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Universidade do Estado do Rio de Janeiro


Centro de Educação e Humanidades
Programa de Pós Graduação em Educação – Faculdade
de Educação
Curso de Mestrado em Educação – Disciplina: Educação,
Cidadania e Exclusão Cód.: EDU01731-02
Professoras: Carmen Lúcia Guimarães de Mattos
Mirian Paura S. Z. Grinspum S

Aluna: Kátia Regina Xavier da Silva

GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação de identidade deteriorada.


Tradução Márcia Bandeira de M. Leite Nunes. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. 158 p.
Resumo:

Uma revisão teórica sobre o estigma é apresentada no interior de um único esquema


conceitual. Analisa as implicações do estigma no processo de intercâmbio social. Entre
as considerações, explica como o estigma é percebido pelos “normais” e pelo
“estigmatizado” na interação face-a-face. Inicialmente apresenta um breve histórico sobre
o conceito de estigma, caracteriza os indivíduos entre os quais o estigmatizado encontra
apoio para construir sua identidade social e descreve o processo de socialização das
pessoas estigmatizadas. A seguir, discorre sobre o controle das informações referentes à
identidade pessoal e as estratégias utilizadas para manipular tais informações. A terceira
parte trata da identidade do eu e de sua inserção nos grupos, seja de iguais, seja de
normais, bem como da política de identidade realizada para que esta inserção ocorra. A
seguir aborda a questão do desvio e das normas a partir de diferentes ângulos,
considerando o estigma, como as normas, sendo fruto de uma construção social. No
quinto capítulo, diferencia o desviante intragrupal do desviante social e estabelece que a
questão do desvio depende do grupo de referência ao qual o indivíduo que apresenta um
comportamento destoante está inserido, e finalmente, argumenta que as pessoas
estigmatizadas apresentam similaridades entre si, o que torna possível o agrupamento
dos diferentes tipos de estigma para fins de análise.

Sobre o autor

Erving Goffman nasceu no Canadá, em 1922. Recebeu o diploma de bacharel na


Universidade de Toronto em 1945. Na Universidade de Chicago obteve grau de Mestre
(M.A.) em 1949 e de Doutor (Ph.D.), em 1953. Durante um ano morou numa das ilhas
menores do arquipélago de Shetland, colhendo material para uma tese sobre essa
comunidade, e mais tarde foi cientista visitante no Instituto Nacional de Saúde Mental, de
Washington. Como professor de sociologia fez pesquisas para a Universidade da
Califórnia, em Berkley. É autor de vários livros e ensaios publicados em revistas
especializadas de sociologia, antropologia e psiquiatria. Dentre os livros traduzidos para a
língua portuguesa destacamos: Manicômios, prisões e conventos, Os momentos e seus
homens e A representação do eu na vida cotidiana  . TP PT

 
TP PT GOFFMAN, E. Manicômios, prisões e conventos. São Paulo: Perspectiva, 1999.
GOFFMAN, E. Os momentos e seus homens. Lisboa: Relógio d’Água, 1999.
GOFFMAN, E. A representação do eu na vida cotidiana. Petrópolis: Vozes, 1999.
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Conceitos

1. Visão Histórica sobre o termo “estigma”

“... Os gregos criaram o termo estigma para se referirem a sinais corporais com os
quais se procurava evidenciar alguma coisa de extraordinário ou mau sobre o
status moral de quem os apresentava ... mais tarde, na Era Cristã dois níveis de
metáfora foram acrescentados ao termo: o primeiro deles referia-se a sinais
corporais da graça divina ... o segundo, uma alusão médica a essa alusão religiosa,
referia-se a sinais corporais de distúrbio físico. Atualmente, o termo é amplamente
usado de maneira um tanto semelhante ao sentido literal original, porém é mais
aplicado à própria desgraça do que à sua evidência corporal” (p.11).

2. Estigma

“... Enquanto um estranho está à nossa frente, podem surgir evidências de que ele
tem um atributo que o torna diferente dos outros que se encontram numa categoria
em que pudesse ser incluído, sendo, até, de uma espécie menos desejável ...
Assim, deixamos de considerá-lo uma criatura comum e total, reduzindo-a a uma
pessoa estragada e diminuída. Tal característica é um estigma ... e constitui uma
discrepância específica entre a identidade social virtual e a identidade social real”
(p.12).

3. Tipos de Estigma

“... Podem-se mencionar três tipos de estigma nitidamente diferente. Em primeiro


lugar, há as abominações do corpo – as várias deformidades físicas. Em segundo,
as culpas de caráter individual percebidas como vontade fraca, paixões tirânicas ou
não naturais, crenças falsas e rígidas, desonestidade, sendo essas inferidas a partir
de relatos conhecidos ... finalmente, há os estigmas tribais de raça, nação e
religião, que podem ser transmitidos através de linhagem e contaminar por igual
todos os membros de uma família” (p.14).

4. Identidade Social

“... A sociedade estabelece os meios de categorizar as pessoas e o total de


atributos considerados como comuns e naturais para os membros de cada uma
dessas categorias ... As rotinas de relação social nos permitem um relacionamento
com “outras pessoas” previstas sem atenção ou reflexão particular. Então, quando
um estranho nos é apresentado, os primeiros aspectos nos permitem prever a sua
categoria e os seus atributos, a sua identidade social ...” (p.11-12). Sendo assim, ao
encontrarmos com um negro mal vestido, à noite, numa rua deserta localizada na
periferia da cidade, inferimos que o mesmo poderia ser um assaltante ou alguém
que pode nos fazer algum mal. Os atributos imediatamente visíveis lhe conferem o
status de “... uma pessoa perigosa” (p.12).

5. Identidade Social Real e Identidade Social Virtual

“... as exigências que fazemos poderiam ser mais adequadamente denominadas de


demandas feitas “efetivamente”, e o caráter que imputamos ao indivíduo poderia
ser encarado mais como uma imputação feita por um retrospecto em potencial –
uma caracterização “efetiva”, uma identidade social virtual. A categoria e os
atributos que ele, na realidade, prova possuir, serão chamados de sua identidade
social real” (p.12). A identidade social virtual está relacionada com os atributos que
supomos que o indivíduo deveria possuir. Esperamos, por exemplo, que uma
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pessoa pobre seja pouco inteligente por não ter acesso à informação; que um
homossexual seja promíscuo; que uma pessoa deficiente seja improdutiva. A
identidade social real denota o que o indivíduo realmente é, o que pode ou não
corresponder às nossas expectativas.

6. O Igual e o “Informado”

O grupo dos iguais é formado por pessoas que compartilham um estigma particular
“... algumas delas podem instruí-lo [o estigmatizado] quanto aos artifícios da relação
e fornecer-lhe um círculo de lamentação no qual ele possa refugiar-se em busca de
apoio moral e do conforto de sentir-se em sua casa, seu ambiente, ser aceito como
uma criatura que realmente é igual a qualquer outra normal” (p.29).

“Os “informados” são os homens marginais diante dos quais o indivíduo que tem
um defeito não precisa se envergonhar nem se auto controlar, porque sabe que
será considerado como uma pessoa normal” (p.37). “Um tipo de pessoa “informada”
é aquela cuja informação vem do seu trabalho ...” (p.39) como, por exemplo, os
professores e os médicos. “Um segundo tipo de pessoa “informada” é o indivíduo
que se relaciona com um indivíduo estigmatizado através da estrutura social ...”
(p.39) como é o caso dos amigos “normais” e familiares que convivem e fazem
parte do mesmo círculo social do estigmatizado.

7. Carreira Moral

“... As pessoas que têm um estigma particular tendem a ter experiências


semelhantes de aprendizagem relativa à sua condição e a sofrer mudanças
semelhantes na concepção do eu – uma “carreira moral” semelhante, que é não só
causa como efeito do compromisso com uma seqüência semelhante de
ajustamentos pessoais” (p.42).

Tanto as pessoas que possuem um estigma congênito como aquelas que adquirem-
no após ter organizado a vida como pessoas “normais”, aprendem de maneira
semelhante quem são e como devem se comportar diante das exigências da
sociedade. As primeiras, desde cedo têm que aprender e incorporar os padrões
determinados pelo grupo social frente aos quais não se enquadram. As segundas
passam pelo mesmo processo em uma fase mais tardia, tendo que reorganizar
seus hábitos e atitudes para se adequar aos padrões que até então lhes eram
comuns. Este processo também ocorre de maneira similar quando a socialização é
realizada numa comunidade diferente ou fora das fronteiras geográficas da
sociedade “normal”, tendo os indivíduos que “... aprender uma segunda maneira de
ser, ou melhor, aquela que as pessoas à sua volta consideram real e válida” (p.45).

Alguns indivíduos, entretanto, podem passar grande parte de sua vida


enclausurados numa espécie de “cápsula protetora” (p.42) sob a qual a família ou
o círculo de convivência impedem o confronto direto com as barreiras sociais
impostas pelo estigma. “... Neste círculo encantado, impedem-se que entrem
definições que o diminuam, enquanto se dá o amplo acesso a outras concepções
da sociedade mais ampla, concepções que levam a criança encapsulada a se
considerar um ser humano inteiramente qualificado que possui uma identidade
normal quanto a questões básicas como sexo e idade” (p.42).
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8. Desacreditado e o Desacreditável

“... Quando há uma discrepância entre a identidade social real de um indivíduo e


sua identidade virtual, é possível que nós, normais, tenhamos conhecimento desse
fato antes de entrarmos em contato com ele ou, então, que essa discrepância se
torne evidente no momento em que ele nos é apresentado. Esse indivíduo é uma
pessoa desacreditada ... quando a diferença não está imediatamente aparente e
não se tem dela um conhecimento prévio (ou, pelo menos, ela não sabe que os
outros a conhecem) ela é uma pessoa desacreditável ...” (p. 51).

9. Informação Social

“... No estudo do estigma, a informação mais relevante tem determinadas


propriedades. É uma informação sobre um indivíduo, sobre suas características
mais ou menos permanentes, em oposição a estados de espírito, sentimentos ou
intenções que ele poderia ter num certo momento. Essa informação, assim como o
signo que a transmite, é reflexiva e corporificada, ou seja, é transmitida pela própria
pessoa a quem se refere, através da expressão corporal na presença imediata
daqueles que a recebem. Aqui, chamarei de “social” à informação que possui todas
essas propriedades” (p. 53).

10. Visibilidade

“... a informação quotidiana disponível sobre ele [o estigmatizado] é a base da qual


ele deve partir ao decidir qual o plano de ação a empreender quanto ao estigma
que possui” (p.58) “... A questão da visibilidade, então, deve ser diferençada de
alguns pontos: a possibilidade de conhecimento de um atributo, sua intrusibilidade e
seu foco de percepção” (p.60).

11. Identidade Pessoal

“... ao usar o termo identidade pessoal pretendo referir-me somente às marcas


positivas ou apoio de identidade e a combinação única de itens da história de vida
que são incorporados ao indivíduo com o auxílio desses apoios para sua identidade
... pode desempenhar, e desempenha, um papel estruturado, rotineiro e
padronizado na organização social justamente devido à sua unicidade” (p. 67).

12. Biografia

“... Entende-se que tudo o que alguém fez e pode, realmente, fazer, é passível de
ser incluído em sua biografia ... por mais patife que seja um homem, por mais falsa
clandestina ou desarticulada que seja sua existência ... os verdadeiros fatos de sua
atividade não podem se contraditórios ou desarticulados” (p. 73).

13. Encobrimento

“... Há na literatura, algumas indicações referentes a um ciclo natural do


encobrimento. O ciclo pode começar com um encobrimento inconsciente que o
interessado pode não descobrir nunca; daí, passa-se a um encobrimento
involuntário que o encobridor percebe, com surpresa, no meio do caminho; em
seguida, há o encobrimento em momentos não rotineiros da vida social, como férias
em viagens; a seguir, vem o encobrimento em ocasiões rotineiras da vida diária,
como no trabalho e em instituições de serviço; finalmente, há o desaparecimento –
o encobrimento completo em todas as áreas de vida, segredo que só é conhecido
pelo encobridor” (p. 91).
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14. Técnicas de Controle de Informação

“... uma das estratégias é esconder ou eliminar signos que se tornaram símbolos de
estigma. A mudança de nome é um exemplo conhecido ...” (p.103) “... O
ocultamento de símbolos de estigma algumas vezes ocorre ao mesmo tempo que
um processo relacionado, o uso de desidentificadores ...” (p.104) “... Uma outra
estratégia de encobrimento é apresentar os signos de seu estigma como signos de
um outro atributo que seja um estigma menos significativo ... Uma estratégia
amplamente empregada pelo sujeito desacreditável é manusear os riscos, dividindo
o mundo em um grande grupo ao qual ele não diz nada e um pequeno grupo ao
qual ele diz tudo e sobre o qual, então, ele se apoia” (p.106). “... Ele pode,
voluntariamente revelar-se, transformando a situação de uma pessoa
desacreditável na de uma pessoa desacreditada” (p.111).

15. Acobertamento

“... Deve-se estabelecer uma nítida distinção entre a situação da pessoa


desacreditada que deve manipular a tensão e a situação da pessoa desacreditável
que deve manipular a informação ... Sabe-se que as pessoas que estão prontas a
admitir que têm um estigma (em muitos casos porque ele é conhecido ou
imediatamente visível) podem, não obstante, fazer grandes esforços para que ele
não apareça muito. O objetivo do indivíduo é reduzir a tensão, ou seja, tornar mais
fácil para si mesmo e para os outros uma reação dissimulada ao estigma, e manter
um envolvimento espontâneo no conteúdo público da interação ... Esse processo
será chamado de acobertamento” (p.113).

16. Identidade do Eu

“... As identidades social e pessoal são parte, antes de mais nada, dos interesses e
definições de outras pessoas em relação ao indivíduo cuja identidade está em
questão ... por outro lado, a identidade do eu é, sobretudo, uma questão subjetiva e
reflexiva que deve necessariamente ser experimentada pelo indivíduo cuja
identidade está em jogo” (p.116).

17. Ambivalência

“... Quer mantenha uma aliança íntima com seus iguais ou não, o indivíduo
estigmatizado pode mostrar uma ambivalência de identidade quando vê de perto
que eles comportam-se de modo estereotipado, exibindo de maneira extravagante
ou desprezível os atributos negativos que lhes são imputados. Essa visão pode
afastá-lo, já que, apesar de tudo, ele apoia as normas da sociedade mais ampla,
mas a sua identificação social e psicológica com esses transgressores o mantém
unido ao que repele, transformando a repulsa em vergonha e, posteriormente,
convertendo a própria vergonha em algo de que se sente envergonhado. Em
resumo, ele não pode nem aceitar o seu grupo nem abandoná-lo” (p.118).

18. Alinhamentos Intragrupais

“ ... o que o indivíduo é ou poderia ser, deriva do lugar que ocupam os seus iguais
na estrutura social ... Um desses grupos é o agregado formado pelos companheiros
de sofrimento do indivíduo. Os arautos desse grupo sustentam que o grupo real do
indivíduo, o grupo a que ele pertence naturalmente é esse. Todas as outras
categorias e grupos aos quais o indivíduo também pertence necessariamente são,
de modo implícito, considerados como não verdadeiros; ele, na realidade, não é um
deles. O seu grupo real, então, é o agregado de pessoas que provavelmente terão
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que sofrer as mesmas privações que ele sofreu porque têm o mesmo estigma; seu
grupo real, na verdade, é a categoria que pode servir para o seu descrédito” (p.123-
124).

19. Alinhamentos Exogrupais

“... O grupo de iguais do indivíduo pode, então, informar o código de conduta que os
profissionais defendem em seu nome. Pede-se, também, que o indivíduo
estigmatizado se veja da perspectiva de um segundo grupo: os normais e a
sociedade mais ampla que eles constituem ... O indivíduo que adere à linha
defendida é considerado como pessoa madura e bem ajustada; quem não adere é
considerado uma pessoa fraca, rígida, defensiva, com recursos internos
inadequados” (p.126).

20. A Política de Identidade

“... tanto o intragrupo quanto o exogrupo apresentam uma identidade do eu para o


indivíduo estigmatizado, o primeiro com uma fraseologia predominantemente
política, o segundo com uma fraseologia psiquiátrica ... Mas todos nós, como afirma
às vezes a sociologia, falamos do ponto de vista de um grupo. A situação especial
do estigmatizado é que a sociedade lhe diz que ele é um membro do grupo mais
amplo, o que significa que é um ser humano normal, mas também que ele é, até
certo ponto, diferente, e que seria absurdo negar essa diferença. A diferença, em si,
deriva da sociedade, porque, em geral, antes que uma diferença seja importante ela
deve ser coletivamente conceptualizada pela sociedade como um todo” (p.143).

21. Desvios e Normas

“... as normas com que lida este trabalho referem-se à identidade ou ao ser, e são,
portanto, de um tipo especial. O fracasso ou o sucesso em manter tais normas têm
um efeito muito direto sobre a integridade psicológica do indivíduo. Ao mesmo
tempo, o simples desejo de permanecer fiel à norma – a simples boa vontade – não
é o bastante, porque em muitos casos, o indivíduo não tem controle imediato sobre
o nível em que apoia a norma. Essa é uma questão de condição do indivíduo, e não
de sua vontade; é uma questão de conformidade e não de aquiescência” (p.138-
139).

22. Desviante Normal

“Pode-se considerar estabelecido, em primeiro lugar, que as pessoas que têm


estigmas diferentes estão numa situação apreciavelmente bastante semelhante e
respondem a ela de uma forma também bastante semelhante ... E, em segundo
lugar, pode-se dar por estabelecido que o estigmatizado e o normal têm a mesma
caracterização mental e que esta é, necessariamente, a caracterização-padrão de
nossa sociedade ...” (p.142) “... Mesmo quando um indivíduo tem sentimentos e
crenças bastante anormais, é provável que ele tenha preocupações normais e
utilize estratégias bem normais ao tentar esconder essas anormalidades de outras
pessoas ... Se, então, a pessoa estigmatizada deve ser chamada de desviante,
seria melhor que ela fosse denominada desviante normal, pelo menos até o ponto
em que a sua situação é analisada dentro do quadro de referência aqui
apresentado” (p.143).
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23. Desviante Intragrupal

“... Em vários grupos e comunidades muito unidos, há exemplos de um membro


que se desvia, quer em atos, quer em atributos que possui, ou em ambos e,
conseqüência, passa a desempenhar um papel especial, tornando-se símbolo do
grupo e alguém que desempenha certas funções cômicas, ao mesmo tempo que
lhe é negado o respeito que merecem outros membros maduros ... Ele poderia ser
chamado de desviante intragrupal para recordar que se desvia de um grupo
concreto e não só de normas ... ” (p.152).

24. Desviante Social

“... Os que se agrupam numa subcomunidade ou meio podem ser denominados de


desviantes sociais e a sua vida corporada pode ser chamada de comunidade
desviante ...” (p.154) “... Os desviantes sociais, conforme definidos, ostentam sua
recusa em aceitar o seu lugar e são temporariamente tolerados nessa rebeldia,
desde que ela se restrinja às fronteiras ecológicas de sua comunidade” (p.156). O
bêbado “conhecido” pela comunidade local é um exemplo de desviante social. As
pessoas o toleram e, embora não o reconheçam enquanto uma pessoa “normal”
admitem seu defeito podendo até defendê-lo em determinadas situações, desde
que não represente nenhuma ameaça para a comunidade.

Considerações Finais do Autor

“... Como conclusão, posso repetir que o estigma envolve não tanto um conjunto de
indivíduos divididos em duas pilhas, a de estigmatizados e a de normais, quanto um
processo social de dois papéis no qual cada indivíduo participa de ambos, pelo
menos em algumas conexões e em algumas fases da vida. O normal e o
estigmatizado não são pessoas e sim perspectivas que são geradas em situações
sociais durante os contatos mistos. Em virtude de normas não cumpridas que
provavelmente atuam sobre o encontro” (p.149).

Considerações finais sobre a obra e relação com a educação

Obra rica em termos conceituais, o livro trata de temas de extrema importância sobre as
relações humanas. O autor aborda de forma clara e precisa a questão do estigma
utilizando exemplos reais, o que torna a leitura estimulante. Mostra que o estigma é fruto
das relações entre o eu e o outro, sendo o desvelar reflexivo destas relações
imprescindível para tornar mais humana a convivência entre as pessoas diferentes. A
discussão sobre as implicações do estigma no processo de intercâmbio social pode ser
considerada um dos nós críticos no campo da educação. Ao entrar em contato com os
exemplos apresentados pelo autor é possível olhar sob um outro ângulo para o indivíduo
que não satisfaz as normas preestabelecidas pelo grupo social. O conjunto de valores
que infunde a ideologia calcada em modelos considerados ideais e o conseqüente
processo de despersonalização do diferente na tentativa de moldá-lo a um sistema moral
dominante podem ser questionados. Enquanto professora, considero essencial o
conhecimento deste conceito por todos atores responsáveis pela dinâmica do processo
educativo – profissionais, alunos e familiares – e a análise das relações de poder
existentes entre os indivíduos e grupos. É importante ressaltar que a estigmatização no
interior da escola delimita espaços e determina papéis sociais, podendo tornar
inexpugnável o exercício pleno da cidadania.

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