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CENTRO UNIVERSITÁRIO

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRASÍLIA


DIREITO

BÁRBARA QUEIROZ DA SILVA GALVÃO


DAVYD LUCAS SOUSA DE ALMEIDA
LARA AMINA ARAR
LOUENE VIEIRA GASPAR
MARIANA MILHOMEM RIBEIRO
NARA ELISABETH BARBOSA DOMIENSE

AS INOVAÇÕES NO TRIBUNAL DO JÚRI TRAZIDAS PELA


LEI Nº 11.689/2008

BRASÍLIA – DF
2018
BÁRBARA QUEIROZ DA SILVA GALVÃO 1
DAVYD LUCAS SOUSA DE ALMEIDA 2
LARA AMINA ARAR 3
LOUENE VIEIRA GASPAR 4
MARIANA MILHOMEM RIBEIRO 5
NARA ELISABETH BARBOSA DOMIENSE 6

AS INOVAÇÕES NO TRIBUNAL DO JÚRI TRAZIDAS PELA


LEI Nº 11.689/2008

Trabalho apresentado ao curso de Direito do Instituto de


Educação Superior de Brasília (IESB), como requisito
parcial para conclusão da disciplina de Processo Penal 2.
Orientador: Professor Luiz Carlos Bivar Junior.

_________________________________
1 RA: 1611010139
2 RA: 1811010159
3 RA: 1611010260
4 RA: 1811010065
5 RA: 1521010005
6 RA: 1611010269

BRASÍLIA – DF
2018
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO AO TRIBUNAL DO JÚRI .............................................................. 4


2. PRINCÍPIOS REITORES DO TRIBUNAL DO JÚRI .............................................. 8
3. MUDANÇAS RECENTES ..................................................................................... 9
4. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 17
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 19
1. INTRODUÇÃO AO TRIBUNAL DO JÚRI
Sabe-se que o Código de Processo Penal Brasileiro, foi publicado em
outubro de 1941 (Decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941), desta forma
vários dispositivos já estão bastante ultrapassados, posto que os costumes atuais
são bastante diversos daqueles de 75 anos atrás.
Com o intuito de abrandar, pelo menos em parte tamanha desigualdade
de costumes, no dia 12 de março de 2001, o poder executivo, propôs o projeto de
lei de número 4.203/01, com o intuito de alterar dispositivos do Código de Processo
Penal no que se refere ao Tribunal do Júri.
O referido projeto de lei contava com a seguinte ementa:

Estabelece critérios para a organização do Tribunal do Júri quanto a


sua função, convocação e sorteio dos jurados, visando a formação do
Conselho de Sentença; dispõe sobre acusação, instrução e
preparação do processo para julgamento em Plenário. "Reforma
Processual Penal.

À seguir trataremos de mostrar como era antes da lei 11.689/2008 e o que a


referida lei trouxe de inovação.

ACUSAÇÃO E INSTRUÇÃO PRELIMINAR


Como é sabido a instrução preliminar é a fase que antecede a fase de
pronúncia ou impronúncia do Réu.
Destaca-se que antes da vigência da Lei 11.689/2008, não havia no Código
de Processo Penal, previsão de procedimento diferenciado para o tribunal do júri,
desta forma, utilizava-se o mesmo procedimento do rito comum, diferenciando-se
apenas à partir da fase de pronúncia.
A primeira grande inovação diz respeito ao caput do artigo 406, sendo que
antes da reforma, o réu era citado para tomar ciência da data de seu interrogatório.
Após a reforma o mesmo dispositivo determina que o juiz, ao receber a denúncia ou
queixa, ordenará a citação do acusado para apresentar resposta à acusação.
As inovações trazidas por este artigo, possibilita ao réu, desde de o início do
processo obter o benefício do princípio plenitude de defesa, haja vista que há

4
possibilidade de apresentação de defesa técnica antes mesmo do início da instrução
processual.
Com a possibilidade de apresentação da Resposta à Acusação antes da
audiência, gerou-se discussões no sentido de aplicação da absolvição sumária
prevista no art. 397, porém esse é um entendimento bastante polêmico, posto que tal
absolvição não poderia ser aplicada no procedimento do júri, pois violaria a soberania
dos veredictos, sendo este o entendimento de Andrey Borges de Mendonça (2008, p
07).

Questiona-se se, após o recebimento da denúncia e o oferecimento


da defesa inicial, seria possível, na primeira fase do Júri, referido
julgamento antecipado da lide. A reforma silenciou quando a tal
possibilidade na primeira fase do Júri. Entendemos que o silêncio do
legislador foi eloqüente, ou seja, indica a não-possibilidade de adoção
do julgamento antecipado, ao menos neste momento procedimental.
Segundo cremos, isto se deu em razão da existência do princípio da
soberania dos veredictos, assegurado constitucionalmente (art. 5º,
XXXVIII, c), que determina a impossibilidade de o juiz togado se
substituir no julgamento da causa.

Por outro lado, pode ocorrer de a citação não ser efetivada, desta forma, ainda
que o réu seja citado por edital, o processo, bem como o prazo prescricional ficarão
suspensos até que o réu ou advogado constituído apresente tal peça[1], sob pena de
nulidade.
Outra inovação trazida foi a do art. 409 do Código do Processo Penal, diz
que: “Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério Público ou o querelante sobre
preliminares e documentos, em 5 (cinco) dias”. Desta forma o Réu é novamente
beneficiado, haja vista que poderá juntar nesta fase arguir preliminares e juntar novos
documentos, com o intuito de desconstituir o direito de ação do autor, porém também
é disponibilizado ao autor o direito de manifestar sobre as preliminares arguidas, bem
como sobre os novos documentos juntados.
Vale lembrar que o direito de resposta do Autor, somente se dá no caso
previsto pelo artigo citado, ou seja, somente será dada vista ao Autor caso o Réu em
sua resposta tenha juntado novos documentos e arguido preliminares.

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Outro ponto importante que se nota a presença da Plenitude de Defesa é no
momento da Audiência de Instrução e Julgamento, posto que o art. 411 do Código de
Processo Penal prevê o procedimento a ser seguido, haja vista que o Réu é
beneficiado no momento em que seu depoimento é colhido por derradeiro, haja vista
que ouve-se em primeiro lugar o ofendido e suas testemunhas e posteriormente as
testemunhas do acusado. A ordem ditada pelo referido artigo permite que o Acusado
tenha chance de se defender de forma plena das acusações trazidas anteriormente.
Por outro lado, há a possibilidade da oitiva da testemunha de defesa no caso
do não comparecimento da testemunha de acusação, sem prejuízo de nova intimação
para que a testemunha de acusação compareça em data posterior.
Segundo entendimento da 5ª Turma do STJ, a inversão da oitiva nestes casos
não gera nulidade, conforme se vê da ementa abaixo:

EMENTA: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. INVERSÃO


DA ORDEM DE OITIVA DAS TESTEMUNHAS. AUSÊNCIA DE
NULIDADE. PREJUÍZO NÃO-DEMONSTRADO PELA DEFESA.
EXCESSO DE PRAZO. PREJUDICADO. ORDEM PARCIALMENTE
CONHECIDA E, NESSA EXTENSÃO, DENEGADA. 1. A inversão na
ordem de oitiva dos depoimentos das testemunhas de acusação e
defesa não gera nulidade, especialmente se não for demonstrado
nenhum prejuízo para o paciente. Precedentes do STJ. 2. Proferida
sentença, resta prejudicado o habeas corpus na parte em que se
alegava excesso de prazo para formação da culpa. 3. Ordem
parcialmente conhecida e, nessa extensão, denegada. (HC 83758/MT;
Relator Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA; Órgão Julgador: T5 -
QUINTA TURMA; Data do Julgamento: 18/06/2009; Data da
Publicação/Fonte: DJe 03/08/2009).

Após a fase de instrução o Juiz poderá, fundamentadamente: Pronunciar,


Impronunciar ou ainda Absolver o Réu, ou seja a Decisão de Pronúncia ocorrerá no
caso de o juiz estar convencido da materialidade do fato e da existência de indícios
suficientes de autoria ou de participação, por outro lado o Réu será impronunciado
caso o juiz não esteja convencido da materialidade do fato ou da existência de indícios
suficientes de autoria ou de participação, a Decisão de Absolvição, por sua vez,
ocorrerá quando existir provas da inexistência do fato, ou de não ser o Réu o autor ou

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partícipe do fato, ou caso o fato não constitua infração penal ou ainda caso seja
demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime[3].
Cabe destacar que a decisão de Pronúncia, prevista no artigo 413, é
considerada como um divisor de águas, haja vista que tal decisão tem o condão de
submeter o réu à julgamento pelo tribunal popular.
Ainda no que se refere à decisão de pronúncia, vários tribunais estão se
mostrando divergentes quanto a aplicabilidade ou não do disposto no artigo 155 do
código de processo penal, no que se refere a fundamentação em sede de pronúncia.
Alguns tribunais entendem que não se deve aplicar tal dispositivo à decisão de
pronúncia, pois assim deixaria de ser observado vários princípios, dentre eles o
Princípio da Soberania dos Veredictos. Por outro lado há os que entendem que a
referida regra pode ser aplicada sem problemas.
Como prova de tais divergências temos Decisão proferida nos Embargos
Infringentes nº 70032246548 do Primeiro Grupo de Câmaras Criminais, composto
pela Primeira e Segunda Câmaras Criminais, na referida Decisão houve empate de
votos dos desembargadores, posto que os três desembargadores integrantes da
Primeira Câmara reconheceram a incidência da regra presente no art. 115 do CPP à
fase de pronúncia, enquanto os três desembargadores que compõem a Segunda
Câmara Criminal julgaram ser inviável a defesa da referida vedação nesta fase
processual, pois tal norma seria destinada à sentença de mérito e não a mera decisão
processual.

A INSTRUÇÃO NO PLENÁRIO
Esclarece que o título “Da Instrução em Plenário”, foi também uma inovação
trazida pela lei 11.689/2008, haja vista que o artigo 473, traz a regra segundo a qual
a oitiva do ofendido e as testemunhas serão realizadas primeiramente, sendo que o
réu é o último a ser interrogado, ato da instrução plenária.

Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem


constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo
prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das
provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão
preventiva, nos termos do disposto no art. 312.

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Art. 411. Na audiência de instrução, proceder-se-á à tomada de
declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas
arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, bem como aos
esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de
pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e
procedendo-se o debate
Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o
acusado, quando:
I – provada a inexistência do fato;
II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato;
III – o fato não constituir infração penal;
IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime.

Primeiramente, há que se esclarecer que não é objetivo do presente artigo


esgotar o tema. Tampouco tratar de todos os âmbitos tratados na nova lei.
O artigo busca discutir as principais mudanças trazidas pela lei em tela, bem
como discutir sua reforma e inovação.
Tal inovação veio como desenvolvimento no sentido de torná-lo um
procedimento mais rápido e eficaz, permitindo a aplicação da lei de uma maneira mais
justa, valendo-se dos princípios da celeridade e da economia processual, diminuindo
a morosidade no andamento das demandas processuais.
A natureza da vertente metodológica deste trabalho é bibliográfica.
Serão feitas considerações preliminares do Júri, com sua evolução histórica,
e tal Instituto tem como pilar de sustentação a soberania do Tribunal, já que vem a
garantir que a vontade dos jurados seja respeitada e, consequentemente, que
prevaleça a vontade popular. Ainda serão apresentados quais princípios o regem.

2. PRINCÍPIOS REITORES DO TRIBUNAL DO JÚRI


Princípio, é o momento em que algo se origina, é a causa primária ou o
elemento predominante na constituição de um todo orgânico. (NUCCI: 2008, p. 43)
A Constituição, mais precisamente em seu art. 5º, XXXVIII, enumera os
princípios que regem o tribunal popular. A competência do Tribunal do Júri abarca os
crimes dolosos contra a vida, não apenas o Homicídio, como também o Induzimento
ao suicídio, Aborto e Infanticídio. Ainda, abarca os crimes mencionados tanto na

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modalidade consumada quanto na tentada. O latrocínio é crime contra o patrimônio
com resultado morte, por isso não é julgado pelo Júri.
É de enorme importância aqui, mencionarmos que qualquer animus que não
seja o Animus Necandi (a vontade de matar) exclui a competência do Tribunal do Júri.
A plenitude de defesa divide em técnica e autodefesa. A técnica é obrigatória
e exercida por profissional habilitado, ao passo que a segunda é facultada ao
imputado, que pode exercer o direito de silêncio ou apresentar sua versão dos fatos.
(ALENCAR; TÁVORA: 2009, p. 675)
O tribunal aqui tratado possui soberania dos veredictos, ou seja, suas
decisões são soberanas, há a impossibilidade de uma decisão do júri ser substituída
por outra sentença de órgão jurisdicional distinto, segundo preconiza o art. 593, § 3º,
do Código de Processo Penal. Essa é uma garantia da ordem pública e da própria
instituição.
Os jurados devem permanecer incomunicáveis entre si e deve haver o sigilo
das votações. O sigilo das votações gera certo debate, qual seja, se o mesmo é
garantia fundamental do réu ou do jurado. Ao que parece mais sensato, essa garantia
é do conselho dos sete, tendo em vista que os mesmos poderiam se sentir coagidos
ao expor seus votos, tendo em vista que os jurados fazem parte da mesma
comunidade em que o acusado vive.

3. MUDANÇAS RECENTES
Devido a muitas críticas acerca da morosidade inserida neste âmbito, as
reformas surgiram para acelerar o procedimento bifásico. A nosso ver, as mudanças
guiam-se pelos princípios da celeridade e da economia processuais.
De pronto, já explicitamos uma mudança, que é a redução da idade do jurado
para 18 (dezoito) anos. Pensamos ser extremamente prejudicial, tanto para a defesa,
quanto para o acusado, pior, à Instituição do Júri como um todo.
No caso, o legislador, data venia, de forma equivocada seguiu o entendimento
do âmbito civil. Só que não se trata de capacidade para os atos da vida civil, muito
menos de imputabilidade penal. O Conselho de Sentença é julgador, recebe qualidade
de Magistrado.
O Magistrado Togado tem o dever de fundamentar suas decisões, e para
presidir um júri deve ter idade mínima de 25 anos, sendo que passou por 5 anos numa

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faculdade de direito, e mais três anos de prática forense, para ganhar experiência e
saber o peso do julgamento de um ser humano. Tendo em vista a inexperiência de
uma pessoa com tão pouca idade, concordamos não ser adequado aceitar que um
jurado leigo com apenas 18 anos possa julgar seu semelhante.
Ademais, o legislador prossegue mencionando que o jurado deverá ser de
idônea notoriedade. No entanto, uma pessoa de apenas 18 anos de idade só será
inidônea, se já tiver alguma internação em abrigo para menores infratores ou em
estabelecimento educacional. Não sendo assim, não há tempo para que se observe
sua idoneidade, ou não.
Contudo, há também o lado à favor dessa redução. A redução da idade
mínima para os jurados, que, como mencionado, caiu de 21 para 18 anos deve
aumentar o número de interessados, principalmente universitários.
A primeira fase do procedimento, judicium accusationis sofreu alterações
relevantes. A exemplo disso os artigos 406 e seguintes do CPP, que, antes da Lei
11.689 /08, tratavam da decisão de pronúncia, impronúncia e absolvição sumária, são
analisadas em novos procedimentos e dispositivos. Com a nova redação dos artigos
406 a 412, do Código de Processo Penal, todos os atos processuais foram reunidos
em uma única audiência, demonstrando um grande avanço para a satisfação da
comunidade, em atendimento ao princípio da razoável duração do processo.
Essa fase será iniciada com a denúncia ou queixa subsidiária, podendo ser
rejeitada ou não. O órgão da acusação poderá arrolar até 8 testemunhas. O prazo é
contado a partir da realização da diligência, não da juntada aos autos do mandado
(art. 406, § 1º, CP, Lei 11.689/08).
O interrogatório é o ato derradeiro da instrução, após a produção de prova
testemunhal, pericial e demais diligências, ou seja, antes dos debates orais finais. Na
resposta, ao acusado será facultado arguir preliminarmente e declarar tudo o que for
cabível para a sua defesa.
Após o término da instrução probatória, passar-se-á à fase dos debates orais.
Encerrados os debates orais, cabe ao juiz pronunciar-se imediatamente ou em 10
dias, sobre a admissibilidade da denúncia ou queixa. As quais podem ser de
pronunciar, impronunciar, absolver sumariamente o acusado ou desclassificar a
infração penal.

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De acordo com a nova redação, na fase preliminar contraditória, que vem
antes do recebimento da denúncia, o juiz, no prazo de 90 dias, fará a oitiva de
testemunhas, irá interrogar o acusado, determinará diligências e, por fim, decidirá se
a peça será admissível ou não. Mais uma vez, frise-se a celeridade como ponto
visado pela reforma. (AVENA: 2009, p. 678)
A doutrina denomina de juízo de admissibilidade da acusação caracterizado
pelo contraditório. Note-se que o descumprimento injustificável desse prazo pela
Justiça, caracteriza constrangimento ilegal, o que abre espaço para os remédios
cabíveis.
A Pronúncia, destacada no art. 413 da lei ora em comento, é a decisão do
juízo singular que submete o processo à competência do Tribunal do Júri. Essa
decisão é baseada em indícios de autoria ou participação e prova da materialidade,
destaque-se, “existência do fato”.
Ademais, a pronúncia visa à admissibilidade da pretensão acusatória, como
bem explana o professor José Frederico Marques:
“A pronúncia é uma decisão processual de cunho declaratório em que o Juiz
proclama admissível a acusação e tornando imprescindível o julgamento do
pronunciado pelo Tribunal do Júri.” (MARQUES: 1963, p. 71)
Em decorrência do art. 472, parágrafo único da Lei 11.689/2008, em que “o
jurado receberá cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões posteriores que
julgaram admissível a acusação e do relatório do processo”, o magistrado deve ter
muito cuidado ao motivar a pronúncia, ao passo que pode induzir o Conselho de
Sentença de que os indícios que o levaram a tal são mais do que apenas indícios a
serem comprovados.
Portanto, o juiz deve declarar apenas o dispositivo legal em que julgar incorrer
o acusado e mencionar as possíveis circunstâncias qualificadoras e as causas de
aumento de pena. Determinando o fim da chamada eloquência acusatória.
Ademais, durante os debates, as partes não podem fazer menção à decisão
de pronúncia, ou seja, a decisão que julgou admissível a acusação. Contra esta
sentença de pronúncia, continua a utilização do recurso em sentido estrito.
Para efeitos de intimação da decisão de pronúncia, constava antigamente no
CPP que o ato intimatório fosse sempre pessoal, sob pena de suspensão do processo
(antiga redação dos art. 414 c/c 413, CPP). Atualmente essa intimação deverá ser

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feita de forma pessoal ao acusado, ao defensor nomeado e ao Ministério Público; e
ao defensor constituído, ao querelante e ao assistente do Ministério Público, segundo
o art. 370, § 1º, CPP (art. 420 e incisos). Em se tratando de réu solto, passa a ser
admitida a intimação por edital, com o normal prosseguimento do feito, colocando fim
à chamada crise de instância. (NASSIF: 2009, p. 62)
Esta fase é vinculada à decisão de pronúncia de acusado em crime doloso
contra a vida, em outras palavras, somente se tiver sido precluído para o Ministério
Público e para a defesa, sem ter sido interposto recurso em sentido estrito, ou, se
apresentado recurso, após seu julgamento.
Na absolvição sumária o artigo 415 e incisos da lei, ora em tela, amplia as
suas hipóteses, determinando que “o juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo
o acusado, quando I) provada a inexistência do fato; II) provado não ser ele o autor;
III) o fato não constituir crime; IV) demonstrada causa de isenção de pena ou de
exclusão do crime”.
Contudo, o parágrafo único deste dispositivo fez uma ressalva. A chamada
absolvição sumária imprópria. Que diz que não ocorrerá absolvição sumária com base
no inciso IV (causa de isenção de pena ou de exclusão do crime), quando for hipótese
de inimputabilidade do artigo 26, caput do CP, a não ser que seja a única defesa.
A absolvição sumária traz benefícios para ambas as partes; à defesa porque
encerra as acusações contra seu cliente, sem submetê-lo ao Plenário, e, para a
acusação, pois não demandará esforço para que ao final nem consiga um resultado
satisfatório. (SILVA: 2008, p. 98)
Dessa forma, com a inovação processual trazida ao tribunal do júri, o acusado
poderá alegar qualquer das excludentes elencadas no art. 396-A, e, se bem
fundamentada, apresenta-se ao juiz a alternativa de findar o processo absolvendo o
acusado sumariamente, isto é, antes da fase probatória na audiência de instrução e
julgamento (art. 400 do CPP).
Vale destacar que antes dessa reforma, como não havia um rol vasto como o
do art. 415 do CPP (Lei 11.689/08), os operadores do direito utilizavam-se do remédio
constitucional Habeas Corpus, pedindo o trancamento da ação penal por falta de justa
causa para o seu prosseguimento.
Ainda, a absolvição sumária do crime contra a vida julga o mérito da ação
penal em momento antecipado. A denúncia é julgada improcedente e, por força da

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coisa julgada material formada, não pode ser iniciada demanda penal pelos mesmos
fatos narrados na peça acusatória. (ALENCAR; TÁVORA: 2009, p. 688)
Quanto ao recurso da absolvição sumária, tem-se que, com o advento da Lei
11.689/08, este deixou de ser o Recurso em Sentido Estrito, passando a ser o recurso
de Apelação. A decisão de impronúncia, assim com a pronúncia, tem natureza formal,
assumindo, porém, característica de sentença, já que avança na apreciação do mérito
e equivale à discordância ao recurso de Apelação. “É decisão com força de definitiva”.
(NASSIF: 2009, p. 67)
O grande impacto trazido por esta mudança reside no fato de que sai a
possibilidade do juízo de retratação para a pronúncia e impronúncia. Desta feita, não
há que se falar em decidir contrariamente à primeira decisão, restando-lhe somente,
realizar o primeiro juízo de admissibilidade recursal da apelação para averiguar se os
pressupostos processuais foram cumpridos.
Entretanto, acreditamos que para a absolvição sumária, por ser decisão
definitiva, é compatível com o recurso de Apelação. Todavia, por não ter caráter de
condenar nem de absolver, muito menos definitivo, entendemos que a sua vinculação
ao recurso de Apelação foi equivocada.
Outra importante modificação é acerca do desaforamento. O artigo 428 cria
uma nova hipótese de aplicação do instituto, a não realização do julgamento em
Plenário, nos 6 meses seguintes ao trânsito em julgado da decisão de pronúncia.
O desaforamento também poderá ser determinado em razão do comprovado
excesso de serviço, ocorrendo risco concreto de grave perturbação da ordem pública,
dúvida séria sobre a imparcialidade do júri ou sobre à segurança pessoal do réu, se o
julgamento não puder ser realizado no prazo de 6 meses contados do trânsito em
julgado da decisão de pronúncia. Ocorrendo tal situação, o desaforamento será para
a Comarca vizinha que esteja desobstruída.

“Essas situações, quando efetivamente comprovadas, demonstram a


necessidade de alteração do local de realização do julgamento,
optando-se pelas localidades mais próximas onde não subsistam os
mesmo motivos. Nesses pontos, a nova lei determina a preferência
por comarca da mesma região. Mais importante do que a proximidade,
no entanto, há de ser o critério da contaminação, já que, em alguns
casos, a repercussão do fato irradia-se por toda a região, sendo caso

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de se desaforar para local onde não haja o reflexo da situação”.
(MARQUES: 2009, p. 92)

O libelo-crime acusatório tem muita importância historicamente para o direito


processual penal brasileiro. Entretanto, com o advento das modificações inseridas
pela Lei 11.689/08, este instituto foi extinto. Era uma espécie de petição inicial da
segunda fase do júri, retratava a pronúncia. Por isso que foi extinto, considerado por
muitos doutrinadores como um instituto dispensável, devido ser um espelho da
pronúncia, em que era reproduzi-la por inteiro.

O libelo também delimitava a dimensão da acusação, não podia se excedido


seus limites. Sendo que apenas podia ser feito o libelo sob a “forma de articulado, vale
dizer, os fatos deviam ser relatados parte por parte, a começar do fato principal,
passando pelas qualificadoras, causas de aumento, e, se houvesse, circunstanciais
agravantes”. (ALENCAR; TÁVORA: 2009, p. 695)

O libelo-crime acusatório era o divisor de águas das duas fases do júri e


quando preclusa o ponto de partida da segunda fase. Neste instituto, a apresentação
da contrariedade ao libelo era facultativo, porém a intimação para o ato era obrigatório.
Com a chegada da reforma a contrariedade foi substituída pelo requerimento de oitiva
de testemunhas através da defesa, poderiam pleitear diligências e acostar
documentos.

Outra importante mudança trazida pela lei, diz respeito a alterações relativas
às recusas, por parte da defesa e da acusação no que se refere à escolha dos jurados
para compor o Conselho de Sentença, mais especificamente no que se refere à dupla
recusa.

Assim, com a busca incessante de celeridade, foram criadas novas formas de


restringir a cisão de julgamentos, que acontecerá "se forem 2 (dois) ou mais os
acusados, as recusas poderão ser feitas por um só defensor", como dispõe o novo
art. 469 do CPP. Em sendo dois os réus, abrem-se espaço para que os advogados
combinem entre si as recusas, conduzindo à cisão do julgamento.

Também será feita a cisão quando não houver mais jurados suficientes para
compor o Conselho de Sentença, “a separação dos julgamentos somente correrá se,
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em razão das recusas, não for obtido o número mínimo de 7 (sete) jurados para
compor o Conselho de Sentença”. Para evitar a cisão do julgamento, foi aumentado o
número de jurados de 21 (vinte e um) para 25 (vinte e cinco), no termos do art. 433
do CPP. (art. 469, § 1º do CPP)

O §2º determinada que “a separação dos julgamentos, será julgado em


primeiro lugar o acusado a quem foi atribuída a autoria do fato ou, em caso de co-
autoria, aplicar-se-á o critério de preferência disposto no art. 429 deste Código” (art.
469, §2º do CPP) Em detrimento desse dispositivo há divergência doutrinária a
respeito de quem será julgado primeiro em caso de cisão do julgamento.

Para Alencar e Távora (2009, p. 706) acreditam que primeiro será o acusado
que estiver preso, com mais tempo nessa situação e, por último quem teve em seu
processo a decisão e pronúncia já decretada. Por outro lado, Marques (2009, p. 121)
primeiro será aquele que for imputado da prática de crime doloso contra vida em
relação a um dos acusados. E, em crimes conexos, será dado prioritariamente ao
julgamento do acusado de crime doloso contra a vida, tendo que autor é aquele que
define a competência do Júri.

Ademais, outra alteração que merece destaque é a consagração do sistema


da cross examination, que trata da possibilidade de “reperguntas” diretamente às
testemunhas, por parte da defesa e da acusação, sem a necessidade de aludir antes
ao juiz. As perguntas são feitas diretamente pelas partes às testemunhas. Ensina o
art. 473 da Lei, ipsis litteris:

“Art. 473. Prestado o compromisso pelos jurados, será iniciada a


instrução plenária quando o juiz presidente, o Ministério Público, o
assistente, o querelante e o defensor do acusado tomarão, sucessiva
e diretamente, as declarações do ofendido, se possível, e inquirirão as
testemunhas arroladas pela acusação.

§ 1º Para a inquirição das testemunhas arroladas pela defesa, o


defensor do acusado formulará as perguntas antes do Ministério
Público e do assistente, mantidos no mais a ordem e os critérios
estabelecidos neste artigo.

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§ 2º Os jurados poderão formular perguntas ao ofendido e às
testemunhas, por intermédio do juiz presidente.”

Contudo, o § 2º da norma em comento traz uma exceção: os jurados, por sua


vez, não podem formular perguntas diretamente às testemunhas.

Podemos concluir que com o advento da Lei 11.689/08 o nosso ordenamento


adotou um sistema misto de inquirição de testemunhas, uma vez pela cross
examination, quando se tratar de “reperguntas” do Ministério Público, outra pela da
defesa (presidencialista) nas perguntas feitas pelos jurados.

Outra questão que sofreu alteração foi a leitura de peças em Plenário. Não
havia limitações, as partes podiam solicitar a leitura de quantas peças considerassem
necessárias. A Lei 11.689/08 alterou isso; haverá a leitura apenas do que for
considerado indispensável. A exemplo disso, as provas cautelares.

Ainda, importante mudança trazida pela lei, diz respeito à extinção do Protesto
por Novo Júri, que “tratava-se de recurso exclusivo da defesa, cujo objetivo era
propiciar a realização de um novo julgamento quando a pena imposta, decorrente da
condenação pelo Júri, fosse igual ou superior a 20 anos”, a realização um novo
julgamento se dava porque a pena era considerada excessiva. (CUNHA; PINTO:
2008, p. 236)

O art. 4º, da Lei em tela ficou destinado a revogar o capítulo do Código


Processual Penal que dispunha sobre o protesto por novo júri.

Era previsto nos artigos 607 e seguintes, do CPP, e era um recurso específico
da defesa. Independentemente de uma fundamentação maior, o réu que tivesse sido
submetido a júri popular, alcançando a condenação de, pelo menos, vinte anos de
reclusão, só podia empregá-lo uma única vez. Pena essa que deve ser atribuída a
apenas um crime.

Se acaso o protesto fosse deferido, haveria um novo julgamento, e, mesmo


que se obtivesse condenação igual ou superior a vinte anos, o réu não poderia interpor
o Protesto por novo Júri novamente. Porém, quanto a essa segunda decisão, cabe
Apelação.
16
O principal fundamento para a extinção desse instituto é a morosidade
processual. Contudo, sua extinção, apesar de ser defendida por diversos
doutrinadores, inclusive Guilherme de Souza Nucci, foi massacrada por outros.

Para esses, foi uma retroação abolir, pois o país estava no auge da
democracia, e as duas partes tinham seus direitos. Já que o réu era a parte mais fraca,
era garantido a ele protestar por um novo júri quando lhe fosse auferida pena gravosa
pelo júri.

A nosso ver, a extinção do Protesto por Novo Júri chegou em um momento


muito oportuno. O Protesto por novo Júri não apenas representava uma ofensa aos
princípios do contraditório, da economia processual, da igualdade entre as partes, e,
sobretudo, da soberania dos veredictos dos jurados, como ultrapassava o direito que
o réu tem de plena defesa.

O Protesto por Novo Júri apenas satisfazia o acusado, que teria uma nova
ocasião de ter sua causa analisada por um Conselho de Sentença.

Como bem observado, não é esse o objetivo da Instituição do Júri. Ela


pretende proporcionar seguridade a todos que necessitam de uma justiça eficaz, a
sociedade como um todo.

4. CONCLUSÃO
Por derradeiro, concluímos que o Tribunal do Júri, mesmo sendo a instituição
julgadora mais democrática atualmente, além de atualizada e imprescindível para a
sociedade, sempre necessitará de mudanças como essas, para que possa dar
respostas as mais céleres possíveis a quem carece de Justiça.
Ademais, a reforma vem trazendo diversos debates entre os mais diversos
doutrinadores. Como mencionado, tratamos da discussão sobre a extinção do
protesto por novo júri. Há quem acredite que acaba por cercear o direito de defesa do
acusado, assim como há quem se posicione de modo contrário, logo, que sua extinção
foi mais do que acertada, inclusive o nosso posicionamento.
A reforma ocorrida no instituto aqui tratado trouxe maior celeridade, mas não
nos parece ser vantajosos por acreditarmos que causará lesões ao contraditório e a
plena defesa, tendo em vista que em casos de alta complexidade e ainda o julgamento
17
de co-autores na mesma sessão. Celeridade não quer dizer eficácia. Essa reforma
tem por objetivo fazer valer os princípios da celeridade e da economia processual,
diminuindo a morosidade no andamento das demandas processuais.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,o-juiz-como-garantidor-do-processo-
penal,49131.html Acesso em: 12/10/2018.

NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 10ª Ed. Rev.,
Atual e Ampl. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2011. p. 362.

NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 10ª Ed. Rev.,
Atual e Ampl. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2011. p. 365.

NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 10ª Ed. Rev.,
Atual e Ampl. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2011. p. 364 e 365.

RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 20ª Ed. Atualizada até 4 de julho de
2012. Ed. Atlas. SP. 2012. p. 57.

BARROS, Marco Antonio de. A Busca da Verdade no Processo Penal. 3ª Ed. Rev. E
Atual. E Ampl. – São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2011. p. 56.

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MACHADO DE CARVALHO, Felipe Quintella. Fontes do Direito Brasileiro: Histórico,


Atualidades e Transformações. Portal Âmbito Jurídico, 2011. Disponível
em: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7338. Acesso
em: 12/10/2018.

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