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ANA MARIA ALEXANDRE DE SOUZA – RA 1135831

Pós Graduação – História da Arte

A ARTE E A RELIGIÃO: ARTE COMO EXPRESSÃO DE


LOUVOR A DEUS

Orientador: Prof. Fernando Henrique C. de Oliveira

Centro Universitário Claretiano

CAMPINAS

2014
A ARTE E A RELIGIÃO: ARTE COMO EXPRESSÃO DE LOUVOR A DEUS

RESUMO

Desde os primórdios da civilização humana, as histórias da arte e da religião


estão intrinsicamente ligadas. Todas as civilizações e povos de que se têm
conhecimento sempre se utilizaram da arte para expressar sua relação com aquilo que é
sagrado e transcendente. Num primeiro momento, este trabalho buscou exemplificar
como esta relação se dava na vida cotidiana das sociedades. Passando pela pré-história,
história antiga, idade média e idade moderna, foi traçado um paralelo entre essas
manifestações, como elas se misturam e, em alguns casos, até se confundem. Em
seguida, buscou-se fundamentar esse conceito com base nas religiões judaico-cristãs,
que são as formas de crença da contemporaneidade que predominam no mundo
ocidental e, mais especificamente, no Brasil.

PALAVRAS-CHAVE: Arte, religião, Deus e sociedade.


Introdução

Desde os primórdios da civilização humana as histórias da arte e da religião


estão intrinsicamente ligadas. Todas as civilizações e povos de que temos conhecimento
sempre se utilizaram da arte para expressar sua relação com aquilo que é divino. Parte
disso se deve ao fato de o ser humano estar em constante questionamento sobre sua
origem, o significado de sua existência e seu destino final. Por ser a arte uma forma de
expressão única, capaz de expor e explorar as mais profundas emoções, sempre foi
bastante utilizada pelos homens na tentativa de materializar suas crenças e rituais e fé.

Pode-se fazer essa análise levando em consideração a própria história da


humanidade e de como podemos conhecer o modo de vida de cada povo e suas crenças
através de obras de arte e fragmentos que resistiram ao tempo e, por outro lado, pode-se
notar como a religião se utilizou da arte para difundir seus ensinamentos, alimentar seus
vínculos e reafirmar suas motivações.

Começando pela pré-história podemos encontrar manifestações religiosas


ligadas à arte nas pinturas rupestres feitas nas cavernas e nas esculturas encontradas que
apresentavam aspectos ligados a elementos mágicos e ritualísticos. Segundo Carol
Strickland (1999, p. 4):

“Os primeiros objetos artísticos não foram criados para adornar o


corpo ou para decorar cavernas, mas como tentativa de controlar ou
aplacar as forças da natureza. Os símbolos de animais ou de pessoas
tinham significação sobrenatural e poderes mágicos”.

Na Mesopotâmia, região fértil localizada entre os rios Tigre e Eufrates, tendo


como seus primeiros habitantes os sumérios, sucedidos pelos assírios, babilônicos e
persas, a arte manifesta-se principalmente na arquitetura, na construção de suntuosos
palácios e templos com instalações completas para acomodação dos sacerdotes. Essas
construções eram consideradas cópias das existentes no céu. O destaque desses tipos de
construções vai para os Zigurates, que eram edificações de vários andares e refletia a
crença de que os deuses habitavam nas alturas. Também encontram-se manifestações
religiosas nas esculturas e pinturas, porém poucas amostras restaram dessas obras
porque eram feitas em argila e não subsistiram ao tempo.

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Para os egípcios a religião era essencial para a existência e organização da
sociedade e norteava a produção artística, uma vez que as representações pictóricas dos
faraós, considerados deuses na terra, eram sempre acompanhadas de figuras dos
próprios deuses, pois criam numa vida após a morte. As pirâmides destinadas ao
sepultamento dos faraós eram construídas a fim de garantir a sua integridade e seu
encaminhamento para a eternidade com toda a glória que teve em vida. Na busca
constante de permanência da sociedade egípcia e sua obsessão pela imortalidade foi
desenvolvida uma cultura impressionante e quase estática por três milênios.

A Grécia antiga, considerada o berço da civilização ocidental de 480 a 430 anos


a. C., atingiu um nível de excelência sem precedentes nos campos das artes. A filosofia
grega se resumia na frase de Protágoras: “O homem é a medida de todas as coisas.” Por
isso a figura humana era o principal motivo na arte grega que buscava sempre o
realismo e a exaltação da beleza e perfeição de suas formas. Apesar desse racionalismo,
as crenças eram muito importantes para o povo grego, cuja religião politeísta era um
grande núcleo de sua sociedade, já que todas as atividades, inclusive as práticas
artísticas, tinham por objetivo agradar os seus deuses e honrar seus ancestrais. Na
pintura de peças de cerâmica, podem ser encontradas narrativas de histórias mitológicas
das mais diversas: deuses, heróis, ninfas, titãs e centauros. Essas mesmas personagens
eram utilizadas no teatro e na literatura. A escultura era considerada uma forma de
imortalizar esses deuses. Havia um cuidado muito grande com a estética, já que eles
acreditavam que um belo corpo era a exteriorização de uma alma boa. Também na sua
bela arquitetura havia esse cuidado, tanto que ela influenciou as construções de templos
de outras sociedades.

Influenciada pela cultura grega, a sociedade romana muito copiou da sua arte.
Até os deuses romanos foram retirados do panteão grego, porém com seus nomes
alterados, além dos deuses que eram absorvidos da cultura de outras regiões
conquistadas. Na arte eles eram representados com características humanas reais e não
idealizadas como faziam os gregos. Mais tarde, porém, os romanos deram a volta por
cima na arte e filosofia grega e acrescentaram características próprias à sua cultura,
tornando-a mais funcional e secular, legando uma grande contribuição arquitetônica
para a construção de templos religiosos.

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Desde a queda do Império Romano até o Renascimento a Europa viveu um
período em que a arte esteve a serviço da religião, mais especificamente o catolicismo.
O advento do cristianismo havia transformado a sociedade. O artista era rigorosamente
instruído pela igreja tanto na técnica quanto no preparo espiritual. Já que o foco cristão
era dirigido à salvação e à vida eterna, perdeu-se a necessidade da representação
realista. Os nus não eram permitidos e, mesmo nas figuras vestidas, podia-se notar a
falta de conhecimento de anatomia por parte dos artistas. Os mosaicos, pinturas e
esculturas dessa época tinham como objetivo o ensinamento e exaltação dos
sentimentos da religião cristã. Na arquitetura, o grande volume das edificações romanas
deu espaço ao estilo gótico, mais leve e arejado, simples e discretos exteriormente,
porém com o interior adornado por mosaicos, vitrais e afrescos, que refletiam os ideais
cristãos.

Na modernidade, após o Renascimento, com o avanço da ciência e a quebra do


vínculo entre estado e igreja, surge a arte desassociada da religião, porém os temas
religiosos sempre permearam o universo artístico. Mesmo sem estar a serviço da igreja,
vários pintores e escultores inspiraram-se em temas bíblicos e na mitologia grega para
produzir suas obras. A reforma protestante influenciou diretamente a música e a
arquitetura simplificando-as e tornando-as acessível ao povo. Do ponto de vista
protestante a liberdade era um valor pessoal, independente da posição social do
indivíduo e o homem tinha livre acesso a Deus. Martinho Lutero inventou melodias
propositadamente simples para que fossem cantadas e aprendidas pelo povo.

Olhando para as culturas orientais, na Índia, a arte era praticada a partir da


própria religião hindu. Tanto na pintura como na escultura os deuses eram apresentados
com volúpia e sensualidade. Não existia separação entre carne e espírito, e todos os
elementos deveriam exaltar os mistérios que resolviam o conflito entre a vida e a morte
e entre o tempo e a eternidade. Também no Japão todas as manifestações artísticas
antigas encontradas estavam relacionadas com o budismo.

Nas culturas tribais, como as indígenas e africanas, arte e religião sempre foram
indissociáveis, mesmo havendo variações de uma tribo para outra. No caso da arte
africana, o objeto era funcional, ligado ao culto dos antepassados e voltado ao espírito

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religioso. Essa característica marcante dos povos africanos perpassou o tempo e ainda
podem ser encontrados na atualidade.

E nos dias de hoje? Por que apesar de tantos avanços tecnológicos, científicos e
superações dos limites do homem, ainda persistem em seu ser, independente de sua
cultura, esses dois elementos tão primitivos: arte e religião?

Esse trabalho tem a finalidade de tentar responder a esse questionamento usando


como base as religiões judaico-cristãs, por ser essa a crença predominante na sociedade
ocidental contemporânea e mais especificamente no Brasil.

Segundo Francis A. Schaeffer (2010), (...) “o artista produz uma obra de arte e
esta demonstra sua cosmovisão.” E ainda: (...) “o homem é feito à imagem do Deus
criador e, portanto, pode não apenas amar, pensar e sentir emoções – ele tem também a
capacidade de criar. Sermos criativos ou termos criatividade faz parte da natureza de
Deus em nós.”

O presente trabalho de conclusão de curso trata de uma pesquisa de conteúdo


bibliográfico que, segundo Gil (2008, p.50), “é desenvolvida a partir de material já
elaborado, constituído de livros e artigos científicos” e tem como título “A Arte e a
Religião: Arte como expressão de louvor a Deus”. Utiliza-se da metodologia descritiva,
que, de acordo com o mesmo autor (1994-1995, p. 47) “As pesquisas descritivas têm
como objetivo primordial as descrições das características de determinada população ou
fenômeno, ou então o estabelecimento de relações entre variáveis.”

O levantamento de dados foi feito através da leitura de vários livros e artigos


encontrados em bibliotecas e sites que tratam da mesma temática. A análise dos dados
foi feita através da análise de conteúdo que, de acordo com Moraes (1999), trata-se de
uma metodologia utilizada para interpretar o conteúdo de outros documentos visando
uma compreensão destes que difere de uma simples leitura, ou seja, todo o conteúdo foi
lido e estudado para se extrair as informações mais importantes e assim analisá-las e
utilizá-las de uma maneira a contribuir com o trabalho realizado.

O relatório crítico-analítico foi feito a partir de todas as informações estudadas e


dos critérios utilizados pelo autor.
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Arte e Religião

O presente trabalho parte do princípio de que o homem é um ser criativo. Ele


cria a partir seus conceitos de vida e mundo. As motivações de sua criação representam
os diferentes modos de enxergar as relações sociais e os leva a repensar aquilo que
conhecem por realidade. Em outras palavras, o homem cria a partir de uma cosmovisão.
Essa forma de expressão reflete sua espiritualidade e sua busca pelo que está além de
sua compreensão, que é de essência superior, ou seja, de caráter sobrenatural.

Afinal, qual a finalidade da arte e da religião na vida do homem e qual a relação


entre elas? Vários filósofos e pensadores em todas as épocas já se defrontaram com este
questionamento. As opiniões são variadas. Uns afirmaram que a arte é uma extensão da
religião. Outros que a arte substituiria a religião. Outros, ainda, que a arte e a religião
são o direito e o avesso do mesmo pano, ou seja, ambas tem a mesma essência.

Contudo, o ponto em que todos concordam é que tanto a arte como a religião
nasceram juntamente com os primeiros seres humanos que habitaram o planeta Terra.

Segundo Nunes Filho (2004):

“A arte e a religião nasceram com os primeiros exemplares da nossa


espécie. São dois fenômenos que se cruzam ao longo da aventura do
ser humano na História. Até poderia se afirmar, com alguma
propriedade, que são expressões diferentes de um mesmo fenômeno
que se desenvolve na alma humana. Os seres humanos respiram e
transpiram religião e arte em seu cotidiano, mesmo que disso nem se
deem conta ante o burburinho do dia a dia. Essas linguagens não
apenas andam juntas, mas se fundem e até se confundem. Há muito de
religião em todas as expressões de arte, ao mesmo tempo em que as
expressões de caráter religioso são todas veiculadas por uma
linguagem artística.“

É sabido que a história da raça humana é uma história de superação de limites e


constantes lutas pela subsistência. A arte e a religião muito contribuíram para isso, pois
são aspirações que direcionam ao enobrecimento do homem levando-o a buscar algo
mais, além da simples existência física. A arte leva a pensar que o mundo em que se

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vive não é o único possível de se viver e através da religião, novos mundos podem ser
idealizados.

Ainda segundo Nunes Filho:

“Diante da escassez de recursos biofísicos, os humanos foram obrigados a


criar mecanismos de sobrevivência que transpusessem a dimensão das
condições naturais. Para tanto, construíram um aparato cultural capaz de
atender suas necessidades. Nasciam, a partir daí, suas aventuras pelo mundo
da transcendência“. E ainda: “Ao ser humano não basta serem atendidas as
necessidades biológicas mais imediatas. Impõem-se outras de caráter mais
transcendente, tais como, as de compreender o universo e expressar as
inquietações resultantes da impossibilidade de tal compreensão.”

Partindo do princípio cristão, no qual se fundamenta esse trabalho, Deus criou o


homem à sua imagem e semelhança, mas, pela sua desobediência, ele perdeu seu estado
original. A concepção de homem como criatura plena, cuja essência está na sua
similaridade com Deus, aparece no início das escrituras sagradas, no livro de Gênesis no
capítulo 1, versos 26 e 27 (versão Almeida Corrigida e Revisada Fiel):

“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa


semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e
sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a
terra”.

Porém, esse estado de harmonia entre o homem e seu criador foi abalado pela
desobediência do homem. Houve a separação do criador e sua criatura. Talvez seja essa
a razão da sensação de vazio comum a todo ser humano e que promove essa busca
constante por algo mais, independente de tudo que já se tenha alcançado. Segundo
Bacon (1979, apud SCHAEFFER, 2010, p. 19):

“Na queda o ser humano perdeu ao mesmo tempo o estado de inocência e o


domínio sobre a natureza. Entretanto, ambas as perdas podem, até certo
ponto, ser reparadas ainda nesta vida; a primeira por meio da religião e da fé;
a segunda, pela arte e pela ciência”.

A sensação de ausência, de que algo ou alguém está faltando é o que leva o


homem a buscar na espiritualidade a compreensão daquilo que lhe falta, algo que venha
a preencher a lacuna existente em sua alma. Card (2004, p. 31), relata uma experiência
vivida em Pequim durante um intercambio cultural do qual participara. Enquanto se
apresentava a um grupo de estudantes na Universidade de Pequim, ouviu um relato de
uma jovem:

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“Uma jovem, muito inteligente, contou seu testemunho em inglês quase
perfeito. Falou de sua luta espiritual para crescer à sombra do comunismo,
onde a doutrina oficial se opunha a qualquer crença em Deus. No entanto,
desde menina teve o coração tocado pela natureza. Descreveu uma série de
manifestações divinas ou epifanias. Primeiro, ao por do sol que tocou sua
alma de um modo tal que não conseguia expressar em palavras. Também
houve um tempo quando a beleza das flores no jardim de sua mãe falava com
ela sobre uma simplicidade pela qual seu coração ansiava. Ao simplesmente
observar a beleza na natureza ela se convenceu da existência não apenas de
um Deus benigno, mas também de um pai amoroso e zeloso.”

Segundo o autor, a beleza e a ordem que existe em toda a natureza falam da


essência de um Deus criador e que tal beleza nos convence a devolver a ele uma
resposta em forma poemas, canções, danças, pinturas, etc.

As artes na Bíblia

A própria Bíblia, livro no qual se fundamentam as motivações e a fé das


religiões cristãs, ou, no caso do judaísmo, apenas a parte que compreende o antigo
testamento, é repleta de citações de manifestações artísticas envolvendo o povo judeu
em situações das mais variadas, seja em acontecimentos do cotidiano, seja após vitórias
sobre os inimigos, seja em resposta a bênçãos alcançadas, ou simplesmente como
louvor ao Deus criador. Seguem alguns exemplos:

Artes visuais

Segundo o Antigo Testamento, liderado pelo profeta Moisés, o povo de Israel


deixou o Egito após 400 anos de escravidão rumo à “Terra Prometida”. O povo foi
instruído por ele a construir um tabernáculo onde deveriam se apresentar
periodicamente diante dos sacerdotes para oferecer sacrifícios para remissão de seus
pecados. As especificações de construção e decoração envolviam toda forma de
representações artísticas conhecidas. Desde esculturas de querubins que enfeitavam os
umbrais das portas, até candelabros de ouro decorados com todo tipo de representações
da natureza. Até as vestes sacerdotais deveriam ser enfeitadas artisticamente por obra
das mãos das bordadeiras.

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Detalhes semelhantes podem ser encontrados no livro de I Crônicas como parte
da orientação do Rei Davi ao seu filho Rei Salomão para a construção do templo na
cidade de Jerusalém. Schaeffer (2010, p.22 e 23) relata:

“Em Êxodo, encontramos a seguinte descrição das vestes do


sacerdote: ‘Em toda a orla da sobrepeliz, farás romãs de estofo azul, e
púrpura e carmesim; e campainhas de ouro no meio delas’ (Ex.28.33).
Contudo, há algo mais a ser notado nessa passagem. Na natureza, as
romãs são vermelhas, porém estas romãs deveriam ser azul, púrpura e
carmesim. Púrpura e carmesim podem ser variações de tonalidade no
amadurecimento de uma romã, mas azul, não. O princípio é que há
liberdade para se fazer algo a partir da natureza, que seja distinto dela
e que possa ser levado à presença de Deus.”

Pode-se observar através desse detalhe que não havia objetivo prático ou
utilitário para essas orientações. Era apenas arte pela arte, ou beleza pela beleza.

Música

Cantar fazia parte da cultura judaica. O povo hebreu não cantava somente em
momentos de adoração, eles cantavam durante o trabalho, festas, comemorações e até
em suas campanhas militares.

As Escrituras Sagradas fazem menção não somente à música vocal, mas também
aos instrumentos musicais que eram utilizados, como harpa, saltérios, adufes, flautas,
trombetas e tamborins. Segundo Schaeffer (2010, p.35):

“Em 1 Crônicas 23.5 diz-se que havia ‘quatro mil porteiros e quatro
mil para louvarem ao Senhor com os instrumentos que Davi fez para
esse mister’. Quatro mil! Uma canção flui de quatro mil pessoas de
uma só vez. O cronista diz: ‘Davi os repartiu por turnos (...)’. Em
outras palavras, Davi dividiu os cantores em naipes, formando o que
chamamos de coro”.

A música é a manifestação artística mais presente na vida religiosa até os dias de


hoje, dentro de todas as vertentes do segmento judaico-cristão e também das demais
religiões.

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Poesia

Independentemente de se acreditar ou não no conteúdo da Bíblia, o que não se


pode negar é o seu valor literário. A Bíblia é repleta de poesias construídas dentro da
métrica da língua hebraica, a qual demanda uma rígida disciplina literária. O livro de Jó,
por exemplo, foi escrito em forma de acróstico com as letras do alfabeto hebraico. O
livro de Salmos é constituído de poemas, muito provavelmente, todos musicados. Outro
recurso literário de que a Bíblia dispõe é uso artístico de metáforas. O próprio Jesus
lançou mão abundantemente desse recurso para transmitir seus ensinamentos, além de
ser um grande contador de história, falando sempre ao povo por meio de parábolas.

Teatro e dança

O teatro é mencionado na Bíblia quando o profeta Ezequiel é instruído a


“representar” o cerco de Jerusalém. Ele desenhou a silhueta da cidade para usá-la como
cenário. Segundo Schaeffer (2010, p. 38): “Foi ordenado a Ezequiel que dramatizasse
diariamente por mais de um ano. Durante meses, representou diante de um cenário para
que Israel compreendesse que Deus traria julgamento”.

A dança também fazia parte do cenário bíblico. Schaeffer (2010, p. 38) diz:

“Duas passagens históricas da Bíblia demonstram que Deus se agradava de as


pessoas dançarem: Êxodo 15.20 diz que Miriã, como profetisa, saiu com
‘tamborins e com danças’. E em 2 Samuel 6.14-16 lemos que ‘Davi dançava
com todas as suas forças diante do Senhor; e estava cingido de uma estola
sacerdotal de linho’.”

Considerações finais

Os ensinamentos presentes nas Escrituras Sagradas foram consolidados através


dos séculos e em quase a totalidade dos ramos religiosos dela derivados, a arte é
considerada uma dádiva divina pela qual os valores de cada grupo são reafirmados e os
laços fortalecidos.

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Independentemente de possuir ou não um caráter religioso, a arte por si só tem
um valor inestimável e transcendente, capaz de reunir ideias e conceitos que mexem
profundamente com a percepção, emoção e razão de pessoas de todas as idades,
nacionalidades e classes sociais. Todas as formas de arte tentam transformar o que é
invisível para o que é palpável ou notável.

Fazer arte é o que diferencia o homem dos demais animais. É o que os faz
humanos capazes de ir além do que se pode notar e sentir por meio dos sentidos. Tudo o
que é criado, escrito, cantado, tocado, interpretado ou dançado, pode abrir uma lacuna
no tempo por meio da qual se pode ouvir Deus. Segundo Card (2004, p.19):

“A pintura pode tornar-se uma janela através da qual um mundo confuso olha
e vê a ordem sadia da criação de Deus. A música pode tornar-se um eco
orquestrado da voz que os ouvidos cansados da humanidade há séculos têm
ansiado ouvir. Essa é a arte por meio da qual Deus é visto e ouvido, na qual
Ele é encarnado, é ‘detalhado’ em pintura e tinta, em pedra, em movimento
criativo.”

Assim como a religião está muito além da razão, a arte está além do artista e é
repleta de simbolismos e significados muitas vezes incompreendidos. Tanto uma como
outra não precisa de justificativa, apenas sensibilidade e despojamento para abrir-se para
novas realidades.

Referencias Bibliográficas:

CARD, Michael, Cristo e a Criatividade: rabiscando na areia. Viçosa, MG: Ultimato,


2004.

GIL, A.C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6º ed. São Paulo: Atlas, 2008.

MORAES, Roque. Análise de conteúdo. Revista Educação, Porto Alegre, v. 22, n. 37,
p. 7-32, 1999.

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NUNES, Nabor Filho. Arte: a religião de corpo inteiro. In: Diálogo: revista de ensino
religioso. São Paulo: Paulinas, Ano IX, n 03, fevereiro de 2004, p. 08-13.

SCHAEFFER, Francis A., A Arte e a Bíblia. Viçosa, MG: Ultimato, 2010.

STRICKLAND, Carol e BOSWEL, John, Arte Comentada – da Pré História ao Pós-


moderno, 2ª Ed., Rio de Janeiro: Ediouro, 1999.

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