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Curso de Formação em História e Cultura Afro Brasileira e Africana

2ª etapa
Maio – Julho/2007

Realização: Ágere Cooperação em Advocacy


Apoio: Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade/MEC

Autoria: Álvaro Sebastião Teixeira Ribeiro


Bárbara Oliveira Souza
Edileuza Penha de Souza
Iglê Moura Paz Ribeiro

MÓDULO II
Aula 3: Preconceito, Estereótipo e Discriminação no Espaço Escolar

Problematização:

- Como são representados os negros e os indígenas na sua escola (durante as


aulas, nos materiais didáticos, nas datas comemorativas). Qual é o espaço
dedicado a essa abordagem?

- Por que a escola e seus educadores devem incluir à ação pedagógica a


abordagem de temas como o combate ao racismo e as temáticas da cultura e da
história afro-brasileira e africana?

Desenvolvimento do Tema:

Como discutido no módulo anterior, a escola tem um papel fundamental


na formação de cidadãos capazes de conviver e de dialogar com a diversidade
cultural e histórica do Brasil, além de promover a maior identificação dos(as)
estudantes com os conteúdos e práticas ensinados na escola. São fatores que
influenciam diretamente no interesse pelo aprender e na auto-estima dos
estudantes. Portanto, à escola cabe o papel de reconhecer que tanto as pessoas
que a compõem como as que integram a sociedade brasileira apresentam
aspectos que as diferenciam: têm especificidades de gênero, de raça/etnia, de
religião, de orientação sexual, de valores e outras diferenças definidas a partir
de suas histórias pessoais.

Essas diferenças tão presentes na construção identitária das pessoas e


de suas realidades são, muitas vezes, motores de relações desiguais. Há vários

1
exemplos, em nossa sociedade, de diferenças que fomentam desigualdades.
Pensemos, por exemplo, em como a religião católica é tratada nos meios de
comunicação e em espaços públicos como hospitais e escolas. Agora reflita
sobre como as religiões afro-brasileiras, tal qual o candomblé, são tratadas
nesses mesmos espaços.

Na prática as diferenças de religiosidades geram uma relação que é


desigual. A constituição garante a liberdade de crença religiosa e as instituições
devem promover o respeito entre os praticantes de diferentes religiões, além de
preservar o direito de alguns não terem prática religiosa. No entanto, é mais
comum encontrarmos, crianças e adolescentes exibindo com orgulho os
símbolos de sua primeira comunhão, enquanto famílias que cultuam religiões de
matriz africana são discriminadas por suas identidades religiosas, na escola.

O estereótipo1 funciona como um carimbo que define antecipadamente


quem são e como são as pessoas, alimentando os preconceitos. Dessa forma, o
etnocentrismo2 aproxima-se, também, do preconceito, que pode ser pensado
como algo que vem antes (pré) do conhecimento (conceito). Ou seja, antes de
conhecer já defino “o lugar” daquela pessoa ou grupo.

Em nossa sociedade existem práticas, tradições e histórias que sofrem


profundo preconceito dos setores hegemônicos, ou seja, aqueles que se
aproximam daquilo que é considerado como “correto” por parte daqueles que
detêm o poder. Assim, os cultos afro-brasileiros iriam contra as “normais e
naturais” religiões cristãs. O preconceito relativo às práticas religiosas afro-
brasileiras está profundamente arraigado na sociedade por estar associado a
grupo historicamente estigmatizado e excluído, o dos negros. Vale lembrar que
espaços de resistência afro-brasileira, como o samba, a capoeira e os quilombos
foram, durante décadas, proibidos e perseguidos pela polícia e que ainda
possuem estigmas.

Se estereótipo e preconceito estão no campo das idéias, discriminação é


uma atitude. É a atitude de discriminar, de negar oportunidades, de negar
acesso, de negar humanidade. Nesta perspectiva, a omissão, a invisibilidade
também se constitui como discriminação.

1
Estereótipo: é uma generalização sobre um grupo de pessoas que compartilha de certas qualidades características (ou
estereotípicas) e habilidades. É utilizado em sentido depreciativo e negativo, considerando-se que os estereotipos são
crenças ilógicas que podem ser modificadas com uma prática educativa adequada.

2
Etnocentrismo: caracteriza-se pela idéia de que a própria cultura possui maior valor dentre as demais. Esta
concepção consiste em julgar a própria cultura como a melhor, a mais natural e humana. É, portanto, uma posição
intransigente em relação aos valores e às normas que caracterizam diferentes culturas. É uma postura que acaba por se
caracterizar como segregacionista, uma vez que menospreza o valor dos individuos que pertencem a outras culturas.

2
A ausência de negros e negras ou a exposição como inferiores em livros
didáticos, filmes, cartazes e outros recursos utilizados na escola reforça a
estigmatização da população negra e dos(as) estudantes negros(as). Por outro
lado, há um reforço na construção do imaginário acerca da superioridade
branca. A meta deve ser o respeito aos valores culturais e aos indivíduos de
diferentes grupos, o reconhecimento destes valores e a convivência. A
convivência com a diversidade implica experimentar o respeito à diferença.
Estes são passos essenciais para a promoção da igualdade de direitos.

O conceito de estereótipo consiste na generalização e atribuição de valor


(na maioria das vezes negativo) a algumas características de um grupo,
reduzindo-o a estas características e definindo os “lugares de poder” a serem
ocupados. É uma generalização de características subjetivas para um
determinado grupo, no caso dos estereótipos negativos, impondo-lhes o lugar de
inferior, o lugar de incapaz.

Desconstruir o estigma da desigualdade atribuído às diferenças é tarefa


de todas as pessoas e o espaço da escola é particularmente importante neste
processo. A escola, por sua intencionalidade, sua obrigatoriedade legal, por
abrigar diversidades, torna-se responsável junto com seus(as) estudantes,
familiares, comunidade, organizações governamentais e não-governamentais
por construir caminhos para a eliminação de preconceitos e de práticas
discriminatórias.

É no ambiente escolar que crianças e jovens podem se dar conta de que


somos todos diferentes e que a diferença não deve pautar a construção de
relações desiguais. E mais: é neste espaço que eles podem perceber que
podem ser, junto com os professores(as), os promotores da transformação do
Brasil em um País onde haja direitos iguais e respeito à diferença. Nesse
movimento, vocês, professores(as) multiplicadores(as) são atores centrais!

Praticando

Professor(a), você realiza alguma experiência sobre o tema das relações


étnico-raciais na escola? Se ainda não realiza, tem em mente alguma idéia para
desenvolver essa discussão em sua sala de aula ou na escola? Compartilhe
com outros(as) educadores(as) suas idéias sobre essa atividade e construa
junto com seus(as) colegas uma proposta para a escola!

3
REFERÊNCIAS

BENTO, Maria Aparecida da Silva. Cidadania em preto e branco. São Paulo: Ed.
Ática, 1999.

BRASIL. MEC, CNE/CP 003/2004, Diretrizes Curriculares Nacionais para a


Educação das Relações Étnicoraciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-
brasileira e Africana.

LIMA, Maria Nazaré Mota de (org). Escola Plural – a diversidade está na sala de
aula. Salvador: Cortez - Unicef – Ceafro, 2006.

MUNANGA Kabengele (Org). Superando o racismo na escola. Ministério da


Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade,
2005.

SILVA, Ana Célia da. A discriminação do negro no livro didático. Salvador:


EDUFBA/CEAO, 1995.

LIMA, Heloísa Pires. Histórias da preta. São Paulo: Companhia das Letrinhas,
1998.

DIOUF, Sylviane A. As tranças de Bintou. São Paulo: Cosac Naif, 2004.

Filmes

Olhos azuis
Direção: Bertram Verhaag
Olhos Azuis é um documentário frio sobre um tema fervente: os workshops
sobre racismo desenvolvidos pela norte-americana Jane Elliott.

A negação do Brasil
Direção: Joel Zito Araújo
Documentário sobre a representação do negro na telenovela brasileira

O Dia em que Dorival encarou a guarda


Direção: Jorge Furtado, José Pedro Goulart. 1986, 14 min. Todo homem tem
seu limite, e Dorival resolve enfrentar a tudo e a todos para conseguir o que
quer. A história da luta desigual de um homem contra um sistema sem lógica e
sem humanidade.

Serafina: o som da liberdade


Direção: Darrel Roodt

4
Na África do Sul, uma professora ensina seus alunos a lutar por seus direitos
contra a
discriminação racial.

Sítios

www.unidadenadiversidade.org.br;
www.wikipedia.org.br;
www.ceert.org.br;
www.presidencia.gov.br/seppir

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