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PESQUISA EM ANDAMENTO
(MODALIDADE ORAL)
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Resumo: Este artigo é parte de uma pesquisa de doutorado em andamento onde os coristas
possuem problemas psicofísicos que são nocivos a saúde corporal além de interferirem
negativamente no resultado sonoro e no aprendizado da técnica vocal. Neste artigo apresentamos
uma síntese sobre a preparação vocal coral e sugerimos práticas musicorporais embasadas nas
abordagens holísticas: Técnica Alexander, Bioenergética e Tai Chi Chuan como solução para a
minimização destes problemas, bem como para a otimização do resultado sonoro.
Palavras-chave: Preparação vocal. Canto coral. Técnica Alexander. Bioenergética. Tai Chi Chuan.
Introdução
Este artigo apresenta parte da pesquisa de doutorado em andamento intitulada
“XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX” desenvolvida junto ao
Programa de Pós-Graduação em Música da XXXX, com o apoio da CAPES. O problema
central deste estudo está no fato de os coralistas apresentarem problemas psicofísicos 1, que
interferem negativamente na qualidade da saúde corporal e vocal dos mesmos alterando
inclusive, o resultado sonoro. No entanto, em sua maioria, os métodos destinados a
preparação vocal coral não apresentam soluções holísticas para a minimização destes
problemas psicofísicos focalizando somente no resultado sonoro e técnico vocal2.
Alguns autores como Araújo (2016); Costa Filho (2015); Simões (2012); Almeida
(2010a); Jordan (2005); Chan e Cruz (2001); Cheng (1999), entre outros, indicam a
necessidade da integração de movimentos corporais para a transformação do resultado sonoro,
enquanto os autores Padovani (2017), Costa Filho (2015) e Cheng (1999) tem uma
preocupação com a saúde psicofísica do cantor.
Observamos que tanto no diagnóstico, quanto em outros contextos de nossa
experiência profissional como preparadora vocal coral e maestro de coros é que a realização
dos exercícios de relaxamento e alongamento corporal dissociados da produção sonora não
são o suficiente para manter o corpo livre das tensões para o ato do canto havendo uma
necessidade de conectar os dois atos de modo consciente (Simões, 2017; Padovani,2017;
Simões, 2016; Costa Filho, 2015 e Cheng, 1999). Deste modo, o que buscamos é realizar
movimentos e posturas simultaneamente ao ato de cantar, embasados em abordagens
corporais holísticas7, como tentativa de minimizar os problemas psicofísicos e
consequentemente alcançar a otimização do resultado sonoro e do aprendizado da técnica
vocal.
1. Preparação vocal coral: contextualização
O termo preparaçaã o vocal coral (chorische stimmbildung1) foi desenvolvido na
Alemanha, apoó s a Segunda Guerra Mundial, pela cantora Frauke Haasemann (1922-
1991) e pelo regente Wihelm Ehmann (1904 -1989) (SMITH e SATALOFF, 2006, p. ix;
SILVA, 2012, p. 14-15). Na líóngua inglesa, preparaçaã o vocal estaó traduzida como voice
building for choir, muito embora, ao revisar a literatura foram encontradas refereê ncias
contendo os termos voice training e voice teacher.
A preparaçaã o vocal foi utilizada por coros, principalmente amadores, no
processo de ensino da teó cnica vocal, designando o ato de desenvolver potencialidades
vocais dos cantores, com objetivo de auxiliar o coralista a reconhecer seu próprio
instrumento, o corpo, visando desenvolver habilidades vocais de maneira consciente,
coordenando a produção vocal saudável com maior rendimento e menor esforço físico
(SILVA, 2012, p.15-18; THURMAN, 1983b, p.15).
A preparaçaã o vocal acontece em dois contextos distintos: a) durante as aulas
coletivas ou individuais de técnica vocal, para os coros que a dispõem; sendo conduzidas
1
Segundo o software babylon a traduçaã o literal do termo chorische stimmbildung significa
treinamento vocal coral, muito embora Silva (2012) tenha traduzido a expressaã o como
“educaçaã o da voz coral” ou “formaçaã o da voz coral” (SILVA, 2012, p.15).
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b) saúde vocal e corporal: consiste na busca constante pelo relaxamento consciente e pela
harmonia corporal, a fim de desenvolver a sensibilização e a consciência tanto dos
movimentos fisiológicos presentes na mecânica do canto quanto dos excessos de tensão
aplicados ao corpo no ato do canto. Este processo engloba o desenvolvimento da percepção de
si mesmo, de como o corpo de cada aluno se porta individualmente, e exige que o preparador
vocal esteja sempre atento aos padrões psicofísicos inadequados. O preparador vocal deve
agir na busca constante pela minimização destes padrões e no cuidado com todos os
segmentos do corpo, incluindo a postura corporal, mas não se limitando só a ela.
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cabeça e do pescoço projetando-os para trás e para baixo. Estes padrões influenciavam a
produção sonora deixando-o constantemente afônico e com dores no corpo (BORGES, 2010,
p. 2).
Alexander (1923, p. 55) define sua técnica como um método de “reeducação e
reajustamento consciente” da coordenação do organismo humano como um todo. O equilíbrio
entre mecanismos sensório-motores possibilita ao indivíduo manter a posição ereta com
mínimo esforço muscular. Porém, nem todos usam seu organismo de forma apropriada,
empregando enorme contração muscular para mantê-lo equilibrado.
Carrington (1970, p. 13) explica que “equilíbrio adequado e liberdade de
movimentos não são garantidos pela herança genética, mas determinados pela forma como
usamos nosso organismo” (CARRINGTON apud SANTIAGO, 2005, p. 1472).
O “uso” e o “abuso” do nosso próprio organismo consistem na maneira como nos
coordenamos e equilibramos. O ideal é que haja somente o esforço absolutamente necessário
para a realização de qualquer ação, tais como sentar, levantar, permanecer de pé etc. Para se
ter um bom uso do corpo é necessário usar a si mesmo com inteligência e consciência.
O ser humano recebe estímulos o tempo todo e temos para cada estímulo uma
resposta psicofísica que se tornam hábitos. A Técnica Alexander lida com hábitos de mau uso
do nosso organismo, que são adquiridos ao longo da vida. Porém, ela não é uma técnica
postural e não fixa modelos de como usar a si mesmo para serem replicados. Pelo contrário,
ela trabalha com o desenvolvimento da percepção sensorial do praticante, a fim de que o
mesmo perceba os seus hábitos de uso nocivos, podendo, assim, reeducar-se e reajustar-se.
Um dos elementos fundamentais da Técnica Alexander consiste no controle
primário, que estabelece a relação cabeça-pescoço-tronco. A partir de comandos e ordens que
o praticante dá a si mesmo, tais como: “Eu digo ao meu pescoço para ficar livre”, produz-se
uma atitude de “não fazer” aquilo que é habitual. Esse controle consciente do corpo
fundamenta o processo da Técnica Alexander: pensar primeiro e, após o raciocínio, colocar
em prática os meios pelos quais se deseja realizar a ação, sempre com o propósito de alcançar
o bom uso do ser psicofísico.
Para a preparação vocal, torna-se relevante aplicar os princípios da Técnica
Alexander para desenvolver a propriocepção do indivíduo, despertando a consciência corporal
na identificação de seus padrões corporais e na busca por melhores caminhos para o bom uso
de si mesmo durante o ato do canto. Dentre os autores que utilizam a Técnica Alexander no
canto coral e solista destaco Padovani (2017), Costa Filho (2015); Campos (2009).
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3.2 Bioenergética
Baseada nos princípios da terapia de William Reich (1897-1957), a Bioenergética foi
criada pelo psicanalista americano Alexander Lowen (1910-2008). A partir da observação do
seu próprio corpo e na tentativa de descoberta da sua personalidade, Lowen desenvolveu uma
terapia que busca o equilíbrio energético do corpo. A Bioenergética trabalha com diversos
aspectos corporais e mentais, desde os processos essenciais à sobrevivência do corpo, como a
respiração, até os processos mais complexos de compreensão de sentimentos e autoexpressão.
Lowen explica que “a tese fundamental da bioenergética é que corpo e mente são
funcionalmente idênticos, isto é, o que ocorre na mente reflete o que está ocorrendo no corpo,
e vice-versa (LOWEN e LOWEN, 1985).
Lowen (1982, p. 38) define a Bioenergética como:
Além desta tese fundamental, Lowen acredita que “nós somos o nosso próprio corpo”
(LOWEN, 1975, p. 47), no sentido de que tudo o que vivemos desde o nascimento até hoje,
fica armazenado em nosso corpo, resultando em bloqueios de energia: tensões, movimentos,
hábitos, conduzindo à forma como nos relacionamos com os outros e interferindo nas demais
dimensões de nossa existência.
Para Lowen, quando estamos sob tensaã o (mental, fíósica e corporal) existe uma
tendeê ncia de suspensaã o da respiraçaã o. Esta suspensaã o da respiraçaã o sufoca as emoçoã es,
reprime as sensaçoã es mentais e corporais e limitam a nossa autoexpressaã o(LOWEN,
1970 apud ROHR, 2004, p.3).
Os exercíócios bioenergeó ticos foram descritos no livro de Lowen e Lowen (1977) e
agem diretamente na sensibilizaçaã o e na conscieê ncia corporal. Seus efeitos foram
descritos por Bazilli (2010, p.16) como promoventes de melhora na autopercepçaã o, no
equilíóbrio energeó tico, na recuperaçaã o da autoexpressaã o e na quebra de couraça,
libertando o corpo das tensoã es e minimizando víócios corporais que adquirimos ao longo
dos anos. A partir disso, espera-se que a adaptaçaã o dos princíópios da Bioenergeó tica
possa auxiliar os coralistas a minimizar as tensoã es e hiperextensaã o dos joelhos, da
descompressaã o abdominal, da postura corporal e do relaxamento dos demais segmentos
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corporais como líóngua, maxilar etc. Espera-se ainda que a respiraçaã o torne-se mais
fluida, assim como a conduçaã o frasal.
4. Considerações finais
Os problemas psicofísicos mais recorrentes nos cantores do coral Canarinhos de
Itabirito apresentados neste artigo, tais como a hiperextensão dos joelhos, a projeção do
pescoço, a compressão do abdômen, dentre outros, podem ser observados em diversos coros
com idades semelhantes e/ou mais avançada, incluindo cantores solistas. Sugerimos, como a
minimização destes problemas, a implementação de movimentos e posições embasadas nas
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abordagens corporais - Técnica de Alexander, Tai Chi Chuan e Bioenergética -, integrados aos
vocalises, uma vez que, as abordagens corporais concebem o instrumento do cantor, o corpo,
como uma unidade psicofísica (corpo-mente-emoção) e favorecem o aprimoramento da
propriocepção e do desenvolvimento da consciência corporal, favorecendo assim a
minimização dos problemas de maus hábitos físicos corporais.
Esperamos que este trabalho possa contribuir para a literatura da pedagogia vocal
coral e solista e seja utilizado como referência para preparadores vocais e maestros para o
desenvolvimento de novas perspectivas para a preparação vocal coral.
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