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I Capítulo.

Direito Constitucional

1. Noção de Direito Constitucional

1.1. Definição
O Direito Constitucional é a parcela da ordem jurídica que rege o próprio Estado
enquanto Comunidade e enquanto Poder. É o direito da Constituição, sendo esta definida
como o conjunto de normas jurídicas que definem: estrutura (povo, território e poder
político); fins (segurança, justiça e bem-estar económico-social) e funções do Estado
(política, legislativa, judicial e administrativa), assim como, a organização (económica,
social e política), titularidade (órgãos); exercício (processo de feitura e execução de leis)
e controlo do poder político (fiscalização da constitucionalidade, tribunais e Provedor de
Justiça).
É ainda de referir que o DC é um ramo de direito público interno formado pelo
conjunto das normas constitutivas do estatuto jurídico do político, que estabelecem os
princípios políticos e jurídicos da sociedade, regulam material, processual e formalmente
a organização do poder político, consagram e garantem os direitos e deveres fundamentais
do cidadãos e pessoas jurídicas e definem positivamente a ordem-quadro, económica,
social e cultural.

1.2. Normas constitucionais e normas ordinárias


As normas constitucionais são as mais importantes de um ordenamento jurídico,
uma vez que que constituem o suporte e fundamento das restantes normas jurídicas, que
são designadas como normas ordinárias, tendo de respeitar as primeiras sob pena de
inconstitucionalidade. As normas constitucionais estão, assim, no topo da hierarquia, são
a fonte hierarquicamente superior do Direito já que prevalecem sobre as demais normas
jurídicas.
As normas constitucionais estão em regra reunidas num diploma, no entanto,
podem existir fora do texto constitucional, ou seja, apesar de assumirem a forma de norma
ordinária consideram matéria de âmbito constitucional.

Lei: ato normativo geral e abstracto, editado pelo Parlamento, cuja


finalidade essencial é a defesa da liberdade e propriedade dos cidadãos.

1.3. As primeiras Constituições escritas e os antecedentes do


constitucionalismo
Até o Séc.XIX, os governantes consideravam-se limitados por normas religiosas
ou princípios morais, uma vez que a sanção pelo incumprimento das normas era
meramente moral. A ideia de organização constitucional do Estado só começou a ganhar
impulso no Séc.XVIII, dadas as revoluções liberais( Francesa e Americana) surgindo as
primeiras Constituições escritas na transição da Monarquia Absoluta para o Estado de
Direito Liberal.
No entanto, podemos encontrar alguns documentos que regulavam, em parte, a
organização e o exercício do poder político ̶ antecedentes do constitucionalismo ̶ que
tinham em vista a limitação do poder e a defesa de direitos dos cidadãos. São eles
documentos como:

 A Magna Carta (1215): foi imposta pela nobreza Inglesa ao Monarca,


procurava resolver alguns problemas resultantes da estrutura feudal da época
e, assim, proteger as diferentes classes sociais da prepotência do monarca.
 A Petition of Right (1628): foi imposta pelo Parlamento a Carlos I de
Inglaterra, sendo considerada uma tentativa de tomada e posição do
Parlamento sobre princípios fundamentais das liberdades civis.
 Os Covenants (séc.XVII): eram contratos de colonização ou pactos de criação
de comunidades coloniais entre os colonos fixados no continente americano e
a mãe-pátria, onde se estabeleciam direitos e deveres recíprocos.
 O Instrument of Government (1653): é considerado como a primeira
Constituição escrita do Estado Moderno, aproximando-se das constituições
autoritárias da época contemporânea, apesar de bastante rudimentar e
concebido para permitir o absolutismo de Cromwell.
 O Bill of Rights (1989): chamada também Declaração de Direitos afirmava
que sob nenhum pretexto o rei poderia violar as leis fundamentais do reino,
abstendo-se de perseguir os católicos.
 Forais: entretanto encontramos a concessão de forais, que implicava o
reconhecimento pelos senhores e pelo monarca de certas liberdades aos
residentes, envolvendo a definição de normas básicas de administração local.
 O Pactum Subjectionis: pacto de sujeição medieval, o povo confia o governo
ao monarca com a condição de a governação obedecer aos parâmetros de
equidade, caso contrário, é legítimo o exercício do direito de rebelião popular.
 Leis Fundamentais do Reino: leis às quais o rei devia obediência, não as
podendo modificar. Representavam um limite ao poder do reino, mesmo num
período de progressiva concentração e unificação de funções da coroa.
Tratavam-se de disposições relativas à Coroa e nada estabeleciam sobre
direitos e deveres entre rei e súbditos.

Não havia até aqui a preocupação de codificação de normas fundamentais. Com a


Revolução Francesa, em 1789, pretendeu-se pôr termo ao absolutismo real, mediante a
consagração do principio da separação de poderes: o poder legislativo caberia ao
Parlamento, o poder executivo ao Rei e o poder judicial aos Tribunais.
Passou a entender-se que existia um poder supremo: o poder do povo elaborar a
sua própria organização, ou seja, a sua Constituição, onde constariam os órgãos com
capacidade para exercer o poder, as suas atribuições, bem como os direitos dos cidadãos
perante estes órgãos.
Aparecem então as primeiras Constituições escritas: o primeiro texto foi a
Declaração de Direitos do Estado da Virgínia, em 1776, seguida pelas Constituições dos
outros Estados americanos até à Constituição da Confederação dos Estados Americanos,
de 1781, e à Constituição Federal, de 1787. Em 1789, surgiu a Declaração de Direitos do
Homem e do Cidadão e, em 1791, a primeira Constituição francesa, reforçando-se assim
o ciclo iniciado com as Constituições americanas onde ficaram bem traçados dos
contornos do Estado Constitucional.
A partir daqui encarou-se a Constituição como um conjunto de regras jurídicas
definidoras das relações de poder, como forma de limitar os governantes e legitimar os
actos do Estado. No Estado de Direito Liberal o principal objetivo da Constituição era
limitar o poder politico atendendo sobretudo à organização do poder politico,
consagrando a separação de poderes e os direitos dos cidadãos. No Séc.XX a Constituição
torna-se um conceito mais amplo, aberto a uma pluralidade de conteúdos, ao mesmo
tempo que se universalizava.
Em Portugal, a Revolução Liberal surgiu em 1820 e, por essa razão, a primeira
constituição escrita surgiu em 1822.

2. Espécies de Direito Constitucional

2.1. Direito Constitucional Particular


O Direito Constitucional Particular dedica-se apenas à análise da ordenação
constitucional de um Estado concreto, estudando a sua estrutura, fins e funções, a
organização, titularidade, exercício e controlo do poder politico. Por exemplo, quando
estudamos o Direito Constitucional Português.

2.2. Direito Constitucional Geral


O Direito Constitucional visa a fixação de uma dogmática constitucional que serve
de enquadramento teórico ao estudo do DC Particular. Por exemplo: se estudarmos o
sistema de fiscalização da constitucionalidade português estamos no âmbito do DC
Particular, mas se estudarmos os sistemas de fiscalização em geral, e aí enquadrarmos o
nosso, estamos a fazer um estudo de DC Geral.

2.3. Direito Constitucional Comparado


O DC Comparado faz uma descrição dos vários sistemas constitucionais positivos,
tentando captar os seus aspectos característicos e, assim, fornecer contributos para o DC
Geral. A comparação pode ser simultânea e diz-se sincrónica ou sucessiva e diacrónica.

3. Noção de Ciência Política


A CP trata-se de uma ciência que procura estudar, ordenar, sistematizar e dar a
conhecer a realidade politica, os fenómenos políticos. Hoje em dia, entende-se por
fenómeno político todo aquele que pressupõe uma relação de poder, uma relação entre
governante e governado. A ciência politica é uma ciência meramente descritiva, não
normativa.
3.1. Sobreposição da Ciência Política e do Direito Constitucional
O DC é o direito da Constituição. Esta vai normativizar os fenómenos políticos.
Nesta perspectiva existe um âmbito de sobreposição entre a CP e o DC, uma vez que
ambos se dedicam aos fenómenos políticos.

3.2. Distinção entre Ciência Política e Direito Constitucional


Enquanto a CP tem um carácter descritivo e tem como objeto uma realidade
factual, o DC é formado por normas jurídicas e tem como objeto uma realidade normativa.
A CP estuda “como é”, o DC diz “como deve ser”. Pode dizer-se que a CP é
complementar do DC porque permite pesquisar aspectos que a simples consideração das
normas jurídicas não deixaria antever, assim como subsidiária porque ajuda o jurista a
compreender melhor as normas jurídicas.

4. Distinção entre o Direito Público e o Direito Privado


A divisão do direito em vários ramos tem como fundamento o reconhecimento da
existência de certos núcleos de normas com características singulares comuns, distintas
de outros núcleos ou ramos.
A primeira grande divisão do direito, não só pela sua importância e alcance mas
também pela distinção que tem, é a que distingue Direito Público e Direito Privado. O
DC inclui-se no Direito Público, como grande base da ordem jurídica estadual, do qual
derivam os restantes ramos do direito.

III Capítulo. Teoria da Constituição

1. Os Sentidos da Constituição

 O constitucionalismo e os sentidos de Constituição: sentido material e


sentido formal.
A constituição é um conjunto de normas jurídicas fundamentais que definem a
estrutura, os fins e as funções do Estado, a organização, a titularidade, o exercício e o
controlo do poder político, bem como a fiscalização do acatamento das normas
constitucionais.
Existem constituição pode ser considerada por duas perspectivas: uma material,
em que atende ao seu objeto ou ao seu conteúdo quando se delimita a matéria com
dignidade constitucional, e uma formal, em que se atende à posição das normas jurídicas
e ao modo como se articulam e se recortam no ordenamento jurídico, normalmente
inseridas num texto escrito elaborado por órgãos com poderes especiais, mediante um
processo próprio e onde constam os princípios fundamentais da ordem jurídica.
A constituição em sentido material abrange todas as normas que abordem matéria
com dignidade constitucional, já a constituição em sentido formal define-se como um
conjunto de normas qualificadas de constitucionais e revestidas e força jurídica superior
à de quaisquer outras normas. A constituição em sentido formal deve vincular-se à
Constituição em sentido material. Os países com constituição material são também países
com constituição formal (à excepção da Inglaterra).

 Requisitos de Existência de uma Constituição Formal


As normas constitucionais formais são normas de fonte legal e que exigem um
processo específico de formação. Integram-se num conjunto sistemático, com uma
unidade e coerência própria dentro do ordenamento jurídico, estando no topo do direito
positivo do Estado. Assim, gozam de um regime imposto por tais características, que se
manifesta na sua interpretação, integração, aplicação e na sua garantia.
A constituição em sentido formal conta com 3 requisitos:
 Intencionalidade própria na sua formação: ou seja, as normas
formalmente constitucionais são criadas com a intenção de serem
constitucionais, de acordo com um processo específico de formação.
 Sistematização própria: isto é, as normas integram-se num conjunto
sistemático com unidade e coerência próprias, dentro da unidade e
coerência geral do ordenamento jurídico, estando colocadas no topo desse
mesmo ordenamento.
 Força jurídica superior: ou seja, as normas gozam de um estatuto ou
regime imposto por determinadas características e pela função que
exercem.

 Constituição Formal vs Constituição Instrumental


Constituição em sentido instrumental é o documento onde se depositam normas
que foram criadas com a intenção de serem constitucionais e terem um valor jurídico
superior. Este sentido só é relevante quando relacionado com o sentido formal. O papel
deste é dar a conhecer a constituição em sentido formal. A constituição em sentido
instrumental depende pois da existência de uma constituição formal, mas sem com ela se
confundir forçosamente.
As normas formalmente constitucionais podem, em relação à constituição em
sentido instrumental, surgir de quatro maneiras, relacionando conceitos:

 Podem constar de um só texto chamado Constituição- sendo esta a


hipótese mais vulgar.
 Podem constar de um pluralidade de textos ou documentos elaborados
(simultaneamente ou sucessivamente) como constitucionais- é a hipótese
de se fazerem várias constituições em vez de uma só.
 Podem constar de um texto chamado Constituição e de textos
posteriormente elaborados como constitucionais, formando todos uma
unidade.
 Podem constar de um texto chamado Constituição e de textos anteriores
mantidos ou elevados por normas consignadas, nesse mesmo texto, à
categoria de constitucionais- hipótese da existência de uma constituição,
juntamente com leis em harmonia com preceitos nela expressos que
assumem a forma de leis constitucionais.

Nesta última hipótese torna-se evidente a noção de noção de Constituição


instrumental a juntar à Constituição formal. Esta relação entre a constituição e certas leis
que por virtude dela adquirem estatuto de leis formalmente constitucionais designa-se por
relação de receção. Esta pode ser formal ou material.
 A relação de receção formal pressupõe a conservação da força jurídica
originária dos princípios ou preceitos, acarretando a sua interpretação,
integração e aplicação nos mesmos termos da sua situação de origem;
 A relação de receção material reduz-se a uma técnica de preenchimento de
espaços de regulamentação jurídica. As normas recebidas são incorporadas
como normas do sistema que as recebe e com o espírito que a este preside, a
sua vigência, interpretação e integração, ficam dependentes de outras normas
do novo sistema.

2. A Aplicação destes Conceitos à realidade Constitucional


Portuguesa

 A Importância da Existência de uma Constituição Formal


A distinção entre a constituição em sentido formal e a constituição em sentido
instrumental, no caso português é importante, uma vez que o atual direito constitucional
português recebeu as leis nº 8,16 e 18/75 e 1/76 como leis formalmente constitucionais -
uma receçao material; e a declaração Universal dos direito do Homem - receção formal.
Uma e outras farão parte da constituição em sentido formal embora não da constituição
instrumental.
Estas leis, como formalmente constitucionais estão sujeitas ao mesmo estatuto,
deveriam ser revistas aquando a constituição e geram inconstitucionalidade, se violadas.

 A distinção entre constituição formal e o conceito mais amplo de


constituição material
As normas materialmente constitucionais não cabem todas na constituição formal.
Os dois conceitos podem ser ou não coincidentes, assim a constituição em sentido
formal seria desde logo constituição material, ou seja, em regra as normas formalmente
constitucionais são-no também materialmente, porque a primeira serve de sinal e garantia
da constituição material que lhe subjaz. A forma não pode valer por si só, vale enquanto
se reporta a certa substância. As normas inseridas no texto qualificado de constituição e
formalmente constitucionais serão constitucionais do ponto de vista material ao visarem
matérias com dignidade constitucional.
Para o positivismo a Constituição material será o conjunto de normas inseridas no
texto constitucional, única e exclusivamente o conteúdo jurídico destacado da realidade
constitucional e plasmado no texto constitucional
3. Classificação das Constituições:

 Constituição escrita e constituição mista


Uma distinção possível é a que distingue sistemas essencialmente
consuetudinários, semi-consuetudinários e subsidiariamente consuetudinárias, ou seja,
entre constituição consuetudinária, nascida do costume, escrita ou mista.
Esta distinção é feita tendo em conta o papel que as normas escritas e o costume
desempenham no sistema constitucional e assim, de acordo com esse critério as
constituições mistas, são aquelas em que as normas escritas e o costume estão no mesmo
plano e papel. Não há distinção. O principal exemplo de constituição mista é o caso da
Grã-Bretanha onde a vida constitucional é regulada por várias fontes de direito que têm
todas o mesmo valor e independentemente da existência das normas escritas. Assim as
fontes de direito constitucionais na Grã-Bretanha são as seguintes:
 Custom: Prática social da qual resulta uma norma que é obrigatória e
aplicada nos tribunais e têm associada uma sanção;
 Statutes: Atos legislativos praticados no momento que contém normas
jurídicas e que em alguns casos regulam matéria com dignidade
constitucional. As normas têm todas o mesmo valor;
 Precedentes Judiciais: são as decisões dos tribunais que vão aplicar as
normas e que têm valor obrigatório para os restantes tribunais quando
existam casos análogos.
 Conventions: Práticas sociais que se repetem ao longo do tempo e que
também se tornam obrigatórios mas são diferentes do custom porque não
são passíveis de sanção.

O caráter essencialmente consuetudinário do sistema britânico deriva não só do


costum mas também do papel desempenhado pelas conventions.
Um sistema semi-consuetudinário é aquele em que o papel do costume é paralelo,
em certos domínios importantes, ao da lei constitucional.
Uma constituição escrita é aquela em que predominam as normas escritas e o papel
do costume é um papel meramente subsidiário. Este é o sistema que predomina na maior
parte dos estados e relativamente ao costume distinguem-se três tipos:
 Secundum leges: tem um conteúdo relacionado com uma norma
constitucional escrita1
 Praeter leges: abrange matérias que não estão reguladas por normas escritas
 Contre leges: tem um conteúdo contrário a normas constitucionais escritas

Só o costume praeter leges é que pode ser fonte de direito constitucional. O contre
leges não se aplica pois vai contra a norma e por isso é inconstitucional.

 Constituição flexível, rígida e semi-rígida


 Constituição flexível: é aquela que pode ser revista pelo mesmo processo adotado
para a elaboração de leis ordinárias
 Constituição rígida: é aquela que só pode ser modificada mediante um processo
específico, nela previsto e distinto do processo legislativo ordinário
 Constituição semi-rígida: é aquela em que certa parte pode ser revista por
processo análogo ao legislativo ordinário e noutra parte só mediante um processo
específico.

Esta classificação tem como critério o processo de revisão constitucional.


Entende-se que para a distinção entre constituição rígida e flexível há que ter em conta,
para além do processo de revisão, os limites apostos a esse processo pelas constituições.
Existem limites formais, circunstanciais, materiais e temporais.
Os limites formais podem dizer respeito ao órgão encarregado da revisão, sendo
então um órgão legislativo especial que tem por base o órgão legislativo ordinário embora
o ultrapasse.
Os limites circunstanciais resultam da verificação de situações de perturbação da
ordem política ou social, não visam propriamente assegurar a permanência da
constituição, mas antes impedir que essa situação de perturbação vá coagir os
encarregados da revisão constitucional.
Os limites temporais e materiais visam assegurar a permanência da constituição.
Entende-se assim que se deve ter em linha de conta a existência de limites formais,
temporais e materiais para a distinção entre constituição rígida e flexível.
Uma revisão constitucional total só é possível quando a constituição o preveja
expressamente, porque de outra forma há uma rutura na ordem constitucional, já que o
poder de revisão está subordinado ao poder constituinte originário. Pode-se falar em
revisão formal, quando se cria um novo texto e revisão material quando se alter a
principiologia.

 Constituição Normativa, Nominal e semântica


Esta classificação é feita com base no critério ontológico proposto por Karl
Lowenstein. Este critério significa a concordância entre as normas constitucionais e a
realidade do processo político isto porque segundo o autor, nenhuma constituição
funciona por ela própria mas antes é aquilo que os detentores do poder fazem dela na
prática e por isso ela tem que ser vivida/posta em prática.
Nesta perspetiva:
 Constituição Normativa: É quando as normas constitucionais dominam o
processo político ou em que o processo do poder se adapta Às normas
constitucionais e submete-se a ela. Assim as normas constitucionais funcionam
como meio de controle dos governantes e como proteção dos governados. Assim
é uma constituição válida porque limita o poder político. É eficaz porque protege
os direitos fundamentais dos cidadãos e tem uma realidade existencial esta é
também a classificação regra nos estados atuais ocidentais.
 Constituição Nominal: é válida mas ineficaz porque não se adapta à dinâmica do
processo político ou seja não tem uma realidade existencial pois não está adaptada
à sociedade. Existiram no período de descolonização mas como não conseguiram
aplicar-se foram modificados para serem normativas.
 Constituição Semânticas: São válidas nas eficazes ou seja são aquelas
constituições que visam apenas formalizar a situação do poder político em
benefício dos detentores do poder e como tal não têm em vista a fixação e o
controlo do poder, nem os direitos dos cidadãos e por isso são inválidos mas
eficazes pois são impostas aos cidadãos. São ligados aos regimes ditatoriais.

 Constituição utilitária e ideológico-programática


 A constituição utilitária tem como base um critério meramente cronológico pois
correspondem ao primeiro tipo de constituições que seguiram em termos
históricos e portanto o seu conteúdo é ainda restrito ou seja preocupava-se
fundamentalmente com a organização do poder político e os direitos fundamentais
do cidadão
 As constituições ideológico-programático: surgem no século XX e já têm o
conteúdo muito mais amplo, têm já uma ideologia inerente à constituição. Já
definem objetivos económicos e sociais e estabelece a Constituição económica do
Estado. Cega a configurar-se como um programa genérico do governo.

Esta distinção tem pouco relevo pois a maior parte das constituições
contemporâneas são programáticas, com maior ou menor grau ideológico. E por outro
lado, mesmo as constituições liberais ainda vigentes não são rigorosamente neutras, está-
lhes sempre implícita certa ideologia.

 Constituições dos estados capitalistas e constituições dos estados


socialistas
Uma outra classificação atende a uma faceta do conteúdo das constituições: o
sistema económico vigente, tendo por conceito-base a constituição económica, como
conjunto de preceitos que definem um dado sistema económico e que instituem uma certa
forma de organização e funcionamento da economia. Só de acordo com este critério é
possível integrar a Constituição no sistema social e económico de que faz parte e
possibilita a compreensão das funções da constituição de acordo com o sistema
socioeconómico.
Dentro das constituições capitalistas existem vários tipos:
 Constituições liberais: Foram as primeiras e caracterizam-se pela enunciação de
direitos, liberdades e garantias e organização do poder político com uma
separação de poderes. Porém, dada a preocupação de controlar e limitar o poder
político, estas constituições ocuparam-se sobretudo com a parte organizatória,
notando-se uma carência de princípios ideológicos-programáticos.
 Constituições sociais-democratas: Caracterizam-se por valorizar a parte
ideológica-programática, não se limitando à parte organizatória. Visam não só a
ordem estadual mas também a ordem social, cabe aos entes públicos intervir para
conformar uma sociedade desigualitária. Quanto aos direitos fundamentais,
recolhem os chamados direitos negativos e ao mesmo tempo dão atenção aos
direitos positivos, direitos sociais e económicos que postulam uma certa atividade
por parte do estado. Refletem a evolução do estado parlamentar para o chamado
estado administrativo, de que é expressão a técnica dos decretos-leis e
autorizações legislativas e o domínio reservado dos regulamentos.
 Constituições autoritárias: surgiram com a crise liberal e as ideologias
autoritárias fascistas. Engrandecem o poder executivo ou do governo e conforma
as liberdades públicas, com intervenção do estado na economia, consagrando a
separação de poderes embora com uma prática de concentração.
 Constituições Compromissórias: São por vezes reconduzidas às constituições
sociais-democratas. Enquanto as constituições sociais-democratas quando não
elaboradas em época de capitalismo estabilizado, refletem a dominância da classe
burguesa no conjunto e de algumas frações de classe em particular. As
constituições compromissórias resultam de um compromisso entre forças
políticas heterogéneas, portadoras de interesses diferentes. Forças que tentam
veicular a sua ideologia no texto constitucional, daí resultando uma ordem
constitucional com uma justaposição de modelos políticos diferentes e por vezes
antagónicas. Numa classificação que atenda à homogeneidade do conteúdo da
constituição, opõem-se às constituições simples, que podem reconduzir-se a um
só princípio enquanto estas aglutinam princípios de natureza real ou
potencialmente diversa ou oposta, ainda que algum dos princípios acabe por
prevalecer ou tenha que ser entendido como base da subsistência de todos os
demais no seu conjunto.
 As constituições do terceiro mundo: Não possuem caráteres específicos
suficientes para se considerarem como outro tipo de constituições. As
constituições destes estados acompanharam a evolução sociopolítica e
aproximam-se dos outros modelos referidos.

 Constituições estatuárias e constituições programáticas:


As constituições estatuárias ou orgânicas são as que se ocupam sobretudo
do estatuto dos órgãos do poder político, dos seus órgãos e da participação política
dos cidadãos, limitam-se a traçar as regras do processo político sem atender à parte
económica, social e cultural. Semelhante a esta noção é a classificação de constituição
garantia, que se dedica sobretudo aos direitos fundamentais e garantias institucionais
da vida social e aos princípios de limitação e alternância do poder.
As constituições programáticas ou doutrinais para além da organização
política estabelecem diretrizes, programas e metas para a ação do estado no domínio
económico, social e cultural. A estas corresponde essencialmente uma outra
classificação de constituições prospetivas.
Esta distinção deve ser entendida em termos relativos, visto que não coincide
com a distinção entre Constituição Política e constituição social.

4. Classificação das normas constitucionais


Normas precetivas e normas programáticas tendo em conta a eficácia, a nível da
realidade constitucional, podemos distinguir entre:

 As normas constitucionais precetivas: são normas de aplicação direta, não


estando a sua eficácia dependente de condições institucionais ou de facto,
vinculando todos os sujeitos de direito, incluindo o legislador ordinário.
 As normas constitucionais programáticas: abundam nas constituições
programáticas e são normas de aplicação diferida, dirigem-se a certos fins e as
transformações não só da ordem jurídica mas também de estruturas sociais,
dirigem-se a todos os órgãos do poder que devem tomar as medidas necessárias
para as efetivar.

Normas exequíveis e normas não exequíveis por si mesmas: aqui encontramos o


critério distintivo nas próprias normas, na completude ou incompletude destas.

 As normas constitucionais exequíveis: são aplicáveis por si só, sem necessidade


de lei que as complementem.
 As normas constitucionais não exequíveis: por si mesmas são carecidas de
normas legislativas que as tornem plenamente aplicáveis da via.

Todas as normas exequíveis por si mesmas podem considerar-se precetivas, mas


nem todas as normas precetivas são exequíveis por si mesmas.
Convém também frisar que entre as normas precetivas e programáticas, bem como
na outra classificação, não há uma diferença de natureza ou de valor. Umas e outras são
normas jurídicas e constitucionais, as diferenças assinaladas são de estrtura e projeção da
norma no ordenamento.
A força jurídica das normas programáticas traduzem-se em:
 Determinam a inconstitucionalidade de normas anteriores que disponham em
contrário;
 Possuem um sentido proibitivo duplo: proíbem a emissão de normas legais
contrárias, e a prática de atos que tendam a impedir a produção de atos por elas
impostos.
 Não podem ser invocadas em tribunal pelo cidadão, uma vez que não se lhes
dirigem, nem regulamentam relações entre os particulares antes de destinam aos
órgãos do poder, não podem fazer valer direitos com base nestas normas antes de
serem concretizadas.

Capítulo IV. O Poder Constituinte

1. O Poder Constituinte

 Definição e espécies
Em sentido amplo abrange a faculdade de criar as normas constitucionais, quer
escritas ou não escritas.
Em sentido restrito é a possibilidade de criar normas constitucionais escritas que
vão criar a trave mestra do ordenamento jurídico do Estado.
Como temos um sistema estrito falamos sempre em criar normas constitucionais
escritas. Neste sentido o poder constituinte é o poder mais elevado do estado uma vez que
é através dele que a soberania do estado se realiza plenamente, uma vez que o órgão que
o vai exercer vai determinar uma opção global para o futuro no que diz respeito a toda
organização do estado.
O poder constituinte tem duas espécies: Originário e Derivado
 Originário: Vai criar uma constituição de novo para um estado que nunca a teve
ou deixou de ter em virtude de uma desagregação social, por essa razão é lógica e
cronologicamente anterior à constituição.
 Derivada: Possibilidade de alterar uma constituição já existente para corrigir
imperfeições para integrar lacunas ou adaptá-la à evolução da sociedade.
 Revisão: Contrariamente ao anterior este só pode ser exercido nos termos
previstos pela própria constituição. Por essa razão entende-se que só em sentido
impróprio se pode chamar poder constituinte porque ele é um poder constituído
como os outros poderes que são criadas pela constituição.

 A Natureza do Poder originário: é um poder jurídico ou um simples


poder de facto?
O poder constituinte originário só se exerce quando há uma rutura na ordem
constitucional ou um golpe de estado, a não ser que a constituição admita a revisão total,
ou seja, não estabeleça limites. Quanto ao Estados novos, aí o poder constituinte
originário vai exercer-se pela primeira vez e como tal não há rutura na ordem
constitucional. Nesta perspetiva temos duas teses de natureza constituinte originária:
Positivistas (Kelson): Que entendem que as revoluções são atos contrários ao
direito uma vez que o poder constituinte vai necessariamente ser exercido pelos mais
fortes e como tal será uma manifestação de força. A revolução é concebida como um
fenómeno fora do direito de modo que os próprios atos preparatórios da constituição serão
pré-jurídicos pois o direito só nasce com a constituição. Portanto o poder constituinte
poderá ser legítimo com a ideologia que inspirou a revolução mas não será legal e assim
será sempre um poder de facto.
Contemporânea: As revoluções não são propriamente contrárias ao direito.
Podem ser é contrárias ao direito instituído mas são reguladas pela sua própria ideia de
direito e pretendem substituir a ideia de direito em vigor e instituir a da revolução e por
essa razão entende-se que ele não é um poder de facto mas sim um poder jurídico.

 Características do poder Constituinte Originário


O primeiro teorizador foi Siéyès. Para este, o poder constituinte residia no povo
ou na nação e por isso todos os poderes criados pela constituição seriam uma emanação
da vontade do povo ou da nação, que delegava o seu poder na assembleia constituinte.
Assim teria três características essenciais:
 Inicial: Pois antes dele não existia qualquer outro poder que lhe servisse de
fundamento
 Autónomo: Porque era independente. Ele é que decide se como e quando elaborar
a constituição
 Omnipotente: Não estaria sujeito a quaisquer limites nem de forma nem de
substância.

O entendimento mudou e desde dessa altura ele é realmente inicial, autónomo mas
não é omnipotente porque em todas as sociedades existe um conjunto de ordens ou valores
anteriores à constituição que constituem um pilar da civilização.

 Poder Constituinte Formal e Poder Constituinte Material


 Poder constituinte formal é o poder de elaborar normas constitucionais escritas,
de criar um complexo normativo ao qual se atribui a força da constituição.
 Poder constituinte material é a faculdade de selecionar de entre as normas
constitucionais as que devem também sê-lo de um ponto de vista formal.

O poder constituinte originário está sujeito não só a limites formais como a limites
materiais. Tem limites quanto à validade, ou seja tem que respeitar uma ordem de valores
anteriores à constituição e que são os pilares morais da própria civilização, que resultam
desta e não da natureza humana como pretendiam os neojusnaturalistas.

 Titularidade do Poder constituinte


A questão da titularidade do poder constituinte é indissociável da questão do titular
da soberania, e soberano é o poder que cria o direito.

Antes da idade média não se colocou a questão da titularidade do poder. No


entanto, nas monarquias teocráticas dos faraós, de Grécia e Roma, há uma alusão já à
origem divina do poder, uma vez que o rei é considerado descendente dos deuses e
portanto ele é um deus.
Teoria do direito divino: Com o período medieval houve uma mudança da
ideia pois este período foi dominado pelo cristianismo e passou a entender-se que o poder
residia em Deus que tinha como representante o Papa e que delegava o poder no rei. Nessa
altura o Monarca era sagrado pelo papa e assim surgiram as teorias do direito divino.
Temos assim:

 Teoria do Direito divino sobrenatural (ou de legitimidade carismática):


Os governantes são diretamente escolhidos por Deus, governam “pela graça
de deus”. O poder será assim um dom divino concedido a certas pessoas, dado
possuírem um certo carisma. O que revelaria a escolha divina de um indivíduo
seria por exemplo o seu aparecimento em circunstâncias difíceis e salvando o
povo de dificuldades existentes, outras vezes a participação em milagres.
 Teoria do Direito Divino Providencial: Deus ao criar o mundo teria criado
leis que o hão-de governar e só excepcionalmente intervém para modificar
essas leis. O poder vem de Deus para a sociedade que depois o confia aos
governantes. Essa ordem providencial que regula a harmonia das coisas e
atende às necessidades dos homens regeria também a designação dos
governantes.

Teorias Contratualistas
Entretanto na idade média tornou-se corrente a ideia de que a fonte do poder
temporal era o povo. O fundamento da autoridade política residia num contexto de
submissão pelo qual o povo voluntariamente instituía um poder que o regesse. Era o surgir
das doutrinas contratualistas, do pactum subjectonis.

 Teoria do poder popular alienável: segundo esta teoria o povo detém o


poder e transfere-o para o monarca através de um pacto de sujeição. Essa
transferência pode ser definitiva e irrevogável passando o governante a
exercer o poder por direito próprio ficando superior ao povo. Chegava-se
assim às monarquias absolutas.
 Teoria do poder popular inalienável: O povo limita-se a transferir o uso
ou exercício do poder mas reserva para si a raiz do poder e por isso
mantém-se superior ao monarca e pode destitui-lo. Esta teoria justificou os
casos históricos de revolta contra os monarcas e em alguns casos a morte.
Vigorou no século XVI, XVII, XVIII.

Teorias Monocráticas do despotismo iluminado (século XVIII ligadas ao


estado de polícia)
Por força do iluminismo começou a fazer-se a apologia de governos minoritários.
As massas populares seriam incultas e ignorantes, vivendo naquilo que se chama
obscurantismo, daí que não poderiam participar no governo já que a sua ação seria nefasta
aos seus próprios interesses. Assim o poder caberia à minoria esclarecida, detentora da
moderna cultura e capaz de implantar as reformas exigidas pelo progresso da ciência.
Assim esta doutrina favoreceu o poder absoluto dos monarcas uma vez que se pensava
que o ideal seria o despotismo esclarecido, ou seja, o poder ilimitado de um soberano
posto ao serviço da razão e da ciência.

Democracia Liberal: tem por fundamento essencial a liberdade individual à


qual é dado um conteúdo preciso. A liberdade individual é concebida como a zona de
autonomia do indivíduo perante o Estado. O estado deve limitar-se a um papel geral e
restrito – assegurar a paz e a ordem pública. O poder político deve ser organizado de
modo a não atentar contra a autonomia individual.
Teoria da Soberania Nacional: O titular da soberania é a nação como uma
entidade abstrata distinta do conjunto dos cidadãos. Assim temos como consequências:
I. A teoria do mandato representativo: se a soberania cabe à nação, e esta é uma
entidade abrstrata, deve exercer o poder através de representantes, mas que
representam toda a nação e não aqueles que os elegeram.
II. A teoria do eleitorado-função; a soberania pertence à nação que é uma entidade
abstrata, como tal é necessário que os eleitores designem representantes, mas o
que importa é que sejam designados os órgãos e não a forma como se delega.
Assim os eleitores não exercem um direito mas antes uma função: eles exprimem
a vontade nacional. Essa função pode ser exercida por uma parte apenas dos
cidadãos - sufrágio restrito. A nação pode atribuir tal função apenas àqueles que
acha mais dignos de a representar, tornando-o: Capacitário ( o direito de voto cabe
apenas aos que tem certo grau de instrução) ou Censitário (só podem votar aqueles
que pagam certos impostos).
III. O mandato representativo: conduz à irresponsabilidade dos representantes. Eles
não podem receber mandatos precisos, não podem ser diretamente controlados
pelos eleitores, não podem assim ser desalojados dos cargos que ocupam. O
mandato é irrevogável.

Teoria da Soberania Popular


A democracia tem como fundamento o contrato social. Todos os cidadãos são
iguais, cada um aliena os seus direitos a favor da sociedade e participam assim igualmente
na vontade geral, e mesmo os que não participam devem submeter-se. Temos assim a
teoria da soberania popular, segundo a qual o poder cabe ao povo, cabendo a cada
elemento uma parcela de soberania.
Assim como consequências temos:
1º O povo titular da soberania exercerá o poder segundo formas de democracia
direta. Em caso de impossibilidade o poder poderá ser confiado a representantes que
devem ser eleitos por sufrágio universal, sendo responsáveis perante o povo que
representam e podendo ser destituídos do cargo que ocupam - mandato imperativo –
porque têm de cumprir tarefas impostas pelo eleitorado e revogável.
2º Como cada cidadão é titular de uma fração de soberania, deve eleger os seus
representantes. É a teoria do eleitorado direito, que leva ao sufrágio universal, em que
todos os cidadãos gozam do direito de voto. O sufrágio universal pode contudo ser
desigualitário, assim:
-com o voto múltiplo os eleitores podem votar em várias circunstâncias;
-O voto plural confere a certos eleitores vários votos geralmente em função da
fortuna;
-O voto familiar confere ao chefe de família um número de votos proporcional ao
tamanho da família.
3ºO poder político encontrando as suas origens no povo e sendo exercido pelo
povo não há necessidade de limitações porque ele nunca será despótico.

Teoria da soberania do Estado


Foi teorizado no século XIX, na Alemanha, no positivismo normativo.
Sendo o povo um simples elemento do estado, este é que é o titular do poder
soberano, não fazendo sentido falar do povo como seu titular, porque este não tem razão
de ser antes do Estado e da Constituição. O Estado é uma entidade autónoma, não depende
da vontade dos homens.

Teoria Marxista
Na tese da soberania popular marxista, o poder constituinte cabe aos detentores
dos meios de produção, que formam a classe dominante, do ponto de vista económico.
Insere-se nas teorias do governo minoritário para as quais o titular do poder constituinte
é uma minoria de cidadãos definida por critérios de natureza ideológica, intelectual,
económica ou social.

Na Constituição Portuguesa Atual


Só o povo real- concebido como comunidade aberta de sujeitos constituintes que
entre si “contratualizam”, “pactuam” e consentem o modo de governo da cidade – têm o
poder de disposição e conformação da ordem político-social.
A constituição de 1976 consagra fundamentalmente a tese da teoria da soberania
popular, no entanto, contém também elementos próprios da soberania nacional. Assim
como elementos da soberania popular encontramos o disposto nos artigos seguintes:
 Artigo 1º, a menção à vontade popular
 Artigo 2º, a soberania popular
 Artigo 3º, refere que a soberania reside no povo
 Artigo 108º, que a soberania pertence ao povo
 Artigo 10º consagra o sufrágio universal
 Artigo 115º apresenta resquícios de democracia direta.
 Artigo 114º consagra o sistema representativo
 Artigo 152º nç2, um mandato não imperativo e irrevogável

Formas de Exercício do Poder Constituinte


As formas de exercício do poder constituinte são condicionadas pelas estruturas
económicas, políticas e sociais dominantes em casa sociedade e em cada momento
histórico. Temos fundamentalmente três formas de exercício:

 Democrática: o povo exerce o poder intervindo diretamente ou


indiretamente na feitura da constituição;
 Ditatorial ou autocrática: o poder é exercido por um indivíduo ou por um
grupo de indivíduos;
 Mista ou pactuada: em que a constituição resulta de acordo ou pacto entre
o monarca e o povo (ou seus representantes).
Esta distinção é feita de acordo com 2 elementos:
 entidade competente para o exercício do poder constituinte.
 existência ou não de expressão popular.

A Forma Democrática pode ser…


Representativa: o poder constituinte cabe ao povo que elege os seus representantes que
reunidos em assembleia vão elaborar a constituição.
Direta: o texto constitucional é elaborado por uma assembleia formada por todos os
cidadãos eleitores, pelo povo sem mediação de quaisquer representantes.
Semidireta ou referendária: O texto constitucional é elaborado por um órgão eleito e
em seguida submetido à aprovação popular.

A teoria da soberania nacional conduz logicamente à democracia representativa. Embora


não exclua a possibilidade de governo representativo está mais próxima da democracia direta ou
semidireta.

A Forma Ditatorial pode ser…


Monocrática: quando o poder é exercido por um só indivíduo: Monárquico
(quando é o monarca que dá ou outorga uma constituição à Nação).
Bonapartista: quando esse indivíduo é um ditador que elabora a constituição em
nome do povo.
Autocrática: quando o poder é exercido por um grupo de indivíduos, por um
governo de facto ou revolucionário e que o podem fazer a título próprio ou em nome do
povo, invocando o princípio democrático.

A Forma Mista pode ser…


Plebiscito: misto de bonopartismo e democracia. A constituição é elaborada por
um indivíduo e submetido a aprovação popular.
Constituições Pactuadas: Misto de democracia e monarquia. A constituição
resulta de um acordo entre a Assembleia representativa e o monarca. Também é possível
o acordo ocorrer entre o monarca e uma autoridade não monárquica ou entre o povo e
uma autoridade não monárquica ou revolucionária.
As hetero-constituições são aquelas que são elaboradas fora do Estado em que vão
vigorar. A partir do momento em que estes estados se convertam em soberanos a sua
validade passa a fundar-se no poder constitucional local.

Conteúdo do exercício do poder constituinte


As constituições nascidas de uma forma democrática de exercício do poder
constituinte têm um conteúdo democrático. As constituições nascidas de uma forma
ditatorial de exercício do poder constituinte podem ter um conteúdo ditatorial
(bonapartista) ou democrático.
Resumos de Direito Constitucional – 2º mini teste

1. O poder constituinte derivado.

O poder constituinte derivado ou poder de revisão terá de se mover


dentro dos quadros constitucionais e é uma faculdade concedida pela
constituição, decorre dela. Como tal, é um poder constituído, tal como são todos
os restantes poderes criados pelo poder constituinte originário: o legislativo, o
executivo e o judicial. É o poder de rever a constituição existente para corrigir
imperfeições ou colmatar lacunas ou para a adaptar à evolução da sociedade.

1.1. Limites de revisão constitucional.


O que caracteriza a rigidez de uma constituição é a oposição de limites
formais, temporais ou materiais ao processo de revisão. Parece que atualmente
todas as constituições admitem o poder constituinte derivado. Em geral,
regulam-no expressamente em moldes de rigidez ou flexibilidade.
a) Limites formais ao poder de revisão:
Podem dizer respeito a:
 O órgão competente para exercer a iniciativa de revisão:
Iniciativa do parlamento, nos sistemas de governo com primado do
parlamento;
Iniciativa do executivo, nos sistemas de governo com primado do
executivo;
Iniciativa partilhada entre o parlamento, o governo e outros órgãos de
soberania, nos sistemas semipresidenciais;
Iniciativa popular.

 O órgão competente para aprovar a lei de revisão:


Órgão especial, isto é, eleito pelos cidadãos para a tarefa de revisão;
Pode ser o próprio órgão legislativo ordinário, ou seja, o parlamento,
quando assim acontece a constituição normalmente estabelece alguns
requisitos, como por exemplo: exigir que o texto criado pelo parlamento seja
submetido à aprovação popular através do referendo; ou pode ainda exigir que
os membros do parlamento sejam renovados através das eleições.

 As maiorias necessárias para aprovação da lei de revisão:


Como está em causa alterar a lei fundamental do estado, entende-se que
essas alterações, tem de ser aprovadas por uma maioria dos representantes do
povo, que não deixe qualquer dúvida de que há um consenso entre eles.

b) Limites temporais ao poder de revisão:


Como se vai alterar a lei fundamental do estado, lei essa que é
fundamento de todo o ordenamento jurídica não se pode alterá-la a todo o
momento, uma vez que isso teria implicações em todo o ordenamento jurídico.
Há que assegurar uma estabilidade constitucional, e por essa razão fixa-
se a obrigatoriedade de decorrer um período de tempo para se efetuar a revisão
constitucional e nisso traduz-se os limites temporais. Existe constituições mais
rígidas e por isso não admitem uma antecipação desse período, outras menos
rígidas permitem antecipação desde que preenchidos determinados requisitos,
que eles próprios estabelecem.

c) Limites circunstanciais ao poder de revisão:


A história ensina-nos que existem determinadas circunstâncias que
podem impor alterações à constituição, mas feitas de uma forma não
democrática e por essa razão as constituições num modo geral não permitem
que se exerça o poder de revisão em períodos de perturbação da ordem política
ou social, por se entender que nesses períodos que o órgão encarregado da
revisão pode não ter a liberdade necessária para o efetuar, pode ser coagido.

d) Limites materiais ao poder de revisão:

Traduz-se na existência de um conjunto de matérias que pela sua


natureza ou por determinação constitucional são considerados como núcleo
essencial da constituição e por isso não podem ser objeto de revisão
constitucional. Estes limites materiais podem funcionar como limites inferiores ou
superiores.
Inferiores: Impedem que através da revisão constitucional sejam inseridas
novas matérias na constituição. Neste caso funcionam como limite à
constitucionalização.
Superiores: Quando impedem que através da revisão constitucional sejam
retirados determinadas matérias. Neste caso são um limite à
desconstitucionalização.
Depois os limites materiais quanto à sua natureza podem ser:
1. Expressos, quando a constituição expressamente indica um conjunto de
matérias que considera com núcleo essencial e por isso não podem ser
objeto de revisão constitucional.
2. Implícitos, quando não está expressamente indicado, mas decorrem das
normas constitucionais.

Quanto ao seu âmbito podem ser:


 Princípios gerais e neste caso eles não impedem alterações de normas
concretas, desde que não se ponha em causa a essência desses
princípios.
 Normas concretas e neste caso impedem alterar as mesmas.

1.2. O poder de revisão constitucional na atual constituição portuguesa.


Da leitura dos artigos 284º ao 289º da constituição conclui-se que a nossa
constituição é do tipo rígido, pois exige para a sua modificação um processo
agravado em relação ao processo de formação das leis ordinárias. A rigidez
constitucional é um limite absoluto ao poder de revisão, assegurando, desta
forma, a relativa estabilidade da constituição.
A nossa constituição consagra todos os tipos de limites: formais; materiais;
temporais; circunstanciais.
Limites formais: Em Portugal a iniciativa da revisão constitucional cabe
exclusivamente aos deputados, só estes é que podem apresentar projetos da lei
de revisão constitucional (artigo 285º, nº1). Esta competência dos deputados
está prevista no artigo 156º, alínea A.
No artigo 285º, nº2 diz que apresentado 1 projeto de revisão por
deputados, se outros deputados também quiserem apresentar tem 30 dias para
o fazer. Apresentado pelo órgão competente para analisar e aprovar esse
projeto: assembleia da república, artigo 161, A.
De acordo com o artigo 166º, nº1, o ato é da assembleia da república. A
aprovação é feita com a forma de lei constitucional.
A assembleia da república tem uma limitação relativa à maioria. É
necessário 2/3 (53) deputados em efetividade de funções, artigos 286º, nº1.
(Aparte: Número de deputados da assembleia da república: no mínimo
180 e no máximo 230 – artigo 147º e 148º tendo-se que aprovar pelo menos 153
deputados.)
O artigo 286º, nº2 acrescenta mais limites formais que é as alterações
constarem da mesma lei de revisão. O artigo 287º diz que o novo texto da
constituição é publicado juntamente com as alterações.
Limites temporais: Exige que decorra um determinado período de tempo
para que se possa fazer a revisão. Este período está previsto no artigo 284, nº1
– 5 anos – a partir da data de publicação da última lei de revisão ordinária.
A nossa constituição permite que este prazo seja antecipado, ou seja,
revisões extraordinárias (artigo 284º, nº2). Podem ser feitos a qualquer
momento. É preciso que a antecipação da revisão seja aprovada na assembleia
por maioria de 4/5 (184) de deputados em efetividade de funções.
Há uma resolução de antecipação, e se for aprovada é que vão apresentar
os projetos, ser discutidos, …
1º revisão – ordinária
1989- ordinária
1992 – extraordinária
1997- ordinária
2001- extraordinária
2004- ordinária (5 anos desde a última ordinária)
2005- extraordinária

Limites circunstanciais:
Artigo 289º - Não podem ser declaradas revisão constitucional no estado
de sítio ou de emergência. O estado de sítio ou de emergência só pode ser
declarado pelo presidente (artigo 184º,D) para esse efeito (artigo 138º) o
presidente tem de ouvir o governo (artigo 197º,F) e obter autorização da
Assembleia da república (artigo 162º, B). As condições para declarar estão
previstas no artigo 19º.
O estado de emergência é menos grave do que de sítio. Só podem ser
declarados no prazo de 15 dias embora possa revoga-la caso não se tenha
atingido a normalidade. (artigo 19º, nº5).

Limites materiais:

É igual em qualquer constituição;


Artigo 288º da constituição;
Funciona como limites superiores, o que significa que estas matérias não
podem ser objeto de revisão; eles funcionam como limite à
desconstitucionalização. Pode sempre inserir novas matérias na constituição.
Quanto ao seu âmbito eles referem-se a princípios gerais e não a normas
concretas, sendo possível alterar as normas desde que não violem os princípios
gerais.
Quanto à sua natureza estes são limites expressos – o artigo 288º indica
um conjunto de matérias que são um núcleo da nossa constituição, não podendo
ser objeto de revisão. No entanto, para além de todos os limites expressos,
entende-se que existe também limites implícitos, que decorrem do próprio texto
das normas constitucionais. Esses são o principio da integridade do território,
que resulta da conjugação dos artigos 5º,6º e 288º alínea A e o principio da
irresponsabilidade dos juízes que resulta da conjugação dos artigos 203º e 288º
alínea M.
Relevância jurídica – Existem 3 teses sobre esta questão:
 Tese da irrelevância jurídica – Defende que tudo o que está na
constituição pode ser objeto de revisão. A soberania não pode ser
congelada num momento histórico, porque se assim fosse ter-se-ia que
recorrer a uma revolução ou golpe de estado, sempre que a constituição
se deixa de estar de acordo com a realidade.
 Tese da relevância jurídica absoluta – entende-se que os limites
materiais são absolutos e que alterá-los significa alterar a essência da
constituição. O poder de revisão está subordinado à própria constituição
e como tal as normas sobre os limites materiais funcionam como limite
superior e exterior e que tem de ser respeitadas. De outro modo, não se
está a proceder a uma revisão, mas a uma criação nova da constituição.
 Tese da relevância jurídica relativa/ tese de duplo processo de revisão
defendida pelo professor Jorge Miranda – esta tese entende que os
limites materiais têm uma relevância meramente relativa, ou seja, tem de
ser respeitada pelo processo de revisão, mas tem de ser alterado por
este. Exige uma dupla revisão. Numa 1º revisão temos de a respeitar e
apenas eliminá-la do artigo 288º. Numa 2º revisão já podemos alterar a
matéria porque já não consta no artigo 288º como limite material de
revisão.
Todas estas teses são defendidas pela doutrina. Das 3 teses a mais
correta juridicamente é a tese da relevância absoluta.
A revisão pode consistir na introdução de novas normas, conhecidas como
aditamento. Pode modificar 1 norma e diz-se que se faz uma substituição. E
ainda na eliminação da norma, dá-se o nome de supressão.
É logo inserida na constituição – artigo 287º, nº1.
De acordo com o artigo 286º, nº3 o presidente da república é obrigado a
promulgar a lei de revisão. Enquanto que em relação a qualquer lei ordinária o
Presidente pode optar ou não, na lei de revisão não pode usar o chamado direito
de veto por 3 razões:
 Entendeu-se que o presidente usaria esse direito sempre que a
constituição fosse limitar os seus poderes;
 Um dos vetos do presidente pode usar é o veto político que resulta de
uma apreciação global da lei, que não é possível;
 Não pode usar o veto jurídico porque a constituição não prevê a
fiscalização preventiva da constituição da lei de revisão – artigo 288º.
Tem de respeitar todo o processo e limites porque se assim não for ela
sofrerá de inconstitucionalidade.

2. Os fins do estado.
Os fins do estado são os objetivos que o estado visa atingir. Eles são
fundamentalmente três:
 Segurança;
 Justiça;
 O bem estar económico e social.

2.1. Caracterização e enumeração dos fins do estado.

a) O objetivo de segurança pode assumir um duplo significado:


 No sentido de segurança individual, cada cidadão deve saber com o que
pode contar dentro das fronteiras do estado. Nestes termos a segurança
pode confundir-se com certeza jurídica, isto é, cada cidadão deve ter a
certeza do que pode e deve fazer e estar certo de que caso alguém não
cumpra para com ele os deveres que a lei impõe, os órgãos do estado
estarão prontos a defendê-lo. No entanto, aqui a segurança surge mais
como segurança física e moral, segurança dos bens do indivíduo, da sua
integridade física e moral.
 No sentido de segurança coletiva, pressupõe a defesa da coletividade
face ao exterior.

b) A justiça é outro dos fins do estado. O estado deve proteger a


coletividade do arbítrio e da violência individual e satisfazer assim a ideia
de justiça. Esta ideia engloba também duas realidades distintas e que
são:
 A justiça comutativa, significa que o estado deve assegurar aos
indivíduos que, nas suas relações recíprocas, cada um receba o
equivalente aquilo que prestou a outrem. Deve garantir nas relações
entre os cidadãos a equivalência dos valores permutados.
 A justiça distributiva, significa que cada cidadão deve receber da
coletividade os proventos equivalentes à atividade produtiva que
desenvolve permanentemente ou o equivalente à situação social de
carência em que se encontra.

c) O bem- estar económico e social é o último objetivo. Neste sentido o


estado deve promover as condições de vida dos cidadãos, mediante
garantia de acesso a bens e serviços considerados fundamentais pela
coletividade, como bens económicos que permitam a elevação do nível
de vida de extratos sociais cada vez mais amplos e serviços essenciais.
Trata-se da prestação de serviços públicos.

2.2. Os fins do estado face à atual C.R.P.


Hoje, os objetivos de bem-estar económico e social e justiça estão
consubstanciados no artigo 9º, alínea D, que prevê como tarefa fundamental do
estado.
O objetivo da segurança coletiva objetiva-se na garantia da independência
nacional (artigo 9º, alínea a) , e a defesa da democracia política e dos direitos
fundamentais serão condição para a segurança individual (artigo 9º, alíneas b e
c).

3. As funções do estado.
As funções do estado serão as atividades levadas a cabo pelos órgãos do
poder político, com vista à realização dos objetivos consagrados na constituição.
Cada órgão realiza um conjunto de atos dependentes ou independentes de atos
de outros órgãos, mas tendo todos em vista a prossecução de fins comuns.
Apresentam duas características essenciais:
 Caráter específico e diferenciado;
 Caráter duradouro.

3.1. Os tipos de funções do estado.

Não é fácil distinguir as várias funções do estado. Segundo Marcelo


Caetano, têm sido utilizados três critérios para determinação das atividades que
correspondem às funções do estado:
 O critério material parte da análise do conteúdo dos diversos tipos de
atos ou dos resultados em que se traduz a atuação do estado para
chegar ao conceito de função;
 O critério formal atende às circunstâncias exteriores características das
atividades do estado diferenciando as funções consoante a forma
externa revestida pelo exercício de cada uma delas;
 O critério orgânico relaciona as funções com os órgãos que as
desempenham e as características desses órgãos ou da sua posição na
estrutura do poder político infere a especialidade das suas atividades.

3.2. As funções do estado face à atual C.R.P.


As funções do estado na atual constituição portuguesa estão atribuídas a
diferentes órgãos, mas num sentido de interdependência (Artigo 111º). As várias
funções devem ser atribuídas no essencial a um determinado órgão, mas
podendo ser também exercidas por outros, havendo um balanço ou controlo das
funções a fim de impedir um superpoder com a consequente possibilidade de
abusos e desvios.
A constituição portuguesa alude a funções políticas, a funções legislativas,
a funções administrativas e a funções jurisdicionais. A função política cabe ao
presidente da república, à assembleia da república, ao governo e a órgãos das
regiões autónomas; a função legislativa cabe à assembleia da república, com o
primado da competência legislativa, ao governo e às assembleias legislativas
das regiões autónomas; a função administrativa cabe ao governo, aos órgãos
das regiões autónomas e às autarquias locais; a função jurisdicional cabe aos
tribunais.

4. A função legislativa e a lei na C.R.P.


Já caracterizamos a função legislativa, segundo o critério material.
A função legislativa consiste na criação de direito, na “atividade dos órgãos
do estado que tem por objeto direito e imediato estatuir normas de caráter geral
e impessoal inovadoras da ordem jurídica”.

4.1. Lei em sentido formal e lei em sentido material.


Poderá haver coincidência entre lei formal e lei material, mas pode
também não haver; a forma de lei pode não corresponder a um conteúdo
normativo e reciprocamente pode haver regulamentos que podem constituir
materialmente uma lei.
A nossa constituição não tem consagrado o conceito de lei em sentido
material. A única referência que faz à lei em sentido material é o artigo 18º, nº3.
(Material – vai tomar em consideração o objeto das normas (matéria que as
normas regulam)).
Consagra ainda o sentido de lei formal (Formal – já não vamos ao
conteúdo, mas à posição que a norma constitucional tem dentro do ordenamento
jurídico.), limitando-se a indicar quais os atos que são considerados como lei em
sentido formal, quais os atos formalmente considerados como legislativos.
Consagra assim o principio da tipicidade dos atos legislativos, isto é, atos
legislativos são os indicados no artigo 112º, nº1, e apenas estes, de acordo com
o artigo 112º,nº6, e são:
 Leis, Decretos-leis e decretos legislativos regionais;
Os órgãos com competência legislativa são, respetivamente:
 A Assembleia da república (artigo 161º, alínea C );
 O governo (Artigo 198);
 Assembleias legislativas das regiões autónomas (artigo 232º,nº1)
Os dois primeiros com uma competência legislativa genérica, as últimas
com uma competência legislativa limitada material e territorialmente.

4.2. A competência legislativa da Assembleia da república.


A assembleia da república é representativa de todos os cidadãos. De
acordo com o artigo 161º alínea C, a A.R. tem uma competência legislativa
genérica, ou seja, ela pode legislar sobre todas as matérias.
Tem 1 exceção:
 Não pode legislar se a matéria for reservada ao governo. De acordo com
o artigo 198º, nº2 o governo só tem 1 matéria reservada que diz respeito
à sua organização e funcionamento.
No entanto, a nossa constituição, dentro destas matérias possíveis de
legislar, resolveu abdicar de certas matérias que são exclusivas da A.R – artigo
161º, 164º, 165º.

o Reserva absoluta (Artigo 164º)


o Reserva relativa (Artigo 165º)
Na reserva absoluta a matéria é sempre exclusiva à A.R. Aqui só a A.R.
é que pode legislar sobre ela.
Na reserva relativa a matéria só pode ser regulada pelo
governo/assembleias regionais sob autorização da A.R.
Todas as restantes possíveis matérias, não indicadas como da
competência exclusiva nem de um órgão nem de outro, constituem matérias de
competência concorrente, ou seja, qualquer um dos órgãos pode legislar sobre
elas e vigora o princípio lei posterior revoga lei anterior em tudo o que lhe for
contrária.
4.2.1. As diferentes categorias de leis aprovadas pela assembleia da
república.
Pode aprovar leis constitucionais e leis ordinárias. O artigo 166º que indica
a forma dos atos.
a) Leis constitucionais:
Artigo 166º, nº1 – tem forma constitucional os atos previstos na alínea A
do artigo 161º.

Cabe à A.R aprovar alterações à C.R.P. Na nossa constituição só a lei


que aprova a revisão constitucional tem valor constitucional. Todas as outras leis
têm o valor ordinário. As leis ordinárias estão abaixo da constituição e tem de a
respeitar e são de 2 tipos:
 Leis ordinárias de valor reforçado;
 Leis ordinárias de valor comum;

Leis ordinárias de valor reforçado: são aquelas que por determinação


constitucional elas tem um valor infra-constitucional e ao mesmo tempo um valor
supra-legislativo.
Se as leis ordinárias comuns as violarem ocorre uma ilegalidade ou
inconstitucionalidade indireta, pois violarão uma norma que se interpõe entre
elas e a constituição, uma lei de valor superior. Devem respeitar a constituição
sob pena de inconstitucionalidade direta e as leis ordinárias reforçadas sob pena
de inconstitucionalidade indireta, pois violarão uma norma interposta cujo valor
hierarquicamente superior é conferido pela constituição.
A lei ordinária de valor reforçado divide-se em:
 Alcance geral; (Impõem-se a todas as leis ordinárias)
 Alcance limitado; (Impõem-se a algumas leis ordinárias)
Dento do alcance geral encontramos:
 Leis estatutárias;
 Leis orgânicas;
Dentro do alcance limitado encontramos:
 Leis de bases;
 Leis de autorização legislativa;
 Leis de quadro ou enquadramento;
 Leis das grandes opções do plano.

Alcance geral:
 Leis estatutárias:
São as leis da assembleia que aprovam os estatutos políticos
administrativos das regiões autónomas. Essa competência está prevista no
artigo 161º, alínea g). Esta aprovação é feita através de uma lei – artigo 166º,
nº3. Assim esta lei é que se chama lei estatutária.
Esta lei tem um processo próprio, diferente das restantes leis e está
previsto no artigo 226º. De acordo com este artigo cabe às assembleias
legislativas regionais apresentar projetos de estatuto, para discussão e
aprovação.
Se a A.R. decidir rejeitar o projeto ou introduzir alterações tem de pedir um
parecer à A.Regional e só depois de emitido esse parecer é que a A.R. pode
proceder à decisão final.
Este regime aplica-se quer seja para criar estatutos novos ou para alterar
os que estão em vigor.
Tem valor reforçado porque o estatuto é uma lei organizatória que vai
definir o modo de funcionamento e a competência dos órgãos de governo das
regiões autónomas; o facto de a constituição portuguesa no artigo 6º o principio
de autonomia regional que se concretiza através do estatuto.
É por esta razão que a nossa constituição atribuiu as leis estatutárias um
valor reforçado de alcance geral.
Impõem-se a todas as leis ordinárias.
Qualquer norma emanada por um órgão de soberania mas que viole o
estatuto de uma região autónoma sofre do vício de ilegalidade – artigo 280º, nº2
alínea b e c e artigo 281º, nº1 alínea c e d.
 Leis orgânicas:
São as leis da A.R. que estão indicadas no artigo 166º, nº2. As leis
orgânicas são leis sobre matérias exclusivas da A..R e de reserva absoluta.
(artigo 164º).
Tem especificidades do seu processo de criação, tais como:
 Aprovação na especialidade tem de ser feita pelo plenário da A.R.
(artigo 168º, nº4).
 Aprovação final global tem de ser sempre por maioria absoluta por
deputados em efetividade de funções. (artigo 168º, nº5)
 No caso do veto político do P.R sobre uma lei orgânica, a A.R terá de
reaprovar por maioria de 2/3 de deputados. (Artigo 136º, nº3).
 A fiscalização preventiva da constitucionalidade de uma lei orgânica
pode ser solicitada ao tribunal constitucional, não só pelo P.R mas
também pelo P.M ou 1/5 de deputados. (Artigo 278º, nº4).
O valor reforçado destas leis está consagrado no artigo 112º, nº3 e
portanto qualquer lei que viole uma lei orgânica sofrerá do vicio de ilegalidade –
artigo 282º, alínea a e artigo 281, nº1, alínea b.

Alcance limitado:
São aquelas que tem um caráter infra-constitucional e supra-legislativo,
mas não se impõem a todas as outras leis mas apenas a alguns atos legislativos.
 Leis de base:
As leis de base são as leis da A.R que fixam apenas os princípios gerais
do regime jurídico de determinada matéria. Artigo 164º alínea I e no artigo 165º
alínea f, g, n, t,u, z.
Como se trata de matérias que são de competência exclusiva da A.R, ela
pode sempre legislar sobre esta matéria de forma completa. Mas através das
alíneas anteriores pode limitar-se a fixar as bases do regime jurídico. Se assim
o fizer esse regime jurídico tem de ser criada e normalmente essa criação é feita
através dos chamados decretos-leis de desenvolvimento ou decretos legislativos
regionais de desenvolvimento.
Estes têm sempre de respeitar a lei de base. Os decretos-leis de
desenvolvimento estão previstos no artigo 198º, nº1 alinea C e os decretos
legislativos regionais de desenvolvimento está previsto no artigo 227º, nº1 alínea
C.
A superioridade da lei de base em relação aos decretos que a vão resolver
está prevista no artigo 112º, nº2.
Artigo 198º, nº3 – decretos-leis de desenvolvimento
Artigo 227º, nº4 – decretos legislativos regionais de desenvolvimento
(indicar a lei de base que vão desenvolver.)
 Leis de autorização legislativa:
A assembleia da república tem matérias de competência exclusiva, mas
são de reserva relativa – artigo 165º. São de reserva relativa porque de acordo
com este artigo, a assembleia da república pode legislar, mas pode ainda
autorizar o governo ou as assembleias regionais só no caso de matérias com
interesse para a região e não em todas as matérias.
A autorização do artigo 166º, nº3 reveste a forma de lei.
Está também prevista no artigo 161º, alínea D e E.
As leis de autorização legislativa são da assembleia da república que vai
autorizar o governo ou as assembleias regionais a legislar sobre matéria da sua
reserva relativa, ou seja, qualquer uma das matérias prevista no artigo 165º.
Estas leis têm como destinatários o governo ou as assembleias
legislativas, e não qualquer outro órgão. Vigora o principio da tipicidade das
autorizações legislativas – artigo 111º, nº2.
Com a lei da autorização legislativa estabelece-se uma relação de
confiança, entre a assembleia da republica e o governo e/ou com as assembleias
regionais. Por isso, se existe alguma alteração nestes órgãos, esta lei de
autorização caduca.
Isto está previsto no artigo 165º, nº4 (no caso do governo) e no artigo 227º,
nº3 (no caso das assembleias regionais).
No entanto, há uma exceção no artigo 165º, nº5.
Tem de ter sempre um conteúdo mínimo, se não sofre de
inconstitucionalidade – artigo 165º, nº2.
No uso da autorização o governo cria decretos- leis autorizados (artigo
198º, nº1, alínea b) , enquanto as assembleias regionais cria decretos-
legislativos regionais autorizados (artigo 227º, nº1, alínea b).
As leis de autorização legislativa tende a respeitar a constituição se não
sofrerá de inconstitucionalidade.
Os decretos também têm de indicar expressamente a lei de autorização
legislativa que se vai usar de acordo com o artigo 227º, nº4 (no caso das
assembleias regionais).
Os decretos-leis autorizados ao governo, tem de indicar a lei de
autorização que vai de acordo com o artigo 298º, nº3.
A superioridade da lei de autorização – artigo 112º, nº2.
Se o decreto autorizado não respeitar a respetiva lei de autorização existe
o vicio de ilegalidade fiscalizada no tribunal constitucional de acordo com os
artigos 280º, nº2, alínea a) e o artigo 281º, nº1, alínea b.
O artigo 165º diz que as leis de autorização legislativas só podem ser
usadas uma vez. A não ser que o governo faça uma autorização parcelar.

 Leis de quadro ou de enquadramento:


São as leis da assembleia da república e vão regular o modo de produção
de outros atos estaduais nomeadamente de atos legislativos. Por isso, estas leis
têm também um valor reforçado de acordo com o artigo 112º, nº3 e alcance
limitados porque apenas se impõem aos atos legislativos cuja produção regulam.
Como por exemplo, a lei do orçamento que tem de ser subordinada à
respetiva lei de enquadramento de acordo com o artigo 106º, nº1, porque senão
sofre de ilegalidade. Outro exemplo, temos o caso das leis previstas no artigo
256º que se vai subordinar com a lei do artigo 255º.

 Lei que aprova as grandes opções do plano:


É uma lei da competência da assembleia da república de acordo com o
artigo 161º, alínea H.
Está regulado na parte económica – artigo 90º e 91º.
Esta lei tem também valor reforçado, mas de alcance limitado porque
apenas se impõem às leis do orçamento – artigo 105º, nº2.

4.2.2. O processo legislativo parlamentar.


Traduz-se num conjunto de procedimentos que a assembleia da república
tem de observar para a criação de uma lei, porque é constitucionalmente exigido.
Esses procedimentos abrange a iniciativa legislativa, discussão e aprovação,
assinatura, promulgação, referenda ministerial e a publicação.

a) Iniciativa:
Artigo 167º.
Traduz-se na capacidade de desencadear o processo legislativo na
assembleia da república tendo em vista a aprovação de uma lei, e que não se
deve confundir com competência porque esta traduz-se na competência de
aprovar atos legislativos. Pode ser interna ou externa.
Interno: Quando é desenvolvida pelos deputados que apresentam projetos
de lei.
Externa: quando é desenvolvida pelo governo, pela assembleia regional
ou pelos eleitores que apresentam propostas de lei. – artigo 167º, nº1.
A iniciativa quer de deputados quer de grupos parlamentares é uma
iniciativa genérica, isto quer dizer que podem apresentar projetos de lei sobre
qualquer matéria.
Exceções:
 Quando se trata de estatutos das regiões autónomas; - artigo 226º, nº1 e
artigo 227º, alínea e.
 Não podem apresentar projetos sobre a lei das grandes opções de
plano, nem do orçamento, pois pertence ao governo; - artigo 161º,
alínea g.
 Não podem quando se trate de proposta ou autorização;
 Quando se trata de leis que se vão aplicar as regiões autónomas –
artigo 167º, nº1.

Quanto ao governo é também genérica, podendo apresentar proposta de


lei sobre qualquer matéria.
Exceções:
 Não pode apresentar proposta de lei de revisão constitucional – artigo
285º, nº1.
 Não pode apresentar proposta de lei, relativa aos estatutos das regiões
autónomas, sobre autorização à assembleia regional e ainda as leis que
se apliquem apenas às regiões autónomas.

Quanto às assembleias legislativas regionais tem uma iniciativa limitada,


só podem apresentar proposta de lei que dizem respeito as regiões autónomas
– artigo 167º, nº1.
Quanto aos eleitores é regulado por lei própria que é a lei nº12/2003 – 4
de junho alterada pela lei nº1/2016 – 26 de agosto.
O limite à iniciativa está previsto no artigo 167º, nº2 a 8.
b) Discussão e aprovação.
De acordo com o artigo 168º os projetos de lei começam por ter uma
discussão na generalidade. Na especialidade é analisado artigo por artigo.
Há 3 fases:
 Discussão e votação na generalidade;
 Discussão e votação na especialidade;
 Votação final global.
A discussão na generalidade faz-se no plenário e se aprovam passa-se
para a discussão na especialidade por comissões especializados. Depois
passam para a votação final global no plenário.
Discussão na generalidade – artigo 168º,nº3.
O artigo 168º, nº4 as leis orgânicas relativamente à discussão
especializada são feitas no plenário – exceção.
A aprovação final global é feita por maioria simples de acordo com o artigo
116º, nº3.
Exceção: As leis orgânicas tem de ser aprovada por maioria absoluta por
deputados em efetividade de funções – artigo 168º, nº5, bem como as leis com
matérias previstas no artigo 255º.
No artigo 116º, nº6 as leis têm de ser aprovadas por maioria de 2/3.
Depois da aprovação final, tem de ser assinado pelo presidente da A.R, e
este vai remetê-la para a fase seguinte que é a fase da promulgação.

O P.R tem a possibilidade fase faculdade prevista no artigo 134º, alínea b


e no artigo 136º.

c) Promulgação:
O P.R tem a possibilidade de promulgar ou não, exceto na revisão
constitucional (se não promulgar, veta) – artigo 136º.
De acordo com o artigo 136º pode usar o veto político quando não
concorda com a oportunidade daquele diploma. Ou pode usar o chamado veto
jurídico depois de ouvir o tribunal constitucional – artigo 278º e 279º.
A promulgação é uma formalidade essencial do processo legislativo e a
sua falta implica a inexistência jurídica – artigo 137º.
Realizada a promulgação a fase seguinte é da referenda ministerial –
artigo 140º.

d) Referenda ministerial:
Existem atos do P.R que tem de ser referendados pelo governo – artigo
140, nº1.
Um desses atos é o ato da promulgação. A referenda traduz uma
corresponsabilidade do governo com certos atos do P.R, neste caso, vai atestar
a regularidade da promulgação e traduz-se na assinatura do primeiro-ministro.
Formalidade essencial e por isso implica também inexistência jurídica –
artigo 140, nº2.
Feita a referenda a última fase é a da publicação – artigo 119º.
e) Publicação:
As leis devem ser publicadas no jornal oficial de acordo com o artigo 119º,
nº1, alínea c. Com a publicação pretende-se dar a conhecer o seu diploma aos
seus destinatários. Normalmente há um período entre a data de publicação e a
entrada em vigor – vacations legis, e se a lei não fixar a data da entrada em vigor
ela entre 5 dias após a sua publicação.
Se não for publicado não é juridicamente eficaz – artigo 119º, nº2.

4.2.3. Competência legislativa do governo.


A competência legislativa do governo é genérica (artigo 98º) e este no
exercício das suas competências ela decretos leis. De acordo com o artigo 112º,
nº1 são atos legislativos.
O governo tem dois tipos de competências:
 Própria ou independente;
 Derivado ou dependente;
Dentro da competência própria ou independente, subdivide-se em:
 Exclusiva – artigo 198º, nº2 (no que trata a organização e
funcionamento).
 Concorrencial, porque pode legislar sobre todas as matérias, desde
que essa matéria não esteja reservada à assembleia da república. –
artigo 198º, nº1, alínea A).
Já dentro da competência derivada ou dependente, esta subdivide-se em:
 Autorizada, verifica-se sempre que o governo vai legislar sobre matéria
exclusiva da assembleia da república mas de reserva relativa e
mediante uma lei de autorização legislativa – artigo 198, nº1 alínea b).
(leis de valor reforçado e alcance limitado, tendo de respeitar sempre a
lei de autorização, porque se não respeitar à um vício de ilegalidade –
artigo 165º).
 Em desenvolvimento, é quando o governo vai desenvolver as leis de
base da assembleia – artigo 198º, nº1, alínea C. (ele emana dos
decretos leis de desenvolvimento, mas tem de respeitar a constituição e
as leis de base, senão há o vício de ilegalidade).
De acordo com o artigo 198º, nº3 estes últimos têm de indicar sempre a
lei de base ou autorização em que se fundamentam.

4.2.3.1. Processo de criação dos decretos leis pelo governo:


É elaborado um projeto, que será enviado para discussão e aprovação
pelo conselho de ministros – artigo 200, nº1, alínea D). Se for aprovado tem de
ser assinado pelos ministros e pelos ministros da matéria – artigo 201º, nº3.
De seguida é enviado ao presidente para a promulgação – artigo 134º,
alínea b).
Depois acontece o mesmo que nas leis, pode usar o veto político, veto
jurídico, … e depois publicada.
Há uma particularidade nos decretos- leis do governo, isto é, é chamada
para apreciação parlamentar – artigo 169º.
A apreciação parlamentar incide na assembleia apreciar todos os decretos
leis do governo, exceto se forem decretos leis emanados da competência
exclusiva do governo – artigo 162º, alínea C).
Esta apreciação só pode ser verificada se for pedido pelo menos por 10
deputados e no prazo de 30 dias da sua publicação – artigo 169º, nº1. Esse
pedido de apreciação de acordo com o artigo 162º, alínea C) e de acordo com o
artigo 169º, nº1 pode ser feito para fazer cessar a sua vigência ou para alterar o
decreto lei.
Feito o pedido, a assembleia vai apreciar o decreto-lei e se decidir vai fazer
cessar a sua vigência ele deixa de vigorar a partir do dia em que for publicada
essa resolução da assembleia – artigo 169º, nº4.
Se a assembleia apreciar e decidir introduzir alterações, estas vão constar
de uma lei.
Se estiver em causa 1 decreto lei autorizado, a assembleia pode
suspender a sua vigência até publicar a lei que o vai alterar – artigo 169º, nº2.
Este processo de apreciação caduca nos termos do artigo 169º, nº5.

4.2.4. Competência legislativa das assembleias legislativa das regiões


autónomas.
É unitário;
Regional – Açores e Madeira – artigo 6º.
Órgãos do governo próprios – artigo 231º. – Só as assembleias
legislativas é que tem competência legislativa. O governo regional só tem
competência administrativa.
Resulta da conjugação do artigo 232º e 227º.
Os atos legislativos das assembleias legislativas são os decretos
legislativos regionais – artigo 112, nº1.
As ALRA têm uma competência legislativa é limitada quer no ponto de
vista material e territorial.
 É limitada territorialmente porque só podem legislar no âmbito regional;
 É limitado materialmente porque só podem legislar sobre matérias de
interesse especifico daquela região.
De acordo com o artigo 227º, nº1, alínea a) tem uma competência
legislativa própria.
A autonomia destas regiões está prevista no artigo 228º, nº1 e trata-se de
uma competência das ALRA por força do artigo 232º, nº1.
Tem uma competência autorizada prevista no artigo 227º, nº1, alínea b,
isto é, ela pode legislar matéria que seja da exclusividade da A.R desde que esta
a autorize através de uma lei de autorização. Neste caso elas emanam um
decreto-legislativo autorizado, que têm de respeitar a lei de autorização e indicar
expressamente essa lei, tudo isto por força do artigo 227º, nº1,2 e 3.
Estes decretos legislativos autorizados podem ser sujeitos a apreciação
parlamentar de acordo com o artigo 162º, alínea C e artigo 169º.
Para além disso a ALR podem exercer uma competência de
desenvolvimento – artigo 227º, nº1, ou seja, elas podem desenvolver as leis de
base da A.R apenas no âmbito regional, mas tem de indicar a lei de base que
vai desenvolver e respeitá-la, senão incorre numa ilegalidade – artigo 227º,
alínea C.
É idêntico o processo de criação ao da A.R, há uma iniciativa, uma
discussão e votação, a única diferença é que não é necessário a promulgação e
só a assinatura do representante da república – artigo 233º. Este pode assinar
ou vetar (veto político ou jurídico – por inconstitucionalidade.

5. Primazia da competência legislativa da A.R.


A competência legislativa das assembleias regionais é limitada. Enquanto
que a competência legislativa da assembler da república e do governo é
genérica. Não obstante estes dois órgãos ter uma competência genérica, é certa
que a assembleia da república é o órgão legislativo por excelência, ou seja, tem
o primado da competência legislativa, que se manifesta pelas seguintes razões:
 Enquanto o governo tem uma matéria de competência exclusiva, a
assembleia da república tem um leque extenso de matérias que são da
sua competência exclusiva – artigo 161º,164º e 165º, e que abrange a
matéria de quase toda a totalidade do ordenamento jurídico;
 A assembleia da república pode apreciar os decretos leis do governo,
nos termos do artigo 169º e pode fazer cessar a sua vigência ou alterá-
los e o inverso não acontece;
 A possibilidade que a assembleia da república tem de condicionar a
competência legislativa do governo através das leis de base ou de uma
lei de autorização legislativa.

Inconstitucionalidade: quando viola normas e princípios nela


consagrados – artigo 275º.
Ilegalidade: Quando uma lei viola outra lei superior. Ex: uma lei ordinária
viola uma lei estatutária

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