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CÂMPUS DE ARAGUAÍNA
CURSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES EM
EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS
sujeitos que, historicamente, ainda no século XXI lutam para obter igualdade real, social e
jurídica. Nas palavras da profa. Simone Savazzoni:
de formar ética, estética e moralmente o caráter de pessoas. Nós que temos a delicada
responsabilidade de imprimir certo direcionamento nos rumos das vidas de milhares de
pessoas ao longo de nossa vida profissional, nós temos que agir com intensa
responsabilidade socioeducativa. Essa é uma missão, e já disse alhures, é um sacerdócio.
Atuar na formação do caráter de alguém é uma enorme responsabilidade e, por
isso, precisamos agir de modo seguro e com conhecimento de causa. Dominar os conceitos
de dignidade da pessoa humana, vulnerabilidade, desigualdade social, discriminação,
preconceito, racismo, homofobia, controle social, entre outros, nos ajuda a compreender o
tema dos direitos e, de modo mais amplo, dos direitos humanos e dos direitos fundamentais
no país. A nossa aulas visam proporcionar uma discussão qualificada e, cada vez, mais
especifica sobre os direitos humanos na literatura nacional e internacional.
Por que esses conceitos são importantes? Por que precisamos entender de onde
eles vêm? Será que eles têm algum caráter prático? Creio que sim. Precisamos saber a
origem desses fundamentos teóricos para aplicarmos em nosso dia-a-dia para não sermos
iludidos e realizarmos ou praticarmos atos de preconceito, discriminação e racismo,
sexismo ou qualquer outra forma de desqualificação e desigualdade social. Quando temos
clareza dos conceitos evitamos a propagação de práticas contrarias à dignidade da pessoa
humana, à cidadania e ao Estado de direito. Quando estamos seguros de nossos valores
somos incapazes de discriminar ou de violar os direitos de outras pessoas. Porque quando
não estamos seguros de nossos valores somos levados a discriminar, desvalorizar e agir
com preconceito, como argumenta a profa. Simone Savazzoni:
A partir do final dos anos 90 começaram a ser aprovadas uma série de leis com o
objetivo claro de proteger e de garantir direitos aos grupos vulneráveis da sociedade
brasileira. Esse conjunto normativo ficou conhecido como políticas públicas afirmativas,
especialmente, porque não se confundiam com as políticas assistencialistas anteriores que
acabavam criando nichos e/ou redutos eleitoreiros duramente criticados pelas novas
políticas públicas afirmativas que se propunham como conquistas decorrentes das lutas e
enfrentamentos desses grupos. Esses grupos começaram a se organizar em associações,
organizações não governamentais – ONG’S – em Organizações Civis de direito privado
sem fins lucrativos – OSCIP’s em grupos comunitários e outras diversas formas
organizativas para propor mecanismos técnicos, práticos e teóricos que garantissem os seus
direitos.
É no bojo dessas lutas e enfrentamentos que devemos compreender o
aparecimento no ordenamento jurídico brasileiro de leis como Maria da Penha, ECA, o
Estatuto do Idoso, Estatuto da Pessoa com Deficiência, as leis contra as práticas de racismo
e discriminação racial, as normas contra o homofobismo e as práticas de discriminação
contra os grupos LGBT e transexuais. Esse conjunto normativo veio também para efetivar e
concretizar os princípios fundamentais expressos na Constituição brasileira de 1988.
Podemos observar dois fenômenos importantes para compreender o protagonismo
desses grupos. Em primeiro lugar, o reconhecimento de sua situação de vulnerabilidade
tanto pelo Estado como pelos próprios sujeitos imersos em situações de vulnerabilidade.
Esse autoreconhecimento foi fundamental para detonar o segundo fenômeno, a intensa
mobilização e organização desses grupos o que, de certo modo, os fortaleceu muito ao
longo dos anos para as lutas que foram travando com os sucessivos governos brasileiros e
com os grupos conservadores da própria sociedade brasileira.
Mas, como definir ou conceituar uma pessoa ou grupo como vulnerável. O que
caracteriza uma situação de vulnerabilidade social? Os estudantes brasileiros em nossas
e racial no Brasil foi desmascarado. No final dessa nossa aula, quero sumariar um pouco do
que discutimos, fazer um breve balanço do conceitos apresentados e falar porque eles são
importantes para compreender a emergência dos direitos humanos no Brasil.
Quero ainda destacar que uma sociedade democrática respeita, protege e garante
efetivamente os direitos de todos. Somente, diante de um Estado brasileiro que realmente
promove os direitos humanos e sociais poderemos afirmar que esse é um estado
democrático. E como já destacamos há em nossas escolas algumas práticas que não podem
ser consideradas democráticas. Nem tão pouco social, jurídica e moralmente aceitáveis. Há
crianças, jovens e adolescentes bem como professores e trabalhadores da educação que tem
seus direitos humanos todos os dias ameaçados. É uma realidade dura que precisa ser
mudada, e o professor, por excelência tem o papel fundamental nesse processo de mudança.
O objetivo básico dessa nossa aula foi destacar quatro aspectos básicos do tema A
Legislação sobre Direitos Humanos no Brasil Contemporâneo: a) o surgimento dos direitos
humanos no país decorre de uma série de violações praticadas durante a ditadura militar
brasileira; b) definição dos conceitos ou noções fundamentais que dão sustentação à defesa
da importância dos direitos humanos (desigualdade social, dignidade da pessoa humana,
vulnerabilidade social, preconceito, racismo e discriminação, cidadania e Estado
Democrático de Direito); c) destacar o caráter protetivo e garantista da legislação brasileira
infraconstitucional que trata de direitos humanos e, por fim, d) apontar que a escola tem o
papel de esclarecer e auxiliar as crianças, jovens e adultos sobre a importância desses
direitos tanto para a dinâmica do processo de ensino-aprendizagem como para as próprias
vidas cotidianas dos atores envolvidos.
É evidente que o espaço para esse debate nessa Aula 1 é curto. Por isso, nas aulas
seguintes iremos aprofundando os assuntos ligeiramente trabalhados aqui, de sorte que, o
assunto cidadania que não discutimos agora, apareça mais adiante, especialmente, porque
esse também é um conceito fundamental para compreender melhor o que chamamos de
Estado Democrático de Direito e de direitos fundamentais. Assim, caro cursista espero que
gostem e aprendam alguma coisa nova nesse Módulo II, particularmente porque será a
partir desse módulo que iremos ventilando possibilidades de temas/ideias para os seus
projetos de intervenção. Até a próxima aula.
Referências:
KUCINSKI, Bernardo. O fim da Ditadura Militar. São Paulo: Contexto, 2001.
ZAVERUCHA, Jorge. Frágil Democracia: Collor, Itamar, FHC e os militares (1990-1998).
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
SKIDMORE, Thomas Edgar. De Getúlio a Castelo (1930-1964). São Paulo: Cia das Letras,
2010
SAVAZZONI, Simone de Alcântara. Preconceito, racismo e discriminação. In: Revista do
Curso de Direito da Faculdade de Humanidades e Direito, v. 12, n. 12, 2015
GUIMARÃES, Antônio Sérgio Alfredo. Preconceito racial: modo, temas e tempos. São
Paulo: Cortez, 2008.