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outros. Esta evidente incursão pelo direito constitucional será de importância crucial
para a justificação, até mesmo, dos marcos teóricos adotados, como o modelo
tese.
1
Doutora e Mestre em Direito Processual pela PUC-Minas. Professora do Programa de Pós-graduação em
Direito da PUC-Minas. Professora de Direito Processual Penal e Teoria Geral do Processo da PUC-Minas.
Professora da Universidade de Itaúna. Professora da Escola Superior Dom Helder Câmara. Advogada.
Coordenadora Técnica de Processo Penal da Escola Superior de Advocacia da OAB-MG
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autonomia privada. Para finalmente analisar as teorias do processo e sua
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de Direito, os quais se sucedem cronologicamente “em um processo de superação e
dissolvendo ao longo de pelo menos três séculos até a formação dos Estados laicos,
nos quais o direito não era mais visto como norma específica e individual, e sim com
3
relatado acima. Mas no referido paradigma nota-se a divisão da sociedade em duas
Cattoni:
ser compreendido como toda atuação que não fosse contrária ao direito; ou seja, o
4
estatal, que passaram a ser denominados por alguns constitucionalistas, como
2
A classificação de direitos fundamentais de primeira, segunda, terceira e, até mesmo, de quarta
geração será objeto de crítica quando da análise do paradigma do Estado Democrático de Direito.
5
que se constrói o paradigma do Estado Social e dos denominados “direitos
como direitos sociais e coletivos, como exige uma redefinição dos direitos de
primeira geração:
distante dos conflitos sociais, mas um Estado que se assume como agente
6
Destaca Marcelo Cattoni:
Estado social:
interesses difusos, como o direito a um meio ambiente saudável, ou, ainda, direitos
do consumidor.
sociedade civil, que exige sua constante participação no debate tanto das coisas
direitos e garantias que não podem ser aplicados em separado. Nesse sentido, não
importa ter direitos sociais ou, mesmo, proteção aos direitos difusos se não há
estrutura que se mantém sempre aberta a revisão, que não se encontra fechada em
Soares:
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O Estado Democrático de Direito distribui igualitariamente o poder e
racionaliza-o, domesticando a violência, convertendo-se em império
das leis no qual se organiza autonomamente a sociedade. Este tipo
de Estado não é uma estrutura acabada, mas uma assunção
instável, recalcitrante e, sobretudo, falível e revisável, cuja finalidade
é realizar novamente o sistema de direitos nas circunstâncias
mutáveis, ou seja, melhor interpretar o sistema de direito, para
institucionalizá-lo mais adequadamente e para configurar o seu
conteúdo mais radicalmente. (SOARES, 2001, p. 306)
9
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SRUTXHVHDQFRHUFLWLYDVVLQRSRUTXHVRQOHJtWLPDV/DYDOLGH]GHXQD
QRUPDMXUtGLFDLQGLFDTXHHOSRGHUHVWDWDOJDUDQWL]DVLPXOWDQHDPHQWH
OD OHJtWLPD SURGXFFLyQ GHO GHUHFKR \ OD IiWLFD LPSRVLFLyQ GHO PLVPR
(HABERMAS, 2000, p. 149)
/D WHRULD SROtWLFD KD GDGR D OD FXHVWLyQ GH OD OHJLWLPLGDG XQD GREOH
UHVSXVWDODVREHUDQLDSRSXODUHVWDEOHFHXPSURFHGLHPHQWRTXHHP
UD]yQGHVXVSURSLHGDGHGHPRFUiWLFDVIXQGDPHQWDODVXSRVLFLyQGH
UHVXOWDGRV OHJtWLPRV (VWH SULQFLSLR VH H[SUHVD HQ ORV GHUHFKRV GH
FRPXQLFDFLyQ \ SDUWLFLSDFLyQ TXH JDUDQWL]D OD DXWRQRPLD S~EOLFD GH
ORVFLXGDGDQRV3RUHOFRQWUDULRORVGHUHFKRVKXPDQRVFOiVLFRVTXH
JDUDQWL]DQ D ORV FLXGDGDQRV GH XQD VRFLHGDG OD YLGD \ OD OLEHUGDG
SULYDGD HV GHFLU HO HVSDFLR GH DFFLyQ SDUD OD UHDOL]DFLyQ GH VXV
SURSLRV SODQHV YLWDOLHV IXQGDPHQWDQ SRU Vt PLVPRV XQ GRPtQLR
OHJtWLPRGHODVOH\HV%DMRHVWRVGRVSXQWRVGHYLVWDVQRUPDWLYRVHO
GHUHFKR SURGXFLGR ± HV GHFLU XQ GHUHFKR TXH VH SXHGH FDPELDU
GHEH VHU OHJLWLPDGR FRPR XQ PHGLR SDUD DVHJXUDU GH IRUPD
DUPyQLFD OD DXWRQRPtD GH ORV LQGLYLGXRV WDQWR HQHOiPELWRSULYDGR
FRPRHQVXGLPHQVLyQGHFLXGDGDQRV. (HABERMAS, 2000, p. 150)
10
Assim, os direitos fundamentais, aos quais os cidadãos se outorgam
³WRGRV ORV SRVLEOHV DIHFWDGRV SXGLHUDQ HVWDU GH DFXHUGR FRPR SDUWLFLSDQWHV HP XP
GLVFXUVR UDFLRQDO´ discurso este que dá origem a um resultado legítimo, haja vista
HQWUH IDWLFLGDGH H YDOLGDGH, Habermas estrutura sua 7HRULD GLVFXUVLYD, por meio da
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habermasiano, “para que a convivência seja regulada pelos meios do direito positivo,
direitos fundamentais, é também autor, tendo em vista que participa da vida pública
autonomia pública, de modo que elas são interdependentes, ou, como ressalta
Habermas, indivísiveis:
'H HVWD IRUPD OD DXWRQRPLD SULYDGD \ OD S~EOLFD VH SUHVXSRQHQ
PXWXDPHQWH /D FRQH[LyQ LQWHUQD HQWUH GHPRFUDFLD \ (VWDGR GH
GHUHFKRFRQVLVWHHQTXHSRUXQDSDUWHORVFLXGDGDQRVVyORSXHGHQ
KDFHU XQ DGHFXDGR XVR GH VX DXWRQRPLD S~EOLFD VL JUDFLDV D XQD
DXWRQRPLD SULYDGD VLPHWULFDPHQWH DVHJXUDGD VRQ VXILFLHQWHPHQWH
LQGHSHQGHQWHV \ SRU RWUD HQ VyOR SXHGHQ DOFDQ]DU XQ HTXLOLEUDGR
GLVIUXWH GH VX DXWRQRPtD SULYDGD VL FRPR FLXGDGDQRV KDFHQ XQ
DGHFXDGR XVR GH VX DXWRQRPtD SROtWLFD 3RU HVR ORV GHUHFKRV
IXQGDPHQWDOHV GH OLEHUGDG \ ORV GHUHFKRV SROtWLFRV VRQ LQGLYLVLEOHV
/D LPDJHP GHO Q~FOHR \ OD FRUWH]D LQGXFH D HUURU FRPR VL H[LVWLHUD
XQ Q~FOHR GH OLEHUGDGHV IXQGDPHQWDOHV TXH SUHWHQGLHUDQ WHQHU
SULRULGDGIUHQWHDORVGHUHFKRVGHFRPXQLFDFLyQ\SDUWLFLSDFLyQ3DUD
HO WLSR GH OHJLWLPDFLyQ DFFLGHQWDO ORV GHUHFKRV SULYDGRV \ ORV
GHUHFKRV FLXGDGDQRV VRQ HQ RULJHQ LJXDOPHQWH HVHQFLDOHV
(HABERMAS, 2000, p. 153)
12
publica dos sujeitos de direitos a partir dos processos de formação de opinião e
pelos quais estes paradigmas foram superados, ressaltando que o paradigma liberal
críticas profundas.
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importantes papéis como agentes formadores e conformadores da sociedade, a
também denominada por ele DXWRQRPLD FLGDGm, não se restringe à clássica divisão
seja mediante a opinião pública, como agente controlador da atuação estatal, mas,
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principalmente, mediante sua participação no processo decisório, seja também na
1997, v. II, p. 159). Este código jurídico pode ser estruturado em cinco tipos
16
$&2035((16Æ2'23$5$',*0$'2(67$'2'(02&5È7,&2'(
',5(,72$3$57,5'2(678'2'2029,0(172)(0,1,67$
por Habermas, iniciado com os questionamentos aos direitos formais e sociais, base
Estado Liberal, que remonta ao século XIX, o qual pretendia o fim das
diploma, salário, status social, influência e poder público.” (HABERMAS, 1997, v. II,
p. 162)
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No entanto, a obtenção de direitos formais impunha a necessidade de
nas áreas relativas ao trabalho e à família. Como ressalta o autor: “Nesse terreno, a
pobreza”.
estes programas paternalistas, que impediam discussões públicas dos afetados pela
o fato de essa crítica estar de acordo com uma WHRULD IHPLQLVWD GR
GLUHLWR, que se distancia do paradigma do direito desenvolvido pelo
Estado social, não é mero acaso. [...] Os problemas da igualdade de
tratamento entre homem e mulheres levam a tomar consciência de
que as pretendidas autorizações não podem ser entendidas apenas
como favores dispensados pelo Estado social no sentido de uma
participação social justa. Os direitos podem autorizar as mulheres a
uma configuração autônoma e privada da vida, porém somente na
medida em que eles possibilitarem, ao mesmo tempo, uma
participação, em igualdade de direitos, na prática de
autodeterminação de cidadãos, pois somente os envolvidos são
capazes de esclarecer os ‘pontos de vistas relevantes’ em termos de
igualdade e de desigualdade. (HABERMAS, 1997, v. II, p. 160)
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autonomia cidadã como um todo indivisível, nos moldes, portanto, da teoria
opinião e vontade, que somente podem ser garantidos se a autonomia pública que
$&2035((162'2352&(6621263$5$',*0$6-85Ë',&26
Parece-nos que falta uma última proposição a ser respondida, qual seja,
Democrático de Direito.
Cremos que a 7HRULD GD UHODomR MXUtGLFD foi um grande marco para a
7HRULD GR SURFHVVR por ter sido a porta para a autonomia científica do direito
processual e para o processo penal em especial, haja vista que foi com a relação
jurídica processual que o acusado passou a ser sujeito de direitos. Nas palavras de
Helio Tornaghi, “Destarte, o acusado já não é mero objeto do processo, senão que
genérico direito de ação, de que todos possuem direito de iniciar uma demanda
quando um direito próprio for lesado o ameaçado de lesão. ( Cf. PELLEGRINI, 2003)
3
Os estudos a respeito da teoria da relação jurídica e da teoria do processo como procedimento realizado em
contraditório se encontram em outra artigo da autora.( PELLEGRINI, 2003)
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sobre a conduta do outrem; ou seja, que as partes – autor e réu – e o juiz se
conduta de outrem –, ele não pode ser aplicado no processo, pois onde está o
vínculo de sujeição entre a conduta do autor frente ao réu ou, mesmo, do réu
final, a sentença. Esta teoria foi formulada por Elio Fazzalari, que, assim,
21
6HSRLHOSURFHGLPHQWRqUHJRODWRLQPRGRFKHYLSDUWHFLSLQRDQFKH
FRORURQHOODFXLVIHUDJLXULGLFDO¶DWWRILQDOHqGHVWLQDWRVYROJHUHHIIHWWL
WDOFKpO¶DXWRUHGLHVVRGHEEDWHQHUFRQWRGHOODORURDWWLYLWjHVHWDOH
SDUWLFLSD]LRQH q FRQVHJQDWD LQ PRGR FKH L FRQWUDSSRVWL µLQWHUHVVDWWL¶
TXHOOL FKH DVSLUDQR DOOD HPDQD]LRQH GHOO¶DWWR ILQDOH ± µLQWHUHVVDWL¶ LQ
VHQVR VWUHWWR ± H TXHOOL FKH YRJOLRQR HYLWDUOD ± µFRQWURLQWHUHVVDWL¶ ±
VLDQR VXO SLDQR GH VLPHWULFD SDULWj DOORUD LO SURFHGLPHQWR
FRPSUHHQGHLOµFRQWUDGGLWWRULR¶VLIDSLDUWLFRODWRHFRPSOHVVRHGDO
JHQXV µSURFHGLPHQWR¶ q FRQVHQWLWR HQXFOHDUH OD VSHFLHV ³SURFHVVR´
(FAZZALARI, 1992, p. 60)
22
Destarte, a autonomia privada, relacionada a direitos fundamentais de
primeira.
genérica de que o Poder Judiciário não pode eximir-se de apreciar qualquer situação
23
A compreensão de um juiz, como super-parte4, de capacidades sobre-
possíveis para a solução do caso concreto, que pode ser caracterizada em nossa
direito6 (cf. TOURINHO FILHO, 2001, v. 1, p. 51), logo “diga-lhe os fatos, que ele lhe
seja construída não a partir exclusivamente da atuação do juiz Hércules, mas sim de
4
Assevera Ferrajoli, que: “ D FRQILJXUDomR GR SURFHVVR FRPR XPD UHODomR WULDQJXODU HQWUH WUrV
VXMHLWRVGRVTXDLVGXDVSDUWHVHP FDXVDHXPWHUFHLURVXSHUSDUWHDFXVDGRURGHIHQVRUHRMXL]´ (
FERRAJOLI, 2002, p. 465). A compreenssão do autor do garantismo penal ( Ferrajoli, 2002) que se
funda na legitimação material para a validez do processo, bem como sua posição a respeito das
partes no processo e da posição do juiz como super-parte, impede compreensão, própria do Estado
Democrático de Direito, da construção participada da decisão pelos afetados em contraditório.
Esta é a argumentação básica do art. 383 do Código de Processo Penal a respeito da HPHQGDWLR
5
OLEHOOL
24
4XHVWD DWWLYLWj GH ULFRJQL]LRQH GHL SUHVVXSRVWL GHO SURYYHGLPHQWR
JLXULVGL]LRQDOHFLRqO¶DWWLYLWjDWWUDYHUVRODTXDOHLOJLXGLFHYHULILFDFKH
ULFRUUDQR QHO FDVR FRQFUHWR OH FLUFRVWDQ]H LQ SUHVHQ]D GHOOH TXDOL
VFDWWD OD QRUPD FKH JO¶LPSRQH GL HPDQDUH TXHO SURYYHGLPHQWR j
OXQJD IDWLFRVD FRVWRVD DG HVVD SDUWHFLSDQR QRQ VROWDQWR HO
JLXGLFKH PD DQFKH VXRL DXVLOLDUL [...] VRSUDWWXWWR L VRJJHWWL QHOOD
FXLVIHUDJLXULGLFDO¶HPDQDQGDPLVXUDJLXULVGLFLRQDOHqGHVWLQDWD
DGLQFLGHUHLQFRQWUDGLWWRULRIUDORUR (FAZZALARI, 1992, p. 100)
(grifos nossos)
como poder sob a conduta de outrem, demonstrando sua profunda ligação com as
ordenação, já que uma parte teria poder sobre a conduta de outrem (cf.
justiça”, que surge como preocupação do Estado Social, a partir da crítica ao direito
6
Como ressalta Carlos Alberto Álvaro de Oliveira, “na realidade, diante do inafastável caráter dialético
do processo, deve se modificar de forma significativa o alcance do antigo brocardo da PLKLIDFWXP
GDERWLELXV (OLIVEIRA, 1993, p. 56)
25
Ou seja, o tema ganha importância no Estado Social, justamente por
EHQV QR VLVWHPD GR ODLVVH]IDLUH Vy SRGLD VHU REWLGD SRU DTXHOHV TXH SXGHVVHP
HQIUHQWDU VHXV FXVWRV DTXHOHV TXH QmR SXGHVVHP ID]rOR HUDP FRQVLGHUDGRV RV
do Estado para reconhecer e concretizar direito e deveres sociais que o tema acesso
coletivos.
de direitos a minorias ou classes, sem lhes garantir sua autonomia publica e privada
26
a partir da participação nas esferas de decisão por aqueles que serão afetados,
pode ser também analisada no tema acesso à justiça. Isto porque as formas de
Ora, não é este o papel que se propõe hoje para o tema, pois na
eticizante.
Cumpre uma última analise, que passa pelo próprio termo “acesso à
afetados por ela, ou seja, não se trata de realizar “justiça” ou proferir decisões justas,
&21&/862
28
Liberal, Estado Social e Estado Democrático de Direito, a fim de demonstrar que a
parem no tempo. Assim fica demonstrado que o ponto principal que se denota da
regimes autoritários.
7
A respeito da crítica ao tema, vide também : LEAL, 2001, p. 78, 79
29
%LEOLRJUDILD
Malheiros, 2001.
30
__________. /D FRQVWHODFLyQ SRVQDFLRQDO – Ensayos políticos.
31
TORNAGHI, Helio. $ UHODomR SURFHVVXDO SHQDO. São Paulo: Saraiva,
1987.
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