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Dar a Cascais novos horizontes 11
Mudar Cascais - Um plano estratégico 13
O reordenamento do território - Uma nova centralidade 16
Um urbanismo de rosto humano 19
O ambiente urbano 23
O Parque Natural de Sintra-Cascais 31
Agenda 21 e desenvolvimento sustentável 38
Desenvolvimento económico e emprego - A terciarização 42
Comércio e turismo 45
A renovação industrial 53
O relançamento da pesca 59
Um porto para navios de cruzeiro 65
Mobilidade e transportes 69
Uma política integrada de habitação 73
Uma política integrada de saúde e acção social 77
Uma política integrada de educação e cultura 81
Desporto e juventude 85
Segurança e protecção civil 91
Descentralização administrativa e participação cívica 95
Nascimento de uma cidade - Conclusão 98
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professores universitários, historiadores, arquitectos e outros
profissionais liberais, jornalistas, empresários, autarcas, militantes
de partidos políticos, pessoas ligadas à defesa do ambiente e do
património cultural e simples cidadãos amigos da sua terra. E no
contacto directo com as populações, sentimos que a ideia está
madura e é bem aceite e que falta apenas dar-lhe a necessária
projecção e melhor clarificação para um mais alargado consenso a
nível concelhio.
Temos hoje boas relações institucionais com a Câmara e um
conhecimento mais aprofundado das suas realizações e da
mentalidade dos autarcas. Conhecemos melhor aquilo que nos une
e aquilo que nos separa. Por exemplo, as acessibilidades ao novo
hospital constituem um caso paradigmático das nossas divergências,
em que a visão suburbana (da via rápida, da construção isolada,
das dificuldades pedonais) prevaleceu claramente sobre uma alter-
nativa urbana (da avenida, do hospital enquanto âncora de um cen-
tro terciário, de uma área mais atractiva e humanizada).
E ao tratar-se o referido espaço de 50Km2 como um todo,
regenerando, qualificando, terciarizando, esbatendo assimetrias,
deverá iniciar-se o complexo processo de institucionalização da
cidade, já que são as duas faces da mesma moeda. A dimensão
urbanística e a dimensão institucional andam de mãos dadas e
credibilizam-se uma à outra. Uma transforma e qualifica, a outra
apresenta as credenciais e viabiliza.
Se muitos de nós quiserem, 2009 pode ser para Cascais o ano
do clique, da mudança de mentalidade, da mudança de políticas, o
ano zero da cidade em busca de novos horizontes de progresso e
de desenvolvimento sustentável.
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mobilidade interna e a coesão económica e social.
E numa boa qualidade paisagística e ambiental, sem pseudo-
vias rápidas incentivadoras do transporte individual e destruidoras
da paisagem, pois deverá ser uma cidade aberta e humanizada,
uma cidade sem barreiras, por onde os turistas poderão circular
livremente e as pessoas com deficiência serem cidadãos como os
outros.
Assumindo-se e reforçando-se a vocação turística do concelho,
cria-se porém um novo desígnio – a terciarização, ou seja um con-
junto de áreas empresariais, prioritariamente ligadas à inovação e à
investigação, promovendo uma nova centralidade no interior. Esta
será a alavanca principal da transformação do território e da sua
sustentabilidade, aquilo que permitirá maior desafogo financeiro
ao município e autonomia local no emprego para as gerações futu-
ras, evitando-se o vai-vem infernal para Lisboa.
A nova dinâmica interna, económica e social, irá ter obvia-
mente reflexos positivos nos centros urbanos do litoral e do inte-
rior, na viabilização e qualificação do seu pequeno comércio, que
é a alma das cidades.
Mas a cidade deverá ter também importantes repercussões no
âmbito da educação, do desporto, da cultura e da juventude, com
essa nova dinâmica interna e a criação de um pólo universitário,
que constituirá um catalizador dessas actividades a nível concelhio.
Cascais deverá ser ainda uma cidade solidária, nos campos da
habitação, da saúde e da acção social, especialmente para os
imigrantes, os idosos e as famílias mais carenciadas.
Finalmente, teremos um município com maior peso
institucional e carga reivindicativa no sentido do financiamento de
grandes infra-estruturas e de integração nos programas europeus
de requalificação de cidades médias.
A propósito, permitam-nos lembrar aqui o pensador america-
no da área do Urbanismo, James Howard Kunstler, de passagem
por Lisboa, que fala no fracasso do modelo suburbano face ao
“fim do petróleo” e à necessidade de criar cidades onde se circule
a pé.
14
Como ponto de partida para um Plano Estratégico, temos hoje
um vasto contínuo urbano da Quinta da Marinha até Carcavelos e
Trajouce, com grandes assimetrias entre o litoral e o interior e uma
forte tendência de dormitório e de caos urbanístico.
É de salientar que este diagnóstico é normalmente aceite pelas
forças políticas, incluindo o actual executivo camarário, o qual pro-
cura, de facto, conter os excessos de construção, criar equipamentos
e qualificar algumas zonas concelhias. Mantém-se, no entanto, a
sua estratégia dentro de um modelo ainda suburbano, agindo por
impulsos, sem uma visão global da área urbana concelhia nem po-
tencial transformador.
Estamos, pois, numa encruzilhada do nosso destino histórico,
quando ainda existem condições para inverter as tendências domi-
nantes de dormitório e de desqualificação urbana e ambiental e
para pensar a nossa área urbana como um todo solidário e
harmónico, dentro de um modelo de cidade sustentável.
Uma cidade de baixa densidade de construção, que irá conter
a expansão urbana e salvaguardar e valorizar todo o património
cultural, natural e ambiental, requalificar os núcleos históricos e o
comércio tradicional, reforçando a identidade própria do Município
de Cascais.
Cascais, simples aldeia do Concelho de Sintra nos Séculos XII
e XIII e depois vila no Século XIV, poderá ser, já nas primeiras
décadas do Século XXI, com base num planeamento coerente e
se os seus habitantes assim o quiserem, a 3.ª cidade do País e uma
cidade média europeia, um importante centro terciário, turístico,
cultural e desportivo, um sítio de referência e um local com exce-
lente qualidade de vida.
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17
de um importante parque empresarial.
Estes dois núcleos terciários (ocidental e oriental) seriam ligados por uma larga e extensa avenida
com um traçado correspondente ao da Via Longitudinal Norte e com um perfil transversal integran-
do um corredor de eléctrico rápido e uma ciclovia.
O conjunto dos dois núcleos / Avenida seria um elemento fortemente estruturante no
reordenamento do território a realizar, induzindo a prazo a reconversão ou regeneração de
vastas áreas adjacentes e caóticas, sejam elas de génese ilegal ou legal.
Finalmente, estas medidas iriam dar um profundo golpe no actual modelo suburbano e iniciariam
um nova era de autonomia funcional e sustentabilidade, de esbatimento das assimetrias entre o
interior e o litoral, de criação de uma maior mobilidade e dinâmica internas.
Mas é óbvio que este reordenamento implica alguns custos sociais e só é viável, política, econó-
mica e financeiramente, num contexto global, num projecto de cidade.
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20
modo a sua melhor inserção na rede viária e no tecido urbano e
equipamentos existentes. Dou dois exemplos de espaços a
reconverter: o largo do Cemitério de Trajouce e a zona onde se
localizam a Biblioteca de S. Domingos de Rana e o Pavilhão
Gimnodesportivo.
Por outro lado, nas zonas de grande importância estratégica
para o futuro do concelho, vitais para o processo de terciarização,
os bairros de génese ilegal aí localizados sofreriam a longo prazo
uma acção de regeneração do território, sendo salvaguardados os
direitos dos proprietários através de negociações e com alternati-
vas de residência.
Também a zona industrial Abóboda / Trajouce deveria ser
objecto de operações de qualificação que dê a este parque indus-
trial um ar mais civilizado e propiciador de novos investimentos
no sector.
Realmente, depois de algumas décadas de carências de
planeamento e de falta de controlo do território, que conduziram
ao caos urbanístico e às grandes assimetrias com o litoral, é chegada
a hora de inverter o processo, de criar no interior uma verdadeira
dinâmica económica e uma nova urbanidade a que todos tenham
direito, mesmo que se traduzam a curto prazo nalguns custos
sociais.
Adiar para as calendas esta transformação, é perpetuar a
situação de dormitório e de um urbanismo desqualificado no inte-
rior. É não acreditar no potencial deste concelho e nas virtudes de
uma visão urbana e integradora, é rejeitar à partida a ideia de cidade.
Uma cidade que privilegia os centros urbanos e o pequeno
comércio em detrimento das grandes superfícies, típicas dos
subúrbios.
Uma cidade onde as estradas antigas e as pseudo-vias rápidas
mais recentes seriam transformadas em vias urbanas e onde os
espaços públicos seriam devidamente tratados.
Uma cidade agradável para se viver, estudar e trabalhar, com
grande mobilidade interna, seja de carro, a pé, de bicicleta ou de
21
transporte colectivo, uma cidade amiga do ambiente e plenamente
acessível às pessoas com deficiência, uma cidade de todos e para
todos.
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a baía de Cascais, no miradouro sobre o Clube Naval. Apenas duas
manchas luminosas, a vila de Cascais e o Estoril, se vislumbram
no horizonte. O resto é a escuridão típica dos subúrbios, mais acen-
tuada ainda no interior do que no litoral.
Na cidade, a baía deverá ser quase um mar de luz. O ambiente
também se vive à noite.
A cidade irá trazer ainda uma acentuada melhoria nos trans-
portes públicos e no seu grau de poluição do ar e de ruído, princi-
palmente nos centros urbanos, onde um comércio tradicional
reabilitado, um estacionamento mais acessível e uma certa animação
de rua tornarão estas áreas de novo atractivas.
A propósito, considera-se a criação de uma entidade gestora
de centro urbano como um facto muito positivo. Assim se dê a
essa entidade a necessária autonomia funcional e não se exagere
na sua área de influência, sob pena de se ter mais um sector buro-
crático, sem agilidade e criatividade. O ambiente de um centro
urbano pode ser magnífico.
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No âmbito dos recursos naturais, o Parque apresenta um im-
portante potencial no campo das reservas de água potável, na bacia
hidrográfica da Ribeira do Marmeleiro / Ribeira das Vinhas,
susceptível da criação de uma albufeira ou de bacias de retenção.
Este aproveitamento hídrico poderia permitir alguma autonomia
local no abastecimento de água, além da regularização dos caudais
de cheia no vale da Ribeira das Vinhas, que é afinal o traço de
união entre o Parque Natural e a área urbana, mais concretamente
a vila de Cascais.
A bacia hidrográfica acima referida, a admirável paisagem do
Guincho, a delicadeza ecológica do sistema de dunas, a variedade
das suas praias, o património arquitectónico das fortificações marí-
timas, a joiazinha que é o Pisão, as várias aldeias que pontuam a
paisagem, como a Malveira da Serra, Janes, Almoínhas Velhas,
Biscaia, etc., a importância geomorfológica da orla costeira rochosa
de “lapiás” onde se insere a Boca do Inferno, formam no seu todo
um conjunto inigualável que temos o dever de preservar para os
vindouros.
Mas é imperioso dotar a gestão do Parque Natural de maiores
recursos humanos e financeiros, para permitir uma melhor
manutenção e uma mais eficaz fiscalização no que se refere aos
despejos de resíduos sólidos e à construção clandestina. É ainda
importante a criação de uma série de atributos que permitam uma
maior atractividade do Parque para as populações locais e regionais
e o desenvolvimento do turismo ambiental.
A valorização e maior utilização do Parque Natural de Sintra-
Cascais são a garantia da sua perenidade e do seu prestígio e im-
portante factor de desenvolvimento sustentável no Concelho de
Cascais.
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terior; dentro da área urbana, a transformação a operar no interior
do concelho facilitará a recuperação dos corredores ecológicos, a
criação de contínuos vegetais, ao longo de novas avenidas, e de
parques e jardins há muito previstos mas nunca concretizados; e
com uma nova dinâmica interna, particularmente de reestruturação
económica, os percursos casa-emprego tenderão a ser muito me-
nores, os transportes amigos do ambiente terão mais viabilidade
económica, diminuirá substancialmente a emissão de gases com
efeito de estufa, melhorando a qualidade do ar e a qualidade de
vida dos seus habitantes.
No capítulo do desenvolvimento económico, só o projecto da
cidade pode garantir, através da transformação do interior do
concelho e da sua terciarização, as condições necessárias para a
instalação de empresas de serviços e das indústrias criativas, apoiadas
em formação superior e investigação científica, com a criação de
muitos empregos qualificados que irão alterar radicalmente o pa-
39
radigma do concelho.
Relativamente à coesão social no âmbito concelhio, todos sa-
bemos como ela é fraca e na maior parte dos casos não ultrapassa
os limites de bairro. Veja-se o caso do clube Estoril Praia, com
uma história muito rica no futebol nacional e que tenta emergir há
décadas dos escalões inferiores perante a indiferença de empresas
e de uma população desenraizada, própria dos municípios subur-
banos. A cidade deverá trazer um novo espírito de agregação em
torno de valores estruturantes, sejam eles cívicos, urbanísticos,
culturais ou desportivos, os quais deverão ser importantes factores
de coesão social das populações.
Finalmente, a governança, que significa um executivo munici-
pal com uma gestão transparente, participada pelos cidadãos, efi-
caz e coerente com os objectivos que pretende alcançar. Na verdade,
tem sido feito nos últimos anos um louvável esforço de
democratização da informação, de transparência e de aproximação
aos cidadãos. Mas, a actual situação de menoridade institucional,
de um município com a dimensão urbana de uma cidade média
europeia, que ainda é uma vila, conduz a uma relativa incapacidade
de reivindicação, perante o poder central e a União Europeia, e a
uma exclusão dos programas de requalificação de cidades médias,
nomeadamente para a realização de grandes infra-estruturas, com
evidentes prejuízos para o concelho e a sua população.
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48
restauração atractivos e com qualidade, é bom haver um gestor de
centro urbano atento à conservação dos espaços públicos e com
criatividade para dinamizar o centro, mas tudo isso pode não chegar
para combater a desertificação.
A propósito, quero aqui congratular-me com a recente
reabertura ao trânsito do sentido descendente da Av. D. Carlos I,
tão desejada pelos agentes económicos e que certamente será mais
um factor de combate à desertificação do centro urbano.
Outras medidas simples poderiam ajudar, como o acesso dos
autocarros de turismo ao centro da vila, a utilização dos “buscas”
para trazer os hóspedes dos hotéis ao centro, a criação de
estacionamento gratuito na 1.ª hora, a reestruturação do Jardim
Visconde da Luz no sentido de se criar um parque infantil que
atraia as pessoas.
Também o pólo cultural de Cascais, quando estiverem em
funcionamento o Museu Paula Rego e o complexo da Cidadela,
pode constituir um forte atractivo no âmbito do turismo cultural. E
os festivais de música e os grandes eventos desportivos são
imprescindíveis.
No Parque Estoril, que hoje repele as pessoas, dever-se-ia
recriar o belo jardim florido de outrora, com os seus recantos
românticos, que tanta gente atraía.
Em resumo, para um turismo de qualidade sustentável na Costa
do Estoril, torna-se necessário combater por todos os meios a
desertificação dos centros urbanos, incentivar a actividade turísti-
co-hoteleira em toda a faixa do litoral, repensar as grandes infra-
estruturas turísticas, combater a sazonalidade estabelecendo um
turismo de todo o ano, balnear, de negócios, de golf, residencial,
cultural, desportivo, termal, ambiental e paisagístico.
49
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54
Há todavia alguns indícios de renovação nas áreas industriais.
Por exemplo, na zona da Adroana, começa a haver um melhor
ordenamento urbanístico nos acessos e nas novas edificações, e no
núcleo da indústria electrónica, na Aldeia de Juzo, está em vias de
concretização um projecto de construção de um conjunto de mo-
dernos edifícios para 7 Centros de Inovação e Investigação, nos
terrenos da Alcatel.
Dois bons exemplos do muito que há para fazer, de modo a
tornar Cascais um concelho competitivo na actividade económica
e na qualificação ambiental e paisagística.
É conveniente esclarecer que a fronteira entre o terciário e a
indústria não poluente e tecnologicamente avançada é cada vez
mais ténue. Mas é evidente que a indústria transformadora sempre
existirá, e desde que não tenha impactes ambientais e paisagísticos
negativos poderá coexistir perfeitamente com a presença de unida-
des terciárias, e eventualmente de outras funções, em vias urbanas.
Nessa perspectiva, podemos considerar que a renovação in-
55
dustrial, no projecto da cidade, passa em parte pelo processo de
terciarização, já explicado em artigo anterior, principalmente no
eixo Alcoitão – Manique (troço da estrada longitudinal Norte a
transformar numa ampla avenida). Este eixo apresenta realmente
grandes potencialidades nos dois lados da via para o
desenvolvimento industrial e terciário de qualidade.
Para a Freguesia de S. Domingos de Rana, no eixo Abóboda –
Trajouce e núcleos adjacentes, há que seguir uma estratégia mais
complexa que passa pela criação de um moderno e bem infra-
estruturado parque industrial para instalar grandes e médias em-
presas, já existentes no concelho ou que sejam incentivadas a cá
instalar-se. Isto permitiria também uma reabilitação do actual tecido
urbano, incluindo a dos núcleos históricos de Abóboda e Trajouce.
Por outro lado, a construção de uma alternativa rodoviária à actual
estrada nacional (249.4), actualmente muito congestionada, e
também da Longitudinal Sul, permitirão o início de uma estratégia
de reestruturação do interior do concelho, no sentido de uma
melhor mobilidade interna e externa, fundamentais para o
desenvolvimento económico do concelho, que parte já com um
atraso de várias décadas.
As operações avulsas que estão hoje a ser feitas aqui e ali, esses
pequenos passos são obviamente positivos, mas não resolvem os
problemas de fundo do concelho.
A renovação industrial do Concelho de Cascais é assim uma
tarefa urgente para a qualificação do interior do concelho e a
competitividade da sua economia, exigindo mais e melhor
planeamento e grande investimento público para aquisição de te-
rrenos, em zonas estratégicas do território, e construção de
adequadas infra-estruturas.
56
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60
actividade, embora haja muitos outros pescadores, amadores ou
desportivos.
A crise da pesca em Cascais insere-se, segundo os entendidos,
no quadro mais vasto de uma crise nacional das pescas derivada de
múltiplos factores, como sejam os limites de pescado impostos pela
União Europeia, a carência de algumas espécies, os subsídios para
o abate de barcos e uma certa indefinição da política nacional para
o sector.
Por outro lado, o porto de Cascais não dispõe hoje de
condições logísticas para uma pesca industrial, de arrasto, que
outrora demandava a nossa baía. Estamos assim limitados à pesca
artesanal, que captura geralmente um pescado de qualidade.
Mas também é verdade que, a nível autárquico, muita coisa se
pode fazer em prol do desenvolvimento da actividade piscatória,
tal como acontece em vários municípios da
orla costeira portuguesa.
Em primeiro lugar, tomar como opção política o efectivo
desenvolvimento económico da pesca em Cascais, dinamizando
quer a pesca artesanal quer a descarga do pescado de arrasto. Para
o efeito, é preciso criar as infra-estruturas necessárias, de modo a
permitir uma 1.ª venda de pescado no local de desembarque e
uma 2.ª venda na Lota, e disponibilizar a praia e os espaços
envolventes. No fundo, em vez da pesca marginalizada dos dias de
hoje, recuperar a faina piscatória de outrora, que fervia de actividade
e animava toda a zona baixa da vila, com reflexos positivos no tu-
rismo e no comércio.
Na retaguarda destas opções fundamentais, deveria o
Município, através das suas agências especializadas, criar uma escola
para a formação de pescadores profissionais, tentando fazer, deste
modo de vida duro, uma profissão atractiva para a juventude. Nesta
perspectiva, dever-se-ia também criar uma escola de carpintaria
naval, associada a uma empresa onde se pudessem construir os
barcos necessários ao desenvolvimento da pesca, incluindo as fa-
mosas “chatas” de Cascais, um objecto patrimonial hoje quase des-
aparecido. Finalmente, dever-se-iam dar melhores condições de
61
estacionamento aos comerciantes de pescado, junto da Lota, e
incentivar as associações de pescadores a criarem elas próprias
cooperativas de comércio de pescado, a fim de salvaguardarem os
legítimos interesses profissionais dos seus associados.
Nesta época de profunda crise económica em que nos encon-
tramos, tudo o que se faça para criar emprego e gerar riqueza é
positivo. Mas, procuramos ver mais longe, é do futuro que espe-
cialmente falamos e da imperiosa necessidade do relançamento
da actividade piscatória na vila de Cascais, numa base progressiva e
sustentável e como importante factor de identidade.
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ultural
64
para navios de cruzeiro, complementado com uma área de
estacionamento de mega yachts, aproveitando em parte a infra-
estrutura da marina, o que iria neste caso atenuar os impactes am-
biental e paisagístico e os custos do empreendimento.
De qualquer forma, teria sempre de ser feita uma análise de
custo / benefício e proceder-se ao respectivo estudo de impacte
ambiental, antes de tomada uma decisão.
Mas queremos aqui sublinhar que esta ideia se enquadra
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uro
Eur pa.. Este empreendimento seria obviamente um enorme contributo
para combater a desertificação do centro urbano da vila de Cascais
e viabilizar a sua economia, já que muitos milhares de turistas ao
longo do ano iriam desembarcar junto à marina, usufruindo a cul-
tura e o património, desfrutando a admirável paisagem marítima e
consumindo na restauração e no comércio tradicional.
Há, porém, quem conteste a viabilidade de tal ideia, uma vez
que os navios de cruzeiro aportam geralmente às grandes cidades
onde existem, de facto, mais factores de atracção para visitar no
escasso tempo disponível. Todavia, há que considerar que o des-
embarque em Cascais não impede a visita turística a Lisboa (a cer-
ca de meia hora), antes lhe dá uma perspectiva mais ampla sobre a
região onde se situa a capital. No fundo, trata-se de visitar
Lisboa a partir do porto e da vila de Cascais.
A vila de Cascais, historicamente a porta de entrada de Lis-
boa, poderia agora no Séc. XXI desempenhar, na actividade turís-
tica, o papel que a História lhe confere.
65
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69
servirem o Estoril, a Parede ou Carcavelos?
Relativamente ao centro urbano de Cascais e para contrariar a
desertificação habitacional, dever-se-ia permitir o acesso de
automóvel aos residentes. E também permitir o acesso, à zona baixa
da vila, dos autocarros de turismo, e organizar o estacionamento
para quem vem consumir, de forma a dinamizar a área comercial.
Por outro lado, num futuro próximo, os novos veículos eléc-
tricos individuais vão decerto levar à reformulação do espaço ur-
Os n noovos vveíc
eícul
eícul
uloos eeléc
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duais GWAY) eesstão a
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bano, rodando em pistas próprias. Enquanto isso não acontece, e
revoluluccionar a mmoobili dade,
ilid face às nossas péssimas calçadas, tornemos os nossos passeios mais
espec
peciialme
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turism
ismo o, e lisos, com calçadas de boa qualidade ou outro tipo de pavimento
em b brreve d everão rrod
de od
odarar eemmp is
isttas
pis
próp
róprrias.
que seja confortável para todos, incluindo os invisuais.
Que o tratamento do espaço urbano deve ser pensado para
todos, incluindo as pessoas com deficiência (deficiência motora
ou outra), é hoje uma questão incontornável em todo o mundo
civilizado. É por isso que abordo aqui a questão da escada de
acesso à marina, a partir do Passeio Maria Pia, utilizada pelas
pessoas que vêm do Largo da Câmara e que, sem alternativa,
70
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72
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políti ca in
lítica inttegrada d
egra deehabititação
ha ação
73
já que Cascais é um dos locais do Pais onde as habitações são mais
caras.
O nosso concelho tem sido nesse aspecto uma terra de gran-
des assimetrias e enormes contrastes, onde as residências mais
luxuosas têm coexistido com as condições mais degradantes de
habitabilidade. Uma terra onde as sucessivas câmaras andam
sempre atrás do prejuízo: durante décadas deixaram erguer barra-
cas e implantar loteamentos e casas ilegais e depois andam outra
tantas décadas a tentar reparar os danos, deixando marcas profun-
das no território e enormes carências de coesão social. Neste
crescimento suburbano, onde tem andado o planeamento e o con-
trolo do território?
É tempo de conceber uma política integrada de habitação so-
cial enraizada no projecto da futura cidade e que, em termos de
estratégia urbanística, aproveite o reordenamento do território
proposto para o interior do concelho, designadamente o processo
de terciarização e as acções de reconversão de algumas áreas de
génese ilegal.
Desse modo, e sucintamente, seriam criados pequenos núcleos
habitacionais, bem inseridos na estrutura urbana da cidade,
permitindo uma maior conexão da habitação com o emprego, os
serviços, a saúde, o lazer, a cultura, a universidade, os equipamentos
sociais, a cidadania activa, a identidade da terra onde se vive.
No plano social, dever-se-ia criar habitação especialmente para
arrendamento, com rendas compatíveis com os rendimentos fa-
miliares e fazendo do acompanhamento das famílias uma prática
social em simultâneo com a habitação. Seria fundamental também
dar respostas muito diferenciadas, com uma grande variedade de
tipologias para os grupos sociais em causa, designadamente os po-
bres ou insolventes, a classe média baixa, os jovens, os idosos
carenciados, as pessoas com deficiência, os imigrantes em
dificuldades, privilegiando-se de certo modo as relações inter-
geracionais.
Finalmente, as acções habitacionais, a custos controlados,
seriam lançadas sob várias modalidades, conforme as circunstâncias,
74
designadamente a promoção directa de fogos, as parcerias públi-
co-privadas e o recurso ao sector cooperativo.
É tempo, enfim, de pensar para Cascais uma política integrada
de Habitação que constitua uma resposta condigna aos objectivos
da Constituição da República, sabendo-se que o investimento pú-
blico na habitação é também factor de redistribuição da riqueza e
de progresso social.
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77
subdimensionado por ter sido concebido para uma população
concelhia de cerca de 170.000 habitantes, quando hoje sabemos que
estão inscritos nos centros de saúde 225.000 pessoas e que se deveriam
ter ainda em conta os muitos milhares de residências secundárias do
concelho e a existência de uma indústria turística, gerando em conjun-
to picos de população da ordem das 300.000 pessoas. Aguardemos,
porém, com expectativa a entrada em funcionamento do novo hospi-
tal em 2010, considerando os novos métodos de gestão hospitalar e as
novas tecnologias e esperando que constitua, de facto, uma mudança
de paradigma da Saúde em Cascais.
Passando à análise da Acção Social, devemos salientar a
actividade da Santa Casa da Misericórdia de Cascais, um verdadeiro
pilar da comunidade, com uma enorme abrangência que vai desde
as creches e jardins de infância até aos centros de dia e lares de
idosos, do apoio domiciliário aos “cuidados continuados”, do Cen-
tro de Apoio Social do Pisão ao estudo, prevenção e tratamento
da toxicodependência, assistindo cerca de 2.500 pessoas,
empregando quase 600 funcionários e dispondo de um orçamento
anual da ordem dos 20 milhões de euros.
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78
Entre as muitas pequenas e prestimosas instituições privadas
de solidariedade social, permitam-nos destacar, no âmbito do apoio
domiciliário a pessoas com deficiência e a idosos dependentes, a
actividade do Centro de Apoio ao Deficiente, situado em
Carcavelos, pela qualidade e inovação dos serviços prestados na
zona oriental do concelho, que apontam já para um futuro mais
promissor e humanizado.
Entendemos assim que é necessário um plano global de saúde
para o concelho, que permita uma melhor cobertura do território
em cuidados primários, eliminando os serviços de “vão de escada”
e procedendo à gestão integrada dos respectivos equipamentos –
hospital, clínicas privadas e centros de saúde. Este sistema deverá
ser depois articulado com os equipamentos sociais, principalmen-
te com os centros de dia, lares de idosos e outras instituições de
solidariedade social que disponham de condições para alguns cui-
dados primários de saúde.
É importante também preencher as grandes lacunas nos capí-
tulos já referidos dos “cuidados continuados” e dos “cuidados pa-
liativos”, parecendo-nos que os actuais Hospital de Cascais e Hos-
pital José de Almeida, após a sua desactivação em 2010, poderiam
ser aproveitados para o efeito.
Mas a cidade pode fazer a diferença noutros aspectos. A melhoria
dos transportes colectivos, dos percursos pedonais e a sinalização
adequada dos equipamentos e estabelecimentos, deverão permitir
um mais fácil acesso aos cuidados de saúde e às farmácias por idosos
e pessoas portadoras de deficiência. Por outro lado, o reordenamento
do território no interior do concelho deverá também permitir a
criação de uma mais apertada rede de centros de dia (ou de convívio),
humanizando o ambiente urbano e melhorando a qualidade de vida
dos idosos. Finalmente, o alargamento da rede de creches e jardins
de infância deverá ser fundamental para a vida de uma comunidade
que se prevê com dinâmica económica e, acima de tudo, para a
saúde e evolução das crianças.
Neste campos tão importantes da Saúde e Acção Social, Cascais
poderá assim vir a ser uma cidade organizada e solidária.
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82
às suas actividades, incluindo o destacamento de técnicos /
professores / animadores que possam gerir os recursos, de modo a
que as respectivas sedes funcionem como uma rede de pequenos
centros culturais com actividades múltiplas.
Relativamente à Educação, é prioritário completar as redes de
escolas pré- primárias e secundárias. No caso do ensino superior,
é necessário criar possibilidades de continuação dos estudos e
renovação de competências à população activa do concelho (Life-
long Learning) em horários pós-laborais, aproveitando até algumas
estruturas existentes.
Um pólo universitário ligado à Ciência e Tecnologia deverá
ser integrado na dinâmica já criada pelo Tagus Park, de Oeiras, e /
ou basear-se na atracção para o concelho de um pólo de uma
Universidade nacional ou internacional conceituada.
A criação deste pólo só é, porém, viável no âmbito do
reordenamento do território do interior do concelho, previsto no
projecto da cidade, em simultaneidade com o processo de
terciarização.
Voltando à escola básica e à sua interacção com o meio social,
no sentido das crianças e os jovens assimilarem a identidade local,
essa acção poderia ser reforçada através da ida às escolas de agen-
tes culturais qualificados, ao serviço do município, para a realização
de palestras sobre questões da cultura e do património locais, de
preferência relativas a projectos em curso na própria escola.
Finalmente, consideramos importante retomar as “Jornadas de
Educação e Cultura do Concelho de Cascais”, iniciadas nos anos 90,
que constituíam um espaço de diálogo e de debate de ideias entre
alunos, professores e agentes culturais, e que culminava com um gran-
de sarau artístico, o grande abraço final entre Educação e Cultura.
Com a generalização do ensino pré-primário, na base, o
desenvolvimento da vida universitária, na cúpula, e uma maior
democratização da cultura, a futura cidade ajudará a promover a
igualdade de oportunidades e uma maior fruição dos bens culturais
por toda a população.
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Relativamente aos clubes desportivos concelhios, é evidente o
seu exagerado número (cerca de 70 clubes), mas sabemos que as
fusões não são fáceis devido a questões de história e identidade.
Entre eles permitam-nos que destaque dois, pela sua importância
no contexto concelhio: O Dramático de Cascais, pelos seus sucessos
no rugby e pela sua extraordinária expansão na vertente do desporto
para todos, com cerca de 2.500 praticantes; e o Estoril Praia, com
uma tradição muito rica no futebol nacional, que está agora outra
vez a levantar cabeça na Liga de Honra e a manter uma das melhores
escolas de futebol do País.
A cidade, com a dinamização da vida económica e social e a
expansão da vida universitária, virá dar um novo impulso ao
desporto concelhio, criando os equipamentos de que o concelho
ainda carece, incluindo um pavilhão para atletismo em pista coberta
e uma ciclovia ao longo da Longitudinal Norte. Por seu turno, o
Estoril Praia deverá encontrar na cidade as condições ideais para
se tornar numa boa equipa de futebol a nível nacional e europeu,
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88
surgindo como um meio de promoção da Costa do Estoril e um
poderoso factor de coesão social de toda a população.
No sector da Juventude, e para além das práticas desportivas e
da vida universitária já referidas, há questões que são específicas
deste escalão etário, como sejam a primeira habitação para os casais
jovens, o primeiro emprego, a ocupação dos tempos livres em ac-
tividades dinâmicas, as acções de cidadania e de divertimento
próprias da idade.
A política municipal que tem sido seguida nesta área tem as-
pectos positivos. De facto, o apoio em instalações para os grupos
de escuteiros e outras organizações de juventude, o Programa Maré
Viva (trabalho nas praias), os concertos musicais de Verão, os pro-
gramas de rádio, a DNA-Empreendedorismo, a Geração C, as
oportunidades de emprego, as pousadas de juventude são tudo
medidas que interessam aos jovens e que devem ter continuidade.
Mas é preciso ir mais além, principalmente nos capítulos do
desenvolvimento económico e emprego, da habitação, do ensino
superior, da formação profissional, da fruição cultural e do próprio
urbanismo, para que os jovens se sintam verdadeiramente inte-
grados numa comunidade viva e solidária e com grande autonomia
em relação a Lisboa.
O actual subúrbio ou dormitório é, porém, essencialmente
dispersivo e alienador.
Só a cidade pode fazer essa mudança. Só a cidade poderá abrir
novos horizontes às gerações vindouras.
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91
compete a segurança da orla costeira, mas que se encontra com
um grave défice de recursos humanos.
Por seu turno, a Protecção Civil encontra-se razoavelmente
estruturada, quer a nível municipal quer a nível de corpos de
bombeiros voluntários. Para a vertente de socorro ligada à
prevenção e combate a incêndios e apoio a ambulâncias, existe um
corpo de bombeiros em todas as freguesias, à excepção da Freguesia
de S. Domingos de Rana que é coberta pelos Bombeiros de
Carcavelos que se designam também de S. D. de Rana.
Pode afirmar-se que todo este sistema tem funcionado com
razoável eficácia em prol das populações.
O Plano de Emergência é um documento fundamental para a
prevenção e socorro dos cidadãos em caso de catástrofe,
designadamente terramoto, cheias, ciclone, tsunami ou grandes
incêndios florestais. A sua actualização exige a frequente realização
de simulações e de estudos de casos para escutar o sincronismo
dos órgãos, de modo a garantir a aplicação correcta das acções a
desencadear em casos de efectiva catástrofe.
Mas face ao exposto, pode perguntar-se: nestas problemáticas
em que é que a cidade pode fazer a diferença? De um modo geral,
numa maior exigência em todos os aspectos.
No caso da segurança na via pública, prevendo-se uma melhor
iluminação pública e mais confortáveis percursos de peões, princi-
palmente no interior do concelho; também na orla costeira,
essencialmente destinada a turismo e lazer, deveria aumentar-se o
nível da iluminação pública e o grau da vigilância policial; no capí-
tulo dos bombeiros, a terciarização e a renovação industrial no
interior do concelho, em suma o desenvolvimento económico em
larga escala deverá trazer novas exigências no ataque aos incêndios,
pelo que se justificaria a constituição de um corpo de bombeiros
profissionalizado a instalar provavelmente na Freguesia de S. Do-
mingos de Rana; essa nova dinâmica interna permitiria ainda pre-
ver uma maior fruição da zona florestal do Parque Natural de Sintra-
Cascais, pelo que se deveria aí criar mais actividades de lazer,
92
procedendo-se à limpeza dos caminhos florestais e à criação de
faixas de gestão de combustíveis.
Há, no entanto, uma questão que permanece preocupante,
independentemente do futuro que o Concelho de Cascais venha a
seguir – subúrbio ou cidade. É a ameaça permanente de uma nova
grande cheia na zona baixa da vila de Cascais, uma vez que
continuam a ser construídas caves em edifícios dessa zona tão
sensível, considerando também que as barragens do Pisão e do
Marmeleiro, tão importantes para a regularização dos caudais,
continuam a aguardar a sua construção, tal como a nova descarga
subterrânea para o mar.
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mais condigno e um melhor aproveitamento do seu potencial no
sentido de uma mais efectiva descentralização, em consonância
com o Protocolo entre as associações de municípios e freguesias
atrás citado.
Numa perspectiva de cidade, o concelho deverá ser gerido de
uma forma mais exigente e organizada, preocupando-se a câmara
com as questões de ordem estratégica e de carácter mais global, e
as juntas de freguesia com as actividades mais próximas do dia-a-
dia dos cidadãos. Neste caso, seria importante a criação de um
pequeno gabinete técnico no âmbito de cada freguesia, para dar o
necessário apoio ao executivo.
A conservação dos pavimentos na via pública, a gestão e
conservação de espaços verdes, a preparação e colocação da
toponímia (nomes de ruas) e de sinais de trânsito, a construção
e gestão de centros de dia e de convívio para idosos, a gestão de
mercados e feiras, são algumas das responsabilidades já hoje
assumidas pelas nossas freguesias.
Mas também poderão ser suas competências a manutenção
das escolas de educação pré-escolar e do 1.º ciclo do ensino bási-
co, a construção, gestão e conservação de equipamentos desportivos
e culturais, a gestão e conservação de parques de campismo e de
lazer, a cooperação com instituições de solidariedade social em
projectos de acção social, a fiscalização de regulamentos municipais,
a concessão de licenciamentos de vária natureza, a representação
nas Assembleias das Escolas e a promoção e apoio às actividades
culturais da freguesia.
A descentralização, porque alivia assim de algumas tarefas quem
descentraliza e porque autonomiza e estimula quem recebe as novas
competências, é na verdade um poderoso factor para uma mais
eficiente organização administrativa.
Mas a descentralização para as freguesias pode também po-
tenciar uma maior participação cívica na gestão autárquica. De facto,
é hoje em dia muito fraca a relação dos cidadãos com a sua freguesia,
para além do mero tratamento de questões pessoais. A “Agenda
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mpe na solidariedade social, desde a defesa do ambiente e do património
cultural aos que se empenham por uma melhor qualidade de vida
no bairro que habitam.
A “Nova Freguesia”, no contexto da cidade, pode e deve ser
também um lugar de reflexão e um pólo de cidadania, no sentido
de exercitar uma responsabilidade colectiva para um melhor am-
biente urbano e um desenvolvimento económico, educativo, so-
cial e cultural que correspondam aos anseios mais profundos dos
seus habitantes.
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Realmente, não se trata de uma simples passagem de uma vila
a cidade, mas de uma cidade que nasce com uma perspectiva glo-
bal e onde a própria vila de Cascais, como espaço urbano históri-
co, se integra.
Na verdade, a evolução urbanística das últimas décadas no
Concelho de Cascais, feita com base no modelo de desenvolvimento
suburbano, conduziu ao aparecimento de “uma nova realidade
urbana”, uma área contínua urbanizada da Quinta da Marinha a
Carcavelos e da Aldeia de Juzo a Trajouce, com cerca de 50 Km2
e 200.000 habitantes, mas com grandes assimetrias entre o litoral e
o interior.
É este conjunto urbano que é o objecto da cidade, constituindo
o terceiro aglomerado do País, depois de Lisboa e Porto, e deixando
fora dos limites da cidade o Parque Natural de Sintra-Cascais e as
suas aldeias, como área de conservação da Natureza, turismo e lazer.
Parece assim evidente a necessidade de assumir a maioridade
institucional do nosso município, o estatuto de aglomerado urba-
no adulto no contexto regional, nacional e europeu.
A futura cidade terá grande autonomia funcional em relação a
Lisboa, com o emprego e o ensino superior a serem os dois gran-
des factores geradores da mudança, através da terciarização, da
renovação industrial, da investigação científica, do desenvolvimento
turístico-hoteleiro e da criação de um pólo universitário.
A cidade será também um paradigma de uma nova urbanidade
e um espaço de humanização e de coesão social e cultural,
esbatendo-se as actuais assimetrias e melhorando a mobilidade in-
terna com uma rede eficaz de transportes colectivos, de ciclovias e
de percursos confortáveis de peões.
A cidade será ainda respeitadora do ambiente, do património
cultural e da identidade dos lugares: a vila de Cascais será sempre a
vila, o Estoril sempre o Estoril, Alcabideche sempre Alcabideche,
e assim sucessivamente para todos os outros lugares.
A cidade será finalmente um modelo de sustentabilidade am-
biental, económica, social e de governação – uma cidade compe-
titiva, solidária e com excelente qualidade de vida.
99
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