Curso de Anatomia 1
Introdução a Radiologia
Técnicas de Imagens
Anatomia radiológica
A anatomia radiológica é o estudo da estrutura e função
do corpo com o uso de técnicas de imagem. É uma parte
importante da anatomia clínica e é a base anatômica da
radiologia, o ramo da ciência médica que estuda o uso
da energia radiante no diagnóstico e tratamento de
doenças.
A capacidade de identificar estruturas normais em
radiografias facilita o reconhecimento de alterações
causadas por doenças e traumas. A familiaridade com
técnicas de imagem médica mais usadas em situações
clínicas permite reconhecer anomalias congênitas,
tumores e fraturas. As técnicas mais usadas são:
radiografias simples, tomografia computadorizada (TC),
ultrassonografia (US), ressonância magnética (RM) e
medicina nuclear.
Embora as técnicas sejam diferentes, todas tem como
base a recepção de feixes atenuados de energia que
atravessam os tecidos do corpo ou foram por eles
refletidos ou gerados. As técnicas de imagem permitem
a observação de estruturas anatômicas em pessoas
vivas e a avaliação de seus movimentos em atividades
normais e anormais (i.e., o coração e o estômago)
Radiografia simples
A radiográfica convencional, sem uso de técnicas
especiais, como seios de contraste, é chamada
clinicamente de radiografia simples, embora hoje a
maioria das imagens seja obtida e avaliada em
monitores por técnica digital, e não em filme.
História
Wilhelm Conrad Rontgen era um físico alemão e foi o
responsável pela descoberta dos Raios-X em novembro
de 1895, ganhando o primeiro prêmio Nobel de física
em 1901.
Técnica
No exame radiológico, um feixe de raios X altamente
penetrante transilumina o paciente e mostra tecidos de
diferentes densidades de massa no corpo como imagens
de diferentes intensidades (áreas claras e escuras) em
filme ou monitor. Um tecido ou órgão com massa
relativamente densa (i.e., osso compacto) absorve ou
reflete mais raios X do que um tecido menos denso (i.e.,
osso esponjoso). Consequentemente, um tecido ou
órgão denso produz uma área um pouco transparente
no filme de raios X ou uma área brilhante no monitor,
porque menos raios X chegam ao filme ou detector.
Uma substância densa é radiopaca, enquanto uma
substância de menor densidade é radiotransparente.
Devido a interação dos raios com os diferentes tecidos,
existe basicamente 5 densidades identificáveis nas
radiografias convencionais: ar, gordura, fluido/soft
tissue, ossos e metal. No ar, todos os raios passam,
portanto no filme é identificado pelas regiões
totalmente pretas. No metal, nada passa, portanto, será
um branco muito brilhante. Todos os outros tecidos
estarão no meio termo entre esses dois extremos.
Para qualquer radiografia simples o ideal é que se
obtenha 2 perspectivas, afim de garantir uma melhor
visualização do todo. Essas radiografias devem ser feitas
na posição ortogonal (perpendicular em relação a outra)
 2 posições – posição supina e posição em pé. As
diferentes perspectivas da mesma imagem possibilitam
a visualização de alterações muitas vezes não vistas em
apenas uma posição.
As radiografias são feitas com a parte do corpo do
paciente avaliada próximo ao filme ou detector para que
a nitidez da imagem seja máxima e os artefatos de
ampliação, mínimos.
Na nomenclatura radiológica básica, a incidência
posteroanterior (PA) refere-se a uma radiografia na qual
os raios X atravessam o paciente da face posterior (P)
para a anterior (A); o tubo de raios X estava localizado
posteriormente ao paciente e o filme de raios X ou
detector, anteriormente. A incidência anteroposterior
(AP) é o oposto.
As duas incidências, PA e AP, são vistas como se você e
o paciente estivessem de frente um para o outro (o lado
direito do paciente fica à sua esquerda); isso é
denominado vista anteroposterior (AP). Nas radiografias
laterais, são usadas letras radiopacas (D ou E) para
indicar o lado mais próximo do filme ou do detector, e a

Introdução a Radiologia
imagem é vista na mesma direção em que foi projetado
o feixe.
A introdução de meios de contraste (líquidos
radiopacos como compostos de iodo ou bário) permite
o estudo de vários órgãos com lúmen ou vasculares e de
espaços virtuais ou reais — como trato digestório, vasos
sanguíneos, rins, cavidades sinoviais e espaço
subaracnóideo — que não são visíveis em radiografias
simples.
Uso clínico
A radiografia convencional é usada primariamente para
identificação de fraturas ósseas em paciente
traumáticos, pois é uma técnica rápida e barata, além de
apresentar uma baixa incidência de radiação e uma boa
acurácia de identificação. Além disso, é uma técnica
importante para identificação de linhas no corpo
humano. É importante para detecção de emergências
abdominais (free air). Por fim, é extremamente útil para
imagens do tórax, principalmente em pacientes
internados em UTI, que comumente adquirem
pneumonia, aspiração, levando a o acúmulo de fluido
por toda a região pulmonar.
Resumo
1) Existem 5 densidades básicas na radiografia: ar,
gordura, água, osso e metal
2) A técnica é importante por poder mostrar
múltiplas perspectivas da mesma região, além
de existir o efeito causado pelas PA x AP
Tomografia Computadorizada
A radiografia convencional é extraordinária, porém
limitada. Essa limitação se dá por duas causas:
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1) Imposição de um objeto 3D em um plano 2D
(sobreposição de objetos)
2) Limite de diferenciação das densidades (i.e.,
água e tecidos moles)
Portanto, a ideia da tomografia computadorizada é
suprir as limitações da radiográfica convencional,
principalmente no que tange a diferenciação das
densidades dos objetos.
As imagens do cérebro feitas por radiografias
convencionais apresentavam problemas. O primeiro
está relacionado a densidade do da calota craniana, que
atenua a maioria dos raios X. O segundo está
relacionado ao próprio cérebro, que é feito por tecido
moles, e está banhado no líquido cérebro espinhal que
é feito de água, sendo que essas duas densidades são
idênticas na radiografia convencional.
História
Sir Godfrey Newbold Hounsfield ganhou o prêmio
Nobel de fisiologia e medicina em 1979 por ter
descoberta a TC.
Na TC tem-se uma fonte de raios X similar a da
radiografia convencional, que está localizada no final de
um grande círculo. No outro lado do círculo tem-se uma
linha de detectores. Quando o aparelho é ligado, a fonte
de raios X os emitem e esses são detectados pelos
detectores, e por cada fatia que os raios X passa existem
valores acerca da densidade são detectados do outro
lado e são enviados para um computador.
Utilizando uma técnica matemática chamada de filtered
back projection é possível processar e atribuir valores as
densidades específicas com diferentes tons de cinza,
indo do preto ao branco. Esses tons de cinza podem ser
projetados em uma tela de computador e formar uma
imagem de uma fatia específica.
Técnica
A tomografia computadorizada produz imagens do
corpo que se assemelham a cortes anatômicos
transversais. Nessa técnica, um feixe de raios X
atravessam o corpo enquanto o tubo de raios X e o
detector giram em torno do eixo. Múltiplas absorções
de energia radial superpostas são medidas, registradas
e comparadas por um computador para determinar a
densidade radiológica de cada elemento de volume do
plano do corpo escolhido.
Os pacientes podem estar em supinação ou pronação,
observando-se a direção da tábua na imagem para se
identificar tal posição. Por convenção, o lado direto

Introdução a Radiologia
sempre será o lado esquerdo da pessoa que está
olhando e o lado esquerdo sempre o lado direito da
pessoa que está olhando, independente da posição o
paciente (dorsal ou ventral).
Para se diferenciar se foi utilizado contraste ou não se
tem que olhar o lúmen da aorta. Caso não se utilize
contraste o tom de cinza do lúmen da aorta irá se
assemelhar ao dos órgãos próximos como o fígado ou
baço. Com contraste, o lúmen da aorta estará
extremamente brilhante (branco). No contraste oral, o
estômago apresentara coloração mais brilhante.
Unidade de Hounsfield
A unidade de Hounsfield é um valor utilizado para se
mensurar a densidade na tomografia computadorizada.
Dois valores de referência foram atribuídos:
1) Água: 0 HU
2) Ar: - 1000 HU
Todas as outras densidades possuirão diferentes
valores de HU.
Um conceito importante é que quanto maior o número
de unidade de Hounsfield mais brilhante será a o objeto
na TC.
Resumo
1) Saber identificar a orientação: anterior,
posterior, direita e esquerda
2) Reconhecer imagens com e sem contraste
3) Entender a unidades de Hounsfield (HU):
unidades de radiodensidade
Curso de Anatomia 3
Ultrassonografia
A ultrassonografia (US) é a técnica que permite ver
estruturas superficiais ou profundas do corpo mediante
registro de pulsos de ondas ultrassônicas refletidas
pelos tecidos. A vantagem da US é o custo menor do que
a TC e a RM, e o fato do aparelho ser portátil.
História
O conceito da imagem por ultrassom vem sendo
discutido a muitos anos. A ideia de ver imagens através
de ondas sonoras foi encontrada na natureza a muito
tempo, com os morcegos, sendo descoberta por um
cientista italiano em 1794.
A ultrassonografia ficou muito popular na obstetrícia. O
motivo para tal sucesso se dá pelo fato de que diferente
da CT e da radiografia convencional, que usam raios-x, o
ultrassom usa ondas sonoras, que não contém radiação
ionizante, portanto não há risco de dano ao DNA do
paciente.
Técnica
O primeiro equipamento necessário é um transdutor.
Existem vários tipos de transdutores, que são
específicos para o tipo de transdutor. Alguns
transdutores vão emitir ondas sonoras que permitem a
penetração de tecidos profundos, ao passo que outros
apenas permitirão a penetração de tecidos mais
superficiais.
Dentro do transdutor existe uma estrutura especial
feita de cristais piezoeléctricos. Esses cristais mudam de
formato com impulsos elétricos. Ao dar o impulso
elétrico, esses cristais começam a vibrar, ficando
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Introdução a Radiologia
maiores e menores sucessivamente, e essas vibrações será visto, pois nenhuma onda passa por essa estrutura,
geram ondas sonoras. portanto tudo em volta dessa área aparecerá preto. Por
fim, se parte das ondas forem refletidas e outra parte
Essas ondas vão para o interior do corpo, e irão viajar
transmitidas, como em tecidos moles, músculos e
diferentemente por diferentes estruturas. Essas ondas
gordura, isso irá gerar diferentes tons de cinza, podendo
podem ser transmitidas, refletidas, ou algo entre as
ser muito brilhante ou escuro.
duas (refletidas e transmitidas). Quando o sinal voltar ao
transdutor, esse sinal deforma o cristal novamente, isso
resulta em impulsos elétricos que é captado por um
computador.

Massa cística X Massa sólida

Características de uma massa cística:
Na ultrassonografia é possível fazer diferentes cortes no
paciente, tanto cortes axiais quanto sagitais. Em ambos
os pacientes o lado direito ou cefálico e o lado esquerdo
ou caudal sempre serão iguais. A parte mais superior
sempre será o tecido mais superficial, ao passo que o
mais inferior será o mais profundo. Em todo transdutor
existe uma marca chamada de probe marker. Essa marca
sempre deve estar do mesmo lado da letra P que
aparece na imagem da ultrassonografia.
1) Preta;
2) Bordas suaves, bem circunscritas;
3) Os tecidos em volta da massa serão mais
brilhosos que os tecidos moles adjacentes
(posterior acoustic enhancement)
4) Parede posterior mais nítida

As ondas sonoras interagem com os diferentes tecidos,

e podem ser completamente transmitidas,
completamente refletidas, ou algo entre os dois
extremos. Essas diferentes interações gerarão
diferentes densidades na imagem. Por exemplo, algo
que é feito de puro líquido permite que as ondas Resumo
sonoras sejam completamente transmitidas por essa
1) US usa ondas sonoras para gerar imagens;
estrutura, como resultado um sinal positivo voltará ao
2) A diferença na velocidade do som nos diferentes
transdutor, gerando uma imagem preta. Se algo é
tecidos resultará em diferentes cores na
completamente refletido, como na interação com ossos
imagem;
e ar, vários sinais serão refletidos, tudo irá voltar para o
3) Existem diferenças entre massas císticas e
transdutor, dessa forma tal estrutura aparecerá muito
sólidas.
brilhante na imagem, e tudo em volta dessa área não