exemplos de missão
em geral • Nike — experimentar a emoção da competição, da vitória;
O termo estratégia tem origem na Grécia e com forte conotação mili- • 3M — resolver, de forma inovadora, problemas não solucionados;
tar. Hoje reparamos várias semelhanças entre a antiga estratégia e a
• Walt Disney — fazer pessoas felizes;
encontrada no ambiente das modernas organizações, onde objetivos são
definidos no horizonte de longo prazo envolvendo análises internas e • Tribunal de Contas da União (TCU) — assegurar a efetiva e regular
externas, delineando pontos fortes e fracos, além das ameaças e oportu- gestão dos recursos públicos, em benefício da sociedade.
nidades. Embora a missão seja uma orientação atemporal, muitas organiza-
O ambiente organizacional muda em uma velocidade assustadora, ções necessitam revisar constantemente esta ferramenta, conforme se
tornando-se imenso e complexo, exigindo das organizações flexibilidade, observa no caso da IBM.
agilidade, tecnologia da informação, aproximação com os clientes e mu- Evolução da missão da IBM
dança continuada. A visão holística torna-se uma condição imperativa. • Início da década de 1950 — computadores.
Enxergar os ambientes da tarefa e geral, bem como suas deficiências e • Final da década de 1950 — processamento de dados.
suficiências organizacionais, é o pré-requisito para montar uma estratégia.
• Início da década de 1960 — manipulação de informações.
Estratégia é o conjunto de decisões fixadas em consonância com a
• Final da década de 1960 — solução de problemas e processamento
missão. A missão é a razão de ser de uma organização, sendo, portanto,
de dados.
uma necessidade atemporal, ou seja, precisa estar presente em qualquer
época da existência de uma organização. Entendemos, ainda, que a • Início da década de 1970 — minimização de riscos.
estratégia é o processo contínuo e sistemático de direcionar a organização • Final da década de 1970 — desenvolvimento de alternativas.
para atingir sua missão. Envolve atividades de planejamento e controle de • Década de 1980 — otimização de negócios.
decisões, além da coordenação das ações resultantes do processo de • Início da década de 1990 — desenvolvimento de novos negócios de
adaptação ao seu ambiente. em-presas.
2 Etapas da gestão estratégica • Final da década de 1990 — oferecimento de soluções criativas e in-
A gestão estratégica evoluiu do planejamento estratégico. vadoras para as necessidades de informação dos clientes.
1. Análise ambiental
A primeira etapa do processo de gerenciamento da estratégia é o di- 3.2 Visão
agnóstico da ambiência interna e externa à organização. A visão é uma orientação temporal, é onde a organização deseja che-
Ambiente geral ou macroambiente: composto de fatores como conjun- gar, denota um modelo mental de um estado ou situação desejável. Visão
tura política, estrutura econômica, valores da sociedade, desenvolvimento e missão devem estar em consonância.
tecnológico etc. Esses fatores influenciam muito os negócios da organiza- Exemplos de visão
ção, mas a recíproca não é verdadeira. A organização não é capaz de
• Tribunal de Contas da União (TCU) — ser uma instituição de exce-
modificar esses fatores.
lência no controle e contribuir para o aperfeiçoamento da administração
Ambiente da tarefa: composto de agentes como sindicatos, agências pública.
governamentais, instituições financeiras, fornecedores, clientes, comuni-
• Citibank — tornar-se uma instituição financeira mais poderosa, com
dade etc. Esses agentes interagem diretamente com a organização,
mais serviços, e mais influente que qualquer outra.
influenciando e sendo influenciados por ela.
• Boing — construir aviões em que teríamos orgulho de colocar nos-
Ambiente interno: considera os aspectos internos da organização,
sas famílias.
como sua cultura, estrutura, tecnologia, processos de trabalho, controles
etc. 3.3 Valores
2. Estabelecimento da direção organizacional Os valores são os atributos e virtudes da organização.
Constituição da missão, visão e os objetivos. Exemplo: cultura para a qualidade, respeito ao ambiente.
O ponto de partida para a formulação da estratégia é a missão. Esta 4 Escolas do planejamento estratégico — as várias abordagens
não pode ser nem tão geral, nem tão específica. Quando bem definida, Segundo Mintzberg, com a evolução do pensamento estratégico fo-
fornece subsídios para a direção e objetivos a serem fixados. ram aparecendo escolas (correntes), e cada uma com posições peculiares
3. Formulação da estratégia Questionamentos sobre o planejamento estratégico.
• Quais os objetivos da organização? De acordo com Ansoff e McDonnell (1993), planejamento estratégico
é um procedimento sistemático de gestão empreendedora que baseia a
• Para onde a organização está se dirigindo?
estratégia futura da empresa em um exame de alternativas novas.

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APOSTILAS OPÇÃO
Cavalcanti (2000) afirma que a ideia do planejamento estratégico sur- GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL
giu há 40 anos, no auge da expansão e diversificação dos negócios na
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
década de 60, e que a inovação tornou-se componente ativo da estratégia
empresarial. Com exemplo, destaca o estudo da Standard Ou Company. A gestão da qualidade total (em língua inglesa "Total Quality
Management" ou simplesmente "TQM") consiste numa estratégia de
administração orientada a criar consciência da qualidade em todos os
Gestão por Processos. processos organizacionais.
A Gestão pro Processos é um tema que tem despertado crescente in-
É referida como "total", uma vez que o seu objetivo é a implicação não
teresse das empresas. Ainda imaturo, o mercado está respondendo aos
apenas de todos os escalões de uma organização, mas também da
esforços educacionais oferecidos pelos fornecedores destas soluções.
organização estendida, ou seja, seus fornecedores, distribuidores e
Entretanto, ainda são grandes os obstáculos à maturidade deste tipo demais parceiros de negócios.
de aplicação.
Compõe-se de diversos estágios, como por exemplo, o planejamento,
A falta de um efetivo conhecimento sobre este conceito e a análise fo- a organização, o controle e a liderança.
cada exclusivamente nas features dos produtos que são disponibilizados
pelos fornecedores são fatores preponderantes na formação de uma A Toyota, no Japão, foi primeira organização a empregar o conceito
opinião distorcida sobre os benefícios advindos de uma gestão por pro- de "TQM" (ver Toyotismo), superando a etapa do fordismo, onde esta
cessos. Some-se ainda a profusão de soluções que estão sendo apresen- responsabilidade era limitada apenas ao nível da gestão. No "TQM" os
tadas, muitas delas criadas para outras finalidades e agora vestidas com colaboradores da organização possuem uma gama mais ampla de
uma nova roupagem de marketing, sobrepõem conceitos e dificultam o atribuições, cada um sendo diretamente responsável pela consecução dos
entendimento pelos avaliadores. objetivos da organização. Desse modo, a comunicação organizacional, em
todos os níveis, torna-se uma peça-chave da dinâmica da organização.
Este pequeno ou inexistente embasamento teórico pode ser explicado
pelo pequeno alinhamento do ambiente acadêmico com o conceito de Tem sido amplamente utilizada[carece de fontes?], na atualidade, por
Gestão por Processos. Esta mudança seria fundamental para a criação de organizações públicas e privadas, de qualquer porte, em materiais,
um ambiente mais receptivo ao conceito, pelo C-Level ( CEO, CIO, etc ) produtos, processos ou serviços. A conscientização e a busca da
das empresas. Neste sentido, ainda não é suficientemente claro para as qualidade e do reconhecimento da sua importância, tornou a certificação
academias, a existência de uma camada independente enquanto solução dos sistemas de gerenciamento da qualidade indispensável uma vez que:
de software, visto que gerir processos e integrar aplicações sempre foi um Aumenta a satisfação e a confiança dos clientes;
produto secundário de projetos apresentados pelos fornecedores de Aumenta a produtividade;
ERP’s e não era tratado com a devida importância.
Reduz os custos internos;
Despertar os executivos de negócio para a importância da Gestão por
Processos pode ser uma tarefa ingrata, pois processos ainda são vistos Melhora a imagem e os processos de modo contínuo;
com um quê de negligência, como uma atividade menor, menos importan- Possibilita acesso mais fácil a novos mercados.
te. A certificação permite avaliar as conformidades determinadas pela
Diariamente, mais e mais empresas estão adotando de forma silenci- organização através de processos internos, garantindo ao cliente um
osa, a Gestão pro Processos. Estas empresas elegeram executivos de material, processo, produto ou serviço concebido conforme padrões,
carreira para gerir macro-processos fundamentais. Elas mudaram o foco procedimentos e normas.
dos seus sistemas de aferição de objetivos das unidades para objetivos Uma organização que se propõe a implementar uma política de
dos processos e basearam seus sistemas de remuneração diretamente gestão voltada para a "qualidade total" tem consciência de que a sua
sobre a performance dos seus processos. Também alteraram a maneira trajetória deve ser reavaliada periodicamente.
como recrutaram e treinaram seus colaboradores, com ênfase nos macro
processos e não nas pequenas tarefas. E ainda trabalharam em mudan- O objetivo último das organizações humanas é assegurar a
ças pequenas, porém fundamentais, na sua cultura. Por fim, estes execu- sobrevivência da espécie. Por analogia, a finalidade última de qualquer
tivos vão assumir gradativamente o controle do orçamento destinado a organização, nomeadamente de uma do tipo empresarial é sobreviver. A
melhoria dos seus macro-processos, uma vez que estes detêm o conhe- condição “sine qua non” para que uma empresa possa executar os
cimento sobre seus pontos fracos em toda sua extensão, podendo investir objetivos pretendidos pelos seus proprietários, administradores ou
os recursos da empresa com muito mais propriedade. acionistas é que ela exista, que esteja viva. Caso esta condição não se
verifique, nenhum dos objetivos pode ser perseguido, muito menos
Já na área de tecnologia, a negação da existência da camada de apli-
alcançado.
cações destinada a gestão dos processos, promovida por alguns executi-
vos de TI, vai segurar esta onda, talvez por tempo demais. Este perfil de A gestão da qualidade aponta para a preferência do consumidor, o
executivo, cujo enfoque está voltado exclusivamente para a ideia de que a que aumenta a produtividade, levando a uma maior competitividade e
área de sistemas deve aprisionar os processos de negócio conforme assegurando a sobrevivência das empresas. Podemos definir qualidade
aquilo que seus pacotes de gestão permitem, vai demandar um atraso da de inúmeras formas. Podemos considerar que é um atributo essencial e
empresa perante seus concorrentes. diferenciador de alguma coisa ou de alguém, como uma medida de valor
Um registro interessante é que atualmente existe uma grande preocu- ou excelência, como a adequação ao uso, tal como J.M.Muran a definiu,
pação na adoção de metodologias voltadas para a governança, e as áreas como “conformidade com as situações, nas palavras de P.B.Crosby, ou
de TI despontam como agentes desta demanda, como ITIL, COBIT, PMI e ainda, usando as palavras de Vicente Falconi, “um produto ou serviço com
outras. Fica claro que sua implementação demanda um amplo conheci- qualidade é aquele que atende sempre perfeitamente e de forma
mento dos processos da empresa, suas implicações, seus custos e os confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo certo às
recursos disponíveis para implementá-los. Gerir estes processos é, em necessidades do cliente”.
síntese, gerir o negócio, seja o enfoquerestrito a TI ou não, como ficou Os princípios básicos da qualidade total são:
evidenciado pela SARBANES-OXLEY. Produzir bens ou serviços que respondam concretamente às
A empresa orientada a processos é com certeza uma tendência irre- necessidades dos clientes;
versível. Implementar o conceito de Gestão por Processos pode ainda Garantir a sobrevivência da empresa por meio de um lucro continuo
necessitar a quebra de alguns paradigmas internos, mas, alinhar-se a este obtido com o domínio da qualidade;
pensamento, será uma etapa importante para todos os executivos, em
todas as áreas. Identificar o problema mais crítico e solucioná-lo pela mais elevada
prioridade (Pareto);
Antônio Dutra Jr.http://www.baguete.com.br/colunistas/colunas/42/antonio-
dutra-jr/04/10/2004/a-cultura-da-gestao-por-processos Falar, raciocinar e decidir com dados e com base em fatos;
Administrar a empresa ao longo do processo e não por resultados;

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APOSTILAS OPÇÃO
Reduzir metodicamente as dispersões por meio do isolamento das Metas para manter
causas fundamentais;
Exemplos de metas para manter: Atender ao telefone sempre antes
O cliente é Rei. Não se permitir servi-lo se não com produtos de do terceiro sinal. Estas metas podem também ser chamadas de "metas
qualidade; padrão". Teríamos, então, qualidade padrão, custo padrão, prazo padrão,
A prevenção deve ser a tão montante quanto possível; etc.
Na lógica anglo-saxônica de “trial and error”, nunca permitir que um O plano para se atingir a meta padrão é o Procedimento Operacional
problema se repita; Padrão (POP). O conjunto de procedimentos operacionais padrão é o
A lógica para que as empresas se possam desenvolver de acordo próprio planejamento operacional da empresa.
com estes pressupostos é a lógica do PDCA (Plan; Do; Check; Act to
correct) O PDCA utilizado para atingir metas padrão, ou para manter os
resultados num certo nível desejado, pode então ser chamado de SDCA
(S de standard)..
Ciclo PDCA
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Metas para melhorar
Exemplos de metas para melhorar: Reduzir o desperdício de 100
unidades para 90 unidades em um mês ou Aumentar a produtividade em
15% até dezembro.
De modo a atingir novas metas ou novos resultados, a "maneira de
trabalhar" deve ser modificada; por exemplo, uma ação possível seria
modificar os [Procedimentos Operacionais Padrão].
SETE FERRAMENTAS DA QUALIDADE
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ciclo PDCA.
As sete ferramentas do controle de qualidade são:
O ciclo PDCA, ciclo de Shewhart ou ciclo de Deming, é um ciclo de
Diagrama de Pareto
desenvolvimento que tem foco na melhoria contínua.
Diagramas de causa-efeito (espinha de peixe ou diagrama
O PDCA foi idealizado por Shewhart e divulgado por Deming, quem de Ishikawa)
efetivamente o aplicou. Inicialmente deu-se o uso para estatística e
Histogramas
métodos de amostragem. O ciclo de Deming tem por princípio tornar mais
claros e ágeis os processos envolvidos na execução da gestão, como por Folhas de verificação
exemplo na gestão da qualidade, dividindo-a em quatro principais passos. Gráficos de dispersão
O PDCA é aplicado para se atingir resultados dentro de um sistema Fluxogramas
de gestão e pode ser utilizado em qualquer empresa de forma a garantir o Cartas de controle
sucesso nos negócios, independentemente da área de atuação da Ishikawa observou que embora nem todos os problemas pudessem
mesma. ser resolvidos por essas ferramentas, ao menos 95% poderiam ser, e que
O ciclo começa pelo planejamento, em seguida a ação ou conjunto de qualquer trabalhador fabril poderia efetivamente utilizá-las. Embora
ações planejadas são executadas, checa-se se o que foi feito estava de algumas dessas ferramentas já fossem conhecidas havia algum tempo,
acordo com o planejado, constantemente e repetidamente (ciclicamente), Ishikawa as organizou especificamente para aperfeiçoar o Controle de
e toma-se uma ação para eliminar ou ao menos mitigar defeitos no Qualidade Industrial na década de 1960.
produto ou na execução. Talvez o alcance maior dessas ferramentas tenha sido a instrução
dos Círculos de Controle de Qualidade (CCQ). Seu sucesso surpreendeu
Os passos são os seguintes:
a todos, especialmente quando foram exportados do Japão para o
Plan (planejamento): estabelecer uma meta ou identificar o problema ocidente. Esse aspecto essencial do Gerenciamento da Qualidade foi
(um problema tem o sentido daquilo que impede o alcance dos resultados responsável por muitos dos acréscimos na qualidade dos produtos
esperados, ou seja, o alcance da meta); analisar o fenômeno (analisar os japoneses, e posteriormente muitos dos produtos e serviços de classe
dados relacionados ao problema); analisar o processo (descobrir as mundial, durante as últimas três décadas.
causas fundamentais dos problemas) e elaborar um plano de ação.
Do (execução): realizar, executar as atividades conforme o plano de Gestão de Qualidade: ferramentas e técnicas
ação. Quando se trata de gestão de qualidade, não se pode esquecer de
um dos precursores desse ramo: Walter Andrew Sherwart. Idealizador da
Check (verificação): monitorar e avaliar periodicamente os resultados,
técnica PDCA (Plan, Do, Check, Act), que significa, traduzindo para o
avaliar processos e resultados, confrontando-os com o planejado poe
português, Planejar, Fazer, Verificar, Agir (PFVA). Esse é um processo
meio de KPIs ( Key Performance Indicator ) objetivos, especificações e
fundamental do processo de melhoramento e qualidade.
estado desejado, consolidando as informações, eventualmente
confeccionando relatórios. Atualizar ou implantar a gestão à vista. Primeiramente, se usa o planejar, que consiste em estabelecer metas,
objetivos e modelos de desempenho, rotinas e etc. Em segundo lugar,
Act (ação): agir de acordo com o avaliado e de acordo com os
vem o fazer: medir o desempenho real. A próxima etapa é o verificar, em
relatórios, eventualmente determinar e confeccionar novos planos de
que o indivíduo fará um balanço entre os objetivos e o desempenho e
ação, de forma a melhorar a qualidade, eficiência e eficácia, aprimorando
determinará a diferença deles. Por último, vem o agir: executar tudo e
a execução e corrigindo eventuais falhas.
aperfeiçoar sem esbanjar.
Ciclo PDCA e as metas
Essas técnicas são necessárias para agradar o cliente, uma vez que
Há dois tipos de metas: na gestão de qualidade a preocupação não é apenas com a produção,
mas com a qualidade; diferentemente do que foi na indústria de Henry
Metas para manter; Ford. Outra coisa é para aumentar a capacidade de cumprimento dos
Metas para melhorar; objetivos traçados no plano inicial.

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APOSTILAS OPÇÃO
A preocupação de Ford foi apenas com a produção da sua indústria. e as empresas de telecomunicações. Entre os mais cotados, tem um deles
Visava apenas o lucro das produções em massa, tanto é que, ele só que recebeu mais de 5 mil queixas no mesmo ano.
produzia carros na cor preta, pois secavam rápido e daria tempo de mon-
tar mais automóveis. Não há dúvida de que seu modelo mecânico inovou Agora, se o indivíduo deseja ganhar o mercado, ter sempre clientes
no segmento industrial, mas não houve preocupação com a qualificação e fieis, é preciso tomar todos os cuidados. Pensar nos vários aspectos, e
supervisão em todos os setores de produção. não somente no lucro. Um economista disse uma vez a seguinte frase:
“Negócio bom é quando os dois lados saem ganhando.”. Com a gestão de
Ao contrário de Ford, os japoneses desenvolveram técnicas de gestão qualidade, é possível que isso aconteça, pois há valorização do cliente e
em qualidade, em que tinham planejamento da qualidade, garantia de muitas empresas ainda não adotaram esse caminho. http://gestao-de-
qualidade, eles compraram equipamentos necessários para cada tipo de qualidade.info/mos/
serviço. Os funcionários da Toyota foram treinados, estudavam os mode-
los norte-americanos. Tudo isso faz parte das ferramentas e técnicas de PRINCIPAIS FERRAMENTAS DE GESTÃO EMPRESARIAL
gestão de qualidade nas empresas. PARA A BUSCA DA QUALIDADE

Não havia pressa na produção; antes, verificava-se todo o material Por Alexandre
recebido, em todos os níveis de produção, desde a primeira peça até o No presente artigo enfatiza-se as principais ferramentas de Gestão
processo de montagem. A fiscalização por meio de auditores para ver se Empresarial para a busca da qualidade nas organizações. Procurar-se-á
estava tudo funcionando satisfatoriamente. Além disso, havia inspeção descrever de maneira clara e objetiva a filosofia de cada técnica, proporci-
dos equipamentos utilizados em cada etapa, bem como a avaliação dos onando uma compreensão fácil e rápida. Destina-se principalmente a
fornecedores. estudantes de cadeiras como administração da produção, administração
Os japoneses da Toyota, com seu novo sistema de gestão flexível e de materiais e marketing, cadeiras que no entendimento do autor deste
inteligente, procuravam investir na fiscalização de possíveis falhas inter- artigo, são aquelas que mais se relacionam com a qualidade no interior
nas e externas. As internas são os desperdícios, com trabalhos desneces- das organizações.
sários, problemas na comunicação, materiais. 1. INTRODUÇÃO
Possíveis despesas com produtos inválidos, que não tinham mais Além daquelas mudanças ocorridas recentemente o mundo está em
função, correção dos objetos com defeito, um reexame dos produtos e do constante transformação, e nada é mais constante do que a mudança. É
trabalho, bem como a triagem de peças, por exemplo, que poderiam ser inevitável que tudo mude ainda mais, por exemplo: se as pessoas mudam
vendidas a preços inferiores. Outra coisa era a análise de falhas. as regras do jogo, deve-se mudar o modo de jogar. De uma maneira geral,
As falhas externas são em relação a produtos que não agradaram o as empresas não acompanham as mudanças ocorridas, ou o fazem mais
cliente e retroagem; outros que apresentam defeitos, que é o custo da lentamente. Isso quer dizer que, via de regra, a organização e o modo de
garantia dos produtos. Custos com as reclamações, alterações contratuais gestão das empresas não tem acompanhado as transformações do mun-
e o impacto na reputação da empresa. Um detalhe é a questão dos re- do dos negócios.
calls, quando é necessário chamar os proprietários de um produto para se Além de conhecer o que está mudando, é muito importante para o su-
encaminharem a empresa, para que essa efetue a troca de alguma peça cesso empresarial, observar as tendências ou para onde caminha a reali-
com defeito. Esses recalls custam caro, dependendo do caso, são milhões dade. E mais importante do que saber e conhecer as mudanças, é neces-
que a indústria desembolsa. sário avaliar como elas afetam as empresas e o que deve ser feito para se
Mais técnicas da gestão de qualidade, agora, no sentido do gerenci- adequar a essa realidade que se altera constantemente. A qualidade está
amento de qualidade. O planejamento que consiste na identificação dos inserida neste universo de mudanças que ocorrem todos os dias.
padrões de um projeto. O segundo ponto, que é realizar a garantia de Inúmeras são as definições de qualidade que se conhece, mas todas
qualidade, se relaciona com a garantia dessa qualidade; e o terceiro ponto geralmente são baseadas no binômio cliente / utilizador, que a determina,
se refere a realizar o controle dela, por meio de fiscalização e supervisão. e não a dupla produtor / fornecedor, como empiricamente se acredita.
Dentro do gerenciamento de qualidade, há três ramificações do con- O conceito de qualidade é conhecido a milênios, porém como função
ceito: gerenciamento das diretrizes, por processo e da rotina. A principal de gerenciamento surgiu recentemente, sendo ontem diretamente relacio-
ideia desse primeiro gerenciamento, por mais que pareça redundante, é o nado à inspeção propriamente dita, e atualmente uma função imprescindí-
modelo IDEIA: Incentivar a geração de ideias; Desenvolver iniciativas com vel para o sucesso estratégico de uma organização.
produtos significativos; Estabelecer consenso em relação a melhoria;
Intensificar contatos; Assegurar a coerência entre as normas e ações, com Em virtude de tal realidade, surgiram no mundo corporativo inúmeras
objetivos claros e definidos. técnicas facilitadoras, normas e certificações que vêm auxiliar as organi-
zações a buscarem a qualidade, ou seja, a ausência cada vez maior de
As normas e técnicas da gestão de qualidade são importantes para in- defeitos.
tensificar tão somente a qualidade das empresas. E ela não é de difícil
compreensão, uma vez que é algo bem prático. Qualquer cidadão pode 2. DESENVOLVIMENTO
observar que nem todas as empresas e instituições planejam, de fato, o Relacionando-se à revolução do conceito qualidade no transcurso da
processo de andamento das empresas. história, reporta-se às primeiras décadas do ano de 1900, até 1960 apro-
Vale citar como são maltratados os clientes que pretendem resolver ximadamente, quando a produtividade era tida como fator primordial, ou
seus problemas na área de telemarketing das empresas de comunicação. melhor, buscava-se sempre a eficiência nos processos. Com o avanço das
Parece loucura, uma empresa de telecomunicações não permitir a intera- indústrias e o acirramento da competição industrial, no período entre 1960
ção entre o cliente e a empresa. Isso é para haver melhor visualização da e 1990, a visão organizacional da qualidade era global no negócio e
condição. preocupava-se com a eficácia. Ainda neste intervalo surge o conceito e a
importância da qualidade com o renascimento e ressurgimento da indús-
Muitos dos empresários que não adotam o sistema de qualidade nas tria japonesa, que fez da qualidade uma arma para alcançar a vantagem
empresas, estão fazendo como Henry Ford fez no passado. A empresa competitiva.
Ford Motor Company poderia estar em primeiro lugar de vendas; porém, o
mesmo foco – apenas o lucro – tem sido a visão de muitos empresários. Nos dias atuais a partir da década de 90, a qualidade é abordada com
Prova disso é a quantidade de reclamações que o Sistema Nacional de uma visão global, ambiental e interdisciplinar, buscando-se a excelência e
Defesa do Consumidor (Sindec) recebe. a efetividade, ou seja, firmar-se num segmento determinado.

De acordo com os relatórios apresentados no ano de 2010, mais de A qualidade é o principal fator de decisão dos clientes da década de
50% das reclamações não foram atendidas. Os recordistas são os bancos 90. Deve-se ter em mente que os objetivos das organizações é de atender
os requisitos dos consumidores e acionistas, isto é obtido através da

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maximização dos lucros, e ao atendimento das necessidades materiais, • Excelência Empresarial conceito de gerenciamento abrangente que
culturais e comunitárias. O sucesso da grande maioria das organizações envolve além dos aspectos da qualidade, as atividades de benchmarking,
depende do nível de satisfação dos requisitos que elas conseguem obter, projeto de produto e processo, suprimentos, logística e solução de pro-
e o alcance destes objetivos hoje em dia está cada vez mais difícil devido blemas, e está diretamente apoiado nas pessoas da empresa.
rápido aumento das demandas do mercado, à explosão dos custos que
pode ser comprovada devido aos aumentos de salários, materiais, impos- • TQM ( total quality management )
tos etc, à necessidade de desenvolvimento de novos produtos para a
manutenção da competitividade e ainda às consequências dos defeitos
tornarem-se incalculáveis. 2.2 Principais ferramentas para a busca da qualidade total

A qualidade não é o esforço que o produtor coloca em seu produto, a. Lista de Verificação
mas sim o valor que o consumidor obtém a partir do produto. A qualidade A lista de verificação deve ser utilizada quando for necessário conhe-
total é a qualidade de tudo o que é feito na empresa e não somente a cer dados baseados em observações amostrais, com o objetivo de definir
qualidade do produto ou do serviço somente. um modelo apropriado para a execução de uma determinada tarefa ou
Nos dias atuais, é muito fácil saber o que é, como surgiu, como se ob- trabalho. Este é tido como o ponto lógico de início na maioria dos ciclos de
tém e como se empregam as técnicas de qualidade devido à inúmeras soluções. A lista de verificação ao ser utilizada deve seguir as etapas
obras publicadas, periódicos do gênero, estudos e comprovações científi- abaixo?
cas, enfim, várias formas de aprendizado a respeito. • definir claramente o evento em estudo;
O que se pode perceber é que até então a maioria das organizações • definir o período de estudo;
sofria de um mal crônico que era conhecido como barreiras aos processos
de qualidade: • construir um formulário claro e de fácil manuseio ( tab nº 01 );
• A falta de um modelo adequado; • coletar dados consistentes e honestamente;
• A falta de comprometimento das autoridades; PROBLEMA MÊS TOTAL
• O distanciamento entre academia e empresa; A 1 2 3 ..... ...... ....... 30
• A falta de conhecimento e/ou o imediatismo; B
• O baixo nível de informação do nível gerencial; C
• A falta de escolaridade do trabalhador; TOTAL
• A falta de conscientização do consumidor; ( tab nº 01)
• A cultura do ganho financeiro;
Tais aspectos citados, eram tidos como barreiras, hoje são “quebra- b. Brainstorming ( “tempestade cerebral”)
das” , em grande escala, devido à imposição do mercado, que não admite O brainstorming é uma técnica utilizada para auxiliar uma equipe a
mais organizações que desejem ser competitivas, cometam faltas como as gerar ou criar diversas ideias no menor espaço de tempo possível. Na fase
citadas anteriormente como barreiras. A queda destas barreiras foi alcan- de geração, o líder da equipe revê as regras do brainstorming e os mem-
çada desde a alta administração até o mais baixo nível de trabalhador de bros geram uma lista de itens. O objetivo é gerar a maior quantidade
chão de fábrica.. possível, não importando-se com a qualidade.
Na fase de clarificação, a equipe repassa toda a lista para ter certeza
que todos entenderam todos os itens. A discussão será feita após .
2.1 Gerenciamento da Qualidade Total
Na fase de avaliação, que é a final, a equipe revê toda a lista para
De acordo com Martins e Laugeni (1998, p.394 e 395), “para que se eliminar as duplicidades, irrelevâncias ou questões que por algum motivo
entenda melhor o conceito de gerenciamento da qualidade total, deve-se qualquer esteja fora dos limites.
conhecer os programas e sistemas relativos à qualidade”, dentre os quais O brainstorming para ter o resultado esperado, deve seguir algumas
apresenta-se a seguir: controle da qualidade (desde 1900), que é o regras:
desenvolvimento de sistemas que monitoram o projeto, o processo de
fabricação e a assistência técnica de um produto ou de um serviço. • estabelecer o objetivo claramente;
• cada membro da equipe deve expor uma ideia a cada rodada;
• CQ controle estatístico de processos (1945), é o controle da quali-
dade utilizando-se processos estatísticos. • todas as ideias devem ser registradas onde possam ser vistas por
todos: flip-chart ou quadro negro.
• CEP • nenhuma ideia pode ser criticada ou rejeitada;
• Zero Defeito (1960). círculos de controle da qualidade, qual seja a • outras ideias podem e devem ser criadas a partir de ideias anterio-
reunião de pessoas que investigam problemas de qualidade existentes ou res.
potenciais. c. Diagrama de Pareto
• CCQ (1980) sistema de gestão baseado na qualidade. É um gráfico de barras verticais que permite determinar quais proble-
mas resolver e qual a prioridade. É executado tomando-se por base uma
• Sistema de Qualidade Amplo Empresarial (1980), que consiste em
relação de problemas anteriormente detectados, e deve ser utilizada
realizar-se a cessão de uma garantia ao cliente asseg
quando for preciso ressaltar a importância relativa entre vários problemas,
• Qualidade Garantida urando que o produto ou o serviço oferecido é com o objetivo de escolher um ponto de partida (gráfico nº 01).
confiável. enfoca que a qualidade está relacionada a aspectos de segu-
rança e de responsabilidade civil quanto ao produto ou serviço vendido.
d. Diagrama de Causa e Efeito (espinha de peixe)
• Qualidade Assegurada (década de 80), sistema para a garantia da Deve ser usado quando é necessário identificar, explorar e ressaltar
qualidade de produtos e serviços. todas as causas possíveis de um problema. Representa a relação entre
• Sistema ISO 9000 (1987), sistema de avaliação de empresa envol- um dado efeito suas causas potenciais. Os diagramas de espinha de
vendo múltiplos aspectos.
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peixe, são feitos para mostrar as interações entre os fatores que afetam é tocado pelo programa são de natureza mecânica: classificar, ordenar e
um processo. limpar. Essas práticas promovem a imediata mudança do ambiente físico
Existem alguns procedimentos utilizados para a confecção do diagra- em torno da pessoa. As consequências a longo prazo são as profundas
ma de causa e efeito: mudanças nas relações das pessoas consigo mesmas, com os outros e
com a natureza. Por este motivo o 5 S é considerado o básico para qual-
• definir o problema de forma clara e objetiva; quer programa básico de Qualidade.
• definir as principais categorias das possíveis causas; O 5 S consolidou-se no Japão a partir da década de 50. Antes de ado-
• iniciar a construção do diagrama definindo o efeito dentro de uma tar o programa e traduzir as palavras para o português, foram realizados
caixa do lado direito e colocando as principais categorias como alimenta- pesquisas para captar a verdadeira profundidade e ideologia do programa.
doras destas caixas; Assim, ele demorou mais 4 décadas para ser implantado aqui no Brasil,
• executar um sumário brainstorming das possíveis causas dentro de sendo lançado formalmente em maio 1991.
cada uma das principais categorias; A prática constante dos 5 S, seguindo os padrões estabelecidos,
• analisar cada causa em particular para focalizar causas de cada vez constitui a base para o melhor desenvolvimento das atividades do dia-a-
mais específicas; dia.
Para chegar a um estágio de satisfação, é preciso praticar cada uma
• identificar e circular as causas que se pareçam com as raízes dos
das palavras-chave que fazem parte do programa 5 S: Organização,
problemas;
Ordenação, Limpeza e Disciplina. Estas palavras derivaram das palavras
• coletar dados para verificar qual a causa que mais se parece com a japonesas, respectivamente: Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu e Shitsuke.
raiz do problema, e isto pode ser obtido através do Diagrama de Pareto;
• Seiri (organização) : é separar o necessário do desnecessário;
Abaixo na figura nº 01, como forma de ilustração, segue um exemplo • Seiton (ordenação): é colocar as ferramentas, móveis, peças, docu-
do diagrama de causa e efeito ou espinha de peixe: mentos e tudo mais de que se usa para a execução das tarefas, no lugar
certo e pronto para uso a qualquer momento e por qualquer pessoa.
• Seiso (limpeza): é remover toda a sujeira do local de trabalho, das
ferramentas e dos equipamentos, de maneira que o ambiente fique total-
mente limpo.
• Seiketsu (conservação): avaliar e administrar os resultados já con-
seguidos e imaginar como as coisas ainda podem ser melhoradas.
• Shitsuke (disciplina): seguir e aperfeiçoar as regras e procedimentos
estabelecidos, visando ao constante crescimento profissional e humano.

2.3 Gestão Estratégica da Qualidade


Mesmo não sendo objetivo principal deste artigo, cabe ressaltar neste
momento, após enumerar e apresentar as principais técnicas para a busca
da qualidade, alguns aspectos relativos à gestão estratégica da qualidade,
o que em alguns casos, poderá levar as organizações a buscaram nela a
vantagem competitiva, para atuarem no seu nicho mercadológico.
Um esquema básico para apresentar as etapas para a busca da ges-
e. Benchmarking tão cada vez mais apurada da excelência pode ser apresentado abaixo:
É o processo caracterizado pela avaliação dos produtos de uma de- Líder da Organização
terminada empresa perante aos líderes do mercado, em que ela atua. Dirigente Principal
Vários são os aspectos analisados tais como retorno do investimento, Clientes
indicadores de produtividade, custos entre outros, que possam ser devi-
Fornecedores
damente comparados. O objetivo principal do benchmarking, é aproveitar
técnicas, gestões, rotinas e procedimentos utilizados pela concorrência, Concorrentes
que possam ser adaptados à empresa que o executa.
Estrutura do Trabalho
f. Ciclo PDCA
Conhecimento
O ciclo PDCA, foi desenvolvido por E.W. Deming, e deve ser aplicado Recursos Disponíveis
quando for necessário orientar a preparação e execução de atividades
Potencial Disponível
planejadas visando o seu melhor desenvolvimento. As siglas PDCA,
consistem na significação de quatro passos:
Existe a necessidade de se atentar para que não haja uma preocupa-
• Plan ( planejar ): a equipe seleciona um processo ou atividade, ou ção excessiva com os negócios, há que se ter igual preocupação com a
equipamento que necessite melhoria. Após analisados vários aspectos cultura, organizacional evitando que profissionais qualificados permane-
dentre os quais sua viabilidade econômico - financeira, é desenvolvido um çam isolados em suas “baias”, como já dizia Scoth Adams, por rejeitarem
plano com medidas objetivas para obter a melhoria; a nova gestão da organização.
• Do ( fazer ): implementação do plano definido na fase anterior; A gestão estratégica da qualidade deve ser definida a partir da análise
de cenários, preocupando-se em ter uma visão de futuro, e a partir daí
• Check ( verificar ): avaliação e se for o caso reavaliação do plano; definir vetores de sucesso, que orientarão a definição da missão.
• Act ( agir ): caso o sucesso seja alcançado, o novo processo se Definida a missão, procede-se a análise organizacional identificando a
transforma em novo plano; cultura, o comprometimento organizacional e a qualidade de vida no
Esquema do ciclo PDCA: trabalho. A partir deste passo, procede-se o planejamento para a melhoria
g. Programa 5 S e define-se o processo de qualidade.
O programa 5S é muito conhecido e administrado por algumas em- Estas etapas bem trabalhadas e definidas no interior da organização,
presas que se preocupam com a sua produtividade. É um programa de compõe-se de passos a serem seguidos para por em prática a Gestão
educação que dá ênfase à prática imediata de hábitos saudáveis que Estratégica da Qualidade.
permitem a integração de pensar, agir e sentir. As ações iniciais de quem

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3.Considerações Finais I - eliminar o déficit institucional, visando ao integral atendimento das
Ao encerrar o presente artigo, cabe ressaltar que são inúmeras as competências constitucionais do Poder Executivo Federal;
técnicas que de uma forma ou de outra, trabalhando isolada ou conjunta- II - promover a governança, aumentando a capacidade de formulação,
mente, buscam a qualidade, porém nenhuma técnica por mais perfeita e implementação e avaliação das políticas públicas;
operacional que seja, terá resultados se não houver uma participação III - promover a eficiência, por meio de melhor aproveitamento dos re-
plena de todos os componentes da organização em todos os níveis. cursos, relativamente aos resultados da ação pública;
Muitas vezes, na implementação das técnicas, as organizações enfrentam
barreiras pois nem todos gostam de mudanças, acreditando que o traba- IV - assegurar a eficácia e efetividade da ação governamental, promo-
lho tornar-se-á mais difícil, ou pode ser difícil ou mais difícil do que se vendo a adequação entre meios, ações, impactos e resultados; e
imaginava quantificar os resultados. Há ainda a descrença de alguns que V - promover a gestão democrática, participativa, transparente e ética.
por não vislumbrarem resultados rápidos desistem, ou ainda os meios Art. 3o Para consecução do disposto nos arts. 1o e 2o, o GESPÚBLICA,
necessários não são suficientes ao alcance dos objetivos. por meio do Comitê Gestor de que trata o art. 7o, deverá:
A qualidade é essencial para as organizações sobreviverem em todos I - mobilizar os órgãos e entidades da administração pública para a me-
os aspectos, pois não age sozinha como um elemento presente somente lhoria da gestão e para a desburocratização;
no departamento de produção, por exemplo. A qualidade deve ser cultiva-
da e almejada em todos os setores da empresa para que dessa maneira, II - apoiar tecnicamente os órgãos e entidades da administração pública
interagindo com diversos outros fatores, possa alcançar as metas preten- na melhoria do atendimento ao cidadão e na simplificação de procedimen-
didas. tos e normas;
O que é o Gespública III - orientar e capacitar os órgãos e entidades da administração publica
para a implantação de ciclos contínuos de avaliação e de melhoria da
gestão; e
IV - desenvolver modelo de excelência em gestão pública, fixando pa-
râmetros e critérios para a avaliação e melhoria da qualidade da gestão
pública, da capacidade de atendimento ao cidadão e da eficiência e eficá-
cia dos atos da administração pública federal.
Art. 4o Os critérios para avaliação da gestão de que trata este Decreto
serão estabelecidos em consonância com o modelo de excelência em
gestão pública.
Art. 5o A participação dos órgãos e entidades da administração pública
no GESPÚBLICA dar-se-á mediante adesão ou convocação.
§ 1o Considera-se adesão para os efeitos deste Decreto o engajamento
voluntário do órgão ou entidade da administração pública no alcance da
O Programa Nacional de Gestão Pública – GESPÚBLICA, instituído finalidade do GESPÚBLICA, que, por meio da auto-avaliação contínua,
pelo Decreto 5.378/2005, é um Programa que apóia centenas de órgãos e obtenha validação dos resultados da sua gestão.
entidades da Administração Publica na melhoria de sua capacidade de § 2o Considera-se convocação a assinatura por órgão ou entidade da
produzir resultados efetivos para a sociedade. O GESPÚBLICA orienta administração pública direta, autárquica ou fundacional, em decorrência
sua ação pela estratégia fundamental de promoção da excelência dirigida da legislação aplicável, de contrato de gestão ou desempenho, ou o
ao cidadão e por um conjunto de princípios, voltados para a qualidade da engajamento no GESPÚBLICA, por solicitação do Ministro de Estado do
gestão e dos serviços púbicos. Planejamento, Orçamento e Gestão, em decorrência do exercício de
Trata-se de uma arrojada política pública formulada para a Gestão. competências vinculadas a programas prioritários, definidos pelo Presi-
Está alicerçada em um modelo de gestão pública singular e tem como dente da República.
principais características: ser federativa e essencialmente pública; e estar Art. 6o Poderão participar, voluntariamente, das ações do GESPÚBLI-
focada em resultados para o cidadão. CA pessoas e organizações, públicas ou privadas.
Objetivos - Eliminar o déficit institucional; - Promover a governança Parágrafo único. A atuação voluntária das pessoas é considerada ser-
e a eficiência visando os resultados da ação pública; - Assegurar a eficá- viço público relevante, não remunerado.
cia e efetividade da ação governamental; e promover a gestão democráti- Art. 7o Fica instituído o Comitê Gestor do Programa Nacional de Gestão
ca, participativa, transparente e ética. Pública e Desburocratização, no âmbito do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, com o objetivo de formular o planejamento das ações
Ações - Mobilizar e apoiar tecnicamente órgãos e entidades para a
do GESPÚBLICA, bem como coordenar e avaliar a execução dessas ações.
melhoria da gestão e do atendimento e a desburocratização e simplifica-
ção de procedimentos e normas; - Desenvolver modelo de excelência em Art. 8o O Comitê Gestor terá a seguinte composição:
gestão pública e capacitar e orientar a implantação de ciclos contínuos de I - um representante do Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges-
avaliação e melhoria da gestão pública. tão, que o coordenará; e
DECRETO Nº 5.378 DE 23 DE FEVEREIRO DE 2005. II - um representante da Casa Civil da Presidência da República.
Institui o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização - III - representantes de órgãos e entidades da administração pública,
GESPÚBLICA e o Comitê Gestor do Programa Nacional de Gestão Públi- assim como de entidades privadas com notório engajamento em ações
ca e Desburocratização, e dá outras providências. ligadas à qualidade da gestão e à desburocratização, conforme estabele-
cido pelo Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Ges-
Art. 1o Fica instituído o Programa Nacional de Gestão Pública e Desbu-
tão. (Incluído pelo Decreto nº 6.944, de 2009).
rocratização – GESPÚBLICA, com a finalidade de contribuir para a melho-
ria da qualidade dos serviços públicos prestados aos cidadãos e para o § 1o Os membros a que se referem o caput, titulares e suplentes, serão
aumento da competitividade do País. indicados pelos dirigentes dos órgãos ou entidades representados e
designados pelo Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Ges-
Art. 2o O GESPÚBLICA deverá contemplar a formulação e implementa-
tão. (Redação dada pelo Decreto nº 6.944, de 2009).
ção de medidas integradas em agenda de transformações da gestão,
necessárias à promoção dos resultados preconizados no plano plurianual, § 2o O mandato dos membros do Comitê Gestor será de dois anos,
à consolidação da administração pública profissional voltada ao interesse permitida a recondução. (Redação dada pelo Decreto nº 6.944, de 2009).
do cidadão e à aplicação de instrumentos e abordagens gerenciais, que Art. 9o Ao Comitê Gestor compete:
objetivem:

Conhecimentos Específicos 34

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APOSTILAS OPÇÃO
I - propor ao Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão Somente através da educação conseguiremos mudar nossa cultura
o planejamento estratégico do GESPÚBLICA; de que tudo que é público, é de graça e não precisa ser de qualidade.
II - articular-se para a identificação de mecanismos que possibilitem a A organização deve incentivar a capacitação e promover o crescimen-
obtenção de recursos e demais meios para a execução das ações do to pessoal de seus colaboradores, valorizando aqueles que se destacam,
GESPÚBLICA; pois não há aprendizagem de novas culturas sem aprendizagem individu-
III - constituir comissões setoriais e regionais, com a finalidade de des- al.
centralizar a gestão do GESPÚBLICA; Com a valorização o indivíduo se sentirá parte de um todo, garantindo
IV - monitorar, avaliar e divulgar os resultados do GESPÚBLICA; assim excelência em suas ações, que refletirão em melhores serviços.
V - certificar a validação dos resultados da auto-avaliação dos órgãos e Não haveria necessidade do serviço se não houvesse a demanda,
entidades participantes do GESPÚBLICA; e portanto o cidadão é a razão da instituição pública existir.
VI - reconhecer e premiar os órgãos e entidades da administração pú- Maus políticos vem e vão, mas o servidor permanece e faz acontecer.
blica, participantes do GESPÚBLICA, que demonstrem qualidade em Lembre-se, o grande objetivo de qualquer proposta para um atendi-
gestão, medida pelos resultados institucionais obtidos. mento adequado para a população é a busca da igualdade. Pensou
Art. 10. Ao Coordenador do Comitê Gestor compete: na Constituição Federal? Não é mero acaso. Mari Pessin
I - cumprir e fazer cumprir este Decreto e as decisões do Colegiado;
II - constituir grupos de trabalho temáticos temporários; QUALIDADE NO SERVIÇO PÚBLICO
III - convocar e coordenar as reuniões do Comitê; e Qualidade no serviço público é um tema que vem despertando a
atenção de muitos estudiosos. Melhorar a qualidade dos serviços presta-
IV - exercer o voto de qualidade no caso de empate nas deliberações. dos aos cidadãos, como resultado da adoção de uma administração
Art. 11. A participação nas atividades do Comitê Gestor, das comis- pública gerencial, flexível, eficiente e aberta ao controle social e aos
sões e dos grupos de trabalho será considerada serviço público relevante, resultados, é hoje uma questão de consenso entre esses estudiosos.
não remunerado. Neste sentido, o presente capítulo do trabalho pretende evidenciar al-
Art. 12. A Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, Orça- guns aspectos relacionados com o movimento da qualidade e sua relação
mento e Gestão exercerá as funções de Secretaria-Executiva do Comitê com a excelência na prestação dos serviços públicos.
Gestor. 2.1 QUALIDADE: HISTÓRICO E CONCEITOS
Art. 13. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Esta fase do trabalho envolve uma retrospectiva histórica dos diversos
Art. 14. Ficam revogados os Decretos nos 83.740, de 18 de julho de estágios de desenvolvimento da qualidade, com o intuito de promover um
1979, e 3.335, de 11 de janeiro de 2000. melhor entendimento do estágio atual.
Da mesma forma, serão apresentados diferentes entendimentos atri-
Gestão da Qualidade: excelência nos serviços públicos buídos ao termo qualidade, visando identificar posteriormente, qual a
Falar para outras pessoas sobre um determinado assunto nos leva definição que irá direcionar as ações propostas.
sempre a algumas reflexões, principalmente sobre qual caminho estamos 2.1.1 Histórico da Qualidade
indicando. O homem desde seu passado mais remoto, ainda nas cavernas,
Ao longo desses 20 anos de experiência no serviço público, tive a aprendeu a buscar a qualidade como forma de garantir sua sobrevivência
oportunidade de me deparar com diversas situações, algumas delas faço por mais tempo com segurança e conforto, apesar da vida primitiva.
questão de levar para minhas palestras e cursos pelo Brasil afora, claro Paladini (1995:32) afirma que a “preocupação com a qualidade remonta à
que em nome da ética, cuido para não revelar nomes, identidades ou épocas antigas, embora não houvesse, neste período, uma noção muito
local, mas aproveito para que cada vivência sirva de aprendizado para clara do que fosse qualidade”. A qualidade estava consagrada na arquite-
aqueles que buscam uma resposta para o descrédito que assola o serviço tura, na literatura, nas artes, na Matemática.
público neste país. Tarefa árdua, pois a cada novo amanhecer algum de A afirmação de que a preocupação com a qualidade é antiga, parece
nossos “representantes”, resolve agir em prol de si mesmo, esquecendo- ser um consenso entre os estudiosos do tema. Juran (1990:2), por exem-
se de sua função primordial, trabalhar pelo bem comum. plo, expõe que “as necessidades humanas pela qualidade existem desde
A preocupação com a excelência na prestação de serviços públicos, o crepúsculo da história”. Entretanto, os meios para obter essas necessi-
surge no momento em que o cidadão, de posse da informação, compre- dades - os processos de gerenciamento para a qualidade - sofreram
ende finalmente que tem direitos e passa a exigir o cumprimento dos imensas e contínuas mudanças.
deveres do Estado, este por sua vez obriga-se a transformar impostos em Garvin (1992) entende que a qualidade é conhecida, como conceito, a
serviços e benefícios para a comunidade. milênios. Todavia, só recentemente, surgiu como função de gerência
Para o agente público, que também é dependente da ação do estado, formal. Para o autor, a disciplina ainda está em formação podendo ser
costumo dizer que precisamos ter em mente para quem estamos traba- identificadas quatro “eras da qualidade” distintas: inspeção, controle
lhando, saber se os projetos tem praticidade e aplicabilidade, se corres- estatístico da qualidade, garantia da qualidade e gestão estratégica.
pondem aos anseios da população? Ou são perfeitos apenas no papel, de 2.1.2 Conceitos de Qualidade
nada adiante ter um ótimo serviço público se ele não servir o público ao
qual se destina. Por se tratar de um termo básico, que permeia todo o desenvolvimen-
to deste trabalho a conceituação da qualidade não poderia ficar ausente.
Felizmente temos toda a gama de profissionais sérios e envolvidos
com o servir e assim acabam fazendo acontecer em prol da coletividade. Qualidade é um termo que apresenta diversas interpretações e por is-
Mas ainda resta aquela pergunta que não quer calar. so, “é essencial um melhor entendimento do termo para que a qualidade
possa assumir um papel estratégico” (Garvin 1992:47). A forma como a
O serviço público funciona? qualidade é definida e entendida em uma organização reflete a forma
como é direcionada a produção de bens e serviços.
É claro que sim, basta olhar em volta, temos um país com belíssimas
cidades e estados planejados com maestria e funcionando na maioria dos Neste sentido, vários autores têm procurado dar uma definição para a
casos muito bem; cidades que são planejadas, construídas e cuidadas por qualidade que seja simples, precisa e abrangente: simples para ser facil-
servidores públicos. mente assimilável em todos os níveis da organização; precisa, para não
gerar interpretações dúbias; e abrangente, para mostrar sua importância
Portanto nem tudo está perdido. A existência de escolas do legislativo
em todas as atividades produtivas.
em quase todos os estados brasileiros são como uma luz no fim do tú-
nel, possibilitando o investimento em educação para os agentes público e
políticos.
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Paralelamente, a qualidade é um conceito dinâmico que evoluiu e se dagens e talvez por isso, seu trabalho tenha sido considerado definitivo no
modificou ao longo do tempo. Uma revisão dos conceitos ao longo da assunto.
história torna-se portanto, oportuna. Outro aspecto relevante desta sistematização, proposta pelo autor, re-
Shiozawa (1993) expõe que historicamente, o conceito de qualidade fere-se ao reconhecimento de que estes conceitos podem coexistir em um
foi sendo apresentado conforme o quadro a seguir: mesmo ambiente, servindo de estímulo para a melhoria de comunicação
entre fornecedores, clientes e áreas distintas de uma organização. Confli-
Quadro 2.1: O conceito de qualidade tos tradicionais entre as áreas de projeto (enfoque baseado no produto),
produção (enfoque baseado na fabricação), marketing (enfoque baseado
Ano Autor Definição no usuário) e vendas (enfoque baseado no valor) podem ser conduzidos a
1950 Deming Máxima utilidade para o consumidor um consenso desde que se tenha essa visão multifacetada da qualidade.
1951 Feigenbaum Perfeita satisfação do usuário A definição do conceito de qualidade para uma instituição pública fica
1954 Juran Satisfação das aspirações do usuário simplificado nesta sistematização, pois as abordagens permitem aplicação
1961 Juran Maximização das aspirações do usuário para produtos e serviços da área pública e privada.
1964 Juran Adequação ao uso
1979 Crosby Conformidade com os requisitos do cliente.
2.2 QUALIDADE NOS SERVIÇOS
Fonte: SHIOZAWA, Ruy Sergio Cacese. Qualidade no atendimento e Diversos autores coadunam que a qualidade de serviços tornou-se
tecnologia de informação. São Paulo: Atlas, 1993:58 um fator de sucesso para todas as organizações, sejam públicas ou
privadas. Clientes cada vez mais bem informados, exigentes e ajudados
Nota-se que, neste quadro sugerido pelo autor, poderiam ser mencio- pela abertura das fronteiras, internacionalização do comércio e desenvol-
nadas outras definições de autores clássicos, cujos trabalhos também vimento das viagens elevam o nível de necessidade de melhoria pela
contribuíram para o desenvolvimento da qualidade, como Kaoru Ishikawa, qualidade.
Genichi Taguchi e Garvin. Paralelamente, as mudanças ocorridas na indústria manufatureira, na
Ishikawa (1993) interpreta o tema qualidade de forma ampla. Para o qual as novas tecnologias tornaram-se rapidamente disponíveis e copiá-
autor, significa qualidade de trabalho, de serviço, de informação, de pro- veis, diminuindo com isto o tempo em que a organização consegue manter
cesso, de divisão, pessoal, de sistema, de empresa, de objetivos etc. Seu um diferencial pela inovação, promovem uma demanda crescente da
enfoque básico é controlar a qualidade em todas as suas manifestações. qualidade nos serviços.
O autor ainda enfatiza o papel social da empresa, no momento que educa O que parece é que as organizações estão compreendendo que a
e treina seus integrantes, promovendo a qualidade de vida de cada cola- qualidade de serviço, corretamente entendida, pode se transformar numa
borador e em toda a nação. arma altamente efetiva – uma garantia no atendimento das necessidades
Taguchi foi quem adotou o termo Engenharia da Qualidade. Segundo e expectativas dos clientes. Todavia, é bom ressaltar que, na verdade,
o autor, “o preço representa para o consumidor uma perda na hora da para ser realmente vitorioso nos dias atuais é preciso fornecer qualidade
compra, e a baixa qualidade representa uma perda adicional para ele do produto e qualidade do serviço simultaneamente.
durante o uso do produto. Um dos objetivos da engenharia da qualidade
deve ser a redução da perda total para o consumidor” (Taguchi,1990:2). 2.2.1 Serviços: Conceito e Características
Já o pesquisador americano David A. Garvin publicou em 1984, nos O serviço representa um fenômeno multiface e abrangente. Para Ur-
Estados Unidos um artigo intitulado “O que significa, realmente, a qualida- ban (1994) existem muitas tentativas de definir serviços. Todavia, na visão
de do produto?”, evidenciando o aspecto dinâmico do termo qualidade e do autor, nenhuma é completa.
mostrando que o conceito muda conforme o contexto de quem avalia. Juran & Gryna (1993:304) definem serviço de forma simples, porém
Para ele, estudiosos de áreas distintas como Filosofia, Economia, Marke- precisa, como “o trabalho desempenhado por alguém”.
ting e Engenharia analisam a qualidade com perspectivas que competem
entre si, com esquemas de análises diferentes, terminologias próprias e ao Já Gronroos (apud Urban, 1995:59) apresenta uma conceituação
mesmo tempo, com alguns temas comuns. mais completa, como “atividade (...) de natureza mais ou menos intangí-
vel, que normalmente (...) acontece mediante a interação entre o usuário e
Assim, Garvin (1992) listou cinco abordagens gerais para definir qua- o funcionário e/ou os recursos físicos e/ou os sistemas da empresa pres-
lidade: tadora de serviços, fornecidos como soluções para os problemas do
- abordagem transcendente: qualidade é sinônimo de excelência ina- usuário”.
ta. Nestes conceitos a qualidade não pode ser medida com precisão, Seguindo a mesma linha de pensamento, Kotler (1991:539) define
sendo apenas reconhecida pela experiência; serviço como: “qualquer ato ou desempenho essencialmente intangível
- abordagem baseada no produto: qualidade é sinônimo de maior nú- que uma parte pode oferecer a outra e que não tem como resultado a
mero e melhores características que um produto apresenta. São os con- propriedade de algo. A execução de um serviço pode estar ou não ligada
ceitos que vêem a qualidade como uma variável precisa e mensurável. a um produto físico”.
Surgiram da literatura econômica enfatizando durabilidade, implicando que Considerando as definições, percebe-se que todas deixam implícita a
alta qualidade só pode ser obtida com alto custo; ideia de que o serviço apresenta características peculiares que devem ser
- abordagem baseada no usuário: qualidade é atendimento das ne- consideradas quando o objetivo é o alcance da qualidade, tais como:
cessidades e preferências do consumidor. As definições baseiam-se na - as fases de produção, entrega e consumo ocorrem simultaneamen-
premissa de que a qualidade está diante dos olhos dos consumidores te;
sendo altamente subjetiva. A avaliação dos usuários em relação as espe-
cificações são os únicos padrões próprios à qualidade; - as operações estão sujeitas a um elevado grau de variabilidade em
virtude do envolvimento pessoal do cliente e de sua interação com o
- abordagem baseada na produção: qualidade é sinônimo de confor- funcionário do atendimento. Com isso, a cultura, as habilidades técnicas,
midade com as especificações. As definições de qualidade estão calcadas aptidões, conhecimentos, disposição, humor e até o nível educacional dos
na ideia da adequação da fabricação às exigências do projeto e que as prestadores de serviço podem afetar a qualidade dos serviços prestados;
melhoras da qualidade, equivalentes a reduções no número de desvios,
levam a menores custos; - os resultados são avaliados por critérios subjetivos devido a sua in-
tangibilidade;
- abordagem baseada no valor: qualidade é o desempenho ou con-
formidade a um preço ou custo aceitável. Os conceitos consideram a - o armazenamento ou reprodução não pode ser assegurado;
qualidade em termos de custos e preços. - medidas próprias adequadas a cada situação são requeridas como
O trabalho de Garvin revela que confiar em uma única definição da base.
qualidade pode causar problemas. Paralelamente, evidencia que quase A administração da qualidade de um serviço portanto, é muito mais
todas as definições de qualidade se enquadram em uma das cinco abor- trabalhosa do que a de um produto. Em geral, os serviços apresentam um

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maior número de características do que os produtos e, sobretudo, caracte- mentar o planejamento como uma realidade para cumprir os programas e
rísticas mais visíveis. Paralelamente, a prestação e o consumo são simul- ações de governo, assim como obter informações para decisões seguras.
tâneos. Insere-se neste contexto o fortalecimento da Contabilidade e a vinculação
Além disso, segundo Horovitz (1993) , o cliente tende a deter-se no do controle como forma de acompanhamento do planejamento que possi-
elo mais fraco da qualidade e a generalizar seus defeitos a todo o serviço. bilita avaliar o desempenho da gestão e atingir resultados eficientes e
eficazes. O contador é o profissional que tem relevante papel no sucesso
da aplicação dos instrumentos de planejamento e a prática deste de forma
2.2.2 Conceito de Qualidade nos Serviços persistente e sistemática, contribui para desenvolvê-lo e aperfeiçoá-lo.
O conceito de qualidade nos serviços é abordado por diferentes auto-
res. Juran (1992), por exemplo, aborda o conceito de qualidade em servi- 1 – Introdução
ços da mesma forma que sua definição genérica de “adequação ao uso” Planejamento é a forma de programar e administrar o futuro, pensan-
como sendo a capacidade de um serviço corresponder satisfatoriamente do nas consequências e adaptações à realidade e aos fatos físicos, orça-
às necessidades do cliente quando o serviço é prestado. Essas necessi- mentários, financeiros e históricos que intervenham no decorrer de uma
dades podem ser de cortesia, pontualidade, fácil acesso ao serviço, infor- ação e que podem influenciar os resultados esperados. Tal procedimento
mações claras e precisas, entre outras. parte de premissas pré-definidas ou estimadas, as quais serão adminis-
Albrecht (1992) da mesma forma, trata a qualidade em serviços como tradas mediante controles adequados, capazes de formalizar registros,
a capacidade que uma experiência ou qualquer outro fato tenha para que buscam promover qualificação, quantificação, segurança, garantias,
satisfazer uma necessidade, resolver um problema ou fornecer benefícios eficiência, eficácia, avaliação e, consequentemente, uma tomada de
para alguém. decisão mais acertada.
Fica nítido em ambas as definições, a importância de se considerar as
expectativas dos clientes. Na opinião de Las Casas (1994), os clientes Mas como planejar? Qual a ferramenta inicial do planejamento? Não
ficam satisfeitos ou não, conforme suas expectativas. Portanto, a qualida- se pode falar em planejamento sem controle. Esta correlação proporciona
de do serviço é variável de acordo com o tipo de pessoa, e a excelência é o acompanhamento da realização de fatos, que, agrupados, demonstram
alcançada quando as expectativas dos clientes são superadas. Assim, a vantagens e desvantagens para qualquer ente ou administração pública,
qualidade de serviço deve ser definida segundo o ponto de vista do clien- permitindo adaptações e ajustes a fim de se obter resultados satisfatórios.
te.
Juran (1992) ainda expõe alguns itens básicos que permitem a ade- Destaca-se aqui a realidade de como o planejamento está ligado inti-
quação ao uso, denominados “características da qualidade”. São elas: mamente ao controle. Não há sentido em estabelecer planos sem estabe-
psicológicas, baseadas no tempo, ética, contratual e tecnológica. Desta lecer formas de controlar a sua execução e, nos casos de desvios, execu-
forma, quando a organização identifica as características de qualidade que tar ações de alinhamento ao objetivo e estabelecer os ajustes que a
têm maior valor para seus clientes, fica mais fácil planejar e prestar servi- realidade for impondo ao longo do tempo. Assim, planejar deve ser uma
ços com qualidade. constante e esta tarefa deve estar adequada à realidade e às necessida-
des da administração governamental.
A qualidade nos serviços possuem portanto, dois componentes: o
serviço propriamente dito e a forma como é percebido pelo cliente. Para
Tratando-se de administração pública, incluindo os órgãos das esfe-
Gronroos e Gummesson (apud Urban & Urban, 1995), a qualidade perce-
ras federal, estadual e municipal, percebe-se uma exigência rotineira e
bida pelo usuário resulta da comparação (ou diferença) entre a qualidade
constante de controles, relatórios e planejamento, por se tratar de adminis-
esperada – ou seja, suas expectativas a respeito da qualidade do serviço
tração dos direitos, deveres e obrigações dos bens de domínio público. O
– e a qualidade experimentada – consequência da efetiva utilização do
administrador público recebe a confiança de administrar, mediante o voto
serviço.
popular, e se subordina às penalidades da má administração, as quais são
A qualidade experimentada é por sua vez, constituída de duas dimen- previstas em diversos instrumentos legais.
sões básicas: uma funcional e outra técnica. A dimensão funcional deriva
de aspectos comportamentais, vinculados ao encontro de serviço, que
pode ser definido como a relação interpessoal entre o cliente e o funcioná-
rio de atendimento durante a prestação de um serviço. Tal relação é
fundamental, pois dela deriva grande parte das percepções utilizadas pelo
usuário para avaliar a qualidade do serviço. Envolve grau de cortesia,
presteza, atenção, interesse. A dimensão técnica vincula-se à solução
“técnica” encontrada pela empresa para atender à necessidade de seu
mercado. Esta solução, naturalmente, pode influenciar a relação cliente-
funcionário.
Assim, os profissionais não podem pressupor que irão satisfazer os
clientes apenas proporcionando bons serviços técnicos. Por outro lado, Quadro I - Ambiente da Administração Pública.
algumas empresas têm dedicado esforços apenas em promover atitudes
simpáticas, o que pode agradar o cliente em uma primeira instância, mas Em vistas do exposto, pode-se verificar que na administração pública,
não garante a qualidade dos serviços prestados. planejar passa por criar métodos rotineiros e específicos a fim de propor-
cionar ações que possam dar condições de se atingir determinados objeti-
Em alguns aspectos, o trabalho de Gronroos e Gummesson aproxi-
vos. Não deve ser visto como "pacotes" de procedimentos padrões. Cada
ma-se muito do modelo dos gaps, apresentado por Ernest & Young (apud
entidade tem sua particularidade e cada uma terá seus procedimentos
Fiates,1995), como na identificação dos fatores determinantes da expecta-
individualizados.
tivas dos clientes.
http://www.eps.ufsc.br/disserta99/ferreira/cap2b.html Sendo assim, é o planejamento um dos instrumentos administrativos
que mais se destacaram e se consolidaram como diferencial nos últimos
O PLANEJAMENTO COMO BASE DA CONTABILIDADE PARA A anos. Seu uso persistente e sistemático contribui para desenvolvê-lo e
GESTÃO PÚBLICA aperfeiçoá-lo substancialmente.
Artigo publicado na Revista N.116 do Conselho Regional de Contabi- As administrações de órgãos públicos, que até bem pouco tempo
lidade do Rio Grande do Sul (CRCRS), de abril/2004 atrás eram, na sua maioria, efetivadas a toque de caixa, sem critérios ou
mensuração de impacto sócio-econômico, passaram a ficar, na idade,
Resumo mais atentos às falhas e desvios administrativos, além de estarem sujeitas
As administrações públicas, após a vigência da Lei de Responsabili- a legislações mais rígidas que determinam o uso de controles para melho-
dade Fiscal, estão vivendo uma nova era e buscam esforços para imple- rar a gestão.

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Esta notoriedade pode ser percebida pelo destaque no planejamento investimentos, e para as relativas aos programas de duração continuada,
que chamou atenção de diversos setores da indústria, comércio, presta- aquelas que ocorrem constantemente e são necessários à manutenção
ção de serviços e terceiro setor, onde cada um se adaptou a fim de utilizar das ações que não podem ser interrompidas.
os benefícios e controles estimulados pelo mesmo, o qual deve ser elabo- Deve-se lembrar que, quando da elaboração do PPA, é importante o
rado de forma responsável e coerente. Inicialmente, deve ser usado como levantamento da situação do ente público, de seus projetos em andamen-
diretriz e no decorrer do trabalho deve ser visto como instrumento de tos, terminados ou não, inclusive das suas fontes de financiamento.
vigília e de controle na canalização de esforços em busca de um objetivo.
Destacam-se algumas características relevantes do planejamento: 4 - Lei de Diretrizes Orçamentárias
• antecedência, onde o planejamento deve anteceder aos atos e fa- A LDO deve estabelecer as prioridades das metas físicas presentes
tos previstos em seu plano de ação; no plano plurianual, incluindo, em forma de anexo, as metas fiscais, entre
• diagnóstico de situação que deve dar um feed back dos atos e fa- elas o resultado primário e nominal com vistas ao equilíbrio das contas
tos planejados; públicas, e ainda relacionar os possíveis riscos fiscais. Esta lei tem tam-
• identificação de necessidade que deve apontar os pontos que ne- bém o objetivo de orientar a elaboração da lei orçamentária anual e dispor
cessitam de mensuração e controle; sobre alterações na legislação tributária local, além de definir a política da
• definição de programas e objetivos que os explicitarão e canaliza- aplicação das agências financeiras oficiais de fomento, critérios e formas
rão esforços para cumpri-los; de limitação de empenho, direcionar formas de limites de gastos com
• quantificação de metas e custos, onde traçará os objetivos e os pessoal, dívidas, uso da reserva de contingência, avaliação dos passivos
custos dos mesmos; contingentes e outros riscos capazes de afetar tal equilíbrio.
• avaliação de resultados; e
• integração de todos os sistemas, influenciando a minimização de Considerando que os anexos de metas e riscos fiscais são obrigató-
esforços e recursos e a maximização de resultados. rios apenas para municípios com população acima de 50.000 habitantes,
tendo penalidades previstas em lei, acredita-se que em breve a obrigatori-
2 - A gestão perante exigências legais edade atingirá a totalidade, tendo em vista que todos têm o dever de
No caso das administrações públicas, após o advento da Lei de Res- apresentar o relatório de gestão fiscal, demonstrativo que só será útil se
ponsabilidade Fiscal, Lei Complementar nº 101/00, ampliou-se a preocu- estiver amparado por estabelecimento de metas; caso contrário, não
pação na tarefa de planejar, considerando que novas responsabilidades surtirá nenhum efeito gerencial.
foram impostas aos gestores públicos.
Segundo Andrade (2002) "a definição das prioridades demonstram um
Infere-se que gestão e administração são termos aplicados como si- real planejamento, dando segurança ao Poder Legislativo e à comunidade
nônimos; entretanto, tem-se observado que todo gestor é administrador, que participou do processo decisório...". Das ações do governo são esta-
mas nem todo administrador é gestor. Enquanto o conceito de administra- belecidas prioridades que devem ser executadas, podendo existir, além
ção para Holanda (1999) é "conjunto de princípios, normas e funções que dessas, outras necessidades administrativas e mesmo investimentos
têm por fim ordenar a estrutura e funcionamento de uma organização" o necessários embutidos no planejamento.
conceito de gestão é mais amplo, pois além de envolver a administração
está diretamente ligado aos projetos da entidade, como relevar a situação Os riscos fiscais são a avaliação do que é incerto ou eventual, deven-
mercadológica e preocupar-se com seus funcionários, fornecedores, do, para isso, basear-se em ocorrências anteriores e experiências, tais
governo e população. Assim, a efetiva gestão proporciona o atingimento como calamidades públicas, demandas judiciais etc.
de resultados com grandes repercussões junto ao status quo da entidade
e de todos seus envolvidos. 5 - Lei Orçamentária Anual
A LOA deve conter a representação monetária de parte do plano e
Os administradores públicos estão sob evidência na idade, já que, explicitar a previsão de receitas e a fixação de despesas necessárias à
além de serem mandatários do povo que os elegeram, estão sob regime execução orçamentária, de forma a evidenciar a política econômico-
de leis e normatizações que os obrigam a ser veementes planejadores de financeira e o programa de trabalho do governo, obedecidos os princípios
seus atos. de unidade, universalidade e anualidade.

A própria legislação pública fornece instrumentos capazes de dar É um instrumento que deve conter o orçamento fiscal, assim como or-
subsídios para a gerência, ou seja, a Lei Orçamentária Anual (LOA), a Lei çamento de investimento das empresas em que o Poder Público, direta ou
de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o Plano Plurianual (PPA), definidos no indiretamente, possua a maioria do capital social com direito a voto e o
artigo 165 da Constituição Federal (CF); o Plano Diretor em cidades com orçamento da seguridade social, incluindo todas as entidades e órgãos a
mais de vinte mil habitantes, exaltado no artigo 182, §1º, da CF/88; e ela vinculados; e sua aplicação é obrigatória para os poderes da União,
ainda o Estatuto da Cidade, conforme Lei no 10.257/01; todos apresenta- dos Estados e Municípios, e de seus respectivos fundos, órgãos e entida-
dos como instrumentos governamentais, que, ao mesmo tempo em que des da administração pública direta e indireta.
denotam e induzem a um planejamento real das condições das entidades
públicas e de seus representantes, atendem às referidas exigências O Orçamento público ou orçamento-programa evidencia a política
legais, dando todas as informações precisas e necessárias para a tomada econômico-financeira e o programa de trabalho da administração, discri-
de decisão. minando as receitas e despesas segundo sua natureza e materializa o
planejamento com a definição de ações, tanto as de rotina, quanto àque-
Os três primeiros instrumentos mencionados devem se relacionar en- las que se referem à execução de seus projetos (ações com início, meio e
tre si de forma harmônica e eficaz. Esta harmonia deve refletir a coerên- fim), respaldados pela origem e o montante dos recursos a serem obtidos
cia, a sistematização e a identidade de vontades presentes nas referidas (receitas), onde a alocação desses visa à consecução de objetivos e
normas legais e sua eficácia deve retratar os esforços para o atingimento metas. A classificação orçamentária da despesa dá aos programas esta-
de seus objetivos. belecidos no plano plurianual um novo papel no planejamento, qual seja,
retratar os objetivos do governo que devem ser criados por cada ente
3 - Plano Plurianual federado, segundo o respectivo plano, os quais serão os instrumentos de
O PPA deve demonstrar todas as ações de forma coordenada. Nele organização da ação governamental. Estas ações dividem-se em projetos,
deve conter a delimitação e a enunciação das diretrizes genéricas e atividades e operações especiais, que, por sua vez, trazem do plano
abrangentes, com os respectivos objetivos, programas, ações e metas; plurianual os indicadores e as respectivas metas.
inclusive com valores financeiros, possibilitando a cobertura das definições
governamentais que se queira executar. Conforme a CF, o plano plurianu- 6 - A utilização da contabilidade no processo de planejamento
al é um instrumento que objetiva estabelecer, de forma regionalizada, as A Contabilidade pública tem suas características próprias e o orça-
diretrizes, os objetivos e as metas para as despesas de capital, ou seja, os mento público a compõe com o registro da previsão das receitas e fixação

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das despesas, expressando as políticas desenvolvidas pela entidade primordialmente, para gerir os bens públicos e atender às necessidades
pública, os interesses que nele predominam e os setores beneficiados. da população.
Os objetivos bases do Estado podem ser resumidos em dois pontos
Na administração pública só é permitida a realização de despesas fundamentais:
que estejam previamente autorizadas, portanto, o orçamento-programa é a) manutenção da ordem política, segurança e melhoria da qualida-
a evolução do controle preventivo e sistematiza a apropriação e controle de de vida dos cidadãos; e
de recursos públicos. O primeiro passo é a previsão da receita e o segun- b) promoção do bem estar da coletividade e a implementação de
do é a fixação da despesa. Uma das formas de fixação das despesas que atividades econômicas e sociais.
vem emergindo nos tempos atuais e com grande repercussão popular, é o
chamado "Orçamento Participativo", em que há uma discussão externa, Com a melhoria do nível informativo do setor público, o processo de
junto à população, através de reuniões de setores, para que haja partici- planejamento, muito mais que o orçamento anual, atingirá a elaboração
pação e fiscalização da sociedade, um poderoso e eficaz instrumento no das demonstrações contábeis projetadas, nas quais se estima a influência
controle, combate à corrupção e ao clientelismo. e o impacto da previsão orçamentária sobre os ativos e passivos públicos,
mensurando a situação financeira responsável da entidade pública.
O orçamento participativo pela sua essência consegue diminuir a dis-
tância entre o planejamento orçamentário das despesas de capital (inves- Os Ministérios de Orçamento e Gestão e o da Fazenda, por meio das
timentos e obras) e a necessidade da população. Esta tem direitos e respectivas Secretaria de Orçamento e Finanças (SOF) e da Secretaria do
condições de reivindicar aquilo que, por escolha própria e popular, definiu- Tesouro Nacional (STN), emitem constantemente Portarias com o objetivo
se que seria de mais importante, útil e prioritário para o município e para de adequar os planos contábeis à realidade econômica do país, assim
si. como disseminar a cultura nacional de padronização contábil e universali-
zação da linguagem no meio público.
Observa-se que os referidos instrumentos fornecem um emaranhado
de relatórios financeiros e contábeis com grande volume de informações, 8 - Níveis do Processo de Planejamento
usadas para monitorar programas e ações e fornecer uma base para o Pode-se considerar o planejamento como uma forma de se direcionar
planejamento de programas e orçamentos. Estes instrumentos são capa- energia, em busca de se atingir uma meta ou objetivo. Porém, pode-se
zes de produzir melhoria no processo decisório e, consequentemente, definir ainda, o nível de detalhamento de planejamento que se quer fazer.
melhoria na vida da sociedade como um todo. Considerando a precária aplicação do planejamento, sempre são criadas
normas. Sob a luz da Constituição Federal de 1988, da Lei nº 4.320/64 e
A existência desses instrumentos de controle e planejamento, pauta- da Lei Complementar nº 101/00 (LRF), combinadas com as Portarias do
do na contabilidade das entidades públicas, pode e tem condições de dar Ministério do Orçamento e Gestão, verifica-se que estas ditam preceitos
subsídios para uma gestão eficiente e eficaz, daí torna-se imprescindível a relativos ao orçamento público, realçando as exigências de controle e
presença de um contador com capacidade, conhecimento e qualificação planejamento, inclusive quanto à forma de programação estabelecida
técnica para interpretar os dados e transformá-los em informação útil e através de diretrizes, programas, objetivos, ações, metas e prioridades da
inteligível aos diversos usuários. administração.
Como já citado e para atender ao referido artigo da Constituição Fe-
O contador tem um grande papel na elaboração do orçamento, pois deral, deve-se observar que:
apesar de existirem outros responsáveis pelo planejamento nas institui- • o plano plurianual divide-se em diretrizes, objetivos, programas,
ções públicas, cabe a ele a adequação de textos e anexos ao idioma ações e respectivas metas físicas;
contábil, à luz dos princípios, normas e determinações legais, assim como
• a lei de diretrizes orçamentárias exalta a prioridade das ações e
a verificação de limites constitucionais, tais como os de saúde, educação,
estipula metas e riscos fiscais; e
dívidas, pessoal, repasses ao Poder Legislativo etc, que interferem dire-
• a lei orçamentária anual transparece o próprio orçamento, apre-
tamente na vontade política, mas que foram conquistas da sociedade. A
sentando a receita e a despesa em seu menor nível de detalha-
omissão do profissional da contabilidade poderá comprometer o sucesso
mento, para que possa ser cumprido o planejamento.
da administração e expô-la a riscos de estagnação financeira, autuações
Trilhando no caminho dos enlaces das peças de planejamento público
dos órgãos fiscalizadores e penalidades legais, principalmente as mencio-
deve-se estabelecer valores e ações dentro da realidade de cada entidade
nadas pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
pública, atendendo suas realidades e necessidades distintas.
7 - Previsões Orçamentárias
Algumas constatações podem ser observadas nos Municípios em re-
Em se tratando de previsões orçamentárias, torna-se difícil acertar
lação aos Estados e à União. Cita-se a dificuldade de encontrar recursos
qual é a real necessidade das entidades governamentais, tendo em vista a
humanos especializados, disponibilidade financeira compatível e infra-
dificuldade de identificar e avaliar os gastos públicos. Como define Pisci-
estrutura física. O que pode ser uma solução é a elaboração de planos de
telli (2002) "... o orçamento pode ser utilizado como um instrumento para
execução de trabalho, com a utilização de metodologia adequada a estas
prever e programar; a contabilidade, um sistema para acompanhar, verifi-
realidades e instrumentos eficazes de controle, a fim de levar à obtenção
car, analisar; e o controle, uma função para avaliar e replanejar".
de vantagens e segurança nas decisões.
Os instrumentos de planejamento possibilitam avaliar o desempenho
das administrações públicas e levam a resultados eficientes e eficazes. Sugere-se:
São ferramentas disponíveis para acesso ao público, inclusive pela Inter- —seleção de pessoal adequado à atividade;
net, com todos demonstrativos, fomentando a necessidade e a obrigatori- • capacitação e formação de habilidades para a execução da fun-
edade da prestação de contas irrestrita ao contribuinte, além de proporci- ção;
onar a legitimidade dos atos e fatos praticados e demonstrados. Neste • existência de condições físicas adequadas (espaço, maquinário,
contexto, o controle da despesa pública deve, efetivamente, ser enfocado inclusive software, hardware, acesso à Internet, dentre outros);
sob dois pontos de vista, quais sejam: sua legalidade, executando somen- • administração da receita em relação a despesas, ou seja, gastar
te aquilo que foi autorizado no orçamento que, diga-se de passagem, é no máximo aquilo que se arrecada, diminuindo a obtenção de
elaborado pelo Poder Executivo e autorizado pelo Poder Legislativo, e sua empréstimos ou financiamentos; e
efetividade, representada pela economia de tempo, recursos e pessoal, • busca de novos recursos financeiros próprios, convênios, incluin-
sua eficiência no caminho a se atingir um objetivo e sua eficácia no objeti- do-se a correta administração tributária (cobrança e fiscalização).
vo alcançado. Deste modo, o Planejamento serve de base ao processo
que proporciona a capacidade de fornecer, ao administrador, meios de Para que se possa colher frutos positivos numa boa administração,
desempenhar sua missão de gestor/ordenador do Patrimônio Público. deve-se elaborar um orçamento para cada exercício, compatível com o
Deve-se ressaltar ainda que o Estado, em seu sentido mais amplo, existe, plano plurianual, com as formalidades previstas em lei em sintonia com o
plano de governo.
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APOSTILAS OPÇÃO
Deverão ser incluídos nesta metodologia, além dos instrumentos de • publicidade que são colocados em locais públicos ou publicados
planejamento, os novos instrumentos de realização orçamentária, trazidos em periódicos escritos e por meio da Internet;
pela LC 101/00, tais como a programação financeira e o cronograma de • racionalidade que demonstra compatibilidade das alternativas
execução mensal de desembolso, além do fluxo de caixa previsto, a com os recursos disponíveis;
revisão orçamentária, dentre outros. • previsão onde as ações devem ser previstas de acordo com os
Deverá, ainda, haver uma atenção especial da realidade local, a curto, objetivos, recursos e possibilidade de controle. Num sentido mais
médio e longo prazo, levando-se em consideração o restrito período de amplo, é prever a direção e a extensão, partindo do conhecimento
gestão, dado aos gestores eleitos democraticamente. do presente, do passado, e com base em certas hipóteses sobre
As iniciativas de uma administração deverão sempre ter continuidade o futuro, admitindo-se a probabilidade e excluindo-se a certeza
em outra, evitando paralisações das decisões que prejudicariam o erário. absoluta;
Tal determinação está definida pela CF, artigo 167, §1° e deve ser atendi- • continuidade para induzir a constância em busca de racionaliza-
da em respeito à população que é o beneficiário da gestão pública. ção;
• aderência para destacar o comprometimento dos órgãos, com os
Todas as tarefas do planejamento, se bem trabalhadas, repercutirão objetivos da administração;
na execução orçamentária, na previsão de metas bimestrais de arrecada- • equilíbrio onde a aplicação dos recursos deve estar respaldada
ção, a programação financeira e o cronograma mensal de desembolso, pela origem dos mesmos, ou seja, equivalência entre receitas e
além da fixação e reprogramação de cotas orçamentárias e financeiras despesas;
com maior grau de assertividade. • clareza que denota uma tradução em linguagem técnica, mas de
forma coerente e esclarecedora; e
Assim, pode-se observar que o processo de planejamento é contínuo; • especificação capaz de identificar as previsões e fixações con-
ele não pára, e pode ser visualizado conforme o Quadro II: forme classificações orçamentárias.
Atendidos os princípios orçamentários, a entidade pública estará ade-
quada à norma legal a que está sujeita, além de estar caminhando na
direção do planejamento responsável, controle eficaz e respeito ao contri-
buinte.

10 - Considerações finais
Uma administração pública coerente, responsável e transparente de-
ve priorizar o planejamento, como um esboço dos objetivos da administra-
ção e como meio para alimentar a execução e permitir o controle do que
se busca.

A Contabilidade dará subsídios aos gestores para buscar diversas


parcerias ou convênios que impulsionem o desenvolvimento municipal,
estadual e do país. Vislumbra-se, nesse caso, toda a sua influência e
Quadro II importância.

9 - Princípios Orçamentários A ênfase no planejamento como base da contabilidade para a gestão


Concomitantes ao surgimento do orçamento, surgiram seus princípios pública pode ser percebida nos diversos âmbitos do governo, nas entida-
básicos, os quais são encarados de forma muitas vezes divergentes pelos des e até nos partidos políticos. Todos querem um desenvolvimento social
diversos autores que já estudaram a matéria. Contudo, entende-se que sustentado, com critério ponderado, dentro da realidade de cada um, sem
esses princípios não têm caráter absoluto ou dogmático, antes constituem esquecer da população que é o cliente principal dos governos.
categorias históricas e, como tais, estão sujeitos a transformações e a
modificações em seu conceito e significação. O resultado do bom planejamento surtirá efeito no lucro social, repre-
sentado pela ampliação da capacidade dos governos estenderem a todas
Os princípios tradicionais sempre apresentaram relevância conceitual, as camadas sociais os benefícios almejados.
mas seus significados originais, rígidos e simples, condizentes com a O planejamento da gestão pública coloca o administrador no caminho
pouca complexidade das finanças públicas do Estado, em tempos mais gerencial e na direção definida pelas leis em cumprimento da responsabi-
remotos, em contraposição as complexas exigências do Estado mais lidade social depositada sobre as entidades públicas, quando a boa con-
desenvolvido e da idade. tabilidade comprovará todas suas previsões e realizações. Autores: Cleber
Batista De Sousa;Daniel Gerhard Batista;Nilton De Aquino Andrade
É importante observar que, no Estado Soberano, é indispensável a
promoção do bem comum, e sendo soberano o Estado, pode estabelecer DESPESAS PÚBLICAS
norma jurídica, submetendo-se a tais normas, criando direitos e obriga- 1. CONCEITO
ções tanto para os cidadãos como para si próprio. Aliomar Baleeiro define despesa pública como sendo a aplicação de
certa quantia, em dinheiro, por parte da autoridade ou agente público
Defende-se, pois, o planejamento público, tanto no orçamento das re- competente dentro de uma autorização legislativa para execução de fim a
ceitas e das despesas, como das metas físicas plurianuais, com o objetivo cargo do governo.
de proporcionar o relacionamento harmônico necessário entre elas, para
viabilizar o programa de trabalho do governo. Comentemos, rapidamente, os termos dessa conceituação. Antes de
mais nada, a despesa é, sem dúvida, uma aplicação, é dizer, uma perda
O comprometimento dos recursos enumerados no planejamento deve
de substância econômica do Poder Público feita com o propósito de saldar
ser norteado, sendo respeitados os princípios do processo de planejamen-
uma obrigação de pagar. O acerto há de ser em dinheiro, que é a forma
to, conforme se segue:
usual pela qual se dá o resgate dos compromissos obrigacionais. O
• unidade que exalta a integração e coordenação de planos; dinheiro é da essência das próprias despesas. Se houve o resgate da
• universalidade que busca o envolvimento de todas as fases do dívida por outros meios, já de despesa não se trata. E inegável que,
processo, setores e níveis da administração; historicamente, houve outras modalidades de o Estado saldar obrigações.
• anualidade onde para cada exercício financeiro deverá haver um Ora valia-se da concessão de honrarias, títulos, ora da faculdade de exigir
orçamento correspondente; pagamento direto do público, a requisição de hospedagem, de forragem
• legalidade dos três instrumentos básicos de planejamento (PPA, para cavalos, feitas pelos reis em vilegiatura, o recebimento pelos juízes,
LDO e LOA), traduzidos em lei e relacionados harmoniosamente; no Brasil Colonial, de emolumentos e salários diretamente das partes.
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Todos esses são exemplos de uma realidade já caduca que o Estado de ção do Estado era tida por insubstituível. Em consequência, os gastos
Direito não permitiu perdurar. públicos, para os autores informados por esta ideologia, devem restringir-
se assegurar estas funções. O mais importante ainda é que, para o pen-
Há, assim, é certo, hipóteses de delegação de função pública ou de samento estruturado segundo os parâmetros liberais, a atividade estatal
serviço público em que o Estado se evade da obrigação de pagar, não é economicamente produtiva. Para essa corrente o Estado consome,
conferindo o direito de o concessionário cobrar-se diretamente do público. no entretanto não produz. Para preencher este vazio ele subtrai recursos
Ainda assim, a rigor, não se trata de uma efetiva despesa paga por outros dos particulares que estariam, no fundo, em condições de lhes dar uma
meios. O que existe é a não-ocorrência do próprio encargo. Em síntese, aplicação mais conveniente. É nítida a prevenção contra a atuação do
pois, parece mais certo ficar-se com a afirmação de que a despesa pública Estado, além do estritamente necessário. Sobretudo no que diz com as
se salda por um pagamento em dinheiro. Devem-se equiparar a este os atividades do tipo comercial ou industrial, o Estado é visto como um mau
títulos da dívida pública, visto que, por força da própria Constituição, há administrador. Duverger chama a esse modelo de “Estado consumidor”.
modalidades expropriatórias (reforma agrária e reforma urbana) cujo preço Normalmente é chamado na doutrina de Estado gendarme ou do laissez-
é pago mediante títulos da dívida pública. faire.

Característica importante da despesa pública é que há de ser sempre A outra posição que começa a desabrochar depois da guerra de l914-
antecedida de previsão orçamentária, que fará a fixação da despesa. 1918, mas que ganha plena aceitação no final da Segunda Guerra Mundi-
Aliás, o art. 167, II, da Constituição da República proíbe a realização de al, é a de que o Estado não é um “mero consumidor”, mas sim um redistri-
despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos buidor de riquezas. Nega-se nesta corrente que, do ponto de vista econô-
orçamentários ou adicionais. Há, portanto, uma disciplina bastante estrita mico, seja o Estado sempre ineficaz. Prega-se que em muitas hipóteses a
a regular a realização da despesa pública. Há mais ainda: a Constituição atuação estatal pode ser mesmo mais produtiva que a da iniciativa priva-
procura dirigir a realização da despesa para essa ou aquela finalidade. O da. Ganha aceitação a imagem de Laufenburger, para quem o orçamento
art. 169 dispõe que a despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos atua como um filtro econômico, atuando como se fora um aspirador capi-
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os tando rendas pra logo em seguida passar a injetá-las novamente no
limites estabelecidos na lei complementar n. 82 de 27 de março de 1995. mercado sob a modalidade de gastos públicos, os quais as expandem
sobre toda a economia, oferecendo novas possibilidades de consumo e
investimento. São ideias propugnadas por Keynes, Beveridge, Marchal. Ao
É preciso atentar-se bem para a diferença existente entre a remunera-
Estado gendarme sucede o Estado -providência.
ção do serviço público pelo usuário — procedimento este ainda atual e
correntio e a remuneração do próprio servidor diretamente pelo público.
A grande novidade embutida nessa concepção era a de que o Estado
Esse último processo está em franca, senão absoluta, extinção. Não é
podia deter um controle da economia no que diz respeito às suas manifes-
mais aceitável o servidor receber diretamente do público. De qualquer
tações cíclicas, isto é, a ocorrência de desequilíbrios entre a oferta e a
sorte ainda as possíveis exceções são meramente aparentes, já que não
demo da geradores de inflação ou de recessão. Para Keynes, por exem-
se trata propriamente de despesas do Estado que sejam resgatadas por
plo, o papel econômico das despesas públicas era de vital importância
outros bens que não o dinheiro. O que existe como reminiscência de
como elemento de estimulação econômica para uma economia em reces-
tempos históricos, em que esses procedimentos eram encontradiços, é
são.
que em algumas circunstâncias, muito excepcionais, a quantia paga é
destinada ao servidor como forma de evitar que o Estado arque com os
Se esta é caracterizada por uma insuficiência da demanda em face da
vencimentos totais ou parciais do seu agente. Exemplo dessa modalidade
oferta, segundo ele, os Poderes Públicos deveriam, em tais circunstân-
são as custas pagas pelas partes aos oficiais de justiça.
cias, adotar orçamentos deficitários, para que o déficit público resultasse
numa injeção de recursos financeiros no mercado que iriam robustecer
A despesa pública tem de ser feita por um ente público, é dizer, por uma demanda enfraquecida. E o que se pode chamar uma função estabi-
uma entidade que a qualquer título manipule receitas públicas. O Estado lizadora. Ela não implica, necessariamente, a superação do liberalismo.
hoje tanto pode efetuar as suas despesas diretamente pela Administração Não deixa de ser, entretanto, uma modalidade interventiva em que o
centralizada quanto pela descentralizada. O art. 165, § 5º, II, da Constitui- Estado não se resigna, tão-somente, a observar o livre jogo das leis de
ção Federal diz que o orçamento de investimento das empresas em que a mercado, mas procura sobre elas interferir. Constitui modalidade de
União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com assunção pelo Estado de um papel protagonizador na economia, que não
direito a voto constará da lei orçamentária anual. Assim, embora empresas encontraria cabida no pensamento dominante no século XIX.
dessa natureza não se rejam pelo direito público, o fato é que as suas
despesas com investimentos recebem um tratamento orçamentário, o que, Na hora que corre, caminha-se no sentido do revigoramento do pen-
portanto, as alça à condição de despesas do próprio Poder Público. samento liberal. Tanto nos países que haviam adentrado profundamente
pelas sendas do marxismo, quanto nos ocidentais (informados pelo Welfa-
Finalmente, a despesa há de ser sempre um dispêndio visando a uma re State), sente-se a preocupação em conter os gastos públicos, como
finalidade de interesse público. É certo que entram muitas variáveis na forma de diminuir o perfil do Estado enquanto agente econômico e presta-
determinação pelo Estado de quais os fins que devem ser perseguidos e, dor de benefícios sociais.
consequentemente, custeados pelas despesas públicas . De qualquer
forma — embora não se negue que haja sempre uma decisão política de É lógico que este retorno não pode ser completo. Nos países de ren-
gastar, que éexpressa, sobretudo na legislação orçamentária —, uma vez da per capita elevada, subsiste ainda uma forte presença do Poder Públi-
editada esta, o administrador há de ater-se estritamente às autorizações co no atendimento dos casos de miséria, invalidez, velhice etc. Nos Esta-
constantes da lei. Os procedimentos que possam implicar desvios dessas dos Unidos, por exemplo, cada cidadão americano recebe, em média, só a
finalidades são sempre passíveis de repressão, graduada conforme a título de ajuda social, o equivalente à metade da renda per capita de cada
gravidade do próprio desvio, que pode ir desde os meros desperdícios até brasileiro.
a má gestão dos dinheiros públicos.
Nos países subdesenvolvidos, o problema se torna mais aflitivo, na
2. ASPECTOS DA FUNÇÃO ECONÔMICA DA DESPESA PUBLICA medida em que as carências de toda ordem aumentam e os recursos são
Tem variado no tempo a visão acerca da natureza da despesa públi- mais escassos. Aqui cumpre determinar um ponto ideal de equilíbrio,
ca. Em primeiro lugar surgiu a concepção chamada por muitos de “clássi- onde, sem se deixar de atender as demandas mais agudas da sociedade,
ca, que coincide com as posições dominantes no liberalismo do século XV não se olvide de alocar os meios necessários para a manutenção do
Em função dessa ideologia liberal hegemônica entendia-se que o Estado desenvolvimento econômico, única via pela qual se pode chegar, se não à
deve restringir a sua atuação àquelas funções para as quais é chamado extirpação absoluta da pobreza (meta, no momento, ideal), ao menos à
de forma inexorável. Por exemplo, a manutenção da segurança nacional o sua redução a proporções inexpressivas.
asseguramento da ordem interna eram alguns dos casos em que a atua-

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APOSTILAS OPÇÃO
3. EVOLUÇÃO DAS DESPESAS PÚBLICAS aceleração do aumento das despesas públicas. E facilmente compreensí-
Ficou muito conhecida a obra do alemão Adolf Wagner, elaborada no vel que a economia de guerra conduza a uma forte estatização tanto nos
final do século XIX, na qual sustentou a existência de uma verdadeira lei, gastos quanto no controle das atividades sociais. Muito interessante nesse
que ganhou o nome de Lei de Wagner, segundo a qual haveria uma sentido é a observação de Sousa Franco:
tendência insopitável nas sociedades modernas para o aumento das
despesas públicas. A confirmação da absoluta procedência dessa suposta “Os apelos ao patriotismo dos contribuintes permitiram, na situação
lei encontra dificuldades. De um lado, há o que os autores falam um de emergência que caracterizava tais conflitos armados, elevar sensivel-
aumento aparente das despesas públicas, que ninguém nega. Acontece, mente a tributação e o nível das despesas públicas; e é sabido que, no
entretanto, que nem sempre é factível uma operação de conversão desse domínio psicológico, se é difícil motivar os contribuintes para um aumento
aumento aparente em aumento real, por falta de índices precisos de das despesas públicas, é menos difícil fazê-los esquecerem-se de reivin-
desvalorização da moeda desde o início do século até os nossos dias. dicar uma baixa do nível de gastos, depois de ter terminada a situação de
Para que se pudesse falar de um autêntico aumento real haveria de emergência que provocara a elevação dos encargos públicos. É este o
se descontar também aquele crescimento que se limitou a acompanhar o efeito de deslocação, que leva à transposição para níveis mais elevados
próprio desenvolvimento nacional, é dizer, o crescimento do produto de despesa, regressado o tempo de normalidade, do que os de antes da
nacional bruto. Além disso, também haveria de ser levada em conta a guerra” (Finanças públicas,).
velocidade de crescimento da própria população.
3.1.4. Causas financeiras
Vamos de qualquer forma tomar por certo que pelo menos um aumen- O grande financista português que acabamos de citar é muito claro no
to aparente das despesas públicas tenha ocorrido. É dizer, gasta-se, ao exame desse fator:
menos em termos monetários, muito mais do que no início do século. Para “As novas concepções financeiras tiveram também uma influência di-
esse aumento aparente três causas são apontadas: a desvalorização reta num aumento das despesas públicas que foi extremamente facilitado
monetária, a exigir um maior número de unidades monetárias para obter- pela revisão do pensamento clássico e pelo abandono da ortodoxia liberal,
se o mesmo poder de compra; o aumento da população; e o crescimento no que diz respeito, por exemplo, à rejeição consciente do equilíbrio
do produto nacional bruto. É evidente que se as despesas aumentaram na orçamental, ao recurso crescente ao crédito público, às restrições da
mesma proporção que cresceram, que a população, quer o produto nacio- estrita legalidade fiscal e ao crescimento do patrimônio público.
nal bruto, não houve uma maior participação do setor público na formação
da renda nacional. O alargamento dos poderes dos Governos e a redução dos poderes
dos Parlamentos poderão ainda ser citados como fenômenos político-
Para que haja um aumento real da despesa é necessário que esta financeiros que contribuíram para o aumento geral das despesas públicas”
corresponda a unia maior participação do Estado no produto ou no rendi- (Sousa Franco, Finanças públicas).
mento nacional. Para muitos autores, a Lei de Wagner obteve confirmação
no correr do século XX. Aceitam eles que, mesmo descontados os fatores 3.2. Conclusões sobre a evolução das despesas públicas
acima referidos, que certamente, falseiam as comparações, ainda assim Uma avaliação do ocorrido no século XX permite extraírem-se algu-
subsiste um aumento real das despesas públicas, traduzido numa maior mas conclusões para a compreensão do momento atual. Em primeiro
participação delas no produto nacional bruto. Cumpre que examinemos as lugar parece assistir razão àqueles que têm como certa a Lei de Wagner,
causas desse aumento real. pelo menos até um dado momento da evolução das despesas públicas.
De fato, foram muitas as causas que levaram a um agigantamento do
3.1. Causas do aumento real das despesas públicas papel do Estado relativamente ao da sociedade. Para aí convergiram
São apontadas como causas do aumento real das despesas as se- desde grandes concepções filosóficas e ideológicas até pequenos motivos
guintes. de ordem tecnológica, passando por causas que vão desde a política, os
interesses de classe, os segmentos da sociedade, até a própria organiza-
3.1.1. O progresso técnico e a cumulação de capital ção das finanças públicas. No entretanto, o que esta experiência demons-
A criação de tecnologias inteiramente novas traduziu-se, sem dúvida, tra é que o processo exauriuse e, mais do que isso, tornou-se fonte de
numa possibilidade de maior satisfação das necessidades, tanto públicas ineficiência, de tal sorte que tornou-se necessário, um pouco em toda a
quanto privadas. A esse processo correspondeu, inexoravelmente, um parte, regredir-se no avanço anteriormente feito. Em países a braços com
aumento de encargos, não só na manutenção dos serviços, como também inflações sempre crescentes têm sido uma constante nas políticas de
na formação dos capitais, muitas vezes volumosos, necessários nessas combate ao surto inflacionário o chamado enxugamento do Estado. Daí
áreas de tecnologia avançada. Como exemplo, citem-se as despesas com imporem-se políticas de privatização que visam a devolver para as mãos
os armamentos. da iniciativa privada empresas que, exploradas pelo Estado, só têm sido
causa de aumento das despesas públicas e de geração de inflação.
3.1.2. A alteração do papel do Estado
Não há dúvida de que durante todo o transcorrer do século XX notou- Em síntese, portanto, esse final de século XX está à cata de uma re-
se uma gradual assunção de novas funções pelo Estado, assim como o definição do nível ideal da despesa pública, assim como do seu perfil, é
desenvolvimento de novas necessidades sociais cujo ônus recaiu sobre o dizer, que setores deverão ser priorizados. Nesse particular. note-se, tam-
Poder Público. É muito nítido o caso da segurança social, que, de ativida- bém, um retorno às funções clássicas do Estado, com prioridade para a
de a cargo dos particulares ou de grupos sociais privados, passa, funda- segurança, o ensino, a saúde, assim como para outros itens, como de pre-
mentalmente, para a esfera da responsabilidade estatal. Em muitos cam- servação ecológica e previdência social que, nada obstante não poderem
pos no desenvolvimento social advindo de uma complexidade maior da ser tidos por fins clássicos do Estado, dele dependem de forma acentua-
organização societária emergem áreas inteiramente novas de atuação que da. Finalmente consigne-se o alijamento do Estado do campo econômico
o Estado do século XIX não podia suspeitar. Citem-se dois exemplos, o área na que mostra-se ineficiente e facilmente substituível com proveito
desenvolvimento urbano, que contribuiu para a aceleração da estatização pela iniciativa privada.
de certas necessidades, assim como acarretou o surgimento de proble-
mas sem precedente, e, de outra parte, a necessidade de preservação 4. CLASSIFICAÇÃO DAS DESPESAS PÚBLICAS
ecológica que determinou, sem dúvida, uma intervenção do Estado, quer A classificação moderna das despesas públicas não acolhe certas
no sentido de distribuir equitativamente os custos da defesa ambiental e concepções do passado, como, por exemplo, a de que o Estado seja um
da qualidade de vida, quer na direção da tomada de medidas concretas parasita cujas despesas são improdutivas. Na verdade, todas elas visam a
para satisfação de necessidade nessa área. satisfazer necessidades coletivas. O Estado, sem dúvida, produz bens e,
em consequência, gera Utilidades. Mesmo nos casos em que o indivíduo
3.1.3. A influência das guerras não pode fruir diretamente do serviço (ex., manutenção de exército), ainda
Os autores são muito incisivos em reservar um papel de destaque pa- assim ele está dele se beneficiando de forma coletiva. Portanto, mesmo
ra os conflitos mundiais de 1914-1918 e 1939-1945 nesse processo de que não se possa avaliar economicamente esse bem, uma vez que ele

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não se presta a ser submetido às leis de mercado, ainda assim a sua 6. O PROCESSAMENTO DA DESPESA PÚBLICA
avaliação pode ser feita por via do cálculo de seu custo. Há diversas etapas a serem cumpridas para que a despesa se pro-
cesse regularmente. A primeira é o empenho da despesa8. O art. 60 da
Uma classificação que costuma ser feita é entre as despesas que se Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964, estatui que toda realização de
limitam a criar utilidades e as despesas que, além disso, aumentam a despesa depende de prévio empenho. Trata-se, pois, de manifesto ato
capacidade produtora do país. As primeiras são chamadas “meramente financeiro, sem cuja prática não se ultimará validamente a despesa.
produtivas” e as segundas, “reprodutivas”. Sobre estas últimas assim se Excelente síntese do assunto é feita por José Afonso da Silva: “Consiste
manifesta José Joaquim Teixeira Ribeiro: (o empenho) na reserva de recursos na dotação inicial ou no saldo exis-
tente para garantir a fornecedores, executores de obras ou prestadores de
“Há despesas públicas, com efeito, que se traduzem no aumento da serviços pelo fornecimento de materiais, execução de obras ou prestação
quantidade dos bens de produção duradouros, despesas que representam de serviços. Segundo a Lei n. 4.320/64, o empenho de despesa é o ato
investimento econômico em capital fixo, compreendido o capital humano emanado de autoridade competente que cria para o Estado (União, Esta-
(saúde, instrução e educação). Ora, aumentando o capital fixo ao dispor dos ou Municípios) obrigação de pagamento, pendente, ou não, de imple-
da economia do país, é claro que aumenta a respectiva capacidade produ- mento de condição (art. 58). Materializa-se pela emissão de um documen-
tora. to denominado nota de empenho, que indicará o nome do credor, a espe-
Assim sucede quando o Estado constrói edifícios para os serviços pú- cificação e a importância da despesa, bem como a dedução desta do
blicos, rasga estradas, lança pontes, irriga ou defende terrenos, difunde saldo da dotação própria (art. 61)” (Orçamento - programa no Brasil,
instrução, cuida da saúde dos cidadãos capazes...” (Lições de finanças Revista dos Tribunais, 1973).
públicas).
O empenho não cria a obrigação jurídica de pagar, como acontece em
As meramente produtivas são as que se limitam a criar utilidades atra- outros sistemas jurídico-financeiros. Ele consiste numa medida destinada
vés dos serviços que o Estado presta. Exaurem-se aí, pois delas não a destacar, nos fundos orçamentários destinados à satisfação daquela
emerge um aumento da capacidade de produção. São, por exemplo, os despesa, a quantia necessária ao resgate do débito. O item orçamentário
serviços de polícia, de segurança, prestados pelo Estado. próprio resulta diminuído, visto que a quantia em questão lhe foi subtraída,
quedando à espera da efetiva feitura do pagamento. Rudá de Andrade
Outra classificação adotada é entre despesa-compra e despesa - preleciona com brilho: “O empenho foi criado para controlar o emprego de
transferência. Despesas-compra são aquelas que são levadas a efeito uma dotação evitando anulações por falta de verba orçamentária ao
toda vez que o Estado adquire produtos e serviços. São exemplos o pagamento a ser feito, proporcionando, ao mesmo tempo, às diversas
pagamento dos funcionários, a compra de imóveis ou de material de repartições do Governo conhecerem, sucessiva e regularmente, as parce-
consumo. A sua característica é criar rendimento, que passa a compor o las comprometidas pelas despesas já efetuadas, ou em perspectivas de
rendimento nacional no período em que são realizadas. liquidação ou pagamento” (Apontamento de ciência das finanças,, Rio de
Janeiro, Konfino, ).
Nas despesas-transferência, o Estado cinge-se a transferir poder de
compra. Ele nada adquire, simplesmente fornece subsídios, subvenções A segunda etapa na execução da despesa consiste na sua liquidação,
ou qualquer outra forma de auxílio financeiro que, no fundo, nada mais que vem a ser a verificação do direito adquirido pelo credor, em face dos
significam do que tomar dinheiro dos contribuintes para repassá-lo para títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito, de conformi-
outros cidadãos. Não geram, portanto, rendimento. Há, tão-somente, uma dade com o § 1º do art. 63 da Lei n. 4.320/64. Visa-se com a liquidação
mudança de mãos dos rendimentos já criados; dos contribuintes o dinheiro apurar:
vai para as mãos dos beneficiários, que, estes sim, ao comprarem bens, I — a origem e o objeto do que se deve pagar;
estarão criando rendimento. II — a importância exata a pagar;
III — os comprovantes da entrega do material ou da prestação efeti-
5. DISCIPLINA JURÍDICA DA DESPESA PÚBLICA va do serviço a quem se deve pagar a importância, para extin-
A regra fundamental é que a realização de despesa depende de previ- guir a obrigação.
sao na lei orçamentária. O art. 167 da Constituição proíbe, taxativamente,
a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que exce- Vista a liquidação por Alberto Deodato como constitutiva da obriga-
dam os créditos orçamentários ou adicionais (inc. II), assim como o início ção, é encarada, contudo, por José Afonso da Silva (aquele que, a nosso
de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual (inc. I). ver, melhor atinou com a sua natureza jurídica) de forma diametralmente
Daí resulta o princípio da legalidade: nenhuma despesa pode ser levada a oposta. Ao referir-se à liquidação, com peremptoriedade, assevera: “Não
efeito sem lei que a autorize e que determine o seu montante máximo. cria nada; verifica apenas se a obrigação nasceu efetivamente com o cum-
Note-se que a autorização para que se efetive a despesa não significa o primento das cláusulas contratuais, que são a fonte da obrigação e do
dever de o administrador levá-la a efeito. Pode perfeitamente considerar direito que se verifica se foi adquirido” (Orçamento—programa no Brasil).
não oportuna a sua realização. O controle dos limites máximos permane-
ce, contudo, firmemente enfeixado nas mãos do Legislativo. Basta que se Segue—se a ordem de pagamento. Dela cuida o art. 64 da Lei n.
considerem os seguintes dispositivos constitucionais, que vedam: “a 4.320/64. Consubstancia-se em despacho exarado por quem de direito
abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização (chefe do serviço de contabilidade, contador), veiculando determinação
legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes” (art. 167, V); “a para que a despesa seja paga.
transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma
categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem Finalmente, chega-se ao pagamento, ato para o qual se volta todo o
prévia autorização legislativa” (art. 167, VI); “a concessão ou utilização de processamento da despesa. Com ele extingue-se a obrigação de pagar. A
créditos ilimitados” (art. 167, VIl). primeira vista pode parecer mera operação material consistente na trans-
Consigne-se, ainda, a existência, na Lei Maior, de uma preocupação ferência de dinheiro. A melhor doutrina, contudo, vislumbra no pagamento
com a contenção de despesas, que é exibida, muito nitidamente, no art. uma faceta jurídica, que decorre do art. 62 da Lei n. 4.320/64, que estipula
169, o qual estipula que a despesa com pessoal ativo e inativo da União, só poder ser o pagamento da despesa ordenado após sua regular liquida-
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os ção. Há, portanto, por parte de quem paga a necessidade de uma implícita
limites estabelecidos na Lei Complementar n. 82/95. O mesmo propósito manifestação jurídica expressa no juízo que formula acerca da regular
constritor é encontrável no art. 63, que proíbe, na sua tramitação legislati- liquidação. Não ocorrendo esta, deve sobrestar o pagamento, até que a
va, o aumento de despesas, nos projetos de iniciativa exclusiva do Presi- questão se resolva definitivamente.
dente da República, ressalvado o disposto no art. 166, §§ 3º e 4º (inc. I),
assim como nos projetos sobre a organização dos serviços administrativos Há que se referir aqui o caso dos pagamentos levados a efeito por
da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais Federais e força de sentença judiciária. Nestas hipóteses, o processamento segue o
do Ministério Público (inc. II). rito especial ditado pelo art. 100 e seus parágrafos da Constituição. Fica
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estipulado no seu § 1º que as pessoas de direito público, nos seus orça- O indivíduo e a Organização (Estruturalismo, Teoria Geral dos Siste-
mentos, deverão providenciar a inclusão de verba necessária ao paga- mas e Neoclássicos)
mento de seus débitos, para fazerem face aos precatórios judiciários
apresentados até 1º de julho. O pagamento deverá ocorrer até o final do A partir da década de 40, em função das criticas feitas tanto à teoria
exercício financeiro seguinte. É obrigatória a obediência rigorosa da ordem clássica (em função do seu mecanicismo), como a teoria das relações
do recebimento dos precatórios, ressalvados tão-somente os créditos de humanas (por seu romantismo ingênuo) apontam para a necessidade de
natureza alimentícia, que gozam de preferência. uma teoria de organização mais sólida e abrangente que servisse de
orientação para o administrador, surge então o Estruturalismo.
O § 2º do mesmo artigo disciplina a forma do pagamento, deixando Os seus autores estudam as organizações através de uma análise or-
certo que as dotações orçamentárias serão consignadas ao Poder Judiciá- ganizacional mais ampla do que as teorias que surgiram anteriormente a
rio, cabendo ao Presidente do Tribunal, que proferir a decisão exequenda, ela.
determinar o pagamento, segundo as possibilidades do depósito, e autori-
zar, a requerimento do credor e exclusivamente para o caso de preterição Com isso, pretendem conciliar a Teoria Clássica e a Teoria das Rela-
de seu direito de precedência. o sequestro da quantia necessária à satis- ções Humanas, baseando-se na Teoria da Burocracia. Desta forma, a
fação do débito. análise das organizações, do ponto de vista estruturalista é feita a partir de
uma abordagem múltipla, que leva em conta simultaneamente os funda-
A Emenda Constitucional n. 20. de 15 de dezembro de 1998, acres- mentos dessas três teorias, envolvendo os seguintes aspectos: os diferen-
centou ao art. 100 o § 3º, que diz o seguinte: “O disposto no caput deste tes tipos de organizações; os incentivos mistos como recompensas mone-
artigo. relativamente à expedição de precatórios, não se aplica aos paga- tárias e recompensas sociais e simbólicas; a organização formal e informal
mentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que a Fa- buscando o equilíbrio entre a empresa e o operário.
zenda Federal, Estadual ou Municipal deva fazer em virtude de sentença A teoria geral dos sistemas surgiu da percepção dos cientistas, de
judicial transitada em julgado’’. que certos princípios e conclusões eram válidos e aplicáveis a diferentes
ramos da ciência. A partir disso, Ludwing Von Bertalanffy lançou em 1937
a Teoria Geral de Sistemas, a qual foi amplamente reconhecida na admi-
COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL: RELAÇÕES INDIVÍ- nistração na década de 60. Na teoria geral dos sistemas a ênfase é dada
DUO/ORGANIZAÇÃO, MOTIVAÇÃO, LIDERANÇA, DESEMPENHO. à inter-relação e interdependência entre os componentes que formam um
sistema que é visto como uma totalidade integrada, sendo impossível
O indivíduo e a Organização estudar seus elementos isoladamente. É disso que trata os conceitos de
transação e globalidade, o primeiro se refere à interação simultânea e
O homem é um ser dotado de personalidade própria, portanto diferen-
interdependente entre os componentes de um sistema e o segundo diz
tes entre si, cada um com a sua história pessoal, particular e diferenciada,
que um sistema constitui um todo técnico, dessa forma, qualquer mudança
características adquiridas ao longo da sua vivência, influenciada pela sua
em uma das partes afetará todo o conjunto. Buscava-se uma teoria que
cultura, ambiente familiar e grupo social.
fosse comum a todos os ramos da ciência e se pesquisavam os denomi-
Hoje sabe-se que tais características não podem separar-se do ho- nadores comuns para o estudo e abordagem dos sistemas vivos. Esta foi
mem ao se relacionar nas organizações, visão muito diferente daquela uma percepção de diversos cientistas, que entenderam que certos princí-
que os fundadores da escola clássica tinham do homem, no início de pios e conclusões eram válidos e aplicáveis a diferentes setores do co-
século XX. nhecimento humano.
Taylor com sua extrema preocupação com a máxima eficiência do A Teoria Neoclássica surgiu da necessidade de se utilizarem os con-
trabalho concebida por meio de métodos e sistemas de racionalização e ceitos válidos e relevantes da Teoria Clássica, expurgando-os dos exage-
Fayol, voltado em estabelecer princípios da boa administração como ros e distorções típicos de qualquer teoria pioneira e os condensado com
planejar, organizar, coordenar, comandar e controlar. Para a teoria clássi- outros conceitos igualmente válidos e relevantes oferecidos por outras
ca o importante era aperfeiçoar os sistemas de trabalho por meio da teorias administrativas ao longo das três últimas décadas. Essa teoria
racionalidade, avaliando e escolhendo sempre a melhor alternativa para pode ser identificada através de algumas características marcantes: a
obtenção da máxima eficiência. Neste caso acreditava-se que sistemas ênfase na parte prática da Administração, a reafirmação relativa (e não
eficientes e bem ajustados trariam por si só bons resultados. Dessa forma absoluta) dos postulados clássicos, a ênfase nos primeiros clássicos de
essa teoria reduzia o indivíduo a um ser simples e previsível, treinado para Administração, a ênfase nos resultados e objetivos e, sobretudo, o ecle-
executar tarefas extremamente repetitivas, motivado apenas pela remune- tismo aberto e receptivo.
ração financeira, mecanizando-o cada vez mais.
O ponto fundamental da Teoria Neoclássica é o de ser a Administra-
Pouco a pouco essa visão sobre o homem foi mudando, pois foi sen- ção uma técnica social básica. Isto leva à necessidade de o administrador
do percebido que o ser humano não é totalmente controlável e previsível. conhecer, além dos aspectos técnicos e específicos de seu trabalho,
A escola das Relações Humanas surge para criticar o modelo atual em também os aspectos relacionados com a direção de pessoas dentro das
que era feita uma abordagem simplificada da organização, visando à organizações.
eficiência técnica e econômica. Nesta escola o indivíduo passa a ser visto
A Teoria Neoclássica surgiu com o crescimento exagerado das orga-
de outra maneira, não mais como um recurso visto pelos engenheiros,
nizações. Uma das respostas que procurou dar foi a respeito do dilema
recebendo maior atenção dos psicólogos. Segundo Elton Mayo, preconi-
centralização versus descentralização. Boa parte do trabalho dos neoclás-
zar a ideia das necessidades humanas é ter segurança, afeto, reconheci-
sicos está voltada para fatores que levam à decisão de descentralização,
mento social, prestígio e auto-realização. O indivíduo precisa ser visto
bem como às vantagens e desvantagens que a descentralização proporci-
como um homem social, cujo conceito diz que o homem não pode ter seu
ona. Esta Teoria enfatiza as funções do administrador: O Planejamento, a
comportamento reduzido a esquemas simples e mecanicistas.
organização, a direção e o controle. No seu conjunto, essas funções
Contudo na relação entre o indivíduo e a organização, não cabe uma administrativas formam o processo administrativo.
classificação entre “homem econômico” ou “homem social”.
Entende-se hoje que as organizações só funcionam por meio das Desenvolvendo talentos humanos: o indivíduo e a organização
pessoas que delas fazem parte e que decidem e agem em seu nome, Juan Carlos Lara Cañizares
portanto afirmamos que o maior bem das organizações são as pessoas. Na arte de inovar conceitos na gestão de pessoas, de criar sistemas
Com isso temos uma relação de troca, pois as organizações dependem que estimulem as aptidões e as habilidades das pessoas é um dos princi-
das pessoas para atingir seus objetivos e cumprir suas metas, assim como pais desafios das organizações para obterem um eficiente diferencial
as pessoas dependem das organizações para galgar seus objetivos competitivo. Nesse contexto, desenvolver talentos humanos significa ter
pessoais. conhecimento dos elementos que fazem com que as pessoas e as equi-

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pes de trabalho consigam ser altamente produtivas dentro de um ambiente gir entre elas e com a organização. Conseguir um bom nível de entendi-
sadio. mento requer de um processo planejado de partilha de conhecimentos e
informações, assim como de criar espaços projetados para resgatar a
O estudo do comportamento do individuo e da dinâmica empresarial é contribuição dos funcionários em tópicos de interesse coletivo.
um dos princípios da gestão de desenvolvimento de talentos humanos.
Esse princípio aborda o conhecimento da diversidade e a contribuição dos Um clássico exemplo da preocupação de ter espaços para a indivi-
funcionários como alicerces essenciais para cultivar um espírito de melho- dualidade, é a criação dos grupos de discussões. Nesses encontros,
ria continuada, em relação a desafios e ao desempenho. profissionais, das diferentes áreas da empresa, reúnem-se para discutir
A diversidade, as diferenças individuais e a contribuição dos funcioná- tópicos gerais do cotidiano, mas de um jeito informal: uma pessoa do
rios são temas amplamente discutidos em ambientes organizacionais e grupo fica encarregada de preparar um tema, expor fatos de interesse ao
acadêmicos; porém, cabe salientar que a importância desses temas, grupo e monitorar o debate. Essa atividade favorece o aproveitamento das
muitas vezes, passa desapercebida no planejamento de programas de contribuições dos funcionários e permitem conhecer quais as diferenças e
melhoria continuada. diversidades das pessoas que fazem parte da organização.
Na relação indivíduo-organização existem elementos conflitantes que Nas relações indivíduo-organização é necessário que se estabeleça
produzem inadequações na organização funcional do trabalho e, conse- uma linguagem adequada na comunicação daquilo que se espera dos
quentemente, criam ambientes desfavoráveis para o desempenho. A funcionários e das condições e ferramentas para atingir um desempenho;
identidade de um individuo caracteriza-se, principalmente, por um conjunto esta situação pode ser obtida mediante a busca de um comportamento
de valores adquiridos no decorrer da sua existência. Entretanto, a organi- ético que garanta um ambiente sadio de trabalho.
zação funciona na base de princípios, valores e políticas que definem o
seu papel no mercado de participação.
Valores como a responsabilidade, a ética profissional e o respeito po- Estímulo à prática do comportamento ético
deriam ser causas de conflitos entre os indivíduos e a organização ou
Um requisito indispensável para as organizações serem altamente
poderiam ser os alicerces de uma relação harmoniosa das equipes que
competitivas é ter uma estrutura estratégica diferenciada em relação aos
integram a organização. Essa situação depende do nível de maturidade
seus concorrentes. Essa formatação estratégica da estrutura é operacio-
com que são administradas as diferenças e as diversidades do indivíduo
nalizada na linguagem expressada na definição dos princípios e dos
no ambiente de trabalho e da disposição estratégica com que são defini-
valores da organização e nas práticas dos processos e procedimentos de
das as contribuições dos funcionários.
trabalho.
Na riqueza das diferenças e das diversidades, encontram-se os fun-
O comportamento ético deve ser decorrente daquilo que está definido
damentos do trabalho em equipe e do pensamento criativo, os quais
nesses princípios e valores organizacionais, a sua linguagem e propósito
garantem a qualidade do desempenho. Portanto, quanto maior for o
devem ser claros e, sobretudo, confiáveis no sentido de representar aquilo
conhecimento e a administração estratégica das diferenças e diversidades
que realmente acontece nas relações indivíduo-organização.
individuais, maior será a qualidade na contribuição dos funcionários, em
termos de competências e de comprometimento com a organização. Para estimularmos formas de comportamento ético, devemos identifi-
car quais as situações divergentes entre aquilo que é pregado pela orga-
Mas, será que a administração da contribuição dos funcionários, sob a
nização e as manifestações culturais expressadas no clima organizacio-
perspectiva das diferenças e das diversidade dos indivíduos, é uma alter-
nal, por exemplo: na comunicação, nas relações interpessoais, no trabalho
nativa estratégica na gestão de pessoas?
em equipe, na administração de conflitos e assim por diante.
Um dos principais fatores conflitantes na relação indivíduo-
A melhor forma de estimular um comportamento ético é incorporar,
organização são as expressões emocionais resultantes do sentimento de
em todos os níveis hierárquicos, atitudes de respeito à individualidade e à
frustração. Esse sentimento pode ter diversas origens, mas, no ambiente
preocupação pelo ambiente de trabalho. O comportamento ético é um
organizacional, ele se produz no relacionamento interpessoal e nas difi-
ganho que as organizações adquirem quando os funcionários percebem
culdades das pessoas em atingirem os seus objetivos pessoais e profissi-
que a organização preocupa-se com o seu bem-estar. Em retribuição, eles
onais.
direcionam suas competências para atingir um bom desempenho naquilo
Em uma situação de frustração (conflitos interpessoais), a diversidade que a organização espera deles.
e as diferenças individuais fazem com que o ambiente do trabalho torne-
Ambientes de trabalho poluídos por focos de insatisfação permitem
se um foco de insatisfação. Nesse contexto, as relações interpessoais
que a frustração tome conta do desempenho e da motivação dos funcioná-
poderiam apresentar manifestações comportamentais nocivas para orga-
rios. Porém, uma gestão de desenvolvimento de talentos, que leve em
nização, como: inveja, distorções na comunicação, medo, boicote e assim
consideração o comportamento humano e organizacional, pode reverter
por diante.
essa situação. Os princípios citados são formas de: encorajar desafios a
Uma visão estratégica na mediação de situações de conflito poderia serem assumidos pelos funcionários, minimizar fatores de insatisfação e
minimizar as consequências organizacionais da frustração no ambiente de alinhar as competências das pessoas à busca da eficiência organizacio-
trabalho. O desafio está em saber lidar com as causas que geram insatis- nal.
fações, no momento em que se apresentam divergências entre funcioná-
A base para a gestão de desenvolvimento de talentos humanos é
rios ou entre eles e a organização - neste ponto cabe valorizar as compe-
analisar fatores que geram conflito e procurar estabelecer mecanismos
tências dos funcionários, para resgatar pontos positivos dos conflitos e
para evitar que o sentimento de frustração tome conta das atitudes das
fortalecer o espírito de equipe.
pessoas. Nesse nível de gestão, projetar espaços para estimular a supe-
Embora conhecer o amplo leque das diversidades e das diferenças ração das divergências e instituir normas éticas no comportamento é
individuais seja uma tarefa difícil de ser feita, algumas propostas de ges- fundamental para trazer à tona o melhor que os seres humanos temos, a
tão podem contribuir para o entendimento do comportamento do indivíduo capacidade de sermos talentosos.
no ambiente de trabalho e para o estabelecimento de normas que afian- ___
cem uma relação harmoniosa entre o indivíduo e a organização. Essas
Após a segunda Revolução industrial, houve um crescimento acelera-
propostas podem se resumir na criação de espaços para a individualidade
do e desestruturado nas organizações, com a necessidade de aumentar a
e o estímulo à prática do comportamento ético.
eficiência e a competência, evitando o desperdício e a economia da mão
de obra, para que pudesse acelerar a produção nas indústrias.
Criação de espaços para individualidade Os teóricos Clássicos surgem com o objetivo de organizar o processo
Não é por acaso que as empresas altamente competitivas preocu- e a estrutura do trabalho, ou seja, a divisão das funções, onde eles te-
pam-se em ter ambientes de trabalho que estimulem as pessoas a intera- nham o controle total sobre os seus subordinados, pois segundo eles o

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trabalhador era indolente e usava os movimentos de forma inadequada. do os estágios mais baixo e desenvolvendo necessidades de níveis,
Taylor e Fayol têm em comum a divisão mecanicista, ambos buscavam a gradativamente, mais elevados. As diferenças individuais influem, podero-
eficiência e eram motivados pelo aumento dos lucros e produtividade de samente, quanto à duração, intensidade e possível fixação em cada um
suas organizações. desses estágios.
Com a teoria dos Clássicos, surgiram críticas derivadas dos humanis- Os três níveis ou estágios de motivação correspondem às necessida-
tas, formados por psicólogos e sociólogos preocupados com a organiza- des fisiológicas, psicológicas e de auto-realização.
ção formal e os aspectos organizacionais. Abordando o indivíduo como
unidade básica da organização, denominando o trabalho como uma a.1- Necessidades Fisiológicas, Vitais ou Vegetativas
atividade grupal e enfatizando a participação e a cooperação das pessoas São inatas e instintivas e relacionadas com a sobrevivência do indiví-
para o alcance de objetivos comuns. Foi preconizada ao trabalhador a duo. Situadas no nível mais baixo são, também, comuns aos animais, e
oportunidade de compartilhar suas ideias com os grupos e com a chefia o exigem satisfações periódicas e cíclicas. As principais são: alimentação,
que antes não lhe era permitido porque segundo os clássicos o trabalha- sono, exercício físico, satisfação sexual, proteção contra os elementos,
dor não era pago pra pensar e sim para executar. Entre os estudos reali- segurança física contra os perigos.
zados sobre a motivação humana, foi observado que os trabalhadores não
são apenas movidos por incentivos salariais, mas por outras necessidades a.2- Necessidades Psicológicas ou Sociais
básicas. São necessidades exclusivas do homem. São aprendidas e adquiri-
Relacionando os teóricos clássicos com os humanistas, pode-se con- das no decorrer da vida e representam um padrão mais elevado e com-
cluir que ambos são baseados na participação dos indivíduos para efeti- plexo de necessidades.
vação de objetivos comuns. Como um sistema cooperativo racional, os
indivíduos devem cooperar em virtude dos objetivos das organizações que O homem procura, indefinidamente, maiores satisfações dessas ne-
é eficácia e os objetivos de cada um, eficiência. Devemos salientar que cessidades, que vão se desenvolvendo e se sofisticando gradativamente.
tanto os clássicos quanto os humanistas, possuem ideias úteis, que se
aplicam a diversas situações, porém os humanistas nos deixaram novos Necessidade de segurança íntima, necessidade de participação, ne-
pensamentos em relação ao indivíduo e a organização, pois esta afirma cessidade de auto-confiança, necessidade de afeição, necessidade de
depender diretamente das pessoas, para atingir o sucesso. – Competên- reconhecimento, necessidade de status, necessidade de pertencer, ne-
cia da Administração. cessidade de auto-afirmação, etc.

a.3- Necessidades de Auto-Realização


Motivação, liderança e desempenho São produtos da educação e da cultura a também elas, como as ne-
MOTIVAÇÃO cessidades psicológicas, são raramente satisfeitas em sua plenitude, pois
Todo administrador é responsável, em sua esfera de autoridade, pela o homem vai procurando, gradativamente, maiores satisfações e estabe-
motivação de seus subordinados. Um presidente deve sentir-se responsá- lecendo metas crescentemente sofisticadas.
vel por motivar, em primeiro lugar, os que prestam contas a ele diretamen-
te e, em segundo lugar, a todos os empregados da empresa. A necessidade de auto-realização é a síntese de todas as outras ne-
Talvez, a melhor norma para um sistema salutar de motivação, seja cessidades. É o impulso de cada um realizar o seu próprio potencial, de
advertência bíblica "Faça aos outros o que quizeres que te façam". esta em continuo auto-desenvolvimento no sentido mais elevado do termo.

a. Necessidades Humanas e a motivação b. Nem sempre a satisfação das necessidades é obtida. Pode existir
O comportamento humano é determinado por causas que, às vezes, alguma barreira ou obstáculo que impeça a satisfação de alguma necessi-
escapam ao próprio entendimento ou controle do homem. Essas causas dade.
se chamam necessidades ou motivos: são forças conscientes ou inconsci- Toda a vez que alguma satisfação é bloqueada por alguma barreira
entes que levam o indivíduo a um determinado comportamento, ocorrem a frustração ou a compensação ou transferência.
Dessa forma, toda a necessidade humana pode ser satisfeita, frustra-
A motivação se refere ao comportamento que, é causado por neces- da ou compensada.
sidades do indivíduo e que é dirigido no sentido dos objetivos que podem
satisfazer essas necessidades. b.1- Frustração
A frustração pode levar a certas reações generalizadas, a saber;
O moral é uma decorrência do estado motivacional, uma atitude men- - desorganização do comportamento:
tal provocada pela satisfação ou não-satisfação das necessidades do conduta ilógica e sem explicação aparente.
indivíduo. O moral elevado é acompanhado de uma atitude de interesse, - agressividade;
identificação, aceitação fácil, entusiasmo e impulso positivo, em relação ao a liberação da tensão acumulada pode acontecer através da
trabalho; desenvolve a colaboração, porquanto ele se apóia em uma base agressividade física, verbal , simbólica, etc.
psicológica onde predominam o desejo de pertencer e a satisfação de - reações emocionais:
trabalhar em grupo. a tensão retida pela não satisfação da necessidade pode provo-
car ansiedade, aflição, insônia, distúrbios circulatórios, digestivos,
Por outro lado, o moral baixo é acompanhado por, uma atitude de de- etc.
sinteresse, negação, pessimismo, rejeição e apatia com relação ao traba- - alienação e apatia
lho e, geralmente, trazendo problemas de supervisão e de disciplina. o desagrado em face da não satisfação pode ocasionar reações
de alienação, de apatia e de desinteresse pelo alcance dos obje-
Assim, o moral é uma consequência do grau de satisfação das neces- tivos frustrados como forma ou mecanismo inconsciente de defe-
sidades individuais. sa do ego.

O homem é um animal dotado de necessidades que se alternam e se b.2- Compensação ou Transferência


sucedem conjunta ou isoladamente. Satisfeita uma necessidade surge Ocorre a compensação ou transferência quando o indivíduo tenta sa-
outra em seu lugar e assim por diante, continua e infinitamente. tisfazer alguma necessidade impossível de ser satisfeita através da satis-
fação de outra necessidade complementar ou substitutiva. Assim, a satis-
As necessidades motivam o comportamento humano dando-lhe dire- fação de outra necessidade aplaca a necessidade mais importante, e
ção e conteúdo, reduz ou evita a frustração. A necessidade de prestigio pode ser satisfeita
pela ascensão social, pelo sucesso profissional, pelo poder do dinheiro ou
Ao longo de sua vida, o homem evolui por três níveis ou estágios de
pela conduta atlética. "
motivação: à medida que vai crescendo e amadurecendo vai ultrapassan-

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LIDERANÇA O líder procura motivar os subordinados através do medo, ameaças e
Autoridade e Poder: punições e raras recompensas;
Autoridade é o direito de dar ordens e o de exigir obediência. (James O líder é "pessoal" nos elogios e nas criticas ao trabalho de cada fun-
D. Mooney ) cionário:
Apenas o líder fixa as tarefas sem qualquer participação do grupo;
Influência O líder determina as providências e as técnicas para a execução dos
É qualquer comportamento da parte de um indivíduo que altera o trabalhos, uma por vez, à medida em que se tornem necessárias e de
comportamento, atitudes, sentimentos de outro indivíduo. modo imprevisível para o grupo;
O líder determina qual a tarefa que cada um deve executar e quais os
Poder: seus companheiros de trabalho;
Implica em ter potencial para exercer influência. A autoridade propor- O chefe planeja organiza, dirige e controla; os subordinados execu-
ciona o poder que é ligado à posição dentro da organização. tam.

Tipos de Poder (Do Ponto de Vista dos Subordinados) f.2- Reações dos Subordinados
d .1-PODER DE RECOMPENSA O comportamento do grupo mostra forte tensão, frustração, sobretu-
Percepção, por parte dos subordinados, da capacidade do chefe do, agressividade e nenhuma iniciativa; de apenas cumprir ordens;
de lhes proporcionar recompensas (motivador). Embora possam gostar das tarefas, os membros do grupo, não de-
monstram satisfação com relação à sua execução;
d.2- PODER COERCITIVO: O trabalho só se desenvolve bem com a presença do líder; na sua
Percepção, por parte dos subordinados, da capacidade do chefe ausência o grupo expande os sentimentos reprimidos chegando a indisci-
de lhes proporcionar punições (gera agressividade e hostilidade. plina e a agressividade.
Usado em excesso leva à desmotivação).
9. LIDERANÇA DEMOCRÁTICA
d.3- PODER LEGITIMADO O líder democrático é uma pessoa sensível as solicitações e as in-
Baseado nos valores de um indivíduo. Existe quando uma pessoa fluências de seus subordinados; não é rígido em demasia, recebe e utiliza
ou grupo acredita que é correto ou legitimo para outra pessoa ou efetivamente as contribuições dos subordinados não se atendo exclusiva-
grupo influenciar suas ações (religiões, Papa, etc). mente às suas próprias ideias na busca de alternativas para a solução dos
problemas empresariais.
d.4- PODER DE REFERÊNCIA O ponto central desse estilo de liderança é um entendimento mútuo e um
É baseado no desejo de um indivíduo ou grupo de identificar-se acordo bilateral entre o chefe e seus subordinados, quanto a quais são as
ou ser semelhante a outra pessoa ou grupo (com o superior, com metas da organização e quanto aos meios pelos quais tais metas serão atingi-
o artista, com o político). das.

d.5- PODER DE PERÍCIA 9.1- Características da Liderança Democrática


É baseada na percepção de uma pessoa ou grupo a respeito do As tarefas são debatidas e decididas pelo grupo que é estimulado e
maior conhecimento, capacidade ou perícia de outra pessoa ou assistido pelo líder;
grupo. O próprio grupo esboça as providências e as técnicas para atingir o
objetivo, solicitando aconselhamento ao líder quando necessário, o qual
e. ASPECTOS GERAIS sugere duas ou mais opções pára o grupo escolher;
Do mesmo modo que a motivação e a comunicação, a liderança é um A divisão de tarefas fica a critério do próprio grupo e cada membro
dos requisitos básicos da direção. tem a liberdade de escolher seus companheiros de trabalho;
O líder é "objetivo" e limita-se aos "fatos" em suas criticas ou elogios.
Os chefes tem poderes para contratar, demitir, promover e afetar de
outras formas as possibilidades dos subordinados realizarem seus objeti- 9.2 - Reações dos subordinadas
vos pessoais; mas, para obter melhores resultados, o líder deve fazer com Há formação de amizade e relacionamentos cordiais entre os mem-
que suas ordens sejam cumpridas espontâneamente e não sob coação. O bros do grupo;
administrador que cria e mantém um ambiente que favorece o desempe- Líder e subordinados passam a desenvolver comunicações espontâ-
nho eficiente das pessoas pelas quais é responsável, está fazendo muito neas, francas e cordiais;
no sentido de garantir sua liderança. O trabalho tem um ritmo suave e seguro, sem alterações, mesmo
quando o líder se ausenta;
A ideia de que a capacidade de liderança pode ser ensinada, está su- Há um nítido sentimento de responsabilidade e comprometimento pessoal.
jeita a polêmicas e controvérsias. Capacidades sumamente talentosas de
liderança estão em evidência em toda parte, seja em grupos formais ou h. LIDERANÇA LIBERAL OU "LAISSEZ-FAIRE"
informais, desde jardins da infância até universidades, de instituições É o estilo de liderança em que o superior, simplesmente, não toma
sociais até o submundo e os lideres espontâneos parecem mais bem conhecimento dos problemas existentes, nem busca soluções para eles.
sucedidos do que aqueles que se submetem ao estudo e ao treinamento Como suas preocupações, tanto com a produção como com as pessoas,
formal de liderança são mínimas ele não enfrenta grandes dilemas entre ambas as coisas.
Espera-se pouco dele e ele dá pouco em troca.
ESTILOS DE LIDERANÇA O liberal poderia ser tomado, ainda, como um caso extremo de chefia
f. LIDERANÇA AUTOCRÁTICA democrática, se considerarmos que a liderança autocrática representa
Este estilo é bastante comum nas empresas é e típica do indivíduos uma situação de mínima participação dos subordinados no processo
que não arredam pé de suas convicções as quais, quando contestadas, decisório e que a liderança democrática significaria uma participação
defendem com veemência. substancial desses mesmos subordinados nesse processo, a liderança
Pode ser gentil, cortês e aparentemente manso, desde que a situação "laissez-faire" se caracterizaria por uma participação exagerada dos
não ameace suas ideias; quando isso ocorre, entretanto, pode tornar-se subordinados, com a completa ou quase completa omissão do chefe. Em
bastante agressivo. suma, os subordinados participariam tanto, que cada qual faria o que bem
Faz valer sua autoridade e a posição de mando de que está investido. entendesse, sem uma coordenação ou um comando de suas ações.

f.1- Características da Liderança Autocrática h.1- Características da Liderança Liberal


Apenas o líder toma decisões; o papel do subordinado é de apenas Há liberdade completa para as decisões grupais ou individuais com
cumprir ordens; participação mínima do líder;

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APOSTILAS OPÇÃO
A participação do líder é limitada esclarecendo que pode apresentar Identidade
materiais ou fornecer informações desde que lhe sejam solicitados; * Aquilo que é próprio de cada um; suas características pessoais, su-
Tanta a divisão das tarefas como a escolha dos companheiros fica, to- as qualidades e seus defeitos;
talmente, a cargo da grupo; * É importante que cada um conheça a si mesmo, seu modo de se
O líder não faz nenhuma tentativa de avaliar ou de regular o curso dos comunicar com as pessoas, de agir, comportar-se; Você se conhece bem?
acontecimentos, somente fazendo comentários quando perguntado.
* Através do conhecimento interior, temos um melhor relacionamento
h.2- Reações com os outros, respeitamos nossas diferenças e atuamos para o melho-
Embora a atividade do grupo possa ser intensa a produção é medío- ramento do nosso trabalho, pois sem ele o que seria de nós? Ele nos da
cre; uma identidade.
As tarefas se desenvolvem ao acaso, com muitas oscilações, perden- Os conflitos podem ser resolvidos
do-se muito tempo com discussões, mais voltadas para motivos pessoais * Conflito, crise, desentendimentos. Não importa o nome que se dê,
da que relacionadas com o trabalho em si; mas a realidade mostra que onde existe a presença do ser humano, a
Nota-se forte individualismo agressivo e pouco respeito com relação ao líder. geração de conflitos estará presente, seja em menor ou maior intensidade.
Isso vale não apenas para as relações pessoais, mas também para o dia-
DESEMPENHO – O grau ou nível de habilidade e de esforço gasto na a-dia das organizações. Por isso, a atuação do psicólogo no desenvolvi-
execução de um processo. mento de habilidades de relacionamento é tão importante para o cresci-
mento das organizações e dos indivíduos que lá atuam;
COMPETÊNCIA INTERPESSOAL. A Gerência de Crises tem sido apontada com um dos fatores que
mais preocupam as empresas. Afinal, quando um conflito surge numa
O que é Competência Interpessoal? equipe, o desempenho dos profissionais e o clima organizacional podem
Profª. Rita Alonso sofrer impactos.
Relacionamento Interpessoal Por outro lado, nem sempre a presença do conflito deve ser conside-
Eu e os outros rada um sinal de perigo, pois em alguns casos ela serve como uma ala-
vanca propulsora para o desenvolvimento de muitos profissionais.Mas isso
Frequentemente nos perguntamos “como trabalhar bem com os ou- não gera uma contradição? Afinal, a presença do conflito no ambiente
tros?” “como entende-los e fazer-se entender por eles?” corporativo é positiva ou não?
* “Por que interpretamos erroneamente atos e palavras do outro?” Segundo Gustavo Boog, “Quando estamos em crise, tudo o que que-
* Será que o convívio com os outros será sempre ocasião de sofrimento e remos é sair dela, mas a grande diferença que existe para o lado positivo
angústia, ou podemos alcançar uma convivência gratificante e produtiva? ou negativo é na forma com a qual lidamos com as crises”. As crises
* As pessoas convivem e trabalham com pessoas e portam-se como afetam países, empresas, equipes e pessoas, ou seja, ninguém está
pessoas, isto é, reagem às outras pessoas com as quais entram em imune aos conflitos.
contato: comunicam-se, simpatizam e sentem atrações, antipatizam e
sentem aversões, aproximam-se, afastam-se, entram em conflito, compe-
GERENCIAMENTO DE CONFLITOS.
tem, colaboram, desenvolvem afeto.”(Fela Moscovici);
O processo de interação humana é constituído por essas reações ou Gestão de conflitos é a parte da gestão de uma organização especi-
interferências, voluntárias ou não, intencionais ou não, demonstrando que alizada na administração dos conflitos entre indivíduos, entre indivíduos e
a pessoa, na presença de outra, não fica indiferente e que o outro é sem- grupos internos à organização, entre grupos pertencentes à organização
pre uma presença estimuladora. É complexo e ocorre sob forma de com- ou conflitos da organização com outras organizações, através da utiliza-
portamentos (verbais, não verbais, manifestos ou não), pensamentos e ção de técnicas, práticas e processos.
sentimentos, reações mentais ou físicas. A ideia é enfrentar os conflitos, aprender a resolvê-los, sentar frente a
Qualquer gesto, olhar ou postura, uma aproximação ou afastamento, frente com a outra pessoa e primeiro ouvi-la, depois ponderar os motivos
e até mesmo o silêncio, são formas de interação, pois significam algo para que desencadearam o atrito e partilhar uma solução reconciliadora.
o outro. Até o sentir a presença do outro já é interação. Porém a forma Fácil?
mais frequente de interação é a comunicação. No papel sim, mas na prática é preciso muito exercício e muita expe-
riência para aprender, com mansidão e bondade, aceitar as diferenças
Para ter um bom convívio com as pessoas é necessário estar atento normais existentes entre todos os seres humanos. Seria muito anti- produ-
as diferenças individuais, pois as pessoas diferem: tivo se todos fossem iguais.
- em capacidades comportamentais; As diversidades de formação, seja cognitiva ou cultural, são fatores de
- possuem necessidades diferentes umas das outras; enriquecimento para a criatividade e inovação, características muito
- percebem seu ambiente e reagem afetivamente em função das suas valorizadas hoje em dia.
necessidades e experiências passadas; Então os conflitos bem resolvidos, passam de problemas complexos
As diferenças individuais são importantes, pois o que seria de nós, de relacionamento a pontos de ganhos positivos para a equipe de trabalho
humanos, se fossemos todos iguais? e principalmente para a organização. Podem inclusive ser usados como
ferramentas para desencadear ideias e soluções de problemas muito
Elas interagem de diversas maneiras na organização e possibilitam a difíceis. Além disso, proporcionam a vivência do perdão que realmente
execução de diversos trabalhos de forma adequada e com a qualidade reata amizades e que nos faz sentir pessoas amadas e felizes. Augusto
necessária. Amato Junior
As diferenças no processo grupal
* Rede de relações: as relações de poder determinam ou influenciam CLIMA E CULTURA ORGANIZACIONAL
o grau de participação dos membros nas decisões (comunicação, normas
e punições) Clima Organizacional
* Relações de poder equilibradas: ou pela presença de um indivíduo Do conceito de motivação – nível individual – surge o de clima organi-
ou subgrupo que detém o poder; zacional – no nível da organização. É a “qualidade ou propriedade do
* Conflitos originam-se do confronto entre diferentes pontos de vista e ambiente organizacional que é percebida ou experimentada pelos mem-
não determinam a dissolução do grupo: pode levar ao crescimento e bros da organização e que influencia seu comportamento” (Chiavenato,
desenvolvimento pessoal e grupal; 1997). Ele traduz os mais importantes aspectos do relacionamento entre a
empresa e seus empregados: a motivação, a integração e a interação de
* Prepara para níveis mais amplos de atividade social – tal preparação todos os membros de uma organização.
é chamada de socialização) inicia no nascimento e termina com a morte);

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APOSTILAS OPÇÃO
O Clima Organizacional pode ser alto, baixo ou pode situar-se num de uma empresa é expressa pela maneira como ela faz seus negócios, a
nível intermediário. Ele é considerado baixo quando existe um distancia- maneira como ela trata seus clientes e funcionários, o grau de autonomia
mento muito grande entre os membros de uma organização. Isso fica ou liberdade que existe em suas unidades ou escritórios e o grau de
patente com o aparecimento do pessimismo, da descrença, da depressão lealdade expresso por seus funcionários com relação à empresa. A cultura
e do desânimo entre as pessoas. O nível alto é traduzido por reações de organizacional representa as percepções dos dirigentes e funcionários da
otimismo, calor, receptividade. O clima considerado neutro é aquele que organização e reflete a mentalidade que predomina na organização. Por
não causa reação no comportamento dos indivíduos. esta razão, ela condiciona a administração das pessoas.
Em outras palavras, a cultura organizacional representa as normas in-
formais e não escritas que orientam o comportamento dos membros de
uma organização no dia-a-dia e que direcionam suas ações para o alcan-
ce dos objetivos organizacionais. No fundo, é a cultura que define a mis-
são e provoca o nascimento e o estabelecimento dos objetivos da organi-
zação. A cultura precisa ser alinhada juntamente com outros aspectos das
decisões e ações da organização como planejamento, organização,
direção e controle para que se possa melhor conhecer a organização.

Pode-se Mudar a Cultura de uma Organização? Deve-se mudar a


cultura da Organização em busca de resultados?
Segundo Kissil (1998), para que a organização possa sobreviver e se
desenvolver, para que existam revitalização e inovação, deve-se mudar a
Segundo Chiavenato (1997), o Clima Organizacional tem uma íntima cultura organizacional. Esse conceito responde plenamente esta questão,
relação com a motivação das pessoas que compõem a organização. onde o Autor sugere que a revitalização e a inovação são fatores impor-
Quanto maior for a motivação das pessoas, maior será o nível do Clima tantes para as empresas, e de certo modo só se consegue isso mudando
Organizacional. O contrário também é verdadeiro: quanto menor a motiva- a cultura da organização.
ção, menor é o nível do Clima Organizacional.
O esforço de entendimento mútuo dentro da empresa é uma maneira
Chiavenato (1997) diz que a apuração do nível em que se encontra o de garantir uma estrutura consistente e manter o ritmo de produtividade da
Clima Organizacional da empresa é ferramenta imprescindível para a organização. Para montar as equipes com um perfil variado é preciso de
administração de pessoas dentro das organizações. Através dessa avalia- um enfoque cultural e escolher as pessoas que são diferentes. O que faz
ção é possível constatar os pontos negativos, positivos e conflituais exis- uma empresa forte é o respeito mútuo interno, é ele que poderá gerar
tentes nas relações da empresa com seus empregados, bem como, respostas rápidas e eficientes. Se as diversidades forem integradas em
levantar eventuais necessidades individuais não satisfeitas. A partir dos torno de um único compromisso, a empresa estará sempre pronta para
resultados, podem ser tomadas as providências adequadas à solução dos administrar as mudanças que forem necessárias. Só se consegue isso
problemas detectados. com uma cultura organizacional forte, onde as pessoas têm os valores e
princípios da empresa disseminados de forma clara, onde todos tem
Kolb (1978) também emite sua opinião sobre “clima organizacional”
orgulho de fazer parte de uma organização transparente e focada no
como força capaz de alterar o comportamento dos empregados dentro das
sucesso.
organizações:"...Embora uma compreensão da motivação humana seja
valiosa para o administrador em atividade, vimos que a motivação não é o
único determinante do comportamento. O clima organizacional também Ferramentas que ajudam na mudança na Cultura da Organização
pode moldar o comportamento em relação a associação, poder ou realiza-
ção. Pelo seu comportamento, pelas políticas, pelos procedimentos, pelos Clareza de objetivos, valores e princípios: Onde a empresa tem seus
sistemas de recompensa e pelas estruturas que eles criam, os administra- objetivos claros, definidos, formalmente estabelecidos e orientados para
dores podem influenciar significativamente o clima motivacional de uma médio e longo prazo. Para dar certo a empresa deve fazer com que todos
organização”. (Kolb, 1978). funcionários tenham acesso aos seus objetivos, ter definidos os valores e
princípios, sendo relembrados periodicamente (Ex. reunião mensal), isso
Sobre o assunto Chiavenato (1997) diz ainda que, o homem está auxilia no processo de mudança e seu retorno pode ser de médio prazo,
sempre numa postura de ajustamento ao ambiente onde se encontra. caso bem divulgado e aplicado.
Esse ajustamento varia de indivíduo para indivíduo e através do tempo.
Imagem de produtos e serviços: Grau em que os vários públicos (in-
Dessa forma o Clima Organizacional é uma questão a ser verificada
ternos e externos) percebem a qualidade dos produtos e serviços ofereci-
periodicamente. O tamanho e a complexidade da estrutura organizacional
dos. Não basta o cliente externo ter percepção da empresa, mas também
é que deverá propiciar a estimativa do intervalo com que se deve realizar
os funcionários, a "venda" interna é muito importante, divulgação de
tal procedimento avaliativo.
projetos que estão sendo executados, conquistas, detalhes sobre a quali-
Considerando o conteúdo deste texto a Rede de Talentos pode reali-
dade de seus produtos e serviços, devem ser do conhecimento dos clien-
zar o diagnóstico do Clima Organizacional de sua empresa, fazer a análise
tes internos e externos, fazendo com que o funcionário tenha orgulho do
dos resultados obtidos e propor soluções adequadas para resolver pro-
seu trabalho. Seu resultado na mudança pode ser notado no longo prazo.
blemas eventualmente constatados.
Deve ser também ser trabalhado constantemente, para manter os funcio-
http://www.rededetalentos.com.br/clima_organizacional.htm
nários informados.
O Que é Cultura Organizacional Integração e comunicação: Onde a estrutura da organização permite
a comunicação interna entre os diversos níveis de forma simples e aberta.
A cultura organizacional ou cultura corporativa é o conjunto de hábitos Tendo também a colaboração e parceria como meio existente como
e crenças estabelecidos através de normas, valores, atitudes e expectati- auxílio mútuo, sendo tanto internamente (funcionários) quanto externa-
vas compartilhados por todos os membros da organização. Ela refere-se mente (fornecedores). A comunicação flexível, entre subordinados e
ao sistema de significados compartilhados gestores, caso a empresa for muito fechada se dará num período de longo
A cultura organizacional ou cultura corporativa é o conjunto de hábitos prazo, porém sendo um pouco mais flexível, se dará no curto ou médio
e crenças estabelecidos através de normas, valores, atitudes e expectati- prazo. A política de "portas abertas" deve ser incentivada pelos gestores
vas compartilhados por todos os membros da organização. Ela refere-se até se tornar comum na organização.
ao sistema de significados compartilhados por todos os membros e que Abertura a novas ideias: Grau em que a empresa é dinâmica, está
distingue uma organização das demais. Constitui o modo institucionaliza- atenta às mudanças, tem senso de oportunidade, estabelece objetivos
do de pensar e agir que existe em uma organização. A essência da cultura arrojados, é líder de tendências e cria um ambiente motivador. Nesse

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APOSTILAS OPÇÃO
ambiente a empresa valoriza e incentiva as novas ideias de seus colabo- estudiosos consideram o orçamento corno simples ato administrativo e
radores. Pode ser feito incentivos financeiros como premiações por eco- outros não menos importantes, consideram-no como uma lei, id est, um
nomia na mudança de algum processo, criar uma caixa de sugestões, ter ato formal legal.
reuniões periódicas entre setores na busca de melhorias, criar um grupo
de melhoria, etc. Depende muito da comunicação, ela deve ser aberta a Falar da natureza jurídica de um instituto é identificar o que significa
ponto do funcionário ter a ousadia de expor e criar novos métodos e esse instituto no mundo do dever ser.
procedimentos. É um trabalho que pode trazer resultados no curto, médio, Régis Fernandes noticia que para León Duguit:
ou longo prazo.
“o orçamento é ao mesmo tempo um ato administrativo em relação
Desempenho profissional: O trabalho é estimulante para os funcioná-
aos gastos, porque basta mera operação administrativa para despesa e
rios e oferece desafios profissionais, possibilidade de crescimento e
em relação à arrecadação dos tributos, adquire caráter de lei em seu
valorização pessoal. A própria prática de ideias faz com que o profissional
sentido material, porque gera obrigações fiscais de conteúdo jurídico para
sinta-se mais valorizando, pode-se também fazer rodízios, onde o funcio-
o contribuinte e é geral e abstrata.”
nário deixa de ser um especialista numa função e começa a ter conheci-
mento de outras atividades, ajudando no entendimento do todo do proces- Para Yves Gandra da Silva Martins, reconhecido tributarista pátrio, e
so e seu objetivo final. A construção de um plano de carreira também é Celso Ribeiro Bastos, renomado constitucionalista:
importante, mas certamente é mais viável em empresas de grande porte.
Seus resultados são de médio a longo prazo. “orçamento é materialmente constitucional, posto que é essencial ao
Estado de Direito, que se constitui na vida fiscal e nos gastos públicos."
Aprendizado: A empresa estimula e proporciona oportunidade de de-
senvolvimento profissional para os funcionários. A empresa não passa da Entretanto, em que pese essas divergências de ordem doutrinária, é
fase de apenas cobrar qualificação do quadro funcional, mas passa a indiscutível reconhecer que em nosso ordenamento jurídico o orçamento
incentivar. Pode-se fazer isso com cursos internos, auxílio financeiro nos público é uma Lei em sua natureza, conforme estatui a própria Constitui-
estudos (faculdade, curso de línguas, cursos profissionalizantes específi- ção Federal de 1988 em seus arts. 165 e seguintes.
cos, etc.). Pode ser implantado com divulgação de uma nova política de
Daí que, para nós não resta dúvida de que o orçamento é lei em sen-
valorização dos funcionários incentivando aos estudos, tem um reflexo
tido formal, posto que previsto na lei maior de nosso ordenamento e que
muito bom, e seus resultados podem ser de curto prazo.
atende os requisitos do processo legislativo tratado no art. 59 da Consti-
Critérios para recrutamento, seleção, promoção de empregados. Os tuição Federal de 1988. Logo o orçamento é uma lei ordinária temporária,
tipos de pessoas que são contratadas e os que têm sucesso são aqueles haja vista ser elaborada para vigorar num determinado exercício financei-
que aceitam e comportam-se de acordo com os valores da organização. É ro, que entre nós é de um ano, conforme preceitua o art. 34 da Lei n.
fundamental não ter o favoritismo de algumas pessoas, onde o caráter 4.320, de 17 de março de 1964.
paternalista, pode ser visto muito fortemente em empresas familiares
acontecer tornando a organização desacreditada internamente. Aplica-se
com um recrutamento e seleção feita por profissionais qualificados, onde PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS
são buscados profissionais que se encaixam com o perfil da vaga e os
objetivos da organização. Seu retorno é de longo prazo. O orçamento público surgiu para atuar como instrumento de controle
É importante porém ressaltar que antes de qualquer atitude deve-se das atividades financeiras do governo. Entretanto, para real eficácia desse
primeiramente fazer um diagnóstico da atual cultura da organização, para controle, toma-se necessário que a constituição orgânica do orçamento se
poder assim fazer um plano de ação e finalmente executa-lo e controla-lo. vincule a determinadas regras, as quais se acham inseridas nos princípios
orçamentános.

Aplicação das ferramentas citadas Divergem os doutrinadores na fixação dos princípios orçamentários,
sendo que na nossa concepção, os principais são:
Os mecanismos acima citados, realmente podem ser aplicados, e são
formas de fazer com que a organização mude sua cultura corporativa, Anualidade: de conformidade com o princípio da anualidade, também
claro que se deve observar o tamanho e a estrutura de cada empresa e denominado princípio da periodicidade, as previsões de receita e despesa
adaptar a ferramenta conforme sua situação. devem referir-se, sempre a um período limitado de tempo (um ano), se-
gundo os arts. 48, II; 165, III, § 50e art. 166 da Constituição Federal. O
A mudança da cultura certamente começa de cima para baixo, e po-
período de vigência do orçamento denomina-se exercício financeiro.
dem e devem ser executadas pela Diretoria (CEO). Os gerentes interme-
diários, supervisores, ou chefes de departamentos, devem obrigatoriamen- No Brasil, de acordo com o art. 34 da Lei n. 4.320, de 17 de março de
te fazer parte do processo, ou etapas como a de comunicação não funcio- 1964, o exercício financeiro coincide com o ano civil , que se inicia em
nariam, é seu papel também incentivar as mudanças propostas, é por eles primeiro de janeiro e termina em trinta e um de dezembro.
que as instruções normalmente chegam, e se falhar nessa etapa todo o
processo pode vir por água abaixo. Unidade: segundo esse princípio o orçamento deve ser uno, isto é,
deve existir apenas um orçamento e não mais que um para cada exercício
Dessa forma conclui-se que apenas com a integração de todos é pos- financeiro. Busca-se com esse princípio eliminar a existência de orçamen-
sível fazer com que se mude a cultura de uma organização. tos paralelos.
"Só existem duas maneiras de mudar a cultura de uma organização: Assim, o orçamento deve estar contido numa só peça, contemplando
mudando as pessoas ou mudando de pessoas." todos os poderes e os respectivos órgãos da administração direta e indire-
http://www.rhportal.com.br/artigos/wmview.php?idc_cad=582qebocp ta (art. 165, § 5º, da Constituição Federal de 1988).
Universalidade: por esse princípio, a peça orçamentária deve conter
todas as receitas e todas as despesas referentes aos Poderes da União,
seus fundos. órgãos e entidades da administração direta e indireta, já que
3. Conhecimentos básicos em Adminis- o orçamento tem por escopo o planejamento de todas as despesas e
tração Financeira: fundamentos e téc- receitas públicas (art. 165, § 5º, II, III, Constituição Federal de 1988).
nicas; orçamento e controle de custos Exclusividade: consoante o princípio da exclusividade, o orçamento
deve conter apenas matéria orçamentária e não cuidar de assuntos estra-
nhos, o que aliás, está previsto no art. 165, § 8º, da Constituição Federal.
NATUREZA JURÍDICA A exceção, a este princípio fica por conta da autorização para abertura de
Grassa notória divergência entre os doutrinadores no pertinente em créditos suplementares e a contratação de empréstimos, como se vê no
se estabelecer a natureza jurídica do orçamento, alguns destacados dispositivo constitucional citado.

Conhecimentos Específicos 50

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Especificação: também denominado princípio da especialização, es- obedecidos as regras já estabelecidas no PPA, tratando-se, também,
te princípio tem por objetivo as autorizações globais, ou seja, que as como o PPA, de um orçamento-programa, não operativo.
despesas devem ser classificadas de modo preciso, claro e detalhado. Igualmente, a LDO, disporá sobre as alterações da legislação
Dessa forma as despesas e receitas orçamentárias devem ser discrimina- tributária e estabelecerá a política de apresentação das agências
das por unidade administrativa e por elementos. Nos moldes do art. 15 da financeiras oficiais de fomento, ex vi do art. 165, § 2º da Constituição
Lei 11. 4.320, de 17 de março de 1964, entende se por elementos, o Federal de 1988.
desdobramento da despesa com pessoal, material, serviços, etc.
A LDO, na verdade, corresponde a um pré-orçamento, já que cabelhe,
Publicidade: define esse princípio que o conteúdo orçamentário deve previamente, proceder a indicação das prioridades e dos critérios para
ser divulgado (publicado) através dos veículos oficiais de comunicação feitura do orçamento anual (LOA).
para o conhecimento público e para a eficácia de sua validade, o que é
princípio exigido para todos os atos oficiais do governo, preconizado no O encaminhamento do projeto da LDO ao Legislativo se fará até oito
caput do meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro, sendo
devolvido para sanção ao Executivo, até o encerramento do primeiro
art. 37, e art. 165, § 3º. da (Constituição Federal de 1998, e mais período da Sessão Legislativa, conforme dispõe o art. 35, § 20, II, do Ato
recentemente na Lei de Responsabilidade Fiscal. Enfim, deve o das Disposições Constitucionais Transitórias — ADCT.
orçamento ser público e notório). A Lei de Responsabilidade Fiscal em seu art. 4º estabelece que a Lei
Equilíbrio: pelo princípio do equilíbrio se entende que, em cada de Diretrizes além de atender o disposto no § 2º do art. 165, da
exercício financeiro, o montante da despesa não deve ultrapassar a Constituição Federal de 1988, disporá também sobre equilíbrio entre
receita prevista para o período. O equilíbrio é considerado, por muitos receitas e despesas, critérios e formas de limitação de empenho, normas
doutrina-dores, como uma regra não rígida, embora a ideia de equilibrar relativas ao controle de custos e avaliação dos resultados dos programas
receitas e despesas continue ainda sendo perseguida a médio ou longo financiados com recursos dos orçamentos e também um anexo de metas
prazo. Urna razão fundamentada para defender esse princípio é a fiscais, o qual integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias.
convicção de que ele constitui o único meio de limitar o crescimento dos Lei Orçamentária anual: com previsão no art. 165, III § 5º da
gastos governamentais. Com o recente advento da Lei de Constituição Federal de 1988, a Lei Orçamentária Anual (LOA) ou
Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n. 101 de 4.5.2000), exigindo simplesmente o orçamento anual, é um instrumento utilizado para estimar
equilíbrio orçamentário, foi elevada em nível de obrigação legal, a ser a receita e fixar a despesa, evidenciando a política econômico-financeira e
observada pelos administradores públicos, pelo menos no Brasil. o programa de trabalho do Governo, estabelecidos no PPA e na LDO,
ESPÉCIES DE ORÇAMENTO obedecendo ainda aos princípios orçamentários, e precipuamente, às
Três são os tipos de orçamento previstos na Carta Magna de 1988, a recentes disposições da Lei de Responsabilidade Fiscal.
saber: A Constituição Federal determina que a Lei Orçamentária Anual
compreenderá o orçamento fiscal, de seguridade social e de investimento
Plano Plurianual: o primeiro tipo de orçamento estatuído na das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria
Constituição Federal de 1988, em seu art. 165, I, e § 1º, é o Plano do capital social com direito a voto. No concernente ao Processo
Plurianual (PPA). O mesmo trata-se de um orçamento-programa. de Legislativo, o projeto de Lei Orçamentária Anual deverá ser encaminhado
médio prazo, com duração de quatro anos, iniciando sua contagem no ao Congresso Nacional para apreciação, na forma do disposto no art. 166
segundo ano de cada mandato governamental e estendendo a sua e seus paragrafos da Constituição Federal.
vigência até o primeiro ano do mandato subsequente, de modo a
proporcionar a continuidade da Administração Pública. Em que pese o princípio orçamentário da unidade, a Constituição
Federal de 1988 estabelece que a LO ou Lei de Orçamento Anual, será
Trata-se de uni plano, onde são planejadas e ordenadas as ações composta de três orçamentos, a saber:
governamentais, visando alcançar os objetivos e metas fixados pelos
governos Federal, Distrital, Estadual e Municipal. Primus: o orçamento fiscal, referente aos três poderes do Estado
(Legislativo, Executivo e Judiciário), bem como aos fundos, órgãos e enti-
Ex vi da Constituição Federal, a lei que instituir o PPA estabelecerá de dades da Administração direta e indireta, autárquica e fundacional;
forma regionalizada, as diretrizes, objetivas e metas da Administração Secundus:o orçamento de investimento das empresas em que o
Pública para as despesas de investimentos e as inversões financeiras e Estado (União, Distrito Federal, Estados e Municípios) tenham
outras de natureza correlata, dispondo ainda sobre os programas de participação na maioria do capital social, com direito a voto;
duração continua da, conforme dispõe o art. 12, § 5º, da Lei n. 4.320, de
17 de março de 1964. Tertius:o orçamento da seguridade social, que abrange todas as
entidades e os órgãos a ela vinculados, da administração direta e indireta,
Há que salientar, por oportuno, que a teor do art. 167, § 1º da bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos com o dinheiro
Constituição Federal de 1988, nenhum investimento cuja execução público.
ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem a prévia
inclusão no PPA, ou em lei específica que autorize a inclusão, sob pena Dessa forma a Lei de Orçamento Anual é um orçamento, com o qual
de responsabilidade criminal do governante. os Poderes Públicos e seus órgãos irão trabalhar durante o exercício
financeiro, prevendo todas as receitas e fixando todos as despesas
A duração do PPA, interpreta-se o art. 165, § 1º da Constituição públicas, de molde a viabilizar o controle gerencial das ações
Federal de 1988, c/c o art. 35, § 2º, I, do ADCT (Ato das Disposições governamentais.
Constitucionais Transitórias), sendo que o plano plurianual, deverá ser
enviado ao Legislativo até 4 (quatro) meses antes do encerramento do
primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento
da Sessão Legislativa. O CICLO ORÇAMENTÁRIO

Lei de Diretrizes Orçamentárias: o art. 165, § 2º, da Constituição Segundo Heilio Kohama
Federal preceitua que as diretrizes orçamentárias serão instituídas por lei “o ciclo orçamentário, que é a sequência das etapas desenvolvidas
de iniciativa do Poder Executivo. Esta lei compreende as metas e priori- pelo processo orçamentário, estão consubstanciodas em elaboração,
dades da Administração Pública Federal, Distrital, Estadual e Municipal, estudo e aprovação, execução e avaliação”.
tendo por finalidade nortear a elaboração dos orçamentos anuais dos
entes políticos. Por orçamento anual, aqui, compreende-se aqueles, Elaboração: consiste no estabelecimento de objetivos que possam
porventura preconizados no art. 165, § 5º, I, II e III, da Constituição ser alcançados naquele período, levando-se em conta os recursos
Federal de 1988, quais sejam: orçamento fiscal; orçamento de necessá rios à sua execução. Ex: recursos financeiros; recursos materiais;
investimentos das empresas e o orçamento da seguridade social, recursos humanos etc.

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Cada unidade da Administração Pública, fará propostas parciais, em a) dotaçôes para pessoal e seus encargos;
formulário próprio, devendo conter detalhamento das despesas realizadas b)serviço da dívida;
no exercício anterior; a despesa para o exercício em que a proposta esta
sendo elaborada e a despesa para o exercício a que a proposta esta se c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e
referindo. O departamento contábil ou de arrecadação é o responsável por Distrito Federal; ou
organizar os demonstrativos das receitas arrecadadas para que sirvam III.sejam relacionadas:
como base para a proposta de orçamento, levando-se em consideração e
a)com a correção de erros ou omissões; ou
demonstrativo da arrecadação dos últimos 3 (três) anos (art. 30 da Lei
n.4.320/64). b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.
O Poder Executivo Federal deverá enviar o projeto de lei orçamentária § 4º As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentarias
até 31 de agosto; sendo que, cm regra geral, os demais entes federados não poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano
obedecem esta data limite. Contudo, se houver previsão nas Constituições plurianual.
Estaduais, ou nas Leis Orgânicas Municipais, esse limite poderá ser
Se a proposta orçamentária for aprovada pelo Poder Legislativo, a
ampliado.
mesma será enviada ao Poder Executivo para a sanção ou veto do seu
A proposta orçamentária, segundo o art. 22 da Lei n. 4.320, de 17 de Chefe.
março de 1964, deverá conter: Execução: esta se caracteriza na mobilização de recursos humanos,
Art. 22. A proposta orçamentária, que o Poder Executivo encaminhará materiais e financeiros para que sejam alcançados os objetivos propostos.
ao Poder Legislativo nos prazos estabelecidos nas constituições e nas A execução orientar-se-á no orçamento aprovado.
Leis Orgânicas dos Municípios, compor-se-á de:
Avaliação: tem como função orientar a execução do orçamento.
I. Mensagem, que conterá: exposição circunstanciada da situação Nesta fase ressalta-se a importância dos sistemas contábil e estatístico,
econômico-financeira, documentada com demonstração da divida fundada de modo a exercer a controladoria da gestão financeira. Assim, através
e flutuante, saldos de créditos especiais, restos a pagar e outros das informações obtidas junto a todos os setores da Administração
compromissos financeiros exigíveis; exposição e justificação da política Pública, o órgão encarregado do exercício do controle interno, deve
econômico-financeira do Governo; justificação da receita e despesa, parti- proceder uma avaliação dos objetivos fixados nas Leis Orçamentárias
cularmente no tocante ao orçamento de capital; (PPA – LDO – LOA), diagnosticando, prontamente, as modificações e os
problemas surgidos quando de sua execução.
II. Projeto de Lei de Orçamento;
Esta avaliação, que na prática utiliza-se de dados obtidos junto à
III.Tabelas explicativas, das quais, além das estimativas de receita e contabilidade e o planejamento estatístico da Administração Pública, deve
despesa, constarão, cm colunas distintas e para fins de comparação: ser feita de forma ativa e simultânea, de modo a permitir o acompanha-
a.a receita arrecadada nos três últimos exercícios anteriores àquele mento da execução orçamentária e o conhecimento da composição
em que se elaborou a proposta; patrimonial, através de demonstrativos, cuja análise possibilitará a tomada
de decisões por parte dos dirigentes estatais.
b.a receita prevista para o exercício em que se elabora a proposta;
e. a receita prevista para o exercício a que se refere a proposta; A propósito, convém trazer à lume, os ensinamentos de KOHAMA,
para quem: “A constatação do que realiza, e do que deixar de fazer, como
d.a despesa realizada no exercício imediatamente anterior; é obvio, restringir-se somente ao julgamento a posteriori. A avaliação deve
e.a despesa fixada para o exercício em que se elabora a proposta; ser ativa, desempenhar um papel importante como orientadora da
f. a despesa prevista para o exercício a que se refere a proposta. execução fixar em bases consistentes as futuras programações, por isso
esta fase é simultânea à execução, e a informação que fornece deve estar
IV. Especificação dos programas especiais de trabalho, custeados por disponível quando dela se necessitar".
dotações globais, em termos de metas visadas, decompostas em esti-
É oportuno destacar, também, que esta avaliação é de vital
mativa do custo das obras a realizar e dos serviços a prestar, acompa-
importância para a condução dos negócios públicos, tanto que a Lei de
nhadas de justificação econômica, financeira, social e administrativa.
Responsabilidade Fiscal, estabelece normas de gestão, que obrigam os
Parágrafo único. Constará da proposta orçamentária, para cada Administradores Públicos a procederem demonstrativos periódicos, de
unidade administrativa, descrição sucinta de suas principais finalidades, molde a publicizar a avaliação da execução orçamentária.
com indicação da respectiva legislação.
O PROCESSO ORÇAMENTÁRIO BRASILEIRO
Estudo e aprovação: Esta fase é exclusiva do Poder Legislativo, RÓBISON GONÇALVES DE CASTRO
onde o orçamento será discutido, sendo, posteriormente, devolvido ao
Poder Executivo.
Oart. 32 da Lei 4.320, de 17 de março de 1964, esclarece que: Consultor de Orçamento do Senado Federal

Art. 32. Se não receber a proposta orçamentária no prazo fixado nas O ciclo orçamentário, também conhecido como processo orçamentá-
Constituições ou nas Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder Legislativo rio, pode ser definido como um processo de caráter contínuo e simultâneo,
considerará como proposta a Lei de Orçamento vigente. através do qual se Elabora, Aprova, Executa, Controla e Avalia a pro-
gramação de dispêndios do setor público nos aspectos físico e financeiro.
Ao se discutir a proposta orçamentária, se o Poder Legislativo, quiser Logo, o ciclo orçamentário corresponde ao período de tempo em que se
propor emendas, as mesmas só serão aprovadas se observados o processam as atividades típicas do orçamento público, desde sua concep-
disposto no art. 166, § 3º I, II e III, e § 4º da Constituição Federal de 1988. ção até a apreciação final.
Art. 166. (omissis) Este conceito terá um alcance ainda mais amplo se incluir todos os
demais instrumentos previstos além do orçamento propriamente dito, que
§ 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos
é apenas uma etapa detalhada da execução do plano plurianual, comple-
que o modifiquem somente serão aprovadas caso:
mentado por planos nacionais, regionais e setoriais, e cujas diretrizes
I. Sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias orientam a sua elaboração e execução.
orçamentárias;
Tudo se passa de acordo com uma concepção abrangente, sistemáti-
II.Indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os prove- ca e continuada, a que se pode denominar planejamento. No Brasil, a
nientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre: filosofia que permeia o planejamento governamental é a da orientação
indicativa, consoante o texto da Constituição Federal.

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É fácil, assim, perceber como o ciclo orçamentário não se confunde É importante que a programação financeira que se realiza no âmbito
com o exercício financeiro, este bem mais restrito, de duração rigorosa- de cada setor da Administração Pública e que reflete a expressão financei-
mente definida e representado por etapas sucessivas e não superpostas. ra das metas físicas seja procedida respondendo as seguintes indaga-
ções:
O ciclo orçamentário envolve um período muito maior que o exercí-
cio financeiro, uma vez que abrange todas as fases do processo orçamen- O que? Definindo o que deve ser realizado por indicação do Plano
tário: elaboração da proposta, discussão e aprovação, execução e acom- Plurianual e com a priorização estabelecida na Lei de Diretrizes Orçamen-
panhamento e, por fim, controle e avaliação do orçamento. tárias.
Exercício financeiro é o espaço de tempo compreendido entre pri- Para que? Indicando os objetivos que serão perseguidos com a ação.
meiro de janeiro e trinta e um de dezembro de cada ano, no qual se pro-
move a execução orçamentária e demais fatos relacionados com as Quanto? Estabelecendo a dimensão física da ação, ou seja, as metas
variações qualitativas e quantitativas que afetam os elementos patrimoni- e volumes de trabalho necessários para realizar a ação.
ais dos órgãos/entidades do setor público. Quando? Correspondendo ao cronograma de execução, à realização
O art. 34 da Lei nº 4.320/64 determina que o exercício financeiro coin- da despesa.
cidirá com o ano civil. O art. 35 desse mesmo dispositivo legal dispõe que Como? Definindo metodologias para a realização das ações. Diz res-
“...pertencem ao exercício financeiro as receitas nele arrecadadas e as peito à combinação dos recursos necessários à viabilização das ações.
despesas nele legalmente emprenhadas.” É o Regimento Misto da
Contabilidade Pública, de Caixa para as Receitas e de Competência Quem? Referindo-se a quem será o responsável pela execução; cuja
para as Despesas. resposta será dada no nível setorial. A responsabilidade pela execução
dos projetos e/ou das atividades será da unidade gestora do recurso.
Considerando ser a peça orçamentária o documento que define todo
ELABORAÇÃO DA PROPOSTA o processo de gestão dos recursos públicos, devem ser contemplados, na
Esta fase é de responsabilidade essencialmente do Poder Executivo, fase de elaboração orçamentária, todos os elementos que facilitem a
e deve ser compatível com os planos e diretrizes já submetidos ao Legis- análise sob os aspectos da eficiência e da eficácia dos projetos.
lativo. Nessa linha, a fase de elaboração da proposta requer o exercício pa-
Naturalmente, os Poderes Legislativo e Judiciário, e o Ministério Pú- ralelo da programação da despesa orçamentária, a qual se propõe atender
blico têm autonomia para a elaboração de suas propostas, dentro das às seguintes etapas:
condições e limites já estabelecidos pelos planos e diretrizes (nos últimos – estabelecimento das diretrizes gerais do Governo, observados os
anos, as Leis de Diretrizes Orçamentárias têm definido os parâmetros das programas do PPA;
despesas dos Poderes Legislativo e Judiciário e Ministério Público, se- – quantificação dos recursos financeiros;
gundo Grupo de Natureza e Despesa – GND). – transmissão das diretrizes gerais e do plano de trabalho de cada
Ministério/Órgão aos níveis menores de sua competência;
O Órgão Central do Sistema de Orçamento (MOG/SOF) fixa parâme- – elaboração pelos níveis menores (Unidades Orçamentárias ou Admi-
tros a serem adotados no âmbito de cada Órgão/Unidade Orçamentária. nistrativas) do seu programa de trabalho (projetos / atividades / ope-
Há dois níveis de compatibilização e consolidação: o primeiro, que decorre rações especiais) evidenciando para cada ação:
das discussões entre as unidades de cada Órgão; o segundo, já no âmbito - objetivos a alcançar;
do Órgão Central do Sistema de Orçamento, entre os vários órgãos da - metas e fases a serem atingidas;
Administração Pública. - recursos humanos, materiais, financeiros e institucionais necessá-
Disto resulta a proposta consolidada, que o Presidente da República rios;
encaminha, anualmente, ao Congresso Nacional. - custos unitários;
Entende-se assim porque a iniciativa em matéria orçamentária é do - unidades de mensuração utilizadas;
Poder Executivo e a competência é do Legislativo. Esta seria privativa – compatibilização do programa de trabalho em nível superior do órgão
se o projeto de lei não tivesse de retornar à sanção do Presidente da (SPO dos Ministérios Civis ou órgãos equivalentes do Ministério da
República. Defesa e outros);
– revisão ou recomendação para ampliar ou reduzir as metas propostas
Vale notar que antes da etapa de elaboração da proposta orçamentá- face às prioridades ou limitações financeiras; e
ria, o Órgão Central de Orçamento indica o volume de dispêndios coerente – consolidação da proposta orçamentária (SOF/MOG).
com a participação do Setor Público no PIB e a previsão de arrecadação
elaborada pela Secretaria da Receita Federal. As últimas Leis de Diretri-
zes Orçamentárias trazem em seu texto metas de resultados primários, Cabe destacar, ainda, que o Poder Executivo, para fins de elaboração
em função do PIB, a serem observadas quando da elaboração da propos- da Proposta Orçamentária, vale-se, anualmente, das instruções contidas
ta de orçamento. no Manual Técnico de Orçamento, MTO-02, cujo objetivo é orientar os
O volume de dispêndios assim estabelecido determinará a quantifica- participantes do processo, notadamente quanto ao uso do Sistema Inte-
ção da demanda financeira e servirá para formular o limite da expansão ou grado de Dados Orçamentos - SIDOR II.
retração da despesa.
As informações preliminares à elaboração da proposta orçamentária,
Os recursos financeiros serão determinados em função dos seguintes têm origem nas bases operacionais da estrutura dos sistemas. As Unida-
fatores: des Gestoras, Administrativas ou Orçamentárias, em seus níveis operaci-
– comportamento da arrecadação tributária; onais, dão o ponto de partida para a elaboração da proposta orçamentária
com o oferecimento das propostas parciais que serão consolidadas pelo
– política de endividamento; e Órgão Setorial do respectivo Ministério/Órgão, a Coordenação-Geral de
– participação das fontes internas e externas no financiamento das Orçamento e Finanças – COF ou órgãos equivalentes. Esses Órgãos
despesas. Setoriais, por seu lado, procedem, até o final de julho de cada exercício,
No processo de programação, busca-se uma igualdade entre a de- ao ajuste e compatibilização da proposta do setor com as Políticas e
manda e a oferta financeira, quando da consolidação das propostas Diretrizes globais e setoriais do governo (estabelecidas nos planos nacio-
setoriais (princípio do equilíbrio entre receitas e despesas públicas). nais, regionais e setoriais, na Lei de Diretrizes Orçamentárias e no Plano
Plurianual).
Na consolidação das propostas, nos níveis central ou setoriais, pode-
se conduzir a alterações nos dispêndios ou nas disponibilidades financei- Vale salientar que integram as propostas parciais, além das Unidades
ras. Orçamentárias da Administração direta, as entidades da Administração

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indireta e os Fundos, inclusive das empresas em que a União detenha, – ofertar escola de qualidade para todos;
direta ou indiretamente, a maioria do capital social com direito a voto, – assegurar o acesso e a humanização do atendimento na saúde;
desde que integrem o orçamento. – combater a fome;
– reduzir a mortalidade infantil;
– erradicar o trabalho infantil degradante e proteger o trabalhador
O PLANO PLURIANUAL adolescente;
– assegurar os serviços de proteção à população mais vulnerável à
O Plano Plurianual – PPA foi instituído pela Constituição Federal de exclusão social;
1988 (art. 165, I e § 1º), vindo a substituir os anteriores Orçamentos – promover o desenvolvimento integrado do campo;
Plurianuais de Investimentos. A competência para remetê-lo ao Congresso – melhorar a qualidade de vida nas aglomerações urbanas e regiões
Nacional é privativa do Presidente da República, pois, de acordo com o metropolitanas;
art. 84, Inciso XXIII, da CF, compete privativamente ao Presidente da – ampliar a oferta de habitações e estimular a melhoria das moradias
República enviar ao Congresso Nacional o Plano Plurianual, o projeto de existentes;
Lei de Diretrizes Orçamentárias e as propostas de orçamento previstas na – ampliar os serviços de saneamento básico e de saneamento ambien-
Constituição. No seio do Parlamento, a proposta de Plano Plurianual tal das cidades;
poderá receber emendas, apresentadas na Comissão Mista de Planos, – melhorar a qualidade do transporte e do trânsito urbanos;
Orçamentos Públicos e Fiscalização, onde receberão parecer, que após – promover a cultura para fortalecer a cidadania;
votado na Comissão, será apreciado pelo Congresso Nacional na forma – promover a garantia dos direitos humanos;
do Regimento Comum. – garantir a defesa nacional como fator de consolidação da democracia
O Presidente da República poderá remeter mensagem ao Congresso e do desenvolvimento;
Nacional, propondo modificações no Projeto de PPA, enquanto não inicia- – mobilizar governo e sociedade para a redução da violência.
da a votação, na Comissão Mista, da parte cuja alteração é proposta. Metas: foram estabelecidas em cada programa previsto no plano para
A lei que instituir o PPA estabelecerá, por regiões, as diretrizes, obje- o atingimento dos objetivos.
tivos e metas da Administração Pública para as despesas de capital e Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financei-
outras delas decorrentes, bem assim aquelas relativas aos programas de ro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no PPA, ou em lei que autorize
duração continuada (mais de um exercício financeiro). a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade.
Diretrizes são orientações ou princípios que nortearão a captação, O projeto de PPA, para vigência até o final do primeiro exercício fi-
gestão e gastos de recursos durante o período, com vistas a alcançar os nanceiro do mandato presidencial subsequente, será encaminhado até
objetivos de Governo no período do Plano. quatro meses antes do término do primeiro exercício financeiro e devolvi-
Objetivos consistem na discriminação dos resultados que se preten- do para sanção até o encerramento da sessão legislativa.
de alcançar com a execução das ações governamentais que permitirão a Cabe à lei complementar dispor sobre a vigência, os prazos, a elabo-
superação das dificuldades diagnosticadas. ração e a organização do PPA. Essa lei complementar ainda não foi
Metas são a tradução quantitativa dos objetivos. promulgada, portanto ainda estão em vigor as regras estatuídas no art. 35,
§ 2º, I do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, transcritos no
Observação: O conceito de despesas de capital pode ser encontrado parágrafo anterior.
no Módulo acerca de despesa pública.
O PPA não é imutável no seu período de vigência. Lei específica, com
A título de exemplo, a proposta de Plano Plurianual para o período a mesma tramitação descrita supra, poderá alterá-lo, conforme já ocorrido.
2000-2003 estabeleceu o seguinte:
Diretrizes Estratégicas:
– consolidar a estabilidade econômica com crescimento sustentado; A LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS – LDO
– promover o desenvolvimento sustentável voltado para a geração de É, também, criação da Constituição de 1988. O Presidente da Repú-
empregos e oportunidades de renda; blica deve enviar o projeto anual de LDO até oito meses e meio antes do
– combater a pobreza e promover a cidadania e a inclusão social; encerramento do exercício financeiro (15 de abril). O Congresso Nacional
– consolidar a democracia e a defesa dos direitos humanos; deverá devolvê-lo para sanção até o encerramento do primeiro período da
– reduzir as desigualdades inter-regionais; sessão legislativa, que não será interrompida sem a aprovação do projeto
– promover os direitos de minorias vítimas de preconceito e discrimina- (art. 57 § 2º da CF).
ção.
No Congresso, o projeto de LDO poderá receber emendas, desde que
Macro Objetivos: compatíveis com o plano plurianual, que serão apresentadas na Comissão
– criar um ambiente macroeconômico favorável ao crescimento susten- Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização – CMPOF, onde
tado; receberão parecer, sendo apreciadas pelas duas casas na forma do
– sanear as finanças públicas; regimento comum.
– elevar o nível educacional da população e ampliar a capacitação O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso
profissional; Nacional para propor modificações no projeto de LDO, enquanto não
– atingir US$ 100 bilhões de exportação até 2002; iniciada a votação na CMPOF, da parte cuja alteração é proposta.
– aumentar a competitividade do agronegócio;
– desenvolver a indústria do turismo; Constarão da Lei de Diretrizes Orçamentárias:
– desenvolver a indústria cultural; – as metas e prioridades da Administração Pública federal, incluindo as
– promover a modernização da infra-estrutura e melhoria dos serviços despesas de capital para o exercício subsequente;
de telecomunicações, energia e transportes; – as orientações a serem seguidas na elaboração do orçamento do
– promover a reestruturação produtiva com vistas a estimular a compe- exercício subsequente;
tição no mercado interno; – os limites para elaboração das propostas orçamentárias de cada
– ampliar o acesso aos postos de trabalho e melhorar a qualidade do Poder;
emprego; – disposições relativas às despesas com pessoal (art. 169 da CF);
– melhorar a gestão ambiental; – disposições relativas às alterações na legislação tributária; e
– ampliar a capacidade de inovação; – disposições relativas à administração da dívida pública; e
– fortalecer a participação do país nas relações econômicas internacio- – política da aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.
nais; – Anexo de metas fiscais
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– anexo de riscos fiscais EVOLUÇÃO DO ORÇAMENTO
A LDO é o instrumento propugnado pela Constituição, para fazer a Orçamento Clássico ou Tradicional
transição entre o PPA (planejamento estratégico) e as leis orçamentárias
anuais. Antes do advento da Lei nº 4.320, de 17/3/64, o orçamento utilizado
pelo Governo Federal era o orçamento tradicional. O orçamento clássico
se caracterizava por ser um documento de previsão de receita e de autori-
zação de despesas, estas classificadas segundo o objeto de gasto e
OS ASPECTOS CONSTITUCIONAIS E A INTER-RELAÇÃO PLA- distribuídas pelos diversos órgãos, para o período de um ano. Em sua
NO/ORÇAMENTO elaboração não se enfatizava, primordialmente, o atendimento das neces-
No atual modelo orçamentário brasileiro existe estreita conexão entre sidades da coletividade e da Administração; tampouco se destacavam os
Planejamento e Orçamento, formando assim, um binômio inseparável. objetivos econômicos e sociais.
Para os estudiosos da área, distribuição de recursos é Política Públi- A maior deficiência do orçamento tradicional consistia no fato de que
ca e deve ter por base o entrelaçamento entre Planejamento / Orçamen- ele não privilegiava um programa de trabalho e um conjunto de objetivos a
to / Implementação. Esse entrosamento, no caso brasileiro, teve seu atingir. Assim, dotava um órgão qualquer com as dotações suficientes
marco inicial com o advento da Lei nº 4.320/64, que pretendeu instituir o para pagamento de pessoal e compra de material de consumo e perma-
Orçamento-Programa, instrumento de alocação de recursos com ênfase nente para o exercício financeiro. Os órgãos eram contemplados no
não no objeto de gasto, mas no seu objetivo. orçamento, sobretudo de acordo com o que gastavam no exercício anteri-
or e não em função do que se pretendia realizar (inercialidade).
De todos os problemas da economia brasileira, um dos mais eviden-
tes tem sido a ausência de planejamento de longo prazo. Os modelos
afetados por longos períodos de inflação alta tornam-se estéreis no campo Orçamento de Desempenho ou de Realizações
do planejamento, situação essa que compromete a continuidade dos
programas e projetos, ensejando o que se costuma chamar, nas palavras O orçamento clássico evoluiu para o orçamento de desempenho ou
de Peter Drucker, de “era da descontinuidade”. de realizações, onde se buscava saber “as coisas que o governo faz e não
as coisas que o governo compra”.
Ainda no dizer de Peter Drucker, “o planejamento de longo prazo não
trata de ações futuras; mas da futuridade das atuais decisões”. Assim, saber o que a Administração Pública compra tornou-se menos
relevante do que saber para que se destina a referida aquisição. O orça-
É emergencial, portanto, que se persiga a continuidade da estabilida- mento de desempenho, embora já ligado aos objetivos, não poderia,
de econômica e de fundamental importância a adoção de planos de longo ainda, ser considerado um orçamento-programa, visto que lhe faltava uma
prazo, seriamente implementados, cujos instrumentos gerenciadores característica essencial, que era a vinculação ao Sistema de Planejamen-
devem ser os Orçamentos Gerais da União, tecnicamente conhecidos to.
como Orçamentos-Programa Anuais, orientados pelas Leis de Diretrizes
Orçamentárias. Este conceito está sendo implementado com a proposta Orçamento-Programa
de Plano Plurianual para o período de 2000-2003, cujo grande trunfo
reside na introdução do modelo de Gerenciamento de Programas, que A adoção do orçamento-programa na esfera federal foi efetivada em
permite padronizar a linguagem do PPA e da LOA (Lei Orçamentária 1964, a partir da edição da Lei nº 4.320. O Decreto-Lei nº 200, de 23/2/67,
Anual). menciona o orçamento-programa como plano de ação do Governo Fede-
ral, quando, em seu art. 16, determina: “em cada ano será elaborado um
Nota-se, portanto, a proposital abrangência dessa plano que, em últi- orçamento-programa que pormenorizará a etapa do programa plurianual a
ma análise, objetiva propiciar as ações necessárias, tanto em despesas de ser realizado no exercício seguinte e que servirá de roteiro à execução
investimento quanto em despesas de custeio, para que se possa priorizar coordenada do programa anual”.
a solução dos problemas de maior amplitude e relevância para a socieda-
de. O orçamento-programa está intimamente ligado ao Sistema de Plane-
jamento e aos objetivos que o Governo pretende alcançar, durante um
A Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO tem por principal função o período determinado de tempo.
estabelecimento dos parâmetros necessários à alocação dos recursos no
orçamento anual, de forma a garantir, dentro do possível, a realização das O Orçamento-programa pode ser definido como sendo “um plano de
metas e objetivos contemplados nos programas do plano plurianual. trabalho expresso por um conjunto de ações a realizar e pela identificação
dos recursos necessários à sua execução”. Como se observa, o orçamen-
É papel da LDO ajustar as ações de governo, previstas no PPA, às to-programa não é apenas documento financeiro, mas, principalmente,
reais possibilidades de caixa do Tesouro. instrumento de operacionalização das ações do governo, viabilizando seus
projetos/atividades/operações especiais em consonância com os planos e
A LDO é, na realidade, a cartilha de balizamento que direciona e ori- diretrizes estabelecidos, oferecendo destaque às seguintes vantagens:
enta o preparo do Orçamento da União, o qual deve estar, para sua apro-
vação, em plena consonância com as disposições do Plano Plurianual. a) melhor planejamento de trabalho;
b) maior precisão na elaboração dos orçamentos;
CONCEITO DE ORÇAMENTO c) melhor determinação das responsabilidades;
O orçamento é um processo contínuo, dinâmico e flexível, que traduz, d) maior oportunidade para redução dos custos;
em termos financeiros, para determinado período, os planos e programas
de trabalho, ajustando o ritmo de execução ao fluxo de recursos previstos, e) maior compreensão do conteúdo orçamentário por parte do Execu-
de modo a assegurar a contínua e oportuna liberação desses recursos. tivo, do Legislativo e do público;

Para Aliomar Baleeiro, o orçamento público “é o ato pelo qual o Poder f) facilidade para identificação de duplicação de funções;
Executivo prevê e o Poder Legislativo lhe autoriza, por certo período, e em g) melhor controle da execução do programa;
pormenor, a execução das despesas destinadas ao funcionamento dos
serviços públicos e outros fins adotados pela política econômica ou geral h) identificação dos gastos e realizações por programa e sua compa-
do país, assim como a arrecadação das receitas já criadas em lei.” ração em termos absolutos e relativos;

René Stourn entende: “O Orçamento do Estado é o ato contendo a i) apresentação dos objetivos e dos recursos da instituição e do inter-
aprovação prévia das Receitas e Despesas Públicas”, “para um período relacionamento entre custos e programas; e
determinado”, como arrematou o Prof. Amaro Cavalcanti. j) ênfase no que a instituição realiza e não no que ela gasta.
Conhecimentos Específicos 55

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a) Orçamento Tradicional x Orçamento-Programa 166 da Constituição, hoje composta por 84 (oitenta e quatro) membros
titulares, sendo 63 (sessenta e três) Deputados e 21 (vinte e um) Senado-
O Orçamento Tradicional res (Resolução nº 2 de 1995-CN).
– não é baseado em uma programação; O Presidente da Comissão designa o Relator-Geral. A este caberá
submeter à Comissão um parecer preliminar, em que são fixados parâme-
– distribui recursos segundo os objetos de gasto (pessoal, material de
tros que orientarão a elaboração dos relatórios parciais e setoriais, inclusi-
consumo, etc.);
ve quanto à formulação de emendas.
– força os diferentes setores públicos a pressionarem a Administração Os relatórios setoriais são discutidos e votados no âmbito das Sub-
superior em busca de maiores recursos; comissões. Ao Relator-Geral compete adequar os pareceres setoriais
– conduz os responsáveis superiores a procederem a cortes indiscrimi- aprovados em cada Subcomissão, vedada qualquer modificação, ressal-
nados no montante dos recursos solicitados, no intuito de adequar a vadas as alterações por ele propostas e aprovadas pelo Plenário da
despesa à estimativa de receita ou a superestimarem as receitas, pa- Comissão, bem como as decorrentes de destaques aprovados pela Co-
ra atender às pressões nas despesas; missão.
O Relatório-Geral é discutido e votado pelo Plenário da Comissão e,
– não incentiva a busca da economicidade por parte do administrador, posteriormente, submetido ao Plenário do Congresso Nacional.
já que não possui mecanismos de controle de custos dos produtos
oferecidos. Aprovada a redação final, o projeto é então encaminhado à sanção do
Presidente da República. A devolução para sanção deve ocorrer até o
encerramento da sessão legislativa.
O Orçamento-Programa Por conseguinte, a sessão não poderia ser encerrada sem a aprova-
ção e o encaminhamento do projeto de lei orçamentária ao Executivo.
– atribui recursos para o cumprimento de determinados objetivos e
metas; e não para um conjunto de compras e pagamentos;
– atribui responsabilidade ao administrador; SANÇÃO E VETO

– permite interdependência e conexão entre os diferentes programas do O Presidente da República terá 15 (quinze) dias úteis, a contar da da-
trabalho; ta do recebimento do projeto, para sancioná-lo. Poderá também vetá-lo,
no todo ou em parte, comunicando o fato em 48 (quarenta e oito) horas ao
– permite mobilizar recursos com razoável antecedência; Presidente do Senado Federal, expondo seus motivos.
– permite identificar duplicidade de esforços; O silêncio importa sanção.
– permite o controle de custos dos produtos oferecidos pelo governo à Na ocorrência de veto, ele será apreciado em sessão conjunta, dentro
sociedade. de 30 (trinta) dias de seu recebimento. Não havendo deliberação, o veto
Observação: Na teoria, o orçamento-programa estabelece os objeti- será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as de-
vos como critério para alocação de recursos. Na prática brasileira, o mais proposições, até sua votação final, com exceção das medidas provi-
compromisso com a tradição orçamentária tem consumido a maior parte sórias.
dos recursos. Para que o veto seja rejeitado, isto é, para que se restabeleça o texto
b) Elaboração do Orçamento-Programa aprovado originalmente pelo Plenário, é necessária maioria absoluta dos
Deputados e Senadores, em escrutínio secreto.
Identificam-se, na elaboração de um orçamento-programa, algumas
fases nítidas e necessárias, quais sejam: Se o veto for derrubado, o projeto será enviado, para promulgação, ao
Presidente da República.
1. Determinação da situação identificação dos problemas existentes.
No caso de o Presidente não promulgar a lei – nas hipóteses de silen-
2. Diagnóstico da situação identificação das causas que concorrem ciar até 48 (quarenta e oito) horas após sua aprovação ou derrubada de
para o aparecimento dos problemas. veto – cabe ao Presidente do Senado e, em igual prazo, ao seu Vice-
Presidente, fazê-lo.
3. Apresentação das soluções: identificação das alternativas viáveis
para solucionar os problemas. Ressalte-se que a publicação da lei e, portanto, sua entrada em vigor
só se dará com a sanção pelo Presidente da República ou a promulgação
4. Estabelecimento das prioridades: ordenamento das soluções
pelo Presidente ou Vice-Presidente do Senado.
encontradas.
NATUREZA JURÍDICA DO ORÇAMENTO
5. Definição dos objetivos: estabelecimento do que se pretende fazer
e o que se conseguirá com isso. Há um processo, todo especial, de elaboração legislativa em relação
ao orçamento, como vimos. O Executivo apresenta a proposta orçamentá-
6. Determinação das tarefas: identificação das ações necessárias para
ria ao Legislativo e, ao aprová-la, é remetida novamente ao Chefe do
atingir os objetivos.
Executivo, que a transforma em lei.
7. Determinação dos recursos: arrolamento dos meios: recursos
A discussão sobre a Natureza Jurídica do Orçamento recai, exata-
humanos, materiais, técnicos, institucionais e serviços de terceiros
mente, nesta situação:
necessários.
que tipo de lei ele traz consigo? Qual a origem desta lei?
8. Determinação dos meios financeiros: expressão monetária dos
recursos alocados. Convém ressaltar, desde logo, que no sentido formal o Orçamento
proporciona o surgimento de uma lei, pois ela estará submetida a um
O custo financeiro necessário para utilizar os recursos que necessi-
processo de elaboração legislativa, como as demais outras normas, ao ser
tam ser mobilizados.
sancionado o projeto de lei receberá um número de lei, numeração que
obedece ao critério cronológico, é objeto de sanção, sujeitando-se, ainda,
à sua publicação pela Imprensa Oficial. O Orçamento, portanto, é lei em
DISCUSSÃO E VOTAÇÃO DA PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA seu sentido formal, isto é, textual.
No Legislativo, o projeto é encaminhado à Comissão Mista de Planos, Apesar deste entendimento generalizado, em seu sentido material,
Orçamentos Públicos e Fiscalização, a que se refere o parágrafo 1º do art. vale dizer, no seu conteúdo, os autores dividem sua opinião.

Conhecimentos Específicos 56

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APOSTILAS OPÇÃO
Carvalho de Mendonça, citado por Alberto Deodato, está “entre os Sua abertura depende da existência de recursos disponíveis para
que não definem como lei, justifica a sua posição, dizendo que os atos acorrer à despesa e será precedida de exposição justificativa.
orçamentários não têm as condições de generalidade, constância ou
permanência que dão cunho à verdadeira lei; não encerram declaração de É autorizado por lei, e aberto por decreto do Poder Executivo.
direito; e não são mais do que medidas administrativas tomadas com A Lei de Orçamento Anual poderá conter autorização para que o Po-
intervenção do aparelho legislativo”. der Executivo abra créditos suplementares (somente) até determinada
Léon Duguit pensa que o orçamento de gastos não é mais que um ato importância.
administrativo, enquanto que o de recursos, nos países onde impera o b) Crédito Especial
princípio da anualidade dos impostos, contém regras legislativas materiais.
É destinado às despesas para as quais não haja dotação orçamentá-
Para a perfeita compreensão da matéria devemos entendê-la da se- ria específica na Lei de Meios. O crédito especial cria novo item de despe-
guinte maneira: sa, para atender a um objetivo não previsto no orçamento.
a) há, em nosso ordenamento jurídico várias leis que se aplicam aos Sua abertura depende da existência de recursos disponíveis para
comportamentos sociais, independentemente da vontade de quem quer acorrer à despesa e será precedida de exposição justificativa.
que seja, onde chamaríamos estas lei de “atos-regras”. Exemplo: uma
autoridade policial, ao tomar conhecimento da ocorrência de uma infração É autorizado por lei e aberto por decreto do Poder Executivo.
penal, digamos, um estelionato, sem que ninguém lhe peça, ela instaura a Se a lei de autorização do crédito for promulgada nos últimos quatro
máquina judicial, com a abertura do Inquérito Policial. Esta função decorre meses do exercício, poderá ser reaberto no exercício seguinte, nos limites
de um “atoregra”, imperativo de sua função; de seu saldo, sendo incorporado ao orçamento do exercício financeiro
b) há, ainda, em nosso ordenamento jurídico várias leis, ou dispositi- subsequente.
vos de leis, que, para serem aplicadas aos comportamentos sociais, c) Crédito Extraordinário
dependem da manifestação de vontade de algumas pessoas; estas nor-
mas jurídicas são chamadas de “atos-subjetivos”, uma vez que dependem, É destinado a atender despesas urgentes e imprevisíveis, como as
muito mais, da vontade (limitada por alguns interesses) da pessoa, do que decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública.
da vontade do Estado. Assim, nos crimes de Ação Penal Privada: a auto-
Caracteriza-se assim:
ridade policial chegou, mesmo, a ver (seria uma testemunha ocular dos
fatos) a infração, contudo, ela nada pode fazer, enquanto a parte interes- a) pela imprevisibilidade do fato, que requer ação urgente do Poder
sada não manifestar a sua vontade de instauração do Inquérito Policial. É Público;
uma norma jurídica advinda de um “ato-subjetivo”;
b) por não decorrer de planejamento e, pois, de orçamento.
c) muitas leis, contudo, não se auto-aplicam, ou mesmo, não se apli-
cam pela simples vontade, sem que tenha ocorrido uma situação, que dê Independem da existência prévia de recursos disponíveis.
eficácia à sua aplicação futura. Gaston Jeze chama esta situação de “ato- Abertos por Medida Provisória.
condição”, pois, “a competência dos agentes administrativos para poder
cobrar dito impostos nasce das respectivas leis atributivas dessa compe- Se a abertura do crédito for promulgada nos últimos quatro meses do
tência, e o orçamento não é mais do que um “ato-condição”, sem conter o exercício, poderá ser reaberto no exercício seguinte, nos limites de seu
princípio geral, impessoal e obrigatório, próprio de toda lei.” Isto significa saldo, sendo incorporado ao orçamento do exercício financeiro subse-
que não bastam as leis anteriores que criam os tributos, não bastam as quente.
leis que criam uma despesa, para o Estado poder cobrar ou poder des- Consideram-se recursos disponíveis para fins de abertura de créditos
pender. É imprescindível que toda a receita e despesa, para sua realiza- suplementares e especiais, além da reserva de contingência:
ção, constem da Lei Orçamentária Anual, fornecendo-nos o dogma da
anualidade. I - O superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício
anterior;
Em comunhão com o pensamento doutrinário, encontramos a nossa
Constituição, em vários dispositivos, adotando a noção da necessidade, II - Os provenientes do excesso de arrecadação;
tanto da receita como da despesa, figurar na lei orçamentária, ressalva-
III - Os resultados de anulação parcial ou total de dotações orçamen-
das, algumas situações.
tárias ou de créditos adicionais autorizados em lei; e
CRÉDITOS ADICIONAIS
IV - O produto de operações de crédito autorizados em forma que ju-
São as autorizações de despesas não computadas ou insuficiente- ridicamente possibilite ao Poder Executivo realizá-las.
mente dotadas na lei de orçamento. Em outras palavras, podemos consi-
Entende-se por:
derar os créditos adicionais como instrumentos de ajustes orçamentários,
que visam atender às seguintes situações: corrigir falhas da Lei de Meios; Superávit financeiro – a diferença positiva entre o ativo financeiro e o
mudanças de rumo das políticas públicas; variações de preço de mercado passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos dos créditos adicio-
dos bens e serviços a serem adquiridos pelo governo; e situações emer- nais transferidos e as operações de crédito a eles vinculadas;
genciais inesperadas e imprevisíveis.
Excesso de arrecadação – o saldo positivo das diferenças, acumula-
São classificados em: das mês a mês, entre a arrecadação prevista e a realizada, considerando-
– suplementares; se, ainda, a tendência do exercício, excluída a importância dos créditos
– especiais; extraordinários abertos no exercício.
– extraordinários.
Por fim, o ato que abrir o crédito adicional indicará a importância, a
a) Crédito Suplementar espécie do mesmo e a classificação da despesa, até onde for possível.
É destinado ao reforço de dotação orçamentária já existente. EXECUÇÃO DA DESPESA PÚBLICA
Utilizados quando os créditos orçamentários são ou se tornam insufi- A despesa pública é executada em três estágios: empenho, liquidação
cientes (como, por exemplo, aumento de um insumo utilizado pelo gover- e pagamento.
no).
O primeiro estágio da despesa pode ser conceituado como prescreve
Estes créditos estão relacionados diretamente ao orçamento, já que o art. 58 da Lei nº 4.320/64: “O empenho da despesa é o ato emanado de
suplementam dotações já existentes. autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento

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APOSTILAS OPÇÃO
pendente ou não de implemento de condição”. O empenho é obrigatório, direito do credor não foi apurado.
não sendo permitida a realização de despesa sem empenho.
Representam, portanto, despesas ainda não-líquidas.
O empenho é prévio, precede a realização da despesa e tem por ob-
jetivo respeitar o limite do crédito orçamentário, como, aliás, o art. 59 da Despesas de exercícios anteriores são as dívidas resultantes de com-
Lei nº 4.320/64 diz: “O empenho da despesa não poderá exceder o limite promissos gerados em exercícios financeiros anteriores àqueles em que
de créditos concedidos”. devem ocorrer os pagamentos, e que não estejam inscritos em Restos a
Pagar, no caso de se referirem ao exercício imediatamente anterior.
A emissão do empenho abate o seu valor da dotação orçamentária to-
tal do programa de trabalho, tornando a quantia empenhada indisponível Poderão ser pagas à conta de despesas de exercícios anteriores,
para nova aplicação. É uma garantia para o fornecedor ou prestador de mediante autorização do ordenador de despesa, respeitada a categoria
serviço contratado pela Administração Pública de que a parcela referente econômica própria:
ao seu contrato foi bloqueada para honrar os compromissos assumidos. a) as despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento
Os empenhos, de acordo com a sua natureza e finalidade, são classi- respectivo consignava crédito próprio com saldo suficiente para atendê-
ficados: em empenho ordinário, empenho estimativa e empenho global. las, que não se tenham processado na época própria; assim entendidas
Entende-se por Nota de Empenho o documento utilizado para fins de aquelas cujo empenho tenha sido considerado insubsistente e anulado no
registro da operação de empenho de uma despesa. encerramento do exercício correspondente, mas que, dentro do prazo
estabelecido, o credor tenha cumprido sua obrigação.
A anulação do empenho da despesa far-se-á também através da Nota
de Empenho, com o mesmo número de vias e destino. As anulações são b) os Restos a Pagar com prescrição interrompida; assim considerada
identificadas pelo código do evento. O valor do empenho anulado reverte a despesa cuja inscrição como Restos a Pagar tenha sido cancelada, mas
à dotação do programa de trabalho, tornando-se novamente disponível ainda vigente o direito do credor; e
para empenho naquele exercício.
c) os compromissos decorrentes de obrigação de pagamento criada
A Liquidação é o segundo estágio da despesa e consiste na verifica- em virtude de lei e reconhecidos após o encerramento do exercício.
ção do direito adquirido pelo credor, tendo por base os títulos e documen-
PROGRAMAÇÃO FINANCEIRA
tos comprobatórios do respectivo crédito (art. 63 da Lei nº 4.320/64). É a
verificação se o contratante cumpriu o implemento de condição. A Secretaria do Tesouro Nacional é o órgão responsável pela admi-
Somente após a apuração do direito adquirido pelo Credor, tendo por nistração e utilização dos recursos que entram nos cofres do Governo
base os documentos comprobatórios do respectivo crédito, ou da comple- Federal, provenientes principalmente dos tributos pagos pelos contribuin-
ta habilitação da entidade beneficiada, a Unidade Gestora providenciará o tes. A atual legislação estabelece como atribuições da STN a elaboração e
imediato pagamento de despesa. É evidente, portanto, que nenhuma execução da programação financeira da União; a administração dos
despesa poderá ser paga sem estar devidamente liquidada. haveres financeiros e mobiliários (títulos), bem como das responsabilida-
des da União; e a execução das operações de crédito e da política de
O pagamento é a última fase da despesa. Este estágio consiste na dívida pública federal, interna e externa, bem como o controle dos limites
entrega de recursos equivalentes à dívida líquida, ao credor, mediante de endividamento do setor público.
ordem bancária. A emissão de Ordem Bancária será precedida de autori-
zação do titular da Unidade Gestora, ou seu preposto, em documento Conforme determina o art. 5º do Decreto nº 93.874, de 23/12/86, a
próprio da Unidade. programação financeira tem por finalidade a formulação de diretrizes para
elaboração das propostas de cronogramas de desembolso, estabeleci-
Denomina-se suprimento de fundos, portanto, a modalidade de pa- mento do fluxo de caixa e fixação de limites de saques periódicos contra a
gamento de despesa permitida em casos excepcionais e somente quando conta do Tesouro Nacional, objetivando:
sua realização não possa subordinar-se ao processo normal de atendi-
mento por via de ordem bancária. a) assegurar às unidades orçamentárias, em tempo oportuno, a soma
de recursos necessários e suficientes à melhor execução do seu programa
Essa modalidade simplificada de execução de despesa consiste na anual de trabalho; e
entrega de numerário a servidor para a realização de despesa precedida
de empenho na dotação própria, que, por sua natureza ou urgência, não b) manter, durante o exercício, na medida do possível, o equilíbrio en-
possa subordinar-se ao processo normal da execução orçamentária e tre a receita arrecadada e a despesa realizada, de modo a reduzir eventu-
financeira. ais insuficiências financeiras.
Consoante o art. 36 da Lei nº 4.320/64, consideram-se Restos a Pa- O Decreto de Programação Financeira tem, entre outras finalidades:
gar, ou resíduos passivos, as despesas empenhadas mas não-pagas
dentro do exercício financeiro, ou seja, até 31 de dezembro (arts. 35 e 67 – adaptar o fluxo financeiro aos diversos programas de trabalho;
do Decreto nº 93.872/86). – manter o equilíbrio entre a receita arrecadada e a despesa realizada
O regime de competência exige que as despesas sejam contabiliza- (sazonalidade da receita);
das conforme o exercício a que pertençam, ou seja, em que foram gera- – permitir às unidades saber de antemão o volume de recursos que
dos. Se uma despesa foi empenhada em um exercício e somente foi paga poderão empenhar e o limite de seus pagamentos.
no seguinte, ela deve ser contabilizada como pertencente ao exercício em
que foi empenhada. Por ter sido realizada no ano anterior, o eventual Compete à Secretaria do Tesouro Nacional aprovar a programação fi-
pagamento da despesa no exercício seguinte deve ser considerado extra- nanceira de desembolso para o exercício, procurando ajustar as necessi-
orçamentário. dades da execução do orçamentoprograma ao fluxo de caixa do Tesouro.
O fluxo de caixa do Tesouro é mais abrangente do que o cronograma de
Conforme sua natureza, as despesas inscritas em Restos a Pagar desembolso, pois ele engloba não só as despesas, mas também as recei-
podem ser classificadas em: processadas e não-processadas. tas do Governo. A programação financeira visa estabelecer um fluxo de
a) São Restos a Pagar processados as despesas em que o credor já caixa mais consentâneo com as políticas fiscal e monetária do governo.
tenha cumprido as suas obrigações, que já tenha entregue o material,
CONTROLE DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA
prestado dos serviços ou executado a etapa da obra, dentro do exercício,
tendo, portanto, direito líquido e certo, e está em condições de pagamento O controle exerce na administração sistêmica papel fundamental no
imediato, ou seja, representam os casos de despesas já liquidadas, fal- desempenho eficaz de qualquer organização. É através dele que detecta-
tando apenas o pagamento. mos eventuais desvios ou problemas que ocorrem durante a execução de
um trabalho, possibilitando a adoção de medidas corretivas para que o
b) São Restos a Pagar não-processados as despesas que dependem,
processo se reoriente na direção dos objetivos traçados pela organização.
ainda, da prestação do serviço ou fornecimento do material, ou seja, cujo

Conhecimentos Específicos 58

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APOSTILAS OPÇÃO
Na Administração Pública a importância do controle foi destacada, Constata-se, desde logo, que, além de serviço de suporte às ativida-
principalmente, com o advento da Reforma Administrativa de 1967. Assim, des de controle externo, ao controle interno cabem as importantes tarefas
o art. 6º do Decreto-Lei nº 200/67 o coloca, ao lado do planejamento, entre de avaliação do cumprimento das metas previstas no Plano Plurianual e
os cinco princípios fundamentais que norteiam as atividades da Adminis- da execução dos programas de governo e dos orçamentos da União,
tração Federal. consoante o disposto no art. 74, da Constituição Federal, que prevê que a
verificação da legalidade dos atos de execução será prévia, concomitan-
Evidentemente, o controle não é fim em si mesmo e, dentro desse es- te e subsequente.
pírito, os controles puramente formais ou cujo custo seja superior ao risco
devem ser abandonados, não só em atendimento ao art. 14 do Decreto- CONTROLE EXTERNO
Lei nº 200, mas também à política de desburocratização do Governo.
O controle externo, consoante o art. 71, da Carta Magna é exercido
A Lei nº 4.320/64 estabelece que o controle da execução orçamentá- pelo Congresso Nacional com o auxílio do Tribunal de Contas da União –
ria e financeira da União, Estados, Municípios e Distrito Federal será TCU, e compreende, dentre outras atividades, a apreciação das contas do
exercido pelos Poderes Legislativo e Executivo, mediante controles exter- Presidente da República, o julgamento das contas dos administradores e
no e interno, respectivamente. demais responsáveis por bens e valores públicos, bem como a legalidade
dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título. O TCU é responsável,
Esse entendimento é reafirmado pelo art. 70 da Constituição, que de- portanto, pelas funções de auxiliar o Congresso Nacional na atividade de
termina: controle externo, apresentando Relatório e Parecer Prévio sobre as
“A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patri- contas do Presidente da República e julgando a regularidade das contas
monial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto dos administradores e demais responsáveis por bens e valores públicos,
à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e através de levantamentos contáveis, relatórios e certificados de auditoria.
renúncia de receitas, será exercida pelo O Presidente da República deverá remeter ao Congresso Nacional,
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas
Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de
relativas ao ano anterior, consoante determina o art. 84, inc. XXIV, da
controle interno de cada Poder.”
Constituição. O Congresso Nacional, por sua vez, encaminhará ao TCU as
De acordo com o que dispõe o art. 75 da Lei nº 4.320/64, o controle contas do Presidente, acompanhadas de demonstrativos elaborados pela
da execução orçamentária compreenderá: STN, para que o Tribunal elabore um Relatório e Parecer Prévio sobre
as contas. O TCU dispõe de sessenta dias para elaborar o citado parecer
I - a legalidade dos atos de que resultem a arrecadação da receita ou e remetê-lo ao Congresso Nacional, para fins de julgamento.
a realização da despesa, o nascimento ou a extinção de direitos e obriga-
ções; O Congresso aprecia as contas dos Três Poderes da União, valendo-
se, fundamentalmente, dos seguintes documentos: Balanço Geral da
II - a fidelidade funcional dos agentes da administração responsáveis União, Relatório e Parecer Prévio do TCU, além do relatório e voto da
por bens e valores público; e Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Con-
III - o cumprimento do programa de trabalho, expresso em termos gresso Nacional.
monetários e em termos de realização de obras e prestação de serviços.
Os dois primeiros itens expressam a preocupação jurídico-legal ou ORÇAMENTO-PROGRAMA
formal do controle, por influência do orçamento tradicional. O inciso I O Orçamento evoluiu ao longo da nossa história, desde o Orçamento
apresenta a abrangência do controle, definindo sua universalidade – todos tradicional, com ênfase no gasto, passando pelo Orçamento de Desempe-
os atos que resultem a arrecadação da receita e a realização da despesa. nho até o que denominamos hoje de Orçamento-programa, com ênfase
Já o inciso II individualiza o objeto do controle, recaindo, desta forma, nas realizações.
sobre cada agente da Administração. O último inciso já demonstra a O Orçamento tradicional era caracterizado apenas por uma simples
preocupação do legislador com o controle do Orçamento-Programa, dado planilha contendo uma projeção de receitas e despesas, a serem executa-
que o objetivo é avaliar o cumprimento das ações constantes do orçamen- das no exercício, com a aquisição de bens e serviços públicos. Havia
to – programas de trabalho –, avaliando a realização de obras e prestação ênfase no gasto, e não nas realizações que um Governo pretendia execu-
de serviços. tar. Não havia um planejamento de ações, visando a minimizar ou solucio-
nar um problema do Estado, como a Educação, a Saúde, etc, com objeti-
CONTROLE INTERNO
vos, propósitos, programas, custos ou, até mesmo, medidas de desempe-
As atividades de controle encontram-se disseminadas em todo o cor- nho para avaliar estas ações. Era apenas um documento formal, indicando
po da Administração Federal, devendo ser exercidas em todos os níveis e o que o Governo iria comprar durante o ano, sem qualquer ligação com
através não só de um órgão específico mas também das chefias compe- um processo de planejamento ou funções que o Estado deveria desempe-
tentes e dos próprios órgãos de cada sistema, conforme determina o art. nhar. Apenas dotava os órgãos de recursos para pagamentos de materiais
13 do Decreto-Lei nº 200/67. A coordenação dessas atividades no Poder ou pessoal, sem se importar com os objetivos econômicos ou sociais.
Executivo, entretanto, está legalmente atribuída à Secretaria Federal de No Orçamento de desempenho, houve uma tentativa de se melhorar o
Controle Interno do Ministério da Fazenda – SFC, órgão integrante do processo orçamentário, buscando-se saber onde o Governo gastava o
Sistema de Controle Interno do Poder . recurso. Ou seja, tentou-se, de alguma forma, não apenas projetar recei-
tas e despesas, mas saber onde se estava gastando e porque se estava
O Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal tem as se- gastando o recurso. Em que pese este orçamento ter representado uma
guintes finalidades: evolução do orçamento tradicional, ainda não poderia ser considerado um
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no Plano Plurianual, a orçamento programa, tendo em vista que lhe faltava uma característica
execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; primordial: a vinculação do orçamento a um sistema de planejamento
público.
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e O Orçamento-programa, criado no Brasil pelo Decreto-Lei nº 200/67,
à eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e consagrou a integração entre o planejamento e o orçamento público, uma
nas entidades da Administração Pública Federal, bem como da aplicação vez que, com o seu advento, surgiu a necessidade de se planejar as
de recursos públicos por entidades de direito privado; ações, antes de executar o Orçamento. Era preciso, antes de fixar as
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, despesas ou distribuir as receitas, saber quais as reais deficiências ou
bem como dos direitos e haveres da União; necessidades da população e categorizar as ações necessárias visando à
correção ou minimização dos problemas. A ênfase no orçamento-
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. programa eram as realizações, ou seja, interessava o que o governo
realizava.

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APOSTILAS OPÇÃO
Orçamento Base Zero: O Orçamento base zero foi um sistema parale- PLANEJAMENTO NO ORÇAMENTO-PROGRAMA
lo criado no Texas – EUA e não representou uma evolução do orçamento,
como os outros, mas uma simples variação no método de planejamento A adoção do orçamento-programa na esfera federal foi efetivada em
naquele país, onde não existiam direitos adquiridos sobre verbas anteri- 1964, a partir da edição da Lei nº 4.320. O Decreto-Lei nº 200, de 23/2/67,
ormente concedidas. No final de cada período orçamentário, os programas menciona o orçamento-programa como plano de ação do Governo Fede-
existentes eram tecnicamente “zerados” no seu valor, o que obrigava os ral, quando, em seu art. 16, determina: “em cada ano será elaborado um
órgãos envolvidos a novas demonstrações de custos e benefícios com orçamento-programa que pormenorizará a etapa do programa plurianual a
vistas à priorização, concorrendo por verbas programas em fase de exe- ser realizado no exercício seguinte e que servirá de roteiro à execução
cução avançada com aqueles iniciados no novo período. coordenada do programa anual”.
A Classificação Funcional Programática representou um grande avan- O orçamento-programa está intimamente ligado ao Sistema de Plane-
ço na técnica de apresentação orçamentária. Ela permitia a vinculação jamento e aos objetivos que o Governo pretende alcançar, durante um
das dotações orçamentárias a objetivos de governo. Os objetivos são período determinado de tempo.
viabilizados pelos Programas de Governo. Esse enfoque permite uma
O Orçamento-programa pode ser definido como sendo “um plano de
visão de "o que o governo faz", o que tem um significado bastante diferen-
trabalho expresso por um conjunto de ações a realizar e pela identificação
ciado do enfoque tradicional, que visualiza "o que o governo compra".
dos recursos necessários à sua execução”. Como se observa, o orçamen-
Os programas, na classificação funcional-programática, eram desdo- to-programa não é apenas documento financeiro, mas, principalmente,
bramentos das funções básicas de governo. Faziam a ligação entre os instrumento de operacionalização das ações do governo, viabilizando seus
planos de longo e médio prazos e representam os meios e instrumentos projetos/atividades/operações especiais em consonância com os planos e
de ação, organicamente articulados para o cumprimento das funções. Os diretrizes estabelecidos, oferecendo destaque às seguintes vantagens:
programas geralmente representam os produtos finais da ação governa-
a) melhor planejamento de trabalho;
mental. Esse tipo de orçamento é denominado Orçamento-Programa.
b) maior precisão na elaboração dos orçamentos;
No Brasil, o Orçamento-Programa está estruturado em diversas cate-
gorias programáticas, ou níveis de programação, que representam objeti- c) melhor determinação das responsabilidades;
vos da ação governamental em diversos níveis decisórios. d) maior oportunidade para redução dos custos;
• Um rol de funções, representando objetivos mais gerais: o maior nível e) maior compreensão do conteúdo orçamentário por parte do Execu-
de agregação das ações, de modo a refletir as atribuições permanen- tivo, do Legislativo e do público;
tes do Governo.
f) facilidade para identificação de duplicação de funções;
• Um rol de subfunções, como meios e instrumentos de ações organi-
g) melhor controle da execução do programa;
camente articulados para o cumprimento das funções. Uma subfun-
ção agrega vários programas. h) identificação dos gastos e realizações por programa e sua compa-
ração em termos absolutos e relativos;
• Um rol de programas, com projetos, atividades e operações especiais
representando ações específicas, como subprodutos destes progra- i) apresentação dos objetivos e dos recursos da instituição e do inter-
mas. relacionamento entre custos e programas; e

Em síntese: j) ênfase no que a instituição realiza e não no que ela gasta.


a) Orçamento Tradicional x Orçamento-Programa
• As funções representam as áreas de atuação do Governo, divididas
em subfunções; O Orçamento Tradicional
• Os programas representam os objetivos que se pretende alcançar e – não é baseado em uma programação;
estão articulados às funções e subfunções; – distribui recursos segundo os objetos de gasto (pessoal, material de
• Os projetos e atividades representam os meios de alcançar os objeti- consumo, etc.);
vos dos programas. – força os diferentes setores públicos a pressionarem a Administração
O orçamento-programa está intimamente ligado ao sistema de plane- superior em busca de maiores recursos;
jamento e aos objetivos que o governo pretende alcançar. É um plano de – conduz os responsáveis superiores a procederem a cortes indiscrimi-
trabalho expresso por um conjunto de ações a realizar e pela identificação nados no montante dos recursos solicitados, no intuito de adequar a
dos recursos necessários. A ênfase é nos objetivos a realizar. As caracte- despesa à estimativa de receita ou a superestimarem as receitas, pa-
rísticas principais do Orçamento-Programa são: ra atender às pressões nas despesas;
• Evolução do orçamento tradicional, vinculando-o ao planejamento. – não incentiva a busca da economicidade por parte do administrador,
já que não possui mecanismos de controle de custos dos produtos
• Melhor controle, identificação das funções, da situação, das soluções, oferecidos.
objetivos, recursos, etc - ênfase no que se realiza e não no que se
gasta. O Orçamento-Programa

O Planejamento no Brasil, estruturado pelo Orçamento-Programa, – atribui recursos para o cumprimento de determinados objetivos e
surgiu concomitantemente ao próprio surgimento do Orçamento-Programa metas; e não para um conjunto de compras e pagamentos;
no Decreto-lei nº 200/67. Eram princípios básicos do DL 200/67: – atribui responsabilidade ao administrador;
• Plano geral de Governo; – permite interdependência e conexão entre os diferentes programas do
trabalho;
• Programas gerais, setoriais e regionais de duração plurianual;
– permite mobilizar recursos com razoável antecedência;
• Orçamento-programa anual;
– permite identificar duplicidade de esforços;
• Programação financeira de desembolso.
– permite o controle de custos dos produtos oferecidos pelo governo à
• Planejamento, coordenação, controle, descentralização, delegação de sociedade.
competência. Observação: Na teoria, o orçamento-programa estabelece os objeti-
Autor: Gilberto Casagrande Sant’anna
vos como critério para alocação de recursos. Na prática brasileira, o
Conhecimentos Específicos 60

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APOSTILAS OPÇÃO
compromisso com a tradição orçamentária tem consumido a maior parte Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusi-
dos recursos. ve as de operações de crédito autorizadas em lei.
b) Elaboração do Orçamento-Programa Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo as ope-
rações de credito por antecipação da receita, as emissões de papel-
Identificam-se, na elaboração de um orçamento-programa, algumas moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo financeiros .
fases nítidas e necessárias, quais sejam: (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
1. Determinação da situação identificação dos problemas existentes. Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas próprias
dos órgãos do Governo e da administração centralizada, ou que, por
2. Diagnóstico da situação identificação das causas que concorrem intermédio deles se devam realizar, observado o disposto no artigo 2°.
para o aparecimento dos problemas.
Art. 5º A Lei de Orçamento não consignará dotações globais destina-
3. Apresentação das soluções: identificação das alternativas viáveis das a atender indiferentemente a despesas de pessoal, material, serviços
para solucionar os problemas. de terceiros, transferências ou quaisquer outras, ressalvado o disposto no
artigo 20 e seu parágrafo único.
4. Estabelecimento das prioridades: ordenamento das soluções
encontradas. Art. 6º Todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento
pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções.
5. Definição dos objetivos: estabelecimento do que se pretende fazer § 1º As cotas de receitas que uma entidade pública deva transferir a
e o que se conseguirá com isso. outra incluir-se-ão, como despesa, no orçamento da entidade obrigada a
6. Determinação das tarefas: identificação das ações necessárias para transferência e, como receita, no orçamento da que as deva receber.
atingir os objetivos. § 2º Para cumprimento do disposto no parágrafo anterior, o calculo
das cotas terá por base os dados apurados no balanço do exercício ante-
7. Determinação dos recursos: arrolamento dos meios: recursos
rior aquele em que se elaborar a proposta orçamentária do governo obri-
humanos, materiais, técnicos, institucionais e serviços de terceiros
gado a transferência. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
necessários.
Art. 7° A Lei de Orçamento poderá conter autorização ao Executivo
8. Determinação dos meios financeiros: expressão monetária dos para:
recursos alocados.
I - Abrir créditos suplementares até determinada importância obedeci-
O custo financeiro necessário para utilizar os recursos que necessi- das as disposições do artigo 43; (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
tam ser mobilizados. II - Realizar em qualquer mês do exercício financeiro, operações de
crédito por antecipação da receita, para atender a insuficiências de caixa.
LEI No 4.320, DE 17 DE MARÇO DE 1964. § 1º Em casos de déficit, a Lei de Orçamento indicará as fontes de re-
cursos que o Poder Executivo fica autorizado a utilizar para atender a sua
Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle cobertura.
dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do § 2° O produto estimado de operações de crédito e de alienação de
Distrito Federal. bens imóveis somente se incluirá na receita quando umas e outras forem
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a se- especificamente autorizadas pelo Poder Legislativo em forma que juridi-
guinte Lei; camente possibilite ao Poder Executivo realizá-las no exercício.
§ 3º A autorização legislativa a que se refere o parágrafo anterior, no to-
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR cante a operações de crédito, poderá constar da própria Lei de Orçamento.
Art. 1º Esta lei estatui normas gerais de direito financeiro para elabo- Art. 8º A discriminação da receita geral e da despesa de cada órgão
ração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos do Governo ou unidade administrativa, a que se refere o artigo 2º, § 1º,
Municípios e do Distrito Federal, de acordo com o disposto no art. 5º, incisos III e IV obedecerá à forma do Anexo n. 2.
inciso XV, letra b, da Constituição Federal.
§ 1° Os itens da discriminação da receita e da despesa, mencionados
TÍTULO I nos artigos 11, § 4°, e 13, serão identificados por números de códigos
Da Lei de Orçamento decimal, na forma dos Anexos ns. 3 e 4.
CAPÍTULO I
Disposições Gerais § 2º Completarão os números do código decimal referido no parágrafo
Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e des- anterior os algarismos caracterizadores da classificação funcional da
pesa de forma a evidenciar a política econômica financeira e o programa despesa, conforme estabelece o Anexo n. 5.
de trabalho do Governo , obedecidos os princípios de unidade universali- § 3° O código geral estabelecido nesta lei não prejudicará a adoção
dade e anualidade. de códigos locais.
§ 1° Integrarão a Lei de Orçamento:
CAPÍTULO II
I - Sumário geral da receita por fontes e da despesa por funções do Da Receita
Governo;
Art. 9º Tributo e a receita derivada instituída pelas entidades de direito
II - Quadro demonstrativo da Receita e Despesa segundo as Catego-
publico, compreendendo os impostos, as taxas e contribuições nos termos
rias Econômicas, na forma do Anexo nº. 1;
da constituição e das leis vigentes em matéria financeira, destinado-se o
III - Quadro discriminativo da receita por fontes e respectiva legisla- seu produto ao custeio de atividades gerais ou especificas exercidas por
ção; essas entidades (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
IV - Quadro das dotações por órgãos do Governo e da Administra-
Art. 10. (Vetado).
ção.
§ 2º Acompanharão a Lei de Orçamento: Art. 11 - A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômi-
cas: Receitas Correntes e Receitas de Capital. (Redação dada pelo De-
I - Quadros demonstrativos da receita e planos de aplicação dos fun-
creto Lei nº 1.939, de 20.5.1982)
dos especiais;
II - Quadros demonstrativos da despesa, na forma dos Anexos ns. 6 a 9; § 1º - São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições,
patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as
III - Quadro demonstrativo do programa anual de trabalho do Governo
provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de
, em termos de realização de obras e de prestação de serviços.

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direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classifi- II - subvenções econômicas, as que se destinem a empresas públicas
cáveis em Despesas Correntes. (Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, ou privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril.
de 20.5.1982) § 4º Classificam-se como investimentos as dotações para o planeja-
§ 2º - São Receitas de Capital as provenientes da realização de re- mento e a execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de
cursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em imóveis considerados necessários à realização destas últimas, bem como
espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de para os programas especiais de trabalho, aquisição de instalações, equi-
direito público ou privado, destinados a atender despesas classificáveis pamentos e material permanente e constituição ou aumento do capital de
em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente. empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro.
(Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de 20.5.1982) § 5º Classificam-se como Inversões Financeiras as dotações destina-
das a:
§ 3º - O superávit do Orçamento Corrente resultante do balanceamen-
to dos totais das receitas e despesas correntes, apurado na demonstração I - aquisição de imóveis, ou de bens de capital já em utilização;
a que se refere o Anexo nº 1, não constituirá item de receita orçamentária. II - aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou en-
(Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de 20.5.1982) tidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não
importe aumento do capital;
§ 4º - A classificação da receita obedecerá ao seguinte esquema:
(Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de 20.5.1982) III - constituição ou aumento do capital de entidades ou empresas que
visem a objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações bancárias
RECEITAS CORRENTES ou de seguros.
Receita tributária
Impostos § 6º São Transferências de Capital as dotações para investimentos ou
Taxas inversões financeiras que outras pessoas de direito público ou privado
Contribuições de Melhoria devam realizar, independentemente de contraprestação direta em bens ou
serviços, constituindo essas transferências auxílios ou contribuições,
Receita Patrimonial segundo derivem diretamente da Lei de Orçamento ou de lei especialmen-
Receitas imobiliárias te anterior, bem como as dotações para amortização da dívida pública.
Receitas de valores Mobiliários
Participações e Dividendos Art. 13. Observadas as categorias econômicas do art. 12, a discrimi-
Outras Receitas Patrimoniais nação ou especificação da despesa por elementos, em cada unidade
Receita Industrial administrativa ou órgão de Governo , obedecerá ao seguinte esquema:
Receita de Serviços Industriais DESPESAS CORRENTES
Outras Receitas Industriais
Despesas de Custeio
Transferências Correntes
Receitas Diversas Pessoa Civil
Multas Pessoal Militar
Contribuições Material de Consumo
Cobrança da Dívida Ativa Serviços de Terceiros
Outras Receitas Diversas Encargos Diversos
RECEITAS DE CAPITAL Transferências Correntes
Operações de Crédito
Subvenções Sociais
Alienação de Bens Móveis e Imóveis
Subvenções Econômicas
Amortização de Empréstimos Concedidos
Inativos
Transferências de Capital
Outras Receitas de Capital Pensionistas
Salário Família e Abono Familiar
CAPÍTULO III Juros da Dívida Pública
Da Despesa Contribuições de Previdência Social
Art. 12. A despesa será classificada nas seguintes categorias econô- Diversas Transferências Correntes.
micas: DESPESAS DE CAPITAL
DESPESAS CORRENTES Investimentos
Despesas de Custeio
Transferências Correntes Obras Públicas
Serviços em Regime de Programação Especial
DESPESAS DE CAPITAL
Equipamentos e Instalações
Investimentos Material Permanente
Inversões Financeiras Participação em Constituição ou Aumento de Capital de Empresas ou
Transferências de Capital Entidades Industriais ou Agrícolas
§ 1º Classificam-se como Despesas de Custeio as dotações para ma-
nutenção de serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a Inversões Financeiras
atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis. Aquisição de Imóveis
§ 2º Classificam-se como Transferências Correntes as dotações para Participação em Constituição ou Aumento de Capital de Empresas ou
despesas as quais não corresponda contraprestação direta em bens ou Entidades Comerciais ou Financeiras
serviços, inclusive para contribuições e subvenções destinadas a atender Aquisição de Títulos Representativos de Capital de Empresa em Fun-
à manifestação de outras entidades de direito público ou privado. cionamento
§ 3º Consideram-se subvenções, para os efeitos desta lei, as transfe- Constituição de Fundos Rotativos
rências destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades beneficia- Concessão de Empréstimos
das, distinguindo-se como: Diversas Inversões Financeiras
I - subvenções sociais, as que se destinem a instituições públicas ou Transferências de Capital
privadas de caráter assistencial ou cultural, sem finalidade lucrativa;
Amortização da Dívida Pública

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Auxílios para Obras Públicas SUBSEÇÃO SEGUNDA
Auxílios para Equipamentos e Instalações Das Transferências de Capital
Auxílios para Inversões Financeiras
Outras Contribuições. Art. 21. A Lei de Orçamento não consignará auxílio para investimen-
tos que se devam incorporar ao patrimônio das empresas privadas de fins
Art. 14. Constitui unidade orçamentária o agrupamento de serviços lucrativos.
subordinados ao mesmo órgão ou repartição a que serão consignadas
dotações próprias. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964) Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se às transferências
de capital à conta de fundos especiais ou dotações sob regime excepcio-
Parágrafo único. Em casos excepcionais, serão consignadas dota- nal de aplicação.
ções a unidades administrativas subordinadas ao mesmo órgão.
TÍTULO II
Art. 15. Na Lei de Orçamento a discriminação da despesa far-se-á no Da Proposta Orçamentária
mínimo por elementos. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964) CAPÍTULO I
Conteúdo e Forma da Proposta Orçamentária
§ 1º Entende-se por elementos o desdobramento da despesa com
pessoal, material, serviços, obras e outros meios de que se serve a admi- Art. 22. A proposta orçamentária que o Poder Executivo encaminhará
nistração publica para consecução dos seus fins. (Veto rejeitado no D.O. ao Poder Legislativo nos prazos estabelecidos nas Constituições e nas
05/05/1964) Leis Orgânicas dos Municípios, compor-se-á:
§ 2º Para efeito de classificação da despesa, considera-se material I - Mensagem, que conterá: exposição circunstanciada da situação
permanente o de duração superior a dois anos. econômico-financeira, documentada com demonstração da dívida fundada
e flutuante, saldos de créditos especiais, restos a pagar e outros compro-
SEÇÃO I missos financeiros exigíveis; exposição e justificação da política econômi-
Das Despesas Correntes co-financeira do Governo ; justificação da receita e despesa, particular-
SUBSEÇÃO ÚNICA mente no tocante ao orçamento de capital;
Das Transferências Correntes
II - Projeto de Lei de Orçamento;
I) Das Subvenções Sociais
III - Tabelas explicativas, das quais, além das estimativas de receita e
Art. 16. Fundamentalmente e nos limites das possibilidades financei- despesa, constarão, em colunas distintas e para fins de comparação:
ras a concessão de subvenções sociais visará a prestação de serviços
a) A receita arrecadada nos três últimos exercícios anteriores àquele
essenciais de assistência social, médica e educacional, sempre que a
em que se elaborou a proposta;
suplementação de recursos de origem privada aplicados a esses objeti-
vos, revelar-se mais econômica. b) A receita prevista para o exercício em que se elabora a proposta;
Parágrafo único. O valor das subvenções, sempre que possível, será c) A receita prevista para o exercício a que se refere a proposta;
calculado com base em unidades de serviços efetivamente prestados ou d) A despesa realizada no exercício imediatamente anterior;
postos à disposição dos interessados obedecidos os padrões mínimos de
eficiência previamente fixados. e) A despesa fixada para o exercício em que se elabora a proposta; e
Art. 17. Somente à instituição cujas condições de funcionamento fo- f) A despesa prevista para o exercício a que se refere a proposta.
rem julgadas satisfatórias pelos órgãos oficiais de fiscalização serão IV - Especificação dos programas especiais de trabalho custeados por
concedidas subvenções. dotações globais, em termos de metas visadas, decompostas em estimati-
II) Das Subvenções Econômicas va do custo das obras a realizar e dos serviços a prestar, acompanhadas
de justificação econômica, financeira, social e administrativa.
Art. 18. A cobertura dos déficits de manutenção das empresas públi-
cas, de natureza autárquica ou não, far-se-á mediante subvenções eco- Parágrafo único. Constará da proposta orçamentária, para cada uni-
nômicas expressamente incluídas nas despesas correntes do orçamento dade administrativa, descrição sucinta de suas principais finalidades, com
da União, do Estado, do Município ou do Distrito Federal. indicação da respectiva legislação.
CAPÍTULO II
Parágrafo único. Consideram-se, igualmente, como subvenções eco-
Da Elaboração da Proposta Orçamentária
nômicas:
SEÇÃO PRIMEIRA
a) as dotações destinadas a cobrir a diferença entre os preços de Das Previsões Plurienais
mercado e os preços de revenda, pelo Governo, de gêneros alimentícios Art. 23. As receitas e despesas de capital serão objeto de um Quadro
ou outros materiais; de Recursos e de Aplicação de Capital, aprovado por decreto do Poder
b) as dotações destinadas ao pagamento de bonificações a produto- Executivo, abrangendo, no mínimo um triênio.
res de determinados gêneros ou materiais. Parágrafo único. O Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital se-
rá anualmente reajustado acrescentando-se-lhe as previsões de mais um
Art. 19. A Lei de Orçamento não consignará ajuda financeira, a qual-
ano, de modo a assegurar a projeção contínua dos períodos.
quer título, a empresa de fins lucrativos, salvo quando se tratar de sub-
venções cuja concessão tenha sido expressamente autorizada em lei Art. 24. O Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital abrangerá:
especial. I - as despesas e, como couber, também as receitas previstas em
SEÇÃO II planos especiais aprovados em lei e destinados a atender a regiões ou a
Das Despesas de Capital setores da administração ou da economia;
SUBSEÇÃO PRIMEIRA II - as despesas à conta de fundos especiais e, como couber, as recei-
Dos Investimentos tas que os constituam;
Art. 20. Os investimentos serão discriminados na Lei de Orçamento III - em anexos, as despesas de capital das entidades referidas no Tí-
segundo os projetos de obras e de outras aplicações. tulo X desta lei, com indicação das respectivas receitas, para as quais
forem previstas transferências de capital.
Parágrafo único. Os programas especiais de trabalho que, por sua na-
tureza, não possam cumprir-se subordinadamente às normas gerais de Art. 25. Os programas constantes do Quadro de Recursos e de Apli-
execução da despesa poderão ser custeadas por dotações globais, classi- cação de Capital sempre que possível serão correlacionados a metas
ficadas entre as Despesas de Capital. objetivas em termos de realização de obras e de prestação de serviços.

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Parágrafo único. Consideram-se metas os resultados que se preten- Art. 37. As despesas de exercícios encerrados, para as quais o orça-
dem obter com a realização de cada programa. mento respectivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para
atendê-las, que não se tenham processado na época própria, bem como
Art. 26. A proposta orçamentária conterá o programa anual atualizado os Restos a Pagar com prescrição interrompida e os compromissos reco-
dos investimentos, inversões financeiras e transferências previstos no nhecidos após o encerramento do exercício correspondente poderão ser
Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital. pagos à conta de dotação específica consignada no orçamento, discrimi-
SEÇÃO SEGUNDA nada por elementos, obedecida, sempre que possível, a ordem cronológi-
Das Previsões Anuais ca.
Art. 27. As propostas parciais de orçamento guardarão estrita confor- Art. 38. Reverte à dotação a importância de despesa anulada no
midade com a política econômico-financeira, o programa anual de trabalho exercício, quando a anulação ocorrer após o encerramento deste conside-
do Governo e, quando fixado, o limite global máximo para o orçamento de rar-se-á receita do ano em que se efetivar.
cada unidade administrativa.
Art. 39. Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou
Art. 28 As propostas parciais das unidades administrativas, organiza- não tributária, serão escriturados como receita do exercício em que forem
das em formulário próprio, serão acompanhadas de: arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias. (Redação dada pelo
I - tabelas explicativas da despesa, sob a forma estabelecida no artigo Decreto Lei nº 1.735, de 20.12.1979)
22, inciso III, letras d, e e f;
§ 1º - Os créditos de que trata este artigo, exigíveis pelo transcurso do
II - justificação pormenorizada de cada dotação solicitada, com a indi- prazo para pagamento, serão inscritos, na forma da legislação própria,
cação dos atos de aprovação de projetos e orçamentos de obras públicas, como Dívida Ativa, em registro próprio, após apurada a sua liquidez e
para cujo início ou prosseguimento ela se destina. certeza, e a respectiva receita será escriturada a esse título. (Parágrafo
incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, de 20.12.1979)
Art. 29. Caberá aos órgãos de contabilidade ou de arrecadação orga-
nizar demonstrações mensais da receita arrecadada, segundo as rubricas, § 2º - Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública dessa na-
para servirem de base a estimativa da receita, na proposta orçamentária. tureza, proveniente de obrigação legal relativa a tributos e respectivos
adicionais e multas, e Dívida Ativa não Tributária são os demais créditos
Parágrafo único. Quando houver órgão central de orçamento, essas
da Fazenda Pública, tais como os provenientes de empréstimos compul-
demonstrações ser-lhe-ão remetidas mensalmente.
sórios, contribuições estabelecidas em lei, multa de qualquer origem ou
Art. 30. A estimativa da receita terá por base as demonstrações a que natureza, exceto as tributárias, foros, laudêmios, alugueis ou taxas de
se refere o artigo anterior à arrecadação dos três últimos exercícios, pelo ocupação, custas processuais, preços de serviços prestados por estabele-
menos bem como as circunstâncias de ordem conjuntural e outras, que cimentos públicos, indenizações, reposições, restituições, alcances dos
possam afetar a produtividade de cada fonte de receita. responsáveis definitivamente julgados, bem assim os créditos decorrentes
de obrigações em moeda estrangeira, de subrogação de hipoteca, fiança,
Art. 31. As propostas orçamentárias parciais serão revistas e coorde- aval ou outra garantia, de contratos em geral ou de outras obrigações
nadas na proposta geral, considerando-se a receita estimada e as novas legais. (Parágrafo incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, de 20.12.1979)
circunstâncias.
§ 3º - O valor do crédito da Fazenda Nacional em moeda estrangeira
TÍTULO III será convertido ao correspondente valor na moeda nacional à taxa cambi-
Da elaboração da Lei de Orçamento al oficial, para compra, na data da notificação ou intimação do devedor,
Art. 32. Se não receber a proposta orçamentária no prazo fixado nas pela autoridade administrativa, ou, à sua falta, na data da inscrição da
Constituições ou nas Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder Legislativo Dívida Ativa, incidindo, a partir da conversão, a atualização monetária e os
considerará como proposta a Lei de Orçamento vigente. juros de mora, de acordo com preceitos legais pertinentes aos débitos
tributários. (Parágrafo incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, de 20.12.1979)
Art. 33. Não se admitirão emendas ao projeto de Lei de Orçamento
que visem a: § 4º - A receita da Dívida Ativa abrange os créditos mencionados nos
parágrafos anteriores, bem como os valores correspondentes à respectiva
a) alterar a dotação solicitada para despesa de custeio, salvo quando atualização monetária, à multa e juros de mora e ao encargo de que
provada, nesse ponto a inexatidão da proposta; tratam o art. 1º do Decreto-lei nº 1.025, de 21 de outubro de 1969, e o art.
b) conceder dotação para o início de obra cujo projeto não esteja 3º do Decreto-lei nº 1.645, de 11 de dezembro de 1978. (Parágrafo incluí-
aprovado pelos órgãos competentes; do pelo Decreto Lei nº 1.735, de 20.12.1979)

c) conceder dotação para instalação ou funcionamento de serviço que § 5º - A Dívida Ativa da União será apurada e inscrita na Procuradoria
não esteja anteriormente criado; da Fazenda Nacional. (Parágrafo incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, de
20.12.1979)
d) conceder dotação superior aos quantitativos previamente fixados
em resolução do Poder Legislativo para concessão de auxílios e subven- TÍTULO V
ções. Dos Créditos Adicionais
Art. 40. São créditos adicionais, as autorizações de despesa não
TÍTULO IV
computadas ou insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento.
Do Exercício Financeiro
Art. 41. Os créditos adicionais classificam-se em:
Art. 34. O exercício financeiro coincidirá com o ano civil.
I - suplementares, os destinados a reforço de dotação orçamentária;
Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro:
II - especiais, os destinados a despesas para as quais não haja dota-
I - as receitas nele arrecadadas; ção orçamentária específica;
II - as despesas nele legalmente empenhadas. III - extraordinários, os destinados a despesas urgentes e imprevistas,
em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pública.
Art. 36. Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas
Art. 42. Os créditos suplementares e especiais serão autorizados por
mas não pagas até o dia 31 de dezembro distinguindo-se as processadas
lei e abertos por decreto executivo.
das não processadas.
Art. 43. A abertura dos créditos suplementares e especiais depende
Parágrafo único. Os empenhos que sorvem a conta de créditos com da existência de recursos disponíveis para ocorrer a despesa e será
vigência plurienal, que não tenham sido liquidados, só serão computados precedida de exposição justificativa. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
como Restos a Pagar no último ano de vigência do crédito.

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APOSTILAS OPÇÃO
§ 1º Consideram-se recursos para o fim deste artigo, desde que não Art. 53. O lançamento da receita, o ato da repartição competente, que
comprometidos: (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964) verifica a procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora e
inscreve o débito desta.
I - o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício
anterior; (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964) Art. 54. Não será admitida a compensação da observação de recolher
rendas ou receitas com direito creditório contra a Fazenda Pública.
II - os provenientes de excesso de arrecadação; (Veto rejeitado no
D.O. 05/05/1964) Art. 55. Os agentes da arrecadação devem fornecer recibos das im-
portâncias que arrecadarem.
III - os resultantes de anulação parcial ou total de dotações orçamen-
tárias ou de créditos adicionais, autorizados em Lei; (Veto rejeitado no § 1º Os recibos devem conter o nome da pessoa que paga a soma ar-
D.O. 05/05/1964) recadada, proveniência e classificação, bem como a data a assinatura do
agente arrecadador.(Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
IV - o produto de operações de credito autorizadas, em forma que ju-
ridicamente possibilite ao poder executivo realiza-las. (Veto rejeitado no § 2º Os recibos serão fornecidos em uma única via.
D.O. 05/05/1964)
Art. 56. O recolhimento de todas as receitas far-se-á em estrita obser-
§ 2º Entende-se por superávit financeiro a diferença positiva entre o vância ao princípio de unidade de tesouraria, vedada qualquer fragmenta-
ativo financeiro e o passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos ção para criação de caixas especiais.
dos créditos adicionais transferidos e as operações de credito a eles
Art. 57. Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 3. desta
vinculadas. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
lei serão classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas pró-
§ 3º Entende-se por excesso de arrecadação, para os fins deste arti- prias, todas as receitas arrecadadas, inclusive as provenientes de opera-
go, o saldo positivo das diferenças acumuladas mês a mês entre a arreca- ções de crédito, ainda que não previstas no Orçamento. (Veto rejeitado no
dação prevista e a realizada, considerando-se, ainda, a tendência do D.O. 05/05/1964)
exercício. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
CAPÍTULO III
§ 4° Para o fim de apurar os recursos utilizáveis, provenientes de ex- Da Despesa
cesso de arrecadação, deduzir-se-á a importância dos créditos extraordi-
Art. 58. O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade com-
nários abertos no exercício.(Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
petente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não
Art. 44. Os créditos extraordinários serão abertos por decreto do Po- de implemento de condição. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
der Executivo, que deles dará imediato conhecimento ao Poder Legislati-
Art. 59 - O empenho da despesa não poderá exceder o limite dos
vo.
créditos concedidos. (Redação dada pela Lei nº 6.397, de 10.12.1976)
Art. 45. Os créditos adicionais terão vigência adstrita ao exercício fi-
§ 1º Ressalvado o disposto no Art. 67 da Constituição Federal, é ve-
nanceiro em que forem abertos, salvo expressa disposição legal em
dado aos Municípios empenhar, no último mês do mandato do Prefeito,
contrário, quanto aos especiais e extraordinários.
mais do que o duodécimo da despesa prevista no orçamento vigente.
Art. 46. O ato que abrir crédito adicional indicará a importância, a es- (Parágrafo incluído pela Lei nº 6.397, de 10.12.1976)
pécie do mesmo e a classificação da despesa, até onde for possível.
§ 2º Fica, também, vedado aos Municípios, no mesmo período, assu-
TÍTULO VI mir, por qualquer forma, compromissos financeiros para execução depois
Da Execução do Orçamento do término do mandato do Prefeito. (Parágrafo incluído pela Lei nº 6.397,
CAPÍTULO I de 10.12.1976)
Da Programação da Despesa
§ 3º As disposições dos parágrafos anteriores não se aplicam nos ca-
Art. 47. Imediatamente após a promulgação da Lei de Orçamento e sos comprovados de calamidade pública. (Parágrafo incluído pela Lei nº
com base nos limites nela fixados, o Poder Executivo aprovará um quadro 6.397, de 10.12.1976)
de cotas trimestrais da despesa que cada unidade orçamentária fica
§ 4º Reputam-se nulos e de nenhum efeito os empenhos e atos prati-
autorizada a utilizar.
cados em desacordo com o disposto nos parágrafos 1º e 2º deste artigo,
Art. 48 A fixação das cotas a que se refere o artigo anterior atenderá sem prejuízo da responsabilidade do Prefeito nos termos do Art. 1º, inciso
aos seguintes objetivos: V, do Decreto-lei n.º 201, de 27 de fevereiro de 1967. (Parágrafo incluído
pela Lei nº 6.397, de 10.12.1976)
a) assegurar às unidades orçamentárias, em tempo útil a soma de re-
cursos necessários e suficientes a melhor execução do seu programa Art. 60. É vedada a realização de despesa sem prévio empenho.
anual de trabalho;
§ 1º Em casos especiais previstos na legislação específica será dis-
b) manter, durante o exercício, na medida do possível o equilíbrio en- pensada a emissão da nota de empenho.
tre a receita arrecadada e a despesa realizada, de modo a reduzir ao
§ 2º Será feito por estimativa o empenho da despesa cujo montante
mínimo eventuais insuficiências de tesouraria.
não se possa determinar.
Art. 49. A programação da despesa orçamentária, para feito do dis-
§ 3º É permitido o empenho global de despesas contratuais e outras,
posto no artigo anterior, levará em conta os créditos adicionais e as ope-
sujeitas a parcelamento.
rações extra-orçamentárias.
Art. 61. Para cada empenho será extraído um documento denominado
Art. 50. As cotas trimestrais poderão ser alteradas durante o exercício, "nota de empenho" que indicará o nome do credor, a representação e a
observados o limite da dotação e o comportamento da execução orçamen- importância da despesa bem como a dedução desta do saldo da dotação
tária. própria.
CAPÍTULO II Art. 62. O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado
Da Receita após sua regular liquidação.
Art. 51. Nenhum tributo será exigido ou aumentado sem que a lei o Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito ad-
estabeleça, nenhum será cobrado em cada exercício sem prévia autoriza- quirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios
ção orçamentária, ressalvados a tarifa aduaneira e o imposto lançado por do respectivo crédito.
motivo de guerra.
§ 1° Essa verificação tem por fim apurar:
Art. 52. São objeto de lançamento os impostos diretos e quaisquer ou-
tras rendas com vencimento determinado em lei, regulamento ou contrato. I - a origem e o objeto do que se deve pagar;

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II - a importância exata a pagar; I - a legalidade dos atos de que resultem a arrecadação da receita ou
III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação. a realização da despesa, o nascimento ou a extinção de direitos e obriga-
ções;
§ 2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços
prestados terá por base: II - a fidelidade funcional dos agentes da administração, responsáveis
I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo; por bens e valores públicos;
II - a nota de empenho; III - o cumprimento do programa de trabalho expresso em termos mo-
III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva netários e em termos de realização de obras e prestação de serviços.
do serviço. CAPÍTULO II
Art. 64. A ordem de pagamento é o despacho exarado por autoridade Do Controle Interno
competente, determinando que a despesa seja paga. Art. 76. O Poder Executivo exercerá os três tipos de controle a que se
Parágrafo único. A ordem de pagamento só poderá ser exarada em refere o artigo 75, sem prejuízo das atribuições do Tribunal de Contas ou
documentos processados pelos serviços de contabilidade (Veto rejeitado órgão equivalente.
no D.O. 05/05/1964) Art. 77. A verificação da legalidade dos atos de execução orçamentá-
Art. 65. O pagamento da despesa será efetuado por tesouraria ou pa- ria será prévia, concomitante e subsequente.
gadoria regularmente instituídos por estabelecimentos bancários creden- Art. 78. Além da prestação ou tomada de contas anual, quando institu-
ciados e, em casos excepcionais, por meio de adiantamento. ída em lei, ou por fim de gestão, poderá haver, a qualquer tempo, levan-
Art. 66. As dotações atribuídas às diversas unidades orçamentárias tamento, prestação ou tomada de contas de todos os responsáveis por
poderão quando expressamente determinado na Lei de Orçamento ser bens ou valores públicos.
movimentadas por órgãos centrais de administração geral. Art. 79. Ao órgão incumbido da elaboração da proposta orçamentária
Parágrafo único. É permitida a redistribuição de parcelas das dota- ou a outro indicado na legislação, caberá o controle estabelecido no inciso
ções de pessoal, de uma para outra unidade orçamentária, quando consi- III do artigo 75.
derada indispensável à movimentação de pessoal dentro das tabelas ou Parágrafo único. Esse controle far-se-á, quando for o caso, em termos
quadros comuns às unidades interessadas, a que se realize em obediên- de unidades de medida, previamente estabelecidos para cada atividade.
cia à legislação específica.
Art. 80. Compete aos serviços de contabilidade ou órgãos equivalen-
Art. 67. Os pagamentos devidos pela Fazenda Pública, em virtude de tes verificar a exata observância dos limites das cotas trimestrais atribuí-
sentença judiciária, far-se-ão na ordem de apresentação dos precatórios e das a cada unidade orçamentária, dentro do sistema que for instituído
à conta dos créditos respectivos, sendo proibida a designação de casos para esse fim.
ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais
abertos para esse fim. CAPÍTULO III
Do Controle Externo
Art. 68. O regime de adiantamento é aplicável aos casos de despesas
expressamente definidos em lei e consiste na entrega de numerário a Art. 81. O controle da execução orçamentária, pelo Poder Legislativo,
servidor, sempre precedida de empenho na dotação própria para o fim de terá por objetivo verificar a probidade da administração, a guarda e legal
realizar despesas, que não possam subordinar-se ao processo normal de emprego dos dinheiros públicos e o cumprimento da Lei de Orçamento.
aplicação.
Art. 82. O Poder Executivo, anualmente, prestará contas ao Poder
Art. 69. Não se fará adiantamento a servidor em alcance nem a res- Legislativo, no prazo estabelecido nas Constituições ou nas Leis Orgâni-
ponsável por dois adiantamento. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964) cas dos Municípios.
Art. 70. A aquisição de material, o fornecimento e a adjudicação de § 1º As contas do Poder Executivo serão submetidas ao Poder Legis-
obras e serviços serão regulados em lei, respeitado o princípio da concor- lativo, com Parecer prévio do Tribunal de Contas ou órgão equivalente.
rência.
§ 2º Quando, no Município não houver Tribunal de Contas ou órgão
TÍTULO VII equivalente, a Câmara de Vereadores poderá designar peritos contadores
Dos Fundos Especiais para verificarem as contas do prefeito e sobre elas emitirem parecer.
Art. 71. Constitui fundo especial o produto de receitas especificadas TÍTULO IX
que por lei se vinculam à realização de determinados objetivos ou servi- Da Contabilidade
ços, facultada a adoção de normas peculiares de aplicação. CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Art. 72. A aplicação das receitas orçamentárias vinculadas a turnos
especiais far-se-á através de dotação consignada na Lei de Orçamento ou Art. 83. A contabilidade evidenciará perante a Fazenda Pública a situ-
em créditos adicionais. ação de todos quantos, de qualquer modo, arrecadem receitas, efetuem
despesas, administrem ou guardem bens a ela pertencentes ou confiados.
Art. 73. Salvo determinação em contrário da lei que o instituiu, o saldo
positivo do fundo especial apurado em balanço será transferido para o Art. 84. Ressalvada a competência do Tribunal de Contas ou órgão
exercício seguinte, a crédito do mesmo fundo. equivalente, a tomada de contas dos agentes responsáveis por bens ou
dinheiros públicos será realizada ou superintendida pelos serviços de
Art. 74. A lei que instituir fundo especial poderá determinar normas contabilidade.
peculiares de controle, prestação e tomada de contas, sem de qualquer
modo, elidir a competência específica do Tribunal de Contas ou órgão Art. 85. Os serviços de contabilidade serão organizados de forma a
equivalente. permitirem o acompanhamento da execução orçamentária, o conhecimen-
to da composição patrimonial, a determinação dos custos dos serviços
industriais, o levantamento dos balanços gerais, a análise e a interpreta-
TÍTULO VIII ção dos resultados econômicos e financeiros.
Do Controle da Execução Orçamentária
CAPÍTULO I Art. 86. A escrituração sintética das operações financeiras e patrimo-
Disposições Gerais niais efetuar-se-á pelo método das partidas dobradas.
Art. 75. O controle da execução orçamentária compreenderá: Art. 87. Haverá controle contábil dos direitos e obrigações oriundos de
ajustes ou contratos em que a administração pública for parte.

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Art. 88. Os débitos e créditos serão escriturados com individuação do Demonstração das Variações Patrimoniais, segundo os Anexos números
devedor ou do credor e especificação da natureza, importância e data do 12, 13, 14 e 15 e os quadros demonstrativos constantes dos Anexos
vencimento, quando fixada. números 1, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 16 e 17.
Art. 89. A contabilidade evidenciará os fatos ligados à administração Art. 102. O Balanço Orçamentário demonstrará as receitas e despe-
orçamentária, financeira patrimonial e industrial. sas previstas em confronto com as realizadas.
CAPÍTULO II Art. 103. O Balanço Financeiro demonstrará a receita e a despesa or-
çamentárias bem como os recebimentos e os pagamentos de natureza
Da Contabilidade Orçamentária e Financeira extra-orçamentária, conjugados com os saldos em espécie provenientes
Art. 90 A contabilidade deverá evidenciar, em seus registros, o mon- do exercício anterior, e os que se transferem para o exercício seguinte.
tante dos créditos orçamentários vigentes, a despesa empenhada e a Parágrafo único. Os Restos a Pagar do exercício serão computados
despesa realizada, à conta dos mesmos créditos, e as dotações disponí- na receita extra-orçamentária para compensar sua inclusão na despesa
veis. orçamentária.
Art. 91. O registro contábil da receita e da despesa far-se-á de acordo Art. 104. A Demonstração das Variações Patrimoniais evidenciará as
com as especificações constantes da Lei de Orçamento e dos créditos alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes da
adicionais. execução orçamentária, e indicará o resultado patrimonial do exercício.
Art. 92. A dívida flutuante compreende: Art. 105. O Balanço Patrimonial demonstrará:
I - os restos a pagar, excluídos os serviços da dívida; I - O Ativo Financeiro;
II - os serviços da dívida a pagar; II - O Ativo Permanente;
III - os depósitos; III - O Passivo Financeiro;
IV - os débitos de tesouraria. IV - O Passivo Permanente;
V - O Saldo Patrimonial;
Parágrafo único. O registro dos restos a pagar far-se-á por exercício e
por credor distinguindo-se as despesas processadas das não processa- VI - As Contas de Compensação.
das. § 1º O Ativo Financeiro compreenderá os créditos e valores realizá-
Art. 93. Todas as operações de que resultem débitos e créditos de na- veis independentemente de autorização orçamentária e os valores nume-
tureza financeira, não compreendidas na execução orçamentária, serão rários.
também objeto de registro, individuação e controle contábil. § 2º O Ativo Permanente compreenderá os bens, créditos e valores,
CAPÍTULO III cuja mobilização ou alienação dependa de autorização legislativa.
Da Contabilidade Patrimonial e Industrial § 3º O Passivo Financeiro compreenderá as dívidas fundadas e outros
pagamento independa de autorização orçamentária.
Art. 94. Haverá registros analíticos de todos os bens de caráter per-
§ 4º O Passivo Permanente compreenderá as dívidas fundadas e ou-
manente, com indicação dos elementos necessários para a perfeita carac-
tras que dependam de autorização legislativa para amortização ou resga-
terização de cada um deles e dos agentes responsáveis pela sua guarda e
administração. te.
§ 5º Nas contas de compensação serão registrados os bens, valores,
Art. 95 A contabilidade manterá registros sintéticos dos bens móveis e
obrigações e situações não compreendidas nos parágrafos anteriores e
imóveis.
que, imediata ou indiretamente, possam vir a afetar o patrimônio.
Art. 96. O levantamento geral dos bens móveis e imóveis terá por ba- Art. 106. A avaliação dos elementos patrimoniais obedecerá as nor-
se o inventário analítico de cada unidade administrativa e os elementos da mas seguintes:
escrituração sintética na contabilidade.
I - os débitos e créditos, bem como os títulos de renda, pelo seu valor
Art. 97. Para fins orçamentários e determinação dos devedores, ter- nominal, feita a conversão, quando em moeda estrangeira, à taxa de
se-á o registro contábil das receitas patrimoniais, fiscalizando-se sua câmbio vigente na data do balanço;
efetivação.
II - os bens móveis e imóveis, pelo valor de aquisição ou pelo custo de
Art. 98. A divida fundada compreende os compromissos de exigibili- produção ou de construção;
dade superior a doze meses, contraídos para atender a desequilíbrio
III - os bens de almoxarifado, pelo preço médio ponderado das com-
orçamentário ou a financeiro de obras e serviços públicos. (Veto rejeitado
pras.
no D.O. 05/05/1964)
§ 1° Os valores em espécie, assim como os débitos e créditos, quan-
Parágrafo único. A dívida fundada será escriturada com individuação
do em moeda estrangeira, deverão figurar ao lado das correspondentes
e especificações que permitam verificar, a qualquer momento, a posição
importâncias em moeda nacional.
dos empréstimos, bem como os respectivos serviços de amortização e
juros. § 2º As variações resultantes da conversão dos débitos, créditos e va-
lores em espécie serão levadas à conta patrimonial.
Art. 99. Os serviços públicos industriais, ainda que não organizados
como empresa pública ou autárquica, manterão contabilidade especial § 3º Poderão ser feitas reavaliações dos bens móveis e imóveis.
para determinação dos custos, ingressos e resultados, sem prejuízo da TÍTULO X
escrituração patrimonial e financeiro comum. Das Autarquias e Outras Entidades
Art. 100 As alterações da situação líquida patrimonial, que abrangem Art. 107. As entidades autárquicas ou paraestatais, inclusive de previ-
os resultados da execução orçamentária, bem como as variações inde- dência social ou investidas de delegação para arrecadação de contribui-
pendentes dessa execução e as superveniências e insubsistência ativas e ções para fiscais da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito
passivas, constituirão elementos da conta patrimonial. Federal terão seus orçamentos aprovados por decreto do Poder Executi-
vo, salvo se disposição legal expressa determinar que o sejam pelo Poder
CAPÍTULO IV Legislativo.
Dos Balanços Parágrafo único. Compreendem-se nesta disposição as empresas
Art. 101. Os resultados gerais do exercício serão demonstrados no com autonomia financeira e administrativa cujo capital pertencer, integral-
Balanço Orçamentário, no Balanço Financeiro, no Balanço Patrimonial, na mente, ao Poder Público.

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Art. 108. Os orçamentos das entidades referidas no artigo anterior ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
vincular-se-ão ao orçamento da União, dos Estados, dos Municípios e do
Distrito Federal, pela inclusão: DOS ORÇAMENTOS
I - como receita, salvo disposição legal em contrário, de saldo positivo Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
previsto entre os totais das receitas e despesas;
I - o plano plurianual;
II - como subvenção econômica, na receita do orçamento da benefici-
ária, salvo disposição legal em contrário, do saldo negativo previsto entre II - as diretrizes orçamentárias;
os totais das receitas e despesas. III - os orçamentos anuais.
§ 1º Os investimentos ou inversões financeiras da União, dos Esta- § 1º - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regi-
dos, dos Municípios e do Distrito Federal, realizados por intermédio das onalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal
entidades aludidas no artigo anterior, serão classificados como receita de para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas
capital destas e despesa de transferência de capital daqueles. aos programas de duração continuada.
§ 2º As previsões para depreciação serão computadas para efeito de § 2º - A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prio-
apuração do saldo líquido das mencionadas entidades. ridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital
Art. 109. Os orçamentos e balanços das entidades compreendidas no para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei
artigo 107 serão publicados como complemento dos orçamentos e balan- orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e
ços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal a que estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de
estejam vinculados. fomento.
Art. 110. Os orçamentos e balanços das entidades já referidas, obe- § 3º - O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramen-
decerão aos padrões e normas instituídas por esta lei, ajustados às res- to de cada bimestre, relatório resumido da execução orçamentária.
pectivas peculiaridades.
§ 4º - Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos
Parágrafo único. Dentro do prazo que a legislação fixar, os balanços nesta Constituição serão elaborados em consonância com o plano pluria-
serão remetidos ao órgão central de contabilidade da União, dos Estados, nual e apreciados pelo Congresso Nacional.
dos Municípios e do Distrito Federal, para fins de incorporação dos resul-
§ 5º - A lei orçamentária anual compreenderá:
tados, salvo disposição legal em contrário.
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos,
órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações
TÍTULO XI instituídas e mantidas pelo Poder Público;
Disposições Finais
II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta
Art. 111. O Conselho Técnico de Economia e Finanças do Ministério ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;
da Fazenda, além de outras apurações, para fins estatísticos, de interesse
nacional, organizará e publicará o balanço consolidado das contas da III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades
União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e outras e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como
entidades, bem como um quadro estruturalmente idêntico, baseado em os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.
dados orçamentários. § 6º - O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstra-
§ 1º Os quadros referidos neste artigo terão a estrutura do Anexo n. 1. tivo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de
isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financei-
§ 2 O quadro baseado nos orçamentos será publicado até o último dia ra, tributária e creditícia.
do primeiro semestre do próprio exercício e o baseado nos balanços, até o
§ 7º - Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, compatibili-
último dia do segundo semestre do exercício imediato àquele a que se
zados com o plano plurianual, terão entre suas funções a de reduzir
referirem.
desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional.
Art. 112. Para cumprimento do disposto no artigo precedente, a Uni-
§ 8º - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previ-
ão, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal remeterão ao mencio-
são da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a
nado órgão, até 30 de abril, os orçamentos do exercício, e até 30 de
autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de
junho, os balanços do exercício anterior.
operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da
Parágrafo único. O pagamento, pela União, de auxílio ou contribuição lei.
a Estados, Municípios ou Distrito Federal, cuja concessão não decorra de
§ 9º - Cabe à lei complementar:
imperativo constitucional, dependerá de prova do atendimento ao que se
determina neste artigo. I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elabo-
ração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentá-
Art. 113. Para fiel e uniforme aplicação das presentes normas, o Con- rias e da lei orçamentária anual;
selho Técnico de Economia e Finanças do Ministério da Fazenda atenderá II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da adminis-
a consultas, coligirá elementos, promoverá o intercâmbio de dados infor- tração direta e indireta bem como condições para a instituição e funciona-
mativos, expedirá recomendações técnicas, quando solicitadas, e atualiza- mento de fundos.
rá sempre que julgar conveniente, os anexos que integram a presente lei.
Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes
Parágrafo único. Para os fins previstos neste artigo, poderão ser pro- orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apre-
movidas, quando necessário, conferências ou reuniões técnicas, com a ciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento
participação de representantes das entidades abrangidas por estas nor- comum.
mas. § 1º - Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e
Art. 114. Os efeitos desta lei são contados a partir de 1º de janeiro de Deputados:
1964 para o fim da elaboração dos orçamentos e a partir de 1º de janeiro I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e
de 1965, quanto às demais atividades estatuídas. (Redação dada pela Lei sobre as contas apresentadas anualmente pelo Presidente da República;
nº 4.489, de 19.11.1964) II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais,
regionais e setoriais previstos nesta Constituição e exercer o acompa-
Art. 115. Revogam-se as disposições em contrário. nhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação das
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demais comissões do Congresso Nacional e de suas Casas, criadas de X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de emprés-
acordo com o art. 58. timos, inclusive por antecipação de receita, pelos Governos Federal e
§ 2º - As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que sobre Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas
elas emitirá parecer, e apreciadas, na forma regimental, pelo Plenário das com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e
duas Casas do Congresso Nacional. dos Municípios.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 3º - As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos proje- XI - a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais
tos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso: de que trata o art. 195, I, a, e II, para a realização de despesas distintas do
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes pagamento de benefícios do regime geral de previdência social de que
orçamentárias; trata o art. 201. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenien- § 1º - Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício fi-
tes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre: nanceiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou
a) dotações para pessoal e seus encargos; sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade.
b) serviço da dívida; § 2º - Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercí-
c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e cio financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de autorização for
Distrito Federal; ou promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que,
reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do
III - sejam relacionadas: exercício financeiro subsequente.
a) com a correção de erros ou omissões; ou § 3º - A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei. atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de
§ 4º - As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não guerra, comoção interna ou calamidade pública, observado o disposto no
poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual. art. 62.
§ 5º - O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Con- § 4.º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos im-
gresso Nacional para propor modificação nos projetos a que se refere este postos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que tratam
artigo enquanto não iniciada a votação, na Comissão mista, da parte cuja os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação de garantia ou
alteração é proposta. contragarantia à União e para pagamento de débitos para com esta.
§ 6º - Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentá- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
rias e do orçamento anual serão enviados pelo Presidente da República Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias,
ao Congresso Nacional, nos termos da lei complementar a que se refere o compreendidos os créditos suplementares e especiais, destinados aos
art. 165, § 9º. órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público e da
§ 7º - Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no que não Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em
contrariar o disposto nesta seção, as demais normas relativas ao processo duodécimos, na forma da lei complementar a que se refere o art. 165, §
legislativo. 9º. Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 8º - Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Esta-
do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas corresponden- dos, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites
tes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante créditos especiais estabelecidos em lei complementar.
ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa. § 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a
Art. 167. São vedados: criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carrei-
I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária ras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título,
anual; pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive
fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas:
II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas
(Renumerado do parágrafo único, pela Emenda Constitucional nº 19, de
que excedam os créditos orçamentários ou adicionais;
1998)
III - a realização de operações de créditos que excedam o montante
I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às
das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos
projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes;
suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Legislativo por maioria absoluta;
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentá-
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa,
rias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de economia
ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que
mista. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e
serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do § 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida nes-
ensino e para realização de atividades da administração tributária, como te artigo para a adaptação aos parâmetros ali previstos, serão imediata-
determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a mente suspensos todos os repasses de verbas federais ou estaduais aos
prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de recei- Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem os
ta, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; referidos limites. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) § 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste ar-
V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autori- tigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida no caput, a
zação legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes; União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguin-
tes providências: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos
de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos
sem prévia autorização legislativa; em comissão e funções de confiança; (Incluído pela Emenda Constitucio-
nal nº 19, de 1998)
VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados;
II - exoneração dos servidores não estáveis. (Incluído pela Emenda
VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos Constitucional nº 19, de 1998)
dos orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou
cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, inclusive dos mencionados § 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não fo-
no art. 165, § 5º; rem suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da lei
complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o
IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autoriza-
cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes espe-
ção legislativa.
cifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da
redução de pessoal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

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APOSTILAS OPÇÃO
§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará Transferências de Capital
jus a indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de Outras Receitas de Capital
serviço. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores se-
RECEITAS PÚBLICAS
rá considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego ou função
CONCEITO
com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) As despesas públicas têm, obviamente, de ser satisfeitas por receitas.
§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas Uma noção meramente introdutória já está a nos indicar que receita é todo
na efetivação do disposto no § 4º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº ingresso de dinheiro nos cofres de uma pessoa de direito público.
19, de 1998)
A primeira observação que cumpre ser feita acerca da receita é que
ela assume formas muito variadas no Estado Moderno. Já se foi o tempo
Da Receita cm que o Estado atuava como qualquer pessoa, isto é, valia-se dos
Art. 9º Tributo e a receita derivada instituída pelas entidades de direito recursos que pudesse obter pela exploração de seu patrimônio. Diante do
publico, compreendendo os impostos, as taxas e contribuições nos termos fenômeno examinado no capítulo anterior, consistente no agigantamento
da constituição e das leis vigentes em matéria financeira, destinado-se o das despesas do Estado, tornou-se imperioso o apelo para outras fontes
seu produto ao custeio de atividades gerais ou especificas exercidas por de ingresso. Fundamentalmente. o que se passou é que o Estado veio,
essas entidades (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964) cada vez de forma mais acentuada, a lançar mão da sua força coercitiva
para impor aos particulares o pagamento de quantias em dinheiro,
Art. 10. (Vetado).
independentemente de contraprestação de sua parte.
Art. 11 - A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômi-
cas: Receitas Correntes e Receitas de Capital. (Redação dada pelo De- Antes, porém, de adentrarmos mais profundamente a classificação
creto Lei nº 1.939, de 20.5.1982) das receitas, cumpre defini-las melhor. Antonio L. de Sousa Franco
conceitua:
§ 1º - São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições,
patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as “As receitas públicas podem ser assim genericamente definidas corno
provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de qualquer recurso obtido durante um dado período financeiro, mediante o
direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classifi- qual o sujeito público pode satisfazer as despesas públicas que estão a
cáveis em Despesas Correntes. (Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, seu cargo” (Finanças públicas, cit., p. 272).
de 20.5.1982) Sainz de Bujanda é mais sintético e define receita pública como “as
§ 2º - São Receitas de Capital as provenientes da realização de re- somas de dinheiro que recebem o Estado e os demais entes públicos para
cursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em cobrir com elas seus gastos”.
espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de De qualquer sorte. o conceito de receita está muito atrelado à ideia de
direito público ou privado, destinados a atender despesas classificáveis ingresso ou, se quiser, de entrada. Sainz de Bujanda chama a atenção
em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente. para o caráter dinâmico do ingresso, isto é, supõe ele um movimento de
(Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de 20.5.1982) fora para dentro do patrimônio. Daí, ainda na sua feliz observação, o
§ 3º - O superávit do Orçamento Corrente resultante do balancea- conceito de receita ser mais restringido que o de meio para a satisfação
mento dos totais das receitas e despesas correntes, apurado na demons- das necessidades públicas, que é mais amplo. São meios e não receitas,
tração a que se refere o Anexo nº 1, não constituirá item de receita orça- por exemplo, os bens que cm um momento dado pertencem ao Estado,
mentária. (Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de 20.5.1982) sejam patrimoniais ou de domínio público, assim como as prestações
§ 4º - A classificação da receita obedecerá ao seguinte esquema: pessoais estabelecidas por força de lei (o serviço militar, p. ex.).
(Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de 20.5.1982) Quando se fala Em receitas públicas, o qualificativo públicas, na
RECEITAS CORRENTES verdade, faz referência à natureza do ente que as recebe e não à
qualidade em si da receita. Daí porque ser lícito afirmar que são receitas
Receita tributária públicas as que são recebidas por uma pessoa pública e,
reverervadamente, são privadas as receitas auferidas por urna pessoa
Impostos
jurídica de direito privado.
Taxas
Contribuições de Melhoria Quanto ao objeto das receitas, na sua concepção moderna ele há de
recair unicamente no dinheiro. Expressa-se, pois, em moeda. Não se pode
Receita Patrimonial esquecer que as receitas constituem uma das grandes divisões do orça-
Receitas imobiliárias mento, o qual, por sua vez, exprime-se em unidades monetárias. E
Receitas de valores Mobiliários oportuníssirna a advertência feita pelo grande mestre espanhol acerca do
Participações e Dividendos exato papel dos bens in natura e dos serviços pessoais que, embora
Outras Receitas Patrimoniais integrando o patrimônio do Estado, não se constituem em receitas.
Transcrevamo-lo nesse particular:
Receita Industrial
“No patrimônio do Estado e demais entes públicos, entendido no sen-
Receita de Serviços Industriais tido amplo de conjunto de relações de caráter econômico de que estes
Outras Receitas Industriais entes são titulares, entram também bens ‘in natura’; por exemplo, adquiri-
dos mediante expropriação ou mediante liberalidades ‘inter vivos’ ou
Transferências Correntes ‘causa mortis’, incluindo serviços pessoais, como o militar. Porém a aqui-
Receitas Diversas sição de tais bens e serviços, ainda que suponham um incremento patri-
Multas monial e constituam meios com os quais o Estado e os demais entes
Contribuições suprem suas necessidades, não constituem ingressos no sentido técnico
Cobrança da Dívida Ativa nem são, portanto, objeto do Direito financeiro, mas de outras disciplinas
Outras Receitas Diversas (Direito civil. político, administrativo etc.)”
O mestre luso, Sousa Franco, demonstra como as receitas deixam de
RECEITAS DE CAPITAL
fora algumas realidades afins, tais como: os chamados, em Portugal.
Operações de Crédito recursos de tesouraria, as entradas de caixa vinculadas a fundo de
Alienação de Bens Móveis e Imóveis garantia e as antecipações - — estas podem servir para pagamentos
Amortização de Empréstimos Concedidos futuros, sé então dando origem à receita, por exemplo, os chamados

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APOSTILAS OPÇÃO
“preparos” (Finanças públicas, cit., p. 272). O próprio autor fornece uma produziria em mãos dos particulares, e se estimou nociva toda intervenção
noção do que sejam os recursos de tesouraria: do Estado na vida econômica.
“Entende-se de urna maneira geral que eles se limitam a antecipar as Como consequência disso, foi produzida a legislação desamortizadora
verdadeiras receitas públicas, que, por diversos motivos, não deram ainda e as receitas patrimoniais reduziram-se a sua mínima expressão”.
entrada na caixa do Estado, sem representarem, no entanto, uma
verdadeira receita, já que a sua natureza é meramente transitória. Trata- Na medida em que, como se sabe, as concepções puramente liberais
se, de alguma forma, de recursos momentâneos; o Estado contrai um sofreram o impacto das ideias intervencionistas e socializantes, sobretudo
empréstimo em Janeiro por conta das receitas de impostos a cobrar em no correr de século XX, as próprias receitas patrimoniais sofreram também
Julho, só estas são receitas públicas, sendo as outras meras antecipações o impacto dessas alterações. De um lado, a propriedade territorial perde a
de tesouraria” (Finanças públicas, cit., p. 272). No Direito brasileiro essa primazia de que desfrutava como fonte principal das receitas hauridas do
modalidade de ingresso é tratada por empréstimo por antecipação de patrimônio. Toma-lhe o lugar a riqueza mobiliária, a atividade industrial e
receitas. comercial da Administração. Mas há um outro dado, muito provavelmente
de maior relevância. É que as próprias receitas hauridas do domínio
Quanto aos referidos fundos de garantia, tratam-se de quantias que. patrimonial na época do liberalismo eram apenas voltadas à obtenção de
embora nas mãos do Estado, terão de ser devolvidas ao seu proprietário. recursos financeiros. Debaixo do intervencionismo, passam a ser
uma vez que. corno o seu próprio nome indica, a passagem do numerário encaradas como instrumento de conformação da vida econômica nacional
se deu meramente a título de garantia do cumprimento de determinada com vistas a finalidades predeterminadas. O Estado soma-se aos
obrigação. São disso exemplos os depósitos ou cauções judiciais. particulares na prossecução de determinadas atividades tidas como de
CLASSIFICAÇÃO interesse geral, e a obtenção de receitas ocorre apenas como
consequência acessória do cumprimento de ditos fins.
Vejamos agora em que categorias fundamentais podem aglutinar-se
as diversas formas de receitas do Estado. São reconhecidas: as Modalidades de receitas patrimoniais
patrimoniais, as tributárias e as creditícias. A exploração do patrimônio do Estado para a obtenção de receitas
Receitas patrimoniais pode derivar de três componentes fundamentais: do patrimônio mobiliário
do imobiliário e do empresarial.
Conceito Patrimônio mobiliário
Receitas patrimoniais são aquelas geradas pela exploração do patri- É sempre encontrável no patrimônio dos Estados uma certa
mônio do Estado (ou mesmo pela sua disposição), feitas segundo regras quantidade de títulos representativos de crédito ou mesmo de parte do
de direito privado, consequentemente sem caráter tributário. Com efeito, capital de empresas – ‘ações”. São múltiplas as razões que levam o Poder
os Poderes Públicos desfrutam de um patrimônio formado por terras, Público a deter esses papéis; por vezes é decorrente do direito
casas, empresas, direitos, que são passíveis de serem administrados à sucessório. A ausência de herdeiros e legatários faz reverter ao patrimônio
moda do que faria um particular, isto é, dando em locação, vendendo a público os bens vacantes, e, dentre estes, podem figurar valores
produção de bens ou mesmo cedendo o imóvel ou o direito. mobiliários cuja administração e exploração o Estado tem que cumprir.
O que é importante notar é que, ao assim proceder, os Poderes Tem sido frequente nos tempos modernos a assunção pelo Estado de
Públicos estão se valendo de técnicas de direito privado, o que implica o parte do capital de empresas em situação de dificuldades financeiras. Isto
respeito integral à livre manifestação de vontade dos particulares. Não efeito assim na suposição de que esta infusão de capital redunde num
está presente nunca o caráter impositivo ou coercitivo próprio, sobretudo, benefício de ordem social ou na preservação de uma empresa cujo objeto
das receitas tributárias. Não importa que essa submissão ao direito se considere de relevância coletiva. Não tem sido também infrequente o
privado venha por vezes acompanhada da incidência também de normas comparecimento do Estado na composição de capitais com o propósito de
de direito público, O Estado, na verdade, nunca pode praticar um ato desenvolver setores para os quais o capitalismo privado não estivesse em
integral e exclusivamente disciplinado pelo direito privado, porque a tutela condições de assumir todos os riscos advindos do investimento.
dos interesses a que está voltado — de ordem coletiva — impõe o
respeito a uma normatividade específica incumbida de assegurar o Esses valores mobiliários acabam por render frutos que podem as-
atingimento daquelas finalidades. O que remanesce, sem dúvida, sumir a forma de juros ou de dividendos, e o Estado a eles faz jus, embora
verdadeiro é que nas receitas patrimoniais há um predomínio bastante seja de se notar que esse item representa, em regra, parcela muito
acentuado das normas de direito privado e a ausência do recurso à pequena das rendas dos Estados.
coerção.
Evolução histórica e significação atual Patrimônio imobiliário
Um perpassar de olhos pela história demonstra que, durante grande a) Patrimônio rural
parte dela, esses recursos patrimoniais desempenharam um papel quase
exclusivo como fonte de receitas. Por muito tempo se confundiram o Historicamente, o domínio rural desempenhou papel importantíssimo
patrimônio do Estado com o do próprio rei, do que resultava. obviamente, como fonte de receitas públicas. Tanto na Idade Média quanto na
uma confusão entre as finanças de um e de outro. Moderna, traduziu-se em elemento gerador principal dos recursos
públicos, só tendo perdido essa primazia a partir de fins do século XVIII,
Na Idade Média assiste-se a uma privatização das instituições tanto por força do aumento crescente dos impostos quanto pelo fato de
políticas. e a soberania passa a confundir-se com o direito de propriedade, que os bens rurais foram na maior parte alienados durante o século XIX.
do que resulta um conceito dominical do Estado. Os bens da coroa Cabe, sem dúvida, aqui uma explicação das razões dessa alienação.
continuam a confundir-se com os bens privativos do monarca. Nessa Prende-se ela ao fato de que a visão liberal predominante no século
época, o próprio tributo tinha muito que ver com uma prestação paga pelo passado não podia deixar de constatar que o Estado administra com
cultivo das terras do monarca, embora não estivesse ausente a ideia de menor eficiência do que os particulares, quer quando age como agricultor,
contribuição ao rei na qualidade de titular do Poder Público. quer como industrial ou como comerciante.
É durante a Idade Moderna que, diante do aumento das despesas Ora, não foi difícil extrair-se a conclusão de que, se fosse dada ao
públicas, os tributos passam a desempenhar um papel mais importante, Estado a incumbência de explorar a agricultura de subsistência, seguir-se-
relegando as receitas patrimoniais para um segundo plano. Com o ia inexorável uma carestia da vida. Assim, ficava claro que a manutenção
advento das ideias liberais, o patrimônio público passa a ser malvisto, do domínio rural, ao fim e ao cabo, acabaria por prejudicar os interesses
porque se via nele um obstáculo à livre circulação de riqueza. Sainz de dos consumidores. Mas há também uma grande razão de ordem política,
Bujanda observa com muita propriedade que “Se julgou o Estado um mau muito bem exposta por José Joaquim Teixeira Ribeiro: “A Revolução
administrador, que obtém de seus bens um rendimento inferior ao que se Francesa representou a vitória da burguesia contra as classes então

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privilegiadas: a nobreza e o clero. Mas qualquer revolução só vinga dizer, uma influência decisiva na economia. Isso é muito frequente nas
definitivamente quando encontra um forte apoio social que a sustente e indústrias produtoras de energia e de matérias-primas essenciais, como a
defenda”. dos combustíveis, eletricidade, ferro c aço. há outras razões, que não
seria o caso de registrá-las aqui. Todas se prendem a um viés desfavorá-
Ora, a revolução liberal não podia encontrar esse apoio no vel sob o qual é vista a iniciativa privada. Portanto, o problema deixa de
operariado, pois não era revolução dos trabalhadores; só podia encontrá- ser econômico para ganhar uru matiz ideológico.
lo na própria burguesia, mas numa burguesia que precisava de ser
reforçada através do número e da riqueza. E a venda dos bens do Estado Encarada a questão de um ponto de vista tanto quanto possível neu-
em condições vantajosas para os compradores — isto é, a preços baixos - tro, constata-se o seguinte: a rigor, não existem atividades que não pos-
-— permitiria, precisamente, ou transformar em pequenos proprietários, sam ser prestadas pelos particulares mesmo quando demandantes de
em burgueses, muitos camponeses que não possuíam terras, ou grandes capitais. Depende, é óbvio, do nível de desenvolvimento econô-
enriquecer os que já as tinham” (Lições de finanças públicas, cit., p. 197- mico do país. O perigo supostamente existente no exercício privado de
8). certas indústrias não é comprovado pela experiência.
É de notar-se que o Estado continuou no domínio das suas florestas. Ademais, caso malefícios possam surgir, tem-se demonstrado mais
E que, com relação a estas, considerou-se que não estavam presentes as eficiente o apelo a uma regulamentação da atividade ou, ao menos, a sua
mesmas razoes que levaram à privatização das terras agricultáveis. Veja- transformação em serviço público prestado, no entanto, por particulares,
se o problema da eficiência. A crítica fundamental que se fazia era ao mercê de contratos de concessão. O que parece certo é que a tendência
desinteresse do burocrata, pouco motivado para uma laboriosidade dominante nos últimos anos tem sido a de privatização. Do ponto de vista
diligente. Ora, ponderou-se que na silvicultura esse possível desinteresse que nos interessa aqui, vale dizer, a atividade empresarial como fonte de
não levaria necessariamente ao malogro da exploração, dado o pequeno receita do Estado, é forçoso reconhecer que o seu papel é muito pequeno,
papel que nela representa a intervenção do homem: as árvores crescem mesmo nos casos da exploração monopolista com fins fiscais; embora
por obra da natureza. seja inegável o auferimento de recursos financeiros que daí advém, não é
menos certo que esse mesmo objetivo também poderia ser utilizado, como
b) Patrimônio urbano de fato o é em muitos países, mediante uma forte tributação. No Brasil,
O Estado possui, sem dúvida, um grande número de imóveis urbanos. por exemplo, os impostos cobrados sobre o álcool, sobre o fumo são
Tanto a União quanto os Estados-Membros e os Municípios necessitam extremamente elevados e certamente são muito mais rendosos para o
de prédios para a realização dos serviços públicos ou mesmo para uso Estado do que se este se abalançasse a montar indústria de cigarro ou
dos cidadãos, como os museus e centros de cultura. Estes imóveis, nada mesmo destilaria de álcool.
obstante o seu valor possa ser grande. não proporcionam rendimento Em síntese, o fator que mais tolheu o desenvolvimento das receitas
expresso numa receita. A doutrina os denomina “patrimônio de uso”, para empresariais foi o fato capital da manifesta ineficiência da maioria das
diferençá-lo do patrimônio de rendimento normalmente voltado à empresas do Estado. Quer se trate de empresa inserida em regime de
exploração sob regime de direito privado, gerador também de uma baixa economia coletivizada, quer se trate de entidade estatal atuante em
rentabilidade produzindo uma menor utilidade social que o patrimônio de economia de mercado, o fato é que o controle burocrático da empresa
uso. mostrou-se avesso a critérios de eficácia econômica.
Patrimônio empresarial Receitas tributárias
As receitas patrimoniais podem advir da assunção pelo Estado da Conceito
atividade empresarial. Foram diversas as razões que levaram os Poderes
Públicos de urna posição de meros regulamentadores ou disciplinadores As receitas tributárias são as mais importantes no Estado Moderno.
da atividade privada a urna outra, de gestores diretos da própria empresa. No dizer do lúcido Sousa Franco:
O Estado passou a criar entidades dessa natureza ou a assumir o controle “São receitas que o Estado obtém mediante o recurso ao seu poder
de outras já existentes. Essa intervenção assume também uma variante, de autoridade, impondo aos particulares um sacrifício patrimonial que não
conforme a composição acionária esteja inteiramente nas mãos do Estado tem por finalidade puni-los nem resulta de qualquer contrato com eles
ou se apresente ela em associação com capitais particulares. A própria estabelecido, mas tem como fundamento assegurar a co-participação dos
exploração da atividade industrial ou comercial pode assumir uma feição cidadãos na cobertura dos encargos públicos ou prosseguir outros fins
concorrencial ou monopolística. públicos” (Finanças públicas. cit., p. 273).
Com relação ao monopólio, seu objetivo pode ser de duas ordens di- Ninguém pode negar a importância do tributo, sobretudo na sua
ferentes: ou se trata de obter receitas, o que é feito mediante a fixação de modalidade de imposto, na atividade financeira do Estado. De fato, por
preços que maximizem a receita, ou então o fim do monopólio reside na sua própria natureza, o Poder Público volta-se para a realização de
pretensão de melhor satisfazer as necessidades coletivas. Os monopólios diversos serviços cujos benefícios não são divisíveis. São utilidades não
fiscais — assim chamados aqueles que objetivam auferir receitas — foram suscetíveis de exclusiva imputação individual. Assim sendo, é de justiça
sempre instrumentos de natureza tributária. De fato, recaindo normalmen- que também a coletividade seja chamada a cobrir essas despesas
te sobre produtos de demanda muito generalizada, corno o tabaco, por mediante o pagamento do imposto. As características fundamentais deste
exemplo, e levando em conta que os seus preços são bem acima daque- são: a) A coatividade o que significa que o contribuinte é posto debaixo da
les que vigorariam sob o regime de concorrência, é óbvio que os Poderes obrigação de pagar o tributo sem consulta à sua vontade, mas por mera
Públicos resultam, destarte, investidos de uma fonte de receita. decorrência da lei. h) Inexistência de contraprestação — o devedor do
imposto não tem qualquer direito de exigir uma contraprestação do
Mas a utilização das empresas pelo Estado pode prestar-se a fins Estado. Vê-se obrigado a satisfazer ao imposto tão-somente por ter
bem diversos, inclusive chegando ao ponto de fixar preços sem pretensão incorrido na prática de um ato ou mesmo numa mera situação descrita
de lucro. São explorações industriais e comerciais tidas por de utilidade hipoteticamente na lei como geradora da obrigação tributária.
pública. Os autores apontam diversas causas que levam o Estado a criar Normalmente são situações ou atos que exprimem riqueza. c) A prestação
empresas dessa natureza. Uma delas é o propósito de evitar o monopólio que é feita ao Estado não é devida a título de sanção pela prática de
que, na maioria das vezes, ocorre quando a atividade explorada demanda algum ato ilícito. Este é um traço distintivo entre o tributo e as multas, já
forte proporção de capitais fixos. Os transportes ferroviários, a distribuição que estas podem ser consideradas receitas punitivas. Na verdade. não
de água. de energia elétrica etc, requerem, sem dúvida, uma forte podem esconder alguma analogia com as receitas tributárias, uma vez
conjugação de capitais fixos. O temor é que, se liberadas ao livre jogo da que também não são voluntárias.
iniciativa privada, essas empresas se convertam em monopólios de fato
ou cartéis. Ocorre, no entanto, que a multa tem modalidades e fundamentos
diversos. Ela objetiva evitar a prática de certos ilícitos. Daí por que a sua
Há hipóteses, de outra parte, em que o Estado exerce atividade indus- cobrança só se torna possível na medida em que haja um infrator. As
trial na suposição de estar cumprindo uma tarefa estratégica, o que vale finalidades do tributo são as de satisfazer as necessidades pecuniárias do
Conhecimentos Específicos 72

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Estado, embora seja sabido que sobretudo o imposto pode ter fins Estado. Nessas condições, tem que estar presente o caráter imperativo
extrafiscais, isto é, o Estado dele se utiliza para objetivar metas de política sempre encontrável nos tributos.
econômica e mesmo programas de ação social. Não há negar-se que os
fins financeiros estão sempre presentes. O Estado Moderno não pode O traço discriminador por excelência da taxa está na circunstância de
viver sem tributo, que constitui, como vimos, a forma fundamental pela que só é cobrável em existindo uma atividade do Poder Público que se
qual ele capta os recursos financeiros dos quais tem absoluta volte diretamente a um destinatário específico. E perfeitamente discernível
imprescindibilidade para manter-se e para realizar as suas metas. no conjunto da atuação do Estado aquele grupo de atividades que se
voltam ao atingimento de um bem comum indivisível. Estas só são
O tributo é um conceito amplo que abarca diversas modalidades. passíveis de serem financiadas por impostos. Mas, de outro lado, há
Dentre elas as mais importantes são o imposto e a taxa. São prestações do Estado que, nada obstante fundarem-se na procura do
características do tributo: a) a coatividade, o que significa dizer que é atingimento de um bem coletivo, se concretizam mais acentuadamente em
cobrado por um ato de autoridade estatal independentemente da vontade determinados indivíduos da coletividade. Se na manutenção das Forças
do contribuinte; b) ter como finalidade o custeio dos encargos públicos. Armadas não é possível determinar quem concreta e individualmente frui
Vimos que as modalidades fundamentais dos tributos são o imposto e do serviço de defesa nacional, já no caso do serviço de transporte coletivo
a taxa. No entanto, é forçoso reconhecer-se que em diversos países há a ou de distribuição de água e coleta de esgotos torna-se viável a
construção jurídica de outras modalidades que, sem perderem as determinação das pessoas que se relacionam com a prestação e até
características próprias de todo e qualquer tributo, possuem, ademais mesmo a quantificação com que o fazem. Não seria justo continuar a
disso, uma ou mais notas particularizadoras que acabam por lhes conferir financiar esses serviços, cujos beneficiários são perfeitamente
um papel jurídico próprio e autônomo. identificáveis, com rendas provenientes do sistema de impostos. Isto
Dentre essas modalidades, as mais consistentes juridicamente são as equivaleria a arrecadar de toda a coletividade em proveito apenas de
denominadas contribuições especiais, encontráveis cm alguns países, alguns destinatários.
inclusive no Brasil, que possui, ao menos, uma delas a contribuição de A taxa procura uma correspondência da quantia cobrada com o custo
melhoria, O que caracteriza a contribuição especial é ela ter um dos dois da prestação ou atividade. Há, aqui, sem dúvida, um caráter remuneratório
fundamentos: ou o benefício gerado para o particular, resultante da ou contraprestativo. No entretanto, não é esse o único fim visado por essa
atuação do Estado, causando-lhe uma valorização especial do imóvel, ou, modalidade tributária. A taxa não visa tão-somente a colher uma
então, a necessidade de indenizar a pessoa de direito público pela prestação um serviço público prestado em que fica perfeitamente
utilização fora do normal dos bens ou serviços públicos. E exemplo desta caracterizada a fruição da utilidade e o pagamento da taxa
última modalidade o imposto existente em alguns países sobre a correspondente. Há, pelo menos, mais duas outras finalidades na
circulação de veículos pesados, que, obviamente, provocam maiores cobrança da taxa. Uma é a voltada a obter uma compensação pecuniária
despesas de manutenção e reparação de estradas. Esta modalidade não pela utilização especial, pelos particulares, de certos bens públicos.
é conhecida no Brasil. Embora destinado a uma utilização coletiva. o Estado pode ceder o uso do
Distinção entre contribuição de melhoria e taxa seu patrimônio de forma exclusiva para determinadas pessoas, sempre, é
óbvio, com vistas a uma finalidade pública. Nessas hipóteses, também são
A distinção entre a contribuição especial na sua modalidade de cobráveis, taxas que procuram, portanto. compensar o Estado do uso
contribuição de melhoria e a taxa é um tanto sutil, mas rigorosamente mais intenso ou específico feito de um bem do patrimônio público pelo
precisável. Ouçamos a respeito o eminente Sousa Franco, que particular.
inicialmente salienta a semelhança que há nos fundamentos de ambas as O terceiro fim possível se revela naqueles casos em que a cobrança
contribuições especiais: de uma taxa visa a indenizar o Estado no exercício do seu poder de
“O fundamento dos dois tipos de prestações é semelhante: ou há um polícia ou de controle e regulamentação das atividades dos particulares. A
benefício especial auferido por uma atuação que não é diretamente obtenção de uma licença para construir, embora seja manifestação de
orientada para produzi-lo; ou há encargos especiais para o erário público, uma das expressões do direito de propriedade, não deixa de acarretar um
resultantes de uma atividade normal do contribuinte. É, pois, uma situação ônus especial para o Poder Público, que deverá examinar se o projeto de
geral, individualizável e anormal, que justifica a imposição de uma construção objetivado pelo proprietário se amolda às exigências feitas
prestação tributária” (Finanças públicas, cit., p. 489-90). pelas normas vigentes. Este tipo de atividade também costuma ensejar a
cobrança de uma taxa, pelas razões já acima aduzidas. Não seria justo
A seguir, passa a ferir o ponto que nos interessa, qual seja a atribuir à coletividade o custeio de um serviço que é suscitado pelo
discriminação da taxa: particular para resolver uma situação específica sua.
“A satisfação individual é ocasional e indireta não é intencional e Conviria, ainda, chamar a atenção para dois pontos bastante
diretamente conexa com os fins da atividade estadual que lhe dá origem importantes.
(diversamente do que sucede com a taxa). Em relação ao imposto típico, Inicialmente as taxas são uma fonte de receita tributária. Visam, pois,
há pois uma situação de satisfação especial; mas ela não resulta de uma a auferir recursos para os cofres públicos. Devem, em princípio, circuns-
contraprestação específica, imposta pela natureza de um serviço que só crever-se a esse propósito, guardando uma relação de correspondência
possa funcionar prestando satisfações individuais; daí que se não trate de entre a quantia cobrada e os gastos feitos pelo Poder Público. A ausência
uma taxa” (Finanças públicas, cit., p. 490). dessa equivalência. aproximada ao menos, isto é, a cobrança de taxas em
Na contribuição de melhoria, pela realização de obras públicas fica montantes muito acima dos custos dos serviços, desnatura-as, converten-
muito clara a exposição feita pelo mestre português. O objetivo do Poder do-as em verdadeiros impostos.
Público consiste na construção de uma ponte, por exemplo. No entretanto, Se a taxa tem uma natureza contraprestativa. deve guardar
embora não diretamente visado pelo Estado, há um subproduto da sua consonância com os serviços objeto da contraprestação, o que não
atividade que é uma valorização especial dos imóveis mais diretamente impede que se cobrem taxas tomando cm conta a capacidade contributiva
servidos pela ponte. Este aumento de valor, com caráter de especialidade, do contribuinte. Isto tica claro quando, ao pagar-se pelo registro de um
é uma característica essencial da contribuição de melhoria. Ela visa, pois. documento, a base de cálculo da taxa leva em conta o valor da operação
a captar, a transferir para a coletividade o rendimento econômico jurídica consubstanciada na peça a ser registrada. Neste caso, as taxas
representado pela pias valia do imóvel, mas financiado com o dinheiro passam a desempenhar um papel redistribuidor de renda. Cobra-se mais
público. É portanto modalidade tributária com inegáveis fins extrafiscais de quem está a externar uma maior capacidade contributiva. O custo do
que, lamentavelmente, no Brasil tem sido pouco utilizada. serviço, no entanto, remanesce o mesmo: Tanto faz registrar-se um
documento relativo a um negócio jurídico de grande monta ou a unia
A taxa operação de pequena monta. Registre-se, ainda uma vez, que as
Além dos impostos, os Estados podem custear as suas despesas de considerações aqui tecidas o são à luz do que é encontradiço no mundo.
forma coercitiva, mediante a utilização de taxas. Diz-se de forma coercitiva E óbvio que o regime jurídico último da taxa acaba por ser delineado pelo
para tornar claro que as taxas fazem pane da atividade tributária do sistema jurídico sob o qual se qual. Para a compreensão da temática à luz
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da realidade brasileira, urge aguardarmos o momento oportuno do seu E bom notar, no entretanto, que, por mais difícil que por vezes se
tratamento, que é na terceira parte desta obra, no capítulo próprio. torne a determinação da figura adequada, esta há de resultar dos critérios
Distinção entre taxas e preços constitucionais a respeito e não do arbítrio do administrador. Esta
assertiva encontra pleno respaldo na jurisprudência do Supremo Tribunal
As taxas e os preços cobrados pelo Poder Público não deviam Federal. Entre outros julgados em que o Supremo Tribunal Federal
prestar-se a confusões, visto que se trata de fenômenos jurídicos bem ocupou-se do assunto, cabe registrar aqui o RE n. 89.876-R.I (Tribunal
diversos. A taxa é uma modalidade tributária e, portanto. submetida à Pleno), que teve como Relator o Sr. Ministro Moreira Alves. Nesta ocasião
força coercitiva do Estado, que a cobra independentemente da vontade do discutiu-se a constitucionalidade do Decreto n. 196, de 12 de novembro de
contribuinte. Está submetida às garantias constitucionais, inclusive ao 1975, do Poder Executivo do Município do Rio de Janeiro, que instituiu
princípio da anterioridade e ao da legalidade. No Brasil, a Constituição “tarifa” de lixo. Desse julgado extraiu-se a seguinte ementa:
fixalhe os pressupostos: pode haver a cobrança de taxa toda vez que
houver o exercício do poder de polícia ou a utilização, efetiva ou potencial, “Tarifa Básica de Limpeza Urbana.
de serviços públicos específicos e divisíveis prestados. ao contribuinte ou — Em face das restrições constitucionais a que se sujeita a instituição da
postos a sua disposição (art.145. II). taxa, não pode o Poder Público estabelecer, a seu arbítrio, que à
Os preços constituem a contraprestação contratualmente assumida prestação de serviço público específico e divisível corresponde
de um serviço ou de uma coisa. Portanto, seus traços são nitidamente contrapartida sob a forma, indiferentemente, de taxa ou de preço
diferençados. Em primeiro lugar, o preço é voluntário. A sua fixação, em público.
regra. depende da avença entre as partes e. em última análise, encontra — Sendo compulsória a utilização do serviço público de remoção de lixo
seus parâmetros nas próprias leis de mercado. Quando se trata de vender — o que resulta, inclusive, de sua disciplina como serviço essencial à
coisas, o Estado não encontra dificuldade em determinar o instituto saúde pública—, a tarifa de lixo instituída pelo Decreto n. 196, de 12
adequado; é o preço, sem qualquer qualificativo, o que permite concluir de novembro de 1975, do Poder Executivo do Município do Rio de
tratar-se do mesmo preço de direito privado e submetido às regras deste. Janeiro, é, em verdade, taxa.
Quando, no entretanto, de prestação de serviços se cuida, surge, de fato,
uma área nebulosa, onde a doutrina hesita entre a taxa e um sucedâneo — Inconstitucionalidade do referido Decreto, uma vez que taxa está
do preço privado, que seria o chamado preço público ou tarifa. sujeita ao princípio constitucional da reserva legal.
A razão fundamental do surgimento desta celeuma prende-se ao fato Recurso extraordinário conhecido e provido”.
de que a noção de serviço público se esvaneceu com o correr do tempo.
A melhor forma de assumir uma posição — que possa fornecer um
Dentre outros motivos, porque o Estado passou a desempenhar atividade
parâmetro seguro para a separação das duas figuras jurídicas é levar em
econômica em áreas muito distantes daquelas inicialmente assumidas,
conta que a taxa só pode existir nas hipóteses em que a própria
que. pela sua própria natureza, estavam a exigir um tratamento jurídico
Constituição autoriza. Embora a polêmica seja de âmbito muito extenso,
diferençado. Exemplos típicos seriam as linhas de ferro carris e de
isto é, lavra na maioria dos países, é forçoso reconhecer-se que, no Brasil,
distribuição de gás por canalização. As próprias características técnicas
ela ganha contornos muito específicos em razão do detalhamento a que a
do serviço, a excluírem a competitividade e a imporem o monopólio,
matéria tributária é submetida no próprio bojo da Constituição.
estavam a convidar a adoção de um regime de exclusividade por parte do
Estado. Assim sendo, é forçoso reconhecerem-se alguns parâmetros de
direito positivo sem os quais as questões no Brasil perdem a sua real
Com a intervenção do Estado no domínio econômico, passou ele a
significação. Embora o tema tenha de ser retomado nessa obra na parte
desempenhar uma série de atividades que, pelas suas próprias
dedicada ao Direito Tributário, não nos escusamos de avançar desde logo
características tecnológicas, não impunham um regime de exclusividade e
alguns pontos.
de monopólio estatal. Nem, tampouco, se traduziram em atividades de tal
maneira sensíveis a continuidade da vida econômica c social que Assim sendo, taxa é uma modalidade tributária, consequentemente.
justificassem qualquer confusão com o serviço público. A assunção destas submetida às prerrogativas e as restrições que são próprias dos tributos.
atividades deu-se por um misto de razões político-econômicas e mesmo Só pode ser utilizada quando o Poder Público exerce o poder de polícia ou
ideológicas. O certo é que o instituto da taxa, como instrumento de quando presta ao contribuinte um serviço público específico e divisível ou,
arrecadação compulsória de recursos, era absolutamente inadequado para ao menos, o coloca à sua disposição. Daí se segue que pode haver
contraprestação de um serviço que, em si mesmo, nada tinha de público, a cobrança de taxa sem fruição efetiva do serviço. É o que a Constituição
não ser o fato de estar sendo prestado pelo Estado, quer pela sua chama de “utilização potencial” (art. 145, II).
administração centralizada, quer por empresas públicas ou sociedades de
economia mista. Tornou-se necessário. na verdade, para remunerar o O preço público ou tarifa, por sua vez, é toda cobrança de um serviço
serviço, aproveitar-se de um instituto de direito privado, o preço — agora efetivamente prestado, portanto fruído pelo particular que o contratou por
tomado público, somente para revelar que a sua formação não se dava um ato de vontade. Não pode haver, em consequência, preços públicos
necessariamente por leis de mercado, mas encontrava a sua determinação obrigatórios, é dizer, advindos de qualquer fator ou de qualquer consumo
em critérios de suposta conveniência pública ou de interesse coletivo. Mas de serviços que não sejam decorrentes de urna manifestação voluntária
os traços marcantes da voluntariedade e da dispensa à lei assim como do do usuário. Não há possibilidade, pois, de cobrança de preço por serviço
não-atendimento ao princípio da anterioridade são marcas inequivocamente público potencial. A mera colocação em disponibilidade por ato de
distintivas do preço público. iniciativa do Poder Público não gera o direito da cobrança de tarifa. Se,
contudo, o particular solicita o serviço, ingressa na relação jurídica, ainda
De outra parte, um fenômeno inverso ocorria, qual seja a que não venha a consumir propriamente a utilidade posta à sua
transferência do serviço público para o exercício de particulares através de disposição, é óbvio que a mera instalação do serviço já pode gerar o
concessões e permissões. Daí certas atividades tidas como direito à cobrança de uma tarifa correspondente e compatível. E o caso
inevitavelmente da peculiaridade do ente estatal terem sido transformadas dos telefones públicos. Obtida a ligação telefônica, ainda que o usuário
em operações exercidas por empresas particulares, se bem que regidas dela não faça uso, deve pagar a tarifa correspondente à instalação da
por um direito público que assegurava ao Estado uma ingestão na sua respectiva linha.
vida sem correspondência com o que ocorre no desempenho da atividade
econômica própria do domínio privado. Receitas creditícias

Esta imbricação entre serviços que, originariamente, tinham notas de O terceiro grande grupo de receitas públicas é o das receitas
distinção bem marcantes com atividades outras, mais ou menos creditícias. Estas resultam da entrada do Estado no mercado financeiro.
identificadas ao próprio atuar das empresas privadas, tomou Fundamentalmente o crédito público resulta de uma relação bilateral
inevitavelmente difícil a demarcação de onde termina a taxa e de onde voluntária em que o particular empresta dinheiro ao próprio Estado. Esta
começa o preço público. não deve confundirse, no Brasil, com o empréstimo compulsório. A
Constituição trata a este como modalidade tributária, e não corno uma
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operação creditícia comum, precisamente por lhe faltar o caráter de origem a um aumento do rendimento nacional, também as gerações
voluntariedade. futuras dele se beneficiarão.
O crédito público A situação no mundo atual é bastante diversa. Na verdade, o crédito
público assume na vida moderna dos Estados capitalistas uma
O crédito público inclui-se, sem dúvida, entre os meios de que importância sem precedente. Logo após a Segunda Grande Guerra, as
desfruta o Estado para obter fundos. Guarda, contudo, uma nítida operações com títulos da dívida pública tinham mais por finalidade exercer
diferença com as receitas tributárias. Estas não geram o dever de restituir uni controle sobre a liquidez da economia. Era, portanto, um instrumento
as quantias havidas. No fundo, os empréstimos públicos não acrescem o destinado a repercutir no equilíbrio entre a oferta e a procura. Na medida
patrimônio estatal porque a cada entrada de caixa corresponde o em que esta era muito alta, prenunciando uma inflação eminente, o Poder
surgimento de um lançamento no passivo, de tal sorte que a operação se Público vendia títulos de sua responsabilidade, com o que recolhia parte
torna patrimonialmente neutra, o que levou Aliomar Baleeiro a afirmar que da moeda circulante. Quando a conjuntura se mostrasse Contrária, é
não se incluem os empréstimos entre as receitas ou, quando muito, são dizer. com tendências para uma fraca demanda, prenunciadora de uma
receitas impropriamente ditas. recessão econômica, o Estado resgatava esses títulos. Com isso, injetava
O crédito público é hoje alimentado por operações voluntárias. Tem- recursos monetários na economia, responsáveis por um incremento da
se tomado em muitos países um instrumento ordinário de suprimento dos procura de bens e serviços, estimulando, destarte, as atividades
cofres públicos. E preciso observar que se trata de recurso já utilizado na econômicas.
Antiguidade, quando duas notas chamavam muito a atenção; os juros Modernamente, o crédito público se autonomizou. vale dizer, passou
altos da cobrança e as circunstâncias que cercavam sua celebração ou a ser utilizado como fonte de financiamento das despesas estatais. Em
sua Cobrança. Eram frequentes as operações bélicas para forçar os razão da natureza do próprio Estado este crédito público ganhou
devedores ao pagamento, do que resultavam, por vezes, autênticas características próprias que o distinguem do crédito privado. Essas
chacinas. circunstâncias são excelentemente expostas por Antonio L. de Sousa
Durante a Idade Média e até os primeiros séculos da Idade Moderna Franco (Finanças públicas, cit.. p. 274):
praticou-se largamente o empréstimo público. No entretanto, havia uma “ — enquanto o crédito privado assenta numa base real de confiança,
abissal diferença entre essas operações e o que se entende, a confiança que o prestamista aqui tem no Estado não deriva de garantias
hodiernamente, por crédito público. Eram empréstimos feitos ao príncipe reais, mas da sua própria posição especial (de ser o Estado, em suma);
segundo à maior ou menor confiança que este despertasse aos burgueses
enriquecidos. Eram obrigações pessoais do monarca e não se transferiam “ — o caráter público do devedor marca de uma forma essencial as
a seus herdeiros e sucessores. Aliomar Baleeiro dispõe muito bem sobre relações de crédito, já que o devedor conserva faculdades que não seriam
as consequências dessa falta de garantias: “Por isso os prestamistas normais num devedor privado, como sejam, por exemplo, a de em certas
exigiam juros onerosíssimos e garantias humilhantes, que iam desde o fio circunstâncias poder alterar as condições do empréstimo”.
da barba sacratíssima de Sua Majestade. príncipes tomados como reféns,
relíquias de santos. até o penhor da coroa, joias ou a vinculação de certas Atualmente a legitimidade abstrata do crédito público não sofre
rendas ao serviço de juros e amortizações da dívida’’ (Urna introdução à contestações, mesmo porque, pela complexidade das economias
ciência. das finanças. cit., p. 434). modernas, as suas finalidades clássicas foram altamente alteradas. Mas
isso já será melhor examinado no tópico seguinte.
Não era de estranhar que o volume dessas operações acabava sendo
muito pequeno, ridículo mesmo, ante o volume da dívida pública das Os empréstimos públicos
nações modernas. Baleeiro aponta além da causa já descrita outros Embora as expressões “crédito público” e “empréstimo público”
fatores que impediam o crescimento do volume da dívida pública: tenham muitas afinidades, não se confundem. A noção de crédito é mais
“a) inexistência de vultosos capitais como expressão da riqueza mais ou ampla. Tem um duplo sentido, pois envolve tanto operações em que o
menos generalizada; Estado toma dinheiro como aquelas em que fornece pecúnia. O que está
b) doutrinas morais e religiosas infensas ao juro. que fora condenado sempre presente é a dilação temporal, é dizer, trata-se de entrega de algo
pela Igreja no Concílio de Viena (1311); no presente cm troca de uma contraprestação no futuro. Já o empréstimo
público é aquele ato pelo qual o Estado se beneficia de uma transferência
c) insegurança jurídica e política numa fase histórica de absolutismo e de liquidez com a obrigação de restituí-lo no futuro, normalmente com o
de poder pessoal dos príncipes, cujo patrimônio não se distinguia do pagamento de juros. De outro lado, o empréstimo público não se confunde
erário; com o privado. E um ato que tem regras próprias de direito público e
d) precariedade dos sistemas financeiros da época, na qual os monarcas inclusive abarca modalidades não encontráveis nos empréstimos privados.
buscavam a maior parte de seus recursos nos rendimentos dominiais
da terra ou de suas empresas e direitos regalianos; sem que os Algumas classificações são formuladas pela doutrina a respeito dos
tributos representassem o papel precípuo, que lhes coube no mundo empréstimos públicos.
contemporâneo” (Urna introdução à ciência das finanças, ctt., p. 434- Uma é a que os divide em forçados e voluntários. Os chamados em-
5). préstimos forçados são conhecidos no nosso Direito como empréstimos
Os empréstimos nessa época não se voltavam para melhorar as compulsórios. Depois de grande tergiversação a respeito, fixou-se a tese
condições de vida do povo, no mais das vezes financiavam a guerra. Era do seu caráter tributário. O mesmo não acontece, contudo, na
frequente o seu não-pagamento. De tudo, acabou por avivar-se o forte generalidade dos países, que preferem ver neles como que um sucedâneo
pensamento provindo de intelectuais contra o empréstimo público como do imposto ou, como preferem outros, um empréstimo que implicitamente
processo financeiro. Há de notar-se que, já em época muito posterior, o contém um imposto. De fato, essa figura é híbrida. Não há dúvida existir
pensamento liberal não viu com bons olhos o apelo ao crédito público. na contração do empréstimo um ato de autoridade que acarreta para o
particular uma privação patrimonial. A só diferença existente em relação
Temia-se que os orçamentos crescessem desmesuradamente. ao imposto é que neste não há promessa de reembolso, que é próprio do
Ademais, como era da essência dessa corrente ideológica, tinha-se por empréstimo forçado. O mesmo ato que institui o dever de fornecer uma
mais produtivo o capital que remanescesse nas mãos dos particulares. soma a título de mútuo contempla a favor do destinatário do ato o direito
Qualquer transferência sua para o Poder Público era tida como medida de reaver esta quantia, inclusive com o pagamento de juros em montante
financeira da prodigalidade estatal e da falta de disciplina financeira. conforme com as taxas vigorantes no mercado. E unia fórmula, portanto,
O século XIX também encontrou razões para ver de maneira negativa que visa a captar recursos particulares sem contudo fazê-lo de forma
o crédito público. Tinha-se-o como uma forma de transferência de definitiva e destituída de compensação, como ocorre nos impostos. No
encargos das gerações presentes para as futuras. Sousa Franco admite a empréstimo forçado, resta ao emprestador o consolo de manter no seu
procedência dessa crítica na medida em que o emprego do empréstimo se patrimônio o direito de recuperar essa quantia.
não dirija a aplicações reprodutivas. Se, no entanto, adversamente, der
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O empréstimo forçado teve no passado grande voga, sendo voga, haver a sua eliminação se houver acordo com os credores. Do ponto de
anterior inclusive ao voluntário. Mais recentemente, contudo, tem sido de- vista do mutuante, há sempre a possibilidade de transferência do crédito,
fendido, mas com uma característica de instrumento excepcional apto visto que tais empréstimos perpétuos são sempre representados por
para ser utilizado em economia de guerra ou então para captar excesso títulos da dívida pública negociáveis em bolsa. Portanto, para quem forne-
de liquidez no mercado. ce o empréstimo há sempre essa possibilidade prática de recuperar o
dinheiro pela cessão do título em bolsa. E óbvio que nessa operação o
Os empréstimos públicos, hoje, são eminentemente voluntários. título terá que ser cotado, isto é, toma-se ele passível de uma avaliação de
Resultam de um contrato de mútuo ou de aquisição de títulos públicos mercado em função do montante dos juros a que obriga no caso de serem
representativos da dívida, porém, estando sempre presente a fixos: se acima dos de mercado, o título sofre uma valorização; se abaixo,
espontaneidade. O mutuante empresta o dinheiro ao Estado em troca das uma depreciação.
contrapartidas: restituição do dinheiro no prazo avançado, percepção de
juros ou de outras rendas e, conforme o caso, até mesmo correção Há ainda alusão a empréstimos a curto e a longo prazo. Normalmente
monetária. se tem por de curto prazo os empréstimos com reembolso previsto dentro
do período financeiro em que estão celebrados, enquanto os de longo
No contexto dos empréstimos voluntários, a doutrina costuma desta- prazo vencem em outro orçamento, isto é,já debaixo da vigência de uma
caí’ os chamados empréstimos patrióticos. A sua característica repousa na peça orçamentária subsequente àquela sobre a qual foi contraída
quase coação psicológica sob a qual eles são levados a efeito. São
momentos de guerra externa ou civil e que despertam um sentimento A distinção de maior alcance é, sem dúvida, a que se faz entre
patriótico responsável por um espírito de renúncia e generosidade para empréstimos internos e externos, embora deva dizer-se que a sua
com a coisa pública não encontráveis cm época de normalidade. No mais, conceituação na doutrina não é pacífica. Não há acordo sobre o critério
são autênticos empréstimos voluntários, sem nenhum regime jurídico discriminador. Ora é apontado o local da celebração, ora a nacionalidade
especial que os individualize. da moeda, ora, ainda, a qualidade dos contratantes se nacionais ou
estrangeiros.
A respeito pronuncia-se Sousa Franco; “Entre os empréstimos
voluntários costuma-se também autonomizar os chamados empréstimos Em tese, o empréstimo pode ser externo por quaisquer dessas
patrióticos. que subscritores que eram emitidos em situações de grave razões. Do ponto de vista prático, contudo, o que mais conta é saber-se
crise nacional, apelando para os sentimentos patrióticos dos subscritores, quando um empréstimo deixa de ser interno e ganha a condição de
e os voluntários stricto sensu’. externo para o efeito de imputar-se-lhe um regime jurídico especial. Por
Os chamados empréstimos patrióticos, apesar das condições social- isso se nos afigura mais conveniente a seguinte definição: externo é o
mente prementes, de quase coação psicológica sobre os subscritores (v. contrato de mútuo em que o prestamista se encontra no estrangeiro e é
g. durante a l.~ guerra mundial), são juridicamente empréstimos normalmente celebrado em moeda não brasileira. Não importa a origem
voluntários; não têm relevância especial, nem a sua motivação própria, econômica do dinheiro, quiçá poderá ser até mesmo de brasileiros. Por
nem uma certa pressão ou coação genérica social ou jurídico-política. O vezes estes empréstimos são feitos anonimamente pela subscrição de
empréstimo patriótico deve assim considerar-se como exemplo histórico bônus que o governo lança cm praças financeiras do exterior.
de realização, em situações de crise, de empréstimos voluntários, por Portanto, quer-nos parecer que o local onde é feita a captação dos
formas que o mercado não tornaria fáceis nem adequados; nem pelo recursos deva, necessariamente, ser no exterior, o que não significa que a
regime nem pela vontade constitutiva se autonomizam. O empréstimo assinatura do ato também aí deva se dar. Quanto à moeda, para países
voluntário é um ato jurídico bilateral, pelo qual o Estado ou outra pessoa cujo meio circulante não é dotado de aceitação internacional, há uma
coletiva pública recolhe fundos (dinheiro, ativos financeiros, outros meios necessidade de proceder-se a contratação em moeda estrangeira, porque
de liquidez, eventualmente, mesmo, coisas fungíveis), comprometendo-se só nessas condições o prestamista se sentirá seguro.
a realizarem contrapartida diversos tipos de prestações. das quais a mais
típica será o reembolso dos capitais. Para além desta (e às vezes em sua É praticamente impensável o Brasil endividar-se em moeda nacional,
substituição) o devedor público compromete-se a pagar juros ou, em sujeita a todo o instante a desvalorizações, conversões, deflações etc. A
alternativa, apenas rendas” (Finanças públicas, cit., p. 520). consequência a se extrair é que o endividamento externo implica
São encontráveis, ainda, referências a empréstimos perpétuos e dificuldades para o seu resgate maiores do que o da dívida interna. Faz-se
temporários. A marca distintiva da perpetuidade reside no fato de não se necessário uma operação intermediária, consistente no câmbio, é dizer,
prever a restituição do capital, mas tão-somente o pagamento pelo na conversão da moeda brasileira em divisa internacional. Em
Estado, indefinidamente, de juros ou rendas, ou, ainda, dos dois consequência, o país tem que obter essas moedas de conversibilidade
conjuntamente. ampla, e isso ele o pode fazer por uru superávit na sua balança comercial
por recebimento de investimentos estrangeiros no país ou mesmo pela
Os empréstimos perpétuos são classificáveis em remíveis e celebração de um outro empréstimo.
irremíveis. Dá-se o primeiro caso quando o Estado reserva para si a
faculdade de efetuar o reembolso quando quiser. E, pois, perpétuo porque O endividamento internacional provoca por essa razão sérios
não obriga o Poder Público a resgatá-lo. Mas, se o desejar fazer, ele o problemas. Por vezes, o país tem os recursos em moeda nacional, mas
pode. Já nos irremíveis não existe tal faculdade; o reembolso é não tem condições de gerar a captação de moedas fortes, o que o coloca
impossível. diante da contingência da moratória, quer declarada formalmente, quer de
fato.
Uma conceituação cientificamente mais rigorosa leva a desqualificar
os empréstimos perpétuos como autênticos mútuos e identificá-los como Os empréstimos internos suscitam, inegavelmente, muito menos
rendas perpétuas. E a opinião de José Joaquim Teixeira Ribeiro, com a problemas por se encontrarem os emprestadores ou subscritores dos
qual concordamos. Diz ele: ‘Daqui se conclui que os empréstimos títulos públicos no território nacional e sujeitos à soberania do Estado.
perpétuos não são verdadeiros empréstimos. Podem sofrer nos limites da ordem jurídica constitucional medidas
dilatadoras dos prazos de vencimento e até mesmo consequências
Não o são os empréstimos irremíveis, uma vez que o Estado nem advindas de práticas fundadas no poder de emitirem moedas. A própria
sequer pode pagá-los; e não o são os empréstimos remíveis, uma vez que inflação constitui. em muitos casos, meio pelo qual o Estado avilta o
o Estado, embora possa, não tem de os pagar. Trata-se, antes, de duas montante da sua dívida real. Em síntese, a insolvência internacional é
espécies de rendas perpétuas, de juros que o Estado se obriga a muito mais facilmente atingida do que a nacional. Para evitar esta, o Poder
satisfazer sem limite de tempo rendas, essas, urnas insusceptíveis, e Público desfruta de prerrogativas que não lhe são úteis do ângulo das
outras susceptíveis, de remição” (Lições de finanças públicas. cit., p. 143). relações internacionais.
Para o Estado, os empréstimos perpétuos remíveis são os mais van- A dívida pública
tajosos: permitem-lhe o resgate sem que a isso, no entanto, possa ser
compelido. Nos empréstimos irremíveis. o ônus é perpétuo, e só pode Das operações de crédito, em que o Poder Público figura como
tomador do dinheiro, acaba por resultar uma dívida pública. Esta é,
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portanto, uma decorrência das operações creditícias. Daí que seus contabilmente está lastreada na previsão existente da arrecadação. Pode
problemas, sua natureza, suas classificações apresentam, logicamente. dar lugar à emissão de títulos representativos desse débito, por vezes
estreita relação com o estudo do próprio empréstimo público. chamados bilhetes do tesouro, como pode ser lastreada em abertura de
crédito em conta corrente levada a efeito por instituições financeiras.
O fato de o Estado ser responsável por débitos, muitas vezes
avolumados, gera problemas com repercussão na ordem econômica, Formas de extinção da dívida pública
financeira, política, quer se trate de uma dívida interna, quer externa.
Sendo a dívida pública, hoje, fundamentalmente composta de
Já vimos como o Estado nas operações de crédito interno dispõe de obrigações a prazo e não-perpétuas, cumpre estudarem-se as formas
instrumentos que não lhe são acessíveis no mercado externo. Do ponto de pelas quais pode dar-se a satisfação do credor ou a extinção do débito.
vista da administração destas dívidas, as mesmas diferenças se colocam.
Convida recordá-las, pois, aqui. na boca do grande mestre das finanças Amortização
públicas, que é José Joaquim Teixeira Ribeiro: A primeira delas e a mais natural, por ser a forma mais consentânea
“Ora, tem muita importância ser interna ou externa a dívida dum país. com a natureza do vínculo obrigacional. E o pagamento na data do
Desde logo, porque não é igual o ônus que uma e outra acarretam, como vencimento. Dá-se a esta operação o nome de “amortização”, que
veremos em breve. E, depois, porque há mais diferenças, nomeadamente significa a diminuição do principal da dívida pública [10 montante
as seguintes: reembolsado ao credor. Mas nem sempre o Poder Público tem condições
ou vê interesse no resgate da dívida em dinheiro. Pode, então, o Poder
Enquanto os encargos da dívida interna são geralmente satisfeitos em Público valer-se de uma alteração da dívida, de sorte a alterar-lhe o
moeda nacional, os encargos da dívida externa são satisfeitos, ou em conteúdo, principalmente no que diz respeito ao prazo de vencimento. E
ouro, ou em moeda que goze de confiança internacional, e que pode não importante notar que essas alterações hão de dar-se enquanto estiver
ser, e quase sempre não é, a moeda do país devedor Compreende-se: os vigente o empréstimo público.
credores estrangeiros querem premunir-se contra as variações
desfavoráveis dos câmbios e, portanto, exigem o pagamento dos juros e a Conversão
amortização ou reembolso em moeda que lhes mereça confiança. Daí A essa modalidade dá-se o nome de “conversão da dívida”. Pode ser
resultam estas consequências: primeiro, a dívida externa não assegura ao voluntária — quando os novos termos contratuais são atingidos mediante
Estado devedor o benefício da desvalorização da moeda, ou pelo menos o respeito à vontade dos credores, que, se recusarem os termos da
não lho assegura no mesmo grau que se tratasse de dívida interna sem proposta, poderão permanecer na situação em que se encontravam.
garantia contra a desvalorização; segundo, a dívida externa, ao contrário Forçada quando o Estado se vale de sua prerrogativa de, por meio de lei,
do que sucede com a dívida interna, pode provocar ou agravar o déficit da alterar a relação de mútuo. Neste caso, não se toma em consideração a
balança de pagamentos, colocando eventualmente o país devedor em possível recusa dos prestamistas; daí o seu elo compulsório ou, como se
situação difícil para solver os seus compromissos internacionais. E o que disse, forçado.
nos acontece agora a nós. E,finalmente, pode ser facultativa. Esta se dá quando se coloca o
Outra diferença, é esta de ordem política: sendo interna a dívida, o credor diante da possibilidade de optar pelo recebimento do seu crédito ao
Estado deve, na generalidade dos casos, aos seus cidadãos; mas, sendo par. isto é, pelo valor nominal, ou, então, preferir receber, em troca dos
externa, o Estado deve a cidadãos de outros países. Ora, o Estado goza títulos que possua. outros, submetidos a cláusulas também novas e
de soberania perante aqueles, e não perante estes. E estes os credores diversas.
estrangeiros — muitas vezes associam-se, constituindo grupos, que têm A questão que pode ser posta é de saber-se até que ponto o Estado
força, e, ainda quando não se associam. os seus interesses são pode exercer este poder de conversão no sentido de criar situações mais
defendidos pelos Governos dos respectivos países. Daí que, através dos gravosas para o prestamista. A resposta é muito fácil no caso da
empréstimos externos, se possa exercer pressão sobre os Estados conversão voluntária. Ela é sempre válida e legítima, visto que resulta do
devedores; daí que. também os Estados devedores se vejam acordo livre das partes. No que diz respeito à conversão forçada, a
frequentemente inibidos de efetuar, em relação aos empréstimos externos, matéria é bem mais intrincada. Não é possível uma resposta
certas operações que às vezes realizam. sendo internos: nomeadamente, generalizadora” Será sempre necessário examinar-se o alcance das
a redução forçada do capital ou do juro” (Lições de finanças públicas. cit.. alterações introduzidas e a virtualidade que elas tenham de lesar o
p. 166-7). patrimônio do subscritor dos títulos públicos. Se tratar de diminuição dos
juros ou do capital, afigurasse-nos isso impossível, por configurar-se
Outra classificação da dívida de aceitação bastante generalizada é a autêntico confisco, lesando o princípio da propriedade (art. 5º XXII, da
de considerá-la ou dívida fundada ou flutuante. A dívida fundada é a CF/88).
resultante dos empréstimos temporários a médio e a longo prazo,
compreendidos também os empréstimos perpétuos. O termo “fundada” No entretanto, pode-se imaginar hipótese cm que a alteração não
decorre de uma circunstância histórica. Na Inglaterra, outrora, quando se respeite à expressão econômica do crédito, mas procure, tão-somente,
emitiam empréstimos desta natureza. simultaneamente era instituído um unia dilação de prazo por motivos de interesse coletivo plenamente
fundo para fazer face aos ônus advindos da operação: aí compreendidos configurado. Ressalvado, pois, o direito à indenização, quer-nos parece
os juros co resgate do principal. que deva prevalecer aqui a regra do predomínio do interesse público
sobre o individual. Aquele que empresta ao Poder Público o faz sabedor
Quando a dívida fundada provém de empréstimos perpétuos, recebe da existência de certas garantias. como, por exemplo, a impossibilidade
o nome de dívida consolidada. de falência do Poder Público, mas, por outro lado, não poderá
desconhecer que os Poderes Públicos têm privilégios e prerrogativas que
Dívida flutuante é a decorrente dos empréstimos a curto prazo. De visam o melhor asseguramento dos interesses da comunidade.
fato, o tesouro pode sentir necessidade, e isso se dá muito
frequentemente. de fazer corresponder os ingressos públicos ao momento Repúdio
em que deverá ocorrer a despesa. Acontece, entretanto, que isto nem Dentro de uma ordem jurídica em funcionamento regular é
sempre é possível, porque o sistema arrecadador tem a sua cronologia inadmissível o repúdio da dívida. Entende-se por repúdio a rejeição ou, se
própria, que não corresponde, necessariamente, àquela do desembolso.A preferirmos, a autodesoneração das obrigações decorrentes de um
diferença pode ser pequena. dois, três meses, mas, para que não ocorra a empréstimo, por razões de conveniência ou de validade jurídica. Sousa
insolvência do Poder Público, cumpre antecipar as receitas, e isto é feito Franco observa muito bem tratar-se de uma declaração política ou
por intermédio dessas operações creditícias que dão lugar à chamada administrativa. Não pode ser jurisdicional porque, nesta hipótese, haveria
dívida flutuante. Ela flutua no sentido de que oscila muito rapidamente. uma anulação e não um repúdio.
Normalmente exige-se que a operação transcorra dentro do exercício
financeiro, de molde a não haver saldo devedor a ser transferido para No campo externo, no passado, o repúdio foi invocado por governos
exercícios futuros. É uma dívida, portanto, precaríssima e que revolucionários que não se consideravam sucessores dos governos
anteriores. Segundo eles, haveria, na verdade, a extinção de um Estado
Conhecimentos Específicos 77

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APOSTILAS OPÇÃO
com a criação de outra Foi o que se deu com o acesso ao Poder pelo impostos, taxas e contribuições de melhoria. Dessa forma, é uma receita
governo soviético, para quem os governos burgueses poderiam suceder- privativa das entidades investidas do poder de tributar: União, Estados,
se entre si, mas um governo proletário nunca podia suceder a um governo Distrito Federal e os Municípios. O Código Tributário Nacional, no art. 3º,
burguês. define tributo como “toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou
cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito,
CLASSIFICAÇÃO ORÇAMENTÁRIA DE RECEITA PÚBLICA POR CATE- instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
GORIA ECONÔMICA NO BRASIL. vinculada”, e define suas espécies da seguinte forma:
CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA DA RECEITA PÚBLICA Imposto – conforme art. 16, “imposto é o tributo cuja obrigação tem por
fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal
Fonte: http://www.lrf.com.br/
específica, relativa ao contribuinte”; Taxa – de acordo com o art. 77, “as
A classificação econômica da receita orçamentária é estabelecida pe- taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
la Lei nº 4.320/64 para sustentar o conceito com base no ingresso de Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato
recursos financeiros e não pelo reconhecimento do direito, conforme o gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou
princípio contábil da competência de registro. Portanto, deve-se proceder potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuin-
ao registro da receita orçamentária, mas antes se deve proceder ao regis- te ou posto à sua disposição”; e Contribuição de Melhoria – segundo o
tro do direito no momento em que for reconhecido, para refletir o real art. 81, “a contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados,
estado patrimonial da entidade. pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas
atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que
A Lei nº 4.320/64, em seu artigo 11, classifica a receita pública orça- decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realiza-
mentária em duas categorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas da e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para
de Capital. Com a Portaria Interministerial STN/SOF n° 338 de 26 de abril cada imóvel beneficiado”.
de 2006, essas categorias econômicas foram detalhadas em Receitas
Correntes Orçamentárias e Receitas de Capital Orçamentárias. Essa Algumas peculiaridades do poder de tributar devem ser consideradas
especificação deve-se à necessidade de se evidenciar as receitas decor- nessa classificação. Destacam-se as seguintes:
rentes de operações orçamentárias, ou seja, operações que resultem, de
O poder de tributar pertence a um ente, mas a arrecadação e aplica-
um lado, de despesa de órgãos, fundos ou entidades integrantes dos
ção pertencem a outro ente – a classificação como receita tributária deve
orçamentos fiscal e da seguridade social, e, de outro lado, receita de
ocorrer no ente arrecadador e aplicador e não deverá haver registro no
outros órgãos, fundos ou entidades também constantes desses orçamen-
ente tributante;
tos no âmbito da mesma esfera de governo.
O poder de tributar, arrecadar e distribuir pertence a um ente, mas a
1. Receita Tributária aplicação dos recursos correspondentes pertence a outro ente – a classifi-
2. Receita de Contribuições cação como receita tributária deverá ocorrer no ente tributante, porém,
3. Receita Patrimonial observando os seguintes aspectos:
4. Receita Agropecuária
Receitas Correntes No ente tributante, a transferência de recursos arrecadados deverá
5. Receita Industrial
6. Receita de Serviços ser registrada como dedução de receita ou como despesa orçamentária,
7. Transferência Corrente de acordo com a legislação em vigor;
8. Outras Receitas Correntes No ente beneficiário ou aplicador deverá ser registrado o recebimento
dos recursos como receita tributária ou de transferência, de acordo com a
1. Operações de Crédito legislação em vigor;
2. Alienação de Bens
Receitas de Capital 3. Amortização de Empréstimos No caso de recursos compartilhados entre entes da federação, quan-
5. Transferências de Capital do um é beneficiado pelo tributo de outro, é necessária a compatibilidade
6. Outras Receitas de Capital entre os registros dos respectivos entes;
Qualquer que seja a forma de recebimento da receita, quando for an-
teriormente reconhecido um direito, mesmo com valor estimado, deverá
RECEITAS CORRENTES haver registro do crédito a receber precedido do recebimento. No momen-
São os ingressos de recursos financeiros oriundos das atividades to do recebimento deverá haver registros simultâneos de baixa dos crédi-
operacionais, para aplicação em despesas correspondentes, também em tos a receber e do respectivo recebimento.
atividades operacionais, correntes ou de capital, visando ao alcance dos
objetivos constantes dos programas e ações de governo. São denomina- - Receita de Contribuições: É o ingresso proveniente de contribui-
das de receitas correntes porque não têm suas origens em operações de ções sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das
crédito, amortização de empréstimos e financiamentos nem alienação de categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de intervenção
componentes do ativo permanente. Elas são derivadas do poder de tribu- nas respectivas áreas.
tar ou resultantes da venda de produtos ou serviços colocados à disposi- Contribuições Sociais – destinadas ao custeio da seguridade social,
ção dos usuários. Têm características intrínsecas de atividades que con- que compreende a previdência social, a saúde e a assistência social.
tribuem para a finalidade fundamental dos órgãos ou entidades públicas, Observe-se que apesar de terem natureza tributária, para efeito de classi-
quer sejam operacionais ou não- operacionais. ficação orçamentária as Contribuições Sociais não estão inseridas como
Receitas correntes de órgãos, fundos, autarquias, fundações, empre- Receitas Tributárias; Contribuições de Intervenção no Domínio Eco-
sas estatais dependentes e outras entidades integrantes dos orçamentos nômico – derivam da contraprestação à atuação estatal exercida em favor
fiscal e da seguridade social decorrentes do fornecimento de materiais, de determinado grupo ou coletividade; e Contribuições de Interesse das
bens e serviços, recebimentos de impostos, taxas e contribuições, além de Categorias Profissionais ou Econômicas – destinadas ao fornecimento
outras operações, quando o fato que originar a receita decorrer de despe- de recursos aos órgãos representativos de categorias profissionais legal-
sa de órgão, fundo, autarquia, fundação, empresa estatal dependente ou mente regulamentadas ou a órgãos de defesa de interesse dos emprega-
outra entidade constante desses orçamentos, no âmbito da mesma esfera dores ou empregados.
de governo. - Receita Patrimonial: É o ingresso proveniente de rendimentos sobre
De acordo com a Lei nº 4.320/64, as receitas correntes serão classifi- investimentos do ativo permanente, de aplicações de disponibilidades
cadas nos seguintes níveis de subcategorias econômicas: em operações de mercado e outros rendimentos oriundos de renda de
ativos permanentes.
Receita Tributária: São os ingressos provenientes da arrecadação de
Conhecimentos Específicos 78

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- Receita Agropecuária: É o ingresso proveniente da atividade ou da Despesa pública
exploração agropecuária de origem vegetal ou animal. Incluem-se
nessa classificação as receitas advindas da exploração da agricultura
(cultivo do solo), da pecuária (criação, recriação ou engorda de gado CLASSIFICAÇÃO DOS GASTOS PÚBLICOS SEGUNDO A FINALIDADE,
e de animais de pequeno porte) e das atividades de beneficiamento NATUREZA E AGENTE (CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL E ECONÔMICA)
ou transformação de produtos agropecuários em instalações existen- A classificação funcional da despesa é composta por um rol de fun-
tes nos próprios estabelecimentos. ções e subfunções pré-fixadas, agregando os gastos públicos por área de
ação governamental, nas três esferas. Por ser de aplicação comum e
- Receita Industrial: É o ingresso proveniente da atividade industrial
obrigatória no âmbito dos Municípios, dos Estados e da União, a classifi-
de extração mineral, de transformação, de construção e outras, pro-
cação funcional permitirá a consolidação nacional dos gastos do setor
venientes das atividades industriais definidas como tal pela Fundação
público. As funções têm subfunções atreladas, mas as subfunções podem
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
ser combinadas com diferentes funções daquelas as quais estejam vincu-
- Receita de Serviços: É o ingresso proveniente da prestação de ladas.
serviços de transporte, saúde, comunicação, portuário, armazenagem, FUNÇÃO A função representa o maior nível de agregação das diver-
de inspeção e fiscalização, judiciário, processamento de dados, ven- sas áreas de despesa que competem ao setor público. A função “Encar-
das de mercadorias e produtos inerentes à atividade da entidade e gos Especiais” engloba as despesas em relação às quais não se possa
outros serviços. associar um bem ou serviço a ser gerado no processo produtivo corrente,
- Transferência Corrente: É o ingresso proveniente de outros entes ou tais como: dívidas, ressarcimentos, indenizações e outras afins, represen-
entidades, referente a recursos pertencentes ao ente ou entidade re- tando, portanto, uma agregação neutra.
cebedora ou ao ente ou entidade transferidora, efetivado mediante SUBFUNÇÃO A subfunção representa uma partição da função, vi-
condições preestabelecidas ou mesmo sem qualquer exigência, des- sando agregar determinado subconjunto de despesas do setor público. Na
de que o objetivo seja a aplicação em despesas correntes. nova classificação a subfunção identifica a natureza básica das ações que
se aglutinam em torno das funções. As subfunções poderão ser combina-
- Outras Receitas Correntes: São os ingressos provenientes de das com funções diferentes. Assim a classificação funcional será efetuada
outras origens não classificáveis nas subcategorias econômicas ante- por intermédio da relação da ação (projeto, atividade ou operação especi-
riores. al) com a subfunção e a função. Exemplo 1: uma atividade de pesquisa na
RECEITAS DE CAPITAL FIOCRUZ do Ministério da Saúde deve ser classificada – de acordo com
sua característica – na subfunção n.° 571 “Desenvolvimento Científico” e
São os ingressos de recursos financeiros oriundos de atividades ope- na função n.° 10 “Saúde”. Exemplo 2: um projeto de treinamento de
racionais ou não operacionais para aplicação em despesas operacionais, servidores no Ministério dos Transportes será classificado na subfunção
correntes ou de capital, visando ao alcance dos objetivos traçados nos n.° 128 “Formação de Recursos Humanos” e na função n.° 26 “Transpor-
programas e ações de governo. São denominados receita de capital tes”. Exemplo 3: uma operação especial de financiamento da produção
porque são derivados da obtenção de recursos mediante a constituição de que contribui para um determinado programa proposto para o Ministério
dívidas, amortização de empréstimos e financiamentos ou alienação de da Agricultura será classificada na subfunção n.° 846 “Outros Encargos
componentes do ativo permanente, constituindo-se em meios para atingir Especiais” e na função n.° 20 “Agricultura”. AÇÕES São de três naturezas
a finalidade fundamental do órgão ou entidade, ou mesmo, atividades não diferentes as ações de governo que podem ser classificadas como catego-
operacionais visando ao estímulo às atividades operacionais do ente. rias de programação orçamentária: atividade, projeto e operação especial.
Receitas de capital de órgãos, fundos, autarquias, fundações, empre- Os projetos e atividades são os instrumentos orçamentários de viabiliza-
sas estatais dependentes e outras entidades integrantes dos orçamentos ção dos programas. Estão assim conceituados: Atividade: é um instrumen-
fiscal e da seguridade social decorrentes do fornecimento de materiais, to de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo
bens e serviços, recebimentos de impostos, taxas e contribuições, além de um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e perma-
outras operações, quando o fato que originar a receita decorrer de despe- nente, das quais resulta um produto necessário à manutenção da ação de
sa de órgão, fundo, autarquia, fundação, empresa estatal dependente ou governo. Projeto: é um instrumento de programação para alcançar o
outra entidade constante desses orçamentos, no âmbito da mesma esfera objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações, que se
de governo. realizam num período limitado de tempo, das quais resulta um produto que
concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento da ação de governo.
De acordo com a Lei nº 4.320/64, as receitas de capital serão classifi- Operação Especial: são ações que não contribuem para a manutenção
cadas nos seguintes níveis de subcategorias econômicas: das ações de governo, das quais não resulta um produto e não geram
contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços. Representam,
- Operações de Crédito: São os ingressos provenientes da colocação
basicamente, o detalhamento da função “Encargos Especiais”. Porém um
de títulos públicos ou da contratação de empréstimos e financiamen-
grupo importante de ações com a natureza de operações especiais quan-
tos obtidos junto a entidades estatais ou privadas. Incluem-se nessa
do associadas a programas finalísticos podem apresentar produtos asso-
categoria os Empréstimos Compulsórios, que, apesar de terem natu-
ciados. São despesas passíveis de enquadramento nesta ação: amortiza-
reza tributária, para efeito de classificação orçamentária não integram
ções e encargos, aquisição de títulos, pagamento de sentenças judiciais,
essa categoria.
transferências a qualquer título (não confundir com descentralização),
- Alienação de Bens: É o ingresso proveniente da alienação de com- fundos de participação, operações de financiamento (concessão de em-
ponentes do ativo permanente. préstimos), ressarcimentos de toda a ordem, indenizações, pagamento de
- Amortização de Empréstimos: É o ingresso proveniente da amorti- inativos, participações acionárias, contribuição a organismos nacionais e
zação, ou seja, parcela referente ao recebimento de parcelas de em- internacionais, compensações financeiras. Com exceção do pagamento
préstimos ou financiamentos concedidos em títulos ou contratos. de inativos, que integra uma função específica, as demais operações
serão classificadas na função “encargos especiais”.
- Transferências de Capital: É o ingresso proveniente de outros entes
Fonte: http://pt.shvoong.com/law-and-politics/public-administrations/744440-gastos-
ou entidades referente a recursos pertencentes ao ente ou entidade p%C3%BAblicos/
recebedora ou ao ente ou entidade transferidora, efetivado mediante
condições preestabelecidas ou mesmo sem qualquer exigência, des-
de que o objetivo seja a aplicação em despesas de capital.
TIPOS DE CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS.
- Outras Receitas de Capital: São os ingressos provenientes de
outras origens não classificáveis nas subcategorias econômicas ante- O QUE SÃO CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS?
riores.
São autorizações constantes na Lei Orçamentária para a realização
Fonte: http://www.lrf.com.br/mp_op_classificacao_economica_receita_publica.html de despesas.
Conhecimentos Específicos 79

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APOSTILAS OPÇÃO
O QUE SÃO CRÉDITOS ADICIONAIS? CONTABILIZAÇÃO
São autorizações de despesas não computadas ou insuficientemente
dotadas na lei de orçamento. Estes créditos classificam-se em: A contabilização da despesa pública se dá de forma analítica e
sintética.
• Suplementares: Os destinados a reforços de dotação orçamentária. A escrituração analítica é feita em partidas simples no diário da
Ex: acréscimo das despesas com pessoal, acima do previsto, em vir- despesa prevista, empenhada e realizada, no caso das despesas
tude do aumento dos vencimentos. orçamentárias.
As despesas extra-orçamentárias são escrituradas no diário do
• Especiais: Os destinados a despesas para as quais não haja dotação
movimento extra-orçamentário, também utilizando-se partidas simples.
orçamentária específica. Ex: criação de órgão.
A escrituração sintética é feita no diário geral por totais mensais e
• Extraordinários: Os destinados a despesas urgentes e imprevisíveis, utilizando-se partidas dobradas.
em caso de guerra ou calamidade pública.
Despesas de Exercícios Anteriores
Os Suplementares e Especiais são autorizados por lei e abertos por As relativas a exercícios encerrados, para as quais o orçamento res-
decreto do Executivo; os extraordinários são abertos por decreto do Exe- pectivo consignava crédito próprio, com dotação suficiente para atendê-
cutivo, que dará imediato conhecimento ao Poder Legislativo. Normalmen- las, mas que não se tenham processado na época própria, bem como os
te, a própria lei orçamentária já autoriza o Poder Executivo a abrir créditos restos a pagar com prescrição interrompida e os compromissos reconhe-
suplementares até um determinado limite. Deve-se, contudo, observar que cidos após o encerramento do exercício correspondente. Poderão ser
a transposição, o remanejamento, ou a transferência de recursos de uma pagos, à conta de dotação específica consignada no orçamento, discrimi-
categoria de programação para outra, ou de um órgão para outro, é proi- nada por elemento, obedecida, sempre que possível, a ordem cronológica.
bida sem prévia autorização legislativa (art. 167, VI da CF).
Ordenador de Despesa
A vigência dos créditos adicionais não pode ultrapassar o exercício fi- Qualquer autoridade de cujos atos resultem emissão de empenho, au-
nanceiro, exceto os especiais e os extraordinários, quando houver expres- torização de pagamento, suprimento ou dispêndio de recursos da União
sa determinação legal. ou pelos quais responda.
QUAIS AS FONTES DOS CRÉDITOS ADICIONAIS?
Unidade Administrativa
São as seguintes as origens dos créditos adicionais: Segmento da administração direta ao qual a lei orçamentária anual
não consigna recursos e que depende de destaques ou provisões para
• Excesso de arrecadação — É o saldo positivo das diferenças acumu- executar seus programas de trabalho.
ladas mês a mês, entre a receita realizada (arrecadada) e a prevista. Unidade Orçamentaria
• Superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício O segmento da administração direta a que o orçamento da União
anterior — saldo positivo entre o ativo e o passivo financeiro. consigna dotações especificas para a realização de seus programas de
trabalho e sobre os quais exerce o poder de disposição.
• Anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de créditos
adicionais - eliminação de despesas Suprimento de Fundos
Art 45. Excepcionalmente, a critério do ordenador de despesa e sob
• Operações de Crédito realizadas - empréstimos tomados no mercado sua inteira responsabilidade, poderá ser concedido suprimento de fundos
financeiro. a servidor, sempre precedido do empenho na dotação própria às despe-
• Recursos decorrentes de vetos, de emendas ou rejeição do projeto de sas a realizar, e que não possam subordinar-se ao processo normal de
lei orçamentária anual. aplicação, nos seguintes casos (Lei nº 4.320/64, art. 68 e Decreto-lei nº
200/67, § 3º do art. 74):
DÍVIDA ATIVA I - para atender despesas eventuais, inclusive em viagem e com
serviços especiais, que exijam pronto pagamento em espécie; (Al-
São créditos que a Fazenda Pública possui contra terceiros. Pode ser:
terado pelo Decreto nº 2.289, de 4 de agosto de 1997.)
TRIBUTARIA: originada de crédito decorrente da falta de pagamento de
Il - quando a despesa deva ser feita em caráter sigiloso, conforme se
tributos, incluindo correção monetária, juros e multas.
classificar em regulamento; e
NÃO TRIBUTARIA III - para atender despesas de pequeno vulto, assim entendidas aque-
las cujo valor, em cada caso, não ultrapassar limite estabelecido
Originada de outras fontes. Ex: não cumprimento de contrato. em Portaria do Ministro da Fazenda.
O QUE É CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA - CDA? § 1º O suprimento de fundos será contabilizado e incluído nas contas
do ordenador como despesa realizada; as restituições, por falta de aplica-
É o documento que certifica a inscrição do débito em dívida ativa. ção, parcial ou total, ou aplicação indevida, constituirão anulação de
Somente após essa etapa é que a Fazenda Pública pode realizar a co- despesa, ou receita orçamentária, se recolhidas após o encerramento do
brança judicial de seu crédito. exercício.
O QUE SÃO FUNDOS ESPECIAIS? § 2º O servidor que receber suprimento de fundos, na forma deste ar-
tigo, é obrigado a prestar contas de sua aplicação, procedendo-se, auto-
Os fundos especiais são o produto de receitas especificadas que por maticamente, à tomada de contas se não o fizer no prazo assinalado pelo
lei se vinculam à realização de determinados objetos ou serviços, faculta- ordenador da despesa, sem prejuízo das providências administrativas
da a adoção de normas peculiares de aplicação: Fundo Municipal de para a apuração das responsabilidades e imposição, das penalidades
Saúde — FMS, Fundo Municipal de Assistência Social — FMAS, Fundo cabíveis (Decreto-lei nº 200/67, parágrafo único do art. 81 e § 3º do art.
Nacional de Desenvolvimento de Ensino Fundamental e Valorização do 80).
Magistério - FUNDEF. § 3º Não se concederá suprimento de fundos:
a) a responsável por dois suprimentos;
Salvo determinação em contrário da lei que os institui, o saldo positivo b) a servidor que tenha a seu cargo e guarda ou a utilização do ma-
do fundo especial apurado em balanço será transferido para o exercício terial a adquirir, salvo quando não houver na repartição outro ser-
seguinte, a crédito do mesmo fundo. A lei que instituir fundo especial vidor;
poderá determinar normas particulares de controle, prestação e tomada de c) a responsável por suprimento de fundos que, esgotado o prazo,
contas, sem de qualquer modo, afastar a competência específica do não tenha prestado contas de sua aplicação; e
Tribunal de Contas ou órgão equivalente. d) a servidor declarado em alcance.
Fonte: http://www.dhnet.org.br/3exec/orcamento/cap07.html

Conhecimentos Específicos 80

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APOSTILAS OPÇÃO
Art 46. Cabe aos detentores de suprimentos de fundos fornecer indi- b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, funda-
cação precisa dos saldos em seu poder em 31 de dezembro, para efeito ções e empresas estatais dependentes;
de contabilização e reinscrição da respectiva responsabilidade pela sua
aplicação em data posterior, observados os prazos assinalados pelo II - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal;
ordenador da despesa (Decreto-lei nº 200/67, art. 83). III - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da Uni-
Parágrafo único. A importância aplicada até 31 de dezembro será ão, Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de Contas
comprovada até 15 de janeiro seguinte. dos Municípios e Tribunal de Contas do Município.
Art 47. A concessão e aplicação de suprimento de fundos, ou adian-
tamentos, para atender peculiaridades militares, obedecerão a regime Art. 2o Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como:
especial e de exceção estabelecidos em regulamento aprovado pelo I - ente da Federação: a União, cada Estado, o Distrito Federal e cada
respectivo Ministro de Estado Município;
A conta única do Tesouro II - empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital social com
A Conta Única do Tesouro Nacional, mantida no Banco Central do direito a voto pertença, direta ou indiretamente, a ente da Federação;
Brasil, acolhe todas as disponibilidades financeiras da União, inclusive
III - empresa estatal dependente: empresa controlada que receba do
fundos, de suas autarquias e fundações. Constitui importante instrumento
ente controlador recursos financeiros para pagamento de despesas com
de controle das finanças públicas, uma vez que permite a racionalização
pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no último caso,
da administração dos recursos financeiros, reduzindo a pressão sobre a
aqueles provenientes de aumento de participação acionária;
caixa do Tesouro, além de agilizar os processos de transferência e des-
centralização financeira e os pagamentos a terceiros. IV - receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, de con-
O Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, que promoveu a tribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transfe-
organização da Administração Federal e estabeleceu as diretrizes para rências correntes e outras receitas também correntes, deduzidos:
Reforma Administrativa, determinou ao Ministério da Fazenda que imple-
mentasse a unificação dos recursos movimentados pelo Tesouro Nacio- a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios por de-
nal, através de sua Caixa junto ao agente financeiro da União, de forma a terminação constitucional ou legal, e as contribuições mencionadas na
garantir maior economia operacional e a racionalização dos procedimen- alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195, e no art. 239 da Constituição;
tos relativos a execução da programação financeira de desembolso. b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determina-
Tal determinação legal só foi integralmente cumprida com a promul- ção constitucional;
gação da Constituição de 1988, quando todas as disponibilidades do
Tesouro Nacional, existentes nos diversos agentes financeiros, foram c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servi-
transferidas para o Banco Central do Brasil, em Conta Única centralizada, dores para o custeio do seu sistema de previdência e assistência social e
exercendo o Banco do Brasil a função de agente financeiro do Tesouro. as receitas provenientes da compensação financeira citada no § 9o do art.
As regras dispondo sobre a unificação dos recursos do Tesouro Naci- 201 da Constituição.
onal em Conta Única foram estabelecidas pelo Decreto nº. 93.872, de 23 § 1o Serão computados no cálculo da receita corrente líquida os valo-
de dezembro de 1986. res pagos e recebidos em decorrência da Lei Complementar no 87, de 13
BIBLIOGRAFIAS de setembro de 1996, e do fundo previsto pelo art. 60 do Ato das Disposi-
Contabilidade Pública – Heilio Kohama ções Constitucionais Transitórias.
Curso De Direito Financeiro E De Direito Tributário § 2o Não serão considerados na receita corrente líquida do Distrito
Celso Ribeiro Bastos - Editora Saraiva – São Pauo – Sp Federal e dos Estados do Amapá e de Roraima os recursos recebidos da
Apostila De Direito Financeiro - Prof Luiz F. Maia União para atendimento das despesas de que trata o inciso V do § 1o do
art. 19.
LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 4 DE MAIO DE 2000. § 3o A receita corrente líquida será apurada somando-se as receitas
Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade arrecadadas no mês em referência e nos onze anteriores, excluídas as
na gestão fiscal e dá outras providências. duplicidades.
CAPÍTULO II
CAPÍTULO I
DO PLANEJAMENTO
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Seção I
Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públi- Do Plano Plurianual
cas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no
Art. 3o (VETADO)
Capítulo II do Título VI da Constituição.
Seção II
§ 1o A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada
Da Lei de Diretrizes Orçamentárias
e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de
afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas Art. 4o A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no § 2o do
de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condi- art. 165 da Constituição e:
ções no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com
pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, I - disporá também sobre:
operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de a) equilíbrio entre receitas e despesas;
garantia e inscrição em Restos a Pagar.
b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada nas hipó-
§ 2o As disposições desta Lei Complementar obrigam a União, os Es- teses previstas na alínea b do inciso II deste artigo, no art. 9o e no inciso II
tados, o Distrito Federal e os Municípios. do § 1o do art. 31;
§ 3o Nas referências: c) (VETADO)
I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão d) (VETADO)
compreendidos: e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados
a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os Tribu- dos programas financiados com recursos dos orçamentos;
nais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público; f) demais condições e exigências para transferências de recursos a
entidades públicas e privadas;
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II - (VETADO) § 4o É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finalidade
imprecisa ou com dotação ilimitada.
III - (VETADO)
§ 1o Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias Anexo de § 5o A lei orçamentária não consignará dotação para investimento
Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais, em valores com duração superior a um exercício financeiro que não esteja previsto no
correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal plano plurianual ou em lei que autorize a sua inclusão, conforme disposto
e primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referi- no § 1o do art. 167 da Constituição.
rem e para os dois seguintes. § 6o Integrarão as despesas da União, e serão incluídas na lei orça-
§ 2o O Anexo conterá, ainda: mentária, as do Banco Central do Brasil relativas a pessoal e encargos
sociais, custeio administrativo, inclusive os destinados a benefícios e
I - avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior; assistência aos servidores, e a investimentos.
II - demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e meto- § 7o (VETADO)
dologia de cálculo que justifiquem os resultados pretendidos, comparando-
as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e evidenciando a consis- Art. 6o (VETADO)
tência delas com as premissas e os objetivos da política econômica nacio-
Art. 7o O resultado do Banco Central do Brasil, apurado após a consti-
nal;
tuição ou reversão de reservas, constitui receita do Tesouro Nacional, e
III - evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercí- será transferido até o décimo dia útil subsequente à aprovação dos balan-
cios, destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a ços semestrais.
alienação de ativos;
§ 1o O resultado negativo constituirá obrigação do Tesouro para com
IV - avaliação da situação financeira e atuarial: o Banco Central do Brasil e será consignado em dotação específica no
a) dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores orçamento.
públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador; § 2o O impacto e o custo fiscal das operações realizadas pelo Banco
b) dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza atua- Central do Brasil serão demonstrados trimestralmente, nos termos em que
rial; dispuser a lei de diretrizes orçamentárias da União.

V - demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de recei- § 3o Os balanços trimestrais do Banco Central do Brasil conterão no-
ta e da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter conti- tas explicativas sobre os custos da remuneração das disponibilidades do
nuado. Tesouro Nacional e da manutenção das reservas cambiais e a rentabilida-
de de sua carteira de títulos, destacando os de emissão da União.
§ 3o A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos Fis-
cais, onde serão avaliados os passivos contingentes e outros riscos capa- Seção IV
zes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem Da Execução Orçamentária e do Cumprimento das Metas
tomadas, caso se concretizem.
Art. 8o Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos
§ 4o A mensagem que encaminhar o projeto da União apresentará, em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias e observado o disposto
em anexo específico, os objetivos das políticas monetária, creditícia e na alínea c do inciso I do art. 4o, o Poder Executivo estabelecerá a pro-
cambial, bem como os parâmetros e as projeções para seus principais gramação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso.
agregados e variáveis, e ainda as metas de inflação, para o exercício
subsequente. Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalidade es-
pecífica serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua
Seção III vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o
Da Lei Orçamentária Anual ingresso.
Art. 5o O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma com- Art. 9o Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da re-
patível com o plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com ceita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primá-
as normas desta Lei Complementar: rio ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o
Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessá-
I - conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da progra-
rios, nos trinta dias subsequentes, limitação de empenho e movimentação
mação dos orçamentos com os objetivos e metas constantes do documen-
financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentá-
to de que trata o § 1o do art. 4o;
rias.
II - será acompanhado do documento a que se refere o § 6o do art.
§ 1o No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que par-
165 da Constituição, bem como das medidas de compensação a renún-
cial, a recomposição das dotações cujos empenhos foram limitados dar-
cias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continu-
se-á de forma proporcional às reduções efetivadas.
ado;
§ 2o Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obri-
III - conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e mon-
gações constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao
tante, definido com base na receita corrente líquida, serão estabelecidos
pagamento do serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes
na lei de diretrizes orçamentárias, destinada ao:
orçamentárias.
a) (VETADO)
§ 3o No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Pú-
b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos blico não promoverem a limitação no prazo estabelecido no caput, é o
fiscais imprevistos. Poder Executivo autorizado a limitar os valores financeiros segundo os
critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias. (Vide ADIN 2.238-5)
§ 1o Todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou con-
tratual, e as receitas que as atenderão, constarão da lei orçamentária § 4o Até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o Poder
anual. Executivo demonstrará e avaliará o cumprimento das metas fiscais de
cada quadrimestre, em audiência pública na comissão referida no § 1o do
§ 2o O refinanciamento da dívida pública constará separadamente na art. 166 da Constituição ou equivalente nas Casas Legislativas estaduais e
lei orçamentária e nas de crédito adicional. municipais.
§ 3o A atualização monetária do principal da dívida mobiliária refinan- § 5o No prazo de noventa dias após o encerramento de cada semes-
ciada não poderá superar a variação do índice de preços previsto na lei de tre, o Banco Central do Brasil apresentará, em reunião conjunta das
diretrizes orçamentárias, ou em legislação específica.
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Apostila Digital Licenciada para Thiago Azevedo de Oliveira - thiagoagrotec@hotmail.com (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.br
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comissões temáticas pertinentes do Congresso Nacional, avaliação do benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas referidas
cumprimento dos objetivos e metas das políticas monetária, creditícia e no mencionado inciso.
cambial, evidenciando o impacto e o custo fiscal de suas operações e os
resultados demonstrados nos balanços. § 3o O disposto neste artigo não se aplica:

Art. 10. A execução orçamentária e financeira identificará os benefici- I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos I, II,
ários de pagamento de sentenças judiciais, por meio de sistema de conta- IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu § 1o;
bilidade e administração financeira, para fins de observância da ordem II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos res-
cronológica determinada no art. 100 da Constituição. pectivos custos de cobrança.
CAPÍTULO III CAPÍTULO IV
DA RECEITA PÚBLICA DA DESPESA PÚBLICA
Seção I Seção I
Da Previsão e da Arrecadação Da Geração da Despesa
Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na ges- Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao
tão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos patrimônio público a geração de despesa ou assunção de obrigação que
da competência constitucional do ente da Federação. não atendam o disposto nos arts. 16 e 17.
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governa-
para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos mental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de:
impostos.
I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que
Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e le- deva entrar em vigor e nos dois subsequentes;
gais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem ade-
índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator quação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compati-
relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos bilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.
últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se
referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas. § 1o Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:

§ 1o Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só será I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dota-
admitida se comprovado erro ou omissão de ordem técnica ou legal. ção específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico,
de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas
§ 2o O montante previsto para as receitas de operações de crédito e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados
não poderá ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto os limites estabelecidos para o exercício;
de lei orçamentária. (Vide ADIN 2.238-5)
II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentá-
§ 3o O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos de- rias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e
mais Poderes e do Ministério Público, no mínimo trinta dias antes do prazo metas previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas
final para encaminhamento de suas propostas orçamentárias, os estudos disposições.
e as estimativas das receitas para o exercício subsequente, inclusive da
§ 2o A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompanhada
corrente líquida, e as respectivas memórias de cálculo.
das premissas e metodologia de cálculo utilizadas.
Art. 13. No prazo previsto no art. 8o, as receitas previstas serão des-
§ 3o Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada irre-
dobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arrecadação,
levante, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.
com a especificação, em separado, quando cabível, das medidas de
combate à evasão e à sonegação, da quantidade e valores de ações § 4o As normas do caput constituem condição prévia para:
ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como da evolução do mon- I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execu-
tante dos créditos tributários passíveis de cobrança administrativa. ção de obras;
Seção II II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3o do art.
Da Renúncia de Receita 182 da Constituição.
Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natu- Subseção I
reza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompa- Da Despesa Obrigatória de Caráter Continuado
nhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em
que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa cor-
lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condi- rente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo
ções: que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período
superior a dois exercícios.
I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada
na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que § 1o Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o ca-
não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da put deverão ser instruídos com a estimativa prevista no inciso I do art. 16 e
lei de diretrizes orçamentárias; demonstrar a origem dos recursos para seu custeio.
II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período § 2o Para efeito do atendimento do § 1o, o ato será acompanhado de
mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as
elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou cria- metas de resultados fiscais previstas no anexo referido no § 1o do art. 4o,
ção de tributo ou contribuição. devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser compensa-
§ 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito pre- dos pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de
sumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota despesa.
ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de § 3o Para efeito do § 2o, considera-se aumento permanente de receita
tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a trata- o proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo,
mento diferenciado. majoração ou criação de tributo ou contribuição.
§ 2o Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de § 4o A comprovação referida no § 2o, apresentada pelo proponente,
que trata o caput deste artigo decorrer da condição contida no inciso II, o conterá as premissas e metodologia de cálculo utilizadas, sem prejuízo do
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exame de compatibilidade da despesa com as demais normas do plano a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o Legislativo,
plurianual e da lei de diretrizes orçamentárias. incluído o Tribunal de Contas da União;
§ 5o A despesa de que trata este artigo não será executada antes da b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
implementação das medidas referidas no § 2o, as quais integrarão o c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para o Executi-
instrumento que a criar ou aumentar. vo, destacando-se 3% (três por cento) para as despesas com pessoal
decorrentes do que dispõem os incisos XIII e XIV do art. 21 da Constitui-
§ 6o O disposto no § 1o não se aplica às despesas destinadas ao ser- ção e o art. 31 da Emenda Constitucional no 19, repartidos de forma
viço da dívida nem ao reajustamento de remuneração de pessoal de que proporcional à média das despesas relativas a cada um destes dispositi-
trata o inciso X do art. 37 da Constituição. vos, em percentual da receita corrente líquida, verificadas nos três exercí-
§ 7o Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada cios financeiros imediatamente anteriores ao da publicação desta Lei
por prazo determinado. Complementar;
d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Público da União;
Seção II
Das Despesas com Pessoal II - na esfera estadual:
Subseção I a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Con-
Definições e Limites tas do Estado;
Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
despesa total com pessoal: o somatório dos gastos do ente da Federação c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo;
com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos,
cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Estados;
com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vanta- III - na esfera municipal:
gens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Con-
pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens tas do Município, quando houver;
pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribui-
ções recolhidas pelo ente às entidades de previdência. b) 54% (cinquenta e quatro por cento) para o Executivo.
§ 1o Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra que se § 1o Nos Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera, os limites
referem à substituição de servidores e empregados públicos serão conta- serão repartidos entre seus órgãos de forma proporcional à média das
bilizados como "Outras Despesas de Pessoal". despesas com pessoal, em percentual da receita corrente líquida, verifica-
das nos três exercícios financeiros imediatamente anteriores ao da publi-
§ 2o A despesa total com pessoal será apurada somando-se a reali- cação desta Lei Complementar.
zada no mês em referência com as dos onze imediatamente anteriores,
adotando-se o regime de competência. § 2o Para efeito deste artigo entende-se como órgão:
Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, I - o Ministério Público;
a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada II- no Poder Legislativo:
ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente a) Federal, as respectivas Casas e o Tribunal de Contas da União;
líquida, a seguir discriminados:
b) Estadual, a Assembleia Legislativa e os Tribunais de Contas;
I - União: 50% (cinquenta por cento);
c) do Distrito Federal, a Câmara Legislativa e o Tribunal de Contas do
II - Estados: 60% (sessenta por cento); Distrito Federal;
III - Municípios: 60% (sessenta por cento). d) Municipal, a Câmara de Vereadores e o Tribunal de Contas do Mu-
§ 1o Na verificação do atendimento dos limites definidos neste artigo, nicípio, quando houver;
não serão computadas as despesas: III - no Poder Judiciário:
I - de indenização por demissão de servidores ou empregados; a) Federal, os tribunais referidos no art. 92 da Constituição;
II - relativas a incentivos à demissão voluntária; b) Estadual, o Tribunal de Justiça e outros, quando houver.
III - derivadas da aplicação do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 § 3o Os limites para as despesas com pessoal do Poder Judiciário, a
da Constituição; cargo da União por força do inciso XIII do art. 21 da Constituição, serão
IV - decorrentes de decisão judicial e da competência de período an- estabelecidos mediante aplicação da regra do § 1o.
terior ao da apuração a que se refere o § 2o do art. 18; § 4o Nos Estados em que houver Tribunal de Contas dos Municípios, os
V - com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e Ro- percentuais definidos nas alíneas a e c do inciso II do caput serão, respecti-
raima, custeadas com recursos transferidos pela União na forma dos vamente, acrescidos e reduzidos em 0,4% (quatro décimos por cento).
incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e do art. 31 da Emenda Cons- § 5o Para os fins previstos no art. 168 da Constituição, a entrega dos
titucional no 19; recursos financeiros correspondentes à despesa total com pessoal por
VI - com inativos, ainda que por intermédio de fundo específico, cus- Poder e órgão será a resultante da aplicação dos percentuais definidos
teadas por recursos provenientes: neste artigo, ou aqueles fixados na lei de diretrizes orçamentárias.
a) da arrecadação de contribuições dos segurados; § 6o (VETADO)
b) da compensação financeira de que trata o § 9o do art. 201 da Cons- Subseção II
tituição; Do Controle da Despesa Total com Pessoal
c) das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado a Art. 21. É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da des-
tal finalidade, inclusive o produto da alienação de bens, direitos e ativos, pesa com pessoal e não atenda:
bem como seu superávit financeiro. I - as exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar, e o dis-
§ 2o Observado o disposto no inciso IV do § 1o, as despesas com posto no inciso XIII do art. 37 e no § 1o do art. 169 da Constituição;
pessoal decorrentes de sentenças judiciais serão incluídas no limite do II - o limite legal de comprometimento aplicado às despesas com pes-
respectivo Poder ou órgão referido no art. 20. soal inativo.
Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder Parágrafo único. Também é nulo de pleno direito o ato de que resulte
os seguintes percentuais: aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias
anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão
I - na esfera federal: referido no art. 20.

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Art. 22. A verificação do cumprimento dos limites estabelecidos nos § 1o São exigências para a realização de transferência voluntária,
arts. 19 e 20 será realizada ao final de cada quadrimestre. além das estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias:
Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (no- I - existência de dotação específica;
venta e cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou órgão referido
II - (VETADO)
no art. 20 que houver incorrido no excesso:
III - observância do disposto no inciso X do art. 167 da Constituição;
I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de re-
muneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de IV - comprovação, por parte do beneficiário, de:
determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X a) que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos, empréstimos
do art. 37 da Constituição; e financiamentos devidos ao ente transferidor, bem como quanto à presta-
II - criação de cargo, emprego ou função; ção de contas de recursos anteriormente dele recebidos;
III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de des- b) cumprimento dos limites constitucionais relativos à educação e à
pesa; saúde;
IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal c) observância dos limites das dívidas consolidada e mobiliária, de
a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, de inscrição
falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança; em Restos a Pagar e de despesa total com pessoal;
V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II d) previsão orçamentária de contrapartida.
do § 6o do art. 57 da Constituição e as situações previstas na lei de diretri-
zes orçamentárias. § 2o É vedada a utilização de recursos transferidos em finalidade di-
versa da pactuada.
Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido
no art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo § 3o Para fins da aplicação das sanções de suspensão de transferên-
das medidas previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser cias voluntárias constantes desta Lei Complementar, excetuam-se aquelas
eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço relativas a ações de educação, saúde e assistência social.
no primeiro, adotando-se, entre outras, as providências previstas nos §§ CAPÍTULO VI
3o e 4o do art. 169 da Constituição.
DA DESTINAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS PARA O SETOR PRIVA-
§ 1o No caso do inciso I do § 3o do art. 169 da Constituição, o objetivo DO
poderá ser alcançado tanto pela extinção de cargos e funções quanto pela
Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir
redução dos valores a eles atribuídos. (Vide ADIN 2.238-5)
necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas deverá
§ 2o É facultada a redução temporária da jornada de trabalho com ser autorizada por lei específica, atender às condições estabelecidas na lei
adequação dos vencimentos à nova carga horária.(Vide ADIN 2.238-5) de diretrizes orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em seus
§ 3o Não alcançada a redução no prazo estabelecido, e enquanto créditos adicionais.
perdurar o excesso, o ente não poderá: § 1o O disposto no caput aplica-se a toda a administração indireta, in-
I - receber transferências voluntárias; clusive fundações públicas e empresas estatais, exceto, no exercício de
II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente; suas atribuições precípuas, as instituições financeiras e o Banco Central
do Brasil.
III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refi-
nanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas § 2o Compreende-se incluída a concessão de empréstimos, financia-
com pessoal. mentos e refinanciamentos, inclusive as respectivas prorrogações e a
composição de dívidas, a concessão de subvenções e a participação em
§ 4o As restrições do § 3o aplicam-se imediatamente se a despesa to-
constituição ou aumento de capital.
tal com pessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre do último ano
do mandato dos titulares de Poder ou órgão referidos no art. 20. Art. 27. Na concessão de crédito por ente da Federação a pessoa físi-
ca, ou jurídica que não esteja sob seu controle direto ou indireto, os en-
cargos financeiros, comissões e despesas congêneres não serão inferio-
Seção III res aos definidos em lei ou ao custo de captação.
Das Despesas com a Seguridade Social Parágrafo único. Dependem de autorização em lei específica as pror-
Art. 24. Nenhum benefício ou serviço relativo à seguridade social po- rogações e composições de dívidas decorrentes de operações de crédito,
derá ser criado, majorado ou estendido sem a indicação da fonte de bem como a concessão de empréstimos ou financiamentos em desacordo
custeio total, nos termos do § 5o do art. 195 da Constituição, atendidas com o caput, sendo o subsídio correspondente consignado na lei orça-
ainda as exigências do art. 17. mentária.
§ 1o É dispensada da compensação referida no art. 17 o aumento de Art. 28. Salvo mediante lei específica, não poderão ser utilizados re-
despesa decorrente de: cursos públicos, inclusive de operações de crédito, para socorrer institui-
I - concessão de benefício a quem satisfaça as condições de habilita- ções do Sistema Financeiro Nacional, ainda que mediante a concessão de
ção prevista na legislação pertinente; empréstimos de recuperação ou financiamentos para mudança de controle
acionário.
II - expansão quantitativa do atendimento e dos serviços prestados;
§ 1o A prevenção de insolvência e outros riscos ficará a cargo de fun-
III - reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de preservar
dos, e outros mecanismos, constituídos pelas instituições do Sistema
o seu valor real.
Financeiro Nacional, na forma da lei.
§ 2o O disposto neste artigo aplica-se a benefício ou serviço de saúde,
previdência e assistência social, inclusive os destinados aos servidores § 2o O disposto no caput não proíbe o Banco Central do Brasil de
públicos e militares, ativos e inativos, e aos pensionistas. conceder às instituições financeiras operações de redesconto e de em-
préstimos de prazo inferior a trezentos e sessenta dias.
CAPÍTULO V
CAPÍTULO VII
DAS TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS DA DÍVIDA E DO ENDIVIDAMENTO
Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se por transfe- Seção I
rência voluntária a entrega de recursos correntes ou de capital a outro Definições Básicas
ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financei-
ra, que não decorra de determinação constitucional, legal ou os destina- Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas as se-
dos ao Sistema Único de Saúde. guintes definições:

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APOSTILAS OPÇÃO
I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado § 4o Para fins de verificação do atendimento do limite, a apuração do
sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação, assu- montante da dívida consolidada será efetuada ao final de cada quadrimes-
midas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização tre.
de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze
meses; § 5o No prazo previsto no art. 5o, o Presidente da República enviará
ao Senado Federal ou ao Congresso Nacional, conforme o caso, proposta
II - dívida pública mobiliária: dívida pública representada por títulos de manutenção ou alteração dos limites e condições previstos nos incisos
emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil, Estados e I e II do caput.
Municípios;
§ 6o Sempre que alterados os fundamentos das propostas de que tra-
III - operação de crédito: compromisso financeiro assumido em razão ta este artigo, em razão de instabilidade econômica ou alterações nas
de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição finan- políticas monetária ou cambial, o Presidente da República poderá encami-
ciada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda nhar ao Senado Federal ou ao Congresso Nacional solicitação de revisão
a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações dos limites.
assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros;
§ 7o Os precatórios judiciais não pagos durante a execução do orça-
IV - concessão de garantia: compromisso de adimplência de obriga- mento em que houverem sido incluídos integram a dívida consolidada,
ção financeira ou contratual assumida por ente da Federação ou entidade para fins de aplicação dos limites.
a ele vinculada;
Seção III
V - refinanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos para pa- Da Recondução da Dívida aos Limites
gamento do principal acrescido da atualização monetária. Art. 31. Se a dívida consolidada de um ente da Federação ultrapassar
o respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser a ele recondu-
§ 1o Equipara-se a operação de crédito a assunção, o reconhecimento zida até o término dos três subsequentes, reduzindo o excedente em pelo
ou a confissão de dívidas pelo ente da Federação, sem prejuízo do cum- menos 25% (vinte e cinco por cento) no primeiro.
primento das exigências dos arts. 15 e 16.
§ 1o Enquanto perdurar o excesso, o ente que nele houver incorrido:
§ 2o Será incluída na dívida pública consolidada da União a relativa à
emissão de títulos de responsabilidade do Banco Central do Brasil. I - estará proibido de realizar operação de crédito interna ou externa,
inclusive por antecipação de receita, ressalvado o refinanciamento do
3o
§ Também integram a dívida pública consolidada as operações de principal atualizado da dívida mobiliária;
crédito de prazo inferior a doze meses cujas receitas tenham constado do
orçamento. II - obterá resultado primário necessário à recondução da dívida ao li-
mite, promovendo, entre outras medidas, limitação de empenho, na forma
4o
§ O refinanciamento do principal da dívida mobiliária não excederá, do art. 9o.
ao término de cada exercício financeiro, o montante do final do exercício
anterior, somado ao das operações de crédito autorizadas no orçamento § 2o Vencido o prazo para retorno da dívida ao limite, e enquanto per-
para este efeito e efetivamente realizadas, acrescido de atualização durar o excesso, o ente ficará também impedido de receber transferências
monetária. voluntárias da União ou do Estado.
Seção II § 3o As restrições do § 1o aplicam-se imediatamente se o montante da
Dos Limites da Dívida Pública e das Operações de Crédito dívida exceder o limite no primeiro quadrimestre do último ano do mandato
do Chefe do Poder Executivo.
Art. 30. No prazo de noventa dias após a publicação desta Lei Com-
plementar, o Presidente da República submeterá ao: § 4o O Ministério da Fazenda divulgará, mensalmente, a relação dos
I - Senado Federal: proposta de limites globais para o montante da dí- entes que tenham ultrapassado os limites das dívidas consolidada e
vida consolidada da União, Estados e Municípios, cumprindo o que esta- mobiliária.
belece o inciso VI do art. 52 da Constituição, bem como de limites e condi- § 5o As normas deste artigo serão observadas nos casos de descum-
ções relativos aos incisos VII, VIII e IX do mesmo artigo; primento dos limites da dívida mobiliária e das operações de crédito
II - Congresso Nacional: projeto de lei que estabeleça limites para o internas e externas.
montante da dívida mobiliária federal a que se refere o inciso XIV do art. Seção IV
48 da Constituição, acompanhado da demonstração de sua adequação Das Operações de Crédito
aos limites fixados para a dívida consolidada da União, atendido o dispos- Subseção I
to no inciso I do § 1o deste artigo. Da Contratação
§ 1o As propostas referidas nos incisos I e II do caput e suas altera- Art. 32. O Ministério da Fazenda verificará o cumprimento dos limites
ções conterão: e condições relativos à realização de operações de crédito de cada ente
I - demonstração de que os limites e condições guardam coerência da Federação, inclusive das empresas por eles controladas, direta ou
com as normas estabelecidas nesta Lei Complementar e com os objetivos indiretamente.
da política fiscal;
§ 1o O ente interessado formalizará seu pleito fundamentando-o em
II - estimativas do impacto da aplicação dos limites a cada uma das parecer de seus órgãos técnicos e jurídicos, demonstrando a relação
três esferas de governo; custo-benefício, o interesse econômico e social da operação e o atendi-
mento das seguintes condições:
III - razões de eventual proposição de limites diferenciados por esfera
de governo; I - existência de prévia e expressa autorização para a contratação, no
IV - metodologia de apuração dos resultados primário e nominal. texto da lei orçamentária, em créditos adicionais ou lei específica;

§ 2o As propostas mencionadas nos incisos I e II do caput também II - inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos recursos pro-
poderão ser apresentadas em termos de dívida líquida, evidenciando a venientes da operação, exceto no caso de operações por antecipação de
forma e a metodologia de sua apuração. receita;

§ 3o Os limites de que tratam os incisos I e II do caput serão fixados III - observância dos limites e condições fixados pelo Senado Federal;
em percentual da receita corrente líquida para cada esfera de governo e IV - autorização específica do Senado Federal, quando se tratar de
aplicados igualmente a todos os entes da Federação que a integrem, operação de crédito externo;
constituindo, para cada um deles, limites máximos.

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APOSTILAS OPÇÃO
V - atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Constituição; § 2o O disposto no caput não impede Estados e Municípios de com-
prar títulos da dívida da União como aplicação de suas disponibilidades.
VI - observância das demais restrições estabelecidas nesta Lei Com-
plementar. Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição finan-
ceira estatal e o ente da Federação que a controle, na qualidade de bene-
2o
§ As operações relativas à dívida mobiliária federal autorizadas, no ficiário do empréstimo.
texto da lei orçamentária ou de créditos adicionais, serão objeto de pro-
cesso simplificado que atenda às suas especificidades. Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe instituição financeira
controlada de adquirir, no mercado, títulos da dívida pública para atender
3o 1o,
§ Para fins do disposto no inciso V do § considerar-se-á, em cada investimento de seus clientes, ou títulos da dívida de emissão da União
exercício financeiro, o total dos recursos de operações de crédito nele para aplicação de recursos próprios.
ingressados e o das despesas de capital executadas, observado o seguinte:
Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito e estão vedados:
I - não serão computadas nas despesas de capital as realizadas sob a
forma de empréstimo ou financiamento a contribuinte, com o intuito de I - captação de recursos a título de antecipação de receita de tributo
promover incentivo fiscal, tendo por base tributo de competência do ente ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha ocorrido, sem prejuízo
da Federação, se resultar a diminuição, direta ou indireta, do ônus deste; do disposto no § 7o do art. 150 da Constituição;
II - se o empréstimo ou financiamento a que se refere o inciso I for II - recebimento antecipado de valores de empresa em que o Poder
concedido por instituição financeira controlada pelo ente da Federação, o Público detenha, direta ou indiretamente, a maioria do capital social com
valor da operação será deduzido das despesas de capital; direito a voto, salvo lucros e dividendos, na forma da legislação;
III - (VETADO) III - assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou opera-
ção assemelhada, com fornecedor de bens, mercadorias ou serviços,
§ 4o Sem prejuízo das atribuições próprias do Senado Federal e do mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito, não se aplicando
Banco Central do Brasil, o Ministério da Fazenda efetuará o registro esta vedação a empresas estatais dependentes;
eletrônico centralizado e atualizado das dívidas públicas interna e externa,
garantido o acesso público às informações, que incluirão: IV - assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, com for-
necedores para pagamento a posteriori de bens e serviços.
I - encargos e condições de contratação;
Subseção III
II - saldos atualizados e limites relativos às dívidas consolidada e mo- Das Operações de Crédito por Antecipação de Receita Orçamentária
biliária, operações de crédito e concessão de garantias.
Art. 38. A operação de crédito por antecipação de receita destina-se a
§ 5o Os contratos de operação de crédito externo não conterão cláu- atender insuficiência de caixa durante o exercício financeiro e cumprirá as
sula que importe na compensação automática de débitos e créditos. exigências mencionadas no art. 32 e mais as seguintes:
Art. 33. A instituição financeira que contratar operação de crédito com I - realizar-se-á somente a partir do décimo dia do início do exercício;
ente da Federação, exceto quando relativa à dívida mobiliária ou à exter- II - deverá ser liquidada, com juros e outros encargos incidentes, até o
na, deverá exigir comprovação de que a operação atende às condições e dia dez de dezembro de cada ano;
limites estabelecidos. III - não será autorizada se forem cobrados outros encargos que não a
§ 1o A operação realizada com infração do disposto nesta Lei Com- taxa de juros da operação, obrigatoriamente prefixada ou indexada à taxa
plementar será considerada nula, procedendo-se ao seu cancelamento, básica financeira, ou à que vier a esta substituir;
mediante a devolução do principal, vedados o pagamento de juros e IV - estará proibida:
demais encargos financeiros. a) enquanto existir operação anterior da mesma natureza não inte-
§ 2o Se a devolução não for efetuada no exercício de ingresso dos re- gralmente resgatada;
cursos, será consignada reserva específica na lei orçamentária para o b) no último ano de mandato do Presidente, Governador ou Prefeito
exercício seguinte. Municipal.
§ 3o Enquanto não efetuado o cancelamento, a amortização, ou cons- § 1o As operações de que trata este artigo não serão computadas pa-
tituída a reserva, aplicam-se as sanções previstas nos incisos do § 3o do ra efeito do que dispõe o inciso III do art. 167 da Constituição, desde que
art. 23. liquidadas no prazo definido no inciso II do caput.
§ 2o As operações de crédito por antecipação de receita realizadas
§ 4o Também se constituirá reserva, no montante equivalente ao ex-
por Estados ou Municípios serão efetuadas mediante abertura de crédito
cesso, se não atendido o disposto no inciso III do art. 167 da Constituição,
junto à instituição financeira vencedora em processo competitivo eletrônico
consideradas as disposições do § 3o do art. 32.
promovido pelo Banco Central do Brasil.
Subseção II § 3o O Banco Central do Brasil manterá sistema de acompanhamento
Das Vedações e controle do saldo do crédito aberto e, no caso de inobservância dos
Art. 34. O Banco Central do Brasil não emitirá títulos da dívida pública limites, aplicará as sanções cabíveis à instituição credora.
a partir de dois anos após a publicação desta Lei Complementar.
Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre um ente Subseção IV
da Federação, diretamente ou por intermédio de fundo, autarquia, funda- Das Operações com o Banco Central do Brasil
ção ou empresa estatal dependente, e outro, inclusive suas entidades da Art. 39. Nas suas relações com ente da Federação, o Banco Central
administração indireta, ainda que sob a forma de novação, refinanciamen- do Brasil está sujeito às vedações constantes do art. 35 e mais às seguin-
to ou postergação de dívida contraída anteriormente. tes:
§ 1o Excetuam-se da vedação a que se refere o caput as operações I - compra de título da dívida, na data de sua colocação no mercado,
entre instituição financeira estatal e outro ente da Federação, inclusive ressalvado o disposto no § 2o deste artigo;
suas entidades da administração indireta, que não se destinem a: II - permuta, ainda que temporária, por intermédio de instituição finan-
ceira ou não, de título da dívida de ente da Federação por título da dívida
I - financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes; pública federal, bem como a operação de compra e venda, a termo, da-
II - refinanciar dívidas não contraídas junto à própria instituição con- quele título, cujo efeito final seja semelhante à permuta;
cedente. III - concessão de garantia.

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APOSTILAS OPÇÃO
§ 1o O disposto no inciso II, in fine, não se aplica ao estoque de Letras Seção VI
do Banco Central do Brasil, Série Especial, existente na carteira das Dos Restos a Pagar
instituições financeiras, que pode ser refinanciado mediante novas opera- Art. 41. (VETADO)
ções de venda a termo.
Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos
§ 2o O Banco Central do Brasil só poderá comprar diretamente títulos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despe-
emitidos pela União para refinanciar a dívida mobiliária federal que estiver sa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha
vencendo na sua carteira. parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente
§ 3o A operação mencionada no § 2o deverá ser realizada à taxa mé- disponibilidade de caixa para este efeito.
dia e condições alcançadas no dia, em leilão público. Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa serão
considerados os encargos e despesas compromissadas a pagar até o final
§ 4o É vedado ao Tesouro Nacional adquirir títulos da dívida pública do exercício.
federal existentes na carteira do Banco Central do Brasil, ainda que com
cláusula de reversão, salvo para reduzir a dívida mobiliária. CAPÍTULO VIII
DA GESTÃO PATRIMONIAL
Seção V Seção I
Da Garantia e da Contragarantia Das Disponibilidades de Caixa
Art. 40. Os entes poderão conceder garantia em operações de crédito Art. 43. As disponibilidades de caixa dos entes da Federação serão
internas ou externas, observados o disposto neste artigo, as normas do depositadas conforme estabelece o § 3o do art. 164 da Constituição.
art. 32 e, no caso da União, também os limites e as condições estabeleci-
dos pelo Senado Federal. § 1o As disponibilidades de caixa dos regimes de previdência social,
geral e próprio dos servidores públicos, ainda que vinculadas a fundos
§ 1o A garantia estará condicionada ao oferecimento de contragaran- específicos a que se referem os arts. 249 e 250 da Constituição, ficarão
tia, em valor igual ou superior ao da garantia a ser concedida, e à adim- depositadas em conta separada das demais disponibilidades de cada ente
plência da entidade que a pleitear relativamente a suas obrigações junto e aplicadas nas condições de mercado, com observância dos limites e
ao garantidor e às entidades por este controladas, observado o seguinte: condições de proteção e prudência financeira.
I - não será exigida contragarantia de órgãos e entidades do próprio en- § 2o É vedada a aplicação das disponibilidades de que trata o § 1o em:
te;
I - títulos da dívida pública estadual e municipal, bem como em ações
II - a contragarantia exigida pela União a Estado ou Município, ou pe- e outros papéis relativos às empresas controladas pelo respectivo ente da
los Estados aos Municípios, poderá consistir na vinculação de receitas Federação;
tributárias diretamente arrecadadas e provenientes de transferências
constitucionais, com outorga de poderes ao garantidor para retê-las e II - empréstimos, de qualquer natureza, aos segurados e ao Poder
empregar o respectivo valor na liquidação da dívida vencida. Público, inclusive a suas empresas controladas.

§ 2o No caso de operação de crédito junto a organismo financeiro in- Seção II


ternacional, ou a instituição federal de crédito e fomento para o repasse de Da Preservação do Patrimônio Público
recursos externos, a União só prestará garantia a ente que atenda, além Art. 44. É vedada a aplicação da receita de capital derivada da aliena-
do disposto no § 1o, as exigências legais para o recebimento de transfe- ção de bens e direitos que integram o patrimônio público para o financia-
rências voluntárias. mento de despesa corrente, salvo se destinada por lei aos regimes de
§ 3o (VETADO) previdência social, geral e próprio dos servidores públicos.

§ 4o (VETADO) Art. 45. Observado o disposto no § 5o do art. 5o, a lei orçamentária e


as de créditos adicionais só incluirão novos projetos após adequadamente
§ 5o É nula a garantia concedida acima dos limites fixados pelo Sena- atendidos os em andamento e contempladas as despesas de conservação
do Federal. do patrimônio público, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes
orçamentárias.
§ 6o É vedado às entidades da administração indireta, inclusive suas
empresas controladas e subsidiárias, conceder garantia, ainda que com Parágrafo único. O Poder Executivo de cada ente encaminhará ao
recursos de fundos. Legislativo, até a data do envio do projeto de lei de diretrizes orçamentá-
rias, relatório com as informações necessárias ao cumprimento do dispos-
§ 7o O disposto no § 6o não se aplica à concessão de garantia por:
to neste artigo, ao qual será dada ampla divulgação.
I - empresa controlada a subsidiária ou controlada sua, nem à presta-
Art. 46. É nulo de pleno direito ato de desapropriação de imóvel urba-
ção de contragarantia nas mesmas condições;
no expedido sem o atendimento do disposto no § 3o do art. 182 da Consti-
II - instituição financeira a empresa nacional, nos termos da lei. tuição, ou prévio depósito judicial do valor da indenização.
§ 8o Excetua-se do disposto neste artigo a garantia prestada: Seção III
Das Empresas Controladas pelo Setor Público
I - por instituições financeiras estatais, que se submeterão às normas
aplicáveis às instituições financeiras privadas, de acordo com a legislação Art. 47. A empresa controlada que firmar contrato de gestão em que
pertinente; se estabeleçam objetivos e metas de desempenho, na forma da lei, dispo-
rá de autonomia gerencial, orçamentária e financeira, sem prejuízo do
II - pela União, na forma de lei federal, a empresas de natureza finan- disposto no inciso II do § 5o do art. 165 da Constituição.
ceira por ela controladas, direta e indiretamente, quanto às operações de
seguro de crédito à exportação. Parágrafo único. A empresa controlada incluirá em seus balanços tri-
mestrais nota explicativa em que informará:
§ 9o Quando honrarem dívida de outro ente, em razão de garantia I - fornecimento de bens e serviços ao controlador, com respectivos
prestada, a União e os Estados poderão condicionar as transferências preços e condições, comparando-os com os praticados no mercado;
constitucionais ao ressarcimento daquele pagamento.
II - recursos recebidos do controlador, a qualquer título, especificando
§ 10. O ente da Federação cuja dívida tiver sido honrada pela União valor, fonte e destinação;
ou por Estado, em decorrência de garantia prestada em operação de
crédito, terá suspenso o acesso a novos créditos ou financiamentos até a III - venda de bens, prestação de serviços ou concessão de emprés-
total liquidação da mencionada dívida. timos e financiamentos com preços, taxas, prazos ou condições diferentes
dos vigentes no mercado.
Conhecimentos Específicos 88

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APOSTILAS OPÇÃO
CAPÍTULO IX IV - as receitas e despesas previdenciárias serão apresentadas em
DA TRANSPARÊNCIA, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO demonstrativos financeiros e orçamentários específicos;
Seção I
Da Transparência da Gestão Fiscal V - as operações de crédito, as inscrições em Restos a Pagar e as
demais formas de financiamento ou assunção de compromissos junto a
Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais terceiros, deverão ser escrituradas de modo a evidenciar o montante e a
será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso variação da dívida pública no período, detalhando, pelo menos, a natureza
público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as e o tipo de credor;
prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido
da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões VI - a demonstração das variações patrimoniais dará destaque à ori-
simplificadas desses documentos. gem e ao destino dos recursos provenientes da alienação de ativos.
Parágrafo único. A transparência será assegurada também median- § 1o No caso das demonstrações conjuntas, excluir-se-ão as opera-
te: (Redação dada pela Lei Complementar nº 131, de 2009). ções intragovernamentais.
I – incentivo à participação popular e realização de audiências públi- § 2o A edição de normas gerais para consolidação das contas públi-
cas, durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de cas caberá ao órgão central de contabilidade da União, enquanto não
diretrizes orçamentárias e orçamentos; (Incluído pela Lei Complementar nº implantado o conselho de que trata o art. 67.
131, de 2009).
§ 3o A Administração Pública manterá sistema de custos que permita
II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da socieda- a avaliação e o acompanhamento da gestão orçamentária, financeira e
de, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução patrimonial.
orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso públi-
co; (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009). Art. 51. O Poder Executivo da União promoverá, até o dia trinta de ju-
nho, a consolidação, nacional e por esfera de governo, das contas dos
III – adoção de sistema integrado de administração financeira e con- entes da Federação relativas ao exercício anterior, e a sua divulgação,
trole, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder inclusive por meio eletrônico de acesso público.
Executivo da União e ao disposto no art. 48-A. (Incluído pela Lei Comple-
mentar nº 131, de 2009). § 1o Os Estados e os Municípios encaminharão suas contas ao Poder
Executivo da União nos seguintes prazos:
Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo único
do art. 48, os entes da Federação disponibilizarão a qualquer pessoa I - Municípios, com cópia para o Poder Executivo do respectivo Esta-
física ou jurídica o acesso a informações referentes a: (Incluído pela Lei do, até trinta de abril;
Complementar nº 131, de 2009).
II - Estados, até trinta e um de maio.
I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades gesto-
ras no decorrer da execução da despesa, no momento de sua realização, § 2o O descumprimento dos prazos previstos neste artigo impedirá,
com a disponibilização mínima dos dados referentes ao número do cor- até que a situação seja regularizada, que o ente da Federação receba
respondente processo, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, à pessoa transferências voluntárias e contrate operações de crédito, exceto as
física ou jurídica beneficiária do pagamento e, quando for o caso, ao destinadas ao refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária.
procedimento licitatório realizado; (Incluído pela Lei Complementar nº 131,
de 2009).
II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a receita Seção III
das unidades gestoras, inclusive referente a recursos extraordinários. Do Relatório Resumido da Execução Orçamentária
(Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009). Art. 52. O relatório a que se refere o § 3o do art. 165 da Constituição
Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo abrangerá todos os Poderes e o Ministério Público, será publicado até
ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder Legisla- trinta dias após o encerramento de cada bimestre e composto de:
tivo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para consulta e
I - balanço orçamentário, que especificará, por categoria econômica,
apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.
as:
Parágrafo único. A prestação de contas da União conterá demonstra-
tivos do Tesouro Nacional e das agências financeiras oficiais de fomento, a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem como
incluído o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, a previsão atualizada;
especificando os empréstimos e financiamentos concedidos com recursos b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dotação para o
oriundos dos orçamentos fiscal e da seguridade social e, no caso das exercício, a despesa liquidada e o saldo;
agências financeiras, avaliação circunstanciada do impacto fiscal de suas
atividades no exercício. II - demonstrativos da execução das:
a) receitas, por categoria econômica e fonte, especificando a previsão
Seção II inicial, a previsão atualizada para o exercício, a receita realizada no bi-
Da Escrituração e Consolidação das Contas mestre, a realizada no exercício e a previsão a realizar;

Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade públi- b) despesas, por categoria econômica e grupo de natureza da despe-
ca, a escrituração das contas públicas observará as seguintes: sa, discriminando dotação inicial, dotação para o exercício, despesas
empenhada e liquidada, no bimestre e no exercício;
I - a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de modo
que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesa obrigatória fiquem c) despesas, por função e subfunção.
identificados e escriturados de forma individualizada; § 1o Os valores referentes ao refinanciamento da dívida mobiliária
II - a despesa e a assunção de compromisso serão registradas se- constarão destacadamente nas receitas de operações de crédito e nas
gundo o regime de competência, apurando-se, em caráter complementar, despesas com amortização da dívida.
o resultado dos fluxos financeiros pelo regime de caixa; § 2o O descumprimento do prazo previsto neste artigo sujeita o ente
III - as demonstrações contábeis compreenderão, isolada e conjunta- às sanções previstas no § 2o do art. 51.
mente, as transações e operações de cada órgão, fundo ou entidade da Art. 53. Acompanharão o Relatório Resumido demonstrativos relativos
administração direta, autárquica e fundacional, inclusive empresa estatal a:
dependente;

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APOSTILAS OPÇÃO
I - apuração da receita corrente líquida, na forma definida no inciso IV 1) liquidadas;
do art. 2o, sua evolução, assim como a previsão de seu desempenho até o
final do exercício; 2) empenhadas e não liquidadas, inscritas por atenderem a uma das
condições do inciso II do art. 41;
II - receitas e despesas previdenciárias a que se refere o inciso IV do
art. 50; 3) empenhadas e não liquidadas, inscritas até o limite do saldo da
disponibilidade de caixa;
III - resultados nominal e primário;
4) não inscritas por falta de disponibilidade de caixa e cujos empe-
IV - despesas com juros, na forma do inciso II do art. 4o; nhos foram cancelados;
V - Restos a Pagar, detalhando, por Poder e órgão referido no art. 20, c) do cumprimento do disposto no inciso II e na alínea b do inciso IV
os valores inscritos, os pagamentos realizados e o montante a pagar. do art. 38.
§ 1o O relatório referente ao último bimestre do exercício será acom- § 1o O relatório dos titulares dos órgãos mencionados nos incisos II, III
panhado também de demonstrativos: e IV do art. 54 conterá apenas as informações relativas à alínea a do
inciso I, e os documentos referidos nos incisos II e III.
I - do atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Constituição,
conforme o § 3o do art. 32; § 2o O relatório será publicado até trinta dias após o encerramento do
período a que corresponder, com amplo acesso ao público, inclusive por
II - das projeções atuariais dos regimes de previdência social, geral e meio eletrônico.
próprio dos servidores públicos;
§ 3o O descumprimento do prazo a que se refere o § 2o sujeita o ente
III - da variação patrimonial, evidenciando a alienação de ativos e a à sanção prevista no § 2o do art. 51.
aplicação dos recursos dela decorrentes.
§ 4o Os relatórios referidos nos arts. 52 e 54 deverão ser elaborados
§ 2o Quando for o caso, serão apresentadas justificativas: de forma padronizada, segundo modelos que poderão ser atualizados pelo
I - da limitação de empenho; conselho de que trata o art. 67.
II - da frustração de receitas, especificando as medidas de combate à Seção V
sonegação e à evasão fiscal, adotadas e a adotar, e as ações de fiscaliza- Das Prestações de Contas
ção e cobrança. Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo inclui-
Seção IV rão, além das suas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes
Do Relatório de Gestão Fiscal Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público, referidos no art.
20, as quais receberão parecer prévio, separadamente, do respectivo
Art. 54. Ao final de cada quadrimestre será emitido pelos titulares dos Tribunal de Contas.
Poderes e órgãos referidos no art. 20 Relatório de Gestão Fiscal, assinado
pelo: § 1o As contas do Poder Judiciário serão apresentadas no âmbito:

I - Chefe do Poder Executivo; I - da União, pelos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos
Tribunais Superiores, consolidando as dos respectivos tribunais;
II - Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou órgão decisó-
rio equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do Poder Legis- II - dos Estados, pelos Presidentes dos Tribunais de Justiça, consoli-
lativo; dando as dos demais tribunais.

III - Presidente de Tribunal e demais membros de Conselho de Admi- § 2o O parecer sobre as contas dos Tribunais de Contas será proferi-
nistração ou órgão decisório equivalente, conforme regimentos internos do no prazo previsto no art. 57 pela comissão mista permanente referida
dos órgãos do Poder Judiciário; no § 1o do art. 166 da Constituição ou equivalente das Casas Legislativas
estaduais e municipais.
IV - Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados.
§ 3o Será dada ampla divulgação dos resultados da apreciação das
Parágrafo único. O relatório também será assinado pelas autoridades contas, julgadas ou tomadas.
responsáveis pela administração financeira e pelo controle interno, bem
como por outras definidas por ato próprio de cada Poder ou órgão referido Art. 57. Os Tribunais de Contas emitirão parecer prévio conclusivo
no art. 20. sobre as contas no prazo de sessenta dias do recebimento, se outro não
estiver estabelecido nas constituições estaduais ou nas leis orgânicas
Art. 55. O relatório conterá: municipais.
I - comparativo com os limites de que trata esta Lei Complementar, § 1o No caso de Municípios que não sejam capitais e que tenham me-
dos seguintes montantes: nos de duzentos mil habitantes o prazo será de cento e oitenta dias.
a) despesa total com pessoal, distinguindo a com inativos e pensionis- § 2o Os Tribunais de Contas não entrarão em recesso enquanto existi-
tas; rem contas de Poder, ou órgão referido no art. 20, pendentes de parecer
b) dívidas consolidada e mobiliária; prévio.

c) concessão de garantias; Art. 58. A prestação de contas evidenciará o desempenho da arreca-


dação em relação à previsão, destacando as providências adotadas no
d) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita; âmbito da fiscalização das receitas e combate à sonegação, as ações de
recuperação de créditos nas instâncias administrativa e judicial, bem como
e) despesas de que trata o inciso II do art. 4o;
as demais medidas para incremento das receitas tributárias e de contribui-
II - indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se ultra- ções.
passado qualquer dos limites;
Seção VI
III - demonstrativos, no último quadrimestre: Da Fiscalização da Gestão Fiscal
Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribu-
a) do montante das disponibilidades de caixa em trinta e um de de-
nais de Contas, e o sistema de controle interno de cada Poder e do Minis-
zembro;
tério Público, fiscalizarão o cumprimento das normas desta Lei Comple-
b) da inscrição em Restos a Pagar, das despesas: mentar, com ênfase no que se refere a:

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APOSTILAS OPÇÃO
I - atingimento das metas estabelecidas na lei de diretrizes orçamen- § 2o Se ultrapassados os limites relativos à despesa total com pessoal
tárias; ou à dívida consolidada, enquanto perdurar esta situação, o Município
II - limites e condições para realização de operações de crédito e ins- ficará sujeito aos mesmos prazos de verificação e de retorno ao limite
crição em Restos a Pagar; definidos para os demais entes.
III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com pessoal Art. 64. A União prestará assistência técnica e cooperação financeira
ao respectivo limite, nos termos dos arts. 22 e 23; aos Municípios para a modernização das respectivas administrações
IV - providências tomadas, conforme o disposto no art. 31, para re- tributária, financeira, patrimonial e previdenciária, com vistas ao cumpri-
condução dos montantes das dívidas consolidada e mobiliária aos respec- mento das normas desta Lei Complementar.
tivos limites;
§ 1o A assistência técnica consistirá no treinamento e desenvolvimen-
V - destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos, tendo to de recursos humanos e na transferência de tecnologia, bem como no
em vista as restrições constitucionais e as desta Lei Complementar; apoio à divulgação dos instrumentos de que trata o art. 48 em meio eletrô-
VI - cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos municipais, nico de amplo acesso público.
quando houver.
§ 1o Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos referidos § 2o A cooperação financeira compreenderá a doação de bens e valo-
no art. 20 quando constatarem: res, o financiamento por intermédio das instituições financeiras federais e
o repasse de recursos oriundos de operações externas.
I - a possibilidade de ocorrência das situações previstas no inciso II do
art. 4o e no art. 9o; Art. 65. Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Con-
II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou 90% gresso Nacional, no caso da União, ou pelas Assembleias Legislativas, na
(noventa por cento) do limite; hipótese dos Estados e Municípios, enquanto perdurar a situação:
III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das ope- I - serão suspensas a contagem dos prazos e as disposições estabe-
rações de crédito e da concessão de garantia se encontram acima de 90% lecidas nos arts. 23 , 31 e 70;
(noventa por cento) dos respectivos limites;
II - serão dispensados o atingimento dos resultados fiscais e a limita-
IV - que os gastos com inativos e pensionistas se encontram acima do
ção de empenho prevista no art. 9o.
limite definido em lei;
V - fatos que comprometam os custos ou os resultados dos progra- Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput no caso de estado de
mas ou indícios de irregularidades na gestão orçamentária. defesa ou de sítio, decretado na forma da Constituição.
§ 2o Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálculos dos Art. 66. Os prazos estabelecidos nos arts. 23, 31 e 70 serão duplica-
limites da despesa total com pessoal de cada Poder e órgão referido no dos no caso de crescimento real baixo ou negativo do Produto Interno
art. 20. Bruto (PIB) nacional, regional ou estadual por período igual ou superior a
§ 3o O Tribunal de Contas da União acompanhará o cumprimento do quatro trimestres.
disposto nos §§ 2o, 3o e 4o do art. 39. § 1o Entende-se por baixo crescimento a taxa de variação real acumu-
CAPÍTULO X lada do Produto Interno Bruto inferior a 1% (um por cento), no período
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS correspondente aos quatro últimos trimestres.
Art. 60. Lei estadual ou municipal poderá fixar limites inferiores àque- § 2o A taxa de variação será aquela apurada pela Fundação Instituto
les previstos nesta Lei Complementar para as dívidas consolidada e Brasileiro de Geografia e Estatística ou outro órgão que vier a substituí-la,
mobiliária, operações de crédito e concessão de garantias. adotada a mesma metodologia para apuração dos PIB nacional, estadual
e regional.
Art. 61. Os títulos da dívida pública, desde que devidamente escritu-
rados em sistema centralizado de liquidação e custódia, poderão ser § 3o Na hipótese do caput, continuarão a ser adotadas as medidas
oferecidos em caução para garantia de empréstimos, ou em outras tran- previstas no art. 22.
sações previstas em lei, pelo seu valor econômico, conforme definido pelo § 4o Na hipótese de se verificarem mudanças drásticas na condução
Ministério da Fazenda. das políticas monetária e cambial, reconhecidas pelo Senado Federal, o
prazo referido no caput do art. 31 poderá ser ampliado em até quatro
Art. 62. Os Municípios só contribuirão para o custeio de despesas de
quadrimestres.
competência de outros entes da Federação se houver:
Art. 67. O acompanhamento e a avaliação, de forma permanente, da
I - autorização na lei de diretrizes orçamentárias e na lei orçamentária política e da operacionalidade da gestão fiscal serão realizados por conse-
anual; lho de gestão fiscal, constituído por representantes de todos os Poderes e
II - convênio, acordo, ajuste ou congênere, conforme sua legislação. esferas de Governo, do Ministério Público e de entidades técnicas repre-
sentativas da sociedade, visando a:
Art. 63. É facultado aos Municípios com população inferior a cinquenta
mil habitantes optar por: I - harmonização e coordenação entre os entes da Federação;
II - disseminação de práticas que resultem em maior eficiência na alo-
I - aplicar o disposto no art. 22 e no § 4o do art. 30 ao final do semes-
cação e execução do gasto público, na arrecadação de receitas, no con-
tre; trole do endividamento e na transparência da gestão fiscal;
II - divulgar semestralmente: III - adoção de normas de consolidação das contas públicas, padroni-
a) (VETADO) zação das prestações de contas e dos relatórios e demonstrativos de
gestão fiscal de que trata esta Lei Complementar, normas e padrões mais
b) o Relatório de Gestão Fiscal; simples para os pequenos Municípios, bem como outros, necessários ao
controle social;
c) os demonstrativos de que trata o art. 53;
IV - divulgação de análises, estudos e diagnósticos.
III - elaborar o Anexo de Política Fiscal do plano plurianual, o Anexo
de Metas Fiscais e o Anexo de Riscos Fiscais da lei de diretrizes orçamen- § 1o O conselho a que se refere o caput instituirá formas de premia-
tárias e o anexo de que trata o inciso I do art. 5o a partir do quinto exercí- ção e reconhecimento público aos titulares de Poder que alcançarem
cio seguinte ao da publicação desta Lei Complementar. resultados meritórios em suas políticas de desenvolvimento social, conju-
gados com a prática de uma gestão fiscal pautada pelas normas desta Lei
§ 1o A divulgação dos relatórios e demonstrativos deverá ser realizada Complementar.
em até trinta dias após o encerramento do semestre.

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APOSTILAS OPÇÃO
§ 2o Lei disporá sobre a composição e a forma de funcionamento do II – 2 (dois) anos para os Municípios que tenham entre 50.000 (cin-
conselho. quenta mil) e 100.000 (cem mil) habitantes; (Incluído pela Lei Complemen-
tar nº 131, de 2009).
Art. 68. Na forma do art. 250 da Constituição, é criado o Fundo do
Regime Geral de Previdência Social, vinculado ao Ministério da Previdên- III – 4 (quatro) anos para os Municípios que tenham até 50.000 (cin-
cia e Assistência Social, com a finalidade de prover recursos para o pa- quenta mil) habitantes. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
gamento dos benefícios do regime geral da previdência social.
Parágrafo único. Os prazos estabelecidos neste artigo serão conta-
§ 1o O Fundo será constituído de: dos a partir da data de publicação da lei complementar que introduziu os
I - bens móveis e imóveis, valores e rendas do Instituto Nacional do dispositivos referidos no caput deste artigo. (Incluído pela Lei Complemen-
Seguro Social não utilizados na operacionalização deste; tar nº 131, de 2009).
II - bens e direitos que, a qualquer título, lhe sejam adjudicados ou Art. 73-C. O não atendimento, até o encerramento dos prazos previs-
que lhe vierem a ser vinculados por força de lei; tos no art. 73-B, das determinações contidas nos incisos II e III do pará-
III - receita das contribuições sociais para a seguridade social, previs- grafo único do art. 48 e no art. 48-A sujeita o ente à sanção prevista no
tas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195 da Constituição; inciso I do § 3o do art. 23. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de
2009).
IV - produto da liquidação de bens e ativos de pessoa física ou jurídi-
ca em débito com a Previdência Social; Art. 74. Esta Lei Complementar entra em vigor na data da sua publi-
cação.
V - resultado da aplicação financeira de seus ativos;
Art. 75. Revoga-se a Lei Complementar no 96, de 31 de maio de 1999.
VI - recursos provenientes do orçamento da União.
§ 2o O Fundo será gerido pelo Instituto Nacional do Seguro Social, na
forma da lei.
4. Conhecimentos básicos em
Art. 69. O ente da Federação que mantiver ou vier a instituir regime Administração de Materiais e logística
próprio de previdência social para seus servidores conferir-lhe-á caráter
contributivo e o organizará com base em normas de contabilidade e atuá-
ria que preservem seu equilíbrio financeiro e atuarial. O Módulo de Administração de Materiais permite, a gestão eficiente
Art. 70. O Poder ou órgão referido no art. 20 cuja despesa total com dos recursos materiais da empresa. Criada dentro dos mais avançados
pessoal no exercício anterior ao da publicação desta Lei Complementar conceitos de Logística, atende a uma das necessidades mais prementes
estiver acima dos limites estabelecidos nos arts. 19 e 20 deverá enqua- dos gestores de recursos.
drar-se no respectivo limite em até dois exercícios, eliminando o excesso, O módulo engloba toda uma sequência, de operações, que inicia-se
gradualmente, à razão de, pelo menos, 50% a.a. (cinquenta por cento ao na solicitação de compras, passa na identificação do fornecedor, prosse-
ano), mediante a adoção, entre outras, das medidas previstas nos arts. 22 gue com a compra, seu recebimento, transporte, armazenagem como
e 23. produto acabado e encerra - se, quando, da distribuição deste produto ao
consumidor final.
Parágrafo único. A inobservância do disposto no caput, no prazo fixa- Desta forma, possibilita a automação de todo o processo de aquisição
do, sujeita o ente às sanções previstas no § 3o do art. 23. de bens e materiais, e de contratação de serviços, fornecendo informa-
ções contábeis e gerenciais, conferindo assim, agilidade e confiabilidade a
Art. 71. Ressalvada a hipótese do inciso X do art. 37 da Constituição,
elas.
até o término do terceiro exercício financeiro seguinte à entrada em vigor
Funcionalidades de Compras
desta Lei Complementar, a despesa total com pessoal dos Poderes e
órgãos referidos no art. 20 não ultrapassará, em percentual da receita
 Solicitação de Compras
corrente líquida, a despesa verificada no exercício imediatamente anterior,  Controle de Gastos, verifica os valores no orçamento para autori-
acrescida de até 10% (dez por cento), se esta for inferior ao limite definido zar a compra do item
na forma do art. 20.  Processo de Compras, agrupa os itens solicitados e inicia o pro-
cesso de licitação ou compra direta
Art. 72. A despesa com serviços de terceiros dos Poderes e órgãos  Seleção e qualificação automática de fornecedores para participar
referidos no art. 20 não poderá exceder, em percentual da receita corrente do processo de compras
líquida, a do exercício anterior à entrada em vigor desta Lei Complemen-  Cotação de preços on-line
tar, até o término do terceiro exercício seguinte.  Entrega de comprovantes, edital e seleção de fornecedores quali-
Art. 73. As infrações dos dispositivos desta Lei Complementar serão ficados conforme o SICAF
punidas segundo o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940  Seleção do vencedor pelos critérios: menor preço, melhor técnica
(Código Penal); a Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950; o Decreto-Lei no e preço, melhor técnica e priorizações definidas pelo usuário
201, de 27 de fevereiro de 1967; a Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992; e  Integração com o Módulo de Administração Financeira para gerar
demais normas da legislação pertinente. as previsões e liberações dos pagamentos aos fornecedores
 Integração com a Contabilidade, alimentando automaticamente o
Art. 73-A. Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato consumo e as compras
é parte legítima para denunciar ao respectivo Tribunal de Contas e ao  Mantém atualizadas as informações necessárias à certificação e
órgão competente do Ministério Público o descumprimento das prescri- participação dos fornecedores em processos licitatórios
ções estabelecidas nesta Lei Complementar. (Incluído pela Lei Comple-  Automatiza processo de distribuição do material por requisição ou
mentar nº 131, de 2009). transferência
Art. 73-B. Ficam estabelecidos os seguintes prazos para o cumpri-  Controla o recebimento do material, considerando as diversas va-
mento das determinações dispostas nos incisos II e III do parágrafo único riações e ocorrências no recebimento de nota fiscal
do art. 48 e do art. 48-A: (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de  Permite compras corporativas com os pedidos individualizados
2009).  Permite contratos de fornecimento, simplificando o processo de
compras de materiais de uso comum ou fornecedor exclusivo
I – 1 (um) ano para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
cípios com mais de 100.000 (cem mil) habitantes; (Incluído pela Lei Com- Funcionalidades de Estoque
plementar nº 131, de 2009).  Reposição automática de estoque, com geração da solicitação de
compras através do lote econômico, em função do ponto de re-
suprimento
Conhecimentos Específicos 92

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APOSTILAS OPÇÃO
 Permite a organização física e financeira e ainda o acompanha- Após o fornecedor ter recebido o pagamento, segundo as condições
mento dos níveis de estoque e consumo previamente contratadas, o serviço de administração de materiais com-
 Importação, de saldos, baseada em planilha MS-Excel plementa e completa a sua função, cessando aí toda a sua responsabili-
 Requisição de material, podendo utilizar kit-de-materiais para dade pelo material entregue ao utilizador ou consumidor dentro da empre-
simplificar a reposição sa.
 Transferência de material facilitando a centralização das compras Assim, o serviço de administração de materiais é o único setor dentro
e a descentralização dos centros dos almoxarifados
da empresa informado e autorizado para entrar em contato com os forne-
 Controle de lote de validade para materiais perecíveis cedores e realizar compromissos entre aqueles e a empresa.
 Inventário de estoque utilizando planilha MS-Excel ou coletor de
dados O serviço de administração de materiais, por ser um dos setores vitais
 Correção das distorções entre os livros e a contagem física, atra- da empresa, merece lugar de destaque em sua organização. Hodierna-
vés de ajuste de estoque mente, vimos assistindo à sua crescente valorização e reconhecimento
-o0o- como setor principal - em nível de administração - ao lado de setores
A Administração de Materiais é, sem dúvida, um ramo da Ciência da outros, cuja importância já era assinalada. É plenamente justificável,
Administração - cujos princípios não podem escapar ao conhecimento de portanto, que ele seja situado, no organograma da empresa, nos escalões
toda Secretaria - mesmo porque trata das normas que regem a adminis- superiores da administração" (in " Manual de Administração de Materiais",
tração de recursos essenciais à produção de bens e serviços. Atlas, 8ª edição, pgs. 14 e segs.).

Em estudando o assunto, SÉRGIO BOLSONARO MESSIAS tece as Funções e Objetivos


seguintes considerações: "Na moderna estrutura empresarial, as funções precípuas do serviço
"Sob a designação genérica de materiais entende-se, portanto, todas de administração de materiais, como já assinalamos, são as de compra,
as coisas contabilizáveis que entram, na qualidade de elementos constitu- transporte, armazenagem, conservação, manipulação e controle de esto-
tivos e constituintes, na linha de produção de uma empresa. Além disso, ques,
abarca também designação outros itens contabilizáveis que, embora não Deve ter um setor de compras, um de controle e outro de armazém.
contribuindo diretamente para a fabricação ou manufatura de produtos Incumbe ao setor de compras:
específicos, fazem parte da rotina diária da empresa. É o caso, por exem- 1°) comprar ou alugar materiais ou serviços que a empresa
plo, de materiais de escritório para os serviços burocráticos, de materiais necessita;
de limpeza para os serviços de conservação, de materiais de reposição 2°) manter contato - quando necessário - com os serviços
para os serviços de manutenção, de materiais de segurança para os administrativos, em particular, ou em geral, da empresai e,
serviços de prevenção contra acidentes de trabalho, e assim por diante. 3°) controlar o transporte dos materiais adquiridos.
A administração tem por finalidade assegurar o contínuo As compras de materiais ou aluguéis de serviços necessários à em-
abastecimento de artigos próprios, necessários e capazes de atender aos presa deverão ser feitos sempre junto aos fornecedores que apresentem
serviços executados por uma empresa. O abastecimento de materiais, boa qualidade e preço bom em suas mercadorias ou serviços, com rela-
porém, deverá processar-se com três requisitos básicos: ção aos seus demais concorrentes em determinada aquisição de materiais
a) qualidade produtiva; ou em certa contratação de serviços a ser efetuada. E também possam
b) data de entrega; entregá-los ou prestá-los dentro dos limites de tempo estatuídos pelo
c) menor custo de aquisição comprador.
Tais requisitos objetivam diminuir os custos operacionais da empresa Apesar de as empresas possuírem um cadastro de fornecedores, pre-
para que ela e seus produtos possam ser competitivos no mercado. Para cisarão ficar alertas, a fim de poder detectar o aparecimento de novos
sermos mais específicos: os materiais precisam de qualidade produtiva fornecedores e de novas organizações prestadoras de serviços, Ocorre, à
para assegurar a aceitação do produto final. Precisam estar na empresa vezes, que um novo fornecedor pode, por entrar recentemente no merca-
na data desejada para o seu pronto consumo e o preço de aquisição deles do, fabricar bens com novos métodos de produção mais eficientes, A
deve ser o menor, para que o bem acabado possa situar-se em boas consequência disto é obvia: melhor qualidade produtiva e melhores preços
condições de concorrência nas áreas consumidoras e dar à empresa ou seus corolários ante os concorrentes - custo menor de produção e,
margem satisfatória de rentabilidade do capital investido em sua compra. portanto, pronta colocação nos mercados consumidores.
Quanto à compras propriamente ditas, elas podem ser de dois tipos;
A administração tem plena razão de ser quando determinado material, as efetuadas no mercado local, ou compras locais, e as realizadas no
ou mesmo serviço, deve ser adquirido ou contratado fora da empresa. mercado estrangeiro, mediante importação, ou compras importadas. Por
Vemos aí o começo do seu campo de atuação. A partir deste momento outro lado, o aluguel de serviços poderá ser feito por meio de contrato por
constatamos a essencialidade do serviço da administração de materiais, um período "x" com a organização prestadora de serviços, ou pela admis-
que se aplica a todas as empresas sejam pequenas, médias ou grandes, são de pessoal especializado na empresa, com tempo predeterminado ou
uma vez que nenhuma delas - sobretudo as gigantescas e modernas estabelecido para a execução dos serviços pretendidos.
organizações empresariais - é autosuficiente; necessitam de materiais que
elas não produzem, em razão da diversificação do sistema de produção. O contrato que o setor de compras mantém com os serviços adminis-
Surge este serviço em toda sua expressão e razão de ser quando é formu- trativos da empresa evidencia-se na estreita e intensa relação " podería-
lado um pedido de qualquer material por quaisquer departamentos, mos até designá-la por contínua - com a contabilidade geral, subordinada
divisões ou seções da empresa, visto que o princípio da administração de à administração financeira e orçamentária.
materiais é centralizar as aquisições, com o fim precípuo de conseguir
melhor preço e melhor qualidade dos materiais a serem comprados. O controle do transporte dos materiais adquiridos pela seção de com-
pras visa acompanhar, mediante as notas de conhecimento, o percurso
O serviço de administração de materiais continua ainda em seu cam- dos bens, desde a saída dos fornecedores até a recepção na empresa,
po próprio de atuação quando entrega o material pedido ou requisitado ao levando em consideração as condições de segurança e, principalmente, o
órgão consumidor dentro da empresa. Tem sob sua direta responsabilida- rigoroso cumprimento das datas de entrega. Por outro lado, a empresa
de as tarefas administrativas de compra, transporte, armazenagem, con- deverá ter uma frota de veículos " cuja quantidade dependerá, como é
servação, manipulação e controle de estoques. Gerindo as tarefas admi- natural, do tamanho dela - para transportar alguns bens provenientes de
nistrativas de compra, de transporte do material do fornecedor até o fornecedores que não dispõem de meios de transporte próprios e, sobre-
depósito ou armazém, de guarda e conservação, bem como de manipula- tudo, os importados, que, na maioria dos casos, chegam por via marítima.
ção e de controle, o serviço de administração de materiais cuida desde a Para ilustrar esse aspecto, tomemos o exemplo do Estado de São Paulo,
compra até a entrega ao utilizador dos materiais pedidos ou requisitados, que possui em seu território apenas o porto de Santos para carga e des-
obedecendo às especificação técnicas exigidas para cada material em carga de materiais em larga escala. Estes, uma vez liberados pela alfân-
particular. dega - e quando aí são inspecionados os aspectos legais, securitários etc.

Conhecimentos Específicos 93

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nota-se sempre a presença de um elemento ou mais do setor de compras com todos os detalhes descritos, ter-se-á certeza de que as cotações que
ou de armazém da empresa - tem de chegar até as organizações consu- irão receber estarão fundamentadas corretamente.
midoras por transporte rodoviário, próprio ou alugado. Outro fato que revela o grande valor das especificações é o fato de a
sua função dar, a todas as pessoas com quem desejamos transacionar, a
Neste último caso, temos um exemplo de aluguel de serviços indicação exata dos requisitos específicos e das nossas exigências.
necessários à empresa, ligado à administração de materiais por Com o uso das especificações, evitaremos uma série de mal
intermédio da seção de compras, como já vimos. entendido, que são muito comuns quando não se esclarece exatamente o
que se deseja comprar ou adquirir.
O setor de controle divide-se em dois tipos bem característicos: o con- É, ainda, considerada como uma linguagem internacional, através da
trole físico dos materiais adquiridos e o controle financeiro dos mesmos. qual, independentemente da procedência ou nacionalidade, falar-se-á o
Este setor também está estritamente relacionado com a contabilidade mesmo idioma.
geral, porquanto deverá estar ciente das normas legais de escrituração Deve-se considerar, também, que uma especificação correta e preci-
para poder processar adequadamente suas atribuições específicas, mor- sa nos mínimos detalhes supera, na maioria das vezes, a uma amostra
mente nas áreas de controle financeiro, O controle físico de materiais concreta, não oferecendo margens para dúvidas ou possibilidades de
variará de acordo com o tamanho das empresas, uma vez que suas oferecimentos similares, " (Sequeira de Araújo, " Administração de Materi-
funções particulares abrangem a verificação e fiscalização do volume, da ais", Atlas, 5ª, pgs. 70 e 71).
qualidade e da rotação dos estoques.
Recebimento dos Materiais
Este setor de armazém ou depósito tem a competência da guarda, "O Setor de Recebimento de Materiais desempenha as funções de
conservação e manipulação dos materiais, em obediência a um critério desembalagem dos bens recebidos e verificação das quantidades e
determinado, que mais adiante discutiremos, Esse setor divide-se em condições. Aqui surge a questão se se deve ou não suplementar o Setor
diversos subalmoxarifados, conforme a natureza dos materiais neles de Recebimento com uma via do pedido de compra.
estocados. Ademais, mantém contato e relações funcionais com a inspe-
ção técnica, órgão subordinado à administração da produção. Aqueles que se opõem a esse fornecimento argumentam que os veri-
O funcionamento harmônico e integrado destes três tipos setores do ficadores tendem a tomar mais cuidado nas conferências quando eles não
serviço de administração de materiais garante o pleno exercício de suas possuem meios de confrontação. Todavia, a emissão do relatório de
funções e propicia a essa administração a coesão operacional indispensá- recebimento às cegas, exige que os conferentes possuam certos conhe-
vel que a situa como unidade em mútua articulação e dependência com as cimentos adicionais aos normalmente necessários. Para solucionar essa
demais em nível hierárquico, em nível de planejamento e também em dificuldade, surgiu um meio termo para o qual a cópia do pedido de com-
nível de decisão." (Sérgio Bolsonaro Messias, "Manual de Administração pra enviada ao setor de recebimento não clontém as quantidades solicita-
de Materiais", Atlas, 8ª, pgs, 18 a 20) das.

Classificação dos Materiais O relatório de recebimento é, pois, uma descrição dos materiais rece-
Sobre Classificação de Materiais, Bolsonaro (Manual de bidos: suas quantidades fornecedor, o número do pedido de compra, grau
Administração de Materiais, Atlas, 8ª, pgs. 27 e 28) assim escreve: e condições dos materiais e outras informações julgadas oportunas. O
"Classificar materiais significa ordená-los segundo critérios preestabe- relatório de inspeção e teste de materiais pode, em alguns casos, ser feito
lecidos, agrupando-os conforme as características semelhantes ou não, no mesmo impresso do relatório de recebimento.
sem, contudo, ocasionar confusão ou dispersão no espaço e alteração na
qualidade, em virtude de contatos com outros materiais de fácil decom- Inspeção de recebimento. Em algumas empresas industriais há ne-
posição, combustão, deterioração, etc. cessidade de verificação completa e precisa dos materiais usados no
Essa classificação deve seguir o esquema decimal de Melville Dewey, processo produtivo, organizando-se, para tanto, os serviços de lnspeção
que proporciona inúmeras variações de agrupamentos, permitindo a de Recebimento (subordinado ao setor de Controle de Qualidade) cuja
rápida identificação e localização dos materiais. principal atribuição é verificar se os bens recebidos estão de acordo com
as especificações, desenhos e outras informações dadas ao fornecedor.
Especificação dos Materiais Muitas vezes, essa conferência exige testes de laboratório feitos em
"Os departamentos de compras ou suprimentos, por seus auxiliares amostras do material recebido.
especializados, que são os agentes compradores, têm a felicidade de Como dito anteriormente, o resultado da inspeção e teste será
contarem, hoje em dia, com um grande auxiliar, que são as normas indicado no relatório de inspeção e teste de materiais que pode estar
técnicas, as referências técnicas e as especificações; estas, sem dúvida, incluído no próprio relatório de recebimento.
são de um auxílio e ajuda incomensuráveis. Quando a encomenda for, em todo ou em parte, rejeitada, uma comu-
É evidente que através de uma descrição exata daquilo que se nicação imediata é feita ao setor de Compras; poderá ser realizada pelo
deseja, cria-se um clima de compreensão entre quem compra e quem relatório de recebimento e inspeção de materiais, quando for usado um
vende alguma coisa. único relatório para essas funções. Em seguida, o setor de Compras
Em linhas gerais, a especificação nada mais é do que o comprador informará o fornecedor do ocorrido e providenciará a devolução dos bens
dar todos os detalhes, do que deseja adquirir, ao vendedor. rejeitados. "(Marco Aurélio P. Dias, "Gerência de Materiais", Atlas, 1988, p.
Atualmente, aqueles que adquirem contam com os inestimáveis auxi- 33 e 34)
liares, que são os institutos especializados e mundialmente conhecidos
como A.S.T.M., A.S.A. e C.F.E.,, existindo ainda um sem número de Estocagem de Materiais
especificações e normas técnicas, como por exemplo: As Alemãs, lngle- O Estoque é o conjunto de bens guardados para utilização na ocasião
sas, Francesas, ltalianas, etc. que a necessidade determinar.
JORGE SEQUEIRA DE ARAÚJO repassa os seguintes ensinamentos
Aqui no Brasil, contamos com a A,B,N,T, - Associação Brasileira de
sobre a estocagem de materiais:
Normas Técnicas -, instituição genuinamente nacional, que não fica nada
"Genericamente, a palavra estoques de origem inglesa - STOKS -
a dever às congêneres.
significa aquilo que é reservado para ser utilizado em tempo oportuno;
Os serviços prestados pela A.B.N.T. ao País, com a colaboração das poderá, outrossim, significar poupança ou previsão.
"Normas Brasileiras, adotadas oficialmente em todo o Brasil, são de um Laconicamente os nossos dicionários, em sua maioria, esclarecem -
valor inestimável. mutatís mutandis - que são mercadorias geralmente destinadas a venda
Os compradores modernos, utilizando e fornecendo aos vendedores ou a exportação nas suas quantidades disponíveis.
especificações corretas e sucintas daquilo que desejam adquirir, estão A concepção do verdadeiro significado ficará condicionada ao uso ou
automaticamente indicando, de maneira racional, aquilo que desejam utilidade que venham a ter para cada um; cada industrial, cada comercian-
comprar. E podemos concluir, que quanto mais precisas, minuciosas e te tem uma concepção própria sobre as vantagens e desvantagens da

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manutenção de seus estoques, uma cousa porém é comum: os estoques ra entre os abastecedores e os departamentos, seções, setores, etc., que
custaram dinheiro, valem dinheiro e terão que ser zelados como se dinhei- consomem, utilizam, e transformam tudo aquilo que é adquirido sendo
ro fosse. uma das principais funções dos estoques controlar, mantendo o necessá-
Este termo - zelado - poderá possuir diversos significados, como por rio equilíbrio entre as aquisições e as necessidades certas do consumo.
exemplo: Os limites em que tais estoques deverão ser mantidos, pois tais
limites implicam na soma de capitais a serem investidos, a fim de que os Não se deverá esquecer que a finalidade primordial dos estoques é a
estoques não sejam sacrificados em seus "máximos e mínimos "; o que de alimentar os setores consumidores, em quantidades estritamente
poderia redundar em prejuízo, pois se eles forem mal calculados, haverá necessárias, em se tratando de produção industrial, e que, comercialmen-
possibilidades dos mesmos serem sobrepujados pela maior procura ou te falando, os estoques, também, deverão ser calculados com a maior
utilização, ou então pela menor procura ou aplicação. aproximação possível sobre a base de consumo ou de procura normais
tendo em vista o fato de fazer-se grandes pedidos que venham a exceder
Estes cálculos de "máximos e mínimos " em estoque são naturalmen- o consumo médio, correndo o risco de imobilizar capitais consideráveis; ao
te muito complexos; os mestres internacionais e os nossos mestres nacio- contrário, se os pedidos forem muito restringidos, poderão ser sobrepuja-
nais já gastaram muita tinta e fosfato; para explicar como efetuar tais dos pela procura, e neste caso, por não ter o que fornecer, o prejuízo será
previsões bastará dar uma vista de olhos na vasta literatura existente evidente, comercialmente falando.
sobre a matéria, inclusive naquelas conhecidas por traduções para verifi-
carmos como é complexa esta matéria. Com referência aos estoques industriais, devemos considerar que os
estoques, em sua grande maioria, destinam-se à produção, cumprindo
Geralmente, quando nos referimos a estoques, procuramos abordar estudar os diversos tipos de estoques..." ("Administração de Materiais",
as quantidades existentes, e raramente, muito raramente, a conservação Atlas, 5a Edição, pgs. 106 e segs.).
destas quantidades; este é um ponto que merece ser trazido a debates, e
sempre procuramos abordar nestes cursos rápidos e intensivos. Tipos de Estoques
Há cinco tipos de estoques a serem considerados:
É normal que cada empresa, de acordo com suas especializações, estoque de Matérias-primas
utilize processos próprios para a fixação de seus estoques e conservação estoque de Produtos em fabricação
de suas matérias-primas, máquinas, acessórios, materiais destinados a estoque de Produtos acabados
produção, a manutenção, a reposição, etc.; estes sistemas, métodos, estoque de Produtos semi-acabados
processos são sempre peculiares ao ramo a que se dedicam; os estoque Materiais indiretos.
profissionais almoxarifes, pela prática constante com tais materiais, que
lhes permite utilizar meios próprios, conseguem prolongar a vida útil dos Matérias-primas: São os materiais básicos componentes dos bens
materiais sob sua custódia; estes processos ou sistemas preconizados produzidos. Sua utilização é diretamente proporcional à quantidade de
pela "prática" muitas vezes se transformam em verdadeiros "segredos de bens fabricados.
ofício" que eles não gostam de transmitir a quem quer que seja.
Produtos em fabricação: São bens ainda não acabados, faltando,
A custódia ou estocagem de materiais, matérias-primas, gêneros ali- ainda, algumas fases para serem completados. São também chamados
mentícios em geral exigem conhecimentos especializados dos responsá- semi-usinados.
veis, fato este que valoriza o trabalho deste profissional no mercado de
trabalho. Produtos acabados: Estes já estão prontos para serem utilizados.
Não somente o ângulo biológico deverá ser estudado, mas também Ficam estocados até sua entrega a quem vai utilizá-los.
os danos físicos que poderão inutilizar partidas consideráveis, como a
"ferrugem" e outros eventos, insetos, roedores, etc. Produtos semi-acabados: São bens que ainda dependem de
Normalmente os produtos químicos vêm acompanhados de instruções pequenos acertos, regulagens, pintura, lustramento, etc.
dos fabricantes, para sua melhor conservação em estocagem, não Materiais indiretos: São materiais que não entram diretamente na
obstante existam milhares de itens, que geralmente são mantidos em produção de bens.
custódia nos almoxarifados, por tempo muitas vezes prolongado, os quais
não possuem nenhuma indicação; para estes, os almoxarifes terão de Seu consumo não tem proporcionalidade com o volume da produção.
encontrar melhor solução.
Expedição: Distribuição de Materiais
Os mais adiantados pensadores do vasto mundo dos negócios estão Em "Administração de Materiais - Uma abordagem Logística",
de acordo que no momento atual estamos sentindo todo o peso de uma MARCO AURÉLIO P. DIAS (Atlas, 2ª, p. 34g e 35) escreve sobre o
inflação mundial, difícil de controlar; as mercadorias, os materiais, as sistema de distribuição: "O sistema de distribuição de produtos de uma
matérias-primas, os equipamentos, os acessórios etc. em estoque numa empresa sempre foi importante e complexo, pois o transporte é um
organização, quer seja industrial, comercial ou em outro ramo qualquer da considerável elemento de custo em toda a atividade industrial e comercial.
atividade humana, vale tanto ou mais do que o dinheiro depositado em Desde a crise do petróleo, num país onde quase 80% das mercadorias
estabelecimento de crédito, considerando que no regime inflacionário que são transportadas via rodoviária, a racionalização desta operação passou
atravessamos, a moeda tende sempre a desvalorizar-se, enquanto os a ser vital à estrutura econômico-financeira das empresas. A decisão entre
estoques, inversamente, valorizar-se-ão constantemente. a frota própria, leasing ou transporte de terceiros é bem mais complexa do
que parece.
Sem desejar particularizar a importância dos estoques para cada uma
das atividades humanas, é necessário que se ressalte a importância da Cada situação tem características específicas e não existem regras
palavra que, também, poderá significar - previsão e provisão. gerais que garantam o acerto da escolha. O que para determinada empre-
sa é altamente rentável pode ser um fator de aumento de custos para
Para melhor avaliarmos a importância dos estoques nas empresas, outra. Em função disto, o responsável pela distribuição de produtos preci-
seja de que tipo for, podemos compará-los ao trabalho do coração, de cujo sa ser um especialista, muito bem entrosado e conhecedor das demais
perfeito funcionamento dependem a boa saúde e a própria vida de um ser. áreas da empresa.
Da mesma forma a saúde e a vida de uma empresa, ou seja, a sua estabi-
lidade financeira e os lucros necessários ao seu desenvolvimento estão Quando se toma conhecimento de que uma empresa, para mandar 20
intimamente relacionados e dependentes de um bom trabalho do controle t de carga num veículo cuja capacidade é de 25 t, está aumentando em
dos seus estoques. 25% seu custo de frete, este custo adicional nem sempre é notado à
primeira vista, mas ao final será a carga que pagará o frete falso ou a
O estoque de uma empresa, configuradamente, é a válvula regulado- capacidade ociosa.

Conhecimentos Específicos 95

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O sistema rodoviário responde hoje pelo transporte de 70% a 80% Análise de Valor, Qualidade e Normas Técnicas de Materiais
das cargas movimentadas no Brasil, e, sem entrar no mérito de erros e "A avaliação adequada dos materiais recebidos e localizados no esto-
acertos da política brasileira de transportes, essa realidade não se modifi- que é um importante problema de contabilidade de custos. A questão é
cará sensivelmente em termos globais nas próximas décadas, por maiores quais elementos deveriam ser incluídos na avaliação de materiais? O
que sejam os esforços do governo na modernização dos transportes preço de fatura dos materiais no ponto de embarque do fornecedor, me-
marítimos e ferroviários. nos os descontos comerciais oferecidos (não confundir com descontos de
caixa), mais os custos de transporte até o setor de recebimento do com-
O sistema rodoviário opera em linha gerais, apoiado na infra-estrutura prador, podem ser chamados de elementos visíveis do custo, os quais são
das 6.000 empresas existentes em todo Brasil, com seus terminais de facilmente reconhecidos nos registros contábeis.
carga, frotas de apoio, equipamentos para carga e descarga e estrutura de
comunicação e administrativa. O transporte, propriamente dito, ou seja, o Mas que disposição deveria ser dada para outros itens do custo dos
deslocamento da carga é feito pela utilização de duas grandes frotas: os materiais de natureza menos tangível, tais como: recebimento, desemba-
57.000 veículos carreteiros, ou seja, veículos com motoristas autônomos, lagem, inspeção, teste, seguros, estocagem, controle e registros de esto-
proprietários de seus caminhões. Executando condições especiais, os que e custos de compra? lnegavelmente, esses custos ocorrem com a
carreteiros trabalham como subcontratados das empresas. finalidade de colocar os materiais em condições de uso, tanto quanto os
custos de transporte e o correspondente ao preço pago ao fornecedor.
Ao utilizar o sistema de transporte rodoviário, é necessário examinar
algumas particularidades do material a ser transportado e, sempre que Dessa maneira, todos os custos incorridos para colocar os materiais
possível, adequá-lo com os equipamentos normalmente usados pelas em condições desejáveis de uso deveriam compor o custo real dos mate-
empresas que operam o sistema. Tal precaução é indispensável para riais. Todavia, por propósitos práticos, para evitar dificuldades na determi-
atingir-se o aproveitamento ótimo dos veículos em sua capacidade (peso nação do custo dos serviços de recebimento, manuseio, compra e estoca-
ou metro cúbico) e, consequentemente, reduzir o custo operacional e o gem aplicáveis a cada encomenda recebida de materiais, a maioria das
custo do frete. Sempre que um lote de carga permita o aproveitamento empresas se limita a computar os custos visíveis, ou seja, preço de fatura
racional dos veículos, os transportadores têm a possibilidade de evitar a dos materiais, menos os descontos comerciais e mais despesas de trans-
aplicação do sobrepreço ao frete final. Isso significa que, se o material porte.
oferecer condições para aproveitamento ótimo, o custo fica menor no Avaliação de estoque. As quatro principais bases de avaliação do
cômputo final. estoque são as seguintes:
Custo real.
De maneira geral, as empresas transportadoras remuneram seus ser- Custo ou mercado (o que for mais baixo).
viços mediante cobrança do frete e seus adicionais. Cada uma dentro de Custo de substituição.
seu critério necessita obter remuneração compatível com seus custos Valor de venda.
operacionais, que não são diferentes das outras atividades econômicas.
Assim, ao estipular o frete por tonelada ou por metro cúbico ou por via- Se a contabilidade segue uma técnica consistente de trabalho, o mé-
gem, a empresa tem de considerar todos os seus custos diretos e indire- todo mais lógico de avaliação de estoques é o do custo real. As informa-
tos. ções para a Administração baseiam-se no custo real de departamentos,
operações, territórios, produtos, encomendas etc., não incluindo qualquer
Outro fator importante, para a análise de transportes, são as compras resultado (originado da adoção de qualquer outro método de avaliação),
realizadas pela empresa. Vários fatores influem na decisão de operar as até a venda do produto ou liquidação da empresa. São os seguintes os
compras pelo sistema CIF ou FOB, e a tendência normal dos setores de argumentos dados em favor da avaliação dos inventários pelo custo real:
compra é optar pelo primeiro, isto é, receber a carga em seus depósitos, • custo é uma base uniforme que pode ser aplicada para todos os
deixando aos fornecedores a incumbência de escolher os meios de trans- elementos de estoque e usada consistentemente período após
porte para o cumprimento dos prazos de entrega. Mas a elevação dos período.
custos de transporte nos últimos tempos vem pressionando a política de • fato de haver flutuações nos preços de materiais ou mercadorias
vendas com o objetivo de transferir esses custos ao comprador, ou seja, não significa necessariamente que os produtos vendidos estejam
os fornecedores procuram negociar FOB, retirando esta parcela de custo sujeitos às mesmas reações.
do produto a ser vendido. • Os materiais ou mercadorias são apenas um elemento do custo
do produto vendido; em muitas empresas, os custos da mão-de-
Embora as duas condições de custo continuem a ser praticadas, to- obra direta dos gastos gerais de fabricação são muito mais signi-
dos os negócios FOB trarão novo encargo para os responsáveis pela ficantes.
administração de materiais: a escolha do transportador. Nas compras
FOB, caberá ao comprador estabelecer uma política de transporte que lhe • É difícil determinar preços de mercado para materiais e panes
permita manter custos adequados, ao mesmo tempo que terá de respon- acabadas não comuns (não padronizadas).
der pela eficiência da operação para que seus insumos cheguem ao • Quando o método de custeamento usado for o FIFO ou o LIFO,
almoxarifado nos prazos necessários à manutenção dos estoques. Com em geral, os últimos custos no primeiro caso (FIFO) e os primei-
isso torna-se indispensável estabelecer critérios básicos de transporte que ros custos no segundo caso (LIFO) aproximam-se muito do valor
lhe permitam a escolha das opções mais condizentes com suas necessi- de mercado ou custo de substituição.
dades. • Quando o custo for usado como base não se admite a apuração
de perdas ou lucros antecipados (afetando as operações corren-
É fácil constatarmos então a importância de um Departamento centra- tes antes que a venda tenha sido realizada)
lizador de serviços de transportes utilizados pela empresa. Basta verifi- • Os preços de mercado podem ser comparados com custos esta-
carmos que, quanto mais bem estruturados estivermos, maiores serão as tísticos em relatórios e demonstrativos financeiros, sem haver ne-
possibilidades de colocação de produtos em diferentes mercados. Entre- cessidade de alteração dos registros contábeis.
tanto, a utilização de sistemas de distribuição não representa somente um
custo adicional para a empresa, mas também fator relevante na formação Uma objeção ao custo como base para cômputo de estoque relacio-
do preço final do produto. na-se com a avaliação do balanço, Se o preço de mercado tem crescido
em comparação com os custos reais, torna-se debatível se o estoque
No Brasil tal participação chega a níveis de 5% a 7%, dependendo, é estimado na base do custo apresenta o valor correto, Todavia, essa não é
claro, da mercadoria a ser distribuída. Estes índices, no entanto, são bem uma objeção muito séria, porque se houver uma importante variação no
maiores para os países que possuem infra-estrutura de maior sofisticação valor de mercado, o inventário pode ser avaliado pelo custo e, no rodapé
para tais serviços; por exemplo, nos EUA, o nível de participação poderá do balanço, ser indicado o valor do mercado, ou ainda, constituir-se uma
estar compreendido entre um mínimo de 12% e máximo de 30%. reserva apropriada de reavaliação.
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O método de avaliação por custo ou mercado que for mais baixo, é dos de avaliação, embora, em consequência, o estoque aparecerá no
baseado na teoria que, se os preços de mercado são mais baixos do que balanço avaliado pelos preços mais antigos e, portanto, desatualizado.
o custo dos bens ou mercadorias, haverá uma variação correspondente no
preço dos produtos vendáveis. As perdas antecipadas são concretizadas Método do preço médio:
por um ajustamento dos inventários contra o débito na conta de Lucros e O método da média ponderada pode ser usado com grandes vanta-
Perdas. Esse método tem aplicação muito difícil nas empresas industriais, gens quando o preço está sujeito a constantes variações (para baixo ou
porque são imensas as dificuldades na determinação do estoque de para cima), quando o estoque consiste em itens fungíveis encontrados na
produtos em processo de fabricação e centenas ou milhares os itens de indústria do petróleo, mineração, alimentos enlatados etc., ou quando haja
materiais diretos. E, como pode ser facilmente percebido, frequentemente necessidade de mistura de um material com outro.
não há qualquer correlação entre as flutuações dos preços de materiais e
do produto acabado. Método do preço standart:
Em muitas empresas este método é utilizado vantajosamente para
O princípio do custo de substituição reconhece como base mais apro- certo período de tempo.
priada para a avaliação o preço de mercado, de estoques e bens disponí- Seu uso, exige que se realize, antecipadamente, um estudo dos con-
veis, ou seja, o preço que seria pago por eles na data do inventário. Neste tratos de fornecimento efetuados, listas de preços e condições do merca-
caso, também se tem a antecipação do prejuízo ou lucro, conforme as do para o período contábil. Para maior facilidade burocrática, os custos
condições do mercado (alta ou baixa). Este método, como o anterior, não dos bens adquiridos são ajustados para o standard por ocasião do seu
é aceito para fins de imposto de renda, como, também, pelos contadores. recebimento, evitando a necessidade de reajustamento dos custos unitá-
O uso do preço de venda como método de avaliação de estoques é rios de cada item de material após cada entrada (método do custo médio
aceito apenas em certos casos. Os produtos defeituosos, materiais estra- ponderado) ou a identificação dos lotes remanescentes no Almoxarifado
gados e co-produtos para fins de uma melhor determinação de custo, após cada saída (métodos FIFO e LIFOI." (MARCO AURÉLIO P. DIAS,
podem ser facilmente avaliados pelo preço de mercado. em "Gerência de Materiais", Atlas, 1988, pgs. 37 a 40).

Métodos de Avaliação de Custo Em discorrendo sobre A qualidade do Artigo, SEQUEIRA DE ARAÚ-


Um método de determinação de custos reais é a identificação especí- JO ensina que "Em administração de materiais sabe-se, perfeitamente,
fica de materiais em estoque com os preços efetivamente pagos por eles, que a qualidade do artigo é de importância fundamental em todas as
constante da fatura do fornecedor ou qualquer registro de custo é aplicá- compras e que na maioria das vezes um produto vende pela "tradição de
vel, na prática, apenas quando existem poucos itens ou lotes de itens. A qualidade".
determinação do custo correto de materiais é um problema complexo, a
menos que todos tenham sido adquiridos sob contratos de longa duração Tanto isto é verdade, que é objeto de zelo, por parte da maioria dos
a preço fixo. Os preços de mercado estão sujeitos a flutuações constan- produtores, a manutenção da boa qualidade, fator que, sem dúvida algu-
tes, e, em vista disso, cada fatura recebida pode ter um preço mais alto ou ma, dá origem à aceitação de suas mercadorias por parte dos consumido-
mais baixo por unidade de material que a precedente. res.
Outros métodos mais conhecidos de determinação de custos reais
são: Os diretores, os gerentes, os administradores de materiais, dentro da
FIFO - First-in, first-out (primeiro a entrar, primeiro a sair) moderna administração das empresas têm sob sua responsabilidade e,
LIFO - Last-in, last-out (último a entrar, último a sair); portanto, dependem de sua orientação, todos os setores que tenham
médio; relação com o controle dos materiais (quando nos referimos a materiais,
custo standart genericamente estamos nos referindo a tudo aquilo que diga respeito à
inversão de capitais nas suas aquisições, quer sejam materiais destinados
Método FIFO: à produção, como ao consumo geral e manutenção).
Este método é usado com sucesso para itens razoavelmente volumo-
sos e de custo unitário elevado desde que sejam facilmente identificáveis O Administrador de Materiais, dentro da moderna análise do cargo,
com o lote específico de compra a que pertençam. deverá ser praticamente um técnico que conhece perfeitamente a origem
Quando este método é usado, pressupõe-se que as saídas de materi- e a qualidade do produto a ser adquirido, ou então, tendo dúvidas deverá
ais sejam feitas conforme a ordem cronológica de entrada, ou seja, os recorrer às especificações, às normas técnicas, às referências ou a docu-
mais velhos primeiro; naturalmente, essas saídas são avaliadas pelo custo mentos referentes a fornecimentos anteriores, quando houver necessida-
unitário do lote a que pertenciam e, por esse motivo, o estoque remanes- de de especificar claramente um determinado artigo.
cente é avaliado pelos custos unitários mais recentes. Se a quantidade
desejada for maior que as unidades remanescentes do primeiro lote, usa- A qualidade do artigo é considerada de grande importância no século
se o preço de custo do segundo lote para a diferença entre a quantidade em que vivemos, no qual estão sendo superadas tradicionais e importan-
requisitada e a remanescente do primeiro lote. Todavia, o manuseio físico tes teorias. Por incrível que pareça, todos estes aspectos da evolução, a
do material, em geral, não obedece à ordem de custeamento, mesmo que assistimos, estão diretamente ligados ao fator qualidade, requisito tão
sendo recomendável para itens que estão sujeitos à deterioração e obso- necessário no terreno tecnológico.
lescência.
De um modo geral a qualidade que deverá possuir um material é regi-
Método LIFO: da por uma especificação adequada. A especificação de um material nada
Também é conhecido como método do "custo de substituição" e ba- mais significa, de acordo com os mestres, do que a descrição do aspecto
seia-se na argumentação que os lotes são consumidos na ordem inversa físico do mesmo; portanto tais descrições devem redigidas com clareza
ao recebimento, ou seja, o último é consumido primeiro, em seguida o nos seus pormenores.
penúltimo, posteriormente o antepenúltimo, e assim por diante.
Especificar corretamente um material é uma verdadeira obra de arte;
Na realidade, esta prática não é inteiramente observada, isto é, não especificar é determinar nos materiais de consumo, nas ferramentas-, nos
há a distinção física dos lotes de conformidade com a sua idade (tempo equipamentos, nos acessórios, etc., as qualidades necessárias para a sua
em estoque), mas uma distinção nos registros contábeis para fins de aplicação segura e econômica nos setores a que se destinam.
avaliacão (apreçamento).
As especificações, quando elaboradas com critério e conscienciosa-
O uso deste método tende a nivelar ou equilibrar os lucros e perdas mente, são auxiliares imprescindíveis de uma boa administração de mate-
durante períodos seguidos de alta ou baixa de preços, ou seja, em perío- riais. Tendo necessidade de adquirir algo, e tendo desse algo uma perfeita
dos de alta os lucros decrescerão e, nos de baixa, crescerão. A demons- especificação, ter-se-á uma boa oportunidade de comprar corretamente o
tração de lucros e perdas é mais atual, comparada com os demais méto- material que necessitamos.

Conhecimentos Específicos 97

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APOSTILAS OPÇÃO
Atualmente não se ignora que uma especificação bem redigida A nota fiscal emitida pelo comerciante, de acordo com a lei, deverá
equivale a uma amostra real e concreta, não permitindo dúvidas, nem ser o espelho da nota de compra recebida; da comparação dos dizeres
deixando margem para a oferta de similares. constantes da via da nota de compra e da via da nota fiscal, o conferente
ou recepcionista do almoxarifado poderá, então, iniciar a conferência
Os trabalhos de especificação dos materiais de uma empresa serão direta dos materiais que está recebendo" ("Administração de Materiais",
sempre realizados por uma equipe e raramente por uma única pessoa, Atlas, 5ª, p. 40 a 43).
pois tarefa de tanta responsabilidade não poderá ser realizada a contento,
por um único indivíduo. Gestão de Estoque
"É absolutamente imprescindível o bom controle dos estoques, para
Como colaboração ao administrador de materiais, ou ao pessoal de se atingir a meta das boas aquisições para um empresa. A finalidade
sua equipe, ao qual será cometida a tarefa da especificação dos materiais precípua de tal controle é ter-se os itens à mão, quando necessário, e
utilizados pela empresa, iremos relacionar os fatores que deverão ser proporcionar a proteção adicional das reservas dos estoques (estoques
sempre tomados em consideração ao elaborar uma especificação de um mínimos), os quais são teoricamente intocáveis, porém servindo, na
determinado material: prática, para preencher as necessidades, quando demandas extraordiná-
forma física; rias surgem, ou quando as compras de rotina não são bem sucedidas,
o enquadramento no tipo mais econômico; como por exemplo, quando as entregas são retardadas ou rejeitadas.
o comportamento em serviço.
A finalidade, precípua dos estoques mínimos é a de permitir ao De-
A forma física. Para se obter a forma física de qualquer material ou ti- partamento de Compras ou ao comprador da empresa, conforme o caso,
po de material, é necessário que a especificação se atenha à sua usina- efetuar as necessárias consultas aos fornecedores inscritos no cadastro
gem sob os seguintes preceitos: de fornecedores, com o tempo folgado para que algumas ofertas sejam
1°) a matéria-prima a ser empregada; recebidas e mesmo permitir outras vantagens, tais como: ajustar as quan-
2°) o volume, o peso, a consistência e a composição das matérias- tidades de encomenda para que sejam de acordo com a embalagem
primas; comercial, padrão, lotes de fabricação econômicos e lotações completas
3°) a resistência mecânica; de veículos de transportes, estudo dos tipos de pallets ou de containers
4°) a forma que corresponda a uma apresentação que incida na (cofres de carga) a serem economicamente utilizados, com a finalidade de
psicologia do trabalho a ser executado. se obter um custo mínimo de transportes.

Tipo econômico. O tipo econômico do material é o que em linhas Atualmente, cada dia que passa mais se difundem estes modernos
gerais obedece aos seguintes preceitos: meios de transportar cargas, tanto que, na aviação, já operam aviões
1°) o volume do material, eliminando o supérfluo; cargueiros adaptados à utilização de pallets, denominados aviões paleti-
2°) o custo da usinagem, considerada a quantidade a ser empregada; zados, sendo de notar que, mais recentemente, os containers (cofres de
3°) a aplicação racional; carga) estão sobrepujando a utilização dos pallets, pois oferecem mais
4°) o tempo de vida útil. segurança e maneabilidade no transporte de mercadorias.

O comportamento em serviço. O Comportamento do material em Como ocorre na aviação, assim também acontece no transporte marí-
serviço é a prova efetiva de sua boa formação física, e que se pode timo sendo que barcos especialmente construídos podem aumentar em
verificar por: muito a sua capacidade de carga a ser transportada de porto a porto,
1°) reação da matéria-prima na temperatura ambiente; aumentando consideravelmente sua capacidade de transporte; entre
2°) verificação da boa ou má aceitação quando utilizado; outras vantagens operacionais, diminui o tempo de estadia nos portos,
3°) defeitos verificados; sendo digno de registro que, buscando abreviar tais estadias, algumas
4°) exame do desgaste quando empregado. companhias estão operando com um sistema de barcaças carregadas
com containers que, embora o navio permaneça ao largo, elas se des-
De posse destes elementos, as pessoas que especificarem terão pos- prendem do barco, levando diretamente ao caís as mercadorias que
sibilidade de uma descrição completa de determinado material ou matéria- transportam.
prima, que ficará perfeitamente identificado, evitando assim confusões
com similares. A aquisição de materiais de acordo com as especificações A quantidade matemática das quantidades de encomendas economi-
equivale a uma garantia de qualidade. camente interessantes, qualquer que seja a fórmula ou método, sempre
representa o custo da manutenção de estoques, e as taxas variáveis para
Um outro ângulo na administração de materiais, que se beneficia de este fator, que são encontradas em algumas tabelas de quantidades a
forma acentuada, é o setor de conferência e recebimento dos materiais serem encomendadas, mostram que isto não é apenas uma questão de
adquiridos para a empresa. juros decorrentes dos investimentos nos estoques. Há evidentemente a
consideração básica da administração e operação eficiente dos almoxari-
O departamento de Compra ou o Agente Comprador, ao efetuar aqui-
fados, o que depende, em parte, das diretrizes adotadas para os esto-
sições, por um dos sistemas adotados pela empresa, apresenta aos
ques.
fornecedores todos os dados relativos ao material que necessita.
Esses dados é que constituem as especificações, propriamente, as-
Os custos da manipulação e da manutenção de registros variam, co-
sim denominadas. O comerciante consultado irá guiar-se para fornecer a
mo o fazem, também, os custos de compras, segundo a frequência e o
sua cotação, pelas especificações descritivas que caracterizam o material,
volume das encomendas e das entregas, e há quantidades ótimas do
cuja cotação é solicitada.
ponto de vista da administração dos estoques, que por sua vez não coin-
Após os necessários trâmites será emitida, pelo setor competente, cidem necessariamente com as quantidades ótimas de compras."
uma ordem de compra em favor do fornecedor; este documento é feito em
diversas vias, uma destas vias se destina ao almoxarifado que irá receber A limitação das reais instalações de armazenagem são citadas como
e conferir o material. sendo um fator limitante na política das compras. Toda a área de custo de
se proporcionar e manter instalações para a manipulação e o armazena-
No pedido ao fornecedor consta a especificação do material cuja co- mento é um problema da administração dos estoques.
tação foi aceita; portanto, na via destinada ao almoxarifado a mesma
automaticamente figura e por esta via é que ele poderá receber mercado- Enquanto o agente comprador talvez se preocupe com o dado geral
rias, tendo por base, para a conferência, a especificação constante da relativo ao emprego de materiais, anual ou mensalmente, o encarregado e
mesma. responsável pelo controle dos estoques analisa o registro muito mais
detalhado do número de demandas por mês, por dia, como sendo este

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APOSTILAS OPÇÃO
dado um item necessário para determinar os pontos de encomenda e as Este modelo, também denominado "Guia da Entrada de Material", é
quantidades mínimas de estoque. Deste modo, são evitadas as faltas de utilizado como aviso ao setor que solicitou a aquisição do material, como
estoque, empregando-se os pedidos dos departamentos, relativos às suas também aos órgãos da administração, engenheiros, contramestres, etc.,
necessidades operacionais. que tenham necessidade de saber se o material foi recebido.

Devemos considerar, ainda, que o investimento em materiais é um fa- Consideramos esse modelo, utilizado na maioria das organizações
tor da política financeira, que pode superar as considerações estritamente industriais de nossa Pátria, como uma espécie de cópia fiel da nota fiscal,
relativas aos custos e às quantidades de compras. Poderão existir exce- que por lei acompanha o material.
lentes razões circunstanciais ou de diretrizes que sugiram uma política de
investimentos em materiais, na qual as poupanças das compras sejam Geralmente, a nota fiscal é apresentada em duas vias ao almoxarifa-
sacrificadas em benefício da fluidez das fontes de capital, ou sugiram, do e ocorre que, não raro, os setores que solicitam a compra de materiais
ainda, a sua aplicação em outras áreas dos negócios. As decisões admi- tenham necessidade de saber se o material já foi recebido, a fim de que
nistrativas desta espécie são, frequentemente, completadas por meio de possam levar avante as tarefas nas quais os mesmos serão utilizados.
diretrizes estabelecidas para o estoque e seu controle.
As unidades de processamento e apuração de dados também têm
Deste modo, é verdade que as diretrizes de ação relativas às compras necessidade de serem informadas do recebimento de tais materiais;
e aos estoques andam de mãos dadas. Têm ambas o objetivo comum de portanto, este modelo é remetido a tais setores, como uma espécie de
buscar o custo final mais barato e viável para os materiais comprados. aviso da recepção dos materiais, pelo Almoxarifado.

Não obstante, há ocasiões em que a política de uma empresa para o AVISO DE ENTRADA DE MATERIAL - (Mod. 11)
estoque determina ou modifica a política estabelecida para as compras, Verdadeiramente, muitas vezes torna-se um problema remeter a 2ª
em vez de acontecer o contrário. Esta é uma das razões para que se via da nota fiscal aos setores interessados na aquisição e consequente-
estabeleça o controle dos estoques como uma responsabilidade conjunta, mente recepção do material, os quais solicitaram a compra. Para sanar
onde quer que tal plano organizacional esteja sendo praticado. este inconveniente, as empresas utilizam nos seus serviços de almoxari-
fado o modelo 1 1 . Esse modelo, quando convenientemente assinado
Não raro, o Depto. de Compras tem a responsabilidade do controle
pelos responsáveis, que poderão ser os setores que recebem e conferem
dos materiais, além das aquisicões propriamente ditas; deve ter este ponto
os materiais, poderá espelhar todos os dados relativos ao material recebi-
de vista amplo da função total do controle de materiais e ser capaz de
do tornando-se uma cópia fiel das anotações das notas fiscais.
adaptar, tanto a política de compras como a diretriz dos estoques para
atingir, assim, o objetivo final da Administração de Materiais.
NOTA DE RECEBIMENTO DE MATERIAL – (mod. 12)
Estoques de Segurança. Uma das atribuições específicas do setor É mais uma versão dos modelos anteriores. Conforme procuramos
"CONTROLE DOS ESTOQUES" é evitar que a produção venha a ser evidenciar, os setores que solicitam a aquisição de materiais e mesmo o
paralisada por falta de um item do estoque. Este risco é mínimo pelo Setor de Controle dos Estoques, têm necessidade de serem informados
estabelecimento do estoque de segurança ou reserva. imediatamente do recebimento dos materiais por parte do almoxarifado,
razão pela qual a emissão deste relatório poderá ser diária, semanal ou
A falta de um pequeno item, como um rótulo ou um fino revestimento mesmo quinzenal, de acordo com as determinações superiores.
da tampa de uma garrafa, pode parar a produção, tão efetivamente como
a falta de um ingrediente de grande importância para o produto ser emba- RECEPÇÃO DE MATERIAL - (Mod. 13)
lado. O controle do material recebido pelos almoxarifados é feito também
por este tipo de modelo. Conforme se verifica, a discriminação do material
Deste modo, torna-se ainda mais importante tomar providências para recebido e todos os dados relativos à identificação da origem estão perfei-
um estoque de segurança dos itens pequenos que serão controlados, tamente espelhados no modelo em apreço; além de ser uma cópia da nota
atribuindo-lhes a mesma importância dos itens de maior importância. fiscal contém, ainda, outros dados que interessam não só à alta adminis-
tração como à própria contabilidade da empresa.
O estoque mínimo, ou como querem alguns, o estoque de segurança,
ou então, estoque de reserva, é um problema básico do controle dos AVISO AO FORNECEDOR DO RECEBIMENTO DE MATERIAL POR
estoques. Estoques de segurança demasiadamente grandes representam ESTRADA DE FERRO OU CAMINHÃO (Mod. 14)
um desperdício, em se tratando de despesas, e podem adquirir um caráter O modelo 14 é utilizado pelo almoxarifado para avisar ao fornecedor
muito sério. do recebimento por estrada de ferro ou caminhão, ou por outro meio
qualquer o recebimento do material permitindo, desta forma, o seu fatura-
Um fato relativo aos estoques, que nem sempre é reconhecido é que,
mento, por pane da firma fornecedora. É pois o documento que habilita o
embora os estoques de segurança possam representar uma porcentagem
fornecedor a entrar com o seu faturamento, a fim de receber a importância
relativamente pequena do valor total dos estoques movimentados durante
que lhe é devida pela empresa que adquiriu seus materiais.
o ano, eles podem chegar a 60% ou mais do estoque total a qualquer
tempo, o que é a base do custo de manutenção de estoque. Por outro lado
CERTIFICADO PARA DEPRECIAÇÃO DE MATERIAL NO
estoques mínimos demasiadamente pequenos não cumprem a sua finali-
ALMOXARIFADO – (Mod. 15)
dade.
Não raro o material estocado nos almoxarifados sofrem uma depreci-
Um estudo feito em uma grande indústria mostrou que a sua fábrica ação. As causas poderão ser diversas; normalmente o tempo prolongado
poderia operar com sucesso, sem qualquer efeito sério sobre a produção no qual são mantidos em custódia é o principal responsável: ferrugem,
se 1,5% (um e meio por cento) dos itens de almoxarifado estivessem mofo, empedramento, etc., que poderão ocasionar depreciações.
sempre em falta nos estoques; e se 3% dos itens estivessem naquelas
mesmas condições, as perdas de produção seriam sérias; chegando a 5% Às vezes, a depreciação processa-se no recebimento do material, o
os programas estariam completamente inutilizados e o Depto. de Compras qual é transferido de um outro setor, no qual estava depositado; outras
teria um seríssimo problema em providenciar os itens necessários." (Se- vezes, é por ocasião dos fornecimentos aos setores que se constatam
queira de Araújo, "Administração de Materiais", Atlas, 5ª, p. 110 e segs.) mutações ocorridas durante a estocagem do material no almoxarifado;
outras razões poderão ser apresentadas, tais como: defeitos na
Formulários-Modelos para Controle de Estoque de Materiais embalagem, fugas, precipitações, evaporações, achatamentos
À página 155 de sua obra "Administração de Materiais", Sequeira de (compressão), etc.
Araújo (Atlas, 5ª edição) inicia a descrição de "Modelos indispensáveis ao
controle dos materiais": BAIXA DE MATERIAL - (Mod. 16)
GUIA DE ENTRADA DO MATERIAL - (Mod. 10) Poderá ocorrer que um setor, subordinado ou não ao almoxarifado,

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tenha necessidade de dar baixa no material que estava sob sua respon- "Quantidade remetida" e "Quantidade aceita" são, também, anotações
sabilidade; para tanto deverá emitir o modelo 16 que servirá para os importantes, que deverão constar desse documento; são fatores que
órgãos, nos quais o material está cadastrado, efetuarem os lançamentos deverão, sem dúvida alguma, ser levados em consideração nos dados
necessários à referida baixa. Existe um grande espaço no canto inferior, relativos à remessa e ao recebimento.
do lado esquerdo, destinado a "JUSTIFICATIVA", que deverá ser devida-
mente apresentada por que pede a baixa. GUIA DE EXPEDIÇÃO - (Mod. 23)
"Guia de Expedição" é a denominação do modelo 23. Conforme a
MATERIAL MANUFATURADO –(mod. 17) própria denominação esclarece, esse modelo acompanha o material
Por vezes, na própria organização, são fabricados ou produzidos pro- requisitado; ele, em si, documenta o fornecimento feito para efeitos de
dutos que, por várias razões, são recolhidos ao almoxarifado; nestas controle dos materiais fornecidos. A guia de expedição poderá substituir a
circunstâncias o almoxarifado receberá essa produção, que será capeada via de requisição do material, pois, conforme esclarecemos no modelo 7,
ou acompanhada pelo modelo 17. Destaca-se nesse documento aquilo relativo a requisições de materiais do almoxarifado, existirá, sempre, uma
que foi produzido e o que foi recebido. via da mesma destinada a ser apensada ao mapa de movimento diário,
talvez por exigência do "controle dos estoques"; além da referida via
Uma ficha de controle deverá ser organizada e o material, devidamen- deverá ser emitida uma "Guia de Expedição", que se trata do modelo 23.
te conferido, será incorporado ao estoque do almoxarifado, dando-se,
oportunamente, ciência a todos os órgãos interessados. ETIQUETA DE IDENTIFICAÇÃO N° 1 - (Mod. 24)
Competirá ao setor "custos" as anotações que digam respeito ao ma- Nos modernos almoxarifados, principalmente nos que servem às
terial produzido, pois a ele caberá calcular mão-de-obra, matéria-prima, grandes indústrias, é normal a existência de 20.OCO a 30.OCO itens em
etc., para que se tenha o custo real do material produzido. estoque num único edifício.
É um trabalho de organização a rápida localização de um
NOTA DE TRANSFERÊNCIA DE MATERIAIS - (Mod. 18) determinado material ou tipo de material entre os milhares de itens postos
É normal a existência deste tipo de controle da transferência de mate- em custódia nas modernas instalações.
riais, principalmente nas grandes empresas. Poderá ocorrer que um Afim de que possamos localizar onde está estocado determinado tipo
determinado almoxarifado esgote seu estoque e tenha necessidade de ser de material, é necessária a organização de um fichário de localização.
abastecido rapidamente; é necessário que se efetue uma transferência de
um para outro almoxarifado da empresa; emite-se, então, o modelo 18, O modelo 24 é idealizado para a identificação do material e sua locali-
que acompanhará o material transferido e controlará perfeitamente a zação na área de estocagem. Além da descrição da classe teremos anui-
tramitação, autenticando e documentando a mesma para os devidos fins. dade em estoque e a sua localização, pois estoque n°... poderá informar o
número do conjunto e a prateleira respectiva.
TRANSFERÊNCIA DE MATERIAL - (Mod. 19) Ainda na ficha consta a perfeita nomenclatura do material, isto é, a
É uma outra versão do modelo 18; neste existe um espaço reservado sua especificação correta, bem como o nome do funcionário que efetuou o
para a "JUSTIFICATIVA" de transferência. fichamento.
Essa "justificativa" deverá ser apresentada pela autoridade que de- ETIQUETA DE IDENTIFICAÇÃO N° 2 - (Mod. 25)
termina a transferência; isto é importante, pois quando não existir tal Este modelo é uma simplificação do modelo anterior (mod. 24). Con-
autorização, ignora-se, muitas vezes, quem determinou a operação e as forme podemos constatar, ele apenas destina-se à localização do material,
razões pelas quais ela foi realizada. onde o mesmo está estocado e o número que lhe corresponde no lote.
Existe ainda a menção de "mínimo em estoque" e o tipo de "unidade" que
NOTA DE SUPRIMENTO – (mod. 20) foi adotada.
Este modelo, denominado "Nota de Suprimento", é uma versão dos Esses dois modelos permitem a rápida localização dos materiais nas
modelos anteriores, porém, ele, no rodapé, faz menção a despesas espe- áreas de estocagem; conforme esclarecemos, são milhares de itens
ciais efetuadas com a transferência, pois poderá ocorrer que tenhamos existentes em determinados almoxarifados industriais e é absolutamente
que debitar por fretes, carretos, embalagens, despachos, etc., efetuados necessário que se obtenha rapidamente a sua exata localização a fim de
com a referida transferência de um almoxarifado para outro situado em que as requisições possam ser atendidas com presteza.
ponto distante.
NOTA DE DEVOLUÇÃO AO ALMOXARIFADO – (mod. 26)
RECOLHIMENTO DE MATERIAL USADO (mod. 21) O material, não raro, é requisitado em quantidades superiores às ne-
Há necessidade de documentar-se o material que é recolhido ao al- cessidades. Isto ocorre com materiais difíceis de serem calculados em
moxarifado ou a um subalmoxarifado, cuja situação originou o modelo 21. suas exatas quantidades, por tal razão o mesmo terá que ser devolvido ao
O material recolhido poderá ser recuperado ou não; portanto é necessário almoxarifado, já que não será utilizado. Este modelo é emitido em diversas
que esta condição seja perfeitamente esclarecida. Todas as demais vias, como por exemplo: via para recibo, que ficará em poder de quem
situações estão perfeitamente documentadas, existindo, ainda, neste devolve; uma via para as devidas anotações nas fichas de estoque e
modelo, um espaço reservado para a "justificativa" de tal recolhimento. estorno do débito; uma via para o controle contábil do estoque e finalmen-
te uma via, para quem devolve registrar em suas fichas de estoques.
GUIA DE REMESSA DE MATERIAIS - (Mod. 22)
Por certo, não necessitaremos acentuar a importância deste docu- NOTA DE DEVOLUÇÃO ESPECIAL - (Mod. 27)
mento para controle dos materiais remetidos. Solicitamos a atenção dos Este modelo destina-se a materiais que foram reparados, recondicio-
interessados para determinados detalhes inseridos neste modelo; por nados, remontados, testados ou examinados. É uma guia que acompanha
exemplo, no rodapé, temos um espaço reservado para "Dados Relativos o material desde que o mesmo é retirado do almoxarifado; no seu retorno,
ao Recebimento". O transporte efetuado por navios ou caminhões, segui- dado os processos de recuperação pelos quais muitas vezes os materiais
damente modificam a conferência por parte de quem recebe os materiais, passam, poderá haver modificações que serão perfeitamente esclarecidas
não só no seu aspecto quantitativo, como também no de apresentação. nas respectivas colunas. O número de vias do modelo é optativo."

Na parte superior é inserido um "código de advertência", muito Variáveis e Técnicas


necessário para a verificação das diversas situações em que o material é Araújo ("Administração de Materiais", Atlas, 5ª edição), às pgs. 178 e
recebido. segs., denominando CONTROLE GERAL o setor que "tem por missão
controlar a vida do material (máquinas, equipamentos, peças, veículos,
No espaço superior notamos o titulo "Referência", que são indicações acessórios, etc.) e da matéria-prima utilizada numa empresa", trata das
codificadas ou abreviaturas de origem do material, como por exemplo: AF, técnicas utilizadas, mediante controle e fichas.
será autorização de fornecimento n°; OC, ordem de compra n°, e assim "Para ser perfeito, como é exigível, este serviço terá que ser organi-
sucessivamente. zado de forma racional; as suas fichas de controle ao serem examinadas

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deverão fornecer automaticamente todos os dados relativos a cada um "entradas e saídas", bem como a exibir automaticamente o saldo
dos materiais e matérias-primas adquiridas para os serviços da organiza- existente.
ção.
Neste sistema de controle, utilizando este tipo de fichas, não faremos
Essas fichas deverão conter todas as informações necessárias com menção a preços e outras referências que naturalmente serão fornecidas
referência ao material, desde o preço pago por sua aquisição até o núme- pelas fichas de controle geral. (Mod. 32).
ro de unidades existentes em estoque no dia em que se faz a consulta. .
Essa ficha de estoque físico, registrando todas as entradas e saídas,
Como é natural, existem diversos modelos de fichas de controle geral; é sem dúvida alguma um poderoso auxiliar para o pessoal que trabalha
pode-se afirmar que cada empresa idealiza, de acordo com as suas com os estoques, pois em caso de dúvida sobre um fornecimento ou
necessidades e atividades, o modelo que utiliza. Tais modelos são execu- entrada de um material, encontra-se na ficha de prateleira todos os ele-
tados por encomenda dos interessados ou pelas tipografias ou então mentos de que necessitamos para esclarecemos diferenças porventura
pelos próprios vendedores das organizações que de dedicam a este ramo surgidas no controle geral.
de comércio.
Ao movimentar essas fichas, registrando todas as entradas e saídas,
Cumpre considerar que ainda muitas empresas possuem e utilizam os iremos automaticamente balanceando a existência à medida que o mate-
seus livros de estoques em cujas folhas escrituram-se as entradas e rial der entrada ou for fornecido. No último caso mencionaremos a data, o
saídas dos materiais; esses livros que antecederam os fichários, atual- número da requisição, o funcionário ou setor que requisitou e na coluna
mente em uso, tinham denominações diversas; uma das mais antigas de respectiva a quantidade e logo após o novo saldo.
nosso conhecimento é o "Livro de Tombo", que data de remotas eras,
constando, que antigamente os mesmos, no tempo do Brasil Império, Por ocasião de balanços e balancetes as datas e os saldos poderão
importavam-se de Portugal. ser lançados com tinta vermelha, assinalando desta forma, perfeitamente
visível, quando foram executados tais trabalhos.
Dois sistemas, atualmente, são largamente utilizados pelo "Controle
Geral". Um denomina-se "vertical" e o outro "horizontal". Examinando este modelo, verificamos que no alto existe um ilhós, que
servirá para melhor fixar as fichas nos locais a elas destinados; um sim-
O sistema vertical consiste em colocar as fichas verticalmente, isto é, ples prego ou balmaz servirá para dependurar a ficha junto ao material em
são colocadas em caixas que poderão ser de madeira, ferro ou aço; estoque.
geralmente essas fichas possuem grandes formatos e são impressas em
papelão fino. A desvantagem do procedimento é que quando são alguns Observando o formato das fichas de prateleiras pode-se confeccionar
milhares de itens a serem controlados o número de caixas é naturalmente um "porta-ficha" que poderá ser feito em folha de flandres, alumínio ou
considerável, o que dá origem à ocupação de um espaço muito grande, outro metal qualquer, fácil de dobrar; esse "porta-ficha" protegerá a ficha
porém a não ser este inconveniente, não existe nenhuma restrição ao seu em uso do constante manuseio a que geralmente é submetida.
uso; algumas empresas acreditam que o sistema oferece algumas vanta-
gens, porque, sendo maiores as fichas, essas poderão conter mais algu- Na parte superior da ficha existe um espaço reservado para diversas
mas informações valiosas (Modelo 28). anotações de importância, como por exemplo: - Código, controle das
existências, máximos e mínimos em estoque, o número da ficha (que
O sistema conhecido por Kardex é o mais difundido, inegavelmente. deverá ser idêntico ao número do artigo dado na ficha de controle geral), a
Apresenta uma série de vantagens que deverão ser consideradas, como, denominação do material e finalmente qual a unidade (quilo, litro, metro,
por exemplo, um grande número de fichas num espaço relativamente tonelada, dúzia, cento, etc.) do material em estoque; isto é de importância,
reduzido. pois pela unidade mencionada, ele deverá ser fornecido. O formato 20 x
30 cm e a impressão - frente/verso - será ideal.
Este sistema é adotado pela maioria das empresas produtoras de
arquivos de aço, onde as fichas de controle são colocadas em gavetas na A economia de tempo obtida com o uso dessa ficha, no controle dos
posição horizontal. Cada gaveta do arquivo possui número variável de materiais no local em que estão realmente estocados, é verdadeiramente
fichas, sendo colocadas no sentido horizontal. Poderão conter 25 ou mais notável.
fichas cada gaveta; por sua vez cada móvel poderá conter 1O, 20 e mais
gavetas (Modelo 29). Apesar de sua denominação "Ficha de prateleira" ela poderá, ou me-
lhor, deverá ser utilizada em outros locais, onde existam materiais estoca-
DUPLO CONTROLE dos que sejam recebidos ou fornecidos parceladamente, como exemplifi-
O método do "Duplo Controle" é um sistema de controle dos mais caremos:
simples e seguro, que possibilita a conferência rápida dos saldos em
Em determinado local estão estocados, digamos, 100 toneladas de
estoque, sem haver necessidade de pesar, medir, etc. os saldos existen-
um determinado material, como por exemplo ferro em barras. Esse mate-
tes, permitindo, outrossim, localizar imediatamente qualquer erro, esque-
rial é fornecido na unidade - quilos; portanto, ao atendermos requisições
cimento, inversões, etc. de lançamentos efetuados.
do mesmo, pesamos e entregamos - quilos. Em determinado momento os
auditores, os fiscais, enfim alguém interessado, deseja saber quantos
Apoia-se, o sistema, na movimentação de duas fichas, denominadas
quilos realmente existem no lote; se não utilizarmos as fichas de estoque
respectivamente:
físico ou de prateleira, teremos que mandar diversos operários braçais
a) Ficha de prateleira ou estoque físico
procederem à verificação, isto é, o material terá que ser pesado em sua
b) Ficha controladora ou controle geral.
totalidade; este serviço não poderá ser feito rapidamente, teremos que
consumir um grande espaço de tempo, dependendo do tipo de balanças
FICHA DE PRATELEIRA - (Modelos 30 e 31) que contarmos para realizar a pesagem. Talvez serão consumidos dias e
Como a sua própria denominação indica, esta ficha destina-se a con- semanas e as horas-homem serão muitas a pesar na folha de pagamento
trolar o material no próprio local em que está estocado. O seu uso evita deste pessoal. Contando com o concurso da ficha, poderemos no minuto
estar contando ou pesando, medindo ou calculando os materiais cada vez em que apresentada a questão, informar que a pilha contém tantas tone-
que desejarmos nos certificar de sua real existência física. A ficha perma- ladas ou quilos.
nece junto ao material, quer esteja nas prateleiras ou em outros locais; a
mesma será movimentada toda vez que o material é retirado, ou, de forma Outro ângulo: no laboratório existem determinados produtos químicos
inversa, quando registrarmos novas entradas. ou preparados que são fornecidos ou utilizados, tendo como unidade:
gramas ou miligramas; um pequeno frasco contém digamos cinco gramas
As fichas de prateleira limitam-se a registrar os movimentos de para aviar uma receita ou completar uma fórmula; são solicitadas 1,5 g do

Conhecimentos Específicos 101

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produto; registramos na ficha esta saída e a qualquer momento • Unidade: Referência sobre a unidade adotada para estoque:
poderemos informar que no frasco ainda restam 3,5 g evitando-se, desta dezena, cento, quilo, milheiro, grosa, tonelada, litro, etc.
forma, pesar ou retirar o produto para ser pesado, considerando, ainda, • Ficha n°: Que deverá corresponder ao número dado à ficha de
que o mesmo poderá ser altamente volátil, razão pela qual o seu peso prateleira, com a finalidade de facilitar um rápido confronto;
específico poderá modificar-se toda vez que for manipulado. • Substituída pela de n°: Quando ocorrer que cada ficha tenha a
sua numeração própria de acordo com o sistema adotado;
Cumpre salientar o valor deste sistema de imediata verificação, da • Substitui a de n°: Utilizado quando se tratar do sistema acima
existência física de um material em estoque, por ocasião da realização de mencionado.
balanços e balancetes. Toda e qualquer diferença em quantidade porven-
tura acusada no fichário central, ou na ficha de controle geral, será imedia- No corpo central desta ficha figuram as colunas clássicas em tal
tamente localizada pelo confronto dos lançamentos das fichas de pratelei- sistema de controle, bem como as três encontradas normalmente: -
ra com as fichas de controle geral. Entradas - Saídas - Saldos.
Em ambas as margens do modelo a que estamos fazendo referência
FICHA DE CONTROLE GERAL OU CENTRAL (mod. 32) existe uma numeração em sentido vertical. Essa numeração poderá ter a
Esta ficha denominada "Controladora", sem dúvida, é a principal. É a seguinte utilidade:
mesma ficha utilizada nos fichários verticais ou horizontais, é um docu-  1°) Quanto houver necessidade de ser mencionar o número do
mento informativo por excelência. Nenhuma administração de materiais lançamento, referência, n° tal.
poderá prescindir de seu concurso. Ela é a maior e melhor fonte de infor-  2°) Destina-se a localizar rapidamente a linha correspondente ao
mações sobre tudo que diga respeito aos materiais pertencentes a uma lançamento, evitando-se desta forma confusão na leitura das
empresa, portanto é considerado documento imprescindível dentro de linhas.
qualquer tipo de organização. • Material - Especificação: Como o próprio nome indica, destina-se
à descrição característica do, material ao qual corresponde.
Geralmente, ao estabelecermos sistemas de controle sobre os • Fornecedores: Nome das firmas que forneceram o material.
materiais de uma empresa, buscamos por intermédio destas fichas obter • Data: Registro da data do fornecimento.
rapidamente as seguintes informações:
• Quantidade: Das mercadorias adquiridas ou recebidas.
a) quantidade do material em estoque na data considerada;
• Prefixos: Que corresponderão à abreviatura dada ao nome da
b) última aquisição;
firma fornecedora e servirá para identificar na coluna competente
c) nome e endereço do fornecedor;
a procedência, pois em determinadas ocasiões o nome a ser
d) preço médio;
lançado é por demais complexo e extenso.
e) observações sobre o material em estoque e na produção, de
acordo com as devoluções e outras observações, porventura • Observações: Para registrar tudo aquilo que for necessário citar.
encaminhadas ao órgão controlador; • Registros mensais: Os registros mensais, existentes no rodapé,
f) razões de determinadas compras; permitirão consignar todos os dados relativos às entradas e
g) setores, seções, oficinas que utilizarem o material ou a matéria- saídas, bem assim, outros informes julgados necessários.
prima, data das saídas de material, quantidades, custos do
material requisitado; FICHA VOLANTE DE MATERIAL - (Mod. 33)
h) cálculos sobre as possibilidades do estoque em relação ao Esta ficha é muito utilizada nas pequenas empresas; limita-se este
consumo; documento a registrar a movimentação de um pedido de compras entre o
i) dados estatísticos de consumo por seções ou global; almoxarifado e o órgão comprador da empresa; ela dispensa maiores
j) referências sobre a melhor época, para novas aquisições, razões, esclarecimentos pois, os dizeres inseridos são claros e indicam perfeita-
estudos sobre novas fontes de produção ou de aquisição; mente todas as situações percorridas do pedido feito pelo almoxarifado ao
l) máximos e mínimos a serem observados com relação aos setor de compras."
estoques disponíveis;
m) tipo de acondicionamento ou embalagem, unidade (caixas com Compras
dúzias, centos, milheiros, quilos, toneladas, metros, etc.) e obser- É oportuno lembrar o "check-list" de Mcsweeney, apresentado por
vações gerais sobre o aspecto dos materiais, apresentação, etc.; SEQUEIRA DE RAÚJO, em "Administração de Materiais" (Editora Atlas,
n) registros mensais de entradas e saídas, consumos médios 5~ edição, pgs. 77 a 85).
verificados.
"Num "check-list" acerca do funcionamento do setor de compras nas
E assim, sucessivamente, de acordo com as necessidades peculiares empresas, são citados dez itens fundamentais para o perfeito desempe-
a cada ramo de atividade, iremos introduzindo as observações que mais nho desse importante departamento.
possam interessar à administração, e, visando atingir tal objetivo, as fichas 1°) Uso de previsões de mercado, a fim de obter vantagens nas
de controle geral deverão fornecer rapidamente as informações acima encomendas.
mencionadas. 2°) Padronização dos artigos e especificações escritas, para prevenir
variações evitáveis.
Como é natural, ela pode e deve ser alterada de acordo com o ramo a 3°) Exame periódico dos padrões de qualidade e outras
que pertença a empresa, considerando os materiais e matérias-primas especificações, para reduzir exigências possivelmente
com os quais trabalha. As fichas em apreço poderão ser executadas para excessivas.
serem utilizadas em fichários horizontais ou verticais. 4°) Laboratório de física ou instalações para provas, para o
estabelecimento de especificações de compras, assim como para
O modelo que estamos estudando tem capacidade para receber as testar materiais e suprimentos recebidos.
seguintes informações. 5°) Uso de "encomendas-contrato", segundo as quais o fornecedor é
• Material: Destinado a registrar a denominação pura e simples autorizado a manter permanentemente uma certa quantidade de
pela qual o material é identificado na empresa; materiais ou suprimentos em estoque, do qual se farão as retira-
das, cabendo ao fornecedor armazenar o grosso desses materi-
• Código: Quando for adotado o sistema de codificação dos
ais; aliviando assim, na fábrica, o problema do armazenamento.
materiais de consumo ou permanente, bem como da matéria-
6°) Uso de contratos amplos e duradouros com cláusula sobre
prima;
reajustamento de preços.
• Estoque: Máximo e mínimo para as previsões de consumo;
7º) Análise de consumo, de forma a que encomendas corresponden-
• Embalagem: Apresentação e estocagem dos materiais: caixas, tes possam ser combinadas e feitas com intervalos maiores, ao
fardos, pacotes, litros, barricas, sacos, tambores, etc. invés de fazer encomendas parceladas mais numerosas, de arti-

Conhecimentos Específicos 102

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gos separados, o que exige diversas tomadas de preços e avolu- uma rápida escolha entre diversos produtores, facilitando imensamente as
ma os processos. consultas necessárias ao estudo de uma boa aquisição.
8°) Contatos periódicos com fornecedores, para ver se podem ser
mudadas as especificações, de forma a diminuir os custos para Transportadores
elas e, consequentemente os preços. Quando habilmente entrevistados pelo pessoal do setor de compras
9°) Conservação de várias fontes de suprimentos, em particular dos podem, em virtude de suas funções, fornecer dados complementares
artigos essenciais, a fim de cobrir-se contra a falha de qualquer sobre os demais concorrentes que se utilizam dos seus serviços.
uma delas.
Concorrentes
10º) Processos adequados para o pronto pagamento de contas, a fim
Ocorre, mais comumente do que se pensa, a obtenção de
de permitir o aproveitamento de descontos para revendedores e,
informações do próprio concorrente ou de um concorrente sobre outro
se possível, dos "descontos por antecipação", revisão periódica
concorrente.
de prazos.
Empregados
Comentários em torno do "check-Iist" Valiosas informações partem muitas vezes dos próprios empregados
A Difícil Arte de Comprar para a Empresa das firmas concorrentes, especialmente de seus vendedores. Estes cos-
Um dos principais objetivos de qualquer empreendimento, seja co- tumam trocar ideias com os colegas de outras firmas, não só sobre a
mercial ou industrial, é o de obter razoáveis lucros para o capital investido. própria linha dos produtos que vendem, mas também, quanto ao anda-
O Departamento de Compras é, sem dúvida, um dos principais fatores mento geral dos negócios de suas empresas.
para a consecução desse objetivo. Comprar resume-se em trocar dinheiro
por bens manufaturados ou matérias-primas. Mas, para efetuar uma troca Agências de Informações e Publicações Técnicas
conveniente, isto é, precisa e inteligente, o elemento que adquire tem que Podem e devem constituir boa fonte de informações sobre os princi-
ser bom. "O bom comprador é aquele que tem a intuição do momento pais concorrentes em um determinado setor, não somente por meio suas
exato de comprar". O elemento que adquire, ou que faz parte de uma publicações normais, mas, também, mediante consultas específicas, direta
equipe de compradores de uma empresa, deve possuir, além da intuição, ou indiretamente realizadas.
agilidade mental, para poder considerar rapidamente a oferta recebida,
pois nem sempre é preferível adquirir aquilo que menos custa,
Revendedores
O incomparável mestre, e grande amigo que foi, Affonso Campiglia,
prefaciando "Saiba Comprar para a Sua Empresa", apresentou o "check- Um grande número de revendedores trabalha com produtos de vários
list" de Edward Mcsweeney, compilado por J,K. Lasser, em seu "Manual fabricantes. Pela observação da reação dos consumidores diante dos
de Administração de Empresa", já citado, que iremos comentar, onde diferentes produtos e pelo seu contato com a capacidade de venda dos
estão alinhados esses dez itens fundamentais, que nos permitem uma demais concorrentes, o revendedor sempre apresentará ótimas
visão da importância do setor de compras de uma empresa: credenciais como informante.

1°) "Uso de previsões de mercado, a fim de obter vantagens nas Instituições Governamentais
encomendas". Diversos órgãos e serviços federais, estatuais e municipais fornecem
Por previsões de mercado entendemos que refira-se a tudo aquilo que estatísticas e outros dados referentes a quase todos os ramos industriais,
o mercado, onde se atua, possa oferecer, no momento ou em épocas como é o caso dos que são compilados pelo CENSO, os quais podem
futuras. contribuir para uma melhor tomada de consciência da situação.
Essas previsões terão que ser obtidas; as fontes de informações terão
que ser seguras e rápidas; devemos, outrossim, considerar que se por um
lado existem informações que são essenciais, seja qual for o ramo indus- Associações e Sindicatos
trial ou comercial, por outro lado certas informações são especificadas Não só elementos completos sobre a estruturação de concorrências
para cada ramo. em um ramo industrial, mas também uma série de outras informações
Por mais que se tente dissimular, sempre as empresas estão importantes, podem resultar desses contatos.
profundamente interessadas em saber, para sua melhor orientação, o que
estão fazendo os seus competidores... Bancos
Os elementos que adquirem para essas empresas, como será óbvio
Para certos ramos industriais que operam nos meios bancários, é
acentuar, também estão interessados nos planos de produção das empre-
surpreendente e essencial o número de informações que se poderá colher
sas rivais, onde estão se suprindo, quanto pretendem comprar, quais os
nessa fonte.
planos de produção, etc., etc.
Portanto, essas previsões de mercado, pelo prisma do elemento que Tendência da Política de Vendas
compra, poderão referir-se às quantidades de mercadorias, de matérias-
Possíveis planos a serem implantados, reformulados ou apenas
primas disponíveis não só na praça, como também em outras panes.
ampliados.
Essas informações consideradas básicas para quem compra não são
impossíveis de serem obtidas; muito pelo contrário, estão à mão, bastando Conhecimento e Crítica dos Produtos ou Serviços dos
apenas que sejam consultadas ou examinadas. Daremos aqui, as mais Concorrentes
comuns entre nós, fontes estas que habilmente ou maneirosamente Pelas manifestações dos consumidores e dos vendedores.
poderão oferecer todos os elementos que necessitamos para as previsões
de mercado. Imprensa
Antes de relacionarmos tais fontes de informações, devemos acentuar A análise em jornais e revistas, dos balanços e das demonstrações de
que elas serão também de grande utilidade para o setor de vendas e lucros e perdas de sociedades anônimas, que, embora não contenham
colocação dos produtos da empresa; portanto os elementos que adquirem dados que possam refletir exatamente em sua situação, poderão fornecer
devem solicitar a colaboração valiosa dos elementos que vendem; essa pistas excelentes, que servirão para posterior investigação. Outras publi-
colaboração é imprescindível ao êxito que todos almejam. cações legais, tais como modificação do tipo de sociedade, aumento de
capital, alterações da sociedade ou personalidade jurídica, etc., também
Páginas Amarelas dos Guias Telefônicos devem ser atentamente examinadas.
Estes catálogos já se tornaram tradicionais como fontes de informa-
ções para os compradores. Será, portanto, desnecessário esclarecer o Fornecedores
ótimo auxílio que prestam, não só à indústria, como também ao comércio. É muito frequente as empresas concorrentes adquirirem matérias-
A divisão em ramos industriais é efetuada com muito critério, pois permite primas, produtos ou complementos, de um mesmo fornecedor.
Conhecimentos Específicos 103

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Em muitos casos, o comprador de uma empresa poderá, habilmente, Não resta a menor dúvida de que a nacionalização da indústria auto-
obter dados sobre a competição de preços diretamente do fornecedor ou mobilística, com todas as suas exigências técnicas, muito contribuiu para
pela análise de dados relativos a aquisições efetuadas por meio de con- que as empresas, que, de uma ou de outra forma desejassem colocar
corrências. seus produtos na então nascente indústria automobilística, se equipassem
Como por exemplo: pode citar-se o número de embalagens unitárias com laboratórios químicos metalúrgicos, departamento de inspeções,
especificado na concorrência. Feito o cálculo da possível flutuação do controle de qualidade, dinamômetros, enfim, toda uma série de requisitos
estoque médio, poderá ele indicar, aproximadamente, a sua previsão de básicos e, indispensáveis à manutenção de uma característica de alta
vendas para o período. As informações diretas, relativas a planos para o qualidade exigida pelos produtores.
futuro, devem ser pistas falsas, capazes de levar os concorrentes a enga- Esta disciplinação e o surto de progresso industrial se devem princi-
nos irreparáveis. palmente, à segura e inteligente orientação do G.E.I.A. (Grupo Executivo
da Indústria Automobilística) que, como órgão governamental muito tem
feito pelo desenvolvimento industrial do Brasil.
Estudo Comparativo
É lógico que quando existirem especificações, referências ou normas
Estudo comparativo dos produtos ou serviços oferecidos no mercado, técnicas prontas, os compradores, por certo, se valerão delas para obter o
esclarecendo as vantagens e as desvantagens de cada um. êxito desejado em suas aquisições. Porém, como ninguém ignora, existem
milhares de utilidades que não estão ainda nas especificações elaboradas;
Potencialidade dos Concorrentes por este motivo terão que ser redigidas certas especificações mínimas,
Com relação à expansão rápida da produção, em termos de capital, pelo pessoal especializado da empresa, na maioria das vezes pelos
ao equipamento, à mãode-obra, à alteração rápida de seu plano de ven- próprios engenheiros.
das, ao aperfeiçoamento de seus produtos e ao acesso às fontes de
financiamento. 5°) "Uso de 'encomendas-contrato', segundo as quais o fornece-
dor é autorizado a manter permanentemente uma certa quantidade de
Consumidores materiais e suprimentos em estoque, do qual se farão as retiradas,
Propositadamente, deixamos para último, esta notável fonte de cabendo ao fornecedor armazenar o grosso destes materiais, alivian-
informações, em que se constituem os consumidores. do na fábrica, o problema do armazenamento".
As informações fornecidas pelos consumidores a respeito de preços, É o nosso conhecido desdobramento ou parcelamento de um pedido.
condições de pagamento, descontos, novos modelos, vantagens e des- Numa autorização de fornecimento, que é o documento que o fornecedor
vantagens das produtos em concorrência, etc., poderão ser obtidas por recebe juntamente com a ordem de compra, a quantidade de entregas
intermédio, dos vendedores ou mediante uma pesquisa de campo. No está em aberto, pois a autorização é o documento que fixa as datas e
caso de serem os vendedores de uma empresa, instruídos para obter dos quantidades a serem periodicamente recebidas: geralmente, as entregas
consumidores visitados e registrar o maior número possível de informa- são firmes nos três primeiros meses, o restante em data ulteriormente
ções sobre a concorrência, é necessário que se fique alerta, pois muitas fixada; isto permite ao fornecedor regular o seu estoque de matérias-
vezes o consumidor adultera os fatos de acordo com as suas conveniên- primas, ou então calcular calmamente a sua produção para completar o
cias, a fim de obter vantagens na compra de determinado produto. No pedido.
caso de serem utilizadas entrevistadoras, é importante que o consumidor
não saiba para que empresa a pesquisa está sendo realizada. 6°) "Uso de contratos amplos e duradouros com cláusula sobre
É grande o número de dirigentes que não possuem, e julgam muito di- reajustamento de preços".
fícil conseguir, as informações constantes dos itens acima. No entanto, Absolutamente necessária esta cláusula nos contratos de compra,
uma série enorme de informações imprescindíveis está à disposição consideramos o momento inflacionário que atravessamos.
daqueles que quiserem utilizá-las sistemática e organizadamente, como
acabamos de expor. 7°) "Análise do consumo de forma que as encomendas corres-
pondentes possam ser combinadas e feitas com intervalos maiores,
2°) "Padronização dos artigos e especificações escritas, para ao invés de fazer encomendas parceladas mais numerosas de artigos
prevenir variações evitáveis” separados, o que exige diversas tomadas de preços e avoluma os
O ângulo por nós escolhido, como não poderia deixar de ser, é aquele processos. "
que diz respeito à especificação e à padronização dos materiais dentro de Indubitavelmente, esta é forma ideal de se adquirir e que é
uma empresa industrial de porte médio; foi o que tentamos fazer; porém, preconizada por todos os mestres da matéria.
para aqueles que tenham necessidade de se aprofundar mais na matéria, A análise e o exame dos dados estatísticos de consumo nos fornecem
recomendamos o magnífico "Anais do 1° Seminário de Produtividade", as quantidades consumidas, e, paralelamente, as quantidades a serem
realizado em Belo Horizonte em 1.959, publicação esta feita sob os auspí- consumidas. O processo em foco é muito utilizado, principalmente pelos
cios da Confederação Nacional da Indústria. órgãos governamentais, que no início dos exercício, baseados nos dados
estatísticos apurados, realizam suas provisões.
3°) "Exame periódico de padrões de qualidade e outras Evidentemente, muitas vezes o recurso dos dados estatísticos terão
especificações, para reduzir exigências possivelmente excessivas". que ser abandonados pois existem situações perante as quais o adminis-
A ideia da perfeição não se inclui na padronização; o "padrão", de trador de materiais não poderá utilizá-los, como é o caso de obras novas.
acordo com os mestres, jamais deverá ser considerado "imutável". Os
padrões deverão ficar sujeitos a mudanças de tempos a tempos, para que 8°) "Contatos periódicos com os fornecedores para ver se podem
não venham a desencorajar a pesquisa e a investigação; aqueles que ser mudadas as especificações, de forma a diminuir os custo para
dentro de uma empresa estão encarregados da padronização, ou então, eles e, consequentemente, os preços".
aqueles que devem zelar pela padronização deverão ter mentalidade Acreditamos que este item ficará subordinado ao volume e à constân-
receptiva, para colher favoravelmente todo e qualquer aperfeiçoamento cia do material a ser adquirido; atualmente, o problema está sendo contor-
que possa ser incorporado ao padrão adotado. nado pelas grandes empresas, que adquirem materiais encomendados
aos produtores denominados "satélites", destacando um funcionário
4°) "Laboratório de física ou instalações para provas, para o altamente categorizado para acompanhar a produção encomendada; este
estabelecimento de especificações de compras, assim como para técnico permanece na fábrica produtora e acompanha passo a passo as
testar materiais e suprimentos recebidos". fases da produção, tendo poderes delegados pela sua empresa para
Este é o 4° item do "Check-list" de Edward McSweeney, que estamos orientar e dirimir dúvidas que por ventura se apresentem durante o pro-
comentando, e podemos afirmar que esta recomendação do mestre está, cesso, ou os processos utilizados no departamento de produção, fazendo,
atualmente, sendo cumprida pela maioria das empresas em nosso país. portanto, verificações "in loco ".

Conhecimentos Específicos 104

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Este técnico que acompanha as fase da produção pessoalmente será, Somente através da educação conseguiremos mudar nossa cultura
então, a pessoa mais credenciada para estudar a conveniência de serem de que tudo que é público, é de graça e não precisa ser de qualidade.
mudadas as especificações dadas, com o objetivo de diminuir os custos e, A organização deve incentivar a capacitação e promover o crescimen-
consequentemente, o preço do material em produção. to pessoal de seus colaboradores, valorizando aqueles que se destacam,
pois não há aprendizagem de novas culturas sem aprendizagem individu-
9°) "Conservação de várias fontes de suprimentos, em particular, al.
dos artigos essenciais, a fim de cobrir-se contra a falha de qualquer Com a valorização o indivíduo se sentirá parte de um todo, garantindo
delas ". assim excelência em suas ações, que refletirão em melhores serviços.
O cadastro dos fornecedores será, sempre, o melhor informante sobre Não haveria necessidade do serviço se não houvesse a demanda,
as várias fontes de suprimentos que normalmente são consumidos pela portanto o cidadão é a razão da instituição pública existir.
empresa; este cadastro para ser completo, como se exige deverá descer a
Maus políticos vem e vão, mas o servidor permanece e faz acontecer.
minúcias e apresentar todos os dados relativos à firma fornecedora.
É intuitivo que quanto maior for o número de firmas fornecedoras da Lembre-se, o grande objetivo de qualquer proposta para um atendi-
empresa, maior certeza terão os órgãos que adquirem para a mesma de mento adequado para a população é a busca da igualdade. Pensou
que estão pagando o preço que o material realmente vale na praça. na Constituição Federal? Não é mero acaso. Mari Pessin
É aconselhável que além dos fornecedores habituais, devidamente
cadastrados, tenha-se também assentamentos sobre outras firmas que QUALIDADE NO SERVIÇO PÚBLICO
poderão, numa emergência, fornecer ou serem consultadas sobre preços Qualidade no serviço público é um tema que vem despertando a
de materiais normalmente adquiridos; poder-se-á denominar estas firmas atenção de muitos estudiosos. Melhorar a qualidade dos serviços presta-
como "fornecedores não habituais" e ter paralelamente um cadastro das dos aos cidadãos, como resultado da adoção de uma administração
mesmas. pública gerencial, flexível, eficiente e aberta ao controle social e aos
resultados, é hoje uma questão de consenso entre esses estudiosos.
10°) "Processos adequados para o pronto pagamento de contas, Neste sentido, o presente capítulo do trabalho pretende evidenciar al-
a fim de permitir o aproveitamento de descontos para revendedores guns aspectos relacionados com o movimento da qualidade e sua relação
e, se possível, dos 'descontos por antecipação', revisão periódica com a excelência na prestação dos serviços públicos.
dos prazos ". 2.1 QUALIDADE: HISTÓRICO E CONCEITOS
Este último item do "check-list" de McSweeney obviamente, ficará Esta fase do trabalho envolve uma retrospectiva histórica dos diversos
condicionado a maiores ou menores possibilidades de capitais, bem como estágios de desenvolvimento da qualidade, com o intuito de promover um
da política financeira adotada pela empresa. " melhor entendimento do estágio atual.
Da mesma forma, serão apresentados diferentes entendimentos atri-
Gestão da Qualidade: excelência nos serviços públicos buídos ao termo qualidade, visando identificar posteriormente, qual a
Falar para outras pessoas sobre um determinado assunto nos leva definição que irá direcionar as ações propostas.
sempre a algumas reflexões, principalmente sobre qual caminho estamos 2.1.1 Histórico da Qualidade
indicando. O homem desde seu passado mais remoto, ainda nas cavernas,
Ao longo desses 20 anos de experiência no serviço público, tive a aprendeu a buscar a qualidade como forma de garantir sua sobrevivência
oportunidade de me deparar com diversas situações, algumas delas faço por mais tempo com segurança e conforto, apesar da vida primitiva.
questão de levar para minhas palestras e cursos pelo Brasil afora, claro Paladini (1995:32) afirma que a “preocupação com a qualidade remonta à
que em nome da ética, cuido para não revelar nomes, identidades ou épocas antigas, embora não houvesse, neste período, uma noção muito
local, mas aproveito para que cada vivência sirva de aprendizado para clara do que fosse qualidade”. A qualidade estava consagrada na arquite-
aqueles que buscam uma resposta para o descrédito que assola o serviço tura, na literatura, nas artes, na Matemática.
público neste país. Tarefa árdua, pois a cada novo amanhecer algum de A afirmação de que a preocupação com a qualidade é antiga, parece
nossos “representantes”, resolve agir em prol de si mesmo, esquecendo- ser um consenso entre os estudiosos do tema. Juran (1990:2), por exem-
se de sua função primordial, trabalhar pelo bem comum. plo, expõe que “as necessidades humanas pela qualidade existem desde
A preocupação com a excelência na prestação de serviços públicos, o crepúsculo da história”. Entretanto, os meios para obter essas necessi-
surge no momento em que o cidadão, de posse da informação, compre- dades - os processos de gerenciamento para a qualidade - sofreram
ende finalmente que tem direitos e passa a exigir o cumprimento dos imensas e contínuas mudanças.
deveres do Estado, este por sua vez obriga-se a transformar impostos em Garvin (1992) entende que a qualidade é conhecida, como conceito, a
serviços e benefícios para a comunidade. milênios. Todavia, só recentemente, surgiu como função de gerência
Para o agente público, que também é dependente da ação do estado, formal. Para o autor, a disciplina ainda está em formação podendo ser
costumo dizer que precisamos ter em mente para quem estamos traba- identificadas quatro “eras da qualidade” distintas: inspeção, controle
lhando, saber se os projetos tem praticidade e aplicabilidade, se corres- estatístico da qualidade, garantia da qualidade e gestão estratégica.
pondem aos anseios da população? Ou são perfeitos apenas no papel, de
nada adiante ter um ótimo serviço público se ele não servir o público ao
2.1.2 Conceitos de Qualidade
qual se destina.
Por se tratar de um termo básico, que permeia todo o desenvolvimen-
Felizmente temos toda a gama de profissionais sérios e envolvidos
to deste trabalho a conceituação da qualidade não poderia ficar ausente.
com o servir e assim acabam fazendo acontecer em prol da coletividade.
Mas ainda resta aquela pergunta que não quer calar. Qualidade é um termo que apresenta diversas interpretações e por is-
so, “é essencial um melhor entendimento do termo para que a qualidade
possa assumir um papel estratégico” (Garvin 1992:47). A forma como a
O serviço público funciona? qualidade é definida e entendida em uma organização reflete a forma
É claro que sim, basta olhar em volta, temos um país com belíssimas como é direcionada a produção de bens e serviços.
cidades e estados planejados com maestria e funcionando na maioria dos Neste sentido, vários autores têm procurado dar uma definição para a
casos muito bem; cidades que são planejadas, construídas e cuidadas por qualidade que seja simples, precisa e abrangente: simples para ser facil-
servidores públicos. mente assimilável em todos os níveis da organização; precisa, para não
Portanto nem tudo está perdido. A existência de escolas do legislativo gerar interpretações dúbias; e abrangente, para mostrar sua importância
em quase todos os estados brasileiros são como uma luz no fim do tú- em todas as atividades produtivas.
nel, possibilitando o investimento em educação para os agentes público e Paralelamente, a qualidade é um conceito dinâmico que evoluiu e se
políticos. modificou ao longo do tempo. Uma revisão dos conceitos ao longo da
história torna-se portanto, oportuna.
Conhecimentos Específicos 105

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Shiozawa (1993) expõe que historicamente, o conceito de qualidade tos tradicionais entre as áreas de projeto (enfoque baseado no produto),
foi sendo apresentado conforme o quadro a seguir: produção (enfoque baseado na fabricação), marketing (enfoque baseado
no usuário) e vendas (enfoque baseado no valor) podem ser conduzidos a
Quadro 2.1: O conceito de qualidade um consenso desde que se tenha essa visão multifacetada da qualidade.
Ano Autor Definição A definição do conceito de qualidade para uma instituição pública fica
1950 Deming Máxima utilidade para o consumidor simplificado nesta sistematização, pois as abordagens permitem aplicação
1951 Feigenbaum Perfeita satisfação do usuário para produtos e serviços da área pública e privada.
1954 Juran Satisfação das aspirações do usuário
1961 Juran Maximização das aspirações do usuário
2.2 QUALIDADE NOS SERVIÇOS
1964 Juran Adequação ao uso
1979 Crosby Conformidade com os requisitos do cliente. Diversos autores coadunam que a qualidade de serviços tornou-se
um fator de sucesso para todas as organizações, sejam públicas ou
Fonte: SHIOZAWA, Ruy Sergio Cacese. Qualidade no atendimento e tecnolo- privadas. Clientes cada vez mais bem informados, exigentes e ajudados
gia de informação. São Paulo: Atlas, 1993:58 pela abertura das fronteiras, internacionalização do comércio e desenvol-
Nota-se que, neste quadro sugerido pelo autor, poderiam ser mencio- vimento das viagens elevam o nível de necessidade de melhoria pela
nadas outras definições de autores clássicos, cujos trabalhos também qualidade.
contribuíram para o desenvolvimento da qualidade, como Kaoru Ishikawa, Paralelamente, as mudanças ocorridas na indústria manufatureira, na
Genichi Taguchi e Garvin. qual as novas tecnologias tornaram-se rapidamente disponíveis e copiá-
Ishikawa (1993) interpreta o tema qualidade de forma ampla. Para o veis, diminuindo com isto o tempo em que a organização consegue manter
autor, significa qualidade de trabalho, de serviço, de informação, de pro- um diferencial pela inovação, promovem uma demanda crescente da
cesso, de divisão, pessoal, de sistema, de empresa, de objetivos etc. Seu qualidade nos serviços.
enfoque básico é controlar a qualidade em todas as suas manifestações. O que parece é que as organizações estão compreendendo que a
O autor ainda enfatiza o papel social da empresa, no momento que educa qualidade de serviço, corretamente entendida, pode se transformar numa
e treina seus integrantes, promovendo a qualidade de vida de cada cola- arma altamente efetiva – uma garantia no atendimento das necessidades
borador e em toda a nação. e expectativas dos clientes. Todavia, é bom ressaltar que, na verdade,
Taguchi foi quem adotou o termo Engenharia da Qualidade. Segundo para ser realmente vitorioso nos dias atuais é preciso fornecer qualidade
o autor, “o preço representa para o consumidor uma perda na hora da do produto e qualidade do serviço simultaneamente.
compra, e a baixa qualidade representa uma perda adicional para ele
durante o uso do produto. Um dos objetivos da engenharia da qualidade 2.2.1 Serviços: Conceito e Características
deve ser a redução da perda total para o consumidor” (Taguchi,1990:2).
O serviço representa um fenômeno multiface e abrangente. Para Ur-
Já o pesquisador americano David A. Garvin publicou em 1984, nos ban (1994) existem muitas tentativas de definir serviços. Todavia, na visão
Estados Unidos um artigo intitulado “O que significa, realmente, a qualida- do autor, nenhuma é completa.
de do produto?”, evidenciando o aspecto dinâmico do termo qualidade e
Juran & Gryna (1993:304) definem serviço de forma simples, porém
mostrando que o conceito muda conforme o contexto de quem avalia.
precisa, como “o trabalho desempenhado por alguém”.
Para ele, estudiosos de áreas distintas como Filosofia, Economia, Marke-
ting e Engenharia analisam a qualidade com perspectivas que competem Já Gronroos (apud Urban, 1995:59) apresenta uma conceituação
entre si, com esquemas de análises diferentes, terminologias próprias e ao mais completa, como “atividade (...) de natureza mais ou menos intangí-
mesmo tempo, com alguns temas comuns. vel, que normalmente (...) acontece mediante a interação entre o usuário e
o funcionário e/ou os recursos físicos e/ou os sistemas da empresa pres-
Assim, Garvin (1992) listou cinco abordagens gerais para definir qualidade:
tadora de serviços, fornecidos como soluções para os problemas do
- abordagem transcendente: qualidade é sinônimo de excelência ina- usuário”.
ta. Nestes conceitos a qualidade não pode ser medida com precisão,
Seguindo a mesma linha de pensamento, Kotler (1991:539) define
sendo apenas reconhecida pela experiência;
serviço como: “qualquer ato ou desempenho essencialmente intangível
- abordagem baseada no produto: qualidade é sinônimo de maior nú- que uma parte pode oferecer a outra e que não tem como resultado a
mero e melhores características que um produto apresenta. São os con- propriedade de algo. A execução de um serviço pode estar ou não ligada
ceitos que vêem a qualidade como uma variável precisa e mensurável. a um produto físico”.
Surgiram da literatura econômica enfatizando durabilidade, implicando que
alta qualidade só pode ser obtida com alto custo; Considerando as definições, percebe-se que todas deixam implícita a
ideia de que o serviço apresenta características peculiares que devem ser
- abordagem baseada no usuário: qualidade é atendimento das ne- consideradas quando o objetivo é o alcance da qualidade, tais como:
cessidades e preferências do consumidor. As definições baseiam-se na
premissa de que a qualidade está diante dos olhos dos consumidores - as fases de produção, entrega e consumo ocorrem simultaneamen-
sendo altamente subjetiva. A avaliação dos usuários em relação as espe- te;
cificações são os únicos padrões próprios à qualidade; - as operações estão sujeitas a um elevado grau de variabilidade em
- abordagem baseada na produção: qualidade é sinônimo de confor- virtude do envolvimento pessoal do cliente e de sua interação com o
midade com as especificações. As definições de qualidade estão calcadas funcionário do atendimento. Com isso, a cultura, as habilidades técnicas,
na ideia da adequação da fabricação às exigências do projeto e que as aptidões, conhecimentos, disposição, humor e até o nível educacional dos
melhoras da qualidade, equivalentes a reduções no número de desvios, prestadores de serviço podem afetar a qualidade dos serviços prestados;
levam a menores custos; - os resultados são avaliados por critérios subjetivos devido a sua in-
- abordagem baseada no valor: qualidade é o desempenho ou con- tangibilidade;
formidade a um preço ou custo aceitável. Os conceitos consideram a - o armazenamento ou reprodução não pode ser assegurado;
qualidade em termos de custos e preços. - medidas próprias adequadas a cada situação são requeridas como
O trabalho de Garvin revela que confiar em uma única definição da base.
qualidade pode causar problemas. Paralelamente, evidencia que quase A administração da qualidade de um serviço portanto, é muito mais
todas as definições de qualidade se enquadram em uma das cinco abor- trabalhosa do que a de um produto. Em geral, os serviços apresentam um
dagens e talvez por isso, seu trabalho tenha sido considerado definitivo no maior número de características do que os produtos e, sobretudo, caracte-
assunto. rísticas mais visíveis. Paralelamente, a prestação e o consumo são simul-
Outro aspecto relevante desta sistematização, proposta pelo autor, re- tâneos.
fere-se ao reconhecimento de que estes conceitos podem coexistir em um
Além disso, segundo Horovitz (1993) , o cliente tende a deter-se no
mesmo ambiente, servindo de estímulo para a melhoria de comunicação
elo mais fraco da qualidade e a generalizar seus defeitos a todo o serviço.
entre fornecedores, clientes e áreas distintas de uma organização. Confli-
Conhecimentos Específicos 106

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2.2.2 Conceito de Qualidade nos Serviços conhecimento ao longo do tempo e o põe à disposição dos consulentes de
O conceito de qualidade nos serviços é abordado por diferentes auto- forma conveniente e prática. O campo da documentação se amplia ou
res. Juran (1992), por exemplo, aborda o conceito de qualidade em servi- restringe de acordo com o conceito de documento. Para o belga Paul
ços da mesma forma que sua definição genérica de “adequação ao uso” Otlet, autor do primeiro tratado de documentação, documento é o manus-
como sendo a capacidade de um serviço corresponder satisfatoriamente crito, livro, revista, jornal, estampa, partitura musical, selo, medalha,
às necessidades do cliente quando o serviço é prestado. Essas necessi- moeda, filme, disco, objeto histórico ou artístico (quando devidamente
dades podem ser de cortesia, pontualidade, fácil acesso ao serviço, infor- tombado) e as espécies animais e vegetais classificadas e catalogadas
mações claras e precisas, entre outras. em parques zoobotânicos.
Albrecht (1992) da mesma forma, trata a qualidade em serviços como Com tal amplitude para o conceito de documento, a documentação
a capacidade que uma experiência ou qualquer outro fato tenha para seria um conhecimento de caráter puramente especulativo, uma vez que é
satisfazer uma necessidade, resolver um problema ou fornecer benefícios impossível, na prática, organizar domínio tão vasto. Assim, uma teoria
para alguém. geral da documentação se confundiria com a teoria geral da cultura.
Fica nítido em ambas as definições, a importância de se considerar as O crescente volume da produção escrita, que se compõe de muitos
expectativas dos clientes. Na opinião de Las Casas (1994), os clientes milhões de obras impressas desde a invenção da imprensa de caracteres
ficam satisfeitos ou não, conforme suas expectativas. Portanto, a qualida- móveis, obrigou ao estabelecimento de técnicas especiais para organiza-
de do serviço é variável de acordo com o tipo de pessoa, e a excelência é ção e obtenção de informações e dados necessários a estudos, trabalhos
alcançada quando as expectativas dos clientes são superadas. Assim, a de múltiplas ordens e pesquisas. Nas bibliotecas, museus, arquivos e
qualidade de serviço deve ser definida segundo o ponto de vista do clien- centros de pesquisas e informações bibliográficas, foram instituídos pro-
te. cessos e normas especiais para registro da documentação existente,
controle e manuseio da produção bibliográfica e dos conhecimentos em
Juran (1992) ainda expõe alguns itens básicos que permitem a ade- geral.
quação ao uso, denominados “características da qualidade”. São elas:
Os setores de atividades tecnológicas e de ciências exatas, as gran-
psicológicas, baseadas no tempo, ética, contratual e tecnológica. Desta
des empresas industriais e as entidades de pesquisa científica foram os
forma, quando a organização identifica as características de qualidade que
primeiros a manifestar a necessidade de estabelecer serviços especializa-
têm maior valor para seus clientes, fica mais fácil planejar e prestar servi-
dos, com o objetivo de facilitar aos especialistas a obtenção de informa-
ços com qualidade.
ções e dados mais atualizados referentes aos trabalhos e pesquisas em
A qualidade nos serviços possui portanto, dois componentes: o servi- andamento. Desde meados do século XIX, os serviços de referência
ço propriamente dito e a forma como é percebido pelo cliente. Para Gron- bibliográfica das bibliotecas especializadas, sobretudo as americanas, já
roos e Gummesson (apud Urban & Urban, 1995), a qualidade percebida haviam compreendido a necessidade de um trabalho específico para
pelo usuário resulta da comparação (ou diferença) entre a qualidade facilitar a localização de livros, artigos e documentos e também para
esperada – ou seja, suas expectativas a respeito da qualidade do serviço prestar auxílio direto à busca de dados e informações específicas de seus
– e a qualidade experimentada – consequência da efetiva utilização do consulentes.
serviço.
História
A qualidade experimentada é por sua vez, constituída de duas dimen-
A organização racional da informação e da documentação levou Paul
sões básicas: uma funcional e outra técnica. A dimensão funcional deriva
Otlet, em colaboração com Henri La Fontaine, a fundar, em Bruxelas, em
de aspectos comportamentais, vinculados ao encontro de serviço, que
1895, o Instituto Internacional de Bibliografia. Como primeira tarefa, a
pode ser definido como a relação interpessoal entre o cliente e o funcioná-
instituição organizou um catálogo em fichas da produção bibliográfica
rio de atendimento durante a prestação de um serviço. Tal relação é
mundial. Na ordenação temática das fichas, adotou-se o sistema de
fundamental, pois dela deriva grande parte das percepções utilizadas pelo
classificação decimal que, devidamente atualizado e aperfeiçoado, se
usuário para avaliar a qualidade do serviço. Envolve grau de cortesia,
transformou no sistema de classificação decimal universal (CDU). Em
presteza, atenção, interesse. A dimensão técnica vincula-se à solução
1931 o instituto passou a denominar-se Instituto Internacional de Docu-
“técnica” encontrada pela empresa para atender à necessidade de seu
mentação e, em 1937, Federação Internacional de Documentação (FID).
mercado. Esta solução, naturalmente, pode influenciar a relação cliente-
O primeiro projeto de trabalho, de organização sistemática da bibliografia
funcionário.
mundial, foi abandonado, mas a federação ampliou-se e passou a congre-
Assim, os profissionais não podem pressupor que irão satisfazer os gar grande número de entidades de diferentes países, num programa que
clientes apenas proporcionando bons serviços técnicos. Por outro lado, tem por finalidade facilitar a comunicação dos conhecimentos e a consulta
algumas empresas têm dedicado esforços apenas em promover atitudes de todos os dados e informações disponíveis. Em Varsóvia, em 1959, foi
simpáticas, o que pode agradar o cliente em uma primeira instância, mas aprovado pelos membros da FID, reunidos em sua 25ª conferência geral,
não garante a qualidade dos serviços prestados. um plano de longo prazo que previa a criação, em todo o mundo, de uma
Em alguns aspectos, o trabalho de Gronroos e Gummesson aproxi- rede de informações técnicas e científicas a serviço de estudiosos e
ma-se muito do modelo dos gaps, apresentado por Ernest & Young (apud pesquisadores de todos os países. Os trabalhos desenvolvidos pela
Fiates,1995), como na identificação dos fatores determinantes das expec- Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura
tativas dos clientes. (UNESCO) têm os mesmos objetivos da FID e são realizados em coope-
ração mútua com entidades internacionais de biblioteconomia e bibliogra-
fia.
Em grande número de países foram organizados centros ou serviços
5. Técnicas de arquivo e controle de documentação e realizados congressos para discussão e estudo de
de documentos: classificação, problemas referentes aos trabalhos de documentação, inclusive as rela-
codificação, catalogação e ções entre documentação e bibliografia, biblioteconomia, museologia e
arquivamento de documentos arquivologia. A documentação passou a ter assim um sentido mais amplo
e a incluir todas as técnicas de análise da produção bibliográfica, produ-
ção e controle de traduções, técnicas de controle da informação, mecani-
ARQUIVO zação de informações e reprodução fotográfica de documentos, trabalhos
O imenso volume de informações gerado a partir do século XIX e ampli- de referência em suas mais diversas formas e publicação e divulgação de
ado extraordinariamente no século XX seria de pouca utilidade se não informações. Estabeleceu-se assim uma íntima relação entre essas áreas
pudesse ser localizado para consulta por meio das técnicas da documenta- e acentuou-se a tendência da documentação para englobar atividades que
ção. antes eram da competência de bibliotecas e bibliotecários.
Conjunto de técnicas que têm por objetivo a elaboração, produção, Paralelamente, e por força das iniciativas citadas, criou-se em diferen-
sistematização, coleção, classificação, distribuição e utilização de docu- tes países a profissão de documentarista (também denominada documen-
mentos de qualquer natureza, a documentação permite que se organize o talista), que se ocupa de reunir, classificar, catalogar, informar, editar e
Conhecimentos Específicos 107

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divulgar informações que, de certa maneira, complementam o trabalho dos difusão das informações neles contidas. A bibliografia tradicional limita-se
bibliotecários, arquivistas, museólogos e restauradores. Como em diver- a referenciar livros, que por seu atraso em relação a documentos de outra
sos pontos a biblioteconomia e a documentação se confundem, há polê- natureza não são considerados pela documentação. Tampouco satisfa-
mica entre as duas categorias profissionais, mas a diferença fundamental zem os documentalistas descrições puramente externas dos documentos.
entre elas está no grau em que uma ou outra se debruça sobre os docu- À documentação interessa, principalmente, a difusão das informações
mentos em busca de informações e no interesse que demonstram na contidas em artigos de publicações periódicas, em comunicações a con-
disseminação dessas informações. gressos, em relatórios de pesquisas -- concluídas ou em andamento --
Enquanto no Reino Unido os documentaristas são chamados de téc- teses universitárias, registros de patentes etc.
nicos de informação (information officers), nos Estados Unidos os bibliote- Na conceituação moderna, portanto, documentação é, em sentido
cários resistem à ideia da criação de uma profissão e de organismos que amplo, a produção, organização e difusão de documentos de qualquer
chamem a si a execução de tarefas que julgam caber-lhes de direito e de natureza. Em sentido estrito, é a difusão das informações neles contidas.
fato, como parte fundamental das atribuições das bibliotecas, mormente A organização de documentos cabe, conforme a natureza dos mesmos, às
das especializadas. Durante algum tempo, os especialistas americanos bibliotecas, arquivos, museus etc. A difusão de documentos é o objetivo
tentaram adotar a palavra comunicação (communication) em lugar de específico dos serviços ou centro de documentação.
documentação, mas a criação de vários institutos de documentação e a Documentação, portanto, não se confunde com biblioteconomia, ar-
circulação da palavra pelo mundo contribuíram para que fosse finalmente quivologia ou museologia, nem centro de documentação com biblioteca,
aceita em seu significado mais moderno. arquivo ou museu. Como os documentos bibliográficos estão nas bibliote-
O Brasil pode ser considerado pioneiro nesse setor, fato comprovado cas, alguns dos maiores serviços de documentação do mundo funcionam
pela data de criação de seus organismos de documentação e do reconhe- dentro da estrutura de algumas dessas instituições. Outros, porém, são
cimento profissional do documentarista, termo preferido na lei que classifi- independentes.
ca as carreiras e cargos do serviço público brasileiro. Manuel Cícero
Peregrino da Silva, que dirigiu a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro Mecanização e automação
entre 1900 e 1924, ao planejar a reforma do regulamento da instituição,
Livros, artigos, relatórios e comunicados, por exemplo, são chamados
em 1902, procurou habilitá-la a promover a organização da produção
documentos primários. Documentos secundários são aqueles que se
bibliográfica brasileira e para isso sugeriu a criação de um órgão a ela
produzem para difusão da informação contida nos primeiros: bibliografias
subordinado, para desenvolver o serviço de bibliografia e documentação.
comentadas ou críticas, resumos, traduções, reproduções etc. Os estudos
Tais medidas constam nos regulamentos aprovados pelos decretos de nº
recapitulativos são os documentos terciários.
8.835 de 11 de julho de 1911 e nº 15.670, de 6 de setembro de 1922. A
esse serviço de bibliografia e documentação competiam funções compa- Com o advento do processamento eletrônico de dados, após a se-
ráveis às que são desempenhadas pelos modernos centros de documen- gunda guerra mundial, métodos mais eficientes começaram a ser experi-
tação. mentados pelos centros e serviços de documentação. Distinguem-se três
tipos de sistemas que, embora tenham atingido diferentes graus de aper-
Em 1954, por proposta conjunta da Fundação Getúlio Vargas e do
feiçoamento, possuem características comuns: (1) fichas perfuradas e
Conselho Nacional de Pesquisas, o governo brasileiro criou, com assis-
selecionadas por processos eletrônicos ou eletromecânicos; (2) sistemas
tência técnica da UNESCO, o Instituto Brasileiro de Bibliografia e Docu-
baseados em métodos fotográficos (geralmente microcópias), com sele-
mentação (IBBD), subordinado ao Conselho Nacional de Pesquisas e
ção fotoelétrica por meio de código; (3) sistemas baseados no registro
membro da FID, destinado a coordenar e desenvolver a informação cientí-
magnético (em fios, tambores ou núcleos). Com o avanço das técnicas de
fica e técnica no Brasil. O IBBD organizou o guia Bibliotecas especializa-
informática, foram criados programas mais sofisticados para armazena-
das brasileiras, o Repertório dos cientistas brasileiros, o guia das Pesqui-
mento e recuperação de informações, que podem ser específicas para
sas em processo no Brasil, o Catálogo coletivo de publicações periódicas
cada assunto, principalmente no tocante às informações técnicas. A
de ciência e tecnologia e o guia dos Periódicos brasileiros de cultura, além
informática tornou ilimitado o campo da documentação.
de bibliografias periódicas, com a indexação de artigos de autores brasilei-
ros e estrangeiros publicados no Brasil nos campos das ciências puras e A Arquivologia resgata a memória do país, das instituições e da co-
aplicadas, da tecnologia e das ciências sociais. munidade e dissemina a cultura, perpetuando a História. O arquivista
planeja, projeta e administra a organização de arquivos, analisando,
Sistemática da documentação classificando, selecionando, restaurando e conservando documentos.
Os principais instrumentos da documentação são a classificação e a Empregando modernas técnicas de microfilmagem, informática, preserva-
normalização. Com a classificação, procura-se organizar a informação em ção e restauração de documentos, o trabalho do arquivista é indispensável
ordem temática e não apenas alfabética ou alfanumérica. A normalização nas pesquisas históricas, sendo, ele próprio, um pesquisador. Seu campo
racionaliza os processos de produção, organização e difusão da informa- de trabalho são os arquivos (públicos, privados e pessoais), tais como:
ção contida nos documentos. Essa fase é ainda mais importante que a bancários, audiovisuais, cartográficos, cartorais, computacionais, contá-
classificação, uma vez que esta também deve ser normalizada. beis, eclesiásticos, empresariais, escolares, fotográficos, históricos, médi-
Os processos de normalização tiveram origem na indústria e consistiam cos, micrográficos, policiais e de imigração, atuando também, em centros
em fixar condições para execução de cálculos, projetos, obras, serviços ou culturais e laboratórios de conservação e restauração de documentos.
instalações, bem como a elaboração das próprias normas e regulamentos. A
uniformidade dos processos proporcionou economia na utilização internacio- As três correntes
nal dos produtos industriais. O sucesso da normalização no campo da
De acordo com Rousseau e Couture (1998, p. 70), a Arquivística pode
indústria fez com que a documentação a adotasse, com o objetivo de tornar
ser abordada de três maneiras: uma maneira unicamente administrativa
internacionalmente acessíveis os resultados do trabalho intelectual de cada
(records management), cuja principal preocupação é ter em conta o valor
autor, uma vez que para obter a máxima disseminação da informação
primário do documento; uma maneira tradicional, que põe a tônica
científica o pesquisador deve apresentar os dados de forma que a interpre-
exclusivamente no valor secundário do documento; ou, por último, uma
tação deles se faça sem dificuldade. Para que a informação se torne imedia-
maneira nova, integrada e englobante, que tem como objetivo ocupar-se
tamente acessível, a documentação estabelece normas para organização e
simultaneamente do valor primário e do valor secundário do documento.
difusão dos documentos. Todos os documentos devem ser normalizados,
isto é, produzidos e divulgados de acordo com as normas internacionalmen-
te aceitas. O progresso da ciência exige o mais amplo intercâmbio de infor- Os referenciais teóricos arquivísticos
mações e a normalização internacional tem o objetivo de facilitar esse Segundo Faria (2006, p. 29), dentre os referenciais arquivísticos,
intercâmbio. destacam-se os princípios fundamentais, os conceitos de fundo e
Se a documentação pouco ajudou à biblioteconomia, à arquivologia e documento de arquivo, o ciclo de vida dos documentos, os conceitos de
à museologia na organização de documentos em bibliotecas, arquivos e valor primário e valor secundário, o princípio do respect des fonds, as
museus, muito contribuiu no campo da produção de documentos e na funções de classificação documental e avaliação documental e a definição
de instrumento de gestão arquivística.
Conhecimentos Específicos 108

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Ciclo de vida dos documentos ou a Teoria das três idade arquivos Gerenciador de Conteúdo como um Provedor de Serviços de In-
correntes, intermediários e permanentes formação:
Arquivo de primeira idade, corrente, ativo ou de momento: constituído A capacidade dos usuários de acessarem informações externas dire-
de documentos em curso ou consultados frequentemente, conservados tamente via Internet, criou uma necessidade urgente nas empresas para
nos escritórios ou nas repartições que os receberam e os produziram ou desenvolver novas e melhores competências no gerenciamento e serviços
em dependências próximas de fácil acesso . Por documentos em curso de distribuição de informação. Tradicionalmente, são os centros de recur-
entenda-se que, nesta fase, os documentos tramitam bastante de um sos de informação (CRI) ou a biblioteca, os únicos posicionados dentro da
setor para outro, ou seja, podem ser emprestados a outros setores para empresa para se tornar o provedor de serviço de conteúdo e para inter-
atingirem a finalidade para a qual foram criados . mediar os recursos internos e externos, tendo como alvo as expectativas e
Arquivo de segunda idade, intermediário ou limbo: constituído de necessidades do usuário. Se uma empresa não tem um CRI, esse traba-
documentos que deixaram de ser frequentemente consultados, mas cujos lho deve ser criado através de um contrato de consultoria, terceirização ou
órgãos que os receberam e os produziram podem ainda solicitá-los , para contratando um gerenciador de conteúdo com experiência em Internet e
tratar de assuntos idênticos ou retomar um problema novamente informações empresariais.
focalizado. Não há necessidade de serem conservados próximos aos Uma vez que essa função esteja definida, o próximo passo é a ado-
escritórios. A permanência dos documentos nesses arquivos é transitória. ção de uma disciplina de gerenciamento de serviço que requer habilidades
São por isso também chamados de limbo ou purgatório, sendo estes analíticas e técnicas orientadas para o negócio. Adotando esse processo,
termos adotados na Grã-Bretanha para designar esta fase . o gerenciador de conteúdo garantirá o mais alto nível de satisfação do
Arquivo de terceira idade, permanente, histórico ou de custódia: usuário e o grande retorno dos investimentos em recursos de informação
constituído de documentos que perderam todo valor de natureza para a empresa.
administrativa e que se conservam em razão de seu valor histórico ou Fornecer um serviço de alto valor para os clientes é um trabalho difícil
documental e que constituem os meios de conhecer o passado e sua mas não impossível. Requer uma metodologia estruturada e é um proces-
evolução . Estes são os arquivos propriamente ditos, pois ali os so contínuo. É a função essencial para o gerenciador de conteúdo como
documentos são arquivados de forma definitva. um provedor de serviço.
Estas fases são complementares, pois os documentos podem passar Processo de Gerência de Serviço:
de uma fase para outra, e para cada uma corresponde uma maneira A chave para se fornecer serviço de valor é a adoção de um processo
diferente de conservar e tratar os documentos e, consequentemente, uma de gerenciamento de serviço. Esse processo é direcionado para o merca-
organização adequada, ou seja, as unidades de acondicionamento do e continuamente avalia as necessidades do usuário, expande a distri-
(pastas, catálogos etc.), adotadas na fase corrente serão substituídas por buição de informações e os serviços de acesso, alinhando os serviços
unidades mais adequadas ao funcionamento da fase intermediária, que, com a missão e objetivos da empresa.
por sua vez, adotara acondicionamento diferente da fase permanente. Gerenciamento de serviço não é uma avaliação. É um processo em-
presarial que cria um serviço de qualidade e melhora a relação com o
Classificação segundo a valoração dos documentos cliente. À medida que o gerenciamento de conteúdo vai passando para o
Valor administrativo: ou primário, refere-se ao valor que o papel de provedor de serviço de informação, será necessário designar um
documento apresenta para o funcionamento da instituição. É o valor pelo gerente de relacionamento com o cliente em tempo integral. Este terá
qual o documento foi criado (todo documento nasce com um objetivo responsabilidade direta no processo de gerenciamento do serviço.
administrativo) e por isso está presente em todo documento quando de No ambiente de desenvolvimento eletrônico, o gerenciador de conte-
sua criação. É um valor temporário, perdendo seu valor administrativo údo será o facilitador que permitirá o acesso aos conteúdos externos
quando atingir todas as finalidades que se possam esperar do mesmo necessários. De fato, a equipe de gerenciamento de conteúdo irá se tornar
para o funcionamento da instituição. um provedor de serviço de conteúdo para o usuário e irá criar recursos de
Valor histórico: ou secundário, refere-se à possibilidade de uso dos informação que excedam as melhores características de alguns provedo-
documentos para fins diferentes daqueles para os quais foram res de conteúdo que estão aparecendo na Internet.
originariamente criados, quando passa a ser considerado fonte de Um modelo comum na Internet é o "super site", que é um modelo de
pesquisa e informação para terceiros e para a própria administração. O criação e distribuição de conteúdo. Serviços de notícias digitais baseados
documento, após perder seu valor administrativo, pode ou não adquirir no modelo "super site" estão direcionados aos leitores que procuram por
valor histórico, e uma vez tendo-o adquirido, este se torna definitivo não cobertura compreensível de um mercado e buscam mais de uma fonte de
podendo jamais serem eliminados. informação para satisfazer suas necessidades. Informação é apenas um
dos componentes de um serviço de "super site".
GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES NA ORGANIZAÇÃO Ele oferece também recursos adicionais, análises, serviços e fóruns.
Autores: José Marcelo A. P. Cestari, Sara Fichman Raskin e Maria José Res- Exemplos de serviços de "super sites" incluem a edição interativa do Wall
mer Street Journal
Os usuários estão, cada vez mais, demandando tecnologias que tor- http://www.wsj.com e Boston.com http://www.boston.com.
nem suas informações mais úteis.
As empresas devem atentar para quatro pontos importantes no de- As Melhores Práticas dos Gerenciadores de Conteúdo:
senvolvimento de uma estratégia de gerenciamento de informações: Os gerenciadores de conteúdo de sucesso irão incorporar as melho-
À luz da expansão e evolução do espaço eletrônico de trabalho, a res características e conceitos dos "super sites" da Internet dentro de seus
empresa deve pensar no gerenciador como um novo provedor de serviço próprios serviços de conteúdo de informação da empresa, que incluem:
de informação, que será um componente chave na filtragem de informa- O suporte de push e pull para mercado.
ção externa. Links contextuais de acordo com a necessidade do cliente.
À medida que os usuários finais evoluem de iniciantes para especia- Serviços que são fáceis de usar.
listas, eles demandam acessos mais produtivos para muitos tipos e fontes
Como o acesso à informação externa através do desktop se tornou
de informações.
um componente integrador do espaço eletrônico de trabalho, os gerencia-
O sucesso do gerenciamento de recursos de informação requer a im- dores de conteúdo irão se transformar em provedores de serviço de
plementação de um processo de auditoria que examina e verifica a situa- informação, o que requer a identificação, compreensão e ainda distribui-
ção das informações da empresa com o propósito de análise. ção de todas as necessidades e expectativas do usuário final. Os gerenci-
A provisão de recursos de informação requer o planejamento de um adores de conteúdo de sucesso irão implementar um processo de geren-
canal efetivo de informações que leva em consideração componentes ciamento de serviço para se tornar um provedor focado no mercado indo
como preço, seleção de fornecedores e seleção de conteúdo. de encontro a essas novas expectativas do usuário.

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Satisfazendo os Usuários: Coleta dos dados. Qualidade, coleta de dados relevantes é essencial
Com push e desktop broadcasting (DTB) fazendo a página de frente para conduzir análises válidas
de quase todos jornais e revistas de negócios, as empresas querem saber Revendo os dados. Esse passo produz informação focada na rele-
quando usar um ou outro provedor para distribuir as informações externas. vância, no fluxo, no uso e no valor das informações externas para a em-
Devido a esses novos serviços não suportarem totalmente as fontes de presa;
informação que os usuários finais requerem nem as características co- Convertendo as informações em benefícios. A análise das informa-
mumente desenvolvidas nos serviços de alta qualidade, nenhum fornece- ções, derivada da coleção de dados, cria conhecimento sobre o uso e o
dor está pronto para a distribuição de informação externa para as empre- valor de informações externas. Esse conhecimento traz benefícios para a
sas. Na maioria dos casos, as empresas devem contatar seus especialis- empresa.
tas internos em distribuição de informação, frequentemente encontrados A fiscalização do conhecimento externo é uma ferramenta poderosa
no CRI ou na biblioteca e aumentar suas listas de fornecedores. para se obter benefícios que podem estar escondidos mas que têm um
Dado que esses serviços não estão prontos para o mercado, é certo valor incrível para a empresa. Isso inclui:
querer saber por que existe tanto barulho sobre empresas de DTB. A A habilidade para conduzir negócios de valor com fornecedores de in-
razão é que os serviços desses fornecedores podem ser úteis e grátis formações externas.
para os usuários. Eles apelam para o mercado de massa e isso é típico
com tecnologias emergentes. Os produtos iniciais são relativamente Um processo de abordagem empresarial mais forte.
imaturos em relação à tecnologia que serve ao mercado profissionalmente Uma medida para demonstrar o valor das informações externas para
treinado. gerenciamento.
Compare a primeira versão do Microsoft Word com o processador de A fiscalização de informações externas é mais que um processo de
texto Wang. Em 1983, Wang antecipou o Word. Entretanto, o Word era inventário. É o exame do valor das informações externas, fluxo e uso. Ele
uma nova forma para se processar texto que apelou para os usuários sem cria o conhecimento necessário para acrescentar valores incríveis para a
treinamento no uso de Wang. O Word era barato, se comparado ao Wang, empresa.
e disponível para se adquirir em lojas de computadores locais. O Word e GESTÃO DOCUMENTAL
outros processadores de texto compatíveis com o PC, rapidamente supe- Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
raram o Wang. Se a tecnologia push, ou DTB, provar ser uma tecnologia A gestão documental ou gestão de documentos é um ramo do
de massa, as empresas podem esperar rápidas inovações. Os fornecedo- arquivo documental responsável pela administração de documentos nas
res tentarão manter seus nomes pela propaganda e melhorar continua- fases corrente e intermediária (primeira e segunda idade).
mente suas capacidades para se distanciarem da competição com os
Em termos informáticos, a Gestão Documental é uma solução de
outros fornecedores.
arquivo, organização e consulta de documentos em formato eletrônico
A evolução da distribuição de informação ainda não ocorreu. Em cada onde existe toda a informação de natureza documental trocada entre os
fase da evolução das necessidades dos usuá-rios, a distribuição do conte- utilizadores da aplicação. Esta solução permite a colaboração numa
údo se torna mais adequada para suas necessidades. Quando esse ciclo organização através da partilha de documentos, beneficia e facilita os
terminar, o conteúdo e sua distribuição irão girar em torno do usuário. processos de negócio de uma empresa.
Quando os usuários evoluírem de iniciantes para especialistas, eles A Gestão Documental integrada com outras soluções, como por
irão rapidamente demandar tecnologia para tornar suas informações mais exemplo, a digitalização, fax e email permitem gerir toda a informação não
úteis. Eles irão precisar de capacidade para tomar decisões mais rápidas estruturada (documentos) importante da organização.
e eficazes. Decisões melhores vêm de um acesso mais produtivo a muitas
fontes de informação. A eficácia envolve o conceito de "o que você quer, Num processo de gestão documental o seu inicio ocorre com a
quando você quer" via entrega em tempo de real, melhores ferramentas recepção do documento em que este passa pela fase de
de agregação e capacidades de filtragem e de recuperação. desmaterialização, ou seja, digitalização do documento geralmente em
formato papel para um formato eletrônico. Numa segunda fase os
As empresas devem trabalhar com seus especialistas ou gerentes de documentos em formato eletrônico são submetidos a uma classificação,
informação para construir bons serviços de distribuição. Os fornecedores de seguida há uma definição dos vários estádios do ciclo de vida do
devem entender as necessidades dos especialistas e atualizar suas
documento ao longo da sua existência, como por exemplo, a publicação,
tecnologias tendo isso em mente. Como o DTB terá muitos usos na em-
aprovação, distribuição, reencaminhamento e dês atualizado (destruído).
presa, além da distribuição de informações externas, as empresas devem
Por último, este processo disponibiliza ao utilizador um método de
estar predispostas a trabalhar com o propósito de distribuição de seus
localização eficaz semelhante a de um sistema de busca, por exemplo, o
fornecedores. Os novos agregadores que estão trabalhando para uma boa
Google.
qualidade de informação final, devem rapidamente escolher entre se aliar
ou competir com fornecedores de DTB, pois o mercado para informação Vantagens na sua utilização
empresarial se desenvolve rapidamente. As empresas que investem pela solução Gestão Documental
A distribuição de informações via multimídia, vídeo ao vivo e outros fa- conseguem um retorno elevado pois reduzem a quantidade de
tores são capacidades que os usuários querem quando se tornam mais documentos em papel, há um ganho na produtividade devido a uma
familiarizados com a informação e eles têm que usá-las cada vez mais uniformização dos processos e facilitando a implementação de normas de
para realizar seus trabalhos. qualidade.
As vantagens na sua utilização são as seguintes:
O Verdadeiro Poder de se Fiscalizar uma Informação Externa: Redução do custo do número de cópias, aumento de produtividade na
O conhecimento de uma empresa consiste nos seus recursos internos procura, no re-encaminhamento de documentos e redução do espaço de
e seus acessos a informações externas (e.g., informações empresariais arquivo;
impressas e eletrônicas). O sucesso de um gerenciamento de recursos de Gestão de Informação Integrada é conseguida a partir da
informação requer a implementação de um processo de fiscalização de consolidação transparente dos documentos eletrônicos (originados pela
todos os recursos conhecidos. aplicações Office) e de documentos com origem em papel;
O controle de informações externas não é um procedimento de inven- Uniformização de Processos de reencaminhamento, aprovação,
tário. É um exame e verificação da situação da informação com o propósi- arquivo e eliminação dos documentos, mantendo o histórico de versões
to de se analisá-las. Essa análise é usada para compreender, avaliar e, dos documentos;
mais recentemente, para tomar decisões. Gerenciadores de informação Digitalização dos documentos;
que veem o controle somente como um inventário irão falhar em capitali-
zar o valor potencial que pode ter o departamento responsável pela distri- Descentralização e libertação do espaço físico, isto é, os documentos
buição e acesso de informações externas. e processos estão sempre disponíveis, independente do local onde o
utilizador aceda aplicação;
O controle de informações externas é um processo de 3 passos:

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Com o auxilio de um browser a pesquisa da informação dos originaram); do respeito à ordem original (o arranjo dado aos documentos
documentos está facilitada e rápida; pelos órgãos criadores deve ser mantido nos arquivos gerais ou de custó-
Formação de um Backup que permite a recuperação da informação dia permanente); e da centralização (unidade e indivisibilidade dos arqui-
em caso de incêndio ou inundação do seu arquivo físico; vos públicos nacionais).
As soluções de Gestão Documental têm mecanismos de controlo de Uma série de fatos novos, diretamente relacionados com os progres-
acessos e segurança protegendo os seus documentos de acessos não sos da civilização, marcam a arquivologia na segunda metade do século
autorizados. XX. São eles, entre outros: adoção de arquitetura moderna e funcional nos
Casos de aplicação prédios de arquivos; uso de microfilmagem de substituição; programas de
A Gestão Documental quer seja eletrônica ou em arquivo de papel história oral; restauração de documentos pelo emprego de máquinas e
está presente em todas as organizações. material sintético; intervenção dos arquivistas na gestão de papéis admi-
As soluções de Gestão Documental aplicam-se a um conjunto nistrativos e nos arquivos econômicos, pessoais e familiares; aparecimen-
alargados de áreas funcionais: to de depósitos intermediários de arquivos ou centros de pré-
arquivamento; tentativas de aplicar as conquistas da eletrônica ao trabalho
Administrativa e Financeira (documentos financeiros) arquivístico.
Qualidade (normas, procedimentos, auditorias e fichas de não
conformidade) O grande problema da arquivologia contemporânea é o volume de
Produção (desenho técnicos, normas e procedimentos operacionais e papéis criados e acumulados pelas administrações e a necessária elimi-
controlo de produção) nação de documentos depois de avaliados. O arquivista desenvolve
padrões de avaliação, elabora planos de descarte, prepara tabelas e listas
Jurídica (contratos, propostas, concursos públicos e cadernos de de material repetitivo de descarte automático. As listas e tabelas de des-
encargos) carte especificam o período de retenção de documentos comuns à maioria
Serviços a Cliente (informações, apoiam técnico e documentos de dos serviços existentes, e tabelas especiais cogitam de cada administra-
Cliente) ção em particular. O arquivista pode recorrer a especialistas para decidir
Marketing (estudos de mercado, brochuras e especificações de produ- quanto à destinação dos documentos.
tos)
O primeiro tratado moderno de arquivística, de autoria dos holandeses
Desenvolvimento (memórias descritivas, pesquisa e desenvolvimento) Samuel Muller, Johan Adriaan Feith e Robert Fruin, data de 1898 e intitu-
Recursos Humanos (contratos de pessoal, fichas técnicas e la-se, em edição brasileira, Manual de arranjo e descrição de arquivos
regulamento) (1960).
©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
ARQUIVOLOGIA
CONCEITO
Considerada disciplina, técnica e arte, a arquivologia é uma ciência
Arquivos são conjuntos organizados de documentos, produzidos ou
auxiliar da história. Fonte de consulta para todos os fins, um arquivo
recebidos e preservados por instituições públicas ou privadas, ou mesmo
organizado constitui valioso patrimônio e pode documentar o passado de
pessoas físicas, na constância e em decorrência de seus negócios, de
uma nação.
suas atividades específicas e no cumprimento de seus objetivos, qualquer
Arquivologia é o conjunto de conhecimentos sobre a organização de que seja a informação ou a natureza do documento.
arquivos, tanto no que se refere ao recolhimento e conservação de docu-
Os arquivos, portanto, podem ser públicos ou privados.
mentos, títulos e textos de valor permanente e elaboração dos respectivos
instrumentos de pesquisa, como no que toca à eliminação de peças de 1. Arquivos públicos: são conjuntos de documentos produzidos ou
valor transitório e controle dos arquivos em formação. Inclui também as recebidos por órgãos governamentais, em nível federal, estadual ou
tarefas dos arquivistas. O termo arquivística pode, de modo geral, ser municipal, em decorrência de suas atividades administrativas, judiciárias
empregado como sinônimo de arquivologia. ou legislativas. Existem três espécies de arquivos públicos: correntes,
temporários e permanentes:
Os arquivos de determinada origem constituem um todo orgânico de-
nominado fundo, grupo, núcleo ou corpo de arquivos, no qual se incluem • Correntes: conjuntos de documentos atuais, em curso, que são
documentos escritos e iconográficos, como os audiovisuais, discos, fitas objeto de consultas e pesquisas frequentes.
magnéticas e filmes. Começam também a ser objeto da arquivologia os
arquivos eletrônicos. Os arquivos econômicos, de empresas comerciais, • Temporários: conjunto de documentos oriundos de arquivos corren-
bancárias, industriais, desde que se revistam de importância histórica, tes que aguardam remoção para depósitos temporários.
como ocorre, em alguns casos, com papéis de famílias e pessoas ilustres, • Permanentes: são conjuntos de documentos de valor histórico,
interessam à arquivística. científico ou cultural que devem ser preservados indefinidamente.
A preocupação dos governos e autoridades em conservar determina- 2. Arquivos privados: são conjuntos de documentos produzidos ou
dos documentos em lugares seguros por motivos de ordem administrativa, recebidos por instituições não públicas, ou por pessoas físicas, devido a
jurídica ou militar, remonta à antiguidade, sobretudo no que diz respeito a suas atividades específicas.
títulos de propriedade. Os eruditos do Renascimento foram os primeiros a
ocupar-se dos arquivos como fonte da história, dando início aos estudos Assim, o arquivo de uma empresa, por exemplo, reflete sua atividade,
de diplomática, que levariam à moderna crítica histórica. A partir da revo- seu porte e seus objetivos. Documentos de natureza diversa, colecionados
lução francesa, os arquivos tornaram-se bem público, proclamando-se o com outros objetivos, não devem misturar-se com o arquivo principal, já
direito do povo de acesso aos documentos, cuja preservação foi oficial- que o tratamento que a eles se deve dar é diferente. Uma empresa imobi-
mente reconhecida como de responsabilidade do Estado. liária de porte médio forçosamente terá um arquivo composto de docu-
mentos relativos à atividade que desenvolve. Haverá contratos de locação,
Uma arquivística essencialmente voltada para os diplomas medievais de imóveis residenciais e comerciais; opções de venda de casas, aparta-
surgiu no século XIX, principalmente após a criação da École des Chartes mentos, terrenos; cartas pedindo informações; contratos de compra e
(Escola das Cartas), que passaria a formar arquivistas paleógrafos alta- venda; certidões; traslados; anúncios em jornais; relatórios e vistorias e
mente qualificados. Em meados do mesmo século lançaram-se as bases outros documentos ligados ao setor. Um catálogo de livros de uma editora,
da arquivística moderna, com os princípios do respect des fonds (todos os por exemplo, foge ao objetivo dessa empresa e, naturalmente, não deve
documentos originais de uma autoridade administrativa, corporação ou fazer parte do arquivo principal. Tratando-se, porém, de uma empresa
família devem ser mantidos em grupos, separados segundo a natureza ligada à área educacional, a abordagem seria outra, pois catálogo de
das instituições que os criaram); da proveniência (os documentos públicos livros é fundamental a sua própria sobrevivência, enquanto certidões,
devem ser agrupados de acordo com as unidades administrativas que os

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traslados, opções de compra de terrenos e outros documentos próprios do e deterioração. Dependendo da natureza do arquivo, é importante cuidar
ramo imobiliário seriam afastados do arquivo principal. do sigilo, impedindo ou dificultando o livre acesso a documentos confiden-
ciais.
IMPORTÂNCIA •Precisão: o arquivo deve oferecer garantia de precisão na consulta a
documentos e assegurar a localização de qualquer documento arquivado,
A importância dos arquivos é tão evidente que a própria Constituição ou de qualquer documento que tenha sido dele retirado.
Federal, em seus artigos 215 e 216, determina: •Simplicidade: o arquivo precisa ser simples e de fácil compreensão.
“Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos As possibilidades de erros são reduzidas em arquivos simples e funcio-
culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a nais. O número e a variedade de documentos não exigem necessariamen-
valorização e a difusão das manifestações culturais. te um arquivo complexo e de difícil entendimento.
•Flexibilidade: o arquivo deve acompanhar o desenvolvimento ou
§ 1° O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, in-
crescimento da empresa, ou órgão público, ajustando-se ao aumento do
dígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do proces-
volume e à complexidade dos documentos a serem arquivados. As nor-
so civilizatório nacional.
mas de classificação não devem ser muito rígidas, pois apenas dificultam
§ 2° A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta sig- a atividade de arquivamento.
nificação para os diferentes segmentos étnicos nacionais. •Acesso: o arquivo deve oferecer condições de consulta imediata,
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza proporcionando pronta localização dos documentos.
material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores A procura de documentos de todos os tipos aumentou muito nos últi-
de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos mos anos, graças principalmente à necessidade cada vez maior de infor-
formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: mações. O arquivo não se reduz apenas a guardar documentos; significa
I — as formas de expressão; também uma fonte inesgotável de informações, que pretende atender a
todos e a todas as questões.
II — os modos de criar, fazer e viver;
III — as criações científicas, artísticas e tecnológicas; ARQUIVOS DE PROSSEGUIMENTO
IV — as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços Esses arquivos são muito importantes para a empresa, já que por
destinados às manifestações artístico-culturais; meio deles se podem acompanhar assuntos pendentes ou que aguardam
providências: cartas que esperam respostas; duplicatas a cobrar; faturas a
V — os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, ar- pagar; apólices de seguro que devem ser renovadas; lembretes ou contro-
tístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. les para renovação de assinaturas de jornais ou revistas; contratos a
§ 1° O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá serem assinados; enfim, inúmeros assuntos que não devem ser simples-
e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, regis- mente arquivados e fatalmente esquecidos. O arquivo de prosseguimento
tros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de possibilita à secretária constante follow up.
acautelamento e preservação. Também conhecido como arquivo de andamento, ou de follow up,
§ 2° Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da docu- precisa ser organizado convenientemente e, para isso, existem métodos
mentação governamental e as providências para franquear sua con- tradicionais, como o cronológico e o alfabético, e modernos, como o de
sulta a quantos dela necessitem. jogos de fichas prontas, o de equipamentos compactos, próprios para
§ 3° A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento vários tipos de controle, ou os desenvolvidos pela informática.
de bens e valores culturais. 1. Método cronológico: em primeiro lugar, prepara-se um jogo de
doze guias com os nomes dos meses e depois um jogo de guias numera-
§ 4° Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na
das de•1 a 31, representando os dias dos meses. Esse ultimo jogo deve
forma da lei.
ser disposto apos a guia do mês em curso. À medida que os dias vão
§ 5° Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de passando, deve-se colocá-los nos mês seguinte. No caso de empresas
reminiscências históricas dos antigos quilombos.” com muito movimento de contas a receber e/ou a pagar, inclusive com
No Brasil, o Arquivo Nacional, previsto na Constituição de 1824, foi prazos de 30, 60 ou 90 dias, recomenda-se a utilização de três jogos de
criado em 1836. guias numeradas, de modo que o acompanhamento seja trimestral e não
No passado, a preservação do patrimônio documental era encarada mensal, ou, então, que se guardem os documentos em pastas separadas
principalmente por seu valor histórico. Após a Segunda Guerra Mundial, até o momento oportuno.
começaram a aparecer as primeiras preocupações com uma nova con- O método cronológico permite a utilização de pastas ou cartões. Ha-
cepção arquivística, em que o documento perdia seu exclusivo enfoque vendo opção pelo uso de pastas, será necessária uma cópia adicional de
histórico. Surgiam outros aspectos relevantes, como a racionalização da todos os documentos que exigem prosseguimento e que serão colocados
informação, a eficiência administrativa e a finalidade prática na tomada de nas pastas por ordem alfabética dos nomes e, em seguida, arquivados
decisões. após as guias que correspondem às datas de acompanhamento.
A difusão da informação de conteúdo técnico e científico, a nova men- O emprego de cartões ou fichas elimina a necessidade de cópias adi-
talidade que se introduz na administração pública, a necessidade de cionais dos documentos, porém exige anotações pormenorizadas para
pesquisa constante e sistemática, objetivando particularmente a correta que se possa fazer o acompanhamento. Como nas empresas de grande
tomada de decisão pela empresa privada, favoreceram o surgimento de porte o número de cartões ou fichas é imenso, tal fato dificulta sobrema-
um novo enfoque do arquivo, distante daquele critério eminentemente neira o manuseio e, além disso, aumenta a possibilidade de falhas no
histórico. Como consequência, o conceito de arquivo ampliou-se de tal acompanhamento.
forma que sua importância ultrapassou os limites que até há bem pouco 2. Método alfabético: esse método também possibilita o uso de pas-
tempo existiam. Atualmente, já não se conseguem restringir e delimitar o tas ou cartões. As pastas são colocadas em ordem alfabética. Nas mar-
campo de atuação e a utilidade do arquivo. Sua importância e seu poten- gens superiores das pastas, deverão constar: letra correspondente; núme-
cial de crescimento são ilimitados. ros de 1 a 31, representando os dias do mês; e um indicador móvel que se
desloca na pasta, servindo para indicar o dia específico.
ORGANIZAÇÃO
Os documentos são postos nas pastas em ordem alfabética. Em cada
O arquivo precisa ser organizado de forma que proporcione condições pasta, os documentos são colocados em ordem cronológica e, à medida
de segurança, precisão, simplicidade, flexibilidade e acesso: que os dias vão passando, os documentos são retirados e o indicador
móvel vai-se deslocando até o fim, dia 31, retornando ao dia 1° no início
•Segurança: o arquivo deve apresentar condições mínimas de segu- de um novo mês.
rança, incluindo-se medidas de prevenção contra incêndio, extravio, roubo

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A possibilidade de uso de cartões ou fichas também existe, embora desuso ou desatualizado para local apropriado. Assim, transferência é a
seja mais trabalhosa, pois exige a anotação de todos os pormenores do operação que visa separar os documentos que ainda estão em uso, ou
documento. Os cartões são colocados nas pastas alfabéticas respectivas, são bastante consultados, daqueles que perderam sua utilidade prática,
conforme o modelo descrito, e seu funcionamento também será o mesmo. mas não seu valor.
3. Métodos modernos: surgiram com o próprio desenvolvimento das A transferência pretende:
empresas e da tecnologia, notadamente da informática. Existem, entretan- • liberar o arquivo de papéis sem utilidade prática atual;
to, métodos que oferecem fichas já preparadas para os diversos controles, • manter espaço disponível e de fácil manuseio nos arquivos em uso ou
como, por exemplo, de pessoal, de estoque, de contabilidade e outros. ativos;
Alguns trazem equipamentos compactos em que as fichas ficam visíveis e • facilitar o trabalho de arquivar, localizar e consultar documentos nos
os dados principais são lançados também na margem superior das fichas, arquivos;
à vista do manipulador, facilitando, assim, o manuseio e a consulta. • manter o arquivo em bom estado de conservação, aumentando sua
O computador trouxe consigo possibilidades ilimitadas que podem ser vida útil; e
adaptadas a qualquer empresa. As informações necessárias para o cor- • reduzir ou eliminar despesas desnecessárias com novos equipamen-
reto acompanhamento são fornecidas diariamente pelas impressoras, ou tos.
por uma tela de terminal de microcomputador. A grande vantagem da Portanto, as transferências de documentos devem ser cuidadosas e
utilização da informática, além da rapidez, é a redução da margem de criteriosamente estudadas e planejadas, considerando as diferenças não
erro. apenas quanto à frequência do uso ou da consulta, mas também quanto a
seu valor.
REFERÊNCIAS CRUZADAS
Tipos de arquivo
A expressão referências cruzadas é largamente usada pelas pessoas
que lidam com arquivos, enquanto entre os bibliotecários a palavra mais No que se refere à frequência do uso ou consulta, existem três tipos
empregada é remissão. de arquivos: arquivo ativo, arquivo inativo e arquivo morto.
Arquivo ativo: mantém arquivados os documentos e papéis de uso,
A principal finalidade das referências cruzadas é a de informar a quem consulta e referência constantes e atuais, ou que se encontram em fase
for consultar o arquivo que determinado assunto ou nome está arquivado de conclusão.
em tal pasta. As referências cruzadas podem vir em pequenas fichas,
principalmente quando colocadas em índices. Quando, porém, guardadas Arquivo inativo: guarda documentos e papéis que oferecem menor
nos próprios arquivos, devem estar escritas em folhas de papel e inseridas frequência de uso, consulta ou referência.
nas respectivas pastas. Por exemplo, um fornecedor do Mappin provavel- Arquivo morto: armazena documentos de frequência de uso, consul-
mente terá uma pasta com esse nome no arquivo, apesar de a razão ta ou referência quase nulas. No entanto, não se deve considerar este
social dessa loja de departamento ser “Casa Anglo Brasileira S:A.”. Re- arquivo como um “depósito de lixo”, mesmo porque os documentos defini-
comenda-se, nesse caso, que se escreva numa ficha ou folha de papel: dos como inúteis ou imprestáveis devem ser destruídos. O arquivo morto
precisa, inclusive, ser organizado dentro das mesmas técnicas e regras
É muito comum encontrar anotações como “Veja também”, indicando que prevalecem para o arquivo ativo, pois muitas vezes serão necessárias
que o assunto ou nome possui outras ligações importantes. Suponha-se a imediata localização e a consulta a papéis em desuso.
uma empresa que se dedica principalmente ao comércio exterior. E prová-
vel que ela arquive os conhecimentos aéreos relativos à carga transporta- Uma empresa que tenha, por exemplo, 50 anos de existência deverá
da numa pasta de ‘Carga Aérea”. Entretanto, essas exportações são manter em seu arquivo morto o registro de todos seus antigos emprega-
efetuadas por uma companhia aérea, por exemplo, a VARIG. Nesse caso, dos, mesmo que entre eles existam alguns já aposentados ou falecidos. A
recomenda-se que se abra uma pasta em nome de VARIG, em que pode- destruição desses registros só será possível ou permitida no caso de se
rão ser colocados, por exemplo, os horários dos voos, inclusive dos voos proceder a uma completa microfilmagem.
cargueiros, as cidades que ela serve, as conexões possíveis, as tarifas de Destaque-se que se deve fazer anotação dos documentos transferi-
carga aérea e outras informações pertinentes, e ainda uma observação: dos e, no caso de destruição, registro da data em que ocorreu a destrui-
Veja também Carga Aérea. ção e referência ao conteúdo deles.
Igualmente no caso de siglas, deve-se fazer uma referência cruzada. Atualização de arquivo
Assim, pode-se abrir uma pasta para Cacex e fazer uma referência para
Carteira de Comércio Exterior, ou vice-versa. O importante é que a pasta Existem três tipos de transferências de documentos ou papéis de um
fique com a forma mais conhecida e mais fácil. Por exemplo, talvez seja arquivo para outro: transferências periódicas, transferências permanentes
preferível abrir uma pasta para “Instituto Nacional do Livro” e uma referên- e transferências diárias:
cia cruzada para “INL”, para não se fazer confusão com IML (Instituto • Transferências periódicas: as transferências são efetuadas em
Médico Legal). intervalos predeterminados, para os arquivos inativos ou mortos, de-
pendendo da frequência de uso.
De um lado, a referência cruzada é muito importante, pois ajuda e agi-
liza o funcionamento do arquivo, porém, de outro, deve-se tomar cuidado • Transferências permanentes: são transferências realizadas em
e evitar o excesso de referências que acarretam volume muito grande de intervalos irregulares, sem qualquer planejamento. Normalmente,
papéis, congestionando, consequentemente, o arquivo. acontecem quando o acúmulo de papéis no arquivo ativo é tão grande
que chega a atrapalhar o bom andamento do serviço. A transferência,
TRANSFERÊNCIA então, irá acarretar grande perda de tempo, já que o arquivo inteiro te-
Há documentos que estão sujeitos ao fator tempo, isto é, há aqueles rá de ser analisado.
que têm valor de um ano; outros de dois, três, cinco ou mais anos; outros, • Transferências diárias: são as mais recomendáveis, porque mantêm
ainda, possuem valor permanente e nunca poderão ser destruídos. em ordem os arquivos ativos. O trabalho poderá ser grandemente fa-
Os documentos também podem ser analisados pela frequência de cilitado se do documento já arquivado constar sua validade ou venci-
sua utilização: alguns são muito procurados, outros são consultados mento, ou marcação indicando a data da transferência. Dessa forma,
poucas vezes, ou quase nunca, e ainda existem aqueles que, após a as transferências podem ser feitas no mesmo instante em que se ar-
conclusão do fato que os criou, não servirão para mais nada. quiva ou se consulta um documento qualquer.
Com o passar do tempo, observa-se que os arquivos ficam sobrecar- Conservação e proteção de documentos
regados de papéis, dificultando o trabalho e, na maioria dos casos, a Determina-se o valor do documento levando em consideração todas
tendência é adquirir móveis novos, na tentativa de se resolver o problema as finalidades que possui e seu tempo de vigência, que muitas vezes se
de espaço. Solução muito mais lógica, econômica e eficaz é a de eliminar subordina a imperativos da lei. Nesse sentido, pode-se organizar um
ou destruir o que não tem mais valor e transferir o que se encontra em quadro ou tabela de prazos de vigência para os diversos documentos,
Conhecimentos Específicos 113

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facilitando sobremaneira o trabalho do arquivista. Os documentos são • Acúmulo de pessoas: poderá acontecer o acúmulo de pessoas no
classificados por seu valor em: permanentes - vitais, permanentes e local onde estão colocados os arquivos, o que dificulta a consulta e
temporários. tumultua o trabalho do arquivista.
• Perda de tempo: muito tempo perdido na locomoção até o arquivo
• Permanentes - vitais: são documentos que devem ser conservados
central e espera para poder iniciar a consulta, principalmente se hou-
indefinidamente, pois possuem importância vital para a empresa, isto
ver muitas pessoas no local.
é, sem eles a empresa não tem condições de funcionar. Citam-se, en-
tre outros: contratos; escrituras; estatutos; livros de atas; livros de re- • Espaço: necessidade de mais espaço para incluir todos os arquivos,
gistros de ações; cartas - patentes; fórmulas (químicas); procurações. além de mesas e cadeiras para as diversas consultas.
• Dificuldade no sigilo: os arquivos ficam muito abertos à consulta
• Permanentes: são documentos que devem ser guardados indefini- generalizada, dificultando a manutenção do sigilo, tão necessário à
damente, porém não têm importância vital. Como exemplo, podem-se vida da empresa.
relacionar: rela tórios anuais; registros de empregados; livros e regis- • Dispersão: a pasta em que está classificado um documento, no
tros contábeis; recibos de impostos e taxas; avaliações; e outros. momento de uma consulta, pode estar com outro consulente, em ou-
• Temporários: são documentos que têm valor temporário de um, dois, tro departamento.
cinco ou mais anos. Recomenda-se a confecção de um quadro ou ta- As soluções variam de empresa para empresa; o mais comum, entre-
bela, com anotação da vigência do documento que, naturalmente, se- tanto, é a opção pelo sistema misto, ou seja, centralização parcial. Em
guirá critérios determinados pela própria empresa. Assim, são tempo- princípio, os documentos vão para o arquivo central; entretanto; documen-
rários: recibos; faturas; notas fiscais; contas a receber e a pagar; ex- tos específicos que só interessam a certos departamentos ficam nos
tratos bancários; apólices de seguro; folhetos; correspondência; me- arquivos desses departamentos. Assim, por exemplo, devem ser arquiva-
morandos e outros. dos no próprio departamento de vendas a relação de representantes ou
clientes, seus pedidos, reclamações, correspondência de modo geral.
Os documentos considerados vitais para a empresa, além de serem
conservados indefinidamente, devem merecer cuidados especiais, nota- Outro caminho a seguir é o que procura basicamente centralizar o
damente de proteção contra incêndios, inundações, furtos, desabamentos controle e não o arquivo. Um especialista organiza um arquivo central,
e outros eventos. A perda ou destruição de tais documentos pode, em onde deverão ser guardados os documentos de interesse geral, inclusive
casos extremos, significar até o fracasso total de uma empresa. Existem aqueles que são vitais e/ou sigilosos, naturalmente tomando-se todas as
algumas formas de proteger esses documentos: precauções. Em seguida, ele deverá planejar os diversos arquivos locali-
zados nos vários departamentos. O conhecimento da empresa e de seu
• Utilização de cofres a prova de fogo. organograma é fundamental nessa etapa. Seu trabalho, além da adminis-
tração do arquivo central, pressupõe a classificação e a distribuição diária
• Preparação de cópias adicionais dos documentos e envio delas a
de documentos aos diversos departamentos.
outros lugares para guarda, como cofres de bancos, cofres de filiais
da empresa, ou escritórios de advogados. Realmente, trata-se de um assunto de solução não muito fácil, já que
existem vantagens e desvantagens em todos os métodos. O importante é
• Microfilmagem de todos os documentos vitais e conservação dos que a empresa decida pelo que for mais adequado a suas condições,
microfilmes em local seguro. necessidades e objetivos a curto, médio e longo prazos.
A conservação e a proteção desses documentos devem ser acompa- AVALIAÇÃO DE DOCUMENTOS
nhadas de um registro que especifique o modo, a data e o local para onde
foram encaminhados, de forma que possam ser localizados imediatamen- O processo de avaliação de documentos de arquivo é feito através de
te. pré-requisitos estabelecidos, com análise e seleção de documentos, indi-
cando com precisão o prazo de guarda nas fases corrente, intermediária e
CENTRALIZAÇÃO OU DESCENTRALIZAÇÃO? permanente, com identificação de seus valores primário e secundário,
Trata-se de uma questão muito comum, principalmente nas grandes devendo ser executado por uma equipe técnica, composta por profissionais
empresas. A centralização dos arquivos proporciona vantagens, mas de diversas áreas, como: arquivistas, historiadores, pesquisadores, profis-
existem desvantagens que naturalmente devem ser conhecidas antes de sionais das unidades organizacionais as quais os documentos serão avali-
se tomar uma decisão sobre o assunto. As principais vantagens da centra- ados, economistas e etc.
lização são as seguintes: "A avaliação consiste fundamentalmente em identificar valores e defi-
nir prazos de guarda para os documentos de arquivo, independentemente
• Eficiência: devido à centralização, tende-se a manter um especialista
de seu suporte ser o papel, o filme, a fita magnética, o disquete, o disco
em arquivística, o que sem dúvida melhora a eficiência e a rapidez do
ótico ou qualquer outro. A avaliação deverá ser realizada no momento da
trabalho em todas suas etapas.
produção, paralelamente ao trabalho de classificação, para evitar a acumu-
• Responsabilidade: o cuidado e a proteção de documentos melhora lação desordenada, segundo critérios temáticos, numéricos ou cronológi-
muito, pois a responsabilidade se encontra nas mãos de um especia- cos." (Fonte: http://arquivologia.multiply.com/journal/item/14)
lista. Schellenberg (1956, 1965) desenvolveu toda uma teoria de valor, pela
• Economia: é grande a economia de equipamento; de pessoal; de qual se tornou conhecido, de acordo com Cook (1997), como o pai da
tempo gasto no arquivamento; na localização e na preparação de có- avaliação arquivística. Essa teoria propõe dois tipos de valores aplicáveis
pias adicionais ou referências. ao contexto dos arquivos: valor primário e valor secundário.
• Uniformidade: proporciona certa padronização ao sistema e métodos Os valores inerentes aos registros públicos modernos são de dois ti-
de arquivamento, o que não acontecerá se houver inúmeros arquivos pos: valor primário para a gestão de criação e valor secundário para outras
departamentais. instâncias e utilizadores. Os documentos públicos são gerados para reali-
• Concentração: os documentos são concentrados por assuntos, zar as finalidades para as quais um organismo foi criado: administrativo,
oferecendo ao consulente visão global. Na descentralização, os mes- fiscal, legal e operacional. Os documentos públicos são preservados em
mos assuntos tendem a ficar espalhados pelos diversos arquivos. uma instituição arquivística definida, porque têm um valor que existirá por
longo tempo, mesmo depois que cessam de ser do uso corrente e porque
• Utilização: amplia o uso do equipamento e, consequentemente,
terão valores importantes para outros usuários que não os atuais.
alonga sua vida útil. (HSCHELLENBERG, 1984, p.58)
Há algumas desvantagens na centralização, que precisam ser apon-
tadas: Princípios Fundamentais da Avaliação Arquivística
• Consulta dificultada: necessidade de locomoção até o centro de a) a função avaliação arquivística visa, essencialmente, à composição
arquivos; tal fato não ocorre com a descentralização, em que o arqui- de um patrimônio documental;
vo do departamento se encontra à mão.

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b) seu mérito está no fato de permitir preparar material documental ne- • Consulta: a consulta a documentos é imediata e mais fácil, agilizando
cessário para a pesquisa histórica; em muito o serviço. Verifique-se, por exemplo, a microfilmagem de
c) a avaliação é um processo de determinação de valor assegurado cheques compensados.
pelo arquivista. Este processo deve ser formal, sistemático e claramente As técnicas modernas de microfilmagem evoluíram muito nos últimos
definido; anos; entretanto, a escolha do produtor dos microfilmes deve ser feita de
d) como conceito central relativo à função avaliação, o valor dos do- modo que garanta a qualidade e a durabilidade deles.
cumentos deve ser claramente definido, justificável e, sobretudo, contem- A decisão de utilizar a microfilmagem na empresa também pode ser
porâneo à época ou ao período de sua criação. Neste sentido, Booms auxiliada pela ocorrência de um ou mais dos seguintes fatos:
(1987, p. 104) acrescenta: “Construindo uma tabela conceitual histórica,
que servirá de modelo à herança documental, os arquivistas não devem • necessidade de entregar ou devolver às pessoas os originais dos
seguir os conceitos de valor de acordo com a sua própria época, mas documentos;
antes, de acordo com o valor que governa a época na qual o material foi • necessidade de conservar os documentos por mais de cinco anos;
criado."; • necessidade de conservar os documentos por tempo indeterminado
e) os julgamentos do arquivista devem ser formulados a partir do con- ou permanentemente;
texto social. Este princípio, entretanto, supõe também que os documentos, • necessidade de proteger os documentos dos riscos de incêndio,
como tais, não tenham valor intrínseco. Este valor é atribuído após a avali- inundação ou furto.
ação feita pelo arquivista. É importante salientar a esse respeito, porém,
que o arquivista é chamado a ouvir a opinião de especialistas para deduzir Em princípio, a organização de um arquivo de microfilmes deve seguir
os valores dominantes que regem tais documentos. Consequentemente, o sistema e o método empregados nos arquivos de documentos; o arquivo
esse profissional deve ter uma visão global sobre o desenvolvimento social deve vir acompanhado de índices que facilitem a pronta localização, bem
e as diferentes mudanças ocorrentes na sociedade. Em outros termos, a como deve existir na empresa aparelho próprio para a leitura dos microfil-
missão de identificação do valor dos documentos de arquivos que o arqui- mes.
vista é chamado a assegurar decorre, de acordo com Booms (1987), da É muito importante, também, considerar o aspecto legal da microfil-
realidade social e dos valores contemporâneos ao documento. (Fon- magem. A legislação brasileira determina a guarda de originais por tempo
te:http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/viewFile/7199/6646) determinado ou mesmo indefinidamente. A reprodução de um microfilme
no formato do documento exige, para sua validade, que seja autenticado
em cartório e à vista do documento original.
TIPOLOGIAS DOCUMENTAIS E SUPORTES FÍSICOS.
MICROFILMAGEM. AUTOMAÇÃO. PRESERVAÇÃO, Portanto, a microfilmagem não deve ser entendida apenas como
CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE DOCUMENTOS. substituidora de documentos originais. Antes de mais nada, é preciso
encarar o microfilme como cópia adicional de documento cuja utilidade
MICROFILMAGEM para a empresa tenha sido estudada e comprovada.
Observa-se na época atual excessivo aumento do número de docu- EQUIPAMENTOS
mentos. De um lado, devido à expansão da administração pública em
Entende-se por equipamento o móvel utilizado para arquivamento. O
todos os setores e em todos os níveis: federal, estadual e municipal; de
conhecimento dos sistemas de equipamento, de suas vantagens e des-
outro, graças ao desenvolvimento das atividades empresariais e ao rápido
vantagens, irá facilitar em muito o serviço do arquivista. Denomina-se
avanço da tecnologia, em todos os setores da economia.
sistema de equipamento a maneira como os documentos são colocados
É crescente a indagação de como e quando se deve proceder para no móvel arquivador. São três os sistemas de equipamento:
reduzir e racionalizar a produção de documentos e, por consequência, seu
arquivamento e conservação. O microfilme surgiu como uma das princi- 1. Horizontal: os documentos ficam uns sobre os outros, em posição
pais respostas a essa questão. horizontal dentro do móvel arquivador. E um sistema antigo, mas que
ainda é utilizado em algumas repartições públicas, que amarram ou colo-
O microfilme é um processo de reprodução fotográfica reduzida, che- cam os documentos em pacotes. Também pertencem ao sistema horizon-
gando a quase 95% do documento original. São várias as vantagens tal as mapotecas, muito utilizadas, e os fichários tipo kardex, Securit,
obtidas na microfilmagem de documentos que devem ser transferidos do muito conhecidos e empregados com bastante sucesso em inúmeras
arquivo ativo para o inativo, já que dificilmente o microfilme será utilizado empresas.
para arquivos ativos. As vantagens são:
• Economia: os ganhos em espaço, peso e tamanho dos arquivos
chegam a mais de 80% em muitos casos.
• Redução do volume: é muito grande a redução do volume de papéis
e documentos, o que proporciona economia de tempo e mão-de-obra.
• Segurança: os microfilmes protegem e conservam os documentos
vitais da empresa ou órgão público, dos riscos de eventos, como in-
cêndio, inundação ou furto, pois, além de representarem cópias adici-
onais desses documentos, são facilmente guardados em cofres espe-
ciais. -
• Durabilidade: o microfilme reveste-se de grande durabilidade, atin-
gindo até 150 anos.
• Reprodução: a microfilmagem oferece condições de reprodução
ilimitada, além de fidelidade, exatidão perfeita dos documentos repro-
duzidos. Móvel “Securit” para arquivo horizontal de mapas, plantas, heliografias
• Custo: embora e microfilme possa assustar pelo custo elevado, é e mapotecas
preciso levar em consideração a economia que proporciona com a re-
As vantagens do sistema são as seguintes:
dução do espaço, de equipamento e de pessoal necessário para a
manutenção de arquivos convencionais, especialmente nas grandes • a iluminação é direta;
empresas. • as anotações podem ser efetuadas no mesmo local;
• as possibilidades de perda de documentos são bastante reduzidas.

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APOSTILAS OPÇÃO
As desvantagens são: A escolha acertada dos acessórios está diretamente ligada ao sistema
• ocupa muito espaço; e método de classificação e arquivamento empregados, assim como ao
• há necessidade de retirar todos os documentos para arquivar ou re- conhecimento dos tipos e modelos existentes no mercado.
tirar um documento; Os principais acessórios são: pastas; guias; projeções; tiras de inser-
• a consulta é demorada; ção e notações.
• a consulta exige o deslocamento de outros documentos. 1. Pastas: são pedaços de cartolina dobrada, que formam uma aresta
comum chamada vinco. As pastas servem para agrupar e proteger os
2.Vertical: os documentos permanecem no interior do móvel arquiva- documentos comuns a um assunto e, normalmente, têm dimensões pa-
dor em posição vertical. São dois os tipos nesse sistema: dronizadas. Com relação ao vinco, as pastas podem ser normais ou
• Frontal. Os documentos são colocados uns atrás dos outros, com a sanfonadas, para permitir o maior acúmulo de documentos; algumas
frente voltada para o arquivista. possuem divisões internas. No que se refere à projeção, ela poderá ou
não constar da pasta. As pastas suspensas, largamente usadas nos
• Lateral. Os documentos são colocados uns ao lado dos outros, com equipamentos modernos, são semelhantes às convencionais, apenas com
a lateral voltada para o arquivista. a particularidade de possuírem dois braços metálicos ou outro material
Atualmente, com o desenvolvimento da tecnologia e as exigências do que se apoia nos suportes laterais do arquivo.
mercado, as pastas ficam suspensas nos arquivos verticais, por meio de
braços metálicos apoiados em suportes especiais. 2. Guias: são pedaços de cartolinas do tamanho das pastas ou mes-
São vantagens do sistema: mo menores, com uma saliência na parte superior, chamada projeção. As
guias servem para dividir as pastas ou documentos em grupos. As guias,
• custo mais baixo; quanto à projeção, podem ter, ou não, encaixes para as tiras de inserção.
• fácil manuseio; Nas guias, as projeções podem vir em posição central, em diferentes
• fácil conservação; posições ou, então, formando um jogo de, por exemplo, duas, três, quatro,
• fácil atualização do material arquivado; cinco ou mais posições. A diferença das posições possibilita ao arquivista
• possibilidade de arquivar muitos documentos em pequeno espaço; ampla visibilidade, o que facilita o arquivamento ou a localização de do-
cumentos.
• consulta rápida e sem necessidade de deslocar outros documentos.
São desvantagens do sistema: 3.Projeções: são saliências colocadas na parte superior das pastas
• necessidade de retirar o documento para fazer anotações; ou das guias que recebem as anotações ou dizeres pertinentes. Servem
para ajudar o arquivista a localizar os assuntos no arquivo. As projeções
• iluminação deficiente;
podem ser de papelão, de material plástico ou de aço. Além disso, podem
• pouca visibilidade dos documentos no interior do arquivo. ser fixas ou adaptáveis. Essas últimas não fazem parte das pastas ou das
guias e podem ser colocadas posteriormente.
3.Rotativo: os documentos são colocados de modo que possam girar
4. Tiras de inserção: papeletas ou rótulos que, após receberem os
em torno de um eixo vertical ou horizontal. O sistema é muito empregado
dizeres ou inscrições correspondentes, deverão ser inseridas nas proje-
em atividades que requerem grande quantidade de consultas e necessi-
ções das pastas ou das guias. Servem para indicar a finalidade da pasta
dade de informações rápidas.
ou da guia.
Fichários
São caixas de diversos tamanhos que guardam fichas ou cartões, po- 5. Notações: são os dizeres, as inscrições registradas nas tiras de in-
dendo ser de madeira, de aço, de material plástico ou de acríLico. São serção e em seguida inseridas nas pastas ou guias.
largamente utilizados e servem a muitas finalidades: índices, informações, É fato conhecido que um dos fatores para a excelência dos arquivos
endereços, relação de clientes, representantes, fornecedores e outras. reside na combinação harmoniosa e funcional dos sistemas e métodos de
O equipamento deve satisfazer às necessidades da empresa e dos classificação e arquivamento, e dos equipamentos e acessórios.
serviços a que se destina. Alguns requisitos são:
SISTEMAS E MÉTODOS DE ARQUIVAMENTO
• adequação às necessidades do serviço;
• obtenção de maior economia de espaço; A opinião de que os arquivos são simples depósitos de papéis ou do-
• facilidade de acesso; cumentos velhos e inúteis, arquivados por mera tradição, apoia-se no fato
de que a maioria dos arquivos é mal organizada, mal administrada e,
• possibilidade de expansão; portanto, dificulta a localização imediata das informações desejadas. Mera
• resistência e durabilidade; opinião, pois, em verdade, um arquivo moderno, bem estruturado, é um
• garantia de segurança e conservação de documentos; centro atuante de informações, um instrumento de controle para a ativida-
• aparência e funcionalidade. de administrativa, que auxilia na correta tomada de decisão.
Há inúmeros tipos e modelos de equipamentos que podem ser utiliza- Entretanto, para que isso aconteça, é necessário que se decida sobre
dos pelos três sistemas: horizontal, vertical e rotativo. A escolha de um o sistema de arquivamento que melhor se ajuste a determinada empresa.
dos sistemas, assim como do equipamento propriamente dito, deve seguir Sistema é um conjunto de princípios interligados, que orienta o que se
os critérios apontados e outros que são considerados essenciais pela deve fazer para atingir um fim específico. São três os sistemas de arqui-
empresa ou órgão público e que prevalecem numa boa administração. vamento: direto, indireto e semi-indireto.
1. Cadeado. • Direto: o arquivo pode ser consultado diretamente, sem necessi-
2. Suporte regulável. dade de recorrer a um índice. Neste sistema, inclui-se, principal-
3. Índice alfabético. mente, o método alfabético de arquivamento e suas variações.
4. Estrutura. • Indireto: o arquivo, neste caso, depende de um índice para ser
5. Dispositivo antiimpacto. consultado. O sistema inclui, em especial, o método numérico de
6. Pés antiderrapantes. arquivamento e suas variações.
• Semi-indireto: o arquivo pode ser consultado sem o auxílio de
índices, mas com a utilização de tabelas em forma de cartão.
ACESSÓRIOS
Neste sistema, encontra-se, por exemplo, o método automático,
Acessórios são materiais que visam auxiliar o equipamento. A correta variedade do método alfanumérico.
e eficiente utilização dos mesmos criará condições favoráveis para o A opção por um dos sistemas está intimamente ligada à empresa, a
andamento do serviço. seu campo de atividade, porte e objetivos de curto, médio ou longo pra-

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APOSTILAS OPÇÃO
zos. O principal, antes de tudo, é compreender o verdadeiro potencial que Os diversos métodos de arquivamento, que através dos anos foram
o arquivo representa, considerando-se que é a memória viva da empresa. desenvolvidos em todas as partes do mundo, podem ser utilizados tanto
Para ser eficaz, o sistema necessita de métodos que indiquem a ma- nas empresas como nos órgãos governamentais. Todos são bons e
neira de proceder, isto é, o que se deve fazer para alcançar o fim deseja- apresentam vantagens e desvantagens. O importante é que a decisão
do. Os métodos de arquivamento serão analisados mais adiante. quanto ao método leve em consideração o tamanho, a estrutura organiza-
cional e os objetivos da empresa ou do órgão público; as pessoas nor-
SISTEMA DE ARQUIVAMENTO EM ÓRGÃOS PÚBLICOS malmente envolvidas; os serviços prestados; as informações comumente
solicitadas; e os tipos de documento que devem ser arquivados.
A administração de documentos oficiais pressupõe a existência de um
sistema de arquivamento. O conceito de sistema também é válido para os São três os principais métodos de arquivamento: alfabético, numérico
órgãos da administração pública, e as três espécies, direto, indireto e semi- e alfanumérico.
indireto, serão empregadas conforme os critérios estabelecidos previamente. Esses métodos, por sua vez, formam a base a partir da qual se cria-
Nas instituições públicas, predomina um modelo de sistema de organi- ram vários outros.
zação de arquivos em que o documento público é controlado desde sua Métodos de arquivamento:
produção. É conhecido como a “teoria das três idades”, concepção moderna • Método alfabético:
de arquivística, em que se distinguem três etapas quanto aos documentos:
—específico ou por assunto;
• Corrente: os documentos circulam pelos canais decisórios, bus-
cando solução ou resposta. São os arquivos correntes. —geográfico;
• Temporária: os documentos apresentam interesse e são objeto —mnemônico;
de consultas, embora os assuntos neles contidos já tenham sido —variadex.
solucionados ou as respostas, obtidas. São os arquivos temporá- • Método numérico:
rios.
—simples;
• Permanente: os documentos passam a ter valor cultural e cientí-
fico. São os arquivos permanentes ou históricos. —dúplex.
A criação do arquivo temporário, por exemplo, segunda etapa do sis- • Método alfanumérico:
tema, foi um grande avanço e tomou-se peça fundamental dentro do —decimal;
sistema de arquivamento da administração pública. São inúmeras as
vantagens conseguidas: obtenção de mais espaços físicos pela retirada —automático;
de documentos dos arquivos correntes; redução ao essencial da quanti- —automático moderno.
dade de documentos nos arquivos correntes; redução de pessoal e con-
Protocolo
sequente economia de custos; controle de quantidade e da qualidade dos
documentos; melhor manutenção, uso e supervisão dos arquivos; e me- É o registro das deliberações ou das atas de um congresso ou confe-
lhor critério de preservação, controle e eliminação de documentos. rência diplomática. Por protocolo também se entende o livro em que os
Um sistema de arquivos moderno e bem organizado terá todas as escrivães do juízo registram o que se passa na audiência e que no fim
condições para oferecer subsídios a planos e decisões da administração desta é assinado pelo juiz.
pública, seja mostrando as relações e planejamento do passado, seja De modo geral, significa o livro onde se registram, em ordem, os do-
evitando duplicidade antieconômica de velhas iniciativas. cumentos apresentados numa repartição ou, então, os fatos e as decisões
Verifica-se, atualmente, enorme empenho dos órgãos do governo em ocorridos numa assembleia ou audiência. A principal função do protocolo
desenvolver sistemas de informações altamente sofisticados, em que a é autenticar a entrega de um documento, ou evidenciar a decisão ou o fato
informática assumiu posição de grande relevância. que deve ser registrado. Em linguagem diplomática, significa a própria
deliberação ou resolução que foi registrada na ata da reunião respectiva e
que acarretou uma espécie de convenção entre os participantes da as-
MÉTODOS DE ARQUIVAMENTO sembleia ou congresso.
Modernamente, o arquivo de informações tornou-se uma atividade Protocolo é a denominação geralmente atribuída a setores encarre-
que pode ser realizada eletronicamente através de computadores. A tarefa gados do recebimento, registro, distribuição e movimentação dos docu-
da secretária, neste caso, consiste em registrar as informações em pro- mentos em curso; denominação atribuída ao próprio número de registro
gramas previa-mente estabelecidos. A empresa contrata um especialista dado ao documento; Livro de registro de documentos recebidos e/ou
em programação (ou já dispõe dele em seu quadro de empregados), que expedidos.
deverá preparar um programa segundo as necessidades da secretária. É de conhecimento comum o grande avanço que a humanidade teve
Enganam-se os que acreditam que o uso do computador dispensa o nos últimos anos. Dentre tais avanços, incluem-se as áreas que vão desde
estudo dos métodos tradicionais de classificação de informações. O a política até a tecnológica. Tais avanços contribuíram para o aumento da
programador apenas executará um programa depois de ouvir a secretária produção de documentos. Cabe ressaltar que tal aumento teve sua impor-
sobre as reais necessidades do departamento. Assim sendo, ela deve tância para a área da arquivística, no sentido de ter despertado nas pes-
conhecer os variados métodos de classificação para propor soluções soas a importância dos arquivos. Entretanto, seja por descaso ou mesmo
apropriadas. Acrescente-se que o estudo dos métodos aqui expostos por falta de conhecimento, a acumulação de massas documentais desne-
permite a aquisição de técnicas de classificação e simplificação de tarefas. cessárias foi um problema que foi surgindo. Essas massas acabam por
Deixar de aprendê-los é prejudicial até mesmo para o domínio de um inviabilizar que os arquivos cumpram suas funções fundamentais. Para
pensamento claro e bem estruturado. Além disso, a secretária manipula tentar sanar esse e outros problemas, que é recomendável o uso de um
informações escritas (documentos), internas e externas, que ela precisa sistema de protocolo.
arquivar.
Dentre os cinco setores distintos das atividades dos arquivos corren-
Havendo um sistema de arquivamento já definido, a empresa ou ór- tes (Protocolo, Expedição, Arquivamento, Empréstimo e Consulta, Desti-
gão público deverá decidir qual método de arquivamento irá empregar. O nação) vamos dar atenção especial ao Protocolo. É sabido que durante a
método estabelece o que é preciso fazer para alcançar o fim desejado sua tramitação, os arquivos correntes podem exercer funções de protocolo
pelo sistema de arquivamento. (recebimento, registro, distribuição, movimentação e expedição de docu-
Um plano previamente estabelecido para a colocação e guarda de mentos), daí a denominação comum de alguns órgãos como Protocolo e
documentos facilita a pesquisa, a coleta de dados, a busca de informa- Arquivo. E é neste ponto que os problemas têm seu início. Geralmente,
ções e proporciona uma correta tomada de decisão. as pessoas que lidam com o recebimento de documentos não sabem, ou
mesmo não foram orientadas sobre como proceder para o documento
cumpra a sua função na instituição. Para que este problema inicial seja
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resolvido, a implantação de um sistema de base de dados, de preferência comprometido. Deve-se esquecer a ideia de que basta inserir dados e
simples e descentralizado, permitindo que, tão logo cheguem às institui- números num sistema, que todos os problemas serão resolvidos. A própria
ções, os documentos fossem registrados, pelas devidas pessoas, no seu conscientização dos funcionários, no sentido de que, se organizados e
próprio setor de trabalho seria uma ótima alternativa. Tal ação diminuiria o devidamente registrados, as tarefas que necessitam do uso de documen-
montante de documentos que chegam as instituições, cumprem suas tos se tornarão mais fáceis para todos que venham a executá-las., propor-
funções, mas sequer tiveram sua tramitação ou destinação registrada. cionado assim um melhor rendimento de todo o pessoal. Portanto, fica
Algumas rotinas devem ser adotadas no registro documental, afim de claro que o protocolo pode ser uma saída para os problemas mais comuns
que não se perca o controle, bem como surjam problemas que facilmente de tramitação documental, desde que utilizado da forma correta. Do
poderiam ser evitados (como o preenchimento do campo Assunto, de contrário, a implantação deste sistema pode ocasionar outros problemas,
muita importância, mas que na maioria das vezes é feito de forma errô- talvez de cunho ainda maior.
nea). Dentre as recomendações de recebimento e registro (SENAC. D. AVALIAÇÃO E GESTÃO DE DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES
N. Técnicas de arquivo e protocolo). O termo “gestão de documentos” ou “administração de documentos” é
Receber as correspondências, separando as de caráter oficial da de uma tradução do termo inglês “records management”. O primeiro é origi-
caráter particular, distribuindo as de caráter particular a seus destinatários. nário da expressão franco-canadense gestion de documents e o segundo
Após essa etapa, os documentos devem seguir seu curso, a fim de é uma versão iberoamericana do conceito inglês. Entre essas duas varian-
cumprirem suas funções. Para que isto ocorra, devem ser distribuídos e tes, o primeiro parece ser o mais difundido entre nós.
classificados da forma correta, ou seja, chegar ao seu destinatário Para O Dicionário de Terminologia Arquivística editado pelo Conselho
isto, recomenda-se (SENAC. D. N. Técnicas de arquivo e protocolo. Internacional de Arquivos em 1984 define gestão de documentos como um
aspecto da administração geral relacionado com a busca de economia e
Separar as correspondências de caráter ostensivo das de caráter sigi- eficácia na produção, manutenção, uso e destinação final dos documen-
loso, encaminhado as de caráter sigiloso aos seus respectivos destinatá- tos.
rios;
O Dicionário de Terminologia Arquivística, publicado em São Pau-
Tomar conhecimento das correspondências de caráter ostensivos por lo em 1990 e reeditado em 1996, conceitua gestão de documentos como
meio da leitura, requisitando a existência de antecedentes, se existirem; um “conjunto de medidas e rotinas visando a racionalização e eficiência na
criação, tramitação, classificação, uso primário e avaliação de arquivos”.
Classificar o documento de acordo com o método da instituição; ca-
rimbando-o em seguida; No âmbito da legislação federal, “considera-se gestão de documentos
o conjunto de procedimentos e operações referentes à sua produção,
Elaborar um resumo e encaminhar os documentos ao protocolo.
tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e intermediá-
Preparar a ficha de protocolo, em duas vias, anexando a segunda via ria, visando a sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente” .
da ficha ao documento;
CONCEITO DE CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO
Rearquivar as fichas de procedência e assunto, agora com os dados
Dentro de uma biblioteca, arquivo ou museu duas seções devem ser
das fichas de protocolo;
enfocadas: a de conservação e a de restauração.

Arquivar as fichas de protocolo. 1 - Conservação - é um conceito amplo e pode ser pensado como
termo que abrange pelo menos três (3) ideias: preservação, proteção e
A tramitação de um documento dentro de uma instituição depende di- manutenção.
retamente se as etapas anteriores foram feitas da forma correta. Se feitas,
fica mais fácil, com o auxílio do protocolo, saber sua exata localização, Conservar bens culturais (livros, documentos, objetos de arte, etc) é
seus dados principais, como data de entrada, setores por que já passou, defendê-lo da ação dos agentes físicos, químicos e biológicos que os
enfim, acompanhar o desenrolar de suas funções dentro da instituição. atacam.
Isso agiliza as ações dentro da instituição, acelerando assim, processos O principal objetivo portanto da conservação é o de estender a vida
que anteriormente encontravam dificuldades, como a não localização de útil dos materiais, dando aos mesmos o tratamento correto. Para isso é
documentos, não se podendo assim, usá-los no sentido de valor probató- necessário permanente fiscalização das condições ambientais, manuseio
rio, por exemplo. e armazenamento.
Após cumprirem suas respectivas funções, os documentos devem ter A preservação ocupa-se diretamente com o patrimônio cultural consistindo
seu destino decidido, seja este a sua eliminação ou recolhimento. É nesta na conservação desses patrimônios em seus estados atuais. Por isso,
etapa que a expedição de documentos torna-se importante, pois por meio devem ser impedidos quaisquer danos e destruição causadas pela umida-
dela, fica mais fácil fazer uma avaliação do documento, podendo-se assim de, por agentes químicos e por todos os tipos de pragas e de microorga-
decidir de uma forma mais confiável, o destino do documento. Dentre as nismo. A manutenção, a limpeza periódica é a base da prevenção.
recomendações com relação a expedição de documentos, destacam-se:
2 - Conservação Preventiva (Restauração) - tem por objetivo revita-
Receber a correspondência, verificando a falta de anexos e comple- lizar a concepção original, ou seja, a legibilidade do objeto. A restauração
tando dados; é uma atividade que exige dos profissionais grande habilidade, paciência,
Separar as cópias, expedindo o original; amor à arte, pois nesta seção se praticam verdadeiras intervenções cirúr-
gicas com os bens culturais, "a restauração é quase uma neurose da
Encaminhar as cópias ao Arquivo. perfeição, em que o mais ou menos não existe" como disse certa vez a
É válido ressaltar que as rotinas acima descritas não valem como re- restauradora Marilka Mendes.
gras, visto que cada instituição possui suas tipologias documentais, seus
métodos de classificação, enfim, surgem situações diversas. Servem Em uma restauração nenhum fator pode ser negligenciado, é preciso
apenas como exemplos para a elaboração de rotinas em cada instituição. levantar a história, revelar a tecnologia empregada na fabricação ou a
técnica de impressão utilizada e traçar um plano de acondicionamento do
Após a discussão das vantagens de implantação de um sistema de objeto restaurado de modo que não volte a sofrer efeitos de deterioração
protocolo, cabe avaliar as desvantagens do uso deste sistema, se feito de do futuro.
forma errônea. Num primeiro momento, deve-se pensar num sistema
simples de inserção de dados, que venha a atender as necessidades da Como sabemos são poucos os técnicos ligados a esta área e leva
empresa. Contudo, é essencial que as pessoas que trabalham diretamen- anos para formar um bom restaurador, por estes fatores podemos dizer
te com o recebimento e registro de documentos, recebam um treinamento que é melhor: Conservar e preservar para não restaurar"
adequado, para que possam executar essa tarefa da forma correta, visto
que, se feita da forma errada, todo o trâmite do documento pode ser

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AGENTES EXTERIORES QUE DANIFICAM OS DOCUMENTOS inicio é quando há a recepção do documento em que este passa pela fase
de desmaterialização, ou seja, digitalização do documento geralmente em
1. FÍSICOS formato papel para um formato eletrônico. Numa segunda fase os
Luminosidade - a luz é um dos fatores mais agravantes no processo documentos em formato eletrônico são submetidos a uma classificação,
de degradação dos materiais bibliográficos. de seguida há uma definição dos vários estádios do ciclo de vida do
documento ao longo da sua existência, como por exemplo, a publicação,
Temperatura - o papel se deteriora com o tempo mesmo que as con-
aprovação, distribuição, reencaminhamento e desactualizado (destruído).
dições de conservação sejam boas. O papel fica com sua cor original
Por último, este processo disponibiliza ao utilizador um método de
alterada e se torna frágil e isto se chama envelhecimento natural.
localização eficaz semelhante a um browser, por exemplo, o Google.
Umidade - o excesso de umidade estraga muito mais o papel que a
deficiência de água
AUTOMAÇÃO
2. QUÍMICOS O novo mundo dos arquivos – automação
Acidez do Papel - Os papéis brasileiros apresentam um índice de .James M. Turner – U. de Montreal
acidez elevado (pH 5 em média) e portanto uma permanência duvidosa. Introdução
Somemos ao elevado índice de acidez, o efeito das altas temperaturas
predominante nos países tropicais e subtropicais e uma variação da Para bem se entender a problemática atual dos arquivos, é preciso
umidade relativa, teremos um quadro bastante desfavorável na conserva- compreender o século XX sob o ponto de vista da extraordinária rapidez
ção de documentos em papel. Dentre as causas de degradação do papel, da evolução tecnológica. É suficiente lembrar que diversos atores, cada
podemos citar as de origem intrínseca e as de origem extrínsecas. um tendo uma influência profunda sobre a sociedade humana, se instala-
ram no cenário tecnológico durante esse período: por exemplo, a eletrici-
Poluição Atmosférica - A celulose é atacada pelos ácidos, ainda que dade, o rádio, o telefone, o automóvel, o cinema, a máquina de escrever,
nas condições de conservação mais favoráveis. A poluição atmosférica é para nomear somente alguns. A partir da Segunda Guerra Mundial, assis-
uma das principais causas da degradação química. te-se à chegada da fotocopiadora, a eletrônica, a televisão, os satélites, e
Tintas - a tinta é um dos compostos mais importantes na documenta- sobretudo os computadores. A partir da década de 1970, a telemática, ou
ção. Foi e é usada para escrever em papéis, pergaminhos e materiais seja, o computador conectado a outros computadores via linhas telefôni-
similares, desde que o homem sentiu necessidade de registrar seu avanço cas, mudou profundamente as possibilidades de comunicação de docu-
técnico e cultural, e é ainda indispensável para a criação de registros e mentos. Desde 1990, a Internet e a World Wide Web não cessam de nos
para atividades relacionadas aos interesses de vida diária. espantar por causa do desenvolvimento quase cotidiano de novas possibi-
lidades de interação no mundo da informação.
3. BIOLÓGICOS
Insetos - o ataque de insetos tem provocado graves danos a arquivos Depois de muitos anos, a disciplina de arquivística conheceu desen-
e bibliotecas, destruindo coleções e documentos preciosos. Os principais volvimentos importantes no estabelecimento da teoria, nas técnicas de
insetos são: organização e nos métodos de trabalho. Constata-se, entretanto, que
Anobiídeos (brocas ou carunchos) apesar de nossa disciplina ainda não estar estabilizada definitivamente,
Thysanura (traça) desde já é preciso rever seus fundamentos teóricos e estabelecer um
Blatta orientalis (barata) novo paradigma para a disciplina em função das novas tecnologias da
Fungos - atuam decompondo a celulose, grande parte deles produ- informação.
zem pigmentos que mancham o papel. É útil observar nesse contexto que não há nada de novo. Pode-se
Roedores - A luta contra ratos é mais difícil que a prevenção contra constatar que são sempre as mudanças tecnológicas que determinam a
os insetos. Eles podem provocar desgastes de até 20% do total do docu- maneira de se realizar nosso trabalho de organização da informação. O
mento. surgimento de novas e importantes tecnologias no campo da informação,
como nos casos do papel e da prensa de Gutenberg, causaram também
4. AMBIENTAIS mudanças fundamentais nos métodos de trabalho das pessoas que gera-
vam a informação no momento desses desenvolvimentos e pelos séculos
Ventilação - é um outro fator a considerar como elemento que favo-
seguintes. Essas tecnologias também mudaram profundamente a socie-
rece o desenvolvimento dos agentes biológicos, quando há pouca aera-
dade em seu conjunto. Nós que vivemos sobre a terra nesse momento
ção.
somos testemunhas de desenvolvimentos que se desenrolam a uma
Poeira - um outro fator que pode favorecer o desenvolvimento dos velocidade impressionante.
agentes biológicos sobre os materiais gráficos, é a presença de pó.
Histórico recente
5. HUMANOS
Durante os anos de 1960 assiste-se à implantação de computadores
O Homem, ao lado dos insetos e microrganismos é um outro inimigo nos governos e corporações mais importantes. Muito caros, esses apare-
dos livros e documentos, embora devêssemos imaginar que ele seria ser o lhos são sensíveis à temperatura e precisam ser instalados nos locais
mais cuidadoso guardião dos mesmos. talhados sob medida e com acesso controlado. Os computadores não são
muito “inteligentes”, mas o que interessa é que podem calcular com muita
GESTÃO DOCUMENTAL rapidez. Somente hoje os computadores começam a ser capazes de tratar
de atividades mais “inteligentes”.
A gestão documental ou gestão de documentos é um ramo da Ao mesmo tempo, as organizações de menor tamanho buscam a má-
arquivística responsável pela administração de documentos nas fases quina de escrever elétrica, que se espalha durante os anos de 1960 e
corrente e intermediária (primeira e segunda idade). 1970. Por volta do fim dos anos de 1970 assiste-se à chegada de apare-
Em termos informáticos, a Gestão Documental é uma solução de lhos dedicados ao tratamento de textos. Ainda uma vez, os preços são tão
arquivo, organização e consulta de documentos em formato eletrônico elevados que somente as organizações bastante importantes têm condi-
onde existe toda a informação de natureza documental trocada entre os ções de usar essas máquinas. Ao mesmo tempo, as máquinas de escre-
utilizadores da aplicação. Esta solução permite a colaboração numa ver eletrônicas chegam ao mercado, mas sua utilização não se torna muito
organização através da partilha de documentos, beneficia e facilita os difundida em razão da chegada quase simultânea dos microcomputado-
processos de negócio de uma empresa. A Gestão Documental integrada res.
com outras soluções, como por exemplo, a digitalização, fax e email O aparecimento dos microcomputadores em 1980 muda radicalmente
permitem gerir toda a informação não estruturada (documentos) o quadro tecnológico. O computador pessoal custa menos que um auto-
importante da organização. Num processo de gestão documental o seu móvel. Hoje um computador custa muito menos que um carro e é capaz

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de executar as importantes operações que os grandes computadores do papel pode durar milhares de anos, mesmo em más condições. Pode-se
tipo mainframe não realizavam nos anos de 1960 e 1970. O novo ambien- maltratá-lo e mesmo assim ler facilmente o texto que está relatado sobre o
te, que se instala rapidamente, cria um problema de escala para os apare- papel. Ao contrário, os suportes eletrônicos são muito instáveis, mesmo
lhos administrativos, que se veem impossibilitados de seguir tantos de- nas melhores condições. A duração dos suportes eletrônicos é suficiente
senvolvimentos. para muitas situações, é claro, mas pouca para a conservação a longo
prazo dos arquivos. O problema é tributário do fato de que nossa tendên-
Por exemplo, a política do NARA (National Archives and Records Ad- cia é adotar, para fins de gestão da informação, as tecnologias criadas
ministration, nos Estados Unidos) sobre os arquivos ordinolingues está tão para outros fins.
mal estabelecida (aproximadamente 25 anos após o começo da informati-
zação), que a chegada da microinformática nos obriga a interrogar sobre a Para conjugar-se ao problema da longevidade dos suportes, tem-se
pertinência dessa política (Bergeron 1992,54). recorrido ao repiquage. Periodicamente, copia-se o sinal eletrônico sobre
um suporte novo a fim de assegurar sua sobrevida. Todavia, hoje, os
Aliás, os exemplos de perdas de arquivos eletrônicos importantes se desenvolvimentos tecnológicos estão de tal forma rápidos, que esta práti-
multiplicam: os dados do recenseamento americano de 1960, a primeira ca não é mais suficiente. Agora a mudança que precisa ser vista é a
mensagem de correio eletrônico em 1964, os dados sobre as florestas do "migração", ou seja, a prática não somente de copiar um documento
Brasil capturadas por satélite nos anos de 1970, os dados da NASA, e eletrônico antigo sobre um suporte novo, mas também de o converter a
assim por diante. Os exemplos americanos são característicos da situação uma versão mais recente do sistema operacional empregado para o
por toda parte do mundo. conceber, ou ainda em um outro sistema operacional mais normalizado e
A situação hoje capaz de o ler, a fim de assegurar sua consultabilidade a longo prazo.
Atualmente a capacidade dos computadores muda de modo radical e A interconectividade, representada atualmente pela Internet e pelo
muito velozmente, abalando assim os fundamentos teóricos do arquivis- Word Wibe Web, acrescenta uma dimensão nova à problemática. Não
mo. Nós transferimos para o ambiente informatizado as políticas desen- somente pode-se conectar dois computadores via rede telefônica, mas vê-
volvidas para os documentos sobre papel, mas a complexificação das se hoje redes inteiras de computadores interligadas em uma vasta super-
tecnologias e a influência dessas últimas sobre nossos métodos de traba- rede em escala mundial. Vê-se nesse contexto do desenvolvimento da
lho foram de tal ordem que essas políticas não são mais suficientes. O Infovia, numerosas vantagens para os depósitos dos arquivos: por exem-
documento eletrônico tornou-se um conjunto de relações ou de trechos de plo, a visibilidade, a difusão ampla das fontes, a facilidade de consulta
informação, podendo residir em diferentes arquivos (Bergeron 1992, 53). pelos usuários, a possibilidade do teletrabalho para os arquivistas. Mas
Por exemplo, o relatório anual de uma companhia pode consistir em até onde deveria ir esta presença? Dever-se-ia contentar com informações
arquivos de texto, cada um redigido por uma pessoa diferente, empregan- gerais num resumo das fontes, ou seria melhor colocar em linha os ins-
do um processador textual diferente num ambiente informático diverso. trumentos de pesquisa, os planos de classificação, os calendários de
Pode-se encontrar na relação das fotos e outros gráficos criados com conservação, e eventualmente o texto inteiro de documentos manuscritos?
outros sistemas operacionais, assim como os quadros estatísticos criados Dever-se-ia fornecer o acesso via as redes às nossas bases de dados,
com diferentes sistemas operacionais, e ainda gráficos gerados por outros aos documentos eletrônicos, às imagens de documentos manuscritos?
sistemas, tudo reunido em um documento eletrônico colocado em página Por outro lado, esse novo mundo nos apresenta um problema filosófi-
para a impressão sobre papel ainda por outro sistema operacional, e ainda co: sobre a Infovia, há uma verdadeira distinção entre arquivos numéricos
com uma versão diversa para ser instalada no Web. O leitor recebe um e bibliotecas numéricas ( “ arquivos digitais” e “bibliotecas digitais”)? Se
simples documento em papel, mas o arquivista responsável pelo docu- todos os textos são conservados em formato eletrônico, em que a cópia
mento eletrônico deve pensar a organização para a armazenagem, a original é estocada num computador para consulta através das redes, ou
marcação e a preservação de todos esses arquivos, bem como a relação seja, se um documento de arquivo torna-se um fichário informático e se
entre eles. um livro torna-se também um fichário informático, podemos ainda distin-
Outro problema de capacidade: não se pode mais conservar a infor- guir as bibliotecas dos arquivos (Preserving digital information 1996, 7)?
mação apenas em formato linear. O hipertexto e as ligações hipertextuais Esse problema demonstra a que ponto as mudanças tecnológicas são
e hipermidiáticas, assim como as estruturas relacionais das bases de profundas.
dados, acrescentam uma outra dimensão e complexificam mais o proble- Nesse complexo contexto, os metadados, essas camadas de dados
ma. Por outro lado, a chegada dos arquivos multimídia torna mais comple- adicionais que utilizamos para descrever e organizar os dados contidos
xos do que nunca os arquivos eletrônicos (Bergeron 1992,53). nos documentos eletrônicos, ganham muita importância. Há múltiplos tipos
Outros fatores importantes que contribuem para as mudanças funda- de metadados: para a apresentação do documento (por exemplo, os sinais
mentais nas teorias e nas práticas, quando se trabalha com os documen- de estilos, de caracteres itálicos), para exprimir suas relações com outros
tos eletrônicos, são a dependência diante da mídia e dos aparelhos, a documentos (por exemplo, de linhas, de pontos), para exprimir a cataloga-
impossibilidade de entrevistar os aparelhos, a volatilidade da informação, ção, a classificação, a indexação (os pontos de acesso para o tema), para
sua segurança e sua integridade, e a proliferação de formatos proprietá- gerir o fichário informático (por exemplo, as informações técnicas concer-
rios, de sistemas de exploração, de sistemas operacionais, de versões nentes ao formato do fichário), etc.. Porém, é sobretudo a normalização
desses sistemas operacionais, bem como o preço do desenvolvimento de dos metadados que é de uma importância capital nesse contexto. Se se
tudo isso. deseja permitir o acesso a muita informação via redes, tem-se todo o
interesse em normalizar práticas de descrição e de organização, senão o
Breve, no espaço de trinta anos, a natureza da matéria de que tratam usuário será obrigado a aprender a linguagem de cada novo sistema com
os arquivistas terá mudado radicalmente. Deve-se já distinguir o conceito o qual deseja trabalhar.
de suporte daquele de informação. Antes, como a informação estava
sempre integrada ao suporte, tratavam-se os dois ao mesmo tempo e Muitas iniciativas nesse sentido foram empreendidas, por exemplo, as
pensavam-se nos dois como sendo uma coisa só: um documento. Para Regras para a Descrição dos Documentos de Arquivos (RDDA, no Cana-
adaptar a expressão de Negroponte (1995), antes tratavam-se dos áto- dá), a Encoded Archival Description (EAD, nos Estados Unidos), a Stan-
mos, hoje tratam-se dos bits. dart Generalized Markup Language (SGML, norma ISO 8879), e a Duplin
Core, a Wrawick Framework e seus sucessores (15 elementos de base
Questões atuais para a comunicação de documentos em rede). Resta ainda muito trabalho
Para os fins de nossa apresentação hoje, dividimos as questões em a fazer, especialmente o aperfeiçoamento das normas e sua implantação
cinco categorias: os documentos e seus suportes, a interconectividade, a universal de forma independente dos sistemas operacionais e do material
normalização, a conversão e a preservação. Os documentos e seus informático. O que nos permite ser otimistas é que, a longo prazo, sere-
suportes: A tendência para a numerização faz com que quase a totalidade mos os conservadores de documentos altamente estruturados e onde as
dos arquivos seja já criado em formato informático. É claro, pode-se informações concernentes à estrutura e à organização desses documen-
encontrar exceções; entretanto, essa tendência é clara. Ora, o antigo tos "viajem" através das redes com os documentos como parte integrante

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de tudo isso, não importando onde estão os diversos destinatários eletrô- A título de exemplo do que estes algarismos representam em um caso
nicos pelo mundo afora. Com a sistematização das práticas, passa-se de concreto, pode-se notar que o sistema “Cineon de Kodak”, um dos poucos
um mundo tecnológico caótico a um mundo ordenado. sistemas disponíveis para a numeração da imagem em movimento, ne-
cessitaria de 33 grossos cassetes para estocar este filme, ao custo de
Para chegar a um mundo no qual toda a informação está em formato 13.000 $ US pela fita magnética somente! Além disto, o sistema necessita-
eletrônico e acessível a quem possua um computador e uma ligação com ria de 110 horas para converter a imagem em movimento do formato
as redes, precisaria considerar a conversão maciça dos fichários já exis- analógico ao formato numérico. Isto se traduz por mais de uma hora de
tentes, senão não se poderia consultar as informações mais recentes. tratamento por minuto de filme. Não falamos ainda de custos de tratamen-
Como assinalava Clifford Lynch, este importante observador das ativida- to. E com tudo isso, seria necessário transplantar cassetes em dez ou
des das grandes redes, se se confia nas informações disponíveis em vinte anos para evitar a perda de todo esse trabalho!
linha, teremos a impressão de que a história da raça humana sobre a terra
começou em 1970. Que fazer então com as informações acumuladas em Como os suportes numéricos não são confiáveis para a conservação
nossos depósitos depois de séculos? a longo prazo, enaltece-se às vezes a impressão sobre papéis do código
informático codificado em algarismos 1 e 0, em razão das propriedades de
É preciso demonstrar se a conversão dos fichários existentes é dese- conservação a longo praz do papel. Mais tarde um sistema operacional de
jável, se ela é necessária, se ela é possível. No momento, entretanto, há reconhecimento ótico de caracteres lerá o código para reconstituir o
obstáculos importantes, especialmente as infra-estruturas atuais, o estado fichário informático. Para a imagem em movimento, esta prática não será
das tecnologias e os custos necessários. Tomemos por exemplo o estado nada prática, pois um cálculo rápido nos dá os algarismos seguintes,
dos numériseurs e os sistemas operacionais de reconhecimento ótico de baseados sobre um sistema que permite a resolução comandada de 320
caracteres (ROC). O alvo desses últimos é permitir a conversão de docu- milhões de pixels por imagem: a 24 imagens/segundo, serão necessários
mentos impressos sobre papel e fichários tratáveis por computador e isso aproximadamente 8 bilhões de pixels/segundo de filme 35mm. No ritmo de
a custo abordável. Mas os melhores sistemas operacionais atuais não 6000 bits/página (quando se datilografa com entrelinha simples, calcula-se
fazem prova de uma taxa de resultados além de 97% ou 98% (Linke 1997, 3000), contaremos 5600 páginas (uma pilha de aproximadamente 5m) por
70). Em princípio, isso pode parecer muito elevado, mas quando se consi- cada segundo de filme, e portanto 180 m3 por minuto de filme, vale dizer,
dera que aquilo se traduz por cerca de trinta erros por folha A4 datilogra- 16 km de espaço para estocar nosso filme de 90 minutos! Decididamente,
fada em espaço duplo, compreende-se facilmente que a intervenção não se poderá considerar a numeração das coleções de imagem em
humana é necessária para efetuar a correção de cada página antes que a movimento antes de encontrar maneiras mais econômicas de estocar os
possamos considerar como consultável. fichários assim criados.
Por outro lado, seria necessário prever muitas vezes não apenas a Considerando a preservação e a conservação dos arquivos eletrôni-
conversão de textos em octetos, mas também uma restruturação dos cos, podemos nos voltar um pouco para as conclusões do grupo de traba-
dados. Por exemplo, um fichário de informação estocado sobre fichas de lho sobre a preservação dos arquivos numéricos (Preserving digital infor-
cartão tomará sem dúvida a forma de uma base de dados. É preciso não mation 1996, 37). Este grupo de trabalho conclui que a responsabilidade
somente prever os campos evidentes nas estruturas, mas também de primeira para a informação numérica permanece com os criadores, os
outros para acomodar a informação analógica e aquela que pode ser fornecedores e, eventualmente, os proprietários. Além disso, o grupo
acrescentada à mão sobre as fichas, senão há perda de informações. enaltece a criação de uma infra-estrutura muito profunda (deep infrastruc-
Consideremos igualmente o caso da dimensão dos fichários de ima- ture) capaz de suportar um sistema distribuído de dados. Na disposição de
gens de páginas, fichários onde o texto não é tratável por computadores, uma tal estrutura, criar-se-á um processo de certificação de organizações
mas que se pode ler sobre uma tela. A uma resolução de 400 pontos por capazes de estocar, de migrar e abastecer o acesso às coleções numéri-
polegada (ppp), se conta em torno de 85Ko/página. Porém, quando me- cas. Estas organizações certificadas teriam o direito legal de intervir pela
lhora-se a resolução para 600 ppp, ele nos custa em espaço de estoca- salvaguarda de documentos depositados alhures, em caso de perigo de
gem cerca de 500 Ko/página. Para atender a resolução do microfilme, destruição, seja por uma ameaça física à integridade dos documentos,
precisaria escanear a 1000 ppp. A título de exemplo desse problema à seja por uma mudança de políticas de conservação em outro lugar, devido
escala de um arquivo, nota-se que para contar o estado civil dos habitan- à privatização de um arquivo, por exemplo.
tes de Québec, em torno de 18 milhões de certidões, ele custará 650 Go Obstáculos à automação
de espaço de estocagem para registrar somente as imagens desses
dados, que não estarão ainda em formato de fichários manipuláveis para Nesta parte, resume-se brevemente alguns obstáculos atuais à auto-
uso, sem falar nos trinta meses de trabalho para efetuar essa pesquisa mação dos arquivos. Em nível das infra-estruturas, a banda frequentada
(Lubkov 1997, 42). terá necessidade de ser acrescida consideravelmente antes que se possa
responder convenientemente às necessidades dos usuários cujo número
Para disfarçar os problemas desses fichários de imagens que permi- não cessa de crescer. Devemos prever eventualmente o acesso universal
tem ao usuário ver a colocação de um texto na página, mas que não o à Internet e seus sucessores, como é o caso do correio à escala internaci-
permite manipular os dados, desenvolve-se atualmente linguagens de onal, ou ainda do telefone. Lembremos que no momento somente uma
descrição de páginas. Isto acrescentou uma camada de metadados, ínfima parte da população global está em linha, e que mesmo nos países
permitindo afixar o texto com a sua colocação na página exigida, e substi- industrializados falamos apenas de dez ou quinze por cento da população.
tuirão, pode-se esperar, esses sistemas operacionais intermitentes tal
como o Acrobat d’Adobe, que oferece uma colocação em página que A questão da “prisão ASCIL”, expressão de Mitchell Kapor para de-
exige muita memória informática, mas que está sempre em forma de ficha signar o problema das línguas não inglesas que lutam para ostentar suas
não manipulável, como uma telecópia. marcas diacríticas no meio informático, é extremamente importante no
contexto das redes. A “consortium Unicode” trabalha há vários anos para
Os problemas associados à imagem fixa e em movimento são ainda desenvolver um código informático que dê conta de todas as línguas
mais importantes. A questão mais notável associada a esse gênero de escritas, mas esse código toma 16 bits de memória para cada caracter
documentos é a dimensão dos fichários quando esses documentos são comparado a 7 ou 8 para os dados codificados em ASCIL, e os produtores
informatizados. Para a imagem fixa, não há mais problema com as sim- de sistemas operacionais não os adotam muito rapidamente. Todavia,
ples imagens em preto e branco, mas cada pixel que compõe a imagem com o desenvolvimento das soluções a baixo custo dos problemas de
tem necessidade de muito mais profundidade para exprimir as cores, e estocagem e de tratamento, este problema importante vai, sem dúvida, ser
assim mais memória informática. Para uma imagem em torno de 20 cm solucionado num futuro não muito distante. Um passo importante: a “World
por 25 cm, é preciso mais ou menos 1Mo de memória. Para a imagem em Wide Web Consortium” vem de anunciar (julho 1997) a publicação da
movimento, sem compressão, necessita-se 40 Mo/imagens. A taxa de primeira versão de trabalho da HTML 4, a qual adota como jogo de carac-
affichage do filme é de 24 imagens/segundo, e do vídeo, 30 ima- teres a “Unicode”.
gens/segundo. O custo em memória para estocar um filme de 90 minutos
é então de 960 Mo por segundo de filme, e então de 59,6 Go por minuto e Ao nível dos suportes físicos, o obstáculo principal é sua instabilidade.
de 3,5 To/hora, ou seja, aproximadamente 5 To por 90 minutos de filme. É necessário encontrar soluções neste nível para evitar que estejamos
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eternamente condenados a substituir a intervalos relativamente curtos a PROCEDIMENTOS GERAIS PARA UTILIZAÇÃO DOS
totalidade de arquivos que possuímos. No momento, não há nada além de SERVIÇOS DE PROTOCOLO
tecnologias experimentais, mas é preciso crer que o problema será resol-
vido eventualmente. Passa-se sob silêncio os problemas de deterioração 1. OBJETIVO
química e biológica.
Esta norma tem por objetivo equalizar os procedimentos gerais refe-
Ao nível do endocage, assinalemos os problemas de integridade e au- rentes à gestão de processos e correspondência, com a finalidade de criar
tenticidade dos dados. Os arquivistas precisam ter confiança de que os bases para a implantação de sistemas informatizados unificados no âmbi-
documentos informáticos dos quais eles têm a guarda não podem ser to a que se destina.
alterados, e que o documento que eles oferecem aos usuários por consul-
ta é o mesmo que eles receberam por arquivo. 2. CONCEITOS E DEFINIÇÕES
Ao nível dos sistemas operacionais, tem-se a necessidade de desen- Para efeito desta norma, foram utilizados os seguintes conceitos e de-
volver os sistemas melhor integrados às necessidades dos arquivistas e finições:
dos usuários, tanto ao nível das linhas diretas entre os sistemas de gestão AUTUAÇÃO E/OU FORMAÇÃO DE PROCESSO - É o termo que ca-
e documentos quanto ao nível da interação pessoa-máquina. Visto desta racteriza a abertura do processo. Na formação do processo deverão ser
última perspectiva, os sistemas operacionais disponíveis atualmente são observados os documentos cujo conteúdo esteja relacionado a ações e
bastante penosos, não recorrem senão de maneira muito primitiva aos operações contábeis financeiras, ou requeira análises, informações,
aparelhos cognitivos dos usuários. despachos e decisões de diversas unidades organizacionais de uma
Como vimos, a conversão dos fichários permanece um problema im- instituição.
portante por várias razões. Podemos assinalar particularmente as dificul- CORRESPONDÊNCIA - É toda espécie de comunicação escrita, que
dades de conversão de fichários de ordem técnica e aqueles de ordem circula nos órgãos ou entidades, à exceção dos processos.
econômica. Além disso, teríamos vantagem em considerar como inaceitá- Quanto à natureza: A correspondência classifica-se em interna e ex-
vel a prática atual de versar os dados nos sistemas de informação sem terna, oficial e particular, recebida e expedida.
controle de qualidade, ao dizer que se fará correções mais tarde. Muito
frequentemente vimos que as condições econômicas não permitem essas a) Interna e externa
correções. As pessoas que administram os orçamentos têm a impressão A correspondência interna é mantida entre as unidades do órgão ou
de que os trabalhos estão completos, e são os usuários que sofrem a entidade.
utilização desses dados não verificados e não corrigidos. Como é o caso A correspondência externa é mantida entre os órgãos ou entidades da
em qualquer ouro lugar, o controle de qualidade é importante no arquiva- Administração Pública Federal.
mento de dados eletrônicos. b) Oficial e particular
Terminando, analisaremos o problema considerável da pilha de fichá- A correspondência oficial é a espécie formal de comunicação mantida
rios necessária para a estocagem de imagens em movimento quando entre os órgãos ou entidades da Administração Pública Federal ou destes
estas últimas são numerosas, os problemas arquivísticos associados à para outros órgãos públicos ou empresas privadas.
compreensão de imagens para melhor estocá-las, o trabalho considerável
A correspondência particular é a espécie informal de comunicação uti-
requerido para efetuar os trabalhos de conversão, os custos implicados
lizada entre autoridades ou servidores e instituições ou pessoas estranhas
nesse processo, e o problema ao nível da infra-estrutura incapaz de tratar
à Administração Pública Federal.
convenientemente esses enormes fichários.
c) Recebida e expedida
Soluções a longo prazo Apesar dos numerosos e importantes proble-
mas associados atualmente aos arquivos automatizados, podemos ainda A correspondência recebida é aquela de origem interna ou externa re-
assim esperar ver melhoras consideráveis a curto, médio e longo prazo. A cebida pelo protocolo central ou setorial do órgão ou entidade.
importância dos trabalhos em curso nos deixa crer que se verá o controle A expedição é a remessa da correspondência interna ou externa no
dos dados desde sua criação até sua disposição eventual, seja por elimi- âmbito da Administração Pública Federal.
nação, seja por sua instituição como arquivos permanentes. Nossos DESAPENSAÇÃO - É a separação física de processos apensados.
métodos, nossos processos, nossas práticas, nossas normas serão esta- DESENTRANHAMENTO DE PEÇAS - É a retirada de peças de um
bilzadas eventualmente. O turbilhão tecnológico no qual nos encontramos processo, que poderá ocorrer quando houver interesse da Administração
atualmente dará lugar aos métodos normalizados, sobre os quais traba- ou a pedido do interessado.
lhamos atualmente.
DESMEMBRAMENTO – É a separação de parte da documentação de
No que concerne aos computadores, esses instrumentos de trabalho um ou mais processos para formação de novo processo; o desmembra-
tão importantes à nossa vida, veremos bem eventualmente a chegada de mento de processo dependerá de autorização e instruções específicas do
computadores melhor “educados” para responder a nossas necessidades. órgão interessado.
Eles serão capazes de detectar um problema de funcionamento que
DESPACHO – Decisão proferida pela autoridade administrativa em caso
experimentamos, por exemplo, e intervir de maneira interativa para nos
que lhe é submetido à apreciação; o despacho pode ser favorável ou desfa-
apontar as soluções possíveis. Veremos disponíveis em linha de demons-
vorável à pretensão solicitada pelo administrador, servidor público ou não.
trações vídeo para nos mostrar como executar tal função, como executar
tal tarefa, efetuar tal manobra informática. Além disso, o desenvolvimento DILIGÊNCIA – É o ato pelo qual um processo que, tendo deixado de
de tipos de memória viva e morta que não se apagam automaticamente ou atender as formalidades indispensáveis ou de cumprir alguma disposição
que não se corrompem em função de uma falha de eletricidade nos permi- legal, é devolvido ao órgão que assim procedeu, a fim de corrigir ou sanar
te assegurar nossos temores psicológicos face a nossas relações com as falhas apontadas.
esses instrumentos que têm uma importância tão grande em nossas vidas. DISTRIBUIÇÃO - É a remessa do processo às unidades que decidirão
Veremos eventualmente a automatização de procedimentos de salvaguar- sobre a matéria nele tratada.
da, de formação de usuários, de migração de dados e de outras funções DOCUMENTO - É toda informação registrada em um suporte materi-
arquivistas. Finalmente, com o tempo assistiremos sem dúvida ao desen- al, suscetível de consulta, estudo, prova e pesquisa, pois comprova fatos,
volvimento de suportes informáticos tão inabaláveis quanto o velho papel. fenômenos, formas de vida e pensamentos do homem numa determinada
Terminando, será bom lembrar que nós nos encontramos atualmente época ou lugar.
no meio desse turbilhão tecnológico, que o papel que representamos De acordo com seus diversos elementos, formas e conteúdos, os do-
neste momento é de uma grande importância histórica, pois é a presente cumentos podem ser caracterizados segundo o gênero, a espécie e a
geração de arquivistas que assegura a transição entre dois mundos tecno- natureza, conforme descrito a seguir.
lógicos fundamentalmente diferentes um do outro. É na gestão dessa a) Caracterização quanto ao gênero
transição que nós podemos tirar vantagem de nossas atividades para os
próximos anos. Tradução de Andréa Araújo do Vale, Carla da Silva Migue- Documentos textuais: São os documentos manuscritos, datilografados
lote e Rejane Moreira. ou impressos;

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Documentos cartográficos: São os documentos em formatos e dimen- c) se contém o comprovante de recebimento, e providenciar a respec-
sões variáveis, contendo representações geográficas arquitetônicas ou de tiva devolução;
engenharia. Ex.: mapas, plantas e perfis;
d) se a correspondência será autuada ou não;
Documentos iconográficos: São documentos em suporte sintético, em
papel emulsionado, contendo imagens estáticas. Ex.: fotografias (diaposi- A seguir, tratar o documento conforme os procedimentos descritos
tivos, ampliações e negativos fotográficos), desenhos e gravuras; abaixo, destinados à correspondência ou processo, conforme o caso.
Documentos filmográficos: São documentos em películas cinemato- Nenhuma correspondência poderá permanecer por mais de 24h (vinte
gráficas e fitas magnéticas de imagem (tapes), conjugadas ou não a trilhas e quatro horas) nos protocolos, salvo aquelas recebidas às sextas-feiras,
sonoras, com bitolas e dimensões variáveis, contendo imagens em movi- véspera de feriados ou pontos facultativos.
mento. Ex.: filmes e fitas vídeomagnéticas;
Documentos sonoros: São os documentos com dimensões e rotações
variáveis, contendo registros fonográficos. Ex.: discos e fitas audiomagné- 4. PROCEDIMENTOS COM RELAÇÃO À CORRESPONDÊNCIA
ticas;
a) Toda correspondência oficial expedida deverá conter, para sua
Documentos micrográficos: São documentos em suporte fílmico resul- identificação em sistema próprio, a espécie do documento e o órgão
tante da microrreprodução de imagens, mediante utilização de técnicas emissor, seguido da sigla da unidade, do número de ordem, destinatário,
específicas. Ex.: rolo, microficha, jaqueta e cartão-janela; assunto e da data da emissão.
Documentos informáticos: São os documentos produzidos, tratados e A correspondência oficial expedida será encaminhada por intermédio
armazenados em computador. Ex.: disco flexível (disquete), disco rígido do protocolo central do órgão ou entidade, por meio dos serviços da
(Winshester) e disco óptico. empresa de correios, ou utilizando-se de meios próprios para efetuar a
b) Caracterização quanto à espécie entrega.
Atos normativos: Expedidos por autoridades administrativas, com a fi- A correspondência oficial interna será encaminhada por intermédio do
nalidade de dispor e deliberar sobre matérias específicas. Ex.: medida protocolo setorial;
provisória, decreto, estatuto, regimento, regulamento, resolução, portaria,
instrução normativa, ordem de serviço, decisão, acórdão, despacho deci- Toda correspondência oficial expedida será acondicionada em enve-
sório, lei; lope, contendo, no canto superior esquerdo, o nome, cargo, endereço do
destinatário, a espécie e número da correspondência, bem como nome e
Atos enunciativos: São os opinativos, que esclarecem os assuntos, vi- endereço do remetente, a fim de, em caso de devolução, a empresa de
sando a fundamentar uma solução. Ex.: parecer, relatório, voto, despacho correios o localize, conforme modelo a seguir:
interlocutório;
Ex.: Ressalta-se que o documento oficial faz referência ao cargo do
Atos de assentamento: São os configurados por registros, consubs- destinatário e não à pessoa que o ocupa; portanto, quando um documento
tanciando assentamento sobre fatos ou ocorrências. Ex.: apostila, ata, oficial for encaminhado para um destinatário que não ocupe mais o cargo,
termo, auto de infração; deverá ser aberto, para as providências cabíveis.
Atos comprobatórios: São os que comprovam assentamentos, deci-
b) A correspondência particular não será expedida pelas unidades de
sões etc. Ex.: traslado, certidão, atestado, cópia autêntica ou idêntica;
protocolo central ou setorial do órgão ou entidade.
Atos de ajuste: São representados por acordos em que a Administra-
ção Pública Federal, Estadual ou Municipal - é parte. Ex: tratado, convê- A correspondência de caráter particular recebida pelas unidades de
nio, contrato, termos (transação, ajuste etc.) e, protocolo central ou setorial deverá ser encaminhada diretamente ao
destinatário.
Atos de correspondência: Objetivam a execução dos atos normativos,
em sentido amplo. Ex: aviso, ofício, carta, memorando, mensagem, edital,
intimação, exposição de motivos, notificação, telegrama, telex, telefax,
alvará, circular. c) Correspondência Recebida e expedida
c) Caracterização quanto à natureza Correspondência Recebida
Documentos Secretos: São os que requerem rigorosas medidas de A correspondência recebida será entregue no protocolo central de ca-
segurança e cujo teor ou característica possam ser do conhecimento de da órgão ou entidade da Administração Pública Federal, para posterior
servidores que, embora sem ligação íntima com seu estudo e manuseio, distribuição.
sejam autorizados a deles tomarem conhecimento em razão de sua res-
ponsabilidade funcional; Remetente
Nome:
Documentos Urgentes: São os documentos cuja tramitação requer
Cargo ou função:
maior celeridade que a rotineira. Ex.: Pedidos de informação oriundos do
Unidade:
Poder Executivo, do Poder Judiciário e das Casas do Congresso Nacional;
Órgão:
mandados de segurança; licitações judiciais ou administrativas; pedidos
Endereço:
de exoneração ou dispensa; demissão; auxílio - funeral; diárias para
CEP:
afastamento da Instituição; folhas de pagamento; outros que, por conveni-
ência da Administração ou por força de lei, exijam tramitação preferencial. Espécie: nº. /Ano:
Destinatário
Documentos Ostensivos: São documentos cujo acesso é irrestrito; Pronome de tratamento
Documentos Reservados: São aqueles cujo assunto não deva ser do Nome:
conhecimento do público em geral. Cargo ou função:
Unidade:
RECEBIMENTO, REGISTRO E DISTRIBUIÇÃO DE DOCUMENTOS Órgão:
Endereço:
Ao receber a correspondência e proceder à abertura do envelope, o CEP:
protocolo setorial deverá observar:
a) se está assinado pelo próprio remetente, por seu representante le- O protocolo central receberá a correspondência e verificará se o des-
gal ou procurador, caso em que deverá ser anexado o instrumento de tinatário ou a unidade pertencem ou não ao órgão ou entidade; em caso
procuração; negativo, devolverá a correspondência ao remetente, apondo o carimbo, e
identificando o motivo da devolução.
b) se está acompanhado dos respectivos anexos, se for o caso;

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APOSTILAS OPÇÃO
As unidades de protocolo central remeterão a correspondência lacra- VI - disponibilidade: qualidade da informação que pode ser conhecida
da, ao protocolo setorial da unidade à qual pertença o destinatário, contro- e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sistemas autorizados;
lando por meio de sistema próprio. VII - autenticidade: qualidade da informação que tenha sido produzi-
da, expedida, recebida ou modificada por determinado indivíduo, equipa-
d) Correspondência Expedida mento ou sistema;
O controle da expedição de correspondência caberá ao respectivo VIII - integridade: qualidade da informação não modificada, inclusive
protocolo setorial, responsável pela numeração, que deverá ser sequen- quanto à origem, trânsito e destino;
cial, numérico-cronológica e iniciada a cada ano. IX - primariedade: qualidade da informação coletada na fonte, com o
máximo de detalhamento possível, sem modificações.
O protocolo central do órgão ou da entidade manterá um controle da Art. 5o É dever do Estado garantir o direito de acesso à informação,
expedição de correspondência, a fim de informar aos usuários, sua locali- que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma
zação, em tempo real. transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão.

LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011. CAPÍTULO II


Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DIVULGAÇÃO
inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da Constituição Federal; Art. 6o Cabe aos órgãos e entidades do poder público, observadas as
altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei no 11.111, normas e procedimentos específicos aplicáveis, assegurar a:
de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de I - gestão transparente da informação, propiciando amplo acesso a ela
1991; e dá outras providências. e sua divulgação;
II - proteção da informação, garantindo-se sua disponibilidade, auten-
CAPÍTULO I ticidade e integridade; e
DISPOSIÇÕES GERAIS III - proteção da informação sigilosa e da informação pessoal, obser-
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem observados vada a sua disponibilidade, autenticidade, integridade e eventual restrição
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim de garantir o de acesso.
acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § Art. 7o O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, en-
3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal. tre outros, os direitos de obter:
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei: I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de acesso,
I - os órgãos públicos integrantes da administração direta dos Poderes bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou obtida a informa-
Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Judiciário e do ção almejada;
Ministério Público; II - informação contida em registros ou documentos, produzidos ou
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não a arquivos
sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou públicos;
indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade
Art. 2o Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, às enti- privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades,
dades privadas sem fins lucrativos que recebam, para realização de ações mesmo que esse vínculo já tenha cessado;
de interesse público, recursos públicos diretamente do orçamento ou IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada;
mediante subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria, V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades,
convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos congêneres. inclusive as relativas à sua política, organização e serviços;
Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas as entidades VI - informação pertinente à administração do patrimônio público, utili-
citadas no caput refere-se à parcela dos recursos públicos recebidos e à zação de recursos públicos, licitação, contratos administrativos; e
sua destinação, sem prejuízo das prestações de contas a que estejam VII - informação relativa:
legalmente obrigadas. a) à implementação, acompanhamento e resultados dos programas,
Art. 3o Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a assegu- projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem como metas e
rar o direito fundamental de acesso à informação e devem ser executados indicadores propostos;
em conformidade com os princípios básicos da administração pública e b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas de
com as seguintes diretrizes: contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, incluindo
I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como prestações de contas relativas a exercícios anteriores.
exceção; § 1o O acesso à informação previsto no caput não compreende as in-
II - divulgação de informações de interesse público, independente- formações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimento científicos
mente de solicitações; ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e
III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia do Estado.
da informação; § 2o Quando não for autorizado acesso integral à informação por ser
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na ad- ela parcialmente sigilosa, é assegurado o acesso à parte não sigilosa por
ministração pública; meio de certidão, extrato ou cópia com ocultação da parte sob sigilo.
V - desenvolvimento do controle social da administração pública. § 3o O direito de acesso aos documentos ou às informações neles
Art. 4o Para os efeitos desta Lei, considera-se: contidas utilizados como fundamento da tomada de decisão e do ato
I - informação: dados, processados ou não, que podem ser utilizados administrativo será assegurado com a edição do ato decisório respectivo.
para produção e transmissão de conhecimento, contidos em qualquer § 4o A negativa de acesso às informações objeto de pedido formula-
meio, suporte ou formato; do aos órgãos e entidades referidas no art. 1o, quando não fundamentada,
II - documento: unidade de registro de informações, qualquer que seja sujeitará o responsável a medidas disciplinares, nos termos do art. 32
o suporte ou formato; desta Lei.
III - informação sigilosa: aquela submetida temporariamente à restri- § 5o Informado do extravio da informação solicitada, poderá o inte-
ção de acesso público em razão de sua imprescindibilidade para a segu- ressado requerer à autoridade competente a imediata abertura de sindi-
rança da sociedade e do Estado; cância para apurar o desaparecimento da respectiva documentação.
IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa natural identifi- § 6o Verificada a hipótese prevista no § 5o deste artigo, o responsável
cada ou identificável; pela guarda da informação extraviada deverá, no prazo de 10 (dez) dias,
V - tratamento da informação: conjunto de ações referentes à produ- justificar o fato e indicar testemunhas que comprovem sua alegação.
ção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução, transporte, Art. 8o É dever dos órgãos e entidades públicas promover, indepen-
transmissão, distribuição, arquivamento, armazenamento, eliminação, dentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil acesso, no
avaliação, destinação ou controle da informação; âmbito de suas competências, de informações de interesse coletivo ou
geral por eles produzidas ou custodiadas.

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APOSTILAS OPÇÃO
§ 1o Na divulgação das informações a que se refere o caput, deverão Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou conceder o
constar, no mínimo: acesso imediato à informação disponível.
I - registro das competências e estrutura organizacional, endereços e § 1o Não sendo possível conceder o acesso imediato, na forma dis-
telefones das respectivas unidades e horários de atendimento ao público; posta no caput, o órgão ou entidade que receber o pedido deverá, em
II - registros de quaisquer repasses ou transferências de recursos fi- prazo não superior a 20 (vinte) dias:
nanceiros; I - comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta, efetuar
III - registros das despesas; a reprodução ou obter a certidão;
IV - informações concernentes a procedimentos licitatórios, inclusive II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou parcial,
os respectivos editais e resultados, bem como a todos os contratos cele- do acesso pretendido; ou
brados; III - comunicar que não possui a informação, indicar, se for do seu co-
V - dados gerais para o acompanhamento de programas, ações, pro- nhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda, remeter o
jetos e obras de órgãos e entidades; e requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o interessado da
VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade. remessa de seu pedido de informação.
§ 2o Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos e entidades § 2o O prazo referido no § 1o poderá ser prorrogado por mais 10 (dez)
públicas deverão utilizar todos os meios e instrumentos legítimos de que dias, mediante justificativa expressa, da qual será cientificado o requeren-
dispuserem, sendo obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede te.
mundial de computadores (internet). § 3o Sem prejuízo da segurança e da proteção das informações e do
§ 3o Os sítios de que trata o § 2o deverão, na forma de regulamento, cumprimento da legislação aplicável, o órgão ou entidade poderá oferecer
atender, entre outros, aos seguintes requisitos: meios para que o próprio requerente possa pesquisar a informação de que
I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o acesso à necessitar.
informação de forma objetiva, transparente, clara e em linguagem de fácil § 4o Quando não for autorizado o acesso por se tratar de informação
compreensão; total ou parcialmente sigilosa, o requerente deverá ser informado sobre a
II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos formatos eletrôni- possibilidade de recurso, prazos e condições para sua interposição, de-
cos, inclusive abertos e não proprietários, tais como planilhas e texto, de vendo, ainda, ser-lhe indicada a autoridade competente para sua aprecia-
modo a facilitar a análise das informações; ção.
III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos em for- § 5o A informação armazenada em formato digital será fornecida nes-
matos abertos, estruturados e legíveis por máquina; se formato, caso haja anuência do requerente.
IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para estruturação da § 6o Caso a informação solicitada esteja disponível ao público em
informação; formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro meio de acesso univer-
V - garantir a autenticidade e a integridade das informações disponí- sal, serão informados ao requerente, por escrito, o lugar e a forma pela
veis para acesso; qual se poderá consultar, obter ou reproduzir a referida informação, pro-
VI - manter atualizadas as informações disponíveis para acesso; cedimento esse que desonerará o órgão ou entidade pública da obrigação
VII - indicar local e instruções que permitam ao interessado comuni- de seu fornecimento direto, salvo se o requerente declarar não dispor de
car-se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou entidade detentora meios para realizar por si mesmo tais procedimentos.
do sítio; e Art. 12. O serviço de busca e fornecimento da informação é gratuito, salvo
VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a acessibilidade de nas hipóteses de reprodução de documentos pelo órgão ou entidade pública
conteúdo para pessoas com deficiência, nos termos do art. 17 da Lei no consultada, situação em que poderá ser cobrado exclusivamente o valor
10.098, de 19 de dezembro de 2000, e do art. 9o da Convenção sobre os necessário ao ressarcimento do custo dos serviços e dos materiais utilizados.
Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislativo Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os custos previstos no
no 186, de 9 de julho de 2008. caput todo aquele cuja situação econômica não lhe permita fazê-lo sem
§ 4o Os Municípios com população de até 10.000 (dez mil) habitantes prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos termos da Lei no
ficam dispensados da divulgação obrigatória na internet a que se refere o 7.115, de 29 de agosto de 1983.
§ 2o, mantida a obrigatoriedade de divulgação, em tempo real, de informa- Art. 13. Quando se tratar de acesso à informação contida em documen-
ções relativas à execução orçamentária e financeira, nos critérios e prazos to cuja manipulação possa prejudicar sua integridade, deverá ser oferecida a
previstos no art. 73-B da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000 consulta de cópia, com certificação de que esta confere com o original.
(Lei de Responsabilidade Fiscal). Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção de cópias, o inte-
Art. 9o O acesso a informações públicas será assegurado mediante: ressado poderá solicitar que, a suas expensas e sob supervisão de servi-
I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos órgãos e enti- dor público, a reprodução seja feita por outro meio que não ponha em
dades do poder público, em local com condições apropriadas para: risco a conservação do documento original.
a) atender e orientar o público quanto ao acesso a informações; Art. 14. É direito do requerente obter o inteiro teor de decisão de ne-
b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas respectivas gativa de acesso, por certidão ou cópia.
unidades; Seção II
c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a informações; e Dos Recursos
II - realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à partici- Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informações ou às ra-
pação popular ou a outras formas de divulgação. zões da negativa do acesso, poderá o interessado interpor recurso contra
CAPÍTULO III a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua ciência.
DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade hierarquica-
Seção I mente superior à que exarou a decisão impugnada, que deverá se mani-
Do Pedido de Acesso festar no prazo de 5 (cinco) dias.
Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de acesso a Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do
informações aos órgãos e entidades referidos no art. 1o desta Lei, por Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-
qualquer meio legítimo, devendo o pedido conter a identificação do reque- Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se:
rente e a especificação da informação requerida. I - o acesso à informação não classificada como sigilosa for negado;
§ 1o Para o acesso a informações de interesse público, a identifica- II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou parcialmen-
ção do requerente não pode conter exigências que inviabilizem a solicita- te classificada como sigilosa não indicar a autoridade classificadora ou a
ção. hierarquicamente superior a quem possa ser dirigido pedido de acesso ou
§ 2o Os órgãos e entidades do poder público devem viabilizar alterna- desclassificação;
tiva de encaminhamento de pedidos de acesso por meio de seus sítios III - os procedimentos de classificação de informação sigilosa estabe-
oficiais na internet. lecidos nesta Lei não tiverem sido observados; e
§ 3o São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos deter- IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedimentos
minantes da solicitação de informações de interesse público. previstos nesta Lei.

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APOSTILAS OPÇÃO
§ 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de investiga-
Controladoria-Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo ção ou fiscalização em andamento, relacionadas com a prevenção ou
menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a repressão de infrações.
decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades públicas, ob-
§ 2o Verificada a procedência das razões do recurso, a Controladoria- servado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à segurança da
Geral da União determinará ao órgão ou entidade que adote as providên- sociedade ou do Estado, poderá ser classificada como ultrassecreta,
cias necessárias para dar cumprimento ao disposto nesta Lei. secreta ou reservada.
§ 3o Negado o acesso à informação pela Controladoria-Geral da Uni- § 1o Os prazos máximos de restrição de acesso à informação, con-
ão, poderá ser interposto recurso à Comissão Mista de Reavaliação de forme a classificação prevista no caput, vigoram a partir da data de sua
Informações, a que se refere o art. 35. produção e são os seguintes:
Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de desclassificação de I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos;
informação protocolado em órgão da administração pública federal, pode- II - secreta: 15 (quinze) anos; e
rá o requerente recorrer ao Ministro de Estado da área, sem prejuízo das III - reservada: 5 (cinco) anos.
competências da Comissão Mista de Reavaliação de Informações, previs- § 2o As informações que puderem colocar em risco a segurança do
tas no art. 35, e do disposto no art. 16. Presidente e Vice-Presidente da República e respectivos cônjuges e
§ 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido às au- filhos(as) serão classificadas como reservadas e ficarão sob sigilo até o
toridades mencionadas depois de submetido à apreciação de pelo menos término do mandato em exercício ou do último mandato, em caso de
uma autoridade hierarquicamente superior à autoridade que exarou a deci- reeleição.
são impugnada e, no caso das Forças Armadas, ao respectivo Comando. § 3o Alternativamente aos prazos previstos no § 1o, poderá ser esta-
§ 2o Indeferido o recurso previsto no caput que tenha como objeto a belecida como termo final de restrição de acesso a ocorrência de determi-
desclassificação de informação secreta ou ultrassecreta, caberá recurso à nado evento, desde que este ocorra antes do transcurso do prazo máximo
Comissão Mista de Reavaliação de Informações prevista no art. 35. de classificação.
Art. 18. Os procedimentos de revisão de decisões denegatórias pro- § 4o Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o evento
feridas no recurso previsto no art. 15 e de revisão de classificação de que defina o seu termo final, a informação tornar-se-á, automaticamente,
documentos sigilosos serão objeto de regulamentação própria dos Pode- de acesso público.
res Legislativo e Judiciário e do Ministério Público, em seus respectivos § 5o Para a classificação da informação em determinado grau de sigi-
âmbitos, assegurado ao solicitante, em qualquer caso, o direito de ser lo, deverá ser observado o interesse público da informação e utilizado o
informado sobre o andamento de seu pedido. critério menos restritivo possível, considerados:
Art. 19. (VETADO). I - a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e do Esta-
§ 1o (VETADO). do; e
§ 2o Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Público informarão II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que defina seu
ao Conselho Nacional de Justiça e ao Conselho Nacional do Ministério termo final.
Público, respectivamente, as decisões que, em grau de recurso, negarem Seção III
acesso a informações de interesse público. Da Proteção e do Controle de Informações Sigilosas
Art. 20. Aplica-se subsidiariamente, no que couber, a Lei no 9.784, de Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a divulgação de in-
29 de janeiro de 1999, ao procedimento de que trata este Capítulo. formações sigilosas produzidas por seus órgãos e entidades, assegurando
CAPÍTULO IV a sua proteção.
DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO § 1o O acesso, a divulgação e o tratamento de informação classifica-
Seção I da como sigilosa ficarão restritos a pessoas que tenham necessidade de
Disposições Gerais conhecê-la e que sejam devidamente credenciadas na forma do regula-
Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação necessária à tu- mento, sem prejuízo das atribuições dos agentes públicos autorizados por
tela judicial ou administrativa de direitos fundamentais. lei.
Parágrafo único. As informações ou documentos que versem sobre § 2o O acesso à informação classificada como sigilosa cria a obriga-
condutas que impliquem violação dos direitos humanos praticada por ção para aquele que a obteve de resguardar o sigilo.
agentes públicos ou a mando de autoridades públicas não poderão ser § 3o Regulamento disporá sobre procedimentos e medidas a serem
objeto de restrição de acesso. adotados para o tratamento de informação sigilosa, de modo a protegê-la
Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais hipóteses legais de contra perda, alteração indevida, acesso, transmissão e divulgação não
sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses de segredo industrial decor- autorizados.
rentes da exploração direta de atividade econômica pelo Estado ou por Art. 26. As autoridades públicas adotarão as providências necessá-
pessoa física ou entidade privada que tenha qualquer vínculo com o poder rias para que o pessoal a elas subordinado hierarquicamente conheça as
público. normas e observe as medidas e procedimentos de segurança para trata-
Seção II mento de informações sigilosas.
Da Classificação da Informação quanto ao Grau e Prazos de Sigilo Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada que, em razão
Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade de qualquer vínculo com o poder público, executar atividades de tratamen-
ou do Estado e, portanto, passíveis de classificação as informações cuja to de informações sigilosas adotará as providências necessárias para que
divulgação ou acesso irrestrito possam: seus empregados, prepostos ou representantes observem as medidas e
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integridade do procedimentos de segurança das informações resultantes da aplicação
território nacional; desta Lei.
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as rela- Seção IV
ções internacionais do País, ou as que tenham sido fornecidas em caráter Dos Procedimentos de Classificação, Reclassificação e Desclassificação
sigiloso por outros Estados e organismos internacionais; Art. 27. A classificação do sigilo de informações no âmbito da admi-
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população; nistração pública federal é de competência:
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica ou I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades:
monetária do País; a) Presidente da República;
V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégicos das b) Vice-Presidente da República;
Forças Armadas; c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prerrogativas;
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desenvolvi- d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; e
mento científico ou tecnológico, assim como a sistemas, bens, instalações e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes no ex-
ou áreas de interesse estratégico nacional; terior;
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autoridades
nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou

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II - no grau de secreto, das autoridades referidas no inciso I, dos titula- II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por terceiros di-
res de autarquias, fundações ou empresas públicas e sociedades de ante de previsão legal ou consentimento expresso da pessoa a que elas
economia mista; e se referirem.
III - no grau de reservado, das autoridades referidas nos incisos I e II § 2o Aquele que obtiver acesso às informações de que trata este arti-
e das que exerçam funções de direção, comando ou chefia, nível DAS go será responsabilizado por seu uso indevido.
101.5, ou superior, do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores, ou § 3o O consentimento referido no inciso II do § 1o não será exigido
de hierarquia equivalente, de acordo com regulamentação específica de quando as informações forem necessárias:
cada órgão ou entidade, observado o disposto nesta Lei. I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa estiver física
§ 1o A competência prevista nos incisos I e II, no que se refere à ou legalmente incapaz, e para utilização única e exclusivamente para o
classificação como ultrassecreta e secreta, poderá ser delegada pela tratamento médico;
autoridade responsável a agente público, inclusive em missão no exterior, II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de evidente in-
vedada a subdelegação. teresse público ou geral, previstos em lei, sendo vedada a identificação da
§ 2o A classificação de informação no grau de sigilo ultrassecreto pe- pessoa a que as informações se referirem;
las autoridades previstas nas alíneas “d” e “e” do inciso I deverá ser ratifi- III - ao cumprimento de ordem judicial;
cada pelos respectivos Ministros de Estado, no prazo previsto em regula- IV - à defesa de direitos humanos; ou
mento. V - à proteção do interesse público e geral preponderante.
§ 3o A autoridade ou outro agente público que classificar informação § 4o A restrição de acesso à informação relativa à vida privada, honra
como ultrassecreta deverá encaminhar a decisão de que trata o art. 28 à e imagem de pessoa não poderá ser invocada com o intuito de prejudicar
Comissão Mista de Reavaliação de Informações, a que se refere o art. 35, processo de apuração de irregularidades em que o titular das informações
no prazo previsto em regulamento. estiver envolvido, bem como em ações voltadas para a recuperação de
Art. 28. A classificação de informação em qualquer grau de sigilo de- fatos históricos de maior relevância.
verá ser formalizada em decisão que conterá, no mínimo, os seguintes § 5o Regulamento disporá sobre os procedimentos para tratamento
elementos: de informação pessoal.
I - assunto sobre o qual versa a informação; CAPÍTULO V
II - fundamento da classificação, observados os critérios estabelecidos DAS RESPONSABILIDADES
no art. 24; Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam responsabilidade
III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses ou dias, ou do agente público ou militar:
do evento que defina o seu termo final, conforme limites previstos no art. I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos desta Lei,
24; e retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornecê-la intencional-
IV - identificação da autoridade que a classificou. mente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa;
Parágrafo único. A decisão referida no caput será mantida no mesmo II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, inutilizar, desfi-
grau de sigilo da informação classificada. gurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente, informação que se encontre
Art. 29. A classificação das informações será reavaliada pela autori- sob sua guarda ou a que tenha acesso ou conhecimento em razão do
dade classificadora ou por autoridade hierarquicamente superior, mediante exercício das atribuições de cargo, emprego ou função pública;
provocação ou de ofício, nos termos e prazos previstos em regulamento, III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de acesso à in-
com vistas à sua desclassificação ou à redução do prazo de sigilo, obser- formação;
vado o disposto no art. 24. IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir acesso
§ 1o O regulamento a que se refere o caput deverá considerar as pe- indevido à informação sigilosa ou informação pessoal;
culiaridades das informações produzidas no exterior por autoridades ou V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou de tercei-
agentes públicos. ro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido por si ou por outrem;
§ 2o Na reavaliação a que se refere o caput, deverão ser examinadas VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente informação
a permanência dos motivos do sigilo e a possibilidade de danos decorren- sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, ou em prejuízo de terceiros; e
tes do acesso ou da divulgação da informação. VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos concernen-
§ 3o Na hipótese de redução do prazo de sigilo da informação, o novo tes a possíveis violações de direitos humanos por parte de agentes do
prazo de restrição manterá como termo inicial a data da sua produção. Estado.
Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade publicará, § 1o Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa e do devi-
anualmente, em sítio à disposição na internet e destinado à veiculação de do processo legal, as condutas descritas no caput serão consideradas:
dados e informações administrativas, nos termos de regulamento: I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças Armadas, trans-
I - rol das informações que tenham sido desclassificadas nos últimos gressões militares médias ou graves, segundo os critérios neles estabeleci-
12 (doze) meses; dos, desde que não tipificadas em lei como crime ou contravenção penal; ou
II - rol de documentos classificados em cada grau de sigilo, com iden- II - para fins do disposto na Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990,
tificação para referência futura; e suas alterações, infrações administrativas, que deverão ser apenadas,
III - relatório estatístico contendo a quantidade de pedidos de informa- no mínimo, com suspensão, segundo os critérios nela estabelecidos.
ção recebidos, atendidos e indeferidos, bem como informações genéricas § 2o Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar ou agente
sobre os solicitantes. público responder, também, por improbidade administrativa, conforme o
§ 1o Os órgãos e entidades deverão manter exemplar da publicação disposto nas Leis nos 1.079, de 10 de abril de 1950, e 8.429, de 2 de junho
prevista no caput para consulta pública em suas sedes. de 1992.
§ 2o Os órgãos e entidades manterão extrato com a lista de informa- Art. 33. A pessoa física ou entidade privada que detiver informações
ções classificadas, acompanhadas da data, do grau de sigilo e dos fun- em virtude de vínculo de qualquer natureza com o poder público e deixar
damentos da classificação. de observar o disposto nesta Lei estará sujeita às seguintes sanções:
Seção V I - advertência;
Das Informações Pessoais II - multa;
Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ser feito de III - rescisão do vínculo com o poder público;
forma transparente e com respeito à intimidade, vida privada, honra e IV - suspensão temporária de participar em licitação e impedimento de
imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias individuais. contratar com a administração pública por prazo não superior a 2 (dois)
§ 1o As informações pessoais, a que se refere este artigo, relativas à anos; e
intimidade, vida privada, honra e imagem: V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a admi-
I - terão seu acesso restrito, independentemente de classificação de nistração pública, até que seja promovida a reabilitação perante a própria
sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da sua data de autoridade que aplicou a penalidade.
produção, a agentes públicos legalmente autorizados e à pessoa a que
elas se referirem; e

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APOSTILAS OPÇÃO
§ 1o As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão ser aplicadas prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do termo inicial de vigência desta
juntamente com a do inciso II, assegurado o direito de defesa do interes- Lei.
sado, no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias. § 1o A restrição de acesso a informações, em razão da reavaliação pre-
§ 2o A reabilitação referida no inciso V será autorizada somente vista no caput, deverá observar os prazos e condições previstos nesta Lei.
quando o interessado efetivar o ressarcimento ao órgão ou entidade dos § 2o No âmbito da administração pública federal, a reavaliação pre-
prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada com vista no caput poderá ser revista, a qualquer tempo, pela Comissão Mista
base no inciso IV. de Reavaliação de Informações, observados os termos desta Lei.
§ 3o A aplicação da sanção prevista no inciso V é de competência § 3o Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação previsto no
exclusiva da autoridade máxima do órgão ou entidade pública, facultada a caput, será mantida a classificação da informação nos termos da legisla-
defesa do interessado, no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias ção precedente.
da abertura de vista. § 4o As informações classificadas como secretas e ultras secretas
Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem diretamente pelos não reavaliadas no prazo previsto no caput serão consideradas, automati-
danos causados em decorrência da divulgação não autorizada ou utiliza- camente, de acesso público.
ção indevida de informações sigilosas ou informações pessoais, cabendo Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vigência desta
a apuração de responsabilidade funcional nos casos de dolo ou culpa, Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou entidade da administração
assegurado o respectivo direito de regresso. pública federal direta e indireta designará autoridade que lhe seja direta-
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à pessoa física ou mente subordinada para, no âmbito do respectivo órgão ou entidade,
entidade privada que, em virtude de vínculo de qualquer natureza com exercer as seguintes atribuições:
órgãos ou entidades, tenha acesso a informação sigilosa ou pessoal e a I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso a infor-
submeta a tratamento indevido. mação, de forma eficiente e adequada aos objetivos desta Lei;
CAPÍTULO VI II - monitorar a implementação do disposto nesta Lei e apresentar re-
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS latórios periódicos sobre o seu cumprimento;
Art. 35. (VETADO). III - recomendar as medidas indispensáveis à implementação e ao
§ 1o É instituída a Comissão Mista de Reavaliação de Informações, aperfeiçoamento das normas e procedimentos necessários ao correto
que decidirá, no âmbito da administração pública federal, sobre o trata- cumprimento do disposto nesta Lei; e
mento e a classificação de informações sigilosas e terá competência para: IV - orientar as respectivas unidades no que se refere ao cumprimento
I - requisitar da autoridade que classificar informação como ultrasse- do disposto nesta Lei e seus regulamentos.
creta e secreta esclarecimento ou conteúdo, parcial ou integral da infor- Art. 41. O Poder Executivo Federal designará órgão da administração
mação; pública federal responsável:
II - rever a classificação de informações ultrassecretas ou secretas, de I - pela promoção de campanha de abrangência nacional de fomento
ofício ou mediante provocação de pessoa interessada, observado o dis- à cultura da transparência na administração pública e conscientização do
posto no art. 7o e demais dispositivos desta Lei; e direito fundamental de acesso à informação;
III - prorrogar o prazo de sigilo de informação classificada como ul- II - pelo treinamento de agentes públicos no que se refere ao desen-
trassecreta, sempre por prazo determinado, enquanto o seu acesso ou volvimento de práticas relacionadas à transparência na administração
divulgação puder ocasionar ameaça externa à soberania nacional ou à pública;
integridade do território nacional ou grave risco às relações internacionais III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âmbito da administra-
do País, observado o prazo previsto no § 1o do art. 24. ção pública federal, concentrando e consolidando a publicação de infor-
§ 2o O prazo referido no inciso III é limitado a uma única renovação. mações estatísticas relacionadas no art. 30;
§ 3o A revisão de ofício a que se refere o inciso II do § 1o deverá IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de relatório anual
ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos, após a reavaliação prevista com informações atinentes à implementação desta Lei.
no art. 39, quando se tratar de documentos ultrassecretos ou secretos. Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta Lei no
§ 4o A não deliberação sobre a revisão pela Comissão Mista de Rea- prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data de sua publicação.
valiação de Informações nos prazos previstos no § 3o implicará a desclas- Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de
sificação automática das informações. 1990, passa a vigorar com a seguinte redação:
§ 5o Regulamento disporá sobre a composição, organização e funci- “Art. 116. ..................................................
onamento da Comissão Mista de Reavaliação de Informações, observado VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo ao
o mandato de 2 (dois) anos para seus integrantes e demais disposições conhecimento da autoridade superior ou, quando houver suspeita de en-
desta Lei. volvimento desta, ao conhecimento de outra autoridade competente para
Art. 36. O tratamento de informação sigilosa resultante de tratados, apuração;
acordos ou atos internacionais atenderá às normas e recomendações Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei no 8.112, de 1990, passa a
constantes desses instrumentos. vigorar acrescido do seguinte art. 126-A:
Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de Segurança Institucio- “Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil, penal
nal da Presidência da República, o Núcleo de Segurança e Credencia- ou administrativamente por dar ciência à autoridade superior ou, quando
mento (NSC), que tem por objetivos: houver suspeita de envolvimento desta, a outra autoridade competente
I - promover e propor a regulamentação do credenciamento de segu- para apuração de informação concernente à prática de crimes ou improbi-
rança de pessoas físicas, empresas, órgãos e entidades para tratamento dade de que tenha conhecimento, ainda que em decorrência do exercício
de informações sigilosas; e de cargo, emprego ou função pública.”
II - garantir a segurança de informações sigilosas, inclusive aquelas Art. 45. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, em
provenientes de países ou organizações internacionais com os quais a legislação própria, obedecidas as normas gerais estabelecidas nesta Lei,
República Federativa do Brasil tenha firmado tratado, acordo, contrato ou definir regras específicas, especialmente quanto ao disposto no art. 9o e
qualquer outro ato internacional, sem prejuízo das atribuições do Ministé- na Seção II do Capítulo III.
rio das Relações Exteriores e dos demais órgãos competentes. Art. 46. Revogam-se:
Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a composição, organi- I - a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005; e
zação e funcionamento do NSC. II - os arts. 22 a 24 da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991.
Art. 38. Aplica-se, no que couber, a Lei no 9.507, de 12 de novembro Art. 47. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após a data
de 1997, em relação à informação de pessoa, física ou jurídica, constante de sua publicação.
de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter
público. DECRETO Nº 7.724, DE 16 DE MAIO DE 2012
Art. 39. Os órgãos e entidades públicas deverão proceder à reavalia- Regulamenta a Lei no 12.527, de 18 de novembro de 2011, que dispõe
ção das informações classificadas como ultrassecretas e secretas no sobre o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do caput do art. 5o,
no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da Constituição.

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APOSTILAS OPÇÃO
CAPÍTULO I § 2o Não se sujeitam ao disposto neste Decreto as informações rela-
DISPOSIÇÕES GERAIS tivas à atividade empresarial de pessoas físicas ou jurídicas de direito
Art. 1o Este Decreto regulamenta, no âmbito do Poder Executivo fede- privado obtidas pelo Banco Central do Brasil, pelas agências reguladoras
ral, os procedimentos para a garantia do acesso à informação e para a ou por outros órgãos ou entidades no exercício de atividade de controle,
classificação de informações sob restrição de acesso, observados grau e regulação e supervisão da atividade econômica cuja divulgação possa
prazo de sigilo, conforme o disposto na Lei no 12.527, de 18 de novembro de representar vantagem competitiva a outros agentes econômicos.
2011, que dispõe sobre o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do Art. 6o O acesso à informação disciplinado neste Decreto não se aplica:
caput do art. 5o, no inciso II do § 3o do art. 37 e no § 2o do art. 216 da Cons- I - às hipóteses de sigilo previstas na legislação, como fiscal, bancário,
tituição. de operações e serviços no mercado de capitais, comercial, profissional,
Art. 2o Os órgãos e as entidades do Poder Executivo federal assegura- industrial e segredo de justiça; e
rão, às pessoas naturais e jurídicas, o direito de acesso à informação, que
será proporcionado mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma II - às informações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimento cien-
transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão, observados os tíficos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e
princípios da administração pública e as diretrizes previstas na Lei no 12.527, do Estado, na forma do §1o do art. 7o da Lei no 12.527, de 2011.
de 2011. CAPÍTULO III
Art. 3o Para os efeitos deste Decreto, considera-se: DA TRANSPARÊNCIA ATIVA
I - informação - dados, processados ou não, que podem ser utilizados Art. 7o É dever dos órgãos e entidades promover, independente de re-
para produção e transmissão de conhecimento, contidos em qualquer meio, querimento, a divulgação em seus sítios na Internet de informações de
suporte ou formato; interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas, observado o
II - dados processados - dados submetidos a qualquer operação ou tra- disposto nos arts. 7o e 8o da Lei no 12.527, de 2011.
tamento por meio de processamento eletrônico ou por meio automatizado § 1o Os órgãos e entidades deverão implementar em seus sítios na Inter-
com o emprego de tecnologia da informação; net seção específica para a divulgação das informações de que trata o caput.
III - documento - unidade de registro de informações, qualquer que seja § 2o Serão disponibilizados nos sítios na Internet dos órgãos e entida-
o suporte ou formato; des, conforme padrão estabelecido pela Secretaria de Comunicação Social
IV - informação sigilosa - informação submetida temporariamente à res- da Presidência da República:
trição de acesso público em razão de sua imprescindibilidade para a segu- I - banner na página inicial, que dará acesso à seção específica de que
rança da sociedade e do Estado, e aquelas abrangidas pelas demais hipóte- trata o § 1o; e
ses legais de sigilo; II - barra de identidade do Governo federal, contendo ferramenta de re-
V - informação pessoal - informação relacionada à pessoa natural identi- direcionamento de página para o Portal Brasil e para o sítio principal sobre a
ficada ou identificável, relativa à intimidade, vida privada, honra e imagem; Lei no 12.527, de 2011.
VI - tratamento da informação - conjunto de ações referentes à produ- § 3o Deverão ser divulgadas, na seção específica de que trata o § 1o,
ção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução, transporte, informações sobre:
transmissão, distribuição, arquivamento, armazenamento, eliminação, avali- I - estrutura organizacional, competências, legislação aplicável, princi-
ação, destinação ou controle da informação; pais cargos e seus ocupantes, endereço e telefones das unidades, horários
VII - disponibilidade - qualidade da informação que pode ser conhecida de atendimento ao público;
e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sistemas autorizados;
II - programas, projetos, ações, obras e atividades, com indicação da
VIII - autenticidade - qualidade da informação que tenha sido produzida, unidade responsável, principais metas e resultados e, quando existentes,
expedida, recebida ou modificada por determinado indivíduo, equipamento indicadores de resultado e impacto;
ou sistema;
III - repasses ou transferências de recursos financeiros;
IX - integridade - qualidade da informação não modificada, inclusive
quanto à origem, trânsito e destino; IV - execução orçamentária e financeira detalhada;
X - primariedade - qualidade da informação coletada na fonte, com o V - licitações realizadas e em andamento, com editais, anexos e resul-
máximo de detalhamento possível, sem modificações; tados, além dos contratos firmados e notas de empenho emitidas;
XI - informação atualizada - informação que reúne os dados mais recen- VI - remuneração e subsídio recebidos por ocupante de cargo, posto,
tes sobre o tema, de acordo com sua natureza, com os prazos previstos em graduação, função e emprego público, incluindo auxílios, ajudas de custo,
normas específicas ou conforme a periodicidade estabelecida nos sistemas jetons e quaisquer outras vantagens pecuniárias, bem como proventos de
informatizados que a organizam; e aposentadoria e pensões daqueles que estiverem na ativa, de maneira
XII - documento preparatório - documento formal utilizado como funda- individualizada, conforme ato do Ministério do Planejamento, Orçamento e
mento da tomada de decisão ou de ato administrativo, a exemplo de parece- Gestão;
res e notas técnicas. VII - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade; e
Art. 4o A busca e o fornecimento da informação são gratuitos, ressalva- VIII - contato da autoridade de monitoramento, designada nos termos do
da a cobrança do valor referente ao custo dos serviços e dos materiais art. 40 da Lei no 12.527, de 2011, e telefone e correio eletrônico do Serviço
utilizados, tais como reprodução de documentos, mídias digitais e postagem. de Informações ao Cidadão - SIC.
Parágrafo único. Está isento de ressarcir os custos dos serviços e dos § 4o As informações poderão ser disponibilizadas por meio de ferra-
materiais utilizados aquele cuja situação econômica não lhe permita fazê-lo menta de redirecionamento de página na Internet, quando estiverem dispo-
sem prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos termos da Lei níveis em outros sítios governamentais.
no 7.115, de 29 de agosto de 1983. § 5o No caso das empresas públicas, sociedades de economia
CAPÍTULO II mista e demais entidades controladas pela União que atuem em regime de
DA ABRANGÊNCIA concorrência, sujeitas ao disposto no art. 173 da Constituição, aplica-se o
Art. 5o Sujeitam-se ao disposto neste Decreto os órgãos da adminis- disposto no § 1o do art. 5o.
tração direta, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, § 6o O Banco Central do Brasil divulgará periodicamente informações re-
as sociedades de economia mista e as demais entidades controladas lativas às operações de crédito praticadas pelas instituições financeiras,
direta ou indiretamente pela União. inclusive as taxas de juros mínima, máxima e média e as respectivas tarifas
§ 1o A divulgação de informações de empresas públicas, sociedade de bancárias.
economia mista e demais entidades controladas pela União que atuem em § 7o A divulgação das informações previstas no § 3o não exclui outras
regime de concorrência, sujeitas ao disposto no art. 173 da Constituição, hipóteses de publicação e divulgação de informações previstas na legisla-
estará submetida às normas pertinentes da Comissão de Valores Mobiliá- ção.
rios, a fim de assegurar sua competitividade, governança corporativa e,
quando houver, os interesses de acionistas minoritários.

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Art. 8o Os sítios na Internet dos órgãos e entidades deverão, em cum- IV - endereço físico ou eletrônico do requerente, para recebimento de
primento às normas estabelecidas pelo Ministério do Planejamento, Orça- comunicações ou da informação requerida.
mento e Gestão, atender aos seguintes requisitos, entre outros: Art. 13. Não serão atendidos pedidos de acesso à informação:
I - conter formulário para pedido de acesso à informação; I - genéricos;
II - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o acesso à II - desproporcionais ou desarrazoados; ou
informação de forma objetiva, transparente, clara e em linguagem de fácil III - que exijam trabalhos adicionais de análise, interpretação ou con-
compreensão; solidação de dados e informações, ou serviço de produção ou tratamento
III - possibilitar gravação de relatórios em diversos formatos eletrônicos, de dados que não seja de competência do órgão ou entidade.
inclusive abertos e não proprietários, tais como planilhas e texto, de modo a Parágrafo único. Na hipótese do inciso III do caput, o órgão ou enti-
facilitar a análise das informações; dade deverá, caso tenha conhecimento, indicar o local onde se encontram
IV - possibilitar acesso automatizado por sistemas externos em formatos as informações a partir das quais o requerente poderá realizar a interpre-
abertos, estruturados e legíveis por máquina; tação, consolidação ou tratamento de dados.
V - divulgar em detalhes os formatos utilizados para estruturação da in- Art. 14. São vedadas exigências relativas aos motivos do pedido de
formação; acesso à informação.
VI - garantir autenticidade e integridade das informações disponíveis pa- Seção III
ra acesso; Do Procedimento de Acesso à Informação
VII - indicar instruções que permitam ao requerente comunicar-se, por Art. 15. Recebido o pedido e estando a informação disponível, o acesso
via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou entidade; e será imediato.
§ 1o Caso não seja possível o acesso imediato, o órgão ou entidade
VIII - garantir a acessibilidade de conteúdo para pessoas com deficiên- deverá, no prazo de até vinte dias:
cia.
I - enviar a informação ao endereço físico ou eletrônico informado;
CAPÍTULO IV
DA TRANSPARÊNCIA PASSIVA II - comunicar data, local e modo para realizar consulta à informação,
Seção I efetuar reprodução ou obter certidão relativa à informação;
Do Serviço de Informação ao Cidadão III - comunicar que não possui a informação ou que não tem conheci-
Art. 9o Os órgãos e entidades deverão criar Serviço de Informações ao mento de sua existência;
Cidadão - SIC, com o objetivo de: IV - indicar, caso tenha conhecimento, o órgão ou entidade responsável
I - atender e orientar o público quanto ao acesso à informação; pela informação ou que a detenha; ou
II - informar sobre a tramitação de documentos nas unidades; e V - indicar as razões da negativa, total ou parcial, do acesso.
III - receber e registrar pedidos de acesso à informação. § 2o Nas hipóteses em que o pedido de acesso demandar manuseio
Parágrafo único. Compete ao SIC: de grande volume de documentos, ou a movimentação do documento
I - o recebimento do pedido de acesso e, sempre que possível, o forne- puder comprometer sua regular tramitação, será adotada a medida previs-
cimento imediato da informação; ta no inciso II do § 1o.
II - o registro do pedido de acesso em sistema eletrônico específico e a § 3o Quando a manipulação puder prejudicar a integridade da infor-
entrega de número do protocolo, que conterá a data de apresentação do mação ou do documento, o órgão ou entidade deverá indicar data, local e
pedido; e modo para consulta, ou disponibilizar cópia, com certificação de que
III - o encaminhamento do pedido recebido e registrado à unidade res- confere com o original.
ponsável pelo fornecimento da informação, quando couber.
§ 4o Na impossibilidade de obtenção de cópia de que trata o § 3o, o
Art. 10. O SIC será instalado em unidade física identificada, de fácil
requerente poderá solicitar que, às suas expensas e sob supervisão de
acesso e aberta ao público.
servidor público, a reprodução seja feita por outro meio que não ponha em
§ 1o Nas unidades descentralizadas em que não houver SIC será ofe-
risco a integridade do documento original.
recido serviço de recebimento e registro dos pedidos de acesso à informa-
ção. Art. 16. O prazo para resposta do pedido poderá ser prorrogado por
§ 2o Se a unidade descentralizada não detiver a informação, o pedido dez dias, mediante justificativa encaminhada ao requerente antes do
será encaminhado ao SIC do órgão ou entidade central, que comunicará ao término do prazo inicial de vinte dias.
requerente o número do protocolo e a data de recebimento do pedido, a Art. 17. Caso a informação esteja disponível ao público em formato
partir da qual se inicia o prazo de resposta. impresso, eletrônico ou em outro meio de acesso universal, o órgão ou
Seção II entidade deverá orientar o requerente quanto ao local e modo para consul-
Do Pedido de Acesso à Informação tar, obter ou reproduzir a informação.
Art. 11. Qualquer pessoa, natural ou jurídica, poderá formular pedido Parágrafo único. Na hipótese do caput o órgão ou entidade desobri-
de acesso à informação. ga-se do fornecimento direto da informação, salvo se o requerente decla-
rar não dispor de meios para consultar, obter ou reproduzir a informação.
§ 1o O pedido será apresentado em formulário padrão, disponibiliza-
do em meio eletrônico e físico, no sítio na Internet e no SIC dos órgãos e Art. 18. Quando o fornecimento da informação implicar reprodução de
entidades. documentos, o órgão ou entidade, observado o prazo de resposta ao
pedido, disponibilizará ao requerente Guia de Recolhimento da União -
§ 2o O prazo de resposta será contado a partir da data de apresenta-
GRU ou documento equivalente, para pagamento dos custos dos serviços
ção do pedido ao SIC.
e dos materiais utilizados.
§ 3o É facultado aos órgãos e entidades o recebimento de pedidos de
Parágrafo único. A reprodução de documentos ocorrerá no prazo de dez
acesso à informação por qualquer outro meio legítimo, como contato dias, contado da comprovação do pagamento pelo requerente ou da entrega
telefônico, correspondência eletrônica ou física, desde que atendidos os de declaração de pobreza por ele firmada, nos termos da Lei no 7.115, de
requisitos do art. 12. 1983, ressalvadas hipóteses justificadas em que, devido ao volume ou ao
§ 4o Na hipótese do § 3o, será enviada ao requerente comunicação estado dos documentos, a reprodução demande prazo superior.
com o número de protocolo e a data do recebimento do pedido pelo SIC, a Art. 19. Negado o pedido de acesso à informação, será enviada ao
partir da qual se inicia o prazo de resposta. requerente, no prazo de resposta, comunicação com:
Art. 12. O pedido de acesso à informação deverá conter: I - razões da negativa de acesso e seu fundamento legal;
I - nome do requerente; II - possibilidade e prazo de recurso, com indicação da autoridade que
II - número de documento de identificação válido; o apreciará; e
III - especificação, de forma clara e precisa, da informação requerida;
e

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III - possibilidade de apresentação de pedido de desclassificação da VI - prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégicos das
informação, quando for o caso, com indicação da autoridade classificadora Forças Armadas;
que o apreciará. VII - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desenvolvi-
§1o As razões de negativa de acesso a informação classificada indi- mento científico ou tecnológico, assim como a sistemas, bens, instalações
carão o fundamento legal da classificação, a autoridade que a classificou e ou áreas de interesse estratégico nacional, observado o disposto no inciso
o código de indexação do documento classificado. II do caput do art. 6o;
§ 2o Os órgãos e entidades disponibilizarão formulário padrão para VIII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autoridades
apresentação de recurso e de pedido de desclassificação. nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou
Art. 20. O acesso a documento preparatório ou informação nele con- IX - comprometer atividades de inteligência, de investigação ou de fiscali-
tida, utilizados como fundamento de tomada de decisão ou de ato adminis- zação em andamento, relacionadas com prevenção ou repressão de infrações.
trativo, será assegurado a partir da edição do ato ou decisão. Art. 26. A informação em poder dos órgãos e entidades, observado o
Parágrafo único. O Ministério da Fazenda e o Banco Central do Brasil seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à segurança da sociedade
classificarão os documentos que embasarem decisões de política econô- ou do Estado, poderá ser classificada no grau ultrassecreto, secreto ou
mica, tais como fiscal, tributária, monetária e regulatória. reservado.
Seção IV Art. 27. Para a classificação da informação em grau de sigilo, deverá
Dos Recursos ser observado o interesse público da informação e utilizado o critério
Art. 21. No caso de negativa de acesso à informação ou de não for- menos restritivo possível, considerados:
necimento das razões da negativa do acesso, poderá o requerente apre- I - a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e do Esta-
sentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à do; e
autoridade hierarquicamente superior à que adotou a decisão, que deverá II - o prazo máximo de classificação em grau de sigilo ou o evento que
apreciá-lo no prazo de cinco dias, contado da sua apresentação. defina seu termo final.
Parágrafo único. Desprovido o recurso de que trata o caput, poderá o Art. 28. Os prazos máximos de classificação são os seguintes:
requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência I - grau ultrassecreto: vinte e cinco anos;
da decisão, à autoridade máxima do órgão ou entidade, que deverá se
II - grau secreto: quinze anos; e
manifestar em cinco dias contados do recebimento do recurso.
III - grau reservado: cinco anos.
Art. 22. No caso de omissão de resposta ao pedido de acesso à in-
formação, o requerente poderá apresentar reclamação no prazo de dez Parágrafo único. Poderá ser estabelecida como termo final de restri-
dias à autoridade de monitoramento de que trata o art. 40 da Lei no ção de acesso a ocorrência de determinado evento, observados os prazos
12.527, de 2011, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, conta- máximos de classificação.
do do recebimento da reclamação. Art. 29. As informações que puderem colocar em risco a segurança
§ 1o O prazo para apresentar reclamação começará trinta dias após a do Presidente da República, Vice-Presidente e seus cônjuges e filhos
apresentação do pedido. serão classificadas no grau reservado e ficarão sob sigilo até o término do
§ 2o A autoridade máxima do órgão ou entidade poderá designar ou- mandato em exercício ou do último mandato, em caso de reeleição.
tra autoridade que lhe seja diretamente subordinada como responsável Art. 30. A classificação de informação é de competência:
pelo recebimento e apreciação da reclamação. I - no grau ultrassecreto, das seguintes autoridades:
Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. a) Presidente da República;
21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente b) Vice-Presidente da República;
apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à
c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prerrogativas;
Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco
dias, contado do recebimento do recurso. d) Comandantes da Marinha, do Exército, da Aeronáutica; e
§ 1o A Controladoria-Geral da União poderá determinar que o órgão e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes no exterior;
ou entidade preste esclarecimentos. II - no grau secreto, das autoridades referidas no inciso I do caput,
§ 2o Provido o recurso, a Controladoria-Geral da União fixará prazo dos titulares de autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades
para o cumprimento da decisão pelo órgão ou entidade. de economia mista; e
Art. 24. No caso de negativa de acesso à informação, ou às razões III - no grau reservado, das autoridades referidas nos incisos I e II do
da negativa do acesso de que trata o caput do art. 21, desprovido o caput e das que exerçam funções de direção, comando ou chefia do
recurso pela Controladoria-Geral da União, o requerente poderá apresen- Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, nível DAS 101.5 ou
tar, no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, recurso à Co- superior, e seus equivalentes.
missão Mista de Reavaliação de Informações, observados os procedimen- § 1o É vedada a delegação da competência de classificação nos
tos previstos no Capítulo VI. graus de sigilo ultrassecreto ou secreto.
CAPÍTULO V § 2o O dirigente máximo do órgão ou entidade poderá delegar a com-
DAS INFORMAÇÕES CLASSIFICADAS EM GRAU DE SIGILO petência para classificação no grau reservado a agente público que exerça
Seção I função de direção, comando ou chefia.
Da Classificação de Informações quanto ao Grau e Prazos de Sigilo § 3o É vedada a subdelegação da competência de que trata o § 2o.
Art. 25. São passíveis de classificação as informações consideradas § 4o Os agentes públicos referidos no § 2o deverão dar ciência do ato
imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado, cuja divulgação de classificação à autoridade delegante, no prazo de noventa dias.
ou acesso irrestrito possam: § 5o A classificação de informação no grau ultrassecreto pelas autori-
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integridade do dades previstas nas alíneas “d” e “e” do inciso I do caput deverá ser
território nacional; ratificada pelo Ministro de Estado, no prazo de trinta dias.
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as rela- § 6o Enquanto não ratificada, a classificação de que trata o § 5o con-
ções internacionais do País; sidera-se válida, para todos os efeitos legais.
III - prejudicar ou pôr em risco informações fornecidas em caráter sigi- Seção II
loso por outros Estados e organismos internacionais; Dos Procedimentos para Classificação de Informação
IV - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população; Art. 31. A decisão que classificar a informação em qualquer grau de
V - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica ou sigilo deverá ser formalizada no Termo de Classificação de Informação -
monetária do País; TCI, conforme modelo contido no Anexo, e conterá o seguinte:
I - código de indexação de documento;
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II - grau de sigilo; de dez dias, contado da ciência da negativa, ao Ministro de Estado ou à
III - categoria na qual se enquadra a informação; autoridade com as mesmas prerrogativas, que decidirá no prazo de trinta
IV - tipo de documento; dias.
V - data da produção do documento; § 1o Nos casos em que a autoridade classificadora esteja vinculada a
autarquia, fundação, empresa pública ou sociedade de economia mista, o
VI - indicação de dispositivo legal que fundamenta a classificação; recurso seráapresentado ao dirigente máximo da entidade.
VII - razões da classificação, observados os critérios estabelecidos no § 2o No caso das Forças Armadas, o recurso será apresentado pri-
art. 27; meiramente perante o respectivo Comandante, e, em caso de negativa, ao
VIII - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses ou dias, Ministro de Estado da Defesa.
ou do evento que defina o seu termo final, observados os limites previstos § 3o No caso de informações produzidas por autoridades ou agentes
no art. 28; públicos no exterior, o requerimento de desclassificação e reavaliação
IX - data da classificação; e será apreciado pela autoridade hierarquicamente superior que estiver em
X - identificação da autoridade que classificou a informação. território brasileiro.
§ 1o O TCI seguirá anexo à informação. § 4o Desprovido o recurso de que tratam o caput e os §§1o a 3o, po-
§ 2o As informações previstas no inciso VII do caput deverão ser derá o requerente apresentar recurso à Comissão Mista de Reavaliação
mantidas no mesmo grau de sigilo que a informação classificada. de Informações, no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão.
§ 3o A ratificação da classificação de que trata o § 5o do art. 30 deve- Art. 38. A decisão da desclassificação, reclassificação ou redução do
rá ser registrada no TCI. prazo de sigilo de informações classificadas deverá constar das capas dos
Art. 32. A autoridade ou outro agente público que classificar informa- processos, se houver, e de campo apropriado no TCI.
ção no grau ultrassecreto ou secreto deverá encaminhar cópia do TCI à Seção IV
Comissão Mista de Reavaliação de Informações no prazo de trinta dias, Disposições Gerais
contado da decisão de classificação ou de ratificação.
Art. 39. As informações classificadas no grau ultrassecreto ou secreto
Art. 33. Na hipótese de documento que contenha informações classi- serão definitivamente preservadas, nos termos da Lei no 8.159, de 1991,
ficadas em diferentes graus de sigilo, será atribuído ao documento trata- observados os procedimentos de restrição de acesso enquanto vigorar o
mento do grau de sigilo mais elevado, ficando assegurado o acesso às prazo da classificação.
partes não classificadas por meio de certidão, extrato ou cópia, com
ocultação da parte sob sigilo. Art. 40. As informações classificadas como documentos de guarda
permanente que forem objeto de desclassificação serão encaminhadas ao
Art. 34. Os órgãos e entidades poderão constituir Comissão Perma- Arquivo Nacional, ao arquivo permanente do órgão público, da entidade
nente de Avaliação de Documentos Sigilosos - CPADS, com as seguintes pública ou da instituição de caráter público, para fins de organização,
atribuições: preservação e acesso.
I - opinar sobre a informação produzida no âmbito de sua atuação pa- Art. 41. As informações sobre condutas que impliquem violação dos
ra fins de classificação em qualquer grau de sigilo; direitos humanos praticada por agentes públicos ou a mando de autorida-
II - assessorar a autoridade classificadora ou a autoridade hierarqui- des públicas não poderão ser objeto de classificação em qualquer grau de
camente superior quanto à desclassificação, reclassificação ou reavalia- sigilo nem ter seu acesso negado.
ção de informação classificada em qualquer grau de sigilo; Art. 42. Não poderá ser negado acesso às informações necessárias à
III - propor o destino final das informações desclassificadas, indicando tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais.
os documentos para guarda permanente, observado o disposto na Lei no Parágrafo único. O requerente deverá apresentar razões que de-
8.159, de 8 de janeiro de 1991; e monstrem a existência de nexo entre as informações requeridas e o direito
IV - subsidiar a elaboração do rol anual de informações desclassifica- que se pretende proteger.
das e documentos classificados em cada grau de sigilo, a ser disponibili- Art. 43. O acesso, a divulgação e o tratamento de informação classifi-
zado na Internet. cada em qualquer grau de sigilo ficarão restritos a pessoas que tenham
Seção III necessidade de conhecê-la e que sejam credenciadas segundo as normas
Da Desclassificação e Reavaliação da fixadas pelo Núcleo de Segurança e Credenciamento, instituído no âmbito
Informação Classificada em Grau de Sigilo do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, sem
Art. 35. A classificação das informações será reavaliada pela autoridade prejuízo das atribuições de agentes públicos autorizados por lei.
classificadora ou por autoridade hierarquicamente superior, mediante provo- Art. 44. As autoridades do Poder Executivo federal adotarão as provi-
cação ou de ofício, para desclassificação ou redução do prazo de sigilo. dências necessárias para que o pessoal a elas subordinado conheça as
Parágrafo único. Para o cumprimento do disposto no caput, além do normas e observe as medidas e procedimentos de segurança para trata-
disposto no art. 27, deverá ser observado: mento de informações classificadas em qualquer grau de sigilo.
I - o prazo máximo de restrição de acesso à informação, previsto no art. Parágrafo único. A pessoa natural ou entidade privada que, em razão
28; de qualquer vínculo com o Poder Público, executar atividades de trata-
II - o prazo máximo de quatro anos para revisão de ofício das infor- mento de informações classificadas, adotará as providências necessárias
mações classificadas no grau ultrassecreto ou secreto, previsto no inciso I para que seus empregados, prepostos ou representantes observem as
do caput do art. 47; medidas e procedimentos de segurança das informações.
III - a permanência das razões da classificação; Art. 45. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade publicará
anualmente, até o dia 1° de junho, em sítio na Internet:
IV - a possibilidade de danos ou riscos decorrentes da divulgação ou
acesso irrestrito da informação; e I - rol das informações desclassificadas nos últimos doze meses;
V - a peculiaridade das informações produzidas no exterior por autori- II - rol das informações classificadas em cada grau de sigilo, que de-
dades ou agentes públicos. verá conter:
Art. 36. O pedido de desclassificação ou de reavaliação da classifica- a) código de indexação de documento;
ção poderá ser apresentado aos órgãos e entidades independente de b) categoria na qual se enquadra a informação;
existir prévio pedido de acesso à informação. c) indicação de dispositivo legal que fundamenta a classificação; e
Parágrafo único. O pedido de que trata o caput será endereçado à d) data da produção, data da classificação e prazo da classificação;
autoridade classificadora, que decidirá no prazo de trinta dias. III - relatório estatístico com a quantidade de pedidos de acesso à in-
Art. 37. Negado o pedido de desclassificação ou de reavaliação pela formação recebidos, atendidos e indeferidos; e
autoridade classificadora, o requerente poderá apresentar recurso no prazo IV - informações estatísticas agregadas dos requerentes.

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Parágrafo único. Os órgãos e entidades deverão manter em meio fí- Art. 51. A revisão de ofício da informação classificada no grau ultras-
sico as informações previstas no caput, para consulta pública em suas secreto ou secreto será apreciada em até três sessões anteriores à data
sedes. de sua desclassificação automática.
CAPÍTULO VI Art. 52. As deliberações da Comissão Mista de Reavaliação de In-
DA COMISSÃO MISTA DE REAVALIAÇÃO DE formações serão tomadas:
INFORMAÇÕES CLASSIFICADAS I - por maioria absoluta, quando envolverem as competências previs-
Art. 46. A Comissão Mista de Reavaliação de Informações, instituída tas nos incisos I e IV do caput do art.47; e
nos termos do § 1o do art. 35 da Lei no 12.527, de 2011, será integrada II - por maioria simples dos votos, nos demais casos.
pelos titulares dos seguintes órgãos: Parágrafo único. A Casa Civil da Presidência da República poderá
I - Casa Civil da Presidência da República, que a presidirá; exercer, além do voto ordinário, o voto de qualidade para desempate.
II - Ministério da Justiça; Art. 53. A Casa Civil da Presidência da República exercerá as fun-
III - Ministério das Relações Exteriores; ções de Secretaria-Executiva da Comissão Mista de Reavaliação de
Informações, cujas competências serão definidas em regimento interno.
IV - Ministério da Defesa;
V - Ministério da Fazenda; Art. 54. A Comissão Mista de Reavaliação de Informações aprovará,
por maioria absoluta, regimento interno que disporá sobre sua organiza-
VI - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;
ção e funcionamento.
VII - Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República;
Parágrafo único. O regimento interno deverá ser publicado no Diário
VIII - Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da Repúbli-
Oficial da União no prazo de noventa dias após a instalação da Comissão.
ca;
IX - Advocacia-Geral da União; e CAPÍTULO VII
X - Controladoria Geral da União. DAS INFORMAÇÕES PESSOAIS
Parágrafo único. Cada integrante indicará suplente a ser designado Art. 55. As informações pessoais relativas à intimidade, vida privada,
por ato do Presidente da Comissão. honra e imagem detidas pelos órgãos e entidades:
Art. 47. Compete à Comissão Mista de Reavaliação de Informações: I - terão acesso restrito a agentes públicos legalmente autorizados e a
I - rever, de ofício ou mediante provocação, a classificação de infor- pessoa a que se referirem, independentemente de classificação de sigilo,
mação no grau ultrassecreto ou secreto ou sua reavaliação, no máximo a pelo prazo máximo de cem anos a contar da data de sua produção; e
cada quatro anos; II - poderão ter sua divulgação ou acesso por terceiros autorizados
II - requisitar da autoridade que classificar informação no grau ultras- por previsão legal ou consentimento expresso da pessoa a que se referi-
secreto ou secreto esclarecimento ou conteúdo, parcial ou integral, da rem.
informação, quando as informações constantes do TCI não forem suficien- Parágrafo único. Caso o titular das informações pessoais esteja mor-
tes para a revisão da classificação; to ou ausente, os direitos de que trata este artigo assistem ao cônjuge ou
III - decidir recursos apresentados contra decisão proferida: companheiro, aos descendentes ou ascendentes, conforme o disposto no
a) pela Controladoria-Geral da União, em grau recursal, a pedido de parágrafo único do art. 20 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, e na
acesso à informação ou às razões da negativa de acesso à informação; ou Lei no 9.278, de 10 de maio de 1996.
b) pelo Ministro de Estado ou autoridade com a mesma prerrogativa, Art. 56. O tratamento das informações pessoais deve ser feito de
em grau recursal, a pedido de desclassificação ou reavaliação de informa- forma transparente e com respeito à intimidade, vida privada, honra e
ção classificada; imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias individuais.
IV - prorrogar por uma única vez, e por período determinado não su- Art. 57. O consentimento referido no inciso II do caput do art. 55 não
perior a vinte e cinco anos, o prazo de sigilo de informação classificada no será exigido quando o acesso à informação pessoal for necessário:
grau ultrassecreto, enquanto seu acesso ou divulgação puder ocasionar I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa estiver física
ameaça externa à soberania nacional, à integridade do território nacional ou legalmente incapaz, e para utilização exclusivamente para o tratamento
ou grave risco às relações internacionais do País, limitado ao máximo de médico;
cinquenta anos o prazo total da classificação; e
II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de evidente in-
V - estabelecer orientações normativas de caráter geral a fim de suprir
teresse público ou geral, previstos em lei, vedada a identificação da pes-
eventuais lacunas na aplicação da Lei no 12.527, de 2011.
soa a que a informação se referir;
Parágrafo único. A não deliberação sobre a revisão de ofício no prazo
previsto no inciso I do caput implicará a desclassificação automática das III - ao cumprimento de decisão judicial;
informações. IV - à defesa de direitos humanos de terceiros; ou
Art. 48. A Comissão Mista de Reavaliação de Informações se reunirá, V - à proteção do interesse público geral e preponderante.
ordinariamente, uma vez por mês, e, extraordinariamente, sempre que Art. 58. A restrição de acesso a informações pessoais de que trata o
convocada por seu Presidente. art. 55 não poderá ser invocada:
Parágrafo único. As reuniões serão realizadas com a presença de no
I - com o intuito de prejudicar processo de apuração de irregularida-
mínimo seis integrantes.
des, conduzido pelo Poder Público, em que o titular das informações for
Art. 49. Os requerimentos de prorrogação do prazo de classificação parte ou interessado; ou
de informação no grau ultrassecreto, a que se refere o inciso IV do caput
do art. 47, deverão ser encaminhados à Comissão Mista de Reavaliação II - quando as informações pessoais não classificadas estiverem con-
de Informações em até um ano antes do vencimento do termo final de tidas em conjuntos de documentos necessários à recuperação de fatos
restrição de acesso. históricos de maior relevância.
Parágrafo único. O requerimento de prorrogação do prazo de sigilo Art. 59. O dirigente máximo do órgão ou entidade poderá, de ofício ou
de informação classificada no grau ultrassecreto deverá ser apreciado, mediante provocação, reconhecer a incidência da hipótese do inciso II do
impreterivelmente, em até três sessões subsequentes à data de sua caput do art. 58, de forma fundamentada, sobre documentos que tenha
autuação, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as produzido ou acumulado, e que estejam sob sua guarda.
demais deliberações da Comissão. § 1o Para subsidiar a decisão de reconhecimento de que trata o ca-
Art. 50. A Comissão Mista de Reavaliação de Informações deverá apre- put, o órgão ou entidade poderá solicitar a universidades, instituições de
ciar os recursos previstos no inciso III do caput do art. 47, impreterivelmente, pesquisa ou outras entidades com notória experiência em pesquisa histo-
até a terceira reunião ordinária subsequente à data de sua autuação. riográfica a emissão de parecer sobre a questão.

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§ 2o A decisão de reconhecimento de que trata o caput será precedi- previstos no art. 63 deverão ser apresentados diretamente aos órgãos e
da de publicação de extrato da informação, com descrição resumida do entidades responsáveis pelo repasse de recursos.
assunto, origem e período do conjunto de documentos a serem considera- CAPÍTULO IX
dos de acesso irrestrito, com antecedência de no mínimo trinta dias.
DAS RESPONSABILIDADES
§ 3o Após a decisão de reconhecimento de que trata o § 2o, os docu-
mentos serão considerados de acesso irrestrito ao público. Art. 65. Constituem condutas ilícitas que ensejam responsabilidade
§ 4o Na hipótese de documentos de elevado valor histórico destina- do agente público ou militar:
dos à guarda permanente, caberá ao dirigente máximo do Arquivo Nacio- I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos deste De-
nal, ou à autoridade responsável pelo arquivo do órgão ou entidade públi- creto, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornecê-la intencio-
ca que os receber, decidir, após seu recolhimento, sobre o reconhecimen- nalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa;
to, observado o procedimento previsto neste artigo. II - utilizar indevidamente, subtrair, destruir, inutilizar, desfigurar, alte-
Art. 60. O pedido de acesso a informações pessoais observará os rar ou ocultar, total ou parcialmente, informação que se encontre sob sua
procedimentos previstos no Capítulo IV e estará condicionado à compro- guarda, a que tenha acesso ou sobre que tenha conhecimento em razão
vação da identidade do requerente. do exercício das atribuições de cargo, emprego ou função pública;
Parágrafo único. O pedido de acesso a informações pessoais por ter- III - agir com dolo ou má-fé na análise dos pedidos de acesso à infor-
ceiros deverá ainda estar acompanhado de: mação;
I - comprovação do consentimento expresso de que trata o inciso II do IV - divulgar, permitir a divulgação, acessar ou permitir acesso indevi-
caput do art. 55, por meio de procuração; do a informação classificada em grau de sigilo ou a informação pessoal;
II - comprovação das hipóteses previstas no art. 58; V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou de tercei-
ro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido por si ou por outrem;
III - demonstração do interesse pela recuperação de fatos históricos
de maior relevância, observados os procedimentos previstos no art. 59; ou VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente informação
classificada em grau de sigilo para beneficiar a si ou a outrem, ou em
IV - demonstração da necessidade do acesso à informação requerida prejuízo de terceiros; e
para a defesa dos direitos humanos ou para a proteção do interesse VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos concernen-
público e geral preponderante. tes a possíveis violações de direitos humanos por parte de agentes do
Art. 61. O acesso à informação pessoal por terceiros será condicio- Estado.
nado à assinatura de um termo de responsabilidade, que disporá sobre a § 1o Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa e do devi-
finalidade e a destinação que fundamentaram sua autorização, sobre as do processo legal, as condutas descritas no caput serão consideradas:
obrigações a que se submeterá o requerente. I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças Armadas,
§ 1o A utilização de informação pessoal por terceiros vincula-se à fi- transgressões militares médias ou graves, segundo os critérios neles
nalidade e à destinação que fundamentaram a autorização do acesso, estabelecidos, desde que não tipificadas em lei como crime ou contra-
vedada sua utilização de maneira diversa. venção penal; ou
II - para fins do disposto na Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990,
§ 2o Aquele que obtiver acesso às informações pessoais de terceiros infrações administrativas, que deverão ser apenadas, no mínimo, com
será responsabilizado por seu uso indevido, na forma da lei. suspensão, segundo os critérios estabelecidos na referida lei.
Art. 62. Aplica-se, no que couber, a Lei no 9.507, de 12 de novembro § 2o Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar ou agente
de 1997, em relação à informação de pessoa, natural ou jurídica, constan- público responder, também, por improbidade administrativa, conforme o
te de registro ou banco de dados de órgãos ou entidades governamentais disposto nas Leis no 1.079, de 10 de abril de 1950, e no 8.429, de 2 de
ou de caráter público. junho de 1992.
CAPÍTULO VIII Art. 66. A pessoa natural ou entidade privada que detiver informações
DAS ENTIDADES PRIVADAS SEM FINS LUCRATIVOS em virtude de vínculo de qualquer natureza com o Poder Público e praticar
conduta prevista no art. 65, estará sujeita às seguintes sanções:
Art. 63. As entidades privadas sem fins lucrativos que receberem re-
I - advertência;
cursos públicos para realização de ações de interesse público deverão dar
publicidade às seguintes informações: II - multa;
III - rescisão do vínculo com o Poder Público;
I - cópia do estatuto social atualizado da entidade;
IV - suspensão temporária de participar em licitação e impedimento de
II - relação nominal atualizada dos dirigentes da entidade; e contratar com a administração pública por prazo não superior a dois anos;
III - cópia integral dos convênios, contratos, termos de parcerias, e
acordos, ajustes ou instrumentos congêneres realizados com o Poder V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a admi-
Executivo federal, respectivos aditivos, e relatórios finais de prestação de nistração pública, até que seja promovida a reabilitação perante a autori-
contas, na forma da legislação aplicável. dade que aplicou a penalidade.
§ 1o A sanção de multa poderá ser aplicada juntamente com as san-
§ 1o As informações de que trata o caput serão divulgadas em sítio
ções previstas nos incisos I, III e IV do caput.
na Internet da entidade privada e em quadro de avisos de amplo acesso
público em sua sede. § 2o A multa prevista no inciso II do caput será aplicada sem prejuízo
da reparação pelos danos e não poderá ser:
§ 2o A divulgação em sítio na Internet referida no §1o poderá ser dis- I - inferior a R$ 1.000,00 (mil reais) nem superior a R$ 200.000,00
pensada, por decisão do órgão ou entidade pública, e mediante expressa (duzentos mil reais), no caso de pessoa natural; ou
justificação da entidade, nos casos de entidades privadas sem fins lucrati- II - inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais) nem superior a R$
vos que não disponham de meios para realizá-la. 600.000,00 (seiscentos mil reais), no caso de entidade privada.
§ 3o As informações de que trata o caput deverão ser publicadas a § 3o A reabilitação referida no inciso V do caput será autorizada so-
partir da celebração do convênio, contrato, termo de parceria, acordo, mente quando a pessoa natural ou entidade privada efetivar o ressarci-
ajuste ou instrumento congênere, serão atualizadas periodicamente e mento ao órgão ou entidade dos prejuízos resultantes e depois de decorri-
ficarão disponíveis até cento e oitenta dias após a entrega da prestação do o prazo da sanção aplicada com base no inciso IV do caput.
de contas final. § 4o A aplicação da sanção prevista no inciso V do caput é de com-
Art. 64. Os pedidos de informação referentes aos convênios, contra- petência exclusiva da autoridade máxima do órgão ou entidade pública.
tos, termos de parcerias, acordos, ajustes ou instrumentos congêneres § 5o O prazo para apresentação de defesa nas hipóteses previstas
neste artigo é de dez dias, contado da ciência do ato.

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CAPÍTULO X DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS
DO MONITORAMENTO DA APLICAÇÃO DA LEI Art. 71. Os órgãos e entidades adequarão suas políticas de gestão da
Seção I informação, promovendo os ajustes necessários aos processos de regis-
Da Autoridade de Monitoramento tro, processamento, trâmite e arquivamento de documentos e informa-
Art. 67. O dirigente máximo de cada órgão ou entidade designará au- ções.
toridade que lhe seja diretamente subordinada para exercer as seguintes
Art. 72. Os órgãos e entidades deverão reavaliar as informações
atribuições:
classificadas no grau ultrassecreto e secreto no prazo máximo de dois
I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso à infor-
anos, contado do termo inicial de vigência da Lei no 12.527, de 2011.
mação, de forma eficiente e adequada aos objetivos da Lei no 12.527, de
2011; § 1o A restrição de acesso a informações, em razão da reavaliação
II - avaliar e monitorar a implementação do disposto neste Decreto e prevista no caput, deverá observar os prazos e condições previstos neste
apresentar ao dirigente máximo de cada órgão ou entidade relatório anual Decreto.
sobre o seu cumprimento, encaminhando-o à Controladoria-Geral da § 2o Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação previsto no
União; caput, será mantida a classificação da informação, observados os prazos
III - recomendar medidas para aperfeiçoar as normas e procedimentos e disposições da legislação precedente.
necessários à implementação deste Decreto; § 3o As informações classificadas no grau ultrassecreto e secreto não
IV - orientar as unidades no que se refere ao cumprimento deste De- reavaliadas no prazo previsto no caput serão consideradas, automatica-
creto; e mente, desclassificadas.
V - manifestar-se sobre reclamação apresentada contra omissão de
Art. 73. A publicação anual de que trata o art. 45 terá inicio em junho
autoridade competente, observado o disposto no art. 22.
de 2013.
Seção II
Das Competências Relativas ao Monitoramento Art. 74. O tratamento de informação classificada resultante de trata-
dos, acordos ou atos internacionais atenderá às normas e recomendações
Art. 68. Compete à Controladoria-Geral da União, observadas as
desses instrumentos.
competências dos demais órgãos e entidades e as previsões específicas
neste Decreto: Art. 75. Aplica-se subsidiariamente a Lei no 9.784, de 29 de janeiro de
1999, aos procedimentos previstos neste Decreto.
I - definir o formulário padrão, disponibilizado em meio físico e eletrô-
nico, que estará à disposição no sítio na Internet e no SIC dos órgãos e Art. 76. Este Decreto entra em vigor em 16 de maio de 2012.
entidades, de acordo com o § 1o do art. 11;
II - promover campanha de abrangência nacional de fomento à cultura
da transparência na administração pública e conscientização sobre o
direito fundamental de acesso à informação; 6. Elementos de redação técnica:
documentos oficiais, tratamento
III - promover o treinamento dos agentes públicos e, no que couber, a
capacitação das entidades privadas sem fins lucrativos, no que se refere de correspondências, normas e
ao desenvolvimento de práticas relacionadas à transparência na adminis- despachos de correspondências e
tração pública; uso de serviços postais
IV - monitorar a implementação da Lei no 12.527, de 2011, concen-
trando e consolidando a publicação de informações estatísticas relaciona- MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
das no art. 45; Apresentação
V - preparar relatório anual com informações referentes à implemen- Com a edição do Decreto no 100.000, em 11 de janeiro de 1991, o
tação da Lei no 12.527, de 2011, a ser encaminhado ao Congresso Nacio- Presidente da República autorizou a criação de comissão para rever,
nal; atualizar, uniformizar e simplificar as normas de redação de atos e comu-
nicações oficiais. Após nove meses de intensa atividade da Comissão
VI - monitorar a aplicação deste Decreto, especialmente o cumprimen- presidida pelo hoje Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Ferreira
to dos prazos e procedimentos; e Mendes, apresentou-se a primeira edição do MANUAL DE REDAÇÃO DA
VII - definir, em conjunto com a Casa Civil da Presidência da Repúbli- PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA.
ca, diretrizes e procedimentos complementares necessários à implemen-
tação da Lei no12.527, de 2011. A obra dividia-se em duas partes: a primeira, elaborada pelo diploma-
Art. 69. Compete à Controladoria-Geral da União e ao Ministério do ta Nestor Forster Jr., tratava das comunicações oficiais, sistematizava
Planejamento, Orçamento e Gestão, observadas as competências dos seus aspectos essenciais, padronizava a diagramação dos expedientes,
demais órgãos e entidades e as previsões específicas neste Decreto, por exibia modelos, simplificava os fechos que vinham sendo utilizados desde
meio de ato conjunto: 1937, suprimia arcaísmos e apresentava uma súmula gramatical aplicada
à redação oficial. A segunda parte, a cargo do Ministro Gilmar Mendes,
I - estabelecer procedimentos, regras e padrões de divulgação de in-
ocupava-se da elaboração e redação dos atos normativos no âmbito do
formações ao público, fixando prazo máximo para atualização; e
Executivo, da conceituação e exemplificação desses atos e do procedi-
II - detalhar os procedimentos necessários à busca, estruturação e mento legislativo.
prestação de informações no âmbito do SIC.
Art. 70. Compete ao Gabinete de Segurança Institucional da Presi- A edição do Manual propiciou, ainda, a criação de um sistema de con-
dência da República, observadas as competências dos demais órgãos e trole sobre a edição de atos normativos do Poder Executivo que teve por
entidades e as previsões específicas neste Decreto: finalidade permitir a adequada reflexão sobre o ato proposto: a identifica-
I - estabelecer regras de indexação relacionadas à classificação de in- ção clara e precisa do problema ou da situação que o motiva; os custos
formação; que poderia acarretar; seus efeitos práticos; a probabilidade de impugna-
ção judicial; sua legalidade e constitucionalidade; e sua repercussão no
II - expedir atos complementares e estabelecer procedimentos relati- ordenamento jurídico.
vos ao credenciamento de segurança de pessoas, órgãos e entidades
públicos ou privados, para o tratamento de informações classificadas; e Buscou-se, assim, evitar a edição de normas repetitivas, redundantes
III - promover, por meio do Núcleo de Credenciamento de Segurança, ou desnecessárias; possibilitar total transparência ao processo de elabo-
o credenciamento de segurança de pessoas, órgãos e entidades públicos ração de atos normativos; ensejar a verificação prévia da eficácia das
ou privados, para o tratamento de informações classificadas. normas e considerar, no processo de elaboração de atos normativos, a
CAPÍTULO XI experiência dos encarregados em executar o disposto na norma.

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Decorridos mais de dez anos da primeira edição do Manual, fez-se Não se concebe que um ato normativo de qualquer natureza seja re-
necessário proceder à revisão e atualização do texto para a elaboração digido de forma obscura, que dificulte ou impossibilite sua compreensão. A
desta 2a Edição, a qual preserva integralmente as linhas mestras do transparência do sentido dos atos normativos, bem como sua inteligibili-
trabalho originalmente desenvolvido. Na primeira parte, as alterações dade, são requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um
principais deram-se em torno da adequação das formas de comunicação texto legal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, pois,
usadas na administração aos avanços da informática. Na segunda parte, necessariamente, clareza e concisão.
as alterações decorreram da necessidade de adaptação do texto à evolu-
ção legislativa na matéria, em especial à Lei Complementar no 95, de 26 Além de atender à disposição constitucional, a forma dos atos norma-
de fevereiro de 1998, ao Decreto no 4.176, de 28 de março de 2002, e às tivos obedece a certa tradição. Há normas para sua elaboração que
alterações constitucionais ocorridas no período. remontam ao período de nossa história imperial, como, por exemplo, a
obrigatoriedade – estabelecida por decreto imperial de 10 de dezembro de
Espera-se que esta nova edição do Manual contribua, tal como a pri- 1822 – de que se aponha, ao final desses atos, o número de anos trans-
meira, para a consolidação de uma cultura administrativa de profissionali- corridos desde a Independência. Essa prática foi mantida no período
zação dos servidores públicos e de respeito aos princípios constitucionais republicano.
da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, com a
consequente melhoria dos serviços prestados à sociedade. Esses mesmos princípios (impessoalidade, clareza, uniformidade,
concisão e uso de linguagem formal) aplicam-se às comunicações oficiais:
Sinais e Abreviaturas Empregados elas devem sempre permitir uma única interpretação e ser estritamente
* = indica forma (em geral sintática) inaceitável ou agramatical. impessoais e uniformes, o que exige o uso de certo nível de linguagem.
§ = parágrafo
adj. adv. = adjunto adverbial Nesse quadro, fica claro também que as comunicações oficiais são
arc. = arcaico necessariamente uniformes, pois há sempre um único comunicador (o
art. = artigo Serviço Público) e o receptor dessas comunicações ou é o próprio Serviço
cf. = confronte Público (no caso de expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o
CN = Congresso Nacional conjunto dos cidadãos ou instituições tratadas de forma homogênea (o
Cp. = compare público).
f.v. = forma verbal
fem.= feminino Outros procedimentos rotineiros na redação de comunicações oficiais
ind. = indicativo foram incorporados ao longo do tempo, como as formas de tratamento e
i. é. = isto é de cortesia, certos clichês de redação, a estrutura dos expedientes, etc.
masc. = masculino Mencione-se, por exemplo, a fixação dos fechos para comunicações
obj. dir. = objeto direto oficiais, regulados pela Portaria no 1 do Ministro de Estado da Justiça, de 8
obj. ind. = objeto indireto de julho de 1937, que, após mais de meio século de vigência, foi revogado
p. = páginap. us. = pouco usado pelo Decreto que aprovou a primeira edição deste Manual.
pess. = pessoa
pl. = plural Acrescente-se, por fim, que a identificação que se buscou fazer das
pref. = prefixo características específicas da forma oficial de redigir não deve ensejar o
pres. = presente entendimento de que se proponha a criação – ou se aceite a existência –
Res. = Resolução do Congresso Nacional de uma forma específica de linguagem administrativa, o que coloquialmen-
RI da CD = Regimento Interno da Câmara dos Deputados te e pejorativamente se chama burocratês. Este é antes uma distorção do
RI do SF = Regimento Interno do Senado Federal que deve ser a redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões
s. = substantivo e clichês do jargão burocrático e de formas arcaicas de construção de
s.f. = substantivo feminino frases.
s.m. = substantivo masculino
sing. = singular A redação oficial não é, portanto, necessariamente árida e infensa à
tb. = também evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar com impes-
v. = ver ou verbo soalidade e máxima clareza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz
v. g; = verbi gratia da língua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto jornalístico,
var. pop. = variante popular da correspondência particular, etc.

Apresentadas essas características fundamentais da redação oficial,


passemos à análise pormenorizada de cada uma delas.
PARTE I
AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS
1.1. A Impessoalidade
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela escrita.
CAPÍTULO I Para que haja comunicação, são necessários: a) alguém que comunique,
ASPECTOS GERAIS DA REDAÇÃO OFICIAL b) algo a ser comunicado, e c) alguém que receba essa comunicação. No
1. O que é Redação Oficial caso da redação oficial, quem comunica é sempre o Serviço Público (este
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela ou aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção);
qual o Poder Público redige atos normativos e comunicações. Interessa- o que se comunica é sempre algum assunto relativo às atribuições do
nos tratá-la do ponto de vista do Poder Executivo. órgão que comunica; o destinatário dessa comunicação ou é o público, o
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do conjunto dos cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros
padrão culto de linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade. Poderes da União.
Fundamentalmente esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe,
no artigo 37: “A administração pública direta, indireta ou fundacional, de Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser dado
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos aos assuntos que constam das comunicações oficiais decorre:
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, a) da ausência de impressões individuais de quem comunica: embo-
moralidade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo a publicidade e a impes- ra se trate, por exemplo, de um expediente assinado por Chefe de
soalidade princípios fundamentais de toda administração pública, claro determinada Seção, é sempre em nome do Serviço Público que é
está que devem igualmente nortear a elaboração dos atos e comunica- feita a comunicação. Obtém-se, assim, uma desejável padroniza-
ções oficiais. ção, que permite que comunicações elaboradas em diferentes se-
tores da Administração guardem entre si certa uniformidade;
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b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com duas expressões, ou será obedecida certa tradição no emprego das formas
possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre con- sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se consagre a
cebido como público, ou a outro órgão público. Nos dois casos, utilização de uma forma de linguagem burocrática. O jargão burocrático,
temos um destinatário concebido de forma homogênea e impes- como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre sua compreensão
soal; limitada.
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o universo
temático das comunicações oficiais se restringe a questões que A linguagem técnica deve ser empregada apenas em situações que a
dizem respeito ao interesse público, é natural que não cabe qual- exijam, sendo de evitar o seu uso indiscriminado. Certos rebuscamentos
quer tom particular ou pessoal. acadêmicos, e mesmo o vocabulário próprio a determinada área, são de
difícil entendimento por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se
Desta forma, não há lugar na redação oficial para impressões pesso-
ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em comunicações encaminhadas a
ais, como as que, por exemplo, constam de uma carta a um amigo, ou de
outros órgãos da administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos.
um artigo assinado de jornal, ou mesmo de um texto literário. A redação
oficial deve ser isenta da interferência da individualidade que a elabora. Outras questões sobre a linguagem, como o emprego de neologismo
e estrangeirismo, são tratadas em detalhe em 9.3. Semântica.
A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos va-
lemos para elaborar os expedientes oficiais contribuem, ainda, para que 1.3. Formalidade e Padronização
seja alcançada a necessária impessoalidade. As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é, obede-
cem a certas regras de forma: além das já mencionadas exigências de
1.2. A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais impessoalidade e uso do padrão culto de linguagem, é imperativo, ainda,
A necessidade de empregar determinado nível de linguagem nos atos certa formalidade de tratamento. Não se trata somente da eterna dúvida
e expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio caráter público quanto ao correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento para
desses atos e comunicações; de outro, de sua finalidade. Os atos oficiais, uma autoridade de certo nível (v. a esse respeito 2.1.3. Emprego dos
aqui entendidos como atos de caráter normativo, ou estabelecem regras Pronomes de Tratamento); mais do que isso, a formalidade diz respeito à
para a conduta dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos polidez, à civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a
públicos, o que só é alcançado se em sua elaboração for empregada a comunicação.
linguagem adequada. O mesmo se dá com os expedientes oficiais, cuja A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária uni-
finalidade precípua é a de informar com clareza e objetividade. formidade das comunicações. Ora, se a administração federal é una, é
natural que as comunicações que expede sigam um mesmo padrão. O
As comunicações que partem dos órgãos públicos federais devem ser estabelecimento desse padrão, uma das metas deste Manual, exige que
compreendidas por todo e qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse se atente para todas as características da redação oficial e que se cuide,
objetivo, há que evitar o uso de uma linguagem restrita a determinados ainda, da apresentação dos textos.
grupos. Não há dúvida que um texto marcado por expressões de circula- A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para o texto defini-
ção restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técni- tivo e a correta diagramação do texto são indispensáveis para a padroni-
co, tem sua compreensão dificultada. zação. Consulte o Capítulo II, As Comunicações Oficiais, a respeito de
normas específicas para cada tipo de expediente.
Ressalte-se que há necessariamente uma distância entre a língua fa-
lada e a escrita. Aquela é extremamente dinâmica, reflete de forma imedi-
1.4. Concisão e Clareza
ata qualquer alteração de costumes, e pode eventualmente contar com
A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do texto
outros elementos que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a
oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo de informa-
entoação, etc., para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis
ções com um mínimo de palavras. Para que se redija com essa qualidade,
por essa distância. Já a língua escrita incorpora mais lentamente as
é fundamental que se tenha, além de conhecimento do assunto sobre o
transformações, tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas
qual se escreve, o necessário tempo para revisar o texto depois de pronto.
de si mesma para comunicar.
É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais redundâncias
A língua escrita, como a falada, compreende diferentes níveis, de ou repetições desnecessárias de ideias.
acordo com o uso que dela se faça. Por exemplo, em uma carta a um
amigo, podemos nos valer de determinado padrão de linguagem que O esforço de sermos concisos atende, basicamente ao princípio de
incorpore expressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um economia linguística, à mencionada fórmula de empregar o mínimo de
parecer jurídico, não se há de estranhar a presença do vocabulário técnico palavras para informar o máximo. Não se deve de forma alguma entendê-
correspondente. Nos dois casos, há um padrão de linguagem que atende la como economia de pensamento, isto é, não se devem eliminar passa-
ao uso que se faz da língua, a finalidade com que a empregamos. gens substanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se
exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias, passagens que
O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu caráter impessoal, por nada acrescentem ao que já foi dito.
sua finalidade de informar com o máximo de clareza e concisão, eles
requerem o uso do padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe em todo texto
culto é aquele em que a) se observam as regras da gramática formal, e b) de alguma complexidade: ideias fundamentais e ideias secundárias. Estas
se emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários do idioma. É últimas podem esclarecer o sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las;
importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na mas existem também ideias secundárias que não acrescentam informação
redação oficial decorre do fato de que ele está acima das diferenças alguma ao texto, nem têm maior relação com as fundamentais, podendo,
lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, por isso, ser dispensadas.
das idiossincrasias linguísticas, permitindo, por essa razão, que se atinja a
pretendida compreensão por todos os cidadãos. A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial, conforme
já sublinhado na introdução deste capítulo. Pode-se definir como claro
Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplicidade de ex-
aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor. No entanto
pressão, desde que não seja confundida com pobreza de expressão. De
a clareza não é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das
nenhuma forma o uso do padrão culto implica emprego de linguagem
demais características da redação oficial. Para ela concorrem:
rebuscada, nem dos contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações que
próprios da língua literária.
poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto;
b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de entendimen-
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um “padrão ofi-
to geral e por definição avesso a vocábulos de circulação restrita,
cial de linguagem”; o que há é o uso do padrão culto nos atos e comunica-
como a gíria e o jargão;
ções oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso de determinadas

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c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a imprescindível integra a locução como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o
uniformidade dos textos; substituto”; “Vossa Excelência conhece o assunto”.
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos linguísticos Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pronomes de
que nada lhe acrescentam. tratamento são sempre os da terceira pessoa: “Vossa Senhoria nomeará
É pela correta observação dessas características que se redige com seu substituto” (e não “Vossa ... vosso...”).
clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de todo texto redigido. Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero grama-
A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscuros e de erros gramati- tical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e não com o
cais provém principalmente da falta da releitura que torna possível sua substantivo que compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor for ho-
correção. mem, o correto é “Vossa Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria
deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”,
Na revisão de um expediente, deve-se avaliar, ainda, se ele será de “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”.
fácil compreensão por seu destinatário. O que nos parece óbvio pode ser
desconhecido por terceiros. O domínio que adquirimos sobre certos as- 2.1.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento
suntos em decorrência de nossa experiência profissional muitas vezes faz Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento obedece a secu-
com que os tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre é lar tradição. São de uso consagrado:
verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos técnicos, o Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
significado das siglas e abreviações e os conceitos específicos que não a) do Poder Executivo;
possam ser dispensados. Presidente da República;
Vice-Presidente da República;
A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa com que Ministros de Estado;
são elaboradas certas comunicações quase sempre compromete sua Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal;
clareza. Não se deve proceder à redação de um texto que não seja segui- Oficiais-Generais das Forças Armadas;
da por sua revisão. “Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, Embaixadores;
diz a máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável repercussão Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos
no redigir. de natureza especial;
Secretários de Estado dos Governos EstaduaisErro! Indicador não
Por fim, como exemplo de texto obscuro, que deve ser evitado em to- definido.;
das as comunicações oficiais, transcrevemos a seguir um pitoresco qua- Prefeitos Municipais.
dro, constante de obra de Adriano da Gama Kury, a partir do qual podem
ser feitas inúmeras frases, combinando-se as expressões das várias b) do Poder Legislativo:
colunas em qualquer ordem, com uma característica comum: nenhuma Deputados Federais e Senadores;
delas tem sentido! Ministros do Tribunal de Contas da União;
CAPÍTULO II Deputados Estaduais e Distritais;
AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais;
2. Introdução Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.
A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo, seguir os
preceitos explicitados no Capítulo I, Aspectos Gerais da Redação Oficial. c) do Poder Judiciário:
Além disso, há características específicas de cada tipo de expediente, que Ministros dos Tribunais Superiores;
serão tratadas em detalhe neste capítulo. Antes de passarmos à sua Membros de Tribunais;
análise, vejamos outros aspectos comuns a quase todas as modalidades Juízes;
de comunicação oficial: o emprego dos pronomes de tratamento, a forma Auditores da Justiça Militar.
dos fechos e a identificação do signatário.
2.1. Pronomes de Tratamento O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes
2.1.1. Breve História dos Pronomes de Tratamento de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo:
O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento tem larga Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
tradição na língua portuguesa. De acordo com Said Ali, após serem incor- Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,
porados ao português os pronomes latinos tu e vos, “como tratamento Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal.
direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra”, passou-se a
empregar, como expediente linguístico de distinção e de respeito, a se- As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, segui-
gunda pessoa do plural no tratamento de pessoas de hierarquia superior. do do cargo respectivo:
Prossegue o autor: Senhor Senador,
“Outro modo de tratamento indireto consistiu em fingir que se dirigia a Senhor Juiz,
palavra a um atributo ou qualidade eminente da pessoa de categoria Senhor Ministro,
superior, e não a ela própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu Senhor Governador,
rei com o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...); assim usou-se
No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às autori-
o tratamento ducal de vossa excelência e adotaram-se na hierarquia
dades tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte forma:
eclesiástica vossa reverência, vossa paternidade, vossa eminência, vossa
A Sua Excelência o Senhor
santidade.”
Fulano de Tal
A partir do final do século XVI, esse modo de tratamento indireto já
Ministro de Estado da Justiça
estava em voga também para os ocupantes de certos cargos públicos.
70064-900 – Brasília. DF
Vossa mercê evoluiu para vosmecê, e depois para o coloquial você. E o
pronome vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa tradição que provém
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssi-
o atual emprego de pronomes de tratamento indireto como forma de
mo (DD), às autoridades arroladas na lista anterior. A dignidade é pressu-
dirigirmo-nos às autoridades civis, militares e eclesiásticas.
posto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária
sua repetida evocação.
2.1.2. Concordância com os Pronomes de Tratamento
Vossa SenhoriaErro! Indicador não definido. é empregado para as
Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta) apresen-
demais autoridades e para particulares. O vocativo adequado é:
tam certas peculiaridades quanto à concordância verbal, nominal e pro-
Senhor Fulano de Tal,
nominal. Embora se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com
(...)
quem se fala, ou a quem se dirige a comunicação), levam a concordância
No envelope, deve constar do endereçamento:
para a terceira pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que

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Ao Senhor frase anterior ao fecho.
Fulano de Tal 3. O Padrão Ofício
Rua ABC, no 123 Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela finalidade
12345-000 – Curitiba. PR do que pela forma: o ofício, o aviso e o memorando. Com o fito de unifor-
mizá-los, pode-se adotar uma diagramação única, que siga o que chama-
Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado o emprego mos de padrão ofício. As peculiaridades de cada um serão tratadas adian-
do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento te; por ora busquemos as suas semelhanças.
de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de 3.1. Partes do documento no Padrão Ofício
tratamento Senhor. O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguintes partes:
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o
Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento, e sim título expede:
acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente. Como regra geral, empre- Exemplos:
gue-o apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau Mem. 123/2002-MF
por terem concluído curso universitário de doutorado. É costume designar Aviso 123/2002-SG
por doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em Of. 123/2002-MME
Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada
formalidade às comunicações. b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinhamento à
Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, empregada por direita:
força da tradição, em comunicações dirigidas a reitores de universidade. Exemplo:
Corresponde-lhe o vocativo: Brasília, 15 de março de 1991.
Magnífico Reitor,
(...) c) assunto: resumo do teor do documento
Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a hierar- Exemplos:
quia eclesiástica, são: Assunto: Produtividade do órgão em 2002.
Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores.
correspondente é:
Santíssimo Padre, d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a co-
(...) municação. No caso do ofício deve ser incluído também o endereço.
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em comuni-
cações aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo: e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento de do-
Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou cumentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura:
Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal, – introdução, que se confunde com o parágrafo de abertura, na qual é
(...) apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o uso das for-
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações dirigi- mas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpre-me informar que”,
das a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria empregue a forma direta;
Reverendíssima para Monsenhores, Cônegos e superiores religiosos. – desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o texto contiver
Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos e demais religi- mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas em parágra-
osos. fos distintos, o que confere maior clareza à exposição;
– conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente reapresentada a
2.2. Fechos para Comunicações posição recomendada sobre o assunto.
O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade óbvia de Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos em
arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos para fecho que que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos.
vinham sendo utilizados foram regulados pela Portaria no 1 do Ministério
da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simpli- Já quando se tratar de mero encaminhamento de documentos a estru-
ficá-los e uniformizá-los, este Manual estabelece o emprego de somente tura é a seguinte:
dois fechos diferentes para todas as modalidades de comunicação oficial: – introdução: deve iniciar com referência ao expediente que solicitou o
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República: encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver sido solicitada,
Respeitosamente, deve iniciar com a informação do motivo da comunicação, que é encami-
nhar, indicando a seguir os dados completos do documento encaminhado
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior: (tipo, data, origem ou signatário, e assunto de que trata), e a razão pela
Atenciosamente, qual está sendo encaminhado, segundo a seguinte fórmula:
“Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991, encaminho,
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autorida- anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 1990, do Departamento
des estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios, devidamente Geral de Administração, que trata da requisição do servidor Fulano de
disciplinados no Manual de Redação do Ministério das Relações Exterio- Tal.” ou
res. “Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia do tele-
grama no 12, de 1o de fevereiro de 1991, do Presidente da Confederação
2.3. Identificação do Signatário Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de modernização de técni-
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República, cas agrícolas na região Nordeste.”
todas as demais comunicações oficiais devem trazer o nome e o cargo da – desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer algum
autoridade que as expede, abaixo do local de sua assinatura. A forma da comentário a respeito do documento que encaminha, poderá acrescentar
identificação deve ser a seguinte: parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário, não há parágrafos de
(espaço para assinatura) desenvolvimento em aviso ou ofício de mero encaminhamento.
NOME f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações);
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República g) assinatura do autor da comunicação; e
(espaço para assinatura) h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação do Signatário).
NOME
Ministro de Estado da Justiça 3.2. Forma de diagramação
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à seguinte forma
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em pá- de apresentação:
gina isolada do expediente. Transfira para essa página ao menos a última a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo 12 no

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texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé; Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do memorando
b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman poder- em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de
se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings; procedimentos burocráticos. Para evitar desnecessário aumento do núme-
c) é obrigatório constar a partir da segunda página o número da pá- ro de comunicações, os despachos ao memorando devem ser dados no
gina; próprio documento e, no caso de falta de espaço, em folha de continua-
d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impressos ção. Esse procedimento permite formar uma espécie de processo simplifi-
em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda e cado, assegurando maior transparência à tomada de decisões, e permitin-
direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem do que se historie o andamento da matéria tratada no memorando.
espelho”);
e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância 3.4.2. Forma e Estrutura
da margem esquerda; Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão ofício,
f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo, com a diferença de que o seu destinatário deve ser mencionado pelo
3,0 cm de largura; cargo que ocupa.
g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm; Exemplos:
h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração
pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos
comportar tal recurso, de uma linha em branco;
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras 4. Exposição de Motivos
maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer ou- 4.1. Definição e Finalidade
tra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presidente da Repú-
documento; blica ou ao Vice-Presidente para:
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel bran- a) informá-lo de determinado assunto;
co. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos e b) propor alguma medida; ou
ilustrações; c) submeter a sua consideração projeto de ato normativo.
l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser im-
pressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm; Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da Repú-
m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Rich blica por um Ministro de Estado.
Text nos documentos de texto; Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um Ministério, a
n) dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o exposição de motivos deverá ser assinada por todos os Ministros envolvi-
arquivo de texto preservado para consulta posterior ou aprovei- dos, sendo, por essa razão, chamada de interministerial.
tamento de trechos para casos análogos;
o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser 4.2. Forma e Estrutura
formados da seguinte maneira: Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação do padrão
tipo do documento + número do documento + palavras-chaves do ofício (v. 3. O Padrão Ofício). O anexo que acompanha a exposição de
conteúdo motivos que proponha alguma medida ou apresente projeto de ato norma-
Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002” tivo, segue o modelo descrito adiante.

3.3. Aviso e Ofício A exposição de motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta du-
3.3.1. Definição e Finalidade as formas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter exclu-
Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial praticamente sivamente informativo e outra para a que proponha alguma medida ou
idênticas. A única diferença entre eles é que o aviso é expedido exclusi- submeta projeto de ato normativo.
vamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia,
ao passo que o ofício é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos No primeiro caso, o da exposição de motivos que simplesmente leva
têm como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos órgãos da algum assunto ao conhecimento do Presidente da República, sua estrutu-
Administração Pública entre si e, no caso do ofício, também com particula- ra segue o modelo antes referido para o padrão ofício.
res.
3.3.2. Forma e Estrutura Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Presiden-
Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo do padrão ofício, te da República a sugestão de alguma medida a ser adotada ou a que lhe
com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário (v. 2.1 Pronomes de apresente projeto de ato normativo – embora sigam também a estrutura
Tratamento), seguido de vírgula. do padrão ofício –, além de outros comentários julgados pertinentes por
Exemplos: seu autor, devem, obrigatoriamente, apontar:
Excelentíssimo Senhor Presidente da República a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da me-
Senhora Ministra dida ou do ato normativo proposto;
Senhor Chefe de Gabinete b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou aquele
ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e eventuais
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as seguintes in- alternativas existentes para equacioná-lo;
formações do remetente: c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou qual
– nome do órgão ou setor; ato normativo deve ser editado para solucionar o problema.
– endereço postal;
– telefone e endereço de correio eletrônico. Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição de mo-
tivos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte modelo previsto
3.4. Memorando no Anexo II do Decreto no 4.176, de 28 de março de 2002.
3.4.1. Definição e Finalidade
O memorando é a modalidade de comunicação entre unidades admi- Anexo à Exposição de Motivos do (indicar nome do Ministério ou ór-
nistrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquicamente em gão equivalente) no , de de de 200 .
mesmo nível ou em níveis diferentes. Trata-se, portanto, de uma forma de
comunicação eminentemente interna. 5. Mensagem
5.1. Definição e Finalidade
Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser empregado para a É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos Poderes
exposição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados por deter- Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder
minado setor do serviço público. Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato da Administração
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Pública; expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão de emissoras de rádio e TV.
legislativa; submeter ao Congresso Nacional matérias que dependem de A obrigação de submeter tais atos à apreciação do Congresso Nacio-
deliberação de suas Casas; apresentar veto; enfim, fazer e agradecer nal consta no inciso XII do artigo 49 da Constituição. Somente produzirão
comunicações de tudo quanto seja de interesse dos poderes públicos e da efeitos legais a outorga ou renovação da concessão após deliberação do
Nação. Congresso Nacional (Constituição, art. 223, § 3o). Descabe pedir na
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Ministérios à Pre- mensagem a urgência prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o §
sidência da República, a cujas assessorias caberá a redação final. 1o do art. 223 já define o prazo da tramitação.
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacio- Além do ato de outorga ou renovação, acompanha a mensagem o
nal têm as seguintes finalidades: correspondente processo administrativo.
a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, complementar ou fi-
nanceira. f) encaminhamento das contas referentes ao exercício anterior.
Os projetos de lei ordinária ou complementar são enviados em regime O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias após a aber-
normal (Constituição, art. 61) ou de urgência (Constituição, art. 64, §§ 1o a tura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacional as contas
4o). Cabe lembrar que o projeto pode ser encaminhado sob o regime referentes ao exercício anterior (Constituição, art. 84, XXIV), para exame e
normal e mais tarde ser objeto de nova mensagem, com solicitação de parecer da Comissão Mista permanente (Constituição, art. 166, § 1o), sob
urgência. pena de a Câmara dos Deputados realizar a tomada de contas (Constitui-
ção, art. 51, II), em procedimento disciplinado no art. 215 do seu Regimen-
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Membros do Con- to Interno.
gresso Nacional, mas é encaminhada com aviso do Chefe da Casa Civil
da Presidência da República ao Primeiro Secretário da Câmara dos Depu- g) mensagem de abertura da sessão legislativa.
tados, para que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, caput). Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre a situação do
País e solicitação de providências que julgar necessárias (Constituição,
Quanto aos projetos de lei financeira (que compreendem plano pluria- art. 84, XI).
nual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e créditos adicionais), O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da Presidência da
as mensagens de encaminhamento dirigem-se aos Membros do Congres- República. Esta mensagem difere das demais porque vai encadernada e é
so Nacional, e os respectivos avisos são endereçados ao Primeiro Secre- distribuída a todos os Congressistas em forma de livro.
tário do Senado Federal. A razão é que o art. 166 da Constituição impõe a
deliberação congressual sobre as leis financeiras em sessão conjunta, h) comunicação de sanção (com restituição de autógrafos).
mais precisamente, “na forma do regimento comum”. E à frente da Mesa Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso Nacional, en-
do Congresso Nacional está o Presidente do Senado Federal (Constitui- caminhada por Aviso ao Primeiro Secretário da Casa onde se originaram
ção, art. 57, § 5o), que comanda as sessões conjuntas. os autógrafos. Nela se informa o número que tomou a lei e se restituem
dois exemplares dos três autógrafos recebidos, nos quais o Presidente da
As mensagens aqui tratadas coroam o processo desenvolvido no âm- República terá aposto o despacho de sanção.
bito do Poder Executivo, que abrange minucioso exame técnico, jurídico e
econômico-financeiro das matérias objeto das proposições por elas enca- i) comunicação de veto.
minhadas. Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66, § 1o),
a mensagem informa sobre a decisão de vetar, se o veto é parcial, quais
Tais exames materializam-se em pareceres dos diversos órgãos inte- as disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto vai publicado na
ressados no assunto das proposições, entre eles o da Advocacia-Geral da íntegra no Diário Oficial da União (v. 4.2. Forma e Estrutura), ao contrário
União. Mas, na origem das propostas, as análises necessárias constam da das demais mensagens, cuja publicação se restringe à notícia do seu
exposição de motivos do órgão onde se geraram (v. 3.1. Exposição de envio ao Poder Legislativo. (v. 19.6.Veto)
Motivos) – exposição que acompanhará, por cópia, a mensagem de
encaminhamento ao Congresso. j) outras mensagens.
Também são remetidas ao Legislativo com regular frequência mensa-
b) encaminhamento de medida provisória. gens com:
Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição, o Presi- – encaminhamento de atos internacionais que acarretam encargos
dente da República encaminha mensagem ao Congresso, dirigida a seus ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I);
membros, com aviso para o Primeiro Secretário do Senado Federal, – pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às operações
juntando cópia da medida provisória, autenticada pela Coordenação de e prestações interestaduais e de exportação (Constituição, art.
Documentação da Presidência da República. 155, § 2o, IV);
– proposta de fixação de limites globais para o montante da dívida
c) indicação de autoridades. consolidada (Constituição, art. 52, VI);
As mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação de – pedido de autorização para operações financeiras externas
pessoas para ocuparem determinados cargos (magistrados dos Tribunais (Constituição, art. 52, V); e outros.
Superiores, Ministros do TCU, Presidentes e Diretores do Banco Central,
Procurador-Geral da República, Chefes de Missão Diplomática, etc.) têm Entre as mensagens menos comuns estão as de:
em vista que a Constituição, no seu art. 52, incisos III e IV, atribui àquela – convocação extraordinária do Congresso Nacional (Constituição,
Casa do Congresso Nacional competência privativa para aprovar a indica- art. 57, § 6o);
ção. – pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da Re-
O curriculum vitae do indicado, devidamente assinado, acompanha a pública (art. 52, XI, e 128, § 2o);
mensagem. – pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobiliza-
ção nacional (Constituição, art. 84, XIX);
d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presidente da – pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz (Consti-
República se ausentarem do País por mais de 15 dias. tuição, art. 84, XX);
Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e 83), e – justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua pror-
a autorização é da competência privativa do Congresso Nacional. rogação (Constituição, art. 136, § 4o);
O Presidente da República, tradicionalmente, por cortesia, quando a – pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Constitui-
ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comunicação a cada Casa ção, art. 137);
do Congresso, enviando-lhes mensagens idênticas. – relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio ou
de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único);
e) encaminhamento de atos de concessão e renovação de concessão – proposta de modificação de projetos de leis financeiras (Constitui-

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ção, art. 166, § 5o); destinatário quanto do remetente.
– pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado, preferen-
despesas correspondentes, em decorrência de veto, emenda ou cialmente, o formato Rich Text. A mensagem que encaminha algum
rejeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. arquivo deve trazer informações mínimas sobre seu conteúdo.
166, § 8o); Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de confirmação de lei-
– pedido de autorização para alienar ou conceder terras públicas tura. Caso não seja disponível, deve constar da mensagem pedido de
com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188, § 1o); etc. confirmação de recebimento.

5.2. Forma e Estrutura 8.3 Valor documental


As mensagens contêm: Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de correio
a) a indicação do tipo de expediente e de seu número, horizontal- eletrônico tenha valor documental, i. é, para que possa ser aceita como
mente, no início da margem esquerda: documento original, é necessário existir certificação digital que ateste a
Mensagem no identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.
b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do
destinatário, horizontalmente, no início da margem esquerda;
Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,
c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo; 7. Relações Humanas no Trabalho.
d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e horizon- 8. Qualidade na Prestação de Serviços e
talmente fazendo coincidir seu final com a margem direita. no atendimento ao público
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da
República, não traz identificação de seu signatário.
Qualidade no atendimento ao público
6. Telegrama A qualidade no atendimento é pré-requisito de qualquer serviço pres-
6.1. Definição e Finalidade tado no mercado, tanto no setor público quanto no privado. Aqui, interessa
Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os procedimen- que essa qualidade esteja voltada também para os pré-requisitos constitu-
tos burocráticos, passa a receber o título de telegrama toda comunicação cionais do ato administrativo e dos princípios gerais da administração
oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc. pública, já comentados nos tópicos de Direito Administrativo e constitucio-
Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos cofres públi- nal. Mas também estão relacionados a:
cos e tecnologicamente superada, deve restringir-se o uso do telegrama
apenas àquelas situações que não seja possível o uso de correio eletrôni- Comunicabilidade
co ou fax e que a urgência justifique sua utilização e, também em razão de Tanto na sua divulgação (publicidade) quanto na entrega do serviço, o
seu custo elevado, esta forma de comunicação deve pautar-se pela conci- ato de atendimento público deve ser livre de embaraços e complicações
são (v. 1.4. Concisão e Clareza). na sua prestabilidade. Deve chegar como informação completa e eficaz,
capaz de realizar-se como atendimento às necessidades a que se propõe
6.2. Forma e Estrutura satisfazer.
Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a estrutura dos Mas também é pré-requisito ligado diretamente ao comportamento do
formulários disponíveis nas agências dos Correios e em seu sítio na servidor que entrega o serviço, que deverá portar-se de maneira gentil,
Internet. objetiva e eficaz, na mesma proporção e com os mesmos objetivos no
atendimento.
7. Fax
7.1. Definição e Finalidade Apresentação
O fax (forma abreviada já consagrada de fac-simile) é uma forma de A apresentação se refere ao servidor, que deverá estar sempre de
comunicação que está sendo menos usada devido ao desenvolvimento da acordo com a prestação a que se determinou. Assim, é importante que
Internet. É utilizado para a transmissão de mensagens urgentes e para o esteja adequadamente trajado, demonstrando higiene e organização
envio antecipado de documentos, de cujo conhecimento há premência, pessoal.
quando não há condições de envio do documento por meio eletrônico.
Quando necessário o original, ele segue posteriormente pela via e na Atenção
forma de praxe. Refere-se à atenciosidade desprendida no ato do atendimento. É im-
Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia xerox do prescindível para a conclusão de eficiência do atendimento.
fax e não com o próprio fax, cujo papel, em certos modelos, se deteriora
rapidamente. Cortesia
Ser cortês e polido é obrigação que provém da urbanidade, requisito
7.2. Forma e Estrutura constitucional do ato de atendimento.
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estrutura que
lhes são inerentes. Interesse e presteza
É conveniente o envio, juntamente com o documento principal, de fo- São importantíssimos para concluir o atendimento em eficiência. Es-
lha de rosto, i. é., de pequeno formulário com os dados de identificação da tão expressos na boa vontade e determinação em atingir os objetivos do
mensagem a ser enviada. atendimento, até fim.
8. Correio Eletrônico Eficiência
8.1 Definição e finalidade Requisito já comentado, é o cerne da realização do ato de atendimen-
O correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e celeridade, trans-
to. É tão importante que está prescrito no texto da Constituição Federal
formou-se na principal forma de comunicação para transmissão de docu-
como princípio da administração pública.
mentos.
Tolerância
8.2. Forma e Estrutura
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua flexibili- Leia-se aqui paciência, para não se confundir com favorecimento
dade. Assim, não interessa definir forma rígida para sua estrutura. Entre- mediante benevolência. Deve o funcionário ser tolerante com o público
tanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma comuni- atendido ou assistido, no sentido de compreender suas dificuldades e
cação oficial (v. 1.2 A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais). viabilizar a melhor e mais adequada solução do problema apresentado.
O campo assunto do formulário de correio eletrônico mensagem deve Discrição
ser preenchido de modo a facilitar a organização documental tanto do

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Recomenda-se que seja o servidor discreto no atendimento, evitando as suas opiniões.
situações de constrangimento para os atendidos, não adentrando em
situações particulares ou impertinentes. É comum o atendido expor certas 2. Aceite as ideias dos outros
situações pessoais (atendimento médico, por exemplo) ou segredos de As vezes é difícil aceitar ideias novas ou admitir que não temos razão;
família (atendimento jurídico) que devem ser tratadas com a devida reser- mas é importante saber reconhecer que a ideia de um colega pode ser
va e respeito. melhor do que a nossa. Afinal de contas, mais importante do que o nosso
Conduta orgulho, é o objetivo comum que o grupo pretende alcançar.
É o conjunto de todas essas recomendações e práticas, no ato do
atendimento, dentro dos critérios de urbanidade já mencionados. Mas 3. Não critique os colegas
também é a livre condução de sua vida privada, que deverá ser sempre As vezes podem surgir conflitos entre os colegas de grupo; é muito
condizente com o exercício do cargo que ocupa. Ex.: as restrições de importante não deixar que isso interfira no trabalho em equipe. Avalie as
comportamento social inadequado por que passam os juízes e promoto- ideias do colega, independentemente daquilo que achar dele. Critique as
res, sob risco de comprometerem a qualidade e credibilidade dos seus ideias, nunca a pessoa.
trabalhos.
4. Saiba dividir
Objetividade
Ao trabalhar em equipe, é importante dividir tarefas. Não parta do
Ligado à eficiência e à presteza. Devem ser os atendimentos feitos princípio que é o único que pode e sabe realizar uma determinada tarefa.
com loquacidade, tornando-se práticos e simplificados ao máximo para o Compartilhar responsabilidades e informação é fundamental.
atendido. Alcançar o objetivo do atendimento, sem rodeios ou dificuldades
adicionais.
5. Trabalhe
Não é por trabalhar em equipe que deve esquecer suas obrigações.
Servidor e opinião pública (o órgão e a opinião pública)
Dividir tarefas é uma coisa, deixar de trabalhar é outra completamente
Nos dias de hoje, um dos elementos de mensuração da qualidade é a diferente.
opinião pública. Mas aqui, trata-se mais da imagem que tem o servidor e o
órgão público a que pertence. Tomemos como exemplo o INSS e a sua já
clássica má fama no atendimento ao público. Muitas vezes isso decorre, 6. Seja participativo e solidário
mas da desorganização dos serviços prestados, do mau planejamento, da Procure dar o seu melhor e procure ajudar os seus colegas, sempre
inadequação de práticas administrativas do que da real conduta de seus que seja necessário. Da mesma forma, não deverá sentir-se constrangido
servidores. Isso torna a imagem do serviço e por conseqüência, do órgão, quando necessitar pedir ajuda.
associada à má qualidade, o que gera uma imagem pública ruim. Outro
exemplo é o atendimento médico na saúde pública, que dispensa maiores 7. Dialogue
comentários. Essa imagem de descaso e ineficiência reflete na opinião Ao sentir-se desconfortável com alguma situação ou função que lhe
que o público em geral tem desses serviços. tenha sido atribuída, é importante que explique o problema, para que seja
possível alcançar uma solução de compromisso, que agrade a todos.
Fatores positivos do relacionamento
Chamamos de fatores positivos todos aqueles que, num somatório 8. Planeje
geral, irão contribuir para uma boa qualidade no atendimento. Assim, Quando várias pessoas trabalham em conjunto, é natural que surja
desde que cumpridos ou atendidos todos os requisitos antes mencionados uma tendência para se dispersarem; o planejamento e a organização são
para o concurso de um bom atendimento, estaremos falando de um bom ferramentas importantes para que o trabalho em equipe seja eficiente e
relacionamento entre servidor e atendidos. Os níveis de relacionamento eficaz. É importante fazer o balanço entre as metas a que o grupo se
aqui devem ser elevados, tendo em vista sempre o direito de cada assisti- propôs e o que conseguiu alcançar no tempo previsto.
do de receber com qualidade a supressão de suas necessidades.
9. Evite cair no "pensamento de grupo"
Comportamento receptivo e defensivo Quando todas as barreiras já foram ultrapassadas, e um grupo é mui-
Receptivo, como o próprio nome já diz, é o comportamento que trans- to coeso e homogêneo, existe a possibilidade de se tornar resistente a
corre naturalmente aberto, solícito, prestativo, objetivo, claro, sem rodeios, mudanças e a opiniões discordantes. É importante que o grupo ouça
indo direto ao ponto da necessidade do atendido. Defensivo, ao contrário, opiniões externas e que aceite a ideia de que pode errar.
é aquele em que o servidor cria obstáculos e dificuldades para livrar-se do
encargo, obstruindo a qualidade. Aproveite o trabalho em equipe
Afinal o trabalho de equipe, acaba por ser uma oportunidade de con-
Empatia e compreensão mútua viver mais perto de seus colegas, e também de aprender com eles.
E empatia é resultado de uma preparação do servidor em atender. De
sua dedicação ao exercício da função. Deve ser natural e quase pessoal. Trabalho em equipe
Pode estar resumido no aspecto daquele servidor que “gosta do que faz”. É da essência do trabalho em órgãos públicos o inter-relacionamento
Será muito mais fácil transmitir empatias nesses casos. O resultado da de qualidade ímpar, devido ao alto grau de responsabilidade desejado.
empatia, mesmo que consciente e provocada com gentileza, é a compre- Como os órgãos obedecem a estruturas pré-determinadas por Lei, as
ensão mútua, que certamente facilitará o atendimento e a conclusão pela repartições, seções, departamentos, etc. já trazem pronta a sua funciona-
eficiência. bilidade e todas elas, sem exceção, dependem de trabalho em equipe. É o
Trabalho em equipe perfil principal da administração moderna, que se projeta na administração
Dez ótimas dicas para o trabalho em equipe pública como solução inteligente (isso ocorre já há alguns anos).
Cada vez mais o trabalho em equipe é valorizado. Porque ativa a
criatividade e quase sempre produz melhores resultados do que o trabalho Assim, o trabalho em equipe deixa de ser uma característica para ser
individual, já que "1+1= 3". Por tudo isto aqui ficam dez dicas para traba- uma determinante superior de funcionabilidade do setor público. Ainda que
lhar bem em equipe. funcione isoladamente, sozinho num posto de atendimento, o servidor terá
vinculada a sua rotina a de outros colegas, que recebem sua produção ou
1. Seja paciente lhe enviam informações e procedimentos a serem cumpridos.
Nem sempre é fácil conciliar opiniões diversas, afinal "cada cabeça
uma sentença". Por isso é importante que seja paciente. Procure expor os Personalidade e relacionamento no trabalho
seus pontos de vista com moderação e procure ouvir o que os outros têm Não há muito que se falar em personalidade do servidor e tampouco
a dizer. Respeite sempre os outros, mesmo que não esteja de acordo com do setor em que funciona, pois as instruções que normatizam sua presta-
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bilidade são determinadas em escala decrescente (vêm de cima para sendo os contatos que se processam, em todas as situações, entre os
baixo, já prontas) e sua conduta profissional está “amarrada” no código de seres humanos.
ética do serviço público. Tanto com os colegas de trabalho quanto no Muitas pessoas podem falar sobre relações humanas, discuti-las em
atendimento ao público, sua personalidade deve ser “moldada” segundo conferências, discursos e mesmo em conversas informais, mas não são
os princípios que regem o atendimento público, como vimos no texto sobre capazes de concretizar essas relações.
a ética no serviço público. Comportando-se de acordo com aqueles princí-
pios, o servidor estará atendendo perfeitamente ao perfil de personalidade Efetuar "relações humanas", significa, portanto, muito mais do que es-
desejado para o exercício da função pública. tabelecermos e/ou mantermos contatos com outros indivíduos. Significa
entender o relacionamento entre as pessoas, compreende-las, respeitan-
Eficácia no comportamento interpessoal do a sua personalidade, cuja estrutura é, sem duvida, diferente da nossa.
Está ligada diretamente ao princípio de mesmo nome, que norteia o
serviço público, a administração pública e demais atividades em que o Além de compreender os indivíduos, precisamos ter flexibilidade de
interesse público é alvo ou cliente. Significa que o servidor não pode se ação (comportamento), ou seja, adequar o nosso comportamento, apro-
interpor, em atitude de cunho pessoal, ante os interesses coletivos, sem priadamente, a uma situação dada, com determinadas pessoas.
risco de comprometer a eficácia, a segurança da realização do serviço, do
atendimento, da prestação pública. Dentro de um sistema empresarial, existe a organização técnica e a
organização humana. Estas organizações estão inter-relacionadas e são
Os funcionários públicos são treinados para atuarem segundo o que interdependentes.
hoje se chama etiqueta profissional, uma espécie de código de conduta
convencional, nascido no próprio mercado, das relações modernas do A organização humana de uma fabrica é muito mais do que um sim-
mundo dos negócios e que permeou para a qualidade de atendimento e ples conjunto, um agrupamento de indivíduos, pois cada um deles tem
inter-relacionamentos no setor público. seus próprios sentimentos, interesses, desejos, frustrações, necessidades
O saber se comportar e a aparência são questões cada vez mais exi- físicas e sociais, associados a sua própria história de vida. Tais indivíduos,
gidas para o funcionário público. As administrações desenvolvem cursos e dentro desse sistema empresarial, estabelecem freqüentes inter-relações,
treinamento para prepararem seus funcionários. Quem faz o curso apren- cada qual com uma forma particular de se comunicar.
de ainda:
a) a criticar com resultados positivos; É claro que uma grande parte dessas relações é criada pelas caracte-
b) transformar reclamações em resultados e lidar com colegas e cli- rísticas do trabalho, como, por exemplo, os técnicos de segurança que,
entes de temperamento difícil; por imposição de suas próprias tarefas, passam a maior parte do tempo
c) apresentar ideias e projetos com eficiência; estabelecendo e mantendo contatos com todos os operários das varias
d) conduzir reuniões e até mesmo contornar situações mais graves, seções da fábrica. Quase toda a atividade executada pelos técnicos de
como o assédio sexual, por exemplo segurança envolve relacionamento com outras pessoas. Por este motivo,
ele deve estar atento a essas relações, deve procurar manter um ambien-
NOÇÕES DE RELAÇÕES HUMANAS te, onde as comunicações possam se processar de forma aberta, confian-
1 - Introdução te e adequada.
Vivemos num tempo em que o avanço dos transportes, da urbaniza-
ção, da comunicação de massa, da tecnologia e da informática coloca o Um ponto importante, que devemos levar em consideração, são as di-
ser humano em maior contato com o mundo, com a sua própria nação e ferenças entre as pessoas. Saber que cada pessoa é especifica, original e
consigo mesmo. possui reações próprias; que, em sua formação, cada uma foi marcada
por realidades diferentes: meio familiar, escolar, cultural, social profissional
No entanto, toda essa evolução dificulta, de certa forma, o envolvi- , etc, e que cada indivíduo atuará em função de sua própria experiência de
mento entre os seres humanos, pois a atenção do homem está voltada vida.
para a tecnologia, muito mais do que para as relações humanas. Este
distanciamento do homem para com o próprio homem gera insatisfações, Devemos saber, também que toda pessoa tem necessidades que diri-
angustias, vazios e ansiedade nos indivíduos. gem o seu comportamento, as quais ela procura constantemente satisfa-
zer. Não só as pessoas são diferentes entre si, mas também as necessi-
Podemos ver um lado positivo em nossa época, que é a tendência de, dades variam de indivíduo para indivíduo.
ao nos isolarmos, sermos levados a tomar consciência de nós mesmos.
Quanto maior a nossa disponibilidade em relação a nós mesmos, maior Esta grande diversidade pode se constituir em uma imensa riqueza
abertura teremos para com os outros e cada vez mais o nosso ser pessoal humana, mas, de início, pode ser fonte de oposições violentas entre os
se tornará social. Isto porque já não teremos receio dos outros e/ou do indivíduos.
ambiente, pois o ser pessoal aprendeu a lidar consigo mesmo.
Por estes motivos, devemos estar aberto para respeitar tais diferen-
Durante toda a vida, somos afetados pôr nossa habilidade de nos re- ças.
lacionarmos com outras pessoas, quer com indivíduos quer com grupos. É
uma das habilidades mais importantes que o ser humano pode desenvol- Outro fator relevante é o que se refere aos Juízos de Valor acerca das
ver e a comunicação interpessoal. pessoas. Normalmente, temos tendência para julgar os atos e as palavras
dos outros em função da nossa própria experiência e de certos preconcei-
Podemos ajudar o indivíduo a abrir-se para uma experiência total de tos. Este conformismo no julgamento é muito grave, pois nos arriscamos a
si mesmo, para um relacionamento humano eficaz e para ser um comuni- classificar as pessoas por categorias e de forma definitiva. Deixamos,
cador mais eficiente, oferecendo-lhe a oportunidade de estabelecer bons pois, de perceber o indivíduo tal como ele é, e de manter o diálogo, se não
relacionamentos dentro do grupo ao qual pertence, seja este profissional, reagirmos rápida e eficazmente contra este tipo de atitude.
familiar, social, religioso, político, etc. Em tal grupo, o indivíduo deve ser
respeitado como uma pessoa específica, com suas inibições, frustrações, Outro ponto a ser considerado é o Uso da Linguagem. A nossa lin-
angustias, satisfações, ansiedades, enfim, pela sua individualidade en- guagem pode constituir um obstáculo a comunicação e consequentemente
quanto ser humano. afetar o relacionamento humano. E preciso, sempre, nos colocarmos no
lugar da pessoa que esta nos ouvindo.
2 - Relações Humanas
Comumente, entende-se a expressão "relações humanas" como Devemos usar um vocabulário adaptado à realidade com a qual es-
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tamos trabalhando, um vocabulário compreensível para todos. a) ajudar o indivíduo a adquirir e desenvolver comportamentos mais
funcionais que os utilizados até o momento;
Um outro aspecto a ser focalizado é a Falta de Abertura. Muitas ve- b) colaborar com o indivíduo no sentido de descentra-lo de si mes-
zes, temos uma ideia ou tomamos uma posição para a qual tentamos, mo e situa-lo em relação aos outros;
simplesmente, obter a aprovação dos outros, sem ouvi-los, sem dar aten- c) levar o membro do grupo a se perceber honestamente, em uma
ção ao que eles pensam e dizem. Se nós fecharmos sobre nós mesmos, autocrítica objetiva e construtiva, onde o indivíduo terá possibili-
ficaremos limitados ao monologo, deixando de receber e aprender muitas dades de perceber e solucionar seus problemas;
informações valiosas para o nosso crescimento, e mesmo o aperfeiçoa- d) ajudar o indivíduo a perceber o seu crescimento como algo positi-
mento humano, em geral , estará sendo prejudicado. vo, dando ênfase ao potencial de cada um;
e) oferecer condições para que o indivíduo tenha noção do seu pró-
Estar disponível em relação ao outro exige um esforço permanente, prio valor;
mas compensador, porque, só assim, poderemos manter um autentico e f) levar o membro do grupo a um nível de responsabilidade indivi-
profundo relacionamento, que invariavelmente gera satisfação. dual pelos seus atos;
g) desenvolver no indivíduo tolerância consigo e com os outros;
Como podemos observar, se as verdadeiras relações humanas são h) levar o indivíduo a respeitar a variedade de opiniões e atos que
proveitosas e importantes de se praticarem pois evitam comportamentos existem nas pessoas;
desajustados que foram gerados por insatisfações; mantém o bem-estar i) levar o indivíduo a integração e ajustamento nos grupos em que
individual e coletivo e, acima de tudo, proporcionam segurança, paz e participa para uma atuação cada vez mais satisfatória, e uma par-
tranqüilidade aos indivíduos e à empresa. ticipação cada vez maior.

3 - Dinâmica de Grupo 5 - Desenvolvimento interpessoal - Treinamento em grupo


Kurt Lewin, psicólogo alemão, e reconhecido por todos no campo da Todo grupo é composto por pessoas que diferem uma das outras em
Psicologia de Grupo foi um dos primeiros teóricos e experimentadores das sua maneira de ser e de executar um trabalho.
leis dinâmicas que regem o comportamento dos indivíduos em grupo.
Os indivíduos trazem para o grupo certas características que lhes são
Para este autor, todos os grupos devem ser compreendidos como to- peculiares tais como: interesses, aptidões, desejos, inibições, frustrações,
talidade dinâmicas que resultam das interações entre os membros. em outras palavras, suas personalidades.

Estes grupos adotam formas de equilíbrio no seio de um campo de Todas essas características atuam como forças na dinâmica de gru-
forças, tensões e pelo campo perceptivo dos indivíduos". Estas forças, tais po. Outras forças podem resultar da interação das pessoas. A integração
como: movimento, ação, interação, reação, etc., é que constituem o as- e a transformação de todas essas forcas é a própria Dinâmica Interna do
pecto dinâmico do grupo e, consequentemente, afetam a sua conduta. Grupo, e uma das forças internas mais importantes é a participação, o
empenho pessoal e psicológico dos indivíduos no grupo.
A Dinâmica de Grupo como disciplina moderna dentro do campo da
Psicologia Social, estuda e analisa a conduta do grupo como um todo, as Quanto maior essa participação, mais favoráveis serão as atitudes
variações da conduta individual de seus membros, as reações entre os dos indivíduos para com o grupo e tanto maior seu interesse pelo grupo.
grupos ao formular leis e princípios, e ao introduzir técnicas que aumen-
tem a eficácia dos grupos. As pessoas que mais participam, são as que compreendem as finali-
dades e funções básicas do grupo, sentem-se seguras no desempenho de
No campo da Psicologia Social, o grupo pode ser definido como uma suas funções, conhecem a importância delas para o objetivo final e o
reunião de duas ou mais pessoas que compartilham normas, e cujos funcionamento do grupo.
papeis sociais estão estritamente intervinculados.
A vida de um grupo passa por varias fases, e em cada uma delas, os
No campo da Dinâmica de Grupo, os grupos são classificados em membros atuam de formas diferentes, tanto em relação à etapa de vida do
primários e secundários. grupo como em relação aos demais membros.

O grupo primário é composto por um número reduzido de pessoas Dependendo do tipo de grupo (formal, informal, profissional, social,
que se relacionam "face a face", ligadas por laços emocionais com rela- treinamento, etc.) e da fase em que se encontra, haverá certas funções a
ções diretas, mantendo-se um processo de associação e cooperação serem executadas por seus componentes.
íntima. Exemplo: grupo de amigos, grupo familiar, grupo de estudo e o
próprio grupo de trabalho. Algumas funções soam mais genéricas que outras, existindo em todos
os grupos, e são desempenhadas pelos membros, para que o grupo
O fato de um grupo ser pequeno, não significa sempre que é um gru- possa mover-se ou progredir em direção às suas metas.
po primário. Para que exista, é preciso que haja interação entre os partici-
pantes, no qual cada membro deverá perceber cada um como pessoas O complexo processo de interação humana, exige de cada participan-
individuais. te um determinado desempenho, o qual variará em função da dinâmica de
Nos grupos secundários as relações se mantém mais frias, impesso- sua personalidade e da dinâmica grupal na situação, momento ou contex-
ais e formais. Estas se estabelecem através de comunicações indiretas, to.
como é o caso das empresas, instituições, etc. Em todos os grupos em funcionamento, seus membros podem de-
O comportamento do grupo depende em grande parte do número de sempenhar eventualmente, alguns papeis nao-construtivos, dificultando a
participantes. Este é um fator importante, no que diz respeito a produção e tarefa do grupo, criando obstáculos e canalizando energias para ativida-
ao nível de desenvolvimento grupal. des e comportamentos não condizentes com os objetivos comuns do
grupo. Estes papéis correspondem às necessidades individuais, às moti-
A delimitação exata de um pequeno grupo e de um grande grupo, va-
vações de cunho pessoal , à problemas de personalidade, ou, muitas
ria segundo os diferentes autores. Estudiosos no assunto são unânimes
vezes, decorrem de falhas de estruturação ou da dinâmica do próprio
em afirmar que o pequeno grupo não deve ultrapassar de 20 participantes,
grupo.
e que o ideal para a sua constituição é de 5 a 12 elementos, possibilitando
assim, maior coesão, interação e participação.
6. Responsabilidades de um bom participante
4 - Objetivos da dinâmica de grupo Podem ser diversas as razões que motivam a nossa participação nu-

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ma dinâmica de grupo, ou qualquer tipo de grupo, mas devemos estar interesse" pode ser aplicada, portanto, a associações patronais, a sindica-
abertos e atentos para os seguintes pontos básicos: tos de empregados, a associações profissionais e aos diversos grupos
• ajudar a estabelecer um clima positivo no grupo, tentando, quan- que se organizam para pleitear algo em favor dos moradores de um bairro,
do possível, auxiliar os outros, sendo cooperativo; dos praticantes de uma religião, dos defensores de causas beneficentes,
ideais, morais e outras.
• participar e contribuir para as discussões;
• ter consciência das suas necessidades; É próprio do grupo de interesse não pretender ocupar o lugar do go-
• visar principalmente as necessidades grupais; verno, mas apenas influir sobre as decisões oficiais. Desse modo, os
• perceber como as interações individuais afetam o grupo; grupos de interesse distinguem-se claramente dos partidos políticos.
• auxiliar os participantes quando estes tiverem dificuldade em co-
municar-se; Atuação. Os padrões de relacionamento entre os grupos e o governo
• respeitar os membros do grupo como seres humanos; podem ser formais ou informais. São exemplo dos primeiros as relações
institucionalizadas que têm lugar mediante canais legais de acesso ao
• manter o dialogo e não o monologo; governo, e compreendem o comparecimento perante comissões legislati-
• discutir as dificuldades que você tem em relação ao grupo; vas, órgãos ministeriais, departamentos ou agências do executivo.
• controlar as reações agressivas;
• expor com clareza as sugestões e pontos de vista; Outro padrão consiste nos contatos informais, que incluem vasta ga-
ma de relações. Os grupos, ou seus representantes, podem estabelecer
• não permitir que você ou outros membros, assumam papeis de
relações informais com legisladores ou funcionários públicos, valendo-se
ajudante;
da existência de pontos de aproximação, como é o caso de pessoas de
• comunicar-se clara e objetivamente; mesma origem regional ou social, que freqüentaram a mesma escola ou
• ouvir e atender o outro participante; têm amigos ou parentes comuns. Além disso, são ainda usados como
• integrar-se totalmente a vida do grupo, sem perder a sua própria recursos para a criação e manutenção dessas relações informais a partici-
individualidade e originalidade. pação em reuniões, almoços, passeios e outras formas de entretenimento.
Com base nos contatos assim estabelecidos, as relações podem assumir
7 - Papel do coordenador na Dinâmica de Grupo formas que vão da persuasão e troca de favores até o suborno.
O coordenador da Dinâmica de Grupo deve ser acima de tudo um A representação direta no governo é uma possibilidade facultada aos
educador. Sua tarefa prioritária é criar condições tais, que os treinandos grupos que dispõem de meios para tanto. Assim, um sindicato que conte
possam aprender e crescer como pessoas, confiando em si e nos outros, com grande número de filiados e se disponha a articular-se com um
como recursos valiosos para a aprendizagem. partido político tem chances de pôr seus próprios representantes nos
órgãos legislativos. Já para os grupos pouco expressivos quanto ao núme-
Isto é possível quando o coordenador expressa expectativas positivas ro de associados, mas economicamente poderosos, torna-se mais fácil
e incentiva a participação de cada treinando; quando e capaz de aprender influir na escolha de funcionários para as assessorias burocráticas ou
com os outros membros a fornecer e receber informações; quando respei- técnicas, e mesmo na nomeação de ministros, do que guindar seus pró-
ta e aceita todos os membros do grupo. prios representantes ao nível das posições legislativas.

Deve ouvir atentamente, todas as pessoas do mesmo modo, mesmo Legitimidade. Os métodos utilizados pelos grupos tendem a variar em
que tenha ideias preconcebidas sobre este ou aquele participante. cada sociedade, em função do grau de legitimidade atribuído a suas
atividades. No Reino Unido, por exemplo, a interação entre os administra-
A vida do grupo será mais fecunda se cada membro do grupo e coor- dores e os representantes dos grupos tende a ser freqüente, aberta e
denador fornecer a sua contribuição, colocando a serviço de todos a institucionalizada, uma vez que ambas as partes encaram como necessá-
competência e as qualidades que possui. ria e normal a adoção do sistema de consulta mútua como método de
tomada de decisões. Na Itália, a influência exercida pelos grupos tende a
ser vista com desconfiança e não se acredita que dela possam resultar
A integração não se realizará no interior de um grupo e, em conse-
reais benefícios para a coletividade. Em conseqüência disso, os grupos
qüência, sua criatividade não poderá ser duradoura, se as relações inter-
tendem a adotar um estilo de atuação mais encoberto e menos formaliza-
pessoais entre todos os membros do grupo não estiverem baseadas em
do.
comunicações abertas, confiantes e adequadas.
Nos Estados Unidos, onde certas atividades dos grupos de interesse
Grupo de interesse são regulamentadas por lei, existem escritórios de assessoria dedicados a
A função geral de vincular governantes e governados é desempenha- promover, em caráter profissional, os interesses de qualquer cliente que
da por vários tipos de instituição, como partidos políticos, movimentos contrate seus serviços. O Federal Regulation of Lobbying Act (regulamen-
sociais ou meios de comunicação de massa. Tal tarefa, no entanto, pode to federal da lei sobre grupos de interesse), de 1946, obriga todas as
ser exercida por grupos de interesse, expressão que os cientistas políticos pessoas que pretendam influir no processo legislativo a se registrarem no
contemporâneos preferem à tradicional "grupos de pressão", por ser mais Congresso, declarando a que projeto de lei se opõem ou qual defendem,
abrangente do que aquela. quem as está empregando e quais são as despesas envolvidas no caso,
desde a remuneração que recebem até os gastos que pretendem fazer
Grupo de interesse é o conjunto de indivíduos que procura defender para conquistar a colaboração de funcionários e políticos.
determinada causa comum junto a órgãos oficiais, para o que utiliza os
meios legítimos ou tolerados que estiveram a seu alcance. Do ponto de No Brasil, a atividade dos grupos de interesse é mais conhecida pela
vista do governo, essa é também uma oportunidade de se manter infor- palavra inglesa lobby. Reveste sentido pejorativo quando se refere à
mado das necessidades e reivindicações dos diferentes setores da socie- prática tradicional dos representantes ("lobistas") de grandes empresas,
dade. especialmente empreiteiras interessadas em contratar irregularmente
obras públicas milionárias. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publica-
ções Ltda.
O interesse em torno do qual o grupo se organiza deve ser entendido
em sentido amplo. Seu conteúdo pode coincidir com uma reivindicação de DINÂMICA DE GRUPOS
caráter estritamente econômico até a defesa de uma causa concernente Os grupos humanos têm vida própria e peculiar, que ultrapassa as ca-
ao bem-estar da sociedade, ou a posições ideológicas que expressam o racterísticas dos indivíduos que os compõem e se manifesta não só na
ponto de vista de uma camada da população. A expressão "grupo de relação de um grupo com outro, mas também, e principalmente, nas
relações que os membros de um grupo mantêm entre si.
Conhecimentos Específicos 146

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temos cada vez mais desejo de falar, falar? Elas têm o que chamamos de
Do ponto de vista teórico, a dinâmica de grupos é uma área das ciên- empatia, ou seja, a capacidade de se colocar no lugar da outra pessoa e
cias sociais, em particular da sociologia e da psicologia, que procura tentar "ver com os olhos dela".
aplicar métodos científicos ao estudo dos fenômenos grupais. Do ponto de O que é empatia
vista aplicado ou técnico, a dinâmica de grupos é o método de trabalho O termo empatia foi utilizado pela primeira vez por E.B. Titchener, psi-
baseado nessa teoria. cólogo, e o termo origina-se do termo grego empátheia, que significa
"entrar no sentimento". Para alcançarmos este estágio é necessário deixar
O estudo da dinâmica de grupos iniciou-se em 1946, quando teve iní- de lado nossos próprios pontos de vista e valores para poder entrar no
cio a atividade de Kurt Lewin e alguns de seus colaboradores no Instituto mundo do outro sem julgamentos. E como isso é difícil de fazer!
de Tecnologia de Massachusetts. Em cada grupo, composto de aproxima-
damente dez membros, eram levadas a termo discussões e dramatiza- Geralmente, nem acabamos de falar e já estamos sendo julgados. Is-
ções, cuja evolução era observada por um pesquisador. Não demorou a so, quando não tentam nos interromper com opiniões, ainda que nem
descobrir-se que aquele era um poderoso método de educação e terapia. tenhamos pedido, só queríamos falar, desabafar. Sabemos que isso nem
sempre é fácil de encontrarmos nas relações, mas é o que esperamos
O novo método recebeu o nome de T-Group, grupo de aprendizagem quando contamos algo para alguém: sermos ouvido em todos os sentidos
ativo no qual cada participante encontra seu papel, que não é definido de e mais importante, sentir que o outro está nos compreendendo, seja com
antemão, e explicita sua capacidade ou sua resistência para executar a um gesto ou um simples olhar, mas que demonstra de alguma forma sentir
tarefa, bem como para submeter-se à influência dos demais participantes. nossa dor.
Nesse sentido, a dinâmica de grupos se configura como instrumento de
adaptação e meio de integração pessoal. É preciso deixar claro que empatia não tem nada a ver com necessi-
dade compulsiva de realizar desejo alheios, de ajudar e de servir. E tam-
Terapia de grupos. Após a segunda guerra mundial, o grande número bém é muito diferente da simpatia, que é algo que sentimos pelo que o
de soldados que necessitavam de tratamento psicológico incentivou os outro está vivenciando, sem entretanto, sentir o que ele está sentindo. E
psiquiatras a experimentarem a terapia de grupo. Até então, embora muito menos tem haver com alexitimia, que se refere a pessoas que não
reconhecessem a influência dos grupos no comportamento das pessoas, conseguem identificar e nem descrever seus sentimentos.
os médicos defendiam a importância da privacidade da relação entre
médico e paciente. Os novos métodos se revelaram eficazes e, nos anos A empatia também é a primeira condição para a prática da psicotera-
do pós-guerra, a terapia de grupo se desenvolveu rapidamente e acabou pia. É preciso ter uma percepção do mundo do outro como se fosse o seu
se estendendo ao trabalho de psicologia clínica e de aconselhamento, próprio, o que leva a pessoa a desenvolver sua auto-estima, pois sente
bem como ao de assistentes sociais. que é importante e que seus sentimentos são considerados. A empatia
muitas vezes é tudo que uma pessoa precisa, pois geralmente não encon-
As técnicas de terapia de grupos são tão variadas quanto as de tera- tra isso dentro da própria família. E é a falta dessa compreensão que faz
pia individual, mas todas se assemelham na ênfase que dão ao alívio das com que muitos relacionamentos terminem.
tensões mediante ações diretas ou na criação de uma atmosfera grupal
favorável ao autoconhecimento e ao amadurecimento pessoal.
Como desenvolver a empatia
Psicologia humanista. Antes mesmo de 1960, o psicólogo americano Mas como alguém pode saber o que sentimos? Entrando em sintonia
Carl Rogers passou a trabalhar com grupos mais orientados para os com nossa dor física ou emocional. É reconhecer as emoções ou necessi-
aspectos emocionais do que para a aprendizagem de comportamentos. dades do outro. E para desenvolver essa capacidade é preciso que a
Rogers, junto com Fritz Perls, desenvolveu uma prática que denominou pessoa saiba antes de tudo ouvir e respeitar as próprias necessidades e
psicologia humanista cuja aplicação grupal devia permitir o desenvolvi- dores. Tratar-se com empatia, ser compreensivo consigo mesmo como
mento das aptidões pessoais num ambiente de equilíbrio e de integração gostaria que fossem com você é característica básica para o autoconhe-
pessoal, e favorecer o encontro profundo com o outro. Esse encontro, que cimento.
pode ser ou não pessoal, é favorecido quando existe uma transparência e
disponibilidade, permitindo que se transcenda a individualidade e se atinja Empatia começa com a capacidade de estar bem consigo mesmo, de
um estado de paz e felicidade. Nesse caso, o grupo se transforma num perceber as coisas que não gosta dentro de você e as coisas desagradá-
ponto de encontro básico, com apoio de um moderador que deve atuar veis da sua personalidade. Pessoas com dificuldade de entender o outro
como catalisador dos processos afetivos interpessoais.©Encyclopaedia muitas vezes demonstram que possivelmente não receberam compreen-
Britannica do Brasil Publicações Ltda. são em suas necessidade e sentimentos durante sua vida. Se suas pró-
prias necessidades não foram supridas como poderá entender as neces-
sidades de alguém?
Empatia
Você pratica a empatia com alguém? Descubra
A base e a prática da empatia
por Rosemeire Zago
A empatia se baseia na capacidade de se colocar no lugar do outro;
Como você se sente quando está contando algo muito triste que te
na percepção daquilo que as pessoas estão sentindo ou passando e na
aconteceu e percebe que a pessoa que supostamente está te ouvindo
habilidade de ouvir com carinho e atenção aquilo que estão nos comuni-
demonstra um leve sorriso no rosto ou continua atenta ao que está pas-
cando e isso deve ser feito não só através de palavras, mas também nos
sando na TV? Ou ainda, muda de assunto com uma piada nada conveni-
gestos, o tom de voz, e especialmente, nas expressões faciais.
ente para o momento? Péssimo, não é mesmo? Sente-se como tivesse
falando com uma parede ou pedra, fria, insensível, dura!
É preciso colocar o sentimento à frente das palavras. Conseguindo se
Alguém que demonstra ser incapaz de sentir o que você está sentin- colocar no lugar do outro, você se sensibiliza com as dificuldades e o
do. Você se sente incompreendido, e muitas vezes até se arrepende de sofrimento, e é isso que nos torna mais humanos e nos possibilita real-
ter contado aquilo para tal pessoa. Promete a si mesmo que não contará mente ajudar alguém. Entrar em contato com os próprios sentimentos é a
mais nada para ela devido a sua falta de sensibilidade. Não é apenas o base para desenvolver a empatia. Como alguém que despreza as próprias
que a outra pessoa nos fala que faz com que nos sintamos compreendi- necessidades e sentimentos poderá compreender as necessidades do
dos, mas principalmente suas expressões faciais, seu corpo, se nos outro?
envolve, se nos toca com um profundo abraço, se nos compreende com Para desenvolver a empatia procure ouvir com a intenção de entender
seu olhar ou se nos olha com indiferença ou com alguma expressão e não de argumentar, como faz a maioria das pessoas, sempre atentas
contrária aquilo que estamos sentindo. para saberem onde podem discordar. Deixe as pedras de lado se deseja
ter uma comunicação verdadeira com alguém. A essência de escutar com
Mas e aquelas pessoas que fazem com que nos sintamos à vontade e empatia não é concordar, mas entender profundamente o que o outro quer
Conhecimentos Específicos 147

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dizer e principalmente, o que está sentindo. gestaltista, apoiado nas obras dos psicólogos Kurt Lewin e Kurt Koffka,
contraria o que predominava no início do século XX, segundo o qual a
Como é reconfortante ter alguém que nos compreenda e a sensibili- liderança se vincula estritamente aos atributos pessoais do líder. Tal
dade é a principal característica para essa sintonia. Sensibilidade não só conceito se expressa, de forma radicalizada, na tese do líder nato.
com o outro, mas para consigo mesmo. As pessoas que têm empatia
aprenderam desde cedo que os sentimentos devem ser respeitados, Segundo a perspectiva que subordina a liderança à dinâmica de gru-
começando pelos próprios. E se não receberam isso na infância, sempre é po, o estudo da matéria deve envolver não apenas a pessoa do líder como
tempo de aprender. Um bom exercício para isso é aprender a escutar a si os demais integrantes do grupo; não apenas as pessoas, como também
mesmo, respeitando acima de tudo, os próprios sentimentos. Afinal, só as relações que se estabelecem entre elas; não apenas o meio, como os
conseguimos dar ao outro aquilo que temos por nós mesmos! fatores históricos e culturais que sobre ele atuam. A liderança, portanto,
não é condição passiva ou reunião de certos traços ou combinações de
IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NA EMPRESA traços, mas se produz na interação dos membros do grupo como expres-
As Relações Interpessoais desenvolvem-se em decorrência do pro- são de ativa participação e demonstração de capacidade para conduzir
cesso de interação. cooperativamente à realização de metas. Dentro dessa perspectiva,
equiparou-se o líder a uma figura que emerge de um fundo ou contexto e
a ele permanece vinculado por meio de contínua troca de influências.
Em situações de trabalho, compartilhadas por duas ou mais pessoas,
há atividades predeterminadas a serem executadas, bem como interações
e sentimentos recomendados, tais como: comunicação, cooperação, Formas de liderança. Distinguem-se várias formas de liderança, com-
respeito e amizade. Na medida em que as atividades e interações prosse- binando diferentes critérios de classificação, fundados na origem dessa
guem, os sentimentos podem ser diferentes dos indicados inicialmente e capacidade, em sua extensão ou na técnica de exercitá-los.
então, inevitavelmente, os sentimentos influenciarão as interações e as
próprias atividades. Assim, sentimentos positivos de simpatia e atração Carismática. Assim denominada por Max Weber, a liderança carismá-
provocarão aumento de produtividade. tica, supostamente de origem sobrenatural, é aceita pelo grupo em perío-
dos de pesadas frustrações e depressões coletivas.
Esse ciclo "atividades-interações-sentimentos" não se relaciona dire-
tamente com a competência técnica de cada pessoa e sim com o equilí- Reformista. Os representantes da liderança reformista se caracteri-
brio emocional de cada indivíduo originando a harmonia do grupo. Quando zam pela imensa carga de hostilidade e agressão de que são portadores.
uma pessoa começa a participar de um grupo, há uma base interna de Seus dotes oratórios e capacidade de persuasão são capazes de gerar
diferenças que englobam conhecimentos, informações, opiniões, precon- notáveis efeitos de destruição no campo das instituições e sistemas de
ceitos, atitudes, experiências anteriores, gostos, heranças, valores e organização social.
estilos comportamentais, o que traz inevitáveis diferenças de percepções
e opiniões em relação a cada situação compartilhada pelo grupo. Executiva. Supostamente presente nas grandes organizações, a lide-
rança executiva se caracteriza principalmente pela habilidade organizado-
Como essas diferenças são encaradas e tratadas determinará a mo- ra e capacidade de orientação das forças coletivas.
dalidade de relacionamento entre o membro do grupo, seus colegas de
trabalho, superiores e camadas hierárquicas abaixo dele. A maneira de Coercitiva. A liderança coercitiva, também chamada autoritária, carac-
lidar com diferenças individuais cria um certo clima entre as pessoas e tem teriza-se pela total absorção do poder de decisão e peculiar distância
forte influência sobre toda a vida em grupo, principalmente nos processos social que separa a personalidade que a exerce da coletividade sobre a
de comunicação, no relacionamento interpessoal, no comportamento qual atua.
organizacional e na produtividade.
De tarefa e socioemocional. A liderança de tarefa tem como caracte-
O relacionamento interpessoal pode tornar-se produtivo a partir do rística principal a estruturação de ideias e a iniciativa na solução de pro-
desenvolvimento pessoal e manter-se harmonioso e prazeroso, permitindo blemas, enquanto a liderança socioemocional funciona como fator de
o trabalho cooperativo em equipe, com integração de esforços, conjugan- escoamento de tensões e promoção do moral.
do energias, conhecimentos e experiências ou tornar-se muito tenso,
conflitivo, levando à desintegração de esforços, à divisão de energias e Estatutária e espontânea. O poder de influência e as funções de dire-
crescente deterioração do desempenho grupal quando por falta de visão, ção do líder por delegação estatutária decorrem de imposições legais. A
de consciência do ser humano em relação ao seu desenvolvimento pes- rigor, tais líderes não se revestem de autenticidade e em pouco tempo se
soal, emocional e profissional. deixam anular pela maior habilidade de organização e iniciativa dos líde-
res espontâneos, ou passam a exercer formas autoritárias de ação.
A liderança e a participação eficaz em grupo dependem, essencial- Autoritária e democrática ou liberal. O conceito de liderança autoritária
mente, da competência interpessoal do líder e dos seus membros. O coincide com o da coercitiva. Define-se pela competência exclusiva do
trabalho em equipe só terá expressão real se alcançar a tão desejada e líder na determinação dos objetivos do grupo, em cuja discussão e fixação
propalada sinergia para obter muito mais do que a simples soma das os liderados são totalmente excluídos. A liderança democrática se caracte-
competências técnicas individuais como resultado conjunto do grupo. O riza pela preocupação de, tanto quanto possível, incorporar os liderados
caminho para essa convivência salutar deve partir daquele que conhece, nas tarefas de direção.
enfim, a natureza do seu papel na sociedade e tem consciência de sua
responsabilidade perante seu grupo social e profissional. Yolanda Fernan- Funções desempenhadas pelos líderes. As funções de que se inves-
des tem os líderes podem ser primárias, quando se mostram essenciais ao
desempenho da liderança, ou secundárias, quando decorrem da própria
Liderança posição assumida pelo líder. São funções primárias: (1) a de diretor ou
A ideia da liderança vinculada aos atributos pessoais do líder predo- coordenador das atividades do grupo, que pode ser distribuída e delega-
minou até o início do século XX. Modernamente, entende-se liderança da; (2) a de planejador dos meios capazes de possibilitar a total realização
como uma função organizacional, subordinada à dinâmica de grupo. dos objetivos visados pelo grupo; (3) a de especialista e centro de infor-
mações; (4) a de representante externo do grupo; (5) a de árbitro e medi-
Liderança é o processo de estímulo pelo qual, mediante ações recí- ador, com a decorrência natural de punir e distribuir recompensas. São
procas bem-sucedidas, as diferenças individuais são controladas e a funções secundárias: (1) a de apresentar-se como símbolo do grupo; (2) a
energia humana que delas deriva se encaminha em benefício de uma de ideólogo que, como a anterior, está muito vinculada à liderança autori-
causa comum. Esse conceito, decorrente das contribuições do movimento tária, mais que à liberal; (3) a de figura paternal; (4) a de bode expiatório

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ou vítima propiciatória, em condições de crise ou conseqüente estado de As transformações dependem de diversos fatores: (a) tendências elemen-
depressão. tares ou adquiridas, inatas ou surgidas com a maturação, que suscitam e
dirigem o comportamento; (b) operações já existentes, instintivas ou
No que toca às expectativas em torno da conduta dos líderes, há que adquiridas, que formam o fundamento da transformação, seja por assimi-
observar algumas: (1) o líder deve agir de maneira a ser percebido pelos lação a um novo todo, seja por dissociação; (c) obstáculos sociais ou
integrantes do grupo como um de seus membros; (2) os valores e as modelos culturais, cuja influência foi valorizada pela psicanálise; (d) varia-
normas consagradas pela coletividade devem ter sido incorporados no bilidade pessoal, a personalidade em formação, que proíbe ou facilita
líder; (3) o grupo deve poder beneficiar-se da investidura do líder, desta- certas possibilidades, na qual se destaca o funcionamento da autodeter-
cado dos demais por suas qualificações; (4) ao líder cabe a tarefa de minação. A fixação das condutas mais complexas que substituem as
corresponder às expectativas do grupo. condutas inadequadas pode ser explicada pelo que a psicologia experi-
mental chama de lei do efeito, e a psicanálise de princípio da realidade:
As sociedades modernas deram origem a vasto número de situações permanecem as condutas que levam a um resultado favorável.
potenciais de liderança nos setores de política, economia, lazer, trabalho (3) Determinismo social e cultura. Observações de psicólogos e an-
etc. Ante a complexidade dos grupos de interesses sociais, a autoridade tropólogos dão exemplos de diversidade de comportamento com referên-
subdividiu-se, de forma a suprir as necessidades situacionais e atingir os cia à percepção, memória e julgamento estético, segundo o tipo de grupo
objetivos específicos de cada grupo. A exigência de uma liderança eficien- social. As diferenças culturais também interferem no conceito de compor-
te e empreendedora no campo político decorre do crescimento do estado tamento normal e anormal, que exigem referência a um tipo determinado
e da economia, particularmente no século XX, em face da rivalidade de norma social. Mesmo comportamentos anteriormente considerados
internacional com vistas ao progresso econômico. básicos da natureza humana são entendidos, na atualidade, como produ-
tos de determinado tipo de cultura.
O líder moderno deve ser recrutado para cumprir objetivos sociais e (4) Condições de unidade do ego e de identidade pessoal. Tais condi-
políticos, com base no merecimento e no conhecimento especializado. ções são estudadas pela psicologia evolutiva e pela psicanálise. A tarefa
Seu campo de ação é regulado por leis e normas jurídicas. Essa conceitu- principal do indivíduo será manter essa unidade, apesar das modificações
ação moderna difere essencialmente da tradicional, em que poderosos e do tempo e das situações dispersivas. A história individual deve ser vista
rígidos sistemas autocráticos e de classes fechadas atribuíam aos líderes em seu quadro social, no âmbito do movimento evolutivo das sociedades.
valores especiais de dominação. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil
Publicações Ltda. Métodos experimentais. São estes os principais métodos experimen-
tais empregados no estudo da personalidade: (1) escalas de avaliação,
Personalidade nas quais os traços aparecem numa escala e o examinador deve classifi-
car o examinado pela cotação dos diversos traços: (2) questionários, série
De persona, "máscara" ou "personagem de teatro", veio a palavra
de perguntas ao examinado, sobre motivações, atitudes, interesses etc.;
personalidade, o conjunto de qualidades que definem uma pessoa. A
(3) técnicas projetivas, com estímulos pouco estruturados, algumas mais
psicologia estuda as diferenças e semelhanças entre as pessoas e busca
sujeitas que outras a alguma correção.
terapias para corrigir os transtornos de personalidade.
De todos esses métodos, o mais utilizado é o da entrevista, raramente
Personalidade é o termo utilizado para designar a organização dinâ-
dispensada pelo avaliador da personalidade de um indivíduo. Existem
mica do conjunto de sistemas psicofísicos que determinam os ajustamen-
vários tipos de entrevista e os dados obtidos por esse meio com freqüên-
tos do indivíduo ao meio em que vive. Tem, pois, várias características: (1)
cia modificam a avaliação final da personalidade cujos dados haviam sido
é única, própria a um só indivíduo, ainda que este tenha traços comuns a
indicados anteriormente por outros métodos. Durante muito tempo, a
outros indivíduos; (2) é uma integração das diversas funções, e mesmo
psicologia atribuiu grande importância aos métodos ditos morfológicos de
que esta integração ainda não esteja concretizada, existe uma tendência à
descrição da personalidade, tais como os elaborados por especialistas
integração que confere à personalidade o caráter de centro organizador;
como William Herbert Sheldon e Ernst Kretschmer, ambos proponentes de
(3) é temporal, pois é sempre a de um indivíduo que vive historicamente;
tipologias em que determinadas características de personalidade eram
(4) não é estímulo nem resposta, mas uma variável intermediária que se
associadas a tipos físicos. A relação entre biótipo e tipo psicológico não é
afirma, portanto, como um estilo pela conduta.
mais considerada tão importante pelos especialistas, embora não deixe de
fornecer subsídios ao estudo da personalidade humana.
No estudo da personalidade registram-se duas teorias opostas: a ca-
racterologia e a psicologia das personalidades, ou personologia, na termi-
Teorias psicanalíticas. Para Sigmund Freud, a estrutura da personali-
nologia de Henry Alexander Murray. Para a primeira, personalidade é um
dade é formada por três instâncias: id, ego e superego. O id é inato, e dele
conjunto de traços mais ou menos fundamentais que, agrupados, formam
deriva a energia necessária à formação do ego e do superego. Tanto o
tipos em número limitado, aos quais podem ser reduzidos todos os indiví-
que é herdado psicologicamente quanto os instintos já existem no id no
duos. A personalidade será então uma estrutura fundamental estável,
momento do nascimento. As necessidades do id são atendidas pelos
analisada em seu comportamento atual. Já a personologia busca os
processos primários e pelos atos reflexos.
fatores dinâmicos da conduta, as motivações, os complexos centrais que
influem na integração da personalidade. No que tange à psicologia da
personalidade, a teoria volta-se para sua função integrativa, considerando- À medida que a criança entra em interação com o ambiente, atos re-
a de um ponto de vista histórico, num esquema evolutivo. flexos e processos primários passam a ser insuficientes para reduzir a
tensão psicológica provocada por agentes internos e externos, e o ego se
estrutura para estabelecer contato com a realidade exterior. Por intermé-
Aspectos. No estudo da personalidade devem ser observados quatro
dio dos processos secundários, encontra então na realidade os objetos
aspectos:
adequados à reestruturação do equilíbrio desestabilizado por tensões
(1) Dados psicofisiológicos, provenientes da hereditariedade e matu- psíquicas. O prosseguimento das interações com o meio conduz à forma-
ração em relação constante com o adquirido. O ponto de vista mais aceito ção do superego, ou seja, a internalização do julgamento moral, em que
quanto à relação entre hereditariedade e meio é o de uma interação. Os atuam o eu-ideal e a consciência. O eu-ideal se manifesta por meio de
efeitos da hereditariedade e do ambiente não são meramente somados, injunções a respeito de como a pessoa deve agir em relação a suas
mas a extensão da influência de um fator depende da contribuição do aspirações e a consciência estabelece o que ela não pode fazer.
outro. Os dados psicofisiológicos podem ser considerados como produto
da hereditariedade e do meio. Assim, uma pequena diferença de heredita-
riedade e uma ligeira modificação do ambiente podem produzir uma Personalidade básica. O conceito de personalidade básica surgiu da
enorme diferença da personalidade. colaboração entre o antropólogo Ralph Linton e o psicanalista Abraham
Kardiner. Com base em trabalhos de Linton sobre populações de Mada-
(2) Transformações da conduta e fixação de tipos de comportamento.
gascar e das ilhas Marquesas, Kardiner realizou análises para verificar a

Conhecimentos Específicos 149

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existência de correlações entre as instituições da cultura e a personalida- ou ramo social, sabemos que tal imagem é falsa e ardilosamente mentiro-
de. Desses primeiros estudos, base de trabalhos posteriores sobre cultura sa.
e personalidade, surgiu o conceito (mais produto de reflexão teórica que Sabemos também que é difícil contrapor, mesmo com argumentos
de trabalho de campo) de personalidade-base, ou personalidade básica, verdadeiros e inteligentes, a tantos anos de bem feita propaganda negati-
para definir condutas e atitudes comuns à maioria dos integrantes de um va pela mídia. Essa verdadeira lavagem cerebral é levada a cabo a mando
grupo. de segmentos sociais privilegiados, que sentem-se prejudicados em não
poder exercer plenamente os desmandos do capital e do poder. O blo-
Só após as primeiras ideias formuladas por Kardiner é que se fizeram queio das ingerências dessa classe dominante dá-se, visivelmente, por
experiências de campo, na década de 1940. Kardiner compreendia a conta do heroísmo das diversas instituições do poder público e seus
existência de certos padrões fixos de pensamento e ação, aceitos em servidores, as quais somente conduzidas e representadas por servidores
geral por um grupo de indivíduos e que podem causar distúrbios a estes, públicos estáveis, capacitados e bem remunerados, podem refutar os
quando violados. As instituições primárias são formadas por certos dese- ataques subversivos da alternância do poder e do crescimento e concen-
jos do indivíduo, independentemente de seu controle (como apetite, sen- tração do capital.
sualidade etc.), e vão compor a estrutura da personalidade-base. Esta
estrutura dá origem a outras instituições, de caráter secundário, que Assim urge necessária uma nova estratégia, permanente e progressi-
atuam para aliviar tensões. É exemplo de uma instituição secundária a va, de esclarecimento da sociedade civil, a fim de desmistificar a função
maneira pela qual os membros de uma cultura solicitam a proteção divina. pública, mostrando o porquê de sua existência e necessidade, o porquê
Se bem que o conceito de divindade seja universal, o modo de solicitar de sua necessária e constante valorização.
sua proteção varia enormemente de povo para povo, em geral como
decorrência de experiências criadas na mentalidade da criança e dos O cidadão, mesmo bem atendido por um servidor público, o que sa-
objetivos definidos pela sociedade. Esta variação de experiências indica bemos que é a regra, embora só sejam divulgadas as exceções, não
que a estrutura da personalidade-base é formada de elementos comuns à consegue sustentar uma boa imagem do serviço e do servidor públicos,
personalidade da maioria dos membros individuais de uma cultura dada. pois a mídia e o estereótipo negativo por ela criado tratam logo de des-
manchar a boa impressão, convencendo o cidadão, em seu íntimo, de que
Surgida na década de 1930, a formulação do conceito de personali- aquele bom atendimento recebido fora, quem sabe, sorte.
dade-base teve seu mais amplo desenvolvimento na década seguinte,
quando foi comprovado por experiências de campo. Cora Dubois estudou
O convencimento da opinião pública através da mídia é uma prática
os nativos da ilha de Alor, na Melanésia, e encontrou três componentes da
política e social largamente utilizada por quase todos os setores sociais, a
personalidade: uma estrutura básica que pode ser fisiológica e comum a
fim de defender seus interesses e promover sua reivindicações. Infeliz-
toda a humanidade; tendências individuais da personalidade; e formas
mente tal ação é praticada, principalmente as de maior poder de penetra-
culturais que atuam sobre os dois primeiros componentes e ocasionam
ção social, para defesa de interesses puramente econômicos. Raras são
certas tendências centrais, que podem ser denominadas personalidade
as campanhas de mídia e tentativas de convencimento e formação de
modal. Nesse mesmo período, Linton realizou estudos que comprovaram
opinião pública que defendem o interesse coletivo, estas geralmente
sua hipótese de que a estrutura básica da personalidade se refere mais a
patrocinadas por organizações não governamentais de defesa da infância,
certos denominadores comuns da personalidade de todos os membros de
do meio-ambiente, sindicatos, entre outras.
um grupo.

A teoria da personalidade-base trouxe considerável avanço para as Não estamos falando aqui de campanhas milionárias de marketing.
relações entre antropologia e psicologia, e sua aplicação por especialistas Vemos diariamente na mídia esses setores sociais organizados praticando
de uma ou de outra dessas disciplinas conduziu a uma soma de dados e seus lobbies, influindo nas pautas dos Jornais e Telejornais, dos progra-
de material científico valiosa para o desenvolvimento das ciências sociais. mas de auditório e dominicais e até na criação das telenovelas, trazendo à
Com a segunda guerra mundial, aumentaram os estudos sobre diferentes tona não a discussão sobre o tema, mas o seu próprio posicionamento, a
culturas, e o conceito de personalidade-base tomou a denominação de fim de influir a opinião pública, induzindo a sociedade a pensar dessa ou
caráter nacional. Os estudos sobre o caráter nacional desenvolveram-se daquela maneira. Senhores respeitáveis, críticos de revistas, jornais e
principalmente a partir de uma unidade psíquica da humanidade, diferen- noticiários de televisão, moldam o pensamento popular ao bel prazer de
ciando-se cada cultura como resultado de escolhas e rejeições operadas seus endinheirados anunciantes, em clara oposição ao interesse público.
sobre os dados culturais comuns a uma certa área geográfica. Foi este o
método utilizado por Ruth Benedict ao estudar o caráter nacional japonês, A estratégia aqui rascunhada, para obter resultados satisfatórios, de-
em seu livro The Chrysanthemum and the Sword (1946; O crisântemo e a ve ser implementada, necessariamente, em caráter permanente e de
espada). Além de descrever a cultura japonesa, a autora conceituou o longo prazo, já que desmistificar um estereótipo social é sabidamente uma
princípio da configuração única de cada cultura e de cada conjunto de tarefa de paciência e que demanda, principalmente, tempo.
tradições históricas.
Para o sucesso de uma campanha institucional deste porte é impres-
O comportamento de cada grupo nacional pode ser analisado em re- cindível a continuidade das ações, sob pena de os valiosos e dispendiosos
lação a situações particulares e a atitudes e comportamentos de outros esforços depreendidos na conquista de posições favoráveis à imagem do
grupos nacionais. Este é o caráter nacional, que a rigor é o mesmo concei- Servidor Público percam-se em uma breve interrupção das ações instituci-
to de personalidade-base, ou seja, uma configuração psicológica particular onais, pois os ataques da mídia ao serviço público certamente não cessa-
própria dos membros de uma sociedade dada, que se manifesta por um rão. Essa continuidade de ações, por seu tempo, depende de garantia por
certo estilo de vida sobre o qual os indivíduos limitam suas variantes parte dos sindicatos, federações e até das confederações e coordenações
singulares. Esta configuração é formada por um conjunto de traços. É a nacionais, se possível de forma estatutária, dos recursos necessários,
personalidade-base não porque constitua exatamente uma personalidade, humanos e financeiros, de modo que se possa tornar tal campanha insti-
mas por ser a base da personalidade dos membros do grupo, a matriz tucional como uma rubrica indispensável nos orçamentos e planejamentos
sobre a qual os traços de caráter se fixam e se desenvolvem. ©En- das administrações sindicais.
cyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
Muitas ideias simples, baratas e de fácil implementação, para positivar
Uma Nova Imagem para o Servidor Público a imagem do servidor público e acabar com o estereótipo do paletó na
Durante as últimas décadas, o Servidor Público foi alvo, por parte da cadeira, pipocam por este país, nos mais diversos setores do serviço
mídia, de um processo deliberado de formação de uma caricatura, que público. Porém, são ações que, de forma isolada, dificilmente surtiriam
transformou sua imagem no estereótipo do cidadão que trabalha pouco, algum efeito positivo, o que as faz se dissiparem antes mesmo de postas
ganha muito, não pode ser demitido e é invariavelmente malandro e em prática.
corrupto. Com raríssimas exceções, presentes aliás em qualquer profissão
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O que faz falta é a canalização e aprimoramento desses assuntos por concorda comigo. Onde é que talvez esteja a nossa maior discordância?
uma equipe multidisciplinar, a fim de transformarem-se ideias em iniciati- Pode ser que a turma do "Cansei" ache que o Brasil estaria melhor se os
vas positivas e, na prática, de forma lenta, sistemática e contínua, através ricos além de ficarem cada vez mais ricos também mandassem no país.
da utilização dos vários mecanismos de convencimento e de mídia, iniciar Eu penso que não, que o melhor é os ricos cuidarem de enriquecer
o processo que resultará numa sociedade na qual se possa defender o enquanto os não tão ricos assim governam. Mas é apenas uma diferença
servidor público como um esteio das instituições democráticas, primordiais de pontos de vista. Não é motivo para ficar brigando. Até porque quem vai
para a soberania, liberdade e defesa dos direitos mais elementares. decidir a parada não somos nem eu nem a turma do "Cansei". Muito
menos a opinião pública. É o povo, na urna. Esse, por sinal, talvez seja o
Por menores a mais demorados que sejam os resultados, serão sem- maior problema do pessoal do "Cansei" e também da opinião pública:
pre satisfatórios e de longa duração, pois desde sempre a impopularidade depois dos discursos, contar o voto na urna. Blog do Alon
do serviço público só cresce e, a estagnação ou o recuo deste quadro de
impopularidade serão vitórias demoradas mas imprescindíveis para ala- ABSENTEÍSMO NO SERVIÇO PÚBLICO
vancar e facilitar as demais conquistas almejadas por esses valorosos Texto extraído do Jus Navigandi
cidadãos brasileiros: os servidores públicos municipais, estaduais e fede- http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9204
rais das três esferas de poder. Sergio Amorim dos Santos
Luís Fernando Quinteiro de Souza
A OPINIÃO PÚBLICA, OS RICOS E O "CANSEI" - ATUALIZADO delegado seccional de Polícia de Ourinhos (SP), professor de Direito
(20/08) Administrativo e Direito Processual Penal nas Faculdades Integradas de
Há uma hostilidade contra o "Cansei" que é compreensível. Ela Ourinhos.
provém do pessoal que apóia o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. É
razoável que quem apóia o governo tente desqualificar quem é contra o O estudo da Administração Pública, partindo do conceito jurídico de
governo, vocês não acham? Não é desejável, mas é compreensível. Estado, compreende, inicialmente, a organização soberana, com a institui-
Especialmente num ambiente de radicalização política. Incompreensível, ção constitucional dos três Poderes que compõem o Governo, na clássica
para mim, é a atitude das pessoas que vivem descendo a lenha no tripartição de Montesquieu, isto é, Legislativo, Executivo e Judiciário,
governo federal e também achincalham o "Cansei". Pensei um pouco independentes e harmônicos entre si, com funções precípuas e imanentes
antes de escrever este post, porque normalmente reluto quando é para do Estado.
discutir o comportamento da opinião pública. Mas como este texto tratará
de generalidades e abstrações acho que ninguém vai se ofender. Aquela Sequencialmente, segue-se a organização da Administração, consis-
hostilidade contra o "Cansei" que nasce exatamente da oposição a Lula tindo na estruturação legal das entidades e órgãos que irão desempenhar
me deixa, como disse, com a pulga atrás da orelha. Matutando e tentando as funções, através de agentes públicos e o rol de suas atividades, numa
ligar as coisas. Faz tempo, por exemplo, que eu desconfio da tese de que concepção moderna de desenvolvimento e funcionamento dos serviços a
a opinião pública (uso a expressão a partir do método gramsciano, o serem prestados aos administrados, ou seja, à coletividade, de forma
desenvolvido na cadeia) é vaquinha de presépio da oposição. É o generalizada.
contrário. A oposição é que está refém da opinião pública. Por sinal, nessa
parceria entre a opinião pública e a oposição só quem tem se dado bem é
No contexto global da Administração Pública a representação humana
a opinião pública -que de tempos em tempos exibe o seu poder, enquanto
se faz através dos agentes públicos, conceituados pelo consagrado Hely
a oposição não consegue ganhar umazinha sequer. Na eleição do ano
Lopes Meirelles: "como pessoas físicas incumbidas, definitiva ou transito-
passado, por exemplo, a oposição foi atrás dos conselhos da opinião
riamente, do exercício de alguma função estatal" [01]. Ainda, o gênero
pública e se deu mal. A opinião pública vem com suas maluquices e acaba
agente público, comporta as espécies agentes políticos, agentes adminis-
arrastando a oposição a situações que a oposição não planejou nem
trativos, agentes honoríficos e agentes delegados, com algumas sub-
desejou. Dura tem sido a vida da nossa oposição, nesse cabresto que lhe
espécies, que em outra oportunidade poderão ser objeto de análise mais
foi colocado pela opinião pública. Não se sabe o que a oposição deseja ou
específica.
propõe para o Brasil, pois ela se limita a reverberar os movimento
espasmódicos da opinião pública. É nessa conjuntura que aparece o
"Cansei", um movimento orgânico de oposição ao governo federal mas Os órgãos públicos, como centros de competência instituídos para o
que não nasceu da opinião pública. Aliás, um registro. O "Cansei" desempenho de funções estatais, têm seus cargos ocupados por pessoas
conseguiu em poucas semanas mobilizar mais gente contra o governo do físicas que atuam como seus agentes, com parcelas de seu poder, ou
que dois anos de campanha da opinião pública contra Lula. Querem seja, a máquina estatal somente exteriorizará e concretizará sua vontade
saber? Eu aposto que o problema da opinião pública com o Cansei é política através de seus servidores públicos, que ocuparão os cargos
porque o "Cansei" não veio da opinião pública, e portanto não está existentes e desempenharão, nos limites dos princípios que norteiam a
encabrestado por ela. A opinião pública está com ciúmes do "Cansei", que Administração Pública, o serviço pretendido pelo governante, em benefício
não lhe pediu licença para ir às ruas gritar "Fora Lula". Eu me oponho da sociedade.
politicamente ao "Cansei". Eu defendo que Lula está fazendo um bom
governo e deve ficar no cargo até o fim do mandato. Se o governo fosse Nosso propósito é demonstrar as dificuldades e os problemas que re-
meu, eu faria coisas diferentes. Mas o fato é que os votos foram do Lula e sultam ao Poder Público, consequentemente, à coletividade, quando a
não meus. É uma premissa fundamental. Eu me limito a analisar e criticar figura relevante do agente público pratica, de modo espontâneo ou não, o
as realizações do governo Lula no âmbito do que Lula prometeu quando absenteísmo, culminando na prestação de um serviço de má qualidade ou
pediu os votos dos eleitores em 2002 e 2006. Não no âmbito do que eu deficitário, com sérios prejuízos aos seus destinatários.
acho que o Lula deveria fazer. Mas este post não é sobre o governo. É
sobre as relações entre a oposição, a opinião pública e o "Cansei". Eu Absenteísmo, palavra de origem francesa, absentéisme, significa pes-
saudei desde o início o movimento, pois nada há de mais saudável do que soa que falta ao trabalho, ou ainda, ausência no serviço por inúmeros
as pessoas descontentes com o governo irem para a rua dizer que estão motivos, propositais ou por circunstâncias alheias à vontade do trabalha-
descontentes. Eu não estou nem aí para o fato de haver gente rica no dor.
"Cansei". O problema do Brasil não são os ricos. A China, por exemplo,
tem hoje muito mais ricos do que tinha trinta anos atrás. E a China está Trazendo o conceito acima para o serviço público, o Administrador da
muito melhor do que estava trinta anos atrás. Enriquecer é glorioso, Coisa Pública, como dirigente e fiscalizador de um órgão estatal, se depa-
afirmava o arquiteto da China contemporânea, Deng Xiaoping. Ele tinha ra com graves situações concretas com resultados nefastos e jamais
razão. Quem é rico tem dinheiro sobrando para investir e, portanto, pretendidos pelo Estado.
propiciar oportunidades econômicas a quem não é tão rico assim. O Brasil
deveria copiar a China nesse aspecto. Precisamos de ricos em maior
O absenteísmo tem se tornado problema crucial tanto para as organi-
quantidade, e de ricos mais ricos. Acho que nisso o pessoal do "Cansei"
Conhecimentos Específicos 151

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zações particulares como para as estatais e, respectivamente, aos seus alternativas permitidas, para sobrepor àquelas carências provocadas pelo
administradores, os quais percebem a repercussão no quantitativo de absenteísmo e, consequentemente, minimizando o estado de ira e revolta
recursos humanos e, por via de conseqüência, o reflexo na qualidade do no ambiente de trabalho, promovendo cursos de capacitação, prêmios de
serviço prestado. Suas causas estão ligadas a múltiplos fatores, tornando- incentivo e de valorização profissional, procurando recursos para moderni-
o complexo e de difícil gerenciamento, pois, inúmeras situações pessoais zar o labor e, assim, ofertando melhores meios ao desenvolvimento de
do servidor podem desencadear no seu surgimento, como exemplo pro- qualquer atividade a que está incumbido o Estado.
blemas de ordem pessoal, biológica, ambiental, social, familiar, financeira,
funcional, etc. FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA OPINIÃO PÚBLICA
Sidineia Gomes Freitas
Segundo Gaidzinski, que desenvolveu um estudo para dimensionar o
quadro de pessoal para os serviços, classificou as ausências em previstas INTRODUÇÃO
e não previstas. Constituem a primeira classe aquelas permitidas e de Falar de opinião pública é assunto apaixonante e controverso. Isto
direito ao servidor, podendo ser planejadas com antecedência como posto, fica ainda mais difícil darmos um passo além e analisarmos o tema:
férias, folgas e feriados. As ausências não previstas são as que efetiva- Formação e desenvolvimento da opinião pública.
mente caracterizam o absenteísmo, pelo seu caráter imprevisível, como
faltas abonadas e injustificadas, licenças médicas, acidente de trabalho,
licenças maternidade e paternidade, período de nojo, de gala, de cursos Pela profundidade do assunto, temos consciência de que não o esgo-
de especialização e outras situações que impedirão o servidor ao trabalho. taremos, mas sim indicaremos alguns parâmetros para a sua discussão.
Em quaisquer, das hipóteses, este fenômeno ocasiona não só custos
diretos, mas também indiretos, representados pela diminuição da produti- CONCEITO DE OPINIÃO PÚBLICA
vidade porque haverá menos servidores em ação, com redução da quali- Na verdade, o conceito de opinião pública vem se transformando
dade do serviço uma vez que um outro funcionário em atividade executará através dos tempos. No século XIX ocorreu a primeira revolução industrial,
também o serviço do ausente, ocasionando, certamente, a diminuição da surgiu a imprensa e as reivindicações deixaram de representar apenas os
eficiência e eficácia nos resultados esperados. interesses de um grupo dominante, abrangendo caráter não só político,
mas também social e econômico.
Apesar da possibilidade de rotatividade de pessoal, de modo célere,
que a iniciativa privada têm a seu alcance, diante do regime jurídico ado- Os estudiosos da opinião pública consideram-na, antes de mais nada,
tado para a contratação e demissão, nos moldes da Consolidação das um estudo essencialmente interdisciplinar que envolve a Sociologia, a
Leis do Trabalho, ainda assim é oneroso a qualquer empresa privada, Psicologia Social, a Ciência Política e outras.
pelas responsabilidades trabalhistas decorrentes de demissão e de ad-
missão de novo empregado, com a respectiva capacitação, mas, de O senso comum utiliza o termo opinião pública com naturalidade
qualquer forma, é sempre bom realçar, em que pese tais encargos, consti- (grande parte de nossos representantes políticos assim agem), mas ao
tui num verdadeiro e autêntico privilégio constitucional, à disposição do investigador interessa saber o que é opinião pública.
empregador, do qual não dispõe o Administrador Público, diante de funci-
onário ausente por desídia ou necessidade premente, o qual, para subme- A reflexão nos leva, automaticamente, a lembrarmos de grupo, de pú-
ter-se a um processo disciplinar administrativo, goza de um elenco de blico, de atitude de maioria, de opinião, do indivíduo no grupo, no público.
situações privilegiadas, que demanda muito tempo a concretizar-se.
A professora Sarah Chucid da Viá refere-se à definição de Kimbal
É de extrema relevância que o servidor público (que um dia, por crité- Young: “Opinião é conjunto de crenças a respeito de temas controvertidos
rios de seleção e por meio de concurso público, se destacou entre seus ou relacionados com interpretação valorativa ou o significado moral de
inúmeros pares, foi aprovado e vislumbrou a possibilidade de fazer carrei- certos fatos”.
ra na atividade de governo, com segurança e estabilidade, características
inexistentes na iniciativa privada), atue, de modo perene, com a consciên- Monique Augras afirma “a opinião é um fenômeno social. Existe ape-
cia voltada à importância de seu trabalho assíduo e permanente, para o nas em relação a um grupo, é um dos modos de expressão desse grupo e
desenvolvimento de seu país, de seu Estado e de sua cidade, além de seu difunde-se utilizando as redes de comunicação do grupo”.
crescimento interior, dignificando o seu nome e sua atividade laborativa,
tanto para conhecimento próprio e servir de exemplo à sua linha ascen- De fato, a opinião tem sua origem nos grupos, mas só assim não ca-
dente como para sua descendência, destacando-se entre seus pares. racterizaremos a opinião pública, porque esses grupos transformam-se em
públicos quando se organizam em torno das controvérsias, com ou sem
Entretanto, concomitantemente, com a grande massa de servidores contigüidade espacial, discutem, informam-se, refletem, criticam e procu-
que pensam, ajam e atuam de maneira sóbria e responsável, concretizan- ram uma atitude comum, e atitude para a professora Sarah Chucid da Viá
do e materializando os anseios do Poder Central e, reconhecidos como “é uma tendência para atuar, agir. Relaciona-se com os hábitos, com os
dignos paladinos estatais, temos um insignificante segmento de funcioná- comportamentos e transforma-se em opinião quando adquire um caráter
rios, mal contratados e mal formados, despidos de qualquer senso de verbal e simbólico”, mas onde fica o indivíduo na opinião pública?
responsabilidade e respeito para com seus pares e para com sua entidade
estatal, os quais absorvem proventos correspondentes, sem prestar uma Ora, todos nós sabemos que o indivíduo, o ser humano, é um ser so-
atividade sequer, sobrecarregando o colega de trabalho e que por meio de cial e não vive sozinho. No mínimo pertencerá ao grupo primário “família”.
subterfúgios legais, arcaicos e absurdos como reiteradas e descabidas Na verdade, ainda não se sabe qual é a real natureza do termo opinião
licenças médicas, por patologias relativamente simples, conseguem burlar pública, mas analisando o que dizem os especialistas podemos encontrar
a Administração Pública, de modo a impedi-la de torná-lo readaptado para pontos de destaque sobre o assunto. Vejamos:
outra atividade, culminando, por vezes, em permanecer claro o seu cargo, • a opinião pública está diretamente relacionada a um fenômeno
até por décadas, sem, inclusive, a viabilização de uma aposentadoria social que poderá ou não ter caráter político;
precoce, o que ensejaria o preenchimento do claro existente naquela • é um pouco mais que a simples soma das opiniões;
carreira, com conseqüências externas, que atingem o público em geral, • é influenciada pelo sistema social de um país, de uma comunida-
como menor qualidade e desempenho do serviço prestado. de;
• é influenciada pelos veículos de comunicação massiva;
Por outro lado, o Administrador Público inovador, diante de situações • poderá ou não ter origem na opinião resultante da formação do
dessa natureza, para a qual não concorreu e sequer deu causa, tem a público;
oportunidade de, também com supedâneo aos princípios informadores do • não deve ser confundida com a vontade popular, pois esta se re-
Estado de Direito, fazer uso de sua imaginação, criando ou buscando laciona aos sentimentos individuais mais profundos;
Conhecimentos Específicos 152

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APOSTILAS OPÇÃO
• depende e resulta de uma elaboração maior; Ocorre que a adaptação à realidade e ao grupo, bem como a exterio-
• não é estática, é dinâmica. rização, envolvem a identificação, a projeção e a rejeição que verificamos
Convém aqui destacar que a opinião de um grupo não é a opinião do no relacionamento social, e não é difícil observarmos isto nas representa-
público, e a melhor forma de esclarecermos o assunto ainda é o exemplo. ções coletivas, pois todos desejam a aprovação social. “As opiniões
Assim, sabemos que no grupo primário “família”, a hierarquia, bem como a consideradas pelo indivíduo com a maior cautela; inversamente, se al-
comunicação face a face, interfere na discussão que é mais do tipo demo- guém tiver necessidade de agressão e de autonomia, expressá-la-ás sem
crático direto, onde geralmente a opinião preponderante é a do líder do restrições”, analisa a professora Sarah C. da Viá.
grupo (o chefe da família, por exemplo).
Ainda considerando a identificação, a projeção e a rejeição iremos
No grupo primário “família”, os problemas são mais concretos, mas encontrar os estereótipos criados nas sociedades de massa onde os
nas sociedades mais complexas, os grupos secundários (escola, igreja) fatores afetivos e irracionais funcionam com maior intensidade.
caracterizam-se por apresentarem indivíduos com multiplicidade de tare-
fas e de atividades, e os problemas tornam-se mais abstratos, bem como Os estereótipos apresentam algumas características que auxiliam so-
as relações também se tornam mais abstratas e surge a controvérsia que, bremaneira a formação e desenvolvimento da opinião pública. Vejamos:
a meu ver, é a origem da formação do público. • o estereótipo é persistente, pode permanecer por gerações;
• é elaborado por um grupo para definir-se ou definir outro grupo;
A essa altura, surge o indivíduo no público que, segundo o Prof. Dr. • apresenta ma imagem idealizada do próprio grupo;
Cândido Teobaldo de Souza Andrade: • apresenta a esquematização, onde as qualidades de um objeto
• não perde a faculdade de crítica e autocontrole; são reduzidas a uma só;
• está disposto a intensificar sua habilidade de crítica e de discus- • engloba todos em único conceito;
são frente a controvérsia; • tem função compensatória de frustrações, assim, o outro grupo
• age racionalmente através de sua opinião, mas está disposto a passa a ser responsabilizado pelas frustrações.
fazer concessões e compartilhar de experiência alheia.
Os estereótipos são, de fato, fantasias, mas fantasias que determinam
Seria bom se estivéssemos sempre diante de públicos e de indivíduos atitudes que podem levar à ação. Pessoas, frases, modelos podem trans-
no público, mas Monique Augras nos diz que “A opinião pública é, decla- formar-se em estereótipos.
radamente, uma alavanca na mão do demagogo. Daí em diante aparecerá
um duplo aspecto: expressão genuína da vontade do povo e meio de Criar estereótipos, alterar e induzir opiniões irá requerer a persuasão.
manipulação desse povo”. Nas sociedades complexas nem sempre a A persuasão tem na propaganda sua melhor arma de ação, pois a propa-
opinião pública influencia e determina ações, sejam tais ações de caráter ganda pode ser definida como técnica que manipula as representações,
puramente social, ou de caráter político e econômico. Por isso, precisa- os estereótipos e influencia nas ações humanas, nas atitudes das pesso-
mos verificar que fatores interferem na formação e no desenvolvimento da as. Por outro lado, sabemos que o homem é um ser social, é passível de
opinião pública. influência e, portanto, pode ser persuadido. Quer e deseja a aprovação
social.
OPINIÃO PÚBLICA: FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
Além da classificação dos grupos, os fatores sociais, os psicológicos, De fato, a persuasão e a propaganda andam de mãos dadas, pois o
a persuasão e os veículos de comunicação massiva interferem na forma- professor Cândido Teobaldo de Souza Andrade nos diz: “A propaganda é
ção e desenvolvimento da opinião pública. considerada suspeita, porque na área da discussão pública, ela molda
opiniões e julgamentos, não baseada apenas no mérito da controvérsia,
No sentido de facilitarmos a análise isolaremos as interferências. mas, principalmente, agindo sobre os sentimentos. O objetivo precípuo da
propaganda é implantar uma atitude que vem a ser sentida pelas pessoas
Fatores Sociais como natural, certa e espontânea. Deseja assim a propaganda criar uma
convicção e obter ação de acordo com essa convicção”.
O tipo de sociedade ao qual pertencemos, nossa classe social e as
várias relações estabelecidas interferem na formação da opinião pública.
Nas sociedades mais estáticas as opiniões são mais permanentes e se Os Veículos de Comunicação Massiva
aproximam mais de crenças, enquanto que em sociedades mais dinâmi- Somos constantemente bombardeados pelos veículos de comunica-
cas os indivíduos tendem a mudar de opinião e devido à grande mobilida- ção massiva que agem sobre nossas opiniões, nossas atitudes, nossas
de social, opiniões se transformam ou até mesmo desaparecem. ações. Bombardeiam nossos lares e formam nossas crianças.

A interferência desses veículos vem sendo lembrada a todo momento


Os grandes centros urbanos apresentam grande mobilidade social di-
nos problemas levantados em nosso curso.
ferenciando-se da população concentrada em aldeias rurais, onde há mais
dificuldades nos contatos e nas informações.
Os veículos de comunicação massiva usam e abusam da propagan-
da. Basta nos colocarmos diante de um aparelho de televisão realizarmos
A classe social também interfere na formação da opinião. “Marx afir- uma simples contagem do número de comerciais veiculados. Estamos
ma que toda a opinião é opinião de classe, uma opinião determinada pelo diante de veículos onerosos e somente grupos poderosos podem mantê-
grupo social em que se vive”, nos lembra a professora Sarah C. da Via. los e manejá-los, mas a opinião pública existe, não pode continuar a ser
manipulada de maneira abusiva e desejamos chegar mais próximos da
Os Fatores Psicológicos e a Persuasão verdade. Porque ao invés de negarmos o poder de tais veículos, não
Os fatores psicológicos são os que melhor explicam a formação da utilizá-los de modo mais racional e eqüitativo? Os grupos de interesse
opinião pública, pois opinião relaciona-se com o conjunto de crença e agem.
ideologia de um indivíduo que tem disposição para expressar-se (caso não
se expresse trata-se de uma atitude latente) e “a opinião seria um dos PÚBLICO E OPINIÃO PÚBLICA
modos de expressão dessa disposição, surgindo a propósito de um acon- O professor Cândido Teobaldo de Souza Andrade e quase todas as
tecimento determinado. Sendo essencialmente expressão, a opinião é de obras que falam de Relações Públicas admitem a existência de grupos,
natureza comunicativa e interpessoal. Serve de mediadora entre o mundo mas sabem que um grupo pode ou não se constituir como um público.
exterior e a pessoa sob dois aspectos: 1) adaptação à realidade e ao Desta forma, chegamos às características da opinião pública que, segun-
grupo; 2) exteriorização”, nos lembra a professora Sarah C. da Viá. do o professor Teobaldo, fica assim caracterizada:
• não é uma opinião unânime;

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APOSTILAS OPÇÃO
• não é, necessariamente, a opinião da maioria; • liberdade de expressão;
• normalmente é diferente da opinião de qualquer elemento do pú- • substituição de apelos irracionais por apelos menos irracionais, já
blico; que as emoções e os sentimentos não podem ser esquecidos;
• é uma opinião composta, formada das diversas opiniões existen- • mais informação às massas e muita reflexão;
tes no público; • educação;
• está em contínuo processo de formação das diversas opiniões • uso adequado da propaganda.
existentes no público;
• está em contínuo processo de formação e em direção a um con- Childs apresenta ainda os pontos fundamentais que Relações Públi-
senso completo, sem nunca alcançá-lo. cas deve observar, no que se refere ao controle social, quando falamos
em opinião pública.
Sabemos que os grupos de interesse, as pessoas interessadas e os
espectadores constituem o público. Vejamos:
• Relações Públicas, em seu sentido mais amplo, referem-se àque-
Os grupos de interesse têm importante papel na formação da opinião les aspectos do nosso comportamento individual ou institucional
pública e, mais uma vez, o professor Teobaldo nos lembra que os grupos que tem implicações sociais;
de interesse colocam a controvérsia e esforçam-se para obter aliados • O problema fundamental de relações públicas é por essas rela-
entre os desinteressados. Desta forma o desinteresse, e a não informação ções em conformidade com o interesse público – um interesse
contribuem para a ação dos grupos de interesse. “Esses grupos de inte- que está sendo constantemente redefinido pela opinião das mas-
resse, no seu esforço para moldar opiniões, podem provocar, pela propa- sas;
ganda, o estabelecimento de atitudes emocionais e sentimentos. A con-
• Temos não só o dever de sujeitar-nos à opinião pública, mas
trapropaganda faz aparecer, novamente, a controvérsia e o processo de
também a responsabilidade e a oportunidade de modelá-la e
discussão. Assim, pode-se notar que a propaganda é prejudicial somente
guiá-la;
quando existe apenas uma propaganda”.
• Agindo assim, precisamos estar conscientes do significado social
De fato, a opinião pública deve funcionar como fiscal necessário e, da propaganda – do papel que cabe na teoria democrática e das
para que isto ocorra, os seres racionais devem tornar-se cada vez mais condições essenciais para o seu correto funcionamento;
racionais, mas vivemos em uma sociedade de massas onde o interesse • Em última análise, a opinião pública é aquilo que, coletivamente,
privado geralmente se sobrepõe ao interesse público. Hoje, o que temos é fazemos com que ela seja. Só quando procuramos, de todas as
a multidão, que foi característica da antiguidade e da Idade Média. Temos maneiras possíveis, melhorar a sua qualidade é que nos liberta-
a massa de consumidores. Onde está o público? mos dos perigos do conformismo”.
A opinião pública não é resultado do impulso de multidões passagei- A estes aspectos, devemos incluir a administração da controvérsia e,
ras que, excitadas por um fato novo e na fantasia criada pelos estereóti- neste caso, a profa. Sarah C. da Viá nos traz as diferenças no tratamento
pos e apaixonada por seus oradores, precisam adquirir a exata consciên- da informação, quando diz: “Numa comunidade de públicos, a discussão é
cia de nação. o meio de comunicação fundamental, e os veículos de comunicação de
massa, quando existem, apenas ampliam e animam a discussão, ligando
um grupo primário com as discussões de outro”. E continua: “Numa socie-
Precisamos não só informar, mas principalmente formar, e Canfield já
dade de massas, o tipo de comunicação dominante é o veículo formal, e
registrava: “No seu papel de divulgar informações ao público, o profissio-
os públicos se tornam apenas simples mercados dos veículos de comuni-
nal de Relações Públicas ocupa uma posição chave na formação de uma
cação de massa”.
opinião pública esclarecida”.

OBSERVAÇÕES FINAIS
PROVA SIMULADA
A controvérsia deve ser vista como fato natural em uma sociedade
mais evoluída. Assim, a iniciativa privada e o governo devem acostumar-
se a discutir. 01. Em consonância com o art. 35 da Lei nº 4.320/64, pertencem ao
exercício financeiro as receitas nele arrecadadas e as despesas nele
legalmente empenhadas. Com base neste dispositivo legal, assinale
Não é porque uma empresa é alvo de críticas, que deixará de existir.
a opção correta.
Pelo contrário, é necessário que se estabeleça o diálogo e que os empre-
(A) Em relação às receitas, respeita-se o Princípio Contábil da Compe-
sários assumam sua responsabilidade social, pois o público não só dese-
tência, registrando-as necessariamente no exercício da ocorrência de
ja, mas principalmente merece explicações.
seus fatos geradores.
(B) Em relação às despesas, caso legalmente empenhadas e liquidadas,
“Hoje, mais do que ontem, a humanidade tem como seu alicerce a porém não pagas, deverão ser inscritas em “Restos a Pagar Não
opinião pública e exclusivamente sobre essa base o mundo pode sobrevi- Processados”.
ver. A sociedade de massas precisa ser substituída pela comunidade de
(C) A emissão de “pré-empenho”, que é um evento da classe 40, reduz a
públicos, pela evasão do pensamento coletivo, mediante apelos dirigidos à
dotação correspondente à despesa, mas não a vincula obrigatoria-
razão e à reflexão. A humanidade só poderá viver em harmonia se existir
mente ao exercício em que o pré empenho é realizado.
ampla e livre comunicação, sob pena de sofrermos uma imprevisível
(D) Fica caracterizado, com a aplicação do artigo em epígrafe, o regime
rebelião das massas”, nos lembra o professor Teobaldo.
múltiplo para receitas e despesas na Contabilidade Pública no Brasil.
(E) Adota-se o regime de caixa para despesas e de competência para
Childs nos diz: “Os grupos de pressão identificam seus interesses receitas.
com o interesse público. Essa identificação não se pode efetivar com um
simples movimento de pena ou agir de mão. O público está sempre inte-
02. A Lei nº 4.320/64 e o Decreto nº 93.872/86 estabelecem normas
ressado em decisões mais sábias e racionais quanto a assuntos de rele-
básicas para a aplicação da contabilidade às entidades públicas. As-
vância para ele. Suas competência para decidir sabiamente depende, em
sinale, entre as opções a seguir, aquela que contraria disposição dos
grande parte, do grau em que os grupos de pressão esclarecem o seu
referidos diplomas legais.
espírito, e não da extensão em que despertam instintos animais”.
(A) Haverá controle contábil de obrigações oriundas de contratos e
convênios.
Childs continua sua análise, demonstrando as condições básicas para (B) O órgão central de contabilidade da União estabelecerá plano de
o exercício da democracia que são: contas único para a administração federal centralizada.
• direito de escolha; (C) O ato de gestão financeira, ou que crie, modifique ou extinga direito
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ou obrigação de natureza pecuniária da União, será realizado por (C) Orçamento bruto.
meio de documento hábil que o comprove e registrado na contabili- (D) Exclusividade.
dade. (E) Não-afetação de receitas.
(D) É de responsabilidade dos órgãos de contabilidade o exame da Quanto ao orçamento público, julgue os itens a seguir.
conformidade dos atos de gestão orçamentária, financeira e patrimo-
nial das unidades administrativas de sua jurisdição. Assinale:
(E) A apuração de custos para evidenciar o resultado da gestão é restrita C – se a proposição estiver correta
a projetos, por serem estes de duração finita. E – se a mesma estiver incorreta
03. Os Restos a Pagar do exercício são computados na receita extra-
12. A inclusão da reserva de contingência no orçamento visa, entre
orçamentária para
outras finalidades, assegurar o atendimento ao princípio do equilí-
(A) compensar sua inclusão no ativo compensado. brio.
(B) equilibrar o resultado independente da execução orçamentária.
(C) compensar sua inclusão na despesa orçamentária. 13. As despesas destinadas à saúde, constantes do orçamento da
(D) ajustar o balanço patrimonial. seguridade social, não poderão ter caráter discriminatório, não cons-
(E) evitar uma insubsistência passiva. tituindo, assim, instrumento adequado para levar em conta desi-
gualdades baseadas em critérios tais como gênero, raça ou etnia.
04. Segundo as regras da Contabilidade Pública, material permanente é
bem para o qual se prevê duração superior a 14. O Congresso Nacional pode reestimar as receitas orçamentárias
(A) sete meses. (B) dezoito meses. previstas no projeto de lei orçamentária encaminhado pelo Poder
(C) um ano. (D) dois anos. (E) cinco anos. Executivo, destinando os valores correspondentes para a reserva de
recursos, que poderão ser utilizados para o acolhimento de emen-
das de apropriação.
05. Aquisição de Bens Móveis é:
(A) variação ativa independente da execução orçamentária. 15. Supondo que determinada despesa tenha sido empenhada no
(B) mutação patrimonial ativa. exercício e não tenha sido liquidada até de dezembro, que o prazo
(C) mutação patrimonial passiva. para cumprimento da obrigação assumida pelo prestador de servi-
(D) fato do sistema compensado. ços contratado pela administração esteja vencido, e que o serviço
(E) variação passiva independente da execução orçamentária. provavelmente não terá maior interesse para a administração, deve-
se proceder à inscrição da despesa em restos a pagar, ainda que
06. Na contabilidade governamental, resultado da execução orçamentá- remota a possibilidade de o serviço vir a ser realizado.
ria é a diferença entre
(A) despesa prevista e despesa realizada. 16. Na classificação da receita, as contribuições sociais constituem
(B) despesa prevista e despesa contingenciada. receita tributária e a alienação de bens imóveis, receita patrimonial.
(C) receita arrecadada e despesa paga.
(D) receita prevista e receita arrecadada. 17. As receitas vinculadas, mesmo que não utilizadas durante o exercí-
(E) receita arrecadada e despesa empenhada. cio, não poderão destinar-se a outra finalidade que não o objeto de
sua vinculação, mesmo que continuem sem destinação nos exercí-
07. Os juros pagos sobre operações de crédito por antecipação da cios subsequentes.
receita orçamentária (ARO) se classificam
(A) de forma orçamentária. 18. A respeito da disciplina constitucional da elaboração do orçamento
(B) como gasto do sistema compensado. público, assinale a alternativa correta.
(C) de forma extra-orçamentária. (A) O plano plurianual, instituído por decreto do Presidente da Repúbli-
(D) como fato independente da execução orçamentária. ca, estabelecerá, de forma regionalizada, diretrizes, objetivos e me-
(E) como variação patrimonial ativa. tas da administração pública federal para as despesas de capital e
outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de du-
ração continuada.
08. A dívida flutuante compreende os (B) A lei orçamentária anual compreenderá o orçamento fiscal referente
(A) débitos com exigibilidade superior a doze meses. aos Poderes Executivo e Legislativo. O Poder Judiciário goza de au-
(B) restos a pagar, depósitos e débitos de tesouraria. tonomia financeira, cabendo ao Conselho Nacional de Justiça apro-
(C) restos a pagar e empréstimos mediante emissão de títulos públicos. var o orçamento deste Poder, que será integrado dos recursos pro-
(D) débitos com valores ainda não determinados; oscilantes. venientes do recolhimento de custas judiciais.
(E) débitos que se inscrevem, ao mesmo tempo, no ativo e passivo (C) Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício
compensados. financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de autorização
for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso
09. Método pelo qual se faz a escrituração sintética das operações em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados
financeiras e patrimoniais: ao orçamento do exercício financeiro subsequente.
(A) partidas simples. (B) analítico. (D) O Presidente da República poderá utilizar até 20% dos recursos do
(C) orçamento bruto. (D) partidas dobradas. orçamento fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou
(E) preço médio ponderado. cobrir déficit de empresas, fundações e fundos. A medida deverá ser
10. O Ativo Permanente é integrado por submetida à aprovação do Congresso Nacional até o final do exer-
(A) bens imóveis, bens móveis e créditos. cício financeiro respectivo.
(B) bens móveis, créditos e disponibilidades de caixa. (E) É vedado o início de programas e projetos não incluídos na lei
(C) bens móveis, bens imóveis e valores em poder de terceiros. orçamentária anual, ressalvados aqueles que tenham sido previstos
(D) créditos, restos a pagar e depósitos. na lei de diretrizes orçamentárias com cláusula expressa de autoe-
(E) dívida em títulos e contratos. xecutoriedade.

11. Qual princípio orçamentário resta excepcionado frente a autoriza- 19. Em relação à receita pública, analise as afirmativas a seguir:
ção, na lei orçamentária, para abrir créditos suplementares? I. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão
(A) Universalidade. fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tribu-
(B) Unidade. tos da competência constitucional do ente da Federação.

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II. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que (A) emissão de títulos da dívida pública pelo Banco Central do Brasil, a
não observe os requisitos essenciais da responsabilidade na gestão partir de noventa dias após a publicação da Lei Complementar nº
fiscal. 101 de 2000.
III. O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos demais (B) realização de operação de crédito diretamente entre um ente da
Poderes e do Ministério Público, no mínimo trinta dias antes do pra- Federação e outro, podendo tal operação de crédito ser realizada
zo final para encaminhamento de suas propostas orçamentárias, os por intermédio de fundo, autarquia , fundação ou empresa estatal.
estudos e as estimativas das receitas para o exercício subsequente, (C) operação de crédito entre uma instituição financeira estatal e o ente
inclusive da corrente líquida, com as respectivas memórias de cálcu- da Federação que a controle, na qualidade de beneficiário do em-
lo. préstimo.
Assinale: (D) aquisição, no mercado, de títulos da dívida pública para atender
(A) se nenhuma afirmativa estiver correta. investimento de seus clientes, por instituição financeira controlada
(B) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. pelo Estado.
(C) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. (E) compra de títulos da dívida pública da União como aplicação de
(D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. suas disponibilidades, pelos Estados e Municípios.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.
26. Analise os seguintes itens:
20. Segundo a Lei 4320/64, a Contabilidade deverá evidenciar, em seus I. São créditos adiciona is as autorizações de despesas não computa-
registros, o montante dos créditos orçamentários vigentes, a despe- da s ou insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento.
sa empenhada e a despesa realizada a conta dos mesmos créditos II. Os créditos suplementares são os destinados a despesas as quais
e as dotações disponíveis. Sob a ótica das especializações da con- não haja destinação orçamentária específica.
tabilidade pública esta função será atribuída à: III. Os créditos especiais são os destinados a despesas urgente se
(A) Contabilidade Patrimonial. imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade
(B) Contabilidade Financeira. pública.
(C) Contabilidade Orçamentária. Está correto o que se afirma SOMENTE em
(D) Contabilidade Gerencial. (A) I. (B) III .
(E) Contabilidade de Custos. (C) I e II . (D) I e III .
(E) II e III.
21. NÃO é princípio orçamentário o princípio da
(A) universalidade . 27. Levando-se em consideração a classificação doutrinária das recei-
(B) unidade . tas públicas, pode-se a firmar que são receitas derivadas
(C) programação. (A) as contribuições sociais e as tarifas.
(D) anualidade . (B) as tarifas e os preços públicos.
(E) anterioridade . (C) os tributos em geral e os preços públicos .
(D) os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria.
22. A Constituição Federal proíbe (E) as contribuições de melhoria, as contribuições sociais, as tarifas e
(A) a abertura de crédito extraordinário sem prévia autorização legislati- os preços públicos .
va e sem indicação dos recursos correspondentes.
(B) a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que 28. A Lei no 4.320/64 classifica a s despesas em
excedam os créditos orçamentários ou adicionais. (A) Despesas Correntes, que compreendem as despesas de custeio e
(C) a instituição de fundos de qualquer natureza, sem autorização do transferências correntes, e Despesas de Capital, que compreendem
Tribunal de Contas da União. os investimentos, as inversões financeiras e transferências de capi-
(D) a concessão ou utilização de créditos limitados . tal.
(E) o início de programas ou projetos incluídos na lei orçamentária (B) Despes as Correntes, que compreendem as transferências corren-
anual. tes e de capital, e Despesas de Capital, que compreendem os inves-
timentos , as inversões financeiras e despes as de custeio.
23. NÃO é vedada edição de medida provisória sobre a seguinte matéria: (C) Despesas Correntes, que compreendem os investimentos, as inver-
(A) Planos plurianuais. sões financeiras e transferências de capital, e Despesas de Capital,
(B) Diretrizes orçamentárias. que compreendem despesas de custeio e transferências correntes.
(C) Créditos extraordinários. (D) Despesas Correntes, que compreendem as despesas de custeio, as
(D) Créditos adicionais. transferências correntes e transferências de capital, e Despesas de
(E) Créditos suplementares. Capital, que compreendem os investimentos e as inversões financei-
ras.
24. Dispõe a Constituição Federal que a despesa com pessoal ativo e (E) Despesas Correntes, que compreendem as despesas de capital e
inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios transferências correntes, e Despesas de Custeio, que compreendem
não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar. os investimentos, as inversões financeiras e transferências de capi-
Para cumprimento dos referidos limites, as referidas entidades esta- tal.
tais adotarão, no prazo fixado na lei complementar, as providências
abaixo, EXCETO a 29. São princípios orçamentários, os princípios da
(A) redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargo (A) universalidade, unidade, anualidade, transparência e publicida-
em comissão. de.
(B) redução em pelo menos vinte por cento das despesas com funções (B) legalidade, impessoalidade, isonomia, publicidade e irretroatividade.
de confiança . (C) anterioridade, irretroatividade, legalidade, isonomia e imunidade.
(C) exoneração dos servidores não estáveis. (D) legalidade, isonomia, procedimento formal, sigilo, vinculação ao
(D) perda do cargo, nas condições previstas na Constituição, mesmo se edital e julgamento objetivo.
o servidor que o perder for estável. (E) anualidade, anterioridade, transparência, isonomia, legalidade e
(E) proibição de criar, pelo prazo de dois anos, cargo com atribuições irretroatividade.
iguais ou assemelhadas às do cargo extinto por causa da referida
redução de despesas com pessoal. 30. Sobre os créditos adicionais, é correto afirmar:
(A) O ato que abrir crédito adicional não precisa indicar a classificação
25. Ao dispor sobre as operações de crédito, a Lei de Responsabilidade da despesa e a importância correspondente.
Fiscal veda a (B) A abertura dos créditos suplementares e especiais é autorizada por

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decreto executivo. condições para a concessão de garantia da União em operações de
(C) Os créditos suplementares são os destinados a despesas para as crédito externo e interno.
quais não haja dotação orçamentária específica.
(D) Os créditos extraordinários são os destinados a reforço de dotação (D) a lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão
orçamentária. da receita e à fixação de despesa, incluindo-se na proibição a auto-
(E) Os créditos suplementares terão vigência adstrita ao exercício rização para a contração de operações de crédito por antecipação
financeiro em que forem abertos. de receita.
(E) a abertura de crédito suplementar ou especial será feita sem prévia
31. A lei que contém as metas e prioridades da administração pública autorização legislativa, para atender a despesas previsíveis e urgen-
federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro tes, como as decorrentes de guerra ou calamidade.
subsequente, orienta a elaboração da lei orçamentária anual, dispõe
sobre as alterações na legislação tributária e estabelece política de 36. Sobre o princípio da não-vinculação ou não-afetação, a Constituição
aplicação das agências financeiras oficiais de fomento denomina-se Federal dispõe:
(A) plano plurianual. I. É vedada a vinculação de receita de imposto a órgão, fundo ou
(B) lei orçamentária anual. despesa, ressalvados os casos previstos em lei complementar.
(C) lei de diretrizes orçamentárias. II. Haverá vinculação de receita de imposto para destinação de recur-
(D) orçamento fiscal. sos para ações e serviços públicos de saúde, para o desenvolvi-
(E) orçamento de investimentos das empresas estatais. mento do ensino e para a realização de atividades da administração
tributária.
32. A despesa pública é processada na seguinte ordem: III. É vedada a vinculação de receita de impostos para prestação de
(A) ordem de pagamento, empenho, pagamento e liquidação. garantias às operações de crédito por antecipação de receita ou pa-
(B) empenho, liquidação, ordem de pagamento e pagamento. ra prestação de garantia ou contragarantia à União e para pagamen-
(C) liquidação, empenho, pagamento e ordem de pagamento. to de débitos para com esta.
(D) ordem de pagamento, liquidação, pagamento e empenho. Está correto o que se afirma APENAS em
(E) pagamento, liquidação, empenho e ordem de pagamento. (A) I. (B) I e II. (C) I e III. (D) II. (E) II e III.

33. Sobre a despesa pública e seu processamento, é correto afirmar: 37. A respeito da fiscalização e controle do orçamento, a Constituição
(A) O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente Federal dispõe que
que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não (A) as decisões do Tribunal de Contas da União de que resulte imputa-
de implemento de condição. ção de débito ou multa terão eficácia de título executivo.
(B) É permitida a realização de despesa sem prévio empenho e, em (B) qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte
casos especiais, justificados pela autoridade competente, será dis- legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidade ou ilegalida-
pensada a emissão da nota de empenho. de perante o Senado Federal.
(C) Não será permitido o empenho por estimativa, quando o montante (C) o Tribunal de Contas da União encaminhará ao Senado Federal,
da despesa não se possa determinar. semestralmente, relatório de suas atividades.
(D) Não é permitido o empenho global de despesas contratuais e ou- (D) o controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido
tras, sujeitas a parcelamento. com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete jul-
(E) Para cada empenho será extraído um documento denominado gar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República.
“autorização de empenho” que indicará o nome do devedor, a repre- (E) podem ser criados Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas
sentação e a importância da despesa. Municipais através de lei complementar.

34. Tendo em vista a legislação que se refere à dívida fundada ou 38 Com base na Lei 4.320/64, marque a opção incorreta:
consolidada, é INCORRETO afirmar: (A) A Lei de Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa
(A) A dívida fundada compreende os compromissos deexigibilidade de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa
superior a 12 meses, contraídos para atender a desequilíbrio orça- de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de unidade, uni-
mentário ou financeiro de obras e serviços públicos. versalidade e anualidade.
(B) Será incluída na dívida pública consolidada da União a dívida relati- (B) O superávit do Orçamento Corrente resultante do balanceamento
va a títulos da dívida pública emitidos pelo Banco Central do Brasil. dos totais das receitas e despesas correntes, apurado na demons-
(C) Dívida fundada é o montante total, apurado sem duplicidade, das tração a que se refere o Anexo número 1, não constituirá item de re-
obrigações financeiras do ente da Federação, assumidas em virtude ceita orçamentária.
de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de opera- (C) Tributo é a receita derivada, instituída pelas entidades de direito
ções de crédito, para amortização em prazo superior a 12 meses. público, compreendendo os impostos, as taxas e contribuições, nos
(D) Também integram a dívida pública consolidada as operações de crédito termos da Constituição e das leis vigentes em matéria financeira,
de prazo inferior a 12 meses cujas receitas tenham constado do orça- destinando-se o seu produto ao custeio de atividades gerais ou es-
mento e, para fins de aplicação dos limites, os precatórios judiciais não pecíficas exercidas por essas entidades.
pagos durante a execução do orçamento em que houverem sido incluí- (D) Esta Lei institui normas específicas de direito financeiro para elabo-
dos. ração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados,
(E) A dívida fundada será escriturada com individuação e especifica- dos Municípios e do Distrito Federal.
ções que permitem verificar, a qualquer momento, a posição dos (E) Se não receber a proposta orçamentária no prazo fixado nas Consti-
empréstimos, bem como os respectivos serviços de amortização e tuições ou nas Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder Legislativo
juros. considerará como proposta a Lei de Orçamento vigente.

35. Ao se referir à dívida pública e às operações de crédito, a Constitui- 39. Com base na Lei 4.320/64, analise as afirmativas a seguir:
ção Federal dispõe que I. Constitui unidade orçamentária o agrupamento de serviços subordi-
(A) a União intervirá nos Estados para reorganizar as finanças da uni- nados ao mesmo órgão ou repartição a que serão consignadas do-
dade da Federação que suspender o pagamento da dívida fundada tações próprias.
por no mínimo 12 meses consecutivos, salvo motivo de força maior. II. Fundamentalmente e nos limites das possibilidades financeiras a
(B) compete privativamente ao Congresso Nacional fixar os limites concessão de subvenções sociais visará a prestação de serviços
globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Esta- essenciais de assistência social, médica e educacional, sempre que
dos, do Distrito Federal e dos Municípios. a suplementação de recursos de origem privada aplicados a esses
(C) compete privativamente ao Senado Federal dispor sobre limites e objetivos revelar-se mais econômica.

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APOSTILAS OPÇÃO
III. A cobertura dos déficits de manutenção das empresas públicas, de (C) O Ativo Real for maior que o Passivo Financeiro.
natureza autárquica ou não, far-se-á mediante subvenções econô- (D) O Ativo Real for menor que o Passivo Real.
micas expressamente incluídas nas despesas correntes do orça- (E) O Passivo Permanente for maior que o Passivo Financeiro.
mento da União, do Estado, do Município ou do Distrito Federal.
É correto o que se afirma em 46. O processo de planejamento deve atender determinados princípios.
(A) I, apenas. (B) II, apenas. Aquele que estabelece a necessidade de antever as ações num cer-
(C) III, apenas. (D) I e III, apenas. (E) I, II e III. to lapso de tempo em função dos objetivos almejados, dos recursos
disponíveis e da possibilidade de controle, é:
40. Consoante a Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000, que (A) Previsão.
estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabi- (B) Continuidade.
lidade na gestão fiscal, analise as afirmativas a seguir. (C) Materialidade.
I. Essa lei está amparada em dispositivos da Constituição Federal. (D) Aderência.
II. A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e (E) Relevância.
transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capa-
zes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumpri- 47. A proposta de concessão de suprimento de fundos deverá conter:
mento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obedi- (A) a finalidade;
ência a limites e condições no que tange à renúncia de receita, ge- (B) a justificativa da excepcionalidade da despesa por suprimento de
ração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dí- fundos, indicando fundamento normativo;
vidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por (C) a especificação da ND - Natureza da Despesa e do PI – Plano
antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Res- Interno, quando for o caso;
tos a Pagar. (D) indicação do valor total e por cada natureza de despesa;
III. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental (E) todas estão corretas
que acarrete aumento da despesa será acompanhado de: estimativa
do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar 48. O empenho é o primeiro estágio da despesa pública. É ato emanado de
em vigor e nos dois subsequentes; declaração do ordenador da autoridade competente que cria, para o Estado, obrigação de pagamen-
despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financei- to pendente, ou não, de implemento de condição. É a garantia de que
ra com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano pluri- existe o crédito necessário para a liquidação de um compromisso assu-
anual e com a lei de diretrizes orçamentárias. mido. O empenho da despesa não poderá exceder o limite dos créditos
É correto o que se afirma em concedidos. É vedada a realização de despesa sem prévio empenho.
(A) I, apenas. (B) II, apenas. Quanto ao enunciado acima, podemos afirmar que:
(C) III, apenas. (D) I e III, apenas. (E) I, II e III. (A) está totalmente correto
(B) está parcialmente correto
41. De acordo com a Constituição Federal, foi reservada à Lei de Dire-
(C) está incorreto
trizes Orçamentárias a função de:
(D) nada podemos afirmar com tais dados
(A) definir, de forma regionalizada, as diretrizes, os objetivos, as metas
e prioridades da administração pública federal, incluindo as despe-
49. Os créditos adicionais classificam-se em:
sas de capital para o exercício financeiro subsequente.
(A) suplementares, os destinados a reforço de dotação orçamentária;
(B) estabelecer critérios e forma de limitação de empenho, nos casos
(B) especiais, os destinados a despesas para as quais não haja dotação
previstos na legislação.
orçamentária específica;
(C) disciplinar as transferências de recursos a entidades públicas e
(C) extraordinários, os destinados a despesas urgentes e imprevistas,
privadas.
em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pública.
(D) dispor sobre alterações na legislação tributária.
(D) todos estão corretos
(E) dispor sobre o equilíbrio entre receitas e despesas.

42. De acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, os valores dos 50. No exercício financeiro, os créditos orçamentários empenhados,
contratos de terceirização de mão-de-obra que se referem à substi- liquidados e não pagos até 31 de dezembro, conforme definido pe-
tuição de servidores e empregados públicos, serão contabilizados las normas do Direito Financeiro, denominam-se:
como: (A) Restos a Pagar não-processados
(A) Outros Serviços de Terceiros. (B) Outras Despesas de Pessoal. (B) Restos a Pagar processados
(C) Benefícios de Natureza Social. (D) Outras Despesas Variáveis. (C) Passivos Pendentes
(E) Auxílio Financeiro. (D) Dívida Ativa
RESPOSTAS
43. De acordo com a Lei Federal n° 4.320, de 17 de março de 1964, os
restos a pagar do exercício serão computados, no Balanço Financei- 01. C 11. D 21. E 31. C 41. D
ro, como receita extra orçamentária, com a finalidade de: 02. E 12. C 22. B 32. B 42. B
(A) Indicar o montante cancelado no exercício. 03. C 13. E 23. C 33. A 43. E
(B) Representar o superávit financeiro. 04. D 14. C 24. E 34. B 44. B
(C) Indicar o total pago durante o ano. 05. B 15. E 25. C 35. C 45. D
(D) Indicar economia orçamentária. 06. E 16. E 26. A 36. D 46. A
(E) Compensar sua inclusão na despesa orçamentária. 07. A 17. C 27. D 37. A 47. E
08. B 18. C 28. A 38. D 48. A
44. De acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, a avaliação dos 09. D 19. A 29. A 39. E 49. D
passivos contingentes e de outros riscos capazes de afetar as con- 10. A 20. C 30. E 40. E 50. B
tas públicas, constará do:
(A) Resultado Nominal. (B) Anexo de Riscos Fiscais. BIBLIOGRAFIA
(C) Resultado Primário. (D) Anexo de Metas Fiscais. Manual SIAFI da Secretaria do Tesouro Nacional
(E) Cronograma de Desembolso. Contabilidade Pública – Prof. Fernando Melo
Contabilidade Pública - Profº Alcyon Ferreira De Souza
Contabilidade Governamental– Lino Martins da Silva
45. De acordo com a Lei Federal n° 4.320 de 17 de março de 1964, o Curso De Direito Financeiro E De Direito Tributário
Balanço Patrimonial apresentará um passivo real descoberto quando: Celso Ribeiro Bastos - Editora Saraiva – São Pauo – Sp
(A) O Ativo Permanente for maior que o Ativo Financeiro. Apostila De Direito Financeiro - Prof Luiz F. Maia
(B) O Passivo Financeiro for maior que o Ativo Financeiro.

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