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RESUMO: O artigo pretende justificar por meio de exemplos práticos e revisão literária PALAVRAS-CHAVE:
a presença de um psicopedagogo em cada Unidade Escolar (U.E.), ou outra instituição psicopedagogia institucional,
políticas educacionais e avaliação
onde haja o preceito de ensino aprendizagem, os exemplos práticos foram levantados psicopedagógica.
pela observação direta de salas de aula onde funcionam o Programa Intensivo de
Ciclo (PIC) em uma U.E. da rede estadual de ensino na cidade de Piracicaba e também
pela entrevista dos professores responsáveis pelas tais salas. Na teoria buscou-se KEYWORDS:
argumentação que desse respaldo a intenção primeira em teóricos, leis e projetos de institutional psychopedagogy,
leis que circulam por algumas câmaras legislativas do país, em especial a do estado de education politics and
psychopedagogy evaluation.
São Paulo, foi feito ainda um breve levantamento histórico das políticas educacionais
voltadas a sanar os problemas relacionados ao fracasso escolar, principalmente na rede
pública do estado. A princípio baseando-se nas informações levantadas a presença
de um Psicopedagogo no âmbito escolar se faz necessário na intenção de atenuar os
problemas ligados ao fracasso escolar.
ABSTRACT: The article intends to justify through practical examples and literary revision
the presence of a psychoeducator in each School Unit (S.U.), or other institution where
there is the precept of teaching learning, the practical examples were lifted up for the
direct observation of classrooms where working the Intensive Program of Cycle (IPC)
in an S.U. of the state net of teaching in the city of Piracicaba and also for the responsible
teachers’ interview for the such rooms. In the theory argument was looked for that of
that backrest the first intention in theoretical, laws and projects of laws that circulate
for some legislative cameras of the country, especially the one of the state of São Paulo,
it was still made a brief historical rising of the education politics cured the problems
related to the school failure again, mainly in the public net of the state. At first basing
on the lifted information the presence of a Psychoeducator in the school extent it is
done necessary in the intention of lessening the linked problems to the school failure.
Artigo Original
Recebido em: 11/08/2011
Avaliado em: 17/09/2011
Publicado em: 30/05/2014
Publicação
Anhanguera Educacional Ltda.
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Correspondência
Sistema Anhanguera de
Revistas Eletrônicas - SARE
rc.ipade@anhanguera.com
1. INTRODUÇÃO
A idéia inicial foi estabelecer os parâmetros essenciais para o diagnóstico psicopedagógico,
feito por um psicopedagogo institucional, no intuito de tornar a existência deste profissional
do dia-a-dia da unidade escolar, mais compreensível para aqueles que ainda não se deram
conta da nova realidade da educação deve estar atenta a pluralidade. Entre outros profissionais
este é um caminho facilitador na solução de problemas em instituições de ensino, ou em
qualquer outra onde exista algum tipo de ensino, que obviamente é passível de surgirem
problemas no processo de aprendizado, alvo central da prática psicopedagógica.
Para cumprirmos o objetivo inicial, utilizamos as teorias de Sánchez-Cano & Bonals
(2008) e Gazineu (2007), estes autores falam amplamente sobre o papel e a postura do
Psicopedagogo Institucional ou ainda Assessor Institucional, como se refere o primeiro
teórico. Segundo eles é evidente que um profissional desta natureza deve, antes de qualquer
coisa, estar intimamente relacionado ao processo ensino-aprendizagem, interessado no
desenvolvimento “escolar” do aluno. Com relação à postura do psicopedagogo, deve ser
de mediação, entre o surgimento de um problema e as possíveis respostas de solução, além
de sistematizar avaliações das ações, no intuito de discutir com os envolvidos possíveis
correções, até o momento da “alta”, onde tutor e tutorado estejam autônomos em suas
condutas. É relevante lembrar que principalmente Sánchez-Cano & Bonals (2008), definem
bem o momento em que o caso deve ser encaminhado a outro especialista para que o
entendimento possa ser mais amplo e consequentemente a intervenção mais eficaz.
Os autores deixam muito claro que o papel do psicopedagogo institucional é
efetivamente relacionado ao que ocorre dentro da instituição, parece redundante, mas é
valioso reforçar esta condição. O psicopedagogo tem acesso as mais diferentes relações
dentro de uma instituição educacional, apesar de estar mais atento naquelas em que exista
o processo de ensino aprendizado, algumas outras demandas chegam ao seu conhecimento.
Pela própria característica peculiar destes profissionais de serem bons ouvintes, muitos outros
problemas, demanda (queixa), surgem a partir das relações interpessoais do professor com
algum membro do corpo gestor, ou qualquer outra área, onde a atuação do psicopedagogo
deve estar atenta da relevância daquela demanda para o processo ensino aprendizagem.
(SÁNCHES CANO & BONALS, 2008).
Além da revisão bibliográfica foram realizadas entrevistas e observações em uma
Unidade Escolar da rede pública de São Paulo em Piracicaba, durante a implantação do
Programa Intensivo de Ciclo (PIC). Procuramos argumentos da realidade escolar para
justificar a necessidade da presença de um Psicopedagogo neste ambiente dando, aos
demais profissionais, maior comodidade e segurança no fazer pedagógico ou de outras
áreas da instituição. Esta parte do trabalho durou de fevereiro de 2009 até o final do primeiro
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bimestre de 2010, no dia 30 de maio sendo esta uma parte importantíssima, inclusive para se
compreender melhor a teoria contida neste artigo.
A não resolução do problema, fracasso escolar e distorção idade-série, apesar das
muitas políticas educacionais adotadas desde 1996, quando se passou a tratar tais problemas
como de responsabilidade do sistema educacional. E sendo o Programa Intensivo de Ciclo
(PIC), mais uma destas políticas, este se torna passível de analise de seu desempenho, uma
vez que aparentemente não traz nada de novo se comparada a ações anteriores. Mais uma
vez foi previsto de maneira sistematizada e clara a atuação de uma comissão interdisciplinar
na resolução dos possíveis problemas decorrentes do processo educativo, ou ainda sócio-
psicológico que necessitaria não só do psicopedagogo, mas também de psicólogo e assistente
social. (PLE, 2009)
Procuraremos então analisar o PIC, do ponto de vista da psicopedagogia institucional,
e por meio desta, justificar a presença deste profissional especializado, diariamente na
escola, afim de que os referidos problemas possam ser tratados sistematicamente. Para
tanto deverá ser feita uma conceituação teórica desta área do conhecimento e um breve
levantamento de sua justificativa legal no estado de São Paulo, alem da analise de fatos
ocorridos na prática coletados por observação ou entrevistas de uma Unidade Escolar da
rede estadual em Piracicaba.
2. CONCEITUAÇÃO
Segundo Sanchéz-Cano & Bonals (2008), a avaliação psicopedagógica é uma ferramenta
para tomar decisões que melhorem a resposta educacional do aluno ou grupo de alunos,
mas também para promover mudanças do contexto escolar e/ou familiar. Sendo assim
muitos cuidados são necessários, pois uma ação de mudança mal programada pode ser
desastrosa, principalmente quando se tratar de mudanças no âmbito profissional. No que
tange a formação continuada de professores, que é responsabilidade do estado oportunizar,
que na escola é representado pelo corpo gestor e este pela coordenação pedagógica da
unidade.
Os autores ainda afirmam que já no inicio da avaliação, os avaliados devem tomar
consciência de todo o processo, neste ponto se aproximam de Vygotsky, caso o grupo
avaliado não se relacionar com todo o processo desde o início, no momento da intervenção,
eles poderão se encontrar estanques às novas informações. De fato esta é uma reclamação
constante de professores da rede pública do estado de São Paulo, as mudanças vão e vem
sem grandes explicações, o que as tornam pouco confiáveis, uma vez que banaliza o processo
ensino aprendizagem o utilizando como propaganda política. Normalmente são arbitrárias,
no sentido que não são elaboradas em conjunto com os profissionais diretamente ligados
aos alunos e a realidade escolar APEOESP (2009).
v.14 • n.18 • 2011 • p. 87 - 102
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Avaliação psicopedagógica institucional e políticas educacionais
Existe outro fator importante que deve ser levado em consideração no primeiro momento
da avaliação, quando se detecta uma necessidade (queixa), nem tudo o que é suscetível de ser
avaliado na situação que se apresenta terá de ser objeto da avaliação. Priorizam-se sempre
os aspectos mais relevantes segundo a proposta, e planejam-se apenas as ações necessárias
para promover mudanças Sánchez Cano & Bonals (2008). Desta forma, podemos começar
a traçar alguns parâmetros para o esboço de um protocolo de avaliação institucional, sim,
pois o modelo propriamente dito, segundo esta teoria só poderia ser feito em uma situação
real, juntamente com os avaliados, e para que estes estejam compromissados ao trabalho,
sua relevância deve ser compreendida.
Como ainda afirma Pokorski (2009) com relevância sobre este assunto.
O psicopedagogo dentro da escola tem uma função diferente do psicopedagogo
clinico. Dentro da escola ele vai olhar para o processo de ensino aprendizagem,
trabalhando com o professor e com o aluno dentro do grupo. Ele não vai tirar o
aluno para fazer um processo terapêutico, ele vai ver como o aluno esta inserido
naquele grupo, junto com seus pares. O psicopedagogo institucional necessita deste
olhar mais amplo (POKORSKI 2001, p. 19-28).
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Fora do meio acadêmico ou entre aqueles que não atuam diretamente com os conceitos
básicos da educação, são constantes as confusões como de tratar certos termos como iguais,
principalmente na diferenciação da dificuldade do distúrbio de aprendizagem. Confusão
esclarecida assim, a dificuldade não tem uma única causa, pode ser familiar, escolar,
metodológica, não é intrínseca ao aluno, enquanto os distúrbios têm causas próprias do
aluno, Bombonato (2006).
Outros termos podem ser citados por modismo e sem a real compreensão de
seu significado, cabe ao psicopedagogo refletir mais uma vez sobre o processo ensino
aprendizagem, uma vez na instituição, ele não pode dar atenção apenas ao aluno, mas
também aos envolvidos neste processo. Pois o processo educacional, escolar principalmente,
é uma corrente que como tal seus elos devem estar em bom funcionamento para que os
demais cumpram seu papel. O psicopedagogo se vê em constante aprendizado em meio à
estas relações institucionais em seus diversos níveis.
Aprender para conhecer supõe, antes de tudo, aprender a aprender, exercitando a
atenção, a memória e o pensamento. O processo de aprendizagem do conhecimento
nunca está acabado, e pode enriquecer-se com qualquer experiência. A educação
primária pode ser considerada bem sucedida se conseguir transmitir às pessoas o
impulso e as bases que façam com que continuem a aprender ao longo de toda vida,
tanto na escola com fora dela. (DELORS, 1999, p. 12 - 26).
4. LEGISLAÇÃO RELACIONADA
Existe a lei que autoriza o Poder Executivo a implantar assistência psicológica e
psicopedagógica em todos os estabelecimentos de ensino básico público, com o objetivo de
diagnosticar e prevenir problemas de aprendizagem. A Lei nº 10.891, DE 20 DE SETEMBRO
DE 2001, deixa a cargo das secretarias municipais e da estadual de educação e órgãos
correlatos, a regulamentação deste atendimento, psicológico e psicopedagógico, o que vem
acontecendo gradativamente ao longo destes anos, na rede estadual. Há hoje Unidades
Escolares estaduais com Psicopedagogos fazendo parte do seu quadro de funcionários
atuando diretamente com os alunos, no entanto, segundo entrevista com estes profissionais
o fato de pertencerem a uma hierarquia deixa sua atuação em nível institucional limitada,
(FABRÍCIO, 2001).
Houve inclusive em 2007 o projeto de lei 442, que tinha o mesmo âmago, segundo
o parecer daquela instituição, com uma diferença básica, que deveria vir a somar com a
primeira lei citada, pois o projeto propunha que existisse em cada Unidade Escolar um
Psicólogo e um Assistente Social. Exatamente a diferença importante, a fez ser rejeitada, mas
a proposta vinha ao encontro da opinião dos próprios psicopedagogos que são unânimes em
dizer que estes três profissionais devem trabalhar diariamente na mesma escola, tratando
do mesmo caso por diferentes ângulos. Segundo eles, assim os resultados seriam muito
mais a contento e a educação ganharia muito, uma vez que o professor seria muito melhor
auxiliado em sua tutoria, e o aluno atendido se perceberia como foco das atenções. (ALESP,
2007).
As leis estão a favor do que pensam os teóricos da área, como ressalta Nívea Fabrício
(2001), ex-presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), a aprovação da Lei
nº 10.891, de 20/09/2001, do deputado Claury Alves, veio ao encontro das aspirações dos
profissionais de psicopedagogia institucional, além de ser o reconhecimento da importância
deste profissional para a educação, para estarem junto às instituições onde existam o processo
de ensino aprendizagem, ajudando como já dito a facilitá-lo tanto para os professores e
alunos como para os gestores.
Vale ainda citar que no estado de São Paulo existiu durante algum tempo uma sala
especial, onde alunos com necessidade educacionais especiais deveriam ser atendidos
e eram ministradas por especialistas de áreas que a Unidade Escolar tivesse demanda.
Posteriormente esta sala foi convertida em salas de recurso, uma vez que legalmente os
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alunos citados deveriam ser incluídos nas salas regulares, ficaram assim voltadas a dar
apoio à inclusão a ser feita, estruturando o corpo docente, discente, gestor além das famílias
envolvidas, na prática. Muitos dos profissionais atuantes nas salas de recursos tem formação
em psicopedagogia, porém legalmente seu trabalho com discentes não pode estender aos
que estejam apresentando “apenas” dificuldade de aprendizado. (CARVALHO, 2010).
ampla e irrestrita para todos. Tendo em vista a carta magna brasileira, que coloca a educação
como um direito e sua seguridade um dever de toda sociedade, segundo o artigo 6º da
Constituição Federal, reafirmado pela lei 9394/96 Lei das Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), e também na lei 8069/90 Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Por meio de observação e de entrevista aberta realizada desde o início do ano letivo,
com as professoras da Unidade Escolar, base da pesquisa, sobre a experiência pessoal e
convivência com outros profissionais da educação, foi possível realizar algumas constatações.
As opiniões e análises críticas com relação às políticas educacionais dos professores foram
feitas por meio de suas observações durante a vida profissional, em geral, os professores
ouvidos, relatam os mesmos problemas para todas as medidas tomadas contra o fracasso
escolar, a partir dos cargos mais autos do poder público.
Desde a implantação das salas de aceleração da aprendizagem em 1996, nunca se
levou em consideração a existência de uma porcentagem de alunos dentre estes, que não
atingem o esperado para a idade e série por terem problemas que não estão ligados ao
ensino. E que suas dificuldades poderiam estar relacionadas a distúrbios e transtornos que
não lhe permitem aprender. Mas para se detectar quais eram estes alunos seria necessária a
presença constante de um psicopedagogo nas atividades diárias da Unidade Escolar.
de Avaliação de Alunos (Pisa), mostram que os alunos que conseguiram concluir o Ciclo
II do Ensino fundamental apresentavam dificuldades na leitura e compreensão de textos.
Intervindo diretamente no cotidiano das escolas e das salas de aula, o Programa Ler e Escrever
vem oferecer os instrumentos necessários para a mudança desse cenário. (CENPEC, 2009)
A idéia da implantação do PIC, é que ele seja emergencial, e sendo o Ler e Escrever
bem aplicado nas séries iniciais do ciclo l, o torne desnecessário, no entanto como veremos
mais a diante, acompanhamentos psicopedagógicos nos moldes apontados por Sánchez-
Cano & Bonals (2008) não vem sendo feitos. Portanto é possivelmente o PIC que hoje tem
caráter emergencial, venha a se tornar uma necessidade constante, pois é fato que certo
número de alunos que não demonstram acompanhar o processo educacional, seja ele qual
for. Observando o que houve historicamente com as outras medidas contra o fracasso escolar
e analisando com base no referencial teórico da avaliação psicopedagógica institucional é
possível perceber que medidas como a do PIC serão ampliadas num futuro próximo.
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Porém quando a informação chega à escola, ela está carregada pela subjetividade
daquele que a reporta aos professores, isto deveria ser um ponto positivo na construção do
conhecimento. No entanto, algumas vezes a pessoa que esta na coordenação e é responsável
pela formação continuada do professor tem certa preocupação em manter o distanciamento
de sua função para com os demais, do que trocar informações, tratando a informação como
instrumento de poder.
Ressaltemos que o acompanhamento psicopedagógico não vem sendo feito e que
as professoras do PIC, e problemas maiores surgem quando envolvem o comportamento
dos alunos. Durante as observações percebemos a desmotivação das professoras, falando
constantemente em aposentadoria. Presenciamos inclusive alguns desabafos como: “eu
estou me sentindo como gado indo pro abate, cada vez que tenho que entrar em sala”, um
deles chamou muita nossa atenção, em que a professora gritava pelos corredores da escola:
“ninguém ajuda, ninguém faz nada”, referindo-se ao comportamento de um aluno que não lhe
permitia dar aula.
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O fato é que a maneira que o corpo docente vinha sendo tratado em sua formação
continuada era, no mínimo ofensivo, por não respeitar uma diretriz básica, do conceito de
ensino aprendizagem aceito hoje em dia, “Devemos aprender a ensinar ensinando, para
podermos ensinar a aprender” (Bossa, 2000), e muitos outros antes dela disseram o mesmo,
inclusive o ex-Secretário de Educação do Estado de São Paulo, Paulo Freire, que todos
gestores dizem respeitar tanto.
Levando em consideração esta impressão geral dos professores de uma Unidade
de Ensino, vemos também que as ações do poder público com relação à educação, são
inconstantes e pontuais se mostrando ineficazes na resolução dos problemas relacionados
à evasão e ao fracasso escolar. Este tipo de atitude por parte de quem dita os rumos da
educação no estado, causa muita insegurança naqueles que deveriam ter em mente apenas
o ensino aprendizagem dos alunos. Segundo a Associação Paulista do Ensino Oficial do
Estado de São Paulo (APEOESP), as ações governamentais surgem como solução definitiva
para o problema, sempre com o argumento de que os professores são mal capacitados e
não se dedicam o suficiente na educação pública, dando assim, muita ênfase ao papel do
professor. Uma opção demonstrada neste trabalho seria disponibilizar a esses profissionais
um apoio e acompanhamento multidisciplinar, como a participação de um psicopedagogo
no dia-a-dia da Unidade Escolar.
A capacidade, dos teóricos e a relevância do arcabouço teórico que definem as
políticas educacionais é inegável, no entanto, por meio da observação da prática, devemos
ressaltar que os projetos originais não chegam às mãos dos professores. Estes ficam presos à
subjetividade de gestores que nem sempre estão preparados para compreender o âmago das
teorias abordadas, logo ao repassá-las aos que vão diretamente utilizá-las a construção do
conhecimento se torna medíocre ou não existente, pois onde não há troca, acaba existindo
imposição. A formação continuada do professor acaba assim, se tornando apenas uma
questão burocrática, perdendo-se a oportunidade impar de ensino aprendizagem entre os
profissionais da educação, o que as HTPC’s, deveriam ser.
Durante a observação no ano letivo de 2009, um exemplo deste caráter meramente
burocrático das “ordens” que chegam ao professor, foi representado por um equívoco, grave,
que demonstra a preocupação dos gestores em cumprir ordens e repassá-las. Todo o ano, nas
escolas públicas, realiza-se o dia do “Agita Galera”, que pretende por meio da motivação e
da conscientização diminuir no estado de São Paulo os índices de doenças relacionadas ao
sedentarismo da população. O “equivoco” foi detectado no material para aplicação do dia
D do programa, que chegou com um mês de atraso, dois dias antes do evento e com erros
grotescos em seu planejamento. O material era um CD com aproximadamente 20 músicas
totalizando mais de uma hora e as instruções que o acompanhavam era para que fosse
utilizado na integra, mas as atividades do dia D do Agita Galera devem ser realizadas em
apenas meia hora, respeitando as características fisiológicas do grupo envolvido.
O ano letivo de 2010 iniciou sem os equívocos ocorridos durante a implantação,
consequentemente o caminhar da professora com os alunos estava sendo muito melhor, uma
vez que a sala de aula ficou com número de alunos ainda mais reduzido, cerca de 12 alunos,
que realmente foram retidos na 4ª série. Devemos lembrar que um aluno em defasagem
idade/série, nesta série, encontra-se justamente num período maturação fisiológica
acelerada (puberdade), este também é um fator que deve ser levado em consideração, pois
especificidades são encontradas. Segundo a professora da sala, aparentemente os alunos
estão mais preparados para superar as dificuldades que vinham apresentando até hoje,
de fato o aproveitamento destes alunos até o final do 1º bimestre, em relação aos de sala
equivalente no ano passado é muito melhor. A conclusão da análise com relação ao programa
(PIC) é que ele é possível e necessário.
Porém, uma variável fora acrescentada e não tivemos tempo hábil para analisá-
la, a coordenadora pedagógica da Unidade não é a mesma desde abril de 2010, mas em
entrevista com os mesmos professores ouvidos em 2009, o trabalho está diferente e muito
mais produtivo.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pensando nas teorias abordadas, principalmente nos autores, Sanchéz-Cano & Bonals
(2008), a ação de avaliar uma instituição de ensino ou ainda uma política educacional, é
muito mais que uma ferramenta para a educação, é uma condição para que ela ocorra de
forma embasada teoricamente e consequentemente mais fácil para os envolvidos. Como na
primeira parte do livro dos referidos, onde eles reforçam que a presença do psicopedagogo
no dia-a-dia da instituição é uma prática que deve ser cada vez mais real e desejável para
que o andamento do processo ensino-aprendizagem tenha um ponto a mais para se garantir
em qualidade.
Lembrando que em vários momentos, a relevância da avaliação psicopedagógica foi
colocada de forma clara e evidente, essencialmente quando da postura do assessor, assessor
psicopedagógico ou simplesmente psicopedagogo. Sendo assim, a proposta deste trabalho
não é criar um protocolo de avaliação institucional, pois conforme a teoria aponta, a confiança
de todos os envolvidos na educação, na figura do psicopedagogo, requer uma relação de
tempo e espaço inversamente proporcional, para que seja conquistada, e só depois ele seja
verdadeiramente capaz conduzir a elaboração dos parâmetros mais adequados àquela
situação.
A analise proposta neste trabalho, foi necessário antes uma pesquisa ampla as
políticas educacionais desde a Constituição Federal de 1988, onde a educação passou a
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ser direito de todos, foi percebido que em nenhum dos casos a Psicopedagogia teve uma
grande importância, nem na formulação das mesmas, nem na de programas desenvolvidos
com base nelas, e também não foi usada como mecanismo para apoiar o processo ensino
aprendizagem.
Há vinte anos, até que seria aceitável a Psicopedagogia não demonstrar grande
relevância no referido cenário, mas há três anos quando o PIC foi concebido e aplicado
dois anos depois como projeto piloto, e neste ano como programa validado em todo
o estado de São Paulo, não se justifica a falta de participação efetiva da Psicopedagogia
no planejamento, implementação, apoio e obviamente avaliação de um programa que se
propõe a ser a resolução dos problemas relacionados ao fracasso escolar, distorção idade
série e consequente evasão escolar.
Entretanto, a idéia é que as ações devem contribuir de forma real para que o problema
seja solucionado, ao sugerir os princípios da atuação, programas de resolução do problema,
fracasso escolar, entre outras como formação continuada de professores e gestores, tendo
como foco o processo ensino-aprendizado, lembrando que tratam-se de pessoas, para que
estas possam se tornar emancipadas na solução de problemas parecidos, tanto tutores,
quanto tutorados.
A proposta é que se estude uma maneira de alocar uma equipe multidisciplinar
somando à coordenadora pedagógica, que deve ser pedagoga, um assistente social e um
psicopedagogo em cada Unidade Escolar, objetivando um processo relativamente preventivo
na resolução dos problemas relacionados à cima. Tornar programas emergenciais, como o
PIC, desnecessários, como se propõe os coordenadores do “Ler e Escrever”, deve realmente
ser o objetivo das políticas educacionais, que devem para isto possuir um caráter de
perenidade ao mesmo tempo em que é constantemente avaliada. E que tal avaliação seja
realizada como Sánchez-Cano & Bonals preconizam, envolvendo todos os envolvidos no
processo ensino aprendizagem dentro da instituição. Parece-nos claro que a presença de tal
equipe interdisciplinar no cotidiano escolar, tornaria mais rápida a resolução de problemas
relacionados ao aprendizado tanto dos alunos como dos professores e gestores.
REFERÊNCIAS
ALESP - Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. PARECER Nº 3347, DE 2008 DA
COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA SOBRE O PROJETO DE LEI Nº 442, DE 2007.
Disponível em: http://webspl1.al.sp.gov.br/internet/download?poFileIfs=12292904&/Par3347.
doc%22. Acesso em: 24 de setembro de 2010.
APEOESP Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, Medidas contra o
fracasso escolar. Disponível em: http://apeoespsub.org.br/ acesso em 09 de dezembro de 2009.
BOMBONATTO, Quézia; Entrevista cedida à revista direcional escolas em 18/06/2006, pela então
ex-vice-presidente da ABPp. Disponível em http://www.direcionalescolas.com.br/EDUCADOR/
Edicoes/Edicao%2018/Entrevista%20Quezia%20Bombonatto.htm. Acesso em 09 de dezembro de
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