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Cálculo elétrico de linhas de transmissão -

Notas de aula



CC Carlos Kleber da Costa Arruda
CEFET-RJ

20 de maio de 2014

Sumário
1 Introdução 2
2 Uma ideia sobre as grandezas envolvidas 3
3 Estudos em linhas de transmissão 4
4 Cálculo dos parâmetros elétricos - modelagem básica 5
5 Desempenho elétrico de uma linha de transmissão 17
6 Limites de transmissão 23
7 Modelo do quadripolo 25
8 Modelo de uxo de potência 32
9 Compensação de linhas 34
10 Cálculo dos parâmetros elétricos - modelo detalhado 38
11 Estudo detalhado de um sistema de transmissão através de
matriz Ybarra 48
12 Requisitos elétricos de projeto de linhas de transmissão 48
13 Comportamento não-linear em sistemas de transmissão 56
∗ carloskleber@gmail.com / http://sites.google.com/site/carloskleber/ -
BY:
$
\

Permitido uso não comercial, citando o autor e fonte.

1
14 Considerações nais 57
A Tabela comparativa de parâmetros 60
B Cálculo dos parâmetros elétricos - modelo simplicado 60
C Tópicos avançados 60
D Questões de concursos 64

1 Introdução
1.1 Sobre a apostila
Este material tem como objetivo subsidiar a disciplina de cálculo elétrico de
linhas de transmissão, lecionada no CEFET-RJ. Para o assunto, existe uma
literatura muito vasta, incluindo artigos, normas, teses e dissertações. Partiu-
se da ideia de resumir alguns conceitos, considerados básicos, deixando partes
de maior profundidade para capítulos seguintes, formando assim uma espiral
que retorna ao ângulo inicial mas com profundidade.
Devido a disciplina não abranger o cálculo mecânico, cuja interação com a
parte elétrica é muito íntima, aborda-se somente alguns conceitos nesta parte,
como echa e ampacidade, cando ao aluno consultar livros como [16], e a
apostila da parte mecânica [4].
Procurou-se incluir referências adicionais, que apesar de estarem fora do
escopo da graduação, são inspiração para pontos de partida para estudos
subsequentes.

1.2 Nota sobre unidades de medida e convenções


Todas as unidades são no sistema métrico, exceto quando a unidade é referên-
cia usual (como por exemplo a especicação de cabos usa-se MCM ou kcmil ),
1
mas mesmo estas tendem a serem substituídas.
Em todas as fórmulas e equações supõe-se que as grandezas estejam sem
múltiplos e submúltiplos, ou seja, recomenda-se atenção ao omitir mili, micro,
quilo, mega; em várias tabelas, utiliza-se múltiplos e submúltiplos para deixar
o texto mais legível, evitando as potências de 10.
O estudo de linhas de transmissão envolve as equações do eletromag-
netismo, aonde aplica-se, no vácuo, as constantes de permissividade, ε0 =
8, 8541878 · 10−12 F/m, e a permeabilidade magnética, µ0 = 4 π 10−7 H/m.

1 cmil: circular mil, área de um círculo com diâmetro de um milésimo de polegada, sendo
MCM igual a 1000 circular mil. 1 MCM ∼
= 0, 5 mm2 .

2
1.3 Sobre o uso de ferramentas de programação
Ao longo do texto aborda-se cálculos práticos, feitos com auxílio de progra-
mação. Não se trata de rotinas para uso comercial, compiladas, mas sim
contas realizadas de forma ordenada. Alguns programas que permitem esta
praticidade são o Matlab, Scilab, Octave e Mathematica. Cada um tem suas
vantagens, e óbvio seu custo, sendo o Scliab e o Octave de livre distribui-
ção e perfeitamente capazes de se realizar os estudos, inclusive muito mais
avançados que se propõe aqui.

2 Uma ideia sobre as grandezas envolvidas


Somente vendo esta apostila, ou até em sala de aula, não temos noção da
grandeza que é uma linha de transmissão. Qual a capacidade de uma linha
de 500 kV? Qual é a corrente típica de curto-circuito? Quanto pesa um cabo?
A tabela 1 dá um ideia destes valores, obtida a partir de diversas fontes. São
valores médios, somente para uma ordem de grandeza.

Tabela 1: Ordem de grandeza em linhas de transmissão.


Potência 230 kV: 200 MW
transmitida 345 kV: 500 MW
500 kV: 1 GW
750 kV: 2 GW
Comprimentos Vão típico: 300-500 m
Vão de travessia: 1000-2000 m
LT curta: < 100 km
Comprimento máximo sem subestação intermediária: 300 km
Linha de meia-onda: 2250 km
Altura de torre Linha de transmissão: 30-50 m
Vão de travessia: 100-300 m
Temperatura no Limite nominal: 70-90 ‰
cabo Limite de emergência: 100-130 ‰
Limite para cabos especiais: 200 ‰
Distâncias de 500 kV: 2 m
isolamento 500 kV (com considerações usuais de projeto): 5-8 m
(ecaz,
fase-neutro)
Peso linear de ACSR Linnet (336 MCM): 688 kg/km
cabos ACSR Rail (954 MCM): 1600 kg/km
ACSR Thrasher (2312 MCM): 3760 kg/km
Campo elétrico Máximo no solo (limite da faixa): 4,2 kV/m
Máximo no solo (ocupacional): 8,33 kV/m
Superfície do cabo: 20 kV/cm
Disruptiva: 30 kV/cm

3
3 Estudos em linhas de transmissão
Uma linha de transmissão é um elemento fundamental em um sistema de
potência, ligando fontes de geração com cargas consumidoras.
O projeto de uma linha de transmissão inicia-se com a necessidade de
transportar uma quantidade de energia entre dois pontos. Após estudar a
distribuição de carga nas linhas existentes, observa-se o efeito de uma nova
linha no sistema, chegando a um novo ponto de equilíbrio.

3.1 Transmitir?
Pode-se abrir esta questão em alguns pronomes: o quê, quando, como, onde
e quanto.

O quê transmitir a interligação entre centros de geração e consumo, quando


invevitavelmente a fonte de energia é interessante, mesmo com o custo
da linha.

Quando transmitir a necessidade futura surgir, ou seja, projetando o cres-


cimento do consumo e incluindo o tempo de construção, tanto das usinas
quanto da própria linha.

Como transmitir a tecnologia a ser usada, denindo se a linha será em CA


ou CC, e os níveis de tensão.

Onde passa eventualmente existe a opção de quais centros de geração irão


interligar quais centros de carga (ex. Belo Monte liga com Sudeste ou
Nordeste) e denição do traçado da linha.

Quanto custa transmitir o custo está envolvido desde a primeira questão,


dependendo ainda da economia e da política de comercialização (ex.
ganho em escala na fabricação dos cabos, ou regras tarifárias).

Estima-se que esta energia obtida seja distribuída, ao longo da vida útil
da linha, em um perl de demanda, resultando na linha transmitindo uma
potência média, com eventuais necessidades de sobrecarga. Para um estudo
mais didático, podemos assumir uma potência constante.
A distância entre os dois pontos está sujeita ao traçado da linha, aonde
observa-se desde a topograa até a viabilidade de aquisição dos terrenos. A
distância real pode variar não mais do que 10% de um traçado em linha reta.
Assumindo assim a potência e o comprimento da linha, chega-se aos cri-
térios de escolha do tipo (CA ou CC) e nível de tensão.

4
Figura 1: Exemplo ilustrativo de seleção de nível de tensão, a partir de pre-
missas de projeto conservadoras [14]

4 Cálculo dos parâmetros elétricos - modelagem


básica
Nesta parte será apresentado o modelo básico de linha de transmissão para
estudo em regime permanente. Assume-se que a linha é trifásica, fazendo-se
uma aproximação monofásica, que de acordo com o sistema de componentes
simétricas é aplicável para sistemas equilibrados ou não.
Inicialmente demonstra-se a relação de parâmetros entre fases, aonde exis-
tem componentes próprias (que afetam somente a fase em questão) e compo-
nentes mútuas (que afetam as fases vizinhas). Por reciprocidade, as compo-
nentes mútuas são simétricas, ou seja, o efeito que a fase a causa na fase b é
igual ao efeito da fase b na fase a.
Sabe-se pela teoria de circuitos que impedância e admitância são gran-
dezas recíprocas. Por convenção em linhas de transmissão, nomeia-se como
impedância a componente longitudinal por unidade de comprimento, sendo
em geral um elemento RL em série .
2
Nomeia-se como admitância a componente transversal (paralela ou shunt )
2 Em linhas CC, a indutância não se aplica em regime permanente, mas em estudos
transitórios, como por exemplo na propagação de surtos, ele é determinante.

5
por unidade de comprimento, sendo em geral um elemento RC em para-
lelo, sendo a resistência R, representativa da corrente de fuga, desprezível .
3
Desta forma pode-se estimar a impedância e admitância total de uma linha
multiplicando-se diretamente seus respectivos valores pelo comprimento.
Da mesma forma que a impedância, a admitância é denida pelo número
complexo Y = G + jB , sendo G a condutância e B a susceptância.
Na seção C.1 apresenta-se o desenvolvimento das equações de linhas de
transmissão, também chamadas de equações do telegrasta.
Na prática aproxima-se o circuito ladder para elementos discretos, sendo o
mais simples o equivalente pi (uma impedância em série e duas admitâncias
em paralelo nas extremidades).

4.1 Resistência
A resistência, como tradicionalmente é ensinada, é determinada pela resisti-
vidade do material, a seção transversal e o comprimento:

l
R=ρ (4.1)
S
sendo ρ a resistividade e a condutividade o seu inverso: σ = 1/ρ, l o compri-
mento e S a seção transversal.
Em corrente alternada, o efeito pelicular distorce a resistência efetiva do
cabo: o efeito de repulsão das linhas de corrente provoca um subaproveita-
mento da seção transversal do cabo. Este efeito é mais evidente em bitolas
maiores, pois ele não é proporcional ao diâmetro, logo sendo pouco percebido
por exemplo em instalações residenciais.
Os cabos usuais em CA são compostos por dois materiais, geralmente
um núcleo com os mais resistente à tração e uma coroa com os de boa
condutividade, e ao mesmo tempo leve e econômico. Este conjunto aumenta
a complexidade do estudo, por exemplo no cálculo mecânico, mas no cálculo
da resistência possuirá baixa inuência, pois o efeito pelicular irá posicionar
a corrente na região da coroa, evitando o material do núcleo.
Outro efeito importante é a variação da resistência pela temperatura. Em
geral a resistência em catálogos é tabelada para alguns valores típicos, como
75‰, mas o valor exato depende da própria corrente, entre outros fatores
ambientais.
Na seção 10.1 apresenta-se uma fórmula para o cálculo da impedância pró-
pria, incluindo o efeito pelicular. O valor calculado será próximo aos valores
encontrados em catálogos .
4

3 Em linhas CC, pela falta da corrente pelo efeito capacitivo, a resistência shunt R torna-
se novamente relevante, por exemplo, no cálculo de coordenação de isolamento.
4 Existem ainda outros fatores que inuenciam no cálculo da resistência, como por exem-
plo o efeito transformador do núcleo de aço e o comprimento adicional devido à helicoidal
dos os.

6
Observa-se que a maioria dos cabos é composta por os entrelaçados, ha-
vendo então lacunas no interior do cabo. Outra característica comum é a
presença de dois materiais no mesmo cabo, como alumínio e aço. Estas e
outras características acrescentam uma complexidade no cálculo exato da re-
sistência, particularmente ao se considerar os efeitos da temperatura.
Em geral as resistências são tabeladas, incluindo o efeito pelicular (re-
sistência CA). Também é usual tabelar a resistência para algumas faixas de
temperatura.
Para um cálculo iterativo, é prudente iniciar o cálculo da resistência com
um valor de temperatura próximo do nominal, e após determinar a tempera-
tura real do condutor, realizar a correção.
Para uma conguração de feixe de condutores, a resistência será dividida
pelo número de cabos em cada fase.
A tabela 2 exemplica a resistividade dos materiais usados em linhas de
transmissão, bem como outros parâmetros relevantes para o projeto.

Tabela 2: Características físicas de alguns materiais.


Condutivi- Resistivi- Coeciente de Massa
dade IACS dade variação da especíca
(%) ( W·mm2 /m) resistência ( ‰−1 ) (g/cm3 )
Alumínio 1350 61,0 0,028264 0,00403 2,705
Alumínio liga 6201 52,5 0,032840 0,00347 2,690
Cobre duro comercial 97,0 0,017775 0,00381 8,89
Cobre padrão IACS 100,0 0,017241 0,00393 8,89
Aço - 0,17 - 7,9

Observa-se que apesar do cobre possuir uma condutividade mais favorável,


sua massa e preço (da ordem de 4× mais caro) inviabilizam a aplicação em
linhas de transmissão.

4.1.1 Variação com a temperatura


Para o uso preciso da resistência, particularmente no cálculo das perdas, deve-
se realizar a correção pela temperatura. Este cálculo pode se tornar compli-
cado, considerando que a resistência irá inuenciar a corrente, que por sua
vez irá ditar a temperatura do condutor, juntamente com outros fatores, alem
dos cabos geralmente serem compostos por dois materiais.
Em geral os fabricantes fornecem os valores de resistência (CA ou CC)
para alguns valores de temperatura. Atente em utilizar uma resistência para
uma temperatura próxima às condições de operação.
A tabela 3 ilustra alguns valores de resistência CA e CC para alguns cabos.

7
Tabela 3: Exemplos de alguns cabos comerciais
Tipo Denominação Bi- Seção Diâ- Resistência Resistência
tola transversal metro CC CA
(MCM) total (mm) ( W/km 20‰) (W/km 75‰)
²
(mm )
ACSR Hawk 477 280,85 21,78 0,1196 0,1435
ACSR Grosbeak 636 322,3 25,16 0,0896 0,1075
ACSR Rail 954 526,8 29,59 0,0597 0,0733
ACSR Bittern 1272 726,4 34,16 0,0448 0,0558
ACSR Thrasher 2312 1235,2 45,78 0,0248 0,0327
AAC Sagebrusch 2250 1139,5 43,9 0,0255 0,034
AAAC 1000 506,7 29,2 0,0661 0,0802

4.2 Indutância
A indutância é o efeito do campo magnético sobre um circuito, representado
por exemplo pela lei de Faraday. Pode-se ter indutância própria, quando
uma linha de corrente no condutor induz potencial em outra seção do próprio
condutor, ou indutância mútua, quando uma corrente em um condutor externo
induz este potencial.
Assim como as cargas elétricas, todas as correntes que não sejam cons-
tantes induzem potencial em qualquer elemento condutor, e se esse elemento
fechar um circuito, surge a corrente induzida. Logo, uma linha pode induzir
em cercas metálicas, cabos aterrados, encanamentos, etc.
A indução também dependerá se os elementos estiverem paralelos, então
a indução será mínima se os condutores estiverem perpendiculares.

4.2.1 Premissas
Uma consideração, geralmente pouco evidenciada, é sobre a corrente: para
que haja uma corrente elétrica em regime permanente, supõe-se que ela re-
torna para a sua fonte de energia (ou fecha o somatório, no caso de várias
fontes, seguindo as Leis de Kirchho ). Este retorno pode ser por um segundo
condutor ou pelo solo, fechando um laço de corrente.
O entendimento de laço de corrente é fundamental para a validade da lei de
Ampére, que nos fornecerá a propriedade da indutância do circuito. Então,
não faz sentido pensar em um condutor singelo com uma corrente, pois a
equação só fecha com uma corrente retornando em sentido contrário.
O cálculo da indutância em um condutor é dividido na sua parte interna
e na parte externa. Em ambos, parte-se da lei de Ampére.
Para a indutância interna, como primeira aproximação um condutor com
uma seção circular, com raio r, aonde atravessa uma corrente I distribuída
uniformemente, obtém-se um valor constante de 0, 5·10−7 H/m [27]. A parcela

8
da indutância externa é relacionada ao raio e a altura, unindo as parcelas:
 
µ0 1 2h
Lii = + ln (4.2)
2π 4 r

sendo Lii a indutância própria do condutor i, com a soma do uxo magné-


tico interno e externo, r o raio do condutor, h a altura e a permeabilidade
magnética do ar µ0 = 4π · 10−7 H/m.
Observando que o cabo não possui altura constante, contendo a forma de
uma catenária. Pode-se usar sem problemas uma altura média hm , calculada
de duas formas:
2 1
hm = ht − f = hv + f (4.3)
3 3
sendo aqui ht a altura do cabo na torre, hv a altura do cabo no meio do vão
e f a echa, sendo essa fórmula relativa a um vão nivelado [4].
Usualmente a equação (4.2) é manipulada da forma:

 
µ0 1 2h
Lii = ln e 4 + ln (4.4)
2π r

µ0 2h
Lii = ln (4.5)
2π r e 14
µ0 2h
Lii = ln 0 (4.6)
2π r
A variável r0 corresponde ao raio equivalente do condutor ao se considerar a
parte interna do uxo [27, p. 52], para um cabo de alumínio, a permeabilidade
é igual ao do ar, no qual µ = µ0 , r0 = r e−1/4 ∼ = 0, 7788r . Para cabos
5 0 − µr
com permeabilidade superior a µ0 , como o aço , r = r e 4 , no qual µr a
permeabilidade relativa do condutor, µr = µ/µ0 .
O uxo externo será inuenciado pela permeabilidade do ar, igual a µ0 .

4.3 Impedância mútua


A impedância mútua entre dois condutores é essencialmente a indutância,
denida pelas distâncias e a característica magnética do ar (as propriedades
do condutor inuencia somente na indutância interna):

µ0 Dij
Lij = ln (4.7)
2π dij

sendo Dij a distância do condutor i a imagem do condutor j , e dij a distância


do condutor i para o condutor j.
5 Na referência [19] obtém-se para aço usado no núcleo de cabos ACSR valores da ordem
de µr ∼
= 50, sendo plausível considerar essa valor para cabos para-raios.

9
O exemplo de um cabo Rail (∅29, 59 mm, composto essencialmente
de alumínio, µ = µ0 ), a uma altura de 20 m, sua indutância própria será

µ0 2h 2 · 20
Laa = ln 0 = 2 · 10−7 ln 0,02959 = 1, 6305 · 10−6 H/m
2π r /2 · 0, 7788

A indutância mútua entre dois cabos, dispostos na horizontal a uma


distância de 8 m, será


µ0 Dab 402 + 82
Lab = ln = 2 · 10−7 ln = 1, 981 · 10−7 H/m
2π dab 8

Dois cabos de alumínio, com 1 cm de raio, 30 m de altura e separados a


10 m, possuem uma impedância mútua Żm . Calcule a variação percentual
de Żm ao (a) aproximar os cabos para 5 m, (b) abaixar os cabos para
10 m de altura.
A impedância mútua é proporcional às distâncias, real e imagem, e o
raio não inuencia no resultado:

Dij
Zm ∝ ln
dij

Fazendo a conta somente com o logaritmo, na condição inicial:

p
Dij = 102 + 602 = 60, 8
dij = 10
Zm ∝ 1, 8055

52 +602
Na condição (a), Zm(a) ∝ ln 5 = 2, 4884, um aumento de 1−
2,4884
1,8055 = 37, 8%.

102 +202
Na condição (b), Zm(b) ∝ ln 10 = 0, 8047, uma redução de
0,8047
1− 1,8055 = 55, 4%.

4.4 Distância média geométrica e raio médio geométrico


Chama-se DMG a distancia média geométria, que neste caso será aplicado às
distâncias entre condutores. Quando trata-se de condutores de uma mesma
fase, ou feixe de condutores, também é chamado de raio médio geométrico
(RMG ou GMR), que neste caso irá representar um condutor equivalente
para aspectos de indutância e capacitância.

10
n condutores arrumados em posições genéricas, o RMG será igual a
Para

v
uY n Yn
2
u
2
p
RMG = nt dij = n (d11 d12 · · · d1n )(d21 d22 . . . d2n ) · · · (dn1 dn2 · · · dnn )
i=1 j=1
(4.8)
sendo dii o raio do condutor i, com a correção da impedância interna, ri0 , e
dij a distância entre os condutores i e j.
Para feixes regulares, ou seja, condutores formados em polígonos de lado
d, o RMG do feixe será

RMG2 = r0 d (4.9a)
√3
RMG3 = r0 d2 (4.9b)
√4
RMG4 = 1, 09 r0 d3 (4.9c)

no qualRMG2 , RMG3 e RMG4 são os RMGs para feixes de 2, 3 e 4 condutores


A equação para um feixe de N condutores, espaçados
em feixes regulares.
igualmente em uma circunferência de raio R é denida por


N
RM G = r N RN −1 (4.10)

Lembrando que o efeito pelicular, representado por r0 , só é incorporado na


impedância. Logo teremos um RMG para o cálculo da impedância e um RMG
para a admitância. Por exemplo, para um feixe de 4 condutores, teremos

4
RMGZ4 = 1, 09 r0 d3 (4.11a)

4
RMGY4 = 1, 09 r d3 (4.11b)

Denindo como M a matriz característica da geometria da linha, também


chamada de matriz de coeciente de potenciais:

µ
L= MZ (4.12)

sendo

2 hi
MZii = ln (4.13a)
ri0
Dij
MZij = ln (4.13b)
dij

E a matriz impedância será

µ
Z = RI+jωL = RI+jω MZ (4.14)

11
abrindo os termos das matrizes:

ln 2rh0 a ln D ln D
   ab ac

R 0 0 dab dac
µ  ln Dbaa
Z= 0 R 0 +jω dba ln 2rh0 b ln D bc 
dbc  (4.15)

 b
0 0 R ln D
dca
ca
ln D
dcb
cb 2 hc
ln r0
c

Sendo R a resistência de cada condutor, considerando iguais, e I a matriz


identidade (não haverá resistência mútua). Observar que, para feixes de con-
dutores, dividir a resistência individual pelo número de condutores e trocar
ri por RMGi .

Seguindo como exemplo completo a linha de 500 kV raquete, cujo


perl é ilustrado na gura 2, este exemplo faremos o cálculo completo dos
parâmetros, começando pela impedância conforme acabou de se mostrar
neste capítulo.
A LT possui feixes de 4 cabos Rail, cujos parâmetros relevantes já
foram levantados no exemplos anteriores, com echa de 16 m, e o feixe
é um quadrado de 45,7 cm, correspondente ao padrão comercial de 18.
Os cabos pára-raios também estão ilustrados na gura, mas por ora não
serão considerados.
A resistência do feixe (considerando temperatura de operação de 75 ‰)
será
0,0733
4 = 0, 018325 W/km. Para a indutância, primeiramente calcula-
se o RMG:
s 
4 0, 02959
RMG = 1, 09 · 0, 7788 0, 4573 = 0, 1985 m
2

Utiliza-se também as altura médias dos cabos: a fase central está a 34 −


2·16 2·16
3 = 23, 33 m, e as fases laterais estão a 28 − 3 = 17, 33 m.
Calculando agora as parcelas geométricas referentes às indutâncias
próprias para cada fase, usando a convenção de (a,b,c) para enumerar as
fases, sendo (b) a fase central:

2 · 17, 33
Maa = ln = 5, 16277
0, 1985
2 · 23, 33
Mbb = ln = 5, 46002
0, 1985
Mcc = Maa

12
fazendo agora as parcelas referentes às indutâncias mútuas,

p
52 + (23, 33 + 17, 33)2
Mab = ln p = 1, 65731
52 + (23, 33 − 17, 33)2
Mbc = Mab
p
(2 · 5)2 + (2 · 17, 33)2
Mac = ln = 1, 28298
2·5
Podendo ser diretamente inseridos em um programa, pro-
vendo um vetor de coordenadasx e h, implementa-se na forma
dij = sqrt[(xi − xj )2 + (hi + hj )2 ], Dij = sqrt[(xi − xj )2 + (hi − hj )2 ] e
Mij = log[Dij /dij ], lembrando da convenção da função log[x] em geral
ser o logaritmo natural, ln(x).
A matriz M será então
 
5, 1627716 1, 6573122 1, 2829804
M =  1, 6573122 5, 4600231 1, 6573122 
1, 2829804 1, 6573122 5, 1627716
µ0
obtém-se a matriz indutãncia L multiplicando M por
2π , e na sequência
a matriz Z multiplicando L por jω e somando a matriz R, que é uma
matriz diagonal com as resistências dos feixes. Resumindo, tem-se:

µ0
Z =R + j ω M
 2π 
0, 018325 + j0, 3892730 j0, 1249613 j0, 0967367
= j0, 1249613 0, 018325 + j0, 4116857 j0, 1249613 
j0, 0967367 j0, 1249613 0, 018325 + j0, 3892730
W/km
observando atentamente ao expressar ou calcular os valores em W/m ou
W/km.

4.5 Capacitância e admitância transversal


A capacitância da linha também será denida a partir de sua geometria .
6
Partindo do exemplo teórico de um cabo singelo polarizado com um potencial
V em relação ao solo, este cabo terá uma capacitância em função do seu raio

6 Em [27, p. 72] desenvolve-se a teoria da capacitância em LTs, mas com a aproximação


em unir todas as fases em uma distância média geométrica.

13
0,457
4

34
28

Figura 2: Exemplo de perl de LT.

e da sua altura:
q 2h
V =ln (4.16)
2πε0 r
 −1
q 2h
C= = 2 π ε0 ln (4.17)
V r
generalizando para uma linha com n condutores, desenvolve-se um relação
geométrica descrita por uma matriz MY , similar a MZ :

C = 2 π ε0 MY −1 (4.18)

No qual ε0 a permissividade do ar, igual a 8, 85 · 10−12 F/m. Aqui não há


capacitância interna, logo não há correção do raio dos condutores, como
visto na equação 4.6, mas o termo referente à mútua é rigorosamente igual:

2 hi
MY ii = ln (4.19a)
ri
Dij
MY ij = ln (4.19b)
dij
Ao inverter-se a matriz MY , observa-se a formação de termos negativos
fora da diagonal, devido ao processo de polarização: uma carga de polaridade

14
positiva em uma fase irá provocar cargas de polaridade negativa nas outras
fases.
A admitância é denida por:

Y = G+jωC (4.20)

Desconsiderando a parcela de condutância, obtém-se a forma usual da admi-


tância para linhas CA:
Y = jωC (4.21)

Seguindo o exemplo anterior, para o cálculo da admitância, pode-se


aproveitar parcialmente a matriz M, recalculando a diagonal conside-
rando o raio real dos cabos. Primeiramente, o RMG:
s 
0, 02959
RMG = 1, 09 4 0, 4573 = 0, 2113 m
2

e os elementos próprios da matriz:

2 · 17, 33
Maa = ln = 5, 10027
0, 2113
2 · 23, 33
Mbb = ln = 5, 39752
0, 2113
Mcc = Maa

tem-se assim a matriz M e a sua inversa:


 
5, 1002713 1, 6573122 1, 2829804
M =  1, 6573122 5, 3975229 1, 6573122 
1, 2829804 1, 6573122 5, 1002713
 
0, 224171 −0, 0572269 −0, 0377949
M−1 =  −0, 0572269 0, 2204133 −0, 0572269 
−0, 0377949 −0, 0572269 0, 224171
obtendo-se a matriz de capacitância C multiplicando por 2π ε0 , e a ad-
mitância multiplicando por j ω, calculando diretamente:

Y = j ω 2 π ε0 M−1
 
j4, 6994162 −j1, 1996776 −j0, 7923144
=  −j1, 1996776 j4, 6206408 −j1, 1996776  µS/km
−j0, 7923144 −j1, 1996776 j4, 6994162

Aqui novamente para evitar o uso de um expoente, no caso 10−9 [S/m],


optou-se em expressar os valores utilizando múltiplos e submúltiplos das
unidades.

15
4.6 Efeito da transposição
Para obter um equilíbrio nos parâmetros da linha, as fases são trocadas de
posição em alguns pontos da linha. Matematicamente, sera equivalente a
trocar linhas nas matrizes Z e Y. Seja as matrizes Z(1) , Z(2) e Z(3) referentes
a três trechos:  
Zaa Zab Zac
Z(1) =  Zba Zbb Zbc  (4.22)
Zca Zcb Zcc
 
Zbb Zbc Zba
Z(2) =  Zcb Zcc Zca  (4.23)
Zab Zac Zaa
 
Zcc Zca Zcb
Z(3) =  Zac Zaa Zab  (4.24)
Zbc Zba Zbb
Sendo uma transposição ideal (no caso de uma linha de circuito simples,
dividida em três trechos de mesmo comprimento), pode-se supor um desem-
penho equivalente da linha em uma matriz média 7 :
1  (1) 
Z= Z + Z(2) + Z(3)
3 
Zaa + Zbb + Zcc Zab + Zbc + Zca Zac + Zba + Zcb
1
=  Zba + Zcb + Zac Zbb + Zcc + Zaa Zbc + Zca + Zab  (4.25)
3
Zca + Zab + Zbc Zcb + Zac + Zba Zcc + Zaa + Zbb

Podemos denir um termo de impedância própria:

1
Zp = (Zaa + Zbb + Zcc ) (4.26a)
3
e considerando que temos uma simetria do tipo Zij = Zji , um termo de
impedância mútua
1
Zm = (Zab + Zbc + Zca ) (4.26b)
3
a matriz de uma linha idealmente transposta é igual a

 
Zp Zm Zm
Z =  Zm Zp Zm  (4.27)
Zm Zm Zp
7 Aqui cabe uma observação, no qual a maioria dos estudos acaba equivocando-se: uma
linha transposta pode ser considerar com parâmetros médios quando sendo tratada "por in-
teira". Estudos como de faltas no meio da linha acaba dividindo o problema em duas linhas
parcialmente transpostas! O erro adquirido, de uma linha ser assumida como transposta, é
pequeno, mas atenta-se que um cálculo mais preciso merece um modelo não transposto.

16
Para a matriz admitância, segue-se a mesma metodologia:

 
Yp Ym Ym
Y =  Ym Yp Ym  (4.28)
Ym Ym Yp

sendo

1
Yp = (Yaa + Ybb + Ycc ) (4.29a)
3
1
Ym = (Yab + Ybc + Yca ) (4.29b)
3

Continuando nosso exemplo, obtém-se:

Zp = 0, 018325 + j0, 3967439 W/km


Zm = j0, 115553 W/km
Yp = j4, 6731578 µS/km
Ym = −j1, 0638899 µS/km

5 Desempenho elétrico de uma linha de trans-


missão
5.1 Representação em componentes simétricas
O método de componentes simétricas é utilizado em sistemas trifásicos equi-
librados ou desequilibrados, de forma a decompor o estudo em três circuitos
monofásicos, no qual seus equivalentes Thévenin podem ser combinados no es-
tudo de regime permanente, faltas e defeitos em geral. Nesta seção apresenta-
se como representar uma linha de transmissão neste sistema. Maiores detalhes
sobre esta metodologia podem ser encontrado, por exemplo, em [11, 27].
Para a transformação linear da matriz Z, dita em coordenadas de fase,
para o sistema de coordenadas de modo, ou componentes simétricas, utiliza-se
a matriz A, denida por

 
1 1 1
A= 1 a2 a  (5.1)
1 a a2

no qual a = 1 120° a2 = 1 −120°, obtem-se a matriz de impedâncias em


e
coordenadas de modo, Z012 . Se as matrizes Z e Y corresponderem a uma

17
linha de transmissão idealmente transposta, obtem-se as matrizes Z012 e Y012
somente com termos na diagonal:
 
Z0 0 0
Z012 = A−1 Z A =  0 Z1 0 
0 0 Z2
 
Zp + 2Zm 0 0
= 0 Zp − Zm 0  (5.2)
0 0 Zp − Zm

 
Y0 0 0
Y012 = A−1 Y A =  0 Y1 0 
0 0 Y2
 
Ys + 2Ym 0 0
= 0 Ys − Ym 0  (5.3)
0 0 Ys − Ym

Para estudos de uxo de potência em regime permanente, ou estudo de


faltas simétricas, utiliza-se somente os parâmetros de sequência positiva:

Z1 = Zp − Zm (5.4a)

Y1 = Yp − Ym (5.4b)

correspondentes ao elemento na posição (2,2) da matriz. Destes parâmetros


que se obtém a impedância característica Zc e a constante de propagação γ,
vistos a seguir.

5.2 Impedância característica


A impedância característica
8 é denida como o balanço entre os campos elé-
trico e magnético da linha, no qual uma carga resistiva neste valor terá a
maior eciência de absorção de um pulso, também dito como casamento de
impedância. É um parâmetro em comum como outros tipos de linha de
transmissão (em RF, microondas, coaxial ou microstrip, etc).
É calculada pelos parâmetros de sequência positiva Z1 e Y1 , simplicados
aqui em diante como Z e Y: r
Z
Zc = (5.5)
Y
sendo

Z = R + j Xl = R + j ω L (5.6a)

Y = j Bc = j ω C (5.6b)

8 Em inglês referenciado como surge impedance, ou impedância de surto.

18
os equivalentes monofásicos para um estudo em regime permanente , cuja
9
premissa é detalhada na seção 10.2.
Usualmente representa-se somente a parte real de Zc , correspondendo en-
tão a uma linha sem perdas. Porém, deve-se usar o cálculo preciso de Zc ao
se aplicar às fórmulas de linha longa, na seção 5.6.
Ao considerar a linha com perda desprezível (retirando R), a impedância
característica será aproximadamente
r r
Xl ∼ L
Zc ∼
= = (5.7)
Bc C
sendo assim um número real e, aproximadamente, independente da frequência.

5.3 Parâmetros de propagação


A constante de propagação demonstra a deformação da onda ao longo da
linha. É denida como
√ p
γ= YZ= (R + j ω L)j ωC (5.8)

sendo sua unidade em m−1 . A constante de propagação pode ser desmem-


brada na forma γ = α + j β , sendo α a constante de atenuação (em Neper/m)
e β a constante de fase (em rad/m). Pode-se então obter o comprimento de
onda da linha λ:

λ= (5.9)
β
Considerando a linha aproximadamente sem perdas, γ possuirá somente a
constante de fase β :

γ∼
p
= j ωLj ωC = j ω LC (5.10a)


β = ω LC (5.10b)

e este parâmetro, para linhas aéreas, independente do nível de tensão, será


aproximadamente igual a 0,0013 rad/km. Para cabos, este valor pode variar
entre 0,0046 a 0,0091 rad/km.
Outro parâmetro representativo da linha é o seu comprimento elétrico, ou
ângulo de linha :
θ =βl (5.11)

que indica a defasagem natural que ocorrerá na transmissão, mesmo que se


considere a linha como sem perdas. Este fato é devido ao princípio de circuito
distribuído, ou que a energia transmitida possui velocidade nita de propa-
gação. Por exemplo, uma linha aérea de 300 km terá um ângulo de 0,39 rad,
ou 22,34 . °
9 Para estudos em componentes simétricas, pode-se deduzir os equivalentes para sequên-
cia negativa e zero, Zc2 e Zc0 respectivamente, que são aplicáveis em estudos de transitórios.

19
A velocidade de propagação na linha para um onda de frequência f é
calculada por v = λ f, e considerando a aproximação de linha sem perdas,
torna-se
1
v=√ (5.12)
LC
sendo assim independente da frequência, e é muito importante no estudo de
surtos rápidos (entre 100 kHz e 1 MHz). Observa-se que a velocidade de
propagação é da ordem, mas nunca igual ou superior, a velocidade da luz no
vácuo.
O estudo de propagação de ondas viajantes é abordado por exemplo em
[11, p. 222] e [27, p. 120]

5.4 Potência característica


A potência característica Pc é a potência entregue pela linha para um carga
resistiva, com valor igual à impedância característica. Para linhas longas,
é um critério adequado para estimar a sua capacidade de transmissão. É
denida por:

U02
Pc = (5.13)
Zc
sendo U0 a tensão média ao longo da linha, ou seja, consegue-se elevar a
capacidade de transmissão, mas sacricando a conabilidade (incluindo so-
bretensões) e elevando perdas corona.
Mantendo a consideração de linha sem perdas, a potência característica
será um número real, ou seja, expresso em W. Mesmo para uma linha com
perdas, é usual expressar somente a parte real.

Para nosso exemplo, para sequência positiva,

Z1 = 0, 018325 + j0, 2811908 W/km


Y1 = j5, 7370477 µS/km

e em seguida

Zc = 221, 506 − j7, 2100622 W


γ = (0, 0413645 + j1, 2707934) · 10−6 Np/m

Quando a LT é calculada sem perdas (sem considerar a resistência),


Zc será um número real e γ um número imaginário.
Considerando como uma LT de 500 kV, considerando somente a parte
real de Zc , a potência característica será 1129 MW. Se apertar a tensão
média para 525 kV, a potência eleva-se para 1244 MW.

20
5.5 Reativo transversal de linha
Um parâmetro relevante é o reativo capacitivo que uma linha possui, também
chamado de line charging. Pode ser calculado aproximadamente multiplicando
a susceptância pelo quadrado da tensão de operação:

Qc = V 2 Bc (5.14)

Sendo usualmente representado em Mvar/km.

Para nosso exemplo, sendo Bc = 5, 7370477 · 10−9 S/m, obtém-se


1,4343 kvar/m, que equivale a 1,4343 Mvar/km.

Observe que esta premissa supõe que o perl de tensão ao longo da


linha é constante, o que não é realista - observe por exemplo o efeito Fer-
ranti, que eleva a tensão na extremidade em aberto, fora outras condições
operacionais no qual o ponto de tensão mais elevada pode ser no meio da
linha!

5.6 Modelo de circuito


O equivalente monofásico (modelo π) será composto pela impedância Z1 em
série e a admitância Y1 dividida em duas, em cada extremidade. Para linhas
curtas (até 200 km), multiplica-se a impedância pelo comprimento da linha:

Ze = Z l (5.15)

Yl
Ye2 = (5.16)
2
Acima de 200 km, o efeito da propagação torna-se mais evidente, necessi-
tando realizar uma correção hiperbólica:

Ze = Zc sinh γ l (5.17)

1 γl
Ye2 = tanh (5.18)
Zc 2
no qual Ye2 já é a metade da admitância da linha. Naturalmente pode-se usar
a formulação de linha longa direto para linhas curtas. Observa-se também que
Zc e γ devem ser os valores precisos, considerando as perdas, para obter-se os
valores corretos de Ze e Ye2 .

21
I1 Ze I2

V1 Ye2 Ye2 V2

Figura 3: Representação por equivalente pi, com as convenções de tensões e


correntes.

Não confunda modelo de linha com a própria linha.


O modelo de linha longo serve pra calcular linhas curtas e linhas lon-
gas, ou seja, existe uma mal interpretação que cada comprimento possui
um modelo! Somente o modelo de linha curta que não se adequa a linhas
longas.

Os parâmetros Ze e Ye2 são os valores a serem usados para um estudo de


redes em equivalente monofásico, utilizando por exemplo equivalente Thévenin
e matriz Ybarra .

Eventualmente, para diferenciar dentro de um mesmo problema, pode-


se usar a convenção de letras minúsculas para parâmetros por unidade de
comprimento (z em W/m, y em S/m) e letras maiúsculas para parâmetros
totais (Z em WeY em S). Novamente, mesmo sendo números complexos,
suprimiu-se o ponto (sendo correto Ż ).

Para o nosso exemplo, supondo uma linha de 300 km, obtém-se

Ze = 5, 2343219 + j82, 339206 W


Ye2 = 0, 6986822 + j871, 12182 µS

Se usarmos a consideração da LT sem perdas, as correção hiperbólica

22
pode ser feita com maior facilidade:

Ze = 221, 5 sinh j1, 2707936 · 10−6 · 300 · 103




= 221, 5j sen (0, 381238) = j82, 415911 W

3
 
1 −6 300 · 10
Ye2 = tanh j1, 2707936 · 10
221, 5 2
j tg (0, 190619) = j871, 13386 µS
1
=
221, 5
As guras 4 e 5 demonstram a diferença da correção hiperbólica para
o modelo linear para este exemplo, até o comprimento de 2500 km.
Observa-se que para um cero comprimento a reatância se anula e a ad-
mitância tende ao innito, ou seja a linha torna-se auto-compensada !

XL @WD

600

500

400

300

200

100

l @kmD
500 1000 1500 2000

Figura 4: Modelo linear e correção hiperbólica da parte imaginária de Ze

6 Limites de transmissão
Como todo equipamento, uma linha tem limites operativos, que podem ser
considerados para regime permanente ou transitório. Por exemplo, para uma
situação hipotética de curto-circuito, a linha pode suportar o dobro de corrente
nominal, ou no caso de um surto originado por uma descarga atmosférica, o

23
BC @mSD

15

10

l @kmD
500 1000 1500 2000

Figura 5: Modelo linear e correção hiperbólica da parte imaginária de Ye2

isolamento tolera mais que o dobro de tensão nominal


10 .
Nesta apostila primeiramente será tratado os limites para condição nomi-
nal. Uma relação conhecida por Curva de St. Clair é ilustrada na gura 6, o
que indica a capacidade de transmissão da linha igual a potência característica
(SIL) para um comprimento de 300 milhas.
Os limites da linha que norteam este gráco, são divididos em três critérios,
cada um válido para um comprimento.

6.1 Limite térmico


O limite térmico é determinante para linhas curtas (até 40 km). Consiste
em dois efeitos: o aumento da echa nos cabos, reduzindo as distâncias de
segurança com o solo ou outros objetos; e a degradação do metal. Em ambos
os casos, os limites praticados podem ser encontrados na norma [2], e os
estudos são tratados na apostila de cálculo mecânico [4] ou em livros como
[16].

24
Figura 6: Curvas de St. Clair [25]

6.2 Limite de regulação


6.3 Limite de estabilidade
7 Modelo do quadripolo
Um quadripolo relaciona dois pares de grandezas elétricas, tensões e correntes,
associados a dois bipolos, um de entrada e outro de saída. O quadripolo é uma
alternativa aos modelos convencionais de circuitos, aonde pela aproximação
que duas grandezas são variantes, determina-se o outro par de grandezas.
O modelo de quadripolo de parâmetros generalizados, ou ABCD, relaciona
tensão e corrente de entrada, V1 e I1 , com tensão e corrente de saída, V2 e I2 ,
em um modelo monofásico, no qual as tensões aplicadas são as fase-neutro. A
gura 3 mostra a convenção de tensões e correntes. Usando a convenção da

10 O estudo de sobretensões trata pelo valor de crista (ou pico) e fase-neutro, em vez do

2
valor ecaz (RMS) fase-fase, ou seja, uma diferença de √
3

25
Vs = 1 pu Vr

Sr
l

Figura 7: Exemplo sobre limite de transmissão.

corrente I1 entrando no quadripolo e a corrente I2 saindo:

V1 = A V2 + B I2 (7.1a)

I1 = C V 2 + D I 2 (7.1b)

      
V1 V2 A B V2
=T = (7.2)
I1 I2 C D I2

7.1 Modelo de linha curta


Desenvolvendo a relação entre entrada e saída, para linhas curtas, teremos

 
Y
V1 = V2 + I2 Z + V2 (7.3a)
2
 
ZY
V1 = + 1 V2 + Z I 2 (7.3b)
2

Y Y
I1 = V 1 + V2 + I2 (7.4a)
2 2   
ZY ZY
I1 = V 2 Y 1 + + + 1 I2 (7.4b)
4 2

Comparando com as equações (7.1), temos como parâmetros

ZY
A= +1 (7.5a)
2
B=Z (7.5b)
 
ZY
C =Y 1+ (7.5c)
4
D=A (7.5d)

sendo a propriedade A D − B C = 1, representativa de um quadripolo simé-


trico.

26
7.2 Modelo de linha longa
Para linhas longas, desenvolve-se as equações a partir da teoria do eletromag-
netismo [11, p. 211], chegando na forma:

V1 = V2 cosh(γ l) + I2 Zc sinh(γ l) (7.6a)

V2
I1 = I2 cosh(γ l) + sinh(γ l) (7.6b)
Zc
sendo então os parâmetros do quadripolo:

A = cosh(γ l) (7.7a)

B = Zc sinh(γ l) (7.7b)

1
C= sinh(γ l) (7.7c)
Zc
D=A (7.7d)

sendo o modelo de linhas longas também é válido para o cálculo de linhas


curtas.
Do modelo do quadripolo é que pode-se calcular o circuito π equivalente da
linha longa. Considerando o mesmo circuito da gura 3, a partir das equações
(7.3), trocando Z por Ze e Y por Ye :
 
Ze Ye
V1 = + 1 V2 + Ze I2 (7.8)
2

Obtemos aqui
Ze = Zc sinh(γ l) (7.9)

para a admitância

Ze Ye
+ 1 = cosh(γ l) (7.10)
2
Ye Zc sinh(γ l)
+ 1 = cosh(γ l) (7.11)
2
Ye 1 cosh(γ l) − 1
= (7.12)
2 Zc sinh(γ l)

aproveitando-se de uma relação hiperbólica:

x cosh x − 1
tanh = (7.13)
2 sinh x
chegamos à relação apresentada na equação (5.17):

Ye 1 γl
= tanh (7.14)
2 Zc 2

27
O modelo por quadripolo ABCD é apropriado quando se fornece a tensão
e a corrente no receptor (V2 e I2 ). Para uma potência aparente trifásica
Ṡ2 = S φ, pode se arbitrar uma tensão desejada U0 e calcular a corrente:

U0
V̇2 = √ (7.15a)
3
S 2
I˙2 = √ −φ (7.15b)
U0 3
podendo por exemplo escolher U0 a tensão nominal da linha, sendo que no
quadripolo a tensão deve ser fase-terra, e Ṡ2 = Pc , a potência característica.
Outras opções são arbitrar uma condição de sobrecarga, curto-circuito (V2 =
0) ou circuito aberto (I2 = 0).

Exemplo: seja o quadripolo representativo de uma linha de transmis-


são, denido por

Ȧ = Ḋ = 0, 9672 0, 23°
Ḃ = 75, 15 83, 2° W
Ċ = j8, 633 · 10−4 S

Calcule as perdas na linha para uma saída com 400 MW, 345 kV.
Solução:
345
V2 = √ kV I2 = 669, 39 A
3
Fazendo a operação matricial, os valores em módulo são

V1 = 204, 98 3 = 355, 04 kV I1 = 670, 55 A

A potência aparente será Ṡ1 = (412, 32 − j5, 48) MVA, subtraindo as


partes reais, ∆P = 12, 32 MW.

28
Algumas relações trigonométricas úteis:

sinh jβ = j sen β
cosh jβ = cos β
tanh jβ = j tg β
sinh α = −j sen jα
cosh α = cos jα
tanh α = −j tg jα
sinh(α + jβ) = sinh α cos β + j cosh α sen β
cosh(α + jβ) = cosh α cos β + j sinh α sen β

Lembrando sempre de considerar os valores em radianos.

7.3 Associação em cascata


Através da teoria dos quadripolos, pode-se estudar a associação de linhas em
cascata. Sendo dois quadripolos Q1 e Q2 , a associação em série será igual a
Q = Q1 · Q2 , ou:
      
V1 A1 B 1 A2 B 2 V2
= · = (7.16)
I1 C1 D1 C2 D2 I2
  
A1 A2 + B1 C2 A1 B2 + B1 D2 V2
=
C1 A2 + D1 C2 C1 B2 + D1 D2 I2

sendo que a ordem dos circuitos é relevante, logo a associação Q0 = Q2 · Q1 .


0
De maneira geral, Q 6= Q .
A associação em cascata pode ser usada para calcular o quadripolo equi-
valente de uma LT com compensação.

Ex. seja uma linha com parâmetros por unidade de comprimento de


z = j0, 34 W/km, y = j4, 8 µS/km, (a) calcule o quadripolo para um
comprimento de 600 km, obtendo os parâmetros de entrada para uma
saida de 750 kV, 2 GW, (b) divida a linha em dois quadripolos de 300 km,
obtendo o quadripolo equivalente, vericando com a resposta em (a), (c)
calcule os parâmetros no meio da linha a partir dos calculos em (b). (d)
divida agora a linha em 10 segmentos e levante o perl de tensão para
diversas condições operacionais (em vazio, carga nominal, em sobrecarga).
Solução: para todas as etapas, será necessário calcular a impedância

29
característica e a constante de propagação:

Zc = 266, 1453 W
γ = j1, 2775 · 10−3 Np/km

(a) para 600 km, o quadripolo será

A = 0, 7203
B = j184, 6 W
C = j2, 606 · 10−3 S

(b) para 300 km, obtém-se

A = 0, 9275
B = j99, 52 W
C = j1, 405 · 10−3 S

(c) resolvendo pelo Matlab, tendo previamente os valores de (b) na me-


mória:

>> q300 = [a b; c a]

q300 =

0.9275 + 0.0000i 0.0000 +99.5213i


0.0000 + 0.0014i 0.9275 + 0.0000i

>> q600 = q300 * q300

q600 =

1.0e+02 *

0.0072 + 0.0000i 0.0000 + 1.8460i


0.0000 + 0.0000i 0.0072 + 0.0000i
Pelo Matlab pode-se elevar ao quadrado, obtendo o mesmo resultado
(Sempre consulte o manual do programa para constatar se uma dada
função é por elemento ou é uma operação matricial, por exemplo, pelo
Matlab há uma diferença entre  ^ e  .^ (com ponto).):

>> q300 ^ 2

30
ans =

1.0e+02 *

0.0072 + 0.0000i 0.0000 + 1.8460i


0.0000 + 0.0000i 0.0072 + 0.0000i
Extraindo cada elemento da matriz, A na posição (1,1), B na posição
(1,2), C na posição (2,1):

>> q600(1,1)

ans =

0.7203

>> q600(1,2)

ans =

0.0000e+00 + 1.8460e+02i

>> q600(2,1)*1e3

ans =

0.0000 + 2.6062i
Calculando a tensão no meio da linha, a partir da saída:

750 · 103
V2 = √ = 433, 0 kV
3
2 · 109
I2 = √ = 1539, 6 A
750 · 103 3
Aplicando o quadripolo de 300 km, encontra-se no meio da linha Vm =
744, 5 20, 88° kV, Im = 1552, 1 23, 07° A. Aplicando mais uma vez o
quadripolo, encontra-se no início da linha V1 = 730, 9 42, 34° kV, I1 =
1582, 2 45, 50° A.
(d) Calculando o quadripolo de uma seção de 60 km:

A = 0, 9971
B = j20, 38 W
C = j2, 8772 · 10−4 S

31
Pode-se aplicar o seguinte script no Matlab:

z = 1i*0.34;
y = 1i*4.8e-6;
l = 60; % comprimento de uma secao
zc = sqrt(z / y);
gama = sqrt(z * y);
a = cosh(gama * l);
b = zc * sinh(gama * l);
c = 1/zc * sinh(gama * l);
q = [a b; c a];
v = zeros(11,1);
v(end) = 750e3 / sqrt(3);
i2 = 2e9/750e3/sqrt(3);
tmp = [v(end); i2];
for i1 = 10:-1:1,
tmp = q * tmp; % aproveita a variavel de entrada para a proxima itera
v(i1) = tmp(1); % pode-se extrair tambem a corrente, que esta em tmp(
end
plot(abs(v).*1e-3.*sqrt(3)); % dividindo por 1000 para achar em kV
ylabel('Tensao [kV]');
A gura 8 ilustra alguns exemplo de pers de tensão, em módulo,
supondo a tensão de saída em 750 kV. Observa-se para uma condição de
sobrecarga (4 GW) uma queda de tensão signicante, e o efeito Ferranti
para uma saída em vazio.

7.4 Associação em paralelo


O quadripolo equivalente será dado por
" #
  A1 B2 +A2 B1 B1 B2 
V1 B1 +B2 B1 +B2 V2
= (7.17)
I1 C1 + C2 + (A1 −A 2 )(D2 −D1 )
B1 +B2
B2 D1 +B1 D2
B1 +B2
I2

Se tratar de duas linhas idênticas,

B
    
V1 A 2
V2
= (7.18)
I1 2C+ D I2

8 Modelo de uxo de potência


Para um estudo mais apurado, seria necessário inserir o modelo da LT no
contexto de um sistema de transmissão, com barras geradoras e cargas, inte-

32
1200 P=0
P = 2 GW
P = 4 GW
1100

1000
Tensao [kV]

900

800

700

600

500
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Figura 8: Exemplo de perl de tensão ao longo da linha, dividida em 10


seções, para uma saída xa de 750 kV e diversas condições de carga.

ragindo entre si. De forma simplicada, pode-se arbitrar duas barras, aonde
no modelo do quadripolo assume-se uma barra passiva, com tensão e corrente
conhecidos. Outra forma prática de estudar é assumir duas barras fortes ´´,
com tensões denidas, calculando-se as correntes e potências.
Seja uma linha conectando duas barras com tensões denidas, V1 e V2 ,
cujo módulos e ângulos não sejam alterados pela inserção da linha, a corrente
entre as barras será determinada basicamente pela impedância longitudinal
(usando tensão de fase), arbitrando o uxo da barra 1 para 2:

V1 − V2
I˙ = √ (8.1)
Ż 3
sendo esta corrente que determinará as perdas e parte do reativo. Outra
parte signicante do reativo estará na admitância, supondo esta concentrada
em cada barra, obtém-se a corrente efetiva que entra ou sai de cada, I1 e I2 :

I1 = I + IY 2 (8.2a)

I2 = I − IY 2 (8.2b)

33
Exemplo: Calcule a potência transmitida e perdas em uma LT, 345 kV,
impedância total de 6 + j50 W, as barras com tensões (fase-fase) V1 =
345 0° kV e V2 = 320 −10° kV.
Solução: Lembrando em converter V1 e V2 para tensões fase-neutro,
ou convertendo direto na equação:

V̇1 − V̇2
I˙ = √ = 723, 32 −21, 4° A
Ż 3

Pode-se calcular a perda como ∆P = 3 R I 2 = 9, 4 MW.


A potência transmitida pode ser calculada por Ṡ2 = 3 V̇2 I˙∗ =
(392, 93 + j79, 30) MVA. (sendo esse reativo somente pela parte do L
da linha). Ou fazendo pela fórmula aproximada,

|V1 | · |V2 | ∼
P = sen δ = 383, 4 MW
X

9 Compensação de linhas
A compensação de reativo em uma linha consiste em balançar a impedância
ou a admitância com capacitores em série ou reatores em paralelo, respecti-
vamente. No ponto de vista elétrico, o efeito será de encurtar a linha.
Cada tipo de compensação é especíca para uma condição da LT: a com-
pensação série é especíca para a condição de plena carga e a compensação
shunt para a linha em vazio. Fora destas condições, a compensação torna-se
um excesso de reativo, mas o seu chaveamento raramente é apropriado.
A solução é o uso de elementos de compensação ativa, seja reatores ou
capacitores chaveados por eletrônica, ou até elementos eletrônicos que contro-
lam diretamente os reativos. Devido ao custo elevado destas soluções, pode-se
também utilizar congurações mistas de elementos passivos e ativos. Maiores
detalhes podem ser encontrados em [15, p. 627].
Para linhas muito longas, a compensação é distribuída ao longo da linha,
criando-se subestações intermediárias.

9.1 Compensação série


Consiste em reduzir a reatância longitudinal da linha utilizando-se capacitores
série, reduzindo a impedância equivalente. O efeito será equivalente a um
encurtamento elétrico, elevando a capacidade de transmissão.

34
Seja uma LT com uma impedância característica Zc no qual
r r
L Xl
Zc ∼
= = (9.1)
C Bc
a compensação série será proporcional à reatância longitudinal, na forma

Xc = ns Xl (9.2)

sendo ns o percentual de compensação série. Desenvolvendo, pode-se descre-


ver a nova impedância característica na forma
r
Xl − Xc √
Zc0 ∼
= = Zc 1 − ns (9.3)
Bc
juntamente com a constante de propagação

β0 ∼
= β 1 − ns (9.4)

O uso de capacitores série deve ser feito cuidadosamente na proximidade de


usinas, devido ao efeito de ressonância subsíncrona (ou SSR - subsynchronous
ressonance ).
Vantagens e desvantagens:

ˆ Aumenta a capacidade de transmissão

ˆ Compensa a indutância da linha (XL − XC )


ˆ Aproxima eletricamente as barras, aumentando a estabilidade

ˆ Eleva a tensão de uma linha carregada

ˆ Pode originar em ressonâncias sub-síncronas (SSR) com as máquinas


geradoras, em geral em máquinas térmicas.

ˆ Origina sobretensões violentas, sendo necessário uma proteção especíca


(centelhadores, disjuntor de bypass, pára-raios)
ˆ Equipamento pesado que encontra-se no potencial da linha, sendo ne-
cessário uma estrutura grande de sustentação.

Um desenvolvimento da tecnologia é o TCSC (Tyristor controlled Series Ca-


pacitor) no qual sua capacitância variável pode minimizar os problemas, prin-
cipalmente de SSR.

9.2 Compensação paralela (shunt )


A compensação em geral é especicada em um percentual relativo à impedân-
cia ou admitância da linha. Pode-se, a grosso modo, subtrair as reatâncias
da linha com a da compensação para obter o equivalente. Na prática, os mó-
dulos de compensação serão instalados nas extremidades da linha, dentro das
subestações.

35
Figura 9: Conguração de compensação série e TCSC

9.3 Modelo de compensação por quadripolos


Um módulo de compensação série/ paralelo também pode ser modelado como
circuito um como um quadripolo. Um capacitor série Cs teria como parâme-
tros ABCD:

A=1 (9.5a)

1
B= = −j ns Xl (9.5b)
j ω Cs
C=0 (9.5c)

D=1 (9.5d)

Um reator shunt Lp seria

A=1 (9.6a)

B=0 (9.6b)

1
C= = −j np Bc (9.6c)
j ω Lp
D=1 (9.6d)

sendo np o percentual de compensação paralela.

Vendo como exemplo a gura 10, usando ambas as compensações,


sendo QLT o quadripolo original da linha, Qc o quadripolo do capacitor
série e Ql o quadripolo do reator shunt, o quadripolo equivalente será

Q = Qc · Ql · QLT · Ql · Qc

respeitando-se a ordem dos elementos do circuito.

36
I1 - j Xc Ze = R + j Xl - j Xc I2

V1 - j Bl Ye = j Bc - j Bl V2

Figura 10: Representação por quadripolo de compensação série e paralelo em


cada extremidade.

Exemplo: Especique o banco de reatores (quantidade, tensão, potên-


cia, indutância e ligação  delta ou estrela), para uma compensação shunt
de 30%, para uma linha de 345 kV com equivalente de Z = 10 + j250 W,
Y = j10 mS. Assuma que as unidades são monofásicas.

9.4 Compensação dinâmica


O projeto da compensação nunca contemplará todas as possibilidades opera-
cionais, ou seja, os equipamentos estarão calibrados somente para uma con-
dição, em geral na média. O uso de compensação variável permite elevar a
eciência.
O chaveamento mecânico de elementos de compensação sempre é proble-
mático, devido ao surgimento de sobretensões. O uso de eletrônica de potência
permite um chaveamento suave. Algumas tecnologias são:

ˆ Static Var Compensator (SVC): Composto por um reator e um banco


de capacitores, ambos em paralelo, controlados por tiristores.

ˆ Thyristor Controlled Series Capacitor (TCSC): Banco de capacitores


série em paralelo com um reator, chaveado por tiristores.

ˆ Static Compensator (STATCOM):

ˆ Static Synchronous Series Compensator (SSSC)

A compensação dinâmica pode ser perfeitamente combinada com um banco


de compensação xa, otimizando os custos.

37
10 Cálculo dos parâmetros elétricos - modelo
detalhado
Nesta seção apresenta-se um modelo que incorpora elementos adicionais, cuja
inuência pode ser determinante em certas condições e estudos.

10.1 Modelo de impedância própria, considerando efeito


pelicular
A premissa de corrente uniforme na equação 4.6 é uma aproximação usual,
porém pouco usada na prática. Para incorporar o efeito pelicular no cálculo
da impedância interna, é necessário resolver uma equação diferencial [17], cujo
resultado é igual a

j ω µ I0 (ρ)
Zi = (10.1)
2 π ρ I1 (ρ)
p
ρ = r −j ω σ µ (10.2)

sendo I0 e I1 as funções de Bessel de primeira e segunda espécie


11 , σ a condu-
tividade do material, e µ a permeabilidade magnética. Esta fórmula é válida
para condutores de seção circular, e já fornece diretamente a resistência e a
reatância.
Para cabos compostos, pode-se desprezar o efeito do material do núcleo,
considerando somente o material da coroa. Um cálculo mais preciso considera
o condutor como um tubo, conforme descrito no anexo C.3. O valor real da
impedância própria será aproximadamente igual aos valores encontrados em
tabela.
Para a correção da resistência pela temperatura, ajusta-se a condutivi-
dade do material, sendo necessário conhecer o coeciente de variação α (não
confundir com o coeciente de dilatação):

σf = σ0 [1 + α(θ0 − θ)] (10.3)

sendo σ0 a condutividade de referência e θ0 a temperatura no qual a condu-


tividade inicial se refere.
O cálculo da matriz impedância será

 
Zia 0 0
µ
Z= 0 Zib 0 +jω M (10.4)

0 0 Zic
11 Implementado no Matlab e Scilab como besseli(0,x) e besseli(1,x), respectiva-
mente.

38
 
ln 2rhaa ln D ab
dab ln D ac
dac
M =  ln D ba 2 hb
ln rb ln D bc 
(10.5)

dba dbc 
Dca
ln dca ln D cb
dcb
2 hc
ln rc
e não é mais necessário usar o raio corrigido r0 , pois seu efeito está incluso
nos elementos Zi , e a matriz M torna-se única para o cálculo da impedância
e da admitância.
Para uma linha com feixe de condutores, a matriz impedância será formada
por cada subcondutor. Por exemplo, uma linha trifásica com fases a, b e c,
com cada feixe com n subcondutores:

···
 
Za11 Za12 Za1n Za1b1 Za1c1 Za1cn
.
.
 

 Za21 Za22 Za2n ··· . 


 Zan1 Zan2 Zann 

.
Z= . (10.6)
 
 Zb1a1 . Zb11 Zb1cn 

. ..
.
 
 . . 
 
 Zc1a1 Zc11 
Zcna1 ··· Zcnn

observa-se que é considerado o efeito entre cada subcondutor, individual-


mente. Pode-se particionar a matriz pelas fases, sendo cada submatriz com
n×n elementos
12 :
 
Zaa Zab Zac
Z =  Zba Zbb Zbc  (10.7)
Zca Zcb Zcc
no nal queremos reduzir esta matriz para um equivalente por fase, 3 × 3.

10.2 Resistência, indutância e capacitância equivalente


O equivalente monofásico de sequência positiva pressupõe um circuito com re-
sistência, indutância e capacitância, que podem ser obtidos pela decomposição
da impedância e da admitância:

Z1 = R1 + j ω L1 (10.8)

Y1 = j ω C1 (10.9)

sendo R1 , L1 e C1 os equivalentes monofásicos - lembre-se que a linha é


trifásica, com elementos próprios e mútuas.

12 Não necessariamente cada fase tem que ter a mesma quantidade de subcondutores, por
este método pode-se ter qualquer possibilidade, só não é exposta uma forma totalmente
genérica porque seria inovação em excesso...

39
A extração dos elementos de circuito pressupõe também que sua aplicação
para outras faixas de frequência é linear - o que deve ser usado com precaução.
Para uma gama de frequências das primeiras harmônicas, o resultado é bem
aceitável, porém para frequências acima de 10 kHz a resistência terá um desvio
considerável devido ao efeito pelicular, tornando-se comparável à reatância da
linha
13 . A gura 11 ilustra um exemplo de linha com variação da resistência,
para sequência positiva e zero, até 1 MHz.
O efeito é mais intenso quando se modela o circuito de sequência zero
- particularmente com os parâmetros do solo. Este efeito irá se reetir na
impedância característica, conforme gura 13.
Somente a capacitância equivalente, tanto em sequência positiva quanto
zero, possui comportamento linear em uma ampla faixa de frequência (até
1 MHz).

R0
R1
2
10
Resistencia (Ω/km)

1
10

0
10

−1
10

−2 −1 0 1 2 3 4 5 6
10 10 10 10 10 10 10 10 10
Frequencia (Hz)

Figura 11: Exemplo de variação da resistência equivalente pela frequência.

10.3 Efeito do solo


As equações 4.6 e seguintes assumem que o solo é ideal, ou seja possui
condutividade innita ou resistividade zero, no qual desta forma comportará
como um espelho no método das imagens.

13 Alguns modelos, como do Matlab SimPowerSystems, a representação da linha é fun-


damentada na resistência e indutância equivalente, como dito em [18]: This model does
not represent accurately the frequency dependence of RLC parameters of real power lines.
Indeed, because of the skin eects in the conductors and ground, the R and L matrices
exhibit strong frequency dependence, causing an attenuation of the high frequencies. Um
artigo [24] propõe um modelo mais completo.

40
7
L0
L1
6

5
Indutancia (mH/km)

0
−2 −1 0 1 2 3 4 5 6
10 10 10 10 10 10 10 10 10
Frequencia (Hz)

Figura 12: Exemplo de variação da indutância equivalente pela frequência.

Ao se considerar o solo com uma resistividade diferente de zero, e de fato


podemos ter valores de 10 a 10.000 W·m, o efeito do espelho será distorcido.
Algumas teorias usuais são a aproximação de Pollaczek [21], Carson [5] e Deri
[6], esta última conhecida como profundidade complexa: o efeito do solo
é embutido nas equações existentes como um número complexo, ou seja, a
parcela h será igual a:

h0 = h + d (10.10)
r
1 ρ
d= √ = (10.11)
σjωµ jωµ

sendo σ a condutividade do solo, ω a frequencia angular do sistema e µ a


permeabilidade magnética do solo, em geral próximo a µ0 .

Pensamento: na prática, os parâmetros do solo variam bastante, ao


longo da linha, e até ao longo do tempo, mas sempre realizam-se estudos
com parâmetros determinísticos. Considere por exemplo uma transpo-
sição, supostamente ideal, aonde um trecho passa por uma região com
resistividade ρ1 , o segundo trecho passa por uma resistividade ρ2 ... qual
será o efeito de se assumir um valor xo?
Qual será o desvio nos cálculos ao se considerar um valor de resisti-
vidade diferente? Não há um método prático para resolver isso, somente
um tratamento estatístico pode avaliar o erro.

41
900
Zc0
Zc1
800

Impedancia caracteristica (Ω)

700

600

500

400

300
−2 −1 0 1 2 3 4 5 6
10 10 10 10 10 10 10 10 10
Frequencia (Hz)

Figura 13: Exemplo de variação da impedância característica pela frequência.

O efeito do solo real é mais relevante no cálculo nos parâmetros de sequên-


cia zero, afetando particularmente os estudos de faltas monofásicas, e seus
meios de mitigação (ex. religamento monopolar).
Este modelo não se aplica para o cálculo da admitância, pois o solo não
afeta signicativamente a capacitância da linha.

Ex.: para um solo de 100 W·, a distância complexa para 60 Hz será


1
d= p = 324, 87 − j324, 87 m
1/100j 2 π 60 · 4π10−7
para um solo de 10 W·, d = 102, 73 − j102, 73 m. Para o solo de 10 W·,
com uma frequência de 1 kHz, d = 25, 16 − 25, 16 m.
Calculando a indutância própria de um cabo, com 1 cm de raio e uma
altura média de 10 m, primeiro com o solo ideal:

µ0 2 · 10
L= ln = 1, 5202 · 10−6 H/m
2π 0, 01
100 W·:
com o solo de

µ0 2 · (10 + 324, 87 − j324, 87)


L= ln = (2, 2887 − j0, 1541) · 10−6 H/m
2π 0, 01
essa indutância complexa irá se converter em uma resistência adicional.
Desprezando a resistência do cabo, obtém-se

ZL = j ω L = (0, 0581 + j0, 8629) · 10−3 W/m

42
com o solo de 10 W·
µ0 2 · (10 + 102, 73 − j102, 73)
L= ln = (2, 0651 − j0, 1478) · 10−6 H/m
2π 0, 01
essa diferença tende a se anular quando calcula-se a impedância de sequên-
cia positiva (Zp − Zm ), porém o efeito se amplia na sequência zero
(Zp + 2Zm ).

10.4 Efeito dos cabos para-raios


Os cabos para-raios protegem as fases ou polos contra descargas atmosféricas
diretas. Mas sua proximidade provoca uma interação eletromagnética. Em
nosso modelo o cabo será uma fase adicional, acrescentando mais uma linha
e uma coluna na matriz.
Neste ponto é determinante o tipo de ligação dos para-raios, que podem
ser aterrados ou isolados
14 . O para-raio aterrado terá potencial zero (V = 0)
g
e terá corrente induzida, enquanto que isolado não haverá corrente (Ig = 0),
mas terá potencial induzido. Cada ligação tem vantagens e desvantagens.
Para qualquer opção, a matriz impedância será na forma, por exemplo com
dois cabos pára-raios:

    
va zaa zab zac zag1 zag2 ia

 vb  
  zba zbb zbc zbg1 zbg2 
 ib 


 vc =
  zca zcb zcc zcg1 zcg2 
 ic 
 (10.12)
 vg1   zg1a zg1b zg1c zg1g1 zg1g2  ig1 
vg2 zg2a zg2b zg2c zg2g1 zg2g2 ig2

Para cabos para-raios continuamente aterrados, divide-se a matriz impe-


dância (ou particionamento) em quatro partes [7, p. 4-15]:

    
vu Zuu Zug iu
= (10.13)
vg Zgu Zgg ig
no qual a matriz reduzida será

vu = Zred · iu (10.14)

Zred = Zuu − Zug · Zgg −1 · Zgu (10.15)

14 Na verdade a isolação do para-raio é mínima, somente para não circular corrente em


condições normais, pois na incidência de uma descarga ele deve escoar para o solo

43
o mesmo método pode ser aplicado na matriz M antes de determinar a ad-
mitância
15 :
 
Muu Mug
MY = (10.16)
Mgu Mgg
MY red = Muu − Mug · Mgg −1 · Mgu (10.17)

C= 2 π ε0 MY −1
red (10.18)

Lembrando que os cabos para-raios geralmente são de aço, com valores


de permeabilidade relativa acima de 1. Não existe referências exatas
quanto a permeabilidade deste tipo de aço, sendo aceitável considerar
valores entre 50 e 100 µ0 .
Por exemplo, para µr = 100, o raio equivalente será

100
r 0 = r e− 4 = 1, 3888 · 10−11 r

ou seja, bem diferente de 0,7788!

Exemplo: uma LT com cabos Falcon (Rca = 0, 0448 W/km, 


39,23 mm), 3 cabos por fase, espaçamento 80 cm, disposição em nabla,
fase central a 15 m de altura média, fases laterais a 8 m de distância ho-
rizontal do centro, 20 m de altura média, com 2 cabos guarda (EHS 3/8,
Rca = 4, 2324 W/km,  9,14 mm, µ = 100µ0 ) a 6 m de distância horizon-
tal do centro, 35 m de altura média. Obtém-se como matriz impedância
primitiva:
 
0.01493
j0.10077 j0.07468 j0.09735 j0.07671
 +j0.33657 
 

 j0.10077 0.01493 
j0.10077 j0.06638 j0.06638 

 +j0.33657 

0.01493
W/km
 
 j0.07468
Z= j0.10077 j0.07671 j0.09735 
 +j0.33657 


 j0.09735 4.2324 
j0.06638 j0.07671 j0.13406 

 +j2.61155 

 4.2324 
j0.07671 j0.06638 j0.09735 j0.13406
+j2.61155

aplicando a equação 10.17, obtém-se (em W/km):



0.0123768 + j0.3382288 −0.0019213 + j0.1020155 −0.0024816 + j0.0762942
Zred =  −0.0019213 + j0.1020155 0.0134680 + j0.3158326 −0.0019213 + j0.1020155
−0.0024816 + j0.0762942 −0.0019213 + j0.1020155 0.0123768 + j0.3382288

15 Para a impedância deve-se aplicar a redução após somar a resistência, incluindo dos
cabos para-raios.

44
observa-se agora a presença de parte real nas mútuas, devido ao retorno
pelo para-raios. Para programar em Maltab ou Scilab, o comando será:
zred = z(1:3,1:3) + z(1:3,4:5)/z(4:5,4:5)*z(4:5,1:3)

10.5 Modelo genérico de redução de feixes de condutores


Um método geral é apresentado em [7], e pode ser aplicado em qualquer tipo
de feixe. Partindo da premissa que a soma das correntes no feixe é igual a
corrente da fase, e a queda de tensão dV /dx é aproximadamente igual no feixe,
ou seja, para um feixe de n subcondutores:

I1 + I2 + · · · + In = If (10.19)

dv1 dv2 dvn


= = ... = (10.20)
dx dx dx
procede-se com a seguinte manipulação matricial:

1. Desloca-se as linhas e as colunas dos subcondutores 2, 3, . . . , n para a


extremidade da matriz;

2. Subtrair a coluna do subcondutor 1 das colunas dos subcondutores 2, 3,


..., n;
3. Subtrair a linha do subcondutor 2 das linhas dos subcondutores 2, 3,
..., n;
4. Pela operação matricial feita, equivale-se a zerar as correntes nos sub-
condutores 2, 3, . . . , n, procede-se em eliminar estes subcondutores,
usando o mesmo procedimento dos cabos pára-raios (equação 10.15);

5. O subcondutor 1 agora representa o equivalente do feixe.

Exemplo: uma LT sem perdas é composta por feixes de três cabos por
fase, cuja matriz com cada subcondutor é assim representada:
 
0, 9381 0, 6513 0, 6513 0, 4397 0, 4444 0, 4419 0, 3874 0, 3898 0, 3886

 0, 6513 0, 9381 0, 6513 0, 4353 0, 4397 0, 4374 0, 3852 0, 3874 0, 3863 


 0, 6513 0, 6513 0, 9381 0, 4374 0, 4419 0, 4397 0, 3863 0, 3886 0, 3874 


 0, 4397 0, 4353 0, 4374 0, 9381 0, 6513 0, 6513 0, 4397 0, 4444 0, 4419 

Z=j
 0, 4444 0, 4397 0, 4419 0, 6513 0, 9381 0, 6513 0, 4353 0, 4397 0, 4374 


 0, 4419 0, 4374 0, 4397 0, 6513 0, 6513 0, 9381 0, 4374 0, 4419 0, 4397 


 0, 3874 0, 3852 0, 3863 0, 4397 0, 4353 0, 4374 0, 9381 0, 6513 0, 6513 

 0, 3898 0, 3874 0, 3886 0, 4444 0, 4397 0, 4419 0, 6513 0, 9381 0, 6513 
0, 3886 0, 3863 0, 3874 0, 4419 0, 4374 0, 4397 0, 6513 0, 6513 0, 9381

45
Será aplicado o procedimento na última fase, referente as linhas e colunas 7, 8
e 9, por já estar posicionada. Subtraindo a coluna 7 de 8 e 9, obtém-se
 
0, 9381 0, 6513 0, 6513 0, 4397 0, 4444 0, 4419 0, 3874 0, 0023 0, 0011

 0, 6513 0, 9381 0, 6513 0, 4353 0, 4397 0, 4374 0, 3852 0, 0022 0, 0011 


 0, 6513 0, 6513 0, 9381 0, 4374 0, 4419 0, 4397 0, 3863 0, 0023 0, 0011 


 0, 4397 0, 4353 0, 4374 0, 9381 0, 6513 0, 6513 0, 4397 0, 0047 0, 0022 


 0, 4444 0, 4397 0, 4419 0, 6513 0, 9381 0, 6513 0, 4353 0, 0044 0, 0021 


 0, 4419 0, 4374 0, 4397 0, 6513 0, 6513 0, 9381 0, 4374 0, 0045 0, 0023 


 0, 3874 0, 3852 0, 3863 0, 4397 0, 4353 0, 4374 0, 9381 −0, 2868 −0, 2868 

 0, 3898 0, 3874 0, 3886 0, 4444 0, 4397 0, 4419 0, 6513 0, 2868 0, 0000 
0, 3886 0, 3863 0, 3874 0, 4419 0, 4374 0, 4397 0, 6513 0, 0000 0, 2868

Subtraindo agora a linha 7 das linhas 8 e 9,


 
0, 9381 0, 6513 0, 6513 0, 4397 0, 4444 0, 4419 0, 3874 0, 0023 0, 0011

 0, 6513 0, 9381 0, 6513 0, 4353 0, 4397 0, 4374 0, 3852 0, 0022 0, 0011 


 0, 6513 0, 6513 0, 9381 0, 4374 0, 4419 0, 4397 0, 3863 0, 0023 0, 0011 


 0, 4397 0, 4353 0, 4374 0, 9381 0, 6513 0, 6513 0, 4397 0, 0047 0, 0022 


 0, 4444 0, 4397 0, 4419 0, 6513 0, 9381 0, 6513 0, 4353 0, 0044 0, 0021 


 0, 4419 0, 4374 0, 4397 0, 6513 0, 6513 0, 9381 0, 4374 0, 0045 0, 0023 


 0, 3874 0, 3852 0, 3863 0, 4397 0, 4353 0, 4374 0, 9381 −0, 2868 −0, 2868 

 0, 0023 0, 0022 0, 0023 0, 0047 0, 0044 0, 0045 −0, 2868 0, 5736 0, 2868 
0, 0011 0, 0011 0, 0011 0, 0022 0, 0021 0, 0023 −0, 2868 0, 2868 0, 5736

Reduzindo a matriz usando (10.17), tornando-se provisoriamente como 7 × 7:


 
0, 9381 0, 6513 0, 6513 0, 4397 0, 4444 0, 4419 0, 3886

 0, 6513 0, 9381 0, 6513 0, 4353 0, 4397 0, 4373 0, 3863 


 0, 6513 0, 6513 0, 9381 0, 4373 0, 4419 0, 4397 0, 3874 


 0, 4397 0, 4353 0, 4373 0, 9381 0, 6513 0, 6513 0, 4420 


 0, 4444 0, 4397 0, 4419 0, 6513 0, 9381 0, 6513 0, 4375 

 0, 4419 0, 4373 0, 4397 0, 6513 0, 6513 0, 9381 0, 4397 
0, 3886 0, 3863 0, 3874 0, 4420 0, 4375 0, 4397 0, 7469

Repetindo o procedimento para as outras duas fases, deve-se chegar a seguinte


matriz equivalente:
 
0, 7469 0, 4397 0, 3875
Zred = j  0, 4397 0, 7468 0, 4397  W/km
0, 3875 0, 4397 0, 7469

10.6 Modelo de circuito duplo


Pode-se modelar uma linha com dois (ou mais) circuitos unindo a fase de cada
circuito. Porém, o uso do RMG deixa de ter validade para distâncias muito

46
longas. Será necessário um tratamento matricial.
Seja uma linha de seis condutores genéricos, com uma relação entre tensão
e corrente por unidade de comprimento representada abaixo:

    
V1 z11 z12 z13 z14 z15 z16 I1

 V2  
  z21 z22 z23 z24 z25 z26 
 I2 

 V3  
= z31 z32 z33 z34 z35 z36  I3 
   (10.21)

 V4  
  z41 z42 z43 z44 z45 z46 
 I4 

 V5   z51 z52 z53 z54 z55 z56  I5 
V6 z61 z62 z63 z64 z65 z66 I6
Sendo agora esse sistema ligado como um circuito duplo, no qual Va =
V1 = V4 , Vb = V2 = V5 e Vc = V3 = V6 . Por sua vez, as correntes serão
somadas, Ia = I1 + I4 , Ib = I2 + I5 e Ic = I3 + I6 .
Esse procedimento pode ser encontrado em [3, p. 108], podendo inclusive
ser usada para o cálculo preciso da impedância de feixe de condutores. Na
mesma referência [3, p. 137] estuda-se o desbalanço entre os circuitos, que pode
causar por exemplo correntes circulantes. Um procedimento mais completo é
abordado em [7].

Pensamento: para modelar uma linha hexafásica, pode-se partir da


equação 10.21, assumindo os valores V1 a V6 fasores simétricos defasados
°
em 60 , e seguindo a mesma metodologia do capítulo 4. Como chegar ao
equivalente monofásico?

10.7 Cálculo das componentes de sequência zero


Como visto nas equações 5.2 e 5.3, a impedância e a admitância de sequência
zero é muito inuenciada pela componente mútua (Zm e Ym ). Neste ponto a
modelagem correta do solo será determinante, e a aproximação de solo ideal
deixa de ser desprezível.
Da mesma forma que na sequência positiva, podemos deduzir uma im-
q
Z0
pedância característica de sequência zero, Zc0 = Y0 , que determinará a
propagação de componentes homopolares.
Conforme é mostrado em estudos de uxo de potência e componentes
simétricas, a componente de sequência zero é inuente no cálculo de falhas de
curto-circuito, especicamente em curto monofásico, sendo este o tipo mais
comum de ocorrência em linhas de transmissão.
Estudos recentes buscam otimizar a recuperação da linha frente a defeitos
monofásicos, realizando o religamento monopolar.

47
11 Estudo detalhado de um sistema de trans-
missão através de matriz Ybarra
Nesta seção apresenta-se um sistema completo, composto por um tronco com
2 LTs, suas respectivas compensações, e duas barras de um sistema ctício,
representadas por seus equivalente Thevenín.
Será estudado o estado do sistema em três condições: uxo com potência
nominal das LTs, o sistema em vazio, energizado por uma das barras, e o
efeito de curto-circuito em uma das LTs.
Novamente será usado o exemplo da LT raquete, para um comprimento
de 300 km e compensada em 50%, tanto série quanto paralelo.

V1 = 1 pu

XCS
ZLT
XT1 XT2
Xeq1 Xeq2

XRS

Xn

Figura 14: Sistema de transmissão com compensação série e paralela, com


hipótese de curto monofásico no meio de uma das linhas.

Na gura 14 apresenta-se uma compensação paralela com reator de neutro,


um elemento usado para controle de arco secundário. Por ora, sera observado
seu efeito no curto monofásico, sem questões de desligamento e religamento.

12 Requisitos elétricos de projeto de linhas de


transmissão
Nesta seção serão listados os requisitos elétricos, a parte do cálculo dos pa-
râmetros básicos, fundamentais para avaliar o desempenho ou segurança do
projeto. Basicamente os requisitos são relacionados ao desempenho e a segu-
rança.
Entende-se como desempenho os aspectos que descreveram o efeito da linha
sob diversas condições, como em regime permanente e em regime transitório,

48
como ao manobrar uma chave ou ao incidir uma descarga atmosférica.
Os requisitos de segurança traduzem o efeito da linha no ambiente, em
pessoas ou outros seres vivos, na forma de radiação não-ionizante, ruído e até
riscos de queda e poluição visual. Para estes efeitos, a distância é elemento
determinante, e o que vai estipular a faixa de passagem da linha, sendo parcela
importante no custo nal.
Sobre o critério elétrico, podemos também dividir os efeitos na origem:
seja na tensão, como em linhas EHV, ou na corrente, mais evidente em linhas
de distribuição.

12.1 Efeitos originados pela tensão


12.1.1 Efeito corona
O efeito corona é a causa de diversos fenômenos presentes particularmente em
linhas de extra-alta tensão (345 kV e superior), mas pode ocorrer em níveis
de tensão mais baixos, de acordo com a instalação.
O efeito coroa é uma descarga parcial que ocorre em um meio gasoso, na
presença de um gradiente de campo elétrico intenso, geralmente presente em
condutores com pequeno raio de curvatura, mas no qual não provoca a dis-
rupção completa do gás. A geometria do condutor provocará uma deformação
no campo, tornando a descarga autossustentada e com a ionização connada
próxima ao condutor.
Deste fenômeno origina-se principalmente perdas elétricas, interferência
eletromagnética, e ruído audível. Outros aspectos são a geração de ozônio,
degradação de materiais e surgimento de um brilho violeta.
Como exemplo teórico, o campo elétrico em uma geometria coaxial é obtido
pela fórmula:
1 λ
E= (12.1)
4 π ε0 r2
sendo λ a carga por comprimento da linha, obtida pela relação com a capaci-
tância linear e a tensão na linha: λ=CV.
Tomando como r o raio equivalente do condutor16 , E será o campo elétrico
supercial, no qual não poderá, em condições normais, ultrapassar o valor
crítico de corona. Por exemplo, pela lei de Peek [20], este limite será igual a

 
6 0, 0308
Ec = 3, 0 · 10 m δ 1 + √ (12.2)
δr
sendo δ a densidade relativa do ar e m um fator empírico relativo à superfície
do cabo.
16 equivalente devido aos cabos possuírem uma geometria de os que não exatamente o
torna perfeitamente circular.

49
12.1.2 Radio-interferência
O efeito corona produz ruído eletromagnético em uma ampla faixa de frequên-
cia, que estende-se pelas ondas de rádio e de TV. Atualmente não existe con-
senso (normatização atualizada) quanto aos limites a serem impostos, especi-
camente quanto a medição da interferência. Isto deve-se aos equipamentos,
que usualmente medem somente uma frequência, ex. 500 kHz ou 1 MHz, mas
a interferência nem sempre se concentra em um valor usual.

12.1.3 Ruído audível


O efeito mais perceptível nas linhas de transmissão em condições normais é o
ruído acústico. O ruído de alta frequência assemelha-se a um som de frita-
deira, característico do efeito corona em cabos e ferragens de linhas, enquanto
que o ruído de 120 Hz, é mais grave, originado na vibração dos núcleos de
transformadores, e eventualmente também nas linhas. Novamente, temos dois
efeitos originados da tensão (corona) e da corrente (vibração magnética).

12.2 Campo elétrico


A linha emitirá campo elétrico em toda a sua vizinhança, sendo proporcional
a sua tensão. Este efeito é atenuado se as três fases (ou os dois polos) estarem
mais próximas entre si, fazendo com que o campo elétrico distante de cada fase
ou polo se anule. Por razões óbvias há um limite prático na aproximação das
fases. Os cabos para-raios também interagem com o campo elétrico, podendo
atenuá-lo como uma blindagem. Inclusive já se utiliza cabos aterrados abaixo
das linhas para atenuar o campo elétrico em áreas críticas.
O efeito que o campo elétrico provoca em pessoas e objetos é a indu-
ção de corrente por polarização. Este efeito é amplicado devido à distor-
ção do campo provocada pela presença da pessoa, ou seja, o campo tende a
se concentrar de 10 a 20 vezes na cabeça [8], comparado ao campo na au-
sência de objetos. Portanto, o campo elétrico calculado ou medido (de 1 a
10 kV/m) aparenta ser relativamente baixo, mas na prática ele eleva-se para
20 a 200 kV/m.
Um experimento artístico (http://www.richardbox.com) demonstrou a in-
dução em lâmpadas uorescentes devido ao campo elétrico.
Adota-se no Brasil a orientação do ICNIRP [12], no qual limita a exposi-
ção ocupacional (ou seja, por pessoal qualicado) em 10 kV/m a 50 Hz, ou
8,33 kV/m a 60 Hz, e exposição do público em geral em 5 kV/m a 50 Hz, ou
4,2 kV/m a 60 Hz.

12.2.1 Polarização e indução em cabos próximos


O campo elétrico também provoca polarização em objetos, incluindo circuitos,
cercas e canalizações. Se os objetos estiverem isolados, a tensão induzida

50
tende a se descarregar ao realizar o contato com o terra, que pode ser por
exemplo uma pessoa abrindo uma cerca, ou uma manobra de manutenção em
um gasoduto...
Pode-se simular o efeito da polarização em outros condutores (cabos telefô-
nicos, linha de distribuição ou rede de dados, cercas e encanamentos) através
de uma matriz: cada cabo paralelo entra como uma linha e uma coluna adi-
cional na matriz impedância e admitância. Pode-se inclusive assumir uma
simulação em alta frequência, supondo um sinal originado do efeito corona,
induzindo interferência em uma rede de dados, entre outras possibilidades.

12.2.2 Corrente iônica (CC)


Na presença de efeito corona, ocorre a geração de íons da mesma polaridade
do eletrodo, que serão repelidos. No caso da corrente alternada, a inversão
de polaridade provoca uma atração destes íons no ciclo seguinte, porém em
CC sempre haverá produção e repulsão de íons, preenchendo o ambiente em
torno do condutor.
A propagação dos íons no espaço é a corrente iônica, que provoca um
aumento do campo elétrico no solo, aumentando ainda mais os efeitos sobre
seres vivos.
Adicionalmente, os íons tendem a atrair partículas no ar, como poluição,
provocando o acúmulo anormal, por exemplo, em cadeias de isoladores, motivo
pelo qual o isolamento em linhas de CC é um ponto crítico de projeto.
O limite de projeto usual, no limite da faixa, é de 5 nA/m2 .

12.3 Efeitos originados pela corrente


12.3.1 Ampacidade
A capacidade de corrente de um cabo depende simultaneamente de três fa-
tores: resistência elétrica, temperatura máxima e echa. O equilíbrio destes
três fatores indica a melhor aplicação do cabo.
A resistência elétrica traduz diretamente para perdas, logo em linhas lon-
gas este fator será determinante. Eventualmente um cabo com maior resis-
tência pode ser usado em trechos especícos, tais como uma travessia, aonde
a echa será crítica.
A echa do condutor é denida pela temperatura atual no condutor, e
a tração mecânica no qual o cabo está solicitado. Atualmente estuda-se a
elevação da tração de projeto, com o advento da monitoração on-line da linha
pode-se acompanhar o desempenho.
A temperatura do cabo é inuenciada pela corrente e radiação solar como
elementos de entrada de energia, e a dissipação por convecção natural, con-
vecção forçada (vento) e radiação. O conjunto destes elementos produz um
alcance estatistico da capacidade do cabo, que por sua vez inuencia nos dois
fatores anteriores.

51
Um aspecto mais complexo é o cálculo da ampacidade em condições tran-
sitórias, como em curto-circuito. Nesta modelagem o cabo recebe um pulso
de energia térmica, no qual sua dissipação é relativamente lenta, e o entendi-
mento desta dinâmica é fundamental para condições de emergência.

12.3.2 Campo magnético


Adota-se no Brasil a orientação do ICNIRP, no qual limita a exposição ocu-
pacional em 500 µT a 50 Hz, ou 420 µT a 60 Hz, e exposição do público em
geral em 100 µT a 50 Hz, ou 83 µT a 60 Hz.
12.3.3 Indução
Da mesma forma que a polarização pelo campo elétrico, na seção 12.2, a
indução magnética será provida pela indutância mútua entre circuitos. Neste
caso, a matriz impedância expandida (incorporando os condutores externos)
é que determinará o efeito, ao contrário da polarização que é vista pela matriz
admitância.

12.4 Manutenção em linha viva


Em sistemas como do Brasil, com pouca tolerância à saída de linhas, é ne-
cessária a prática de manutenção em linha viva. Para o projeto de linhas,
não há uma metodologia denida, sendo necessário adotar a prática de cada
empresa.

12.5 Desempenho em sobretensões


O estudo de sobretensões pode ser realizado, por exemplo, com estudo de
propagação de ondas. A noção básica é demonstrada na seção C.5.
Uma sobretensão é qualquer tensão transitória entre fase e terra, ou entre
fases, cujo valor de pico seja superior ao valor da tensão máxima do sistema

2

(Vm √ para fase-terra, Vm 2 entre fases)
3
No estudo de sobretensão entende-se um risco de falha, por manobra, do
dielétrico romper-se. Em geral assume-se um valor de 10−3 para risco de falha
entre fase-terra em manobra de energização, ou seja, chance de 1 manobra em
1000 de falhar.
Em linhas de CC, o risco típico é na ocorrência de curto-circuito em um
dos polos, havendo sobretensão no polo remanescente.

52
12.6 Sobretensões transitórias de frente rápida (surtos
atmosféricos)
Sobretensões originadas em linhas de transmissão, no qual ondas viajantes
poderão chegar na subestação e danicar os equipamentos.
Ordem de 1 a 10 µs de tempo de frente, 50 a 100 µs de tempo de cauda.
O tempo de norma é 1,2/ 50 µs.
Parâmetro signicante em sistemas de tensão até 230 kV.

12.7 Sobretensões transitórias de frente lenta (surtos de


manobra)
Parâmetro signicante em sistemas de tensão acima de 230 kV.
Ordem de 100 a 500 µs de tempo de frente, 1 a 5 ms de tempo de cauda.
O tempo de norma é 250/ 2500 µs.
Origens
Procura-se estudar as sobretensões no terminal da origem do surto e no
terminal oposto, este segundo em geral apresentará a maior sobretensão.

12.7.1 Energização de linha


Energização de uma linha em vazio, podendo conter uma carga no nal ou
não.
Surtos de 2,5 a 3 pu, podendo cair para 1,5 a 2,1 pu caso sejam utilizados
disjuntores com resistores de pré-inserção, ou 1,5 a 1,7 pu com sincronização
de polos do disjuntor.

12.7.2 Religamento de linha


Energização de uma linha logo após o seu desligamento (em torno de 1 s), no
qual a linha possa conter uma carga residual devido a sua capacitância. A
sobretensão do religamento dependerá dá diferença entre as polaridades.
Surtos de 2,5 a 4 pu, podendo cair para 1,7 a 2,5 pu caso sejam utilizados
disjuntores com resistores de pré-inserção, ou 1,2 a 1,7 pu com resistores de
abertura, ou 1,3 a 1,6 pu com sincronização de polos do disjuntor.

12.7.3 Ocorrência de falta


12.7.4 Chaveamento de corrente capacitiva
ˆ Queda de linha

 Chaveamento de banco de capacitores (energização 1,5 a 3 pu, re-


ligamento 2 a 3,5 pu)

53
Figura 15: Sobretensões de energização devido a indutância da fonte e pelo
comprimento da linha [10]

54
12.7.5 Chaveamento de corrente indutiva
Corrente de magnetização de transformador: a característica não-linear do
transformador pode levar a sobretensões indesejáveis.
O laço de histerese apresenta um joelho no qual abaixo deste valor é o
estado operativo normal do transformador, de forma aproximadamente linear.
Para valores acima deste ponto de joelho, a corrente de excitação aumenta
bruscamente para um aumento gradual de uxo magnético. Esta corrente de
excitação transitória é conhecida como corrente de inrush.
Nos primeiro ciclos após a energização, a corrente de inrush possui picos
muito superiores à corrente nominal. O valor inicial da corrente depende
basicamente do ponto de onda de tensão no qual ocorreu a energização e do
uxo residual no núcleo. Com um uxo residual de 1 pu, o uxo máximo
pode chegar a três vezes o uxo nominal.
Chaveamento de reatores (1 a 1,5 pu)

12.7.6 Chaveamentos especiais


ˆ Capacitores em série

 Circuitos ressonantes e ferroressonantes

 Chaveamento secundário

12.8 Aterramento
O aterramento das torres de uma linha de transmissão é vital para a segu-
rança de pessoal e de operação, em condições nominais e particularmente na
presença de faltas e surtos, aonde correntes descendentes podem produzir ele-
vação de potencial nas redondezas. Esta elevação (em inglês, ground potential
rise - GPR) é representado por três valores: tensão de toque, tensão de passso
e tensão de transferência.
Normalmente o aterramento na torre é realizado por cabos nus enterrados
horizontalmente, chamados de cabos contrapeso. Estes cabos devem assegurar
uma resistência de aterramento mínima (da ordem de 5 W) para toda a vida
útil da linha.
As diculdades inerentes no projeto e implantação do aterramento são a
medição dos parâmetros do solo, basicamente resistividade, que pode variar
de 10 a 10.000 W m, e sendo o solo heterogêneo esses valores variam bastante
ao longo do trajeto, e ainda ao longo do ano. Outro aspecto é a corrosão do
aterramento e da própria torre, que irá degradar a resistência.

55
13 Comportamento não-linear em sistemas de
transmissão
Até então apresentou-se modelos relacionados a linhas de transmissão aonde,
quase todos, tratam de circuitos lineares. Infelizmente ao longo da vida útil da
instalação, diversos fenômenos não-lineares ocorrem, alguns sendo possíveis
de serem tratados de forma linearizada, outros nem tanto. Lista-se alguns
exemplos:

ˆ Núcleo saturado de transformadores e reatores,

ˆ Efeito corona,

ˆ Efeito pelicular,

ˆ Arco de potência na falta,

ˆ Arco de potência na abertura de disjuntor,

ˆ Descargas atmosféricas.

Considerando ainda as linhas CC, existe ainda as interações com os cir-


cuitos eletrônicos, além de alguns fenômenos acima terem uma caracterização
bem diferente (ex. efeito corona).
Cabe ressaltar algumas premissas adotadas anteriormente que não serão
válidas:

ˆ A consideração de linha idealmente transposta, por exemplo, o efeito


de uma falta ocorrendo em um trecho de transposição, tornando o pro-
blema assimétrico, e provocando interaçoes entre as componentes de
sequencia;

ˆ O efeito do solo, considerando a maioria dos fenômenos com retorno pelo


solo, pois a componente de sequência zero possui desvio considerável ao
modelar o solo real;

ˆ A variação de alguns valores, como a resistividade do solo, ou o risco de


falha no isolamento com sobretensões, impondo um tratamento estatís-
tico nos cálculos.

Não se pretende nesta seção explicar a totalidade destes problemas, cando


como inspiração para trabalhos futuros.

56
14 Considerações nais
Esta apostila apresenta um resumo muito breve do assunto, que possui as-
pectos muito relevantes tanto para prática quanto para pesquisa e desenvolvi-
mento. Fica como sugestão um artigo [22] que aborda de forma geral mas com
alguns detalhes que, apesar da aparente complexidade, inspira curiosidade. O
livro [7] também é uma fonte importante, aonde descreve com profundidade
vários aspectos de simulação de LTs.

14.1 Bibliograa comentada


Antes de apresentar a bibliograa completa, queria comentar as referências
mais importantes para esta apostila.

ˆ Stevenson, seja o original [26], a versão em português [27] ou a reedição


póstuma por Grainger [11] são obras muito conhecidas entre os estudan-
tes, pois é um livro aplicado em diversas disciplinas, incluindo linhas de
transmissão.

ˆ O Livro vermelho do EPRI [23, 8], com três edições, é um livro de


cabeceira do prossional de linhas, mas ele não apresenta uma introdu-
ção teórica - é necessário partir do Stevenson para depois chegar nos
assuntos com mais embasamento. O EPRI almejou na primeira versão
linhas de extra e ultra-alta tensão, em na sua terceira versão deu uma
"recaida"para 200 kV. O livro mostra questões práticas de projeto, como
cálculo de campos eletromagnéticos, radiointerferência e coordenação de
isolamento.

ˆ A norma brasileira [2], com certeza é o parâmetro para o projeto de uma


linha, mas é longe de ser um texto didático. A norma até o momento
encontra-se em revisão, e enquanto não entra em vigor é prática adotar
algumas diretrizes de normas estrangeiras, como da IEC (ex. [13]).

ˆ O livro de Kiessling et al [14] é relativamente recente e trata de diversos


tópicos, incluindo parte mecânica, aspectos de contrução e manutenção,
e conta com a contribuição de J. Noslasco, que incorporou a experiência
brasileira no livro.

ˆ O manual do EMTP [7] é uma fonte importante sobre simulações nu-


méricas, envolvendo inclusive linhas de transmissão, tratando de toda a
teoria e limitações encontradas. O texto é importantíssimo para com-
preender programas modernos como o ATP, o Matlab SimPowerSystems
e o PSCAD.

57
Referências
[1] ABB Electric Systems Technology Institute. Electrical Trans-
mission and Distribution Reference Book, 5th ed. EUA, 1997.

[2] ABNT. NBR 5422/85  projeto de linhas aéreas de transmissão de


energia elétrica, 1985.

[3] Anderson, P. M., and Anderson, P. Analysis of faulted power sys-


tems. IEEE press New York, 1995.

[4] Arruda, C. Cálculo mecânico de linhas de transmissão - notas de aula,


2013.

[5] Carson, J. R., et al. Wave propagation in overhead wires with ground
return. Bell system technical journal 5, 539-554 (1926).
[6] Deri, A., Tevan, G., Semlyen, A., and Castanheira, A. The
complex ground return plane a simplied model for homogeneous and
multi-layer earth return. Power Apparatus and Systems, IEEE Transac-
tions on, 8 (1981), 36863693.
[7] Dommel, H. W. EMTP Theory Book. Microtran Co., 1995.

[8] EPRI. EPRI AC transmission line reference book: 200 kV and above,
3rd ed. Electric Power Research Institute, Palo Alto, CA, EUA, 2005.

[9] Fuchs, R. Transmissão de Energia Elétrica: Linhas Aéreas; teoria das


Linhas em Regime Permanente, 2ª edição ed. Livros Técnicos e Cientí-
cos, Rio de Janeiro, 1979.

[10] Furnas/ UFF, Ed. Transitórios Elétricos e Coordenação de Isolamento


- Aplicação em Sistemas Elétricos de Alta Tensão. Furnas Centrais Elé-
tricas, 1987.

[11] Grainger, J., and Stevenson, W. Power systems analysis. McGraw-


Hill, 1994.

[12] ICNIRP. Guidelines for limiting exposure to time-varying electric, mag-


netic, and electromagnetic elds (up to 300 GHz). Health Physics 74, 4
(1998), 494522.

[13] IEC 60826. Loading and strength of overhead transmission lines. Tech.
rep., IEC, Geneva, 1991.

[14] Kiessling, F., Nefzger, P., Nolasco, J., and Kaintzyk, U.


Overhead power lines: planning, design, construction. Springer, 2003.

58
[15] Kundur, P. Power system stability and control. Tata McGraw-Hill
Education, 1994.

[16] Labegalini, P. R., Labegalini, J. A., Fuchs, R. D., and Almeida,


M. T. Projetos mecânicos das linhas aéreas de transmissão. Edgard
Blucher, 1982.

[17] Lima, A. C. S. Campos & ondas - notas de aula, 2012.

[18] Mathworks Inc. Matlab r2011b documentation - distributed parame-


ter line. Disponível online, October 2011.

[19] Matsch, L., and Lewis, W. The magnetic properties of acsr core wire.
Power apparatus and systems, part III. transactions of the AIEE 77, 3
(February 1958), 11781189.

[20] Peek, F. Dielectric phenomena in high voltage engineering. McGraw-


Hill Book Company, inc., 1920.

[21] Pollaczek, F. Uber das feld einer unendlich langen wechselstromdur-


chossen einfachleitung. Elektr. Nachr. Technik 3, 9 (1926), 339360.
[22] Portela, C. M. J. C. M., and Tavares, M. C. Modeling, simulation
and optimization of transmission lines. applicability and limitations of
some used procedures. In Proceedings IEEE Transmission and Distribu-
tion 2002 (São Paulo, SP, Março 2002).

[23] Project UHV. Transmission Line Reference Book 345 kV and Above,
2nd ed. Electric Power Research Institute EPRI, 1982.

[24] Ramos-Leaños, O., Naredo, J. L., and Gutierrez-Robles,


J. A. MATLAB - A Fundamental Tool for Scientic Compu-
ting and Engineering Applications - Volume 1. ch. An Advan-
ced Transmission Line and Cable Model in Matlab for the Si-
mulation of Power-System Transients, pp. 269304. Available
from: http://www.intechopen.com/books/matlab-a-fundamental-
tool-for-scientic-computing-and-engineering-applications-volume-
1/an-advanced-transmission-line-and-cable-model-in-matlab-for-the-
simulation-of-power-system-transient.

[25] St. Clair, H. P. Practical concepts in capability and performance in


transmission lines. In AIEE Pacic General Meeting (1953), vol. 72.

[26] Stevenson, W. Elements of Power System Analysis, 4th ed. McGraw-


Hill, 1982.

[27] Stevenson, W. Elementos de análise de sistemas de potência, 2a ed.


em português ed. McGraw Hill, 1986.

59
A Tabela comparativa de parâmetros
A tabela 4 ilustra alguns valores de parâmetros para algumas congurações de
linhas de transmissão, incluindo impedância e admitância, mais a impedância
em pu (Z̄1 ) na base da potência característica da linha.

Tabela 4: Exemplos de parâmetros para algumas congurações.


Vff Condutor PC Z1 [W/km] Y1 Zc Z̄1
[kV] [MW] µ
[ S/km] [ W] [pu/100 km]
138 1× Linnet 47,8 0,205 j3,370 390 0,050
+ j0,490 + j0,121
345 1× Drake 403 0,045 j4,397 295 0,015
+ j0,377 + j0,128
500 4× Rail 1075 0,018 j5,484 232 0,008
+ j0,295 + j0,127
765 4× 2024 0,016 j4,474 289 0,006
Bittern + j0.371 + j0,128
1000 6× 4195 0,007 j5,441 238 0,003
Bluebird + j0,305 + j0,128

B Cálculo dos parâmetros elétricos - modelo sim-


plicado
Atenção: o cálculo apresentado abaixo é uma aproximação, usual-
mente encontrada na literatura. Recomenda-se realizar os cálculos como
demonstrado nas seções anteriores.


3
Para um cálculo expedito, utiliza-se o DMG entre as fases, Deq = dab dbc dac ,
obtendo-se os parâmetros de sequência positiva:

µ Deq
Z =R+jω ln 0 (B.1)
2π r
 −1
Deq
Y = j 2 π ω ε0 ln (B.2)
r
Lembrando que o efeito pelicular, representado por r0 , só é incorporado
na impedância, valendo a regra de aplicar um RMG para impedância e outro
para a admitância.

C Tópicos avançados
Lista de tópicos para pesquisa ou simples curiosidade.

60
C.1 Teoria eletromagnética de linhas de transmissão
Para compreender totalmente a relação entre impedância e admitância, é ne-
cessário abordar a teoria eletromagnética das linhas de transmissão.
Para uma linha relativamente longa em relação ao seu comprimento de
onda, o modelo de circuito concentrado perde a validade, sendo necessário a
modelagem por circuito distribuído. Seja uma linha como descrita na gura
16, ao longo do eixo x, e sendo z e y as relações entre corrente longitudinal il
e tensão transversal vt , sendo expressas aqui somente como i e v respectiva-
mente, as relações para cada trecho innitesimal é ditado pelo sistema:

dv
= iz (C.1a)
dx
di
= vy (C.1b)
dx
A gura 16 ilustra o modelo básico de linha de transmissão, em aproxi-
mação monofásica, sendo o eixo x referente ao comprimento da linha, aonde
divide-se a linha em elementos innitesimais de comprimento dx, de impe-
dância dz e admitância dy , formando um circuito escada (ou ladder ). Com
isso obtém-se, por exemplo, o perl de tensões transversais vt (x) e correntes
longitudinais il (x) em qualquer ponto da linha..

dz

il(x)

dy vt (x)

dx
Figura 16: Modelo de linha de transmissão

Desenvolvendo,

d2 v di
=z (C.2a)
dx2 dx
d2 i dv
2
=y (C.2b)
dx dx

61
Sendo a solução na forma exponencial,

√ √
v = A1 exp(x y z) + A2 exp(−x y z) (C.3)

no qual exp a é equivalente a ea . Derivando,

d2 v √ √
= y z [A1 exp(x y z) + A2 exp(−x y z)] (C.4)
dx2
substituindo

1 √ 1 √
i = p A1 exp(x y z) − p A2 exp(−x y z) (C.5)
z/y z/y

sendo nesse ponto em diante assumimos z e y constantes ao longo da linha,


p √
e convencionando Zc ≡ z/y e γ ≡ y z, que serão discutidos em seguida.
Usando como condição de contorno a barra receptora, x = 0, v = VR e i = IR :

V R = A1 + A2 (C.6a)

1
IR = (A1 − A2 ) (C.6b)
Zc
resolvendo,

VR + IR Zc
A1 = (C.7a)
2
VR − IR Zc
A2 = (C.7b)
2
nalmente,

VR + IR Zc VR − IR Zc
v(x) = exp(γ x) + exp(−γ x) (C.8a)
2 2
VR/Zc + I VR/Zc − I
R R
i(x) = exp(γ x) + exp(−γ x) (C.8b)
2 2
sendo assim possível obter v e i em qualquer ponto da linha, sabendo-se os
valores na barra receptora.
Pode-se também obter a energia na linha [9], no campo magnético:

i2 Ldx
dEm = (C.9)
2
e no campo elétrico
v 2 Cdx
dEe = (C.10)
2
no total
i2 Ldx v 2 Cdx
v i dt = + (C.11)
2 2

62
q
L
sendo aproximadamente uma linha sem perda, u = i Zc = i C ,

r !2
L Cdx i2 Ldx
dEe = i = = dEm (C.12)
C 2 2

sendo assim a energia do campo elétrico igual ao do campo magnético.

C.2 Impedância de condutores compostos


Para cabos de construção composto, ex. múltiplo os ou diferentes materiais,
o raio interno será dado pelo RMG, em geral tabelado.

C.3 Impedância de condutores tubulares


O efeito pelicular em condutores compostos (como no caso do ASCR, alumínio
com alma de aço) provoca uma nova formulação da impedância interna. Con-
siderando que o material da alma possui condutividade razoavelmente inferior
ao da coroa, podemos considerar o cabo como sendo um condutor tubular,
com raio interno r0 e raio externo r1 . Sua impedância interna será

j ω µ K1 (ρ0 )I0 (ρ1 ) + K0 (ρ1 ) I1 (ρ0 )


Zi = (C.13)
2 π r0 I1 (ρ1 )K1 (ρ0 ) − I1 (ρ0 )K1 (ρ1 )
p
ρ0 = r0 −j ω σ µ (C.14)
p
ρ1 = r1 −j ω σ µ (C.15)

sendo I0 , I1 , K0 e K1 funções de Bessel.

C.4 Modelagem de cabos subterrâneos e submarinos


O modelo elétrico de um cabo é análogo às linhas aéreas, mas a sua obtenção
é bem mais complexa, devido à variedade de materiais envolvidos, compa-
rado aos cabos nus. Estes materiais irão impor uma variação dos parâmetros
elétricos (ε e µ), que podem variar com diversos fatores como temperatura e
pressão, além da existência, não mais desprezível, da condutância transversal
G.
O uso de cabos tripolares também elevará as componentes mútuas entre
as fases, e este é o principal parâmetro que reduz a aplicação de cabos em
alta tensão CA. Em CC, outro fatores regem o projeto, como a possibilidade
de migração de íons no isolamento.
No momento sugere-se a leitura de referências, como [1, cap. 4], com
modelos preliminares de diversos tipos de cabos.

63
C.5 Propagação de ondas
Uma linha de transmissão usualmente encontra-se em uma dimensão de cir-
cuito distribuído, ou seja, possui dimensões comparáveis, ou superiores, ao
comprimento de onda elétrico. Desta forma, por exemplo, ao se ligar uma
fonte em uma extremidade da LT, a outra extremidade não será sentida
até um tempo especíco. Ou seja, em um tempo t = 0, a fonte enxerga
somente o início da LT, injetando energia que percorrerá o circuito até o nal,
que então percebe-se uma impedância (ou um curto ou circuito aberto), que
por sua vez provocará uma reação, ou reexão. Uma onda irá retornar até
a fonte, que então enxergará a totalidade do circuito, e rebaterá com uma
nova onda! Haverá então algumas interações entre as extremidades, até que
nalmente correntes e tensões entrem em convergência para um sistema em
regime permanente. Esta dinâmica, que pode ser muita rápida para a per-
cepção humana, implicará em sobretensões importantes, e que eventualmente
não deverão ser desprezadas.
Estes fenômenos podem ser estudados com a teoria da onda viajante.

D Questões de concursos
1. (EPE 2006) A capacitância fase-terra de uma linha de transmissão tri-
fásica transposta é igual à:

(a) capacitância de seqüência positiva do circuito.

(b) capacitância de seqüência zero do circuito.

(c) soma das capacitâncias de seqüência positiva e zero.

(d) diferença entre as capacitâncias de seqüência positiva e zero.

(e) média entre as capacitâncias de seqüência positiva e zero.

2. (EPE 2007) O Brasil experimenta uma fase importante de desenvolvi-


mento econômico, que representa um aumento na demanda de energia
elétrica, e signica necessidade de aumentar a capacidade de geração e
de transmissão. Em alguns casos de linhas longas, é interessante pro-
jetar a linha de forma que possua potência natural elevada (LPNE) e
por conseguinte, uma capacidade de transmissão maior do que as linhas
convencionais, para os mesmos níveis de tensões. Uma das técnicas
de elevar a potência natural é aumentar a capacitância transversal por
unidade de comprimento. Com relação à capacitância transversal por
unidade de comprimento de seqüência positiva, é correto armar que:

(a) aumentando as distâncias entre os subcondutores dos feixes, dimi-


nui o Raio Médio Geométrico (RMG) e, assim, eleva-se a capaci-
tância transversal por unidade de comprimento.

64
(b) aumentando as distâncias entre as fases, aumenta o Raio Médio
Geométrico (RMG) e, assim, eleva-se a capacitância transversal
por unidade de comprimento.

(c) diminuindo as distâncias entre as fases, diminui a Distância Média


Geométrica (DMG) e, assim, eleva-se a capacitância transversal
por unidade de comprimento.

(d) diminuindo as distâncias entre os subcondutores dos feixes, au-


menta a Distância Média Geométrica (DMG) e, assim, eleva-se a
capacitância transversal por unidade de comprimento.

(e) a altura dos condutores em relação ao solo não inuencia os valores


da capacitância transversal, e, por isso, não inuencia o cálculo da
potência natural da linha.

3. (EPE 2010) No planejamento da expansão de redes de transmissão, de-


vem ser realizados estudos para selecionar o tipo de transmissão mais
eciente. Sabe-se que a transmissão em corrente contínua, em alguns
casos, tem-se mostrado mais vantajosa que a de corrente alternada. A
respeito desse tema, arma-se que a linha de transmissão em corrente

(a) contínua tem um impacto ambiental maior, devido ao seu campo


magnético mais intenso.

(b) contínua possui maior perda por Efeito Joule, o que acarreta cabos
com maiores bitolas.

(c) contínua possui maior consumo de material para os cabos da linha


de transmissão.

(d) alternada possui maior facilidade para a realização de derivações


na transmissão.

(e) alternada tem melhor desempenho que a de corrente contínua para


longas distâncias

4. (EPE 2010) Representam um parâmetro que expressa as características


elétricas de uma linha de transmissão, EXCETO a

(a) indutância da linha, em henrys por metro.

(b) condutância série da linha, em mhos por metro.

(c) capacitância em paralelo da linha, em farads por metro.

(d) resistência da linha, em ohms por metro.

(e) condutância em paralelo da linha, em mhos por metro.

5. (EPE 2010) Sobretensões de origem atmosférica em linhas de transmis-


são têm por característica serem unidirecionais e de curta duração, me-
nores que 200 µs, e serem provocadas por descargas atmosféricas (raios),
atingindo uma fase ou o cabo para-raios.

65
Nessa perspectiva, analise as armativas a seguir.

I A sobretensão decorrente de uma descarga atmosférica independe


do valor da resistência de aterramento das estruturas.

II Quando uma descarga atmosférica atinge o cabo para-raios de uma


linha de transmissão, o acoplamento capacitivo entre o cabo e as
fases provocará uma sobretensão apenas no topo da torre de trans-
missão.

III Sobretensões de origem atmosférica fazem com que o isolamento


tenha uma solicitação de característica variável, podendo ser mo-
delada por uma distribuição normal nos estudos de coordenação de
isolamento.

Está correto APENAS o que se arma em

(a) I.

(b) II.

(c) III.

(d) I e II.

(e) I e III.

6. (EPE 2010) A necessidade de utilização de dispositivos FACTS ( Flexible


AC Transmission Systems ) deve ser determinada mediante estudos de
planejamento e por condicionamentos sistêmicos. Nesse contexto, NÃO
é uma aplicação do uso desses dispositivos

(a) controlar a tensão (potência reativa) local ou de uma rede elétrica.

(b) controlar o uxo de potência ou ângulo de fase em um trecho da


rede.

(c) controlar a operação de defasadores e comutadores em derivação.

(d) ajustar a impedância série em linhas de transmissão (compensação


série).

(e) aumentar o grau de amortecimento dinâmico dos sistemas e/ou


aumento das margens de estabilidade, tanto transitórias quanto
dinâmicas.

7. (EPE 2010) Em relação à indutância em linhas de transmissão, arma-se


que a(s)

(a) matriz indutância resultante de uma linha de transmissão bifásica


será, em geral, assimétrica, quando houver transposição de seus
condutores, ao longo da linha, em intervalos irregulares, mesmo
que se mantenha constante a distância entre os condutores.

66
(b) matriz indutância resultante é simétrica quando o espaçamento en-
tre os condutores de uma linha de transmissão trifásica é constante
e não há transposição deles, mesmo que a seção reta da linha não
seja equilátera (espaçamentos idênticos).

(c) transposição de condutores numa linha de transmissão trifásica é


um recurso utilizado para se obter simetria na matriz indutância
resultante da linha.

(d) hidrelétrica de Itaipu, em uma das linhas de transmissão trifásicas


em corrente alternada de seu sistema, composta de quatro condu-
tores por fase, apresenta uma maior impedância, se comparada à
opção de um único condutor por fase.

(e) linhas de transmissão em corrente contínua perdem competitivi-


dade em relação às de transmissão em corrente alternada conven-
cionais quando as distâncias envolvidas aumentam.

8. (EPE 2012) A transmissão de grandes blocos de potência pode ser feita


por linhas de transmissão em corrente contínua (CC) ou por corrente
alternada (CA). Uma das vantagens da linha CC sobre a CA é o(a)

(a) fato de o campo elétrico se anular, diminuindo interferências.

(b) custo menor, principalmente em linhas de transmissão com peque-


nas distâncias.

(c) facilidade de ramicar a transmissão para diversos pontos ao longo


de sua transmissão.

(d) simplicidade de suas subestações.

(e) possibilidade de se conectar dois sistemas de corrente alternada


fora de sincronismo.

9. (CEMIG 2012) Um método de redução de potencial ao redor de um con-


dutor consiste em aumentar o seu diâmetro. Sob 230 kV, os condutores
com aproximadamente uma polegada (2,5 cm) de diâmetro proporci-
onam nível de corona satisfatoriamente baixo. Quando dois ou mais
condutores de bitola razoável são colocados espaçados entre si de pou-
cas polegadas e operados em paralelo, é CORRETO armar que

(a) as perdas por efeito corona são eliminadas.

(b) o gradiente de potencial entre eles é eliminado.

(c) as perdas por efeito corona aumentam consideravelmente.

(d) o gradiente de potencial ao redor deles é equivalente ao que existiria


com um condutor de bom tamanho.

10. (Eletrobras 2010) Sobre linhas de transmissão de Corrente Contínua em


Alta Tensão (CCAT), analise as armações a seguir.

67
I É possível fazer a interconexão entre dois sistemas de corrente alter-
nada de frequências diferentes por meio de elo de corrente contínua.

II Os condutores aéreos de uma linha de transmissão de um sistema


CCAT têm um maior custo em relação aos condutores aéreos de
uma linha equivalente em corrente alternada.

III É possível interligar sistemas de corrente alternada de mesma frequên-


cia, porém assíncronos, por meio de elo de corrente contínua.

IV Se um elo de corrente contínua bipolar de dois condutores, um


positivo e outro negativo, utilizar conversores de doze pulsos, em
cada terminal existem, por conseguinte, dois conversores de seis
pulsos de mesma tensão nominal ligados em paralelo.

Está correto APENAS o que se arma em

(a) I e II.

(b) I e III.

(c) II e IV.

(d) I, II e III.

(e) I, III e IV.

11. (Eletrobras 2010) Para a otimização da capacidade de transmissão de


energia elétrica, um novo dispositivo baseado em eletrônica de potên-
cia, conhecido como FACTS (Flexible Alternating Current Transmission
Systems ou Sistema Flexível de Transmissão em Corrente Alternada),
veio permitir uma maior exibilidade na operação e controle de sistemas
de potência. Nessa perspectiva, analise as armativas abaixo.

I Os sistemas de potência com equipamento FACTS poderão ser acei-


tos pelas empresas de geração e transmissão de energia elétrica se
sua utilidade for comprovada por uma redução de custos e/ou um
aumento na segurança de operação.

II O dispositivo FACTS deve ser aplicado somente na compensação em


paralelo de potência reativa na linha de transmissão, possibilitando
o aumento da potência transmitida.

III O dispositivo FACTS pode ser aplicado em compensação, série e


paralelo de potência reativa, em linhas de transmissão.

IV Quando a utilização tradicional de bancos de capacitores e reatores


não for suciente para resolver problemas de potência reativa ou
regulação de tensão nas linhas de transmissão, o uso correto do
equipamento FACTS estabilizará e otimizará o seu controle.

Está correto APENAS o que se arma em

68
(a) I.

(b) I e II.

(c) II e IV.

(d) I, II e IV.

(e) I, III e IV.

12. (Eletrobras 2010) Em um sistema de Corrente Contínua em Alta Tensão


(CCAT), devido às condições de operação, uma ponte conversora com-
posta por tiristores deve preencher alguns requisitos básicos. Analise os
requisitos abaixo.

I Suportar uma tensão direta sem entrar em condução.

II Ser controlável, isto é, passar a conduzir através de um sinal de


controle.

III Conduzir corrente em ambas as direções.

IV Suportar uma tensão reversa de mesma magnitude que a máxima


tensão direta, sem entrar em condução no sentido reverso.

São corretos os requisitos

(a) I, II e III, apenas.

(b) I, II e IV, apenas.

(c) I, III e IV, apenas.

(d) II, III e IV, apenas.

(e) I, II, III e IV.

13. (Eletrobras 2010) Uma linha de transmissão longa possui uma impe-
dância característica Zc = 400 5° W. Quando se desprezam R e G dessa
linha de transmissão, obtém-se uma linha de transmissão sem perdas
que, para determinada carga ligada ao seu terminal receptor, pode ser
denominada linha innita ou plana. Nessas condições, o fator de ree-
xão no terminal receptor, para uma onda qualquer incidente de tensão,
também possui um valor especíco. Os valores da impedância de carga
e do fator de reexão para essas condições valem, respectivamente,

(a) ∞ e -1

(b) 0 e 0

(c) 0 e -1

(d) Zc e -1

(e) Zc e 0

69

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