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APOSTILA

Segredos
do mundo

dos Vinhos
Aspectos Gerais do Mundo do Vinho
A História

da Uva Vinho e do

A videira é uma espécie anterior ao surgimento primeiras civilizações humanas naturalmente fez com
do homem. Os fósseis mais antigos encontrados, que seu cultivo se tornasse comum entre esses povos.
de antecessores da videira, situam-se na Groelândia, Os primeiros registros relativos á produção de
local que se acredita ser o centro de origem vinho remontam à cerca de 6000 a.C., nas regiões
paleontológico da planta, e possuem cerca de que hoje correspondem ao Egito, Irã e Iraque
600.000 anos de idade. Devido à grande glaciação, a (região que era chamada de Crescente Fértil). No
videira extinguiu-se naquele local. Egito, particularmente, foram encontradas pinturas
A partir da Groelândia, as espécies ancestrais que relatam a colheita, bem como inscrições no
disseminaram-se para novas áreas e foram interior das pirâmides que descrevem o produto.
diferenciando-se em novas espécies. Hoje, Muitos faraós foram sepultados levando consigo
considera-se a existência de três centros de origem ânforas de vinho (no Egito Antigo, acreditava-
da videira: se que o Faraó, após a morte, usufruiria de seus
pertences, por esse motivo eram sepultados com
Eurásia: compreende a região do Cáucaso, entre bens pessoais).
a Armênia e a Pérsia. É o centro do qual deriva a Na Grécia o início da viticultura é atestado
espécie mais cultivada no mundo, a Vitis vinifera por fósseis de bagas de uva do final da Era do
que se destaca pela qualidade de seus frutos e pela Neolítico (3500-3000 a.C.), porém a cultura do
fineza dos seus vinhos. vinho neste local iniciou-se muito mais tarde,
cerca de 2000 a.C. Ao contrário do Egito, onde
Ásia: nesta região que inclui Sibéria, China, Japão,
era associado à elite, na Grécia era uma bebida
Java e Coréia ocorrem 15 espécies de videiras, em
mais popular, associado diretamente a festividades,
geral pouco conhecidas e raramente utilizadas.
tendo seu próprio deus, Dionísio.
América: ocorrem cerca de 30 espécies de Vitis Os Gregos levaram o vinho à Roma, e a partir
espontaneamente desde o Canadá até a América dali, e de alguns povos bárbaros, a videira, e a
Central. Utilizadas para melhoramento genético, tradição do vinho, foram difundidas pela Europa,
consumo de mesa e algumas vezes para vinho. São junto à expansão do Império Romano. Também
as mais indicadas para a produção de suco. foram os romanos responsáveis pelo avanço de
A proximidade da espécie Vitis vinifera com as diversas técnicas de vinificação.
Registro mostra pintura que relata a colheita

Com a queda do Império e a Idade Média, a São Vicente (São Paulo). Em 1535 a videira foi
produção de vinho, bem como a evolução de introduzida na Bahia e Pernambuco. Em 1551,
técnicas de produção foi freada. O domínio da Brás Cubas produz o primeiro vinho em território
produção passou a pertencer a Igreja, uma vez
brasileiro, no Planalto de Piratininga (São Paulo).
que a bebida é fundamental no Ritual Católico.
Apesar de ser difundido pela Igreja Católica,
Através do Renascimento, e do período das
foi com a imigração europeia no século XIX que
grandes navegações, a videira se expandiu
o cultivo da videira tornou-se uma atividade
pelas novas regiões descobertas, levada
importante no Brasil, inicialmente com a imigração
principalmente por jesuítas.
francesa, e principalmente com a italiana, a partir
No Brasil, a videira foi introduzida por Martim
de 1875.
Afonso de Souza, em 1532, na Capitania de
Produção Mundial de Vinho
Produção de vinho por país (em milhões de hectolitros) no ano de 2014:

1º França 46,15
2º Itália 44,42
3º Espanha 37
4º Estados Unidos 22,5
5º Argentina 15,2
6º Austrália 12,56
7º China 11,78
8º África do Sul 11,42
9º Chile 10,02
10º Alemanha 9,73
11º Portugal 5,87
12º Romênia 4,09
13º Nova Zelândia 3,2
14º Grécia 2,9

Consumo per Capita


Consumo per capita (litros) em 2012:

1º França 44,2

2º Eslovênia 43,27

3º Croácia 42,6

4º Macedônia 41,54

5º Portugal 40,93

6º Suiça 40,44

7º Itália 37,54

8º Áustria 31,87

9º Uruguai 28,16

10º Grécia 28,15


Principais

Variedades
Arinarnoa vinhos elegantes, sofisticados e bem estruturados.
Variedade desenvolvida a partir do cruzamento Cabernet Sauvignon
entre Merlot e Petit Verdot, realizado em 1956 por Nasceu no coração de Bordeaux, na França, mas
Marcel Duquety, diretor do INRA (Institut National ao longo do tempo conquistou vinhedos em todos os
de la Recherche Agronomique) de Bordeaux, cantos do planeta sem perder seu caráter clássico e
França. Seu cultivo é restrito a aproximadamente sua elegância, fato que lhe confere o título de rainha
200 hectares em todo o mundo. Produz vinho das uvas tintas.
concentrado, com cor profunda e taninos consistentes, O vinho elaborado a partir da variedade Cabernet
com aromas que costumam remeter à especiarias e Sauvignon costuma ser grandioso, com coloração
frutas maduras. profunda, aromas intensos e complexos, bom
corpo, e ótima capacidade de envelhecimento.
Quando jovem, o Cabernet Sauvignon é poderoso
e concentrado, com predominância de aromas
frutados como ameixa, cassis, mirtilo e groselha,
além de nuances herbáceas como pimentão e
eucalipto. O envelhecimento proporciona notas
de baunilha, chocolate e tabaco além de nuances
amadeiradas e terrosas.

Carménère
Essa variedade francesa foi dada por extinta após
a crise da filoxera, praga que devastou diversos
vinhedos europeus por volta dos anos 1870.
Originária da região de Bordeaux, na França, onde
fazia parte do tradicional corte bordalês antes mesmo
do Cabernet Sauvignon, surgido por volta do século
Cabernet Franc XIIIX e da Merlot, surgida no século seguinte, a
Tem como seu berço a região de Bordeaux, na Carménère foi redescoberta em 1994 no Chile, em
França, onde costuma ser combinada com as uvas meio a vinhedos de Merlot, variedade com a qual
Cabernet Sauvignon e Merlot, resultando no clássico era confundida. Os vinhos originários dessa uva
“corte bordalês”. Uma das características típicas possuem cor escura e profunda. Os aromas remetem
de um vinho produzido com Cabernet Franc são a frutas negras e vermelhas maduras, especiarias
taninos médios, sedosos e bem integrados, causando como pimenta, notas vegetais de ervas, pimentões
uma sensação de boca suave. A acidez moderada, e azeitonas. A passagem por carvalho trás nuances
combinada com taninos médios, costuma oferecer como chocolate e baunilha.
Malbec
Também chamada de Auxerrois ou Côt em
Cahors, na França, é conhecida por Malbec em
outros lugares bem como em Bordeaux, onde uma
grande geada em 1956 matou aproximadamente
75% dos vinhedos, tornando-a menos popular na
região. Em meados do século XIX, um agrônomo
francês contratado pelo governo argentino para
renovar seus vinhedos, levou algumas plantas para a
Argentina, onde se tornou a variedade emblemática.
Na argentina o vinho é caracterizado por uma cor
Chardonnay púrpura profunda, intenso aroma frutado e com
É amplamente difundida no mundo. Por sua nuances florais, como violeta, e um paladar macio, de
versatilidade e elegância é considerada a rainha das média estrutura e taninos aveludados.
uvas brancas. Originária da França, especificamente Marselan
da região da Borgonha, a Chardonnay pode moldar- É uma variedade desenvolvida a partir
se com perfeição aos diferentes terroirs os quais do cruzamento entre Cabernet Sauvignon
é cultivada, resultado em vinhos ricos e distintos. e Grenache, realizado em 1961 por Marcel
Em regiões de clima mais amenos, destacam-se Duquety, diretor do INRA (Institut National
aromas como maçã verde, pera e às vezes limão, já de la Recherche Agronomique) de Bordeaux,
os aromas de frutas tropicais como abacaxi e manga França. Com um cultivo crescente no sul da
são resultados de uma maturação maior, também França e em algumas regiões da América do
característica de regiões mais quentes. O vinho tem Sul, como Mendoza e Serra Gaúcha. O vinho
uma boa afinidade com o carvalho, resultando em elaborado com a variedade Marselan destaca-se
marcantes aromas de baunilha, caramelo, manteiga pelo seu intenso aroma, com nuances defumadas
entre outros. e florais, e por possuir taninos moderados.

Gewurztraminer
Originária do Trentino, norte da Itália, é uma
variedade rosada, utilizada na produção de vinhos
brancos, muitas vezes adocicados, sobretudo na
Alemanha e na região da Alsácia, França. Hoje,
também é cultivada em algumas zonas do Chile e
da Nova Zelândia, tendo produção bastante restrita
no Brasil. Seu vinho costuma apresentar elevada
intensidade aromática, com notas florais, como
jasmim, e nuances frutadas. Sua acidez moderada é
motivo de sucesso, traduzindo-se em um vinho leve e
de fácil consumo.
MERLOT
Cepa de origem francesa, seu nome deriva do
diminutivo de Merle, em francês, o nome de um
pássaro preto comum no continente europeu. A
plumagem escura do Merle remete ao tom escuro
casca do Merlot, daí o nome da uva, ou então o nome
surgiu em função do hábito alimentar do pássaro, que
adora os frutos desta uva. O vinho à base de Merlot
é frutado, aromas como amora, morango, framboesa,
cereja, ameixa, groselha e figo são seus principais
descritores. Notas florais de rosas e violetas, e
provenientes do carvalho, como cedro, cacau, tabaco, e
vegetais, como menta e louro tornam o vinho bastante
complexo. Em regiões quentes como Argentina,
Austrália e Califórnia, geralmente o vinho é macio,
com bom corpo, já em regiões de temperatura mais
amena como Itália, França e Brasil o Merlot costuma
ser mais tânico e firme.

Moscato Branco
É uma cultivar originária provavelmente da Grécia
e cultivada há muito tempo na Itália. Antigamente
era conhecida por Apianae, que significa “a que as
abelhas têm predileção”, devido ao alto teor de açúcar
e aromaticidade da uva.
Seu vinho é muito marcante, com aromas florais,
cítricos e também de frutas como pêssego e lichia.
Sua boa acidez permite a elaboração de vinhos com
boa acidez, porém equilibrados. Essa uva expressa
todo seu potencial nos famosos espumantes da
região de Asti, na Itália e também na Serra gaúcha,
onde revela um espumante muito elegante.

Pinot Noir
É originária da Borgonha, onde o resultado se traduz
em vinhos muito autênticos e elegantes, para muitos,
os melhores do mundo. Seu nome vem do francês
para ‘pinheiro negro’, por conta do formato cônico
do pequeno cacho. O vinho tem uma típica coloração
clara, e seus aromas mais comuns são cereja, amora,
framboesa, especiarias, ervas e flores. Com a idade
ressalta toques animais, couro e cogumelos secos. Por
expressar muito bem as características do terroir, é confirmada, a história cita a cidade iraniana de Shiraz
difícil caracterizar o seu vinho, afinal, apresenta um como centro de origem da uva, que posteriormente foi
estilo diferente em cada local distinto de cultivo. levada para o sudeste francês, onde resulta em vinhos
Prosecco incríveis na região do Rhône, onde se tornou a uva
Uva branca de grande aptidão para a elaboração mais importante. O característico Syrah europeu tem
de espumantes, bebida que tornou a Prosecco uma moderada intensidade de cor, aroma de grande
mundialmente conhecida. O nome Prosecco é concentração, por vezes até com notas terrosas. O vinho
derivado de uma pequena vila italiana de mesmo costuma ser denso, com notas vegetais e de pimenta. Os
nome, próximo à cidade de Trieste, seu provável exemplares do novo mundo em geral são mais escuros,
centro de origem. Também conhecida por Glera, alcoólicos, frutados e com taninos mais intensos.
nome que foi oficializado junto a União Europeia. Tempranillo
Riesling Itálico Deriva do nome em espanhol “temprana”, que significa
Variedade branca de origem desconhecida, precoce, nome dado pelo fato da Tempranillo ser uma
relativamente pouco difundida no mundo vitivinícola, das primeiras uvas tintas a amadurecer. É provavelmente
existindo uma pequena produção no norte da Itália originária da Rioja, na Espanha, onde assim como em
e também em alguns países da Europa Central. No Ribera del Duero, é uma das principais variedades
Brasil ocupa um lugar de destaque entre as uvas cultivadas. No Alentejo, em Portugal, é conhecida como
brancas viníferas, foi a primeira casta européia a ser Aragonês, e no Douro tem o nome de Tinta Roriz, porém
utilizada na elaboração de vinho branco varietal. O também é produzida no Dão, Estremadura, Ribatejo e
vinho costuma ter uma cor amarelo esverdeada, com Terras do Sado. O vinho elaborado a partir dessa uva
aromas de média intensidade que remetem a frutas apresenta aromas de ameixas e frutos silvestres, quando
cítricas, como casca de limão e laranja. Notas florais, mais complexos, notas de tabaco, especiarias e couro se
de maçã verde e carambola também são típicas do destacam. Em boca costuma ser macio, mas com boa
Riesling. No paladar é leve, sua boa acidez o trona estrutura, tânico e bastante complexo.
muito refrescante. Trebbiano
Sauvignon Blanc A variedade branca mais cultivada na Itália, onde seu
Origirária do Vale do Loire, na França, é cultivada cultivo é permitido em mais de 80 denominações de
em diversos países, com destaque para Chile, Canadá, origem. Os assemblages com Malvasia costumam resultar
Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, EUA e a em vinhos mais intensos e aromáticos, como os Frascati.
própria França. Dependendo do clima, o aroma pode Também é conhecida por Albano, Hermitage Branco,
variar de intenso vegetal para docemente tropical. Em Lugana entre outros. No sudoeste francês é denominada
climas mais frios a uva tem uma tendência a produzir Ugni Blanc, variedade importante para a produção de
vinhos com notável acidez e notas herbáceas como destilados nas regiões de Cognac e Armagnac.
pimentões verdes e folha de tomate com alguma fruta Os vinhos produzidos à base de Trebbiano são
tropical, especialmente maracujá e goiaba. Em climas refrescantes e possuem alta acidez. Os aromas mais
mais quentes a Sauvignon Blanc perde frescor, e o comuns são os cítricos e de amêndoas, com notas florais e
aroma pode se descaracterizar, lembrando pêssego um fundo herbáceo.
maduro e grapefruit. Por ter um aroma pouco intenso, a Trebbiano
também é usada na elaboração de acetos balsâmicos,
Syrah
onde ganha novas e intensas notas aromáticas a partir do
Também chamada de Shiraz, como ficou famosa na
envelhecimento em diferentes tipos de madeira.
Austrália, tem sua origem incerta. Embora ainda não
Principais
Países Produtores
França
A França, ao longo da história, firmou-se como
o país de maior tradição na produção de vinhos.
Com uma história milenar na produção, que
remete às conquistas romanas, que ali introduziram
o cultivo da vinha, o território francês é abrigo de
centenas de diferentes denominações vitivinícolas,
algumas das quais entre as mais cultuadas do
mundo.
Merecem especial destaque os vinhos
produzidos na região de Bordeaux. Geralmente
elaborados através de assemblages, os vinhos
tintos ali elaborados encontram-se no mais alto 1688, Don Pérignon “criou” o Champagne, que se
patamar sendo referência internacional, com transformou num símbolo de qualidade e requinte. Os
preços que não raramente atingem os milhares Champagnes são elaborados a partir de Chardonnay,
de dólares por garrafa, sobretudo em safras Pinot Noir e Pinot Meunier, e, obrigatoriamente,
aclamadas. Dividida em diversas denominações, seguem o Método Tradicional de elaboração.
cada qual com grande personalidade, os Bordeaux Outras importantes regiões francesas são o Rhône
costumam ser elaborados a partir de Cabernet (onde se produz o Chateauneuf du Pape), o Vale do
Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot e Petit Verdot, Loire, e a Alsácia, famosa pelos seus vinhos brancos de
geralmente em assemblage. Na parcela Sul de Sylvaner, Gewürztraminer e Riesling.
Bordeaux, encontra-se a zona de produção de
Sauternes, que elabora vinhos licorosos brancos, Itália
através do processo de podridão nobre da uva, que A produção de uvas e vinhos no território italiano
incrementa seus açúcares e concentra os sabores. remonta aos tempos de influência grega, sendo esse
A Borgonha, na porção leste francesa, concentra um dos aspectos culturais gregos a serem absorvidos
a produção das variedades Chardonnay e Pinot pelos romanos. Consolidada como um grande produtor
Noir, produzindo, a partir delas, vinhos de mundial, sendo o maior exportador, a Itália hoje produz
altíssimo conceito. Estes vinhos carregam forte grandes vinhos de Norte a Sul de seu território.
identidade regional, sendo considerados produtos No centro do país, encontra-se a região da Toscana.
únicos, ainda que hoje Chardonnay e Pinot Noir É o berço do Brunello di Montalcino e do Chianti.
sejam variedades altamente globalizadas. O primeiro, elaborado apenas com a variedade
Champagne, localizada mais ao Norte, Sangiovese, caracteriza-se pela boa capacidade de
aproximando-se de Paris, empresa seu nome evolução. Opiniões mais tradicionais dizem que um
ao mais famoso dos vinhos espumantes. Em bom Brunello não deve ser aberto com menos de
dez anos de idade. Já o Chianti, tradicionalmente situa-se às margens do Douro. Caracterizada
elaborado por assemblage, oferece costumeiramente pelos verões quentes, produz vinhos de excelente
boa acidez, tornando-se um vinho gastronômico por concentração. Por força de sua regulamentação, os
excelência. vinhos ali produzidos, quando tintos, levam uma
Alguns produtores da Toscana, fugindo das regras porcentagem mínima de setenta e cinco por cento
tradicionais de produção, implementaram castas de Tempranillo. Também produz vinhos rosés
francesas na região, dando origem aos “Super- jovens e frutados.
Tsocanos”. Inicialmente vistos com desconfiança, hoje Próximo de Barcelona, na Catalunha, a região do
rivalizam em qualidade e conceito com os Brunellos. Priorato tem produzido vinhos bastante alcoólicos
No Piemonte, região a Noroeste, a produção de e potentes. Na Catalunha são produzidas as
grandes vinhos tintos é encabeçada peço Barolo, mais famosas Cavas, espumantes tipicamente
através da variedade Nebbiolo, um vinho de espanhóis, através método tradicional, com as
taninos carregados e potencial de envelhecimento variedades Chardonnay, Macabeo, Parellada e
fantástico. O Barbaresco é outro vinho Xarel-lo.
conceituado. Os Barbera d’Alba e Barbera d’Asti, e
o espumante Asti, também vindos do Piemonte, Portugal
reforçam essa região como berço de vinhos de Além de bons produtores, os portugueses
grande diversidade e qualidade. notabilizam-se por serem grandes apreciadores
A Franciacorta, espumante cada vez mais de vinho. Está em Portugal, no Douro, a região
valorizado, chamado por muitos de “o Champagne demarcada do Vinho do Porto, uma das primeiras
italiano”, provém da Lombardia, enquanto o Prosecco, regiões vitivinícolas com denominação da história.
elaborado com a variedade homônima (hoje Em mil setecentos e cinquenta e seis, o Marquês de
chamada na Itália de Glera), tem origem no Vêneto. Pombal criou a Companhia Geral da Agricultura das
Os vinhos produzidos na metade Sul da Itália Vinhas do Alto Douro, buscando dar credibilidade à
tem ganhado terreno nos últimos anos. Vinhos produção local. O Porto, vinho licoroso fortificado,
como o “Primitivo di Salento” tem chamado é ainda hoje o maior ícone dentre os vinhos
atenção pelas suas particularidades. portugueses, e foi, por muito tempo, o único a dispor
de grande reputação mundial.
Espanha Em épocas passadas, os produtores portugueses,
A Espanha é o país que abriga a maior área cultivada arraigados à técnicas obsoletas de produção, não
de videiras, de onde saem alguns dos melhores vinhos dispunham de grande prestígio. Além do Porto,
do mundo. Os espanhóis tem chamado atenção os vinhos produzidos em outras localidades do
pela sua capacidade de inovação e transformação, Douro eram de certa forma conhecidos. São
carregando a Tempranillo como sua bandeira. assemblages que geralmente envolvem Touriga
Rioja encabeça a produção espanhola, sendo Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz (Aragonez),
a primeira região a ter projetado os vinhos Tinta Barroca e Tinto Cão.
espanhóis no mercado internacional. Geralmente Nas últimas décadas, porém, o mundo descobriu
os vinhos Rioja são elaborados a partir de o vinho português, e este se reinventou. Hoje,
Tempranillo, em algumas ocasiões associada à vinhos do Alentenjo, região quente ao sul de
Garnacha. Lisboa, conquistaram paladares nos cinco
Também tem obtido destaque os vinhos de continentes. Potentes, porém com perfil moderno,
Ribera del Duero,, região que, como indica o nome, são os maiores representantes da “nova geração”
Portugal

de vinhos portugueses, onde também aparecem o não possuem grande potencial qualitativo para a
Dão, o Ribatejo e a Bairrada. elaboração de vinhos. Assim sendo, a viticultura
Ao Norte, o Vinho Verde, caracterizado pela norte-americana desenvolveu-se, sobretudo, a partir
sua leve gaseificação, ganha destaque pelo seu da segunda metade do século XIX, com a chegada de
frescor e tipicidade, enquanto o Vinho da Madeira imigrantes europeus ao oeste do país. Estabelecidos
(produzido na Ilha da Madeira) e o Moscatel de na Califórnia, constituíram, nos vales centrais do
Setúbal compõe a frente dos vinhos licorosos estado (Napa Valley e Sonoma Valley) uma das mais
portugueses. importantes zonas vitivinícolas da atualidade.
Os vinhos americanos ganharam notoriedade
Alemanha através do “Julgamento de Paris”, degustação
Quando pensamos na Alemanha, dificilmente realizada na França, em mil novecentos e setenta
associamos sua imagem à dos vinhos, tão forte é a e seis, em que vinhos americanos bateram ícones
ligação do país com a cerveja. Engano. Sobretudo franceses em uma prova às cegas.
nos brancos, a Alemanha é uma grande e qualificada As principais castas cultivadas são o Cabernet
produtora, caracterizada pelo uso de variedades Sauvignon e o Chardonnay, ainda que haja uma
autóctones, tendo a Riesling como principal cultivar, forte identificação regional com a Zinfandel, uva
respondendo por sessenta e dois por cento da semelhante à Primitivo, cultivada no sul da Itália,
produção mundial da mesma. que teria sido introduzida na Califórnia pelos
Os verões curtos proporcionam uvas com primeiros imigrantes que ali se estabeleceram.
excelente acidez, originando vinhos de ótimo Outra variedade que merece destaque é a Pinot
potencial de envelhecimento, sobretudo os Noir, que, além da Califórnia, tem merecido atenção
grandes Rieslings. Os vinhos alemães são pelos vinhos provenientes do Oregon, estado situado
classificados de acordo com sua doçura e seu grau em latitude elevada, portanto, com clima bastante
de qualidade, sendo que as versões com maior ameno.
teor de açúcar residual costumam ser as mais
valorizadas. África do Sul
A mais conhecida região produtora é o Mosel, Provavelmente, a África do Sul seja o mais antigo
porém os vinhos alemães são elaborados por produtor do Novo Mundo. Com uma história de
praticamente toda metade sul do país. mais de trezentos anos na elaboração de vinhos, no
final do século dezoito, os vinhos sul-africanos já
Estados Unidos eram exportados para a Europa, com a Inglaterra
Ainda que a América do Norte seja um dos sendo seu principal destino.
berço s da videira, com mais de quinze espécies A região do Cabo, no sudoeste do país, é o principal
nativas (a mais famosa delas a Vitis labrusca), estas polo produtor. Os invernos rigorosos, aliados a verões
ensolarados, permitem às uvas um desenvolvimento sua produção, favorecida pela sua peculiar geografia,
pleno de sua maturação. A Pinotage, desenvolvida que origina regiões com climas muito distintos.
em mil novecentos e vinte e cinco, através do Os tradicionais vales de Maipo e Colchagua, regiões
cruzamento entre Pinot Noir e Hermitage, é a variedade com verões quentes, produzem vinhos bastante
emblemática, e representa vinte por cento da produção alcoólicos e potentes, com os clássicos Cabernet
local. Outras variedades, como Cabernet Sauvignon, Sauvignon e Carmenére como protagonistas.
Shiraz, Pinot Noir, Chardonnay e Chenin Blanc Próximos da costa, os vales de San Antonio e
também são representativas. Casablanca, caracterizados pelo clima frio, oferecem
Sauvignon Blanc e Pinot Noir de grande frescor,
Austrália além de alguns Shiraz interessantes
Os primeiros vinhedos australianos surgiram Ao sul do Colchagua, o Vale do Maule, com a
ainda na primeira metade do século XIX, início da maior área plantada do país, além das variedades
colonização australiana, com o estabelecimento de tradicionais, tem se destacado por excelentes
diversas vinícolas na região sul do país, até hoje a Carignan. Outras regiões ao Sul, como Curicó e Bio-
mais importante zona produtiva, onde hoje estão os Bio, também estão em evidência, oferecendo vinhos
estados de Victoria e South New Wales. naturalmente frescos e de elevada acidez.
Em mil oitocentos e vinte e cinco, chegou ao país,
trazida por James Busby, a Sirah, hoje conhecida na Argentina
Austrália como Shiraz. Ela adaptou-se perfeitamente A Argentina é o maior produtor de vinho da América
ao clima seco do país, tornando-se, ao longo dos Latina, e o segundo maior produtor fora da Europa.
séculos, na sua variedade mais icônica. Hoje também A tradição não se resume à produção, mas também
são importantes as uvas Cabernet Sauvignon, Merlot, ao hábito do consumo. Cada Argentino bebe cerca
Pinot Noir, Chardonnay, Riesling e Sémillon. de vinte e cinco litros de vinho ao ano. Esse consumo
A Austrália tornou-se referência mundial em interno sempre manteve a indústria do vinho argentino
inovação na indústria vinícola. Foi a principal operando em bons volumes. Produção essa que
responsável pela popularização do “Bag-in-box” por muito tempo gozou de pouco reconhecimento
embalagem à vácuo, em volumes geralmente de dois internacional, em função do pouco cuidado com a
a cinco litros, que reduz significativamente o custo de qualidade. A partir do anos oitenta, o vinho argentino
produção. passou por um processo de transformação profundo,
que o colocou em maior evidência, através de melhoras
Chile nos vinhedos e investimentos em tecnologia.
Documentos relatam que a produção de vinhos De norte a sul, os principais terroirs argentinos são a
no Chile iniciou ainda no século XVI, nos primeiros província de Salta, conhecida pelo seu Torrontés, bem
anos de colonização. Essa produção inicial, porém, como as regiões mendoncinas de Cuyo e Valle de Uco,
foi proibida pelo governo espanhol em mil seiscentos de onde saem os Malbecs mais famosos e Cabernets
e vinte, e, apenas depois de usa independência, no de boa qualidade. Também é importante o cultivo da
século XIX, videiras voltaram a ser cultivadas em variedade Bonarda, casta típica da região, que vem
larga escala. Enfrentando diversos entraves, alguns sendo resgatada pelos produtores. A Patagônia, de clima
dos quais pelo próprio governo, os viticultores mais frio, tem elaborado bons Pinot Noir.
chilenos conseguiram prosperar apenas a partir da
década de setenta do século passado. Nova Zelândia
Hoje, o Chile destaca-se pela grande variedade de O pequeno território neo-zelandês se vale de
grande variação de latitude e altitude para a criação de videira. A videira permaneceu como uma cultura
de vinhos diversos e originais. O traço marcante de doméstica, com alguns poucos focos de produção de
seu clima é a forte influência marítima, resultando em vinho, produção essa que foi proibida pelo governo
temperaturas geralmente moderadas, que prolongam português em mil setecentos e oitenta e nove, numa
o período de maturação da uvas, mantendo sua medida protecionista.
acidez e gerando vinhos intensos e frescos. Foi com a grande imigração de alemães, franceses,
Dessa maneira, a produção mais destacada do e, principalmente, italianos, na segunda metade do
país é a de vinhos brancos, sendo que a Sauvignon século XIX, que a atividade voltou a florescer. Desde
Blanc é a protagonista, oferecendo vinhos frutados então, a região da Serra Gaúcha, na Encosta Superior
e de grande vivacidade. Esta variedade representa do Nordeste do Rio Grande do Sul, despontou como
quarenta e dois por cento da área cultivada do país. zona principal da vitivinicultura. Em um período inicial,
A Pinot Noir também se favorece do clima ameno, a dificuldade em introduzir as variedades europeias
e também há resultados interessantes no cultivo de fez com que os produtores optassem pelo cultivo de
Chardonnay, Cabernet Sauvignon, assim como na videiras de origem norte americana, como a Isabel,
elaboração de espumantes pelo método tradicional. a Bordô e a Niágara. Atualmente, essas variedades
mantêm a sua importância, não mais como produtoras
Brasil de vinho, mas sim como matéria-prima para sucos de
A história da uva e do vinho no Brasil remete às uva de grande qualidade. Desde os anos setenta, as
primeiras décadas da colonização portuguesa. Em mil variedades europeias voltaram a ser cultivadas em larga
quinhentos e trinta e dois, em São Vicente, um grupo de escala, gerando vinhos de qualidade crescente, que hoje
imigrantes açorianos, comandados por Martin Afonso já são produzidos, além do Rio Grande do Sul, em
de Souza, trouxeram para o Brasil as primeiras mudas diversos estados do Sul, Sudeste e Nordeste.
Serra Gaúcha

Rio Grande SERRA DO SUDESTE

do Sul CAMPANHA GAÚCHA

Serra Gaúcha
É a maior e mais importante região vinícola do
Brasil, respondendo por cerca de oitenta e cinco por
cento da produção nacional de vinhos. Aproveita-
se do solo basáltico e do clima temperado, úmido,
com noites amenas, para cultivar uvas com
personalidade forte. A Serra Gaúcha abrange
hoje as três únicas áreas de produção enológica
certificada do país. O Vale dos Vinhedos, que
ocupa setenta e três quilômetros quadrados entre
as cidades de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte
Belo do Sul, foi pioneiro ao buscar a Denominação
de Origem (DO) para seus rótulos. Seguindo seus
passos, Pinto Bandeira conquistou a Indicação de
Procedência (IP) para os produtos elaborados em
uma zona de oitenta e um quilômetros quadrados
entre Bento Gonçalves e Farroupilha. É a mesma
certificação alcançada pela região dos Altos Montes,
que abrange as cidades de Flores da Cunha e Nova
Pádua em uma área de cento e setenta e quatro
quilômetros quadrados.
Serra do Sudeste
Descoberto na década de mil novecentos e setenta,
o potencial vitícola na Serra do Sudeste levou cerca
de trinta anos para ganhar vulto. Foi a partir dos
anos dois mil, com a abertura de investimentos na
região por parte de renomadas vinícolas da Serra
Gaúcha, que o país voltou sua atenção para os
vinhos elaborados com uvas de lá. Desde então, ela
é apontada como uma das mais promissoras zonas
produtoras brasileiras. Curiosamente, a Serra do
Sudeste abriga pouquíssimas cantinas. O relevo
suavemente ondulado serve de sede quase que
exclusivamente para vinhedos. A maior parte das
uvas é transportada, geralmente à noite, até outras
regiões do Rio Grande do Sul, onde é vinificada.
No entanto, com o crescimento de sua importância
no cenário enológico nacional e com o surgimento
de empreendimentos locais voltados à produção
de uva, essa situação deve sofrer mudança em um
futuro breve.

Campanha Gaúcha
Ao mesmo tempo em que abrigam alguns dos
mais antigos vinhedos do Brasil, as pequenas
planícies e colinas da porção meridional do Rio
Grande do Sul, já na fronteira com o Uruguai, vêm
recebendo jovens e audaciosos investimentos. Essa
concentração de extremos não tira da Campanha
o prestígio, pois é uma grande aposta do setor
no país. Os dias longos, com grande período de
luminosidade para as plantas, e a grande variação
de temperatura entre o dia e a noite beneficiam o
cultivo das videiras. As condições favoráveis são
complementadas pelo solo, rico em granito
e calcário.
Serviços
do Vinho
Temperatura de Serviço
Servir o vinho em temperatura adequada
Espumantes Doces 4 - 6° C
é fundamental para que ele possua
equilíbrio, e suas qualidades evidenciem-se. Brancos Doces, Colheita Tardia 4 - 6° C
Temperaturas que fujam da faixa adequada Espumantes Secos, 6 - 8° C
podem torná-lo agressivo.
Champagne 6 - 8° C
Existem razões para que cada tipo de vinho
possua uma diferente temperatura de serviço. Brancos Leves 8 - 10° C
Os vinhos brancos são servidos em Brancos Encorpados 8 - 12° C
tempraturas baixas para uma melhor
Rosés 14 - 16° C
apreciação da acidez, enquanto os vinhos
tintos, ricos em taninos, encaixam-se melhor Tintos Leves 16 - 20° C
em faixas moderadas de temperatura. Tintos Encorpados 16 - 18° C

taças pequenas de cerca de cem mililitros.


Taças Adequadas A taça utilizada mundialmente em
degustações de caráter avaliativo é a INAO. Com
A taça é um importante artefato na degustação.
cerca de duzentos e quinze mililitros de volume,
As melhores são confeccionadas a partir de cristal
permite a apreciação dos mais variados estilos
fino, possuindo formatos diversos, adequando-se a
de vinho.
distintos estilos de vinho.
Costumeiramente, os vinhos tintos são
servidos em taças maiores, com bojo amplo, que
lhes conferem excelente oxigenação, auxiliando
na liberação de aromas. Já para os brancos,
indicam-se taças de tamanho mais modesto,
para que seu conteúdo seja bebido em menor
tempo, evitando assim que o vinho aqueça na
taça.
Aos espumantes cabem taças de bojo mais
alto e delgado, facilitando assim a formação do
perlage. Já vinhos licorosos são apreciados em
Comuns: Vinhos produzidos

Classificações predominantemente com variedades híbridas ou

Legais do Vinho americanas.


Frisantes ou Gaseificados: Vinhos com

De acordo com a legislação vigente, o vinho, no gaseificação mínima de meia atmosfera e máxima
Brasil, deve ser classificado das seguintes formas: de duas atmosferas.

Quanto à Classe
Espumante: resultante unicamente de uma
segunda fermentação alcoólica , possui alto nível
De mesa:
de dióxido de carbono, resultando em borbulhas
graduação alcoólica de 8,6° a 14° G.L., possui as
(graduação alcoólica de 10° a 13° G.L.).
seguintes subdivisões:

Finos ou Nobres: Vinhos produzidos somente
Licoroso: graduação alcoólica de 14° a 18° G.L.
de uvas viníferas.
Adicionado, ou não, de álcool potável, caramelo,

Especiais: Vinhos mistos, produzidos de
concentrado de mosto e sacarose.
variedades viníferas e uvas híbridas ou americanas.

Quanto ao açúcar Nos espumantes: Quanto à cor


Nos vinhos tranqüilos: •
Natura: 0 a 3g/l • Tinto

Seco: 0 a 4g/L •
Extra brut: 3,1 a 8g/L • Branco

Demi-sec: 4,1 a 25g/L •
Brut: 8,1 a 15g/L • Rosé (Rosado)

Suave: 25,1 ou mais g/L •
Sec: 15,1 a 20g/L

Demi-sec: 20,1 a 60g/L

Doce: 60 ou mais g/L
Produção da
Uva e doVinho
O local de Plantio
A escolha de um local com boas condições naturais
é fator decisivo para o sucesso da viticultura. Uma
planta bem adaptada tende a produzir bons frutos
com maior frequência.
A videira é, majoritariamente, cultivada em
regiões de clima temperado. Nestes locais, as
condições térmicas costumam ser adequadas
ao desenvolvimento da planta, permitindo boa Sistema Latada

maturação dos frutos, característica primordial para O sistema latada caracteriza-se pelo crescimento
elaboração de um bom vinho. de um caule principal, a cerca de um metro e oitenta
Outros fatores climáticos também exercem de altura, e seus ramos a partir dali são conduzidos
influência sobre a videira. A pluviosidade, a insolação, horizontalmente. Os vinhedos assim conduzidos,
ventos, dentre outros. Podemos afirmar que qualquer quando vistos à distância, formam um grande
fator climático é de importante estudo para a atividade “tapete verde”. É um sistema que permite grande
vitícola.
produtividade, porém não costuma estar associado a
Também são importantes o relevo – declividade do
produções de grande qualidade. Além da excessiva
terreno e exposição solar – e as condições do solo.
produção, este sistema induz a formação de um
Guardadas as particularidades de cada variedade,
microclima úmido, que favorece o aparecimento de
podemos afirmar que a videira se adapta bem
doenças. Com muitas folhas carentes de exposição
a regiões com invernos frios, verões quentes e
solar, a fotossíntese pode ser comprometida.
ensolarados, onde o solo lhe ofereça boas condições
de crescimento, porém controle seu vigor.

O sistema de plantio
Por ser uma trepadeira, a videira exige um sistema
de condução que lhe dê sustentação, organize seu
crescimento e sua disposição espacial. Ainda que
em certas regiões da Europa ainda utilizem sistemas
em que não há sustentação para a planta, estes são
Sistema Espaldeira
cada vez menos populares. As duas formas mais
conhecidas para conduzir a videira são os sistemas Na espaldeira, os ramos são dispostos
latada e espaldeira. verticalmente, sendo assim, há uma melhor exposição
de folhas e frutos à luz solar, permitindo colheitas temperaturas. Começa a surgir o verde nos
de grande qualidade, ainda que seja um sistema vinhedos, com o aparecimento dos primeiros
menos produtivo em relação à latada. É a forma mais
brotos;
popular de dispor a videira, sendo predominante na
• Floração: em outubro/novembro, os
grande maioria das regiões vinícolas do mundo.
primórdios do cacho começam a florescer;
O Ciclo da Videira • Poda verde: processo que elimina excesso de
Em seus locais tradicionais de cultivo, a videira folhas ou cachos da planta. Sua função é regular
desenvolve um ciclo anual, encaixado às estações
a produtividade do vinhedo (retirando cachos)
do ano, que inicia com a dormência no inverno
e melhorar a sua ventilação e exposição solar
e culmina com a colheita durante o verão.
Considerando as condições clássicas do Sul do Brasil, (retirando folhas);
o ciclo costuma transcorrer da seguinte forma: • Maturação: a partir do fim de dezembro e
• Dormência: período que inicia com a queda começo de janeiro, de acordo com a variedade. As
das folhas, geralmente no Outono (maio) e estende- brancas ficam com a película translúcida, enquanto
se durante o inverno. Nessa fase, sem atividade as tintas ganham a cor roxa. Há incremento do teor
vegetativa, o metabolismo da planta reduz ao de açúcares e redução da acidez;
máximo sua atividade, e há produção de hormônios • Colheita: de janeiro até o início de abril.
importantes à brotação; Em geral, as variedades brancas maturam
• Poda: processo feito no inverno que tem precocemente, enquanto as tintas têm sua colheita
como objetivo a eliminação do excesso de ramos. concentrada no fim do ciclo.
Funciona também para controlar a quantidade • Acúmulo de nutrientes: entre a colheita e a
produzida e melhorar a disposição espacial da entrada no período de dormência, a videira, já sem
planta. Geralmente realizado no mês de Agosto, os frutos, aproveita os dias ensolarados para produzir
antecedendo a brotação; energia que ficará acumulada no lenho, já servindo
• Brotação: acontece entre o final do inverno ao próximo ciclo.
e o início da primavera, com o aumento das

ELABORAÇÃO DO VINHO Este ditado, antigo e com diversas variantes,


mostra, ao mesmo tempo, que a qualidade da uva é
“Com uma uva ruim, nada se fundamental para a produção do vinho, mas por si
pode fazer a não ser um vinho só não é suficiente. A elaboração de um bom vinho
ruim. Já com uma boa uva, é necessita, acima de tudo, de pessoas capazes de
realiza-la. O Enólogo, profissional responsável pela
perfeitamente possível produzir
produção, deve possuir conhecimento e sensibilidade
um vinho péssimo.” para compreender as qualidades da uva, e assim
encontrar os melhores meios de transforma-la num
- João Valduga
grande vinho. De forma alguma, existe algo como
uma receita pronta para a produção, que guie de realizada após a fermentação;
maneira mecânica o processo. Pelo contrário, a • Fermentação: realizada em tanques de aço
cada nova safra, as condições da natureza, que estão inoxidável, com controle de temperatura, consiste na
impressas na uva, influenciam diretamente a maneira transformação do açúcar da uva em etanol, gás carbônico
como a elaboração acontecerá. e energia, por parte das leveduras, fungos microscópicos
São diversas decisões tomadas durante o tempo em que presentes na casca da uva, mas que também podem
o vinho está sendo produzido, guiadas pelas convicções do ser adicionadas ao mosto a partir de seleções feitas
Enólogo, que moldarão as qualidades finais. Da mesma em laboratório. A adição de leveduras garante uma
maneira que decisões corretas levarão a um grande vinho, fermentação homogênea. De acordo com as condições
equívocos podem gerar a catástrofes. do mosto (açúcar, acidez, pH), e da temperatura é
Existem muitas formas de trabalhar o vinho. De conduzida, pode durar de 7 a 20 dias. Quanto maior for
maneira geral, estes são, em ordem, os processos o teor de açúcar da uva, maior será a quantidade de álcool
tradicionais da elaboração: produzida durante a fermentação;
• Seleção: feita manualmente em uma mesa especial, • Clarificação: ainda que alguns vinhos possam
elimina cachos e grãos com enfermidades ou baixo ser clarificados também antes da fermentação, todo
nível de maturação. Garante ao vinho equilíbrio, fineza o vinho deve realizar esta etapa após fermentar. As
e elegância, uma vez que as frações retiradas costumam leveduras estão entre os compostos que começam a
passar ao vinho aromas e sabores grosseiros; decantar, depositando-se no fundo dos tanques. Com
• Desengace: se chama engaço o esqueleto do isso, o vinho começa a ganhar limpidez e fineza;
cacho. Rico em polifenóis, geralmente de baixa • Amadurecimento em carvalho: usual nos tintos,
qualidade, não costuma oferecer compostos favoráveis raro nos demais vinhos. O barril de carvalho propicia
ao vinho. Sendo assim, o desengace é o processo de oxigenação ao vinho, o que faz com que seus aromas e
eliminação dos mesmos, feito através de uma máquina sabores evoluam, deixando-o mais “macio”, palatável.
denominada desengaçadeira; O carvalho também passa diversos aromas ao vinho,
• Prensagem: consiste na separação das frações como café, cacau, baunilha, coco, tabaco, defumado, etc.
sólidas (casca e semente) do mosto das uvas. De Existem diversos tipos de carvalho, que podem variar em
acordo com o vinho a ser elaborado, pode acontecer relação à sua origem, espécie e confecção, oferecendo
antes ou depois da fermentação; assim distintas qualidades ao vinho;
• Maceração: extração, por parte do mosto da uva, • Estabilização: os tanques são submetidos a
dos componentes presentes na casca. Existe uma grande rigoroso resfriamento, a cinco graus negativos, por
diferença no aproveitamento das cascas, de acordo aproximadamente uma semana. Essa ação provoca
com o vinho a ser elaborado. Via de regra, os vinhos a decantação de cristais, formado por ácido tartárico,
brancos valem-se pouco dos componentes ali presentes. o mais abundante da uva, e por potássio. Caso estes
Assim sendo, logo após a seleção e o desengace, a uva cristais não decantem neste momento, podem formar-
é prensada, e apenas o líquido segue para os tanques de se na garrafa;
fermentação. Já nos vinhos tintos, a casca ocupa papel • Corte/assemblage: o corte consiste na mescla
fundamental. É dela que são extraídos os polifenóis, entre dois ou mais vinhos, geralmente de diferentes
como os taninos, que darão estrutura ao vinho, e as variedades, que tem como intuito dar-lhes equilíbrio
antocianas, que conferem pigmentação violácea. Desta e complexidade. Para que um corte seja efetuado,
forma, o vinho tinto fermenta com a presença das frações costumam ser previamente realizadas sessões de
sólidas da uva (à exceção do engaço), e a prensagem é degustação com diferentes composições, até que uma
seja considerada a mais adequada; serve para afinar as características obtidas durante o
• Filtração: ocorre na grande maioria dos processo de elaboração. As condições de ambiente
vinhos. Elimina compostos grosseiros que podem são fundamentais para o desenvolvimento do vinho,
comprometer a qualidade visual e gustativa; de modo que ele deve ser acondicionado em local
• Engarrafamento: após finalizar os processos com temperatura moderada e ao abrigo da luz. Neste
de amadurecimento e filtração, o vinho segue estágio, o vinho é constantemente acompanhado,
para o engarrafamento; através de degustação, até que se perceba que o
• Envelhecimento: após engarrafados, alguns vinho mesmo atingiu suas virtudes plenas, podendo então,
não vão diretamente à comercialização. Sobretudo nos seguir para a rotulagem e venda.
vinhos tintos, o processo de envelhecimento na garrafa

A Degustação
Análise Visual

A fase inicial da degustação compreende quatro Em vinhos mais simples, sem necessidade de
elementos: envelhecimento, cores mais evoluídas costumam
indicar um vinho já decrépito, porém nos grandes
Cor tintos, onde é necessário o envelhecimento, essas
Ainda que não seja considerada um aspecto cores indicam o apogeu qualitativo.
qualitativo fundamental, a cor pode fornecer É importante ressaltar que não há relação direta
importantes informações a respeito da natureza do entre qualidade e intensidade de cor, sendo esta
vinho. Da mesma forma que outras características, uma característica intimamente ligada à variedade
a cor transforma-se com a passagem do tempo. da qual o vinho se origina. Como exemplo,
vinhos elaborados com Pinot Noir costumam ter
Tintos: baixa intensidade de cor, enquanto os Tannats
apresentam cor intensa e profunda.

violáceo > rubi > grená > alaranjado Brancos:


Através dos anos, a cor de um vinho tinto
abandona os tons intensos típicos da juventude,
em virtude de uma coloração mais clara e de tons esverdeado > amarelo-palha >
levemente opacos. Esta transformação é influenciada amarelo-dourado > amarelo-âmbar
em sua velocidade pela natureza e quantidade das
Ao contrário do que ocorre com os tintos, a
antocianas (compostos corantes) presentes no vinho,
cor dos vinhos brancos intensifica-se durante seu
sendo assim, não há um padrão de tempo para a
envelhecimento, em decorrência de diversos processos
evolução do vinho tinto.
oxidativos. Também terão influência na cor a variedade Um aspecto visual turvo ou velado pode
da uva, seu local de plantio e a condução do processo ser sinal de um vinho com problemas
de elaboração. Vinhos que passam por carvalho microbiológicos, o que caracteriza um defeito,
costumam desenvolver tonalidades intensas. mas também pode ser sinal de um vinho não
Como a maioria dos brancos é preparada para filtrado.
o consumo jovem, cores escuras podem indicar
envelhecimento demasiado. Há de se considerar, Viscosidade
porém, que alguns vinhos brancos podem sim ser Observa-se através da análise das denominadas
longevos, sobretudo os licorosos fortificados e de ‘lágrimas do vinho’. Quanto mais visíveis e lentas,
colheita tardia. Nesses casos, tonalidades como o âmbar maior o teor de álcool etílico e glicerol.
são comuns, não indicando quaisquer problemas.
Brilho
Limpidez Em geral, grandes vinhos possuem aspecto visual
Característica comum à grande maioria bastante brilhante. Na maioria das vezes, o brilho
dos vinhos, é caracterizada pela ausência de está diretamente relacionado às demais qualidades
partículas em suspensão e pela transparência do visuais.
vinho.

Análise Olfativa

É a segunda etapa imprescindível na apreciação cercam, especialmente os dos vinhos e alimentos.


de um vinho. Ela consiste no ato de cheirar o vinho, Com um pouco de prática, pode-se cheirar o vinho
proporcionando quase tanto prazer quanto o ato de modo atento e rápido, com naturalidade e
de bebê-lo. Não o fazer é perder a oportunidade discrição.
de tirar do vinho um dos seus aspectos mais
geniais e que o diferencia de todas as demais Intensidade
bebidas. A mais evidente característica de um aroma
O olfato atua em importantes mecanismos é a sua intensidade. Esta qualidade torna o
fisiológicos e comportamentais. Os animais vinho atrativo, e também costuma manifestar-se
demarcam seus territórios com a urina e possuem posteriormente no palato.
glândulas que produzem substâncias odoríferas A intensidade está diretamente relacionada
para atrair parceiros sexuais. Na espécie humana, ao caráter varietal. Algumas variedades, como
os cheiros despertam lembranças e reações muito as da família das Moscatéis, oferecem vinhos
mais rapidamente e de modo mais profundo naturalmente intensos. Há também, relação com a
do que o fazem imagens, sons e gostos. Cheiros maturação da uva e com o processo de elaboração.
bons atraem, cheiros ruins repelem. Não é à toa a A intensidade aromática não se caracteriza
invenção e o encanto pelos perfumes. diretamente como aspecto qualitativo, ainda que
Infelizmente, o ser humano não tem o hábito seja comum a maior parte dos vinhos de grande
de “cheirar com atenção” e acaba perdendo o qualidade.
prazer proporcionado pelos bons cheiros que nos
Nitidez e Complexidade • Florais – Rosas, violetas, jasmim, acácia, tília,
A nitidez diz respeito à capacidade do vinho narciso.
de expor seus aromas de maneira clara e de fácil • Especiarias – Pimenta, pimenta-do-reino, cravo,
identificação. É uma característica que tende a se canela, alcaçuz, noz-moscada, anis, baunilha;
acentuar com o processo de maturação do vinho,
• Animais – Caça, carne, pelo molhado,
sendo que os que estão demasiadamente jovens
couro, suor.
muitas vezes possuem notas quase indecifráveis.
• Vegetais – Palha, grama, feno, cana-de-açúcar,
Um vinho já evoluído e que possua pouca nitidez
cogumelos, chá, fumo, pimentão.
costuma ser limitado.
A complexidade diz respeito à variedade dos • Herbáceos – Hortelã, sálvia, aneto, orégano,
aromas e sua evolução ao longo da degustação. manjericão, alecrim, manjerona.
Vinhos de grande qualidade e com processos • Minerais – Petróleo, terra, pedra de isqueiro, urina.
sofisticados de elaboração costumam apresentar • Químicos – enxofre, removedor de esmalte, vinagre.
notas aromáticas complexas.
• Tostados – Alcatrão, tostado, defumado,
caramelo, café torrado, piche, chocolate.
Qualidade
A qualidade aromática diz respeito à fineza • Amadeirados – carvalho, cedro, eucalipto.
dos aromas encontrados. Durante o processo de • Outros aromas – mel, leite, queijo.
elaboração, o vinho pode desenvolver diversos
componentes aromáticos, alguns dos quais podem Os aromas também podem ser classificados
ser classificados como grosseiros ou defeituosos. quanto à sua origem, em três grupos:
Dentre esses aromas, os enxofrados são os mais • Primários: aromas originados ainda na uva,
comuns. típicos de cada variedade;
Um vinho de boa qualidade aromática possui
• Secundários: aromas formados durante a
notas elegantes e delicadas. É importante ressaltar
fermentação alcoólica, geralmente originários do
que tais qualidades também possuem alto caráter
metabolismo das leveduras;
particular, uma vez que cada pessoa interpreta o
• Terciários: advindos dos barris de carvalho, ou
aroma do vinho de maneira própria.
do processo de envelhecimento em garrafa.

Os diferentes aromas
Existem diversas maneiras de classificar
as centenas de aromas possíveis de serem
encontrados no vinho. Algumas formas têm
mais sentido quando analisadas sob um aspecto
técnico, enquanto outras objetivam a facilitação
da leitura dos aromas. Apresenta-se aqui a
divisão por grupos de aromas de acordo com sua
característica sensorial:
• Frutados – Cassis, cereja, ameixa, goiaba,
framboesa, groselha (nos tintos), pêssegos,
abacaxi, maracujá, melão, damasco, manga .
Roda dos Aromas
A Roda dos Aromas foi criada por volta do ano de 1990 pela Dra. Ann C. Noble, do Departamento de
Enologia da Universidade de Davis, na Califórnia e consiste em três círculos concêntricos, nos quais foram
organizados os aromas mais comumente encontrados nos vinhos, desde os aromas primários até os
terciários, devendo-se usá-la de dentro para fora, ou seja, dos descritores gerais para os específicos.
Análise Gustativa

A última e mais importante etapa da fazer suaves “bochechos” com o vinho. Após
degustação é o exame gustativo. O sabor dos deglutirmos o vinho, percebemos sua persistência,
diferentes vinhos varia de forma impressionante, que consiste no tempo de permanência do sabor
e seus sabores podem ser simples ou do vinho após o mesmo ser bebido.
extremamente complexos.
A apreciação gustativa consiste não apenas O Paladar
no paladar. O que conhecemos por sabor é o Os órgãos receptores gustativos são localizados
conjunto de sensações percebidas em boca que nas papilas da língua. Cada zona tem um décimo
envolvem o paladar (gosto), olfato (aromas) e de milímetro. Podemos definir somente quatro
tato (textura). sabores: doce, ácido, salgado e amargo. Ainda
que qualquer região da língua seja capaz de
Mecânica de degustação sentir os quatro gostos, existem locais mais
Degustar é um ato diferente de beber. Ao sensíveis a cada um deles.
realizar uma degustação, buscamos compreender e • Doce: gosto mais percebido na região
interpretar ao máximo os estímulos sensoriais que frontal da língua, portanto, costuma ser o
recebemos. Portanto, o ato da degustação possui primeiro a ser percebido. Além do açúcar, o
algumas técnicas que facilitam essa percepção. álcool também pode proporcionar algum dulçor.
A degustação do vinho vai muito além do simples A qualidade do dulçor de um vinho não está
ato de bebê-lo. Quando um vinho é degustado, diretamente relacionada à sua intensidade, mas
buscamos nele todas as suas qualidades, e por vezes sim ao equilíbrio com as demais sensações;
nos deparamos também com seus defeitos. Uma
das principais virtudes de um bom degustador é a • Ácido: os ácidos do vinho são percebidos
calma para que o vinho consiga, aos poucos, revelar sobretudo nas zonas laterais da língua. A acidez
suas virtudes. costuma ser mais marcante em vinhos brancos
Para uma degustação aprofundada, é e espumantes quando comparados aos tintos.
conveniente adotar algumas técnicas que Além de proporcionar frescor, também tem
falilitam a percepção adequada por parte de importante função na conservação, melhorando
nossos receptores sensoriais. Devido ao seu o potencial evolutivo;
caráter ácido, o primeiro gole de vinho pode
parecer agressivo ao nosso paladar, acostumado à • Salgado: percebido, principalmente, na
neutralidade da saliva. Desta forma, consideramos superfície central da língua e nas extremidades.
que o primeiro contato entre bebida e palato deve Sua presença no vinho é raríssima;
ser uma espécie de “calibrador”, sem que haja, a
• Amargo: percebido na parte posterior da
partir dele, avaliação.
língua numa zona que só atua quando o vinho é
A partir do segundo gole bebido, estaremos
ingerido. É o sabor mais facilmente identificado.
prontos para efetuar uma análise mais correta
Esta sensação é potencializada pela acidez,
das características percebidas. Deve-se deixar o
sendo, portanto, mais encontrada em vinhos
vinho alguns segundos em boca, de modo que ele
brancos, especialmente os jovens. Quando
“passeie” por nossa boca. Para tanto, podemos
marcante, é considerado um defeito.
O Tato “sobe” através da faringe, chegando às mucosas
Toda a textura sentida em boca, seja no vinho olfativas, fazendo assim, com que voltemos a sentir
ou qualquer outra bebida ou alimento é resultante os aromas. Esta sensação é intensificada no momento
das sensações táteis, que podem ser percebidas em em que bebemos o vinho.
praticamente qualquer local da boca. Os principais
componentes que influenciam a avaliação tátil do Sensações complexas
vinho são: • Retro-olfato: também conhecido como retro-gosto,
• Taninos: os taninos são ácidos fenólicos, é causado pela condução dos aromas desde a orofaringe
provenientes das sementes e da casca da uva. Estão (ligação entre nariz e faringe) até as mucosas nasais,
presentes sobretudo nos vinhos tintos, devido à longa como expressa a imagem ao lado. É uma sensação
maceração pela qual passam. Os taninos, quando importantíssima, ocorrendo na aspiração feita pela boca
em sua forma original, combinam-se com proteínas durante a degustação ou pela volatilização natural que
da saliva, resultando na coagulação das mesmas, ocorre no momento em que o vinho é ingerido;
o que gera a sensação adstringente, semelhante à
provocada por algumas frutas verdes, como a banana. • Corpo: é o conjunto de sólidos solúveis do vinho
O tanino já evoluído, sobretudo quando proveniente que fornece sensação de peso e força ao levá-lo à boca e
de uvas em bom estado de maturação e de um vinho ao engolí-lo;
adequadamente envelhecido, causa sensação de maciez,
também chamada de “aveludada”. Existe uma profunda • Equilíbrio e harmonia: dependem de boa relação
relação entre os taninos e as variedades de uva. Como entre as diferentes sensações de acidez, suavidade-
exemplo, a Pinot Noir costuma ter baixo potencial doçura, adstringência, frescor e calor (pelo álcool). Um
tânico, enquanto Cabernet Sauvignon e Tannat bom vinho deve ser bastante harmônico mais do que ter
possuem taninos mais vigorosos e concentrados; uma ou outra característica excepcional;

• Untuosidade: sensação de “oleosidade”, que • Evolução: é a sucessão de percepções sentidas


pode ser encontrada principalmente em vinhos pelo degustador quando tem o vinho em sua boca
brancos maduros; e o elimina ou deglute. Essa evolução começa com
a impressão inicial onde predominam os sabores
• Gás Carbônico: causa um “efeito agulha” na adocicados seguida da diminuição progressiva
boca. Exclusos vinhos espumantes ou frisantes, é dessas impressões adocicadas e o aumento das
considerado defeito; ácidas. Por último, na impressão final, parte-se
da adstringência e da sensação de acidez para o
• Teor Alcoólico: o álcool causa sensação de momento do amargo na deglutição;
aquecimento no paladar. A sobressaliência dessa
sensação é tida como defeito, porém quando sutil, pode • Persistência: é o tempo que o sabor do vinho
conferir qualidade. fica na boca após o mesmo ser ingerido. Nos
O Olfato vinhos de baixa persitência, dura 0 a 3 segundos, 4
A faringe, órgão comum aos sistemas respiratório a 7 em vinhos médios e a partir de 8 segundos nos
e digestivo, liga nosso nariz à laringe, tendo como vinhos de alta persistência.
principal função translocar o ar da respiração.
Quando bebemos ou comemos algo, parte do ar que
está na boca, carregado de susbstâncias aromáticas,
Vocabulário do

Vinho
ACETIFICADO AROMÁTICO
Vinho com os com sinais característicos de Vinho que apresenta um conjunto de compostos
avinagramento, representado por um alto teor de químicos aromáticos intensos, frescos e agradáveis,
ácido acético. derivados da uva e transformados na elaboração
do vinho.
ÁCIDO
Vinho de elevada acidez (salivação das laterais da ÁSPERO
língua). Vinho muito tânico apresentando elevado
teor alcoólico e excessiva acidez a ponto de
ADSTRINGENTE impressionar o paladar com uma sensação
Vinho que proporciona uma sensação táctil de de dureza e secura. É uma característica própria
secura (liga) das mucosas da boca devido ao dos vinhos tintos aptos para o envelhecimento
excesso de tanino. quando ainda jovens.

ADULTERADO AVELUDADO
Vinho apresentando características de adulteração Vinho apresentando um conjunto de sensações
por adição de substâncias estranhas ou por gustativas muito harmônicas apresentando certa
tratamento ilícito. suavidade, com acidez imperceptível.

AGRESSIVO BOUQUET
Vinho de características gustativas muito Conjunto de sensações olfativas de um
acentuadas (desequilibradas). vinho adquirido durante a sua conservação,
principalmente no período do envelhecimento.
ALTERADO
Vinho que sofreu modificações (naturais ou BRILHANTE
artificiais) que alteram suas qualidades normais. Vinho perfeitamente límpido que reflete a luz com
brilho.
AMARGO
Sensação gustativa que aparece quando são CAPITOSO
estimuladas as papilas específicas situadas na base Vinho com cheiro desagradável, ranço, lembrando
da língua. manteiga ácida e rançosa. Indicativo de vinho rico
em álcool e intenso bouquet.
CHATO
Indicativo de vinho alcoólico e tânico
de acidez muito baixa. ENCORPADO
Vinho com todas as características e componentes
CORPO que dão corpo ao produto (tanino, álcool...).
Vinho que representa uma constituição robusta,
rica de cor, acidez, extrato, álcool e tanino, porém
perfeitamente equilibrada. EQUILIBRADO
Vinho cujos componentes apresentam uma
COZIDO justa proporção, especialmente a relação álcool /
Vinho com sensação de “gosto de cozido”, acidez.
pesado, lembrando frutas caramelizadas.
FLORAL
DELICADO Vinho que apresenta aroma de flores brancas ou
Vinho com aroma e gosto atenuados, constituição vermelhas.
pouco robusta, porém agradável.
HERBÁCEO
DOURADO Vinho com sensação organoléptica que lembra
Cor amarela e reflexos dourados. vegetais ou ervas frescas.

DURO ESTRUTURADO
Indicativo de vinho excessivamente rico Vinho que apresenta ótima constituição com cor,
de tanino, acidez e extrato seco. corpo e grau alcoólico quantitativamente elevado,
harmoniosamente proporcionais e consistentes.

FRANCO
Vinho absolutamente isento de defeitos.

FRESCO
Vinho com acidez levemente perceptível,
porém agradável.

LEVE
Indicativo de vinho com pouca cor, pouco álcool,
escasso corpo (tanino), mas de constituição
harmônica e, portanto, agradável e sápido.

LÍMPIDO
Vinho sem nenhuma partícula em suspensão
e com ausência total de turvação, perfeitamente
limpo.
MADURO
Termo usado para indicar que o vinho
(especialmente o tinto) completou o processo
de evolução, estando apto para o consumo.

NEUTRO
Vinho sem características organolépticas intensas
e/ou especiais com média estrutura e moderada
acidez.

OXIDADO
Indicativo de vinho que sofreu oxidação,
apresentando-se alterado na cor (mais escura que
o normal) e privado de frescor, assemelhando-se
a um vinho madeirizado.

PALHA
Cor amarelo-claro, lembrando palha.

“PERLAGE”
(Vocabulário francês) - indicativo do
desprendimento, nos vinhos espumantes,
das bolhas de anidrido carbônico após o
desaparecimento da espuma.
SÁPIDO
Vinho agradavelmente rico de componentes
PERSISTENTE
salgados, junto com uma sensação vivaz em
Expressão utilizada para indicar quanto tempo,
função da acidez.
aproximadamente, o vinho permanece no paladar
após o gole.
SECO
Indicativo de vinho sem açúcar residual,
PICANTE
“emprestando” ao paladar uma falsa sensação
Indicativo de vinho de mesa que revela possuir
de amargor.
anidrido carbônico em quantidade excessiva, a
ponto de transformá-lo em levemente frisante.
TÂNICO
PRONUNCIADO
Indicativo de vinho com excesso
Vinho cujas características gustativas e olfativas
de tanino (“liga”).
são muito marcantes e salientes.
TURVO
REDONDO
Vinho cuja limpidez apresenta-se completamente
Indicativo de vinho com paladar muito
alterada, tendo em suspensão grande quantidade
equilibrado, sem acidez perceptível, harmônico,
de matérias sólidas e coloidais.
provocando a sensação de “passear” na boca.
VELHO
Indicativo de característica gustativa pouco
agradável observada em vinho com período
de envelhecimento inteiramente concluído
ou ultrapassado.

VERDE
Termo indicando vinho
com acentuado frescor, mas
ainda acerbo.

VERDOSO
Tonalidade amarelo-pálida
com reflexos esverdeados.

VERMELHO – VIOLÁCEO
Tonalidade particular
dos vinhos tintos recém vinificados.

VERMELHO – VIVO
Tonalidade de certos
vinhos jovens.

VERMELHO – RUBI
Tonalidade adquirida com algum tempo
de envelhecimento.

VERMELHO – TIJOLO
Tonalidade dos
vinhos envelhecidos.

VINOSO
Vinho jovem, apresentando sensações
relativamente grosseiras e vivas, próprio
dos vinhos recém elaborados.

VIVAZ
Indicativo de vinho com grau de acidez
levemente sensível ao paladar.

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