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Notas de aula
∗
CC Carlos Kleber da Costa Arruda
CEFET-RJ
20 de maio de 2014
Sumário
1 Introdução 2
2 Uma ideia sobre as grandezas envolvidas 3
3 Estudos em linhas de transmissão 4
4 Cálculo dos parâmetros elétricos - modelagem básica 5
5 Desempenho elétrico de uma linha de transmissão 17
6 Limites de transmissão 23
7 Modelo do quadripolo 25
8 Modelo de uxo de potência 32
9 Compensação de linhas 34
10 Cálculo dos parâmetros elétricos - modelo detalhado 38
11 Estudo detalhado de um sistema de transmissão através de
matriz Ybarra 48
12 Requisitos elétricos de projeto de linhas de transmissão 48
13 Comportamento não-linear em sistemas de transmissão 56
∗ carloskleber@gmail.com / http://sites.google.com/site/carloskleber/ -
BY:
$
\
1
14 Considerações nais 57
A Tabela comparativa de parâmetros 60
B Cálculo dos parâmetros elétricos - modelo simplicado 60
C Tópicos avançados 60
D Questões de concursos 64
1 Introdução
1.1 Sobre a apostila
Este material tem como objetivo subsidiar a disciplina de cálculo elétrico de
linhas de transmissão, lecionada no CEFET-RJ. Para o assunto, existe uma
literatura muito vasta, incluindo artigos, normas, teses e dissertações. Partiu-
se da ideia de resumir alguns conceitos, considerados básicos, deixando partes
de maior profundidade para capítulos seguintes, formando assim uma espiral
que retorna ao ângulo inicial mas com profundidade.
Devido a disciplina não abranger o cálculo mecânico, cuja interação com a
parte elétrica é muito íntima, aborda-se somente alguns conceitos nesta parte,
como echa e ampacidade, cando ao aluno consultar livros como [16], e a
apostila da parte mecânica [4].
Procurou-se incluir referências adicionais, que apesar de estarem fora do
escopo da graduação, são inspiração para pontos de partida para estudos
subsequentes.
1 cmil: circular mil, área de um círculo com diâmetro de um milésimo de polegada, sendo
MCM igual a 1000 circular mil. 1 MCM ∼
= 0, 5 mm2 .
2
1.3 Sobre o uso de ferramentas de programação
Ao longo do texto aborda-se cálculos práticos, feitos com auxílio de progra-
mação. Não se trata de rotinas para uso comercial, compiladas, mas sim
contas realizadas de forma ordenada. Alguns programas que permitem esta
praticidade são o Matlab, Scilab, Octave e Mathematica. Cada um tem suas
vantagens, e óbvio seu custo, sendo o Scliab e o Octave de livre distribui-
ção e perfeitamente capazes de se realizar os estudos, inclusive muito mais
avançados que se propõe aqui.
3
3 Estudos em linhas de transmissão
Uma linha de transmissão é um elemento fundamental em um sistema de
potência, ligando fontes de geração com cargas consumidoras.
O projeto de uma linha de transmissão inicia-se com a necessidade de
transportar uma quantidade de energia entre dois pontos. Após estudar a
distribuição de carga nas linhas existentes, observa-se o efeito de uma nova
linha no sistema, chegando a um novo ponto de equilíbrio.
3.1 Transmitir?
Pode-se abrir esta questão em alguns pronomes: o quê, quando, como, onde
e quanto.
Estima-se que esta energia obtida seja distribuída, ao longo da vida útil
da linha, em um perl de demanda, resultando na linha transmitindo uma
potência média, com eventuais necessidades de sobrecarga. Para um estudo
mais didático, podemos assumir uma potência constante.
A distância entre os dois pontos está sujeita ao traçado da linha, aonde
observa-se desde a topograa até a viabilidade de aquisição dos terrenos. A
distância real pode variar não mais do que 10% de um traçado em linha reta.
Assumindo assim a potência e o comprimento da linha, chega-se aos cri-
térios de escolha do tipo (CA ou CC) e nível de tensão.
4
Figura 1: Exemplo ilustrativo de seleção de nível de tensão, a partir de pre-
missas de projeto conservadoras [14]
5
por unidade de comprimento, sendo em geral um elemento RC em para-
lelo, sendo a resistência R, representativa da corrente de fuga, desprezível .
3
Desta forma pode-se estimar a impedância e admitância total de uma linha
multiplicando-se diretamente seus respectivos valores pelo comprimento.
Da mesma forma que a impedância, a admitância é denida pelo número
complexo Y = G + jB , sendo G a condutância e B a susceptância.
Na seção C.1 apresenta-se o desenvolvimento das equações de linhas de
transmissão, também chamadas de equações do telegrasta.
Na prática aproxima-se o circuito ladder para elementos discretos, sendo o
mais simples o equivalente pi (uma impedância em série e duas admitâncias
em paralelo nas extremidades).
4.1 Resistência
A resistência, como tradicionalmente é ensinada, é determinada pela resisti-
vidade do material, a seção transversal e o comprimento:
l
R=ρ (4.1)
S
sendo ρ a resistividade e a condutividade o seu inverso: σ = 1/ρ, l o compri-
mento e S a seção transversal.
Em corrente alternada, o efeito pelicular distorce a resistência efetiva do
cabo: o efeito de repulsão das linhas de corrente provoca um subaproveita-
mento da seção transversal do cabo. Este efeito é mais evidente em bitolas
maiores, pois ele não é proporcional ao diâmetro, logo sendo pouco percebido
por exemplo em instalações residenciais.
Os cabos usuais em CA são compostos por dois materiais, geralmente
um núcleo com os mais resistente à tração e uma coroa com os de boa
condutividade, e ao mesmo tempo leve e econômico. Este conjunto aumenta
a complexidade do estudo, por exemplo no cálculo mecânico, mas no cálculo
da resistência possuirá baixa inuência, pois o efeito pelicular irá posicionar
a corrente na região da coroa, evitando o material do núcleo.
Outro efeito importante é a variação da resistência pela temperatura. Em
geral a resistência em catálogos é tabelada para alguns valores típicos, como
75, mas o valor exato depende da própria corrente, entre outros fatores
ambientais.
Na seção 10.1 apresenta-se uma fórmula para o cálculo da impedância pró-
pria, incluindo o efeito pelicular. O valor calculado será próximo aos valores
encontrados em catálogos .
4
3 Em linhas CC, pela falta da corrente pelo efeito capacitivo, a resistência shunt R torna-
se novamente relevante, por exemplo, no cálculo de coordenação de isolamento.
4 Existem ainda outros fatores que inuenciam no cálculo da resistência, como por exem-
plo o efeito transformador do núcleo de aço e o comprimento adicional devido à helicoidal
dos os.
6
Observa-se que a maioria dos cabos é composta por os entrelaçados, ha-
vendo então lacunas no interior do cabo. Outra característica comum é a
presença de dois materiais no mesmo cabo, como alumínio e aço. Estas e
outras características acrescentam uma complexidade no cálculo exato da re-
sistência, particularmente ao se considerar os efeitos da temperatura.
Em geral as resistências são tabeladas, incluindo o efeito pelicular (re-
sistência CA). Também é usual tabelar a resistência para algumas faixas de
temperatura.
Para um cálculo iterativo, é prudente iniciar o cálculo da resistência com
um valor de temperatura próximo do nominal, e após determinar a tempera-
tura real do condutor, realizar a correção.
Para uma conguração de feixe de condutores, a resistência será dividida
pelo número de cabos em cada fase.
A tabela 2 exemplica a resistividade dos materiais usados em linhas de
transmissão, bem como outros parâmetros relevantes para o projeto.
7
Tabela 3: Exemplos de alguns cabos comerciais
Tipo Denominação Bi- Seção Diâ- Resistência Resistência
tola transversal metro CC CA
(MCM) total (mm) ( W/km 20) (W/km 75)
²
(mm )
ACSR Hawk 477 280,85 21,78 0,1196 0,1435
ACSR Grosbeak 636 322,3 25,16 0,0896 0,1075
ACSR Rail 954 526,8 29,59 0,0597 0,0733
ACSR Bittern 1272 726,4 34,16 0,0448 0,0558
ACSR Thrasher 2312 1235,2 45,78 0,0248 0,0327
AAC Sagebrusch 2250 1139,5 43,9 0,0255 0,034
AAAC 1000 506,7 29,2 0,0661 0,0802
4.2 Indutância
A indutância é o efeito do campo magnético sobre um circuito, representado
por exemplo pela lei de Faraday. Pode-se ter indutância própria, quando
uma linha de corrente no condutor induz potencial em outra seção do próprio
condutor, ou indutância mútua, quando uma corrente em um condutor externo
induz este potencial.
Assim como as cargas elétricas, todas as correntes que não sejam cons-
tantes induzem potencial em qualquer elemento condutor, e se esse elemento
fechar um circuito, surge a corrente induzida. Logo, uma linha pode induzir
em cercas metálicas, cabos aterrados, encanamentos, etc.
A indução também dependerá se os elementos estiverem paralelos, então
a indução será mínima se os condutores estiverem perpendiculares.
4.2.1 Premissas
Uma consideração, geralmente pouco evidenciada, é sobre a corrente: para
que haja uma corrente elétrica em regime permanente, supõe-se que ela re-
torna para a sua fonte de energia (ou fecha o somatório, no caso de várias
fontes, seguindo as Leis de Kirchho ). Este retorno pode ser por um segundo
condutor ou pelo solo, fechando um laço de corrente.
O entendimento de laço de corrente é fundamental para a validade da lei de
Ampére, que nos fornecerá a propriedade da indutância do circuito. Então,
não faz sentido pensar em um condutor singelo com uma corrente, pois a
equação só fecha com uma corrente retornando em sentido contrário.
O cálculo da indutância em um condutor é dividido na sua parte interna
e na parte externa. Em ambos, parte-se da lei de Ampére.
Para a indutância interna, como primeira aproximação um condutor com
uma seção circular, com raio r, aonde atravessa uma corrente I distribuída
uniformemente, obtém-se um valor constante de 0, 5·10−7 H/m [27]. A parcela
8
da indutância externa é relacionada ao raio e a altura, unindo as parcelas:
µ0 1 2h
Lii = + ln (4.2)
2π 4 r
µ0 1 2h
Lii = ln e 4 + ln (4.4)
2π r
µ0 2h
Lii = ln (4.5)
2π r e 14
µ0 2h
Lii = ln 0 (4.6)
2π r
A variável r0 corresponde ao raio equivalente do condutor ao se considerar a
parte interna do uxo [27, p. 52], para um cabo de alumínio, a permeabilidade
é igual ao do ar, no qual µ = µ0 , r0 = r e−1/4 ∼ = 0, 7788r . Para cabos
5 0 − µr
com permeabilidade superior a µ0 , como o aço , r = r e 4 , no qual µr a
permeabilidade relativa do condutor, µr = µ/µ0 .
O uxo externo será inuenciado pela permeabilidade do ar, igual a µ0 .
µ0 Dij
Lij = ln (4.7)
2π dij
9
O exemplo de um cabo Rail (∅29, 59 mm, composto essencialmente
de alumínio, µ = µ0 ), a uma altura de 20 m, sua indutância própria será
µ0 2h 2 · 20
Laa = ln 0 = 2 · 10−7 ln 0,02959 = 1, 6305 · 10−6 H/m
2π r /2 · 0, 7788
√
µ0 Dab 402 + 82
Lab = ln = 2 · 10−7 ln = 1, 981 · 10−7 H/m
2π dab 8
Dij
Zm ∝ ln
dij
p
Dij = 102 + 602 = 60, 8
dij = 10
Zm ∝ 1, 8055
√
52 +602
Na condição (a), Zm(a) ∝ ln 5 = 2, 4884, um aumento de 1−
2,4884
1,8055 = 37, 8%.
√
102 +202
Na condição (b), Zm(b) ∝ ln 10 = 0, 8047, uma redução de
0,8047
1− 1,8055 = 55, 4%.
10
n condutores arrumados em posições genéricas, o RMG será igual a
Para
v
uY n Yn
2
u
2
p
RMG = nt dij = n (d11 d12 · · · d1n )(d21 d22 . . . d2n ) · · · (dn1 dn2 · · · dnn )
i=1 j=1
(4.8)
sendo dii o raio do condutor i, com a correção da impedância interna, ri0 , e
dij a distância entre os condutores i e j.
Para feixes regulares, ou seja, condutores formados em polígonos de lado
d, o RMG do feixe será
√
RMG2 = r0 d (4.9a)
√3
RMG3 = r0 d2 (4.9b)
√4
RMG4 = 1, 09 r0 d3 (4.9c)
√
N
RM G = r N RN −1 (4.10)
µ
L= MZ (4.12)
2π
sendo
2 hi
MZii = ln (4.13a)
ri0
Dij
MZij = ln (4.13b)
dij
µ
Z = RI+jωL = RI+jω MZ (4.14)
2π
11
abrindo os termos das matrizes:
ln 2rh0 a ln D ln D
ab ac
R 0 0 dab dac
µ ln Dbaa
Z= 0 R 0 +jω dba ln 2rh0 b ln D bc
dbc (4.15)
2π
b
0 0 R ln D
dca
ca
ln D
dcb
cb 2 hc
ln r0
c
2 · 17, 33
Maa = ln = 5, 16277
0, 1985
2 · 23, 33
Mbb = ln = 5, 46002
0, 1985
Mcc = Maa
12
fazendo agora as parcelas referentes às indutâncias mútuas,
p
52 + (23, 33 + 17, 33)2
Mab = ln p = 1, 65731
52 + (23, 33 − 17, 33)2
Mbc = Mab
p
(2 · 5)2 + (2 · 17, 33)2
Mac = ln = 1, 28298
2·5
Podendo ser diretamente inseridos em um programa, pro-
vendo um vetor de coordenadasx e h, implementa-se na forma
dij = sqrt[(xi − xj )2 + (hi + hj )2 ], Dij = sqrt[(xi − xj )2 + (hi − hj )2 ] e
Mij = log[Dij /dij ], lembrando da convenção da função log[x] em geral
ser o logaritmo natural, ln(x).
A matriz M será então
5, 1627716 1, 6573122 1, 2829804
M = 1, 6573122 5, 4600231 1, 6573122
1, 2829804 1, 6573122 5, 1627716
µ0
obtém-se a matriz indutãncia L multiplicando M por
2π , e na sequência
a matriz Z multiplicando L por jω e somando a matriz R, que é uma
matriz diagonal com as resistências dos feixes. Resumindo, tem-se:
µ0
Z =R + j ω M
2π
0, 018325 + j0, 3892730 j0, 1249613 j0, 0967367
= j0, 1249613 0, 018325 + j0, 4116857 j0, 1249613
j0, 0967367 j0, 1249613 0, 018325 + j0, 3892730
W/km
observando atentamente ao expressar ou calcular os valores em W/m ou
W/km.
13
0,457
4
34
28
e da sua altura:
q 2h
V =ln (4.16)
2πε0 r
−1
q 2h
C= = 2 π ε0 ln (4.17)
V r
generalizando para uma linha com n condutores, desenvolve-se um relação
geométrica descrita por uma matriz MY , similar a MZ :
C = 2 π ε0 MY −1 (4.18)
2 hi
MY ii = ln (4.19a)
ri
Dij
MY ij = ln (4.19b)
dij
Ao inverter-se a matriz MY , observa-se a formação de termos negativos
fora da diagonal, devido ao processo de polarização: uma carga de polaridade
14
positiva em uma fase irá provocar cargas de polaridade negativa nas outras
fases.
A admitância é denida por:
Y = G+jωC (4.20)
2 · 17, 33
Maa = ln = 5, 10027
0, 2113
2 · 23, 33
Mbb = ln = 5, 39752
0, 2113
Mcc = Maa
Y = j ω 2 π ε0 M−1
j4, 6994162 −j1, 1996776 −j0, 7923144
= −j1, 1996776 j4, 6206408 −j1, 1996776 µS/km
−j0, 7923144 −j1, 1996776 j4, 6994162
15
4.6 Efeito da transposição
Para obter um equilíbrio nos parâmetros da linha, as fases são trocadas de
posição em alguns pontos da linha. Matematicamente, sera equivalente a
trocar linhas nas matrizes Z e Y. Seja as matrizes Z(1) , Z(2) e Z(3) referentes
a três trechos:
Zaa Zab Zac
Z(1) = Zba Zbb Zbc (4.22)
Zca Zcb Zcc
Zbb Zbc Zba
Z(2) = Zcb Zcc Zca (4.23)
Zab Zac Zaa
Zcc Zca Zcb
Z(3) = Zac Zaa Zab (4.24)
Zbc Zba Zbb
Sendo uma transposição ideal (no caso de uma linha de circuito simples,
dividida em três trechos de mesmo comprimento), pode-se supor um desem-
penho equivalente da linha em uma matriz média 7 :
1 (1)
Z= Z + Z(2) + Z(3)
3
Zaa + Zbb + Zcc Zab + Zbc + Zca Zac + Zba + Zcb
1
= Zba + Zcb + Zac Zbb + Zcc + Zaa Zbc + Zca + Zab (4.25)
3
Zca + Zab + Zbc Zcb + Zac + Zba Zcc + Zaa + Zbb
1
Zp = (Zaa + Zbb + Zcc ) (4.26a)
3
e considerando que temos uma simetria do tipo Zij = Zji , um termo de
impedância mútua
1
Zm = (Zab + Zbc + Zca ) (4.26b)
3
a matriz de uma linha idealmente transposta é igual a
Zp Zm Zm
Z = Zm Zp Zm (4.27)
Zm Zm Zp
7 Aqui cabe uma observação, no qual a maioria dos estudos acaba equivocando-se: uma
linha transposta pode ser considerar com parâmetros médios quando sendo tratada "por in-
teira". Estudos como de faltas no meio da linha acaba dividindo o problema em duas linhas
parcialmente transpostas! O erro adquirido, de uma linha ser assumida como transposta, é
pequeno, mas atenta-se que um cálculo mais preciso merece um modelo não transposto.
16
Para a matriz admitância, segue-se a mesma metodologia:
Yp Ym Ym
Y = Ym Yp Ym (4.28)
Ym Ym Yp
sendo
1
Yp = (Yaa + Ybb + Ycc ) (4.29a)
3
1
Ym = (Yab + Ybc + Yca ) (4.29b)
3
1 1 1
A= 1 a2 a (5.1)
1 a a2
17
linha de transmissão idealmente transposta, obtem-se as matrizes Z012 e Y012
somente com termos na diagonal:
Z0 0 0
Z012 = A−1 Z A = 0 Z1 0
0 0 Z2
Zp + 2Zm 0 0
= 0 Zp − Zm 0 (5.2)
0 0 Zp − Zm
Y0 0 0
Y012 = A−1 Y A = 0 Y1 0
0 0 Y2
Ys + 2Ym 0 0
= 0 Ys − Ym 0 (5.3)
0 0 Ys − Ym
Z1 = Zp − Zm (5.4a)
Y1 = Yp − Ym (5.4b)
Z = R + j Xl = R + j ω L (5.6a)
Y = j Bc = j ω C (5.6b)
18
os equivalentes monofásicos para um estudo em regime permanente , cuja
9
premissa é detalhada na seção 10.2.
Usualmente representa-se somente a parte real de Zc , correspondendo en-
tão a uma linha sem perdas. Porém, deve-se usar o cálculo preciso de Zc ao
se aplicar às fórmulas de linha longa, na seção 5.6.
Ao considerar a linha com perda desprezível (retirando R), a impedância
característica será aproximadamente
r r
Xl ∼ L
Zc ∼
= = (5.7)
Bc C
sendo assim um número real e, aproximadamente, independente da frequência.
19
A velocidade de propagação na linha para um onda de frequência f é
calculada por v = λ f, e considerando a aproximação de linha sem perdas,
torna-se
1
v=√ (5.12)
LC
sendo assim independente da frequência, e é muito importante no estudo de
surtos rápidos (entre 100 kHz e 1 MHz). Observa-se que a velocidade de
propagação é da ordem, mas nunca igual ou superior, a velocidade da luz no
vácuo.
O estudo de propagação de ondas viajantes é abordado por exemplo em
[11, p. 222] e [27, p. 120]
U02
Pc = (5.13)
Zc
sendo U0 a tensão média ao longo da linha, ou seja, consegue-se elevar a
capacidade de transmissão, mas sacricando a conabilidade (incluindo so-
bretensões) e elevando perdas corona.
Mantendo a consideração de linha sem perdas, a potência característica
será um número real, ou seja, expresso em W. Mesmo para uma linha com
perdas, é usual expressar somente a parte real.
e em seguida
20
5.5 Reativo transversal de linha
Um parâmetro relevante é o reativo capacitivo que uma linha possui, também
chamado de line charging. Pode ser calculado aproximadamente multiplicando
a susceptância pelo quadrado da tensão de operação:
Qc = V 2 Bc (5.14)
Ze = Z l (5.15)
Yl
Ye2 = (5.16)
2
Acima de 200 km, o efeito da propagação torna-se mais evidente, necessi-
tando realizar uma correção hiperbólica:
Ze = Zc sinh γ l (5.17)
1 γl
Ye2 = tanh (5.18)
Zc 2
no qual Ye2 já é a metade da admitância da linha. Naturalmente pode-se usar
a formulação de linha longa direto para linhas curtas. Observa-se também que
Zc e γ devem ser os valores precisos, considerando as perdas, para obter-se os
valores corretos de Ze e Ye2 .
21
I1 Ze I2
V1 Ye2 Ye2 V2
22
pode ser feita com maior facilidade:
3
1 −6 300 · 10
Ye2 = tanh j1, 2707936 · 10
221, 5 2
j tg (0, 190619) = j871, 13386 µS
1
=
221, 5
As guras 4 e 5 demonstram a diferença da correção hiperbólica para
o modelo linear para este exemplo, até o comprimento de 2500 km.
Observa-se que para um cero comprimento a reatância se anula e a ad-
mitância tende ao innito, ou seja a linha torna-se auto-compensada !
XL @WD
600
500
400
300
200
100
l @kmD
500 1000 1500 2000
6 Limites de transmissão
Como todo equipamento, uma linha tem limites operativos, que podem ser
considerados para regime permanente ou transitório. Por exemplo, para uma
situação hipotética de curto-circuito, a linha pode suportar o dobro de corrente
nominal, ou no caso de um surto originado por uma descarga atmosférica, o
23
BC @mSD
15
10
l @kmD
500 1000 1500 2000
24
Figura 6: Curvas de St. Clair [25]
10 O estudo de sobretensões trata pelo valor de crista (ou pico) e fase-neutro, em vez do
√
2
valor ecaz (RMS) fase-fase, ou seja, uma diferença de √
3
25
Vs = 1 pu Vr
Sr
l
V1 = A V2 + B I2 (7.1a)
I1 = C V 2 + D I 2 (7.1b)
V1 V2 A B V2
=T = (7.2)
I1 I2 C D I2
Y
V1 = V2 + I2 Z + V2 (7.3a)
2
ZY
V1 = + 1 V2 + Z I 2 (7.3b)
2
Y Y
I1 = V 1 + V2 + I2 (7.4a)
2 2
ZY ZY
I1 = V 2 Y 1 + + + 1 I2 (7.4b)
4 2
ZY
A= +1 (7.5a)
2
B=Z (7.5b)
ZY
C =Y 1+ (7.5c)
4
D=A (7.5d)
26
7.2 Modelo de linha longa
Para linhas longas, desenvolve-se as equações a partir da teoria do eletromag-
netismo [11, p. 211], chegando na forma:
V2
I1 = I2 cosh(γ l) + sinh(γ l) (7.6b)
Zc
sendo então os parâmetros do quadripolo:
A = cosh(γ l) (7.7a)
B = Zc sinh(γ l) (7.7b)
1
C= sinh(γ l) (7.7c)
Zc
D=A (7.7d)
Obtemos aqui
Ze = Zc sinh(γ l) (7.9)
para a admitância
Ze Ye
+ 1 = cosh(γ l) (7.10)
2
Ye Zc sinh(γ l)
+ 1 = cosh(γ l) (7.11)
2
Ye 1 cosh(γ l) − 1
= (7.12)
2 Zc sinh(γ l)
x cosh x − 1
tanh = (7.13)
2 sinh x
chegamos à relação apresentada na equação (5.17):
Ye 1 γl
= tanh (7.14)
2 Zc 2
27
O modelo por quadripolo ABCD é apropriado quando se fornece a tensão
e a corrente no receptor (V2 e I2 ). Para uma potência aparente trifásica
Ṡ2 = S φ, pode se arbitrar uma tensão desejada U0 e calcular a corrente:
U0
V̇2 = √ (7.15a)
3
S 2
I˙2 = √ −φ (7.15b)
U0 3
podendo por exemplo escolher U0 a tensão nominal da linha, sendo que no
quadripolo a tensão deve ser fase-terra, e Ṡ2 = Pc , a potência característica.
Outras opções são arbitrar uma condição de sobrecarga, curto-circuito (V2 =
0) ou circuito aberto (I2 = 0).
Ȧ = Ḋ = 0, 9672 0, 23°
Ḃ = 75, 15 83, 2° W
Ċ = j8, 633 · 10−4 S
Calcule as perdas na linha para uma saída com 400 MW, 345 kV.
Solução:
345
V2 = √ kV I2 = 669, 39 A
3
Fazendo a operação matricial, os valores em módulo são
√
V1 = 204, 98 3 = 355, 04 kV I1 = 670, 55 A
28
Algumas relações trigonométricas úteis:
sinh jβ = j sen β
cosh jβ = cos β
tanh jβ = j tg β
sinh α = −j sen jα
cosh α = cos jα
tanh α = −j tg jα
sinh(α + jβ) = sinh α cos β + j cosh α sen β
cosh(α + jβ) = cosh α cos β + j sinh α sen β
29
característica e a constante de propagação:
Zc = 266, 1453 W
γ = j1, 2775 · 10−3 Np/km
A = 0, 7203
B = j184, 6 W
C = j2, 606 · 10−3 S
A = 0, 9275
B = j99, 52 W
C = j1, 405 · 10−3 S
>> q300 = [a b; c a]
q300 =
q600 =
1.0e+02 *
>> q300 ^ 2
30
ans =
1.0e+02 *
>> q600(1,1)
ans =
0.7203
>> q600(1,2)
ans =
0.0000e+00 + 1.8460e+02i
>> q600(2,1)*1e3
ans =
0.0000 + 2.6062i
Calculando a tensão no meio da linha, a partir da saída:
750 · 103
V2 = √ = 433, 0 kV
3
2 · 109
I2 = √ = 1539, 6 A
750 · 103 3
Aplicando o quadripolo de 300 km, encontra-se no meio da linha Vm =
744, 5 20, 88° kV, Im = 1552, 1 23, 07° A. Aplicando mais uma vez o
quadripolo, encontra-se no início da linha V1 = 730, 9 42, 34° kV, I1 =
1582, 2 45, 50° A.
(d) Calculando o quadripolo de uma seção de 60 km:
A = 0, 9971
B = j20, 38 W
C = j2, 8772 · 10−4 S
31
Pode-se aplicar o seguinte script no Matlab:
z = 1i*0.34;
y = 1i*4.8e-6;
l = 60; % comprimento de uma secao
zc = sqrt(z / y);
gama = sqrt(z * y);
a = cosh(gama * l);
b = zc * sinh(gama * l);
c = 1/zc * sinh(gama * l);
q = [a b; c a];
v = zeros(11,1);
v(end) = 750e3 / sqrt(3);
i2 = 2e9/750e3/sqrt(3);
tmp = [v(end); i2];
for i1 = 10:-1:1,
tmp = q * tmp; % aproveita a variavel de entrada para a proxima itera
v(i1) = tmp(1); % pode-se extrair tambem a corrente, que esta em tmp(
end
plot(abs(v).*1e-3.*sqrt(3)); % dividindo por 1000 para achar em kV
ylabel('Tensao [kV]');
A gura 8 ilustra alguns exemplo de pers de tensão, em módulo,
supondo a tensão de saída em 750 kV. Observa-se para uma condição de
sobrecarga (4 GW) uma queda de tensão signicante, e o efeito Ferranti
para uma saída em vazio.
B
V1 A 2
V2
= (7.18)
I1 2C+ D I2
32
1200 P=0
P = 2 GW
P = 4 GW
1100
1000
Tensao [kV]
900
800
700
600
500
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
ragindo entre si. De forma simplicada, pode-se arbitrar duas barras, aonde
no modelo do quadripolo assume-se uma barra passiva, com tensão e corrente
conhecidos. Outra forma prática de estudar é assumir duas barras fortes ´´,
com tensões denidas, calculando-se as correntes e potências.
Seja uma linha conectando duas barras com tensões denidas, V1 e V2 ,
cujo módulos e ângulos não sejam alterados pela inserção da linha, a corrente
entre as barras será determinada basicamente pela impedância longitudinal
(usando tensão de fase), arbitrando o uxo da barra 1 para 2:
V1 − V2
I˙ = √ (8.1)
Ż 3
sendo esta corrente que determinará as perdas e parte do reativo. Outra
parte signicante do reativo estará na admitância, supondo esta concentrada
em cada barra, obtém-se a corrente efetiva que entra ou sai de cada, I1 e I2 :
I1 = I + IY 2 (8.2a)
I2 = I − IY 2 (8.2b)
33
Exemplo: Calcule a potência transmitida e perdas em uma LT, 345 kV,
impedância total de 6 + j50 W, as barras com tensões (fase-fase) V1 =
345 0° kV e V2 = 320 −10° kV.
Solução: Lembrando em converter V1 e V2 para tensões fase-neutro,
ou convertendo direto na equação:
V̇1 − V̇2
I˙ = √ = 723, 32 −21, 4° A
Ż 3
|V1 | · |V2 | ∼
P = sen δ = 383, 4 MW
X
9 Compensação de linhas
A compensação de reativo em uma linha consiste em balançar a impedância
ou a admitância com capacitores em série ou reatores em paralelo, respecti-
vamente. No ponto de vista elétrico, o efeito será de encurtar a linha.
Cada tipo de compensação é especíca para uma condição da LT: a com-
pensação série é especíca para a condição de plena carga e a compensação
shunt para a linha em vazio. Fora destas condições, a compensação torna-se
um excesso de reativo, mas o seu chaveamento raramente é apropriado.
A solução é o uso de elementos de compensação ativa, seja reatores ou
capacitores chaveados por eletrônica, ou até elementos eletrônicos que contro-
lam diretamente os reativos. Devido ao custo elevado destas soluções, pode-se
também utilizar congurações mistas de elementos passivos e ativos. Maiores
detalhes podem ser encontrados em [15, p. 627].
Para linhas muito longas, a compensação é distribuída ao longo da linha,
criando-se subestações intermediárias.
34
Seja uma LT com uma impedância característica Zc no qual
r r
L Xl
Zc ∼
= = (9.1)
C Bc
a compensação série será proporcional à reatância longitudinal, na forma
Xc = ns Xl (9.2)
35
Figura 9: Conguração de compensação série e TCSC
A=1 (9.5a)
1
B= = −j ns Xl (9.5b)
j ω Cs
C=0 (9.5c)
D=1 (9.5d)
A=1 (9.6a)
B=0 (9.6b)
1
C= = −j np Bc (9.6c)
j ω Lp
D=1 (9.6d)
Q = Qc · Ql · QLT · Ql · Qc
36
I1 - j Xc Ze = R + j Xl - j Xc I2
V1 - j Bl Ye = j Bc - j Bl V2
37
10 Cálculo dos parâmetros elétricos - modelo
detalhado
Nesta seção apresenta-se um modelo que incorpora elementos adicionais, cuja
inuência pode ser determinante em certas condições e estudos.
j ω µ I0 (ρ)
Zi = (10.1)
2 π ρ I1 (ρ)
p
ρ = r −j ω σ µ (10.2)
Zia 0 0
µ
Z= 0 Zib 0 +jω M (10.4)
2π
0 0 Zic
11 Implementado no Matlab e Scilab como besseli(0,x) e besseli(1,x), respectiva-
mente.
38
ln 2rhaa ln D ab
dab ln D ac
dac
M = ln D ba 2 hb
ln rb ln D bc
(10.5)
dba dbc
Dca
ln dca ln D cb
dcb
2 hc
ln rc
e não é mais necessário usar o raio corrigido r0 , pois seu efeito está incluso
nos elementos Zi , e a matriz M torna-se única para o cálculo da impedância
e da admitância.
Para uma linha com feixe de condutores, a matriz impedância será formada
por cada subcondutor. Por exemplo, uma linha trifásica com fases a, b e c,
com cada feixe com n subcondutores:
···
Za11 Za12 Za1n Za1b1 Za1c1 Za1cn
.
.
Za21 Za22 Za2n ··· .
Zan1 Zan2 Zann
.
Z= . (10.6)
Zb1a1 . Zb11 Zb1cn
. ..
.
. .
Zc1a1 Zc11
Zcna1 ··· Zcnn
Z1 = R1 + j ω L1 (10.8)
Y1 = j ω C1 (10.9)
12 Não necessariamente cada fase tem que ter a mesma quantidade de subcondutores, por
este método pode-se ter qualquer possibilidade, só não é exposta uma forma totalmente
genérica porque seria inovação em excesso...
39
A extração dos elementos de circuito pressupõe também que sua aplicação
para outras faixas de frequência é linear - o que deve ser usado com precaução.
Para uma gama de frequências das primeiras harmônicas, o resultado é bem
aceitável, porém para frequências acima de 10 kHz a resistência terá um desvio
considerável devido ao efeito pelicular, tornando-se comparável à reatância da
linha
13 . A gura 11 ilustra um exemplo de linha com variação da resistência,
para sequência positiva e zero, até 1 MHz.
O efeito é mais intenso quando se modela o circuito de sequência zero
- particularmente com os parâmetros do solo. Este efeito irá se reetir na
impedância característica, conforme gura 13.
Somente a capacitância equivalente, tanto em sequência positiva quanto
zero, possui comportamento linear em uma ampla faixa de frequência (até
1 MHz).
R0
R1
2
10
Resistencia (Ω/km)
1
10
0
10
−1
10
−2 −1 0 1 2 3 4 5 6
10 10 10 10 10 10 10 10 10
Frequencia (Hz)
40
7
L0
L1
6
5
Indutancia (mH/km)
0
−2 −1 0 1 2 3 4 5 6
10 10 10 10 10 10 10 10 10
Frequencia (Hz)
h0 = h + d (10.10)
r
1 ρ
d= √ = (10.11)
σjωµ jωµ
41
900
Zc0
Zc1
800
700
600
500
400
300
−2 −1 0 1 2 3 4 5 6
10 10 10 10 10 10 10 10 10
Frequencia (Hz)
µ0 2 · 10
L= ln = 1, 5202 · 10−6 H/m
2π 0, 01
100 W·:
com o solo de
42
com o solo de 10 W·
µ0 2 · (10 + 102, 73 − j102, 73)
L= ln = (2, 0651 − j0, 1478) · 10−6 H/m
2π 0, 01
essa diferença tende a se anular quando calcula-se a impedância de sequên-
cia positiva (Zp − Zm ), porém o efeito se amplia na sequência zero
(Zp + 2Zm ).
va zaa zab zac zag1 zag2 ia
vb
zba zbb zbc zbg1 zbg2
ib
vc =
zca zcb zcc zcg1 zcg2
ic
(10.12)
vg1 zg1a zg1b zg1c zg1g1 zg1g2 ig1
vg2 zg2a zg2b zg2c zg2g1 zg2g2 ig2
vu Zuu Zug iu
= (10.13)
vg Zgu Zgg ig
no qual a matriz reduzida será
vu = Zred · iu (10.14)
43
o mesmo método pode ser aplicado na matriz M antes de determinar a ad-
mitância
15 :
Muu Mug
MY = (10.16)
Mgu Mgg
MY red = Muu − Mug · Mgg −1 · Mgu (10.17)
C= 2 π ε0 MY −1
red (10.18)
100
r 0 = r e− 4 = 1, 3888 · 10−11 r
15 Para a impedância deve-se aplicar a redução após somar a resistência, incluindo dos
cabos para-raios.
44
observa-se agora a presença de parte real nas mútuas, devido ao retorno
pelo para-raios. Para programar em Maltab ou Scilab, o comando será:
zred = z(1:3,1:3) + z(1:3,4:5)/z(4:5,4:5)*z(4:5,1:3)
I1 + I2 + · · · + In = If (10.19)
Exemplo: uma LT sem perdas é composta por feixes de três cabos por
fase, cuja matriz com cada subcondutor é assim representada:
0, 9381 0, 6513 0, 6513 0, 4397 0, 4444 0, 4419 0, 3874 0, 3898 0, 3886
0, 6513 0, 9381 0, 6513 0, 4353 0, 4397 0, 4374 0, 3852 0, 3874 0, 3863
0, 6513 0, 6513 0, 9381 0, 4374 0, 4419 0, 4397 0, 3863 0, 3886 0, 3874
0, 4397 0, 4353 0, 4374 0, 9381 0, 6513 0, 6513 0, 4397 0, 4444 0, 4419
Z=j
0, 4444 0, 4397 0, 4419 0, 6513 0, 9381 0, 6513 0, 4353 0, 4397 0, 4374
0, 4419 0, 4374 0, 4397 0, 6513 0, 6513 0, 9381 0, 4374 0, 4419 0, 4397
0, 3874 0, 3852 0, 3863 0, 4397 0, 4353 0, 4374 0, 9381 0, 6513 0, 6513
0, 3898 0, 3874 0, 3886 0, 4444 0, 4397 0, 4419 0, 6513 0, 9381 0, 6513
0, 3886 0, 3863 0, 3874 0, 4419 0, 4374 0, 4397 0, 6513 0, 6513 0, 9381
45
Será aplicado o procedimento na última fase, referente as linhas e colunas 7, 8
e 9, por já estar posicionada. Subtraindo a coluna 7 de 8 e 9, obtém-se
0, 9381 0, 6513 0, 6513 0, 4397 0, 4444 0, 4419 0, 3874 0, 0023 0, 0011
0, 6513 0, 9381 0, 6513 0, 4353 0, 4397 0, 4374 0, 3852 0, 0022 0, 0011
0, 6513 0, 6513 0, 9381 0, 4374 0, 4419 0, 4397 0, 3863 0, 0023 0, 0011
0, 4397 0, 4353 0, 4374 0, 9381 0, 6513 0, 6513 0, 4397 0, 0047 0, 0022
0, 4444 0, 4397 0, 4419 0, 6513 0, 9381 0, 6513 0, 4353 0, 0044 0, 0021
0, 4419 0, 4374 0, 4397 0, 6513 0, 6513 0, 9381 0, 4374 0, 0045 0, 0023
0, 3874 0, 3852 0, 3863 0, 4397 0, 4353 0, 4374 0, 9381 −0, 2868 −0, 2868
0, 3898 0, 3874 0, 3886 0, 4444 0, 4397 0, 4419 0, 6513 0, 2868 0, 0000
0, 3886 0, 3863 0, 3874 0, 4419 0, 4374 0, 4397 0, 6513 0, 0000 0, 2868
46
longas. Será necessário um tratamento matricial.
Seja uma linha de seis condutores genéricos, com uma relação entre tensão
e corrente por unidade de comprimento representada abaixo:
V1 z11 z12 z13 z14 z15 z16 I1
V2
z21 z22 z23 z24 z25 z26
I2
V3
= z31 z32 z33 z34 z35 z36 I3
(10.21)
V4
z41 z42 z43 z44 z45 z46
I4
V5 z51 z52 z53 z54 z55 z56 I5
V6 z61 z62 z63 z64 z65 z66 I6
Sendo agora esse sistema ligado como um circuito duplo, no qual Va =
V1 = V4 , Vb = V2 = V5 e Vc = V3 = V6 . Por sua vez, as correntes serão
somadas, Ia = I1 + I4 , Ib = I2 + I5 e Ic = I3 + I6 .
Esse procedimento pode ser encontrado em [3, p. 108], podendo inclusive
ser usada para o cálculo preciso da impedância de feixe de condutores. Na
mesma referência [3, p. 137] estuda-se o desbalanço entre os circuitos, que pode
causar por exemplo correntes circulantes. Um procedimento mais completo é
abordado em [7].
47
11 Estudo detalhado de um sistema de trans-
missão através de matriz Ybarra
Nesta seção apresenta-se um sistema completo, composto por um tronco com
2 LTs, suas respectivas compensações, e duas barras de um sistema ctício,
representadas por seus equivalente Thevenín.
Será estudado o estado do sistema em três condições: uxo com potência
nominal das LTs, o sistema em vazio, energizado por uma das barras, e o
efeito de curto-circuito em uma das LTs.
Novamente será usado o exemplo da LT raquete, para um comprimento
de 300 km e compensada em 50%, tanto série quanto paralelo.
V1 = 1 pu
XCS
ZLT
XT1 XT2
Xeq1 Xeq2
XRS
Xn
48
como ao manobrar uma chave ou ao incidir uma descarga atmosférica.
Os requisitos de segurança traduzem o efeito da linha no ambiente, em
pessoas ou outros seres vivos, na forma de radiação não-ionizante, ruído e até
riscos de queda e poluição visual. Para estes efeitos, a distância é elemento
determinante, e o que vai estipular a faixa de passagem da linha, sendo parcela
importante no custo nal.
Sobre o critério elétrico, podemos também dividir os efeitos na origem:
seja na tensão, como em linhas EHV, ou na corrente, mais evidente em linhas
de distribuição.
6 0, 0308
Ec = 3, 0 · 10 m δ 1 + √ (12.2)
δr
sendo δ a densidade relativa do ar e m um fator empírico relativo à superfície
do cabo.
16 equivalente devido aos cabos possuírem uma geometria de os que não exatamente o
torna perfeitamente circular.
49
12.1.2 Radio-interferência
O efeito corona produz ruído eletromagnético em uma ampla faixa de frequên-
cia, que estende-se pelas ondas de rádio e de TV. Atualmente não existe con-
senso (normatização atualizada) quanto aos limites a serem impostos, especi-
camente quanto a medição da interferência. Isto deve-se aos equipamentos,
que usualmente medem somente uma frequência, ex. 500 kHz ou 1 MHz, mas
a interferência nem sempre se concentra em um valor usual.
50
tende a se descarregar ao realizar o contato com o terra, que pode ser por
exemplo uma pessoa abrindo uma cerca, ou uma manobra de manutenção em
um gasoduto...
Pode-se simular o efeito da polarização em outros condutores (cabos telefô-
nicos, linha de distribuição ou rede de dados, cercas e encanamentos) através
de uma matriz: cada cabo paralelo entra como uma linha e uma coluna adi-
cional na matriz impedância e admitância. Pode-se inclusive assumir uma
simulação em alta frequência, supondo um sinal originado do efeito corona,
induzindo interferência em uma rede de dados, entre outras possibilidades.
51
Um aspecto mais complexo é o cálculo da ampacidade em condições tran-
sitórias, como em curto-circuito. Nesta modelagem o cabo recebe um pulso
de energia térmica, no qual sua dissipação é relativamente lenta, e o entendi-
mento desta dinâmica é fundamental para condições de emergência.
52
12.6 Sobretensões transitórias de frente rápida (surtos
atmosféricos)
Sobretensões originadas em linhas de transmissão, no qual ondas viajantes
poderão chegar na subestação e danicar os equipamentos.
Ordem de 1 a 10 µs de tempo de frente, 50 a 100 µs de tempo de cauda.
O tempo de norma é 1,2/ 50 µs.
Parâmetro signicante em sistemas de tensão até 230 kV.
53
Figura 15: Sobretensões de energização devido a indutância da fonte e pelo
comprimento da linha [10]
54
12.7.5 Chaveamento de corrente indutiva
Corrente de magnetização de transformador: a característica não-linear do
transformador pode levar a sobretensões indesejáveis.
O laço de histerese apresenta um joelho no qual abaixo deste valor é o
estado operativo normal do transformador, de forma aproximadamente linear.
Para valores acima deste ponto de joelho, a corrente de excitação aumenta
bruscamente para um aumento gradual de uxo magnético. Esta corrente de
excitação transitória é conhecida como corrente de inrush.
Nos primeiro ciclos após a energização, a corrente de inrush possui picos
muito superiores à corrente nominal. O valor inicial da corrente depende
basicamente do ponto de onda de tensão no qual ocorreu a energização e do
uxo residual no núcleo. Com um uxo residual de 1 pu, o uxo máximo
pode chegar a três vezes o uxo nominal.
Chaveamento de reatores (1 a 1,5 pu)
Chaveamento secundário
12.8 Aterramento
O aterramento das torres de uma linha de transmissão é vital para a segu-
rança de pessoal e de operação, em condições nominais e particularmente na
presença de faltas e surtos, aonde correntes descendentes podem produzir ele-
vação de potencial nas redondezas. Esta elevação (em inglês, ground potential
rise - GPR) é representado por três valores: tensão de toque, tensão de passso
e tensão de transferência.
Normalmente o aterramento na torre é realizado por cabos nus enterrados
horizontalmente, chamados de cabos contrapeso. Estes cabos devem assegurar
uma resistência de aterramento mínima (da ordem de 5 W) para toda a vida
útil da linha.
As diculdades inerentes no projeto e implantação do aterramento são a
medição dos parâmetros do solo, basicamente resistividade, que pode variar
de 10 a 10.000 W m, e sendo o solo heterogêneo esses valores variam bastante
ao longo do trajeto, e ainda ao longo do ano. Outro aspecto é a corrosão do
aterramento e da própria torre, que irá degradar a resistência.
55
13 Comportamento não-linear em sistemas de
transmissão
Até então apresentou-se modelos relacionados a linhas de transmissão aonde,
quase todos, tratam de circuitos lineares. Infelizmente ao longo da vida útil da
instalação, diversos fenômenos não-lineares ocorrem, alguns sendo possíveis
de serem tratados de forma linearizada, outros nem tanto. Lista-se alguns
exemplos:
Efeito corona,
Efeito pelicular,
Descargas atmosféricas.
56
14 Considerações nais
Esta apostila apresenta um resumo muito breve do assunto, que possui as-
pectos muito relevantes tanto para prática quanto para pesquisa e desenvolvi-
mento. Fica como sugestão um artigo [22] que aborda de forma geral mas com
alguns detalhes que, apesar da aparente complexidade, inspira curiosidade. O
livro [7] também é uma fonte importante, aonde descreve com profundidade
vários aspectos de simulação de LTs.
57
Referências
[1] ABB Electric Systems Technology Institute. Electrical Trans-
mission and Distribution Reference Book, 5th ed. EUA, 1997.
[5] Carson, J. R., et al. Wave propagation in overhead wires with ground
return. Bell system technical journal 5, 539-554 (1926).
[6] Deri, A., Tevan, G., Semlyen, A., and Castanheira, A. The
complex ground return plane a simplied model for homogeneous and
multi-layer earth return. Power Apparatus and Systems, IEEE Transac-
tions on, 8 (1981), 36863693.
[7] Dommel, H. W. EMTP Theory Book. Microtran Co., 1995.
[8] EPRI. EPRI AC transmission line reference book: 200 kV and above,
3rd ed. Electric Power Research Institute, Palo Alto, CA, EUA, 2005.
[13] IEC 60826. Loading and strength of overhead transmission lines. Tech.
rep., IEC, Geneva, 1991.
58
[15] Kundur, P. Power system stability and control. Tata McGraw-Hill
Education, 1994.
[19] Matsch, L., and Lewis, W. The magnetic properties of acsr core wire.
Power apparatus and systems, part III. transactions of the AIEE 77, 3
(February 1958), 11781189.
[23] Project UHV. Transmission Line Reference Book 345 kV and Above,
2nd ed. Electric Power Research Institute EPRI, 1982.
59
A Tabela comparativa de parâmetros
A tabela 4 ilustra alguns valores de parâmetros para algumas congurações de
linhas de transmissão, incluindo impedância e admitância, mais a impedância
em pu (Z̄1 ) na base da potência característica da linha.
√
3
Para um cálculo expedito, utiliza-se o DMG entre as fases, Deq = dab dbc dac ,
obtendo-se os parâmetros de sequência positiva:
µ Deq
Z =R+jω ln 0 (B.1)
2π r
−1
Deq
Y = j 2 π ω ε0 ln (B.2)
r
Lembrando que o efeito pelicular, representado por r0 , só é incorporado
na impedância, valendo a regra de aplicar um RMG para impedância e outro
para a admitância.
C Tópicos avançados
Lista de tópicos para pesquisa ou simples curiosidade.
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C.1 Teoria eletromagnética de linhas de transmissão
Para compreender totalmente a relação entre impedância e admitância, é ne-
cessário abordar a teoria eletromagnética das linhas de transmissão.
Para uma linha relativamente longa em relação ao seu comprimento de
onda, o modelo de circuito concentrado perde a validade, sendo necessário a
modelagem por circuito distribuído. Seja uma linha como descrita na gura
16, ao longo do eixo x, e sendo z e y as relações entre corrente longitudinal il
e tensão transversal vt , sendo expressas aqui somente como i e v respectiva-
mente, as relações para cada trecho innitesimal é ditado pelo sistema:
dv
= iz (C.1a)
dx
di
= vy (C.1b)
dx
A gura 16 ilustra o modelo básico de linha de transmissão, em aproxi-
mação monofásica, sendo o eixo x referente ao comprimento da linha, aonde
divide-se a linha em elementos innitesimais de comprimento dx, de impe-
dância dz e admitância dy , formando um circuito escada (ou ladder ). Com
isso obtém-se, por exemplo, o perl de tensões transversais vt (x) e correntes
longitudinais il (x) em qualquer ponto da linha..
dz
il(x)
dy vt (x)
dx
Figura 16: Modelo de linha de transmissão
Desenvolvendo,
d2 v di
=z (C.2a)
dx2 dx
d2 i dv
2
=y (C.2b)
dx dx
61
Sendo a solução na forma exponencial,
√ √
v = A1 exp(x y z) + A2 exp(−x y z) (C.3)
d2 v √ √
= y z [A1 exp(x y z) + A2 exp(−x y z)] (C.4)
dx2
substituindo
1 √ 1 √
i = p A1 exp(x y z) − p A2 exp(−x y z) (C.5)
z/y z/y
V R = A1 + A2 (C.6a)
1
IR = (A1 − A2 ) (C.6b)
Zc
resolvendo,
VR + IR Zc
A1 = (C.7a)
2
VR − IR Zc
A2 = (C.7b)
2
nalmente,
VR + IR Zc VR − IR Zc
v(x) = exp(γ x) + exp(−γ x) (C.8a)
2 2
VR/Zc + I VR/Zc − I
R R
i(x) = exp(γ x) + exp(−γ x) (C.8b)
2 2
sendo assim possível obter v e i em qualquer ponto da linha, sabendo-se os
valores na barra receptora.
Pode-se também obter a energia na linha [9], no campo magnético:
i2 Ldx
dEm = (C.9)
2
e no campo elétrico
v 2 Cdx
dEe = (C.10)
2
no total
i2 Ldx v 2 Cdx
v i dt = + (C.11)
2 2
62
q
L
sendo aproximadamente uma linha sem perda, u = i Zc = i C ,
r !2
L Cdx i2 Ldx
dEe = i = = dEm (C.12)
C 2 2
63
C.5 Propagação de ondas
Uma linha de transmissão usualmente encontra-se em uma dimensão de cir-
cuito distribuído, ou seja, possui dimensões comparáveis, ou superiores, ao
comprimento de onda elétrico. Desta forma, por exemplo, ao se ligar uma
fonte em uma extremidade da LT, a outra extremidade não será sentida
até um tempo especíco. Ou seja, em um tempo t = 0, a fonte enxerga
somente o início da LT, injetando energia que percorrerá o circuito até o nal,
que então percebe-se uma impedância (ou um curto ou circuito aberto), que
por sua vez provocará uma reação, ou reexão. Uma onda irá retornar até
a fonte, que então enxergará a totalidade do circuito, e rebaterá com uma
nova onda! Haverá então algumas interações entre as extremidades, até que
nalmente correntes e tensões entrem em convergência para um sistema em
regime permanente. Esta dinâmica, que pode ser muita rápida para a per-
cepção humana, implicará em sobretensões importantes, e que eventualmente
não deverão ser desprezadas.
Estes fenômenos podem ser estudados com a teoria da onda viajante.
D Questões de concursos
1. (EPE 2006) A capacitância fase-terra de uma linha de transmissão tri-
fásica transposta é igual à:
64
(b) aumentando as distâncias entre as fases, aumenta o Raio Médio
Geométrico (RMG) e, assim, eleva-se a capacitância transversal
por unidade de comprimento.
(b) contínua possui maior perda por Efeito Joule, o que acarreta cabos
com maiores bitolas.
65
Nessa perspectiva, analise as armativas a seguir.
(a) I.
(b) II.
(c) III.
(d) I e II.
(e) I e III.
66
(b) matriz indutância resultante é simétrica quando o espaçamento en-
tre os condutores de uma linha de transmissão trifásica é constante
e não há transposição deles, mesmo que a seção reta da linha não
seja equilátera (espaçamentos idênticos).
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I É possível fazer a interconexão entre dois sistemas de corrente alter-
nada de frequências diferentes por meio de elo de corrente contínua.
(a) I e II.
(b) I e III.
(c) II e IV.
(d) I, II e III.
68
(a) I.
(b) I e II.
(c) II e IV.
(d) I, II e IV.
13. (Eletrobras 2010) Uma linha de transmissão longa possui uma impe-
dância característica Zc = 400 5° W. Quando se desprezam R e G dessa
linha de transmissão, obtém-se uma linha de transmissão sem perdas
que, para determinada carga ligada ao seu terminal receptor, pode ser
denominada linha innita ou plana. Nessas condições, o fator de ree-
xão no terminal receptor, para uma onda qualquer incidente de tensão,
também possui um valor especíco. Os valores da impedância de carga
e do fator de reexão para essas condições valem, respectivamente,
(a) ∞ e -1
(b) 0 e 0
(c) 0 e -1
(d) Zc e -1
(e) Zc e 0
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