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Direito Constitucional
1.1. Definição
O Direito Constitucional é a parcela da ordem jurídica que rege o próprio Estado
enquanto Comunidade e enquanto Poder. É o direito da Constituição, sendo esta definida
como o conjunto de normas jurídicas que definem: estrutura (povo, território e poder
político); fins (segurança, justiça e bem-estar económico-social) e funções do Estado
(política, legislativa, judicial e administrativa), assim como, a organização (económica,
social e política), titularidade (órgãos); exercício (processo de feitura e execução de leis)
e controlo do poder político (fiscalização da constitucionalidade, tribunais e Provedor de
Justiça).
É ainda de referir que o DC é um ramo de direito público interno formado pelo
conjunto das normas constitutivas do estatuto jurídico do político, que estabelecem os
princípios políticos e jurídicos da sociedade, regulam material, processual e formalmente
a organização do poder político, consagram e garantem os direitos e deveres fundamentais
do cidadãos e pessoas jurídicas e definem positivamente a ordem-quadro, económica,
social e cultural.
1. Os Sentidos da Constituição
Só o costume praeter leges é que pode ser fonte de direito constitucional. O contre
leges não se aplica pois vai contra a norma e por isso é inconstitucional.
Esta distinção tem pouco relevo pois a maior parte das constituições
contemporâneas são programáticas, com maior ou menor grau ideológico. E por outro
lado, mesmo as constituições liberais ainda vigentes não são rigorosamente neutras, está-
lhes sempre implícita certa ideologia.
1. O Poder Constituinte
Definição e espécies
Em sentido amplo abrange a faculdade de criar as normas constitucionais, quer
escritas ou não escritas.
Em sentido restrito é a possibilidade de criar normas constitucionais escritas que
vão criar a trave mestra do ordenamento jurídico do Estado.
Como temos um sistema estrito falamos sempre em criar normas constitucionais
escritas. Neste sentido o poder constituinte é o poder mais elevado do estado uma vez que
é através dele que a soberania do estado se realiza plenamente, uma vez que o órgão que
o vai exercer vai determinar uma opção global para o futuro no que diz respeito a toda
organização do estado.
O poder constituinte tem duas espécies: Originário e Derivado
Originário: Vai criar uma constituição de novo para um estado que nunca a teve
ou deixou de ter em virtude de uma desagregação social, por essa razão é lógica e
cronologicamente anterior à constituição.
Derivada: Possibilidade de alterar uma constituição já existente para corrigir
imperfeições para integrar lacunas ou adaptá-la à evolução da sociedade.
Revisão: Contrariamente ao anterior este só pode ser exercido nos termos
previstos pela própria constituição. Por essa razão entende-se que só em sentido
impróprio se pode chamar poder constituinte porque ele é um poder constituído
como os outros poderes que são criadas pela constituição.
O entendimento mudou e desde dessa altura ele é realmente inicial, autónomo mas
não é omnipotente porque em todas as sociedades existe um conjunto de ordens ou valores
anteriores à constituição que constituem um pilar da civilização.
O poder constituinte originário está sujeito não só a limites formais como a limites
materiais. Tem limites quanto à validade, ou seja tem que respeitar uma ordem de valores
anteriores à constituição e que são os pilares morais da própria civilização, que resultam
desta e não da natureza humana como pretendiam os neojusnaturalistas.
Teorias Contratualistas
Entretanto na idade média tornou-se corrente a ideia de que a fonte do poder
temporal era o povo. O fundamento da autoridade política residia num contexto de
submissão pelo qual o povo voluntariamente instituía um poder que o regesse. Era o surgir
das doutrinas contratualistas, do pactum subjectonis.
Teoria Marxista
Na tese da soberania popular marxista, o poder constituinte cabe aos detentores
dos meios de produção, que formam a classe dominante, do ponto de vista económico.
Insere-se nas teorias do governo minoritário para as quais o titular do poder constituinte
é uma minoria de cidadãos definida por critérios de natureza ideológica, intelectual,
económica ou social.
Limites circunstanciais:
Artigo 289º - Não podem ser declaradas revisão constitucional no estado
de sítio ou de emergência. O estado de sítio ou de emergência só pode ser
declarado pelo presidente (artigo 184º,D) para esse efeito (artigo 138º) o
presidente tem de ouvir o governo (artigo 197º,F) e obter autorização da
Assembleia da república (artigo 162º, B). As condições para declarar estão
previstas no artigo 19º.
O estado de emergência é menos grave do que de sítio. Só podem ser
declarados no prazo de 15 dias embora possa revoga-la caso não se tenha
atingido a normalidade. (artigo 19º, nº5).
Limites materiais:
2. Os fins do estado.
Os fins do estado são os objetivos que o estado visa atingir. Eles são
fundamentalmente três:
Segurança;
Justiça;
O bem estar económico e social.
3. As funções do estado.
As funções do estado serão as atividades levadas a cabo pelos órgãos do
poder político, com vista à realização dos objetivos consagrados na constituição.
Cada órgão realiza um conjunto de atos dependentes ou independentes de atos
de outros órgãos, mas tendo todos em vista a prossecução de fins comuns.
Apresentam duas características essenciais:
Caráter específico e diferenciado;
Caráter duradouro.
Alcance geral:
Leis estatutárias:
São as leis da assembleia que aprovam os estatutos políticos
administrativos das regiões autónomas. Essa competência está prevista no
artigo 161º, alínea g). Esta aprovação é feita através de uma lei – artigo 166º,
nº3. Assim esta lei é que se chama lei estatutária.
Esta lei tem um processo próprio, diferente das restantes leis e está
previsto no artigo 226º. De acordo com este artigo cabe às assembleias
legislativas regionais apresentar projetos de estatuto, para discussão e
aprovação.
Se a A.R. decidir rejeitar o projeto ou introduzir alterações tem de pedir um
parecer à A.Regional e só depois de emitido esse parecer é que a A.R. pode
proceder à decisão final.
Este regime aplica-se quer seja para criar estatutos novos ou para alterar
os que estão em vigor.
Tem valor reforçado porque o estatuto é uma lei organizatória que vai
definir o modo de funcionamento e a competência dos órgãos de governo das
regiões autónomas; o facto de a constituição portuguesa no artigo 6º o principio
de autonomia regional que se concretiza através do estatuto.
É por esta razão que a nossa constituição atribuiu as leis estatutárias um
valor reforçado de alcance geral.
Impõem-se a todas as leis ordinárias.
Qualquer norma emanada por um órgão de soberania mas que viole o
estatuto de uma região autónoma sofre do vício de ilegalidade – artigo 280º, nº2
alínea b e c e artigo 281º, nº1 alínea c e d.
Leis orgânicas:
São as leis da A.R. que estão indicadas no artigo 166º, nº2. As leis
orgânicas são leis sobre matérias exclusivas da A..R e de reserva absoluta.
(artigo 164º).
Tem especificidades do seu processo de criação, tais como:
Aprovação na especialidade tem de ser feita pelo plenário da A.R.
(artigo 168º, nº4).
Aprovação final global tem de ser sempre por maioria absoluta por
deputados em efetividade de funções. (artigo 168º, nº5)
No caso do veto político do P.R sobre uma lei orgânica, a A.R terá de
reaprovar por maioria de 2/3 de deputados. (Artigo 136º, nº3).
A fiscalização preventiva da constitucionalidade de uma lei orgânica
pode ser solicitada ao tribunal constitucional, não só pelo P.R mas
também pelo P.M ou 1/5 de deputados. (Artigo 278º, nº4).
O valor reforçado destas leis está consagrado no artigo 112º, nº3 e
portanto qualquer lei que viole uma lei orgânica sofrerá do vicio de ilegalidade –
artigo 282º, alínea a e artigo 281, nº1, alínea b.
Alcance limitado:
São aquelas que tem um caráter infra-constitucional e supra-legislativo,
mas não se impõem a todas as outras leis mas apenas a alguns atos legislativos.
Leis de base:
As leis de base são as leis da A.R que fixam apenas os princípios gerais
do regime jurídico de determinada matéria. Artigo 164º alínea I e no artigo 165º
alínea f, g, n, t,u, z.
Como se trata de matérias que são de competência exclusiva da A.R, ela
pode sempre legislar sobre esta matéria de forma completa. Mas através das
alíneas anteriores pode limitar-se a fixar as bases do regime jurídico. Se assim
o fizer esse regime jurídico tem de ser criada e normalmente essa criação é feita
através dos chamados decretos-leis de desenvolvimento ou decretos legislativos
regionais de desenvolvimento.
Estes têm sempre de respeitar a lei de base. Os decretos-leis de
desenvolvimento estão previstos no artigo 198º, nº1 alinea C e os decretos
legislativos regionais de desenvolvimento está previsto no artigo 227º, nº1 alínea
C.
A superioridade da lei de base em relação aos decretos que a vão resolver
está prevista no artigo 112º, nº2.
Artigo 198º, nº3 – decretos-leis de desenvolvimento
Artigo 227º, nº4 – decretos legislativos regionais de desenvolvimento
(indicar a lei de base que vão desenvolver.)
Leis de autorização legislativa:
A assembleia da república tem matérias de competência exclusiva, mas
são de reserva relativa – artigo 165º. São de reserva relativa porque de acordo
com este artigo, a assembleia da república pode legislar, mas pode ainda
autorizar o governo ou as assembleias regionais só no caso de matérias com
interesse para a região e não em todas as matérias.
A autorização do artigo 166º, nº3 reveste a forma de lei.
Está também prevista no artigo 161º, alínea D e E.
As leis de autorização legislativa são da assembleia da república que vai
autorizar o governo ou as assembleias regionais a legislar sobre matéria da sua
reserva relativa, ou seja, qualquer uma das matérias prevista no artigo 165º.
Estas leis têm como destinatários o governo ou as assembleias
legislativas, e não qualquer outro órgão. Vigora o principio da tipicidade das
autorizações legislativas – artigo 111º, nº2.
Com a lei da autorização legislativa estabelece-se uma relação de
confiança, entre a assembleia da republica e o governo e/ou com as assembleias
regionais. Por isso, se existe alguma alteração nestes órgãos, esta lei de
autorização caduca.
Isto está previsto no artigo 165º, nº4 (no caso do governo) e no artigo 227º,
nº3 (no caso das assembleias regionais).
No entanto, há uma exceção no artigo 165º, nº5.
Tem de ter sempre um conteúdo mínimo, se não sofre de
inconstitucionalidade – artigo 165º, nº2.
No uso da autorização o governo cria decretos- leis autorizados (artigo
198º, nº1, alínea b) , enquanto as assembleias regionais cria decretos-
legislativos regionais autorizados (artigo 227º, nº1, alínea b).
As leis de autorização legislativa tende a respeitar a constituição se não
sofrerá de inconstitucionalidade.
Os decretos também têm de indicar expressamente a lei de autorização
legislativa que se vai usar de acordo com o artigo 227º, nº4 (no caso das
assembleias regionais).
Os decretos-leis autorizados ao governo, tem de indicar a lei de
autorização que vai de acordo com o artigo 298º, nº3.
A superioridade da lei de autorização – artigo 112º, nº2.
Se o decreto autorizado não respeitar a respetiva lei de autorização existe
o vicio de ilegalidade fiscalizada no tribunal constitucional de acordo com os
artigos 280º, nº2, alínea a) e o artigo 281º, nº1, alínea b.
O artigo 165º diz que as leis de autorização legislativas só podem ser
usadas uma vez. A não ser que o governo faça uma autorização parcelar.
a) Iniciativa:
Artigo 167º.
Traduz-se na capacidade de desencadear o processo legislativo na
assembleia da república tendo em vista a aprovação de uma lei, e que não se
deve confundir com competência porque esta traduz-se na competência de
aprovar atos legislativos. Pode ser interna ou externa.
Interno: Quando é desenvolvida pelos deputados que apresentam projetos
de lei.
Externa: quando é desenvolvida pelo governo, pela assembleia regional
ou pelos eleitores que apresentam propostas de lei. – artigo 167º, nº1.
A iniciativa quer de deputados quer de grupos parlamentares é uma
iniciativa genérica, isto quer dizer que podem apresentar projetos de lei sobre
qualquer matéria.
Exceções:
Quando se trata de estatutos das regiões autónomas; - artigo 226º, nº1 e
artigo 227º, alínea e.
Não podem apresentar projetos sobre a lei das grandes opções de
plano, nem do orçamento, pois pertence ao governo; - artigo 161º,
alínea g.
Não podem quando se trate de proposta ou autorização;
Quando se trata de leis que se vão aplicar as regiões autónomas –
artigo 167º, nº1.
c) Promulgação:
O P.R tem a possibilidade de promulgar ou não, exceto na revisão
constitucional (se não promulgar, veta) – artigo 136º.
De acordo com o artigo 136º pode usar o veto político quando não
concorda com a oportunidade daquele diploma. Ou pode usar o chamado veto
jurídico depois de ouvir o tribunal constitucional – artigo 278º e 279º.
A promulgação é uma formalidade essencial do processo legislativo e a
sua falta implica a inexistência jurídica – artigo 137º.
Realizada a promulgação a fase seguinte é da referenda ministerial –
artigo 140º.
d) Referenda ministerial:
Existem atos do P.R que tem de ser referendados pelo governo – artigo
140, nº1.
Um desses atos é o ato da promulgação. A referenda traduz uma
corresponsabilidade do governo com certos atos do P.R, neste caso, vai atestar
a regularidade da promulgação e traduz-se na assinatura do primeiro-ministro.
Formalidade essencial e por isso implica também inexistência jurídica –
artigo 140, nº2.
Feita a referenda a última fase é a da publicação – artigo 119º.
e) Publicação:
As leis devem ser publicadas no jornal oficial de acordo com o artigo 119º,
nº1, alínea c. Com a publicação pretende-se dar a conhecer o seu diploma aos
seus destinatários. Normalmente há um período entre a data de publicação e a
entrada em vigor – vacations legis, e se a lei não fixar a data da entrada em vigor
ela entre 5 dias após a sua publicação.
Se não for publicado não é juridicamente eficaz – artigo 119º, nº2.