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FACULTADE DE FILOLOXÍA

DEPARTAMENTO DE FILOLOXÍA GALEGA

Cultura dos PALOP


Elias José Feijó Torres (coord.)
José Luís Forneiro Pérez

GUÍA DOCENTE E MATERIAL


DIDÁCTICO
2017/2018
FACULDADE DE FILOLOGIA. DEPARTAMENTO DE FILOLOGIA GALEGA

AUTORA: M. Felisa Rodríguez Prado

Edição eletrónica. 2016

A obra Cultura dos PALOP - GUIA DOCENTE E MATERIAL DIDÁTICO 2016-2017 foi
licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial - Obras
Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.
GUIA DIDÁTICO DE “CULTURA DOS PALOP”

1. Dados descritivos

2. Sentido da cadeira no perfil

3. Objetivos, competências e destrezas

4. Conteúdos

5. Bibliografia

6. Metodologia de ensino

7. Sistema de avaliação

8. Tempo de estudo

9. Observações
1. DESCRIÇÃO

Nome: Cultura dos PALOP.

Código: G5081244.

Tipo de cadeira: Matéria Ordinária Graduação RD 1393/2007.

Titulação: Línguas e Literaturas Modernas: Maior em Língua Portuguesa e Literaturas


Lusófonas.

Ano: 2º ano.

Número de créditos: 6.

Duração: semestral – 2º semestre.

Requisitos prévios: não se aplica.

Língua(s) utilizada(s): Galego/Português. Eventual e ocasionalmente, outros materiais


e comunicações poderão ser apresentados noutras línguas (espanhol, francês, inglês,
italiano, etc), sempre que a docente o considerar oportuno.

Professores da cadeira: Elias J. Feijó Torres e José Luís Forneiro Pérez

Lugar do atendimento: Gabinetes 115 e 101 - Faculdade de Filologia

Horário de atendimento: será indicado no início do período letivo, tanto através dos
meios eletrónicos previstos como no gabinete dos professores.

Correio-eletrónico: eliasjose.torres@usc.es / joseluis.forneiro@usc.es

Telefone: 881 811 772 / 881811794


2. SENTIDO DA CADEIRA NO PERFIL

A cadeira de Cultura dos PALOP apresenta-se como uma aproximação às


realidades de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de São Tomé e Príncipe, de Angola e de
Moçambique, num duplo sentido: em primeiro lugar, opera-se através das dimensões
histórica e geográfico-identitária, quer comum aos cinco espaços, quer particular; em
segundo lugar, focalizam-se as tendências e produções culturais dos PALOP, com
especial incidência nas contemporâneas.

Situada no segundo ano de formação do Maior, faz parte do módulo de Cultura


e, como tal, assume-se enquanto matéria complementar -em termos da construção de um
conhecimento panorâmico lusófono- de Cultura Portuguesa e Relações Galiza-
Lusofonia, já realizadas pelo aluno, e de Cultura do Brasil, programada em simultâneo.
Ao mesmo tempo, funciona em boa parte como cadeira base para enfrentar os
posteriores estudos de Literaturas dos PALOP, ampliando aspetos apontados de modo
incipiente em Literaturas de Língua Portuguesa, de caráter largamente introdutório.
3. OBJETIVOS, COMPETÊNCIAS E DESTREZAS

3.1 Objetivos

Conhecimento geral da história dos PALOP.

Aproximação das condições de produção cultural dos diversos países.

Familiarização com destacadas manifestações e produtos culturais dos PALOP.

Elaboração de juízos críticos sobre diversos aspectos do objeto de estudo.

3.2. Competências e destrezas

Compreender o enquadramento geral que introduz as várias realidades históricas dos


PALOP.

Reconhecer as especificidades construídas nos espaços africanos de língua oficial


portuguesa.

Estabelecer conexões explicativas entre os quadros gerais da evolução histórica do


continente africano e o espaço da lusofonia.

Relacionar aspectos relativos à produção cultural com o espaço social e histórico em


que se produzem.

Interpretar critica e comparativamente uma obra artística inserida num contexto


histórico-cultural determinado.

Correlacionar temas, preocupações e tendências estéticas dominantes a partir dos


diversos produtos culturais contemplados.
4. CONTEÚDOS

1. Cultura dos cinco ou cinco culturas?


- Territórios insulares vs. territórios continentais
- Lusografia vs. bantofonia e crioulofonia

2. Desafios da construção do Estado e da Nação e papel da cultura.

− Africanidade / angolanidade, caboverdianidade, guineensidade, santomensidade


e moçambicanidade

− Identidade nacional / regional, étnica

3. Tradição vs. modernidade e/ou tradição & modernidade.

4. Internacionalização da produção cultural dos PALOP.

A cadeira de Cultura dos PALOP está organizada em quatro blocos cuja


denominação e disposição não obedecem estritamente a critérios de arrumação
cronológica nem de distribuição nacional, comum em abordagens históricas, nem à
divisão em campos culturais ou disciplinas artísticas, frequente em visões panorâmicas
da cultura. Assim sendo, propõe-se, de modo propositado, um percurso em que os
tempos e os espaços possam relacionar-se mais fluidamente no processo de
aprendizagem, afastando-se da (re)produção de conhecimento compartimentado para
favorecer a capacidade relacional, a reflexão e, ainda, a criação de um espírito crítico.
Optou-se por colocar questões gerais susceptíveis de desenvolvimento em modos e com
graus de aprofundamento diversos.
A seguir, desenha-se a concretização possível da cadeira, através da marcação de
atividades:

1. Cultura dos cinco ou cinco culturas?

Este tema apresenta-se como reflexão inicial a respeito do (des)conhecimento


ocidental relativo ao continente africano, em geral, e aos PALOP, em particular, e como
introdução à complexidade das suas realidades culturais. Além disso, quer interrogar a
própria matéria, a partir do rótulo, colocando questões relativas aos seguintes aspectos:
legitimidade de uma designação globalizante (Cultura dos PALOP), nome (em) singular
(Cultura dos PALOP) e denominação a partir de uma circunstância política e
linguístico-jurídica datada de 1975 (Cultura dos PALOP).

O caráter insular ou continental dos territórios focalizados é uma circunstância


inicial que parece ter-se tornado essência identitária ou parte fundamental dela, por
determiná-la de modo importante. Afinal, é o local onde se encontra cada um dos
espaços, com as suas circunstâncias naturais, junto com o modo, momento(s) e
intensidade do assentamento português, que marcam a (in)existência de história anterior
à colonização e as vias possíveis de construção da identidade. Trata-se de situar a base
para a aproximação cultural dos PALOP, recorrendo a elementos basilares da sua
identificação conjunta e também individual.

A questão das línguas vai merecer especial atenção, tanto de modo direto, em
termos de conhecimento da realidade existente e da planificação linguística em cada um
dos territórios, como indiretamente, enquanto presença ou mesmo instrumento
fundamental de expressão em determinados âmbitos da produção cultural (música,
oratura/literatura, cinema, etc).

Materiais para estudo

No momento introdutório são de ajuda trabalhos panorâmicos que expõem, por


um lado, os modos de nomear / olhar historicamente o continente vizinho (p.ex. “Da
Aethiopia à África: as idéias de África, do Medievo europeu à Idade Moderna”) e, por
outro lado, resultados de pesquisas que focalizam a construção atual da imagem africana
através da imprensa, da televisão, do cinema ou dos livros de texto escolares (p.ex.
Pensando en África. Una excursión a los tópicos del continente). Apresentações gerais
como as fornecidas em Muntu (Janheinz Jahn), El planeta negro: aproximación
histórica a las culturas africanas (Ferrán Iniesta) ou “The African experience in politics
and culture” (Ali Mazrui) também têm utilidade, bem como atlas contendo mapas
físicos e humanos do continente. Embora referidos particularmente à literatura, resultam
de interesse os artigos “Tentatives de définition du champ littéraire subsaharien” (Papa
Samba Diop) e “La notion de champ littéraire appliquée a la littérature togolaise” (János
Riesz), pela focalização problematizante da abordagem de umas realidades culturais
complexas, marcadas pela convivência de várias línguas e produções com estatutos
diferentes, e “Literaturas Africanas de Língua Portuguesa. Que legitimidade para uma
designação globalizante?” (Inocência Mata), pelo quadro geral que coloca para os
PALOP.

São imprescindíveis mapas físicos e humanos de Cabo Verde, da Guiné-Bissau,


de São Tomé e Príncipe, de Angola e de Moçambique. Deve recorrer-se, ainda, a
trabalhos de apresentação, primeiro ligados à história da expansão e da colonização
portuguesas, depois relativos aos processos de luta de libertação armada nos PALOP e
ao pós-independência. Para além disso, resultam de interesse balanços de situação e
guias turísticos de cada um dos países.

Atividade

Manipulação atenta de diferentes atlas e focalização do tratamento de África,


visando a apreensão de elementos informativos enquanto conhecimento adquirido.
Aproximação dos elementos africanos considerados Património da Humanidade, através
do catálogo de World Heritage in Africa, e familiarização com os localizados nos
PALOP, enquanto valores internacionalmente reconhecidos, para análise da justificação
do seu estatuto e do eventual (des)conhecimento a respeito deles.

Atividade

Breve percurso pela(s) construção(ões) da história: dos territórios africanos


descobertos por Portugal até à constituição da comunidade dos PALOP, passando pelas
colónias e as províncias ultramarinas portuguesas. Deteção de peculiaridades,
constantes e aspectos em destaque, quer da colonização portuguesa em África, quer de
cada um dos espaços que a sofreram.

A finalidade do exercício é reparar no possível caráter particular, no seio do


continente, atribuído aos territórios que foram colonizados por Portugal, enquanto
conjunto, mas também nas diferentes caraterizações de cada um deles.
Atividade

Pesquisa na Rede e análise de resultados relativos às sequências “Cultura(s)


africana(s)”, “Cultura(s) de África”, “Cultura(s) da África” e, ainda, “Cultura(s) dos
PALOP” e o seu desdobramento pelos países que conformam o grupo.

A partir do levantamento feito, devem tirar-se conclusões quanto à imagem


apresentada da África, às linhas de força e aos espaços em que é apresentada ou
elaborada. Importa reparar (e tentar analisar) tanto no(s) modo(s) em que essa imagem é
construída como nos sujeitos dessa elaboração. Relativamente aos Cinco, deve reparar-
se, se for caso disso, em que aspectos coincidem ou divergem os resultados encontrados
e na variedade (ou ausência dela) de fontes e de informações pertinentes.

Atividade

Em grupo, consulta de mapas e/ou apresentações gerais -de diverso tipo (


pesquisa, divulgação, material escolar, propaganda turística, etc.) e suporte (papel, livro
eletrónico, audiovisual, etc.)- relativas aos PALOP. Levantamento dos elementos
colocados em destaque na definição do país, mesmo em termos de imagens.

Importa reparar nas coincidências e nas possíveis diferenças, com o fim de


detetar com que elementos mínimos se constrói essa definição e, eventualmente, em que
medida o público alvo, a época em que foi elaborada ou outras circunstâncias podem
determinar a presença ou ausência de algum deles ou diferenças no modo de
apresentação. Para além de visar a familiarização com informações objetivas e
pertinentes para o conhecimento dos PALOP, trata-se de contrastar este mapeamento
com as definições elaboradas -fundamentalmente, através da redação e, portanto,
implicando certa(s) lógica(s) de priorização- que foram contempladas no exercício
anterior.

Atividade

A partir da consulta do verbete “Gastronomia” relativo a cada um dos PALOP


no Dicionário Temático da Lusofonia, identificação dos pratos e hábitos destacados em
cada um dos casos. Distribuição de países por alunos para fazer uma procura tanto dos
chamados “pratos nacionais”, em abstrato, como de ementas concretas (e completas)
colocadas sob o respetivo rótulo identitário. Socialização das informações e reflexão.

A finalidade é relacionar a cultura gastronómica com o espaço em que se dá,


identificar a presença culinária (e o seu peso) no chamado “nacionalismo banal” e,
eventualmente, notar a (des)coincidência entre os hábitos alimentares da população no
dia a dia e a apresentação / representação da cozinha nacional na sua projeção exterior.
Objetivos específicos

Tomar consciência das caraterísticas da visão predominantemente divulgada do


continente vizinho.

Abandonar o preconceito e olhar África para além do lugar-comum.

Conhecer a conformação da história comum africana e, ao mesmo tempo, das diferentes


histórias e os discursos nacionais que as sustentam.

Levantar as relações, históricas e atuais, entre os diferentes sistemas identificáveis no


espaço geográfico e social africano.

Questionar a existência de um intersistema cultural “palopiano” e o seu papel, no


passado e na actualidade.

Conhecer a caraterização física e humana dos Cinco.

Compreender de que modo(s) as circunstâncias físicas determinam a história, a


identidade e a cultura dos PALOP.

Familiarizar-se com alguns produtos culturais que tematizam a identidade dos Cinco.

Dificuldades possíveis

As derivadas daquilo que um provérbio africano citado por Chinua Achebe retrata
do seguinte modo: “Até os leões não produzirem a sua própria história, as estórias de caça
glorificarão apenas o caçador”. Um modo de tentar contornar essas dificuldades é
conhecer o passado africano e europeu para, olhando o presente, perceber de que
modo(s) e em que sentido(s) este pode continuar ligado à colonização de África ou
determinado por ela.

Ausência de familiaridade com pormenores e caraterísticas definitórias dos


diversos territórios africanos e, portanto, dificuldade para fixá-los. Aconselha-se contato
contínuo com mapas e mesmo a elaboração pessoal de material gráfico em que se fixem os
elementos de destaque. Também costuma resultar útil a sistematização das informações em
grelhas, dado que reunir os dados considerados fundamentais para cada um dos países
permite uma consulta rápida do conjunto, ao mesmo tempo que proporciona facilmente
uma leitura contrastiva entre espaços.
2. Desafios da construção do Estado e da Nação e papel da cultura

Com respeito aos PALOP é comum achar-se a afirmação de que o Estado,


instituído em 1975, precede a Nação, na medida em que esta é, ainda hoje, um projeto
em construção para se adequar às fronteiras arbitrárias herdadas da colonização
europeia. Mas também não faltam afirmações, nomeadamente referidas aos espaços
insulares, com particular acuidade para Cabo Verde, de que a Nação foi antes que a
independência política. Tornados países independentes depois de prolongadas lutas de
libertação armada, com condições bem diferentes, os cinco tiveram só no início
percursos políticos semelhantes, de tal modo que com a passagem do tempo as
circunstâncias para a produção cultural divergiram. Seja como for, em qualquer um dos
casos, a cultura aparece como uma potente via de intervenção transformadora da
sociedade e da realidade, com ou sem palavras de ordem e visando objetivos diversos.

Na criação e projeção de imagem a partir de África, i.é a periferia, pode afirmar-


se, de modo geral, que a tensão global / particular é ou tem sido vivida através de várias
oposições: ocidental / africana ou branca / negra; continental / nacional; nacional /
étnica. De todas elas, a primeira é a mais estudada e a última a menos focalizada. A que
ocupa o lugar central na enumeração é, talvez, aquela que mais problemas coloca, do
ponto de vista cultural, para se combinar a produção (e eventual exportação) enquanto
“negro” / “africano” e a particular identidade ou radicação nacional (que pode surgir, ou
não, sob forma de compromisso). Porque, afinal, o que está em jogo é a “autenticidade”
da obra, do repertório, com demasiada frequência 'certificada' num Primeiro Mundo
para o qual o genuinamente africano é o ligado às raízes, à tradição, ao povo, à África,
ao negro (horizonte de expetativa do consumidor ocidental, limitado). Mais
recentemente e cada vez com maior presença, encontra-se a reivindicação do artista sem
mais, sem adjetivo (de)limitador.

Materiais para estudo

A fim de ir acompanhando esse processo de construção, aconselha-se o uso de


alguns dos textos do líder caboverdiano-guineense Amílcar Cabral contidos em
Nacionalismo e cultura, bem como materiais que também focalizam o espaço de língua
portuguesa, em Comunidades imaginadas: nação e nacionalismos em África e A
construção da nação em África.

Para além de certos aspectos focalizados por Celso Rosa no estudo Na Periferia
do Império - Arte Africana no Mercado Artístico Internacional com respeito às artes
plásticas, abordaremos a questão também através da música e do cinema, para os quais
será indicado material específico.
Atividade

Consulta, ao longo de um mês, de um meio de comunicação internacional (p.ex.


África 21 digital) e de um outro nacional (de um dos Cinco, à escolha, prévia
combinação com a professora) para ficar a par da atualidade dos PALOP e observar o
espaço e a importância atribuída (ou não) aos aspectos culturais, em termos
jornalísticos.

Atividade

Levantamento e análise dos aspectos culturais presentes em discursos políticos


(particularmente oficiais) de um dos PALOP proferidos com motivo do aniversário da
independência nacional em diferentes décadas.

O objetivo é detetar as eventuais coincidências ou mudanças na posição


atribuída à cultura e no papel que lhe é dado, ao longo do tempo, nos estados africanos
de língua oficial portuguesa, visando a declaração do grau de autonomia / heteronomia
do campo cultural a respeito do campo do poder.

Atividade

Procura de informações a respeito da institucionalização (ou não) do Dia


(Nacional) da Cultura nos países africanos de língua oficial portuguesa: justificação da
mesma, ano de início da celebração, data escolhida, razão dessa escolha, (tipo de)
atividades programadas para assinalar o dia, etc.

Atividade

Observação de centros, movimentos, fundações ou associações culturais dos


PALOP -ou a eles ligados-, visando a análise dos seus modos de funcionamento. São
aspectos a ter em conta com especial atenção a constituição da “entidade”, os seus
fundamentos, os objetivos marcados e o tipo de ação que realiza.

Objetivos específicos

Refletir a respeito do(s) público(s) endógenos e/ou exógenos dos produtos culturais
africanos e sobre o modo em que podem condicionar a sua produção.

Compreender a interação das mudanças ideológicas produzidas nas diferentes


sociedades com a vida cultural.

Identificar coincidências ou desvios dos vários repertórios nacionais com respeito ao


identificado geralmente como africano.
Dificuldades possíveis

A variedade de realidades de base de cada um dos territórios e o número de


situações, acontecimentos ou momentos a destacar individualmente tornam bastante
difícil lidar com tanta informação. É altamente recomendável, sempre que possível,
elaborar quadros para fixar esses dados, marcar a cronologia e facilitar a capacidade
relacional.

3. Tradição vs. modernidade e/ou tradição & modernidade

Nos modos como costuma ser apresentada e representada a realidade -ora em


singular, ora em plural- do continente africano, a questão da tradição e a modernidade
ocupa um lugar de destaque, porque o olhar, seja endógeno ou exógeno, lida com ambos
os elementos, frequentemente contrapostos mas também unidos, por vezes. Em termos
literários, por exemplo, é comum partir-se da dicotomia oralidade e escrita,
identificadas, respectivamente, com a tradição do continente ágrafo (oratura) e com a
moderna introdução da letra feita pelos europeus (literatura) e, portanto, enfrentando
popular e culto de modo simplista.

Em geral, a desaparição progressiva das sociedades e dos modos de vida


tradicionais tem sido enfrentada de diversas formas: como processo inelutável de
destruição, face ao qual cabe apenas o registro da(s) cultura(s) ligada(s) a elas, para
arquivo e musealização; como mais um momento de mudança que obriga a
reconfigurações várias. Importa reter, em todo o caso, que está em jogo a
“autenticidade” (africana e/ou nacional) dos produtos e manifestações culturais,
identificada, num sentido purista, com uma fidelidade absoluta à tradição imutável, mas
que oferece múltiplas possibilidades, tanto em forma de conservação adaptada ou
“evoluída”, opção do chamado neo-tradicionalismo, como por via da incorporação do
'espírito africano' no molde ocidental, num sentido amiúde antropofágico ou
'calibanesco', ou mesmo numa linha exótica ou exotizante, presa aos gostos e
dependente do consumo ocidentais, não raro tendo como resultado, por exemplo, a
folclorização das artes tradicionais.
Materiais para estudo

Para a aproximação dos conteúdos deste tema pode servir, de um modo geral,
“Valores civilizatórios em sociedades negro-africanas” de Fábio Leite, bem como “A
memória africana” do maliano Amadou Hampaté Ba e vários textos de Mia Couto.

Focalizando assuntos mais particulares, são de interesse “Las culturas


subalternas y el concepto de oratura” de Juan José Prat Ferrer, “Introdução:
colonialismo e criação literária em África” de José Carlos Venâncio, “Eu e o outro – O
Invasor ou Em poucas três linhas uma maneira de pensar o texto” do angolano Manuel
Rui, ou parte do trabalho de Celso Rosa Na periferia do Império. Arte africana no
mercado artístico internacional.

Atividade

Organizados em grupos para abranger os cinco PALOP, deve fazer-se a procura,


na Rede, de conteúdos ligados a “tradição” e a “modernidade”, tomando nota dos
âmbitos aos quais se referem as ocorrências resultantes e da distribuição das mesmas.

Atividade

Participação obrigatória no forum (espaço de diálogo e de discussão) habilitado


na Aula Virtual, apresentando questões ou atividades de atualidade nos Cinco.

Atividade

Individualmente, realizar uma procura relacionada com os festejos de Carnaval


em um dos países focalizados: história, tradição, modo de celebração, organização e
atualidade.

Atividade

Identificação dos usos e dos valores, atuais e/ou tradicionais, da capulana


(Moçambique), da morna (Cabo Verde) e do tchiloli (S. Tomé e Príncipe).

Objetivos específicos

Interpretar as produções culturais dentro do sistema em que se produzem e (as eventuais


mudanças n)a recepção fora dele.

Identificar coincidências repertoriais entres os sistemas culturais dos PALOP.


Dificuldades possíveis

Pode resultar difícil a tomada de consciência com respeito a, por um lado, que a
tradição não é uma essência (embora com frequência queira representá-la) mas o resultado
mutável de uma construção e, por outro lado, que nem a modernidade implica sempre
progresso nem a tradição significa necessariamente atraso.

4. Internacionalização da produção cultural dos PALOP.

Algumas décadas atrás, ouviam-se vozes de estudiosos das literaturas africanas


de língua portuguesa exigindo atenção para a primeira -isto é, a mais antiga- produção
literária da África (negra), última a ser descoberta e objeto de pouca atenção por parte
de especialistas. Interessa apontar as vias de difusão e de promoção dos produtos
culturais dos PALOP, conhecer as políticas específicas em andamento ou previstas e o
tipo de problemas que enfrentam ou querem enfrentar; isto tanto em termos gerais
como, ainda, focalizando o caso de algumas figuras destacadas do panorama 'palopiano'.

Materiais para estudo

Para situarmo-nos no início do tema é útil “A periferia da periferia” de Inocência


Mata. Depois odem ser usados alguns artigos e entrevistas incluídos nas revistas
Latitudes e Africultures, nomeadamente a entrevista com o produtor de Lusáfrica, do
número 29, ou o elementos do número 73 da revista, que contém um dossier consagrado
a “Festivals et biennales d'Afrique: machine ou utopie?”, com destaque angolano para o
artigo “Angola Pop (2005-2007): la première triennale de Luanda” de Nadine Siegert e
colocação prévia do quadro geral em “Nous sommes tous post-exotiques”.

Atividade

Procura de espaços instituídos como plataformas privilegiadas ou específicas


para a projeção internacional da produção cultural dos PALOP.
Atividade

Observação do papel atribuído à cultura na projeção internacional do(s) país(es),


quer através das Embaixadas ou Consulados, quer na atividade dos Ministérios da
Cultura (ou equivalentes) dos Cinco.

Atividade

Identificação da (in)existência nos PALOP de políticas viradas para o


aproveitamento da cultura em termos económicos, de emprego, de sustentabilidade e de
desenvolvimento.

Atividade

Estudo de caso.

Objetivos específicos

Estabelecer relações genéricas entre economia e cultura em cada um dos sistemas.

Compreender o modo de organização genérico de cada sistema e do intersistema nos


seus macro-factores mercantil e institucional.

Entender o funcionamento simbólico, cultural e económico dos diferentes cânones


através das instituições e os mercados.

Dificuldades possíveis

A provável ausência de noções de planificação cultural poderá ser resolvida com


o fornecimento de breves informações impressas.
5. BIBLIOGRAFIA BÁSICA E COMPLEMENTAR

África 30 anos depois. Paço de Arcos: Edimpressa Editora, 2005.

Almada, David Hopffer Pela cultura e pela identidade – Em defesa da


caboverdianidade. Praia: Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro, 2006.

Almeida, Germano Cabo Verde: viagem pela história das ilhas. Lisboa: Caminho,
2003.

Andrade-Watkings, Claire “Portuguese African cinema. Historical and contemporary


perspectives, 1969 to 1993” in Martin, Michael T. Cinemas of the Black diaspora:
diversity, dependence and opposionality. Detroit: Wayne State University Press, 1995.

Cabral, Amílcar Nacionalismo e cultura. Santiago de Compostela: Laiovento, 1999.

Camões. Nº 1, 6 e 12-13 (dedicados a “Pontes lusófonas”). Lisboa, 1998, 1999 e 2001.

Cinemas de África. Lisboa: Cinemateca Portuguesa e Culturgest, 1995.

Cristóvão, Fernando (dir.) Dicionário temático da lusofonia. Lisboa: Texto Editores,


2005.

Enders, Armelle História da África lusófona. Lisboa: Inquérito, 1997.

Fernandes, Gabriel Em busca da nação: notas para uma reinterpretação do Cabo Verde
crioulo: Florianópolis - Praia: Editora da UFSC - Instituto da Biblioteca Nacional e do
Livro, 2006.

Ferreira, Manuel A aventura crioula. Lisboa: Plátano, 1995 (3ª ed. rev.).

Gomes, Aldónio e Cavacas, Fernanda A literatura na Guiné-Bissau. Lisboa:


GTMECDP, 1997.

Graça, Pedro Borges A construção da nação em África. Coimbra: Almedina, 2005.

Kandjimbo, Luís Ideogramas de Nganji. Cascais: Novo Imbondeiro, 2003.

Martinho, Ana Maria Mão-de-Ferro Cânones literários e educação. Os casos angolano


e moçambicano. Lisboa: Fundação Calouste-Gulbenkian, 2001.

Mata, Inocência e Padilha, Laura Cavalcante A mulher em África. Vozes de uma


margem sempre presente. Lisboa: Colibri, 2007.
Mata, Inocência Polifonias insulares. Cultura e literatura de São Tomé e Príncipe.
Lisboa: Colibri, 2010.

Mateus, Ismael (coord.) Angola: a festa e o luto. 25 anos de independência. Lisboa:


Vega, 2000.

Memórias de África. As grandes músicas dos anos 60, 70 e 80. Angola, Cabo Verde,
Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Portugal: Farol Música e
Difference, 2008.

Oliveira, Mário António Fernandes de Reler África. Coimbra: Universidade de


Coimbra, 1990.

Rosário, Lourenço do A narrativa africana de expressão oral. Lisboa: ICALP, 1989.

Rosas, Fernando e Rollo, M. Fernanda (coord.) Portugal na viragem do século – Língua


portuguesa: a herança comum. Lisboa: Pavilhão de Portugal – Expo 98 e Assírio &
Alvim, 1998.

Salinas Portugal, Francisco Rosto negro. O contexto das literaturas africanas.


Compostela: Laiovento, 1994.

Santo, Carlos Espírito Enciclopédia fundamental de São Tomé e Príncipe. Lisboa:


Cooperação, 2001.

Serra, Carlos (dir.) Identidade, moçambicanidade, moçambicanização. Maputo:


Universidade Eduardo Mondlane, 1998.

Silva, Filinto Elísio Correia e (coord.) Cabo Verde, 30 anos de cultura – 1975-2005.
Praia: Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro, 2005.

Torgal, Luís Reis et alii Comunidades imaginadas: nação e nacionalismos em África.


Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2008.

Venâncio, José Carlos O facto africano. Elementos para uma sociologia de África.
Lisboa: Vega, 2000.

Páginas web de interesse

Não se trata de oferecer um elenco exaustivo, mas de colocar em destaque uns


poucos endereços que remetem para sítios de caráter diverso e com linguagens e
públicos diferentes, mas sempre focalizando a África, quer de modo geral, quer
especificamente a de língua oficial portuguesa.

http://www.ocpanet.org OCPA - Observatório de políticas culturais em África


(Maputo)

http://www.artafrica.com ArtAfrica

http://www.africanos.eu/ceaup/ Centro de Estudos Africanos da Universidade do


Porto

http://cea.iscte.pt/ Centro de Estudos Africanos – ISCTE (Lisboa)


http://www.codesria.org Council for the Development of Social Science Research in
Africa
http://www.casafrica.es Casa Africa (Las Palmas)
http://www.casadasafricas.org.br Casa das Africas (Brasil)
http://www.culturapalopsportugal.com Cultura PALOP-Portugal

http://www.buala.org/pt Buala, plataforma online sobre a cultura africana


contemporânea (Portugal)
http://www.africa21digital.com Revista África 21 (Luanda)
http://www.revues-plurielles.org Portal das “revues de l'interculturalité” (disponibiliza
Africultures. La revue des cultures africaines e Latitudes. Cahiers lusophones)

Como é evidente, resulta da maior utilidade a consulta das versões eletrónicas


dos principais jornais em linha dos PALOP, com os quais iremos familiarizando-nos,
bem como a eventual assistência a programas televisivos ou radiofónicos.

6. METODOLOGIA DE ENSINO

A metodologia escolhida exige a presença continuada nas aulas, a participação


ativa nelas e a realização das leituras e dos exercícios marcados.
O objetivo é que @s estudantes aprendam a realizar trabalhos de pesquisa e
documentação de forma autónoma e que mediante estes trabalhos ampliem os conteúdos
fornecidos através do seguimento do programa. Do mesmo modo, pretende-se
desenvolver competências, destrezas e habilidades relativas ao trabalho cooperativo e
em equipa, debate e argumentação, comunicação oral e escrita, criatividade, iniciativa,
tomada de decisões e solução de problemas.
Todos os materiais precisos para o seguimento da cadeira serão pendurados na
aula virtual ou, a não ser possível, será indicada a forma de consegui-los.

7. SISTEMA DE AVALIAÇÃO

Sobre um máximo de 10 valores, a qualificação final estará constituída por:


a) Assistência ativa às aulas e realização das tarefas e atividades vinculadas ao
desenvolvimento da matéria: máximo de 7 valores.
b) Realização de um trabalho escrito, conforme as indicações dadas polo/a
docente: máximo de 2 valores.
c) Realização de trabalhos voluntários vinculados à matéria: máximo de 1
valor.

Na prova da Primeira Oportunidade, na data oficialmente marcada, @ estudante poderá


recuperar ou melhorar, mediante uma prova oral e/ou escrita, a parte relativa ao item a)
antes referido. Esta prova poderá desenvolver-se contendo a exposição de um tema
proposto à/ao estudante e/ou com debate entre vári@s estudantes sobre alguns temas
propostos.
A docente poderá dar a possibilidade de melhorar o trabalho escrito, com um prazo
determinado.

Na Segunda Oportunidade, o sistema será o mesmo que o da Primeira Oportunidade

A/O estudante que não possa frequentar as aulas por causas de força maior
(documentalmente justificada) terá ao seu dispor um sistema alternativo de trabalho e
avaliação, consistente nos items b) e c) antes referidos, na realização dos trabalhos que a
docente lhe indicar e na assistência obrigatória à prova da Primeira Oportunidade e, no
seu caso, Segunda Oportunidade.
8. TEMPO DE ESTUDO

A carga de créditos da cadeira (6) equivale a 150 horas de trabalho do estudante.


9. OBSERVAÇÕES

Língua(s) utilizada(s): Galego/Português. Eventual e ocasionalmente, outros materiais e


comunicações poderão ser apresentados noutras línguas (espanhol, francês, inglês,
italiano, etc), sempre que o/a docente o considerar oportuno.

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