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FORMAÇÃO DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS: INDICATIVOS

DA UTILIZAÇÃO DE TIC EM CURSOS DE LICENCIATURA

Weslley Kozlik Silva1 - UNICENTRO


Jamile Santinello2 - UNICENTRO

Eixo – Educação, tecnologia e comunicação


Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

Cada vez mais há a tendência da substituição de serviços físicos por serviços cibernéticos ou
online, além disso existem outras atividades que foram criadas e existem somente no meio
digital. Esta situação aplicada a quase todas as atividades humanas ainda parece distante dos
procedimentos utilizados na educação. Desta forma, o trabalho trata-se de uma pesquisa acerca
de procedimentos metodológicos de aprendizagem mencionados por professores em seus
planos de ensino, considerando os procedimentos pertencentes à categoria de TIC e os não
pertencentes a essa categoria. O objetivo é verificar indicativos do uso de TIC nos planos de
ensino de professores de licenciatura do Ensino Superior de uma instituição na cidade do
interior do Paraná. A metodologia utilizada é a pesquisa documental, pois dava acesso ao
material necessário para a pesquisa e a análise levou em conta dados quantitativos e
qualitativos. Foram analisados planos de ensino de quatro cursos de licenciatura (Ciências
Biológicas, Educação Física licenciatura, Matemática e Pedagogia) totalizando cento e trinta e
seis planos e em quase todos encontraram-se menções à Tecnologias de Informação e
Comunicação, chegando a um percentual próximo de vinte e cinco por cento se comparados ao
total de planos analisados. Por fim, considera-se que a quantidade de menções, e
consequentemente utilização, é regular, mas ainda não suficiente se comparada à quantidade de
utilização de outros procedimentos metodológicos nesses cursos analisados. Desse modo nota-
se uma formação docente ainda limitada para os cursos de licenciatura desta instituição, como
apontam autores que trabalham com o paradigma emergente (JOSÉ e BEHRENS, 2009;
MONTOYA E PACHECO, 2009) citados na pesquisa.

Palavras-chave: Educação; Ensino Superior; Formação de docentes; TIC; Plano de Ensino.

1
Mestrando em Educação: UNICENTRO – Guarapuava - PR. Professor do curso de Psicologia da Faculdade
Guairacá – Guarapuava - PR. E-mail: weskozlik@hotmail.com.
2
Doutora em Comunicação pela UFRJ, Professora efetiva da Universidade Estadual do Centro-Oeste-
UNICENTRO, no Departamento de Pedagogia, lecionando na Graduação: Novas tecnologias aplicadas à
Educação, e Mestrado em Educação. E-mail: jamilesantinello@gmail.com

ISSN 2176-1396
6900

Introdução

Há uma crescente migração de uma série de serviços no mundo físico para o mundo
cibernético, pois este último caracteriza-se pela agilidade na comunicação e também por ter
menores custos na aplicação desses serviços. Salomon (1993), aponta que o progresso científico
e tecnológico tem gerado muitos benefícios aos países em desenvolvimento, entre os benefícios
o aumento significativo da renda per capta. Ainda o autor considera que o aumento desta renda
promove fatores como “vida mais longa, menor mortalidade infantil, erradicação de certas
doenças, nível de educação mais alto, meios de comunicação mais rápidos, melhores condições
de vida e de trabalho, maior proteção social, maiores oportunidades de lazer etc” (SALOMON,
1993, p. 8-9).
Além disso, outras tantas atividades laborais foram criadas dentro do espaço cibernético,
assim, chamando ainda mais a atenção das pessoas para esse espaço. O fato é que esse número
crescente de atividades no mundo cibernético acaba por otimizar várias situações realizadas,
antes, somente pessoalmente.
Deste modo a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) como
meio para a realização do trabalho e outras atividades acaba levando diversas áreas a,
igualmente, mesclarem suas atividades com este meio. Há bastante tempo, vem se planejando
essa ação para uma das entidades mais importantes no desenvolvimento de um país. Nesse caso
a Educação no Brasil.
Quanto a este projeto brasileiro, nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) afirma-
se que não é suficiente a capacitação de estudantes somente nas especializações tradicionais,
mas a capacitação para que os estudantes desenvolvam novas competências, “em função de
novos saberes que se produzem e demandam um novo tipo de profissional, preparado para
poder lidar com novas tecnologias e linguagens, capaz de responder a novos ritmos e processos”
(BRASIL, 1997, p.28).
Essa aplicação logo passou a ser considerada necessária, de acordo com os próprios
Parâmetros Curriculares Nacionais. “É indiscutível a necessidade crescente do uso de
computadores pelos alunos como instrumento de aprendizagem escolar, para que possam estar
atualizados em relação às novas tecnologias da informação e se instrumentalizarem para as
demandas sociais [...]” (BRASIL, 1998, p. 96).
6901

Tal necessidade traz à tona discussões relacionadas exatamente acerca de como está a
formação de professores em cursos de licenciatura e a provocação para a utilização de TIC no
Ensino Superior.
Montoya e Pacheco (2009, p. 106), apontam que grande parte das instituições
educacionais têm sido caracterizadas por uma atuação docente baseada em sua maioria em uma
prática pedagógica conservadora, assim, “não vêm atendendo de modo eficaz à formação
teórica de profissionais e à prática exigida pela sociedade neste momento histórico”.
Na realidade se dá aos alunos pouco poder de escolha no que se vai aprender. O currículo
é, na maioria das vezes, determinado pelas exigências de uma sociedade que está prestes a
desaparecer. O sistema conservador leva alunos a não adquirir nem competências nem
qualificações para atuarem como cidadãos ou como profissionais e estão construídos em pilares
como hierarquia, coerção e exclusão (CITELLI, 2002; MONTOYA e PACHECO, 2009).
Nesse sentido, o aprender, em lugar do ensino, deve-se tornar foco das instituições na
sociedade do conhecimento. Esse processo, no entanto, exige um relacionamento mais próximo
entre aluno e professor, necessitando a adoção de novas metodologias. Longas exposições e
palestras em sala pelos professores devem ser substituídas por um ensino com pesquisa que
privilegie a interdisciplinaridade, a contextualização, a parceria e a negociação. Trata-se de um
ensino onde o foco é a aprendizagem do indivíduo na sua totalidade, promovendo a junção da
abordagem sistêmica, progressista e o ensino com pesquisa. Tal ensino é chamado de paradigma
emergente (MONTOYA e PACHECO, 2009).
Busca-se um professor com uma visão de mundo mais ampla em todos os sentidos, uma
cultura geral, permitindo que se torne autônomo em relação à proposição de conhecimento mais
amplo e diversificado. De um repetidor de conteúdos e repetidor de saberes, o professor se
transforma num agente provocador, instigador e problematizador, acompanhando o
crescimento da tecnologia e sendo capaz de trabalhar em parceria com o aluno (MONTOYA e
PACHECO, 2009).
A estruturação prática deste novo paradigma de ensino apresenta-se geralmente nos
planos de ensino, mais precisamente nos procedimentos metodológicos dos planos. De acordo
com Leal (2005) este planejamento significa que o professor vai pensar e organizar seus
objetivos, conteúdos, procedimentos metodológicos e avaliação, nos cursos que ministra. Ainda
a autora (LEAL, 2005, p. 2) considera que planejar “[...] é a previsão sobre o que irá acontecer,
é um processo de reflexão sobre a prática docente, sobre seus objetivos, sobre o que está
6902

acontecendo, sobre o que aconteceu. Por fim, planejar requer uma atitude científica do fazer
didático-pedagógico”.
Assim, a ênfase do estudo nos planos de ensino dá-se nos procedimentos metodológicos,
pois, é neste ponto que o professor prevê o que será utilizado como métodos e técnicas para a
promoção de aprendizagem ao seu aluno, onde método seria o caminho a percorrer para
organizar as situações de aprendizagem, e técnica é a operacionalização desse método (LEAL,
2005).
Desse modo, o trabalho objetiva verificar indicativos do uso de TIC nos planos de ensino
de professores de licenciatura do Ensino Superior de uma instituição na cidade do interior do
Paraná, bem como elencar a quantidade de planos que contém a menção do uso de TIC e os que
não têm, além de realizar levantamento bibliográfico acerca da utilização de TIC por
professores e finalizar com uma discussão acerca da utilização de TIC e a formação de docentes.

Metodologia

A metodologia de pesquisa detém aporte em estudos documentais, que permitiram o


acesso aos dados necessários. Lakatos e Marconi (2003, p. 174), afirmam que “a característica
da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou
não, constituindo o que se denomina de fontes primárias” e Gil (2002, p. 45) considera que “a
pesquisa documental vale-se de materiais que não recebem ainda um tratamento analítico, ou
que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa”.
A pesquisa documental pode ser bastante parecida com a bibliográfica, diferenciando-
se no sentido de que as fontes da pesquisa documental são mais dispersas e variadas. Existem
os documentos de primeira e segunda mão: os de primeira mão são conservados em arquivos
de instituições públicas ou privadas (igrejas, sindicatos, empresas, etc.); os de segunda mão de
alguma forma já fizeram parte de alguma análise (por exemplo, de relatórios de pesquisas,
tabelas estatísticas, etc.) (GIL, 2002). No caso da presente pesquisa os documentos são de
primeira mão.
Os documentos analisados nesta pesquisa são os planos de ensino das disciplinas nos
cursos de licenciatura e formação de professores no Ensino Superior em uma instituição
particular de uma cidade do interior do Paraná, pois são os profissionais que, com mais certeza,
trabalharão com a educação em sala de aula. A pesquisa, então, utiliza-se de documentos de
uma instituição particular (LAKATOS e MARCONI, 2003).
6903

Para obter acesso a esses documentos, foi necessária a autorização da instituição. Após
a autorização os documentos foram disponibilizados pela secretaria acadêmica da instituição.
Foram selecionados os planos do ano de 2015, pois eram os mais próximos e atualizados com
relação ao ano da pesquisa. Os planos do ano da pesquisa não podiam ser analisados pois ainda
não haviam sido todos preenchidos.
Após a seleção, os critérios de análise foram a menção do uso de alguma tecnologia na
metodologia ou procedimentos metodológicos de aula e qual era a tecnologia utilizada. Os
dados foram organizados com o uso da ferramenta Microsoft Office Excel®. Ainda a análise
tem caráter qualitativo, pois busca-se quais métodos são empregados no plano de ensino, porém
também quantitativo, uma vez que considera a quantidade de planos que utilizam das TIC como
metodologia de ensino. Foram analisados um total de 136 planos e os resultados estão descritos
abaixo.

Análise dos dados

Foram analisados todos os planos dos cursos de licenciatura da faculdade do ano de


2015, são eles: Ciências Biológicas, Educação Física, Matemática e Pedagogia. A análise
resultou de 136 planos lidos integralmente, com ênfase no conteúdo da metodologia de ensino
empregada pelo professor da disciplina.
Dos planos analisados apareceram menções a 12 procedimentos metodológicos
utilizados nas aulas dos docentes, são eles: aula expositiva oral, o quadro negro, projetor, leitura
de textos em sala, aulas práticas (em laboratório, campo ou em sala de aula), pesquisa de
informações na Internet, seminários, vídeos, sala 3D3, laboratório de informática, dinâmicas e
AVA. Esses procedimentos metodológicos podem ser divididos em utilização de TIC e o não
uso.
Considera-se primeiramente os não pertencentes à categoria de TIC. A aula expositiva
oral é talvez a forma mais antiga de procedimento metodológico e não pode ser considerada
como uma Tecnologia de Informação e Comunicação. A utilização do quadro negro pode ser
considerada como uma tecnologia de aprendizagem, porém limitada no sentido de pesquisa e
integralização de informações. A leitura de textos em sala serve para o enriquecimento de
informações, porém dificilmente se integram os conteúdos e é possível que não se chegue ao

3
Sala específica da faculdade com tela de projeção de 3 dimensões (exige utilização dos óculos 3D), com acesso
à internet e interação com outras tecnologias.
6904

conhecimento do texto como um todo. As aulas práticas, em algumas vezes fizeram o uso de
tecnologias, porém não TIC, assim, estas pertencem à categoria de não TIC. Com relação aos
seminários, nenhum plano deixou explícito que poderia se utilizar de alguma TIC para a
apresentação e outros deixam explícito como exposição oral. Por fim, as dinâmicas são formas
diferentes de apresentar os conteúdos, mas que não se utilizam de Tecnologias de Informação
e Comunicação.
Em seguida os pertencentes à categoria de TIC. O projetor pode ser considerado como
pertencente à essa categoria pois possibilita a visualização de variadas informações pelos alunos
durante a aula. Pesquisa de informações na Internet também pertence à essa categoria, uma vez
que se utiliza de um computador, celular ou tablet que dá acesso às diversas informações
contidas na Internet. Os vídeos são considerados por si só uma das mais completas Tecnologias
de Informação e Comunicação, pois repassam uma informação de maneira muito próxima à
realidade. A sala 3D da faculdade também permite acesso a uma série de informações, tanto
pela Internet quanto pelo seu conteúdo já instalado, auxiliando em várias áreas do
conhecimento. O laboratório de informática contém computadores com acesso à Internet e
facilitam a pesquisa por informações, por isso pertencem a essa categoria. Por fim, o Ambiente
Virtual de Aprendizagem (AVA) na grande maioria utilizando-se do Moodle possui uma série
de ferramentas acopladas para facilitar a integralização de informações e formas de se dispor
os conteúdos.
A tabela abaixo mostra os percentuais da menção desses procedimentos metodológicos
de aprendizagem no curso de Ciências Biológicas. É importante ressaltar que os procedimentos
metodológicos podem aparecer em mais de um plano de ensino, por isso cada um deles é
comparado ao total de planos de ensino para se chegar à porcentagem, conforme tabela 1.

Tabela 1. Procedimentos metodológicos de Ciências Biológicas


Procedimento Quantidade %
Aula expositiva oral 20 77%
Textos em sala 17 65%
Aulas práticas 16 61%
Não TIC
Quadro negro 9 35%
Seminários 6 23%
Dinâmicas - -
Projetor 24 92%
Vídeos 7 27%
Pesquisa na Internet 2 7%
TIC
Sala 3D 4 15%
Lab. Informática - -
AVA (Moodle) - -
Fonte: Dados organizados pelos autores a partir dos planos de ensino
6905

Em um total de 26 planos de aula do curso de Ciências Biológicas a maioria (92%)


apresenta a menção de uma TIC como procedimento metodológico de ensino, seguida da aula
expositiva oral (77%), leitura de textos em sala (65%) e aulas práticas (61%). Nota-se que no
curso de Ciências Biológicas em mais da metade dos planos de ensino são utilizados três
procedimentos não pertencentes às TIC e um que é uma TIC.
Abaixo, na tabela 2, apresenta-se a tabela da menção dos procedimentos metodológicos
de aprendizagem no curso de Educação Física.

Tabela 2. Procedimentos metodológicos de Educação Física


Procedimento Quantidade %
Aula expositiva oral 42 85%
Textos em sala 23 47%
Aulas práticas 18 36%
Não TIC
Quadro negro 2 4%
Seminários 20 40%
Dinâmicas 1 2%
Projetor 19 38%
Vídeos 7 14%
Pesquisa na Internet 2 4%
TIC
Sala 3D 1 2%
Lab. Informática 2 4%
AVA (Moodle) 4 8%
Fonte: Dados organizados pelos autores a partir dos planos de ensino
No curso de Educação Física foram analisados 49 planos de ensino e observa-se que o
uso do projetor (38%) que era o procedimento metodológico mais mencionado em Ciências
Biológicas, cai para menos da metade e quarto lugar nas menções. As demais pertencem à
categoria de não TIC, a aula expositiva oral (85%) é a única acima da metade, leitura de textos
em sala (47%) e seminários (40%). Apesar desse curso ter uma característica de aulas práticas,
esse procedimento aparece somente em 36% das menções.
O curso de Matemática teve 20 planos de ensino analisados e as menções são
apresentadas abaixo, na tabela 3.

Tabela 3. Procedimentos metodológicos de Matemática


Procedimento Quantidade %
Aula expositiva oral 16 80%
Textos em sala 9 45%
Aulas práticas 9 45%
Não TIC
Quadro negro 4 20%
Seminários 7 35%
Dinâmicas 1 5%
6906

Projetor 6 30%
Vídeos 7 35%
Pesquisa na Internet 3 15%
TIC
Sala 3D 1 5%
Lab. Informática 3 15%
AVA (Moodle) 3 15%
Fonte: Dados organizados pelos autores a partir dos planos de ensino
O procedimento metodológico de aula expositiva oral aparece mais uma vez como o
mais utilizado em um curso (80%), sendo o único que ultrapassa a metade das menções. Segue-
se a utilização de outros dois procedimentos não pertencentes às TIC, leituras de textos em sala
de aula (45%) e aulas práticas (45%). Desta vez aparece a utilização de seminários e vídeos em
quarto lugar (ambos 35%), sendo vídeos a TIC mais utilizada pelo curso.
Em seguida, na tabela 4, do curso de Pedagogia, que foram analisados 41 planos de
ensino.

Tabela 4. Procedimentos metodológicos de Pedagogia


Procedimento Quantidade %
Aula expositiva oral 35 85%
Textos em sala 27 66%
Aulas práticas 19 46%
Não TIC
Quadro negro 2 5%
Seminários 18 44%
Dinâmicas 3 7%
Projetor 10 24%
Vídeos 17 41%
Pesquisa na Internet - -
TIC
Sala 3D - -
Lab. Informática 1 2%
AVA (Moodle) 14 34%
Fonte: Dados organizados pelos autores a partir dos planos de ensino
Um grande número de menções a procedimentos não TIC aparece no curso de
Pedagogia, aula expositiva oral (85%) e a leitura de textos em sala (66%) ambas acima da
metade da quantidade de planos. Próximos à metade aulas práticas (46%) e seminários (44%).
Por outro lado, uma quantidade considerável de TIC também aparece em vídeos (41%) e AVA
(34%).
Os resultados mostram que, com relação ao curso de Ciências Biológicas, há um
equilíbrio entre o uso de uma TIC, aula expositiva oral, leitura de textos em sala e aulas práticas.
De modo que em uma aula de 60 minutos (se pudesse aglomerar o uso de todos os
procedimentos nessa aula ocorrendo simultaneamente), o projetor estaria presente em 54
6907

minutos dela, haveria exposição de conteúdos durante 46 minutos, seriam 39 minutos de leitura
de textos e 36 minutos da aula seriam dedicados a práticas.
Por outro lado, os cursos de Educação Física, Matemática e Pedagogia mostram uma
característica clara que é o uso principal da aula expositiva oral. De modo que no curso de
Educação Física comparado ao curso de Ciências Biológicas, 51 minutos seriam de aula
expositiva oral, 28 minutos de leitura de textos, 24 minutos de apresentações de seminários e
23 minutos do uso de um projetor.
Dos cursos, então, o que mais chama atenção e se aproxima ao paradigma emergente é
o de Ciências Biológicas, enquanto os outros cursos permanecem ligados muito mais ao
paradigma conservador de ensino.
A soma de todos as menções nos 136 planos analisados resulta nos números
apresentados na tabela 5 abaixo.

Tabela 5. Total de procedimentos metodológicos


Procedimento Quantidade %
Aula expositiva oral 113 83%
Textos em sala 76 56%
Aulas práticas 62 45%
Não TIC
Quadro negro 17 12%
Seminários 51 37%
Dinâmicas 5 3%
Projetor 59 43%
Vídeos 38 28%
Pesquisa na Internet 7 5%
TIC
Sala 3D 6 4%
Lab. Informática 6 4%
AVA (Moodle) 21 15%
Fonte: Dados organizados pelos autores a partir dos planos de ensino
O que se nota é que somente procedimentos não TIC aparecem com mais da metade de
menções nos planos, aula expositiva oral (83%) e leitura de textos em sala (56%). Um pouco
abaixo da metade aparecem as aulas práticas (45%) e o uso do projetor (43%).
Em situações de aulas e quaisquer outros momentos de discussão acerca de
aprendizagem haverá, obviamente, exposição de conteúdos para que possam se transformar em
discussões e consequentemente conhecimentos. Porém, percebe-se uma discrepância com
relação ao uso de outros procedimentos, mostrando que as aulas são, em mais da metade,
compostas por leituras de textos em sala e exposição de conteúdo.
O quadro negro (12%) e as dinâmicas (3%) somados, têm a mesma representação nos
planos que o Ambiente Virtual de Aprendizagem (15%), mostrando que pouco se utiliza dessas
6908

metodologias conservadoras de aprendizagem, porém também pouco se utiliza das


metodologias inovadoras, adicionando neste ponto a pesquisa na Internet (5%), laboratório de
informática e sala 3D (ambas 4%).
Esses resultados reforçam a utilização de um paradigma conservador em que o aluno
tem pouca possibilidade de participação nas aulas, confirmando, assim, o que já se vêm falando
acerca do ensino universitário. Os alunos das universidades não estão recebendo formação
teórica e prática condizentes com o momento histórico social, há uma barreira separando os
conteúdos e objetivos da universidade em relação à sociedade (MONTOYA e PACHECO,
2009).
Acerca da utilização do projetor, este pode ser considerado uma TIC, porém, como as
formas da utilização desse procedimento não ficam explícitas nos planos, podem haver
projeções de pesquisas na Internet, projeções de vídeos e outras TIC, porém se questiona se a
utilização não é apenas uma projeção textual de slides para uma aula expositiva oral. Sant’Ana
e Berhens (2009), apontam que quando o docente utiliza as tecnologias de informação, ele
precisa ter como responsabilidade o fato de produzir conhecimento crítico, nesse caso, se o
projetor é utilizado a partir do paradigma tradicional na educação, o professor não tem clareza
de sua responsabilidade ao utilizar uma TIC.
As aulas práticas (45%), seminários (37%) e vídeos (28%), parecem ser os pontos chave
em que os alunos têm a possibilidade maior de participação, visualização das informações de
maneira mais completa e possibilidade de contribuir para a educação como um todo, pois “o
docente inovador tem, entre outros, o papel de ser [...] um parceiro na busca da informação e
da verdade. Assim, favorecerá a participação individual e coletiva do aluno” (SANT’ANA e
BEHRENS, 2009, p. 24).
Essas três práticas convergem com o paradigma emergente, que indica que o ambiente
de construção do saber deve ter como foco central a democracia e liberdade, levando à
consciência crítica e leitura de mundo (abordagem progressista); também à abordagem com
pesquisa, que necessita de recursos tecnológicos, laboratórios e bibliotecas, afim de refinar as
pesquisas; e ainda, à visão holística que busca a separação da fragmentação da educação (JOSÉ
e BEHRENS, 2009).
Por fim, o gráfico 1 abaixo mostra a soma de todas as menções de procedimentos
metodológicos resultando nas consideradas pertencentes às TIC e as não TIC.
6909

Gráfico 1. Uso total das TIC.

TICs
23%

Não TICs
77%

Fonte: Gráfico organizado pelos autores a partir dos planos de ensino

De acordo com o gráfico percebe-se que há indicação do uso de TIC como procedimento
metodológico em 23% dos planos de aula destes quatro cursos. Isso equivale a dizer que
aproximadamente a cada 4 procedimentos metodológicos em planos de ensino somente 1 deles
é a menção de uma TIC, o que pode ser considerável, mas não suficiente para atingir os
objetivos do paradigma emergente.

Considerações finais

Considera-se que os objetivos da pesquisa foram atingidos, uma vez que houve
verificação de indicativos do uso de Tecnologias de Informação e Comunicação nos planos de
ensino de professores de licenciatura em cursos do Ensino Superior, buscou-se na literatura
acerca da utilização de TIC por professores e foi produzida uma discussão acerca da utilização
de TIC e a formação de professores.
Os resultados mostraram que não houve mudanças significativas a respeito do uso de
práticas inovadoras, sobretudo se tratando de Tecnologias de Informação e Comunicação, o que
confirma as falas de autores que consideram que a universidade pode ser uma instituição
conservadora (SANT’ANA e BEHRENS, 2009; MONTOYA e PACHECO, 2009).
Visto, ainda, que a pesquisa trabalha com cursos de licenciatura, ou seja, direcionada à
formação de professores, o pouco contato com as TIC e outras práticas inovadoras durante o
curso de graduação reflete-se em uma prática docente limitada e tradicional, produzindo
6910

exposições orais e leitura de textos em sala como procedimentos preponderantes no


planejamento de ensino.
A universidade tem papel fundamental na formação de professores para a atuação na
escola e, inclusive, na universidade. Nesse sentido as licenciaturas não podem ser consideradas
incapazes de produzirem seu próprio conhecimento, tampouco como oficinas que preparam o
aluno para serem executores de planos pensados por outros profissionais (SANT’ANA e
BEHRENS, 2009).
Enfim, o processo de mudança na Educação que ocorre neste momento atinge
principalmente pesquisadores e professores universitários que diariamente têm contato com
novas produções de saberes. Portanto, estes são os profissionais desafiados a propor
metodologias que ultrapassem a mera reprodução de conhecimento em prol de práticas
pedagógicas inovadoras de produção de conhecimento, visando a formação de profissionais
críticos que contribuirão para a construção de uma sociedade mais justa mesmo em constante
movimento (SANT’ANA e BEHRENS, 2009).

REFERÊNCIAS

BEHRENS M. A. JOSÉ, E. M. A. Metodologia da aprendizagem por projeto num paradigma


emergente. In: Behrens, M. A. (Org) Docência Universitária na Sociedade do
Conhecimento. Curitiba: Champagnat, 2009.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:


introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. –
Brasília : MEC/SEF, 1997.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro


e quarto ciclos do ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais /
Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1998.

CITELLI, A. Comunicação e Educação. A linguagem em movimento. – 2 ed. - São Paulo:


Editora SENAC São Paulo, 2002.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. - 4. ed. - São Paulo: Atlas, 2002.

LAKATOS, E. M. MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. - 5. ed. - São


Paulo: Atlas 2003.

LEAL, R. B. Planejamento de Ensino: peculiaridades significativas. Revista ibero americana


de educacion, nº 37/3 dez. 2005. Disponível em:
6911

<http://www.vdl.ufc.br/solar/aula_link/lmat/A_a_H/didatica_I/aula_04-
5120/imagens/03/planejamento_ensino.pdf>. Acesso em: 28 de abril de 2017.

MONTOYA, I. K. PACHECO, Y. M. Os desafios da Universidade na Sociedade do


Conhecimento. In: Behrens, M. A. (Org) Docência Universitária na Sociedade do
Conhecimento. Curitiba: Champagnat, 2009.

SALOMON, J. J.; SAGASTI, F.; SACHS-JEANTET, C. Da tradição à modernidade. Estudos


Avançados, São Paulo, v. 7, n. 17, p. 07-33, Apr. 1993. Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/ea/v7n17/v7n17a02.pdf>. Acesso em: 28 de abril de 2017.

SANT’ANA, E.L.; BEHRENS, M. A. Superação dos paradigmas conservadores na sociedade


do conhecimento. In: Behrens, M. A. (Org) Docência Universitária na Sociedade do
Conhecimento. Curitiba: Champagnat, 2009.

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