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VALOR SEMÂNTICO DOS CONECTIVOS (Atualizado)

Preposição é uma classe de palavras com o objetivo de ligar palavras e orações. Nessas
ligações, as preposições podem, ou não, acrescentar valor semântico ao período.

Preposições que são apenas uma exigência do termo antecedente, isto é, que não
acrescentam qualquer valor semântico, são chamadas de relacionais. As preposições relacionais
introduzem o objeto indireto ou o complemento nominal.

Exemplos:
Necessito de chocolate. (de chocolate = objeto indireto)
Ele é essencial para o grupo. (para o grupo = complemento nominal)

Nos exemplos acima, note que as preposições ocorrem tão-somente em função da


exigência feita pelo verbo “necessitar” e pelo adjetivo “essencial”, respectivamente.

Porém, há casos em que as preposições acrescentam valor semântico, relações de


significado, sendo denominadas preposições nocionais. As preposições nocionais introduzem o
adjunto adnominal e o adjunto adverbial.

Exemplos:
Morre-se muito na violência de São Paulo. (de São Paulo = adjunto adnominal)
O arcebispo viajou para o Vaticano. (para o Vaticano = adjunto adverbial)

Nos exemplos acima, as preposições acrescentam “de” e “para” aos respectivos períodos
os valores de posse e de destino.

Por ser um assunto de extrema relevância em provas, demonstraremos as preposições


nocionais mais recorrentes.

 A
A persistirem os sintomas, o médico deve ser consultado. (condição)
O filho puxou ao pai. (conformidade, semelhança)
Nas férias passadas, viajamos a Roma. (destino)
Candidatos, façam a prova a caneta. (instrumento)

 COM
Os moradores perderam tudo o que tinham com as enchentes. (causa)
Amanhã sairei com amigos. (companhia)
No próximo domingo, o Flamengo jogará com o Botafogo. (oposição)
A idosa bateu no ladrão com a bengala. (instrumento)
A moça estava atrasada; caminhava com pressa. (modo)
Com certeza, iremos ao teatro no feriado. (afirmação)
No sistema capitalista, as pessoas somente sobrevivem com recursos. (condição)

 DE
Saí de casa. (origem)
Falaram de você. (assunto)
Veio de táxi. (meio)
A menina chorou de raiva. (causa)
Os siris andam de lado. (modo)
Voltemos de noite. (tempo)
Comprei um relógio de ouro. (matéria)
Aquele livro é de Marcelo. (posse)
Ontem, bebemos dois copos de vinho. (conteúdo)
Estou sob a mesa. (lugar)
O bicheiro caminhava de anel no dedo. (companhia)

 EM
Hoje à noite, estarei em casa. (lugar)
Formou-se em Direito. (especialidade)
O relógio é feito em ouro. (matéria)
Tenho que apresentar o tema em quinze minutos. (tempo)

 PARA
O bombeiro veio para socorrê-lo. (finalidade)
Viajou para a Itália. (destino)
Para João, Flamengo é o melhor time do campeonato. (conformidade)
É proibida a venda de bebidas para menores de dezoito anos. (restrição)

 POR
Comprei o livro por cem reais. (preço)
Distantes, os namorados falavam-se por internet. (meio)
Viajamos por diversas cidades. (lugar)
“Eu sei que vou te amar / por toda a minha vida” (tempo) – Vinícius de Moraes

Exercícios

1. A preposição DE traduz FINALIDADE no verso:

a) “Andar e pilotar um pássaro de aço”;


b) “O pai de anel no dedo e dedo na viola”;
c) “Com votos da família de uma vida feliz”;
d) “Um dia de tristeza me faltou o velho”;
e) “E que vontade de tocar viola de verdade”.

2. Assinale a assertiva em que a preposição COM exprime a mesma ideia que possui em
“Surge a lua cheia para chorar com os poetas”.
a) O menino machucou-se com a faca.
b) Ela se afastou com um súbito choro.
c) Tinha empobrecido com as secas.
d) Deve-se rir com alguém, não de alguém.
e) Ele se confundiu com a minha resposta.

Gabarito:

1. C
2. D
Discurso Direto

No discurso direto, o narrador dá uma pausa na sua narração e passa a citar fielmente a
fala do personagem.

O objetivo desse tipo de discurso é transmitir autenticidade e espontaneidade. Assim, o


narrador se distancia do discurso não se responsabilizando pelo que é dito.

Pode ser também utilizado por questões de humildade - para não falar algo que foi dito
por um estudioso, por exemplo, como se fosse de sua própria autoria.

Características do Discurso Direto

 Utilização dos verbos da categoria dicendi, ou seja, aqueles que têm relação com o
verbo "dizer". São chamados de "verbos de elocução", a saber: falar, responder,
perguntar, indagar, declarar, exclamar, dentre outros.
 Utilização dos sinais de pontuação - travessão, exclamação, interrogação, dois pontos,
aspas.
 Inserção do discurso no meio do texto - não necessariamente numa linha isolada.

Exemplos de Discurso Direto

1. Os formados repetiam: "Prometo cumprir meus deveres e respeitar meus semelhantes


com firmeza e honestidade.".
2. O réu afirmou: "Sou inocente!"
3. Querendo ouvir sua voz, resolveu telefonar:
— Alô, quem fala?
— Bom dia, com quem quer falar? — respondeu com tom de simpatia.

Discurso Indireto

No discurso indireto, o narrador da história interfere na fala do personagem donde


profere suas palavras. Aqui não encontramos as próprias palavras da personagem.

Características do Discurso Indireto

 O discurso é narrado em terceira pessoa.


 Algumas vezes são utilizados os verbos de elocução, por exemplo: falar, responder,
perguntar, indagar, declarar, exclamar. Contudo não há utilização do travessão, pois
geralmente as orações são subordinadas, ou seja, dependem de outras orações, o que
pode ser marcado através da conjunção “que” (verbo + que).

Exemplos de Discurso Indireto

1. Os formados repetiam que iriam cumprir seus deveres e respeitar seus semelhantes
com firmeza e honestidade.
2. O réu afirmou que era inocente.
3. Querendo ouvir sua voz, resolveu telefonar. Cumprimentou e perguntou quem estava
falando. Do outro lado, alguém respondeu ao cumprimento e perguntou com tom de
simpatia com quem a pessoa queria falar.
Transposição do Discurso Direto para o Indireto

Nos exemplos a seguir verificaremos as alterações feitas a fim de moldar o discurso de


acordo com a intenção pretendida.

1. Direto: Preciso sair por alguns instantes. (enunciado na 1.ª pessoa)


Indireto: Disse que precisava sair por alguns instantes. (enunciado na 3.ª pessoa)
2. Direto: Sou a pessoa com quem falou há pouco. (enunciado no presente)
Indireto: Disse que era a pessoa com quem tinha falado há pouco. (enunciado no
imperfeito)
3. Direto: Não li o jornal hoje. (enunciado no pretérito perfeito)
Indireto: Disse que não tinha lido o jornal. (enunciado no pretérito mais que perfeito)
4. Direto: O que fará relativamente aquele assunto? (enunciado no futuro do presente)
Indireto: Perguntou-me o que faria relativamente aquele assunto. (enunciado no
futuro de pretérito)
5. Direto: Não me ligues mais! (enunciado no modo imperativo)
Indireto: Pediu que não lhe ligasse mais. (enunciado no modo subjuntivo)
6. Direto: Isto não é nada agradável. (pronome demonstrativo em 1.ª pessoa)
Indireto: Disse que aquilo não era nada agradável. (pronome demonstrativo em 3.ª
pessoa)
7. Direto: Vivemos muito bem aqui. (advérbio de lugar aqui)
Indireto: Disse que viviam muito bem lá. (advérbio de lugar lá)

Discurso Indireto Livre

No discurso indireto livre há uma fusão dos tipos de discurso (direto e indireto), ou seja,
há intervenções do narrador bem como da fala dos personagens.

Não existem marcas que mostrem a mudança do discurso. Por isso, as falas dos
personagens e do narrador - que sabe tudo o que se passa no pensamento dos
personagens - podem ser confundidas.

Características do Discurso Indireto Livre

 Liberdade sintática.
 Aderência do narrador ao personagem.

Exemplos de Discurso Indireto Livre

1. Fez o que julgava necessário. Não estava arrependido, mas sentia um peso. Talvez não
tenha sido suficientemente justo com as crianças…
2. O despertador tocou um pouco mais cedo. Vamos lá, eu sei que consigo!
3. Amanheceu chovendo. Bem, lá vou eu passar o dia assistindo televisão!

Nas orações destacadas os discursos são diretos, embora não tenha sido sinalizada a
mudança da fala do narrador para a do personagem.

A coesão sequencial é um recurso que colabora com a evolução textual apontando a


passagem do tempo.
Trata-se de um mecanismo coesivo que acontece por meio de marcadores verbais e
conectivos os quais indicam essa progressão ao longo do texto.

Dessa maneira, a coesão sequencial colabora com a estrutura textual uma vez que
auxilia na articulação das palavras e frases dentro de um texto. Por sua vez, se não for
utilizada de maneira correta, prejudicará o entendimento do texto.

Além da coesão sequencial, temos a "coesão referencial" que acontece por meios de
elementos textuais chamados de "referentes". Estes são retomados no texto e, da mesma
forma que a sequencial, colabora com a articulação das frases e dos parágrafos.

Exemplos

Para compreender melhor o conceito de coesão sequencial, leia o trecho abaixo extraído
da obra O Cortiço de Aluísio Azevedo.

"João Romão foi, dos treze aos vinte e cinco anos, empregado de um vendeiro que
enriqueceu entre as quatro paredes de uma suja e obscura taverna nos refolhos do
bairro do Botafogo; e tanto economizou do pouco que ganhara nessa dúzia de anos,
que, ao retirar-se o patrão para a terra, lhe deixou, em pagamento de ordenados
vencidos, nem só a venda com o que estava dentro, como ainda um conto e quinhentos
em dinheiro. Proprietário e estabelecido por sua conta, o rapaz atirou-se à labutação
ainda com mais ardor, possuindo-se de tal delírio de enriquecer, que afrontava
resignado as mais duras privações. Dormia sobre o balcão da própria venda, em cima
de uma esteira, fazendo travesseiro de um saco de estopa cheio de palha."

Nesse caso, essa evolução na narrativa é caracterizada por marcadores verbais que
determinam a passagem do tempo no texto.

João Romão foi... enriqueceu... economizou... ganhara... retirar-se... estava...


estabelecido... atirou-se... possuindo-se... afrontava... dormia...

Por esse motivo, a coesão sequencial é o elemento que organiza os fatos do tempo no
texto. E, como é feita por marcadores verbais, é estabelecida pelas conjugações no
pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito e o pretérito imperfeito do indicativo.

A coesão sequencial também atua com o uso de conectivos. Sem ela, o texto não é
linear e a mensagem pode não ser compreendida.

"Não obstante, ao lado dele a crioula roncava, de papo para o ar, gorda, estrompada de
serviço, tresandando a uma mistura de suor com cebola crua e gordura podre. Mas João
Romão nem dava por ela; só o que ele via e sentia era todo aquele voluptuoso mundo
inacessível vir descendo para a terra, chegando-se para o seu alcance, lentamente,
acentuando-se."

"Houve um silêncio, no qual o desgraçado parecia arrancar de dentro uma frase que, no
entanto, era a única idéia que o levava a dirigir-se à mulher. Afinal, depois de coçar
mais vivamente a cabeça, gaguejou com a voz estrangulada de soluços:"
Nos trechos acima, também extraídos da obra O Cortiço, notamos a presença de
diversos conectivos que permitem a sequência de ideias no texto. Essa ligação ocorre
por meio do uso mde conjunções, advérbios e pronomes.

Os termos "não obstante", "mas" e "no entanto" estabelecem uma relação de oposição e
têm o objetivo de opor ideias ou conceitos num período.

Já o "e" estabelece uma relação de adição uma vez que acrescenta algo ao texto. Por
fim, o termo "afinal" indica uma relação de temporalidade onde possui o objetivo de
situar o leitor na sucessão dos acontecimentos ou das ideias.

Exercícios comentados

1. Leia o trecho extraído da música "Seja para mim" do grupo musical Maneva:

"Seja para mim o que você quiser


Contanto que seja o meu amor
Estou indo te buscar, mas eu tô indo a pé
Prende teu cabelo porque tá calor"

Os termos em destaque estabelecem uma relação de:

a) condição e oposição
b) contraste e conclusão
c) causa e consequência
d) intenção e continuação
e) dúvida e condição

Alternativa a) condição e oposição

O termo "contanto que" é uma conjunção condicional utilizada em situações


circunstanciais de modo que indicada hipóteses para uma situação futura.

Já o termo "mas" estabelece uma relação de oposição que tem como objetivo contrastar
ideias numa frase.

2. Leia o trecho da obra "Dom Casmurro" de Machado de Assis, e indique os


marcadores verbais que auxiliam na coesão sequencial da narrativa:

"Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da
Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-
me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me
versos."

Os marcadores verbais que indicam a sequencia de ideias no trecho são: encontrei,


cumprimentou-me, sentou-se, falou.

Caiu no Enem!

(Enem-2011)
Cultivar um estilo de vida saudável é extremamente importante para diminuir o risco de
infarto, mas também de problemas como morte súbita e derrame. Significa que manter
uma alimentação saudável e praticar atividade física regularmente já reduz, por si só, as
chances de desenvolver vários problemas. Além disso, é importante para o controle da
pressão arterial, dos níveis de colesterol e de glicose no sangue. Também ajuda a
diminuir o estresse e aumentar a capacidade física, fatores que, somados, reduzem as
chances de infarto. Exercitar-se, nesses casos, com acompanhamento médico e
moderação, é altamente recomendável.

ATALIA, M. Nossa vida. Época . 23 mar. 2009.

As ideias veiculadas no texto se organizam estabelecendo relações que atuam na


construção do sentido. A esse respeito, identifica-se, no fragmento, que

a) a expressão “Além disso” marca uma sequenciação de ideias.


b) o conectivo “mas também” inicia oração que exprime ideia de contraste.
c) o termo “como”, em “como morte súbita e derrame”, introduz uma generalização.
d) o termo “Também” exprime uma justificativa.
e) o termo “fatores” retoma coesivamente “níveis de colesterol e de glicose no sangue”.

Alternativa a) a expressão “Além disso” marca uma sequenciação de ideias.

A coesão referencial é um mecanismo de coesão textual que colabora com a


textualidade através do uso de elementos coesivos. Ela conecta as diversas partes de um
texto sejam palavras, orações e períodos.

Trata-se de um recurso coesivo que ocorre quando um termo ou expressão que já foi
citado no texto é retomado por meio de outro termo que o substitui.

O que foi mencionado anteriormente é chamado de referente textual, enquanto o termo


que o remete é denominado de correferente.

Sua função é extremamente importante para a coerência textual visto que permite que o
leitor identifique os termos referidos no texto.

Exemplo: Sara saiu essa manhã de casa. Ela foi trabalhar na loja e mais tarde foi ao
curso de dança.

De acordo com o exemplo, o termo "ela" retoma o sujeito "Sara", evitando assim, a
repetição desnecessária.

Classificação

A coesão referencial pode ocorrer de diversas maneiras e os mecanismos mais utilizados


são: a anáfora, a catáfora, a elipse e a reiteração.
Anáfora

A anáfora retoma o referente por meio de um elemento coesivo que pode ser: artigos,
advérbios, pronomes e numerais. Nesse caso, o referente textual já foi mencionado
anteriormente no texto.

"De uma coisa tenho certeza: essa narrativa mexerá com uma coisa delicada: a criação
de uma pessoa inteira que na certa está tão viva quanto eu. Cuidai dela porque meu
poder é só mostrá-la para que vós a reconheçais na rua, andando de leve por causa da
esvoaçada magreza."

(A hora da estrela de Clarice Lispector)

Os termos destacados retomam o referente que foi citado anteriormente no texto:


"pessoa inteira".

Catáfora

A catáfora, diferente da anáfora, antecipa o referente, ou seja, o referente textual surge


após o elemento coesivo. Geralmente, ela é empregada por meio de pronomes
demonstrativos e indefinidos.

"Há três coisas que não podem ser escondidas por muito tempo: o sol, a lua e a
verdade". (Buda)

No exemplo acima, o correferente antecede o referente por meio da expressão "três


coisas".

Elipse

A elipse é a omissão de um ou mais termos da frase, no entanto, que são facilmente


identificáveis pelo leitor. Ela é bastante utilizada para evitar a repetição desnecessária.

"Eu canto porque o instante existe


e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta."

(Trecho do poema Motivo de Cecília Meireles)

No exemplo acima temos a omissão do pronome “Eu” na terceira linha do poema: (Eu)
Não sou alegre nem sou triste.

Reiteração

A reiteração corresponde a repetição de elementos referenciais no texto. Ela pode


ocorrer por meio repetição do mesmo item lexical, por termos sinônimos ou mesmo por
nomes genéricos (coisa, gente, negócio, etc.)
“Cada um é responsável por todos. Cada um é o único responsável. Cada um é o
único responsável por todos.” (Antoine de Saint-Exupéry)

Exercícios com Gabarito

1. (Enem-2009)

Páris, filho do rei de Troia, raptou Helena, mulher de um rei grego. Isso provocou um
sangrento conflito de dez anos, entre os séculos XIII e XII A.C. Foi o primeiro choque
entre o ocidente e o oriente. Mas os gregos conseguiram enganar os troianos. Deixaram
à porta de seus muros fortificados um imenso cavalo de madeira. Os troianos, felizes
com o presente, puseram-no para dentro. À noite, os soldados gregos, que estavam
escondidos no cavalo, saíram e abriram as portas da fortaleza para a invasão. Daí surgiu
a expressão "presente de grego".

Em "puseram-no", a forma pronominal "no" refere-se:

a) ao termo "rei grego".


b) ao antecedente "gregos".
c) ao antecedente distante "choque".
d) à expressão "muros fortificados".
e) aos termos "presente" e "cavalo de madeira".

Alternativa e) aos termos "presente" e "cavalo de madeira".

2. (Enem-2014)

Há qualquer coisa de especial nisso de botar a cara na janela em crônica de jornal ‒ eu


não fazia isso há muitos anos, enquanto me escondia em poesia e ficção. Crônica
algumas vezes também é feita, intencionalmente, para provocar. Além do mais, em
certos dias mesmo o escritor mais escolado não está lá grande coisa. Tem os que
mostram sua cara escrevendo para reclamar: moderna demais, antiquada demais.

Alguns discorrem sobre o assunto, e é gostoso compartilhar ideias. Há os textos que


parecem passar despercebidos, outros rendem um montão de recados: “Você escreveu
exatamente o que eu sinto”, “Isso é exatamente o que falo com meus pacientes”, “É isso
que digo para meus pais”, “Comentei com minha namorada”. Os estímulos são valiosos
pra quem nesses tempos andava meio assim: é como me botarem no colo ‒ também eu
preciso. Na verdade, nunca fui tão posta no colo por leitores como na janela do jornal.
De modo que está sendo ótima, essa brincadeira séria, com alguns textos que iam acabar
neste livro, outros espalhados por aí. Porque eu levo a sério ser sério… mesmo quando
parece que estou brincando: essa é uma das maravilhas de escrever. Como escrevi há
muitos anos e continua sendo a minha verdade: palavras são meu jeito mais secreto de
calar.

LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de janeiro: Record, 2004.

Os textos fazem uso constante de recurso que permitem a articulação entre suas partes.
Quanto à construção do fragmento, o elemento
a) “nisso” introduz o fragmento “botar a cara na janela em crônica de jornal”.
b) “assim” é uma paráfrase de “é como me botarem no colo”.
c) “isso” remete a “escondia em poesia e ficção”.
d) “alguns” antecipa a informação “É isso que digo para meus pais”.
e) “essa” recupera a informação anterior “janela do jornal”.

Alternativa a) “nisso” introduz o fragmento “botar a cara na janela em crônica de


jornal”.

3. (Enem-2016)

“Ela é muito diva!”, gritou a moça aos amigos, com uma câmera na mão. Era a quinta
edição da Campus Party, a feira de internet que acontece anualmente em São Paulo, na
última terça-feira, 7. A diva em questão era a cantora de tecnobrega Gaby Amarantos, a
“Beyoncé do Pará”. Simpática, Gaby sorriu e posou pacientemente para todos os
cliques. Pouco depois, o rapper Emicida, palestrante ao lado da paraense e do também
rapper MV Bill, viveria a mesma tietagem. Se cenas como essa hoje em dia fazem parte
do cotidiano de Gaby e Emicida, ambos garantem que isso se deve à dimensão que suas
carreiras tomaram através da internet — o sucesso na rede era justamente o assunto da
palestra. Ambos vieram da periferia e são marcados pela disponibilização gratuita ou a
preços muito baixos de seus discos, fenômeno que ampliou a audiência para além dos
subúrbios paraenses e paulistanos. A dupla até já realizou uma apresentação em
conjunto, no Beco 203, casa de shows localizada no Baixo Augusta, em São Paulo,
frequentada por um público de classe média alta.

Disponível em: www.cartacapital.com.br. Acesso em: 28 fev. 2012 (adaptado).

As ideias apresentadas no texto estruturam-se em torno de elementos que promovem o


encadeamento das ideias e a progressão do tema abordado. A esse respeito, identifica-se
no texto em questão que

a) a expressão “pouco depois”, em “Pouco depois, o rapper Emicida”, indica


permanência de estado de coisas no mundo.
b) o vocábulo “também”, em “e também rapper MV Bill”, retoma coesivamente a
expressão “o rapper Emicida”.
c) o conectivo “se”, em “Se cenas como essa”, orienta o leitor para conclusões
contrárias a uma ideia anteriormente apresentada.
d) o pronome indefinido “isso”, em “isso se deve”, marca uma remissão a ideias do
texto.
e) as expressões “a cantora de tecnobrega Gaby Amarantos, a ‘Beyoncé do Pará'",
“ambos” e “a dupla” formam uma cadeia coesiva por retomarem as mesmas
personalidades.

Alternativa d) o pronome indefinido “isso”, em “isso se deve”, marca uma remissão a


ideias do texto.

Coerência textual é o fator que possibilita o entendimento da mensagem transmitida no


texto. Aliada à coesão, a coerência tem como função a construção dos sentidos da
textualidade.
Por meio da coerência, ocorre a concatenação das ideias do texto. Ou seja, a formação
de uma cadeia de ideias.

O texto que obedece à coerência transmite uma relação lógica de ideias que se
complementam, não se contradizem e conferem significado à mensagem. Quando o
texto é coerente, o interlocutor apreende os sentidos do texto.

A falta dela afeta a significação do texto, prejudica a relação com o interlocutor, a


continuidade dos sentidos e compreensão.

Tipos de Coerência Textual


Coerência Narrativa

Nesse tipo de texto é obedecida uma lógica entre ações e personagens. Cada ação
obedece a um tempo que permite conhecer a ordem dos acontecimentos sem
contradições.

Exemplo:

Ele ligou à noite para acalmar o desespero dela. Sentou no sofá de couro já gasto,
acendeu a luz do abajur na sala já escura. Chamou por querida, clamou por perdão.
Relatou o dia e prometeu reduzir os hiatos que os separava. A conversa deu fome. Ele
levantou e procurou os últimos vestígios do jantar. Ela ficou saciada com um copo de
leite quente preparado enquanto ele lhe fazia juras que seriam quebradas na manhã
seguinte.

Coerência Argumentativa

São apresentados exemplos, opiniões e dados utilizados como argumento para sustentar
a conclusão.

Também é preciso obedecer a uma sequência lógica de acontecimentos para sustentar a


argumentação e possibilitar a compreensão da conclusão.

Exemplo:

A violência escolar é um problema que envolve toda a comunidade. Do núcleo familiar


ao convívio em sociedade, é o Estado, contudo, o responsável por oferecer as condições
necessárias para a redução do problema até a sua quase eliminação.

Cabe à sociedade interferir para que o Estado desempenhe de maneira satisfatória o seu
papel e evite que problemas como a violência na escola prejudiquem o desenvolvimento
da comunidade. Em suma, o problema só terá fim com o envolvimento conjunto da
sociedade e Estado.

Coerência Descritiva

Nesses textos é promovido um retrato das pessoas, coisas e ambientes com detalhes
sobre suas particularidades.
São usadas figuras que condizem com a cena, o ambiente e o tempo onde estão situados
os personagens e acontecimentos.

Exemplo:

Fazia tão calor naquele dia, que as roupas pareciam aderir à pele. Cada passo na calçada
era um desafio ao bem-estar devido à temperatura do ladrilho. Mesmo assim, saiu mais
cedo e foi fazer as compras de aniversário para a surpresa da noite. Nem mesmo o calor
seria suficiente para impedir a festa.

Princípios da Coerência Textual


Princípio da não-contradição

Ocorre quando as ideias não se contradizem e a lógica do texto não é interrompida.

Princípio da não-tautologia

Ocorre quando um mesmo termo não é repetido exaustivamente, prejudicando a


mensagem e tornando o texto inteligível.

Princípio da relevância

Ocorre quando o interlocutor percebe a obediência à relação de ideias em uma


sequência. Não há quebra.

Quando o ordenamento é incorreto, ainda que as mensagens tenham significado


isoladas, a compreensão dos sentidos do texto é prejudicada.

Exercícios de Vestibular

1. (FCC-2007) O emprego do elemento sublinhado compromete a coerência da frase:

a) Cada época tem os adolescentes que merece, pois estes são influenciados pelos
valores socialmente dominantes.
b) Os jovens perderam a capacidade de sonhar alto, por conseguinte alguns ainda
resistem ao pragmatismo moderno.
c) Nos tempos modernos, sonhar faz muita falta ao adolescente, bem como alimentar a
confiança em sua própria capacidade criativa.
d) A menos que se mudem alguns paradigmas culturais, as gerações seguintes serão tão
conformistas quanto a atual.
e) Há quem fique desanimado com os jovens de hoje, porquanto parece faltar-lhes a
capacidade de sonhar mais alto.

Alternativa b) Os jovens perderam a capacidade de sonhar alto, por conseguinte alguns


ainda resistem ao pragmatismo moderno.

2. (UFPR-2010) Entrou em vigor a lei que converte em presunção de paternidade a


recusa dos homens em fazer teste de DNA. Assinale a alternativa cujo texto pode ser
concluído coerentemente com essa afirmação.
a) Sara Mendes deu início a um processo na justiça, para que Tiago Costa assuma a
paternidade de seu filho Cássio. Tiago não fez o exame de DNA, mas assume como
muito provável ser ele o pai do menino. Cássio alega que o exame não é conclusivo,
pois entrou em vigor a lei que converte em presunção de paternidade a recusa dos
homens em fazer teste de DNA.
b) Adriano é um rapaz muito presunçoso e não admite que lhe cobrem nada. A
namorada lhe pediu um exame de DNA, para esclarecer a paternidade de Amanda, sua
filha. Adriano disse que não faria o exame. A namorada disse que toda essa presunção
serviria para o juiz atestar a paternidade, pois entrou em vigor a lei que converte em
presunção de paternidade a recusa dos homens em fazer teste de DNA.
c) Carlos de Almeida responde processo na justiça por não querer reconhecer como seu
o filho de Diana Santos, sua ex namorada. Carlos se recusou a fazer o exame de DNA, o
que permite ao juiz lavrar a sentença que o indica como pai da criança, porque entrou
em vigor a lei que converte em presunção de paternidade a recusa dos homens em
fazer teste de DNA.
d) Alessandro presume que Caio seja seu filho. Sugeriu a Telma um exame de DNA.
Telma disse não ser necessário, pois entrou em vigor a lei que converte em
presunção de paternidade a recusa dos homens em fazer teste de DNA.
e) Mário e Felipe são primos. Mário é extremamente vaidoso, pretensioso. Felipe é um
rapaz calmo e muito simples. Os dois namoraram Teresa na mesma época. Teresa teve
uma filha e entrou na justiça para exigir dos dois primos um exame de DNA. O juiz
disse que não era necessário, pois entrou em vigor a lei que converte em presunção
de paternidade a recusa dos homens em fazer teste de DNA.

Alternativa c) Carlos de Almeida responde processo na justiça por não querer


reconhecer como seu o filho de Diana Santos, sua ex namorada. Carlos se recusou a
fazer o exame de DNA, o que permite ao juiz lavrar a sentença que o indica como pai da
criança, porque entrou em vigor a lei que converte em presunção de paternidade a
recusa dos homens em fazer teste de DNA.

3. (Udesc-2008) Identifique a ordem em que os períodos devem aparecer, para que


constituam um texto coeso e coerente. (Texto de Marcelo Marthe: Tatuagem com
bobagem. Veja, 05 mar. 2008, p. 86.)

I. Elas não são mais feitas em locais precários, e sim em grandes estúdios onde há
cuidado com a higiene.
II. As técnicas se refinaram: há mais cores disponíveis, os pigmentos são de melhor
qualidade e ferramentas como o laser tornaram bem mais simples apagar uma tatuagem
que já não se quer mais.
III. Vão longe, enfim, os tempos em que o conceito de tatuagem se resumia à velha
âncora de marinheiro.
IV. Nos últimos dez ou quinze anos, fazer uma tatuagem deixou de ser símbolo de
rebeldia de um estilo de vida marginal.

Assinale a alternativa que contém a sequência correta, em que os períodos devem


aparecer.

a) II, I, III, IV
b) IV, II, III, I
c) IV, I, II, III
d) III, I, IV, II
e) I, III, II, IV

Alternativa c) IV, I, II, II

A coesão textual é a conexão linguística que permite a amarração das ideias dentro de
um texto.

Bem utilizada, a coesão permite a eficiência na transmissão da mensagem ao


interlocutor e, por consequência, o entendimento.

Dentro do texto, a coesão pode ser compreendida pelas relações linguísticas, como os
advérbios, pronomes, o emprego de conectivos, sinônimos, dentre outros.

Para ser melhor empregada, a coesão necessita de recursos, como palavras e expressões
que têm como objetivo estabelecer a interligação entre os segmentos do texto. Esses
recursos são chamados de elementos de coesão.

Quando o texto é incoerente, prejudica o processo de comunicação.

Tipos de Coesão Textual


Coesão Referencial

É o vínculo que existe entre palavras, orações e as diferentes partículas do texto por
meio de um referente.

Nesse tipo de coesão, os termos conetivos ou coesivos anunciam ou retomam as frases,


sequências e palavras que indicam conceitos e fatos.

Isso pode ocorrer através da anáfora ou catáfora. A anáfora faz referência a uma
informação que já fora mencionada no texto. Ou seja, ela retoma um componente
textual, e também pode ser chamada de elemento anafórico.

A catáfora, por sua vez, antecipa um componente textual, sendo chamada de elemento
catafórico.

Os principais mecanismos da coesão referencial ocorrem por meio da elipse e


reiteração.

Exemplo de coesão referencial por elipse:

Vamos à praia no domingo. Você nos acompanha?

Entenda: neste tipo de coesão, um elemento do texto é retirado e evita a repetição.

Vamos à praia no domingo. Você nos acompanha (à praia)?

Exemplo de coesão por reiteração:


Aprendizado é dedicação. Aprendizado é plantar o conhecimento todos os dias.

Entenda: neste tipo de coesão é possível repetir o elemento lexical ou mesmo usar
sinônimos.

Coesão Sequencial

É a maneira como os fatos se organizam no tempo do texto. Para isto, são utilizadas
relações semânticas que ligam as orações e os parágrafos à medida em que o texto é
descrito.

A coesão sequencial pode ocorrer por justaposição ou conexão.

Exemplo de coesão sequencial por justaposição:

Ricardo é, com certeza, a melhor escolha. Além disso, conhece os meandros da


empresa.

Entenda: a coesão sequencial por justaposição ocorre para dar sequência ao texto no
ordenamento temporal, espacial e de assunto.

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