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Joel Filipe Machado Carvalho

Mestrado em Informática

Localização de Dispositivos Móveis em


Redes Wi-Fi

Departamento de Engenharias
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Vila Real, 2007
Dissertação submetida por Joel Filipe Machado Carvalho
à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro para
obtenção do grau de Mestre em Informática, sob a
orientação do Professor Doutor Paulo Nogueira Martins,
Professor Auxiliar do Departamento de Engenharias da
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, e sob a co-
orientação do Professor Doutor João Manuel Pereira
Barroso, Professor Auxiliar do Departamento de
Engenharias da Universidade de Trás-os-Montes e Alto
Douro.
Agradecimentos
Aos meus orientadores, Professor Doutor João Barroso e Professor Doutor Paulo
Martins, que sempre tiveram disponibilidade para me ouvir, orientar e interesse em
elucidar-me sobre os vários aspectos.

Ao Engenheiro Hugo Paredes, que me ajudou muito mostrando-me novos caminhos a


seguir e perspectivas interessantes sobre vários assuntos abordados nesta investigação.
Também as suas críticas e questões em muito valorizaram o desenvolvimento deste
trabalho.

Ao Centro de Informática da UTAD e em especial ao Engenheiro António Costa por me


ter orientado nas questões técnicas dos equipamentos usados na rede com e sem fios da
Universidade.

À UTAD por ter disponibilizado os meios necessários para a realização deste projecto.

Aos meus amigos e colegas de curso não só pelos conhecimentos transmitidos e trocas
de ideias, como também pela amizade e companheirismo. Agradeço ao meu grande
amigo Filipe Fagundes, que com os seus palpites e ideias tornaram o método de
localização mais eficaz, e também ao David Ribeiro, que na parte final deste trabalho de
investigação me aconselhou e mostrou melhores maneiras de expor este documento.

Aos meus pais Augusto e Idália que sempre me apoiaram e incentivaram a continuar a
minha progressão académica e que sem o seu amor me teria sido impossível chegar ao
fim desta dissertação.

Um especial agradecimento à Teresa, que com a sua paciência e carinho me levou a dar
o meu melhor durante este trabalho de investigação.

i
Resumo
A disseminação da tecnologia Wi-Fi para dispositivos móveis (telemóveis, PDA e
portáteis) contribuiu em muito para a evolução e generalização das redes Wi-Fi tanto
em ambiente empresarial como académico, sendo muitas as organizações que
actualmente optam pela flexibilidade e mobilidade das redes Wi-Fi. Tanto dentro de
edifícios como em exteriores encontram-se facilmente pontos de acesso Wi-Fi, que
através da sua resultante cobertura tornam possível a instalação de um sistema capaz de
localizar dispositivos móveis dentro de uma rede Wi-Fi.

A localização de dispositivos móveis poderá ser de grande importância para a


monitorização e gestão de recursos humanos das organizações, uma vez que a
localização dos dispositivos frequentemente corresponde à localização do seu utilizador
e o facto de termos a posição dos utilizadores possibilita um grande número de
aplicações sensíveis ao contexto. São várias as aplicações que podem ser dadas à
informação sobre a localização de dispositivos e consequentemente dos seus
utilizadores, podendo esta ser usada por eles em aplicações resultantes da informação
sobre o local onde se encontram ou ser usada globalmente pelo sistema para fins
estatísticos e para fins de monitorização da rede, possibilitando, caso seja necessário um
mais fácil escalonamento desta.

Este documento tem como objectivo apresentar um algoritmo de localização de


dispositivos móveis em redes Wi-Fi computacionalmente leve, não descurando o estudo
dos sistemas considerados de referência e da própria tecnologia Wi-Fi, que são
essenciais à obtenção de know-how nesta área. Ao longo desta exposição, procura-se
determinar a aplicabilidade do algoritmo numa plataforma especificamente
desenvolvida sobre a infra-estrutura Wi-Fi da UTAD, cenário ideal para mostrar as suas
características predominantes: fácil de implementar sobre qualquer rede Wi-Fi, sem
grandes calibrações, mas que seja capaz de bons resultados em termos de precisão na
localização dos dispositivos móveis.

iii
Abstract
The spread of Wi-Fi technology in mobile devices (mobile phone, PDA and portable)
has contributed to the evolution and spread of Wi-Fi networks in both academic and
business environment, and now many organizations have adopted Wi-Fi networks,
because of its flexibility and mobility. Both inside buildings and outside, it is easy to
find access points and a near total Wi-Fi coverage, which is a prerequisite for the
deployment of a system capable of locating mobile devices within a Wi-Fi network.

Information on the location of mobile devices may be of great importance for the
monitoring and management of human resources of organizations, since the information
on the location of mobile devices often corresponds to the location of its users. There is
a vast array of applications that can use the information on the location of devices and it
can be used by applications sensitive to the context, giving the user's mobile device
information on where he is, it may be also used for statistical purposes and to monitor
the network, enabling an easier scalability of the network where it is needed.

This document aims to describe all the work related to the creation of one Wi-Fi mobile
device location algorithm, not forgetting the study of existing systems considered of
reference and the description of Wi-Fi technology, which are essential to obtain know-
how in this area. Throughout this exhibition it is determined the applicability of an
algorithm not only easy to implement at any place, which can work without major
calibrations, but also capable of good results in terms of location precision.

v
Índice
1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................1

1.1 MOTIVAÇÃO ..............................................................................................................................3


1.2 OBJECTIVOS ..............................................................................................................................4
1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ....................................................................................................4

2. REVISÃO DOS SISTEMAS DE LOCALIZAÇÃO EM REDES WI-FI ...................................7

2.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................7


2.2 SISTEMAS DE LOCALIZAÇÃO BASEADOS EM REDES WI-FI .......................................................... 11
2.2.1 Projecto RADAR............................................................................................................ 11
2.2.2 Cisco Wireless Location Services ................................................................................... 14
2.2.3 Projecto desenvolvido na Universidade Rey Juan Carlos................................................ 17
2.2.4 Projecto desenvolvido na Universidade de Berlim .......................................................... 19
2.2.5 Projecto desenvolvido na Universidade Rice .................................................................. 20
2.2.6 Projecto desenvolvido na Universidade de Southern Califórnia ...................................... 23
2.2.7 Projecto Horus desenvolvido na Universidade de Maryland ........................................... 24
2.2.8 Projecto desenvolvido na Universidade de Freiburg ....................................................... 26
2.2.9 Projecto desenvolvido pelo SENSEable City Laboratory................................................. 28
2.2.10 Sistema desenvolvido pela Ekahau............................................................................. 30
2.3 CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 31

3. ESPECIFICAÇÃO DOS SINAIS WI-FI .................................................................................. 35

3.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 35


3.2 FREQUÊNCIA, AMPLITUDE E COMPRIMENTO DE ONDA ................................................................ 36
3.3 ATENUAÇÃO ........................................................................................................................... 39
3.4 GANHO ................................................................................................................................... 41
3.5 RELAÇÃO SINAL-RUÍDO .......................................................................................................... 42
3.6 REFLEXÃO E REFRACÇÃO EM WI-FI ......................................................................................... 42
3.7 MULTIPATH ............................................................................................................................. 43
3.8 CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 44

4. PLATAFORMA DE LOCALIZAÇÃO .................................................................................... 45

4.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 45


4.2 INICIATIVA E-U ....................................................................................................................... 46
4.3 A ARQUITECTURA DA PLATAFORMA ......................................................................................... 47
4.4 IMPLEMENTAÇÃO DOS COMPONENTES ...................................................................................... 50
4.5 CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 52

vii
Índice

5. MÉTODO DE LOCALIZAÇÃO DESENVOLVIDO............................................................... 53

5.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 53


5.2 ESPECIFICAÇÃO DO MÉTODO .................................................................................................... 54
5.2.1 Levantamento de requisitos ............................................................................................ 54
5.2.2 Sistema de coordenadas ................................................................................................. 57
5.2.3 Modelação do processo de localização........................................................................... 58
5.3 IMPLEMENTAÇÃO DO MÉTODO ................................................................................................. 63
5.3.1 Agente de aquisição de sinal .......................................................................................... 63
5.3.2 Algoritmo de localização ............................................................................................... 64
5.3.3 Modos de funcionamento ............................................................................................... 68
5.4 CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 69

6. TESTES E RESULTADOS ....................................................................................................... 71

6.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 71


6.2 VERIFICAÇÃO DO COMPORTAMENTO DAS ONDAS WI-FI............................................................. 72
6.3 CONDIÇÕES DE TESTE .............................................................................................................. 75
6.4 TESTES COM DIFERENTES DISPOSITIVOS MÓVEIS ....................................................................... 76
6.5 TESTES EM DIFERENTES ALTURAS DO DIA ................................................................................. 77
6.6 CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 78

7. CONCLUSÕES ......................................................................................................................... 81

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................ 83

viii
Índice de Figuras
FIGURA 1 – ROBÔ COM PORTÁTIL ACOPLADO PARA A FASE DE TREINO .................................................................... 10
FIGURA 2 – RELAÇÃO DA DISTÂNCIA E POTÊNCIA DOS SINAIS WI-FI RECEBIDOS PELOS AP ............................................ 14
FIGURA 3 - COMPONENTES DA SOLUÇÃO DE LOCALIZAÇÃO DA CISCO ...................................................................... 15
FIGURA 4 - MAPA DE INTENSIDADE SIMULADO PARA O AP 1 ............................................................................... 18
FIGURA 5 - MAPA DE INTENSIDADE SIMULADO PARA O AP 3 ............................................................................... 18
FIGURA 6 - POSIÇÕES ESTIMADAS COM O MAPA DE INTENSIDADE .......................................................................... 19
FIGURA 7 - POSIÇÕES ESTIMADAS COM O MODELO DE PROPAGAÇÃO ...................................................................... 19
FIGURA 8 - RELAÇÃO ENTRE POTÊNCIA DE SINAL EMITIDA E RECEBIDA ..................................................................... 21
FIGURA 9 - PLANTA DO EDIFÍCIO SAL2 ........................................................................................................... 23
FIGURA 10 - AUTO-CORRELAÇÃO ENTRE AS POTÊNCIAS DE SINAIS VINDOS DE UM AP.................................................. 25
FIGURA 11 - DETERMINAÇÃO DE POSIÇÃO COM E SEM A PLANTA ........................................................................... 28
FIGURA 12 - LOCALIZAÇÃO DE DISPOSITIVO WI-FI COM DIAGRAMAS DE VENN .......................................................... 29
FIGURA 13 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE UMA ONDA WI-FI .............................................................................. 37
FIGURA 14 - REPRESENTAÇÃO DA ZONA FRESNEL, ADAPTADO DE: [ISA, 2007] ........................................................ 40
FIGURA 15 - ATENUAÇÃO DE SINAIS RÁDIO (1.5 GHZ) REGISTADOS EM RELAÇÃO À DISTÂNCIA PERCORRIDA, ADAPTADO DE:
[SALEH, ET AL., 1987] ...................................................................................................................... 40
FIGURA 16 – REFLEXÃO E REFRACÇÃO DE SINAIS WI-FI ....................................................................................... 43
FIGURA 17 – REPRESENTAÇÃO SIMPLES DO FENÓMENO DE MULTIPATH .................................................................. 44
FIGURA 18 - ESTRUTURAÇÃO LÓGICA DA PLATAFORMA DE SERVIÇOS DE LOCALIZAÇÃO, ............................................... 48
FIGURA 19 - DIAGRAMA DA PLATAFORMA DE LOCALIZAÇÃO APLICADA À REDE E-U DA UTAD, ...................................... 51
FIGURA 20 - WEB SERVICES DA PLATAFORMA DE SERVIÇOS DE LOCALIZAÇÃO ............................................................ 52
FIGURA 21- DIAGRAMA DE CASOS DE USO DO PROCESSO DE LOCALIZAÇÃO............................................................... 55
FIGURA 22 - DIAGRAMA DE CASOS DE USO DO AGENTE DE AQUISIÇÃO DE DADOS ...................................................... 57
FIGURA 23 - PONTOS DE ACESSO COMO PONTO DE REFERÊNCIA ............................................................................ 58
FIGURA 24 – INTEGRAÇÃO DO NOVO PROCESSO DE LOCALIZAÇÃO NA ESTRUTURA LÓGICA DA PLATAFORMA DE SERVIÇOS DE
LOCALIZAÇÃO .................................................................................................................................. 59

FIGURA 25 - DIAGRAMA DE ACTIVIDADES DO PROCESSO DE LOCALIZAÇÃO ................................................................ 60


FIGURA 26 - DIAGRAMA DE ACTIVIDADES DO AGENTE DE AQUISIÇÃO DE DADOS ........................................................ 62
FIGURA 27 - CIRCUNFERÊNCIA DA DISTÂNCIA AO AP .......................................................................................... 64
FIGURA 28 - INTERSECÇÃO DE DUAS CIRCUNFERÊNCIAS ....................................................................................... 65
FIGURA 29 - INTERSECÇÃO DE TRÊS CIRCUNFERÊNCIAS ........................................................................................ 66
FIGURA 30 - RECTAS DE INTERSECÇÃO DAS CIRCUNFERÊNCIAS DE DISTÂNCIA ............................................................ 67
FIGURA 31 - ESQUEMA DO FUNCIONAMENTO DA LOCALIZAÇÃO IMPLÍCITA ............................................................... 68

ix
Índice de Tabelas

FIGURA 32 - ESQUEMA DO FUNCIONAMENTO DA LOCALIZAÇÃO EXPLÍCITA ............................................................... 69


FIGURA 33 - GRÁFICO COM AS VARIAÇÕES DE SINAL EM TRÊS CASOS DISTINTOS......................................................... 73
FIGURA 34 - GRÁFICO COM A ANÁLISE DA VARIAÇÃO DOS RSSI EM DIFERENTES CONDIÇÕES ......................................... 74
FIGURA 35 - DEMONSTRAÇÃO DAS DISTÂNCIAS ESTIMADAS PELO MODELO DE PROPAGAÇÃO ........................................ 75
FIGURA 36 - ESPAÇO DE LOCALIZAÇÃO CONSIDERADO PARA TESTES ........................................................................ 76
FIGURA 37 - GRÁFICO DO ERRO MÉDIO NA LOCALIZAÇÃO DE DIFERENTES DISPOSITIVOS MÓVEIS .................................... 77
FIGURA 38 - PLANTA COM AS POSIÇÕES REAIS DO DISPOSITIVO MÓVEL E AS POSIÇÕES ESTIMADAS PELO ALGORITMO ÀS 16
HORAS........................................................................................................................................... 78

Índice de Tabelas
TABELA 1 - SUMÁRIO DOS SISTEMAS DE LOCALIZAÇÃO EM WI-FI ESTUDADOS ........................................................... 33
TABELA 2 - CANAIS 802.11B ESPECIFICADOS ................................................................................................... 38

x
Acrónimos
No decorrer desta dissertação encontrar-se-ão acrónimos, estando representados os seus
significados na lista abaixo, no entanto, para comodidade do leitor, sempre que um
acrónimo aparece pela primeira vez na dissertação é apresentado qual o seu significado.
AIT Atomic International Time

AoA Angle of arrival

AP Access Point

dBm Decibéis

FCCN Fundação para a Computação Científica Nacional

GPS Global Positioning System

GSM Global System for Mobile Communications

IAT International Atomic Time

IEEE Institute of Electrical and Electronic Engineers

MAC Media Access Control

MIT Massachusetts Institute of Technology

MNN Multiple Nearest Neighbor

PDA Personal Digital Assistant

RADIUS Remote Authentication Dial In User Service

RF Rádio Frequência

RFID Radio Frequency Identification

xi
Acrónimos

RSSI Received Signal Strength Indicator

RTLS Real-Time Location System

SNMP Simple Network Management Protocol

SNR Signal to Noise Ratio

SS Signal Strength

SSID Service Station Identifier

TDoA Time Difference of Arrival

ToA Time of Arrival

UMIC Agência para a Sociedade do Conhecimento

UTAD Universidade de Trás-os-montes e Alto Douro

UTC Universal Time Coordinated

WCS Wireless Control System

WEP Wired Equivalent Privacy

WGS Worldwide Geodic System

Wi-Fi Wireless Fidelity

WLAN Wireless Local Area Network

WPA Wi-Fi Protected Access

xii
Capítulo I

1. Introdução

As redes Wireless Fidelity (Wi-Fi) surgiram em 1999 com o lançamento da norma


802.11, pelo Institute of Electrical and Electronic Engineers (IEEE). Mais tarde foram
adicionados, entre outros, os suplementos 802.11b, 802.11g e brevemente o suplemento
802.11n que actualmente é considerado um draft da futura norma.

O termo Wi-Fi foi criado pela empresa de marketing Interbrand a pedido da Wi-Fi
Alliance e é utilizado para designar o conjunto ou apenas um elemento da família de
normas 802.11 do IEEE. A Wi-Fi Alliance tem como objectivo garantir a
interoperabilidade entre dispositivos Wi-Fi de diferentes fabricantes, tendo desde o ano
2000 certificado mais de 3500 dispositivos [Wi-Fi Alliance, 2007]. Antes do
aparecimento da Wi-Fi Alliance o mercado encontrava-se dominado por um conjunto de
tecnologias de rede rádio proprietárias muito semelhante à norma 802.11, contudo não
garantiam interoperabilidade entre fabricantes, como é o caso da WaveLAN.

AWaveLan, criada em 1990, foi a primeira tecnologias de rede rádio a ter uma grande
aceitação do mercado e mostrou as potencialidades deste tipo de redes, principalmente a
nível da mobilidade facultada aos utilizadores que as usam e à fácil instalação e
conexão de diversos dispositivos à rede.

1
Capítulo I - Introdução

Para existir uma chamada rede Wi-Fi são necessários pelo menos dois dispositivos que
por meio de antenas garantam a recepção e transmissão de ondas rádio a uma frequência
acima dos 2.4 GHz e com a capacidade de modular e demodular esses sinais. Os sinais
Wi-Fi serão especificados com mais detalhe no capítulo 3 desta dissertação.

Existem vários dispositivos que podem integrar uma rede Wi-Fi: o telemóvel, o
computador portátil, o Personal Digital Assistant (PDA), o computador pessoal e o
ponto de acesso (AP, do inglês Access Point). O AP distingue-se dos outros
dispositivos, pois permite que vários dispositivos Wi-Fi possam comunicar dentro da
mesma rede podendo, por exemplo, fazer de interface entre uma infra-estrutura de rede
por cabo e um conjunto de dispositivos Wi-Fi. Outra característica do AP prende-se
com o facto de conseguir comunicar com outros dispositivos Wi-Fi desde várias
dezenas de metros até a alguns quilómetros, estando estes valores dependentes de
diversos factores, tais como: a antena usada, a potência de transmissão, a presença de
obstáculos (paredes, árvores, etc.), e o ângulo e direcção de transmissão da antena.
Tipicamente o alcance efectivo de um AP é de cerca de 35 metros em interiores e 110
metros em exteriores [HP Invent, 2002].

Qualquer dispositivo que suporte a tecnologia Wi-Fi poderá associar-se a um AP para


usufruir dos serviços disponibilizados pela infra-estrutura de rede, no entanto, também é
possível dispositivos Wi-Fi comunicarem directamente, formando as chamadas redes
ad-hoc. A nível de segurança de rede, algumas medidas de segurança poderão estar
activadas no AP, fazendo com que o dispositivo Wi-Fi só consiga concretizar a
associação se estiver devidamente autenticado, seja esta feita com Wired Equivalent
Privacy (WEP) ou com o uso de uma lista de controlo de acesso por endereço Media
Access Control (MAC). Porém, estes métodos de segurança contêm algumas
fragilidades que têm vindo a ser alvo de estudo [Helleseth, 2006]. O principal problema
reside na natureza do meio transmissão, o ar, que tem tornado árdua a tarefa de proteger
as redes Wi-Fi. No entanto com a introdução em 2003 do Wi-Fi Protected Access
(WPA) e dos seus protocolos de autenticação da norma 802.11i [Baek, 2004], tornou-se
mais difícil o acesso não autorizado em redes Wi-Fi. Esta segurança, aliada à
mobilidade inerente das redes Wi-Fi, foram os factores decisivos para a adopção e
implementação destas redes em larga escala, cobrindo em muitos casos, grandes
extensões. Em Portugal, são exemplo disso todas as instituições de ensino superior, que

2
Capítulo I - Introdução

ao beneficiarem do projecto e-U também conhecido como “Campus Virtual” [e-U,


2006], cobriram os espaços interiores e mesmo alguns espaços exteriores com redes Wi-
Fi.

1.1 Motivação

Há nas redes Wi-Fi um grande potencial para um vasto número de aplicações e serviços
[Nunes, 2006], nascidas do simples facto de o utilizador se encontrar livre, durante
grandes períodos de tempo, de ligações físicas que limitariam a sua mobilidade.

Existe, neste contexto, um conjunto alargado de aplicações que tem vindo a ser
desenvolvido, sendo a localização de utilizadores uma delas. Numa rede equipada com
um sistema capaz de determinar a localização de cada um dos seus utilizadores é
possível, por exemplo, detectar intrusos na rede ou mesmo o roubo de equipamentos
que estejam a comunicar por Wi-Fi [Tao, 2003]. Podem também ser implementadas
soluções em termos de administração, dando a capacidade ao gestor da rede sem fios de
poder analisar quais os pontos onde a cobertura da rede é insuficiente ou até saber onde
os utilizadores passam mais tempo ligados à rede, o que pode ajudar na tarefa de
adaptar a disposição dos APs aos hábitos dos utilizadores.

Outra aplicação que tem estado muito em voga tem sido a disponibilização de
conteúdos baseados na localização do utilizador [Song, 2006] [Hazas, 2004]. Têm sido
desenvolvidos e implementados sistemas deste tipo, por exemplo, em museus e galerias
de arte. Nestes cenários, são disponibilizados aos visitantes PDAs que lhes vão
mostrando informação contextualizada, onde para comodidade do utilizador é apenas
apresentada a informação das obras que se encontram na sua proximidade. O museu
Pergamon de Berlim é um exemplo onde foi implementado com sucesso um sistema
deste género [Sieck, 2006].

3
Capítulo I - Introdução

1.2 Objectivos

É objectivo deste trabalho conceber um algoritmo de localização capaz de localizar


dispositivos móveis na rede Wi-Fi da UTAD, salvaguardando também a necessidade de
tornar fácil a sua implementação em outros locais onde as infra-estruturas de rede
possam ser diferentes. Pretende-se também elaborar um trabalho inicial de investigação
da tecnologia de redes sem fio Wi-Fi e de diversos sistemas de localização,
considerados relevantes no presente contexto.

Esta dissertação teve igualmente o objectivo de criar know-how na área de sistemas de


localização baseados em redes Wi-Fi, pretendendo deixar orientações e ideias concretas
quanto a futuros aperfeiçoamentos desta técnica de localização e clarificar as
condicionantes impostas pelas características das ondas Wi-Fi, que são o recurso
fundamental deste tipo de sistemas de localização.

1.3 Estrutura da dissertação

O presente documento está organizado em 7 capítulos onde, para além deste capítulo
introdutório, é possível identificar duas partes distintas e complementares. A primeira
parte abrange os Capítulos 2, 3 e 4, e resume toda a investigação efectuada
relativamente a técnicas e tecnologias envolvidas na localização de dispositivos móveis
em redes Wi-Fi. Estes capítulos servem de base à segunda parte da dissertação, uma vez
que ajudam à compreensão das problemáticas envolvidas nesta área. A segunda parte
deste documento baseia-se numa componente prática, encontrando-se nela descrito o
desenvolvimento de um algoritmo de localização e os testes que descrevem o seu
comportamento em relação a vários factores que possibilitaram tirar conclusões quanto
ao trabalho desenvolvido. Esta última parte é composta pelos Capítulos 5, 6 e 7.

No Capítulo 2 são apresentados vários sistemas de localização em redes Wi-Fi, fazendo


uma revisão dos contributos mais relevantes para o avanço das soluções de localização

4
Capítulo I - Introdução

em redes Wi-Fi. Nesta revisão analisam-se arquitecturas e métodos de localização


utilizados em vários projectos de referência.

O Capítulo 3 descreve as características dos sinais Wi-Fi, mostrando a complexidade do


seu comportamento, principalmente no interior de edifícios. São também apresentados
alguns modelos matemáticos que descrevem a propagação de ondas rádio.

No Capítulo 4 é apresentada a plataforma de serviços de localização de utilizadores da


rede Wi-Fi da UTAD, desenvolvida no âmbito das disciplinas de Projecto I e II do
Mestrado em Informática, tendo eu integrado este grupo de trabalho conjuntamente com
o colega Filipe Fagundes [Fagundes, 2006]. De modo a melhor situar o âmbito da
plataforma de serviços de localização também é descrita a iniciativa nacional e-U.

No Capítulo 5 é explicado o método de localização desenvolvido, começando pela sua


especificação, mais propriamente abordando os requisitos para seu correcto
funcionamento. Em seguida é apresentada a implementação deste método de
localização, sendo descrito todo o trabalho prático que esteve envolvido,
nomeadamente, ao nível do agente de aquisição de sinal, o algoritmo de localização e os
seus modos de funcionamento.

O Capítulo 6 expõe os resultados práticos do algoritmo baseado no método de


localização desenvolvido, mostrando qual a sua precisão e adaptabilidade a vários
factores que influenciam a localização.

No Capítulo 7 são apresentadas as conclusões da dissertação, sendo apresentados os


objectivos alcançados. E por fim, são também apresentadas algumas sugestões para
trabalhos futuros, nomeadamente a integração de novas varíaveis e aperfeiçoamentos ao
método de localização desenvolvido.

5
6
Capítulo II

2. Revisão dos sistemas de


localização em redes Wi-Fi

2.1 Introdução

A necessidade de compreender como a localização de dispositivos móveis é feita em


redes Wi-Fi, tornou imprescindível a realização de um estudo de alguns sistemas de
localização em redes Wi-Fi, analisando as várias arquitecturas usadas, bem como os
métodos de localização que certos investigadores usaram para conseguirem chegar a
bons resultados. Assim este capítulo começa por introduzir os motivos que levaram a
comunidade científica a interessar-se no desenvolvimento de sistemas de localização
que operam especificamente em redes Wi-Fi. De seguida é apresentada uma descrição
de dez sistemas de localização de referência, que foram escolhidos não só pela sua
qualidade mas também de modo a que se chegasse a um conjunto diversificado em
termos de soluções. Por fim é feita uma análise comparativa entre os sistemas de
localização, classificando-os segundo vários critérios.

A tecnologia Wi-Fi é recente e tem grandes potencialidades como tecnologia de suporte


a aplicações que requerem mobilidade e flexibilidade, tendo desde 1999 vindo a
despertar o interesse dos investigadores em todo o mundo. A instalação em massa de
redes Wi-Fi em locais públicos e privados como, por exemplo, escolas, hospitais, e

7
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

centros comerciais, vieram viabilizar os sistemas de localização baseados em redes Wi-


Fi. A fiabilidade destes sistemas tem dependido directamente dos métodos de
localização, da complexidade das áreas em estudo (interiores e exteriores) e da
tecnologia de infra-estrutura.

Desde o aparecimento da tecnologia Wi-Fi que têm vindo a ser desenvolvidos vários
métodos para determinar a localização de dispositivos, mas parte destes revelaram-se
impraticáveis devido às grandes condicionantes impostas pelos seus criadores, os quais
fixavam em demasia a solução ao caso em estudo, não encontrando uma resposta
genérica, capaz de ser aplicada a outras disposições de pontos de acesso (APs) ou a
outros locais.

Foram também desenvolvidos vários sistemas de localização em redes Wi-Fi que


focavam o seu funcionamento em corredores, estando optimizados e testados para
funcionar apenas nestes locais. A finalidade destes sistemas consiste em localizar
dispositivos móveis, normalmente um computador portátil em movimento ou um robô
com um adaptador de rede Wi-Fi incorporado, com a finalidade de guiá-los a um
destino. O facto de condicionar o posicionamento dos dispositivos aos corredores de um
qualquer edifício torna um sistema de localização mais preciso, uma vez que há um
percurso previsível a seguir, sem grandes áreas abertas, as quais são propícias à
imprecisão da localização do dispositivo. Estes problemas de imprevisibilidade da
potência do sinal nas áreas mais abertas são causados pela grande quantidade de pessoas
e objectos em movimento entre os dispositivos móveis e os APs, contribuindo também a
multiplicidade de trajectos que um utilizador de um dispositivo móvel poderá seguir. A
grande desvantagem destes sistemas é clara, pois não têm grande aplicabilidade à
localização de utilizadores na rede Wi-Fi em todo o tipo de espaços.

Mais recentemente têm ainda vindo a ser desenvolvidos sistemas de localização que têm
em conta a planta do local em causa. Tal tornou-se necessário na localização em
interiores devido ao impacto causado nos sinais Wi-Fi pela disposição e tipo de
materiais usados na construção, incluindo as paredes, portas e pilares. Estes últimos
influenciam também o modo como os utilizadores se movimentam por um dado local,
estando limitado pelas condicionantes físicas que lhe são impostas, não podendo, por
exemplo, transpor paredes sem que exista uma porta nesse local. Tendo em conta isto, é

8
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

de grande importância considerar a planta do edifício como mais um factor que irá
influenciar a determinação da posição de dispositivos móveis que usem Wi-Fi.

Quanto à implementação dos sistemas de localização, verifica-se que estes podem ser
alojados nos próprios dispositivos móveis, de onde é possível obter a potência do sinal
em relação a cada um dos APs em alcance, ou podem estar alojados em servidores, de
onde é feito todo o processamento da localização dos dispositivos móveis e são obtidas
as potências dos sinais Wi-Fi através dos APs ou dos próprios dispositivos móveis. Esta
diferença em relação ao local onde a localização é processada leva a que os sistemas de
localização possam ser classificados em termos de localização do processamento, a qual
poderá ser explícita ou implícita [Martins, 2006]. A localização implícita significa que a
própria aplicação do dispositivo móvel processa toda a informação relativa à sua
localização. Por outro lado, a localização explícita significa que a informação sobre a
localização dos dispositivos móveis é obtida pelas aplicações através de um serviço,
sendo toda a informação relativa à localização dos utilizadores processada
externamente, de um modo centralizado (um servidor) ou distribuído (dois ou mais
servidores).

Grande parte dos sistemas de localização em redes Wi-Fi funcionam em duas fases:
uma fase de treino (fase offline) e uma fase de determinação de localização (fase
online). Na primeira fase, é feita a recolha de todas as potências de sinais Wi-Fi
recebidas por um dispositivo móvel, sendo isto feito em várias posições do espaço de
localização que servirão de pontos de referência. Em cada posição, o dispositivo móvel
fica à escuta em toda a gama de frequências utilizadas pela norma Wi-Fi e regista as
potências de sinais recebidos e o Service Station Identifier (SSID) do respectivo AP. As
posições registadas formam normalmente uma grelha de posições, contudo há casos
onde somente são feitos os registos dos sinais Wi-Fi em posições consideradas
estratégicas para o sistema de localização. Para cada posição registada, é feita a média
da potência de sinal para cada AP em alcance e é sobreposto ao mapa do espaço de
localização, construíndo assim o chamado mapa rádio. A este processo de criação de um
mapa rádio é dado o nome de RF fingerprinting [Claro, 2006], podendo ser facilitado e
automatizado com o uso de um robô (Figura 1), que vai associar as diferentes potências
de sinais Wi-Fi às suas coordenadas espaciais, necessitando para tal de possuir um
método de localização complementar baseado em sensores visuais ou em odometria. A

9
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

odometria consiste em determinar a localização de um objecto onde, dada a sua posição


inicial, vai sendo depois recalculada periodicamente a nova posição com base em vários
sensores (normalmente colocados nas rodas) que determinam o espaço percorrido pelo
robô e em que sentido. Assim, com a odometria obtém-se um método de localização
complementar eficaz, mas, ao calcular a sua localização, os erros de cálculo são
acumulados, uma vez que a posição anterior é dada como garantida e os novos valores
são somados a esta. Isto provoca erros de localização consideráveis para distâncias com
centenas de metros, sendo necessário recolocar no mapa manualmente a posição do
robô de tempo a tempo.

Figura 1 – Robô com portátil acoplado para a fase de treino


Fonte: [Serrano, 2004]

Após esta fase de treino, os sistemas de localização de dispositivos móveis em Wi-Fi


ficam com uma colecção de mapas rádio (um mapa para cada AP), os quais funcionam
como um repositório de potências de sinal em cada posição do mapa. Assim os sistemas
de localização conseguem comparar os valores das potências dos sinais Wi-Fi recebidos
nos dispositivos móveis com os valores guardados nas diferentes posições do mapa
rádio. Esta comparação de posições e sinais Wi-Fi pode ser feita segundo diversas
técnicas, contudo podem-se distinguir dois grandes grupos de técnicas de localização: as
técnicas determinísticas e as técnicas probabilísticas.

As técnicas determinísticas usam um valor escalar da potência do sinal e através de


técnicas de triangulação ou trilateração fazem aproximações da localização dos

10
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

dispositivos móveis dentro da rede Wi-Fi usando o angulo ou distância do dispositivo


móvel em relação a vários pontos fixos com coordenadas conhecidas [Tan, 1995]. A
triangulação e a trilateração são duas técnicas de localização que serão distinguidas
posteriormente no Capítulo 5. Os métodos probabilísticos [Roos, 2002], têm como
objectivo encontrar qual a posição mais provável para a localização do dispositivo
móvel, tendo em conta uma função de probabilidade treinada com um conjunto de
amostras correctas e erradas ou modelos de propagação de ondas Wi-Fi.

Fazendo uma breve análise aos sistemas de localização baseados em Wi-Fi que existem,
verifica-se que os métodos probabilísticos são mais usados uma vez que têm mais
provas dadas em termos de precisão e são mais adaptáveis a diversos ambientes. Para
demonstrar qual o estado actual dos sistemas de localização existentes na tecnologia
Wi-Fi foi elaborada uma descrição de vários sistemas de localização que são referências
nesta área e demonstram as diversas aproximações existentes para se localizar
dispositivos móveis em redes Wi-Fi.

2.2 Sistemas de localização baseados em


redes Wi-Fi

2.2.1 Projecto RADAR

O primeiro passo dado no sentido de localizar um dispositivo que use uma tecnologia
semelhante à Wi-Fi foi o projecto RADAR [Bahl, 2000]. Neste projecto, usaram a
WaveLan, a qual era uma das tecnologias de rede sem fios proprietárias que antecedeu o
Wi-Fi. Nesta investigação foram usados computadores pessoais para servirem de
estações fixas e estes tinham como função medir a potência do sinal enviado pelo
computador portátil. Os criadores do RADAR admitiam que o facto de o sinal ser
medido nas estações fixas era uma limitação e que caso fosse necessário seguir um
maior número de dispositivos móveis, seria necessário passar à medição da potência de
sinal nos dispositivos móveis [Bahl, 2000], pois um servidor não teria desempenho
computacional suficiente para processar as localizações de um grande número de

11
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

dispositivos móveis. Contudo, desde então, o exponencial aumento da capacidade de


processamento dos equipamentos, fez com que actualmente os sistemas de localização
totalmente centralizados sejam os mais comuns, apresentando como principais
vantagens serem menos intrusivos nos vários tipos de clientes, e tornarem mais fácil a
aplicação dos sistemas de localização em Wi-Fi a vários tipos de equipamentos e
sistemas operativos dos dispositivos clientes.

O RADAR funcionava em duas fases: uma offline, na qual era efectuado o treino do
sistema, e outra online, tendo a explicação destas já sido feita na introdução deste
capítulo. Neste caso específico, a fase online poderia funcionar em tempo real ou então
poderia funcionar em duas sub-fases, sendo primeiro feita toda a aquisição de dados do
dispositivo móvel e posteriormente feita a análise ao percurso seguido pelo dispositivo
móvel durante o intervalo de tempo monitorizado. Para o dispositivo móvel ser
localizável este tinha de emitir periodicamente um sinal broadcast (cerca de 4 por
segundo) para que cada estação fixa o pudesse receber e medir em termos da potência
de sinal recebida e sincronizar através de um timestamp. O timestamp identifica de
modo inequívoco um instante com uma precisão máxima de 1 segundo, sendo um
número inteiro que representa quantos segundos passaram desde as 00h00m de 1 de
Janeiro de 1970 na hora Universal Time Coordinated (UTC), de termo atómico
normalizado, que define o Atomic International Time (AIT).

Na fase offline, o utilizador tinha de indicar num mapa qual a sua coordenada espacial
(x,y) como também a sua orientação (d), a qual era necessária pois o utilizador formava
uma grande obstrução aos sinais Wi-Fi numa direcção, podendo deturpar a localização
caso não tivesse sido tida em conta. Por fim era registado o timestamp (t) e os dados
inseridos pelo utilizador eram guardados num tuplo com o formato (t, x, y, d).

Nesta mesma fase, do lado das estações fixas, era atribuído o timestamp para cada
registo de posição que chegasse do dispositivo móvel, implicando assim uma
sincronização de todos os relógios das estações fixas. Para calcular a localização do
dispositivo móvel, os sinais das diferentes estações fixas eram comparados, juntando os
valores com o mesmo timestamp numa tabela com os tuplos do tipo (x, y, d, SSi, SNRi)
onde i 1,2,3 , correspondendo a qual das três estações fixas pertencia o tuplo. A cada
broadcast recebido pelas estações fixas era registada a potência do sinal (SS, do inglês

12
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

Signal Strength) e a relação sinal/ruído (SNR, do inglês Signal to Noise Ratio) dos
sinais Wi-Fi. Para cada valor de i era calculada a média, o desvio padrão e a mediana da
potência dos sinais Wi-Fi.

Para calcular a posição do dispositivo móvel era necessário comparar as potências dos
sinais recebidos pelas três estações fixas com as amostras recolhidas na fase offline de
treino. Ao encontrar a amostra que mais se assemelha ao sinal actual, encontravam qual
era a posição em coordenadas respectivas para aquele conjunto de potências de sinais.
Nesta pesquisa foi usada a técnica de Multiple Nearest Neighbour (MNN), que consiste
no cálculo da diferença dos sinais Wi-Fi medidos na fase online em relação a todos os
sinais registados na fase offline. A menor diferença entre os valores já registados e os
que presentemente o dispositivo móvel recebe, indicará qual a posição que o algoritmo
estimou, uma vez que é a posição que mais se aproxima das potências de sinal
recebidas.

As ondas Wi-Fi têm um comportamento pouco previsível, sendo difícil de afirmar que a
distância é o principal factor de atenuação da potência, tal como se pode verificar na
Figura 2, onde as três estações fixas (BS1, BS2 e BS3) registaram valores pouco
consistentes na relação da distância entre o dispositivo móvel e as estações, com a
atenuação da potência do sinal Wi-Fi. Esta fraca correlação entre distância e atenuação
foi em grande parte causada pelo local. Tendo em conta estes dados os investigadores
concluíram que a disposição das paredes e outros obstáculos influenciaram em muito os
resultados [Bahl, 2000].

13
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

Figura 2 – Relação da distância e potência dos sinais Wi-Fi recebidos pelos AP


Fonte: [Bahl, 2000]

Durante as experiências feitas, os investigadores verificaram que numa dada posição, a


potência do sinal variava de cerca de 5 dBm1 e que esta variação era aleatória. Provaram
também que a orientação do utilizador numa qualquer localização influenciava a
potência de qualquer sinal Wi-Fi recebido.

2.2.2 Cisco Wireless Location Services

A Cisco desenvolveu em 2006 um sistema de localização fácil de instalar e capaz de


funcionar totalmente nos equipamentos da rede [Brugman, 2006], sem ter de instalar
qualquer tipo de software adicional nos dispositivos a localizar (Figura 3). Apesar de
este sistema também funcionar com tags Radio Frequency IDentification (RFID), só irá
ser abordada a localização de dispositivos móveis com capacidade Wi-Fi.

1
Unidade de potência dos sinais Wi-Fi

14
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

Figura 3 - Componentes da solução de localização da Cisco


Fonte: [Brugman, 2006]

Contudo, para este sistema de localização funcionar é necessário que a infra-estrutura de


rede preencha alguns requisitos. Começando pelos APs, estes têm de ser Cisco e têm de
ser configurados para trabalhar com o Cisco Wireless Control System (WCS) (Figura
3), limitando logo à partida a integração deste sistema de localização a muitas redes que
usam APs de vários fabricantes. Outro requisito para este sistema funcionar é a presença
do WCS, que irá calcular a posição dos dispositivos móveis presentes na rede Wi-Fi.
Este sistema de localização permite o uso de cinco métodos distintos:

Célula de origem: determina-se a zona em que o dispositivo móvel se encontra


identificando a que AP está associado. Sabendo onde este se encontra e qual a sua área
de cobertura, é assim possível identificar a área de cobertura do AP como sendo a zona
onde o dispositivo móvel se encontra. A precisão deste método será igual à área de
cobertura do AP [Brugman, 2006].

Received Signal Strength Indicator (RSSI): é usado o RSSI de um dispositivo móvel


em relação a um AP como base para o processo de localização, uma vez que a partir
deste é possível estimar a distância entre eles. Ao efectuar este cálculo para três RSSI
provindos de APs diferentes, é feita a uma tripla relação das respectivas potências de
sinal [Brugman, 2006], chegando-se a um ponto estimado de localização. A distância
entre dispositivos pode ser calculada através da potência de sinal, usando modelos
matemáticos de propagação de sinais Wi-Fi. Este tema será abordado e explicado em

15
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

detalhe no Capítulo 3, na secção de atenuação do sinal Wi-Fi. Este sistema de


localização faz apenas uma triangulação simples, não tendo em conta certos fenómenos
como o de multipath2 e a variação da atenuação do sinal tendo em conta a planta do
edifício. Certos sistemas de localização já usam formas de integrar estes cálculos
dinamicamente, aumentando em muito a precisão deste método.

Time of Arrival (ToA): Este método funciona da mesma maneira que o anterior, só que
neste, a distância é calculada tendo em conta o tempo que o sinal demora a percorrer do
emissor até ao receptor [Brugman, 2006]. Este método tem o inconveniente de os
equipamentos de rede usados terem de estar perfeitamente sincronizados, pois um sinal
Wi-Fi propaga-se a uma velocidade aproximadamente de 3X108 m/s e por este motivo
qualquer desajuste levaria a erros de grandes proporções.

Time Difference of Arrival (TDoA): É uma ligeira adaptação do ToA, mas com a
diferença de serem consideradas as diferenças no tempo de chegar entre o dispositivo e
pelo menos três APs [Brugman, 2006]. Este método torna-se mais fiável do que o ToA,
uma vez que não usa o valor absoluto do tempo de chegada, o qual poderá estar
ligeiramente errado. Ao considerar também a diferença entre os tempos de chegada, o
erro provocado será menor.

Angle of Arrival (AoA): Neste método, a posição do dispositivo móvel é calculada com
base no ângulo de incidência em que o sinal é recebido. Quando este processo é
repetido para os sinais Wi-Fi provindos de pelo menos 3 APs é possível cruzar os três
ângulos obtidos de forma a deduzir qual a posição em que se encontra o dispositivo
móvel [Brugman, 2006].

2
Fenómeno inerente à propagação das ondas Wi-Fi que se caracteriza pelo facto de as ondas Wi-Fi não
percorrerem sempre o mesmo caminho numa comunicação entre dois dispositivos Wi-Fi.

16
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

2.2.3 Projecto desenvolvido na Universidade Rey Juan


Carlos

Na Universidade Rey Juan Carlos, Espanha, foi concluído em 2004 um sistema de


localização de dispositivos móveis em redes Wi-Fi que não necessitasse de um mapa de
intensidade rádio [Serrano, 2004]. Este mapa foi substituído por um modelo de
propagação teórico das ondas Wi-Fi, capaz de localizar dispositivos móveis com uma
precisão mais baixa, mas perto das técnicas que usam o mapa de intensidade rádio. Os
autores adoptaram uma técnica de aproximação probabilística da posição do dispositivo,
a qual constrói e vai actualizando uma grelha de probabilidade do dispositivo estar em
cada posição. A posição com maior probabilidade acumulada é escolhida segundo a
regra de Bayes, a qual é uma regra matemática (Eq. 2-1) que declara como os dados
actuais devem ser afectados pelos anteriores [Murphy, 2006], neste caso combinando os
novos dados sobre a nova localização do dispositivo móvel com os já existentes sobre
as posições anteriores.
P(e | R r) P(R r)
P( R r | e) Eq. 2-1
P(e)

Sendo P(e) a probabilidade do acontecimento anterior ocorrer e P(R=r) a probabilidade


do acontecimento posterior acontecer (Eq.2-1). P(R=r|e) é a probabilidade que a
variável aleatória R tenha o valor r tendo sido verificado e. O denominador é só uma
constante de normalização que assegura que a probabilidade condicionada de P(R=r|e)
assume no máximo o valor 1. Tendo em conta a regra de Bayes, a determinação de um
nova posição do dispositivo móvel seria influenciada em parte pela sua posição anterior.

Durante os testes foi usado um computador portátil com um adaptador Wi-Fi e este era
transportado por um robô pelo espaço das experimentações. Este portátil servia para
registar o número de APs acessíveis, a potência do sinal recebido para cada um, tal
como os seus níveis de erro (ruído).

Actualmente existem vários modelos de propagação Wi-Fi, capazes de representar


matematicamente o comportamento das ondas Wi-Fi dentro de edifícios, mas o
escolhido pelos autores foi o modelo breakpoint, o qual apenas tem em conta a distância
percorrida pelas ondas Wi-Fi, descartando o efeito que certos obstáculos têm na

17
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

propagação das ondas Wi-Fi, como por exemplo: as paredes, mobiliário, etc. Com base
neste modelo foi então simulado um mapa de intensidade automático para cada um dos
três APs usados nesta experiência, podendo ver-se na Figura 4 e na Figura 5 o resultado
para dois dos APs usados (AP1 e AP3).

Figura 4 - Mapa de Intensidade Simulado Figura 5 - Mapa de Intensidade Simulado


para o AP 1 para o AP 3
Fonte: [Serrano, 2004] Fonte: [Serrano, 2004]

O uso de um modelo de propagação permite que seja feita uma estimativa da potência
de recepção dos sinais Wi-Fi vindos de todos os APs para todo o espaço de localização.
Este modelo de propagação elimina a necessidade de um sistema de duas fases,
cortando a fase de treino, onde se fazia o mapa de intensidade rádio de toda a área
abrangida pelo sistema de localização. Este é um passo importante, uma vez que se
consegue retirar a parte mais morosa da implementação de um sistema de localização
sobre a tecnologia Wi-Fi.

Para que fosse possível comparar o desempenho de um modelo de propagação com o de


um mapa de intensidade rádio tradicional construído pelo treino de posições, teve de se
recorrer a uma fase de treino. Os resultados obtidos pelos dois métodos diferem como
podemos ver na Figura 6 e na Figura 7, sendo que para o método do mapa o erro é
menor que 1.5 metros em 82.27% dos casos e menor que 3 metros para 97.9% dos
casos. Usando o modelo de propagação o erro sobe significativamente, sendo que para

18
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

42% dos casos o erro é menor a 1.5 metros e para 83% dos casos está abaixo de 3
metros.

Figura 6 - Posições estimadas com o mapa de Figura 7 - Posições estimadas com o modelo
intensidade de propagação
Fonte: [Serrano, 2004] Fonte: [Serrano, 2004]

2.2.4 Projecto desenvolvido na Universidade de Berlim

Na Universidade de Berlim, Alemanha, foi desenvolvido um sistema de localização de


dispositivos móveis que serve de base para a disponibilização de informação contextual
sobre obras de arte do museu Pergamon de Berlim [Sieck, 2006]. A localização baseia-
se apenas na cobertura de cada AP Wi-Fi, ou seja, o utilizador é localizado tendo em
conta apenas o AP a que o seu dispositivo móvel se encontra directamente ligado. Isto é
conseguido através de pedidos Simple Network Managment Protocol (SNMP) a todos
os APs listados na base de dados. Estes pedidos têm como objectivo adquirir a lista de
dispositivos directamente ligados a estes. Um AP guarda apenas os endereços MAC dos
dispositivos ligados a ele, sendo necessário filtrar os endereços MAC que pertençam à
rede interna.

Ao saber a que AP estão ligados os dispositivos móveis é possível saber vagamente a


área onde estes se podem encontrar, contudo esta incerteza sobre a localização precisa
do dispositivo móvel não afecta a aplicabilidade deste sistema para o caso em estudo,
uma vez que são disponibilizadas informações contextuais muito generalistas ao

19
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

utilizador, divididas em conformidade com a área coberta por cada AP, sendo neste caso
cada um dos salões de exposição de obras de arte.

Um sistema de localização desta natureza implica que cada AP seja colocado


estrategicamente e que a informação contextual seja muito bem dividida, de modo a não
ocorrerem discrepâncias em relação à informação fornecida e ao local onde se encontra
o dispositivo móvel e consequentemente o seu utilizador. Devido à natureza
imprevisível dos sinais Wi-Fi em ambientes dinâmicos onde haja muitas pessoas a
circular, é às vezes impraticável determinar a localização exacta de dispositivos móveis.

2.2.5 Projecto desenvolvido na Universidade Rice

Na Universidade Rice em Houston, nos Estados Unidos da América, foi desenvolvido


um sistema de localização com o objectivo de detectar intrusos na rede Wi-Fi [Tao,
2003]. Neste sistema, a localização de cada dispositivo móvel da rede Wi-Fi é calculada
por um servidor, o qual fazia um inquérito periódico a cada um dos APs listados na rede
de modo a saber qual a potência de sinal relativa a cada dispositivo móvel que se
encontra ligado à rede.

Para funcionar, este sistema de localização necessitava de um mapa de intensidade, o


qual era uma planta do edifício com as médias das intensidades de sinal para cada ponto
de acesso. No entanto surgiu um problema, pois entre as 8:00 e as 17:00, o ruído dos
sinais Wi-Fi era mais significativo, uma vez que se encontravam mais pessoas dentro do
edifício, o que comprometeria a precisão da localização. Devido a este facto, os
investigadores passaram a ter em conta não só um mapa de intensidade como também
um histograma com uma média do ruído de sinal para as diferentes horas do dia.

No decorrer dos trabalhos foi observado que a potência de um sinal Wi-Fi é linearmente
proporcional à potência de transmissão, mas como podemos ver na Figura 8, a potência
dos sinais recebidos não variam drasticamente com a variação da potência de
transmissão. Os autores usaram estas observações para construir um filtro que
melhorasse a precisão da localização dos dispositivos móveis.

20
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

Figura 8 - Relação entre potência de sinal emitida e recebida


Fonte: [Tao, 2003]

Foram testados dois algoritmos de localização com o objectivo de determinar a


aplicabilidade de cada um a este sistema: o método de histograma e o método da
diferença. O primeiro já tinha sido usado pelos autores em trabalhos anteriores e
conseguia bons resultados em termos de precisão da localização dos dispositivos
móveis. No entanto, este método não era suficientemente robusto para funcionar em
redes Wi-Fi, uma vez que dificilmente conseguia determinar a posição de dispositivos
móveis diferentes daqueles usados na fase de treino do sistema de localização. Este
problema advinha da diferença que existe entre ganho das antenas de dispositivos
móveis diferentes, que causava disparidades na localização dos dispositivos móveis.

Para localizar os dispositivos móveis, o método de histograma usa um esquema de


inferência Bayesiana que é um tipo de inferência estatística que descreve as incertezas
sobre as quantidades invisíveis de uma forma probabilística. As incertezas são
periodicamente modificadas após observações de novos dados ou resultados. A
operação que calibra a medida das incertezas é conhecida como operação bayesiana e é
baseada na fórmula de Bayes [Ehlers, 2003].

Para implementar este método, foi modelado o espaço de localização como um espaço
finito {p1,…,pn} com um espaço de observação também finito {o1,…,om}. O modelo
sensorial criado Pr(oj|pi) é um modelo que se baseia na probabilidade condicional de se
verificar a observação oj na posição pi. O vector de posição π é um vector de
probabilidade sobre várias posições, ou seja, π i representa a probabilidade da posição pi

21
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

ser a posição actual. Tendo uma estimativa prévia do valor de π, depois de observar oj, é
possível, usando a regra de Bayes, estimar uma nova posição no vector π' calculando as
probabilidades condicionais π'i para cada i ∈ {1,…,n} (Eq. 2-2). Depois desde cálculo, é
escolhido como melhor resultado a posição com maior probabilidade, sendo o resultado
um tuplo (x, y, z, ), que descreve a posição do dispositivo com as três coordenadas
espaciais x, y e z, sendo usado para representar, em graus, o ângulo de orientação do
utilizador.

Eq. 2-2

O método da diferença, ao contrário do método de histograma, não se baseia apenas nas


potências de sinais treinados, uma vez que estes valores de treino não são totalmente
correctos quando o adaptador Wi-Fi do dispositivo é diferente daquele usado nos treinos
ou quando o utilizador muda a sua potência de transmissão intencionalmente. Para
resolver este problema, o método da diferença não vai basear-se nas potências de sinais
treinados e observados, mas sim nas diferenças de potências de sinais entre pares de
APs. Assim será possível usar o mesmo mapa de intensidade para detectar vários
adaptadores Wi-Fi, mesmo tendo uma potência de transmissão mais alta ou mais baixa.

Quando os dispositivos usavam o mesmo tipo de equipamento daquele com que foi
feito o treino, a precisão era bastante alta. Com o método da diferença era possível a
localização com um máximo de erro de 2 metros em 61% do tempo, tendo o método do
histograma conseguido apenas um erro máximo de 2 metros em 47% dos casos. Quando
eram usados outros tipos de dispositivos, a precisão baixava para 49% para o método da
diferença e 40% para o método do histograma relativamente a erros máximos de 2
metros. Foram ainda feitos testes em áreas não treinadas, nas quais ambos os algoritmos
se revelaram incapazes de localizar o dispositivo, tendo sido apenas possível localizar
áreas adjacentes às já treinadas.

Este sistema de localização sacrifica precisão por robustez, conseguindo localizar


dispositivos móveis mesmo que estes sejam maliciosos ao ponto de alterarem
intencionalmente a sua potência de transmissão de modo a não serem detectados, o que
funciona para a maioria dos sistemas. Assim, com a garantia da localização de todos os

22
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

dispositivos móveis numa rede Wi-Fi, este projecto é uma mais-valia em termos de
avanço da segurança em redes Wi-Fi.

2.2.6 Projecto desenvolvido na Universidade de Southern


Califórnia

Em Julho 2003, foi concluído um estudo feito na Universidade de Southern Califórnia,


Los Angeles, EUA [Howard, 2003], que tinha como principal objectivo determinar a
aplicabilidade da tecnologia Wi-Fi à localização de dispositivos móveis. As
experimentações tiveram lugar nos 4 corredores do edifício “SAL2”, onde estavam
dispostos quatro dispositivos (dois PDAs, um portátil e uma unidade Intel Stayton) para
servir de estações fixas de medição da potência de sinal. A disposição destes, como
podemos ver na Figura 9, foi escolhida de forma a ter os melhores resultados possíveis.

Figura 9 - Planta do edifício SAL2


Fonte: [Howard, 2003]

A metodologia seguida foi muito semelhante à usada na Universidade Rice, sendo usado
um algoritmo de inferência Bayesiana, o qual necessitou de um mapa de intensidade
rádio. Este estudo destaca-se dos outros na medida em que a fase de treino não necessita
de grande intervenção humana, uma vez que esta é feita por um robô equipado com um
adaptador Wi-Fi que guarda a cada posição a potência do sinal com os vários
dispositivos e coloca estas no mapa de intensidade com o recurso a odometria e a
sensores laser instalados. Assim, pela primeira vez, torna-se possível automatizar a
árdua tarefa de registar cada posição manualmente, mas esta automatização torna-se
algo limitada, pois é apenas apropriada a locais pouco complexos e com poucos

23
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

trajectos possíveis como é o caso deste estudo. Se o robô fosse colocado numa área
mais aberta, seria difícil a este localizar-se com os sensores e tornar-se-ia impraticável o
seu uso na fase de treino. Este estudo acaba por não demonstrar a eficácia do algoritmo
de localização em outros ambientes nem os resultados obtidos com outro tipo de
adaptadores Wi-Fi.

2.2.7 Projecto Horus desenvolvido na Universidade de


Maryland

Na Universidade de Maryland foi criado em 2005 o sistema de localização Horus


[Youssef, 2005] com o objectivo de atingir dois importantes marcos: alta precisão de
localização e baixos requisitos computacionais. Graças a técnicas de “location-
clustering”, o algoritmo usado no Horus torna-se muito leve, permitindo a localização
de um grande número de dispositivos móveis [Youssef, 2005]. A alta precisão a que
consegue chegar deve-se em grande parte à identificação que o Horus faz às diferentes
causas da variação dos sinais Wi-Fi e como ele as consegue resolver.

O Horus é instalado nos dispositivos clientes, local onde mede a potência de sinal
recebido vindo de todos os AP alcançáveis pelo cliente. O facto de o Horus estar
instalado em cada dispositivo cliente e não num servidor, possibilita a sua abrangência a
um maior número de clientes, mas também é menos cómodo para o utilizador.

O sistema Horus funciona também em duas fases, tendo de ser treinado e calibrado na
primeira fase de modo a possibilitar a construção de um mapa rádio. O mapa serve de
base para o processo de localização dos dispositivos móveis e encontra-se num local
acessível pelos vários dispositivos que têm o Horus instalado. Este sistema de
localização usa técnicas probabilísticas e a sua implementação foi testada tanto no
sistema operativo Windows como também em Unix.

Apesar de a potência de sinal sofrer variações ao longo do tempo, os autores do Horus


mostram que a auto-correlação das amostras recolhidas de um ponto de acesso é de 90%
para um curto espaço de tempo (Figura 10), tendo proposto um modelo auto-regressivo
(Eq. 2-3) para explicar a auto-correlação dos valores.

24
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

Eq. 2-3

Nesta equação vt é um processo de ruído e st é uma série que representa as amostras de


um ponto de acesso. Com base neste modelo, os investigadores desenvolveram uma
regra (Eq. 2-4) para explicar a variância dos sinais Wi-Fi. Na fase de treino o valor de α
é estimado e guardado como o parâmetro de distribuição para que durante a fase de
localização, a distribuição Gaussiana seja adaptada com o seu valor.

Eq. 2-4

Figura 10 - Auto-correlação entre as potências de sinais vindos de um AP


Fonte: [Youssef, 2005]

Para determinar a localização de um dispositivo, o Horus estima quais os locais p(i)


com a maior probabilidade do dispositivo se encontrar, sendo depois achado qual o
centro de massa desse conjunto de locais N (Eq. 2-5), os quais são representados por
coordenadas espaciais. O centro de massa X calculado passará a ser o novo ponto
representativo da localização do dispositivo.

Eq. 2-5

Como a potência dos sinais rádio recebidos pelo dispositivo não são constantes para
uma dada posição, o Horus usa um compensador de pequena escala para corrigir estas

25
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

variações. O funcionamento do compensador começa por detectar as variações de


pequena escala ao calcular a distância entre duas localizações consecutivas estimadas.
Assumindo que o dispositivo está em constante movimento, o sistema irá usar o
compensador que detecta se a distância limite previamente definida está a ser excedida.
Se tal limite for excedido são introduzidas variações artificiais à amostra e o processo
de localização é repetido. Por fim, é escolhida a localização mais próxima da última
localização estimada.

Para reduzir os requisitos computacionais do Horus, este funciona com a técnica


Incremental Triangulation Clustering [Youssef, 2005], a qual consiste em dividir em
várias partes o ambiente em que o dispositivo a localizar se encontra. Cada uma será
composta por um conjunto de APs. Deste modo são analisados apenas os sinais vindos
dos APs estritamente necessários à localização não sendo necessário analisar todos os
sinais Wi-Fi recebidos pelo dispositivo móvel. Na prática é escolhido qual o AP com a
maior potência de sinal recebida no dispositivo cliente e apenas os locais cobertos por
este AP são pesquisados, escolhendo-se de seguida um segundo AP baseando-se no
mesmo critério e apenas serão pesquisadas as áreas cobertas em comum pelo primeiro e
segundo AP.

Neste processo são comparadas as probabilidade das estimativas das localizações e


caso, por exemplo, a primeira estimativa tenha a maior probabilidade do que a segunda
estimativa, a localização pára e é devolvida à primeira. Este processo é recursivo,
podendo verificar-se várias estimativas até se chegar ao resultado pretendido. Com estas
técnicas probabilísticas o Horus consegue localizar um dispositivo móvel em redes Wi-
Fi com um erro médio de 0,6 metros em 60% dos casos.

2.2.8 Projecto desenvolvido na Universidade de Freiburg

Na Universidade de Freiburg, na Alemanha, foi desenvolvido um sistema de localização


de dispositivos móveis em redes Wi-Fi dentro de um edifício com vários andares [Zhou,
2006]. Neste trabalho foi usado como caso de estudo o edifício Computing Center da
Universidade de Freiburg.

26
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

Este sistema, tal como outros sistemas de localização, tem de ser treinado de modo a
obter-se o mapa de intensidade rádio, mas, ao contrário de outros, funciona num modo
misto, estando implementado num servidor (onde está alojado o mapa rádio) como
também nos clientes que usem o sistema de localização (onde é feito o processo de
localização). Outra diferença em relação aos sistemas já abordados reside no facto de
este sistema poder prever a localização do utilizador nos próximos instantes. Para prever
a localização é necessário ter em conta a potência dos sinais Wi-Fi dos APs que rodeiam
o dispositivo, bem como usar o histórico recente da posição do utilizador para saber se o
dispositivo tem estado parado ou se encontra em movimento. Caso se encontre parado é
muito provável que continue assim, caso esteja em movimento é possível prever quais
as possíveis trajectórias que o dispositivo irá seguir na medida em que a mobilidade do
seu portador é influenciada por portas, escadas e paredes.

Este método torna possível corrigir os erros em relação a posições com potências de
sinal muito semelhantes, mas que são imprescindíveis distinguir, como é o caso de estar
do lado de dentro de uma sala ou do lado de fora junto à parede, ou até saber distinguir
qual o andar em que o dispositivo se encontra. Para distinguir estes casos Zhou incluiu a
planta do edifício para saber quais as limitações nas trajectórias seguidas pelos
dispositivos móveis.

Deste modo foi possível formular algumas regras [Zhou, 2006] que ajudaram a reduzir
os erros na localização do dispositivo móvel. Assim este sistema não permite que um
dispositivo possa mudar de posição sem que este cumpra as limitações em termos de
velocidade a que uma pessoa consegue correr (o dispositivo não pode andar a uma
velocidade absurda), não pode mudar de andar sem que o dispositivo esteja numas
escadas ou num elevador e não pode atravessar paredes exceptuando se aí se encontrar
uma porta ou abertura.

A adopção do método determinístico baseado no histórico recente implica o estudo da


planta do edifício e a sua aplicação ao sistema de localização de uma forma manual, o
que pode ser visto como uma desvantagem. Uma possível optimização do sistema nesta
técnica passaria por encontrar uma forma de o sistema de localização analisar de uma
forma automática a estrutura do edifício através de uma planta digitalizada. O uso de
um histórico recente do utilizador e a inclusão das plantas do edifício provoca, como

27
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

podemos ver na Figura 11, uma melhoria da localização dos dispositivos móveis em
movimento, reduzindo o erro médio existente em 8,4%, passando assim de 2,27 metros
para 2,08 metros.

Figura 11 - Determinação de posição com e sem a planta


Fonte: [Zhou, 2006]

As técnicas adaptadas por Zhou conseguem chegar a uma elevada precisão,


conseguindo um erro médio de 2,08 metros. Este sistema destaca-se dos outros porque
consegue evitar grande parte das falhas que fariam com que os dispositivos parecessem
estar a saltar entre posições relativamente distantes e impossíveis de transpor num dado
espaço de tempo [Zhou, 2006].

2.2.9 Projecto desenvolvido pelo SENSEable City


Laboratory

O iFind [iFind, 2007] foi implementado no campus do Massachusetts Institute of


Technology (MIT), tendo sido desenvolvido internamente pelo SENSEable City
Laboratory. A aplicação iFind permite que docentes e alunos localizem colegas de
trabalho dentro do instituto.

Para localizar os dispositivos móveis, o iFind usa o Place Lab, que é uma applet em
Java™ disponível em código aberto. O Place Lab é uma framework criada com a
intenção de facilitar o desenvolvimento de aplicações e serviços de localização de
variados dispositivos móveis, pois para além de funcionar com a tecnologia Wi-Fi,

28
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

também usa bluetooth, GPS e GSM para determinar a localização de dispositivos


móveis.

O Place Lab [LaMarca, 2005] contém um conjunto de algoritmos de localização


adaptados para GSM, bluetooth e Wi-Fi. Em Wi-Fi o método de localização é baseado
em diagramas de Venn, sendo computacionalmente leve, facto provocado pela baixa
complexidade dos cálculos envolvidos. Sabendo qual a área de cobertura máxima de
cada AP e tendo as coordenadas espaciais de cada AP em alcance do dispositivo móvel
(Figura 12), é possível determinar uma área onde o dispositivo móvel provavelmente se
encontra. Este método funciona sempre com todos os APs em alcance, resultando que
quanto maior for o número de APs em alcance, menor é o erro na localização. Este
método funciona mesmo estando apenas um AP em alcance, mas com grandes erros na
localização do dispositivo móvel, uma vez que apenas se sabe que o dispositivo móvel
se encontra dentro da área de cobertura do AP.

Áreas de cobertura:
Ponto de acesso A
Ponto de acesso B
Ponto de acesso C

A B C = provável localização do dispositivo móvel

Figura 12 - Localização de dispositivo Wi-Fi com diagramas de Venn

Assim, quanto mais densa for a colocação dos APs, maior será a precisão do algoritmo,
uma vez que há mais APs para serem cruzados, obtendo uma área de intersecção menor.

29
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

Ao usar o Place Lab, o utilizador tem vantagem de poder actualizar a sua base de dados
de APs no seguinte URL: “http://www.wigle.net”3.

2.2.10 Sistema desenvolvido pela Ekahau

O Ekahau Real-Time Location System (RTLS) foi desenvolvido na Finlândia, pela


empresa com o mesmo nome, Ekahau, a qual foi fundada em 2000 [Ekahau, 2007]. O
Ekahau é actualmente o sistema de localização mais preciso, estando o erro médio da
localização de dispositivos móveis em Wi-Fi abaixo de 1 metro. Esta precisão aliada ao
facto da localização ser processada num dispositivo central, permite que seja possível
localizar dispositivos móveis com pouco poder computacional e assim possibilita que
possam ser localizados com grande fiabilidade os recursos de qualquer tipo de
instituição, sejam estes recursos humanos ou materiais.

Este sistema de localização usa mapas de intensidade rádio previamente calculados para
poder determinar as posições dos dispositivos móveis, não necessitando de uma elevada
concentração de APs para funcionar correctamente. No entanto a fase de calibração é
muito minuciosa e tem de ser executada com o maior rigor de modo a que o sistema
possa localizar com o mínimo de erros.

Para proceder à localização de dispositivos móveis, o Ekahau RTLS usa actualmente o


Ekahau Positioning Engine 4.0, o qual é um servidor baseado em java que disponibiliza
diversos serviços de localização a aplicações clientes [Ekahau, 2007]. Dos sistemas de
localização revistos, o Ekahau é dos poucos a ser actualmente comercializado, tendo
alcançado bons resultados em ambientes hospitalares, na localização de stocks e na
indústria automóvel.

3
A 20 de Junho de 2007 já se encontravam 10,736,986 redes Wi-Fi mapeadas por 658,316,510 pontos de
observação.

30
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

2.3 Conclusão

O projecto RADAR, como primeiro projecto nesta área, teve um grande contributo para
a investigação, uma vez que demonstrou que era possível localizar um dispositivo
móvel utilizando uma rede sem fios normal, sem qualquer tipo de equipamento especial
e sem alterações à rede sem fios já construída. Mas como projecto pioneiro apresentava
grandes falhas a nível de precisão, principalmente se a localização dos dispositivos
ocorresse durante um dia de trabalho normal, com pessoas a movimentarem-se entre os
dispositivos. Contudo, o seu ponto forte residia no facto de necessitar de pouca
calibração, sendo fácil a sua aplicação a outra configuração de APs ou a outros
ambientes. Este sistema de localização aparece citado ou como referência bibliográfica
numa esmagadora maioria de artigos relacionados com a localização de dispositivos em
Wi-Fi.

Na Universidade de Berlim foi implementado um sistema de localização muito


rudimentar no museu de Pergamon, mas com uma boa disposição de APs conseguiram
chegar ao seu objectivo, o de determinar em que salão de exposição se encontrava o
dispositivo móvel. A precisão da localização é a mais baixa dos vários projectos aqui
estudados, mas tem grande aplicabilidade, uma vez que para certas aplicações, não é
necessário ter um ponto de localização exacto. O seu ponto forte é a baixa carga
computacional de que necessita, mas a sua aplicação a outros ambientes é limitada
devido à disposição específica que necessita para os APs.

O sistema de localização da Universidade de Rice destaca-se dos outros pela sua


capacidade de determinar a localização de um dispositivo móvel mesmo que este
alterasse deliberadamente a sua potência de transmissão. As técnicas utilizadas
permitiram também reduzir o impacto causado na precisão do sistema quando se usam
adaptadores de rede Wi-Fi diferentes daqueles usados no treino da rede. Em relação a
projectos anteriores, a precisão deste sistema é a mais alta.

O projecto desenvolvido na Universidade de Southern Califórnia evidencia-se dos


outros pela automatização da construção do mapa de intensidade rádio, a qual é feita por

31
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

um robô que usa outros métodos complementares de localização, tal como a odometria
e sensores visuais.

O projecto Horus é um dos mais precisos sistema de localização em Wi-Fi, conseguindo


manter-se computacionalmente leve, necessitando de dez vezes menos multiplicações
do que o RADAR. O facto de estar instalado nos dispositivos móveis garante a
escalabilidade do sistema, permitindo localizar um grande número de utilizadores. O
seu ponto fraco reside no grande número calibrações necessárias para que o sistema de
localização obtenha bons resultados.

No seu projecto, Zhou centra-se mais no impacto que a planta do edifício tem nas
movimentações dos dispositivos móveis, uma vez que os utilizadores estão limitados
por paredes, escadas, portas e elevadores. Esta análise complementar irá aumentar o
grau de precisão do algoritmo de localização, uma vez que se torna possível eliminar
certas localizações estimadas erradas, onde seria impossível ao utilizador estar.

Os sistemas de localização abordados foram seleccionados de entre muitos outros não


pela eficiência na localização de dispositivos móveis, mas pela diversidade e inovação
das técnicas usadas. Estes diferentes ângulos para a resolução do problema que é
localizar um dispositivo móvel numa rede Wi-Fi, possibilitam uma melhor
compreensão desta problemática, dando-nos uma visão geral (ver Tabela 1) de como
algumas problemáticas podem ser superadas.

Os dados publicados pelos autores de cada sistema de localização em relação ao erro


médio cometido ao localizar um dispositivo móvel reflectem cada um dos ambientes
escolhidos para realizar os testes. A falta de critérios rigorosos para a caracterização de
cada sistema de localização impedem-me de classificar qual o melhor ou pior dos
sistemas analisados. Este capítulo serviu para descrever cada um destes e as técnicas e
arquitecturas usadas. A falta de qualquer outro sistema de localização de referência
deve-se ao facto de se ter pretendido uma selecção o mais heterogénea possível. Agora
que já se encontram introduzidos grande parte dos conceitos relativos à problemática da
localização de dispositivos móveis em Wi-Fi, o próximo capítulo irá focar-se nas
questões relativas aos sinais Wi-Fi.

32
Capítulo II - Revisão dos sistemas de localização em redes Wi-Fi

Tabela 1 - Sumário dos sistemas de localização em Wi-Fi estudados

Nome Processamento Informação usada Técnicas de Uso de mapa de Precisão (erro


da localização localização intensidade médio)

RADAR Explícita Potência de sinal e AP MNN Sim 2.37 m

Univ. Rey Juan Carlos Explícita Potência de sinal e AP Prob. Bayesiana Não 1.53 m

Univ. de Applied Explícita Potência de sinal e AP Histograma Sim Não publicada


Sciences

Univ. Rice Explícita Potência de sinal e AP Histograma Sim Não publicada

Univ.South. Califórnia Implícita RSSI e AP Histograma Sim Não publicada

Horus Implícita RSSI e AP Histograma Sim 1.4 m

Univ. de Freiburg Implícita ou explícita RSSI, planta e AP Histograma Sim 2.08 m

IFind/Place Lab Implícita AP Triangulação simples Não 10 m a 100 m

Ekahau Explícita RSSI, TDoA e AP Histograma e Kernel Sim <1 m

Cisco Wireless Explícita RSSI, ToA, TDoA e Não publicada Não Não publicada
Location Services AoA

33
34
Capítulo III

3. Especificação dos sinais Wi-Fi

3.1 Introdução

Uma vez que os sinais Wi-Fi estão na base de todos os sistemas de localização
analisados no capítulo anterior, torna-se relevante conhecer as suas características e
todos os fenómenos que lhes são inerentes. Os sinais Wi-Fi são fundamentais a diversos
cálculos, como por exemplo, para determinar a cobertura de um AP, para a distância do
dispositivo móvel ao AP ou para efectuar cálculos probabilísticos da distribuição dos
sinais Wi-Fi.

Os sinais Wi-Fi pertencem à família das ondas rádio, e como tal, são uma forma de
energia electromagnética que, em condições ideais, se propaga sob a forma de ondas
electromagnéticas, em linhas rectas e à velocidade da luz [Netwalk, 2007] [Oliveira,
2005]. Contudo ao colidirem com objectos, vários fenómenos ocorrem, desde atenuação
na potência electromagnética da onda, a reflexão no material e mesmo a refracção no
objecto.

Antes de estudar os fenómenos inerentes aos sinais Wi-Fi, será feita uma caracterização
da frequência e do comprimento de onda em Wi-Fi. No final deste capítulo a serão
ponderados os riscos de basear um sistema de localização na potência dos sinais Wi-Fi.

35
Capítulo III - Especificação dos sinais Wi-Fi

3.2 Frequência, amplitude e comprimento de


onda

A frequência é uma grandeza física que representa o número de ciclos de uma dada
onda num ponto do espaço em cada segundo, medindo-se em Hertz (Hz). As
radiofrequências ocupam no espectro electromagnético as frequências entre os 3 KHz os
300 GHz. As aplicações principais da gama de radiofrequência do espectro
electromagnético centram-se na área das telecomunicações, sendo exemplos a difusão
de rádio e televisão, os sistemas de comunicações móveis, os sistemas de comunicação
das forças militares e de segurança, e as comunicações por satélite [Oliveira, 2005].

Actualmente as redes Wi-Fi comunicam numa frequência que ronda os 2.45GHz,


integrando a banda Industrial, Scientific and Medical (ISM), a qual é reconhecida pela
Internacional Telecommunication Union (ITU) como sendo de livre uso [ITU-R, 2007].
Isto significa que não é necessário obter qualquer tipo de licença para poder transmitir
nesta banda, estando aberta a todas as pessoas e empresas. Apesar de pertencerem à
família das ondas rádio não se devem confundir com outros tipos de ondas rádio, como
por exemplo as das emissões de rádio licenciadas, as quais são recebidas por outro tipo
de equipamento (o rádio), que funciona entre os 80 e 120MHz, um valor muito mais
baixo dos 2.4GHz do Wi-Fi. Os microondas funcionam tal como o Wi-Fi na gama dos
2.4GHz, mas operam a potências superiores, pois grande parte dos equipamentos Wi-Fi
emitem uma potência de 0,2 Watts e os microondas emitem à volta de 700 Watts.

Como se pode verificar na Eq. 3-1, o comprimento de onda está intrinsecamente


relacionado com a frequência, uma vez que a velocidade de propagação (c) de ondas
electromagnéticas é de 3x108 m/s em vácuo e a frequência (f) é de 2,437 GHz para um
comprimento de onda (λ) de 12,3 cm (Figura 13).

Eq. 3-1

36
Capítulo III - Especificação dos sinais Wi-Fi

Figura 13 – Representação gráfica de uma onda Wi-Fi


Adaptado de: [Oliveira, 2005]

O IEEE definiu a norma 802.11 e os canais nos quais os sinais Wi-Fi poderiam operar,
de modo a ser possível coexistirem diferentes redes Wi-Fi no mesmo local, atenuando a
interferência entre redes. Tal foi conseguido atribuindo a cada canal uma frequência
central diferente (Tabela 2, na próxima página) e uma margem para cada um poder
operar.

37
Capítulo III - Especificação dos sinais Wi-Fi

Tabela 2 - Canais 802.11b especificados


Adaptado de: [Informit, 2007].

Frequência
Canal
Central (GHz)

1 2.412

2 2.417

3 2.422

4 2.427

5 2.432

6 2.437

7 2.442

8 2.447

9 2.452

10 2.457

11 2.462

12 2.467

13 2.472

14 2.484

Foram criados pelo IEEE as seguintes normas Wi-Fi: 802.11a, 802.11b, 802.11g. A
802.11a foi a primeira norma Wi-Fi a ser definida e funcionava a 5GHz [Broadcom,
2003], as normas que se seguiram operam todas perto dos 2.4GHz [Intel, 2004]. A
futura norma 802.11n também funcionará na por volta dos 2.4GHz.

38
Capítulo III - Especificação dos sinais Wi-Fi

3.3 Atenuação

Qualquer tipo de comunicação rádio sofre perdas de potência de sinal na sua


transmissão, podendo ter origem nos materiais usados nos próprios dispositivos de
transmissão e recepção ou mesmo devido ao ambiente que o sinal atravessa
[Breezecom, 2007]. A própria humidade do ar influencia a propagação das ondas Wi-Fi,
uma vez que as partículas de água presentes no ar absorvem as ondas Wi-Fi durante o
seu percurso [Struzak, 2006]. Assim, quanto mais húmido o ar estiver, maiores são as
atenuações das ondas rádio, mas mesmo em condições ideais, as perdas de sinal não
poderão ser totalmente eliminadas, apenas minimizadas, uma vez que é incontornável o
facto de as ondas rádio perderem potência consoante a distância que percorrem [HP
Invent, 2002].

Um factor também importante no fenómeno de atenuação do sinal rádio é a quantidade


de obstáculos existente entre o emissor e receptor. Tendo em mente este factor, a
atenuação de um qualquer sinal rádio é considerada mínima quando existe linha de vista
entre estes. É considerado que existe linha de vista quando ao traçar uma linha
imaginária entre o emissor e o receptor não haja intercepção por qualquer tipo de
obstáculo [HP Invent, 2002].

No entanto, a fórmula de propagação Friis [Friis, 1971] vai mais além, mostrando que
para a comunicação entre duas antenas rádio ser efectuada com o mínimo de perdas é
necessário não só existir linha de visão entre emissor e receptor, como também em toda
a zona de Fresnel (Figura 14). Esta fórmula é frequentemente usada na engenharia de
telecomunicações, uma vez que consegue descrever matematicamente qual o
comportamento de um sinal rádio em condições ideais. A equação de transmissão de
Friis (Eq. 3-2) usa o ganho da antena de transmissão Gt, o ganho da antena de recepção

Gr, o comprimento de onda do sinal λ e a distância percorrida pelo sinal R para explicar

a relação entre a potência emitida Pt e recebida Pr.

39
Capítulo III - Especificação dos sinais Wi-Fi

Figura 14 - Representação da zona Fresnel, Adaptado de: [ISA, 2007]

Eq. 3-2

A relação entre distância percorrida R e potência do sinal G pode ser melhor explicada
por outra lei demonstrada na Eq. 3-3, a qual é um modelo aproximado da realidade e
verifica que a potência de um dado sinal rádio decresce segundo uma lei quadrática
inversa, ou seja, quanto maior a distância, menor é a potência de sinal [Bahl, 2000]. Em
campo aberto, sem qualquer tipo de obstáculo, o valor de α é de 1.5 [Saleh, 1987],
podendo chegar até 4 para ambientes onde as ondas Wi-Fi tenham de atravessar várias
paredes (Figura 15).

Eq. 3-3

Figura 15 - Atenuação de sinais rádio (1.5 GHz) registados em relação à distância percorrida,
Adaptado de: [Saleh, et al., 1987]

Para calcular a atenuação concreta de um sinal rádio, existem diversos modelos de


propagação de ondas rádio, mas grande parte anda à volta da Eq. 3-4, onde F é a

40
Capítulo III - Especificação dos sinais Wi-Fi

frequência do sinal rádio expressa em Mega Hertz e R é a distância, expressa em


quilómetros, entre as antenas de emissão e recepção. Como a tecnologia Wi-Fi funciona
a uma frequência próximo dos 2.4 GHz, esta fórmula pode ser simplificada para o seu
uso em Wi-Fi, obtendo-se a Eq. 3-5.

Eq. 3-4
Eq. 3-5

3.4 Ganho

O ganho é medido em decibéis e pode ser calculado através da Eq. 3-6 sabendo qual a
potência de entrada e a potência de saída do sinal Wi-Fi em Watts. O ganho pode ser
conseguido através de amplificadores ou de antenas, os quais aumentam a potência do
sinal emitido e recebido pelo adaptador de rede Wi-Fi. O uso de um ou outro dispositivo
é discutível, uma vez que provocam diferentes alterações no sinal. Por exemplo, as
antenas direccionais provocam um ganho no sinal Wi-Fi, pois ao contrário das antenas
omnidireccionais, estas apenas transmitem numa direcção, num feixe mais concentrado
e assim mais potente. Estas antenas podem ser usadas da mesma forma que as
omnidireccionais, mas têm especial aplicação nas comunicações ponto a ponto,
podendo ter um alcance de vários quilómetros, sendo normalmente usadas para
interligar redes distantes [Intel, 2004]. Os amplificadores de sinal podem ser usados
com qualquer tipo de antena, no entanto, introduzem ruído no sinal [Intel, 2004].

Eq. 3-6

É comum ver-se equipamentos de ganho de sinal Wi-Fi para interligar várias redes,
onde o dispositivo de bridging possuiu normalmente uma ou mais antenas direccionais
de alto ganho, conjuntamente com amplificadores de sinal.

41
Capítulo III - Especificação dos sinais Wi-Fi

3.5 Relação Sinal-Ruído

O SNR é usado para quantificar o ruído existente num dado sinal com o maior sinal não
distorcido, este é normalmente medido em dBm. Um sinal com “x” Watts de potência e
com “y” Watts de ruído equivale a um SNR expresso pela Eq. 3-7.

Eq. 3-7

O SNR mede a qualidade do sinal Wi-Fi recebido, sendo muitas vezes usado
conjuntamente com a potência do sinal.

3.6 Reflexão e Refracção em Wi-Fi

Quando as ondas Wi-Fi colidem com objectos muito densos estas podem ser totalmente
paradas, não deixando que o sinal se propague. Mas com a maioria dos materiais isto
não acontece e as ondas Wi-Fi propagam-se através dos materiais, embora sofrendo
uma atenuação na sua intensidade. Além de perder intensidade, a sua direcção pode ser
alterada pelos materiais que atravessa, tal acontece com a luz, que é redireccionada ao
passar por um vidro. A este fenómeno é dado o nome de refracção (Figura 16). Outra
característica das ondas Wi-Fi em relação aos materiais que contacta é a reflexão, a qual
varia consoante a textura e tipo de material do obstáculo. O ângulo com que a onda
incide sob uma parede também influencia o ângulo de reflexão da mesma (Figura 16).

42
Capítulo III - Especificação dos sinais Wi-Fi

Figura 16 – Reflexão e refracção de sinais Wi-Fi

3.7 Multipath

O multipath é um fenómeno de propagação muito frequente nas ondas Wi-Fi, o qual


significa que uma transmissão Wi-Fi pode seguir vários caminhos para se propagar
entre o emissor e receptor. É frequente a sua observação em locais fechados ou com
muitos obstáculos entre as duas antenas, onde a refracção e reflexão das ondas rádio nos
materiais influenciam o caminho seguido pelas ondas rádio, podendo assim os caminhos
serem totalmente distintos (Figura 17). Os efeitos deste fenómeno são a interferência
destrutiva, não esquecendo que também poderá causar a troca de fase do sinal Wi-Fi. O
multipath é um dos grandes responsáveis pela variância da potência do sinal entre duas
antenas rádio.

43
Capítulo III - Especificação dos sinais Wi-Fi

Figura 17 – Representação simples do fenómeno de multipath

Mesmo estando num ambiente estático, onde o emissor e o receptor estão imóveis,
verifica-se que a potência dos sinais Wi-Fi recebidos não é constante, tendo uma
variação de cerca de 5dBm [Bahl, 2000] e os sinais Wi-Fi recebidos e processados não
fazem sempre o mesmo percurso devido ao facto de os sinais Wi-Fi serem processados
consoante a sua ordem de chegada ao receptor.

3.8 Conclusão

Esta especificação dos sinais Wi-Fi permitiu verificar que é possível prever
aproximadamente a propagação e o comportamento destes em exteriores sem
obstáculos, contudo para o interior de um edifício há um grande número de problemas a
ter em conta, sendo que existem diversos objectos como por exemplo: paredes, portas e
pessoas, a influenciarem a propagação do sinal. Muitos sistemas de localização
resolveram este problema adicionando uma fase de treino, contudo, pretende-se analisar
a possibilidade de localizar dispositivos em Wi-Fi usando apenas um modelo de
propagação, sem nenhuma fase de treino.

44
Capítulo IV

4. Plataforma de localização

4.1 Introdução

A plataforma de serviços de localização de dispositivos móveis em redes Wi-Fi teve


início nas unidades curriculares de Projecto I e Projecto II do Mestrado em Informática,
realizados no ano anterior a esta dissertação. Este trabalho foi desenvolvido em grupo (2
alunos) que eu próprio integrei [Fagundes, 2006].

Neste primeiro trabalho chegou-se a uma especificação de uma plataforma capaz de


fornecer serviços sobre a localização de utilizadores dentro da rede Wi-Fi da UTAD.
Conjuntamente foram implementados um conjunto básico de serviços internos e
externos para testar a plataforma. A instalação dos vários componentes da plataforma de
serviços de localização está totalmente simplificada e configurável, o que permitiu uma
rápida instalação numa rede de testes dentro da UTAD, podendo no entanto ser
instalada com a mesma facilidade noutro local. A plataforma de serviços de localização
encontra-se actualmente optimizada para trabalhar nas redes Wi-Fi da iniciativa e-U.
Esta plataforma de localização não tem como objectivo apenas processar e armazenar a

45
Capítulo IV - Plataforma de localização

localização dos utilizadores da rede, mas também fornecer um conjunto de serviços para
que outras aplicações externas, mesmo feitas por terceiros, possam fazer pedidos de
localização a esta plataforma de serviços. Desta forma conseguiu criar-se um suporte
com o qual variadas aplicações podem trabalhar, tais como de helpdesk, de análise de
rede ou de detecção de intrusos.

Existe um conjunto de aplicações distintas que se podem dar à localização dos


utilizadores de uma rede universitária. Neste enquadramento surgiu a ideia de construir
um sistema que conseguisse seguir utilizadores dentro da rede Wi-Fi da universidade.
Embora a plataforma tenha sido desenhada para localizar dispositivos móveis, torna-se
viável a associação dos dispositivos móveis aos seus utilizadores, dado que estes se
autenticam neste tipo de redes (e-U), que genericamente usam o protocolo 802.1x. O
seguimento dos utilizadores é determinado através da localização sucessiva do
respectivo dispositivo móvel.

Após esta introdução, será descrita a rede em que se integra a plataforma de serviços de
localização, passando depois a explicar–se detalhadamente como esta funciona. Por fim
é feito um balanço da plataforma criada e de que maneira se pretende contribuir para a
valorização desta plataforma de serviços de localização com a realização desta
dissertação.

4.2 Iniciativa e-U

A e-U é uma iniciativa lançada em 2003 pelo governo português para incentivar os
estudantes e professores na produção, acesso e partilha à informação. A e-U engloba já
cerca de 80% das universidades portuguesas e um dos seus requisitos é a instalação de
redes Wi-Fi no campus de cada uma das universidades, de modo a que fiquem
disponíveis 24 horas por dia, 365 dias por ano [e-U, 2006].

A implementação da rede e-U na UTAD está conforme os requisitos de segurança,


autenticação, confidencialidade e mobilidade nacional definidos pela Agência para a
Sociedade do Conhecimento (UMIC) e pela Fundação para a Computação Científica

46
Capítulo IV - Plataforma de localização

Nacional (FCCN) para as instituições participantes na iniciativa e-U. Desta forma, é


possível aos estudantes do ensino superior usarem a rede Wi-Fi de qualquer instituição
de ensino superior do país, logo que esta esteja de acordo com as normas definidas pela
UMIC/FCCN. Uma vez que a mobilidade é o factor chave para o sucesso desta
iniciativa, as redes e-U são obrigadas a suportar a movimentação de utilizadores entre
instituições. Qualquer estudante pertencente a uma instituição de ensino superior
aderente à iniciativa e-U pode usar a rede Wi-Fi de qualquer uma das instituições
aderentes, empregando as mesmas credenciais que usaria na sua instituição de origem.
Isto é conseguido em cada instituição através do reencaminhamento da autenticação
para a instituição de origem do utilizador. Se a autenticação remota for conseguida, o
utilizador passa a estar autenticado na rede da instituição onde se encontra.

Outro tipo de mobilidade facultada ao utilizador é a movimentação dentro da


instituição, sem quebra de serviço da rede Wi-Fi. O utilizador pode deslocar-se dentro
da instituição sem que se aperceba de qualquer tipo de falha ou quebra de ligação à rede
Wi-Fi provocada pela troca de APs. Isto acontece sempre que um qualquer dispositivo
Wi-Fi está a sair da área de cobertura de um AP (AP1) e entra na proximidade de outro
AP (AP2). No momento em que o AP1 está a ficar fora do alcance de comunicação do
dispositivo móvel, transfere para o AP2 as credenciais de autenticação de um modo
transparente, do ponto de vista do servidor de autenticação e do dispositivo móvel.

As redes da iniciativa e-U suportam a norma IEEE 802.11g, com débitos até 54Mbps,
tendo de manter compatibilidade com os dispositivos que apenas suportam a normas
anteriores. Na UTAD, a rede e-U cobre praticamente toda a área que constitui o campus
universitário, estando também implementada em todos os seus pólos universitários.

4.3 A arquitectura da plataforma

A arquitectura da solução desenvolvida foi definida tendo em conta três principais


preocupações: flexibilidade, evolução e integração [Martins, 2006]. Pretendeu-se com
esta arquitectura criar uma solução flexível a vários tipos de redes, que permita a
aplicação da solução a redes com diferentes tipos de tecnologias e topologias. A

47
Capítulo IV - Plataforma de localização

evolução desta solução é garantida pela sua modularidade, que permite que novos
componentes sejam adicionados ou substituídos sem ter que repensar toda a
arquitectura. Em termos de integração, foram deixadas interfaces através das quais
várias aplicações poderão integrar-se na solução criada [Martins, 2006].

A arquitectura da solução desenvolvida divide-se em três blocos lógicos (Figura 18):

Os adaptadores de aquisição de dados;


A plataforma de serviços de localização;
As aplicações clientes.

Figura 18 - Estruturação lógica da plataforma de serviços de localização,


fonte: [Fagundes, 2006]

Os adaptadores de aquisição de dados constituem todo o conjunto de software que tem


como objectivo alimentar a plataforma de localização através da análise de APs, de
servidores ou mesmo dos dispositivos móveis [Martins, 2006]. Sem estes, a plataforma
de localização não poderia funcionar, uma vez que sem dados sobre os dispositivos é
impossível localizá-los. No entanto, o conceito de adaptador vai mais além, tendo estes
de filtrar os dados adquiridos sobre os dispositivos ligados à rede e em seguida operar
uma transformação dos dados para que a plataforma de serviços de localização os possa
interpretar. Os adaptadores de aquisição de dados que a plataforma de localização usa
podem ser configurados, usando apenas aqueles que mais se adaptam à rede. Isto
acontece porque cada adaptador é muito orientado às tecnologias utilizadas na infra-
estrutura de rede, como por exemplo as funcionalidades suportadas pelos APs e os

48
Capítulo IV - Plataforma de localização

servidores de autenticação usados. Assim, para que a plataforma de localização se possa


adaptar a várias redes, foi pensada a modularização dos adaptadores de aquisição de
dados, podendo ser “activados” apenas os necessários [Fagundes, 2006]. Como há
adaptadores que podem funcionar apenas com um determinado tipo de tecnologia de
rede, cabe a quem instala a plataforma de localização determinar quais os adaptadores
mais adequados a toda a infra-estrutura de rede.

A plataforma de serviços de localização é constituída pela lógica aplicacional da


plataforma, pela base de dados e pelos serviços de localização. A lógica aplicacional
representa o núcleo de todo o processo de localização, sendo o componente onde todos
os pedidos são processados, sejam de gestão do sistema ou apenas de localização. Este
componente é também responsável pelo armazenamento na base de dados da
informação enviada à plataforma através das suas interfaces (Web Services). Toda a
informação que chega à lógica aplicacional provinda dos adaptadores de dados é
filtrada, sendo apenas introduzida na base de dados a informação relevante para a
plataforma de serviços de localização. A base de dados apenas pode ser acedida através
dos Web Services, sendo impossível efectuar, do lado de fora da plataforma, qualquer
tipo de consulta directamente à base de dados [Fagundes, 2006].

A plataforma de serviços de localização conseguia em inícios de 2006 obter uma


localização rudimentar dos dispositivos móveis, conseguindo apenas saber em qual AP
cada dispositivo móvel se encontrava ligado. Nesta fase inicial, o principal objectivo foi
atingido, que era tornar a plataforma de localização totalmente modular através do uso
de Web Services, tanto para introduzir, como para obter dados da plataforma (Figura
18). Nesta solução os Web Services são as únicas interfaces da plataforma de serviços
de localização, através das quais os dois principais tipos de software comunicam com a
plataforma, os adaptadores de aquisição de dados para fazer maioritariamente a entrada
de dados na plataforma e as aplicações clientes para fazerem pedidos de localização.

As aplicações clientes são outro bloco lógico da solução desenvolvida, tendo sido
especificada e desenvolvida apenas uma aplicação de gestão da rede, capaz de testar o
conjunto de serviços criados e mostrar o potencial da plataforma [Fagundes, 2006].

49
Capítulo IV - Plataforma de localização

4.4 Implementação dos componentes

No caso específico da UTAD, independentemente do método de localização, é usado


um adaptador de dados denominado de adaptador de RADIUS [IETF, 2007], sendo a
sua função associar os utilizadores aos dispositivos móveis a localizar, recebendo do
servidor de FreeRADIUS da UTAD a lista de utilizadores activos na rede Wi-Fi. Para
além de estar registada a entrada e saída de utilizadores da rede e-U da UTAD, é
também registado o endereço MAC do dispositivo móvel onde cada utilizador procedeu
à sua autenticação e a qual AP este se ligou. A informação é analisada e filtrada pelo
adaptador de RADIUS e enviada para a base de dados da plataforma de serviços de
localização. Esta filtragem inicial é essencial para garantir a privacidade dos
utilizadores, uma vez que grande parte da informação rejeitada é muito pessoal e refere-
se aos detalhes do uso da rede de cada utilizador. O desrespeito pela privacidade dos
utilizadores é um dos principais factores que comprometem o sucesso das soluções de
localização [Minch, 2004].

O adaptador de RADIUS não constituía uma solução definitiva em termos de


localização, pois não tinha em conta a movimentação de utilizadores entre APs. Isto
acontecia porque a nível do servidor FreeRADIUS não é registado qualquer tipo de
alteração, uma vez que este só contém o AP no qual o utilizador se encontrava ligado e
quando se autenticou. Para resolver esta lacuna foi criado o adaptador de aquisição de
dados Netstruct, o qual foi desenvolvido especificamente para este projecto, tendo como
objectivo localizar todos os dispositivos móveis registados na plataforma de serviços de
localização. O Netstruct recebe da plataforma de serviços de localização uma lista de
dispositivos móveis a seguir e irá interrogar os vários APs registados na plataforma
sobre o paradeiro destes. Este adaptador consegue seguir os utilizadores, mesmo que
estes estejam em movimento dentro da rede, ou seja, mesmo que troquem de AP.

O Netstruct usa o protocolo SNMP para inquirir os vários APs da rede da UTAD, mas
tal é feito de um modo dinâmico, onde os AP que registam maior variação de
utilizadores são interrogados mais frequentemente. Este método de interrogação
funciona com três listas de prioridade, às quais são atribuídas APs segundo a variação
de utilizadores de cada. Como são três listas de prioridade, há três níveis de prioridade,

50
Capítulo IV - Plataforma de localização

que são usados para interrogar os APs em intervalos de tempo diferentes, pois não vale
a pena actualizar frequentemente um ponto de acesso que costuma ter sempre os
mesmos ou nenhuns utilizadores. Ao interrogar os APs mais activos, com maior
frequência, o adaptador de aquisição de dados terá uma resposta mais rápida e menos
pesada para a rede em termos de pedidos SNMP, mas principalmente, será mais eficaz
nos APs onde é mais necessário. Este método tem como objectivo evitar o
congestionamento da rede com pedidos SNMP, não comprometendo a eficiência do
adaptador de dados.

A plataforma de serviços de localização foi especialmente desenhada para funcionar


com redes que seguem as normas e-U (Figura 19), contudo, a sua aplicação para
qualquer tipo de rede Wi-Fi de grande cobertura é possível, uma vez que é apenas
necessário acrescentar os adaptadores de aquisição de dados necessários para a
plataforma interpretar os dados sobre os dispositivos e utilizadores que interagem com a
rede Wi-Fi.

Figura 19 - Diagrama da plataforma de localização aplicada à rede e-U da UTAD,


fonte: [Fagundes, 2006].

Em termos de implementação, os Web Services foram divididos de modo a diferenciar o


acesso aos serviços relativos aos adaptadores de aquisição de dados, que são muito mais
restritos. Assim estes foram divididos em serviços internos ou de gestão e em serviços
externos. Os internos têm como finalidade servir os adaptadores de dados e as funções

51
Capítulo IV - Plataforma de localização

de gestão da própria plataforma de localização (Figura 20). Por sua vez, os serviços
externos servem aplicações clientes, que geralmente fazem pedidos sobre a localização
de um dado utilizador ou conjunto de utilizadores.

Figura 20 - Web Services da plataforma de serviços de localização

4.5 Conclusão

A modularidade e flexibilidade da plataforma de serviços de localização permite que


esta sirva de suporte a um vasto conjunto de projectos e seja objecto de grande interesse
para futuros aperfeiçoamentos em alguns aspectos, como por exemplo a questão da
gestão da privacidade dos dados e o desenvolvimento de técnicas de localização mais
precisas.

No capítulo seguinte, pretende contribuir-se para a evolução da plataforma de serviços


de localização focando o trabalho no desenvolvimento de um algoritmo de localização
mais preciso e fiável, recorrendo à técnica de localização de trilateração, a qual é
também usada no Global Positioning System (GPS). O algoritmo que se pretende criar
irá ser testado e, depois de rectificado, aplicado à plataforma de serviços de localização
de modo a resolver os pedidos de localização que lhes são dirigidos.

52
Capítulo V

5. Método de localização
desenvolvido

5.1 Introdução

O método de localização desenvolvido no âmbito desta dissertação tem como principal


objectivo conseguir localizar dispositivos móveis que usem uma dada rede Wi-Fi, que
neste caso concreto é a rede e-U da UTAD. Com base no levantamento de sistemas de
localização, considerados de referência, foi traçado como objectivo para este novo
método de localização, um erro médio inferior a 3 metros, o que é considerado
suficiente para suportar grande parte dos serviços baseados na localização do utilizador
[Lemieux, 2006]. Também foi feito um esforço, desde o início, para que o processo de
localização fosse adaptável a qualquer edifício, ou conjunto de edifícios, assim como
áreas exteriores de uma instituição, desde que tenha uma cobertura Wi-Fi no espaço em
que se pretenda proceder à localização de dispositivos móveis.

Neste capítulo será apresentada a especificação do novo método de localização. Para


este efeito será realizado o levantamento de requisitos necessários para a localização de

53
Capítulo V - Método de localização desenvolvido

dispositivos móveis, a descrição do sistema de coordenadas usado para efectuar os


cálculos de localização e a modelação do processo de localização. Por fim é apresentada
a implementação do método de localização, descrevendo o agente de aquisição de
dados, o algoritmo de localização e os modos de funcionamento.

5.2 Especificação do método

A especificação, como fase prévia e essencial à correcta implementação de um qualquer


sistema, tem como objectivo minimizar ao máximo erros que poderiam surgir na fase de
implementação. No âmbito deste trabalho, a especificação do método desenvolvido é
composta pelo levantamento de requisitos, a descrição do sistema de coordenadas usado
e a modelação do processo de localização.

5.2.1 Levantamento de requisitos

O correcto levantamento de requisitos no desenvolvimento de um qualquer sistema


tenta garantir que grande parte dos comportamentos esperados deste sistema seja
pensado e especificado para facilitar o seu desenvolvimento [Nunes, 2004]. A
linguagem de especificação, documentação, visualização e desenvolvimento de sistemas
Unified Modeling Language (UML) permite com os seus diagramas de casos de uso
apresentar de um modo fácil o conjunto de funcionalidades que os utilizadores (actores)
esperam do sistema desenvolvido. Assim, com base nestes diagramas, os actores do
processo de localização desenvolvido são a plataforma de serviços de localização,
descrita no capítulo anterior, o administrador do sistema, que poderá alterar algumas
configurações do processo de localização, e o programador, que poderá expandir os
métodos de localização (Figura 21).

54
Capítulo V - Método de localização desenvolvido

Figura 21- Diagrama de casos de uso do processo de localização

A plataforma de serviços de localização espera que o processo de localização consiga


fornecer atempadamente a localização de um dado dispositivo móvel (Figura 21),
retornando a localização absoluta ou relativa deste, ou seja, o processo de localização
poderá não ter os dados necessários à determinação de um ponto específico onde o
dispositivo móvel se encontra, devolvendo como medida de recurso, apenas a sua
localização relativa tendo em conta a área de cobertura do AP a que o dispositivo móvel
se encontra associado. Antes deste período de cálculo, cabe ao processo de localização
informar a plataforma sobre o estado do dispositivo, uma vez que este poderá ou não
estar associado à rede Wi-Fi. O método de localização poderá ser escolhido pela
plataforma, no entanto, caso não seja especificado nenhum método, o algoritmo irá
escolher o método que mais se adequa aos dados disponíveis sobre o dispositivo móvel
que se pretende localizar (Figura 21). Do ponto de vista do programador o sistema deve
suportar novos métodos de localização e deve disponibilizar forma de alterar os
parâmetros envolvidos na selecção do método de localização, uma vez que depois de
implementado e associado um novo método de localização ao sistema este deverá ser
incluído na fase de escolha do algoritmo, de modo a ser usado nas devidas ocasiões
(Figura 21).

Grande parte do processo de localização assenta no Received Signal Strength Indicator


(RSSI) dos dispositivos móveis, os quais necessitam de ser registados e enviados para a
plataforma de localização. Assim, surgiu no início do trabalho prático uma necessidade
de captar os RSSI, sendo para tal desenvolvido um software dedicado a esta tarefa que

55
Capítulo V - Método de localização desenvolvido

fosse capaz de inquirir os adaptadores de rede dos dispositivos móveis que se pretendem
localizar. Este software também pode ser visto como um agente de aquisição de dados
que funciona como um adaptador de aquisição de dados da plataforma de localização.
Com este agente é possível recolher todos os dados relacionados com a localização do
dispositivo móvel.

Existem 3 actores que interagem com o agente, sendo estes a plataforma de serviços de
localização, o utilizador e o dispositivo móvel. A plataforma de serviços de localização
necessita que o agente seja capaz de lhe fornecer dados relativamente aos RSSI
recebidos pelo dispositivo móvel, tendo de fazer uma pré-filtragem de dados relativos a
informação não essencial de outras redes Wi-Fi desnecessárias, como por exemplo as
redes Ad-hoc (Figura 22). O adaptador poderá funcionar apenas em alguns canais Wi-
Fi, fazendo apenas a pesquisa dos RSSI nesses canais. A plataforma de serviços de
localização precisa que o agente tenha uma interface que permita alterar os intervalos de
tempo em que é feita a pesquisa dos RSSI e também necessita que o agente confirme a
sua compatibilidade com o adaptador de rede Wi-Fi presente no dispositivo móvel e
envie para a plataforma de serviços de localização essa informação (Figura 22). No caso
do adaptador de rede Wi-Fi ser incompatível com o agente, este deve parar de tentar
aceder às leituras de RSSI (Figura 22). O utilizador, como actor, precisará que o agente
disponha de uma configuração do endereço da plataforma de serviços de localização, no
qual este defina o endereço IP, de modo a que o agente possa comunicar com a
plataforma de serviços de localização (Figura 22).

56
Capítulo V - Método de localização desenvolvido

Figura 22 - Diagrama de casos de uso do agente de aquisição de dados

5.2.2 Sistema de coordenadas

Para que o processo de localização consiga interpretar, calcular e devolver as posições


dos dispositivos móveis, foi necessário implementar um dos sistemas de coordenadas
aceites e reconhecido internacionalmente. Assim, o processo de localização trabalha
internamente com o sistema de coordenadas Worldwide Geodic System (WGS84), que é
um sistema de referência terrestre convencional tridimensional [Snay, 2000]
representado por três eixos: a latitude, que é a distância ao equador medida em graus, a
longitude que se refere à distância em graus em relação ao meridiano de Greenwich e a
altitude que é representada em metros e indica a distância em relação à geoide
considerada pelo sistema de coordenadas. A geoide é uma elipse imaginária colocada à
volta de um planeta, que representa uma aproximação da superfície de um planeta em
relação ao nível do mar. A geoide varia com o tipo de sistema usado e actualmente já
existem modelos que se aproximam muito mais da realidade do que a geoide usada no
WGS84, contudo este foi o usado, pois os pontos de referência tirados dentro do
campus da UTAD foram feitos usando um equipamento GPS, o qual também trabalha
com o sistema de coordenadas WGS84.

57
Capítulo V - Método de localização desenvolvido

5.2.3 Modelação do processo de localização

O processo de localização de dispositivos móveis baseia-se nas coordenadas fixas dos


APs no espaço de localização. Entenda-se espaço de localização como toda a área
abrangida pela rede Wi-Fi. Neste sentido, foi necessário fazer a georeferenciação dos
respectivos APs. Estas coordenadas irão passar a servir de base para todo o processo de
localização (Figura 23), actuando como pontos de referência aos quais os dispositivos
móveis que se lhes estão associados se encontram relacionados.

Figura 23 - Pontos de acesso como ponto de referência

É impossível localizar um dispositivo móvel no espaço de localização somente com as


coordenadas dos APs, no entanto, conjuntamente com a identificação do AP ao qual o
dispositivo móvel se encontra associado é também possível limitar a localização do
dispositivo à área de cobertura do AP. Para a localização ser mais precisa foi necessário
considerar a potência dos sinais Wi-Fi recebidos pelo dispositivo a localizar (RSSI)
[Ferris, 2007] [Ladd, 2004], sendo assim possível através da Eq. 3-4 calcular qual a
distância aproximada do dispositivo móvel relativamente a cada AP. Assim, com este
conjunto de dados é possível localizar um dispositivo móvel através de vários métodos,
que se encontram no processo de localização.

Deste modo, tendo em vista a integração deste novo processo de localização na antiga
plataforma, foi desenvolvido o agente de aquisição de dados e foi feito um novo
processo de localização que reestruturou a componente de lógica de negócio da
plataforma (Figura 24).

58
Capítulo V - Método de localização desenvolvido

Figura 24 – Integração do novo processo de localização na estrutura lógica da plataforma de


serviços de localização
Adaptado de: [Fagundes, 2006]

Assim, com a inclusão do novo processo de localização na plataforma de serviços de


localização, esta é capaz de localizar dispositivos móveis baseando-se em dois métodos
diferentes:

Método 1 – Determina a que AP o dispositivo móvel se encontra associado, obtendo-se


a localização com um erro máximo igual à da distância de cobertura do AP;

Método 2 – Localiza com precisão um dispositivo, usando um algoritmo de trilateração


que faz uma análise das potências de sinais recebidas pelos dispositivos móveis.

A escolha do método de localização baseia-se na quantidade de informação disponível


que a plataforma de serviços de localização tem sobre o dispositivo móvel a localizar.
Se a plataforma de localização detiver informação suficiente sobre o dispositivo móvel,
pode usar o método 2 para o localizar, mais concretamente precisará de pelo menos três
RSSI provindos de APs distintos pois a trilateração necessita de pelo menos três pontos
de referência para funcionar. Caso não seja cumprido este requisito, a plataforma de
serviços de localização usará o método 1 para localizar o dispositivo móvel. O método
2, que faz a localização através de técnicas de trilateração será abordado com mais
detalhe neste capítulo, no ponto 5.3.2.

59
Capítulo V - Método de localização desenvolvido

Um outro factor que determina a escolha do método de localização é o tipo de pedido de


localização, ou seja, no próprio pedido de localização pode ser especificado que se quer
apenas qual o AP a que o dispositivo móvel se encontra associado, fazendo com que
seja sempre usado o método 1 (computacionalmente mais leve). Estes tipos de pedidos
de localização podem ser usados para aplicações estatísticas ou para aplicações de
gestão de rede, onde não seja necessário uma localização exacta de cada dispositivo
móvel.

Detalhando o processo de localização em termos das actividades que o compõem, pode


verificar-se no diagrama de actividades (Figura 25) que o processo de localização se
inicia sempre que há um pedido de localização. Sempre que é feito o pedido, será desde
logo, verificado se o dispositivo em questão se encontra ligado e se tem estado a
comunicar com a plataforma de serviços de localização. Se este não estiver ligado, o
processo de localização termina respondendo ao pedido que é impossível localizar o
dispositivo pois não se encontra ligado à rede.

Figura 25 - Diagrama de actividades do processo de localização

Caso o dispositivo móvel se encontre activo na rede, são validadas as permissões que o
utilizador definiu para esse dispositivo (por exemplo, o utilizador poderá optar por não
querer estar visível) [Martins, 2006]. Se não tiver permissão para pedir a localização do

60
Capítulo V - Método de localização desenvolvido

utilizador, responde negativamente, invocando a impossibilidade de aceder à posição


desse utilizador. No caso de existirem permissões de acesso à localização do utilizador
em questão, é feita a leitura dos RSSI a partir da base de dados da plataforma de
localização para que seja possível proceder-se à localização do dispositivo móvel e
respectivo utilizador. Logo após a leitura dos RSSI é analisado o número de RSSI
recebidos de diferentes APs, sendo este número também um factor decisivo na
determinação do método de localização a usar. Caso não haja nenhum RSSI válido o
dispositivo é declarado fora de alcance da rede de localização, se existir um ou dois
RSSI é dada a posição relativa do dispositivo móvel, tendo em conta a área de cobertura
do AP a que pertence o RSSI (método 1) com sinal mais forte. Na melhor das hipóteses
haverá pelo menos 3 RSSI, os quais possibilitarão a determinação da localização
absoluta do dispositivo móvel através do método de trilateração dos RSSI (método 2).

Para os dados dos RSSI de cada dispositivo estarem disponíveis na plataforma de


serviços de localização é necessário que o agente de aquisição de dados presente em
cada um dos dispositivos móveis os adquira e os envie para a plataforma. O agente ao
iniciar a sua actividade começa por fazer a verificação das suas configurações, caso não
estejam correctamente preenchidas é pedido ao utilizador para actualizá-las. O
utilizador poderá optar por cancelar a configuração e o agente pára o seu
funcionamento, ou por finalizar a sua configuração, voltando esta a ser verificada.
Assim, caso esta configuração seja válida, o agente irá testar a sua conectividade à
plataforma de serviços de localização (Figura 26).

Se a plataforma de localização não estiver alcançável o agente irá interromper a sua


actividade, caso contrário, o agente adquire os RSSI de cada canal Wi-Fi, guardando-os
localmente. Como numa mesma rede podem coexistir APs que funcionam em diferentes
canais Wi-Fi, torna-se necessário identificar quais os canais que é necessário analisar,
sendo tal configurado na plataforma de localização, detendo esta a lista dos canais que o
agente deve analisar. Assim o agente irá analisar cada um destes canais e irá trocar
sucessivamente de canal até concluir a lista de canais a analisar.

61
Capítulo V - Método de localização desenvolvido

Figura 26 - Diagrama de actividades do agente de aquisição de dados

Os RSSI adquiridos nos vários canais só serão enviados para a plataforma quando
variarem significativamente em relação às amostras recolhidas anteriormente, ou seja,
tenta-se desta forma fazer com que o agente envie apenas os RSSI quando for registada
uma movimentação do próprio dispositivo móvel. Se não se registarem erros no envio
dos RSSI à plataforma, o agente irá esperar um intervalo de tempo definido pela
plataforma para voltar a iniciar o seu ciclo de funcionamento. Caso haja algum tipo de
erro no envio dos RSSI, o agente volta a testar a sua conectividade à plataforma (Figura
26).

62
Capítulo V - Método de localização desenvolvido

5.3 Implementação do método

Após a apresentação da especificação do método, descreve-se a sua implementação,


onde são detalhados os passos que o algoritmo de localização segue para determinar a
localização dos dispositivos móveis. Foi desenvolvido um agente com o intuito de
adquirir, nos próprios dispositivos, os RSSI dos adaptadores de rede Wi-Fi.

5.3.1 Agente de aquisição de sinal

Este agente foi desenvolvido em linguagem de programação Visual Basic Script e tem
como objectivo registar o endereço MAC, o SSID e o RSSI em relação a cada AP que
esteja ao alcance do dispositivo móvel. Por alcance entende-se a capacidade do
dispositivo móvel conseguir interpretar sinais Wi-Fi, suficientemente potentes, emitidos
por um dado AP. Ao registar os dados, estes podem seguir dois rumos diferentes: o
modo local, onde os dados são enviados para a aplicação de localização e processados;
o modo remoto, sendo os dados encaminhados para um sistema de localização central,
que neste caso prático é a plataforma de localização da UTAD.

O destino dos dados tem de ser configurado no próprio agente, no entanto prevê-se que
numa fase final, o agente tenha por defeito a configuração do caminho para aceder aos
Web Services da Plataforma de localização da UTAD, evitando o incómodo de ser o
próprio utilizador a inseri-la.

O agente foi desenvolvido para trabalhar sobre os sistemas operativos Windows XP e


Vista e consegue adquirir os RSSI em grande parte dos adaptadores de rede Wi-Fi. A
aplicação a outros sistemas operativos (Windows mobile) e dispositivos móveis (PDA e
smartphone) poderia ser alargada quando o sistema de localização fosse disponibilizado
aos docentes, técnicos e alunos da UTAD. Nessa eventual expansão, seria ideal que o
agente fosse implementado em Java, garantindo a sua aplicação a um maior número de
dispositivos e plataformas. O agente garante a compatibilidade com os chipsets Atheros,
Prism e Orinoco usados na construção dos adaptadores de rede Wi-Fi.

63
Capítulo V - Método de localização desenvolvido

5.3.2 Algoritmo de localização

Com o conhecimento da posição de cada AP no espaço de localização e da distância a que o


dispositivo móvel se encontra em relação a um dado AP é possível localizar o dispositivo móvel
numa circunferência à volta do AP sendo o raio desta a distância entre o dispositivo móvel e o
AP (Figura 27). Sabendo que o AP se encontra nas coordenadas (H, K), sendo a distância (R)
entre o dispositivo móvel e o AP conhecida, é possível definir qual o conjunto de posições que o
dispositivo móvel poderá tomar, calculando o conjunto de valores que as coordenadas (X e Y)
podem tomar através da Eq 5-1.

Eq. 5-1

Figura 27 - Circunferência da distância ao AP

Por si só este resultado não é suficiente, contudo se cruzarmos as circunferências da


distância relativa a dois AP, será possível determinar dois pontos em comum (Figura
28). Esta limitação em determinar um único ponto prende-se ao facto de o sistema
obtido pela Eq 5-2, fornecer dois possíveis resultados para (X, Y) [Bourke, 1997]. Para
decidir qual dos dois pontos é o mais aproximado do real é necessário considerar-se a
circunferência da distância relativa a um terceiro AP (Figura 29). Com a inclusão deste
AP obtém-se a Eq 5-3, que determina a posição (X, Y) de intercepção entre as três
circunferências, sendo esta a posição estimada do dispositivo móvel. Este método é
denominado de trilateração (não devendo ser confundida com a triangulação, pois a
triangulação funciona de maneira diferente uma vez que se baseia em ângulos
relativamente a 3 pontos de referência, o que não acontece aqui).

64
Capítulo V - Método de localização desenvolvido

Eq. 5-2

Figura 28 - Intersecção de duas circunferências

65
Capítulo V - Método de localização desenvolvido

Eq. 5-3

Figura 29 - Intersecção de três circunferências

Teoricamente esta linha de pensamento está correcta, mas quando aplicada à realidade
enfrenta o desafio de as distâncias entre o AP e o dispositivo móvel estarem erradas,
provocadas pela imprevisibilidade do comportamento dos sinais Wi-Fi como foi
explicado no segundo capítulo desta dissertação. Com estes desvios, é muito
improvável haver um ponto comum de intersecção entre as circunferências, portanto foi
necessário recorrer a outra aproximação. Em vez de determinar apenas a intersecção
entre as circunferências, determina-se a recta que passa pelos pontos de intersecção das
circunferências (Figura 30) entre o AP que se encontra mais perto do dispositivo móvel
com cada um dos outros dois APs mais próximos. Assim obtêm-se duas rectas, que
quando interceptadas indicam o ponto em que o dispositivo móvel se encontra e
representa um compromisso entre os erros presentes nos dados relativos à distância.

66
Capítulo V - Método de localização desenvolvido

Figura 30 - Rectas de intersecção das circunferências de distância

Podem ainda surgir situações extremas em que as circunferências representativas da


distância entre AP e dispositivo móvel não se interceptem, podendo levar ao fracasso de
uma tentativa de localização. Este problema surge quando ocorrem erros significativos
nas distâncias estimadas entre o AP e o dispositivo móvel conjugado com a
proximidade entre dois APs (que normalmente é improvável estarem próximos). Para
resolver este problema, sempre que não ocorra uma intercepção entre as circunferências,
é feito um aumento às três distâncias estimadas de um modo proporcional, através de
um incremento de 2% a cada. Este processo é recursivo, podendo ser executado mais do
que uma vez para resolver a falta de intercepções entre as circunferências, mas tem um
limite de 20% de ampliação, pois verificou-se que depois desse valor se não há
intercepção, é porque uma circunferência contém a outra, o que é pouco comum
verificar-se. Ao acontecer isto, é tido em conta o quarto AP mais perto para efeitos de
localização e caso aconteça o mesmo é feito com o quinto e assim sucessivamente.

67
Capítulo V - Método de localização desenvolvido

5.3.3 Modos de funcionamento

O algoritmo de localização desenvolvido tem duas maneiras distintas de funcionar:


implicitamente ou explicitamente. Quando este funciona implicitamente, significa que
todo o processo de localização se encontra do lado do cliente (Figura 31), ou seja, é
instalado no próprio dispositivo móvel, tendo como limitação o facto de apenas poder
localizar o próprio dispositivo e como inconveniente o facto de ser o utilizador a
introduzir as coordenadas e características de cada AP na base de dados da aplicação.
Inicialmente este modo de funcionamento não estava previsto, mas como o
desenvolvimento do algoritmo de localização que necessitava de vários testes para
verificar os avanços feitos, foi desenvolvida uma forma de a localização ser
implicitamente processada num dispositivo móvel com a capacidade de mostrar o
comportamento do algoritmo de localização. Este método foi apenas usado para efeitos
de prototipagem do algoritmo de localização, não está prevista a sua continuidade, pois
tal como grande parte dos projectos desenvolvidos em Wi-Fi é uma solução muito
isolada, que permite a localização apenas do próprio dispositivo.

Figura 31 - Esquema do funcionamento da localização implícita

Ao funcionar do modo explícito o processo de localização substituirá parte da lógica de


negócio, que como foi detalhado no capítulo anterior é um módulo interno da
plataforma de localização da UTAD (Figura 32), servindo para resolver os pedidos de
localização. No modo explícito, o agente de aquisição de dados continuará do lado do
dispositivo móvel, tendo de enviar os dados sobre os RSSI à plataforma de serviços.

Assim a informação ficará centralizada, podendo o processo de localização usar a base


de dados da plataforma de serviços para responder aos pedidos de localização que são
feitos a esta plataforma.

68
Capítulo V - Método de localização desenvolvido

Figura 32 - Esquema do funcionamento da localização explícita

5.4 Conclusão

Apesar do processo de localização não ter ficado implementado na plataforma de


serviços de localização, esta será uma tarefa que se realizará num curto espaço de
tempo, visto que o processo de localização foi criado tendo em vista a sua integração na
plataforma de serviços de localização e não de uma forma independente, tendo esta
última sido apenas uma adaptação para a realização de testes. O principal motivo da
exclusão do processo de localização na plataforma de serviços de localização foi o facto
de esta ainda necessitar de ser trabalhada em relação ao adaptador de aquisição de dados
que armazena e filtra a informação debitada pelo servidor RADIUS com a
implementação FreeRADIUS, tendo esta parte ficado ao cargo de outro grupo de
trabalho.

Com a integração deste novo processo de localização na plataforma existente, prevê-se


um incremento significativo na precisão da localização dos dispositivos móveis que
usem a rede Wi-Fi da UTAD. Uma das grandes vantagens de processo de localização
reside na ausência da necessidade de uma fase de treino do método de localização, a
qual é normalmente usada em grande parte dos sistemas de localização da actualidade.
Esta fase restringe a aplicação e adopção dos sistemas de localização a outros
ambientes, pois é uma tarefa morosa e repetitiva, e logo, nada atractiva. É certo que com
a sua falta os resultados deste algoritmo de localização não são os melhores quando
comparados com os sistemas de localização mais precisos da actualidade, mas tentou-se

69
Capítulo V - Método de localização desenvolvido

com este algoritmo de localização, chegar a um ponto intermédio entre o custo de


instalação e desempenho.

A eficácia dos métodos envolvidos no processo de localização será apresentada no


próximo capítulo, recorrendo à comparação das posições físicas estimadas das amostras
determinadas com diferentes métodos de localização e também em diferentes condições.

70
Capítulo VI

6. Testes e resultados

6.1 Introdução

Foram executados vários testes ao sistema de localização desenvolvido, tendo estes


sido concentrados apenas em uma área específica do campus da UTAD, no interior do
edifício “Engenharias I” no campus da Quinta de Prados, em Vila Real. Neste local,
para efeitos de teste foram instalados três APs, um switch, dois routers e dois
computadores, um a validar a autenticação em LDAP e em RADIUS e outro
encontra-se com o protótipo da plataforma de serviços de localização que, uma vez
que ainda não se encontra totalmente operacional para testar o processo de localização
descrito no capítulo anterior, não foi usada nestes testes.

Todos os dispositivos instalados para os testes de localização formam uma rede privada,
sem qualquer tipo de conexão à infra-estrutura de rede da UTAD, que garantirá um
ambiente de teste muito mais controlado e seguro. Esta rede foi instalada tendo em
conta também as exigências do Centro de Informática da UTAD (CIUTAD) que tinha
dado indicações para a sua criação, por forma a dar continuação ao projecto e a manter a

71
Capítulo VI - Testes e resultados

integridade da infra-estrutura de rede da UTAD, que se encontra a seu cargo. Deste


modo criou-se uma rede privada, na qual existem apenas duas maneiras de um qualquer
dispositivo conectar-se à rede de testes, ligando-se à rede com fios pelo switch ou pela
rede sem fios através dos APs. É possível ligar-se aos APs, no entanto é necessário
estar-se autenticado para aceder totalmente à rede, tal como acontece na rede e-U. Com
esta rede privada, tentámos criar uma infra-estrutura de rede similar à que se encontra
na rede da UTAD, embora de menores dimensões. A rede criada proporcionou um
excelente ambiente de testes, pois encontra-se totalmente sob o controlo dos vários
grupos de trabalho, podendo-se analisar desta forma melhor todos os detalhes relativos
aos dispositivos da rede, sem interromper o normal funcionamento da rede e-U da
UTAD.

6.2 Verificação do comportamento das ondas


Wi-Fi

Foram feitos testes relativamente ao comportamento das ondas Wi-Fi de modo a


consolidar alguns conhecimentos adquiridos na análise de outros trabalhos. Por exemplo
é comum encontrar estudos que mostram que a variação de um sinal Wi-Fi, mesmo
numa dada posição tem uma alteração de 5 dBm. De modo a confirmar isto foram
registados os RSSI de um portátil relativamente a um AP em três situações distintas
(Figura 33).

72
Capítulo VI – Testes e resultados

Figura 33 - Gráfico com as variações de sinal em três casos distintos

As amostras relativas ao ambiente estático e ao ambiente dinâmico foram tiradas no


mesmo sítio, mas a horas diferentes, o ambiente estático representa as amostras tiradas
quando não havia movimentação de pessoas na universidade por volta das 22 horas. Por
outro lado, o ambiente dinâmico representa as amostras tiradas nesse mesmo local, mas
às 16 horas, onde havia um grande número de pessoas a movimentarem-se dentro das
salas e corredores da universidade. A sala escolhida para tirar estas amostras foi a sala
de projectos do edifício Engenharias I da UTAD, uma vez que é frequente encontrar-se
nela um elevado número pessoas em movimentação. Outra situação que produziu
resultados interessantes foi quando se registaram as variações numa posição muito mais
distante ao AP, verificando-se uma menor variação do sinal. De modo a comparar as
variações de RSSI nestes três casos, foi calculada a média do sinal para cada caso, a
variação máxima que representa o intervalo entre o valor mais alto e o mais baixo
registados, o desvio padrão e o desvio médio.

73
Capítulo VI - Testes e resultados

Figura 34 - Gráfico com a análise da variação dos RSSI em diferentes condições

A média do sinal mostra que a posição mais distante tem, como era de esperar, uma
potência média mais baixa (cerca de 86 dBm negativos) e que o ambiente dinâmico
provocou uma baixa da potência média registada em relação ao ambiente estático. A
variação máxima do sinal é menor quanto maior for a distância entre os dispositivos e é
maior quanto mais dinâmico for o ambiente em que se realiza a comunicação. Para
concluir esta análise, o desvio padrão e o desvio médio confirmam que os sinais Wi-Fi
variam muito menos quando os dispositivos estão distantes e num ambiente totalmente
estático. A dúvida que surge nesta análise prende-se com o facto de determinar as
condições que tornariam os sinais Wi-Fi mais fiáveis, que, segundo esta análise, seriam
os sinais provindos de APs mais distantes; no entanto, ao aplicar o modelo de
propagação nota-se que esta situação é alterada.

O modelo de propagação que melhor descreve a variação dos RSSI neste caso de estudo
é uma adaptação de um modelo da Cisco, representado pela Eq. 6-1.

Eq. 6-1

Este modelo de propagação é usado para descrever a atenuação dos RSSI das ondas Wi-
Fi em relação à distância percorrida, sendo Pt a potência transmitida, Gt o ganho obtido
na transmissão, Gr o ganho obtido na recepção e F a frequência do canal. O modelo de

74
Capítulo VI – Testes e resultados

propagação permitiu também estimar o erro que a variação de 5dBm típica dos sinais
pode provocar em termos de futuros erros na distância estimada (Figura 35).

Figura 35 - Demonstração das distâncias estimadas pelo modelo de propagação

O gráfico mostra que um erro de 5 dBm na medição do RSSI não provoca um erro
constante em relação à distância estimada, uma vez que, quanto maior é a distância
estimada, maior é o erro verificado. Como tinha sido referido anteriormente, os sinais
Wi-Fi que percorrem uma maior distância sofrem uma menor variação a nível de dBm,
no entanto, é a estas distâncias que uma ligeira variação da potência do sinal pode
provocar um grande desvio na distância estimada. Assim é agora seguro afirmar que os
sinais mais potentes são mais fiáveis, pois um erro de 5 dBm nos sinais entre -15 a -
50dBm não provoca erros significativos na distância estimada.

6.3 Condições de teste

O espaço de localização considerado nesta fase de testes tem uma área de 705,6 m2,
com 39,2 metros de largura e 18 metros de comprimento (Figura 36) e foi escolhido por
se tratar de um local multifacetado, sendo composto por laboratórios de informática,
salas de aula, gabinetes de docentes, corredores e um espaço aberto onde se encontra

75
Capítulo VI - Testes e resultados

um elevador. Este local é também muito dinâmico, no sentido em que há um elevado


número de docentes e estudantes a percorrer esta área.

Figura 36 - Espaço de localização considerado para testes

Os seguintes testes tiveram como objectivo demonstrar a capacidade do sistema


desenvolvido poder localizar os dispositivos móveis que se encontram normalmente
conectados à rede Wi-Fi da UTAD. Na realização dos testes, foram tidos em conta
certos critérios capazes de demonstrar o comportamento do sistema de localização
desenvolvido em relação à sua precisão ao localizar dispositivos móveis equipados com
adaptadores de rede de diferentes fabricantes e em diferentes alturas do dia, uma vez
que também implica um diferente tráfego de pessoas no edifício.

6.4 Testes com diferentes dispositivos móveis

Foram usados diferentes computadores portáteis de modo a testar o comportamento do


algoritmo de localização com diferentes adaptadores de rede Wi-Fi. Este critério de
teste foi relevante para mostrar se as diferenças nos ganhos das antenas e adaptadores de
rede Wi-Fi de diferentes fabricantes influenciariam as estimativas na propagação das
ondas rádio. Para conduzir estes testes, foram usados dois portáteis: um Apple
MacBook e um Inmove WZ71V, cujos adaptadores de rede Wi-Fi são de diferentes
fabricantes, uma vez que o Macbook tem um adaptador de rede com o chipset Airport
extreme e o Inmove com um chipset Atheros.

76
Capítulo VI – Testes e resultados

As diferentes posições amostradas evidenciam que o sistema de localização funciona


melhor com o portátil MacBook, no entanto não há uma alteração significativa no erro
médio entre os dois dispositivos móveis (Figura 37). Este erro deve-se sobretudo ao
facto de o ganho de recepção destes dispositivos móveis serem ligeiramente diferentes.
Nos dispositivos móveis testados, o erro médio da sua localização é de 3.7 metros para
o Macbook e 4.1 metros para o Inmove, o que faz uma diferença de 0.4 metros entre os
dois dispositivos móveis.

Figura 37 - Gráfico do erro médio na localização de diferentes dispositivos móveis

O erro máximo verificado nos testes é de 7 metros, no entanto, de modo a restringir o


erro máximo, o algoritmo está limitado a dar uma posição que nunca ultrapasse os 90
metros de qualquer AP em alcance. Esta restrição foi implementada tendo em conta que
um AP em circunstâncias normais não é alcançável a distâncias superiores a 90 metros.

6.5 Testes em diferentes alturas do dia

Os testes realizados mostram que o algoritmo consegue localizar um dispositivo móvel


na rede Wi-Fi com um erro médio de 3,7 metros durante o dia. Este erro decresce para
3,4 metros à noite, quando o algoritmo funciona num ambiente mais calmo, onde não há
tanta movimentação de pessoas dentro do edifício. As seguintes medições (Figura 38)
mostram os resultados obtidos pelo algoritmo de localização às 16 horas, hora ideal para
testar a precisão que o algoritmo consegue ter sob fortes interferências.

77
Capítulo VI - Testes e resultados

Figura 38 - Planta com as posições reais do dispositivo móvel e as posições estimadas pelo
algoritmo às 16 horas

Verificou-se também que o desempenho do algoritmo de localização é muito


condicionado pelas paredes e pilares do edifício, uma vez que os pontos tirados no
corredor (1, 2, 3, 5, 6, 9 e 10) tiveram uma aproximação muito mais coerente quando
comparados aos pontos amostrados dentro das salas (4, 7 e 8). Os pontos 7 e 8 tiveram
também como causa da sua inexactidão o facto de se tratar da sala de projectos, que
continha um grande número de alunos.

6.6 Conclusão

O conjunto de testes realizados revelaram que o uso do sistema de localização é pouco


afectado pelas diferenças nos materiais usados nos adaptadores de rede Wi-Fi,

78
Capítulo VI – Testes e resultados

produzindo um resultado muito semelhante em termos de precisão das localizações


estimadas para os dispositivos móveis. Por outro lado, os factores que mais afectaram o
desempenho do algoritmo de localização são a variação que se verificou dos RSSI de
um dado dispositivo móvel numa posição estática e a influência que as paredes e pilares
têm na propagação das ondas Wi-Fi. A movimentação de pessoas afecta apenas
ligeiramente a precisão do algoritmo de localização, uma vez que os testes conduzidos
nos dois extremos, um em que se encontravam muitas pessoas e outro em que o edifício
se encontrava praticamente vazio, indicam que o erro médio aumenta apenas de 8,8%
das condições ideais para um dia de movimentação normal no edifício Engenharias I da
UTAD.

79
80
Capítulo VII

7. Conclusões

Na sequência da revisão bibliográfica dos sistemas de localização, confirmou-se a


aplicabilidade das redes Wi-Fi para a localização de dispositivos móveis, conseguindo
bons resultados em termos de precisão da localização, sendo o mais preciso capaz de
atingir um erro médio de um metro.

Os objectivos gerais traçados para esta dissertação foram alcançados, uma vez que se
prova, neste documento, que é possível localizar dispositivos móveis em redes Wi-Fi,
sem recorrer a fases de treino e sem qualquer tipo de calibrações do algoritmo para o
ambiente onde irá ser feita a localização [Carvalho, 2007]. Tendo em conta estes
factores, a implementação do algoritmo de localização desenvolvido torna-se, em
relação aos sistemas existentes, mais simples e de rápida de aplicação a diferentes tipos
de infra-estruturas de rede sem comprometer a precisão da localização. O processo de
localização é capaz de localizar dispositivos móveis com um erro médio de 3,4 metros
em condições ideais, subindo apenas para 3,7 metros em condições consideradas
normais, num dia comum na UTAD. Esta precisão e estabilidade de resultados
demonstradas pelo algoritmo de localização possibilitam a sua aplicabilidade a um
leque alargado de aplicações. Estas aplicações poderão ir desde soluções de ajuda
administrativa da rede sem fios, até a aplicações lúdicas de localização de colegas
dentro do espaço de localização.

81
Capítulo VII - Conclusões

Encontra-se em desenvolvimento uma aplicação com uma forte componente gráfica,


onde será possível, em tempo real, ver em diversos mapas a localização das pessoas que
queremos encontrar. A plataforma de serviços de localização encontra-se numa fase de
testes, estando implementada numa rede isolada criada para o efeito, de modo a que
possam ser testados diversos projectos ligados à área de localização de dispositivos
móveis em Wi-Fi [Liberato, 2007]. Além de servir de apoio a esta dissertação, serviu de
apoio à criação de uma datawarehouse sobre a localização de utilizadores [Tavares,
2007] e à aplicação gráfica de localização descrita anteriormente.

O algoritmo de localização implementado poderá ter no futuro diversos


aperfeiçoamentos, nomeadamente no que diz respeito à análise da planta do local onde é
feita a localização (edifício, exterior ou misto). Esta alteração melhoraria em muito o
desempenho do algoritmo de localização na medida em que possibilitaria corrigir as
atenuações dos RSSI provocados por todo o tipo de objectos presentes no espaço de
localização (paredes, escadas, elevadores, etc. ). Como estas atenuações são as
principais condicionante à previsibilidade das ondas Wi-Fi [Krumm, 2004], prevê-se
que o facto de incluir a planta do espaço de localização na quantificação das atenuações
existentes no espaço de localização permitirá melhorar a precisão do método de
localização implementado. A inclusão da planta serviria também para prever os
trajectos dos dispositivos móveis e da mesma forma eliminaria localizações fisicamente
impossíveis de serem alcançadas. Seria assim de todo o interesse proseguir futuramente
com investigações neste sentido, uma vez o sistema de localização em redes Wi-Fi
desenvolvido na Universidade de Freiburg comprovou que a inclusão das plantas do
espaço de localização aumenta a precisão do sistema de localização, tendo neste caso
reduzido o erro médio da localização em 8,4% [Zhou, 2006].

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