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EDUCAÇÃO TECNICISTA
Sandra Denicievicz
Introdução
No século passado, a sociedade experimentou uma transformação sem
precedentes no que diz respeito a forma de organização do trabalho. Tais mudanças,
continuam a se desenvolver nos anos posteriores, o que gerou instabilidades, modos
diferentes de associações e configurações que impactam diretamente no modo de
produção e consumo.
Historicamente, a noção de trabalho está ligada à ideia de sofrimento, ou seja, o
imaginário acerca do conceito é construído na coletividade como um castigo necessário,
ou ainda, a forma de conquistar o sustento à duras penas. Parte desse pressuposto, está
ligado a base cristã que influencia na formação dos valores da sociedade ocidental.
Na Idade Média, o principal meio econômico era o sistema agrícola, responsável
pela renda e pela sobrevivência da população. Os feudos, eram precários e utilizavam
mão de obra barata. Naquela época, o sistema de classes era bem definido, e não havia a
possibilidade de transição entre os indivíduos. Com o surgimento do capitalismo e, talvez,
um dos mais pródigos argumentos utilizados para sustentar esse modo de organização é
a pregação da possibilidade de o indivíduo sair de uma classe baixa e obter destaque por
meio do seu esforço e sacrifício. Tem-se, dessa forma, a base da meritocracia.
No tocante à organização social, o trabalho passa da ideia de castigo, pregado
pela lógica católica, para dádiva divina, no ideal cristão protestante. Ademais, no
ocidente, o crescimento do protestantismo está ligado a prosperidade nas formas de
trabalho como é refletido por Weber (1905) na obra A Ética Protestante e o Espirito do
Capitalismo.
Após a Revolução Industrial, torna-se ainda mais nítida as novas relações de
trabalho. O sistema agrícola dos séculos passados já não é o protagonista do modo de
trabalho. O êxodo rural fica, cada vez mais, acentuado. Instalam-se novas fábricas,
responsáveis pelo emprego da maior parcela da população, mais uma vez, têm-se mão de
obra barata, locais de trabalho insalubres e precários. Com relação às mulheres e crianças,
essa situação torna-se ainda mais preocupante.
Já no século passado, o surgimento de três sistemas de produção dá o tom nos
modos de trabalho. São eles: Taylorismo, Fordismo e Toyotismo. O sistema de produção
industrial ganha força em todos os setores da sociedade. No que diz respeito ao sistema
educacional, não é diferente. Os critérios e aspirações utilizadas nas fábricas parecem se
estender para as escolas, e afetar a dinâmica de formação de alunos e professores.
O cenário brasileiro
No país, o que ganha corpo é a educação técnica, com vistas ao aprimoramento
e à necessidade do mercado de trabalho. As políticas públicas voltadas a esse setor
ganharam espaço no governo anterior. A expansão de programas voltados à educação
profissional, à Educação de jovens e adultos e o crescimento dos Institutos Federais,
apresenta um cenário voltado a educação de curta duração, de cunho tecnológico e que
alia as práticas pedagógicas ao mundo do trabalho.
Esse crescimento da educação profissional é reflexo dos pressupostos
capitalistas que exige qualificação profissional. Aliado a isso, é possível perceber as
mudanças que se articulam com vistas ao aprimoramento técnico. A nova base curricular
do ensino médio, é um exemplo disso. Ademais, a precarização dos profissionais da
educação também é um fator preocupante, visto que se exige cada vez mais qualificação,
em troca de salários reduzidos e carga-horária aumentada.
Há necessidade de profissionais em sala de aula, contudo, os concursos na área
da educação são escassos, um dos motivos é a manutenção das turmas por profissionais
não qualificados que desempenham a função de efetivos, ou ainda, a contratação de
professores temporários, o que acarreta a falta de vínculo e contribui para a flexibilização
das relações de trabalho.
Considerações Finais
As relações entre sociedade, trabalho e educação são complexas e com diversas
formas de abordagens. Este trabalho foi uma reflexão acerca das novas configurações
presentes no trabalho e que impactam de forma significativa o campo educacional.
Contudo, há muitas outras premissas que podem vir a ser abordadas e outros
recortes que merecem ser estudados e que permeiam essas relações. A discussão e a
reflexão parecem ser um dos caminhos importantes para entender as dinâmicas
estabelecidas no século atual, no entanto, esse caminho crítico pode e deve ser levado às
escolas, e a outros espaços de debate, afinal pensar a educação por meio de uma
perspectiva critica não diz respeito somente aos educadores, senão, a toda sociedade, visto
ser grande o poder do seu impacto. Mesmo que o futuro se apresente incerto e nebuloso.
Referências
SIGNORI, Zenira Maria Malacarne; CAMPANELLI, Rosane Terezinha Back. A escola
e a formação do trabalhador: a questão da dualidade estrutural. Revista Pedagogia
em Foco, Iturama (MG), v. 10, n. 4, p. 156-167, jul./dez. 2015