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primeiro capitulo. Aula.

Como se divide o teatro cearense?

O Teatro Cearense está dividido em fases. E cada fase se inicia com um marco ou o coroamento
de uma época, se assim preferirmos.

Por dentro do marco histórico:

1ª FASE - 1830 até 1910.


Do início ao teatro José de Alencar.
Concórdia, Taliense, São Luiz, Clube de Diversões Artísticas.

2ª FASE - 1910 até 1949


dos Admiradores de Talma ao Teatro Universitário.
O teatro do ponto, o teatro paroquial, o teatro de apresentação única, teatro de fim de semana,
cenário pintado, padronizado.
Grêmio Dramático, Grêmio Pio X, Conjunto Teatral Cearense.

3ª FASE - de 1949 até 1970


do Teatro Universitário de Waldemar Garcia a saída de B. de Paiva.
O texto decorado, Stanislavski, teatro de temporada, cenário específico,
modernismo,Experimental de Arte, Teatro Escola, Comédia Cearense, Curso de Arte
Dramática.

4ª FASE - de 1970 até ate 1995


Federação, Grita, Grupo Balaio, Troféu Carlos Câmara, Teatro do IBEU.

De 1995 para cá, temos a atualidade.

Importante:
Bom pessoal, o primeiro direcionamento é este, espero que vocês possam através dessa
cronologia detectar a fase em que o teatro de vocês ou mesmo de pessoas pesquisadas esteja,
Essa cronologia é o ponto inicial de nossa aula. Algum de vocês ja tinham conhecimento dessas
fases? Ou apenas sabiam os fatos acontecidos sem mesmo saber a que ordem eles pertencem?

aula 3

Detalhando a primeira fase


Panorâmica

"PRIMEIRA FASE

Mas, em 1830, o Ceará teve sua primeira casa de espetáculos, o Teatro Concórdia,
estabelecimento particular localizado na rua Guilherme Rocha, esquina com General Bezerril.
Em 1842 este teatro foi transferido para a rua Barão do Rio Branco com o nome de Teatro
Taliense. Quase vinte anos depois, em 1860, foi construído um teatro em Icó, imponente
edifício de linhas neoclássicas.
Nenhum movimento teatral começa com a construção de um teatro. É verdade que Fortaleza
não possuía nenhum. Mas quase sempre, a construção de uma casa de es-petáculos é o
coroamento de todo um período. Certamente deve ter havido alguma experiência teatral no
Ceará antes de 1830. E os padres jesuítas, na serra da Ibiapaba, com propósitos de catequese?
Manoel Ximenes de Aragão , em suas Memórias, conta que em 1814, em Tamboril, seu tio, o
Padre Gonçalo "em que se entreter, comprou uma peça de pano, arrumou um cortinado em uma
sala para fazer presépio, comédias, entremezes, etc. com que divertia a si e aos demais". Assim,
o padre Mororó, que depois seria martirizado no Passeio Público, guardando-se as devidas
proporções, seria o Padre Anchieta do teatro cearense.

Fortaleza teve ainda os teatros São José (1876) e Variedades (1877), antes de inaugurar o seu
primeiro teatro importante, o Teatro São Luís, aberto em 1880, na Barão do Rio Branco esquina
com Dr. João Moreira. No São Luís exibiram-se as grandes companhias - que enfrentando o
acanhado porto cearense - dirigiam-se a Belém e Manaus na época áurea da borracha. O Teatro
São Luís foi palco de acalorados dis-cursos abolicionistas, onde conferenciou José do
Patrocínio; e de homenagem a Carlos Gomes que, do camarote presidencial, ouviu a ouverture
do Guarani.

Para João Nogueira, o São Luiz era "pequeno e acanhado", para A República (22 de março
1896), era um "pardieiro, abafadiço e feio, sem ar, sem estética". Mas Adolfo Carneiro dá um
depoimento positivo sobre o São Luiz: "Conheci por tradição o Teatro São Luiz. Dele sempre
me falava com ufania Papi Júnior. Funcionou nos fins do século passado. Foi a fase rutilante do
teatro em Fortaleza. No palco deste teatro con-tracenaram os mais célebres artistas brasileiros e
portugueses daqueles tempos. Companhias que demandavam o Pará, então o foco de arte no
Norte, faziam uma temporada no São Luiz para um público de gosto exigente, representando
óperas, o-peretas, dramalhões e comédias, caprichosamente".

Também em 1880 era inaugurado o Teatro São João, de Sobral, construído nos moldes do Santa
Isabel, de Recife, e um dos mais antigos teatros do Brasil ainda existentes por iniciativa de
Domingos Olímpio e outros sobralenses ilustres.
Mas o teatro não vive apenas de suas casas de espetáculos. Os primeiros grupos de teatro
cearense que se tem notícia foram: Sociedade Particular Recreio Dra-mático, de 1867,
apresentando as peças Dalila e Casar Sem Saber Com Quem, e a Sociedade Grupo das Musas,
também de 1867, montando Punição. Em Sobral estava em atividade o Clube Melpômene,
apresentando-se no Teatro Apolo Sobralense, tendo no elenco o filósofo Farias Brito,
adolescente, que interpretava papéis femininos.

É com Juvenal Galeno (1836-1931), que surge o primeiro texto cearense, o drama Quem Com
Ferro Fere Com Ferro Será Ferido, de um ato, estreado em Fortaleza a 3 de novembro de 1861,
no Teatro Taliense, pela Companhia de Lima Penante. Quem Com Ferre Fere Com Ferro Será
Ferido é um dramalhão em toda sua plenitude.

O mais importante grupo do século passado foi o Clube de Diversões Artísticas (1897), criado
pelo romancista e teatrólogo Papi Júnior, funcionando no Clube Iracema. Deste grupo foi que
saiu a atriz Maria Castro que depois se tornaria uma das maiores atrizes do teatro brasileiro do
começo do século, chegando a ter companhia própria com tournées pela Argentina e o Uruguai.

"Maria Castro foi amadora do Clube Iracema. Papi, profundo conhecedor dos segredos do
Teatro, guiou os primeiros passos da futura maior artista brasileira.
"Uma noite, no Teatro Majestic, quando ali se encontrava uma grande companhia sulista, depois
do extraordinário sucesso da maravilhosa artista cearense, suplantando a famosa Itália Fausta,
grande e notável artista patrícia, na primeira representação da peça altamente dramática As Duas
Mães, encontraram-se Papi e Maria.

"Ainda não refeita da emoção contrária na luta com a rival - rival na arte e rival nos papéis que
desempenhavam -, consciente de a ter suplantado no terrível diálogo pela conquista do filho,
pois conquistara frenéticas ovações do público, ao ver o antigo mestre, que ia à caixa do palco
para cumprimentá-la, Maria de Castro caiu de joelhos, os olhos rasos d'água, e lhe agradeceu
comovida, com lágrimas verdadeiras, que secundaram as fingidas, o presente que lhe dera,
fazendo dela a maior artista brasileira.
"Naquela dia, também, Papi chorou de emoção." (Adolfo Carneiro, Teatro na Terra da Luz)

Rival do Diversões foi o Grêmio Taliense de Amadores, fundado em 1898, do qual fizeram
parte o escritor Álvaro Martins e os pintores Ramos Cotoco e Antônio Rodrigues.

A falta de monumentos antigos, faz com que sempre se chame o Theatro José de Alencar de
"nosso velho teatro". Nossa casa oficial de espetáculos data de 1910, quando, numa bonita festa
(17 de junho), em homenagem ao Presidente Antônio Pinto Nogueira Accioly, foi inaugurada
com um concerto da Banda Sinfônica do Batalhão de Segurança, regida pelo maestro Luigi
Maria Smido. Mas a primeira representação teatral seria da Companhia Lucília Perez com O
Dote, de Arthur Azevedo, a 23 de setembro do mesmo ano.

Construído pelo governo de Nogueira Accioly, obediente à planta do engenheiro militar Cap.
Bernardo José de Melo, com autorização da Assembléia Estadual, Lei 768, de 20 de setembro
de 1904, o José de Alencar é hoje - por iniciativa do arquiteto Liberal de Castro - patrimônio
histórico nacional.

Ligados ao teatro estão para sempre os nomes de seus pintores: Jacinto Matos, José Vicente,
Antônio Rodrigues, Gustavo Barroso, Ramos Cotoco - que pintaram o teatro e o grande painel
do forro, considerada a maior obra artística do Estado. O painel sobre a boca de cena é de
autoria de Rodolfo Amoedo.

As restaurações por que passou o teatro deixaram quase inalterado o seu pa-trimônio
arquitetônico. A primeira foi em 1918; a segunda em 1937, por iniciativa da So-ciedade de
Cultura Artística, pois o teatro havia sido fechado pelo Departamento de Saúde, tal o estado
deplorável de conservação.

"A cidade, em sua diuturna e contínua agitação, em seu ritmo acelerado de progresso, de
comentários políticos, deixou passar em silêncio como aconteci-mento fortuito destituído de
interesse o ato do Departamento de Saúde Pública, interditando o velho glorioso quão sofredor
Theatro José de Alencar (...) Corroído pela ferrugem, crivado de goteiras, saturado de matéria
espúria das legiões aladas de morcegos, nimbado pelas velhas telas em que Amoedo deixou
traços de seu talento pictórico, o pobre teatro, abandonado dentro da noite imensa em que
agoniza, parece gemer quando o vento uiva entre os caixilhos vazios de suas ja-nelas partidas".
(Pierre Luz, Gazeta de Noticias de 21 de abril de 1937).

As outras reformas aconteceram em 1957, no governo de Paulo Sarasate; em 1960, quando


comemorava cinqüenta anos de existência; a quinta, em 1973, sob a orientação de Liberal de
Castro. Data daí o jardim ao lado; a última, no governo Tasso Jereissati, em 1991, por iniciativa
da Secretária de Cultura Violeta Arraes, dotando o tea-tro de infra-estrutura moderna e um
anexo, tal como hoje o conhecemos. E isto só foi possível porque Paurillo Barroso, em 37, 57, e
em 60 tratou de recuperar o teatro senão, em 91, não haveria teatro para ser restaurado. O
presente será sempre devedor do passado.

O Theatro José de Alencar - disse Raimundo Girão - "tem sido o formoso ponto de
convergência das mais engalanadas reuniões da nossa cultura, o faustoso salão da nossa
inteligência”. Por sua ribalta passaram os maiores nomes do teatro brasileiro, do passado e do
presente.

Importante:
aqui falamos na primeira fase, mas nao esquecer que demos um salto para o futuro quando
falamos em reforma

Grupos no Teatro Cearense;


GRUPO BALAIO
Pela sua duração e por sua atuação, o Grupo Balaio tem papel destacado na história e na
atualidade do teatro cearense. Essa atuação constitui um fato significativo na história do nosso
teatro. A persistência de sua trajetória, a qualidade de suas produções e a resistência para vencer
obstáculos e estar sempre presente em cena, são marcas registradas do grupo.
As origens do Balaio remontam ao ano de 1972, quando a Cooperativa de Teatro e Artes, com
O Romance do Pavão Mysterioso inaugura um ciclo que vai significar um salto de qualidade e
um divisor de águas no teatro cearense. A seqüência de espetáculos prosseguiu com Orixás do
Ceará (1974), de Gilmar de Carvalho, um espetáculo vivo e comprometido com os referenciais
cearenses. Em 1975 nova investida no campo da literatura de cordel, com a adaptação de
Cancão de Fogo. No ano seguinte foi montada a peça infantil A Bomba Atômica, de
Pernambuco de Oliveira. Findava a Cooperativa, ancestral do Balaio.
Geraldo Markan tinha Cesarion, o Imperador do Mundo na gaveta há algum tempo. Era sempre
estimulado pelos amigos a encenar seu texto. A vontade era grande, as dificuldades eram
muitas. A estréia de Cesarion se deu a 15 de dezembro de 1976, no Teatro do IBEU-CE. É o
começo de um novo capítulo na história contemporânea do teatro cearense. Nasce o Balaio.
Cesarion tem sua ação no Egito e em Roma, em planos intercalados, estrutura arrojada,
envolvendo a vida do filho de Cleópatra e Júlio César. Toda a intriga palaciana e luta pelo
poder. Uma peça histórica e psicológica. Sua estrutura de vanguarda contrastando com o tema
histórico.
Os espetáculos seguintes foram Castro Alves Pede Passagem, de Gianfrancesco Guarnieri,
estreando em 1977 e premiado pelo SNT. Arruda Câmara, com O Rei do Ponto, inaugurou uma
nova etapa na vida do Balaio: a fase de autores cearenses. O rei seria o protótipo do tirano que
poderia dominar em todas as épocas e em qualquer lugar. Ponto é um reino imaginário onde se
situa a ação.
Em seguida veio Corações Guerreiros, de Marcelo Costa, texto vencedor do III Concurso
Universitário de Peças teatrais do SNT. O relato épico-trágico de três gerações da mesma
família cearense e sua emigração para a Amazônia, São Paulo e Brasília, as três grandes
diásporas do povo nordestino. Estreou a 11 de julho de 1979. Em dezembro do mesmo ano, O
Caminho das Garças, também de Marcelo Costa, é montado e retrata a decadência de uma
família da aristocracia rural cearense. Cada novo espetáculo era uma experiência, o Balaio
cumpria bem seu papel.
Adolpho em prosa e Verso, de Marcelo Costa, é o espetáculo de 1980. Adolfo aborda a vida do
romancista Adolfo Caminha e seu amor proibido por Isabel, na provinciana Fortaleza do século
passado. Seguiu-se Latin Lover (1981), de Marcelo Costa, a tragicomédia de uma “Vênus
platinada” em visita aos trópicos em busca do amante latino. Sucesso de público no Teatro
Universitário.
Vieram outras montagens: Made in Ceará, (1982), com textos de: Walden Luiz, (Caldeirão dos
Milagres); Marcus Fernandes (À Moda da Casa) e Gilmar de Carvalho (O Dia em que Vaiaram
o Sol na Praça do Ferreira). Alarme Geral (1983), mostra o vigor e a contundência do texto de
Zaza Sampaio, até então inédito. Vencedor do Prêmio Estado do Ceará, em l983, Vice & Versa,
de Gilmar de Carvalho, foi montado no ano seguinte. Imagens do cotidiano se mesclam numa
estrutura de psicodrama. Vice & Versa serviu para consolidar o grupo que tomou consciência
mais nítida que a política de bastidores não iria desestimular o trabalho desenvolvido pelo
Balaio.
Noite de Glória (1985), de Marcelo Costa, a história de uma ex-Miss, beirando a situação limite
e sendo sucesso de público apesar das restrições da crítica. Já Canção dentro do Pão (1985), de
Magalhães Júnior, remetia às contradições da Revolução Francesa.
A fidelidade do Balaio a seus propósitos levou a encenação de outro texto de Zaza Sampaio,
Fogo Cerrado Sob Densa Neblina, (1986), um retrato da geração dos anos 70, com a carga de
conflitos e paradoxos agravados pelo AI-5, hippies, tropicalismo, amor livre, etc.
A etapa seguinte seria a festa dos dez anos do Balaio, com Leste Oeste Side Story, de Gilmar de
Carvalho, sendo o texto escolhido. Um Romeu e Julieta dark. Ambientada no Morro do
Moinho, no Pirambu, a peça põe a nu nossas contradições e misérias num ambiente de escracho
ao embalo do som disco dos anos 70.
A presença de Ivonilson Borges no Balaio, o primeiro diretor convidado, veio enriquecer o
grupo e assim nasceu Cantarim de Cantará, de Sylvia Orthof (1987). No ano de 1988 o Balaio
veio à cena com a peça de Oscar Wilde, Salomé. Encenada no Teatro do IBEU-CE em forma de
semi-arena. Foram três meses em cartaz, estreando a 18 de agosto, com grande repercussão e
causando polêmica.
As raízes do teatro brasileiro: O Noviço, de Martins Penna, mereceu montagem do Balaio, com
direção de Ivonilson Borges. Sobe à cena no dia 26 de outubro de 1989, no Teatro do IBEU-CE,
com Marcelo Costa no papel título. Em 1990, o Balaio produz a colorida montagem de A
Raposa e as Uvas, de Guilherme Figueiredo, com direção de João Falcão.
A tão sonhada montagem de um grande clássico aconteceu em 1991, com a produção de Édipo
Rei, de Sófocles. O Balaio venceu o desafio e comemorou seus 15 anos. Foram 9 meses de
exaustivos ensaios, mas o resultado valeu a pena.
Espetáculos reunindo peças de um ato vieram em 1992. Foram montagens despretensiosas e
descomprometidas. A primeira, Amadores em Cena, reunindo Improviso de Versalhes, de
Molière; e A Prima Donna, de José Maria Monteiro, duas peças tendo o teatro como tema. A
Segunda, Brincando de Teatro, com Lição de Botânica, de Machado de Assis; Amor por
Anexins, de Artur Azevedo; e Uma Visita de Cerimônia, de Miguel Santos. Sucesso inesperado,
um presente para o Balaio.
A mesma fórmula - três peças de um ato - foi aplicada ao espetáculo SOS Balaio (1993).
Ninguém se preocupou com o título nem procurou saber se um grupo de tanta tradição estava
em crise. Cidade anestesiada. Não estava. Reuniam-se as peças O Jardim Silencioso, de Roberto
Gomes; O Caminho da Porta, de Machado de Assis; e A Morena de Caxambu, de Teixeira
Pinto.
O texto de Ibsen, Inimigo do Povo, deveria vir logo depois de Édipo Rei, assim “depois do
maior dos clássicos teríamos o maior dos modernos”. Isso só aconteceria a 6 de maio de 1994
quando Inimigo do Povo estreou no Teatro do IBEU-CE.
Com a inauguração do novo teatro do IBEU-CE o Balaio teve um crescimento espantoso. O
grupo, que tinha uma montagem anual com 16 apresentações, agora monta cinco peças por ano
com mais de 150 récitas. Seu público passou de pouco mais de mil espectadores para mais de
doze mil ao ano.
A primeira produção desta nova fase foi A Donzela Desprezada (1995), de Eduardo Campos. A
produção de peças de teatro infantil veio reforçar esta nova fase do Balaio, com direção de
Augusto Abreu. Chapeuzinho Vermelho (1995), venceu o Festival de Teatro da Fundação
Cultural de Fortaleza, conquistando muitos prêmios. A Revolta dos Brinquedos (1996), Os
Saltimbancos (1997), Maria Minhoca (1997), O Mágico de Oz (1998), foram outros sucessos.
Enfrentando as limitações do amadorismo e os preconceitos de uma cidade hostil às artes, o
Balaio construiu nestes anos de atividade uma tradição que lhe dá aval, credenciando-o como
grupo atuante, íntegro e de trabalho continuado.
Outros espetáculos se seguiram: Um Balaio Cheio de Riso (1996), na linha do humor; A
Bailarina, de Carlos Câmara (1996), marcando os vinte anos do grupo, espetáculo musical
consagrado pelo público; Causa Perdida (1997), de Marcelo Costa; O Badejo, de Arthur
Azevedo (1998); Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues (1998), completando o programa de
grandes autores do passado e do presente, clássicos e modernos. Seguiram-se, já em 1999, O
Santo Inquérito, de Dias Gomes; Coisas de Rei (1999), de Jorge Ritchie; e Cinderela (1999),
adaptação e direção de Quixadá Cavalcante.
Guardião das tradições do teatro cearense, o Balaio, sem medo de reconhecer o talento dos
outros, criou o Troféu Carlos Câmara e Os Destaques do Ano, com honestidade e critério.
Personalidades como Nadir Saboya, Aderbal Freire–Filho, Haroldo Serra, Hugo Bianchi, e
muitas outras já foram agraciadas. O Balaio é um grupo de fato e não uma sigla vazia. Tem um
compromisso cultural que vai além da montagem de espetáculos. A escolha do repertório
obedece a critérios, não é ao sabor do momento nem ao gosto pessoal (embora ele interfira). O
repertório do Balaio é independente de modismos, da vanguarda sem embasamento acadêmico e
teórico anterior, do exibicionismo, do circunstancial e passageiro.
Classificado por alguns como grupo de resistência, o Balaio prossegue lutando por um teatro
cearense, um teatro de autor, um teatro que procura ser original a partir da escolha do texto, da
concepção de um design da produção, logicamente enfrentando as contingências do amadorismo
e de uma cidade hostil às artes, o teatro em particular. Todos estes anos de atividades não
representam uma carga, mas uma tradição, um aval que credencia o Grupo Balaio como atuante,
íntegro e de trabalho contínuo, procurando ser um grupo de verdade.
A luta do Balaio, como também de outros grupos, é contra o colonialismo cultural interno,
contra o preconceito de que teatro amador não presta e contra a acomodação e o provincianismo
que só atrapalham. Nestes anos todos o Grupo Balaio merece mais que aplausos, merece um
crédito de confiança. É a certeza de que muita coisa ainda virá.

Assuntos como topicos a serem conhecidos:


Teatro Expressionista>
O teatro expressionista vem opondo-se à reprodução autêntica da realidade, característica esta
própria do naturalismo, de forma a renunciar a imitação do mundo exterior e concentrando-se
em refletir a essência das coisas através de uma visão subjetiva e idealizada do ser humano. A
expressividade é apresentada da forma mais forte possível, de modo a atingir diretamente o
público, fazendo de cada elemento presenta na cena, tal como o ator, luz, cenário e música,
elementos que causam impacto, agindo como portador do rugido da alma, sendo esta a cerne do
expressionismo que também se concretizou em todas as artes tais como no cinema, literatura,
artes plásticas, dança, fotografia e arquitetura.
O expressionismo em si surgiu no início do século XX na Alemanha, mostrando assim uma
explosão descontrolada da subjetividade especialmente em um momento em que a política
pouco se importava com os valores humanos. Por isso este movimento de vanguarda teve
grande importância na realização de denúncias sociais.
O atraente do teatro expressionista é que os personagens mudam de identidade, também
podendo assumir o papel de coisas e vice-e-versa, além do fato de dramatizar o que não é real
de modo a distorcer a realidade objetiva. É comum em algumas peças a realização de
sobreposições de gravações na narrativa, em um processo quase cinematográfico, para poder
expor o que está pensando o personagem. O expressionismo possui uma forte filiação ao
Romantismo, ocorrendo no teatro fortes tendências de extremo exagero, a deformação de
figuras e a busca pela expressão dos sentimentos e emoções do autor de forma que é exprimida
a essência do drama através da ação antinaturalista.
Surge como uma reação forte contra o realismo e o naturalismo versus as aparências da
realidade material, onde todo o conteúdo se mostra de forma desembaraçada para que possa ser
colocada para o público a verdadeira essência do drama. Utiliza-se de muitos símbolos de forma
a ser marcante pelas cores, objetos, maquiagem dos atores fazendo com que o espectador não
capte o lugar da ação, mas sim o que está acontecendo na realidade profunda da trama.
Por isso os recursos dramáticos são utilizados com demasia para enfatizar a evolução
psicológica do personagem, que é mais do que um elemento cênico, mas portador de ideais de
libertação de modo a exprimir ideologias que visam transformar a sociedade. A expressão é
mais do que um detalhe e um exagero no teatro expressionista. É a sua essência de maneira ética
e filosófica, sendo a melhor maneira para tratar dos assuntos mais sérios da sociedade através do
teatro, onde o íntimo dos personagens são explorados e colocados em cena de forma muito
intensa.

Podemos nesse segundo Modulo falar de Dramaturgia!

Percebe-se que com o conjunto de informações que hoje temos em todas as mais diversas áreas.
A criatividade tem se distanciando do ser humano porque ele está cada vez mais tecnológico e
menos sensivel!
Um autor de teatro nao precisa ter técnica alguma. Ou mesmo ele pode adquiri-la com o passar
dos anos, ou com a prática dos exercicio. O objetivo do autor de teatro é escrever. E quando ele
tem sua mente confusa, ele pode colocar sua obra a perder-se, caso na desordem ele nao
encontre a ordem.
É comum um autor dizer: - Irei escrewer uma peça para cinco atores. o nome deles serão joao,
joaquim, raimunda. margarida e ambrosia. São tias e sobrinhos que moram na mesma casa.
Uma tia é assim, um sobrinho é assim. Até que um dia naquela casa acontecerá um roubo. E
todos serão suspeitos. E no final da trama, realmente todos são ladroes. Pois cada um roubou um
pouco do dinheiro que hawia no pacote. Entao Raimundo irá preso, joaquim irá fugir, raimunda
irá se suicidar, margarida irá se casar e ambrosia ficará sozinha na casa.
Nisso ai tem um roteiro. Ai dentro desse roteiro precisa se criar a seguencia de cenas,
obedecendo os pontos marcados. depois cria-se o dialogo.
Eu com 20 anos de pratica dramatúrgica, não sei trabalhar dessa forma. Isto é técnico. mas não
quer dizer que seja um trabalho excelente.
Como eu dramaturgo começo a escrever? Muitas vezes nao tenho nem o nome da personagem.
muitas vezes temo como referencia na peça apenas uma frase que eu quero dizer. Então começo
a cena, sem me importar e nem querer saber o que terei no final, nao me importo quantos
personagens irão entrar na trama, muito menos sei o que irá acontecer com eles. Eu nao obedeço
regras.
Mas depois a gente tem que entender que nem tudo que escrevemos é ouro e se a ideia não ficar
legal, a gente tem que repensar na cena. Quando escrevi minha peça chamada VÉU NEGRO. Eu
não tinha a menor ideia do que ela seria. Como iria começar ou mesmo terminar.
veja este exemplo, esta frase percorria meu cérebro por uns tres ou mais dias: -
-Estou morta! Sociedade cuspo e defeco!
Esta frase não saia da minha cabeça. Compreendi que eu tinha alguma coisa a escrever!
- Estou morta! Sociedade Cuspo e defeco!
Pela frase, foi determinante que a personagem era uma mulher porque ela dizia que estawa
morta. Entao sentei e comecei a datilografar o diálogo. O primeiro nome que veio a minha
memória dei a personagem.
Odete! E a escolha desse nome foi intuitivo. Mas um detalhe nao pode me fugir. Foi a
musicalidade do nome ja me falava sobre a personagem.
voce ja ouviu falar em sonoridade da palavra?
Pois bem, ODETE é um nome fechado. é um nome que se fecha musicalmente. tem uma
sonoridade escura. pois bem, dentro disso, o nome da personagem casa com a primeira frase.
Ambas sao fechadas. tem um quê de amagura. E asssim> o diálogo se inicia:
O personagem que viria depois eu não tenho a menor ideia de onde ele chegava, mas isso
também é um reflexo do universo. no dia a dia a gente nao sabe de onde as pessoas estão
chegando, para que que elas estão vindo.
Escrever pode ser isto também. Escrever é sentir as coisas!
De onde a gente tira uma peça de teatro? Onde estão os sentimentos? onde estão os pilares
daquela história que queremos construir?
Toda as informaçoes estão dentro de nós, mas precisamos saber organizar isto no papel. Eu
tenho muitas informaçoes sobre uma historia que eu escrever, mas será que todas as
informaçoes que eu tenho se fazem necessarias nessa peça de teatro que eu quero escrever? É ai
onde alguns autores inexperientes se perdem, e ficam confusos na hora de escreverseus
dialogos. Cada Coisa de uma vez, voce nao precisa escrever tudo agora. Outras peças irão surgir
mais na frente caso escrever seja seu foco.
Um autor tambem nao precisa ter pressa em escrever a história. Alguns dias, ele pode apenas
olhar para o texto, alguns dias pode apenas ter uma frase para acrescentar, e tem dias que ele
pode escrever dez laudas. E achar que elas ja estão prontas. Muitas cenas ja escrevemos com a
energia a flor da pele e nao precisamos mudar nada!

Como abordar numa peça e nela o assunto abordado nao parece preconceituoso?
vivemos uma epoca em que nem os diplomados sabem mais compreender a força de uma
metáfora! Na mentalidade deles a palavra é exatamente o que está escrito. Hoje nao temos mais
praticamente leitores de Machado de Assis.
Então sempre que um personagem esboçar preconceito sobre alguem ou alguma coisa ou
mesmo atitude, tem que durante a peça ter um personagem que se oponha a opiniao do outro
para haver o equilibrio, e assim o autor nao ser chamado de preconceituoso. O autor nao deve
nunca levantar bandeira de certas coisas quando a bandeira é pessoal. Por que ai ele corre serios
riscos.
o AUTOR deve lançar seus personagens no precipicio e depois resgata-las e fazer deles
personagens com atitudes polarizadas.

Exercício:
Texto para ser lido de uma forma poética e ritmica:
Aprendendo a viver - Herman Melville
Aprendi que se aprende errando
Que crescer não significa fazer aniversário.
Que o silêncio é a melhor resposta, quando se ouve uma bobagem.
Que trabalhar significa não só GANHAR DINHEIRO.
Que amigos a gente conquista mostrando o que somos.
Que os verdadeiros amigos sempre ficam com você até o fim.
Que a maldade se esconde atrás de uma bela face.
Que não se espera a felicidade chegar, mas se procura por ela
Que quando penso saber de tudo ainda não aprendi nada
Que a Natureza é a coisa mais bela na Vida.
Que amar significa se dar por inteiro
Que um só dia pode ser mais importante que muitos anos.
Que se pode conversar com estrelas
Que se pode confessar com a Lua
Que se pode viajar além do infinito
Que ouvir uma palavra de carinho faz bem à saúde.
Que dar um carinho também faz...
Que sonhar é preciso
Que se deve ser criança a vida toda
Que nosso ser é livre
Que Deus não proíbe nada em nome do amor.
Que o julgamento alheio não é importante
Que o que realmente importa é a Paz interior.
"Não podemos viver apenas para nós mesmos.
Mil fibras nos conectam com outras pessoas;
e por essas fibras nossas ações vão como causas
e voltam pra nós como efeitos."

Importante:
o ator no palco tem que gastar energia e entregar-se o maximo possivel. No geral é melhor que
o ator peque por excassez do que por ausência. Ai o diretor aos poucos irá o conduzindo para o
caminho adequado. O ATOR tem que entender o mecanismo vocal do som que ele emite. O que
é ritmo ? o que é atropelo vocal? quando o ator está interpretando ele tem que compreender o
caminho da atençao.

Exercício:
Texto para ser lido dialogando.
de Marillena S. Ribeiro.
A vida é o trem que passa Os sonhos são vagões O amor é o maquinista Somos nós, a estação!
Adquira seu bilhete, faça sua escolha O trem vai seguindo continuadamente Em cada vagão, o desejo
de sua mente ...há também tristezas, desilusões Com a passagem na mão, escolha! A viagem, se
longa não sabemos A bagagem é cada dia vivenciada Mudar o rumo, podemos Sem mesmo saber da
parada A estação nunca pode estar vazia Será sempre um passeio viver Se sentar na janela, aprecie
Tudo é passagem, algo pode reter Cada dia que passa é contagem regressiva Viaje como se cada
instante fosse único Cada olhar como se fosse o último Respire fundo, o caminho é longo Encontrará
adversidades ...tristezas ...saudades ...abismos ...retas ...curvas inúmeras serão as vezes que não
veremos o que há além da curva Mas o percurso seguirá sonhando A vida é uma viagem Somos
mutantes Somos passageiros Somos nuvens Somos fumaça Por não saber decifrar o mapa da vida
Algumas vezes nos perderemos no trajeto Mas, para quem sonha, nada é impossível nunca se perde,
sempre se encontra Escute, ouça, é o apito de mais uma partida Poderá estar partindo para novos
lugares sem roteiros sem destino sem poente ou nascente A direção é para a felicidade Conduzirá e
será conduzido O maquinista sempre atento na história, na vida De tudo que viver, uma coisa é certa:
Não se canse da viagem, prossiga Lute, grite, implore Mas não desista ...se cansar, acene, sorria O
maquinista não te deixará Não hesite, não tema Onde parar, um coração certamente o acalentará A
viagem prossegue ...e sabendo onde quer ir Vá seguro, você consegue Sabendo sempre que vai
valente... sua viagem será eternamente... no vagão de primeira classe.

Importante:
O ator que subir no palco e nao gastar força fisica e energia, ele geralmente nao fez nada no
palco. Quando o ator for interpretar quanto mais proximo da realidade e do dialogo ele
conseguir ir, mais real ele lhe parece em cena

No mundo todo, so a partir de 1960 foi que começou uma preocupação com a
Dramaturgia. Antes tudo era muito solto. muitos trabalho feitos na coletiwidade. Onde cada
ator muitas wezes trabalhawa a sua cena mesmo no improwiso e so depois é que ia para o
papel.
o grande problema do aspirante a autor é que ele acha que tudo que ele escrewe é ouro. e
quase sempre ele tem pena ou amor demais ao que escreweu e nao quer refazer sua
dramaturgia mesmo quando ela está comprometida.
e no entanto grandes obras e as mais importantes foram criadas nos dois ultimos seculos.

Ler é estimulante e essencial.


A leitura habitual e incessante provoca experiências místicas e rompe muros da
mediocridade e da ignorância, inspirando o espírito a avançar em direção da luz, da
sabedoria e do aprendizado ilimitado.
Um texto pode fazer-nos vivenciar épocas de guerras, tristezas e alegrias.
Nada desenvolve mais a capacidade verbal que a leitura de livros, que até nos ajudam a
sonhar e a pensar com mais nitidez.
Enfim, a boa leitura enriquece a alma e o espírito. (esse texto acima é de Jose Carlos Dutra)
Um artista, alias um ser humano tem que ter uma leitura apurada. Pois se nao houwer leitura nao
hawerá um bom dialogo. Leia, leia tudo. ate bula de remedio em woz alta

por Antonio Prata


RECEITA. Fazer um texto não é difícil. Como tudo na vida, basta que sigamos um método.
Depois de muitos estudos sobre o assunto, tendo consultado desde os mais ancestrais
pergaminhos ciganos da Checoslováquia até as últimas pesquisas científicas norte-americanas,
juntei conhecimento suficiente para produzir um pequeno tratado sobre o tema. Se o publico
aqui não é por vaidade ou capricho, mas porque acho que todo conhecimento deve ser
compartido. Dessa forma, tenho esperança, chegará o dia em que todo o saber humano poderá
ser reunido e centralizado em um único programa de computador, ou software — que é o termo
correto — e vendido a preços módicos nas bancas de jornal, postos de gasolina ou virão grátis
nas compras acima de 50 reais nos SUPERMERCADOS Mambo. Aí vai, portanto, a minha
modesta contribuição. Como escrever um texto. Assim como para fazer uma sopa é preciso,
antes de mais nada, escolher os ingredientes, para escrever um texto é necessário,
primeiramente, selecionar as palavras que vamos usar. Se para os ingredientes da sopa vamos ao
mercado, para encontrarmos as palavras recorremos ao dicionário. Algumas considerações
desnecessárias (porém interessantes). O dicionário é superior ao mercado em muitos aspectos.
Em primeiro lugar, porque no dicionário o preço das palavras não cresce a cada dia — como
ocorre com os legumes no mercado —, posto que todas são de graça. Ademais, os dicionários
podem ser guardados na estante da sala, o que seria impossível de se fazer com um mercado —
não por sua forma, muitas vezes retangular como os dicionários, mas devido ao tamanho (mais
provável seria guardar a estante da sala no mercado, mas isso seria inútil tendo em vista que
nosso objetivo não é dar cabo da estante e sim escrever um texto). Há uma diferença básica
entre os mercados e os dicionários: se nos primeiros os produtos entram novos e saem assim que
fiquem velhos, no segundo não se encontra um só artigo novo, pois ser velho é condição sine
qua non para estarem ali. Apesar das considerações anteriores, é impossível provar logicamente
a superioridade de um mercado sobre um dicionário ou vice-versa. Prova disso é que podemos
tanto encontrar dicionário em um bom mercado, como mercado em um bom dicionário. Assim
sendo, deixemos de lado essas comparações inúteis e voltemos ao tema em questão: como
escrever um texto. Agora sim, como escrever um texto, parte I: Ritmo. Tanto os pergaminhos
ciganos da Checoslováquia como os cientistas norte-americanos estão de acordo em um ponto:
um texto deve ter ritmo. Por isso, uma vez aberto o mercado, perdão, o dicionário, é importante
ter em mente que um bom escrito leva um número equivalente de palavras pequenas, médias e
grandes. Um método infalível na hora de separar as palavras é, sempre que escolhermos uma
curta, como chá, lua ou oi, buscarmos imediatamente uma comprida, como halterofilismo,
mononucleose ou antropomorficamente. Assim que você sentir que já tem em mãos um bom
número de palavras curtas e longas — isso depende do tamanho do texto que quiser escrever —,
parta para a busca de um número igual de palavras médias, tais como sudorese, abobado ou
alicate. Aconselha-se anotar essas palavras num papel, com lápis ou caneta, ou datilografá-las
num computador ou máquina de escrever, de acordo com as condições infra-estruturais de cada
um. (O texto final, no entanto, poderá ser escrito de muitas outras maneiras, como com sangue
nas paredes, com canivete num tronco de árvore ou com um arco de violoncelo nas areias de
Jericoacoara, dependendo não só das condições infra-estruturais como do efeito desejado. Isso
fica a cargo do autor.) Parte II: Etiqueta ou bom senso. Se para uma sopa de batatas precisamos
de muitas batatas e para uma sopa de beterraba muitas beterrabas, para um texto triste
precisamos de palavras tristes, para um texto audacioso de palavras audaciosas e para um texto
semi-erótico de palavras semi-eróticas. Se o autor tem em vista um texto fúnebre, por exemplo,
não cairão bem as palavras lantejoula ou meretrizes, assim como num convite de casamento
dificilmente se poderá usar a palavra excremento (apesar de, todo o apelo que a rima possa ter).
É sempre bom observar essa pequena, porém importante, formalidade da escrita. Parte III:
Pontuação. Nesta altura o futuro autor já tem consigo um bom número de palavras,
harmoniosamente divididas entre curtas, médias e longas, anotadas em alguma superfície de
celulose ou cristal líquido. Chegou a hora de condimentar essas palavras. Os pontos são no texto
o que os temperos são para a sopa, e é importante saber usá-los. Para cada cinco palavras, em
média, o autor deverá ter uma vírgula. Para cada dez, um ponto. Para cada 15, uma interrogação
e/ou uma exclamação. Algumas dicas: para um texto mais picante, acrescente muitas
exclamações. Nunca use muitas interrogações se o texto se destina a um grande público. Por
último, evite as crases, os tremas e o ponto-e-vírgula, pois são de sabor muito forte e devem ser
usados com parcimônia, assim como o gengibre ou o curry na culinária. Parte IV: Prosa e
poesia. Tendo os ingredientes e os temperos todos à frente, é chegado um momento muito
importante, a hora de se decidir que tipo de texto se quer escrever. Há somente dois, prosa e
poesia. É muito fácil diferenciar um do outro: os de poesia são fininhos e as frases se colocam
umas sob as outras, formando pequenos blocos. Ao final de cada um desses tijolinhos, pula-se
uma linha e começa-se um novo. Os textos de prosa são mais consistentes, e as linhas ocupam
toda a extensão da página, desde a margem esquerda até a direita. Se o autor é preguiçoso ou
está terrivelmente atrasado para algum compromisso, convém fazer uma poesia. Nesse caso,
vale a pena seguir alguns passos. 1 — Volte ao dicionário e busque algumas interjeições como
Oh! e Ah!. Não economize também nas reticências, exclamações e interrogações. São pequenos
detalhes, mas muito úteis. Mesmo a mais simples das frases, se antecipada por uma dessas
palavrinhas e seguida por esses pontos, ganhará um novo alento, uma vaguidão que facilmente
será confundida com profundidade, como você pode comprovar no exemplo a seguir: Antes:
Havia casas azuis. Depois: Oh! Havia casas... Azuis?! Caso o futuro autor disponha de mais
tempo e motivação, e deseje escrever um texto em prosa, não encontrará grandes dificuldades.
Basta pegar todas as palavras previamente selecionadas e dispô-las sobre a página. Não é
preciso lavá-las nem deixá-las de molho. Tente sempre mesclar as pequenas, médias e grandes.
Lembre-se de que os pontos, as exclamações e interrogações vão sempre ao final das frases, e os
acentos em cima das palavras. A cada seis ou sete linhas, termine uma frase no meio da folha e
comece outra embaixo, depois de um espaço. Isso se chama parágrafo. Os antigos pergaminhos
da Checoslováquia demonstram alguma preocupação quanto à importância do sentido e da
clareza em um texto. As últimas pesquisas norte-americanas, no entanto, provam que essas
questões são absolutamente irrelevantes. Uma rápida visita a uma biblioteca demonstrará que há
textos dos mais absurdos impressos por aí, e que nem a clareza nem o sentido são as
características que fazem deles clássicos ou novelinhas baratas, exemplares da Academia
Brasileira de Letras ou calço para mesas. Por último, cabe destacar que um texto, ao contrário
de uma sopa, não alimenta, não esquenta, nem pode ser servido com conchas. Assim como até
hoje não tive notícias de nenhuma ONG ou instituição beneficente que saia pelas madrugadas
frias distribuindo textos e cobertores para mendigos (embora não seja uma má idéia). Não
podemos deixar de mencionar que um texto resulta mais prático que uma sopa, pois pode ser
guardado na estante da sala e não precisa ser resfriado nem muito menos congelado. Apesar das
considerações anteriores, é impossível provar a superioridade de um texto sobre uma sopa ou
vice-versa. Mesmo porque, é possível encontrar tanto letras em boas sopas, quanto sopas nas
boas letras. Assim sendo, vamos ficando por aqui. Afinal, os textos e as sopas, os mercados e os
dicionários, as palavras grandes, os ingredientes, eu, você, os cientistas norte-americanos e os
pergaminhos da Checoslováquia nos assemelhamos numa única coisa: todos, em algum
momento, chegamos ao fim.

O ator em busca de seu ritmo.


1. O que é o ritmo?
“Um movimento não tem nenhuma forma nem vida se não tiver ritmo, e aqui tocamos no
aspecto maior do movimento. Podemos decompor um ritmo, medi-lo, aumentar ou diminuir sua
velocidade. Sabemos que ele é de essência orgânica, que é feito de impulsos e de quedas, de
relações de tempos fortes e de tempos fracos, mas ele nos escapa em sua essência quando
queremos penetrá-lo, como nos escapa o mistério da vida. Ele é a vida. (...) Assim, cercamos o
ritmo através de óticas diferentes, sem jamais abarcá-lo.” (Lecoq, O movimento com M
maiúsculo)

Dentre vários sistemas e métodos de análise de movimento, encontramos com muita freqüência
os termos ritmo, variação de ritmo, alternância de ritmos, e vários outros relacionados a ele.
Mas o que significa exatamente buscar as variações de ritmos no trabalho de um ator? Como um
ator poderia acessar este recurso para tornar seu trabalho mais interessante, ou aplicá-lo à
construção de um personagem, ou ao menos a uma ação específica dentro de um conjunto?
O ritmo comumente é visto em relação ao todo da obra.[1] É muito comum, na saída de um
espetáculo, escutarmos algo como: “A peça era muito lenta”, ou “A peça tinha problemas de
ritmo”, mas dificilmente essa análise é colocada diretamente sobre o agente da obra: o ator.
Ninguém diz: “A peça estava interessante, mas o ator x não estava no seu ritmo”. E, no entanto
o ator é um dos grandes elementos que dinamizam ou não um acontecimento teatral.

Para entrar nesse assunto, gostaria de evocar a definição deste elemento tão importante: O que é
ritmo? Segundo o dicionário da língua portuguesa, ritmo é o “movimento regular e periódico
durante um processo; cadência. Aspecto musical referente à organização do tempo.” (Houwaiss)

1. APOSTILA
PARA TEATRO E DICÇÃO
ORGANIZAÇÃO:
ANTONIO MARCELO
COLABORAÇÃO
ELDINE ABREU
LUA SILVA
OS 10 MANDAMENTOS DO ATOR
Diretos autorais: Grupo Balaio
1. Honrar compromissos e horários, evitando eventuais atrasos e falta. E avisar com antecedência
quando for necessário.
2. Executar da melhor forma possível seus papéis, dignificando seus personagens, independente de
sua importância e destaque dentro do espetáculo.
3. Evitar conversas paralelas durante ensaios e reuniões. Não pautar assuntos, nem menosprezar nem
exaltar pessoas por preferências religiosas, políticas e sexuais.
4. Buscar sempre informações e estar se atualizando sobre os eventos culturais e teatrais. Com
também, nunca manifestar opiniões desfavoráveis a outros colegas de profissão em lugares públicos.
5. Durante ensaios não manifestar opiniões sobre a interpretação dos colegas, sem ser convidado,
para não causar nenhum atrito com os mesmos. E quando opinar, fazer isto com simplicidade e ser
objetivo.
6. Não assumir compromissos com diversos diretores para que não haja choque de ensaios, e assim
nenhuma montagem ser prejudicada.
7. Não propagar assuntos e questões pessoais como um todo para colegas em ensaios, e ou em outros
lugares onde isso não tenha importância, evitando assim possíveis fofocas.
8. Estar sempre se reciclando, se exercitando e exercendo trabalhos teatrais.
9. Contribuir com o grupo, independente de estar atuando ou não.
10. Ser sempre simpático com o público em geral, não demonstrar falta de interesse quando o
mesmo vier manifestar suas opiniões sobre nossos espetáculos. Promovendo assim a ética em nosso
meio teatral.
2 APOSTILA TEATRO Antonio Marcelo@ Direitos
HISTÓRIA
Teatro – É uma manifestação artística presente na cultura de muitos povos. Surgiu com o
homem, ou seja, da necessidade dele se comunicar. Ele está presente nos gestos, nas atitudes e
na vivência do ser humano; e também de todos os seres vivos. Teatro são códigos, são métodos
e meios de comunicação. O Teatro veio ao longo dos anos causando transformações sociais e
psicológicas na vida das pessoas. É então, o teatro um agente modificador dos hábitos de uma
sociedade.
A palavra teatro significa um gênero de arte e também uma casa, ou edifício, em que são
representados vários tipos de espetáculos. Ela provém da forma grega treatron, derivada do
verbo “ver” (theaomai) e do substantivo “vista” (thea), no sentindo de panorama”. Do grego
passou para o latim com a forma de theatrum e, através do latim, para outras línguas, inclusive a
nossa.
O teatro se desenvolveu paralelamente no ocidente e no oriente. Alguns livros e escritos sobre
essa manifestação, afirmam que o teatro é uma invenção grega, espalhada pelo resto do mundo.
Mas antes mesmo do florescimento do teatro grego, essa manifestação já era presente na
civilização egípcia. Os Egípcios tinham em suas manifestações dramáticas uma das expressões
de sua cultura. Essas representações tiveram origem religiosa, sendo destinada a exaltar as
principais divindades da mitologia egípcia, principalmente Osíris e Ísis. Três mil anos antes de
Cristo já existiam tais representações teatrais. E foi do Egito que ela passou para a Grécia, onde
teve um florescimento admirável, graças à genialidade dos dramaturgos gregos. Para o mundo
ocidental, a Grécia é considerada o berço do teatro, ainda que a precedência seja do Egito.
Mas no continente asiático o teatro também existia, com outras características, que ainda hoje o
singularizam. Na China, por exemplo, o teatro foi estabelecido durante a dinastia Hsia, que se
prolongou do ano 2205 ao ano 1766 antes da era cristã. Por tanto, o teatro chinês é o segundo,
cronoligicamente, antes mesmo do teatro grego. Como no Egito, surgiu também com
características rituais. Mas, além das celebrações de caráter religioso, passaram também a ser
evocados os êxitos militares e outros acontecimentos. Assim, as procissões e danças foram
cedendo lugar à forma dramática. A Índia começou a desenvolver seus teatro cinco séculos
antes da era cristã, depois do aparecimento de seus poemas épicos Mahabharata e Ramayana,
que são as grandes fontes de inspiração dos primeiros dramaturgos indianos. Países tão distantes
como a Coréia e o Japão, mesmo sem contatos com o mundo ocidental, desenvolveram a seu
modo formas próprias de teatro – a Coréia ainda antes da era cristã e o Japão durante a Idade
Média ( o primeiro dramaturgo japonês, o sacerdote Kwanamy Kiyotsugu, viveu entre os anos
de 1333 e 1384 da era cristã).
Podemos ver que o teatro esteve e está sempre presente na vida do homem. Alguns exercendo
de uma forma consciente e outros de uma forma natural. O homem se comunica através de
códigos, e assim exerce um teatro que precisa ser reconhecido por ele mesmo. A exemplo,
crianças quando brincam de casinha, ou qualquer outra brincadeira, na verdade, está fazendo
teatro.

3 INTERPRETAÇÃO
O ator é um ser que traz junto de si diversas emoções. Ele tem experiência de vida

TÉCNICA VOCAL E DICÇÃO


1. Exercícios...
Descubra e conheça a sua respiração...
Podemos identificar o estado emocional de uma pessoa pela forma que ela respira.
Perceba a sua respiração...
Inspire e expire
Inspirar – jogar o ar para o diafragma. Sempre pelo nariz.
Expirar – expulsar o ar... de preferência pela boca.
Pegue o ar... faça uma pausa. Depois o solte.
Passo a passo.
Seque o diafragma... depois pegue o ar... até perceber que ele está cheio. Mas não encher o
diafragma de uma única vez... pegue camadas de ar... cinco camadas.
Ou seja – Inspire. Faça uma pausa. Inspire novamente até completar cinco pausas e você perceber
que ele está cheio.
Depois solte o ar.. lentamente... em dez camadas.
Se você tiver alguma dificuldade nesse exercício... comece com menos camadas, duas. Lembrando
que o número de pausa para expirar é sempre o dobro da inspiração. Ou vice versa.
Faça uma série de oito.
Após isso solte o ar como se tivesse secando uma bola ou um pneu de um carro... fazendo um leve
barulho ao expulsar o ar.
Repete o mesmo exercício...
RESPIRAÇÃO E EMOÇÃO
Inspire e expire com sentimentos... lembre-se que através da respiração conseguimos identificar o
estado emocional de uma pessoa.
- Naquela discussão horrorosa que Edie teve com Emília... por que ele respirava profundamente...
que todos conseguiam ver as costelas dele subirem quando ele inspirava?
- E Emília por que estava com a voz trêmula e falava para dentro?

O ator tem que pensar em que tipo de personagem ele está interpretando,
o que o personagem faz? como ele anda?
como ele faz? como ele escuta o outro.?
o que o olhar dele expressa?
qual o comportamento dele?
o que tem do meu dia a dia nele?
onde buscar interpretaçao para o que estou querendo fazer?
traços psicologicos do personagem
traços sociais do personagens
traços fisicos do personagem,
tudo isso pode me ajudar ou nao a ser diferente do meu personagem.
ele é agil ? lento? que caminho percorrer na hora de interpretar.
eu passo werdade no que estou dizendo? será que eu estou sentindo o que estou dizendo?
o que é que o diretor quer de mim?
o que é a atmosfera da peça? ele tem um ritmo alegre? lento?
onde construir a pirâmide teatral?
quais os momentos mais densos da peça?
quais os momentos mais lewes do espetáculo?
qual o momento da exposiçao da peça?
qual o momento em que as coisas começam a se complicar?
qual o momento do climax da peça?
qual o momento e que tipo de interpretaçao eu dewo ter na fase de conclusão da peça?

5 ESPAÇO: PESSOAL, PARCIAL E GLOBAL


Em primeiro plano o espaço é um todo. Mas há um todo que se divide em espaço global, total e
indefinido.
Espaço Global
É aquele que queremos atingir. É todo o espaço que conseguimos atingir no universo.
Espaço Parcial
É aquele ocupado pelo corpo sem se deslocar. Podemos ser máximo, se estamos de braços e
pernas distendidos, e mínimo se estamos de braços e pernas junto ao corpo.
Espaço Pessoal
É o espaço ocupado por nós, da pele para dentro... e é um espaço único juntando todas as
sensações que são nossas.
OS SENTIDOS
Precisamos ter um controle e conhecimento geral de nossos sentidos, são eles que ajudam a
memória. Para isso necessitamos de exercícios que nos darão uma sensibilidade afetiva e
emotiva maior.
Olfato 1.
O que é o olfato? para que serve? Vamos recorrer a nossa as nossas lembranças através do
cheiro.
- Você lembra daquele sabor de chocolate mofado?
- O cheiro de terra molhada... você lembra do banho de chuva na casinha da fazenda?
- O perfume que o seu tio mais velho lembra alguém?
- Aquele cheiro de carne torrada que você sentiu na cozinha da casa de sua avò?
Audição 2.
Todos os nossos sentidos se tornam decisivos quando precisamos lembrar de fatos que trazemos
arquivados em nossas vidas... não existe um mais importante do que o outro. O que ocorre
muitas vezes é que um fato foi determinante por um motivo especifico.
- O ronco do motor do carro que passa na rua, pode lembrar o que?
- Você lembra do estouro de um balão que lhe assustou no aniversario de sua prima Judite?
- O grito de crianças na pracinha em frente a igreja é capaz de promover emoções diversas
recorra a isso, e tente lembrar um tempo distante.
- Aquele palavra de amor que você ouviu, como foi mesmo que ela foi dita? Como era o tom da
voz? Romântica? Fria? Irreal demais para parecer a verdade que estava sendo dita?
Tato 3.
Digamos que naquela tarde, a coisa mais importante foi o contato com o corpo... por exemplo: a
água era fria, e meu corpo sentiu o choque ao entrar de uma forma brusca ou lenta.
- Aquele aperto de mão me disse o que?
- Dois corpos suados e cheirosos podem despertar o que em mim? Um sorriso? Um lágrima?
Ódio? Saudade?
- Como foi aquela sensação quando eu bati a minha perna na quina do portão?
- O meu corpo exposto ao sol? Me traz alguma música? Algum fato?
Paladar 4.
O paladar é o sentido que mais provoca a memória, e também o que mais nos impulsiona a
comer sempre as mesmas coisas.
- Uma tarde na praia de Iracema, eu e Isabelle tomamos sorvete de nata goiaba. Em São Paulo,
passeando pela avenida Paulista, tomei o mesmo sorvete, e lembrei da blusa verde clara que a
Isabelle vestia.
- Ao entrar no apartamento de João Mário, senti o cheiro de doce de mamão, e lembrei que o
ultimo doce que comi estava azedo.
- O café amargo que dona Terezinha lhe ofereceu, levou você a pensar naquela viagem que você
fez, e estranhou o café da cozinheira da casa de sua tia hemengarda.
- Aquele beijou que Ana Julia deu em você, lembrou o beijo de Patrícia? Naquele momento
você pensava em quem? Por que isso agora? Você é capaz de responder? Você ainda a ama?
Visão 5.
A nossa visão muitas vezes não manda para o cérebro tudo aquilo que vemos. Por que? Não
podemos esquecer que nosso corpo todo é um conjunto. E que um elemento precisa do outro.
Assim como as pessoas, na vida, ninguém pode viver sozinho.
- Naquela madrugada, eu estive com Marli, mas impressionante não consigo lembrar a cor de
sua blusa.
- Eu me hospedei naquele hotel. A cor do piso? Como era o detalhe na torneira? Qual era o
desenho que havia no tapete? Você não consegue lembrar? Mas se você fosse lá novamente, e o
tapete persiano tivesse mais ao lado da cama com certeza você iria sentir falta dele.
- Você achou alguém lindo... uma pessoa que você só viu uma vez... como era a boca dessa
pessoa? Os dentes? A sobrancelha era tirada? Você observou aquele sinal mínimo logo abaixo
do olho esquerdo?
OBS... a atenção é primordial para a riqueza de detalhe que você precisa ter em todos os
momentos de sua vida. Então observe tudo e a todos, e lembre-se que você também sempre é
observado. Há em torno de nós sempre um terceiro olho.

Importante:
Nenhum grupo no inicio de sua fundação tem noçao do que ele possa ser no futuro. se um
grupo de resistência e persistência ou se um grupo que começa e por falta de esforço pára,
quebra, na ausência dos sacerdotes que abraçam suas causas com fé.
Nenhum grupo chega ao sucesso impunenente. Sempre o sucesso é resultado do esforço. So o
ator barato e mediocre é que fica contente e relapso quando recebe um elogio. O bom ator com
dedicaçao quando recebe um elogio, na proxima vez que ele retorna ao palco ele precisa com
sua disciplina e responsabilidade se fazer merecedor do elogio que recebeu anteriormente.
o ator mediocre quando recebe um elogio ele nunca mais se esforça para nada. ai é onde
começa a derrota dele. O bom ator escuta que esteve bom em cena e isso dá pra ele a
responsabilidade de se fazer bom realmente nas sessoes seguinte, em um quadro evolutivo.

aula 6
Detalhando a quarta fase
"QUARTA FASE
De 1970 a 1995 temos a Quarta fase, caracterizada pela atuação da Federação de Teatro, o
Grupo Grita, Grupo Balaio, a inauguração de novos Teatros, como o do IBEU-CE Centro e
Teatro Carlos Câmara, Arena Aldeota, IBEU Aldeota e eventos como o Troféu Carlos Câmara.
Daí em diante será melhor classificar como Atualidade.
Mas a euforia é de um teatro que está sempre sendo refundado. Mudem-se os nomes, os fatos
são os mesmos. Como somos passageiros.
“Inauguração de uma biblioteca especializada, verba para o começo da reforma do Theatro José
de Alencar, montagem da peça Morro do Ouro, promessa para a melhoria do Curso de Arte
Dramática e anúncio de um festival de teatro de arena marcaram o último fim de semana em
Fortaleza.
“Enquanto um repórter me perguntava se o teatro está morto, eu podia testemunhar o interesse
crescente por ele: foi o governador do Ceará, César Cals de Oliveira, quem inaugurou a
Biblioteca Carlos Câmara e entregou um cheque de 50 mil cruzeiros ao diretor do Theatro José
de Alencar, Haroldo Serra, para que iniciasse a reforma.
“Diante de tantos episódios animadores, seria impossível ficar insensível à vitalidade do teatro
no Ceará. ( Sábato Magaldi, O Crescente Interesse do Ceará pelo Teatro, (O Estado de São
Paulo, 30 de agosto. 1972).
Os exemplos são inumeráveis. Há um padre Anchieta em cada esquina. São somente pequenas
amostras das retomadas, das fundações, de um teatro que só escapará se a cidade o
profissionalizar. Ou, pelo menos, deixar de lado o amadorismo de picuinhas, da crítica invejosa
como exercício de vingança, do marketing das meias verdades. De achar que teatro é
campeonato de futebol que tem que haver um campeão. A segunda divisão me convém. Quero
ter o direito de exercer minha mediocridade. Tenho o mérito da longevidade. Sou indigesto.
Esta fase sofre de um terrível preconceito. É preciso acabar com a lenga-lenga de que no
passado era sempre melhor. Havia mais público, é verdade, mas foi nesta fase que o teatro
cearense (Comédia Cearense) ganhou duas vezes o Festival de São José do Rio Preto . E duas
vezes no júri popular (CAD e Comédia) . Participou do Mambembão (Brasília, Rio, São Paulo).
Novos teatros foram inaugurados, Teatro do SESI; Teatro da Emcetur, a partir de 1981, atual
Carlos Câmara; Teatro do IBEU Centro; Teatro Rachel de Queiroz, em Crato; Teatro Arena
Aldeota; e Teatro do IBEU Aldeota. Deu-se a criação do Museu Cearense de Teatro, (hoje
Centro de Pesquisa), por Ricardo Guilherme.
Importantes grupos como Cooperativa de Teatro e Artes, Grupo Independente de Teatro
Amador, Grupo de Teatro do SESI, Grupo Cancela, Grupo Balaio, Grupo Pesquisa, estiveram
em atuação nos Anos 70. Na mesma década dá-se a Fundação da Federação Estadual de Teatro
Amador - FESTA-CE.
A Cooperativa de Teatro e Artes montou O Romance do Pavão Mysterioso, com louvores
unânimes da crítica, Orixás do Ceará, de Gilmar de Carvalho, proposta ousada, sendo que para
Yan Michalski (Jornal do Brasil) o espetáculo teve "momentos de belo rendimento visual, e
explora uma temática fascinante". E mais Cancão de Fogo, tendo o grupo continuidade em seu
herdeiro, o Grupo Balaio.
O Grupo Independente de Teatro Amador, liderado por José Carlos Matos, produziu Vida e
Morte Severina, O Evangelho Segundo Zebedeu, No Reino da Luminura, dentre muitas outras.
O Grupo Balaio apresentou Castro Alves Pede Passagem, de Guarnieri, Prêmio SNT Melhores
do Ano: Corações Guerreiros, de Marcelo Costa, premiada no III Concurso Universitário de
peças teatrais do SNT.
A Comédia Cearense montou O Demônio Familiar; Caravanas de Cultura; o Centro de
Convenções foi inaugurado, a reforma do Theatro José de Alencar, de César Cals.
Outros espetáculos se destacam, a exemplo de Gimba, pelo Grupo Cancela, Viva a Nau
Catarineta, e A Incelença, ambas pelo Grupo de Teatro do SESI.
Os Anos 80 se destacam pela inauguração do Teatro Arena Aldeota, do Colégio Christus
(1988), criação do Troféu Carlos Câmara, e Destaques do Ano, pelo Grupo Balaio, que também
montou espetáculos como Adolpho em Prosa e Verso, Latin Lover, Vice & Versa, Noite de
Glória, Leste Oeste Side Story, e Salomé, de Oscar Wilde.
Já o Grupo Pesquisa, com Apareceu a Margarida, de Roberto Athayde, com direção e
interpretação de Ricardo Guilherme, apresenta-se na França, Portugal, Alemanha, Itália,
América Central e grandes cidades brasileiras.
A Comédia Cearense volta com A Valsa Proibida, o grande sucesso de A Mente Capta e a
programação de teatro infantil permanente.
O Curso de Arte Dramática mostra Parentes entre Parêntesis, pelos alunos do Curso de Arte
Dramática, com direção de João Falcão. Primeiro lugar no júri popular do Festival de São José
do Rio Preto.
Outros espetáculos da década: Blue Jeans, direção de Francisco Falcão: Fortaleza de Cabo a
Rabo, de Gugu Olimecha, pelo Teatro Experimental de Cultura. Bodas de Sangue, de Garcia
Lorca, produção de Quintela Almeida, com nova geração de atores; Não Verás País Nenhum,
adaptação do livro de Ignácio de Loyola Brandão, pelo Grupo de Teatro Livre e Grutac; Do
Amor Encarcerado ou A Paixão de Oscar Wilde, espetáculo dirigido por Bruno Correia Lima.
O Theatro José de Alencar teve a importante reforma de 1991. A inauguração do Teatro do
IBEU - Aldeota abriu novo espaço devidamente equipado, já nos Anos 90.
O Curso de Arte Dramática apresentou espetáculos de formação de turmas entre os quais se
destacou Geração Trianon.
O teatro passa a ter presença nas escolas, despontando os grupos Aprendizes de Dionisyos, da
Escala Técnica Federal do Ceará, que lançou novos talentos em Auto da Compadecida, e o
Grupo Mirante, da Unifor, sempre atuante, além de outros grupos nos colégios Christus,
Cearense, Farias Brito, etc.
O Grupo Balaio continuou sua trajetória com Édipo Rei, de Sófocles; Um Inimigo do Povo, A
Donzela Desprezada, resgate do texto de Eduardo Campos, inédito por 30 anos, e Chapeuzinho
Vermelho, entre outras. O Teatro Radical Brasileiro, liderado por Ricardo Guilherme, destacou-
se com Flor de Obsessão. Espetáculo de muito prestigio entre os intelectuais foi Matança de
Porco.

aula 5
Detalhando a terceira fase
" TERCEIRA FASE
A este primeiro Teatro Universitário seguiram-se os grupos: Teatro-Escola do Ceará, de Nadir
Sabóia, reunindo uma elite social em peças como A Importância de Ser Severo, A Moreninha,
Os Deserdados, A Via Sacra, e outras; viajaram para muitos fes-tivais, montaram peças de
grande sucesso e tinham no elenco atores como José Maria Lima e Fernanda Quinderé; e o
Teatro Experimental de Arte, de jovens da classe média, fundado por Marcus Miranda, B. de
Paiva, Hugo Bianchi e Haroldo Serra. Destacaram-se as produções de O Morro dos Ventos
Uivantes, Lampião, de Rachel de Queiroz, e Mortos em Sepultura, de Sartre. Os atores Emiliano
Queiroz e Aderbal Júnior (depois Aderbal Freire–Filho) começaram no Teatro Experimental de
Arte, que tinha ainda, além dos fundadores e os já citados, a atriz Glyce Sales e José Humberto
Cavalcante.
Lampião, de Rachel de Queiroz, foi um dos grandes feitos dos rapazes do Teatro Experimental,
antecipando-se ao Teatro Duse e à Companhia Dramática Nacional que, no Rio, disputavam o
direito de encenar o texto. Rachel optou pelo grupo do Ceará. Lampião teve estréia nacional
pelo Teatro Experimental de Arte.
Na década de 60 o teatro cearense volta a reviver seus grandes dias, como na década de 20. Uma
conjunção de fatores favoráveis contribuiu para isso. Martins Filho, Reitor da Universidade
Federal do Ceará queria implantar o que viu nos Estados Unidos e criou o Curso de Arte
Dramática (1960) e o Teatro Universitário. Traz para dirigi-lo, o cearense B. de Paiva, radicado
no Rio, e este contribui com sua experiência e talento. O governador, Parsifal Barroso, homem
ligado às letras e de sensibilidade, dá igual apoio criando convênio com a Comédia Cearense.
Por fim, surge a televisão no Ceará - TV Ceará Canal 2 (1960) - que divulga e promove os
artistas da terra, em novelas e programas ao vivo. A década de 60 também colheu os frutos da
década anterior, quando amadureceram o talento de jovens que se iniciaram no teatro dos anos
cin-qüenta: Hugo Bianchi, Marcus Miranda, Haroldo Serra e B. de Paiva.
O CAD e o Teatro Universitário (grupo, que congregava alunos e professores nas
representações teatrais) viria a criar uma nova mentalidade cênica, uma nova ge-ração de atores
cujos nomes exponenciais foram Gracinha Soares, Edilson Soares, José Humberto Cavalcante,
José Maria Lima, João Falcão, Teresa Bithencourt, Hiramisa Serra, Lourdinha Martins, Aderbal
Júnior (Aderbal Freire–Filho) e, numa outra ge-ração, Martha Vasconcelos, José Carlos Matos,
Erotilde Honório, João Antônio Campos, Antonieta Noronha, Walden Luiz e Marcelo Costa.
Retomemos o ponto inicial. O teatro cearense é mais uma vez fundado, no dizer de B. de Paiva:
“De repente olhamos para trás e vimos o que foi feito e compreendemos que o nosso sonho se
fez gesto e palavra, e sentimos que não sonhamos sozinhos, que outros sonhos se fizeram
irmãos e que nossas vontades criaram o teatro do Ceará (do programa de A Raposa e as Uvas,
1962).
Entre as grandes montagens do Teatro Universitário estão: Auto da Compade-cida, A Raposa e
as Uvas, Antígona, Bodas de Sangue, Macbeth, e a dramatização dos poemas Lamento pela
Morte de Inácio, de Garcia Lorca, Cancioneiro de Lampião e Rosário, Rifles e Punhal, de
Nertan Macedo.
Em 1967 o Teatro Universitário realizou um dos seus espetáculos mais famosos, Bodas de
Sangue, de Garcia Lorca (15 de Abril de 1967). O espetáculo foi assistido pelo crítico Van Jafa,
do Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, que o classificou em 5º lugar na relação dos melhores
do ano em sua coluna, figurando ao lado de espetáculos como Édipo Rei, com Paulo Autran, e
O Rei da Vela, do Teatro Oficina.
A Comédia Cearense, grupo fundado por Haroldo Serra, nasceu em 1957, com a peça Lady
Goodiva. É um grupo que rivaliza em importância com o Grêmio Dramático Familiar. Se o
Grêmio teve Carlos Câmara como seu dramaturgo, a Comédia teve Eduardo Campos. A partir
daí as peças já não eram apresentada uma ou duas vezes, nos finais de semana, somente para
familiares ou casas vendidas. Ficavam em temporadas mínimas de duas semanas, de terça a
domingo, o que para Fortaleza era muita coisa.
A Comédia, com a associação de Haroldo Serra e B. de Paiva, produziu grandes espetáculos e
teve tempos gloriosos. Marcaram época os sucessos com mais de cem récitas de O Morro do
Ouro (1963) e Rosa do Lagamar (1964). Quase todas as produções da Comédia Cearense foram
sucesso. O Pagador de Promessas, Médico á Força, Lady Goodiva, Amor a Oito Mãos, A
Ratoeira, Eles Não Usam Black-Tie, Beijo no Asfalto, Cancão Dentro do Pão, A Valsa Proibida,
Casamento da Peraldiana, e outras, como O Simpático Jeremias. Haroldo e Hiramisa Serra, à
frente da Comédia, deram grande contribuição ao teatro cearense. Venceram festivais e criaram
o Teatro Arena Aldeota.
O grande sucesso da Comédia Cearense, A Valsa Proibida, de Silvano Serra (libreto) e Paurillo
Barroso (músicas), seria um caso à parte, não pertencesse a uma década de grandes sucessos.
Marciano Lopes comentou:
"Nunca antes o imponente casarão da Praça José de Alencar vibrara tanto, nunca antes tantas
luzes emanaram de seu vestuto palco, inundando a platéia, subindo para as galerias e esvaindo-
se pelas janelas e portas (...) Parecia ina-creditável, porém foi um espetáculo cearense, escrito
por cearenses, montado por um elenco cearense, com cenários e figurinos e iluminação de
artistas e técnicos cearenses, que conseguiram transformar o Theatro José de Alencar naquele
fa-buloso palácio de conto de fadas, durante mais de três meses, a partir de 21 de abril de 1965.
A Valsa Proibida ficou nos anais da história das artes cearenses como uma de suas páginas mais
brilhantes, o troféu que o nosso povo deu ao in-signe musicista Paurillo Barroso, uma das
glórias do mundo artístico de nossa querida província (...) em suma A Valsa Proibida foi uma
apoteose de luzes e cores, sons e movimento".
Ainda na década de 60 merecem citação os grupos: Teatro Novo, de Marcus Miranda, Aderbal
Júnior (Aderbal Freire–Filho) e Maria Luiza, que encenaram, entre ou-tras, a peça de Ilclemar
Nunes Soninha Toda Pura; o Grupo Cactos teve Canga e Crença Meu Padim, do jovem talento
de Leão Júnior; A CASA (Associação de Cultura e Atividades Sociais e Artísticas), que
apresentou Glauce Rocha numa montagem cearense; o Teatro Cearense de Cultura, de
Francisco Falcão, e por fim o Grupo Ar-tístico de Teatro Amador, de Atualpa Paiva Reis.
Voltando à colocação inicial: o fato do teatro ser uma arte efêmera, de estar sempre morrendo e
renascendo, faz com que esteja sempre sendo refundado. A falta de memória, o desrespeito com
a tradição e o culto por uma pseudo-vanguarda fazem com que os novos encarem o teatro como
tendo nascido com eles e para eles. Além do mais o teatro cearense sempre esteve preso a
líderes. Nomes que originaram quase tudo o que o teatro cearense produziu. Papi Júnior, Carlos
Câmara, Silvano Serra, William Alcântara, J. Cabral, Paurillo Barroso, Waldemar Garcia, Nadir
Saboya, Maristher Gentil, Marcus Miranda, B. de Paiva e Haroldo Serra, para só citar nomes do
período enfocado. Não havia grupos de verdade. Os grupos se desfaziam com a mesma
facilidade com que eram criados, o que fez o critico Eusélio Oliveira considerar o teatro
cearense um Cemitério de Siglas. Ou o Deserto Cultural, na expressão de um crítico teatral do
sul.

Aula 4
Detalhando a segunda fase
"SEGUNDA FASE
Mas os cearenses não se conformaram apenas em ver os grandes intérpretes nacionais e sempre
fizeram o seu teatro. Na cidade do Crato destacou-se Soriano de Albuquerque com suas revistas
Crato de Alto a Baixo, Paroara, Apenas Um Gato e ou-tras, encenadas no alvorecer do século
XX. Em Fortaleza, existiram os grupos Recreio Dramático, de Joaquim Cafumba e o Teatro
João Caetano (1904), originário do Clube Atlético, uma sociedade esportiva dos moços do
comércio que depois de um dia de trabalho e além dos estudos regulares ainda encontravam
tempo e disposição para o esporte e o teatro. De 1914 é a fundação do grupo Admiradores de
Talma, do qual fizeram parte Hercílio Costa, José Domingos, Virgílio Costa, Joaquim dos
Santos, Al-berto Menezes, Josué Correia Sena e Eurico Pinto, que seria depois o criador dos
principais personagens de Carlos Câmara e historicamente o maior ator do Ceará. Fo-ram os
Admiradores de Talma que encenaram as peças de Carlos Severo, A Chegada do General, As
Vaias, Os Mata-Mosquitos, O Casamento do Moqueca, Hotel do Salva-dor, Os Irmãos da
Bélgica e outras.
Nesse mesmo ano (1914) foi inaugurado o Cine-Teatro Politeama e alguns anos depois (1917) o
Majestic Palace, que abrigaram nossos grupos e principalmente as companhias visitantes. O
atual Teatro São José foi inaugurado em 1915.
Com a criação do Grêmio Dramático Familiar (1918 a 1939) o teatro cearense teve o seu
período mais brilhante. No dizer de B. de Paiva, "nunca se falou tanto em teatro no Ceará, nunca
as figuras cênicas foram tão amadas".
O Grêmio, fundado por Carlos Câmara (1881-1939) "com o fim de proporcionar espetáculos, a
título de diversão, às famílias do Boulevard Visconde do Rio Branco", foi muito além de suas
pretensões, marcando época na vida sócio-cultural da cidade. Funcionou num teatrinho entre
muros, na Visconde do Rio Branco, e o palco era mon-tado sobre barricas de bacalhau e coberto
de palhas de coqueiros; o salão era de terra batida. Tanto sucesso fizeram seus espetáculos que
os bondes de Fortaleza recolhiam-se para, após o espetáculo, levaram os espectadores de volta
às suas casas. E mais: o Majestic Palace suspendia filmes de atores famosos de Hollywood para
apresentar os artistas cearenses. E ainda mais, as peças de Carlos Câmara serviam para salvar da
ruína companhias profissionais que nos visitavam.
Carlos Câmara escreveu e dirigiu nove peças para seu Grêmio Dramático Fami-liar: A
Bailarina, Casamento da Peraldiana, Zé Fidélis, O Calu, Alvorada, Os Piratas, Pecados da
Mocidade, O Paraíso, e Os Coriscos. Do elenco do Grêmio destacamos: Eurico Pinto, Joaquim
Santos, Augusto Guabiraba, Hercílio Costa, João Padilha, Alice Temporal, Djanira Coelho,
Carmem Olímpia, Zílda Sepúlveda, José Domingos, Alberto Menezes, Zeny Vale, Inácio Ratts,
Alzira Peixoto, Maria Alice Góes e outros. Os maes-tros Silva Novo e Mozart Donizetti, o
cenógrafo Gerson Faria e a esposa de Carlos Câmara, Diva Pamplona Câmara, foram elementos
destacados da equipe do Grêmio Dramático Familiar.
Carlos Câmara, "o maior, o mais facundo e o mais aplaudido teatrólogo cearense de todos os
tempos", como disse um jornalista no seu necrológio, foi jornalista e político, deputado estadual
(1909 e 1912), diretor da Escola de Aprendizes de Artífices (atual Escola Técnica Federal),
pertenceu à Academia Cearense de Letras e filiou-se à SBAT em 1921, sendo seu primeiro
representante no Ceará. Na ausência de texto para ser encenado por seu Grêmio é que resolveu
escrever para teatro. Assim estreou A Bailarina, a 24 de janeiro de 1919. Carlos Câmara foi
antes de tudo um cronista de sua cidade e de seu tempo. Suas burletas são um documentário
cheio de humor da vida da cidade, escritas especialmente para seu elenco à maneira de todo o
teatro brasileiro de então. Sem Carlos Câmara a história do teatro cearense seria tão
insignificante quanto o mundo sem a cultura grega.
O Grêmio Dramático Familiar não estava sozinho. Merecem citação outros gru-pos que
existiram na década de 20, como o Recreio Iracema, o Grêmio Pio X - onde se destacaram os
amadores Antônio Ribeiro e João de Deus - o Grêmio Dramático do Círculo São José e a
Troupe Recreativa Cearense.
O teatro paroquial nasceu no Grêmio Pio X, em 1923 (Av. Duque de Caxias, esquina com a rua
Barão de Aratanha), como um conjunto que se opôs à licenciosidade do Grêmio Dramático
Familiar e ficou fortalecido quando os grupos abandonaram o centro da cidade e se refugiaram
nos salões paroquiais e auditórios dos colégios de freiras (Circulo São José, Salão São Vicente,
Cine-Teatro União, Colégio Cearense e muitos outros). Seus elencos são orientados por padres e
contam com uma platéia fer-vorosamente católica. O repertório era dominado por peças como
Justiça de Deus (1930), de Hugo Victor Guimarães; O Milagre de Santa Terezinha (1930), do
mesmo autor; e A Vida de São Francisco de Assis (1939), de José Júlio Barbosa.
No Grêmio Pio X foi encenada a maioria das peças de outro teatrólogo impor-tante: Silvano
Serra. Silvano obteve sucesso com Meninas de Hoje; Por Causa de Você; e Trinca de Damas. É
também autor dos diálogos da opereta A Valsa Proibida, de Paurillo Barroso. Depois do Mártir
do Gólgota (44 temporadas), sua peça Almas de Aço é o texto com maior número de montagens
pelos grupos locais. Ao todo foram 13 mon-tagens.
A opereta A Valsa Proibida foi o maior sucesso do teatro no norte e nordeste brasileiro e sua
última versão, em 1965 (a primeira foi em 1941 e a segunda em 1943) , levou mais de oitenta
mil pessoas ao Theatro José de Alencar por quase três meses, quando as temporadas eram de
terça a domingo. Ao que se saiba, foi a única vez que um presidente da República foi ao José de
Alencar para ver teatro; o Marechal Castelo Branco foi aplaudir o espetáculo da Comédia
Cearense.
Antes do fenômeno A Valsa Proibida o teatro cearense prestigiaria o talento do menino prodígio
Édson Alcântara Filho, cognominado O Pequeno Édson. Este garoto, cantor-bailarino-ator,
deliciou o público adulto dos anos vinte; viajou por todo interior do Ceará; foi a Mossoró, Natal,
Recife, João Pessoa, Maceió, Rio (Teatro Trianon), São Paulo (onde ganhou prêmio de dança
do baile infantil de 1927) e inaugurou o Teatro Glória (depois Cine Rangel) , de Sobral. Na
mesma época as irmãs Gasparinas, princi-palmente uma delas, Gasparina Germano, lembrada
por seu grande talento e extraor-dinária beleza física, brilharam no palco cearense. Gasparina
trabalhou inclusive na Cia. Raul Roulien, em excursão ao norte do país. Foi a atriz adulta de
maior projeção, destacando-se ainda na A Valsa Proibida e como intérprete de Madalena na
peça sacra O Mártir do Gólgota.
O tradicional espetáculo da semana santa, O Mártir do Gólgota, foi pela primeira vez
representado em 1933, na sede do Centro Artístico Cearense. Daí continuou através dos anos no
Theatro José de Alencar, até 1972. Nos anos 60 foi produzido pela Escola Dramática de
Fortaleza, de Afonso Jucá, Abel Teixeira e José Limaverde. Depois de uma interrupção, de 1972
a 1976, voltou em 1977, produzido por Marcus Fernandes e Misael Fernandes, sendo
interrompido definitivamente em 1983. Notabili-zaram-se no ‘Gólgota’ os atores J. Oliveira
(Jesus), José Júlio Barbosa (Judas), Gas-parina Germano (Madalena), José Limaverde (Pilatos),
Clóvis Matias, Abel Teixeira, Marcus Fernandes, e Mizael Fernandes.
O mesmo ano de 1933 é o ano de fundação do Conjunto Teatral Cearense, de J. Cabral, que foi
um grupo dramático de longa duração (1933-1970), o que mais viajou pelo interior do Estado e
nele estreou um nome nacional: Milton Morais. J. Cabral foi um dos maiores batalhadores pelo
teatro no Ceará. Morreu cego e pobre, no dia em que o governador César Cals assinava pensão
para o velho artista.
O Teatro Santa Maria, de 1937, é o atual Teatro Universitário Pascoal de Carlos Magno. Era o
auditório do Educandário Santa Maria, dirigido por Laís Ferreira Lima. Os alunos do
Educandário Santa Maria começaram a fazer teatro com o objetivo de angariar fundos para a
construção da capela do colégio. Como o teatro começou a dar lucro resolveram construir
mesmo um auditório.
A primeira representação registrada pela imprensa, no Teatro Santa Maria, em-bora talvez não
seja exatamente sua inauguração, foi uma das muitas versões de O Paraíso, de Carlos Câmara,
pelo Grêmio Dramático Familiar, a 12 de janeiro de 1937. Mas, se não foi a primeira
representação naquele novo palco foi, no dizer da Gazeta de Notícias: "O espetáculo mais
animado que já assistimos no Educandário Santa Maria. Presente se encontrava uma seleta
platéia que foi pródiga em aplausos".
Grupos de destaque na década de 40 foram: Teatro Escola Renato Viana, grupo fundado a 22 de
fevereiro de 1941 e dirigido pelo padre Expedito de Oliveira, funcionava no Teatro São
Gerardo, no bairro do mesmo nome. Foi o primeiro grupo de importância, surgido na década de
40, e o segundo - depois do Centro Artístico - a va-lorizar principalmente o autor local. Os
elementos mais destacados de seu corpo cênico eram: William Alcântara, Eduardo Campos,
Artur Eduardo Benevides, Geraldo Oliveira, Zuíla Lima, Diana Alcântara. O Centro de Cultura
Teatral foi fundado por Fernando Silveira, João Ramos e Abel Teixeira, em 1946. Montaram A
Mulher Sem Pecado, de Nelson Rodrigues, no Theatro José de Alencar, com Ruth Alencar,
Toscano Martins, João Ramos, Fernando Silveira, Tiago Otacílio de Alfeu, Mirian Silveira e
Bráulia Barro-so.
Passando pela valiosa colaboração de Paurillo Barroso, e de sua Sociedade de Cultura Artística,
queremos falar do Teatro Universitário do Ceará, grupo da Fa-culdade de Direito dirigido por
Waldemar Garcia, o responsável pelo moderno teatro cea-rense - podemos dizer - inaugurado
com a encenação de O Demônio e a Rosa, do mais importante dramaturgo contemporâneo,
Eduardo Campos, em 1950. O Teatro Universi-tário encenou também Os Espectros, de Ibsen;
Vila Rica, de Magalhães Júnior; e Iaiá Boneca, de Ernani Fornari; além de ter projetado
Eduardo Campos, o maior dramaturgo cearense, estando para o drama assim como Carlos
Câmara está para a comédia. Nos anos seguintes suas principais peças viriam a ser encenadas
pela Comédia Cearense.

Estudando balaio 2
Introdução.
O teatro é um fenômeno tao antigo quanto a humanidade mesma. Ele tem sido em cada época,
vida viva, barômetro expressivo situações sociais. a sua existência abrange desde pantomina de
caça dos povos primitivos ate a enorme diversidade de formas teatrais co existentes na
atualidade. mas, uma coisa é o teatro com forma de arte, e outra, do drama. Este ultimo, é o
elemento co-substancial da natureza humana. Conflitos, os contrários, as forças em pugnas, são
algo que existe por si continuamente na natureza. no entanto, é o sentimento, as emoções que
converte tudo isso em drama e o vive como tal. É essa capacidade de expressão dramática que
todos le vam dentro, fonte de imaginação, de criatividade de transformação - mais ou menos
cultivada ou reprimida - o que se expõe como uma necessidade humana a satisfazer, comunicar,
desenvolver e aproveitar. Comunicar é derrubar muralhas, é desnudar a alma para entrega-la
sem preconceitos, é arar na entranhas para semear a paz, é amar como o sol porque amar é criar.
O teatro é dos meios mais mágico de comunicação porque encerra mistérios. conflitos, Porque
alem de informar, eleva o espirito a lugares sublimes onde nem as leis do homem e nem as da
natureza podem alcançar, o teatro leva em si uma grande responsabilidade porque abrange o
universo e obriga a reflexão. Teatro é beber em uma taça de ouro o elixir dos deuses. Toda
criação artística é expressão do drama humano, mas, se há uma manifestação cujo objetivo
direto é o desnudar todas as caras desse componente, esta é o teatro. O teatro existe porque
existe porque existe conflito, o drama humano. É o teatro como expressão artística do drama
humano, com a peculiaridade de suas técnicas, quem melhor pode contribuir a promover o
desenvolvimento integro da pessoa e da coletividade e a retornar ao povo o que é patrimônio de
todos.
Balaio - Grupo Teatral.
Cesto cheio de talento
energia e amor ao palco!
Direitos reservados@

Balaio 7
O GRUPO BALAIO traça sua filosofia de trabalho e resolve montar somente AUTOR
Cearenses pela proxima decada. Embora alguns dissessem que a filosofia do grupo estivesse
atrelada a uma miopia bairrista, para o grupo estava o compromisso com o teatro cearense, em
valorizar, cultivar e registrar o autor cearense. O Balaio percebe a necessidade do autor cearense
em ser resgatado. Ao adotar esse compromisso o balaio se responsabiliza culturalmente pelo
lançamento de uma série de novos valores, que de outro modo, estariam condenados ao
ineditismo inibidor e constrangedor. O Autor Arruda Câmara, com o REI DO PONTO,
inaugurou essa nova etapa na vida do Balaio.
Importante sempre que os grupos tenham uma filosofia de trabalho, que façam metas e projetos
e a eles deem sequência! Olhem que bacana, enquanto muitos estava querendo montar autores
universais, o grupo balaio envolvido com o teatro de sua cidade cria o conceito de valorização
do que é seu. Se de repente, nós nao queremos mais montar nossos autores, que iria resgata-los
para a posterioridade? Lembrando que as peças de Eduardo Campos, estavam no repertório da
Comedia Cearense!
o autor Arruda Câmara que estava morando em Recife veio para a estreia, nervoso porque era
sua estreia com autor!
E essa politica do Balaio em montar autores cearense, também tinha uma outra coisa muito
bacana, eles davam prioridade a textos inéditos. e assim começavam o processo do zero, nem
antes pegar nenhum tipo de carona em famas ou textos famosos.
Tem gente que quer montar uma peça que ja fez sucesso, querendo muitas vezes que o sucesso
se repita para si, mas o balaio tinha o compromisso em respeitar e valorizar o teatro do ceará.
Isto foi criado apos o segundo espetáculo, que nao era de um autor cearense.
O REI DO PONTO é uma peça sobre o poder. E ela foi montada com o dinheiro do prêmio que
a peça anterior, Castro Alves Pede Passagem ganhou.
Apesar dos grandes problemas do teatro cearense, a falta de dinheiro para produçoes, ainda
existiam pessoas que eram contra os prêmios.e com o passar dos anos, fizeram com que o SNT
suspendesse o prêmio para o ceará. Essas pessoas que faziam confusão possivelmente eram
pessoas que nao tinha condiçao de ganhar prêmio Algum.
a peça estreou em 31 de agosto de 1978 no Teatro do IBEU- centro)
24 récitas do Rei do Ponto.
e tambem vejam que bacana, além de apresentar os autores, o Balaio se comprometia a fazer um
livro com a peça apresentada. No caso de O REI DO PONTO, o livro foi lançado ainda
em1977. numa coleçao chamada COLEÇÃO BALAIO.

Balaio 6
Cesárion, O Imperador do Mundo de Geraldo Markan estreou no dia 15 de dezembro de 1976.
mas o grupo foi criado em 6 de outubro de 1976
E o grupo surgiu como surge qualquer outro grupo que nao tem nem sempre o proposito de
continuidade. As pessoas queriam montar uma peça, porque tinham um dinheiro para receber
pra montagem, entao criou-se o balaio. Gilmar de Carvalho e Geraldo Markan, o fundaram.
ponto de interesse, a primeira peça do balaio fez 30 apresentações. E a peça poderia ter rendido
mais se os atores não tivessem com papeis dobrados.
o Jornal correio do ceará publicou em 1976, no dia 20 de dezembro que o espetáculo poderia ser
apresentado em outros estados, pelo nivel do trabalho. quem publicou a nota foi Geraldo
Parente, iluste cearense ligado ao teatro e a musica.
A estreia do grupo serviu tambem para mostrar a seriedade de um autor.
O GRUPO estreou no Teatro do Centro(1ª Teatro do Ibeu)
Paralelo ai isso existiu A COOPERATIVA DE TEATRO E ARTES, Grupo de Sucesso liderado
por Marcelo Costa e José Carlos Matos. A Cooperativa foi responsável por uma revolução
teatral no inicio dos anos 70. com espetáculo como O ROMANCE DO PAVÃO
MISTERIOSO(Muito antes da musica do Ednardo para a novela) e também espetáculo Como
ORIXÁS DO CEARÁ(de Gilmar de Carvalho), que foi um marco para a década, com direção
de Marcelo Costa.
Fato curioso sobre o balaio. Nesse segundo espetáculo Marcelo Costa chega para se tornar lider
do grupo. Grupo este que foi feito para ele não participar, uma especie de desentendimento entre
eles e os participantes anteriormente. Ja que Gilmar de Carvalho vinha da COOPERATIVA
como Autor. Este fato do desentendimento poucas pessoas sabem, pois fora o proprio marcelo
que me revelou muitos anos depois. Izidoro dos Santos que participou do Cesarion, tambem
tinha pertencido a Cooperativa.
Então o segundo Espetáculo CASTRO ALVES PEDE PASSAGEM, texto Nacional de Gian
Francesco Guarnieri com direção de Marcelo Costa ganha o premio de DESTAQUE DO ANO
pelo Serviço Nacional de Teatro (SNT) E fizeram parte dessa montagem outros atores que
também pertenceram a Cooperativa. Como Ivany Gomes, Jota Arrais, o próprio Izidoro. o
Gilmar de carvalho que também era o produtor do primeiro e segundo espetáculo do balaio. Ou
seja, o segundo espetáculo do Balaio tinha em sua composição muitos daqueles que brilharam
em espetáculos da Cooperativa. Podemos afirmar que o Balaio tem origem e é herdeiro da
rapida, brilhante e meteorica Cooperativa de teatro e artes.
Nao sabe se ao certo, o desentendimento do Marcelo Costa com a Cooperativa que tambem
pertencia a Jose carlos matos, que segundo o Marcelo Costa, ele (jose) era mais interessado em
politica do que mesmo em teatro. Mas ele também tem sua importância e contribuição inegável.
Ha ainda hoje quem defenda Jose Carlos Matos com muita veemência. Sobre isso ha
controvérsia. É um capitulo pra ser estudado separadamente.
Cooperativa e Balaio estão irmanados no mesmo embrião! E todos agora no mesmo cesto.

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