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- "É subjetivo, não dá pra falar que todo policial vai humilhar, vai bater.
Cada abordagem é uma loteria. Às vezes, você é abordado por três policiais e
cada um pensa diferente; às vezes, você pode responder algo pra mim e eu
achar legal, mas meu parceiro não. Aí ele começa a querer te pegar nas ideias.
Te pegar na orelhada. Se ele se sentir ofendido, ele vai te bater. É a síndrome
do pequeno poder".
Questionado sobre sua opinião pela periferia ter mais indisposição com a
PM:
Duas coisas são importantes: Primeiro, quem não reagiu está vivo. Em
um carro [tinha] quatro [suspeitos], dois morreram e dois estão vivos
[porque] se entregaram. Segundo, [nos casos de] resistência seguida
de morte, a própria Polícia Militar investiga e o DHPP também
investiga. – Geraldo Alckmin, em entrevista
Ordem é polícia na rua e criminoso na cadeia. – Geraldo Alckmin, em
entrevista
O ano de 2014, três anos dentro das dinâmicas produzidas pela Lei de
Acesso à Informação, e ainda, marco histórico de 50 anos da Ditadura Civil-
Militar no Brasil os atritos entre sociedade civil e forças de segurança pública,
notadamente, a PMSP se tornam intensos. Revisitando os eventos históricos
que constam no início e no fim da Ditadura Militar o jornal UOL fez uma série de
entrevistas com ativistas e pessoas da época que fizeram o enfrentamento, ou,
tiveram companheiros e amigos que estiverem resistindo contra o levante
antidemocrático da época. Dessas entrevistam se cristalizaram relatos como o
de Cândida Guariba, neta de ex-presa política que diz: [A PM] que está aí atira
para matar. Ela não está nos defendo; ela está servindo a outros interesses.
Nos utilizando mais uma vez da análise de discurso podemos fazer alguns
breves apontamentos. Nos dois trechos citados é latente no ideário da PMSP
uma preocupação com sua imagem, mas além, no primeiro o discurso que se
coloca sorrateiramente é o de que nos é impossível olhar para o passado
dotados de um olhar que crítico que aponte as falhas cometidas o que leva, por
sua vez, à ideia de naturalização do passado, pois, ao momento era o melhor a
se fazer. Ora, não propiciando a criação de uma base crítica que reflita sobre si
mesma a corporação está sujeita a refletir os mesmos erros do passado, hoje,
mas é importante notar que se aberto ao escrutínio público sob lentes do
presente os próprios ideais de proteção e valorização da vida que estampam
materiais publicitários e educacionais da PMSP perderiam sua razão de ser o
que contribuiria para a ruína das bases morais que a corporação se sustenta.
Refletindo sobre o que foi posto vimos que é possível notar um fio
condutor que se inicia em 2011 na criação da Lei de Acesso à Informação e que
segue sendo continuamente permeado por pronunciamentos da PMSP que
acenam para o antidemocrático quando analisamos a criação de sentidos que
seus discursos põem, mas que na superfície se mostram a favor de um modelo
democrático. Essa performance de democracia exercida pela PMSP necessita
ser escrutinada, pois, não apenas valida, mas blinda atitudes antidemocráticas,
antiéticas e que envolvem a naturalização e liberalização da impunidade por
parte das forças policiais; dado que aponta essa constatação é, em 2017, por
pesquisa feita pelo jornal UOL a constatação do aumento do número de mortes
causadas por policiais e ações da PMSP que no montante geral somam valor
recorde somente encontrado em 2001.
Em 2001, para cada grupo de 100 mil habitantes brancos, menos de 200
foram presos por porte de maconha e mais de 500 negros foram encarcerados
pela mesma razão. Em 2010, a taxa de encarceramento dos brancos se manteve
estável enquanto a dos negros subiu para 700 a cada 100 mil habitantes. Posto
isso, o Brasil importou esse modelo dos EUA e em 2006 adotou a nova Lei de
Drogas, que dá o poder ao agente de segurança, muitas vezes representado
pela figura do policial, de decidir se o sujeito com porte de entorpecentes é
usuário ou traficante. Dados do Ministério da Justiça mostram que o número de
presos por tráfico de drogas no Brasil aumentou de 31.529, em 2006, para
138.366, em 2013. (BORGES, Pedro; 2017)