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Caros colegas,
Novamente temos a satisfação de encaminhar à co-
munidade veterinária e zootécnica mineira o volume
70 do Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia.
A Escola de Veterinária e o Conselho Regional
de Medicina Veterinária de Minas Gerais, com satis-
fação vêm consolidando a parceria e compromisso
entre as duas instituições com relação à educação con-
tinuada da comunidade dos Médicos Veterinários e
Zootecnistas de Minas Gerais.
O presente número aborda, de forma objetiva,
a temática sobre Oncologia em Pequenos Animais,
abordando os aspectos relacionados ao desenvolvi-
mento destas enfermidades e os cuidados necessários
para o diagnóstico e tratamento do paciente oncológi-
co. O tema apresenta alta relevância já que a oncologia
veterinária é uma área pouco praticada e conhecida pe-
los médicos veterinários, mas que vem apresentando
um aumento da casuística na clínica veterinária. Deste
modo, este volume irá contribuir para o melhor enten-
dimento destas questões pelos profissionais da área.
Com este número do Cadernos Técnicos espera-
mos contribuir tanto para a conscientização quanto
Universidade Federal
para a informação aos colegas, auxiliando para que
de Minas Gerais possam construir as melhores opções de atendimento
Escola de Veterinária aos animais no contexto que estão inseridos.
Fundação de Estudo e Pesquisa em
Medicina Veterinária e Zootecnia Portanto, parabéns à comunidade de leitores que
- FEPMVZ Editora
utilizam o Cadernos Técnicos para aprofundar seu co-
Conselho Regional de nhecimento e entendimento sobre a oncologia veteri-
Medicina Veterinária do
Estado de Minas Gerais nária, em benefício dos animais e da sociedade.
- CRMV-MG
Prof Antonio de Pinho Marques Junior - CRMV-MG 0918
www.vet.ufmg.br/editora Editor-Chefe da FEMVZ-Editora
Prof José Aurélio Garcia Bergmann - CRMV-MG 1372
Correspondência:
Diretor da Escola de Veterinária da UFMG
FEPMVZ Editora
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Conselho Regional de Medicina
Veterinária do Estado de Minas
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CADERNOS TÉCNICOS DE
VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
Edição da FEPMVZ Editora em convênio com o CRMV-MG
Fundação de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinária e
Zootecnia - FEPMVZ
Revisora autônoma:
Cláudia Rizzo
Layout e editoração:
Soluções Criativas em Comunicação Ldta.
Fotos da capa:
fundo com células e gato: bigstockphoto.com;
cão: arquivo pessoal de Rodrigo dos Santos Horta
Impressão:
O Lutador
N.1- 1986 - Belo Horizonte, Centro de Extensão da Escola deVeterinária da UFMG, 1986-1998.
N.24-28 1998-1999 - Belo Horizonte, Fundação de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária e Zootecnia, FEP
MVZ Editora, 1998-1999
v. ilustr. 23cm
N.29- 1999- Belo Horizonte, Fundação de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária e Zootecnia, FEP MVZ
Editora, 1999¬Periodicidade irregular.
1.Medicina Veterinária - Periódicos. 2. Produção Animal - Periódicos. 3. Produtos de Origem Animal, Tecnologia
e Inspeção - Periódicos. 4. Extensão Rural - Periódicos.
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Rodrigo dos Santos Horta - CRVM-MG11669,
Cecília Bonolo de Campos - CRMV-MG 10902,
Gleidice Eunice Lavalle* - CRMV-MG 3855.
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Membrana basal
Célula endotelial
Fator A B
Tumor angiogênico
C Pericitos
D
Biologia tumoral 15
Importância da angiogênese na Metástases
progressão tumoral
Metástase significa mudança de lu-
Angiogênese tumoral é a habilida- gar, transferência, sendo a formação de
de de células neoplásicas induzirem a uma nova lesão tumoral a partir de uma
formação de novos vasos, além de ser primeira, mas sem continuidade entre
um pré-requisito para o crescimento tu- elas1.
moral acima de 2 mm10. Para um tumor Todo tumor maligno tem capaci-
desenvolver um fenótipo metastático dade de formar metástases ou tumores
ou letal é necessário primeiro recrutar e secundários. As metástases são a maior
causa de falha do tratamento do câncer
sustentar o seu próprio suprimento san-
e consequentemente de morte dos pa-
guíneo, tumores incapazes de induzir
cientes. As células neoplásicas progres-
angiogênese permanecem microscópi- sivamente adquirem capacidade de me-
cos. A angiogênese é necessária para o tastatizar através de um processo lento
tumor crescer, invadir e metastatizar11. de múltiplos passos denominado casca-
O aumento da densidade de micro- ta metastática que envolve interação de
vasos tem sido correlacionado com alto diferentes moléculas19.
risco de recorrência local, presença de A formação de metástases é um pro-
metástase nos linfonodos e diferencia- cesso complexo que depende de intera-
ção histológica. Em adição à importân- ção entre as células malignas e o tecido
cia do prognóstico, a identificação de normal do hospedeiro, especialmente o
maior densidade de microvasos signifi- estroma1.
ca maior angiogênese tumoral, que pos- A aquisição do fenótipo metastá-
sibilita o uso racional de terapias antian- tico ocorre pelo acumulo de diferen-
giogênicas para estes pacientes12. Desta tes alterações genéticas e celulares que
forma terapias antiangiogênicas têm se traduzem em perda do controle de
sido propostas para o controle de câncer crescimento, desregulação da motilida-
de mama humano e aumento de sobre- de, proteólise, modificação da resposta
vida13,14,15,16,17. A inibição da angiogênese imune e angiogênese19.
representa uma nova oportunidade para Existem fortes evidências de que
tratar metástase pela mani- a angiogênese esteja re-
pulação do micro-ambien- As metástases são lacionada não apenas ao
te e do hospedeiro. O uso a maior causa de crescimento tumoral,
de inibidores de angiogê- falha do tratamento mas também ao processo
nese demonstrou efeito do câncer e de formação e desenvol-
terapêutico sinérgico em consequentemente de vimento das metástases.
modelo tumoral de ratos18. morte dos pacientes. A proliferação vascular
16 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 70 - setembro de 2013
gera uma rede de capilares genes e genes supressores
A observação clinica
com paredes endoteliais de tumor e de sinais ge-
demonstra que certos
fragmentadas em meio a rados no estroma, não só
tipos de cânceres
um tecido formado por
têm maior afinidade do tumor como também
células neoplásicas com do órgão alvo em que a
para metástases em
baixa adesividade entre
determinados órgãos. metástase vai se instalar.
si, representando um fator Entre as células existen-
favorecedor à penetração tes em uma neoplasia,
e migração celular através da corrente somente aquelas que desenvolvem estas
sanguínea7. propriedades podem ter chance de ori-
A combinação destes processos per- ginar metástases1.
mite que uma ou várias células tumorais
Padrão de disseminação
ganhe capacidade metastática. O pro-
cesso de metastatização envolve intera- A distribuição das metástases varia
ções entre as células tumorais, as células amplamente, dependendo do tipo his-
do hospedeiro e a matriz extracelular19. tológico e da localização anatômica do
tumor primário. A observação clinica
Etapas da disseminação demonstra que certos tipos de cânce-
tumoral res têm maior afinidade para metásta-
A disseminação tumoral ou metás- ses em determinados órgãos. A escolha
tase é um processo completo, que pode do “órgão alvo” parece ser definida por
ser resumido nas seguintes etapas: interações específicas entre moléculas
1. Desprendimento das células do tu- da superfície das células neoplásicas e
mor primário; moléculas da superfície endotelial, que
2. Invasão do tecido local do hospedei- revestem os vasos de determinados
ro e entrada no sistema circulatório; órgãos19.
3. Escape à resposta imune do hospe-
deiro e a outros fatores físicos no in- Vias de disseminação
terior da circulação sistêmica; Qualquer câncer pode disseminar
4. Parada em um leito capilar de um ór- através de diferentes vias, com destaque
gão distante; para a linfática e hematógena.
5. Extravasamento do leito capilar para A via linfática é considerada a prin-
o interstício; cipal via para disseminação das neopla-
6. Invasão, indução de angiogênese e sias epiteliais malignas (carcinomas)1.
multiplicação no sítio da metástase19. Linfonodos acometidos, geralmente,
Esses processos ou etapas depen- encontram-se aumentados de volume e
dem de alterações na expressão de onco- com alterações de forma e consistência,
Biologia tumoral 17
estes podem ser palpados ou avaliados sicas são muito importantes, para dar
por exames de imagem (ultrassonogra- condição de estas chegarem a um órgão
fia, tomografia). É importante lembrar alvo e nele formar uma nova colônia1.
que nem toda linfadenomegalia próxi- De acordo com estudos experi-
ma de um câncer é metástase, sendo ne- mentais, o número de células malignas
cessário exame para confirmação da sus- que conseguem penetrar em um vaso
peita clinica. Produtos antigênicos dos sanguíneo é muito maior do que aque-
tumores são levados aos linfonodos e les que originam metástases. A imensa
estes reagem formando uma hiperplasia maioria das células tumorais na circula-
que poderá ser pronunciada, resultando ção, cerca de 90%, morrem por fatores
no aumento do órgão18. Por outro lado, diversos, principalmente, pela reposta
um linfonodo pequeno ou de tamanho imunitária do hospedeiro, defesa não
normal pode conter micrometástases imunitária (macrófagos, células NK,) e
que só são detectadas por exames mi- choque mecânico contra a parede vascu-
nuciosos, geralmente, empregando re- lar. Esta sobrevivência é maior quando
cursos adicionais para detectar células as células tumorais se aderem a plaque-
malignas isoladas, como, por exemplo, tas, linfócitos e fibrina1. Componentes,
técnicas de imuno-histoquimica1. tanto da célula quanto dos órgãos, são
Outra via de disseminação também essenciais para o aparecimento e locali-
bastante importante é a via hematóge- zação das metástases, servindo de base
na, células cancerosas que penetram na para sustentar a hipótese de “semente
corrente sanguínea podem ser levadas a solo” proposta por Paget, ou seja, a se-
qualquer parte do corpo. Apesar disso, mente só prolifera em solo fértil1.
esse processo não é aleatório, visto que
as células tumorais precisam se aderir Carcinogênse
ao endotélio do órgão alvo e responder A carcinogênese compreende a
aos estímulos quimiotáticos nele gera- formação e desenvolvimento de uma
dos. Em geral, as metástases iniciais se neoplasia, a partir de um processo
formam no órgão mais próximo. Assim, complexo e multifásico que depende
tumores dos órgãos tributários do sis- de fenômenos genéticos e epigenéticos
tema porta podem se metastizar para o espontâneos ou induzidos por agentes
fígado e o pulmão também é um órgão carcinogênicos que culminam com o
frequente para a doença metastática por surgimento de clones de células imor-
meio das veias pulmonares. Entretanto, talizadas e adquirem a capacidade de
só o critério anatômico não explica a invadir os tecidos vizinhos e provocar
localização preferencial das metástases, metástases1.
pois as propriedades das células neoplá- Em um indivíduo geneticamente
18 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 70 - setembro de 2013
suscetível, células tumo- à exposição solar na espé-
Fatores ambientais
rais podem se originar de cie humana, como, tam-
podem ser
células normais, devido à bém, ao desenvolvimento
determinantes no
ocorrência de mutações desenvolvimento desse tipo de neoplasia
múltiplas e aditivas em do câncer, uma vez em cães e gatos de pele
genes envolvidos no con- que o processo de pobremente pigmentada
trole da divisão e diferen- carcinogênese pode e/ou pêlos brancos. Nos
ciação celulares (oncoge- ser induzido por gatos, o carcinoma espi-
nes, genes supressores de agentes carcinogênicos nocelular encontra-se in-
tumor, genes para apop- físicos, químicos ou timamente relacionado à
tose) ou pela existência biológicos. exposição solar, com uma
de defeitos no sistema de distribuição clássica sen-
reparo do DNA, resultan- do freqüente o desenvol-
do em instabilidade genética, que favo- vimento de lesões localizadas na face,
rece o acúmulo de mutações em regiões e nas áreas com pouco pêlo: plano na-
críticas do DNA. O processo de carci- sal, pinas e pálpebras. Lesões tissulares,
nogênese inclui três etapas: iniciação, denominadas ceratose actínica, consti-
promoção e progressão1. tuem lesões pré-malignas que precedem
Fatores ambientais podem ser de- o aparecimento do carcinoma de células
terminantes no desenvolvimento do escamosas “in situ” e invasor20,21.
câncer, uma vez que o processo de car- A inflamação crônica também tem
cinogênese pode ser induzido por agen- sido apontada na carcinogênese de car-
tes carcinogênicos físicos, químicos ou cinomas de células escamosas da cór-
biológicos1,20. A sensibilidade aos carci- nea em cães com ceratite pigmentar22 e
nógenos, no entanto, é individual e ex- apresenta elevada relevância clínica no
tremamente variável entre as espécies20. desenvolvimento dos sarcomas de apli-
cação felinos20. Inúmeros estudos des-
Tipos de carcinogênese tacam, ainda, a influência do asbesto,
radiação ionizante e o uso de implantes
Carcinogênese física
em cirurgias ortopédicas, no desenvol-
A relação entre a exposição à radia- vimento do câncer em animais e na es-
ção ultravioleta solar e o desenvolvimen- pécie humana1,20.
to de determinados cânceres de pele é
um dos exemplos mais conhecidos de Carcinogênese química
carcinogênese física20. O desenvolvi- Na espécie humana, a carcinogêne-
mento do carcinoma de células escamo- se química é classicamente representa-
sas encontra-se claramente relacionado da pelo tabagismo, o qual é relaciona-
Biologia tumoral 19
do ao desenvolvimento de neoplasias em cães, e do estrógeno e progestero-
malignas no pulmão20. Na Medicina na no desenvolvimento de neoplasias
Veterinária, no entanto, existe fraca mamárias20.
associação entre a convivência com
Carcinogênese biológica
fumantes e o desenvolvimento de neo-
plasias pulmonares em cães e gatos, mas A carcinogênese biológica é realiza-
existem relatos de maior incidência de da, principalmente, por agentes virais
carcinomas de células escamosas na ca- capazes de induzir a formação de tumo-
vidade oral e linfomas em gatos expos- res a partir da integração de seu DNA ao
tos à fumaça do cigarro de tabaco20,23,24. genoma do hospedeiro1,20.
Existem evidências de que pestici- Todos os vírus oncogênicos de RNA
das, herbicidas e insetici- são retrovírus e seu genoma, a partir de
das estejam relacionados uma transcriptase reversa,
ao aumento da incidência Todos os vírus é convertido em DNA de
de linfomas e carcinomas oncogênicos de RNA fita dupla (provírus) que se
de células transicionais
são retrovírus e seu integra ao genoma celular1.
da bexiga em cães, embo-
genoma, a partir de Nos cães, o papiloma-
ra seja difícil comprovar
uma transcriptase vírus, um vírus de DNA
reversa, é convertido da família papovaviridae,
essas evidências, deve-
em DNA de fita é o melhor exemplo de
-se limitar o uso desses
dupla (provírus) que carcinogênese biológica,
produtos em animais de
se integra ao genoma
companhia20. uma vez que a infecção
celular.
A ciclofosfamida, pode resultar na forma-
um agente citotóxico al- ção de tumores benignos
quilante, apresenta como um dos seus denominados papilomas, localizados
efeitos colaterais, o desenvolvimento de em regiões muco-cutâneas ou cutâne-
cistite hemorrágica estéril devido à ação as, que, em raras situações, podem se
de um de seus metabólitos na mucosa transformar em carcinomas de células
da bexiga, a acroleina, mas pode, even- escamosas20,26.
tualmente, favorecer o desenvolvimento Na espécie felina, uma maior varie-
do carcinoma de células transicionais da dade de vírus é descrita com potencial
bexiga em seres humanos e cães . 20,25
carcinogênico. Apesar de ser uma con-
Substâncias hormonais podem ser dição clínica menos freqüente, a papilo-
determinantes no desenvolvimento de matose viral felina, provocada por uma
uma série de neoplasias dos cães e gatos, espécie de papilomavírus específico dos
com destaque para a ação da testostero- gatos, pode provocar o crescimento de
na na formação de adenomas perianais papilomas em regiões de pele pilosa20.
20 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 70 - setembro de 2013
O vírus da leucemia felina (FeLV, para o linfoma, cujo risco de desenvolvi-
feline leukemia vírus), da família retro- mento aumenta em 50% em gatos infec-
viridae e subfamília oncornavirinae, é tados20,27. No entanto, em pacientes com
um vírus de RNA, cujo provirus pode se infecções combinadas por FIV e FeLV, a
recombinar com inúmeros proto-onco- chance de desenvolvimento de linfoma
genes do genoma felino, resultando no aumenta em 77,3%27.
desenvolvimento de inúmeras doenças
neoplásicas20,27. A partir de uma ou mais
Etapas da carcinogênese
recombinações, a infecção pelo FeLV
Iniciação
aumenta o risco de desenvolvimento
de linfomas em 60% e pode provocar a A fase de iniciação corresponde à
formação de qualquer neoplasia hema- transformação celular, sendo considera-
topoiética, com exceção da leucemia de da irreversível. Geralmente, os agentes
mastócitos, leucemia eosinofílica, poli- iniciadores, são substâncias eletrofílicas,
citemia vera e mieloma múltiplo20,27,28. atraídas por moléculas com alta densi-
O vírus do sarcoma felino (FeSV, feline dade eletrônica, como é o caso das ba-
sarcoma vírus) é uma recombinação ses nitrogenadas dos ácidos nucléicos,
rara do FeLV, que resulta na formação capazes de estabelecer ligações covalen-
de sarcomas multicêntricos, de rápido tes com o DNA, formando adutos29,30. A
crescimento, principalmente, em gatos falha na reparação destas estruturas per-
jovens20,28. mite o aparecimento de mutações gené-
O vírus da imunodeficiência felina ticas permanentes nas células, com con-
(FIV, feline immunodeficiency vírus), sequente modificação de suas respostas
da família retroviridae e subfamília len- ao microambiente, tornando-as menos
tivirinae, é, da mesma forma que o FeLV, responsivas aos fatores que controlam a
um vírus de RNA, cujos efeitos são pro- proliferação e diferenciação celulares1,29.
vocados pela integração do provirus ao Dependendo de seu potencial muta-
genoma do hospedeiro. No entanto, gênico, a ação única ou múltipla (efeito
o efeito na carcinogênese é indireto e cumulativo e somatório) de um agente
decorre da imunossupressão provoca- iniciador, mesmo em doses baixas, pode
da pela infecção, o que reduz, drastica- ser suficiente para desencadear a carci-
mente, a vigilância imunológica contra nogênese, no entanto, não é capaz de
as células cancerosas, favorecendo a concluir o processo, pois a formação de
perpetuação de células que sofreram um câncer depende da ação de um agen-
mutações (iniciadas)20. A infecção por te promotor seqüencial à iniciação1.
FIV pode favorecer o desenvolvimento Agentes mutagênicos ou iniciado-
de inúmeras neoplasias, com destaque res de destaque incluem o alcatrão, ni-
Biologia tumoral 21
trosaminas e hidrocarbonetos aromá- sicas adquirem modificações biológicas
ticos policíclicos presentes no tabaco, tendendo para maior agressividade e
as infecções pelo vírus da leucemia fe- malignidade1.
lina, a radiação ultravioleta e a radiação A fase de progressão depende, entre
ionizante31,32,33,34. outros fatores, da ocorrência de muta-
ções sucessivas nas células tumorais,
Promoção
com alteração da expressão gênica e do
A promoção consiste na prolifera- fenótipo neoplásico, permitindo o cres-
ção das células iniciadas e é um fenôme- cimento descontrolado e autônomo (in-
no indispensável para a perpetuação da dependente de estímulos aparentes)1,2.
alteração genômica e para o desenvolvi- De uma forma geral, as células neoplá-
mento de uma neoplasia1. sicas apresentam maior
Ao contrário da ini-
A promoção consiste instabilidade genética, o
ciação, a promoção é um que permite a formação
na proliferação das
evento reversível que células iniciadas de células com fenótipos
pode levar vários anos e é um fenômeno diferenciados e vantagens
para se estabelecer, e indispensável para evolutivas36.
que pode ser interrom- a perpetuação Os tumores são for-
pido a partir da remoção da alteração mados a partir de um úni-
do agente promotor. Os genômica e para o co clone celular que sofreu
agentes promotores não desenvolvimento de alterações fisiológicas se
se ligam ao DNA e não uma neoplasia. desvencilhando dos me-
provocam mutações, mas canismos que controlam
têm a propriedade de irri- a proliferação e diferencia-
tar os tecidos e de provocar reações in- ção celular . A maioria ou totalidade dos
1
Células de câncer
Metástase
Células normais
pode se diferenciar em um ganglioneu- PAGE, R.L. Withrow & MacEwen’s Small Animal
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33. KISELOW, M.A.; RASSNICK, K.M.; 1994.
MCDONOUGH, S.P. et al. Outcome of cats
with low-grade lymphocytic lymphoma: 41 cases
A B C D
Figura 3 – Confecção do squash
Adaptadas de Meinkoth & Cowell (2002)5
mas não substitui o exame histopatoló- 6. HENRY C.J.; POPE, E.R. Methods of tumor di-
gico. Na oncologia veterinária, a citolo- agnosis: Fine needle aspiration and biopsy tech-
gia é um exame de extrema importância niques. In: HENRY, C.J.; HIGGINBOTHAM,
M.L. Cancer management in small animal practice.
para o diagnóstico, planejamento e con-
Canada: Saunders, 2010. p. 41-46.
dução de um caso clínico. Uma vez que
não é possível avaliar a arquitetura teci- 7. FREITAS, E.F.; OLIVEIRA, S.R. Diagnóstico cito-
lógico em Medicina Veterinária. Cadernos Técnicos
dual, o resultado pode nem sempre ser
de Veterinária e Zootecnia. n.30, p. 29-47, 1999.
conclusivo. A coleta de material e pre-
paração das lâminas, bem como o for- 8. PARRY, B.W. Synovial fluid. In; COWELL, R.L.;
TYLER, R.D. Diagnostic cytology of the dog and
necimento de um histórico detalhado, é
cat. California: American Veterinary Publication,
fundamental para melhorar a condição
1993. p. 121-136.
e confiabilidade do diagnóstico.
9. TVEDTEN, H. Cytology of neoplastic and inflam-
bigstockphoto.com
Coleta e remessa de
material
Os cuidados com a coleta e re-
messa de material são fundamentais
para assegurar a qualidade do exame
anatomo-patológico.
Após o procedimento de exére-
se das neoplasias o espécime deve ser
imediatamente acondicionado em reci-
pientes com diâmetro de abertura lar-
gos, contendo os chamados fixadores
histológicos responsáveis pelo retardo
dos efeitos post mortem dos tecidos
(inibição ou interrupção do processo
autólise), mantendo sua arquitetura
normal. Existem vários tipos de fixado-
res, porém, o mais utilizado, atualmen-
te, por ser mais acessível e de uso sim-
ples, é o formaldeído 10% tamponado
neutro. É importante salientar que para
uma fixação adequada, o mesmo deve
diferenciação, índice mitótico, presença representar de 10 a 20 vezes o volume
ou ausência de necrose e a precisão da do material fixado. O período necessá-
excisão. rio para a fixação é dependente do ta-
manho da amostra e pode variar de 12
Além da avaliação do tumor pri-
a 24 horas1,2. Amostras que excedem o
mário, em oncologia a amostragem de
período de fixação de 48 horas podem
linfonodos é imprescindível e permite comprometer o procedimento imuno-
o estadiamento de animais portadores -histoquímico, assim, é aconselhável o
de neoplasias mamárias, pelo sistema acondicionamento das mesmas em ál-
TNM (tamanho tumoral, envolvimen- cool 70%3.
to de nódulos linfáticos e presença de Além disso, é imprescindível a iden-
Diagnóstico anátomo-patológico das neoplasias 37
tificação correta do ma- consiste na secção do ma-
Outras medidas terial e descrição da apa-
terial a ser encaminhado
também são
para o laboratório de pa- rência da superfície de cor-
importantes
tologia. Para isso os fras- te especificando a presença
na avaliação
cos devem ser rotulados de nódulos ou massas tu-
macroscópica de
em letra legível (nome do morais e suas medidas. A
neoplasias, dentre elas
remetente, procedência, medição do tamanho das
a identificação das
identificação do animal) lesões é importante em
margens profundas
e acompanhados por uma oncologia, pois permite o
e laterais com tinta
requisição informando os
nanquim, que permite estadiamento dos pacien-
dados do paciente (nome, tes pelo sistema TNM co-
a avaliação da
idade, raça, espécie) e do suficiência da excisão mumente utilizado para
proprietário (nome com- cirúrgica que quando, definição do prognóstico e
pleto e telefone para conta- não alcançada pode do tratamento das neopla-
to), além das informações direcionar para a sias mamárias. O corte do
do espécime (data da co- utilização de terapias material pode revelar ou-
leta, localização da lesão, adjuvantes. tras características, como:
tamanho da lesão, presença rangência (característica
ou não de ulceração e o tipo de procedi- geralmente observada em tumores mistos
mento cirúrgico), histórico clínico e qua- mamários caninos) e untuosidade (obser-
dro clínico do animal, dentre outros dados vada em lipomas cutâneos). Outras medi-
necessários para a obtenção do diagnósti- das também são importantes na avaliação
co definitivo1. macroscópica de neoplasias, dentre elas
a identificação das margens profundas e
Avaliação macroscópica laterais com tinta nanquim, que permite
Após o recebimento do material o a avaliação da suficiência da excisão ci-
patologista responsável realiza a avalia- rúrgica que quando, não alcançada pode
ção macroscópica que inclui observa- direcionar para a utilização de terapias
ção, descrição e amostragem do espéci- adjuvantes.
me. O primeiro passo nesta análise é a
identificação do órgão/tecido contendo
Processamento do
a lesão, posteriormente executando-se material
a descrição da aparência externa e me- Após o processo observacional e
dição do espécime. Subsequentemente, descritivo da macroscopia executa-se a
efetua-se a descrição da consistência do amostragem do material para encami-
material, além da presença de nódulos nhamento e processamento. Diante da
superficiais ou internos. A etapa posterior heterogeneidade, no que se refere ao
38 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 70 - setembro de 2013
tamanho das amostras re- levar à perda de epítopos
A definição do
cebidas em laboratórios,
diagnóstico definitivo sensíveis às temperaturas
o número de fragmentos
de neoplasias ocorre, elevadas inviabilizando a
encaminhados para o pro- realização da técnica de
principalmente,
cessamento e avaliação imuno-histoquímica3.
pela avaliação
microscópica deve ser histopatológica de dois As outras etapas, que
determinado de acordo, quesitos principais, sucedem o processamen-
principalmente, com o ta- como: características to, são a microtomia (cor-
manho do espécime. Para de malignidade e te dos blocos de parafina
neoplasias mamárias é origem/histogênese do em fitas de 3 a 5 µm), o
preconizada a retirada de tecido neoplásico. acondicionamento do
três fragmentos em amos- corte em lâminas histo-
tras entre 3-5 cm de diâ- lógicas e o aquecimento
metro; a retirada de cinco fragmentos do corte em estufa a 60°C. É importante
foi determinada para amostras medindo ressaltar que para realização da técnica
acima de 5 cm de diâmetro4. Evita-se de imuno-histoquímica o aquecimen-
amostragem de áreas necróticas centrais to não deve exceder 37°C, além disso,
de neoplasias priorizando sempre às para melhor aderência dos cortes acon-
periféricas. selha-se utilizar lâminas histológicas
Após a fixação e a amostragem, especiais com carga positiva ou gelati-
inicia-se a etapa de processamento do nizadas . Após condicionamento em
5,6
Pele
Fáscia
Músculo
Errado Certo
Figura 1: Representação esquemática de ressecções cirúrgicas incompletas e completas, respectivamente
Adaptado de FARESE et al., 20063
8. Fisher, B. Biological research in the evolution 18. BLAND, C.S. The Halsted mastectomy: present
of câncer surgery: a personal pespective. Cancer illness and past history. West. Med. Med. J. West., v.
Res.,v.68, p.10007-10020, 2008. 134, p.549-555, 1981.
Cirurgia oncológica 51
Quimioterapia
antineoplásica
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Cecília Bonolo de Campos CRMV-MG 10902.
Email para contato: ceciliabonolo@gmail.com
Figura 1: A) Frasco contendo o quimioterápico ciclofosfamida e Mini-Spike®, dispositivo que irá reduzir
a ocorrência de aerossóis. B) Material utilizado para preparação de quimioterapia com ciclofosfamida
em infusão lenta: frasco de 100 ml de soro fisiológico, equipo macrogotas, frasco de ciclofosfamida de
200 mg liofilizado, Mini-Spike®, 10 ml de água de injeção para diluição do fármaco, seringa de 10 ml.
C) Preparação sendo realizada em capela de fluxo laminar vertical. D) Preparação finalizada, soro fisio-
lógico contendo ciclofosfamida para infusão lenta em circuito fechado. Notam-se os equipamentos de
proteção individual utilizado durante toda a preparação: capote descartável, touca descartável, duas
luvas descartáveis em cada mão, óculos e máscara apropriada
Fonte: Hospital Veterinário da UFMG
Quimioterapia antineoplásica 57
das para manipulação de removendo o fármaco
Pacientes recebendo
quimioterápicos também e lavando a área 3 vezes
quimioterapia
devem ser providenciadas com detergente e enxa-
podem excretar
e incluir: luvas (duas luvas guando com água limpa.
metabolitos ativos
de látex sem talco é acei- ou quimioterápicos Se houver contaminação
tável), equipamento res- inalterados nas de alguma pessoa, deve-
piratório, óculos e capote fezes, urina e -se retirar todo o vestu-
impermeável protetor. vômito, necessitando ário contaminado, lavar
Sistemas que reduzem o de cuidados na imediatamente com água
risco de ocorrência de ae- manipulação e sabão e, no caso de ex-
rossóis diminuem ainda posição nos olhos, lavar
mais o risco de exposição os olhos constantemente
(PhaSeal® e Mini-Spike®)1,3,11. por pelo menos 15 minutos com solu-
Quimioterapia deve ser preparada ção isotônica e sempre procurar atendi-
em sistema fechado para evitar vaza- mento médico11.
mento. Comprimidos nunca devem ser Pacientes recebendo quimioterapia
divididos, devem ser manipulados na podem excretar metabolitos ativos ou
dose apropriada. Containers separados quimioterápicos inalterados nas fezes,
para descarte de material citotóxico urina e vômito, necessitando de cuida-
devem estar disponíveis e claramente dos na manipulação1. Como os animais,
identificados1. geralmente, deixam o hospital com seus
É essencial que o cateter venoso seja proprietários, após o tratamento, a pre-
colocado adequadamente em uma veia sença de resíduos pode representar um
periférica que não tenha sido usada re- risco10.
centemente ou que não tenha sido dani- Knobloch et al. (2010) examinaram
ficada na tentativa de se colocar o cateter amostras de urina de cães diagnostica-
no lugar. Isso irá prevenir extravasamen- dos com linfomas e mastocitomas para
to acidental de fármacos irritantes para detectar a presença de resíduos de qui-
os tecidos como vincristina, vimblastina mioterapia, após o tratamento citotóxi-
e doxorubicina3. A administração deve co. Ciclofosfamida apresentou resíduos
ser iniciada apenas com diluente para detectáveis apenas imediatamente após
confirmação de que não esteja ocorren- a infusão do fármaco. Vimcristina mos-
do extravasamento, em seguida se admi- trou resíduos detectáveis no período de
nistra o quimioterápico11. 3 dias após sua aplicação, resíduos de
Em caso de quimioterápico derra- vimblastina foram encontrados após 7
mado, um profissional usando o equi- dias de aplicação e resíduos de doxo-
pamento protetor deve limpar a área rubicina até 21 dias após sua aplicação.
58 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 70 - setembro de 2013
Não se sabe se essas concentrações me- Referências
suráveis são suficientes para representar 1. Polton, Getting started with veterinary chemo-
um verdadeiro risco de saúde para pes- therapy. Ir. Vet. J., 61(7), 468, 2008.
Quimioterapia antineoplásica 59
Quimioterapia
metronômica
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Quimioterapia metronômica 65
Eletroquimioterapia
Rúbia Monteiro de Castro Cunha
Eletroquimioterapia 69
Imunoterapia
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Terapias de alvo-molecular 81
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21, p. 268-274, 1984.
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Artur Vasconcelos - CRMV-MG10896,
Rodrigo dos Santos Horta - CRVM-MG11669,
Gleidice Eunice Lavalle - CRMV-MG 3855.
*Email para contato: gleidicel@yahoo.com.br
COMPONENTE QUANTIDADE
Carne de ave ou de peixe cozida 50% do volume da dieta
Vegetais congelados ou frescos, cozidos ou crus 50% do volume da dieta
Azeite de oliva 15 ml para cada 10 kg de peso
Carbonato de cálcio 330mg para cada 10 kg de peso
Suplemento vitamínico mineral humano
1 para cães>10 kg; ½ para < 10 kg
(comprimido)
Óleo de peixe (cápsulas de 1000mg) 2 para cada 10 kg de peso
Quadro 1:Adaptado de WYNN, 2006
5
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