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RESUMO DOS INFORMATIVOS - SITE DIZER O DIREITO

DIREITO CONSTITUCIONAL

Atualizado em 16/02/2018: novos julgados

1. SIGILO BANCÁRIO
1.1. Publicação no jornal dos nomes dos clientes que tinham contas de poupança
no banco, em determinado período, representa quebra do sigilo bancário – (Info 605)

A divulgação de elementos cadastrais dos beneficiários de decisão proferida em


ação civil pública que determinou o pagamento dos expurgos inflacionários
decorrentes de planos econômicos configura quebra de sigilo bancário.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.285.437-MS, Rel. Min. Moura Ribeiro, j. 23/5/2017 (Info 605).

1.2. Requisição pelo MP de informações bancárias de ente da administração


pública – (Info 572)

Não são nulas as provas obtidas por meio de requisição do MP de informações


bancárias de titularidade de prefeitura municipal para fins de apurar supostos
crimes praticados por agentes públicos contra a Administração Pública.
É lícita a requisição pelo Ministério Público de informações bancárias de contas de
titularidade da Prefeitura Municipal, com o fim de proteger o patrimônio público,
não se podendo falar em quebra ilegal de sigilo bancário.
STJ. 5ª Turma. HC 308.493-CE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
20/10/2015 (Info 572).
2. DIREITOS FUNDAMENTAIS
2.1. INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO: Mera intuição de que está havendo
tráfico de drogas na casa não autoriza o ingresso sem mandado judicial ou
consentimento do morador – (Info 606) – IMPORTANTE!!!

O ingresso regular da polícia no domicílio, sem autorização judicial, em caso de


flagrante delito, para que seja válido, necessita que haja fundadas razões (justa
causa) que sinalizem a ocorrência de crime no interior da residência.
A mera intuição acerca de eventual traficância praticada pelo agente, embora
pudesse autorizar abordagem policial, em via pública, para averiguação, não
configura, por si só, justa causa a autorizar o ingresso em seu domicílio, sem o seu
consentimento e sem determinação judicial.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.574.681-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, j. 20/4/17 (Info
606).

2.2. DIREITO À SAÚDE: Ação pedindo suplemento para criança lactente não
perde o objeto pelo simples fato de terem se passado vários anos sem o julgamento –
(Info 601)

Não há perda do objeto em mandado de segurança cuja pretensão é o fornecimento


de leite especial necessário à sobrevivência de menor ao fundamento de que o
produto serve para lactentes e o impetrante perdeu essa qualidade em razão do
tempo decorrido para a solução da controvérsia.
Como se trata de direito fundamental da pessoa e dever do Poder Público garantir
a saúde e a vida, não há que se falar que o pleito se tornou infrutífero pelo simples
fato de a solução da demanda ter demorado.
A necessidade ou não do fornecimento de leite especial para a criança deverá ser
apurada em fase de execução, quando será conferida oportunidade ao demandante
para comprovar suas alegações. Se ficar realmente comprovada a impossibilidade
de se acolher o pedido principal, em virtude da longa discussão judicial acerca do
tema, nada impede que a parte requeira a conversão em perdas e danos.
STJ. 1ª Turma. AgRg no RMS 26.647-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j.
2/2/17 (Info 601).

2.3. Informações detalhadas do cartão corporativo do governo – (Info 552)

Determinado jornal solicitou que o governo federal fornecesse a relação dos gastos
efetuados com o cartão corporativo pela chefe da representação da Presidência da
República em SP.
O Governo concedeu ao jornal a relação dos gastos efetuados no período, ou seja,
os valores despendidos. No entanto, negou-se a fornecer informações detalhadas
como os tipos de gastos, as datas, valores individuais de cada transação, CNPJ/razão
social das empresas contratadas etc.
O STJ entendeu que essa recusa ao fornecimento do extrato completo (incluindo
tipo, data, valor das transações efetuadas e CNPJ dos fornecedores) constitui ilegal
violação ao direito de acesso à informação de interesse coletivo (Lei 12.527/2011), já
que não havia qualquer evidência de que a publicidade desses elementos atentaria
contra a segurança do Presidente e Vice-Presidente da República ou de suas
famílias.
STJ. 1ª Seção. MS 20.895-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 12/11/14 (Info
552).

3. ACESSIBILIDADE
3.1. Judiciário pode determinar a realização de obras de acessibilidade em prédios
públicos – (Info 592)

O Poder Judiciário pode condenar universidade pública a adequar seus prédios às


normas de acessibilidade a fim de permitir a sua utilização por pessoas com
deficiência.
No campo dos direitos individuais e sociais de absoluta prioridade, o juiz não deve
se impressionar nem se sensibilizar com alegações de conveniência e oportunidade
trazidas pelo administrador relapso.
Se um direito é qualificado pelo legislador como absoluta prioridade, deixa de
integrar o universo de incidência da reserva do possível, já que a sua possibilidade
é obrigatoriamente, fixada pela Constituição ou pela lei.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.607.472-PE, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 15/9/2016 (Info
592).
OBS:
A situação concreta, com adaptações, foi a seguinte: O Ministério Público Federal
ajuizou ação civil pública contra a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
requerendo que a instituição fosse condenada a adequar seus prédios às normas de
acessibilidade a fim de permitir a sua utilização por pessoas com deficiência.

Fundamentos invocados no pedido formulado na ACP: Constituição Federal,


Convenção Internacional sobre Direitos das Pessoas com Deficiência, Lei 10.098/00 e
Decreto 5.296/04.

Importante: em uma prova discursiva ou prática do MPF, Defensoria ou Magistratura


envolvendo este tema, é fundamental que você mencione todos estes diplomas. Na
ação, o MPF pediu que as obras começassem em um prazo máximo de 6 meses e que,
depois de iniciadas, fossem concluídas em até 18 meses.

Contestação: A UFPE contestou a ação invocando, dentre outros argumentos:


a) que a forma como serão gastos os recursos da Universidade é uma decisão de
conveniência e oportunidade do reitor, não sendo possível ao Poder Judiciário
adentrar no mérito administrativo; e
b) a teoria da reserva do possível, segundo a qual os recursos são limitados e as
necessidades ilimitadas, de forma que não há condições financeiras de o Poder Público
atender a todas as demandas sociais.

O pedido do MPF deve ser acolhido, segundo a jurisprudência do STJ? SIM.

Conveniência e oportunidade: Em se tratando de direitos individuais e sociais de


absoluta prioridade, o juiz não deve se impressionar nem se sensibilizar com alegações
de conveniência e oportunidade trazidas pelo administrador relapso. Se o Judiciário
deixasse de garantir os direitos de absoluta prioridade levando em conta tais
argumentos, ele estaria fazendo juízo de valor ou político em uma esfera na qual o
legislador não lhe deixou outra possibilidade de decidir que não seja a de exigir o
imediato e cabal cumprimento dos deveres, completamente vinculados, da
Administração Pública.

Reserva do possível: Se um direito é qualificado pelo legislador como absoluta


prioridade, ele deixa de integrar o universo de incidência da reserva do possível, já
que a sua possibilidade é obrigatoriamente fixada pela Constituição ou pela lei.
Ademais, tratando-se de direito essencial, incluso no conceito de mínimo existencial,
inexistirá empecilho jurídico para que o Judiciário estabeleça a inclusão de
determinada política pública nos planos orçamentários do ente político, especialmente
quando não houver comprovação objetiva da incapacidade econômico-financeira da
pessoa estatal.
Sobre o tema, é interessante conhecer o seguinte julgado do STJ que é uma verdadeira
aula:
(...) 1. A tese da reserva do possível assenta-se em ideia de que,
desde os romanos, está incorporada na tradição ocidental, no
sentido de que a obrigação impossível não pode ser exigida
(Impossibilium nulla obligatio est - Celso, D. 50, 17, 185). Por tal
motivo, a insuficiência de recursos orçamentários não pode
ser considerada uma mera falácia.
2. Todavia, observa-se que a dimensão fática da reserva do
possível é questão intrinsecamente vinculada ao problema da
escassez. Esta pode ser compreendida como "sinônimo" de
desigualdade. Bens escassos são bens que não podem ser
usufruídos por todos e, justamente por isso, devem ser
distribuídos segundo regras que pressupõe o direito igual ao
bem e a impossibilidade do uso igual e simultâneo.
3. Esse estado de escassez, muitas vezes, é resultado de um
processo de escolha, de uma decisão. Quando não há recursos
suficientes para prover todas as necessidades, a decisão do
administrador de investir em determinada área implica
escassez de recursos para outra que não foi contemplada. A
título de exemplo, o gasto com festividades ou propagandas
governamentais pode ser traduzido na ausência de dinheiro
para a prestação de uma educação de qualidade.
4. É por esse motivo que, em um primeiro momento, a reserva
do possível não pode ser oposta à efetivação dos Direitos
Fundamentais, já que, quanto a estes, não cabe ao
administrador público preteri-los em suas escolhas. Nem
mesmo a vontade da maioria pode tratar tais direitos como
secundários. Isso porque a democracia não se restringe na
vontade da maioria. O princípio do majoritário é apenas um
instrumento no processo democrático, mas este não se resume
àquele. Democracia é, além da vontade da maioria, a
realização dos direitos fundamentais. Só haverá democracia
real onde houver liberdade de expressão, pluralismo político,
acesso à informação, à educação, inviolabilidade da
intimidade, o respeito às minorias e às ideias minoritárias
etc. Tais valores não podem ser malferidos, ainda que seja a
vontade da maioria. Caso contrário, se estará usando da
"democracia" para extinguir a Democracia.
5. Com isso, observa-se que a realização dos Direitos
Fundamentais não é opção do governante, não é resultado de
um juízo discricionário nem pode ser encarada como tema que
depende unicamente da vontade política. Aqueles direitos que
estão intimamente ligados à dignidade humana não podem
ser limitados em razão da escassez quando esta é fruto das
escolhas do administrador. Não é por outra razão que se
afirma que a reserva do possível não é oponível à realização
do mínimo existencial.
6. O mínimo existencial não se resume ao mínimo vital, ou
seja, o mínimo para se viver. O conteúdo daquilo que seja o
mínimo existencial abrange também as condições
socioculturais, que, para além da questão da mera
sobrevivência, asseguram ao indivíduo um mínimo de
inserção na "vida" social.
(...)
11. Todavia, a real insuficiência de recursos deve ser
demonstrada pelo Poder Público, não sendo admitido que a
tese seja utilizada como uma desculpa genérica para a
omissão estatal no campo da efetivação dos direitos
fundamentais, principalmente os de cunho social. No caso dos
autos, não houve essa demonstração. (...)
STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 790.767/MG, Rel. Min.
Humberto Martins, DJe 14/12/2015.

Dessa forma, não se mostra abusiva nem ilegal a fixação de prazo para o início e o fim
das obras de acessibilidade nos prédios da Universidade Federal.

Precedente semelhante do STF: O STF já enfrentou questão parecida, ocasião em que


decidiu que o Poder Judiciário pode obrigar a Administração Pública a garantir o
direito a acessibilidade em prédios públicos: A CF/88 e a Convenção Internacional
sobre Direitos das Pessoas com Deficiência asseguram o direito dos portadores de
necessidades especiais ao acesso a prédios públicos, devendo a Administração adotar
providências que o viabilizem. O Poder Judiciário, em situações excepcionais, pode
determinar que a Administração Pública adote medidas assecuratórias de direitos
constitucionalmente reconhecidos como essenciais, sem que isso configure violação
do princípio da separação de poderes. STF. 1ª Turma. RE 440028/SP, rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 29/10/2013 (Info 726).

Este entendimento do STF já foi cobrado em prova:


(MPAM-2015): Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a
acessibilidade em escolas depende de política pública sujeita à esfera de
discricionariedade do administrador público, não podendo o Judiciário exercer
qualquer tipo de controle, pois estaria se imiscuindo no “mérito” administrativo.
(errado)

4. COMPETÊNCIA
4.1. Competência para julgar MS contra ato do chefe do MPDFT no exercício de
atividade submetida à jurisdição administrativa federal – (Info 587) –
IMPORTANTE!!!

É do TRF da 1º Região (e não do TJDFT) a competência para processar e julgar


mandado de segurança impetrado contra ato do Procurador-Geral de Justiça do
Distrito Federal que determinou a retenção de Imposto de Renda (IR) e de
contribuição ao Plano de Seguridade Social (PSS) sobre valores decorrentes da
conversão em pecúnia de licenças-prêmio.
O Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal, ao determinar a retenção de
tributos federais por ocasião do pagamento de parcelas remuneratórias (conversão
de licenças-prêmio em pecúnia), está no exercício de função administrativa federal,
razão pela qual não se pode reconhecer a competência do Tribunal de Justiça do
Distrito Federal para o julgamento de mandado de segurança impetrado contra tal
ato.
Obs: quando o MS é impetrado contra atos praticados pelo PGJ-DF sob jurisdição
administrativa local, a competência será do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.303.154-DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 16/6/16 (Info 587).

5. CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL


5.1. MPF não tem acesso irrestrito a todos os relatórios de inteligência produzidos
pela Diretoria de Inteligência da Polícia Federal – (Info 587) – IMPORTANTE!!!

O controle externo da atividade policial exercido pelo MPF não lhe garante o acesso
irrestrito a todos os relatórios de inteligência produzidos pela Diretoria de
Inteligência do Departamento de Polícia Federal, mas somente aos de natureza
persecutório-penal.
O controle externo da atividade policial exercido pelo Parquet deve circunscrever-
se à atividade de polícia judiciária, conforme a dicção do art. 9º da LC 75/93,
cabendo-lhe, por essa razão, o acesso aos relatórios de inteligência policial de
natureza persecutório-penal, ou seja, relacionados com a atividade de investigação
criminal.
O poder fiscalizador atribuído ao MP não lhe confere o acesso irrestrito a "todos os
relatórios de inteligência" produzidos pelo Departamento de Polícia Federal,
incluindo aqueles não destinados a aparelhar procedimentos investigatórios
criminais formalizados.
STJ. 1ª Turma. REsp 1.439.193-RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 14/6/16 (Info 587).

6. TRIBUNAL DE CONTAS
6.1. Legitimidade do MPTC de impetrar mandado de segurança contra acórdão do
Tribunal de Contas que teria violado prerrogativas institucionais do Parquet – (Info
611)

O membro do Ministério Público que atua perante o Tribunal de Contas possui


legitimidade e capacidade postulatória para impetrar mandado de segurança, em
defesa de suas prerrogativas institucionais, contra acórdão prolatado pela
respectiva Corte de Contas.
Ex: Procurador de Contas pode impetrar mandado de segurança contra acórdão do
Tribunal de Contas que extinguiu representação contra licitação sem incluí-la em
pauta e sem intimar o MP.
STJ. 2ª Turma. RMS 52.741-GO, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 8/8/17 (Info 611).
OBS:
O Ministério Público tem legitimidade e capacidade postulatória para o presente MS?
É possível a impetração de mandado de segurança pelo Ministério Público de Contas
contra ato do Tribunal de Contas ao qual ele está vinculado? SIM.

MPTC não possui fisionomia institucional própria: O Ministério Público junto ao


Tribunal de Contas não dispõe de “fisionomia institucional própria”, estando
vinculado administrativamente às Cortes de Contas:
O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas não
dispõe de fisionomia institucional própria, não integrando
o conceito de Ministério Público enquanto ente
despersonalizado de função essencial à Justiça (CF/88, art.
127), cuja abrangência é disciplina no art. 128 da Constituição
Federal. STF. 2ª Turma. Rcl 24162 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli,
j. 22/11/16.

MPTC não possui as atribuições do Ministério Público comum: O Ministério Público


junto ao Tribunal de Contas possui atuação funcional exclusiva perante as Cortes de
Contas, limitada ao controle externo a que se refere o art. 71 da CF/88:
Nos termos do art. 128 da CF/88, o Ministério Público junto
aos Tribunais de Contas não compõe a estrutura do
Ministério Público comum da União e dos Estados, sendo
apenas atribuídas aos membros daquele as mesmas
prerrogativas funcionais deste (art. 130).
As atribuições do Ministério Público comum, entre as quais
se inclui sua legitimidade processual extraordinária e
autônoma, não se estendem ao Ministério Público junto aos
Tribunais de Contas, cuja atuação está limitada ao controle
externo a que se refere o art. 71 da CF/88. STF. 1ª Turma. Rcl
24159 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 8/11/16.

Assim, a atuação do Procurador de Contas é restrita ao âmbito administrativo do


Tribunal de Contas ao qual faz parte, não possuindo, em regra, legitimidade ativa
para propor demandas judiciais.

Exceção. Defesa de suas prerrogativas institucionais: O fato de o Ministério Público


Especial ter atuação restrita ao âmbito do Tribunal de Contas não exclui a
possibilidade de o Procurador de Contas impetrar mandado de segurança em defesa
de suas prerrogativas institucionais. Assim, deve ser reconhecida a legitimidade
ativa do Ministério Público de Contas para propositura de mandado de segurança que
tenha por objetivo questionar acórdão do Tribunal de Contas que determinou a
extinção e arquivamento de representação promovida pelo Parquet de Contas.

6.2. Requisito para integrar Tribunal de Contas – (Info 584)

Membro do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas de Estados ou do


Distrito Federal que ocupa esse cargo há menos de dez anos pode ser indicado para
compor lista tríplice destinada à escolha de conselheiro da referida corte.
STJ. 2ª Turma. RMS 35.403-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 3/3/16 (Info 584).
OBS:
Como é a composição dos Tribunais de Contas:
 TCU: 9 membros (são chamados de Ministros do TCU).
 TCE: 7 membros (são chamados de Conselheiros do TCE).

Quais são os requisitos constitucionais para ser membro dos Tribunais de Contas?
São requisitos para ser Ministro do TCU ou Conselheiro do TCE:
a) nacionalidade brasileira (brasileiros natos ou naturalizados);
b) mais de 35 e menos de 65 anos de idade;
c) idoneidade moral e reputação ilibada;
d) notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de
administração pública;
e) mais de 10 anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional
que exija os conhecimentos mencionados.

Obs: os requisitos acima estão previstos no art. 73, § 1º c/c o art. 75 da CF/88.

Como é a forma de composição do TCU?


1/3 (3 Ministros) são escolhidos pelo Presidente da República.
Desses 3 Ministros, o Presidente deverá escolher:
1 dentre os auditores do TCU (indicados em lista tríplice pelo Tribunal)
1 dentre os membros do MP que atuam junto ao TCU (também indicados em lista
tríplice)
1 de livre escolha do Presidente (esta escolha é livre, atendidos os requisitos
constitucionais).

Todos os indicados pelo Presidente precisarão ser aprovados pela maioria simples do
Senado, em arguição secreta.

2/3 (6 Ministros) são escolhidos pelo Congresso Nacional.

Os Ministros do TCU terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos,


vencimentos e vantagens dos Ministros do STJ (art. 73, § 3º, CF).

Como é a forma de composição do TCE?


A CF/88 não traz, de modo detalhado, como deve ser a composição dos Tribunais de
Contas dos Estados, dizendo apenas que o TCE deve ser formado por 7 Conselheiros
e que as normas previstas para o TCU aplicam-se, no que couber, ao TCE (art. 75 da
CF/88).
Assim, entende-se que a forma de escolha dos membros do TCE deve ser prevista na
respectiva Constituição Estadual. O STF, contudo, afirmou que, por força do princípio
da simetria, essas regras de escolha dos Conselheiros do TCE devem obedecer ao
mesmo modelo estabelecido pela Constituição Federal para o TCU (art. 73, § 2º da CF).
Em suma, a Constituição Estadual deverá detalhar as normas sobre a escolha dos
membros do TCE, mas tais regras deverão seguir a mesma sistemática adotada para a
composição do TCU. Esse entendimento deu origem à súmula 653 do STF:
Súmula 653-STF: No Tribunal de Contas estadual, composto
por sete conselheiros, quatro devem ser escolhidos pela
Assembleia Legislativa e três pelo Chefe do Poder Executivo
estadual, cabendo a este indicar um dentre auditores e outro
dentre membros do Ministério Público, e um terceiro à sua
livre escolha.

Desse modo, os 7 membros do TCE são designados da seguinte forma:


3 Conselheiros são escolhidos pelo Governador do Estado.
Desses 3 Conselheiros, o Governador deverá escolher:
1 dentre os auditores do TCE (indicados em lista tríplice pelo Tribunal)
1 dentre os membros do MP que atuam junto ao TCE (também indicados em lista
tríplice)
1 de livre escolha do Governador (esta escolha é livre, atendidos os requisitos
constitucionais).

4 Conselheiros escolhidos pela Assembleia Legislativa.


Os Conselheiros do TCE terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos,
vencimentos e vantagens dos Desembargadores do TJ (STF. Plenário. ADI 4190 MC-
REF, Rel. Min. Celso de Mello, j. 10/03/10).

Art. 73, § 1º, IV, da CF/88 não exige que o candidato ao cargo tenha 10 anos de carreira
no MP: O art. 73, § 1º, da CF/88 não estabelece que os membros do Ministério Público
ou os auditores devem ter mais de 10 anos no cargo para poderem ser nomeados para
a função de membro do Tribunal de Contas. O que o § 1º do art. 73 da CF/88 prevê é
que, para ser nomeado membro do Tribunal de Contas, a pessoa deve ter mais de 10
anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija notórios
conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração
pública. Desse modo, a pessoa pode ter apenas 7 anos, por exemplo, no cargo de
Procurador de Contas, mas se ela tiver outros 3 anos de atividade profissional na qual
se exija notórios conhecimentos jurídicos, ela terá preenchido o requisito
constitucional.

As regras do quinto constitucional (art. 94 da CF/88) não se aplicam para a escolha


dos Conselheiros do Tribunal de Contas: Realmente o art. 94 da CF/88 prevê a
exigência de que o membro do MP tenha 10 anos no cargo para que possa ser nomeado
Desembargador nos Tribunais Regionais Federais ou Tribunais de Justiça, nas vagas
destinadas ao chamado "quinto constitucional". No entanto, essa regra não se aplica
às Cortes de Contas. Os Tribunais de Contas, embora se denominem tribunais e
tenham alta relevância constitucional, não integram o Poder Judiciário, razão pela
qual não se pode pretender que normas destinadas a reger o Judiciário devam ser
aplicáveis a eles, salvo previsão constitucional específica.

7. MANDADO DE SEGURANÇA
7.1. Teoria da Encampação (Sem Info) – (MPGO-2016)

O STJ, no julgamento do MS 015114-DF, no dia 26.08.2015, tendo como Relator o


Ministro Nefi Cordeiro, da Terceira Seção, afirmou que o STJ firmou entendimento
no sentido de ser aplicável a teoria da encampação quando a autoridade apontada
como coatora, ao prestar as informações, não se limita a alegar a sua ilegitimidade,
mas defende a prática do ato impugnado. A teoria da encampação tem
aplicabilidade nas hipóteses em que são atendidos os seguintes pressupostos:
subordinação hierárquica entre a autoridade efetivamente coatora e a apontada na
petição inicial, discussão do mérito nas informações e ausência de modificação da
competência.
(MPGO-2016): A teoria da encampação no mandado de segurança tem
aplicabilidade nas hipóteses em que atendidos os seguintes pressupostos:
subordinação hierárquica entre a autoridade efetivamente coatora e a apontada na
petição inicial, discussão do mérito nas informações e ausência de modificação da
competência.

8. IMUNIDADE PARLAMENTAR
8.1. Deputado que, em entrevista à imprensa, afirma que determinada Deputada
"não merece ser estuprada" deve pagar indenização por danos morais – (Info 609)

O Deputado Federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) afirmou que a também Deputada


Federal Maria do Rosário (PT-RS), “não merece ser estuprada por ser muito ruim,
muito feia, não faz meu gênero”. E acrescentou que, se fosse estuprador, "não iria
estuprá-la porque ela não merece".
O STJ entendeu que a conduta do parlamentar não está abrangido pela imunidade
parlamentar e que, portanto, ele deveria ser condenado a pagar indenização por
danos morais em favor da Deputada. Decidiu o Tribunal:
As opiniões ofensivas proferidas por deputados federais e veiculadas por meio da
imprensa, em manifestações que não guardam nenhuma relação com o exercício do
mandato, não estão abarcadas pela imunidade material prevista no art. 53 da CF/88
e são aptas a gerar dano moral.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.642.310-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 15/8/17 (Info 609).
OBS: Sobre o tema, vale ressaltar que o STF já recebeu denúncia e queixa-crime contra
Bolsonaro pelo mesmo fato. Para maiores informações, veja: STF. 1ª Turma. Inq
3932/DF e Pet 5243/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 21/6/2016 (Info 831).

9. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
9.1. Não há violação à reserva de plenário na decisão que decreta a nulidade de ato
administrativo por violação à CF/88 – (Info 546)

O STJ afirmou que não há ofensa à cláusula da reserva de plenário quando o órgão
fracionário do Tribunal reconhece, com fundamento na CF/88 e em lei federal, a
nulidade de um ato administrativo fundado em lei estadual, ainda que esse órgão
julgador tenha feito menção, mas apenas como reforço de argumentação, à
inconstitucionalidade da lei estadual.
No caso concreto, o Tribunal de Justiça, por meio de uma de suas Câmaras (órgão
fracionário) julgou que determinado ato administrativo concreto que renovou a
concessão do serviço público sem licitação seria nulo por violar os arts. 37, XXI, e
175 da CF/88 e a Lei 8987⁄95. Além disso, ele mencionou, como mais um argumento,
que a Lei Estadual que autorizava esse ato administrativo seria inconstitucional.
Não houve violação porque o ato administrativo que foi declarado nulo não era um
ato normativo. Ademais, a menção de que a lei estadual seria inconstitucional foi
apenas um reforço de argumentação, não tendo essa lei sido efetivamente declarada
inconstitucional.
STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.435.347-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 19/8/2014 (Info 546).
OBS:
Controle difuso de constitucionalidade: No chamado controle difuso de
constitucionalidade, também adotado pelo Brasil, ao lado do controle abstrato,
qualquer juiz ou Tribunal pode declarar a inconstitucionalidade de uma lei ou ato
normativo no caso concreto. No entanto, se o Tribunal for fazer essa declaração,
deverá respeitar a cláusula de reserva de plenário.

Cláusula de reserva de plenário: A chamada “cláusula de reserva de plenário”


significa que, se um Tribunal for declarar a inconstitucionalidade de uma lei ou ato
normativo, é obrigatória que essa declaração de inconstitucionalidade seja feita pelo
voto da maioria absoluta do Plenário ou do órgão especial deste Tribunal. Esta
exigência da cláusula de reserva de plenário tem como objetivo conferir maior
segurança jurídica para as decisões dos Tribunais, evitando-se que, dentro de um
mesmo Tribunal, haja posições divergentes acerca da constitucionalidade de um
dispositivo, gerando instabilidade e incerteza. A reserva de plenário é também
conhecida como regra do full bench, full court ou julgamento en banc e está prevista no
art. 97 da CF/88 e no NCPC.

9.2. Controle jurisdicional de políticas públicas – (Info 544) – IMPORTANTE!!!

Constatando-se inúmeras irregularidades em cadeia pública – superlotação, celas


sem condições mínimas de salubridade para a permanência de presos,
notadamente em razão de defeitos estruturais, de ausência de ventilação, de
iluminação e de instalações sanitárias adequadas, desrespeito à integridade física
e moral dos detentos, havendo, inclusive, relato de que as visitas íntimas seriam
realizadas dentro das próprias celas e em grupos, e que existiriam detentas
acomodadas improvisadamente –, a alegação de ausência de previsão orçamentária
não impede que seja julgada procedente ação civil publica que, entre outras
medidas, objetive obrigar o Estado a adotar providências administrativas e
respectiva previsão orçamentária para reformar a referida cadeia pública ou
construir nova unidade, mormente quando não houver comprovação objetiva da
incapacidade econômico-financeira da pessoa estatal.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.389.952-MT, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 3/6/14 (Info 543).

9.3. Amicus curiae e momento limite para a sua intervenção – (Info 540) –
CUIDADO!!! NCPC – VIDE ART. 138, §3º - LEGITIMIDADE RECURSAL!!!

O pedido de intervenção, na qualidade de amicus curiae, em recurso submetido ao


rito do art. 543-C do CPC, deve ser realizado antes do início do julgamento pelo
órgão colegiado. Isso porque, uma vez iniciado o julgamento, não há mais espaço
para o ingresso de amicus curiae. De fato, já não há utilidade prática de sua
intervenção, pois nesse momento processual não cabe mais sustentação oral, nem
apresentação de manifestação escrita, e, segundo assevera remansosa
jurisprudência, o amicus curiae não tem legitimidade recursal, inviabilizando-se a
pretensão de intervenção posterior ao julgamento.
STJ. Corte Especial. QO no REsp 1.152.218-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j.
7/5/14 (Info 540)
10. PODER LEGISLATIVO
10.1. Possibilidade de juiz afastar vereador da função que ocupa – (Info 617) –
IMPORTANTE!!!

É possível que o Juiz de primeiro grau, fundamentadamente, imponha a


parlamentares municipais as medidas cautelares de afastamento de suas funções
legislativas sem necessidade de remessa à Casa respectiva para deliberação.
STJ. 5ª Turma. RHC 88804-RN, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 7/11/17 (Info
617).
OBS:
Os vereadores possuem foro por prerrogativa de função? Em regra, não. Os
vereadores, em regra, são julgados criminalmente por juízes de 1ª instância.
Exceção: a Constituição Estadual pode prever que o Tribunal de Justiça será
competente para julgar vereadores. Essa previsão da CE é válida:
(...) Não afronta a Constituição da República, a norma de
Constituição estadual que, disciplinando competência
originária do Tribunal de Justiça, lha atribui para processar e
julgar vereador.
STF. 2ª Turma. RE 464935, Rel. Min. Cezar Peluso, j. 3/6/08.

Imagine que determinado vereador está respondendo a processo em 1ª instância por


crimes contra a Administração Pública. O juiz poderá aplicar medidas cautelares
contra esse vereador, dentre elas a medida de afastamento de suas funções (art. 319,
VI, do CPP)? SIM. Vale ressaltar que as normas de imunidade formal previstas no
art. 53, § 2º da CF/88 para Deputados Federais e Senadores NÃO se aplicam para os
vereadores. Nesse sentido:
(...) Os edis, ao contrário do que ocorre com os membros do
Congresso Nacional e os deputados estaduais não gozam da
denominada incoercibilidade pessoal relativa (freedom from
arrest), ainda que algumas Constituições estaduais lhes
assegurem prerrogativa de foro. (...)
STF. 1ª Turma. HC 94059, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j.
6/5/08.

Assim, é plenamente possível que o juiz determine a aplicação de medida cautelar


de afastamento das funções de vereador (e de Presidente da Câmara Municipal),
desde que o magistrado o faça fundamentadamente.

Para que haja esse afastamento das funções, é necessário autorização da Câmara dos
Vereadores? NÃO. Não existe na legislação tal exigência.

11. PODER JUDICIÁRIO


11.1. Limitação do pagamento de diárias a juiz federal – (Info 614)

É ilegal a limitação de duas diárias e meia semanais, à luz do art. 5º da Resolução


CJF nº 51/2009, quando o deslocamento de juiz federal convocado para substituição
em tribunais regionais for superior a esse lapso.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.536.434-SC, Rel. Min. Og Fernandes, j. 17/10/17 (Info 614).
12. MINISTÉRIO PÚBLICO
12.1. Intimação pessoal dos membros do Ministério Público no processo penal –
(Info 611) – ATENÇÃO! MINISTÉRIO PÚBLICO!

O termo inicial da contagem do prazo para impugnar decisão judicial é, para o


Ministério Público, a data da entrega dos autos na repartição administrativa do
órgão, sendo IRRELEVANTE que a intimação pessoal tenha se dado em audiência,
em cartório ou por mandado.
STJ. 3ª Seção. REsp 1.349.935-SE, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, j. 23/8/17 (recurso
repetitivo) (Info 611).

12.2. Termo inicial da ação civil para a perda do cargo – Atenção! Ministério
Público!! IMPORTANTE!!! – (MPSC-2016)

Na hipótese de membro de Ministério Público Estadual praticar falta


administrativa também prevista na lei penal como crime, o prazo prescricional da
ação civil para a aplicação da pena administrativa de perda do cargo somente tem
início com o trânsito em julgado da sentença condenatória na órbita penal.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.535.222-MA, Rel. Min. Og Fernandes, j. 28/3/2017 (Info 601).
OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: Chegaram indícios no Ministério Público de
que João, Promotor de Justiça vitalício, teria praticado solicitado, em razão de sua
função, vantagem indevida. Diante disso, a Corregedoria do Ministério Público
instaurou Processo Administrativo Disciplinar para apurar o suposto delito. Em 2011,
foi prolatada decisão no PAD recomendando a propositura de ação penal e de ação
civil de perda do cargo contra o referido Promotor.

Neste PAD, o Promotor poderia ter sido demitido? Se um membro do Ministério


Público pratica uma infração disciplinar grave, ele poderá ser condenado, em processo
administrativo, à pena de demissão? NÃO. Os membros do MP gozam de
vitaliciedade e somente podem perder o cargo por sentença judicial transitada em
julgado (art. 128, § 5º, I, “a”, da CF/88). Além da CF/88, essa vitaliciedade foi
regulamentada pelo art. 38, § 1º da Lei 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do MP) e pelo
art. 57, XX, da LC 75/93 (Estatuto do MPU). Essas leis preveem que é necessária a
propositura de uma ação civil para a decretação da perda do cargo contra o membro
do Ministério Público que tiver praticado uma infração disciplinar grave.

Lei nº 8.625/93: O § 2º do art. 38 da Lei 8.625/93 (que trata sobre os membros do MP


estadual) exige que a ação para perda do cargo seja proposta contra o Promotor de
Justiça pelo Procurador-Geral de Justiça, após autorização do Colégio de
Procuradores:
Art. 38. (...)
§ 1º O membro vitalício do Ministério Público somente
perderá o cargo por sentença judicial transitada em julgado,
proferida em ação civil própria, nos seguintes casos:
I - prática de crime incompatível com o exercício do cargo,
após decisão judicial transitada em julgado;
II - exercício da advocacia;
III - abandono do cargo por prazo superior a trinta dias
corridos.
§ 2º A ação civil para a decretação da perda do cargo será
proposta pelo Procurador-Geral de Justiça perante o Tribunal
de Justiça local, após autorização do Colégio de Procuradores,
na forma da Lei Orgânica.

LC 75/93: O inciso XX do art. 57 da LC 75/93 (que versa sobre os membros do MPU)


afirma que a ação para perda do cargo deve ser proposta pelo PGR, após autorização
do Conselho Superior do MPF:
Art. 57. Compete ao Conselho Superior do Ministério Público
Federal:
XX - autorizar, pela maioria absoluta de seus membros, que o
Procurador-Geral da República ajuíze a ação de perda de
cargo contra membro vitalício do Ministério Público Federal,
nos casos previstos nesta lei;
(...)
Art. 242. As infrações disciplinares serão apuradas em
processo administrativo; quando lhes forem cominadas penas
de demissão, de cassação de aposentadoria ou de
disponibilidade, a imposição destas dependerá, também, de
decisão judicial com trânsito em julgado.

Voltando ao exemplo: Em 2012, o Procurador-Geral de Justiça ajuizou ação penal


contra o Promotor no Tribunal de Justiça (art. 96, III, da CF/88) pela prática de
corrupção passiva (art. 317 do CP).Em 2016, o Tribunal de Justiça condenou o réu a
uma pena de 2 anos. Houve o trânsito em julgado.

O Tribunal de Justiça poderá determinar a perda do cargo, com base no art. 92, I, “a”,
do CP (São também efeitos da condenação: a perda do cargo quando aplicada pena
privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados
com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública)? NÃO.
As regras sobre a perda do cargo de membro do Ministério Público estadual estão
previstas em norma especial, qual seja, Lei 8.625/93 (Lei Orgânica Nacional do
Ministério Público), que dispõe que a perda do referido cargo somente pode ocorrer
após o trânsito em julgado de ação civil proposta para esse fim. Em outras palavras, o
art. 92, I, “a”, do CP não se aplica para membros do Ministério Público. STJ. 5ª
Turma. REsp 1.251.621-AM, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 16/10/14 (Info 552).

Ação civil de perda do cargo: Em 2017, o Procurador-Geral de Justiça ajuizou ação civil
contra João pedindo a perda de seu cargo. Em sua defesa, João alegou que esta ação
civil está prescrita. Isso porque os prazos prescricionais para punições contra os
membros do Ministério Público estão previstos no art. 244 da LC 75/93 (Estatuto do
MPU):
Art. 244. Prescreverá:
I - em um ano, a falta punível com advertência ou censura;
II - em dois anos, a falta punível com suspensão;
III - em quatro anos, a falta punível com demissão e cassação
de aposentadoria ou de disponibilidade.
Parágrafo único. A falta, prevista na lei penal como crime,
prescreverá juntamente com este.
Segundo a tese de João, a falta disciplinar por ele praticada é prevista como crime
(corrupção passiva – art. 317 do CP). Logo, deve ser aplicado o art. 244, parágrafo
único, da LC 75/93. Como João recebeu pena de 2 anos pelo crime praticado, a
prescrição deverá ser contada com base nessa pena em concreto. Assim, o prazo
prescricional seria de 4 anos, nos termos do art. 109, V, do CP:
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença
final, salvo o disposto no § 1º do art. 110 deste Código, regula-
se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao
crime, verificando-se:
(...)
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou,
sendo superior, não excede a dois;

De acordo com João, este prazo prescricional iniciou-se na data da decisão do PAD,
em 2011.

Primeira pergunta: A LC 75/93 pode ser aplicada à situação de João, mesmo ele sendo
membro do Ministério Público estadual? SIM. A Lei Orgânica do Ministério Público
(Lei 8.625/93) determina que a LC 75/93 deverá ser aplicada de forma subsidiária:
Art. 80. Aplicam-se aos Ministérios Públicos dos Estados,
subsidiariamente, as normas da Lei Orgânica do Ministério
Público da União.

Segunda pergunta: O prazo prescricional da ação civil de perda do cargo do membro


do Ministério Público é regido pelo art. 244 da LC 75/93? SIM.

Terceira pergunta: Em caso de falta disciplinar que também é crime, o prazo


prescricional será regido pela pena em concreto que foi aplicada? Em nosso exemplo,
o prazo prescricional deve ser calculado a partir da pena de 2 anos? NÃO. O prazo
prescricional deve ser contado com base na pena máxima em abstrato do crime
imputado. Nesse sentido:
(...) 3. Quando o promotor comete uma infração
administrativa, a prescrição é aquela disciplinada em um dos
incisos do art. 244 da Lei Complementar nº 75/93; já quando a
infração cometida é prevista também na lei penal, o prazo
prescricional é aquele referente ao crime praticado.
4. A disposição da lei de que a falta administrativa
prescreverá no mesmo prazo da lei penal, leva a uma única
interpretação possível, qual seja, a de que este prazo será o
mesmo da pena em abstrato, pois este, por definição
originária, é o prazo próprio prescricional dos crimes em
espécie. (...)
STJ. 6ª Turma. REsp 379.276/SP, Rel. Min. Maria Thereza de
Assis Moura, julgado em 14/12/2006.

Em nosso exemplo, o crime imputado é o de corrupção passiva (art. 317), cuja pena
máxima é de 12 anos. Logo, aplicando-se o art. 109, II, do CP, o prazo prescricional
para ajuizar a ação contra João seria de 16 anos.
Quarta pergunta: Esse prazo prescricional para o ajuizamento da ação é contado a
partir de quando? A partir do trânsito em julgado da condenação criminal. Isso porque
o art. 38, § 1º, I, da Lei 8.625/93 afirma que a ação civil para perda do cargo somente
deve ser interposta após o trânsito em julgado da sentença penal, nos casos em que
a falta funcional corresponde também a uma conduta criminosa. Assim, uma das
condições de procedibilidade da ação civil para perda do cargo é a existência de
decreto condenatório proferido no juízo criminal e transitado em julgado. Logo, se a
ação somente pode ser proposta após o trânsito em julgado, não se pode contar a
prescrição antes dessa condição ocorrer. Prescrição somente ocorre quando alguém,
podendo agir, deixa de fazê-lo, no tempo oportuno.

12.3. Acesso do MPF a procedimentos do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB


depende de prévia autorização judicial – (Info 589) – IMPORTANTE!!!

O acesso do MPF às informações inseridas em procedimentos disciplinares


conduzidos pela OAB depende de prévia autorização judicial.
O fundamento para esta decisão encontra-se no § 2º do art. 72 da Lei nº 8.906/94,
que estabelece que a obtenção de cópia dos processos ético-disciplinares é matéria
submetida à reserva de jurisdição, de modo que somente mediante autorização
judicial poderá ser dado acesso a terceiros.
STJ. Corte Especial. REsp 1.217.271-PR, Rel. Min. Humberto Martins, j. 18/5/16 (Info
589).
OBS:
Estatuto da OAB garante o sigilo desses procedimentos: Segundo o § 2º do art. 72 da
Lei nº 8.906/94 (Estatuto da OAB):
Art. 72. (...)
§ 2º O processo disciplinar tramita em sigilo, até o seu término,
só tendo acesso às suas informações as partes, seus defensores
e a autoridade judiciária competente.

12.4. Legitimidade do Ministério Público estadual para atuar no STJ – (Info 576)

O Ministério Público Estadual possui legitimidade para atuar diretamente no STJ


nos processos em que figurar como parte.
O MPE, nos processos em que figurar como parte e que tramitam no STJ, possui
legitimidade para exercer todos os meios inerentes à defesa de sua pretensão. A
função de fiscal da lei no âmbito do STJ será exercida exclusivamente pelo
Ministério Público Federal, por meio dos Subprocuradores-Gerais da República
designados pelo Procurador-Geral da República.
STJ. Corte Especial. EREsp 1.236.822-PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado
em 16/12/2015 (Info 576).

Os Ministérios Públicos estaduais não estão vinculados, nem subordinados, no


plano processual, administrativo e/ou institucional, à Chefia do Ministério Público
da União, o que lhes confere ampla possibilidade de atuação autônoma nos
processos em que forem partes, inclusive perante os Tribunais Superiores. Assim,
por exemplo, o Ministério Público Estadual possui legitimidade para o
ajuizamento de ação rescisória perante o STJ para impugnar acórdão daquela Corte
que julgou processo no qual o parquet estadual era parte.
STF. 1ª Turma. ACO 2351 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10⁄02⁄2015.

OBS:
Se o Ministério Público Estadual é parte em um processo e houve recurso para o STJ,
ele poderá atuar diretamente neste recurso ou ele precisará da participação do MPF?
Poderá atuar sozinho, sem a participação do MPF. O Ministério Público Estadual tem
legitimidade para atuar diretamente como parte em recurso submetido a julgamento
perante o STJ.

Por que esse tema foi discutido pelo STJ? Havia polêmica sobre o assunto? Sim. Havia
uma tese, aceita durante vários anos, no sentido de que somente o Ministério Público
Federal poderia atuar diretamente no STJ e no STF. Dessa forma, o Ministério Público
Estadual, por meio do Procurador-Geral de Justiça, não poderia, por exemplo, propor
uma reclamação, impetrar mandado de segurança, interpor agravo regimental, fazer
sustentação oral, entre outros atos processuais, quando envolvesse o STF/STJ.
Segundo se entendia, isso teria que ser feito por intermédio do Procurador-Geral da
República.

Qual era o fundamento para essa tese? Argumentava-se que o Ministério Público é
uma instituição una, cabendo a seu chefe, o Procurador-Geral da República,
representá-la, atuando, em seu nome, junto às Cortes Superiores: STF e STJ. Assim,
segundo o entendimento anterior, o Ministério Público Estadual, por meio de seus
Procuradores-Gerais de Justiça, até podiam interpor Recurso Extraordinário e Recurso
Especial contra os acórdãos dos Tribunais de Justiça, no entanto, depois de interposto,
a atribuição para oficiar junto aos tribunais superiores seria do Procurador-Geral da
República ou dos Subprocuradores da República.

Esse entendimento restritivo ao MPE foi superado? SIM. O primeiro passo foi dado
em 2011, quando o STF reconheceu a legitimidade ativa autônoma do Ministério
Público estadual para propor reclamação perante aquela Corte (Rcl 7358/SP, rel. Min.
Ellen Gracie, julgado em 24/2/2011). O STJ seguiu no mesmo correto caminho e
decidiu que o Ministério Público Estadual tem legitimidade recursal para atuar
também no STJ (AgRg no AgRg no AREsp 194.892-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 24/10/2012 – brilhante voto).

Qual a posição que prevalece, portanto, atualmente? O Ministério Público estadual


possui legitimidade para atuar no STF e no STJ de forma autônoma, ou seja, por meio
de seu Procurador-Geral de Justiça ou alguém por ele designado (até mesmo um
Promotor de Justiça). Dessa forma, atualmente, os interesses do Ministério Público
Estadual podem ser defendidos diretamente pelo Procurador-Geral de Justiça no STF
e STJ, não sendo necessária a atuação do Procurador-Geral da República (chefe do
MPU), como se entendia até então.

Argumentos que fundamentam a atuação do MP Estadual no STF e STJ:


1) Inexistência de hierarquia entre MPU e MPE: O Ministério Público é dividido em
dois ramos distintos (MPE e MPU), não havendo qualquer relação de hierarquia ou
subordinação entre eles. O chefe do Ministério Público da União é o Procurador-Geral
da República (art. 128, § 1º da CF/88). Por sua vez, o chefe de cada Ministério Público
estadual é o seu respectivo Procurador-Geral de Justiça (art. 128, § 3º). Logo, não há
qualquer sentido em se permitir que o MPF atue diretamente nas Cortes Superiores e
negar esse poder aos Ministérios Públicos Estaduais.

2) Princípio federativo: Viola o regime federativo impedir que o Ministério Público


Estadual tenha acesso aos Tribunais Superiores, uma vez que haveria uma diferença
de tratamento em relação ao MPF, o que mitigaria sua autonomia funcional.

3) Autonomia do MPE: Está também relacionada com o princípio federativo,


considerando que, não permitir que o Ministério Público Estadual atue, no STF e STJ,
nos processos de seu interesse, significaria tolher a autonomia e liberdade de atuação
do Parquet estadual.

4) MPU e MPE não são unos entre si: O Ministério Público, de fato, é uno (art. 127, §
1º, CF/88). No entanto, a unidade institucional é princípio aplicável apenas no âmbito
de cada Ministério Público. Não é possível dizer, por exemplo, que entre o Ministério
Público estadual e o Ministério Público federal exista unidade. Desse modo, quando
houver necessidade de atuação do Ministério Público Estadual nos processos que
tramitam no STF e STJ, esta deverá ocorrer por meio do seu Procurador-Geral de
Justiça, não suprindo isso o fato de haver a intervenção do Procurador-Geral da
República.

5) Os interesses defendidos pelo MPE podem, eventualmente, ser conflitantes com


os do MPU: Poderia acontecer de os Ministérios Públicos Estaduais deduzirem
pretensão no STF e STJ com a qual não concorde, eventualmente, a chefia do
Ministério Público da União, o que obstaria o acesso do Parquet estadual aos Tribunais
Superiores (STF Rcl 7358/SP).

6) Paridade de armas: Fazer com que o Ministério Público estadual ficasse na


dependência do que viesse a entender o Ministério Público Federal seria incompatível,
dentre outros princípios, com o da paridade de armas, considerando que, em eventual
conflito entre o MPE e o MPU, o chefe do MPU (PGR) poderia atuar diretamente no
STF, mas não o MPE (STF Rcl 7358/SP).

Exemplos de atuação direta dos Ministérios Públicos estaduais no STF e STJ:


Mandado de segurança (contra decisão do CNMP, v.g.);
Reclamação constitucional;
Pedido de suspensão de segurança;
Pedido de tutela antecipada;
Recursos contra as decisões proferidas no STF e STJ (embargos de declaração,
embargos de divergência, agravo regimental etc.).

Qual órgão do Ministério Público participa no STF e STJ como custos legis? MPF. É
importante ressaltar que a atuação do Ministério Público como custos legis no STF e
STJ continua sendo feita sempre pelo Procurador-Geral da República ou pelos
Subprocuradores da República (por delegação ou designação). Desse modo, o que se
passou a permitir foi a atuação direta do Ministério Público Estadual como parte no
STF e STJ. Vale sublinhar que nos processos em que o MPE for parte no STJ e STF, o
MPF atuará como custos legis (fiscal da lei), oferecendo parecer.

Nos casos de ação penal de competência originária do STF e do STJ, qual órgão do
Ministério Público oferecerá a denúncia e atuará no processo criminal? MPF. Em tais
hipóteses, a atribuição continua sendo do MPF, por meio do Procurador-Geral da
República (ou um Subprocurador-Geral, mediante delegação do Procurador-Geral).
Nesse sentido: STJ Corte Especial. APn 689-BA, Rel. Min. Eliana Calmon, julgada em
17/12/2012.Trata-se de previsão legal do art. 46, parágrafo único, III e 48, II, da LC
75/93.

O Ministério Público do Trabalho tem legitimidade para atuar diretamente no STF e


STJ? NÃO. A jurisprudência continua entendendo que o MPT não pode atuar
diretamente no STF e STJ. Nesse sentido: STF. Plenário. RE 789874/DF, Rel. Min. Teori
Zavascki, julgado em 17/9/2014 (repercussão geral) (Info 759). Se for necessário, por
exemplo, propor uma reclamação no STF e que seja do interesse do MPT, quem deve
manejar essa reclamação é o Procurador-Geral da República. O Procurador do
Trabalho não pode atuar diretamente no STF (nem mesmo o Procurador-Geral do
Trabalho). O exercício das funções do Ministério Público da União junto ao STF cabe
privativamente ao Procurador-Geral da República (ou aos Subprocuradores por ele
designados), nos termos do art. 46 da LC 75/93 (Estatuto do Ministério Público da
União). Assim, o MPT é parte ilegítima para, em sede originária, atuar no STF e STJ,
uma vez que integra a estrutura orgânica do Ministério Público da União, cuja atuação
funcional compete, em face da própria unidade institucional, ao seu chefe, qual seja,
o Procurador-Geral da República. Vale ressaltar, no entanto, que, quando se diz que o
MPT não pode atuar diretamente no STF, isso significa que não pode ajuizar ações
originárias no STF nem pode recorrer contra decisões proferidas por essa Corte.
Importante esclarecer, dessa forma, que o membro do MPT pode interpor recurso
extraordinário, a ser julgado pelo STF, contra uma decisão proferida pelo TST.

12.5. Intervenção do MP nas ações cíveis – (Info 567)

Determinado banco ajuizou ação de reintegração de posse contra Maria pedindo


que o imóvel onde ela reside com seus dois filhos menores fosse desocupado, já
que ela não teria pago as prestações do financiamento realizado. O juiz julgou o
pedido procedente, tendo ocorrido a reintegração. O Ministério Público alegou que
houve a nulidade do processo considerando que o feito envolveria interesse de
incapazes (pessoas menores de 18 anos) e não houve intimação do Parquet para
atuar como fiscal da ordem jurídica.
O pedido do MP deve ser aceito? O fato de morarem menores de idade no imóvel
faz com que seja obrigatória a intervenção do MP na ação reintegração de posse?
NÃO. O fato de a ré residir com seus filhos menores no imóvel não torna, por si só,
obrigatória a intervenção do Ministério Público (MP) em ação de reintegração de
posse.
Segundo prevê o CPC, o MP deve intervir nas causas em que houver interesse de
incapazes, hipótese em que deve diligenciar pelos direitos daqueles que não
podem agir sozinhos em juízo. Logo, o que legitima a intervenção do MP nessas
situações é a possibilidade de desequilíbrio da relação jurídica e eventual
comprometimento do contraditório em função da existência de parte absoluta ou
relativamente incapaz. Nesses casos, cabe ao MP aferir se os interesses do incapaz
estão sendo assegurados e respeitados a contento, seja do ponto de vista processual
ou material.
Na hipótese em tela, a ação de reintegração de posse foi ajuizada tão somente contra
a genitora dos menores, não veiculando, portanto, pretensão em desfavor dos
incapazes. A simples possibilidade de os filhos virem a ser atingidos pelas
consequências fáticas oriundas da ação de reintegração de posse não justifica a
intervenção do MP no processo como custos legis.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.243.425-RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 18/8/15
(Info 567).

12.6. Legitimidade do Ministério Público Estadual para atuar no STJ – (Info 556) –
IMPORTANTE!!! ATENÇÃO!!! MINISTÉRIO PÚBLICO!!!

O Ministério Público Estadual tem legitimidade para atuar diretamente no STJ nos
processos em que figure como parte. Assim, o MPE possui legitimidade para atuar
diretamente em recurso por ele interposto e submetido a julgamento perante o STJ.
STJ. Corte Especial. EREsp 1.327.573-RJ, Rel. originário e voto vencedor Min. Ari
Pargendler, Rel. para acórdão Min. Nancy Andrighi, julgado em 17/12/2014 (Info
556).

12.7. Intimação pessoal em cartório judicial e termo inicial do prazo para o MP


recorrer – (Info 554) – IMPORTANTE!!! ATENÇÃO!!! MINISTÉRIO PÚBLICO!!!

No processo penal, quando o Ministério Público for intimado pessoalmente em


cartório, dando ciência nos autos, o seu prazo recursal se iniciará nessa data, e não
no dia da remessa dos autos ao seu departamento administrativo. Isso porque o
prazo recursal para o MP inicia-se na data da sua intimação pessoal.
STJ. 3ª Seção. EREsp 1.347.303-GO, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/12/2014
(Info 554).

12.8. Ilegitimidade do MP para execução de condenação proferida pelo Tribunal de


Contas – (Info 552) – IMPORTANTE!!! MUDANÇA DE ENTENDIMENTO!!!

O Ministério Público possui legitimidade para ajuizar a execução de título executivo


extrajudicial decorrente de condenação proferida pelo Tribunal de Contas?
NÃO. A legitimidade para a propositura da ação executiva é apenas do ente público
beneficiário.
O Ministério Público, atuante ou não junto às Cortes de Contas, seja federal, seja
estadual, é parte ilegítima.
Essa é a posição tanto do STF (Plenário. ARE 823347 RG, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 02/10/2014. Repercussão geral), como do STJ (2ª Turma. REsp 1.464.226-
MA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 20/11/2014).
STJ. 2ª Turma. REsp 1.464.226-MA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
20/11/2014 (Info 552).

12.9. Não-obrigatoriedade de intervenção do MP nas ações de ressarcimento ao


erário – (Info 548) - ATENÇÃO! MINISTÉRIO PÚBLICO!

O art. 82, III, do CPC estabelece que o MP deverá intervir obrigatoriamente nas
causas em que há interesse público. Segundo a doutrina e jurisprudência, o inciso
refere-se ao interesse público primário. Assim, o Ministério Público não deve
obrigatoriamente intervir em todas as ações de ressarcimento ao erário propostas
por entes públicos.
STJ. 1ª Seção. EREsp 1.151.639-GO, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 10/9/14 (Info
548).

13. DEFENSORIA PÚBLICA


13.1. Nos concursos da Defensoria Pública podem ser exigidos três anos de
atividade jurídica? – ATENÇÃO! DEFENSORIA PÚBLICA!

O art. 93, I, da CF/88 exige três anos de atividade jurídica para os candidatos nos
concursos da Magistratura. Essa exigência pode ser estendida para os concursos da
Defensoria Pública. No entanto, é indispensável a edição de uma lei complementar
prevendo isso (art. 37, I e art. 134, § 1º, da CF/88).
Enquanto não for editada lei complementar estendendo a exigência dos três anos
para a Defensoria Pública, continua válida a regra do art. 26 da LC 80/94, que exige
do candidato ao cargo de Defensor Público apenas dois anos de prática forense,
computadas, inclusive as atividades realizadas antes da graduação em Direito.
Desse modo, não é possível que Resolução do Conselho Superior da Defensoria
Pública (ato infralegal) exija três anos de atividade jurídica depois da graduação
para os concursos de Defensor Público.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.676.831/AL, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 05/09/17
(Info 611).
OBS:
Art. 93 da CF/88 aplica-se à DP, no que couber: A EC 80/14 inseriu o § 4º ao art. 134
da CF/88 prevendo que devem ser aplicados à Defensoria Pública, no que couber, os
princípios constitucionais estabelecidos para a Magistratura. Veja:
Art. 134 (...)
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a
unidade, a indivisibilidade e a independência funcional,
aplicando-se também, no que couber, o disposto no art. 93 e
no inciso II do art. 96 desta Constituição Federal. (Incluído
pela EC nº 80/2014)

O art. 93 diz o seguinte:


Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal
Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados
os seguintes princípios:
(...)

Desse modo, depois da EC 80/14, as normas do art. 93 da CF/88 também devem ser
aplicadas à Defensoria Pública, no que couber.

Três anos de atividade jurídica: O inciso I do art. 93 trata dos concursos públicos para
a magistratura e exige do candidato que ele tenha, no mínimo, 3 anos de atividade
jurídica. Confira:
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal
Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados
os seguintes princípios:
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz
substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com
a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas
as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três
anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à
ordem de classificação;

O STF entendeu que este art. 93, I, é autoaplicável, ou seja, possui natureza de norma
jurídica de eficácia plena, de sorte que não precisa de lei para produzir todos os seus
efeitos.

Previsão da LC 80/94: A Defensoria Pública é regida pela Lei Complementar nº 80/94.


Esta Lei traz regra diferente do art. 93, I, da CF/88. Segundo a LC 80/94, nos concursos
para o cargo de Defensor Público federal, o candidato precisa ter apenas 2 anos de
prática forense, sendo que esse período pode ser computado por meio de atividades
realizadas antes da colação de grau:
Art. 26. O candidato, no momento da inscrição, deve possuir
registro na Ordem dos Advogados do Brasil, ressalvada a
situação dos proibidos de obtê-la, e comprovar, no mínimo,
dois anos de prática forense, devendo indicar sua opção por
uma das unidades da federação onde houver vaga.
§ 1º Considera-se como atividade jurídica o exercício da
advocacia, o cumprimento de estágio de Direito reconhecido
por lei e o desempenho de cargo, emprego ou função, de
nível superior, de atividades eminentemente jurídicas.
(Redação dada pela Lei Complementar nº 132/2009).

Discussão sobre a aplicação ou não da exigência de três anos para os concursos da


Defensoria Pública: Diante disso, com a promulgação da EC 80/14, surgiram as
seguintes dúvidas:
 O inciso I do art. 93 da CF/88, que exige três anos de atividade jurídica para o
candidato ao cargo, aplica-se para os concursos da DPU?
 O art. 26 da LC 80/94 continua em vigor ou foi revogado (não-recepcionado)
pela EC 80/2014?
 Os candidatos ao concurso da DPU precisam comprovar três anos de atividade
jurídica realizada depois da colação de grau?

Podemos apontar a existência de três correntes de interpretação:


 1ª posição: o art. 93, I, da CF/88 aplica-se à Defensoria Pública, por força do
art. 134, § 4º, e, portanto, o art. 26, caput e § 1º da LC 80/94 não estão mais em
vigor. Como consequência, exigem-se três anos de atividade jurídica, que
somente podem ser computados depois da colação de grau. Isso porque foi
assim que o STF interpretou o art. 93, I, da CF/88 para os concursos da
Magistratura, devendo ser adotada a mesma exegese para a Defensoria
Pública.
Esta foi a interpretação dada pelo Conselho Superior da Defensoria Pública da
União (Resolução 118/2015).

 2ª posição: o art. 93, I, da CF/88 aplica-se à Defensoria Pública. Assim,


exigem-se três anos de atividade jurídica do candidato ao cargo de Defensor
Público. No entanto, esses três anos de atividade jurídica podem ser
computados antes da colação de grau.
Os partidários dessa corrente alegam que:
 O art. 93, I, da CF/88 não é expresso em exigir a contagem da atividade
jurídica somente depois da graduação; e
 O § 1º do art. 26 da LC 80/94 autoriza que a atividade jurídica para os
concursos da Defensoria considere também a prática forense realizada
antes da colação de grau.
Logo, para essa corrente, o caput do art. 26 da LC 80/94 não foi recepcionado
pela EC 80/2014, mas o § 1º continua em vigor por não ser incompatível com
a emenda.

 3ª posição: É possível aplicar o art. 93, I, da CF/88 à Defensoria Pública, no


entanto, para isso, exige-se a edição de uma lei complementar alterando a LC
80/94. Enquanto não houver lei complementar disciplinando o tema segundo
o art. 93, I, da CF/88, permanece válida a exigência de dois anos de prática
forense prevista no art. 26 da LC 80/94.

Posição do STJ: O STJ possui um precedente recente adotando a 3ª corrente.

A questão, por envolver tema constitucional, será ao final resolvida pelo STF. Vamos
aguardar o que o STF irá decidir. No entanto, trata-se de importante precedente e de
uma esperança para os candidatos que estão fazendo o concurso da DPU e que ainda
não possuem os três anos de atividade jurídica.

Concursos da Defensoria Pública estadual: No caso dos concursos da Defensoria


Pública dos Estados, a LC 80/94 nem sequer exige 2 anos de prática forense. Confira:
Art. 112. O ingresso nos cargos iniciais da carreira far-se-á
mediante aprovação prévia em concurso público de provas e
títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do
Brasil.
§ 1º Do regulamento do concurso constarão os programas das
disciplinas sobre as quais versarão as provas, bem como
outras disposições pertinentes à sua organização e realização.
§ 2º O edital de abertura de inscrições no concurso indicará,
obrigatoriamente, o número de cargos vagos na categoria
inicial da carreira.

Nesses casos, deve-se analisar a lei que rege a Defensoria Pública no Estado. A maioria
das leis complementares estaduais que conheço repete a previsão do art. 26 da LC
80/94 e exige dois anos de prática forense, permitindo o estágio profissional realizado
antes da colação de grau. Aplicando o mesmo raciocínio da decisão do STJ acima
comentada (que analisou o concurso da DPU), pode-se concluir que, enquanto a Lei
complementar do respectivo Estado não for alterada, não será possível exigir três anos
de atividade jurídica nos concursos das Defensorias Públicas estaduais.

Concurso da Defensoria Pública do Distrito Federal: Para complicar ainda mais o


tema, no caso do concurso da Defensoria Pública do DF, a LC 80/94 traz uma regra
ligeiramente diferente. Isso porque se exige que o estágio tenha sido feito na
Defensoria Pública, exigência que não existe para o caso da DPU. Veja:
Art. 71. O candidato, no momento da inscrição, deve possuir
registro na Ordem dos Advogados do Brasil, ressalvada a
situação dos proibidos de obtê-la, e comprovar, no mínimo,
dois anos de prática forense.
§ 1º Considera-se como prática forense o exercício profissional
de consultoria, assessoria, o cumprimento de estágio nas
Defensorias Públicas e o desempenho de cargo, emprego ou
função de nível superior, de atividades eminentemente
jurídicas.
§ 2º Os candidatos proibidos de inscrição na Ordem dos
Advogados do Brasil comprovarão o registro até a posse no
cargo de Defensor Público.

13.2. A intimação da Defensoria somente se aperfeiçoa com a remessa dos autos


mesmo que o Defensor esteja presente na audiência na qual foi proferida a decisão –
(Info 611) – ATENÇÃO! DEFENSORIA PÚBLICA!

A LC 80/94 (Lei Orgânica da Defensoria Pública) prevê, como uma das


prerrogativas dos Defensores Públicos, que eles devem receber intimação pessoal
(arts. 44, I, 89, I e 128, I).
Se uma decisão ou sentença é proferida pelo juiz na própria audiência, estando o
Defensor Público presente, pode-se dizer que ele foi intimado pessoalmente
naquele ato ou será necessário ainda o envio dos autos à Defensoria para que a
intimação se torne perfeita?
Para que a intimação pessoal do Defensor Público se concretize, será necessária
ainda a remessa dos autos à Defensoria Pública.
A intimação da Defensoria Pública, a despeito da presença do defensor na
audiência de leitura da sentença condenatória, somente se aperfeiçoa com sua
intimação pessoal, mediante a remessa dos autos.
Assim, a data da entrega dos autos na repartição administrativa da Defensoria
Pública é o termo inicial da contagem do prazo para impugnação de decisão judicial
pela instituição, independentemente de intimação do ato em audiência.
STJ. 3ª Seção. HC 296.759-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, j. 23/8/17 (Info 611).
STF. 2ª Turma. HC 125270/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 23/6/15 (Info 791).

13.3. Legitimidade da Defensoria para propor ACP em defesa de juridicamente


necessitados – (Info 573) - IMPORTANTE!!!

A Defensoria Pública tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa de
interesses individuais homogêneos de consumidores idosos que tiveram plano de
saúde reajustado em razão da mudança de faixa etária, ainda que os titulares não
sejam carentes de recursos econômicos.
A atuação primordial da Defensoria Pública, sem dúvida, é a assistência jurídica e
a defesa dos necessitados econômicos. Entretanto, também exerce suas atividades
em auxílio a necessitados jurídicos, não necessariamente carentes de recursos
econômicos.
A expressão "necessitados" prevista no art. 134, caput, da CF/88, que qualifica e
orienta a atuação da Defensoria Pública, deve ser entendida, no campo da Ação
Civil Pública, em sentido amplo. Assim, a Defensoria pode atuar tanto em favor
dos carentes de recursos financeiros como também em prol do necessitado
organizacional (que são os "hipervulneráveis").
STJ. Corte Especial. EREsp 1.192.577-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 21/10/15 (Info 573)
13.4. Defensor Público não precisa de procuração para atuar como representante do
assistente de acusação – (Info 555)

Em regra, o Defensor Público não precisa de mandato (procuração) para representar


a parte em processos administrativos ou judiciais. Isso está previsto na LC 80/94.
Exceção: será necessária procuração se o Defensor Público for praticar algum dos
atos para os quais a lei exige poderes especiais (exemplos: transigir, desistir,
renunciar – art. 38 do CPC).
Se a vítima (ou seus sucessores) quiserem ingressar no processo criminal como
assistente de acusação, será necessário que outorguem uma procuração ao Defensor
Público para que este as represente em juízo?
NÃO. Quando a Defensoria Pública atuar como representante do assistente de
acusação, é dispensável a juntada de procuração com poderes especiais. O Defensor
Público deve juntar procuração judicial somente nas hipóteses em que a lei exigir
poderes especiais. Atuar como representante do assistente de acusação não é
considerado um poder especial, não se exigindo procuração especial.

A participação da Defensoria Pública como representante do assistente de acusação


pode ser negada sob o argumento de que a vítima ou seus sucessores não são
hipossuficientes (“pobres”)?
NÃO. Compete à própria Defensoria o direito de apurar o estado de carência de
seus assistidos.
STJ. 5ª Turma. HC 293.979-MG, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 5/2/15 (Info 555).

14. INDÍOS
14.1. Não se exige que eventuais interessados na remarcação das terras indígenas
sejam notificados diretamente a respeito da existência do procedimento – (Info 611) –
ATENÇÃO! CONCURSOS FEDERAIS!

A demarcação de terras indígenas é realizada mediante processo administrativo


disciplinado pelo Decreto nº 1.775/96.
Este Decreto não exige que eventuais interessados na demarcação (ex: pessoas que
possuem títulos de propriedade da área a ser demarcada) sejam notificados
diretamente a respeito da existência do procedimento.
Basta que seja publicado um resumo do relatório circunstanciado nos Diários
Oficiais da União e da unidade federada onde se encontra a área sob demarcação -
publicação essa que também deve ser afixada na sede da Prefeitura Municipal da
situação do imóvel (art. 2º, § 7º do Decreto nº 1.775/96). Isso já é suficiente para
garantir o contraditório.
Vale ressaltar, no entanto, que nesta publicação deverá constar o nome do
interessado ou de sua propriedade rural (ex: Fazenda Terra Boa).
Assim, não há nulidade em processo de remarcação de terras indígenas por
ausência de notificação direta a eventuais interessados, bastando que a publicação
do resumo do relatório circunstanciado seja afixada na sede da Prefeitura
Municipal da situação do imóvel.
STJ. 1ª Seção. MS 22.816-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 13/9/17 (Info
611).

14.2. Impossibilidade de remarcação ampliativa de terra indígena – (Info 564) –


IMPORTANTE!!!
Em 2000, João comprou uma fazenda que fica ao lado da reserva indígena Wassú-
Cocal. Essa reserva indígena foi demarcada em 1987, ou seja, antes da CF/88. Em
2012, o Ministro da Justiça, a partir de estudo da FUNAI, editou portaria ampliando
os limites da reserva indígena Wassú-Cocal. Pela nova demarcação proposta, João
perderia a sua fazenda, que passaria a fazer parte da reserva indígena. Segundo
argumentaram a FUNAI e o Ministério da Justiça, a remarcação agora realizada é
um procedimento destinado a "corrigir falhas" cometidas na demarcação originária
já que esta não teria observado os parâmetros impostos pela CF/88.
Desse modo, seria uma correção para adequar a demarcação às regras da CF/88. A
jurisprudência concorda com essa prática? Se uma terra indígena foi demarcada
antes da CF/88, é possível que agora ela seja “remarcada”, ampliando-se a área
anteriormente já reconhecida?
NÃO. Tanto o STF como o STJ condenam essa prática.
A alegação de que a demarcação da terra indígena não observou os parâmetros
estabelecidos pela CF/1988 não justifica a remarcação ampliativa de áreas
originariamente demarcadas em período anterior à sua promulgação.
Desde o julgamento da Pet 3.388-RR (Caso Raposa Serra do Sol), a jurisprudência
passou a entender que é vedada a ampliação de terra indígena já demarcada, salvo
em caso de vício de ilegalidade do ato de demarcação e, ainda assim, desde que
respeitado o prazo decadencial.
É inegável que a CF/88 mudou o enfoque atribuído à questão indígena e trouxe
novas regras mais favoráveis a tais povos, permitindo a demarcação das terras com
critérios mais elásticos, a partir da evolução de uma perspectiva integracionista
para a de preservação cultural do grupamento étnico. Isso, contudo, não é motivo
suficiente para se promover a revisão administrativa das demarcações de terras
indígenas já realizadas, especialmente nos casos em que se passou o prazo
decadencial.
STJ. 1ª Seção. MS 21.572-AL, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. 10/6/15 (Info 564).
STF. 2ª Turma. RMS 29542/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 30/9/14 (Info 761).

15. INTERVENÇÃO FEDERAL


15.1. Deferimento de intervenção envolvendo descumprimento de decisão judicial
de reintegração de posse em invasão do MST – (Infos 545 e 550) – IMPORTANTE!!!

A União poderá intervir no Estado ou DF para prover (garantir) a execução de


ordem ou decisão judicial que esteja sendo desrespeitada (art. 34, VI, da CF/88).
Ocorrendo esse descumprimento, o STF, o STJ ou o TSE, a depender de qual
ordem/decisão judicial esteja sendo desatendida, irá requisitar do Presidente da
República a intervenção federal.
Se o Estado/DF estiver descumprindo uma decisão de juiz ou Tribunal de 2ª
instância, o Tribunal local deverá fazer uma representação ao Tribunal Superior
competente (STF, STJ ou TSE) solicitando a intervenção. Se o Tribunal Superior
concordar, ele irá requisitar ao Presidente da República a intervenção.
Para saber qual o Tribunal Superior será competente, deverá ser analisada a
matéria discutida e para quem seria dirigido o eventual recurso.
Compete ao STJ julgar pedido de intervenção federal baseado no descumprimento
de ordem de reintegração de posse de imóvel rural ocupado pelo MST expedida
por Juiz Estadual e fundada exclusivamente na aplicação da legislação
infraconstitucional civil possessória. Isso porque a decisão descumprida analisou
tema relacionado com direito civil privado, não tendo feito considerações sobre
questões constitucionais. Logo, o eventual recurso contra a decisão, quando o
processo superasse as instâncias ordinárias e chegasse aos Tribunais Superiores,
seria apreciado pelo STJ em sede de recurso especial. Não caberia, no caso, recurso
extraordinário ao STF, razão pela qual esta Corte não seria competente para julgar
o pedido de intervenção relacionada com o desatendimento da decisão.
Quanto ao mérito, na situação concreta envolvendo ocupação de sítio pelo MST,
tendo sido deferida decisão judicial para a retomada do imóvel há muitos anos, o
que não foi cumprido, deverá ser deferida a intervenção federal?
O STJ possui precedentes em sentidos opostos:
 NÃO: STJ. IF 111-PR, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 1º/7/2014. Neste
precedente, entendeu-se que, como já se passaram muitos anos desde que a
decisão judicial foi descumprida, a remoção das diversas famílias que
vivem no local, se fosse feita hoje, iria causar um enorme conflito social, até
mesmo porque não existe lugar para acomodar de imediato, de forma digna,
essas pessoas. Logo, apesar de tecnicamente, a situação se enquadrar em
uma hipótese de intervenção federal, esta não deveria ser decretada,
devendo se considerar que as fazendas ocupadas foram afetadas ao
interesse público e que a questão deverá ser resolvida em reparação a ser
buscada via ação de indenização (desapropriação indireta) promovida pelo
interessado.
 SIM. IF 107-PR, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 15/10/2014.
A Corte decidiu que deve ser deferido pedido de intervenção federal
quando verificado o descumprimento pelo Estado, sem justificativa
plausível e por prazo desarrazoado, de ordem judicial que tenha requisitado
força policial para promover reintegração de posse em imóvel rural ocupado
pelo MST, mesmo que, no caso, tenha se consolidado a invasão por um
grande número de famílias e exista, sem previsão de conclusão,
procedimento administrativo de aquisição da referida propriedade pelo
Incra para fins de reforma agrária. É certo que a ocupação de grande número
de famílias é sempre um fato que merece a consideração da autoridade
encarregada da desocupação, mas não é em si impeditiva da intervenção. A
inércia do Estado-executivo em dar cumprimento à decisão do Estado-juiz
enfraquece o Estado de direito, que caracteriza a República brasileira.
STJ. Corte Especial. IF 111-PR, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 1º/7/2014 (Info
545).
STJ. Corte Especial. IF 107-PR, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em
15/10/2014 (Info 550).

16. MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES


16.1. Direito de acesso a informações sobre expedição de passaportes diplomáticos
– (Info 543)

O Ministério das Relações Exteriores não pode sonegar o nome de quem recebe
passaporte diplomático emitido na forma do § 3º do art. 6º do Anexo do Decreto
5.978/2006.
O nome de quem recebe um passaporte diplomático emitido por interesse público
não pode ficar escondido do público.
Assim, se um jornal requer essa informação, o Ministro é obrigado a fornecer.
STJ. 1ª Seção. MS 16.179-DF, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 9/4/2014 (Info
543).

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