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CAPÍTULO I
CÁLCULO DE FLUXO DE POTÊNCIA EM SISTEMAS DE ENERGIA
1.1 INTRODUÇÃO
As injeções de potência ativa e reativa líquida em cada barra são definidas por (1) e (2)
e representadas na Figura 1.
Onde:
k k
Pkger Qkger
Pkcar Qkcar
As informações envolvendo Pkger , Pkcar , Qkger e Qkcar não são as mesmas em todas as
barras. Em algumas barras estes valores são dados do problema de FP e em outras estas
informações devem ser calculadas.
Nas barras de carga, os valores de Pkger , Pkcar , Qkger e Qkcar são completamente
conhecidos, de modo que as injeções líquidas dadas pelas equações (1) e (2) são dados do
problema. Nas barras de geração e com compensadores síncronos os valores de Qkger não
são conhecidos e precisam ser calculados pelo FP, de modo que a injeções líquidas de
potência reativa, dadas por (2), não são conhecidas nas barras de geração/compensação
síncrona.
Qk + Qksh (Vk ) = Qkger − Qkcar + Qksh (Vk ) = ∑ Qkm (Vk ,Vm ,θ k ,θ m ) (4)
m∈Ω k
Onde:
Qk
Pk
Qkm3
Pkm3 m3
m3 Qksh
A aplicação da lei de Kirchhoff em cada barra poderia ser feita de forma simples
escrevendo-se duas equações como (3) e (4) em cada barra. Neste caso, para um sistema
com um número de barras igual a nb , teríamos 2* nb equações e 2* nb incógnitas
(magnitude e fase da tensão em cada barra). Entretanto, esta construção do problema não é
física nem matematicamente possível. Vejamos algumas razões para tal fato.
total
Pger = Pcar
total
+ Pperdas (5)
Assim, é necessário que em uma determinada barra do sistema a equação (3) não seja
escrita. Esta barra é denominada de barra de referência ou slack. A barra de referência é
escolhida como uma barra de geração, e tem como objetivo básico gerar as perdas do
sistema. Assim, para esta barra não são escritas nem (3) nem (4). Duas equações são
retiradas para estas barras, portanto duas incógnitas também devem ser eliminadas. Como a
barra é de geração, a tensão Vk é fixada. Além disso, fixa-se o valor de θ k em um valor
qualquer, denominado de ângulo de referência. Em geral adota-se θ = 0 como referência,
mas qualquer valor pode ser adotado. Assim, a barra de referência é também conhecida
como barra Vθ. A tabela 2 resume os valores calculados e fornecidos (dados) em cada tipo
de barra:
Assim, para um sistema contendo nPQ barras PQ, nPV barras PV e uma barra Vθ, tem-
se a seguinte quantidade de equações e incógnitas, na aplicação da lei de Kirchhoff:
Além das equações de mismatches de potência ativa e reativa, fazem parte do problema
de FP algumas inequações, associadas às restrições nas magnitudes de tensão nas barras PQ
e às restrições nos limites de injeção de potência reativa nas barras de geração e de
referência, conforme (6) e (7) respectivamente.
O tratamento destes limites não será discutido nesta disciplina (detalhes sobre a
implementação destes limites em métodos de fluxo de potência ver capítulo 6 do livro
Monticelli et all).
Exemplo 1.1
Z1 = 4 90o
+ +
E =V α ~ V 100V
_ _ Z 2 = 3 0o
Exemplo 1.2
Dado o sistema exemplo da Figura 4, estabelecer os tipos de barra e estipular os valores que
devem ser calculados e especificados em cada barra. Escreva as equações de fluxo de carga
relacionadas ao sistema.
1 2 3 4 5
~ ~
~
Figura 4. Sistema de potência utilizado no exemplo 2.
sh
uma reatância série xkm e as susceptância shunt bkm . A impedância total do elemento série
é, portanto zkm = rkm + jxkm .
k m
zkm = rkm + jxkm
I km I mk
sh sh
jbkm jbkm
−1 rkm x
ykm = g m + jbkm = ( zkm ) = 2 2
− j 2 km 2 (8)
rkm + xkm rkm + xkm
rkm xkm
gm = 2 2
bkm = − 2 2
(9)
rkm + xkm rkm + xkm
Quando o modelo π representa uma linha de transmissão têm-se rkm e xkm positivos
(linha indutiva), o que implica em valores positivos para g km e negativos para bkm . O
sh
elemento shunt bkm é positivo, pois representa uma reatância capacitiva.
A corrente série I km , fluindo da barra k para a barra m, é formada por uma componente
série e um componente shunt, e pode ser calculada a partir das tensões terminais fasoriais
Ek e Em , utilizando o método das tensões de nó, de circuitos elétricos, conforme (10).
I km = ykm ( Ek − Em ) + jbkm
sh
Ek (10)
Ek = Vk θ k
(11)
Em = Vm θ m
I mk = ykm ( Em − Ek ) + jbkm
sh
Em (12)
Ek = Vk θ k Em = Vm θ m
k
m
E p = Vp θ p
I km p ykm I mk
1: t
Figura 6. Modelo de transformadores.
Para transformadores em fase, temos que a relação entre as magnitudes das tensões dos
nós terminais k e p do transformador ideal é dada por (13).
Vp
=a (13)
Vk
Ep Vp θ p
= =a (14)
Ek Vk θ k
I km p ykm I mk
1: a
* *
Ek I km + E p I mk =0 (15)
I km
= − a = a 180o (16)
I mk
k m
A
I km I mk
B C
I km = −aI mk
(
= − aykm Em − E p )
= − aykm ( Em − aEk )
I km = a 2 ykm Ek + ( − aykm ) Em (17)
(
I mk = ykm Em − E p )
= ykm ( Em − aEk )
I mk = ( −aykm ) Ek + ykm Em (18)
I km = A ( Ek − Em ) + Ek B
I km = ( A + B ) Ek + ( − A ) Em (19)
I mk = A ( Em − Ek ) + EmC
I mk = ( − A ) Ek + ( A + C ) Em (20)
A = aykm
B = a ( a − 1) ykm (21)
C = (1 − a ) ykm
θk −θm
Pkm ≈ (22)
xkm
Ek = Vk θ k Em = Vm θ m
k
m
E p = Vk θ k + ϕ
I km 1: t p ykm I mk
(1:1 ϕ )
Figura 9. Modelo de um transformador defasador puro.
Ep Vk θ k + ϕ
=1 ϕ = (23)
Ek Vk θ k
* *
Dividindo a relação Ek I km + E p I mk = 0 (no transformador ideal) por Ek , e utilizando a
relação (23) obtém-se:
* Ep *
I km + I mk = 0
Ek
*
I km = −1 ϕ I mk
*
*
I km
*
= −1 ϕ
I mk
I km
= −1 −ϕ = −t * (24)
I mk
( (
= −t * ykm Em − E p ))
= −t * ykm ( Em − tEk )
(
I km = ykm Ek + −t * ykm Em ) (25)
Tem-se ainda que:
(
I mk = ykm Em − E p )
= ykm ( Em − t Ek )
I mk = ( −tykm ) Ek + ykm E p (26)
(
I km = ykm + jbkm
sh
)
Ek + ( − ykm ) Em (linhas de transmissão)
I km = (a
2
km ykm ) E + ( −a y
k km km ) Em (transformador em fase) (27)
I km = ykm Ek + ( −t y ) E
*
km m (transformador defasador)
2
(
I km = akm ykm + jbkm
sh
)
Ek + −t * ykm Em ( ) (28)
Onde: t = akm ϕ km .
Repare que a expressão geral (28) se reduz às expressões específicas (27) para cada
elemento de ramo, desde que os valores de akm , ϕ km , e bkm
sh
, descritos na Figura 10, sejam
adotados.
akm = 1 akm = 1
ϕ km = 0 sh
bkm =0
sh
bkm =0
sh
bkm =0
ϕ km = 0
(
I mk = − ykm Ek + ykm + jbkm
sh
Em ) (linhas de transmissão)
De forma análoga ao que foi feito para a corrente I km , tem-se a seguinte expressão geral
para a corrente I mk :
( )
I mk = ( −tykm ) Ek + ykm + jbkm
sh
Em (30)
Onde: t = akm ϕ km .
Repare que as equações (28) não são obtidas se invertermos os índices k e m nas
equações (30). Assim, não há uma expressão geral para expressar as correntes em um ramo
k-m genérico do sistema. É necessário, portanto, que se trabalhe com os dois conjuntos de
equações, notando que a barra k das expressões (28) e (30) é a barra inicial na Figura 6 e
que a barra m é necessariamente a barra final naquela figura.
Tomando-se o cuidado de verificar a posição das barras no ramo k-m do sistema (barra
inicial ou final), as expressões (28) e (30) sintetizam as correntes em qualquer ramo do
sistema, desde que valores específicos sejam atribuídos a ϕ km , akm e bkm sh
, conforme
mostrado na Figura (10).
I km = ykm ( Ek − Em ) + jbkm
sh
Ek (31)
*
S km = Pkm + jQkm = Ek I km
Ou ainda:
*
Skm = Pkm − jQkm = Ek* I km (32)
*
Skm (
= Pkm − jQkm = Ek* ykm ( Ek − Em ) + jbkm
sh
Ek )
*
Skm = ykm Ek* Ek − ykm Ek* Em + jbkm
sh *
Ek Ek
*
Skm = ykmVk2 − ykmVkVm θ m − θ k + jbkm
sh 2
Vk
*
Skm = ykmVk2 − ykmVkVm cos (θ m − θ k ) − jykmVkVmsen (θ m − θ k ) + jbkm
sh 2
Vk
*
Skm = g kmVk2 − g kmVkVm cos (θ m − θ k ) + bkmVkVmsen (θ m − θ k ) +
jbkmVk2 − jbkmVkVm cos (θ m − θ k ) − jg kmVkVmsen (θ m − θ k ) + jbkm
sh 2
Vk
De onde temos:
(
Qkm = −Vk2 bkm + bkm
sh
)
+ VkVmbkm cos (θ k − θ m ) − VkVm g kmsen (θ k − θ m )
Ou finalmente, temos os fluxos de potência ativa e reativa em uma linha dados por (30).
Os fluxos Pmk e Qmk são obtidos de forma análoga, e dados por (34).
Substituindo-se (33) e (34) em (35), chega-se a expressão das perdas em uma linha de
transmissão, dada por (36).
(
Perdas MW = g km Vk2 + Vm2 − 2VkVm cos (θ km ) ) (36)
Perdas Mvar = −bkm
sh
( ) (
Vk2 + Vm2 − bkm Vk2 + Vm2 − 2VkVm cos (θ km ) )
As expressões (36) podem ser melhor interpretadas se utilizarmos a lei dos senos e
cossenos em um triângulo abc qualquer, que está descrita na figura 11.
β a b c
c = =
senα senβ senγ
a
α
c 2 = a 2 + b 2 − 2ab cos γ
b γ
Ek − Em
a c 2 = a 2 + b 2 − 2ab cos γ
Ek
θ km
2
c Ek − Em = Vk2 + Vm2 − 2VkVm cos θ km
b
(37)
θ km
− Em
Em
Assim, as expressões para as perdas dadas em (36) podem ser reescritas, com o auxílio
da expressão (37) conforme (38).
2
Perdas MW = g km Ek − Em
(38)
Perdas Mvar = −bkm
sh
( )
Vk2 + Vm2 − bkm Ek − Em
2
Como em sistemas de energia a linha possui reatância indutiva bkm < 0 e susceptância
sh
shunt capacitiva bkm > 0 , os valores de na expressão das “perdas” reativas possuem sinais
diferentes. Assim, temos:
2
• g km Ek − Em : perdas ôhmicas
• −bkm
sh
( )
Vk2 + Vm2 : geração de reativos nos elementos shunt.
2
• −bkm Ek − Em : perdas reativas.
Já vimos que para um transformador em fase a corrente é dada por (17) e reescrita em
(39) a seguir.
2
I km = akm ykm Ek + ( −akm ykm ) Em (39)
*
S km = Pkm − jQkm = Ek* I km (40)
* 2
Skm = Pkm − jQkm = akm ykm Ek Ek* − akm ykm Em Ek* (41)
(42)
Qkm = − ( akmVk ) ( bkm ) + ( akmVk ) Vm bkm cos (θ km ) − ( akmVk ) Vm g km sen (θ km )
2
Assim, as expressões dos fluxos de potência ativa e reativa são muito parecidas com as
expressões já calculadas para as linhas de transmissão; basta substituir Vk nas expressões
das linhas por akmVk e eliminarmos o termo shunt.
( )
I km = ykm Ek + −t * ykm Em (43)
*
Skm = Pkm − jQkm = Ek* I km (44)
*
Skm (
= Pkm − jQkm = ykm Ek Ek* − ykm Em Ek* 1 −ϕ km ) (45)
Identificando as partes real e imaginária de (45), de forma análoga ao que foi feito para o
cálculo dos fluxos na linha de transmissão, teremos os fluxos de potência ativa e reativa no
transformador defasador puro, dados por:
Assim, as expressões dos fluxos de potência ativa e reativa são muito parecidas com as
expressões já calculadas para as linhas de transmissão; basta substituir θ k nas expressões
das linhas por θ k + ϕ km e eliminarmos o termo shunt.
Expressões gerais para os fluxos de potência ativa e reativa podem ser obtidas no caso
em que se tem um transformador com defasamento ϕ km e relação de transformação akm
diferente da unidade. Esta construção pode ser obtida, colocando-se um transformador em
fase em série com um transformador defasador. Neste caso mais geral, as expressões para
os fluxos de potência ativa e reativa ficam conforme dado em (47) e (48).
(
Qkm = − ( akmVk ) bkm + bkm
sh
)
+ ( akmVk ) Vmbkm cos (θ km + ϕ km ) − ( akmVk )Vm g kmsen (θ km + ϕ km )
(47)
(
Qmk = − bkm + bkm
sh
)
Vm2 + ( akmVk ) Vm bkm cos (θ km + ϕ km ) + ( akmVk ) Vm g km sen (θ km + ϕ km )
(48)
Repare que as equações (47) não são obtidas se invertermos os índices k e m nas
equações (48). Assim, não há uma expressão geral que dê conta de expressar os fluxos de
potência ativa e reativa em um ramo genérico k-m do sistema. É necessário, portanto que se
trabalhe com os dois conjuntos de equações, notando que a barra k das expressões (47) e
(48) é a barra inicial na Figura 6 e que a barra m é necessariamente a barra final naquela
figura.
Tomando-se o cuidado de verificar a posição das barras no ramo k-m (barra inicial ou
final) do sistema, as expressões (47) e (48) sintetizam os fluxos de potência em qualquer
ramo do sistema, desde que alguns valores sejam atribuídos ϕ km , akm e bkm sh
, conforme
Figura (10).
Exemplo 1.3
y1 = − j1 y2 = − j 0.5
~ 1: t1 1: t2 ~
t1 = 0.95 t2 = 115o
m
I km
k
Ik
jbmsh I msh
I ksh jbksh
I k + I ksh = ∑ I km (49)
m∈Ωk
( 2
I km = akm ykm + jbkm
sh
) (
Ek + −t * ykm Em ) onde: t = akm ϕ km ( 50)
⎛ ⎞
I k = ⎜ jbksh + ∑ akm
⎜
2
(ykm + jbkm
sh
) ⎟⎟ E + ∑ ( −t y ) E
k
*
km m (51)
⎝ m∈Ωk ⎠ m∈Ωk
Por outro lado, para uma barra genérica barra m ligada à barra k pode-se escrever o
balanço de corrente dado por (52).
I m + I msh = ∑ I mk (52)
k∈Ωm
⎛ ⎞
Im = ∑ ( −t ykm )Ek + ⎜⎜ jbmsh + ∑ ( ykm + jbkmsh ) ⎟⎟ Em (53)
k∈Ωm ⎝ k∈Ωm ⎠
Comparando-se as expressões (51) e (53) verifica-se que não existe uma expressão
genérica que possa exprimir a injeção de corrente em uma barra l qualquer do sistema. Se a
barra l é inicial (Figura 6), então a expressão para a injeção de corrente I l deve ser
calculada utilizando-se a expressão (51), fazendo-se k = l , e obtendo (54).
⎛ ⎞
I l = ⎜ jblsh + ∑ alm
⎜
2
(ylm + jblm
sh
) ⎟⎟ E + ∑ ( −t y ) E
l
*
lm m (54)
⎝ m∈Ωl ⎠ m∈Ωl
Entretanto, se l é final (Figura 6), então a expressão para a injeção de corrente I l deve
ser calculada utilizando-se a expressão (53), fazendo-se m = l , e obtendo:
⎛ ⎞
Il = ∑ ( −t ykl )Ek + ⎜⎜ jblsh + ∑ ( ykl + jbklsh ) ⎟⎟ El (55)
k∈Ωl ⎝ k∈Ωl ⎠
⎛ ⎞
⎜ (
I l = ⎜ jblsh + ∑ ylm + jblm
sh
) ⎟⎟ E + ∑ ( −t y
l lm )Em (56)
⎝ m∈Ωl ⎠ m∈Ωl
Veja que as expressões (54) e (56) não são idênticas, isto é, o cálculo da injeção de
corrente em uma barra depende do tipo do ramo (linha, transformador em fase ou
defasador). Entretanto, se o ramo é uma linha de transmissão ( akm = 1 e ϕ km = 0 ), as
expressões são idênticas. Para transformadores em fase e defasadores, é preciso saber como
é o modelo do transformador, e de que lado da relação de transformação a barra se
encontra, sendo possíveis duas expressões para a injeção de corrente, quais sejam (54) e
(56).
Pode-se entretanto escrever (54) e (56), pela equação geral da injeção de corrente (57),
que é aplicável a cada uma das nb barras do sistema.
⎛ ⎞
⎜ (
I l = ⎜ jblsh + ∑ α lm ylm + jblm
sh
) ⎟⎟ E + ∑ ( β
l lm ylm )Em l = 1" nb (57)
⎝ m∈Ωl ⎠ m∈Ωl
Onde:
⎧⎪alm
2
: se l é uma barra inicial.
α lm = ⎨
⎪⎩1 : se l é uma barra final.
⎛ ⎞
( )
I1 = ⎜ jb1sh + ∑ α1m y1m + jb1shm ⎟ E1 + ∑ ( β1m y1m ) Em
⎜ ⎟
⎝ m∈Ω 1 ⎠ m∈Ω 1
⎛ ⎞
( )
I 2 = ⎜ jb2sh + ∑ α 2 m y2 m + jb2shm ⎟ E2 + ∑ ( β 2 m y2 m ) Em
⎜ ⎟
⎝ m∈Ω 2 ⎠ m∈Ω 2
#
(58)
⎛ ⎞
⎜
(
I k = ⎜ jbksh + ∑ α km ykm + jbkm
sh
) ⎟ Ek + ∑ ( β km ykm ) Em
⎟
⎝ m∈Ω k ⎠ m∈Ω k
#
⎛ ⎞
I nb = ⎜ jbnb
⎜
sh
(
+ ∑ α nb m ynb m + jbnb
sh
m ) ⎟⎟ E
nb + ∑ ( β nb m ynb m ) Em
⎝ m∈Ω nb ⎠ m∈Ω nb
I = Y*E (59)
Onde:
Ykm = ( β km ykm )
∑ (α km ykm + jbkmsh )
(60)
Ykk = jbksh +
m∈Ω k
Onde:
⎧⎪ akm
2
: se k é uma barra inicial.
α km = ⎨
⎪⎩1 : se k é uma barra final
⎪⎧−t * : se k é uma barra inicial.
β km = ⎨
⎪⎩−t : se k é uma barra final.
t = akm ϕ km
Para as posições k − m em que não existe uma ligação física (ramo), temos ykm = 0 e o
elemento da matriz Ykm também se anula. Como uma barra se conecta com poucas outras
barras do sistema, a matriz possui uma grande quantidade de elementos nulos e, por isso, é
altamente esparsa. Note-se que, se o elemento existente entre as barras k − m for uma linha
de transmissão, teremos akm = 1 e ϕ km = 0 . Assim, as mesmas atribuições de valores
discutidas na Figura (10) são válidas para os elementos de ramo. Note-se ainda que a matriz
admitância obtida em estudos de faltas em sistemas de energia (na disciplina de SEP I) é
um caso particular desta matriz. De fato, se fizermos akm = 1 e ϕ km = 0 (linha de
transmissão) teremos a matriz com a qual trabalhávamos na disciplina de SEP I.
I k = Ykk Ek + ∑ Ykm Em
m∈Ω k
Ik = ∑ Ykm Em (61)
m∈K
⎛ ⎞
( )
S k* = Pk − jQk = Vk −θ k ⎜ ∑ ( Gkm + jBkm ) Vm θ m
⎜ m∈K ( ) ⎟⎟ (64)
⎝ ⎠
Exemplo 1. 4
Dado o sistema de potência, mostrado na Figura 13, construir a matriz admitância de barra
e escrever as equações de mismatches associadas ao sistema.
1.6.1 Linearização
Sejam os fluxos de potência ativa Pkm e Pmk em uma linha de transmissão, conforme
descritos pelas equações (33) e (34) e reescritos em (67).
Verificou-se ainda que as perdas em uma linha de transmissão são dadas por (36),
sendo reescritas em (68).
(
Perdas MW = g km Vk2 + Vm2 − 2VkVm cos (θ km ) ) (68)
. V ≅V ≅1
k m
. senθ ≅ θkm km
(70)
. b ≅ − x1
km
km
As aproximações são razoáveis em alta tensão, pois neste caso: as tensões estão sempre
muito próximas de 1 pu; as diferenças angulares estão sempre muito próximas de zero
radiano, de forma que os valores dos ângulos e seus senos se confundem; para justificar a
terceira aproximação, é conveniente lembrar que a susceptância é dada por (71).
xkm
bkm ≅ − (71)
2
rkm + xkm
2
Se for adotado em (71) que xkm rkm , obtém-se o valor de bkm aproximado, dado em
(70). Esta aproximação é tanto mais verdadeira quanto maior for o nível de tensão, sendo
que para sistemas de distribuição em baixa tensão a aproximação se torna grosseira e não
pode ser utilizada.
θ km θk −θm
Pkm = = (72)
xkm xkm
Esta equação tem a mesma forma da lei de Ohm aplicada a um resistor percorrido por
corrente contínua, onde se adotam a analogias mostradas na Figura 14.
rkm xkm
ikm Pkm
Vk Vm θk θm
Vk − Vm θ km θk −θm
ikm = Pkm = =
rkm xkm xkm
Figura 15. Analogia entre o modelo de fluxo de carga linearizado e a lei de Ohm
aplicada a um resistor percorrido por corrente contínua.
Por esta analogia com um circuito CC, o modelo linearizado é também conhecido como
modelo de fluxo de potência CC.
θ km θk −θm
Pkm = akm = akm (74)
xkm xkm
sen(θ km + ϕ km )
Pkm = (76)
xkm
θ km + ϕ km
Pkm = (77)
xkm
k θk θm
θ p = θ k + ϕ km m
p
ϕ km θ km + ϕ km
Pkm =
xkm
k θk θm
m
xkm
ϕ
− km ϕ km
xkm
θ km xkm
xkm
θ km
Pk = ∑ xkm
( k = 1" nb ) (78)
m∈Ω k
θk θm
Pk = ∑ xkm
− ∑ xkm
( k = 1" nb ) (79)
m∈Ω k m∈Ω k
A equação (79) pode ser escrita para cada uma das nb barras do sistema, ou seja, pode-
se escrever o sistema de equações lineares (80).
θ1 θm
P1 = ∑ x1m
− ∑ x1m
m∈Ω1 m∈Ω1
θ2 θm
P2 = ∑ x2 m
− ∑ x2 m
m∈Ω 2 m∈Ω 2
#
(80)
θk θm
Pk = ∑ xkm
− ∑ xkm
m∈Ω k m∈Ω k
#
θ nb θm
Pnb = ∑ xnb m
− ∑ xnb m
m∈Ω nb m∈Ω nb
P = B′θ (81)
em que:
θ : vetor de ângulos das tensões;
P : vetor de injeções líquidas de potência ativa;
B′ : matriz do tipo admitância nodal, cujos elementos são dados por (82).
1
B′km = −
xkm
(82)
1
B′kk = ∑ xkm
m∈Ωk
Exemplo 1.5
A relação P = B′θ pode ser interpretada como o modelo de uma rede de resistores
alimentada por fontes de corrente contínua, em que P é o vetor das injeções de corrente e
θ é o vetor das tensões nodais, e B′ é a matriz admitância (condutância) nodal. Assim,
todas as propriedades válidas para circuitos CC podem ser utilizadas para facilitar o
entendimento do modelo linearizado da rede de transmissão.
′′
x23
x12
′
x23
P1
P2 ϕ 23 ϕ 23
− P3
′
x23 ′
x23
k Vk = 1 Vm = 1
m
zkm = jxkm
~
Pkm
A expressão do fluxo de potência ativa é dada por (83) e expressa na Figura 19. Este
modelo é também denominado de CA.
sen (θ km )
Pkm = (83)
xkm
A expressão do fluxo linearizado é dada por (72) e também é fornecida na Figura 19.
Pkm Modelo CC
P2
Modelo CA
P1
θ km
Pkm
k
restante do
barra slack sistema
Pkliq
Figura 20. Barra slack e vizinhança em que os fluxos Pkm podem apresentar erros.
As razões para o aumento destes erros são consideradas a seguir. Sabemos que o
balanço de potência ativa total é dado pela equação (83).
ger
Ptotal − Ptotal
car
= Pperdas
nb nb
∑ Pi ger − ∑ Picar = Pperdas (83)
i =1 i =1
i =1
nb
∑ Piliq = Pperdas (84)
i =1
nb
Pkliq + ∑ Piliq = Pperdas
i =1
i≠k
nb
Pkliq = Pperdas − ∑ Piliq (85)
i =1
i≠k
Prestante
Assim, a barra k de referência é responsável por gerar as perdas totais do sistema menos
a somatória dos balanços líquidos de potência ativa nas barras restantes do sistema
( Prestante ). Para os modelos linearizados as perdas totais do sistema Pperdas são desprezadas,
conforme estudado nas seções anteriores. Se essas perdas representarem um valor muito
elevado, se comparado com os termos restantes ( Prestante ), a injeção líquida de potência
ativa Pkliq terá um erro muito significativo. Da expressão (86) obtida do balanço de
potência na barra de referência da figura 20, conclui-se que esse erro também será muito
grande para os fluxos de potência Pkm que saem da barra de referência.
Nesta seção será apresentada uma maneira aproximada, e com custo computacional
baixo, de se incluir o efeito das perdas de transmissão no modelo CC. Seja mais uma vez a
expressão da injeção de potência ativa reescrita em (87), onde agora a barra k passa a ser
uma barra genérica do sistema (não necessariamente a barra de referência).
.G km = − g km
.G kk = ∑ g km (89)
m∈Ωk
.B km =
1
xkm
1
Pk = ∑ (1 − cosθ km ) gkm + ∑ xkm
senθ km (90)
m ∈Ωk m ∈ Ωk
Se as série dos senos e cossenos, conhecidas do cálculo diferencial, forem truncadas até
os seu termos de segunda ordem, chega-se a (91).
x 2 x 4 x6
cos ( x ) = 1 − + − +" x2
2! 4! 6! cos ( x ) ≅ 1 −
2! (91)
x3 x5 x 7 sen ( x ) = x
sen ( x ) = x − + − + "
3! 5! 7!
⎛ ⎛ θ km 2 ⎞⎞
θ km
Pk = ∑ ⎜ 1 − ⎜⎜ 1 − ⎟⎟ ⎟⎟ g km + ∑
⎜ 2 ⎠⎠ m ∈Ωk xkm
m ∈Ωk ⎝ ⎝
1 θ
Pk − ∑
2 m ∈ Ωk
g kmθ km
2
= ∑ km (92)
m ∈ Ωk xkm
(
Pkmperdas = g km Vk2 + Vm2 − 2VkVm cos (θ km ) ) (93)
Pkmperdas = g kmθ km
2
(94)
Portanto, o lado esquerdo de (92) é dado pela injeção líquida de potência ativa na barra
k menos a metade das perdas ativas de todas as linhas adjacentes a esta barra. Ou seja, o
efeito das perdas pode ser representado aproximadamente como cargas adicionais obtidas
dividindo-se as perdas de cada linha do sistema entre suas barras terminais (metade para
cada lado). Assim, o modelo CC passa a assumir a forma dada em (95).
O modelo dado em (95) é obtido do modelo original, mas são introduzidas injeções de
potência líquidas negativas adicionais (cargas), que representam as perdas em cada ramo do
sistema.
P perdas
g kmθˆkm
2
k ∑ 2
m∈Ωk
g mlθˆml
2
m ∑ 2
l∈Ωm
Exemplo 1.6
Seja o sistema mostrado na Figura 23 onde todos os dados aparecem em pu. Resolver o
fluxo de carga CC do sistema, utilizando a barra 1 como referência e a representação
aproximada das perdas, conforme discutido no algoritmo da Figura 21.
P1 = 1.5 P2 = −0.5
z12 = 1/ 3 + j1 3
P3 = −1.0
CAPÍTULO II
CÁLCULO DE FLUXO DE POTÊNCIA - ALGORITMOS BÁSICOS DE
SOLUÇÃO
2.1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo, o problema original não linear será novamente abordado e técnicas de
solução destes problemas serão discutidas, onde se destacam o método de Newton e os
métodos desacoplados.
Mostrou-se no capítulo 1 que o sistema não-linear escrito conforme (2), para todas as
nb barras do sistema, não tem representação física coerente.
Pkesp − Pk = 0 ou ∆Pk ( x ) = 0
(2)
Qkesp − Qk = 0 ou ∆Qk ( x ) = 0
k =1, ,nb
Foram descritas duas alterações no conjunto de equações (2) de forma a contornar tais
problemas, quais sejam:
Mostrou-se ainda que, escrito desta forma, o sistema de equações que determina o
estado do sistema de potência possui a mesmo número de equações e incógnitas, tornando-
se possível a sua solução. Com esta formulação, o problema de determinação dos fluxos e
injeções de potências nas barras pode ser dividido em duas etapas, conforme descrito na
seção a seguir.
Nesta etapa são especificados os valores de Pkesp e Qkesp , nas barras PQ, Pkesp e Vkesp
nas barras PV e Vkesp e θ kesp , na barra de referência. São incógnitas do problema, portanto,
as tensões Vk nas barras PQ e os ângulos das barras PQ e PV. Temos, portanto o conjunto
de equações mostrado em (3).
∆Pk ( x ) = 0
para as barras PQ e PV
(3)
∆Qk ( x ) = 0
para as barras PQ
Incógnitas Equações
PQ
i V2 ∆P2 ( x ) = 0
i θ2 ∆Q2 ( x ) = 0
2
i θ3 PV ∆P3 ( x ) = 0
i V4 slack
i θ4 ∆P4 ( x ) = 0
+ 3
1 PQ ∆Q4 ( x ) = 0
5 incógnitas
5 equações
4
Assim, nas barras de referência são calculados as injeções de potência ativa Pk e reativa
Qk , de modo que os balanços de potência ativa e reativa sejam também respeitados; nas
barras de geração são calculadas as injeções Qk , de modo a respeitar o balanço reativo.
Tem-se então o conjunto de equações mostrado em (4).
Seja uma função de uma única variável g ( x ) derivável até a primeira ordem,
onde x ∈ ℜ1 e g : ℜ1 → ℜ1 . No caso unidimensional busca-se o valor x* para o qual se tem
g ( x ) = 0 . Graficamente este ponto corresponde ao valor de x em que a função cruza o eixo
x. O método de Newton consiste basicamente em fazer aproximações sucessivas da função
g ( x ) no entorno de pontos xk , que vão sendo gerados a partir de um ponto inicial x0
estabelecido. As aproximações são feitas utilizando-se a série de Taylor desta função, no
entorno dos pontos xk , conforme (5).
g ′′ ( xk )( x − xk ) g n ( xk )( x − xk )
2 n
g ( xk ) + g ′ ( xk )( x − xk ) + + + (5)
2! n!
g ( xk ) + g ′ ( xk )( x − xk ) (6)
g ( xk ) + g ′ ( xk )( xk +1 − xk ) = 0 (7)
De onde:
g ( xk )
( xk +1 − xk ) = −
g ′ ( xk )
Ou ainda, tem-se (8).
g ( xk )
xk +1 = xk − (8)
g ′ ( xk )
A expressão (6) nos fornece uma expressão para calcular, de forma sucessiva, a
seqüência de pontos { xk } que deverá conduzir à solução x* , conforme mostrado na Figura
2.
linearização
g ( x) g ( xk ) + g ′ ( xk )( x − xk )
g ( xk )
linearização
g ( xk +1 )
x*
xk + 2 xk +1 xk
Figura 2. Método de Newton para cálculo de zeros de uma função de uma variável.
Exemplo 2.1
g ( xk )
xk +1 = xk −
g ′ ( xk )
Seja agora um conjunto de n funções gi ( x ) , cada uma dela sendo função de n variáveis
xi i =1 n ,. Este conjunto de funções pode ser escrito vetorialmente por g ( x ) . Assim,
x ∈ ℜ e g : ℜn → ℜn . Supõe-se que g ( x ) é derivável até a primeira ordem, o que implica
n
Neste caso busca-se um vetor x* que anula cada um das funções gi ( x ) , ou seja, busca-
se g ( x ) = 0 . O método de Newton para sistemas lineares consiste basicamente em fazer
aproximações sucessivas das funções gi ( x ) no entorno de pontos x k , que vão sendo
gerados a partir de um ponto inicial x0 estabelecido. As aproximações são feitas utilizando-
se a série de Taylor para funções de várias variáveis, no entorno dos pontos x k , conforme
(9).
g ( x k ) + J ( x k )( x − x k ) (9)
Também neste caso a série de Taylor (9) é truncada no termo de primeira ordem, o que
corresponde a linearizar cada uma das funções gi ( x ) no entorno do ponto x k . De forma
análoga ao método de Newton para o caso unidimensional, o novo ponto x k +1 , é obtido
fazendo (9) passar pelo ponto x = 0 , conforme mostrado em (10).
g ( x k ) + J ( x k )( x k +1 − x k ) = 0 (10)
J ( x k )( x k +1 − x k ) = −g ( x k )
( xk +1 − xk ) = − ( J ( xk ) )
−1
g ( xk )
x k +1 = x k − ( J ( x k ) ) g ( x k )
−1
(12)
A expressão (12) nos fornece uma expressão para calcular, de forma sucessiva, a
seqüência de pontos {x k } que deverá conduzir à solução x* . Utilizando (12), os pontos
{xk } são sucessivamente calculados até que o valor de cada uma das funções
gi ( x k ) i = 1 n seja tão pequeno quanto desejável. Assim, o algoritmo geral do método
de Newton para sistemas não lineares fica conforme mostrado na Figura 4.
Exemplo 2.2
⎧ x12 + x2 − x3 = 0
⎪⎪
⎨ x1 + x22 − x3 = 0
⎪x + x2 − x3 = 0
⎪⎩ 1
∆x = − ( J ( x k ) ) g ( x k )
−1
x k +1 = x k + ∆x
⎡ ∆Pk ( x ) = 0 ⎤
⎢ para as barras PQ e PV
⎥ (13)
⎢ ∆Q ( x ) = 0 ⎥
⎣⎢ k para as barras PQ ⎦⎥
⎡θ para as barras PQ e PV ⎤
x=⎢ ⎥ (14)
⎢ V para as barras PQ ⎥
⎣ ⎦
⎡ ∆Pk ( x ) ⎤
g (x) = ⎢ para as barras PQ e PV
⎥=0 (15)
⎢ ∆Q ( x ) ⎥
⎢⎣ k para as barras PQ ⎥⎦
Para se aplicar o método de Newton para solução de sistemas não lineares descrito na
seção 2.3.2, é necessário calcular a matriz Jacobiana conforme (16).
⎡ ∂ ( ∆P ) ∂ ( ∆P ) ⎤
⎢ para barras PQ e PV para barras PQ e PV
⎥
⎢ ∂θ para barras PQ e PV ∂V para barras PQ ⎥
J ( θ, V ) = ⎢ ⎥ (16)
⎢ ∂ ( ∆Q ) ∂ ( ∆Q ) ⎥
⎢ para barras PQ para barras PQ
⎥
⎢ ∂θ para barras PQ e PV ∂V para barras PQ ⎥
⎣ ⎦
⎡ ∂P ∂P ⎤
⎢ ∂θ ∂V ⎥
J ( θ, V ) = ⎢ ⎥ (17)
⎢ ∂Q ∂Q ⎥
⎢⎣ ∂θ ∂V ⎥⎦
v
⎡ ∂P ∂P ⎤
⎡ ∆P v ⎤ ⎢ ∂θ ∂V ⎥ ⎡ ∆θ ⎤
v
⎢ v⎥ = ⎢ ⎥ *⎢ v⎥ (18)
⎢⎣ ∆Q ⎥⎦ ⎢ ∂Q ∂Q ⎥ ⎢⎣ ∆V ⎥⎦
⎢⎣ ∂θ ∂V ⎥⎦
⎧ ∂Pk
⎪ H km = ∂θ = VkVm ( Gkmsenθ km − Bkm cosθ km )
⎪ m
H ⎨ (19)
⎪ H = ∂Pk = −V 2 B − V ∑ V ( G senθ − B cosθ )
⎪⎩ kk ∂θ k k kk k
m∈K
m km km km km
⎧ ∂Pk
⎪ N km = ∂V = Vk ( Gkm cos θ km + Bkmsenθ km )
⎪ m
N ⎨ (20)
⎪ N = ∂Pk = V G + ∑ V ( G cosθ + B senθ )
⎪⎩ kk ∂Vk k kk
m∈K
m km km km km
⎧ ∂Q k
⎪ M km = ∂θ = −VkVm ( Gkm cosθ km + Bkmsenθ km )
⎪ m
M ⎨ (21)
∂ Q
⎪M = k
= −Vk2Gkk + Vk ∑ Vm ( Gkm cosθ km + Bkmsenθ km )
⎪⎩ kk ∂θk m∈K
⎧ ∂Q k
⎪ Lkm = ∂V = Vk ( Gkmsenθ km − Bkm cosθ km )
⎪ m
L ⎨ (22)
∂Q
⎪L = k
= −Vk Bkk + ∑ Vm ( Gkmsenθ km − Bkm cosθ km )
⎪⎩ kk ∂Vk m∈K
H kk = −Vk2 Bkk − Qk
(
N kk = Vk−1 Pk + Vk2Gkk )
(23)
M kk = −Vk2Gkk + Pk
(
Lkk = Vk−1 Qk − Vk2 Bkk )
Através das expressões (19)-(22) pode-se perceber que se Ykm = Gkm + Bkm for nulo
então os elementos H km , M km , N km , Lkm também serão nulos. Isso implica que as matrizes
H, N, M e L possuem as mesmas características de esparsidade da matriz Y.
1) Fazer v = 0 e escolher um ponto inicial dos ângulos das tensões das barras
PQ e PV ( θ = θ0 ), e as magnitudes das tensões das barras PQ ( V = V 0 ).
( ) ( )
2) Calcular P v V v , θv para as barras PQ e PV e Qv V v , θv para as barras PQ
( )
e determinar os mismatches ∆P v V v , θv e ∆Qv V v , θv . ( )
{ } {
3) Testar a convergência. Se max ∆Pkv ≤ ε P e max ∆Qvk ≤ ε Q o processo }
convergiu para a solução V v , θv ; caso contrário, passar para (4).
( )
4) Calcular a matriz Jacobiana J v θv , V v através das expressões (19)-(22).
⎡ ∆P v ⎤ ⎡ ∆θ v ⎤
v v v
(
⎢ v ⎥ = J θ ,V *⎢ v ⎥ )
⎣⎢ ∆Q ⎦⎥ ⎢⎣ ∆V ⎦⎥
θv +1 = θv + ∆θv
V v +1 = V v + ∆V v
7) Fazer v = v + 1 e retornar ao passo (2).
Exemplo 2.3
Seja o sistema de duas barras representado na Figura 6 e cujos dados de barra e ramo (todos
em pu) estão fornecidos nas tabelas 1 e 2 respectivamente. Utilizando o método de Newton,
resolver o problema de fluxo de potência do sistema, com tolerância de ε = 0.003 .
1 slack 2 PV
r + jx
jbsh jbsh
Exemplo 2.4
Seja o sistema de duas barras representado na Figura 7 e cujos dados de barra e ramo (todos
em pu) estão fornecidos nas tabelas 3 e 4 respectivamente. Utilizando o método de Newton,
resolver o problema de fluxo de potência do sistema, com tolerância de ε = 0.003 .
1 slack 2 PQ
r + jx
jbsh jbsh
( ) ( )
∆P v = H v θv , V v ∆θv + N v θv , V v ∆V v
∆Q v = M ( θ , V ) ∆θ
v v v v
+ L ( θ , V ) ∆V
v v v v
(24)
v +1
θ = θ + ∆θ
v v
V v +1 = V v + ∆V v
(
∆P v = H v θv , V v ∆θv ) (25)
v +1
θ = θ + ∆θ
v v
(
∆Qv = Lv θv , V v ∆V v ) (26)
v +1
V = V + ∆V
v v
Exemplo 2.5
Seja o sistema de duas barras do exemplo 2.4 representado na Figura 7 e cujos dados de
barra e ramo (todos em pu) estão fornecidos nas tabelas 3 e 4 respectivamente. Utilizando o
método desacoplado, resolver o problema de fluxo de potência do sistema, com tolerância
de ε = 0.003 .
O método desacoplado pode ser ainda aplicado em uma versão ligeiramente diferente, a
qual pode apresentar, para determinados sistemas, uma convergência ligeiramente mais
rápida que a versão anterior. Suponha uma matriz diagonal Vd , conforme (27), onde a
diagonal é representada pelas tensões das barras PQ.
⎡V1 ⎤
⎢ V2 ⎥
Vd = ⎢ ⎥ (27)
⎢ % ⎥
⎢ ⎥
⎣⎢ Vn ⎥⎦
H = VH′
(28)
L = VL′
KP = KQ = 1;
p=q=0
Calcular: ∆P p V q , θ p ( )
{ (
max ∆P p V q , θ p )} ≤ ε P ?
sim KP = 0
não
( )
Resolver: ∆P p V q , θ p = H V q , θ p ∆θ p ( )
sim
KQ = 0?
θ p +1 = θ p + ∆θ p
não
KQ = 1
Calcular: ∆Q q V q , θ p ( ) SOLUÇÃO
{
max ∆Q p V q , θ p ( )} ≤ ε Q ?
sim KQ = 0
não
( ) (
Resolver: ∆Q q V q , θ p = L V q , θ p ∆V q )
KP = 0?
p +1
sim
V = V + ∆Vp p
não
KP = 1
∆P V = H′∆θ
(30)
∆Q V = L′∆V
A formulação acima será utilizada para a dedução das equações do método desacoplado
rápido.
Nas expressões (29), podem ser introduzidas ainda algumas aproximações, conforme a
seguir:
1) cos (θ km ) = 1 ;
2) Bkm é, em magnitude, muito maior que Gkmsenθ km .
3) BkkVk2 é, em magnitude, muito maior que Qk
As aproximações (1) e (2) são válidas para sistemas de transmissão, em particular para
sistemas de EAT e UAT. Para linhas acima de 230kV a relação Bkm Gkm tem magnitude
maior que 5, podendo chegar à ordem de 20 vezes em linhas cima de 500 kV. A
aproximação (3) se baseia no fato de as reatâncias shunt (cargas, reatores, capacitores,
shunts de linha, etc.) de uma rede de transmissão serem muito maiores que as reatâncias
série (linhas e transformadores). Introduzindo as aproximações teremos as equações (31).
′ = −Vm Bkm
⎧⎪ H km
H′ ⎨
′ = −Vk Bkk
⎪⎩ H kk
(31)
⎧ Lkm′ = − Bkm
L′ ⎨
⎩ Lkk′ = − Bkk
H′ = B′
(32)
L′ = B′′
Em que a matrizes B′ e B′′ só dependem dos parâmetros da rede. Estas duas matrizes
são semelhantes à matriz B obtida de Y = G + jB , com a exceção de que em B′ não
aparecem as linhas e colunas referentes às barras slack e em não aparecem as linhas e
colunas relacionadas às barras PV e slack. Substituindo (32) em (30) temos (33)
∆P V = B′∆θ
(33)
∆Q V = B′′∆V
1
B′km = −
xkm
1
B′kk = ∑ xkm
(34)
m∈Ωk
B′′km = −B km
B′′kk = −B kk
Exemplo 2.6
Seja o sistema de duas barras do exemplo 2.4 representado na Figura 7 e cujos dados de
barra e ramo (todos em pu) estão fornecidos nas tabelas 3 e 4 respectivamente. Utilizando o
método desacoplado rápido, resolver o problema de fluxo de potência do sistema, com
tolerância de ε = 0.003 .
CAPÍTULO III
MÁQUINAS SÍNCRONAS EM SISTEMAS DE POTÊNCIA
2.1 INTRODUÇÃO
eixo d θd
estator
eixo q
c’ b
N
a a’ força
S magnetomotriz
do enrolamento
de campo
b’ c
enrolamento
de campo
rotor
Figura 9. Gerador síncrono de pólos lisos.
eixo d
a’
b
c eixo q
N c’
b’
S
a a
S
N
b’
c’ estator
c
rotor
b a’
enrolamento de campo
P N P
f = = fm (1)
2 60 2
f = freqüência elétrica em Hz
P = numero de pólos
N = velocidade do rotor em revoluções por minuto (rpm)
f m = N 60 = freqüência mecânica em revoluções por segundo (rps)
Graus elétricos são utilizados para exprimir tensão e corrente e graus mecânicos são
utilizados para expressar a posição do rotor. Em uma máquina de dois pólos os graus
elétricos e mecânicos coincidem. Em qualquer outra máquina o número de graus elétricos é
igual a P 2 vezes o número de graus mecânicos.
Mostra-se para a máquina de pólos lisos que (ver apêndice A.1 do livro Grainger) que:
ia
eixo fase a
+
va
eixo d R, Laa
_ eixo q
θd
Lab = Lba
Lac = Lca
if
o
+
f
_
v ff '
R, Lbb f´ R, Lcc
_
eixo fase b vb eixo fase c
+ vc +
ib
ic
Lbc = Lcb
• as indutâncias mútuas entre cada par de bobinas concentradas adjacentes são valores
negativos dados por − M s , sendo que:
Laf = M f cosθ d
(
Lbf = M f cos θ d − 120 o ) (4)
Lcf = M f cos(θ d − 240 )
o
A partir das considerações acima, pode-se escrever os fluxos de enlace de cada bobina,
conforme a seguir:
Na Armadura
No Campo
dθ d
ω= e θd = ω t +θd0 (8)
dt
onde θ d 0 é uma posição inicial do rotor. Substituindo as equações (17) e (21) em (20),
temos:
A expressão acima nos mostra que o fluxo enlaçando a bobina a possui duas
componentes: uma devido à própria corrente da fase a da armadura e outra devido ao
campo. Se a bobina possui uma certa resistência R, podemos escrever:
dλ a di
v a = − R ia − = − R ia − (Ls + M s ) a + ω M f I f sen (ω t + θ d 0 ) (10)
dt dt
ω MfIf
Ei = (12)
2
Veja que a força eletromotriz acima aparece mesmo quando não há corrente na fase a
da armadura. Por isso ea ' também é chamada de tensão a vazio, tensão de circuito aberto,
tensão interna da máquina ou ainda força eletromotriz gerada.
(
ea ' = 2 Ei sen ω t + δ + 90 o ) (13)
dia
v a = − R i a − ( Ls + M s ) + 2 Ei cos(ω t + δ ) (14)
dt
e
a'
ia = 2 I a cos(ω t + δ − θ a )
(
ib = 2 I b cos ω t + δ − θ a − 120 o ) (15)
ic = 2 I c cos(ω t + δ − θ a − 240 )
o
ia
+ a
R
Ls + M s
va
a’
+
ea' 0 = 2 Ei cos (ω t + δ )
_
_
0
_ _
eb' 0 +
Ls + M s + eb' 0 +
c’ Ls + M s
b’
R
R ib
vc
b
ic _
c
Figura 2. Circuito equivalente da armadura do gerador trifásico idealizado
As expressões dadas em (4) podem ser substituídas em (6) de modo que teremos:
( ( ) (
λ f = L ff I f + M f ia cosθ d + ib cos θ d − 120 o + ic cos θ d − 240 o )) (16)
Ia
ia cosθ d = {− sen (θ a ) − sen (2(ω t + δ ) − θ a )} (18)
2
(
ib cos θ d − 120 o = ) Ib
{− sen(θ a ) − sen (2(ω t + δ ) − θ a − 120 o )}
2
(19)
(
ic cos θ d − 240 o = ) Ic
{− sen(θ a ) − sen (2(ω t + δ ) − θ a − 240 o )}
2
( ) (
ia cos θ d + ib cos θ d − 120 o + ic cos θ d − 240 o = − ) 3 Ia
sen (θ a ) (20)
2
3M f I a
sen (θ a ) = L ff I f +
3
λ f = L ff I f − M f id (21)
2 2
onde:
id = − 3 I a sen (θ a ) (22)
Repare-se que a corrente id é contínua. A equação (21) também nos mostra que o fluxo
combinado das bobinas a, b e c enlaçando o campo é independente do tempo. Pode-se
interpretar este fluxo como sendo produzido por uma bobina fictícia cujo eixo é coincidente
com o eixo direto. As duas bobinas giram juntas em sincronismo e possuem uma indutância
mútua dada por 3 2 M f . Esta interpretação é mostrada na Figura 3 a seguir:
v ff ' = R f I f (24)
logo, a corrente de campo pode ser suprida por uma fonte de corrente contínua.
eixo fase a
eixo d eixo q
id
θd
indutância mútua 3 2 M f
if
+
f
_
v ff '
eixo fase c
eixo fase b f´
Repare que o ângulo da corrente foi alterado uma vez que, na prática é difícil
estabelecermos o defasamento angular com respeito a força eletromotriz ea ' interna da
máquina. Fasorialmente teríamos:
Repare que o ângulo da corrente foi alterado uma vez que, na prática é difícil
estabelecermos o defasamento angular com respeito a força eletromotriz ea ' interna da
máquina. Fasorialmente teríamos:
ia = 2 I a cos(ω t − θ )
a
+
R
Ls + M s
v a = 2 Va cos(ω t )
a’
+
ea ' 0 = 2 Ei cos(ω t + δ )
_
_
0
Ia = Ia ∠θ
jω ( L s + M s ) R
+
+
E i = E i ∠δ v a = Va = Va ∠0
_
0
Figura 5 Circuito equivalente da máquina síncrona em termos fasoriais
Ia = Ia ∠θ
jX d R
+
+
E i = E i ∠δ v a = Va = Va ∠0
_
0
Exercício 2.1
Sabendo-se que este gerador está suprindo sua carga nominal sob condições de regime
permanente, e escolhendo a base da armadura igual aos valores nominais da máquina
determine o valor da reatância síncrona e as expressões fasoriais para Va , Ia , e E i em pu.
Se a corrente de campo que produz a tensão terminal nominal sob condições de circuito
aberto vale 1640 A, determine a corrente sob as condições de operação especificadas.
recebendo potência reativa, já que o termo senθ em (28) é negativo. Neste caso, do ponto
de vista do sistema a máquina tem um comportamento indutivo.
E i
lugar geométrico de
potência constante
para Ei
jIa X d Ia X d cos θ
δ (a)
θ Ia X d senθ
Vt
Ia
Ia cos θ
Ia X d senθ
E i
jIa X d (b)
Ia X d cos θ
δ Ia
θ
Vt
Ia = Ia ∠θ
jX d R
+
+
E i = E i ∠δ v a = Va = Va ∠0
0 _
Em que o sinal positivo para o segundo termo do lado direito da equação é dado pelo
sentido da corrente (que para o motor é invertido). Para o motor a potência absorvida é
dada por:
Conclusão
Ia X d senθ
Ia
θ (a)
lugar geométrico de δ Vt
potência constante jIa X d Ia X d cos θ
para Ei
E i
Ia cos θ
Vt
θ
δ jIa X d
Ia Ia X d cos θ
E i (b)
Ia X d senθ
E i ∠δ − Vt E i ∠ − δ − Vt
Ia = ou Ia* = (33)
jX d − jX d
Portanto a potência complexa entregue pelo gerador em seus terminais é dada em (34).
V ∠ − δ − V 2
E i t t
S = P + jQ = Vt Ia* =
− jX d
(34)
E i Vt (cos δ + jsenδ ) − Vt
2
=
− jX d
Para as partes real e imaginária tem-se:
Quando trabalharmos com valores em volt para Vt e E i na equação (35) é importante
tomar cuidado pois se os valores para Vt e E i são dados por fase, é preciso considerar as
potências ativa e reativa por fase. Se trabalharmos em pu nas respectivas bases, não há
maiores problemas.
Exercício 2.2
Excitação Constante
O círculo de excitação constante possui centro em n e raio dado por n-m igual ao valor da
tensão interna E i , que pode ser mantida constante mantendo a corrente de campo constante
conforme mostra a equação (12).
Ia Constante
O círculo de corrente de armadura constante possui centro em o e raio dado por o-m
proporcional ao valor da corrente Ia . Como Vt é constante os pontos operativos deste
( )
lugar geométrico correspondem também à potência aparente fornecida Vt Ia constante do
gerador.
Capítulo III Máquinas Síncronas em Sistemas de Potência 18
(a) P constante
Q r
jIa X d
Ia X d senθ (c) Ei constante
E i
θ
(d) Ia constante indutivo
o
p
Vt P capacitivo
θ
δ
Ia
Figura 10. Diagrama fasorial criado a partir da figura 7a mostrando os lugares geométricos
através do ponto m correspondentes a: (a) potência ativa P constante; (b) potência reativa Q
constante; (c) tensão interna E i constante; (d) corrente de armadura Ia constante; (e)
ângulo θ do fator de potência constante.
A potência ativa de saída do gerador é dada por P = Vt Ia cos θ em pu. Como Vt é
constante a linha vertical m-p, a uma distância fixa de Ia X d cosθ do eixo o-n representa
o lugar geométrico de operação quando a potência P é mantida constante. Os valores em
MW gerados são sempre positivos independentemente do fator de potência.
Capítulo III Máquinas Síncronas em Sistemas de Potência 19
A potência reativa de saída do gerador é dada por Q = Vt Ia senθ em pu quando o ângulo
é definido positivo para fatores de potência indutivos. Quando Vt é constante a linha
horizontal q-m, a uma distância fixa de I X senθ do eixo o-p representa o lugar
a d
geométrico de operação quando a potência Q é mantida constante. Para fatores de potência
indutivos Q é positivo (sistema sobre-excitado - fornecendo potência reativa) e para fatores
de potência capacitivos Q é negativo (sistema sub-excitado - recebendo potência reativa).
A Figura 10 se torna mais útil quando os eixos estão em uma escala que indica os
carregamento P e Q dos geradores. Rearranjando as equações (35) teremos:
2
E i Vt senδ Vt E i Vt cos δ
P= Q+ = (36)
Xd Xd Xd
Como sen 2δ + cos 2 δ = 1 , elevando cada lado das equações (36) ao quadrado e
somando os termos, tem-se:
2
⎛ Vt ⎞⎟
2
⎛ E i Vt ⎞
2
⎜ ⎜ ⎟
P + ⎜Q + ⎟ =⎜ (37)
⎜ X d ⎟ X ⎟
⎝ ⎠ ⎝ d ⎠
centro em ⎛⎜ 0,− Vt / X d ⎞⎟ . Este círculo pode ser obtido multiplicando-se o comprimento
2
⎝ ⎠
de cada fasor da Figura 10 por Vt / X d , ou de forma equivalente, refazendo a escala do
diagrama de modo a representarmos o valor de P no eixo horizontal e Q no eixo vertical,
conforme mostrado na Figura 11.
Capítulo III Máquinas Síncronas em Sistemas de Potência 20
(a) P constante
IaVt
Vt Ia senθ EiVt
(c) constante
Xd
E iVt
θ Xd (d) Vt Ia constante indutivo
o
p
capacitivo
Potência Ativa P
2
Vt
Xd δ
2
No eixo vertical da Figura o comprimento o-n é igual a Vt / X d . Em geral adota-se
que Vt = 1 pu , e neste caso o comprimento o-n passa a valer 1 / X d pu . Portanto o
comprimento o-n é chave para estabelecermos a escala de potência ativa e reativa.
A carta de operação da máquina pode ser mais prática se limites operativos importantes
forem levados em consideração, tais como: aquecimento máximo nos enrolamentos de
campo e de armadura, limites de potência ativa do acionamento e aquecimento no núcleo
da armadura. Utilizando-se um exemplo de um turbogerador de rotor cilíndrico, com
valores nominais dados por 635MVA, 24 KV, fator de potência de 0.9 indutivo e
X d = 172.41% , será demonstrado o procedimento para a construção de um diagrama de
capacidade da Figura 12 a seguir.
Capítulo III Máquinas Síncronas em Sistemas de Potência 21
III. No exemplo temos X d = 1.72.41 , logo o-n será de 0.58 pu. A mesma escala
também se aplica ao eixo horizontal para a potência ativa.
VI. Construa o arco m-r de máxima excitação permissível utilizando o ponto n como
centro e a distância n-m como raio. Este arco circular corresponde à máxima
corrente de campo permissível. O círculo de excitação constante com raio o-n
em geral define 100% ou 1 pu de excitação, e portanto a figura 12 mostra o
limite de corrente de campo ocorrendo em 2.340 pu de excitação, ou seja,
(comprimento r-n/comprimento o-n) no eixo Q.
0.8
r
limite de aquecimento do
campo
0.6
cos θ = 0.9
m
0.4
limite de aquecimento
0.2 da armadura
+
θ
0.0
0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
_
Potência P em pu
0.2
limite de acionamento
mecânico
0.4 m’
δ
cos θ = 0.9
0.58
n
limite de sub-excitação
dinâmica do sistema torna a definição deste limite de estabilidade muito complicado de ser
calculado. Por esta razão os operadores preferem evitar a operação sub-excitada da
máquina sempre que possível.
Se a tensão terminal Vt não for 1 pu, então o valor 1 / X d dever ser substituído por
2
Vt / X d em pu conforme mostrado na Figura 11. Esta mudança altera a escala da Figura
2
12 por Vt , e portanto os valores lidos do diagrama em pu de P e Q devem ser
2
primeiramente multiplicados por Vt em pu e a seguir pela base em MVA (¨635MVA no
exemplo). Por exemplo, se a tensão terminal vale 1.05 pu então o ponto n no eixo Q da
Figura 12 corresponde ao valor 0.58 × (1.05) 2 = 0.63945 pu ou 406 MVAR.
A teoria desenvolvida para máquinas de rotores lisos, utilizada na seção anterior para
descrever o modelo equivalente por fase da máquina síncrona, tem bons resultados em
regime permanente. Entretanto para análises transitórias é necessário considerar o modelo
de dois eixos. Nesta seção é apresentado o modelo de dois eixos através das equações de
máquinas de pólos salientes, nas quais o entreferro é muito menor ao longo do eixo direto
do que ao longo do eixo em quadratura.
A máquina de pólos salientes, assim como a de pólos lisos, possui três enrolamentos
simetricamente distribuídos e um enrolamento de campo no rotor, que produz uma
distribuição senoidal de fluxo em torno do entreferro. Em ambos os tipos de máquina o
campo “enxerga”, por assim dizer, os mesmo entreferros e caminhos de magnetização no
estator, independentemente da posição do rotor. Consequentemente a auto-indutância do
enrolamento de campo L ff é constante. Além disso, ambas as máquinas possuem as
mesmas indutâncias mútuas cossenoidais Laf , Lbf e Lcf , conforme dado na equação (4).
Entretanto, durante cada revolução do rotor as auto-indutâncias dos enrolamentos estator
Laa , Lbb , Lcc e as indutâncias mútuas entre os enrolamentos do estator Lab , Lbc , Lca , não
são constantes na máquina de pólos salientes, mas dependem da posição do rotor. Os
enlaces de fluxo das fases a, b e c estão relacionados às correntes pelas indutâncias
conforme mostrado em (38).
Estas equações se parecem com as equações dadas em (5), mas em (38) todos os
coeficientes são variáveis conforme mostrado na Tabela 1.
Com estes valores variáveis as equações (38) para os enlaces de fluxo são mais difíceis
de serem usadas do que as equações para as máquinas de pólos lisos. Felizmente as
equações podem ser escritas de forma mais simples se transformarmos as variáveis do
estator em conjuntos de variáveis correspondentes relacionadas aos eixos direto,
quadratura e seqüência zero, identificadas com os subscritos d, q e 0 respectivamente. Por
exemplo as correntes do estator i a , ib , ic podem ser transformadas em três correntes
equivalentes chamadas de corrente de eixo direto i d , corrente de eixo de quadratura i q e
corrente de seqüência zero i0 . A transformação é feita pela matriz de transformação P,
chamada de matriz de transformação de Park, dada em (39).
a b c
⎡
a ⎢cos θ d (
cos θ d − 120 o ) ( ⎤
cos θ d − 240 o ⎥ )
P=
2
3
⎢
b ⎢ senθ d (
sen θ d − 120 o ) ( ⎥
sen θ d − 240 o ⎥ ) (39)
⎢ 1 1 1 ⎥
c ⎢ ⎥
⎣ 2 2 2 ⎦
⎡i d ⎤ ⎡i a ⎤ ⎡v d ⎤ ⎡v a ⎤ ⎡λ d ⎤ ⎡λ a ⎤
⎢ i ⎥ = P ⎢ i ⎥; ⎢ v ⎥ = P ⎢ v ⎥; ⎢ λ ⎥ = P ⎢λ ⎥ (40)
⎢ q⎥ ⎢ b⎥ ⎢ q⎥ ⎢ b⎥ ⎢ q⎥ ⎢ b⎥
⎢⎣ i0 ⎥⎦ ⎢⎣ic ⎥⎦ ⎢⎣ v 0 ⎥⎦ ⎢⎣ v c ⎥⎦ ⎢⎣ λ0 ⎥⎦ ⎢⎣ λc ⎥⎦
3
λ d = Ld i d + M f if
2
λ q = Lq i q (41)
λ0 = L0 i0
3
Ld = L s + M s + Lm
2
3
Lq = L s + M s − Lm (42)
2
L0 = Ls − 2 M s
Repara-se em (41) que os enlaces de fluxo do campo ainda são dados pela equação (21),
repetida aqui em (43).
3
λf = M f i d + L ff I f (43)
2
eixo fase a
eixo d eixo q
id iq
θd
R, Ld 3 R, Lq
Mf
2
if
R, L ff
+
f
_
v ff '
eixo fase c
eixo fase b f´
As equações (41) e (43) são simples de usar, uma vez que todos os seus coeficientes são
constantes. As equações de enlace de fluxo nestas equações mostram que Ld é a auto-
indutância de um enrolamento de armadura equivalente, localizado no eixo d, que gira em
sincronismo, à mesma velocidade que o enrolamento de campo, e que carrega uma corrente
Capítulo III Máquinas Síncronas em Sistemas de Potência 27
Exercício 2.3
dλ a d λb dλc
v a = − R ia − ; vb = − R ib − ; v c = − R ic − (44)
dt dt dt
dλd
v d = − R id − − ωλ q
dt
dλ q
v q = − R iq − + ωλ d (45)
dt
dλ
v 0 = − R i0 − 0
dt
Para o eixo d
λd = Ld id + kM f i f
λ f = kM f id + L ff i f
dλ d
v d = − R id − − ωλq (46)
dt
dλ f
v ff ' = R f i f +
dt
Para o eixo q
λ q = Lq i q
dλ q (47)
v q = − R iq − + ωλ d
dt
tensões aparece se o rotor está parado ω = 0 . Neste caso os circuitos do campo e do eixo d
atuariam como um transformador (estacionário); e o circuito do eixo q atuaria como uma
bobina comum.
if id
R
Rf +
+ +
kM vd
L ff ' f _
v ff ' Ld vd
_ +
ω λq _
S − vd
_ _
+
iq
+
+
v
vq _ q
Lq
+
ω λd _
S −v
_ q
_
+
(a) (b)
Figura 14. Circuito equivalente para um gerador síncrono de pólos salientes (a) com
tensões terminais v d e v q ; (b) com armadura curto-circuitada.
Exercício 2.4
CAPÍTULO IV
ESTABILIDADE EM SISTEMAS DE POTÊNCIA
3.1 INTRODUÇÃO
Distúrbio
Estabilidade de Regime
Estabilidade Transitória
consideração, uma vez que estes controles afetam o desempenho dinâmico das unidades
durante o período estendido considerado. Modelos de máquinas mais sofisticados são
necessários para analisar o comportamento dinâmico do sistema nestes casos.
Estas aproximações permitem que a álgebra fasorial seja aplicada para a solução de
redes de transmissão através de técnicas de fluxo de carga. Além disso, redes de seqüência
zero e negativa podem ser incorporadas para representar as correntes de falta. Em geral,
consideram-se faltas trifásicas equilibradas, entretanto, em certas situações, tais como
operações de disjuntores, a representação de faltas desequilibradas se faz necessária.
d 2θ m
J = Ta = Tm − Te N−m (1)
dt 2
Tm ω Tm ω
Te Te
(b)
(a)
θ m = ω sm t + δ m (2)
dθ m dδ
= ω sm + m (3)
dt dt
d 2θ m d 2δ m
= (4)
dt 2 dt 2
d 2δ m
J = Ta = Tm − Te [ N − m] (5)
dt 2
dθ m
ωm = (6)
dt
Da dinâmica elementar sabe-se que a potência é dada por torque vezes a velocidade
angular, portanto multiplicando-se (5) por ω m tem-se
d 2δ m
Jωm = Pa = Pm − P [W ] (7)
dt 2
Onde:
d 2δ m
M = Pa = Pm − Pe [W] (8)
dt 2
2H
M= S [ MJ radianos mecânicos ] (10)
ω sm
mach
2H d δ m
2
Pa P − Pe
= = m (11)
ω sm dt 2
S mach S mach
2 H d 2δ
= Pa = Pm − Pe [ pu ] (12)
ω s dt 2
Note que em (12) δ m e ω s possuem unidades consistentes, que podem ser graus
elétricos ou mecânicos ou ainda radianos elétricos ou mecânicos. H e t possuem unidades
consistentes já que MJ MVA está em unidades de tempo em segundos e Pa , Pe , Pm estão
em pu na mesma base de H. Para um sistema com uma freqüência elétrica f dada em hertz,
temos:
H d 2δ
= Pa = Pm − Pe pu (13)
πf dt 2
H d 2δ
= Pa = Pm − Pe pu (14)
180 f dt 2
2 H dω
= Pm − Pe pu (15)
ω s dt
dδ
= ω −ωs (16)
dt
O MVA base utilizado na equação (11) é a potência nominal S mach da máquina que é
introduzida na definição de H. Em geral, estudos de estabilidade envolvem mais de uma
máquina, e conseqüentemente é necessário adotar-se uma base do sistema, ao invés de
valores base individuais de cada máquina. Como cada elemento no lado direito da equação
de swing deve ser expresso na mesma base, é claro que os valores de H das máquinas
devem também ser convertidos para a mesma base. Isto é feito a partir da expressão (17) a
seguir.
S maquina
H sistema = H maquina (17)
S sistema
2.31×10−10WR 2 ( r / min )
2
H= (18)
Smaquina
Exercício 3.1
Avalie a constante H para um gerador nuclear com valores nominais 1333 MVA, 1800
r/min com WR 2 = 5820000 lb − ft 2 .
2 H1 d 2δ 1
= Pm1 − Pe1 pu
ω s dt 2
(19)
2 H 2 d 2δ 2
= Pm 2 − Pe 2 pu
ω s dt 2
2 H d 2δ
= Pm − Pe pu (20)
ω s dt 2
Exercício 3.2
G1: 500 MVA, fator de potência de 0.85, 20 KV, 3600 r/min, H 1 = 4.8 MJ/MVA
G2: 1333 MVA, fator de potência de 0.90, 22 KV, 1800 r/min, H 2 = 3.27 MJ/MVA
Máquinas que oscilam juntas são chamadas de máquinas coerentes. Nota-se que quando
ω s e δ são expressos em graus elétricos ou radianos, as equações de swing para máquinas
coerentes podem ser combinadas mesmo que as máquinas possuam velocidades nominais
diferentes.
d 2δ 1 d 2δ 2 ω s ⎛ Pm1 − Pe1 Pm 2 − Pe 2 ⎞
− = ⎜ − ⎟⎟ (21)
dt 2 dt 2 2 ⎜⎝ H 1 H2 ⎠
2 ⎛ H1 H 2 ⎞ d 2 (δ 1 −δ 2 ) Pm1 H 2 − Pm 2 H 1 Pe1 H 2 − Pe 2 H 1
⎜ ⎟ = − (22)
ω s ⎜⎝ H1 + H 2 ⎟⎠ dt 2 H1 + H 2 H1 + H 2
2 d 2δ 12
H12 = Pm12 − Pe12 (23)
ωs dt 2
A expressão (23) tem a forma de uma equação swing básica (mesma forma da
expressão (15)), sendo que:
H1H 2
H 12 =
H1 + H 2
P H − Pm 2 H1
Pm12 = m1 2 (24)
H1 + H 2
P H − Pe 2 H1
Pe12 = e1 2
H1 + H 2
Pm1 = − Pm 2 = Pm
(25)
Pe1 = − Pe 2 = Pe
Sob estas condições, tem-se que Pm12 = Pm e Pe12 = Pe e a equação (21) se reduz a
(26), que possui o mesmo formato da expressão (15) para uma única máquina.
2 d 2δ 12
H12 = Pm − Pe (26)
ωs dt 2
Como cada máquina deve ser considerada relativamente às outras máquinas do sistema,
os ângulos dos fasores de cada máquina devem ser medidos em relação a um sistema de
referência comum.
+ sistema +
E1′ de E 2′
_ _
transmissão
⎡Y Y ⎤
Ybus = ⎢ 11 12 ⎥ (27)
⎣Y21 Y22 ⎦
∑ (YknVn )
N
*
Pk + jQk = Vk (28)
n =1
Se definirmos
E1′ = E1′ ∠δ 1 E 2′ = E 2′ ∠δ 2
Y11 = G11 + jB11 Y12 = G12 + jB12 = Y12 ∠θ12
2
P1 = E1′ G11 + E1′ E 2′ Y12 cos(δ 1 − δ 2 − θ12 ) (30)
2
Q1 = − E1′ B11 + E1′ E 2′ Y12 sen (δ 1 − δ 2 − θ12 ) (31)
δ = δ1 − δ 2 (32)
π
e definindo-se o ângulo γ = θ12 − , obtém-se as equações (33) e (34).
2
2
P1 = E1′ G11 + E1′ E 2′ Y12 sen (δ − γ ) (33)
2
Q1 = − E1′ B11 + E1′ E 2′ Y12 cos(δ − γ ) (34)
A equação (33) pode ser escrita de forma mais simplificada, conforme (35).
onde
2
Pc = E1′ G11 Pmax = E1′ E 2′ Y12 (36)
Exercício 3.3
j 0.4
j 0.1
1 ∞
X d′ = 0.20 j 0.4
P
Exercício 3.4
O sistema do exercício 3.3 está operando sob as condições descritas naquele exercício,
quando uma falta trifásica ocorre no ponto P na Figura 4. Determine a equação potência-
ângulo para o sistema com a falta e a correspondente equação swing. Considere H = 5
MJ/MVA.
Exercício 3.5
A falta no sistema do exercício 3.4 é eliminada pela ação simultânea dos dois disjuntores
conectados às extremidades da linha. Determine a equação potência-ângulo para o sistema
com a falta e a correspondente equação swing para o período pós-falta.
No exemplo 3.3 anterior, vimos que o ponto operacional, sobre a curva senoidal Pe é
dado por δ = 28.44 o , no qual a potência mecânica Pm se iguala à saída de potência elétrica
Pe . Na mesma figura mostra-se que no ponto δ = 151.56 o também temos que Pe = Pm e
este ponto pode também parecer um ponto aceitável; entretanto isto não é verdade.
2 H d 2 (δ 0 −δ ∆ )
= Pm − (Pe0 − Pe∆ ) (43)
ωs dt 2
2 H d 2 (δ 0 −δ ∆ )
+ (Pmax cos δ 0 )δ ∆ = 0 (44)
ωs dt 2
dPe
Sp = = Pmax cos δ 0 (45)
dδ δ = δ
0
d 2 (δ 0 −δ ∆ ) ω s
+ S pδ ∆ = 0 (46)
dt 2 2H
A equação (46) é uma equação diferencial de segunda ordem, cuja solução depende do
sinal de S p . Quando S p é positivo, a solução de δ ∆ (t ) corresponde àquela do movimento
harmônico simples. Tal movimento é representado pela oscilação de um pêndulo, cuja
equação é dada em (47)
d 2x +ω 2x = 0 (47)
n
dt 2
Sendo que as constantes A e B são determinadas pelas condições iniciais. A solução (48) é
portanto do tipo não amortecida. Quando S p é negativo a solução δ ∆ (t ) aumenta
exponencialmente sem limites. Portanto, no exemplo 3.3 o ponto δ 0 = 28.44 o é um ponto
de equilíbrio estável, enquanto que o ponto δ 0 = 151.56 o é um ponto de equilíbrio instável,
já que S p é negativo neste ponto.
ωs
ωn = Sp (49)
2H
1 ωs
fn = Sp (50)
2π 2H
Exercício 3.6
O exercício 3.6 acima é muito importante do ponto de vista prático, já que indica a
ordem de grandeza das freqüências que podem ser superpostas à freqüência nominal de 60
Hz em grandes sistemas de potência. Quando as cargas do sistema oscilam de forma
aleatória, oscilações envolvendo freqüências da ordem de 1 HZ tendem a aparecer no
sistema, mas tais oscilações são rapidamente amortecidas pelas várias influências de
amortecimento causadas pela máquina primária, as cargas do sistema, e a máquina em si. É
interessante notar que mesmo que o sistema de transmissão nos exercícios estudados
contenha resistência, ainda assim a oscilação do rotor é harmônica e não amortecida.
Já vimos que a equação swing é intrinsecamente não linear. Soluções formais para esta
equação não podem ser obtidas de forma explícita. Mesmo em casos simples, como uma
máquina oscilando com relação a uma barramento infinito, é complicado obter soluções
literais, e assim, métodos computacionais são utilizados. Entretanto, examinar a
estabilidade de um sistema composto por duas máquinas sem que se resolva a equação
swing é possível, conforme descrito a seguir.
1 ∞
P
A B aberto
Suponha que no ponto P, próximo ao barramento, ocorre uma falta trifásica, que é
eliminada pelo disjuntor A após um curto período de tempo. Portanto o sistema de potência
não é efetivamente alterado, exceto durante o período de ocorrência da falta. O curto-
circuito causado pela falta está efetivamente na barra, e portanto a saída de potência elétrica
do gerador é nula até que a falta é eliminada. As condições físicas antes, durante e após a
falta podem ser compreendidas pela análise da curva potência ângulo da Figura 6.
d 2δ ω s
= Pm (51)
dt 2 2 H
Pmax senδ
Pm a
A4
δ0 δ max
(a)
f
d e
Pmax senδ
Pm a A2
A1
b c
δ0 δc δx δ max
(b)
d e
Pmax senδ
Pm a A3
A4
b c
δy δ0 δc δx δ max
f
(c)
Figura 6. Curvas potência-ângulo para o gerador mostrado na Figura 5. As áreas A1 e
A2 são iguais assim como as áreas A3 e A4 .
t ω
dδ ⎛ ⎞ ω
= ∫ ⎜ s Pm ⎟ dt = 2 Hs Pmt (52)
dt 0 ⎜⎝ 2 H ⎟
⎠
ωs
δ= Pmt 2 + δ 0 (53)
4H
As expressões (52) e (53) mostram que a velocidade do rotor aumenta de modo linear
em relação à velocidade síncrona, à medida que o ângulo passa de δ 0 a δ c em que a falta é
eliminada (o ângulo vai de b para c na Figura 6). No instante em que a falta é eliminada o
aumento na velocidade do rotor e o ângulo de separação entre o gerador e o barramento
infinito são dados respectivamente por (54) e (55).
dδ ωs
= Pmtc (54)
dt t = tc
2H
ωs
δ (t ) t =t = Pmtc2 + δ 0 (55)
c 4H
máquinas, pode-se utilizá-lo para compreender certos fatores que influenciam a estabilidade
transitória de um sistema.
A equação swing para a máquina é dada por:
2 H d 2δ
= Pm − Pe (56)
ω s dt 2
dδ
ωr = = ω − ωs (57)
dt
2 H dω r
= Pm − Pe (58)
ω s dt
dω r dδ
= (Pm − Pe )
H
2ω r (59)
ωs dt dt
H d (ω r2 ) dδ
= (Pm − Pe ) (60)
ω s dt dt
δ2
H
ωs
(
ω r22 − ω r21 ) = ∫ (Pm − Pe )dδ (61)
δ1
δ2
∫ (Pm − Pe )dδ =0 (62)
δ1
δc δx
∫ (Pm − Pe )dδ + ∫ (Pm − Pe )dδ + = 0 (63)
δ0 δc
Ou ainda:
δc δx
∫ (Pm − Pe )dδ = ∫ (Pe − Pm )dδ (64)
δ0 δc
A área A1 na figura 7 depende do tempo que o disjuntor leva para eliminar a falta. Se o
ângulo δ c aumentar acima de certo ângulo crítico δ cr , conforme mostrado na figura, a
máquina oscilará além do ponto δ max , além do qual a velocidade é superior à síncrona e a
aceleração é positiva (tendendo a aumentar a velocidade); Assim, se a máquina oscilar além
de δ max o ângulo δ aumentará de forma indefinida, tornando a máquina instável. O tempo
associado ao ângulo crítico δ cr é chamado de tempo crítico t cr . Logo, t cr é o intervalo de
tempo até que o disjuntor elimine a falta.
δ cr
A1 = ∫ Pm dδ = Pm (δ cr − δ 0 ) (65)
δ0
A2
Pm
A1
δ0 δ cr δ max
δ max δ max
A2 = ∫ (Pe − Pm )dδ = ∫ (Pmax sin δ − Pm )dδ (66)
δ cr δ cr
E no ponto δ max temos Pm = Pmax sen (δ 0 ) . Substituindo (67) e (68) em (66) tem-se:
ωs
δ cr = Pm t cr2 + δ 0 (70)
4H
4 H (δ cr − δ 0 )
tcr = (71)
ω s Pm
Exercício 3.7
Calcule o ângulo crítico para a eliminação da falta e o seu corresponde tempo crítico para o
sistema da Figura 5 quando o sistema é sujeito a um curto-circuito trifásico no ponto P na
linha de transmissão. As condições iniciais são as mesmas do exercício 3.3 e
H = 5MJ / MVA .
r2 Pmax senδ
r2 Pmax senδ
A2
Pm
A1
r1Pmax senδ
δ0 δ cr δ max
Figura 8. Critério da igualdade de áreas aplicado à eliminação de falta quando a potência é
transmitida durante a falta. As áreas A1 e A2 são iguais.
Antes da falta a potência elétrica transmitida é de Pe = Pmax senδ . Durante a falta temos
uma curva geral dada por Pe = r1 Pmax senδ , e após a eliminação da falta pelo disjuntor no
instante correspondente ao ângulo δ = δ cr temos a curva Pe = r2 Pmax senδ . As áreas A1 e
A2 podem ser avaliadas da mesma forma que os passos realizados anteriormente, e
chegando à expressão:
Uma solução literal para o tempo crítico não pode ser obtida neste caso. Para o caso
particular do sistema da Figura 5, temos r1 = 0 , e r2 = 1 , e a equação (72) se reduz à
equação (67).
Faltas que não sejam trifásicas envolvem alguma potência a ser transmitida para as
fases não afetadas. Tais faltas são representadas pela conexão de uma impedância (ao invés
de um curto-circuito) entre a falta e o nó de referência no diagrama de impedância de
seqüência positiva. Quanto maior a impedância utilizada (na representação da falta), maior
será a potência transmitida durante a falta. A quantidade de potência transmitida durante a
falta afeta o valor da área A1 . Assim, valores menores de r1 resultam em distúrbios maiores
para o sistema, e em menores quantidades de potência transmitidos durante a falta. Em
ordem crescente de severidade, (ou seja decrescente de r1 Pmax ), temos as seguintes faltas:
1. fase-terra
2. fase-fase
3. fase-fase-terra
4. trifásica
A falta fase-terra ocorre de forma mais freqüente, e as faltas trifásicas são as menos
freqüentes. Para ser completamente confiável, um sistema deve ser projetado, para
estabilidade transitória envolvendo faltas trifásicas nos piores locais, e esta em geral é a
prática das concessionárias.
Exercício 3.8
Determine o ângulo crítico de eliminação da falta trifásica descrita nos exercícios 3.4 e 3.5
quando a configuração inicial do sistema e as condições pré-faltas são descritas no exemplo
3.3.
O critério de igualdade de áreas não pode utilizado nos casos em que 3 ou mais
máquinas são representadas. Apesar de os fenômenos transitórios observados em dois
problemas serem os mesmos nos casos envolvendo muitas máquinas, a complexidade
computacional aumenta com o número de máquinas. Quando rotores de muitas máquinas
estão oscilando simultaneamente, as curvas swing refletem a presença combinada de muitas
oscilações.
Com o primeiro passo, são conhecidos os valores de potências ativas e reativas, tensões
nos terminais de cada gerador e nos barramentos de carga com todos os ângulos medidos
em, relação à barra slack. A tensão transitória interna de cada gerador é calculada por:
E = Vt + jX d′ I (73)
Cada carga é convertida em admitância constante para a terra em sua barra utilizando a
equação
PL − jQ L
YL = 2
(74)
VL
potência de cada gerador para a rede é calculado pela equação de potência ângulo. Por
exemplo, na Figura 3.9 a saída de potência do gerador 1 é dada por (75).
1 X d′ 1
5
2 X d′ 2 YL 5
4
E1′ 3 X d′ 3
Rede de
E 2′ YL 4
transmissão
E 3′
(75)
+ E1′ E3′ Y13 cos (δ13 − θ13 )
2 H i d 2δ i
= Pmi − Pei i = 1, 2,3 (76)
ω s dt 2
Exercício 3.9
4
3
1
∞
~
Gerador 1
L4
L5
2
~ Gerador 2
Exercício 3.10
A falta trifásica do exemplo anterior é eliminada pela ação simultânea dos disjuntores
localizados nos terminais da linha sob falta. Determine a equação swing para o período pós-
falta.