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08/05/2018 Empoderamento: Serve para quem?

- Geledés

Empoderamento: Serve para quem?


Data: 08/05/2018 Categoria: Mulher Negra

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O conceito de empoderamento, aparece pela primeira vez nos estudos sobre feminismo, no
final dos anos 70, na literatura interseccional nos Estados Unidos. Na definição em
inglês empowerment, é o acesso de pessoas aos espaços de poder, afim de que elas possam
tomar decisões nas esferas de direção e mudança, impactando a vida de outras pessoas, que
continuam na posição de subalternas. É refluxo das lutas por direitos civis, e do processo de
inclusão das minorias politicas nos altos cargos das corporações norte americanas.

por Jaque Conceição no Coletivo Di Jeje

Quando esse conceito, é incorporado as lutas sociais, propõe-se a inclusão de mulheres negras,
por exemplo, nas esferas de decisão politicas dos espaços coletivos. Acreditamos, que o
melhor exemplo, foi a Condoleezza Rice, Chefe de Estado Norte Americano durante o
Governo Bush: uma mulher negra, norte americana, cujo ancestrais foram levados para aquele
país, para compor mão de obra escrava, se tornou a 66º Chefe de Estado da maior nação do
mundo. Nesse mesmo período, houve um corte brusco nas politicas sociais de bem estar
social, cujo grande público são as mulheres negras de grandes cidades como Detroit, Atlanda,
Los Angeles, Nova Iorque e Chicago.
Como podemos explicar essa equação? Ao invés de haver uma melhora quantitativa e
qualitativa da condição de vida das mulheres negras, uma vez que uma mulher negra ocupava
o segundo posto mais importante do governo norte americano, houve uma piora substancial
dessa qualidade de vida: individuos isolados não mudam estruturas, mesmo quando acessam
esferas de poder.
A mudança das estruturas acontecem, quando a base se movimenta. Na sociedade moderna de
base capitalista, no ocidente, quem é a base da estrutura? As mulheres negras. São as mulheres
negras que compõe a base da pirâmide social, ocupando os piores rankings no que diz respeito
aos dados sociais econômicos e de violência. Baixa escolaridade, alto nível de desemprego,
vulnerabilidade familiar e comunitária, exposição sistemática a violência domeética, sexual e
econômica. Adoecimento mental, exclusão social e solidão afetiva.
Se colocarmos a realidade social numa balança, vamos observar que o empoderamento das
mulheres negras, é o que menos faz peso no equilibrio, pois se trata de uma saída econômica e
individual (se posso consumir, posso decidir), ao passo que a condição histórica, em que as
mulheres negras foram moldadas, é o que de fato, pesa e influência a realidade.
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08/05/2018 Empoderamento: Serve para quem? - Geledés

Só teremos uma saída viável, quando nos organizarmos de maneira coletiva, politíca e
sistemática: temos que pensar e refletir sobre o lugar histórico e cultural que nos colocaram
enquanto mulheres negras, e qual o impacto desse lugar para nossa organização econômica, e
portanto, nossas possibilidades de existência e também de resistência.
Temos que ter espaço, tempo e condições de refletirmos sobre nossa existência e realidade, a
partir de nossas vivências e experiências ao longo de nossas vidas, dentro e fora dos circulos
de poder como a politica e a universidade.
A apropriação que a burguesia fez do termo empoderamento, tornando ele como algo positivo,
e portanto passivel de ser incorporado como uma identidade, demonstra o quão nocivo e
segregador ele é: aqueles que controlam os processos produtivos, fomentam em nos
identidades que mantém as relações de poder da mesma maneira, inalterável.
Sobre isso, Borges no seu artigo “Uma possível interpretação psicanalítica sobre o fenômeno
das identidades positivas” (2016, no prelo), nos aponta que:
“…Remédios afirmativos agiriam por meio de reformas no interior das estruturas, operando
no sentido de legitimar seus desníveis intrínsecos através de políticas que garantissem aos
grupos oprimidos uma assitência especial e diferenciada; o conteúdo das identidades
desvalorizadas e das classes permaneceria intacto e tais políticas promoveriam sua inclusão
através de um encaixe do que já está estabelecido.” (pp:9)
Ou seja: o empoderamento é uma saída prática para o capitalismo, de incluir na aparência,
mas manter a sua essência de exclusão, que é sua base primordial. Inclui-se pontualmente
mulheres negras, que representam o modelo identitário que o sistema privilegia, modelo esse
de sucesso profissional, poder econômico aquisitivo, jovialidade, magreza e
pseudointelectualidade; ao passo que esse mesmo sistema, continua criando estratégias de
precarização e até mesmo erradicação da vida das mulheres negras, como a reforma
trabalhista brasileira e a política de combate as drogas, cujas principais vitimas são as
mulheres negras, pois tais ações, incidem diretamente nas condições de trabalho e vida dessas
mulheres.
Esse, é um debate que precisamos realizar: o empoderamento serve para quem?
Referências:
BORGES, Mariana Toledo. Uma possível interpretação psicanalitica sobre o fenômeno das
identidades positivas. UFSC. No prelo.
DAVIS, Angela. The Color of Violence Against Women. 2000. Disponível em
https://www.colorlines.com/articles/color-violence-against-women
RODRIGUES, Claudia Heloisa Ribeiro. Empowerment: ciclo de implementação, dimensões e
tipologia.Gest. Prod. vol.8 no.3 São Carlos Dec. 2001. Disponível em
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-530X2001000300003

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