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Psychê

ISSN: 1415-1138
clinica@psycheweb.com.br
Universidade São Marcos
Brasil

Rinaldi, Doris
A dinâmica da neurose obsessiva e os impasses no campo do desejo: o trajeto de uma análise
Psychê, vol. VII, núm. 12, dezembro, 2003, pp. 65-79
Universidade São Marcos
São Paulo, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=30701205

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A dinâmica da neurose obsessiva e os impasses no
campo do desejo: o trajeto de uma análise
Doris Rinaldi

Resumo

A neurose obsessiva apresenta uma complexidade e uma riqueza de aspectos que


desafia os analistas tanto em suas discussões teóricas como em sua prática clínica.
Não são poucas as dificuldades enfrentadas na condução do tratamento de neuróti-
cos obsessivos, em conseqüência do modo como se processa a dialética da demanda
e do desejo nesses casos. A partir disso, este estudo pretende discutir a dinâmica da
neurose obsessiva e seus impasses no campo do desejo, com base na reflexão sobre o
trajeto de uma análise, em particular sobre os seus momentos conclusivos, quando se
colocou a questão do fim da análise.

Unitermos

Neurose obsessiva; demanda; desejo; falo; angústia; morte.

neurose obsessiva apresenta uma complexidade e uma riqueza de

A aspectos que levou, de um lado, Freud a dizer que se tratava do tema


mais gratificante da pesquisa psicanalítica, e de outro, Lacan a chamar
a atenção para uma carência teórica, que deriva justamente da diversidade
de facetas apresentadas por essa configuração discursiva.
Na clínica não são poucas as dificuldades enfrentadas pelos analistas na
condução do tratamento de neuróticos obsessivos, em conseqüência do modo
como se processa a dialética da demanda e do desejo nesses casos. Como todo
neurótico, o obsessivo está orientado para o desejo, mas o característico de sua
sintomatologia é que, ao apreender o desejo no Outro, o que causa angústia, ele
recorre como defesa à demanda do Outro. O recobrimento do desejo pela de-
manda revela a profunda dificuldade do sujeito obsessivo para passar ao lugar
do desejo e sustentá-lo por sua conta e risco. Ele está sempre na dependência
que o Outro o autorize ou lhe peça isso. No desenrolar da análise de um obses-
sivo, nos deslocamentos e viradas que podem vir a se realizar, esse modo de

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operação se manifesta, dando a esse percurso a característica de um constante


“vai e vem”. Como afirma Lacan: “na medida em que a análise sustenta uma
dimensão análoga à da demanda, algo subsiste até um ponto muito avançado
desse modo que o obsessivo tem de escapar” (1962-63, lição XXII).
Freud localizou os problemas do obsessivo em sua relação com o desejo
inicialmente no trauma primitivo, no qual, à diferença da histérica, ele desem-
penhou um papel ativo e obteve muito prazer. Mais adiante, após a análise
do Homem dos Ratos, chamou a atenção para a precoce desfusão pulsional
que marca seu desenvolvimento, por meio da desvinculação da tendência
destrutiva, que está na origem dos impasses vividos pelo obsessivo na aproxi-
mação do objeto do desejo, na sua agressividade recalcada, e na forma
ambivalente de se dirigir ao Outro.
Estas indicações são preciosas porque permitem destacar duas questões
centrais para a análise da complexa dinâmica do desejo na neurose obsessiva:
a relação ao significante falo, que ressurge em todos os pontos da fenomenologia
do obsessivo, por meio de sua polipresença nos sintomas, e a prevalência da
morte que marca esta dinâmica de forma radical.
Essas duas questões não são, certamente, sem relação. O conceito de
pulsão de morte, tal como formulado por Freud em 1920, indica que para o
homem a vida projeta-se desde sempre para a morte. Nossa única certeza é a
morte, morte essa que não pode, contudo, ser experimentada na sua ra-
dicalidade, como ponto limite, cuja ultrapassagem abole toda experiência pos-
sível. Mas é por referência a esse ponto de falta que se desenvolvem os fenô-
menos da vida, como mostra Freud. Lacan, por sua vez, vem destacar que é
pela sujeição ao significante, por meio da qual experimentamos a vida, que o
homem percebe-se como já morto. Como não há experiência da morte, ela é
simbolizada de outra maneira, justamente pelo significante privilegiado que
representa o desejo e o impulso da vida. É o falo que assume um lugar especial
na cadeia significante para introduzir a dimensão de falta-a-ser, por meio da
qual a linguagem marca a vida do sujeito.
O que interessa discutir aqui é o modo particular como se articulam a
referência ao significante fálico e a proeminência da morte na neurose obses-
siva, na maneira própria como o obsessivo constitui seus sintomas, e que
revela as dificuldades que ele enfrenta na sustentação de seu desejo.
De início, é importante enfatizar que para o obsessivo, tal como para a
histérica, a questão do desejo é central. Mais do que isso, para o obsessivo,

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o desejo apresenta-se em seu estado de condição absoluta, que lhe é constitutivo,


como desejo puro. Lacan dá o exemplo da criança que irá se tornar um obses-
sivo, dizendo que “ela tem idéias fixas”, que é exigente e que sua demanda é
intolerável. Não se trata de uma demanda como as outras, mas tem esse
caráter de condição absoluta que é própria do desejo. A ênfase do sujeito
recai não apenas sobre o desejo, mas no que ele chama de “desejo como tal,
isto é, como aquilo que, em sua constituição, comporta a destruição do Outro”
(Lacan, 1957-58, p. 414).
Enquanto a histérica vai buscar seu desejo no desejo do Outro, isto é,
no que ela imagina ser o desejo do Outro, o obsessivo vai buscá-lo em um
além, o que faz com que ele faça o seu desejo passar à frente de tudo. Ao
buscá-lo além, o que ele visa é o desejo como tal, na medida em que ele nega
o Outro. Vemos aí claramente a presença da pulsão de morte como sustenta-
ção desse desejo puro. Mas o Outro é o lugar do desejo, e para se constituir,
o desejo do sujeito precisa desse apoio no Outro. A destruição do Outro re-
presenta a destruição do próprio desejo, e é nisto que esbarra o obsessivo,
revelando a profunda contradição entre ele e seu desejo. Na verdade, trata-
se de uma contradição que é interna ao próprio desejo, tal como é abordado
nesse caso, nesse mais além que o constitui. Disso decorrem as constantes
idas e vindas do obsessivo, uma vez que a possibilidade de realização de seu
desejo apresenta-se como mortal. É desse momento que ele se afasta, na
medida em que alcançá-lo significa matar o desejo. Lacan chama a atenção
para o fato de que, mais do que uma distância do objeto, trata-se na neurose
obsessiva de uma distância do desejo.
Na clínica isso se manifesta de modo sensível, onde os avanços dis-
cursivos do obsessivo são freqüentemente seguidos de recuos. A aproxima-
ção do desejo é sentida como perigosa e angustiante, uma vez que ao ser
apreendido no Outro, esse desejo surge fundamentalmente como estranho
para o sujeito. No dilema entre destruir o Outro ou mantê-lo a qualquer
custo, o obsessivo revela sua profunda dependência do Outro para a obten-
ção do acesso ao desejo. A saída que encontra é recobrir o desejo com a
demanda do Outro, em que o desejo é denegado e assume a forma imperati-
va da necessidade. O obsessivo está sempre à espera de que o Outro lhe
peça algo, movimento pelo qual ele anula o desejo do Outro, reduzindo-o à
demanda. Mas é por meio disso que ele sustenta seu desejo como excluído.
A destruição do desejo do Outro poderia sugerir uma proximidade
dessa estrutura com a psicose. Todavia, como indica Lacan no Seminário 5,

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As formações do inconsciente (1957-58), o que está em jogo no caso do


obsessivo é a denegação do desejo do Outro (Verneinung), e não a foraclusão
(Verwerfung) típica da psicose, que implicaria na impossibilidade de apreen-
der o desejo do Outro. Diversamente do psicótico, o obsessivo está referido ao
Outro, como lugar da fala, para onde se dirige a demanda e onde se descobre
o desejo. Ele está inteiramente no significante, como atesta o caráter verbal
das obsessões e das blasfêmias, assim como seu discurso sem furo, carregado
de sentido, que serve como uma couraça protetora por meio da qual ele anula
o desejo do Outro, e portanto o seu próprio desejo.
Nesse quadro, qual é o lugar do significante fálico, uma vez que ao
pretender destruir o desejo do Outro é o falo como significante do desejo do
Outro que é anulado? É importante lembrar que o mecanismo da anulação
pressupõe o significante – isto é, o que se anula é o que já existe como
significante. Isso fica evidente na dinâmica do obsessivo, uma vez que ela se
articula em torno do significante fálico, que aparece de forma velada nos
objetos que ele encontra apoio para o seu desejo. O que está em jogo nesse
caso, contudo, é a prevalência do falo imaginário, que ressurge também
nesse Outro que paradoxalmente o obsessivo precisa manter, sob pena de
se ver desfalecer completamente como sujeito. É por meio de formulações
imaginárias que ele sustenta esse Outro, continuamente ameaçado de cair.
O grande Outro aparece através da imagem do outro semelhante, que se
apresenta para ele como completo e potente, ou seja, como representante
do falo imaginário, objeto de identificação e de rivalidade. Na clínica do
obsessivo pode-se perceber sempre a presença desse irmão ou amigo que
é mais viril do que ele – imagem idealizada de completude visada pelo
sujeito, como objeto de amor e ódio.
O obsessivo, como a histérica, acedeu à ordem fálica, mas é em torno do
objeto anal, objeto privilegiado da demanda materna, que ele faz girar a sua
economia desejante. O objeto excremencial, entretanto, só adquire seu valor
de objeto-tampão por referência ao falo. No Seminário sobre A angústia (1962-
63), Lacan tece considerações importantes a propósito do lugar desse objeto
na constituição do desejo, em sua função de causa, como primeiro objeto
que simboliza a castração. A relação agalmática da mãe com as fezes de seu
filho, na qual, ao mesmo tempo que se demanda, se recusa, só pode ser
concebida em relação ao falo e à angústia fálica como tal. É ela que vai situar
a ambivalência e a divisão do obsessivo em relação à demanda do Outro – é
de mim e não é de mim que se trata – que, pela sua duplicidade, simboliza
muito bem o falo.

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A questão central do obsessivo na relação com seu desejo localiza-se,


portanto, na relação com o desejo/demanda da mãe, que introduz precoce-
mente na vida do sujeito o problema do desejo. É ao se colocar como objeto do
desejo da mãe, isto é, ser ou não ser o que ela deseja – portanto, como falo –,
que seu desejo sofre esse efeito de destruição tão característico, que o impele
a manter uma distância em relação a ele. É por meio da articulação da deman-
da, que ele mantém sua relação com o desejo. Como diz Lacan: “É numa certa
relação precoce e essencial com sua demanda, ($<>D) que ele pode manter a
distância necessária para que lhe seja possível em algum lugar, mas de longe,
esse desejo anulado em sua essência, esse desejo cego que se trata de garantir”
(1957-58, p. 481).
O que caracteriza sua demanda precoce e exigente é que se trata de
uma demanda de morte, porque as primeiras relações com o Outro foram
marcadas por essa anulação do desejo, em que ele se apreende como desejo
no Outro. É esse lugar de enigma do desejo da mãe que ele se vê convocado
a ocupar, o que o instala no dilema de saber se ele é ou não é aquilo que é o
desejo do Outro. O recurso à demanda como saída para esse impasse, por
meio do qual ele preserva o lugar de seu desejo como excluído, anulado, não
pode ter no horizonte outra coisa senão uma demanda de morte. É o que se
observa nos obsessivos graves, em que os silêncios prolongados, que tantas
dificuldades criam ao desenvolvimento da análise, revelam os obstáculos
que essa demanda de morte traz para a articulação do discurso do obsessivo
e de sua demanda. Na medida em que a demanda de morte é formulada no
lugar do Outro, no discurso do Outro, e por ser o Outro o lugar da demanda,
ela acarreta a morte da demanda, como é possível apreender na forma sem-
pre desviada, negada, suprimida, ou então agressiva, que o obsessivo for-
mula sua demanda. Mas é nesse intervalo, entre a relação do sujeito com
sua demanda e o Outro que lhe é tão necessário, que se localiza o desejo, em
si mesmo anulado, mas cujo lugar é mantido. E é isso que pode nos servir de
guia na condução da análise de neuróticos obsessivos.
Para refletir sobre essas questões, apresento fragmentos de uma análise
de um caso de neurose obsessiva que conduzi por um longo período. Não farei
um relato pormenorizado do caso, que não seria adequado nem necessário,
mas procurarei destacar alguns movimentos que ocorreram nesse percurso e
que, a meu ver, trazem contribuições importantes para o estudo da dinâmica
da neurose obsessiva e seus impasses no campo do desejo. Os deslocamentos
discursivos que se observaram nos últimos anos levaram à abertura de um

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espaço na relação do sujeito ao Outro, que permitiu vislumbrar o lugar do


desejo, precipitando o momento de concluir e colocando no centro do processo
analítico a questão de seu término.
Gostaria de assinalar que os três grandes deslocamentos que pude des-
tacar nos movimentos dessa análise, tão permeada de repetições, não se
deram sem surpresa para mim – surpresa esta que se acentuou no último
período, quando a analisante torna-se intérprete de sua própria análise,
anunciando o final da análise. Essa surpresa se remete ao não-saber que sus-
tenta a ação do analista que, como diz Lacan, “não é de modéstia, o que impli-
caria em situar-se em relação a si; é propriamente a produção ‘em reserva’ da
estrutura do único saber oportuno” (1967, p. 20).

O quadro clínico e o desenvolvimento da análise


Trata-se de um caso de neurose obsessiva em uma mulher – caracteri-
zado pela anulação e exclusão do desejo em decorrência do lugar em que o
sujeito se colocou face ao desejo materno, como resto da demanda do Outro,
literalmente identificada ao objeto anal, com seu brilho fálico.
A análise, desde seu início, permitiu observar a presença de uma forte
inibição no campo do desejo, que se não a condenava a uma total paralisia no
que tange ao modo de tocar sua vida, a impedia de sustentar suas iniciativas e
escolhas, e delas tirar alguma satisfação. Suas ações respondiam mais a um
movimento automático de repetição, não havendo reconhecimento do desejo
que as animava. Ao contrário, eram vivenciadas com sofrimento e tristeza, na
medida em que não conseguiam alcançar os objetivos almejados, estando des-
tinadas ao fracasso. O que se repetia era o fracasso, que marcava sua vida com
o signo da negatividade. A questão central do obsessivo – estou vivo ou morto
– apresentava-se de forma pregnante, evidenciando um quadro sintomático
de impedimento que a colocava em uma posição de passividade infantil,
“esperando que façam por mim”.
A busca da análise deu-se em um momento de crise acompanhado de
grande angústia, provocado por uma ameaça de morte que se apresentou em
uma relação amorosa carregada de agressividade, e que resultou em um aborto.
É esse momento de perda que a impulsiona ao trabalho de análise, remeten-
do-a aos fracassos que marcaram sua vida, trazidos pela série repetida de
abortos e pela perda de um grande amor.

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A análise desenvolve-se em um quadro em que a relação ao Outro


caracteriza-se por uma forte idealização, em que o Outro, reduzido à condição
de outro (semelhante) é considerado perfeito. Ideal de eu que se coagula em
uma imagem de completude, sem furo, que almeja para si. Como o negativo
dessa imagem, a ela tudo falta – está mergulhada na falta – o que a aproxima
de uma posição melancólica.
Na dialética da demanda e do desejo, o desejo vacila entre a completa
identificação ao desejo do Outro – como um único desejo – e a oposição de
desejos – ou um ou outro. Em ambos os casos é o seu desejo que surge como
excluído. Como é típico na neurose obsessiva, o desejo que é apreendido no
Outro é recoberto pela demanda do Outro, à qual se oferece em um exercício
constante de “servidão voluntária”, não sem desejar a morte desse outro.
É nessa dialética que ela cobre e encobre seu desejo, reduzindo-se ao lugar de
resto da demanda no Outro, literalmente ao objeto anal. É esse objeto que ela
oferece ao Outro – quando em torno dos dez anos de idade “faz cocô” nas
calças repetidas vezes quando volta para casa no ônibus escolar, o que provo-
ca um afastamento dos colegas e a abertura de um espaço vazio em torno
dela. Essa situação se repete sob transferência durante uma fase da análise,
quando se vê tomada pela angústia diante do Outro onipotente. Ao mesmo
tempo que oferece as fezes ao Outro – isto é, à mãe que a acudia na chegada
à casa e a limpava quando criança – ela torna-se esse objeto como dejeto,
identificando-se à merda.
Durante bastante tempo interpreta essa compulsão como um desejo de
ser menino, ou seja, pela via da inveja do pênis. O estabelecimento de uma
equivalência entre fezes e pênis dá-se a partir de uma referência ao falo, em
que ela surge como absolutamente faltosa diante do Outro que tem “algo a
mais”. Esse “algo a mais” constitui-se como um indicador de poder que asso-
cia não apenas à potência sexual, mas à riqueza e ao saber. É como absoluta-
mente carente nesses campos que se oferece ao Outro como presente de uma
merda, reconhecendo o quanto de agressividade esse dom encobre.
Por dois períodos ao longo da análise interrompeu o pagamento regular
das sessões em virtude da situação de miserabilidade financeira em que se
colocava. A análise prosseguiu, entretanto, sem interrupções, a partir de uma
avaliação que fiz de sua insistência no trabalho, e da importância que dava a
ele. O estabelecimento de um acordo em que o valor das sessões não pagas
fosse posteriormente ressarcido, o que aconteceu nas duas ocasiões, foi o
recurso que utilizei para sustentar o tratamento. Isso permitiu que o trabalho

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continuasse, com grande produção de sonhos e avanços discursivos, que lhe


possibilitaram, entre outras coisas, reconhecer-se no papel de vítima.
Esses avanços, contudo, eram acompanhados de recuos, em um “vai e
vem” característico, em que se manifestava a dificuldade de transformar as
palavras em atos, assumindo sua condição de sujeito, e passando ao lugar do
desejo. O fracasso a que estavam condenadas suas iniciativas, em que a
incidência do desejo se fazia mais pregnante, estava relacionado ao temor
do vazio que poderia advir com a realização do que desejava, o que a condu-
ziu a uma série de outros abortos, agora no campo profissional. Essa insis-
tência repetitiva manifestava-se na própria análise, que embora permeada
de sonhos, por onde se podia observar uma certa ruptura com o discurso do
sintoma, surgia nas interpretações dos sonhos sempre repetidas.
A condução da análise encaminhava-se no sentido de abrir brechas nessa
cadeia de repetições, procurando endereçá-la para o lugar do desejo, a partir do
reconhecimento da perda, o que significava a não absolutização dessa perda,
isto é, sua delimitação. Nesse percurso, três grandes deslocamentos opera-
ram-se nos três últimos anos de análise.
O primeiro grande deslocamento ocorre quando ela se dá conta de que
a análise não visa recompor sua falha. Confessa que buscara a análise com
esse objetivo.
A partir daí, uma série de outros movimentos se verificam, dando início
a um processo de implicação subjetiva em que a prevalência do Outro – tudo
para o outro ou tudo por causa do outro1 – é abalada. Nesse momento produz
um sonho em que transa com um pai, o que a leva ao reconhecimento de um
desejo pelo pai, desejo nomeado por ela como impossível, “desejo estrutural,
para além dos desejos e dos quereres”.
Os sonhos que se seguem são atravessados pelas idéias de nascimen-
to e de morte, que vincula à queda dos ideais e a uma perda estrutural que
não queria reconhecer. Essa perda associa ao nascimento. Afirma que foi sem-
pre uma criança triste, negativa, sozinha, chupando o dedo. Pensa que era
assim porque não aceitava ter nascido. Não aceitava que estava só e que
precisava viver.
Observa-se com isso um deslocamento do lugar de vítima do Outro e
uma implicação subjetiva naquilo que a faz sofrer, percebendo esse Outro como
uma fantasia sua. Ao mesmo tempo, rompe a cadeia de repetições de fracassos

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e consegue sucesso no campo profissional. Nesse ponto manifesta o desejo de


interromper a análise indagando minha opinião, remetendo-se ao longo tempo
de análise já percorrido. Insisto que precisa elaborar, dada a importância do
momento, com o que concorda prontamente. Entre outras coisas, a busca de
autorização do Outro, tão típica do obsessivo, leva-me a sustentar a conti-
nuidade da análise.
A análise prossegue centrada no tema da separação e da importância
de reconhecer a falta, observando-se um deslizamento na leitura que faz de
seus próprios sonhos. Repete várias vezes que quer mudar, assumir a con-
dução de sua vida, mas chama a atenção para a dificuldade que enfrenta
para tirar conseqüências das conquistas da análise no cotidiano, o que a
deixa profundamente triste.
O segundo grande deslocamento, já no último ano, ocorre quando, ao
falar sobre a questão da separação, vê-se atropelada por uma fantasia recor-
rente durante toda a análise, em que convoca um terceiro, homem ou mulher,
para intervir em sua relação com seu parceiro sexual. A leitura que insistente-
mente fez dessa fantasia ao longo da análise era de que esse outro vinha
ocupar seu lugar, e tinha o papel de afastá-la de seu desejo. Ao relatar a repe-
tição da fantasia, diz que pensou em “cair fora”. Esta é a fantasia. Nesse mo-
mento intervenho e pergunto: “como o cocô?”. Esta interpretação provoca
riso e tem a função de marcar um ponto de inflexão em seu discurso, na
medida em que torna possível uma outra leitura da fantasia, em que passa a
incluir-se no campo do desejo. Associa a fantasia à relação infantil com os
pais, em que queria ser a única junto a eles, o que era barrado pelo estreito
laço da mãe com o irmão mais velho, e do pai com a irmã mais velha, sendo
ambos os irmãos figuras idealizadas e potentes. Diz que ao se colocar fora não
reconhecia seu desejo de estar dentro, não reconhecia seu desejo na fantasia,
por não aceitar a impossibilidade de ser a única no desejo dos pais, de haver
um único desejo homossexual, que permitiria uma satisfação completa. Per-
cebe que sempre esteve grudada no Outro, e por não aceitar a existência
de um limite, sentia-se excluída, achando que os outros podiam e ela não.
A sujeição a esse Outro onipotente condenava-a, na busca da completude, a
sustentar seu desejo como excluído, o que a levava a negá-lo.
A partir daí observa-se a abertura de um espaço na relação do sujeito
ao Outro, uma separação, em que produz um sonho sobre teatro, na qual
percebe a distância entre o papel que representava para o outro e ela mesma.
Admite que sempre representou o papel que o outro esperava dela, isto é,

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que imaginava que o outro esperasse dela. Mas não tinha a ver com esse
papel, não era autora. Estava aprisionada a uma imagem que acreditava
ser aquela que o outro amava, mas que estava a uma distância de si mes-
ma que é, como diz Lacan, aquela do sujeito consigo mesmo, na medida em
que tudo o que faz nunca é para ele – é um jogo que só beneficia a imagem
(1962-63, lição XXIV).
Nesse ponto da análise verifica-se uma reviravolta na interpretação que
dava aos episódios do “cocô nas calças”, não mais pela via da inveja do pênis,
mas sim pela relação com a mãe, em que se configura claramente de que
forma colocara-se como falo da mãe. Afirma que tudo o que fez sempre foi
para agradar a mãe, agradar ou agredir, trazendo à tona a ambivalência típica
do obsessivo, de amor e ódio. Ao dar-se conta disso, ela diz: “Não reconhecia a
minha parte, minha autoria, meu desejo, meu lugar” – o que representa uma
mudança discursiva.
Novamente expressa o desejo de terminar a análise, mas não me per-
gunta mais o que acho e diz: “eu não sei, nem você sabe quando será esse
final; é o meu inconsciente que vai dizer”. O reconhecimento da existência de
um saber inconsciente evidencia a disjunção entre saber e verdade, precipi-
tando o momento de concluir, por meio de um terceiro grande deslocamento.
A produção de um sonho nesse instante chama a atenção, ao trazer um menino
sendo cortado, “abrindo e soltando a língua”. Associa isso à castração do
Outro – esse Outro todo poderoso que sempre quis ser. Eu a remeto à sua
própria castração.
Daí em diante traça na falta, onde se viu por muito tempo mergulhada,
fixada em um gozo melancólico, o que chama de “limite do limite”, fazendo
com que a falta perca sua condição de absoluto. Diz: “antes era tudo ou nada,
a qualquer dificuldade me anulava. Estou percebendo agora o limite da falta”,
o que introduz uma ruptura no signo da negatividade que a representava. Diz
que está vivendo a perda, a separação, com alívio e tristeza. Observa-se aí
uma transformação da falta em perda, que aponta para um processo de
subjetivação da falta.
O terceiro grande deslocamento, que inaugura o momento de con-
cluir, ocorre quando diz que quer “mudar o esquema de escuta”, e acres-
centa: “me escutar”. A partir dessa fala, faz uma retrospectiva da análise
nas suas diversas fases, dizendo: “Antes era sempre o outro, depois o que
eu achava que o outro queria, depois o que eu queria que o outro quisesse,

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e agora sou eu e meu desejo. Reconheço autoria na minha vida”. Diz que
estava “perdida na perda”, “ausente de minha própria vida. Era sempre os
outros, o Outro. Eu negava a minha vida”. Com isso assume o lugar de
intérprete de sua análise, apontando os momentos de resistência e o lugar
do analista na condução do processo. Permaneço em silêncio como teste-
munha desse movimento.
Nesse momento passa a abordar a relação com a analista, colocando em
foco a questão da transferência e seu destino no final de análise. Ao fazer isso,
fala da separação e do que isso representa de desconhecido, de vazio – um
vazio, segundo ela, diferente porque “produzido” por ela, “querido”, inaugu-
rando um processo de luto, em que algumas questões se recolocam, agora
diretamente vinculadas à própria análise e à relação transferencial.
A mudança discursiva realizada permitiu-nos supor que estávamos dian-
te de um final de análise que demandava maior elaboração. É justamente
nesse ponto, contudo, que a analisante se vê novamente embaraçada, ao pre-
cipitar-se em relação ao fim, fixando uma data para o encerramento da aná-
lise. O término da análise, apesar de sustentado por ela como conseqüência
do trabalho realizado, em que pôde se reconhecer como sujeito do desejo, é
vivido, na “hora marcada”, com grande perturbação, que evidencia a an-
gústia que a invade. Essa angústia traz para a boca de cena a questão da
morte, e é desse ponto extremo que ela recua, ao recobrir novamente seu
desejo com uma demanda – a demanda de final de análise. Essa demanda,
projetada no Outro, assume a forma negativa de uma suposta recusa da
analista em atendê-la, em que reproduz o sintoma de exclusão que marcou
sua vida. Manifesta-se uma vez mais sua dependência do Outro, pois ela
espera que a analista a autorize.
O recurso à demanda do Outro, como modo de viabilizar seu desejo
opera ao mesmo tempo como uma defesa em relação ao que ela mesma
designou como um “suicídio”. A hipótese do fim da análise, apreendida
como realização de desejo, coloca-a na iminência da morte, mostrando cla-
ramente o modo como seu desejo se constituiu. O que vemos ressurgir
nesse instante é o desejo como condição absoluta, na medida em que com-
porta a destruição do Outro, isto é, como desejo de morte, o que a coloca
no impasse de sustentá-lo como impossível, recobrindo-o com uma de-
manda negativa em que se agarra ao Outro (Cf. Lacan, 1957-58, p. 399-
434). Nesse curto-circuito em que se precipita, é a subjetivação da morte
como perda, castração, que é negada. Lembramos aqui a observação feita

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por Freud em Além do princípio do prazer, no momento em que formula o


conceito de pulsão de morte, a respeito da manifestação da compulsão à
repetição no fim da análise. Diz ele: “a mesma compulsão à repetição
freqüentemente se nos defronta como um obstáculo ao tratamento quando,
ao fim da análise, tentamos induzir o paciente a desligar-se completamente
do médico” (1920, p. 53).

É por não suportar assumir esse lugar de desejo, naquilo que acarreta
em termos de separação, que reproduz em relação à própria análise esse lugar
excêntrico – sempre “fora” – em que situou seu desejo, o que a leva a anulá-lo
por meio de uma posição agressiva. O término da análise, ao ser vivenciado
como “situação-limite”, reativa a fantasia de “cair fora”, em que a perda é
evitada. É contudo a perda, que paradoxalmente exerce uma forte atração
sobre ela, apresentando-se sob a forma de uma “fixação”.

É importante assinalar que a perturbação que a acomete nesse mo-


mento, ao revelar a emergência do real sob a forma de angústia – que é
“aquilo que não engana” (Lacan, 1962-63) – assume um valor crucial nes-
se final de análise. As observações de Lacan são valiosas para pensar esse
momento, quando ele afirma que a “perturbação” que se estabelece na correla-
ção do desejo e da angústia é o próprio objeto a. Na neurose obsessiva, na
medida em que o objeto a apresenta-se revestido pelo objeto anal, é como
ponto de término que surge o que designa como “angústia anal”, cujo “cará-
ter de núcleo irredutível é quase, em certos casos, impossível de dominar”
(1962-63, lição XXII).

A emergência da angústia, neste caso, ao surgir como um “desar-


voramento” em que o sujeito depara-se com seu desamparo, demarcou, como
um corte, um ponto de virada na análise. Isso abriu espaço para que as
velhas fórmulas com que se acostumou a responder às afetações do real, e
que a condenaram a evitar seu desejo, desvelassem-se para ela em ato. A
continuidade do trabalho analítico impôs-se como uma exigência, levando-a
a se engajar novamente no processo de se separar do Outro, daquilo que
chamou de “desejo único”, “desejo homossexual”. Nesse trajeto pôde indi-
car o lugar que ocupou como objeto do desejo do Outro ao situar-se no
romance familiar como “terceira”, “ímpar”, “aquela que não tem par”, colo-
cando-se sempre “fora” da cena fantasística que montava. Lugar privilegiado e
ao mesmo tempo anulado, que determinou as dificuldades enfrentadas para
sustentar seu desejo.

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Ao abordar a questão da morte e a fantasia de “cair fora”, percebe que


queria “pular” o momento de concluir, para não se defrontar com a perda.
A evitação da perda revela, paradoxalmente, sua “fixação” no final como uma
“fixação na morte”, concebida como “morte imaginada, imaginária”, por meio
da qual negava a vida, o que a levou a aprisionar-se a um gozo melancólico.
São esses impasses que – no eterno jogo de precipitação e adiamento, por
meio do qual manteve a distância do desejo – “saltam aos olhos” da analisante,
nesse momento em que ela torna-se intérprete de sua própria análise, assu-
mindo o lugar de sujeito.

O momento de concluir
O que esta experiência de análise nos ensina? Não resta dúvida de que
o modo como se constitui a dialética da demanda e do desejo no caso da
neurose obsessiva tem valor determinante nos destinos da análise e nos
impasses que ela enfrenta. Mas será este um destino inelutável, em que se
dá relevo ao caráter “incurável” da neurose obsessiva? Sem entrar no méri-
to da discussão sobre a noção de cura em psicanálise – o que demandaria um
outro trabalho – até que ponto pode-se esperar nesses casos, quando a aná-
lise é levada muito longe, um fim de análise concebido como acesso a um
novo discurso, isto é, “uma nova resposta dada à afetação pelo Real” (Weill,
1993, p. 11)?
Algumas questões colocaram-se para mim, particularmente na fase final
desta análise. De um lado a continuidade do tratamento, sustentada pelo
desejo do analista, apresentou-se como o único caminho a seguir nesse ponto
crucial de virada da experiência, que viabilizaria uma elaboração da angústia
de castração. De outro, não poderia esquecer a advertência de Lacan, quando
chama a atenção para o fato de que a análise comporta uma dimensão análoga
à da demanda, que é justamente por onde o obsessivo tenta escapar. Algo
desse modo característico do obsessivo de se relacionar com seu desejo sub-
siste até um ponto muito avançado, e Lacan chega a indagar-se se esse ponto
é passível de ser ultrapassado.
Com isso entramos na questão da irredutibilidade da neurose de trans-
ferência e, portanto, dos limites da análise. Se a análise da transferência deve
girar em torno do objeto a, para não rodar em círculos, no ritornello dos
significantes que não fazem ato, como isso ocorre no caso da neurose obsessi-
va, uma vez que esse objeto como causa situa-se no nível da demanda, isto é,

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como o excremento na medida em que é demandado? (Cf. Lacan, 1962-63,


lição XXII). Como elaborar esse ponto radical da angústia anal, para que ela
possa ser ultrapassada?
O caminho seguido pela direção do tratamento nesse caso revelou a im-
portância do tempo final de elaboração, sustentado pela “ética do bem-dizer”,
que possibilitou a elaboração “não-toda” da angústia. Foi esse tempo de traba-
lho – nem tão cedo, nem tão tarde – que propiciou ao sujeito o ato de encerrar
sua análise, designado por seus próprios significantes como “corte” e “ruptura
real”. Nesse encontro do real, encontro faltoso, a fantasia de um desejo único,
que a colocava na estrita dependência do Outro, rompe-se, abrindo espaço para
que ela siga seu caminho com mais liberdade e menos inibição, ao lidar com o
que há de enigmático e excessivo naquilo que o desejo coloca para todo sujeito.
Um resto, sem dúvida, permanece como o não analisado, ou o inanalisável
da relação transferencial, que serve como causa tanto para a analisante em
sua análise infinita, como para a analista na reflexão sobre a sua prática, e na
produção de um escrito, que não é outra coisa senão colocar-se no lugar de
analisante em relação à sua própria experiência de analista.

Nota
1. A utilização das duas expressões – grande Outro e pequeno outro – em uma mesma formu-
lação é proposital, tendo em vista que o obsessivo opera uma degradação do Outro em
outro, como já foi indicado no texto.

Referências Bibliográficas
FREUD, S. (1920). Além do princípio do prazer. In: ___. Obras completas. Rio de Janeiro:
Imago, 1976. vol. XVIII.

LACAN, J. (1957-58). O Seminário, livro 5: as formações do inconsciente. Rio de Janeiro:


Jorge Zahar, 1999.

________. (1962-63). O Seminário, livro 10: a angústia. Inédito, versão de circulação


restrita (mimeo).

________. Proposición del 9 de Octubre de 1967 (Primera versión). Ornicar? Publicación


peródica del champ freudien, edición castellana. Barcelona: Petrel. 1: 11-30, s/d.

WEILL, Alain. D. Os três silêncios. In: ___. (org). Fim de uma análise, finalidade da
psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.

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The Dynamics of the Obsessive Neurosis and the Impasses in the


Field of the Desire: the Trajectory of an Analysis
Abstract

The obsessive neurosis presents a complexity and a wealth of aspects challenging the
analysts’ theoretical tenets and its clinical practice. The difficulties faced in the conduction
of the treatment of obsessive neurotics are not small, in view of the way it processes the
dialectic of the demand and the desire in these cases. Therefore, our intention is to discuss
the dynamics of the obsessive neurosis and its impasses in the field of the desire, through
the reflection on the trajectory of an analysis, particularly its final stages, when the end of
the analysis is in question.

Keywords

Obsessive neurosis; demand; desire; phallus; anguish; death.

Doris Rinaldi
Psicanalista; Professora do Mestrado em Psicanálise do Instituto de Psicologia/UERJ;
Coordenadora do Curso de Especialização em Psicanálise e Saúde Mental (IP/UERJ);
Membro da Intersecção Psicanalítica do Brasil.

Travessa Mário de Castro, 97 – 22280-130 – Botafogo – Rio de Janeiro/RJ


tel: (21) 2543-3793
e-mail: doris@uerj.br

– recebido em 14/04/03 –
– aprovado em 22/07/03 –

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