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Disciplina: Direito Internacional Público I

Professor: William Smith Kaku


Aluno: Volmar Correa Vieira

TRABALHO 4

TEMA: Processo de formação do Acordo de Paris (COP-21, 2015) sobre o clima

INTRODUÇÃO

As notícias abaixo foram publicadas entre 2015 e 2017, todas tratando sobre o Acordo
de Paris de 2015, um tratado internacional multilateral cuja fase final de negociações
ocorreu na 21ª Conferência das Partes (COP21) da Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), realizada de 30 de novembro a 11
de dezembro de 2015, em Paris. O objetivo deste trabalho é analisar as várias fases do
processo de formação deste acordo, tendo por base o desenvolvimento doutrinário sobre o
assunto.

1) RESUMO DAS NOTÍCIAS

I. NEGOCIAÇÃO - COP-21 (Direito Internacional)

a) NOTÍCIA: Conferência do clima termina com 'acordo histórico' contra aquecimento


global (BBC, 12/12/2015)

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151212_acordo_paris_tg_rb

Em 12 de dezembro de 2015, após duas semanas de negociações, a COP-21


(conferência do clima da ONU) terminou, em Paris, com um acordo envolvendo 195 países
e a União Europeia para reduzir as emissões de carbono e conter os efeitos do aquecimento
global. Desta vez, o combate às mudanças climáticas terá a participação tanto de países
ricos quanto de pobres. Os pontos do acordo serão revisados a cada cinco anos, para
direcionar o cumprimento da meta de temperatura e dar transparência às ações de cada
país. Os países ricos (não incluídos os emergentes) irão bancar US$ 100 bilhões por ano
em medidas de combate à mudança do clima e adaptação em países pobres. A estrutura
do Acordo foi planejada para obter o apoio dos EUA. Sendo assim, a parte obrigatória do
Acordo regulamenta a Convenção do Clima da ONU assinada em 1992 no Rio de Janeiro.
Os outros pontos são de cumprimento voluntário. Pois, um acordo com metas obrigatórias
de redução de emissões dificilmente seria aprovado pelo Senado dos EUA, que tem maioria
republicana e fortes opositores à agenda climática do presidente Barack Obama. Cada país
deverá cumprir suas metas nacionais, as INDCs, o que cada governo considera viável para
sua realidade. Ambientalistas consideram os cortes de emissões prometidos totalmente
insuficientes, embora haja uma mensagem forte de que a energia agora é limpa e os
combustíveis fósseis pertencem ao passado. Mas, se essa mensagem falhar, corre-se o
risco de chegar a 2030 numa trajetória de 3ºC. O Brasil serviu de mediador entre países
reticentes, como Índia e China. No final da conferência, aderiu à "coalizão da ambição",
países que atuaram nos bastidores por um acordo mais ambicioso. Outros integrantes do
grupo foram a União Europeia, EUA, México e Colômbia, e outros países mais pobres e
vulneráveis ao aquecimento global. A iniciativa foi das Ilhas Marshall (país ameaçado pela
elevação do nível dos oceanos). O Acordo de Paris foi o resultado de quatro anos de
negociações para a limitação das emissões de gases estufa.

II. ASSINATURA - primeiras adesões (Direito Internacional)

b) NOTÍCIA: Países assinam acordo do clima de Paris nesta sexta, na sede da ONU
(G1, 22/04/2016)

http://g1.globo.com/natureza/noticia/2016/04/paises-assinam-acordo-do-clima-de-paris-
nesta-sexta-na-sede-da-onu.html

Em 22 de abril de 2016, cerca de 150 países deverão assinar o Acordo de Paris sobre
mudanças climáticas em cerimônia na sede da ONU, em Nova York, na qual se espera a
presença de mais de 60 chefes de Estado e de governo, entre eles a brasileira Dilma
Rousseff. Nunca, a ONU tinha alcançado um número tão alto de países para a assinatura
de uma convenção internacional logo no primeiro dia da abertura. A adoção do texto coloca
fim a anos de complexas negociações. O prazo para as assinaturas será de abril de 2016
a abril de 2017. Alguns países depositarão os instrumentos de ratificação imediatamente
depois da assinatura, no próprio dia 22 de abril, enquanto outras nações irão proceder as
respectivas aprovações por seus parlamentos. O Acordo de Paris é pioneiro por atingir um
consenso global sobre a necessidade da redução das emissões de gases de efeito estufa.
Contudo, o Acordo ainda recebe críticas de cientistas. Há indeterminação sobre até quando
as emissões precisam parar de subir e começar a cair, mas reconhece o pico tem de ocorrer
logo. Um dos pontos cruciais do acordo foi o estabelecimento de um mecanismo de
compensação por perdas e danos causados por consequências da mudança climática em
atendimento às solicitações de muitos países pobres e nações-ilhas. Após a assinatura, o
acordo precisa ser submetido, a "ratificação, aceitação ou aprovação”, dependendo de cada
país. Nos Estados Unidos, onde o Congresso de maioria republicana resiste em aprovar
medidas de corte de emissão, a decisão poderá ser implementada por decreto presidencial,
portanto sem o envolvimento do legislativo. O Acordo tem uma forma jurídica híbrida para
facilitar a adesão americana e, ainda assim, implementar um documento forte.

III. REFERENDO PARLAMENTAR - na Câmara (Direito Interno brasileiro)

c) NOTÍCIA: Acordo de Paris é aprovado na Câmara dos Deputados (Portal Governo do


Brasil, 13/07/2016)

http://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2016/07/acordo-de-paris-e-aprovado-na-camara-
dos-deputados

Em 12 de julho de 2016, a Câmara dos Deputados aprovou o Acordo de Paris por


unanimidade de votos. O texto aprovado seguiu para o Senado Federal. A aprovação na
Câmara decorreu de esforço da Frente Parlamentar Ambientalista e da sociedade civil
através da campanha “Ratifica Já!”, lançada cerca de um mês antes.
IV. REFERENDO PARLAMENTAR - no Senado (Direito Interno brasileiro)

d) NOTÍCIA: Acordo de Paris sobre o Clima é aprovado pelo Plenário e vai à


promulgação (Senado Notícias, 11/08/2016)

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/08/11/acordo-de-paris-sobre-o-clima-
e-aprovado-pelo-plenario-e-vai-a-promulgacao

Em 11 de agosto de 2016, o Senado aprovou o projeto de decreto legislativo (PDS


19/2016) confirmando a adesão do Brasil ao Acordo de Paris sobre o Clima. Segundo o
senador Jorge Viana (PT-AC), que esteve na presidência da sessão, o papel do Brasil foi
fundamental para o fechamento do Acordo sobre o Clima. O documento obriga que todas
as partes realizem esforços para conter o aquecimento global, limitando-o abaixo de 2º C
em relação aos níveis pré-industriais. Entre as metas apresentadas pelo Brasil no acordo,
estão as de: i) reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 37% até 2025 (em relação
aos níveis de 2005), podendo chegar a 43% até 2030; ii) baixar em 80% o desmatamento
legal e em 100% o ilegal até 2030; e iii) restaurar 12 milhões de hectares de florestas até
2030. Para Kátia Abreu (PMDB-TO), relatora do PDS 19/2016 na CRE (Comissão de
Relações Exteriores), o cumprimento das metas, consideradas ambiciosas, é viável e
observa que: i) 60% do Brasil está preservado com vegetação nativa; ii) terras agricultáveis
estão sendo poupadas para a preservação do meio ambiente; iii) de 1977 até agora, não
aumentou muito a área para produção de alimentos, pois a produtividade (produção por
hectare) aumentou 220% graças à tecnologia desenvolvida pela Embrapa e à ampliação e
renovação do parque de máquinas e equipamentos com financiamento do governo federal;
iv) houve ampliação significativa da “área da segunda safra” (“mais produção no mesmo
chão”); v) já houve redução de 75,3% do desmatamento da Amazônia Legal; vi) graças ao
Programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), é prevista a recuperação de 15 milhões
de hectares de pastagens degradadas; e vii) com outras iniciativas, espera-se a
recuperação total de 70 milhões de hectares, onde se poderá produzir 379 milhões de
toneladas de grãos, quase o dobro da atual produção de 190 milhões de toneladas. O
projeto vai agora à promulgação.

V. RATIFICAÇÃO - depósito do instrumento de ratificação dos EUA e China


(Direito Internacional)

e) NOTÍCIA: EUA e China ratificam acordo de Paris para conter alterações climáticas
(Público, 03/09/2016)

https://www.publico.pt/2016/09/03/mundo/noticia/chima-ratifica-acordo-de-paris-para-
conter-alteracoes-climaticas-1743080

Em 3 de setembro de 2016, Barack Obama e Xi Jiping entregaram as ratificações dos


EUA e da China referentes ao Acordo de Paris ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban
Ki-moon, em Hangzhou, na China, cidade onde ocorre a reunião do G20. O objetivo dos
presidentes foi apressar as outras nações para que o acordo entrasse em vigor ainda em
2016. Obama ratificou o acordo usando o seu poder executivo, afirmando não se tratar o
Acordo de Paris de um tratado, mas de um "acordo executivo", o qual dispensa a aprovação
do Senado. A iniciativa seguiu a cooperação firmada entre os dois países em 2014, em
Pequim, para a redução das emissões de carbono. O resultado das eleições presidenciais
norte-americanas de 2016 pode por a perder este acordo. Pois, enquanto Hillary Clinton
prometeu continuar a agenda climática de Obama, Donald Trump assegurou que mudaria
tudo, questionando inclusive a fidedignidade da ciência que fundamenta as alterações
climáticas. A China ainda produz mais de 70% da sua electricidade a partir do carvão, sendo
sozinha responsável por 24% dessas emissões, promete estabilizar as suas emissões de
CO2 a partir de 2030. A China e os EUA juntos representam cerca de 38% das emissões
globais. A União Europeia, 12%. Os outros 24 países que já ratificaram o acordo, apenas
1%.

VI. RATIFICAÇÃO - sanção presidencial (Direito Interno brasileiro)

f) NOTÍCIA: Brasil ratifica Acordo de Paris para reduzir emissões de gases-estufa (O


Globo, 12/09/2016)

https://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilidade/brasil-ratifica-acordo-de-paris-para-
reduzir-emissoes-de-gases-estufa-20093780

Em 12 de setembro de 2016, o presidente Temer sancionou, em Brasília, o Decreto


Legislativo que confirma a adesão brasileira ao Acordo de Paris. Em novembro de 2016,
será publicado um esboço das medidas que o Brasil vai adotar para cumprir as metas. Os
objetivos de redução de emissões propostos pelo Brasil foram revelados dois meses antes
da Conferência em Paris (COP 21). Até o momento, 27 países já ratificaram o documento.
Após a entrada em vigor do Acordo, deverá haver revisão das metas a cada cinco anos. Na
cerimônia, Temer lamentou que a poluição do rio Tietê, lembrando de sua infância, quando
nadava em suas águas "cristalinas". O ministro das Relações Exteriores, José Serra, disse
que não há mais espaço no mundo atual para "clima-céticos". Alguns integrantes de
organizações da sociedade civil ligadas às questões climáticas, como Alfredo Sirkis, Carlos
Rittl e a organização 350.org, discursaram tecendo críticas ao Acordo por suas metas
insuficientes e à falta de vontade política para a transição dos combustíveis fósseis a uma
economia de baixo carbono.

g) NORMA: Decreto Legislativo nº 140, de 16 de agosto de 2016

http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decleg/2016/decretolegislativo-140-16-agosto-2016-
783505-publicacaooriginal-150960-pl.html

VII. RATIFICAÇÃO - depósito do instrumento brasileiro (Direito Internacional)

h) NOTÍCIA: Depósito do instrumento de ratificação do Acordo de Paris (Nota 347 do


Ministério das Relações Exteriores, 21/09/2016)

http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/notas-a-imprensa/14771-deposito-do-instrumento-de-
ratificacao-do-acordo-de-paris

Em 21 de setembro de 2016, o Presidente Temer depositou o instrumento de


ratificação do Acordo de Paris em evento promovido pelo Secretário-Geral das Nações
Unidas na sede da organização em Nova York. Este ato conclui o processo de ratificação
do Brasil e contribui para a entrada em vigor do Acordo. O Brasil participou ativamente das
negociações e promoveu a celeridade no processo doméstico de ratificação do Acordo, que
representa a importância do multilateralismo para o avanço do esforço global de combate
à mudança do clima.
VIII. RATIFICAÇÃO - entrada em vigor no mundo (Direito Internacional)

i) NOTÍCIA: Acordo de Paris entra em vigor em tempo recorde (Folha de São Paulo,
05/11/2016)

http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2016/11/1829605-acordo-de-paris-entra-em-vigor-
em-tempo-recorde.shtml

Em 4 de novembro, menos de onze meses após o término da COP21, um tempo


recorde, o acordo de Paris entrou em vigor ao atingir as duas condições para isto: obter a
ratificação de pelo menos 55 países, que representassem mais de 55% das emissões
globais de carbono. O Protocolo de Kyoto de 1997 havia levado oito anos até entrar em
vigor. Até agora, em 98 países, o documento já foi aprovado pelos parlamentos nacionais
para ter força de lei. Parte do sucesso diplomático de Paris se deveu à adoção de metas
voluntárias, em vez de a objetivos impostos, como no caso de Kyoto. Contudo, mesmo
estipulando suas próprias metas, a maioria dos países está em dificuldades para planejar
seu desenvolvimento em conformidade com as ambiciosas intenções de cortes de
emissões de carbono apresentadas à ONU, pois estes países ainda têm suas economias
fortemente baseadas em energia fóssil. O caso brasileiro não é diferente, já que o
desempenho de suas políticas ambientais vai na contramão do compromisso assumido de
reduzir 37% das emissões até 2025. Além disso, após dez anos combatendo bem o
desmatamento, o Brasil voltou a ter suas florestas ameaçadas, mesmo com a crise
econômica. Paradoxalmente, em Brasília, o mesmo Congresso que ratificou o Acordo de
Paris tenta flexibilizar o licenciamento ambiental e incentivar as termelétricas a carvão.
Segundo relatório do PNUMA, o cumprimento das metas voluntárias do Acordo de Paris
não impedirá que o aumento da temperatura projetado ao longo do século XXI atinja 3,4°C,
ocasionando danos irreversíveis para o clima. Para limitar o aumento da temperatura dentro
dos objetivos do Acordo, isto é, em até 2°C, os países precisariam aumentar sua ambição
em mais 25%.

IX. DENÚNCIA - retirada dos EUA do Acordo de Paris

j) NOTÍCIA: Trump anuncia saída dos EUA do Acordo de Paris sobre mudanças
climáticas (O Globo, 01/06/2017)

https://g1.globo.com/natureza/noticia/trump-anuncia-saida-dos-eua-do-acordo-de-paris-
sobre-mudancas-climaticas.ghtml

Em 1º de junho de 2017, o presidente Trump, dos EUA, anunciou a saída de seu país
do Acordo de Paris, prometendo negociar um novo acordo mais justo para os americanos
e interromper a implementação de tudo que for legalmente possível imediatamente. Ao
iniciar os procedimentos de retirada previstos no acordo, Trump desencadeia um longo
processo que não será concluído até novembro de 2020, mês em que concorrerá à
reeleição, garantindo que a questão se torne um grande tema de debate na próxima
campanha presidencial. A saída dos EUA, segundo maior produtor mundial de gases de
efeito estufa, pode minar o acordo. O ex-presidente Barack Obama reagiu negativamente
ao anúncio. Ele havia assinado o tratado em 2015, comprometendo seu país a reduzir em
28% a produção de gases estufa e a transferir cerca de US$ 3 bilhões para países pobres
como forma de ajudá-los a lutar contra as mudanças climáticas. Antes de ser eleito, Trump
descreveu em várias ocasiões o aquecimento global como uma enganação criada pela
China para prejudicar as empresas americanas, e anunciou que iria “cancelar” o Acordo de
Paris nos primeiros 100 dias após sua posse.

X. PROMULGAÇÃO - entrada em vigor no Brasil (Direito Interno brasileiro)

k) NOTÍCIA: Temer promulga compromisso do Brasil no Acordo de Paris (G1,


05/06/2017)

https://g1.globo.com/politica/noticia/temer-promulga-acordo-de-paris-e-amplia-parque-da-
chapada-dos-veadeiros.ghtml

Em 5 de junho de 2017, Dia Mundial do Meio Ambiente, o Presidente Michel Temer


assinou, em Brasília, o decreto que promulga o compromisso do Brasil com o Acordo de
Paris sobre mudanças climáticas, dando ao tratado força de lei no território brasileiro. No
mesmo dia, outros decretos foram assinados por Temer, três deles ampliando as áreas de
três Unidades de Conservação: o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás;
a Estação Ecológica do Taim, no Rio Grande do Sul; e a Reserva Biológica da União, no
Rio de Janeiro. E mais um outro decreto foi assinado criando o novo Parque Nacional dos
Campos Ferrujinosos, no Pará. Na cerimônia no Palácio do Planalto, o ministro do Meio
Ambiente, Sarney Filho, reiterou a sua preocupação com o anúncio do presidente Trump,
na semana anterior, sobre a saída dos Estados Unidos do acordo.

l) NORMA: Decreto nº 9.073, de 5 de junho de 2017 (Texto do Acordo de Paris em


português)

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/decreto/D9073.htm

XI. ADESÃO - outros Estados (Direito Internacional)

m) NOTÍCIA: Nicarágua se une ao Acordo de Paris e deixa apenas EUA e Síria de fora
(O Globo, 21/09/2017)

https://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilidade/nicaragua-se-une-ao-acordo-de-
paris-deixa-apenas-eua-siria-de-fora-21851263

Em Manágua, o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, anunciou que seu país irá
aderir ao Acordo de Paris em “solidariedade” aos países caribenhos, devastados por uma
temporada incomum de super furacões, e a milhares de pessoas mortas na Ásia pelas
monções. Na conferência de Paris, em 2015, a Nicarágua se recusou a assinar o pacto,
alegando que os compromissos assumidos, por serem voluntários, não seriam eficazes
para reduzir o aquecimento. Ortega tem uma opinião que se alinha com a de muitos
cientistas: este acordo não é suficiente por não haver nenhuma obrigação de se fazer o que
está sendo dito. A Nicarágua é responsável por 0,03% das emissões globais de carbono, e
agora terá que apresentar um plano para reduzi-las e adaptar o país às mudanças
climáticas. O governo já iniciou processos internos para cumprir com essas exigências.

n) NOTÍCIA: Síria adere formalmente ao acordo da ONU sobre clima (Reuters,


14/11/2017)

https://br.reuters.com/article/worldNews/idBRKBN1DE2R1-OBRWD
Em 14 de novembro de 2017, segundo informação da ONU, a Síria aderiu ao Acordo
de Paris de 2015. A Síria, abalada por uma guerra civil, e a Nicarágua eram os dois únicos
países fora do acordo de 195 países em 2015. Uma semana após anunciar sua pretensão
de adesão ao Acordo, a Síria entregou os instrumentos de acesso, cuja entrada em vigor
para o país será o dia 13 de dezembro de 2017. Segundo a agência climática da ONU, o
ano de 2017 está para se tornar o segundo ou terceiro mais quente desde o início dos
registros no século 19, atrás do recorde registrado em 2016 e cerca de 1,1º Celsius acima
da era pré-industrial.

2) TEMA ATUAL E RELEVANTE

A relevância e a atualidade do tema deste trabalho, o Acordo de Paris, não se devem


ao fato de este tratado ter recebido o maior número de adesões de todos os tempos, 195
países, ou ter entrado em vigor em tempo recorde, menos de sete meses entre a solenidade
de assinatura (22/04/2016) e a sua entrada em vigor (04/11/2016), e nem já ter 171
ratificações, menos de dois anos depois (26/12/2017). A relevância, por sua vez, pode-se
reconhecer que advém dos objetivos deste acordo relacionados à redução da queima de
combustíveis fósseis, a qual, conforme a ciência climática, é apontada, desde o século XIX,
como a principal ignitora do aquecimento global, fenômeno constatado como uma ameaça
à sobrevivência ou à qualidade de vida de todas as formas de vida no planeta, inclusive o
próprio homem. A atualidade do tema, por sua vez, se torna mais evidente quando se
observa que a base energética e a mola propulsora do processo de desenvolvimento
econômico de todos os países do mundo sempre estiveram ligadas aos combustíveis
fósseis, desde a 1ª Revolução Industrial, no século XVIII, e, de forma cada vez mais intensa,
até os dias de hoje, dando origem à maioria dos poluentes da atmosfera que causam o
aquecimento global.

3) RELAÇÕES DO TEMA COM A DISCIPLINA

O tema das notícias analisadas neste trabalho, o Acordo de Paris, se enquadra com
maior adequação no tópico da disciplina referente ao processo de formação dos tratados,
o qual envolve uma série de etapas

I. Acordo de Paris: acordo ou tratado?

A maioria dos países que assinaram o Acordo de Paris consideraram-no como um


tratado internacional, tendo em vista os procedimentos adotados para a sua ratificação,
pois envolveram a aprovação do acordo por seus respectivos parlamentos. Contudo, no
caso dos EUA, a interpretação promovida pela Administração de Barack Obama foi no
sentido de não considerá-lo como um tratado, mas como um “acordo executivo”, de forma
que, assim, bastou a aprovação presidencial, sem consulta ao legislativo, para fins de
vinculação do país ao Acordo. Para fins de análise e relação com a disciplina, o Acordo de
Paris será considerado como um tratado nas sessões seguintes.
II. Aplicação da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados entre Estados
de 1969 (CVDT)

O Acordo de Paris contou com a participação massiva de 195 Estados e de uma


organização internacional, a União Europeia. Este acordo, portanto, não está
obrigatoriamente submetido à regulação da CVDT, que se destina com caráter obrigatório
aos tratados exclusivamente entre Estados. Contudo, não é vedado que o Acordo se
submeta a tal regulação. Observe-se ainda que todos os Estados-partes da União Europeia
participam também de forma autônoma como partes do Acordo de Paris. Conforme pode-
se verificar na webpage deste acordo:

http://unfccc.int/paris_agreement/items/9444.php

III. Fases do processo de formação dos tratados

Mazuolli (2016) divide o processo de formação dos tratados solenes em quatro fases:
i) a da formação do texto (negociações, adoção, autenticação) e assinatura; ii) a da
aprovação parlamentar (referendum) por parte de cada Estado interessado em se tornar
parte no tratado; iii) a da ratificação ou adesão do texto convencional, concluída com a troca
ou depósito dos instrumentos que a consubstanciam; e iv) a da promulgação e publicação
do texto convencional na imprensa oficial do Estado.

IV. Negociação, Adoção e Reservas

A fase da negociação tem como escopo a elaboração do texto convencional, cuja


validade, segundo Husek (2017) e Accioly (2012), depende de quatro requisitos: i) a
capacidade das partes; ii) a habilitação dos agentes signatários; iii) o consentimento mútuo;
e iv) um objeto lícito e possível.

Ao final do processo de negociação, com o texto convencional pronto, sobrevém a


adoção, momento em que passam a ter validade, segundo a CVDT (1969), algumas
disposições do tratado como as que se referem às reservas. Contudo, o Acordo de Paris,
nos termos do seu artigo 27, não permitiu a feitura de reservas. Todavia, houve algumas
exclusões de territórios para fins de aplicação do Acordo, tais como: a Groenlândia, um
território da Dinamarca; e Tokelau, um território da Nova Zelândia.

V. Assinatura

A assinatura de um tratado, de regra, não obriga o Estado ao cumprimento de suas


cláusulas, pois são necessários outros procedimentos para o surgimento de tal obrigação.
Contudo ela expressa uma intenção inicial de que o Estado irá proceder às demais etapas
para que sua vinculação ao tratado se efetive.

VI. Ratificação

Ratificação, por sua vez, é o ato pelo qual a parte se torna efetivamente vinculada aos
termos do tratado em nível internacional. Este ato é diferente da “ratificação em sentido
constitucional”, porque esta é um ato interno do Estado, também denominado ad
referendum do Congresso.
4) ANÁLISE CRÍTICA

De forma semelhante ao Acordo de Paris, o Protocolo de Quioto foi também bastante


aclamado em sua época, contudo, ao passar do tempo foi percebendo-se a crescente
dimensão do seu fracasso. No caso de Paris, o ceticismo por parte da comunidade científica
e ambientalista já se fez sentir antes mesmo de sua adoção. Dentre os chefes de Estado,
o posicionamento do presidente da Nicarágua seja talvez o melhor exemplo da falta de
crença no Acordo.

Entre os principais nomes da comunidade científica climática está o de James Hansen,


o qual destaca que as metas propostas em função do Acordo não chegam nem perto das
ações realmente necessárias para barrar o aquecimento global. Para ele, este Acordo não
passa de promessas e palavras sem valor. Conforme Hansen, "enquanto os combustíveis
fósseis forem os mais baratos, continuarão sendo queimados".

Além de Hansen, desde o início da COP21 em Paris, já era reconhecido e enfatizado


por muitos, inclusive Christiana Figueres, negociadora chefe da ONU, e Corinne Le Quere,
da Universidade de East Anglia, estudiosa das emissões globais, que as promessas
oferecidas pelos países estavam muito longe de serem suficientes para manter o
aquecimento abaixo dos 2°C.

Não há obrigações. As metas de redução não foram definidas por critérios estritamente
técnicos. Apesar de ser juridicamente vinculativo, os países podem se retirar do Acordo
sem maiores consequências, desde que obedeçam os prazos para a denúncia, como fez o
Canadá em relação ao Protocolo de Quioto.

Para barrar o aquecimento global, há décadas apontado como uma grande ameaça,
já deveria ter se processado em escala mundial uma grande revolução tecnológica,
econômica, cultural e social. Sugestões mais radicais nunca faltaram. Thomas Malthus
(1766-1834) já apontava há mais de 200 anos a necessidade do controle de natalidade. A
mesma medida foi defendida, em 1968, pelo biólogo Paul Ehrlich quando publicou “The
Population Bomb” para alertar sobre os riscos do crescimento populacional exponencial. E,
durante a COP21, em 2015, o Cardeal Peter Turkson, conselheiro do papa Francisco para
questões climáticas, afirmou que a Igreja nunca se opôs ao planejamento familiar natural e
afirmou que o controle de natalidade poderia "oferecer uma solução" aos impactos das
mudanças climáticas globais.

O Brasil, por sua vez, enquanto, por uma lado, promete reduzir os desmatamentos,
por outro, não para de investir na construção de novas termelétricas. Segundo dados da
ANEEL, em 2016, entraram em operação no Brasil 68 novas usinas termelétricas, a maioria
delas a carvão. Apenas no primeiro semestre de 2017, mais 60 novas usinas termelétricas
entraram em operação. E, hoje (28/12/2017), estão em construção mais 29 novas usinas
termelétricas. As contradições das atitudes políticas e as demonstrações de hipocrisia
internacional parecem ser a grande marca da atualidade. E o Acordo de Paris parece ser
mais um exemplo disso.

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