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Rio de Janeiro
2011
K21i Kauffmann Leivas, Márcia Oliveira.
Indicadores na legislação urbanística carioca em novas
formulações de sustentabilidade urbana : contribuição para
o desenvolvimento de indicador de ocupação sustentável
da bacia hidrográfica (IOS-BH) / Márcia Oliveira
Kauffmann Leivas. – 2011.
303 f. : il. ; 30 cm.
CDD: 333.7
MÁRCIA OLIVEIRA KAUFFMANN LEIVAS
BANCA EXAMINADORA
__________________________________
Prof.Dr. Mauro Kleiman – Orientador
Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do
Rio de Janeiro – IPPUR/ UFRJ
__________________________________
Prof.ª Dr.ª Hipólita Siqueira de Oliveira
Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do
Rio de Janeiro – IPPUR/ UFRJ
__________________________________
Prof.ª Luciene Pimentel da Silva, Ph.D.
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental da Faculdade de Engenharia
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - PEAMB/UERJ
__________________________________
Prof. Dr. Nilton Bahlis dos Santos
Programa de Pós-Graduação em Informação, Comunicação e Saúde da Fundação
Oswaldo Cruz – PPGICS/ FIOCRUZ
__________________________________
Prof.ª Dr.ª Viviani de Moraes Freitas Ribeiro
Instituto Estadual do Ambiente – INEA
Aos pioneiros;
À coragem; às avós Euphrázia, Júlia, Sylvina, Aracy e Eneida tia (in memorian);
À solidariedade; a Marcello meu pai (in memorian);
Aos perseverantes;
Agradeço.
“Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus,
O santuário das moradas do Altíssimo.
Deus está no meio dela; não será abalada:
Deus a ajudará ao romper da manhã.”
(Salmos 46:4;5)
RESUMO
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1.1.1.1 – Pesquisa por Palavras-Chave............................................................................35
QUADRO 1.2.2.1 – Atos Normativos..................................................................................................63
QUADRO 2.1.1.1 – Comparação de Expectativas.............................................................................82
QUADRO 2.1.1.2 – Desenvolvimento Sustentável – Síntese Histórica...........................................85
QUADRO 2.2.2.1 – Definições de Indicadores: Síntese.................................................................100
QUADRO 2.2.2.2 – Indicadores e Sistemas de Indicadores de Sustentabilidade: Vantagens e
Limites................................................................................................................................................103
QUADRO 2.2.3.1 – Indicadores Aplicados à Sustentabilidade e Sustentabilidade Urbana:
Exemplos............................................................................................................................................112
QUADRO 2.2.3.2 – Contribuições à Sustentabilidade e Sustentabilidade Urbana:
Iniciativas...........................................................................................................................................120
QUADRO 2.2.3.3 - Iniciativas de Selos Ecológicos no Mundo......................................................123
QUADRO 2.3.1.1 – A Água e o Desenvolvimento Sustentável – Principais Eventos..................135
QUADRO 2.3.1.2 - Síntese do Sistema de Gestão da Água na Europa........................................139
QUADRO 2.3.1.3 – Rede Internacional de Organizações de Bacias Hidrográficas – Principais
Eventos...............................................................................................................................................140
QUADRO 2.3.1.4 - Sistema de Gestão da Água na América Latina (Síntese)..............................141
QUADRO 2.4.2.1 – Principais Instrumentos de Regulação Urbana no Brasil..............................165
QUADRO 2.4.2.2 – Relação dos Principais Instrumentos de Planejamento................................171
QUADRO 2.4.2.3 – Disponibilidade dos Instrumentos de Planejamento nos Municípios
Brasileiros em 2001...........................................................................................................................172
QUADRO 3.1.1 - Rio de Janeiro: Expansões e Intervenções........................................................190
QUADRO 3.2.1.1 – Constituição Federal de 1988: Aspectos de Recursos Hídricos, Urbanos e
Ambientais.........................................................................................................................................192
QUADRO 3.2.1.2 – Interface dos Aspectos de Recursos Hídricos (RH), Urbanos (URB) e
Ambientais (MA) com a Legislação Federal....................................................................................194
QUADRO 3.2.1.3 – Interface dos Aspectos de Recursos Hídricos (RH), Urbanos (URB) e
Ambientais (MA) com a Legislação Estadual.................................................................................201
QUADRO 3.2.1.4 – Interface dos Aspectos de Recursos Hídricos, Urbanos e Ambientais na Lei
Orgânica e no Plano Diretor do Município do Rio de Janeiro.......................................................208
QUADRO 3.2.2.1 – Principal Legislação de Uso do Solo – Rio de Janeiro..................................217
QUADRO 3.2.2.2 – Legislação que Altera o Decreto 322 de 03/03/1976 – Regulamento do
Zoneamento do Município do Rio de Janeiro.................................................................................219
QUADRO 3.2.2.3 – Legislação de Uso do Solo Aplicada à Barra da Tijuca – RJ........................221
QUADRO 3.2.2.4 – Legislação de Uso do Solo Aplicada à Copacabana – RJ.............................224
QUADRO 3.2.2.5 – Legislação de Uso do Solo Aplicada à Lagoa- RJ..........................................226
QUADRO 3.3.1 - Proposições para Alteração de Gabaritos..........................................................229
QUADRO 3.3.2 - Proposições para Sustar Operações Interligadas.............................................232
QUADRO 3.4.1 – Características dos Terrenos 1 e 2 do Estudo de Caso...................................242
QUADRO 3.4.2 – Parâmetros no Decreto 3.046 de 27.04.1981(Subzona A–18)...........................243
QUADRO 3.4.3 - Parâmetros no Decreto 11.990 de 24.03.1993 – ZOC 1......................................243
QUADRO 3.4.4 - Estudo Comparativo de Viabilidades de Ocupação dos Terrenos 1 e 2 do
Estudo de Caso..................................................................................................................................244
QUADRO 3.5.2.1- Taxas de Impactação em Bacias Baseadas em Superfícies
Impermeabilizadas.............................................................................................................................247
QUADRO 3.5.2.2 – Parâmetros do IOS-BH......................................................................................252
QUADRO 3.5.3.1 – Aplicação do IOS-BH.........................................................................................254
LISTA DE SIGLAS
A-BH - Área da Bacia ou Sub-Bacia Hidrográfica
AEI - Áreas de Especial Interesse
AEIT - Área de Especial Interesse Turístico
ALERJ – Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro
ANA – Agência Nacional das Águas
APA - Área de Proteção Ambiental
APAC – Área de Proteção do Ambiente Cultural
APARU - Área de Proteção Ambiental e Recuperação Urbana
APA – Área de Proteção Ambiental
APP - Área de Preservação Permanente
AP - Área de Planejamento
AT - Área do Terreno
ATE - Área Total Edificada
AV – Área Verde ou Livre
BAWB - Business as an Agent of World Benefit
BCN – Balanço Contábil das Nações
BCV - Bogotá Cómo Vamos
BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento
BIP 40 - Baromêtre des Inegalités et de la Pauvreté
BIRD – Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento - Banco Mundial
BIRD – Banco Mundial
BNH - Banco Nacional da Habitação
BS - Barometer of Sustainability ou Barômetro da Sustentabilidade
CB - Centro de Bairro
CDS-ONU - Comissão de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas
CEBDS - Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável
CECA – Comissão Estadual de Controle Ambiental
CEEIBH - Comitê Especial de Estudos Integrados de Bacias Hidrográficas
CEEIVAP - Comitê Executivo de Estudos Integrados do Paraíba do Sul
CEIVAP - Comitê de Integração do Rio Paraíba do Sul
CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe
CERES - Coalition for Environmentally Responsible Economies
CERN – Conselho Estadual de Recursos Hídricos
CEROI - Cities Environment Reports on the Internet
CGQUA - Coordenação Geral de Controle e Qualidade Ambiental
CIESP - Centro das Indústrias do Estado de São Paulo
CIPAM - Comitê de Integração de Políticas Ambientais
CMMAD – Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.
CMPEPS - La Commission sur la Mesure des Performances Économiques et du Progrès Social
CMRJ - Câmara Municipal do Rio de Janeiro
CNDU- Conselho Nacional de Desenvolvimento Urbano
CNPU - Comissão Nacional das Regiões Metropolitanas Política Urbana
CNRH - Conselho Nacional de Recursos Hídricos
COMPUR - Conselho de Política Urbana
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
CRU - Coordenadoria de Regularização Urbanística
CSI - Center for Sustainable Innovation
CSN - Chesapeake Stormwater Network
CWA - Clean Water Act
DDUBI – Desenho e Desenvolvimento Urbano de Baixo Impacto
DIQUA – Diretoria de Qualidade Ambiental
DJSI - Dow Jones Sustainability Index
DMA/FIESP – Departamento de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DPSIR - driving–force–pressures–state–impact–responses
DS – Dashboard of Sustainability ou Painel de Sustentabilidade
DSR - driving-force–stress–response
ECO92 (ou RIO92) - Conferência Mundial Sobre Ecologia e Desenvolvimento de 1992
EEA - European Environment Agency
EF – Ecological Footprint
EIA - Estudo de Impacto Ambiental
EPI – Environmental Performance Index
ESI – Environmental Sustainability Index
EVI – Environmental Vulnerability Index
FAIR - Forúm Pour d’Autres Indicateurs de Richesse
FDM – Fondation Danielle Mitterrand
FEA/USP - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo
FECAM - Fundo Especial de Controle Ambiental
FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente
FGV – Fundação Getúlio Vargas
FIB – Felicidade Interna Bruta
FIEP – Federação das Indústrias do Estado do Paraná
FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz
FLONAS - Florestas Nacionais
FNDF - Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal
Funbio – Fundo Brasileiro para a Biodiversidade
FUNDRHI - Fundo Estadual de Recursos Hídricos
GEO – Global Environmental Outlook
GFAL - Global Forum América Latina
GHG – Greenhouse Gas
GNH – Gross National Happiness
GOE - Gerência de Operações Especiais
GPI - Genuine Progress Indicator
GRI - Global Reporting Initiative
GS – Genuine Savings
GSI – Genuine Saving Indicator
HDI - Human Development Index
HPI – Happy Planet Index
IAA – Índice de Aproveitamento da Área
IAT – Índice de Aproveitamento do Terreno
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBASE - Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
IBES – Índice de Bem-Estar Econômico Sustentável
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICA – Indicadores de Condição Ambiental da Indústria
ICLEI - International Council for Local Environmental Initiatives
ICONS - Conferência Internacional de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de
Vida
IDA – Indicadores de Desempenho Ambiental da Indústria
IDG – Indicadores de Desempenho de Gestão
IDG – Índice de Desenvolvimento Ajustado ao Gênero
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano
IDH Ambiental – Índice de Desenvolvimento Humano Ambiental
IDH-M - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
IDO - Indicadores de Desempenho Operacionais
IDRC – The International Development Research Centre
IDS - Indicadores de Desenvolvimento Sustentável
IE - Instituto de Economia
IEF – Instituto Estadual de Florestas
IEWB – Index of Economic Well-Being
IISD - International Institute for Sustainable Development (Instituto de Desenvolvimento Sustentável)
INBO - International Network of Basin Organizations
INEA - Instituto Estadual do Ambiente
IOS-BH - Indicador de Ocupação Sustentável da Bacia Hidrográfica
IPCY - Instituto de Pesquisas da Civilização Yoko
IPD - Instituto Paraná Desenvolvimento
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
IPEN/USP - Instituto de Pesquisas em Energia Nuclear da Universidade de São Paulo
IPG – Indicador de Progresso Genuíno
IPH - Índice de Pobreza Humana
IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
IPLANRIO - Instituto Municipal de Informática
IPP - Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos
IPPUR/ UFRJ - Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do
Rio de Janeiro
IPRS – Índice Paulista de Responsabilidade Social
IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo
IQM - Índice de Qualidade dos Municípios
IQM-C - Índice de Qualidade dos Municípios – Carências
IQM-SF - Índice de Qualidade dos Municípios -Sustentabilidade Fiscal
IQM-V - Índice de Qualidade dos Municípios - Verde
ISA - Índice de Sustentabilidade Ambiental
ISA – UTL - Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa
ISE - Índice de Sustentabilidade Empresarial
ISEA - Institute of Social and Ethical Accountability
ISEW - Index of Sustainable Economic Welfare
ISH – Index Social Health
IUCN - The World Conservation Union
IUNC - International Union for Conservation of Nature and Natural Resources
LC – Lei Complementar
LID - Low Impact Development
LIUDD – Low Impact Urban Design and Development
LOM – Lei Orgânica do Município do Rio de Janeiro
LPI – Living Planet Index ou Índice Planeta Vivo
LUOS - Lei de Uso e Ocupação do Solo
MDGs - Metas de Desenvolvimento do Milênio
MDL – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
MEP – Monitoring Environmental Progress
MEW – Measured Economic Welfare
MEWS – Medida de Bem-Estar Econômico Sustentável
MMA – Ministério do Meio Ambiente
MPG – Medida de Participação segundo o Gênero
MPV – Medida Provisória
MUNIC - Pesquisa de Informações Básicas Municipais
NEF – New Economics Foundation
NEPO - Núcleo Estudos de População
NEPP – Núcleo de Estudos de Políticas Públicas
NPDES - National Pollutant Discharge Elimination System
NRTTE – National Round Table on the Environment and Economy
OECD – Organization for Economic Co-Operation and Development
OMS - Organização Mundial de Saúde
OMVS/SOGED – Organisation pour la Mise en Valeur du Fleve Sénégal / Société de Gestion et
d’Exploitation du Barrage de Diama
ONU – Organização das Nações Unidas
ORBIS – Observatório Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade
PAA – Projeto Aprovado de Alinhamento
PADES - Pólos de Atração de Investimentos e Desenvolvimento Sustentável
PAL – Projeto Aprovado de Loteamento
PA – Projeto de Alinhamento
PCRJ – Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
PDL – Projetos de Decreto Legislativo
PEAMB/UERJ - Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental da Faculdade de Engenharia
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
PER – pressão-estado-resposta
PEU – Projeto de Estruturação Urbana
PIB - Produto Interno Bruto
PL – Projeto de Lei
PLANASA - Plano Nacional de Saneamento
PLC - Projeto de Lei Complementar
PMCMV - Programa Minha Casa, Minha Vida
PMSP – Prefeitura Municipal de São Paulo
PNF - Programa Nacional de Florestas
PNRH - Política Nacional de Recursos Hídricos
PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
POCON - Programa de Auto-controle
PPGICS – Programa de Pós-Graduação em Informação, Comunicação e Saúde da FIOCRUZ
PPP - Parceria Público-Privada
PROCAM/USP - Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo
PRODES - Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas
PROPAR - Programa Estadual de Parcerias Público-Privadas
PSR - pressure–state–response
PUBRIO - Plano Urbanístico Básico da Cidade do Rio de Janeiro
RAMME - Regulamento de Assentamento de Máquinas, Motores e Equipamentos
RA - Região Administrativa
RCE – Regulamento de Construções e Edificações
RCI – Responsible Competitiveness Index
RESEAUX ACCT – Redes da Associação Canadense para a Comercialização de Tecnologias
RIMA – Relatório de Impacto Ambiental
RIO+10 - Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável
RIOURBE - Empresa Municipal de Urbanização
RLF - Regulamento de Licenciamento e Fiscalização
RPT – Regulamento de Parcelamento da Terra
RSE - Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial
RZ – Regulamento de Zoneamento
SMO - Secretaria Municipal de Obras
SADEC - Southern African Development Community
SDC - Sustainable Development Commission
SEA - Secretaria de Estado do Ambiente
Fundação SEADE – Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados
SEAE - Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos
SEMA - Secretaria Especial de Meio Ambiente
SEPA - Scottish Environment Protection Agency
SERFHAU - Serviço Federal de Habitação e Urbanismo
SERLA - Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas
SESI - Serviço Social da Indústria
SF – Social Footprint
SFB - Serviço Florestal Brasileiro
SIMARH - Sistema de Monitoramento Ambiental e dos Recursos Naturais por Satélite
SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente
SMAC - Secretaria Extraordinária de Meio Ambiente
SMH - Secretaria Municipal de Habitação
SMU - Secretaria Municipal de Urbanismo
SNGRH - Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
SOPAC - Comissão de Geociência Aplicada do Pacífico Sul
SRH – Secretaria de Recursos Hídricos
SUDS - Sustainable Urban Drainage Systems
SVMA - Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente Prefeitura do Município de São Paulo
TI – Taxa de Impermeabilização do Solo
TNC – The Nature Conservancy
TO – Taxa de Ocupação
TVA -Tennessee Valley Authority
UC - Unidade de Conservação
UEPs – Unidades Especiais de Planejamento
UK – United Kingdom Government
UNCED - Conferência da ONU em Meio Ambiente e Desenvolvimento
UNCSD - United Nations Conference on Sustainable Development
UNDP - United Nations Development Programme
DEMSD/DDSMS – Division for Environment Management and Social Development of the United
Nations Department for Development Support and Management Services
UNEP – United Nations Environment Programme
UNESCO - United Nations Educational Scientific and Cultural Organization
UNICAMP – Universidade de Campinas
USP- Universidade de São Paulo
WB - Word Bank
WBCSD - World Business Council for Sustainable Development
WN – The Well-Being of Nations
WSUD - Water Sensitive Urban Design
WWAP– World Water Assessment Programme
WWDR - Water Sensitive Design and Development Techniques
WWF - World Wildlife Fund
ZCVS - Zona de Conservação da Vida Silvestre
ZE – Zona Especial
ZEE - Zoneamento Ecológico-Econômico
ZOC – Zona de Ocupação Condicionada
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO .................................................................................................... 20
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 277
20
APRESENTAÇÃO
Em favor da memória dos meus entes queridos e da de tantos outros
imigrantes, desbravadores e guerreiros que, silenciosamente ou não, têm construído
e sonhado nossas cidades, registro algumas indignações e motivações para o
presente estudo.
1.1. PRÓLOGO
1
HALL (1984) ressalta que o aumento da impermeabilização do solo reduz as taxas de infiltração, as
taxas de recarga para os aqüíferos e o escoamento básico. O escoamento superficial é intensificado,
aumentando a velocidade e, a freqüência e magnitude dos picos de cheia, levando ocasionalmente
às enchentes. O aumento da população contribui para o crescimento da demanda dos recursos
hídricos e para o aumento dos volumes de efluentes e de resíduos sólidos. A mudança do uso do
solo afeta a movimentação do ar, aumentando a transferência de calor para a atmosfera. Ainda, os
depósitos de resíduos sólidos contribuem na emissão de gases do efeito estufa. Esses fatores
conjugados tendem a produzir temperaturas mais altas, favorecendo a maior ocorrência de chuvas
convectivas, freqüentemente associadas às enchentes urbanas. A interação entre processos físicos
que ocorrem na superfície e na atmosfera pode levar ainda a mudanças na distribuição e
disponibilidade dos recursos hídricos.
2
O processo de ocupação das cidades foi abordado especialmente no item 2.4 e, no item 3.1,
encontra-se relacionado ao Rio de Janeiro.
24
Marcando uma nova etapa na discussão das condições de vida nas cidades, já
no final do século XIX, especialistas, em geral engenheiros, passaram a uma maior
aplicação prática do urbanismo, assim denominado a partir de então. As correntes
pré-urbanistas inspiraram novas versões agora mais propriamente urbanísticas.
3
Destacaram-se como pré-urbanistas progressistas: Owen, Fourier, Richardson, Cabet, Proudhon e
como defensores do pré-urbanismo culturalista encontram-se principalmente Ruskin e William Morris
(CHOAY, 1979).
4
Este modelo encontrou como adeptos: Camillo Sitte, urbanista austríaco que publicou Der
Stadtebau (1889), Ebenezer Howard, “o pai da cidade-jardim” (1902) e, Raymond Unwin, arquiteto
que realizou com Barry Parker, a primeira “garden-city” inglesa (1907) (CHOAY, 1979).
5
Esta forma urbana inspirou, no Brasil, os loteamentos “cidade-jardim” que nos anos 50 vão fornecer
o padrão na norma municipal para as zonas estritamente residenciais, um instrumento das elites
buscando preservar a vizinhança e o valor dos imóveis. Posteriormente, o zoneamento foi se
aperfeiçoando, mas seguindo principalmente as tendências de uso e valorização do solo, de
especulação com os investimentos públicos e a proteção de áreas nobres. Já na década de 1970, a
tônica do zoneamento passa a ser mais a regulação da verticalização do que a compatibilização dos
usos (SOUZA, 1994).
6
Howard (1850 a 1928) e a cidade-jardim influenciaram os colegas ingleses, americanos, da Escola
de Chicago e também Mumford (FREITAG, 2006).
7
Cabe lembrar aqui o fenômeno City Beautiful,que se manifestou por todo um período de quarenta
anos, principalmente ao final do século XIX e início do século XX ,dentro de uma grande variedade de
diferentes circunstâncias econômicas, sociais, políticas e culturais: como serviçal do capitalismo
financeiro, como agente do imperialismo, como instrumento do totalitarismo pessoal, tanto de direita
quanto de esquerda, até onde possam esses rótulos ter algum significado. Constituía-se na total
concentração no monumental e no superficial, na arquitetura como símbolo de poder; e, por
conseguinte, numa quase absoluta falta de interesse pelos objetivos sociais mais amplos do
planejamento urbano. É planejamento de ostentação, arquitetura como teatro, projeto para causar
impacto (HALL, 2005).
25
8
Este documento agrupava as idéias de Gropius, Le Corbusier, Rietveld, Van Eesteren, Lucio Costa
e Neutra entre outros (CHOAY, 1979; FREITAG, 2006).
9
Relaciona-se, particularmente no item 2.3, a influência de Patrick Geddes no planejamento urbano e
regional, em especial no que se refere à adoção da bacia hidrográfica como unidade de
planejamento.
10
É realmente surpreendente o fato de que muitas das primitivas visões do movimento urbanístico
tenham como origem o movimento anarquista que floresceu nas últimas décadas do século XIX e nos
primeiros anos do século XX. Isso vale para Howard, para Geddes e para a Regional Planning
Association of America, tanto quanto para os seus muitos derivados no continente europeu. Não
26
relação à percepção visual da cidade pelos seus usuários, Kevin Linch (1960) (EUA)
discute a importância das especificidades e legibilidade do espaço urbano, ausentes
nos projetos progressistas em que as cidades são como obras de arte, de difícil
estruturação visual, sem riqueza de imagens, nem pontos de referência e limites,
sem variedades dos significantes que a compõem (FERRARI, 1979; HALL, 2005;
FREITAG, 2006). Das críticas ao Funcionalismo, sob o aspecto da higiene mental,
da necessidade de se valorizar a cidade enquanto local de diversidade,
heterogeneidade (arquitetural, funcional e demográfica), vitalidade e o espaço
público como local de comunhão urbana, vale destacar Jane Jacobs (2001), pela
difusão de seus trabalhos e desdobramento prático em planos de remodelação
urbana nos Estados Unidos11 (CHOAY, 1979; DEL RIO, 1990).
Nos anos 60, principalmente nos países europeus e nos Estados Unidos,
ocorreram diversas manifestações públicas e protestos quanto às práticas do
urbanismo e em relação ao ambiente urbano que vinha sendo produzido,
especialmente no que diz respeito às propostas para as regiões centrais das cidades
degradadas ou destruídas pelos bombardeios da Segunda Grande Guerra Mundial.
Grandes intervenções do Poder Público ou por ele apoiadas, baseadas no ideário
funcionalista, iriam viabilizar o arrasamento de quarteirões inteiros (normalmente
regiões ocupadas por grupos desfavorecidos economicamente) buscando adequar
estas áreas às novas funções determinadas por planos e políticas de renovação e
intervenção urbana. Evidenciaram-se nesta época também movimentos em favor da
preservação do patrimônio histórico e do resgate aos valores tradicionais,
alternativos e populares desconsiderados pelo Modernismo ou Funcionalismo.
valeu, contudo, e quanto a isso não há qualquer dúvida, para Le Corbusier, que era um centralista
autoritário, nem para a maioria dos componentes do Movimento City Beautiful, fiéis serviçais do
capitalismo financeiro ou de ditadores totalitários (HALL, 2005).
11
Desde o início do processo de urbanização (século XIX), se apresentava no urbanismo americano
uma forte corrente anti-urbana que em contraposição ao Modernismo, se cristalizou no modelo
naturalista (organicista ou orgânico), fortemente utópico, propondo uma baixíssima densidade
demográfica, de Frank Lloyd Wright (1932 e 1958 entre outros). Contemporaneamente destacam-se
dentre diversos trabalhos originais os de Venturi (2004) inspirador do Pós-Moderno na arquitetura e
no urbanismo, de Christopher Alexander (1964), arquiteto e matemático, utiliza análise combinatória
em estudos analíticos de teoria urbanística e de Louis Kahn (1944), formado em arquitetura em 1926,
desenvolve uma obra ímpar principalmente entre 1951 e 1974, de características muito pessoais,
marcando a transição do Movimento Moderno para as correntes que lhe seguiram (CHOAY 1979;
FERRARI, 1979).
27
12
O conceito de Planejamento Estratégico, de origem na prática militar, foi assimilado como técnica
gerencial - instrumento analítico e decisório – pelo meio empresarial a partir de meados do século XX.
Posteriormente seu uso se estendeu à gestão pública e, desde os anos 70, começou a ser aplicado
também no campo do planejamento e da gestão urbana, representando uma transposição dos
conceitos do planejamento de empresas para o planejamento urbano.
28
Vale lembrar que nos anos 60, diversos técnicos e cientistas ligados ao tema
ambiental já discutiam mais sistematicamente a questão do desenvolvimento urbano
associada à questão ambiental, refletindo sobre as ações antrópicas negativas
impostas ao meio ambiente. A Conferência de Estocolmo, em 1972, foi um
importante avanço em termos de estratégias para um desenvolvimento sócio-
econômico equitativo, denominado desenvolvimento sustentável, em 1987, a partir
da publicação do relatório "O Nosso Futuro Comum" (também conhecido como
Relatório Brundtland), de responsabilidade da Comissão Mundial para o Ambiente e
Desenvolvimento pela Assembléia Geral das Nações Unidas. Este documento
identificou os principais problemas ambientais que travam o desenvolvimento de
muitos países do sul e estabeleceu o ambiente como prioridade internacional,
lembrando ainda pela primeira vez, de uma forma mais consistente, que a
humanidade deve preservar os recursos naturais para as gerações futuras. Mais
tarde a expressão “desenvolvimento sustentável” seria amplamente divulgada a
partir da ECO92, conferência mundial sobre ecologia e desenvolvimento, realizada
no Rio de Janeiro.
Revolução Industrial
(final século XVIII - Corrente Descritiva
problemas urbanos)
Humanitários
(médicos e higienistas)
Pré-Urbanismo
Progressista
Urbanismo Sanitarista (Owen, Fourier, Cabet,
Pré-Urbanismo Proudhon)
(Haussmann 1853 a (início século XIX)
1870)
Pré-Urbanismo
Culturalista
(Ruskin e Morris)
Urbanismo
Culturalista
(Sitte, Howard, Unwin)
Urbanismo
(final século XIX a
meados século XX)
Urbanismo Progressista
Visão de Cidade (Modernista ou Funcionalista)
Regional (Garnier, Gropius, Corbusier,
(Patrick Geddes) Lucio Costa) (1928)
Urbanismo
Contemporâneo
(meados séc. XX ao
final)
Novo Urbanismo Críticas ao Modernismo
(questões sociais déc.50; (déc. 40 - culturalistas, pós-
ambientais déc. 60; modernos, organicistas,
plan. estratégico e part. antropólogos, socialistas)
popular déc. 70 e 80) Desenvolvimento
Urbano Sustentável
(século XXI)
13
Os itens 2.1 e 2.3 tratam particularmente de sustentabilidade e de sustentabilidade urbana.
14
O item 3.2 trata do arcabouço jurídico urbanístico da Cidade do Rio de Janeiro, e, especialmente
no item 3.2.1, apresenta as interfaces nesta legislação dos aspectos de recursos hídricos, urbanos e
ambientais.
31
Maricato (2002) ressalta que essa intensa urbanização, quase que espontânea,
sem diretrizes de planejamento capazes de organizar a ocupação do solo, suprir a
demanda de moradias e de infra-estrutura urbana, piorou a qualidade de vida
também nas cidades brasileiras. Na busca do enfrentamento destas questões, novas
e mais criativas perspectivas de análise e de soluções para o planejamento das
cidades têm surgido, inclusive contemplando a abordagem multidisciplinar da gestão
urbana, a associação à questão ambiental e à participação popular, com vistas a
uma regeneração ecológica urbana, uma maior eficiência na utilização do solo, com
restrições à ocupação, utilização de espaços verdes e diversas propostas de
viabilização do desenvolvimento sustentável. Ressalvam-se os aspectos polêmicos
deste conceito e as formas do chamado planejamento estratégico que preconiza a
gestão participativa e, cada vez com maior requinte técnico, utiliza indicadores, sem,
entretanto responder a estas necessidades da maioria da população.
16
Na presente tese aplicou-se o pensamento de Henri Lefebvre à discussão da sustentabilidade e
suas interfaces com o território, destacando-se, entretanto que o autor não se dedicou
especificamente ao estudo da sustentabilidade.
34
17
Proposição também apresentada a seguir, especialmente no item 2.3 que trata da sustentabilidade
urbana e da bacia hidrográfica como unidade de gestão.
35
A linha de pesquisa adotada (detalhada nos itens 1.2, 1.3 e 1.4 a seguir),
com ênfase nos estudos de Henri Lefebvre, se baseia na própria essência teórica
e metodológica da obra do autor. O pensamento não estanque de Lefebvre,
traduzido nos movimentos entre os pólos opostos de abordagem utilizados pelo
autor, especialmente em “Lógica Formal/ Lógica Dialética” (1983) ilumina
privilegiadamente o estudo das questões dialeticamente opostas tratadas na
presente tese, comentadas acima: sustentabilidade e insustentabilidade; bacia
hidrográfica como unidade de planejamento urbano integrado ao de recursos
hídricos em contraposição ao zoneamento funcionalista. A Bacia Hidrográfica é
entendida aqui, como também em Lefebvre (1991), um espaço social, contraditório
que comporta toda a diversidade da vida social, conforme discutido no item 1.4.1.
Prólogo (1.1)
Apresenta-se no prólogo a contextualização resumida do tema central da tese,
a sustentabilidade urbana em percurso dialético com a insustentabilidade, ao longo
dos anos, marcadamente após a industrialização e o aumento dos problemas
urbanos, em diversas formulações e alternativas em busca de melhor qualidade de
vida urbana, ainda que só se apresentassem sob a denominação de
sustentabilidade principalmente após a Conferência de Estocolmo de 1972. A
questão da sustentabilidade urbana se encontra relacionada à gestão integrada das
águas urbanas, apoiada na legislação urbanística e suas interfaces com os aspectos
de recursos hídricos e ambientais, instrumentalizada na adoção da bacia
hidrográfica como unidade de planejamento e no uso de indicador de
sustentabilidade aplicado à legislação urbanística, perspectiva em que se insere o
objeto de estudo: contribuição para o desenvolvimento de indicador de
ocupação sustentável da bacia hidrográfica (IOS-BH), bem como o objetivo
principal: aplicação dos indicadores à legislação urbanística da cidade do Rio
de Janeiro. Aponta-se a possível inovação e contribuição da tese. Justifica-se o
recorte espacial na cidade do Rio de Janeiro, bairro da Barra da Tijuca e o recorte
temporal de 1992 à atualidade. Destaca-se a justificativa da linha de pesquisa
adotada e da ênfase na referência teórico-metodológica em Lefebvre devido à
dinâmica do seu pensamento, em movimento entre pólos opostos de abordagem, o
que ajuda na compreensão da sustentabilidade urbana e, especialmente,
proporciona um enfoque original à formulação de indicadores. Com base nestas
referências e na premissa de que os indicadores (índices e parâmetros) na
legislação urbanística são apenas números que não se correspondem diretamente
com a área de planejamento e não facilitam a gestão integrada com os recursos
hídricos e ambientais e tampouco a construção do desenvolvimento urbano
sustentável, formula-se a questão central da tese: Existe a possibilidade de
contribuição do IOS-BH para a superação do planejamento urbano contemporâneo
40
18
Os itens 1.3 e 1.4 que tratam das questões diretamente relacionadas ao pensamento de Lefebvre
se dedicam a aprofundar estas bases teórico-metodológicas.
47
Interação Dialética
Lefebvre (1983) considera que quanto mais avançamos no conhecimento, na
análise, tanto mais o pensamento, o entendimento considera incompatíveis os
diversos que ele descobre. O entendimento abstrativo cai em erro (relativo) ao
manter a separação. A razão restabelece as relações, a unidade, o concreto. É
assim que a razão dialética possuiu as características: imediato superior, captação
do concreto e do processo real, do movimento, verdade real mais alta, isto é o grau
superior de objetividade e de verdade relativa, mais próximo da verdade absoluta.
“Verdade e erro estão em interação dialética. Convertem-se um no outro.
Transformam-se. É por isso que podemos conquistar novas verdades e tender para
a verdade objetiva, através de verdades parciais e aproximativas, através de erros
momentâneos”.
Mediação e Superação
A mediação seria segundo Lefebvre (1983), um momento correspondente ao
próprio exercício da lógica dialética. A busca da mediação entre os pólos opostos de
análise, de consideração na pesquisa, concorre para a construção e conhecimento
do objeto de estudo. Enfim, o termo médio seria entendido como instrumento do
pensamento dialético, como conexão dialética que permita o movimento de interação
de diversos pólos que, em certa medida, está aplicado aqui ao tema de estudo,
buscando a superação, a construção de um objeto enriquecido, no caso um
indicador urbano ambiental, o IOS-BH.
Sustentabilidade e Insustentabilidade
Sustentabilidade é a habilidade, no sentido da capacidade, de sustentar ou
suportar uma ou mais condições, exibida por algo ou alguém. É uma característica
ou condição de um processo ou de um sistema que permite a sua permanência, em
certo nível, por um determinado prazo. Recentemente, o conceito se tornou um
princípio, segundo o qual o uso dos recursos naturais para a satisfação de
necessidades presentes não pode comprometer a satisfação das necessidades das
gerações futuras, imprimindo um caráter de longo prazo indefinido. O princípio da
sustentabilidade pode ser aplicado a qualquer empreendimento humano desde que
seja: ecologicamente correto; economicamente viável; socialmente justo e
culturalmente aceito (WIKIPÉDIA, 2010).
Indicadores de Sustentabilidade
Os indicadores de sustentabilidade, a título de sistematização dos principais
termos utilizados neste trabalho, podem ser definidos, conforme se apresenta (e
também se detalha) no item 2.2, como: ferramentas constituídas por uma ou mais
variáveis que, associadas através de diversas formas, revelam significados mais
amplos sobre os fenômenos a que se referem (IBGE, 2002). São fundamentais
como subsídios ao processo de viabilização do desenvolvimento sustentável e
devem ser selecionadas criteriosamente segundo as diferentes necessidades
permitindo sua integração nas diversas políticas setoriais (FUNDAÇÃO GETÚLIO
VARGAS, 2000 e GOMES et al., 2002). Aparecem no presente texto tratados em
seus opostos, em seus aspectos qualitativos e quantitativos, como elementos de
mediação e instrumentos facilitadores da superação do planejamento
contemporâneo, especialmente no item 1.4.
que lhe eram, e lhe são arrancadas, para que só as reencontre mediante a
compra e a venda. [Pode-se dizer] que o tempo, lugar dos valores, e o
espaço, meio de troca, podem se encontrar numa unidade superior, o
urbano? Sim. [Ou seja], criar a unidade espaço temporal é, com efeito, uma
definição possível, entre outras, do urbano e da sociedade urbana (1999,
p.163).
19
Lembra-se aqui, no que se refere à questão regional, da influência de Patrick Geddes apontada no
Prólogo e tratada nos itens 2.3 e 2.4.
50
20
O tema está desenvolvido nos itens 2.3 e 2.4.
21
A definição de zoneamento encontra-se nas palavras-chave a seguir.
22
Para o Rio de Janeiro, em 1992, foi aprovado o Plano Diretor Decenal, Lei Complementar 16/1992.
Recebeu em 2006 o Substitutivo Nº 3 ao Projeto de Lei Complementar 25/2001 (projeto de revisão) e
só recentemente em 2011 foi aprovada a sua revisão, Lei Complementar 111 de 01.02. 2011 (RIO DE
JANEIRO, 2010).
51
Metrópoles e Megalópoles
O surgimento da cidade-mãe, da metrópole, se relaciona à existência de água
potável em abundância, facilidades de defesa, terra boa para cultivo, facilidade de
caminhos terrestres e fluviais, atraindo um grande número de habitantes. O
excedente de produtos regionais favorece o comércio especializado com outras
regiões, o cruzamento de culturas e o estímulo à ruptura da rotina. O comércio cria a
52
Unidade de Planejamento
Unidade de planejamento é a porção do território tomada como base para a
formulação e execução do planejamento urbano. No planejamento racional-
funcionalista (já anteriormente comentado), esta unidade é a zona, a área
especializada por determinada função da cidade dividida em partes, o zoneamento.
Na proposta de superação da atual setorização, a unidade que melhor
corresponderia ao planejamento contemporâneo superado, ao planejamento
urbano (de fato) integrado ao de recursos hídricos seria a bacia hidrográfica
(definida e detalhada adiante).
23
Cabe destacar que o Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável do Município do Rio de
Janeiro, promulgado em 01.02.2011, deverá sistematizar a legislação urbanística existente incluindo
as matérias (zoneamento, áreas de preservação e parâmetros urbanísticos) aqui especialmente
tratadas entre outras, conforme o artigo 45 que determina à Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS)
“estabelecer o zoneamento de todo o território municipal, atualizando, unificando, simplificando e
sistematizando as normas reguladoras de utilização do espaço urbano vigentes”. Estabelece ainda no
artigo 330 “o prazo de dois anos para o encaminhamento à Câmara Municipal do Projeto da Lei de
Uso e Ocupação do Solo, que consolidará para todo o território municipal os índices e parâmetros
urbanísticos determinados na legislação vigente adequados às disposições contidas neste Plano
Diretor” (RIO DE JANEIRO, 2011c). Estas alterações regulamentadas e aprovadas provavelmente se
constituirão em mais alguns retalhos na já tão remendada cidade do Rio de Janeiro.
55
Zoneamento
Zoneamento é um tradicional instrumento característico do planejamento
urbano funcionalista24, caracterizado pela divisão da cidade em zonas, apoiado por
um sistema legislativo (normalmente em nível municipal) que procura regular o uso,
ocupação e arrendamento da terra urbana por parte dos agentes de produção do
espaço urbano, tais como as construtoras, incorporadoras, proprietários de imóveis e
o próprio Estado.
No Rio de Janeiro as macro-zonas de restrição à ocupação urbana
determinadas pela Lei Complementar 16/1992 que instituiu o Plano Diretor Decenal
da Cidade do Rio de Janeiro, se constituíram em áreas agrícolas, áreas com
condições físicas adversas à ocupação, áreas impróprias à urbanização e áreas
destinadas à proteção do meio ambiente. A Lei Complementar 111/2011 que
instituiu o Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável do Município do Rio de
Janeiro, define as macro-zonas de ocupação urbana em: Assistida, Condicionada,
Controlada e Incentivada. O novo Plano Diretor se propõe ainda a sistematizar,
atualizar e unificar a legislação existente, inclusive sobre a matéria zoneamento. Até
então as macro-zonas também estão definidas no Decreto 28.801/2007
(regulamenta as macro-zonas do Plano Estratégico – Plano de Legado Urbano e
Ambiental), que tem por objetivo orientar a expansão da ocupação urbana, as ações
de planejamento urbano, a regulamentação e a aplicação dos instrumentos da
política urbana, além de indicar as prioridades na distribuição dos investimentos.
Apresentam-se também as zonas, centros de bairro e logradouros comerciais
regulamentadas no Decreto 322/1976, o Regulamento de Zoneamento da cidade; as
zonas dos Projetos de Estruturação Urbana25 (PEUs), introduzidos no planejamento
urbano da cidade pelo Plano Urbanístico Básico da Cidade do Rio de Janeiro
(PUBRIO), aprovado pelo Decreto 1.269/1977; as zonas ambientais criadas com as
Áreas de Preservação e as Áreas de Especial Interesse (AEI), que se classificam
conforme sua destinação, promulgadas por leis especificas ou através dos PEUs. O
Zoneamento se constitui em amplo conjunto de normas que compõe o zoneamento
da cidade (RIO DE JANEIRO, 2010a).
24
O planejamento urbano funcionalista, ou Urbanismo Modernista já tratado em Planejamento
Urbano: o Contemporâneo e sua Superação está também detalhado nos itens 2.4 e 3.1.
25
O Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável do Município do Rio de Janeiro também instituiu
uma nova feição para o PEU, agora Plano de Estruturação Urbana, detalhado em Legislação
Urbanística a seguir apresentada.
56
Áreas de Preservação
As Áreas de Preservação foram implantadas em diversas regiões da cidade, a
partir da política de meio ambiente e de valorização do patrimônio cultural do
Município, que visa à proteção, recuperação e conservação da memória construída,
suas paisagens e seus recursos naturais. Compreendem (até a regulamentação das
alterações propostas no novo Plano Diretor - LC 111/2011) as Áreas de Proteção
Ambiental (APAs), Áreas de Proteção do Ambiente Cultural (APACs) e parques, que
57
Infra-estrutura Urbana
Infra-estrutura é um conjunto de elementos essenciais para o
desenvolvimento de qualquer cidade. Redes bem estruturadas de água, esgoto,
eletricidade, drenagem, comunicação e transporte são imprescindíveis para a
melhora na qualidade de vida da população de um município. Em cidades de grande
porte, distribuir esses recursos a toda população é um enorme desafio.
Ou seja, a rede física urbana só tem sentido numa dialética cidade / rede.
Surge como uma modalidade privilegiada de intervenção técnica sobre a cidade que
aparece segundo a visão sistêmica, como um sistema decomponível em
subsistemas. Podem-se encontrar várias redes de interação: de ligação e de
organização. As redes urbanas possuem relativa permanência espaço-temporal e
as suas relações têm significação física: fluxos de tráfego, de matérias (água,
esgoto). São tanto relacionais como organizacionais na medida em que são
hierarquizantes. Têm complexidade, se relacionam às possibilidades técnicas e a um
atendimento do território. Redes de serviços são estruturas com dois movimentos de
igual valor e simultâneos: redes organizadas e prestação de serviços que são a
materialização dessas relações (KLEIMAN, s.d. e 2003).
Meio Ambiente
O meio ambiente26, comumente chamado apenas de ambiente, envolve todas
as coisas vivas e não-vivas ocorrendo na Terra, ou em alguma região dela, que
26
O conceito de meio ambiente apresenta uma dimensão bastante ampla. Diversos autores se
dedicam a esta discussão que não está esgotada e nem sempre converge para um consenso. As
definições aqui apresentadas se destinam mais a uma delimitação preliminar do termo na forma em
58
como ar, água, e clima, assim como energia, radiação, descarga elétrica, e
magnetismo, que não se originam de atividades humanas.
Impacto Ambiental
Impacto ambiental significa qualquer alteração significativa das propriedades
físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, em um ou mais de seus
componentes, provocada por ação humana. Pode ser visto também como parte de
uma relação de causa e efeito (WEBER, 2001).
que foi considerado no presente texto, já que um maior aprofundamento do tema fugiria ao escopo do
presente estudo.
59
Fragilidade Ambiental
O conceito de fragilidade ambiental ou de áreas frágeis se relaciona à
susceptibilidade do meio ambiente a qualquer tipo de dano, inclusive, a poluição
(WEBER, 2001).
Recursos Hídricos
Os recursos hídricos fazem parte dos recursos naturais (rios e florestas, por
exemplo), aqueles provenientes da natureza em estado bruto, diferentemente dos
recursos ambientais (canais de drenagem, represas e unidades de conservação,
entre outros) que são os provenientes da natureza transformada pelo movimento de
valorização do espaço (GRAZIA et al., 2001).
Ecossistema
Ecossistemas são sistemas abertos que incluem em certa área, todos os
fatores físicos e biológicos do ambiente e suas alterações, o que resulta em uma
diversidade biótica com estrutura trófica (de cadeia alimentar) claramente definida e
na troca de energia e matéria entre esses fatores (WEBER, 2001).
numa dada área, interagindo com o ambiente físico de tal forma que um fluxo de
energia produza estruturas bióticas claramente definidas e uma ciclagem de
materiais entre as partes vivas e não-vivas. É a unidade funcional básica na
ecologia, pois inclui tanto os organismos quanto o ambiente abiótico; cada um
destes fatores influencia as propriedades do outro e cada um é necessário para a
manutenção da vida (ODUM, 1988).
Bacia Hidrográfica
Bacia hidrográfica define a área topograficamente drenada por um curso
d’água ou por um sistema interligado de cursos d’água de tal forma que todos os
caudais efluentes sejam descarregados através de uma única saída. Os seus
terrenos são delimitados por dois tipos de linhas de separação de águas: uma
topográfica ou superficial outra freática ou subterrânea. A área da bacia é chamada
área de drenagem ou de contribuição, normalmente medida em quilômetros
quadrados (COSTA, 2001; WEBER, 2001).
Legislação Urbanística
Na Constituição Federal se estabelecem as competências específicas dos
poderes: nacional (União), regional (Estados) e local (Municípios e Distrito Federal)
também para as questões urbanas. A Lei Orgânica define, entre outras, a matéria de
Política Urbana, com as competências previstas na Constituição Federal e os
princípios gerais a serem tratados no Plano Diretor, nas Leis Ordinárias e
Complementares (SILVA, 1996a e b). O Código Civil apresenta ainda restrições de
vizinhança e limitações ao direito de construir.
27
Mais detalhes sobre legislação urbanística ver, por exemplo, Rio de Janeiro (2002); Meirelles
(1981); Silva (1996a e b).
63
28
Em geral os projetos, substitutivos e demais expedientes a serem votados em plenário do
legislativo (federal, estadual e municipal) são aprovados por maioria simples, exceto os casos
discriminados nos regimentos internos que necessitam de maioria absoluta ou de dois terços para a
aprovação.
64
Relaciona-se ainda este processo, ainda que não de forma explícita, com
Bourdieu (1996, 2000 e 2004), a partir da tríade mítica no processo de
estranhamento e construção do objeto: rigor, reflexividade e risco, com ênfase na
busca das variantes que permitam verificar as invariantes, tanto para o entendimento
da unidade de planejamento bacia hidrográfica como na construção e análise dos
indicadores30. No processo de produção de conhecimento novo em ciências sociais
Bourdieu (2004) ressalta que é necessário se ter noção de que a consciência dos
atores não é suficiente para explicar as suas ações. E que as ações individuais só
adquirem plenamente sentido quando referidas à estrutura das relações sociais as
29
O item 1.4.2 a seguir aprofunda esta discussão do movimento dos indicadores.
30
O item 1.4 que segue trata especificamente da bacia hidrográfica como espaço social (item 1.4.1) e
dos indicadores na legislação urbanística (item 1.4.2).
65
Sob a convicção de que não se pode capturar a lógica mais profunda do mundo
social a não ser submergindo na particularidade de uma realidade empírica,
historicamente situada e datada, para construí-la, porém, como caso particular do
possível, o autor, procura apanhar o invariante, a estrutura, na variante observada.
Busca indicar as diferenças reais que separam tanto as estruturas quanto as
disposições (o habitus) e cujo princípio é preciso procurar, não na singularidade das
naturezas – ou das almas – mas nas particularidades de histórias coletivas
diferentes (BOURDIEU, 1996 e 2000).
31
Espaço simbólico, local empírico de socialização, lugar em que os agentes determinam, validam e
legitimam representações.
32
Relaciona-se à capacidade que uma determinada estrutura social tem de ser incorporada pelos
agentes, por meio de disposições para sentir, pensar e agir. Dimensão do poder simbólico,
articulação de disposições no espaço social.
33
Discute a quantidade de acúmulo de forças dos agentes em suas posições no campo.
66
34
Habermas (1994, 1997 e outros). Ver http://pt.wikipedia.org/wiki/Jürgen_Habermas, consultado em
26 out. 2010.
35
Ver também http://www.consciencia.org/leibniz.shtml e http://www.leibnizbrasil.pro.br/leibniz-
vida.htm, consultados em 26 out. 2010.
67
Henri Lefebvre (1991) entende espaço social36 como o espaço dos homens
reais que comporta toda a diversidade da vida social, e, portanto, traz em sua forma-
estrutura todos os elementos para o exercício da dominação e também o seu
contrário. O espaço é, por definição, um espaço contraditório, pois sujeito aos
interesses dos diferentes grupos sociais.
36
Espaço social também está conceituado na sistematização no item 1.2, relacionado ainda ao
espaço urbano.
68
A cidade deveria ser percebida como uma relação superadora dessa tríade à
qual se referiu Lefebvre (1991) ao refletir sobre a noção de espaço e, ao longo da
sua exposição, introduz ainda os termos percebido, concebido e vivido. Adverte-nos
Lefebvre (1991) que ao mesmo tempo em que o espaço carrega consigo
simbolismos explícitos ou clandestinos (representações das relações de produção)
próprios do cotidiano, do particular, do vivido, transmite, também, as mensagens
hegemônicas do poder e da dominação (representações das relações sociais de
produção), expressões do geral, do concebido.
Existem, portanto,
cada termo ou conceito pode ser encarado sob dois aspectos [...] por um
lado uma extensão [...] e por outro uma compreensão (p.139), [...] a
qualidade e a quantidade, a extensão e a compreensão do conceito são
inseparáveis (p.141) e [...] cada processo importante do pensamento
introduz o novo, mas posto em seu lugar pelo movimento e, portanto
compreendido. E cada grau novo se manifesta através de um salto do
pensamento vivo que avança (p.179), [...] a quantidade permite que nosso
mundo qualitativo tenha uma estrutura definida, sem deixar de ser
qualitativo (p.211), [...] a transformação consiste numa interrupção da
71
a cidade é uma mediação entre uma ordem próxima e uma ordem distante.
A ordem próxima é aquela do campo circundante que a cidade domina,
organiza, explora extorquindo-lhe sobre-trabalho. A ordem distante é a da
sociedade no seu conjunto. Enquanto mediação, a cidade também é o local
onde as contradições da sociedade considerada se manifestam, como, por
exemplo, aquelas entre o poder político e os diferentes grupos sobre os
quais esse poder se estabelece (p. 82).
37
Ver sobre a unidade de planejamento por bacias relacionadas aos PEUs no Prólogo e detalhada a
seguir no item 2.3.2.
72
cada termo ou conceito pode ser encarado sob dois aspectos [...] por um
lado uma extensão [...] e por outro uma compreensão [...] (p.139). [...] A
qualidade e a quantidade, a extensão e a compreensão do conceito são
inseparáveis [...] (p.141). [...] cada processo importante do pensamento
introduz o novo, mas posto em seu lugar pelo movimento e, portanto
compreendido. E cada grau novo se manifesta através de um salto do
pensamento vivo que avança (LEVEBVRE, 1983, p.179).
1.4.2.3. Superação
o quadro das condições de vida nas cidades brasileiras guarda ainda na sua
base de indicadores e nos conceitos sobre sustentabilidade uma problemática que
não possibilita plena avaliação, planejamento e ações resolutivas;
medir determinada situação por indicadores deve, além de fazer uma revisão
da escala, supor a existência de pólos opostos possibilitando, no seu intervalo, obter
graus de diferenciação entre os extremos, bem como verificar a conexão dialética e
interação desses diversos pólos;
38
Apud CASTELLS (1999).
81
2.1. SUSTENTABILIDADE
2.1.1. Antecedentes ao Conceito de Sustentabilidade
[no sentido da] justiça ambiental e social [e, da] garantia do direito a cidades
sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao
saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos
serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras
gerações, [complementada ainda pela preocupação em] evitar e corrigir as
distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio
ambiente, [não esgota a discussão devido à considerável abrangência e
polêmicas que o conceito envolve] (MEDAUAR, 2002, p.395).
Viotti (2001, p.154) entende que “nos fins do século XX”, surgiu “uma nova
idéia força que está progressivamente mobilizando as nações: o desenvolvimento
sustentável. Um novo estilo de desenvolvimento que tem como meta a busca da
sustentabilidade social e humana capaz de ser solidária com a biosfera. A sociedade
brasileira, em consonância com esse movimento universal, também busca construir
esse novo estilo de desenvolvimento”.
39
A Agenda 21 foi então aplicada em âmbito nacional e local em diversos países, entre outros,
citados no item 2.2.3 e Quadros 2.2.3.1 e 2.2.3.2.
86
Sachs observa que esta teoria, um economicismo estreito, fazia crer que, no
momento em que o crescimento rápido das forças produtivas estivesse assegurado,
se produziria um processo completo de desenvolvimento que se estenderia
espontaneamente a todos os âmbitos da atividade humana. Considera que o
desenvolvimento sustentável é incompatível com as forças do mercado sem
restrições, ocasionando novos problemas sociais e agravando ainda mais a
desigualdade social (SACHS, 2001 e 2002).
partir da RIO92, em 1992. Comentando esse relatório, Duval (2004) considera que a
justaposição das duas palavras é o seu encanto. Desenvolvimento significa que
podemos continuar a melhorar as condições de vida da população mundial,
especialmente no Sul. Enquanto durável (sustentável) indica que chegamos a
restabelecer (ou a estabelecer) equilíbrios ecológicos de sorte que a economia
“responde às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das
gerações futuras”.
40
Para detalhes, ver alguns exemplos no item 2.2.3.
88
Cabe ressaltar que a visão, muitas vezes fragmentada (conforme algumas aqui
apresentadas), das dimensões da sustentabilidade tem inspirado, segundo os
estudos de Altafin (2008, p.22), duas correntes que dominaram o discurso e as
ações do desenvolvimento sustentável nas últimas décadas: as definições de
sustentabilidade fraca e forte.
Sabe-se que:
93
2.2.1. Introdução
Os anos 1960 e início dos anos 70 viram a ascensão breve e queda dos
Indicadores Urbanos de Qualidade, movimento iniciado nos Estados Unidos. O
movimento veio e se foi porque que era difícil e muito caro gerenciar os dados
necessários com a tecnologia da época e, a prática era pouco direcionada à
avaliação. Na década de 1990, o advento da informática, juntamente com uma
preocupação crescente (e muito menos partidária) com o desenvolvimento
sustentável, deu à luz ao mais bem sucedido movimento de indicadores de
sustentabilidade. Computadores pessoais, editoração eletrônica, e a internet
tornaram possível o gerenciamento de dados complexos e a sua apresentação em
formato atraente (ATKISSON, 2004). Ao longo dos anos seguintes, tem ocorrido
uma explosão de iniciativas e projetos voltados aos indicadores de sustentabilidade,
buscando melhores condições de vida urbana, em todo o mundo, em centenas de
vilas, cidades, municípios, regiões e estados.
Brasil, os indicadores nas políticas públicas municipais, bem como o aplicativo para
indicadores desenvolvido pelo autor.
Diversos estudos, tais como Brandão (1992), Hall (1984), Pauleit e Duhme
(2000) e Pimentel da Silva (1998) têm abordado os efeitos das ações antrópicas
negativas ao meio ambiente, relacionando o processo de urbanização, o aumento
das áreas impermeabilizadas dos solos das bacias hidrográficas e a ocupação de
margens de rios e de encostas com a interferência negativa nos processos
hidrológicos, contribuindo para o aumento e antecipação do pico de vazão e,
eventualmente para inundações; dificultando a manutenção dos ecossistemas
naturais, podendo alterar o clima e acarretar ao longo do tempo modificações na
distribuição e disponibilidade dos recursos hídricos, além do aumento da poluição, e
outros impactos nos ecossistemas.
Existe uma lacuna nas informações sobre os efeitos das alterações ambientais
urbanas e da cobertura vegetal, indicador essencial para um melhor entendimento
da sustentabilidade dos processos de desenvolvimento urbano, conforme destacam
Pauleit et al. (2003) nos estudos aplicados a áreas residenciais em Merseyside, UK
e também Scabbia (2006) que estuda os indicadores de desenvolvimento
sustentável a serem aplicados na avaliação de políticas e gestão ambiental voltadas
a proteção de sistema de verde urbano.
41
Estes e outros indicadores encontram-se listados no Quadro 2.2.3.1 apresentado no item seguinte.
102
42
Também este, como outros indicadores, aparece no Quadro 2.2.3.1, bom como na Figura 2.2.3.1,
ambos apresentados no item 2.2.3 a seguir.
103
43
Conforme foi pontuado no item 2.1 e Quadro 2.1.1.2.
105
dos grupos principais (participação e integração dos diversos grupos sociais); meios
de implementação, tratando de todos os aspectos que devem ser trabalhados para
transformar a dinâmica social na direção da sustentabilidade (AFONSO, 2006).
48
Este modelo forca-motriz–estado–resposta estabelece um vínculo lógico entre os seus
componentes, de forma a avaliar o estado do meio ambiente a partir dos fatores que exercem
pressão sobre os recursos naturais, do estado resultante destas pressões e das respostas que são
produzidas para enfrentar esses problemas ambientais (PHILIPPI et al., 2005). Existem trabalhos
anteriores baseados no modelo stress–resposta, datados da década de 1950, mas os modelos atuais
de pressão–estado–resposta (PER), força motriz–estado–resposta, forca motriz–pressão–estado–
impacto e resposta, encontraram sua base no trabalho de Tony Friend e David Rapport, da Statistics
Canada (1979, 1989), voltada às estatísticas ambientais. Nesse modelo, o stress causado pelas
atividades humanas incluía não apenas os efeitos da poluição, mas uma complexa série de formas
físicas, químicas e biológicas. O modelo pressão–estado–resposta (pressure–state–response – PSR)
foi utilizado pela Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (Organization for
Economic Co-Operation and Development–OECD), em 1994; o modelo força-motriz–estado–resposta
(driving-force–stress–response–DSR) pelas Nações Unidas, em 1996, e o modelo força motriz-
pressão–estado–impacto–resposta (driving–force–pressures–state–impact–responses–DPSIR) pela
Agência Ambiental Européia (European Environment Agency–EEA), em 1999 (COUTINHO, 2006).
Cabe lembrar, além destas metodologias, da utilização dos princípios da ISO 14031 que dispõe sobre
a avaliação de desempenho ambiental.
49
Os Quadros 2.1.1.2; 2.2.3.1 e 2.2.3.2 ilustram algumas aplicações da Agenda 21 Global no âmbito
nacional em diferentes países.
108
50
O grupo, Dimensão Ambiental, constatou desmatamento em 14,6% da Amazônia Legal, quase
metade do Cerrado e, restam menos de 10% da Mata Atlântica. O consumo de substâncias
destruidoras da camada de ozônio sofreu aumento, com relação a 2007 e, nas grandes cidades, a
poluição atmosférica se manteve estável, mas a concentração de ozônio cresceu. O segundo grupo,
Dimensão Social, destacou maior redução nas desigualdades de gênero, do que nas de cor e raça;
queda da mortalidade infantil e aumento da esperança de vida; condições de moradia inadequadas
de 43% dos brasileiros e 25,4 mortes por homicídio e 20,3 por acidente de transporte, a cada cem mil
habitantes. O grupo Dimensão Econômica mostrou que em 2009, o consumo de energia anual de
cada brasileiro chegou ao seu maior índice, sem aumento da eficiência energética; quase metade da
energia brasileira provém de fontes renováveis e mais de 90% das latas de alumínio produzidas aqui
hoje são recicladas. O grupo Dimensão Institucional indicou: os domicílios com acesso à rede
quase triplicaram entre 2001 e 2008 e o acesso à telefonia móvel dobrou de volume em quatro anos.
O investimento em Pesquisa e Desenvolvimento aumentou, embora ainda represente menos de 1%
do PIB brasileiro (NUNES e SPITZCOVSKY, 2010).
110
51
As seleções apresentadas nos Quadros 2.2.3.1; 2.2.3.2 e 2.2.3.3 e Figuras 2.2.3.1 e 2.2.3.2 não
cobrem a totalidade das experiências existentes e o critério utilizado para estas escolhas foi o maior
grau de divulgação e freqüência de ocorrências na bibliografia disponível e revisada.
52
Detalhado nos itens 1.2, 1.3 e 1.4.
53
Trata-se no item 3.5 de proposição de novo indicador nesta perspectiva.
FIGURA 2.2.3.1 – Indicadores de Sustentabilidade no Contexto do Desenvolvimento Sustentável. Fonte: ECKHARDT (2010).
111
112
54
Detalhes em: www.iisp.vassar.edu/ish.html
55
Friends of the Earth criou uma ferramenta disponível na Internet, no site www.foe.org, que permite
a qualquer um criar seu IBES (Índice de Bem-Estar Econômico Sustentável), valorizando as variáveis
da forma mais adequada à sua situação.
56
Detalhes em: www.pnud.org.br
www.pnud.org.br/idh/
57
O PIB foi desenvolvido por Simon Kuznets para um Congresso dos EUA em 1934,
58
Detalhes em: www.footprintnetwork.org
www.rprogress.org/newprojects/ecolFoot.shtml
www.eea.europa.eu/highlights/Ann1132753060
59
Para Calcular a Pegada Ecológica: Pegada Individual (Individual Footprint) – um questionário
(Ecological Footprint Quiz) sobre hábitos e atitudes, disponível no site www.myfootprint.org.
113
60
Detalhes em: www.worldbank.org/
www.brettonwoodsproject.org/topic/environment/gensavings.pdf
61
Detalhes em: www.iucn.org/en/news/archive/2001_2005/press/wonback.doc
62
Detalhes em: www.rprogress.org. Os precursores do GPI atual foram o Measured Economic
Welfare - MEW (William Nordhaus e James Tobin), em 1972 e o Index of Sustainable Economic
Welfare – ISEW (Daly e Cobb), em 1989.
114
BRASIL
Governo Federal
IDH-M
e administração Dimensões: vida longa e saudável, acesso
Índice de
municipal (Atlas ao conhecimento e padrão de vida digno.
Desenvolvimento 1996
do Indicadores diferentes do IDH na
Humano
Desenvolvimento composição.
Municipal64
Humano no
Brasil)
IPH - Índice de Mesmas dimensões do IDH em seus
Programa das
Pobreza Humana65 cálculos (uma vida longa e saudável, o
Nações Unidas
IPH-1(para os acesso ao conhecimento e um padrão de
para o
países em 1997 vida digno) com o acréscimo de outra
Desenvolvimento
desenvolvimento) dimensão: a exclusão social. Índice-chave
(PNUD)
IPH-2 (para os dos objetivos de Desenvolvimento do
Aplicação mundial
países mais ricos) Milênio das Nações Unidas.
Índice proposto para medir o componente
econômico do bem-estar social de forma
CANADÁ mais realista e completa do que os índices
IEWB – Index of
Centre for the tradicionais, como o PIB. Visa contribuir
Economic Well- 1998
Study of Living para que os indivíduos de uma sociedade
Being66
Standards analisem e julguem se as decisões e
políticas públicas adotadas no país trazem
melhorias efetivas para a sociedade.
CANADÁ
The World Uma metodologia para avaliar e relatar o
Conservation progresso em direção a sociedades
BS - Barometer of
Union- IUCN, The sustentáveis que combina diversos
Sustainability ou
1999 International indicadores sociais e ambientais, medindo,
Barômetro da
Development em escala de desempenho e em índices, o
Sustentabilidade67
Research Centre bem-estar humano e do ecossistema
– IDRC, conjuntamente, sem sobrepor um ao outro.
(Prescott-Allen)
63
Detalhes em:
www.ead.fea.usp.br/Semead/9semead/resultado_semead/trabalhosPDF/331.pdf
www.iisd.org/mesure/compendium
64
Sobre este indicador ver observações críticas: limites e problemas de natureza conceitual e
metodológica especialmente no uso do indicador sintético como critério e elegibilidade de municípios
para políticas sociais, em Jannuzzi (2002) e Guimarães e Jannuzzi (2005).
65
Detalhes em: www.pnud.org.br
http://www.dhnet.org.br
66
Detalhes em: www.csls.ca/iwb.asp
www.csls.ca/iwb/iewb-guide.pdf
67
Detalhes em: www.idrc.ca
http://www.iucn.org/
115
68
Detalhes em: www.iisd.org/cgsdi/
www.iisd.org/cgsdi/dashboard.asp
69
Ferramenta gratuita que associa um software livre a uma base de dados internacionais de uso
flexível, permitindo a construção de um ou mais indicadores sintéticos alterando o número e o peso
das variáveis.
70
Detalhes em: www.org.br/downloads/wwf_brasil_planeta_vivo_2006.pdf
www.wwf.org.br
71
Detalhes em: www.calvert-henderson.com
www.calvertgroup.com
116
72
Detalhes em: www.bip40.org
73
Detalhes em: www.ibge.gov.br
www.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/ids/default.shtm
74
Detalhes em: www.seade.gov.br/produtos/iprs/pdf/metodologia.pdf
www.seade.gov.br/produtos/iprs/pdf/informativo.pdf
117
75
Detalhes em: www.dnabrasil.org.br
76
Detalhes em: www.ciesin.org/
www.yale.edu/epi/
77
CEROI – Cities Environment Reports on the Internet
78
Detalhes em: www.accountability21.net
79
Detalhes em: www.sustainableinnovation.org/the-social-footprint.html
118
80
Detalhes em: www.vulnerabilityindex.net/EVI_Indicators.htm
81
Detalhes em: www.yale.edu/epi/
82
Detalhes em: www.neweconomics.org/gen
Para calcular o próprio HPI: http://www.itint.co.uk/hpisurvey
83
O site: www.cityindicators.org está disponibilizado para o Programa de Indicadores Urbanos
Globais, armazena dados (em base de dados de livre acesso) sobre os indicadores urbanos,
disponibiliza informações sobre pesquisa de indicadores urbanos e links para outras organizações
com interesse em programas de indicadores urbanos.
84
Detalhes em: http://grossnationalhappiness.com
119
85
Destacam-se dentre estas referências os estudos de Bellen (2002), Bitar (2006), Carvalho e
Barcellos (2009), Jannuzzi (2001), Krama (2008), Louette (2009) e São Paulo (2004).
120
86
Para mais detalhes, ver item 2.2.3 e Quadro 2.2.2.
121
87
Produziu em 2004 o relatório Indicadores do Milênio na Região Metropolitana de Curitiba e, em
2006, a primeira edição dos Indicadores do Milênio para o Estado do Paraná. Em 2008, foi
implantado o Observatório Regional dos Campos Gerais, e, numa parceria com o PNUD e o UNICEF,
estruturou o Portal ODM Brasil, com os Indicadores do Milênio dos 5.564 municípios brasileiros,
lançado em 2009.
122
88
Investigação Apreciativa, criada nos Estados Unidos por David Cooperrider, pode ser definida como
uma abordagem positiva para a gestão de mudanças e o desenvolvimento organizacional. Permite
construir conhecimentos em grupo a partir do que há de melhor nas pessoas, na reflexão coletiva,
inspirada pela cooperação com um objetivo comum (LOUETTE, 2009).
123
ÁUSTRIA
UMWELTZEICHEN-BÄUME (1990)
Site: www.umweltzeichen.at
BRASIL
QUALIDADE AMBIENTAL (1993)
Site: www.abnt.org.br
CANADÁ
ECOLOGOM (1988)
Sites: www.environmentalchoice.ca/ e http://www.terrachoice.com
CHINA
China ’s Environmental
Protection Administration
Sites: www.zhb.gov.cn/english e www.sepa.gov.cn/
CHINA
GREEN LABEL (2000)
Site: www.greencouncil.org/
HOLANDA
MILIEUKEUR (1992)
Sites: www.milieukeur.nl e http://www.milieukeur.nl/nl-NL/default.aspx
HUNGRIA
KÖRNYEZETBARÁT TERMÉK (1994)
Site:www.okocimke.kvvm.hu/public_eng/?ppid=2200000www.kornyezetbarat-
termek.hu/angism.htm
ÍNDIA
ECOMARK (1991)
Site: www.envfor.nic.in/cpcb/ecomark/ecomark.html
INDONÉSIA
EKOLABEL INDONESIA
Site: www.menlh.go.id
ISRAEL
GREEN LABEL – THE STANDARDS INSTITUTION OF ISRAEL
Site: www.sii.org.il/siisite.nsf/Pages/GreenMark
JAPÃO
ECO MARK (1989)
Site: www.ecomark.jp/english/
NOVA ZELÂNDIA
ENVIRONMENTAL CHOICE NEW ZEALAND (1990)
Site: www.enviro-choice.org.nz
REPÚBLICA TCHECA
EKOLOGICKY SETRANY VYROBEK (1993)
Site: www.ekoznacka.cz/ENG/
SINGAPURA
GREEN LABEL SINGAPORE (1992)
Site: www.sec.org.sg/greenlabel_htm/greenlable_frameset.htm
ESCANDINAVIA
MILJÖMÄRKT
THE WHITE SWAN”
(NORDIC SWAN LABEL) (1989)
Site: www.svanen.nu/Eng/
SUÉCIA
BRA MILJÖVAL (1992)
Site: www.snf.se/bmv/english-more.cfm
TCO (SWEDISH CONFEDERATION OF PROFESSIONAL EMPLOYEES)
Site: www.tcodevelopment.com
TAIWAN
GREEN MARK (1992)
Sites: www.greenmark.epa.gov.tw/english/index.asp e www.greenmark.org.tw/
UCRÂNIA
THE PROGRAM FOR DEVELOPMENT OF ECOLOGICAL MARKING IN
UKRAINE
Site: www.ecolabel.org.ua/
UNIÃO EUROPEIA
European Commission – DGENVIRONMENT
Site: http://europa.eu.int/comm/environment/ecolabel/index.htm
Department for Environment, Food and Rural Affairs (DEFRA)
Site : www.defra.gov.uk/environment/consumerprod/ecolabel/index
Fonte: Elaboração da autora com base em Louette (2009).
125
89
O Edifício Sustentável faz uso de eco-materiais e de soluções tecnológicas e inteligentes para
promover o bom uso e a economia de recursos finitos (água e energia elétrica), a redução da poluição
e a melhoria da qualidade do ar no ambiente interno e o conforto de seus usuários. Como
denominador comum, o edifício sustentável e a ecológica têm o fato de gerarem habitações e
edifícios que preservem o meio ambiente e de buscarem soluções locais para problemas por elas
mesmas criados. A construção sustentável difere da ecológica por ser produto da moderna sociedade
tecnológica, utilizando ou não materiais naturais e produtos provenientes da reciclagem de resíduos
gerados pelo seu próprio modo de vida.
126
90
O estudo de caso apresentado no item 3.4 alerta para os efeitos, especialmente do aumento do
potencial construtivo, decorrentes das alterações dos índices urbanísticos.
130
91
No item 2.3.2, conforme visto, apresenta-se a discussão da bacia hidrográfica como unidade de
gestão e no item 3.5 formula-se a proposição desta aplicação.
92
Este modelo integra um conjunto de abordagens das últimas décadas mais próximas à
sustentabilidade e que têm sido estudadas sob as denominações: Low Impact Development (LID),
nos EUA e Canadá (WONG e STEWART, 2008; PORTLAND BUREAU OF ENVIRONMENTAL
SERVICES, 2002); Sustainable Urban Drainage Systems (SUDS), no Reino Unido (SEPA, 2009);
Water Sensitive Urban Design (WSUD), na Austrália (GOONETILLEKE et al., 2011); e Low Impact
Urban Design and Development (LIUDD), na Nova Zelândia (VAN ROON, 2007; FEENEY, 2009) ou
Desenho e Desenvolvimento Urbano de Baixo Impacto – DDUBI, no Brasil (CERQUEIRA, PIMENTEL
DA SILVA e KLEIMAN, 2011). Este modelo também inclui “medidas não-estruturais, como layouts
alternativos de estradas e prédios para minimizar a impermeabilização do solo e maximizar o seu uso,
preservação da vegetação nativa, redução das fontes de contaminação e programas de educação”
que promovam novas ações e/ou atividades com ganhos paisagísticos, ambientais e econômicos
resultando no tratamento da drenagem urbana com controle não somente do pico, mas também do
volume, da freqüência e da duração, além da qualidade do escoamento (SOUZA, 2005). A Suécia e a
Noruega foram precursoras dessas iniciativas que se propagaram pela Europa, Estados Unidos,
Canadá, Austrália, entre outros. Atualmente, o Reino Unido é tido como referência mundial. Em
contrapartida, a despeito das crescentes iniciativas, “os países em desenvolvimento se encontram
relativamente atrasados, já que o controle quantitativo da drenagem urbana ainda é limitado e o de
controle da qualidade da água, resultante da drenagem, ainda está longe de ser atingido” (POLETO,
2011).
131
Geddes (1904 e 1994) extraiu sua conceituação básica dos pais fundadores da
geografia francesa Elisée Reclus (1830-1905) (RECLUS, 1878 e 1908) e Paul Vidal
de la Blanche (1845-1918) (LA BLANCHE, 1883 e 1903) e, de um dos primeiros
sociólogos franceses Frédéric Le Play (1806-1882) (LE PLAY, 2011). Destaca-se o
seu conceito de região natural, de que é um exemplo a sua famosa seção de vale:
93
Lembra-se aqui do conceito de espaço social de Lefebvre.
94
O IOS-BH encontra-se detalhado adiante no item 3.5.
133
95
Cabe lembrar que Mumford, um dos fundadores da Regional Planning Association of America, deu
prosseguimento aos estudos de Geddes, logo nos anos 1900, acerca do planejamento regional,
dentro do qual cada parte sub-regional se desenvolveria harmoniosamente com base nos seus
próprios recursos naturais, bem como num total respeito aos princípios de equilíbrio ecológico e
pronta substituição. As cidades ficariam subordinadas à região: tanto as velhas metrópoles quanto as
novas cidades só cresceriam como partes necessárias do esquema regional (HALL, 2005).
96
Esta dinâmica se encontra contextualizada no item 2.4 apresentado adiante.
97
Este exemplo aplicado à Barra da Tijuca está desenvolvido no item 3.4.
134
A gestão integrada das águas urbanas, hoje meta e consenso na maioria dos
países, resultou e se inseriu nas discussões acerca da sustentabilidade em diversas
conferências e fóruns internacionais. Dentre estes, destacam-se os principais
eventos mundiais relacionados com a água listados no Quadro 2.3.1.1 que segue.
98
A Agenda 21 aplica-se em âmbito nacional e local em diversos países, conforme comentado.
136
99
Sobre os processos de evolução da gestão integrada das bacias hidrográficas, dentre os diversos
estudos merecedores de destaque, ver Araújo et al.(2007); Carneiro (2008); Coelho (2004); Cury
(2006); Porto e Porto (2008); Santos (2002) e Silva (2002).
100
Llienthal (1972) ressalta que a TVA se tornou um símbolo do desenvolvimento unificado de
recursos em diversos países e destaca, entre outros, alguns empreendimentos influenciados ou nos
moldes da TVA até 1952: Plano de Desenvolvimento do Rio Jordão (Israel e Jordânia); Corporação
do Vale do Damodar (Índia); Autarquia dos Recursos Hidráulicos de Porto Rico; a Corporação Santa
(Peru), a repartição do Rio Níger (África); a Comissão de Papaloapán (México); Companhia
Hidrelétrica do São Francisco (Comissão do Vale do São Francisco) (Brasil); Comissão RIONE
137
(Uruguai); Projeto Snowy – Murray (Austrália); a Projetada YVA do Rio Yang-tsê (China); Projeto das
Fontes do Rio Nilo (Uganda); Projetos-piloto de Demonstração nos Rios Orontes, Litani, Zerta e Qilt
(Síria, Líbano e Jordânia); Corporação de Desenvolvimento do Chile; Junta Hidrelétrica do Norte da
Escócia; Projeto do Vale do Mahanadi (Índia); Desenvolvimento do Rio Ródano (França);
Desenvolvimento do Rio Lempa (El Salvador); Autarquia Projetada do Rio Volta (África).
101
A influência da TVA no Brasil, bem como de outras iniciativas estão comentadas no item seguinte,
2.3.2.
138
Vale ressaltar que a Alemanha foi o primeiro país a contar com uma agência
de bacia: a Agência do Rhur que remonta a 1912. Kraemer e Jäger (1998) ressaltam
ainda que a variedade de instituições envolvidas na gestão de recursos hídricos na
Alemanha espelha a diversidade cultural do país e denota a aplicação do princípio
do federalismo, como característica marcante do sistema alemão, principalmente
comparado com os países da União Européia.
Silva (1998) lembra também que a Europa se destacou nesta área de
gerenciamento de bacias hidrográficas por ter experiência na solução de conflitos
territoriais, buscando a gestão conjunta das águas dos seus grandes rios que, em
102
O presente texto privilegia as experiências internacionais que mais diretamente influenciaram as
brasileiras, contudo cabe mencionar os casos do Canadá (http://www.ec.gc.ca), Nova Zelândia
(http://www.mfe.govt.nz) e Suécia (http://www.m.lst.se), referências importantes de gerenciamento
ambiental, nas quais os governos e população podem acompanhar o desempenho da política pública
inclusive através de indicadores ambientais de fácil assimilação, conforme apresentado no Seminário
Internacional: Indicadores Ambientais - Avaliação de Política Ambiental em 2006, Belo Horizonte, MG.
139
2010 Climate Change Impacts on Water: An International Adaptation Forum Washington, DC (USA)
Fonte: Elaboração da autora com base em International Network of Basin Organizations (2011).
abundante (na região do Golfo com inundações periódicas). Ressaltam ainda que as
bacias hidrográficas atravessam os limites dos estados e esta estratégia de
planejamento pode ser a melhor forma de coordenar os investimentos em diferentes
estados. O seu êxito, mesmo com limitações, foi na verdade em grande parte o
responsável para o estabelecimento de um programa de desenvolvimento integrado
de bacias fluviais no México.
103
Os comitês de bacia hidrográfica, organismos colegiados participantes então do SNGRH exercem
a competência de gerir os recursos hídricos da bacia; aprovar o Plano de Recursos Hídricos da Bacia;
arbitrar conflitos pelo uso da água, estabelecer mecanismos e sugerir os valores da cobrança pelo
uso da água; entre outros. Fundamentam-se na democracia participativa, na qual as decisões são
tomadas em negociações consensuais entre os três segmentos que compõem os comitês: os
poderes públicos, os usuários de água e a sociedade civil organizada (ANA, 2011).
104
Também no tema sobre legislação desenvolvido no item 3.2 se encontram referenciados a ANA, o
CNRH e o SNGRH.
FIGURA 2.3.2.1 - Evolução da Instalação de Comitês de Bacia Hidrográfica no Brasil. Fonte: ANA (2011).
144
145
105
O Comitê dos Rios Pomba e Muriaé, apesar de ter sido criado por decreto em 2001, não está em
funcionamento. A atuação na gestão das águas dessas bacias tem se dado no âmbito do Comitê de
Integração do Rio Paraíba do Sul (CEIVAP), visto que a bacia dos Rios Pomba e Muriaé está contida
na Bacia do Rio Paraíba do Sul.
146
FIGURA 2.3.2.3 - Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Fonte: ANA (2002).
106
Esta dinâmica se encontra contextualizada no item 2.4 – ocupação urbana apresentado a seguir.
147
De fato:
Esta integração na prática dos comitês poderia favorecer as bases para uma
nova modalidade de planejamento, possivelmente na direção que aponta Randolph
(2006), se reconhecendo “as divergências e possíveis conflitos entre as
148
O item 3.2 apresenta adiante a evolução da legislação urbanística do Rio de Janeiro e interfaces
107
108
Vale destacar que muitos dos planos diretores das cidades brasileiras já estão buscando a
integração com os recursos hídricos, inclusive com a adoção de taxas de permeabilidade dos
terrenos (mesmo que ainda sejam simples índices não relacionados a bacias). Entretanto o Plano
Diretor da cidade de Niterói, Lei 1.157 de 29.12.1992 (NITERÓI, 1992) já dividia o município em cinco
regiões, segundo critérios de homogeneidade, mas, principalmente, relacionadas com sub-bacias,
significando, talvez, uma das raras exceções no Brasil de correspondência direta das áreas de
planejamento urbano com as bacias hidrográficas.
150
drenagem” (artigo 30, parágrafo 3º, inciso I). Estabelece, no artigo 36 (incisos I a V),
para efeitos de planejamento e de controle do desenvolvimento urbano do Município
as seguintes unidades territoriais: Áreas de Planejamento – APs, regiões de
Planejamento; Regiões Administrativas, bairros e, “bacias hidrográficas e bacias
aéreas, para efeito do planejamento e da gestão dos recursos hídricos, da
paisagem, do saneamento e do controle e monitoramento ambiental”. Apresenta no
parágrafo 2º, do artigo 36 a inovação: “para a elaboração de Planos de Estruturação
Urbana, conforme o estabelecido no artigo 68 desta Lei Complementar poderão ser
instituídas Unidades Espaciais de Planejamento que correspondem a um ou mais
bairros em continuidade geográfica, bem como a bacias ou sub-bacias hidrográficas,
facilitando a articulação entre o planejamento urbano e a gestão dos recursos
hídricos”. Ao que complementa, no artigo 161, inciso XXI com a “promoção da
gestão integrada dos recursos hídricos, utilizando as bacias hidrográficas como
unidade de planejamento” (RIO DE JANEIRO, 2011c).
109
Esta regulamentação já foi comentada no prólogo.
151
110
Resguardados os limites de integração no planejamento e gestão, especialmente a ausência de
proposição de indicador ou índice de articulação forte do planejamento urbano com a bacia
hidrográfica, conforme o IOS-BH proposto nesta tese, cabem ressaltar aqui algumas das experiências
brasileiras, dentre outras tantas, que buscam correspondências das divisões político-administrativas e
dos planos urbanos com as bacias e micro-bacias, tais como em Minas Gerais (FURTINI et al., 2009,
em Lavras; TUCCI, 2002 em Belo Horizonte); em Goiás (FROTA, 2006 na bacia do rio Jardim no
Distrito Federal); no Paraná (BOSCARDIN, 2008 e TUCCI, 2002 em Curitiba), no Rio de Janeiro
(CARNEIRO, 2008 na Região Metropolitana); no Rio Grande do Sul (VILLANUEVA et al., 2001 em
Porto Alegre e Caxias do Sul; TUCCI, 2002 em Porto Alegre); em São Paulo (ALVIM, 2003 na bacia
do Alto Tietê; CARVALHO e BRAGA, 2005 em cidades médias; CURY, 2006 no Alto Paranapanema;
SÁNCHEZ et al., 2008 num bairro da capital; TOLEDO e SILVA, 2003 na bacia do Alto Tietê;
XAVIER, 2006 no Estado).
111
O conceito de espaço social se encontra detalhado no item 1.4.1.
112
Recentemente (KAUFFMANN, 2010) foram encaminhadas emendas ao Plano Diretor,
participantes do processo de revisão, como desdobramento dos estudos realizados em Kauffmann
(2003) e Kauffmann et al.(2004) entre outros, buscando contribuir justamente sob este aspecto da
adoção dos Projetos de Estruturação Urbana, PEUs como unidades de planejamento urbano em
correspondência a bacias ou sub-bacias hidrográficas (Sugestão Nº113). A contribuição parece ter
logrado êxito, já que consta no Plano revisto, a possibilidade para a elaboração dos PEUs da
constituição das Unidades Espaciais de Planejamento, com características semelhantes ao proposto
diretamente para os PEUs.
152
113
O IOS-BH se encontra desenvolvido no item 3.5.
114
O tema da adoção da bacia hidrográfica como unidade de gestão está discutido particularmente no
item 2.3, conforme visto.
153
A cidade capitalista nasce sobre a antiga estrutura feudal, sem nenhuma regra
ou lei, apoiada na ideologia liberal. Rapidamente surgem entraves ao
desenvolvimento do capitalismo, modo de produção conflituoso e que acontece sob
forma de cooperação urbana entre agentes que procuram o ponto ótimo para
desenvolver suas atividades de indústria, comércio, habitação etc. Na medida em
que não há normatização os conflitos no uso do solo se tornam cada vez mais
intensos. A intervenção do Estado, desde a sua criação, se faz então necessária ao
capitalismo tanto no planejamento da cidade como na economia.
115
As intervenções “haussmanneanas” encontram-se comentadas no prólogo, conforme visto.
154
116
O planejamento urbano progressista, conforme já comentado no prólogo, assumiu posição
hegemônica sobre as propostas culturalistas (cidades-jardim de Ebenezer Howard e variantes tais
como Raymond Unwin, Barry Parker e Frederic Osborn na Grã-Bretanha; Henri Sellier na França;
Ernst May e Martin Wagner na Alemanha; Clarence Stein e Henry Wright nos Estados Unidos e;
concepções independentes como a visão da cidade linear, do espanhol Arturo Soria, ou a
descentralizada Broadacre City de Frank Lloyd Wright) e também sobre a visão de cidade regional
desenvolvida por Patrick Geddes, e interpretada durante os anos 20 pelos membros fundadores da
Regional Planning Association of America: Lewis Mumford, Clarence Stein e Henry Wright, Stuart
Chase e Benton MacKaye (HALL, 2005).
117
O zoneamento, importante recurso do planejamento funcionalista, está discutido no item 2.4.2 a
seguir.
118
O Plano Agache para o Rio de Janeiro, em 1927, já reconhece a existência de pobres e propõe
que sejam colocados nos subúrbios. As indústrias existentes na Gávea e Jardim Botânico são
deslocadas para São Cristóvão e Benfica e posteriormente para ao longo da Avenida Brasil (aberta
em 1941). A cidade vai sendo redesenhada (KAUFFMANN, 2003). No item 3.1 discute-se com mais
detalhes a ocupação da cidade do Rio de janeiro.
155
119
Intitula-se ‘Novo Urbanismo’ o movimento iniciado nos anos 1960 por arquitetos, urbanistas e
políticos, que criticava o crescimento dos subúrbios em virtude do fenômeno do carro, considerando-
os uma forma de vida isolada, anti-social e longe do comércio, que não oferecia a qualidade de vida
desejada por gerarem congestionamento, poluição e desertificação de certas zonas das cidades,
defendendo que a ausência do carro promove o desenvolvimento de zonas mistas residenciais,
comerciais e culturais, além de dar origem a bairros mais diversificados, com maior interação social e
melhor qualidade de vida (FREITAS RIBEIRO, 2009).
120
Inclui-se aí a revitalização urbana, conforme pontuado no item 3.1.
156
121
Ressurgem ainda nesta virada do século XX as idéias culturalistas, submersas desde a derrota
nas discussões de 1933, sob nova forma, condomínios fechados de casas ou prédios mais aos
moldes progressistas, como, por exemplo, os da Barra da Tijuca no Rio de Janeiro, a seguir conforme
comentado também no item 3.1.
157
122
Ver instrumentos de planejamento no item 2.4.2.
158
planejamento estratégico, qualquer que seja sua filiação123, procura uma abordagem
mais vasta, sistêmica e prospectiva, necessitando, portanto da revisão também dos
instrumentos utilizados124 (GUERRA, 2000, p. 48 e 49).
123
GUERRA (2000) apresenta dois modelos de planejamento estratégicos: o clássico, mais formal
caracterizado pela “atenção ao contexto externo aos sistemas de ação e a formalização rigorosa das
várias etapas e processos de planejamento” e; o interacionista, “desenvolvido através da crítica a um
demasiado formalismo do modelo clássico e a um excesso de tecnicidade que faz esquecer o jogo
estratégico de atores” (p.46 e 47).
124
Destaca-se aí a importância do papel dos indicadores.
159
125
Esta discussão encontra-se sistematizada no item 3.1, bem como no Quadro 3.1.1 - Rio de
Janeiro: Expansões e Intervenções.
160
126
As origens do planejamento estão resumidamente apresentadas, conforme visto, no item 1.1 –
prólogo e também na Figura 1.1.1.
127
No prólogo, como visto, estas intervenções estão exemplificadas.
128
O presente texto prioriza os exemplos europeus, em particular da Alemanha por ter sido o pioneiro
na aplicação do zoneamento e dos EUA, ambos por terem exercido maior influência aqui no Brasil no
que se refere ao planejamento funcionalista. Para mais exemplos e detalhes ver HALL (2005).
161
habitação se constituía numa das causas mais evidentes de conflito social entre
classe dominante e classe subalterna, devido inclusive às péssimas condições de
moradia que sofria o proletariado (escassez de oferta, alto preços dos aluguéis, uso
massivo de edificação precária, de altíssima densidade, os quartos de aluguéis).
129
Várias cidades americanas foram implantadas de acordo com o traçado retilíneo das vias tais
como: Filadélfia (1682), Savannah (1733), São Francisco e também Washington (1781) e Detroit
(1807) com pequenas diferenças (FERRARI, 1979).
130
É preciso lembrar que desde o século XIX, nos EUA, começaram a se construir arranha-céus, o
que em si já significava uma nova forma de concepção da cidade.
163
131
A consolidação deste modelo de planejamento, conforme visto, encontra-se apresentada no item
anterior (item 2.4.1) e pontuada também no prólogo.
165
132
Os impactos decorrentes das alterações urbanísticas estão discutidos a seguir no capítulo 3 no
contexto da cidade do Rio de Janeiro, inclusive no caso de estudo na Barra da Tijuca, no item 3.4.
133
No item 3.1 estão relacionados os principais parâmetros e índices na legislação mencionada para
o caso do Rio de Janeiro, especialmente no Quadro 3.1.1.
134
Lei 3.071 de 01.01.1916 - Código Civil dos Estados Unidos do Brasil - vigência até o dia
10/01/2003, quando foi revogada pela Lei 10.406 de 10.01.2002 que instituiu o novo Código Civil.
166
135
O Estatuto da Cidade regulamentou os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, estabeleceu as
diretrizes da política urbana em âmbito nacional, fornecendo viabilidade jurídica à prática do
planejamento. Com forte posicionamento social, viabilizou intervenções no direito de propriedade do
solo urbano para o bem coletivo e social (MENEZES e JANNUZZI, 2005).
136
Foram especialmente considerados os trabalhos de Abiko et al.(1995); Acioly e Davidson (1998);
Dantas (2001); Ferrari (1979); Ferreira dos Santos (1988); Kauffmann (2003); Mancuso (1980);
Resende (1982); Santos (1981) e Silva (1986 a e b).
167
137
A Operação Interligada permite a “alteração de parâmetros urbanísticos, mediante contrapartida
dos interessados, calculada proporcionalmente à valorização acrescida ao empreendimento
projetado, sob a forma de recursos financeiros para o Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano;
obras de infra-estrutura urbana; terrenos e habitações destinados à população de baixa renda; e
recuperação do meio ambiente ou do patrimônio cultural” (artigos 28 e 29, Plano Diretor, LC 16/1992).
138
O Quadro 3.3.2, apresentado no item 3.3, apresenta as proposições do legislativo municipal para
sustar operações interligadas encaminhadas entre os anos de 1995 e 2002, como exemplo da
dinâmica da oposição de interesses na apropriação da cidade, bem como da contradição na própria
utilização deste recurso.
169
o devir concreto jamais avança com passo regular [...] processa-se por
saltos [...] (p.212) e, o salto dialético implica, simultaneamente, a
continuidade (o movimento profundo que continua) e a descontinuidade (o
aparecimento do novo, a superação do antigo) [...] no próprio movimento em
espiral, dialético, revelado no devir do pensamento e da sociedade (p.239 a
241).
140
Ao temas sustentabilidade e sustentabilidade urbana estão tratados especialmente nos itens 2.1 e
2.3, respectivamente, conforme visto.
141
Os ensinamentos de Lefebvre, no que se refere ao presente trabalho, se encontram
sistematizados nos itens 1.3 e 1.4.
176
O final do século XIX assiste à expansão da cidade com residências ainda com
um ou dois pavimentos para a Zona Sul até Copacabana e em direção à Zona Norte
(favorecida pelos bondes) e ao longo da linha férrea, surgindo os subúrbios, para
onde a população pobre começa a ser direcionada se afastando do centro. E apesar
das péssimas condições de higiene, o primeiro Plano de Intervenções para a cidade
só seria elaborado, em 1875, pela Comissão de Melhoramentos, composição de
engenheiros recém nomeada: Morais Jardim, Marcelino Ramos e o jovem Pereira
Passos, entre outros, buscando inclusive a resolução de problemas de saneamento
e inundações, propondo obras de canalização e retificação de rios, drenagem,
alargamento e pavimentação de ruas (KAUFFMANN, 2003; SILVA, 1996 a e b).
Em 1924, foi promulgado também por decreto um novo código (em substituição
ao de 1903), denominado “novo padrão de construções”, permitindo maior
intensificação da ocupação urbana. Em 1927, elabora-se o Plano de Remodelação,
Extensão e Embelezamento, O Plano Agache que estabelecia controle edilício e
controle urbanístico separando áreas para moradia, comércio e indústria.
Privilegiava o centro da cidade e determinadas áreas mais valorizadas. Propunha a
construção de cidades satélites na periferia e próximas às zonas industriais como
forma de resolução do problema das favelas.
Apesar de não ter sido implantado o Plano Agache influenciou entre outras
medidas, na adoção do zoneamento da cidade consolidado no Decreto 6.000/37,
denominado Código de Obras. Esta legislação (com forte influência racional-
funcionalista) se manteve praticamente inalterada até 1967 e incentivou o
adensamento e verticalização da cidade principalmente no litoral da zona sul e
adjacências, no centro e ao longo das principais vias de circulação, processo de
verticalização e adensamento urbano já impulsionado pelo Decreto 5.481/28 e
143
Nesta época, simultaneamente ao crescente processo de expansão e ao agravamento das
condições de vida urbana no antigo núcleo, a cidade passou a ser tematizada como uma questão ou,
ainda, como um objeto de estudo ‘coisificado’, como corpo humano a ser investigado pela medicina,
tornando-se então, segundo Pechman (1996), “referência fundamental na articulação de um pacto
entre os grupos oligarcas dominantes enquadrando novos e velhos grupos citadinos à dinâmica de
uma cidade em transformação e que entronizava os princípios higienistas como norma de
comportamento social” (PECHMAN, 1996; KAUFFMANN e ABREU, 1996). Estes atos levaram ao
surgimento de um grande número de projetos urbanos elaborados por médicos e sanitaristas, cujos
‘sistemas de ações’ baseavam-se na alteração do uso e na ocupação do solo, especialmente, no
trecho correspondente a atual área central da cidade (FREITAS RIBEIRO, 2009).
179
Guanabara, Lei 1.574/67, é regulamentada pelo Decreto “E” 3.800/70 (ambos ainda
em vigor) que incentiva o adensamento da cidade e favorece o desenvolvimento de
áreas de comércio e serviços (Centros de Bairros – CBs), mas as características
ambientais e paisagísticas seriam preservadas, inclusive por decretos posteriores.
Entretanto a verticalização indiscriminada em toda a cidade continuava o que o
Decreto 322/76, procurou regulamentar com diversas alterações, em vigor até hoje
para grande parte da cidade, mas acabou por favorecer uma homogeneização
físico-espacial, o aumento das atividades da construção civil e servindo aos
interesses desenvolvimentistas. Em 1977, o Plano Urbanístico Básico da Cidade do
Rio de Janeiro (PUB RIO) busca uma caracterização do município, diretrizes para o
desenvolvimento urbano (no sentido oeste), uma nova regionalização (APs e UEPs)
e cria os Projetos de Estruturação Urbana (PEUs) para conjuntos de bairros com
certa homogeneidade urbanística, consolidando os regulamentos, decretos, PAAs e
PALs. Contariam ainda com a participação popular no processo de sua elaboração.
As sucessivas modificações ao Decreto 322/76, transformaram a legislação
urbanística do Rio de Janeiro “em um conjunto disperso e descoordenado de leis
que se modificam, se superpõem e, muitas vezes, estão em conflito” (RIO DE
JANEIRO, 2002). Foram elaborados ainda o Plano Lucio Costa para a Barra da
Tijuca e Baixada de Jacarepaguá (1965-71) e o Pit Metrô (Projeto em 1971, início da
operação em 1979). (DEL RIO, 1990; KAUFFMANN, 2003; RESENDE, 1982; SILVA,
1996 a e b).
144
Conforme já comentado especialmente no prólogo e item 2.1.
145
Conforme já visto no item 2.4.
182
Este projeto teria então o “papel decisivo de ligar o que nasceu desligado, para
servir de ponte entre centro e periferia, entre partes ou diferentes áreas mono-
funcionais da periferia”. As chamadas novas centralidades, que são um dos temas
mais recorrentes dos projetos urbanos atuais, incluindo componentes tão diferentes
como Universidade, shopping, formas de lazer mais livres ou, ao contrário,
temáticas. Portanto, é “uma conjugação destes elementos que procura dar
continuidade no espaço de uma cidade que é essencialmente descontínua”
(PORTAS, 1996).
146
Freitas Ribeiro (2009) destaca que as transformações ocorridas na cidade do Rio de Janeiro a
partir de 1993 com a implantação do planejamento estratégico, mais especificamente, nos ‘sistemas
de ações’ adotados e, portanto, nos ‘sistemas de objetos’ arquitetônicos monumentais especialmente
o ‘Pentágono do Milênio’, materializam um conjunto de mudanças no modelo e nas práticas do
planejamento urbano carioca que necessitam de investigação da noção de cidade que transcende o
cenário físico da vida humana ou, ainda, como paisagem, objeto comum aos arquitetos e
historiadores da arquitetura; mas sim, se configura como corpo social ou segundo o pensamento de
alguns autores como: formas construídas como a expressão de um novo tipo de sociedade (HALL,
2005, p. 342); a forma física que corresponde à organização social e que contém numerosas
informações sobre as características da sociedade (BENÉVOLO, 2006, p. 13 e 14); artefatos
dinâmicos moldados pela intervenção humana (GRANT, 2005, p. 49); uma justaposição de matéria e
cultura, onde, convergem os tempos passados, presentes e futuros (CONDE e MAGALHÃES, 2004);
a configuração da estrutura social e a materialização desta estrutura no território (CARVALHO
SANTOS, s.d.); a materialização das diversas ações coletivas, caracterizando-se como expressão da
própria dinâmica social e de seus signos (KAUFFMANN, 1994, p.16); um espaço simbólico, de
integração cultural, da identidade coletiva e que possui um valor e uma marca para o exterior (RIO DE
JANEIRO, 1993).
185
147
Na Figura 3.2.2.5, item 3.2, a seguir, apresenta-se o mapa do município do Rio de Janeiro e as
divisões nas macro-zonas de ocupação urbana.
148
A elaboração dos novos PEUs, agora planos e não mais projetos, se destinam aos “casos em que
for necessária a revisão da legislação urbanística instituída pela Lei de Uso e Ocupação do Solo, em
especial, nas áreas onde esteja ocorrendo intenso adensamento, degradação urbana, esvaziamento
econômico e nas áreas onde a incidência de instrumentos de proteção ao ambiente cultural
demonstre a necessidade de novo ordenamento e controle da ocupação” (LC 111/2011 artigo 68
parágrafo 1º) (RIO DE JANEIRO, 2011c).
187
Cabe destacar ainda neste plano diretor uma peculiaridade que chama a
atenção devido à similaridade com o modelo estratégico149. A estruturação urbana
da cidade, quando necessária, será promovida mediante a
151
A discussão acerca do zoneamento, conforme visto, encontra-se no item 2.4.2.
152
Esta dinâmica de alteração de parâmetros urbanísticos está sistematizada nos itens 3.2 a 3.4.
Cabe ressaltar que entre aos anos de 1992 e 2002 foram listados 211 expedientes (incluindo-se
Leis, Projetos de Lei, Decretos, Leis Complementares, Projetos de Lei Complementar e Resoluções)
que apresentavam modificações de parâmetros de uso e ocupação do solo (ARAÚJO, 2005, Anexos:
Tabela 4) e, 541 Decretos foram exarados entre os anos de 1993 a 2008 (não incluídos os Decretos
que tratam de nomes de rua e praças) alterando a legislação urbanística em geral, não só os
parâmetros (KAUFFMANN LEIVAS, 2010).
189
Fonte: Elaboração da autora com base nas referências adotadas no texto Rio de Janeiro: Expansões e Intervenções.
191
Neste sentido, uma questão prioritária que hoje se coloca é a integração dos
planejamentos urbano, de recursos hídricos e ambientais que a legislação já tem
recomendado, inclusive a adoção da bacia hidrográfica como unidade de gestão,
junto a diversas regulamentações e limites dos impactos negativos ao ambiente
urbano e natural. O texto a seguir (item 3.2.1) procura destacar nas interfaces dos
aspectos de recursos hídricos, urbanos e ambientais as principais e mais gerais
normas aplicadas à gestão integrada das águas urbanas.
Quadro 3.2.1.4153 das normas municipais: Lei Orgânica e Plano Diretor as interfaces
com os aspectos ambientais e de recursos hídricos.
Destacaram-se nestes quadros a correspondência mais direta com o tema
principal da tese: sustentabilidade urbana, buscando-se as variantes relacionadas à
gestão integrada das águas urbanas. Foram selecionadas, neste objetivo, a principal
legislação e a de caráter mais geral, agrupada por tipos de Atos Normativos (Lei,
Decreto Lei, Resolução e Portaria) e por data de promulgação, seguidas dos
comentários pertinentes.
Apresenta-se a seguir o Quadro 3.2.1.2154 que trata da interface dos aspectos
de recursos hídricos, urbanos e ambientais com a principal legislação federal.
153
Neste Quadro 3.2.1.4 foram consideradas apenas as duas normas gerais, Lei Orgânica e Plano
Diretor, favoráveis a identificação da interface dos aspectos principais aqui estudados, tendo em vista
a competência constitucional municipal de legislar sobre assuntos urbanos e, portanto a
preponderância do assunto na legislação municipal sobre os outros aspectos (recursos hídricos e
ambientais) mais presentes na legislação federal e estadual. As principais normas municipais estão
relacionadas no Quadro 3.2.2.1, no item 3.2.2., que trata do uso e ocupação do solo urbano.
154
As Declarações, Tratados e Atos Internacionais de importância ao tema não se encontram listados
neste quadro e sim, no Quadro 2.1.1.2 – Desenvolvimento Sustentável – Síntese Histórica,
apresentado no item 2.1.1.
195
155
Em 2009 a FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente foi oficialmente fundida
à SERLA - Superintendência Estadual de Rios e Lagoas e ao IEF- Instituto Estadual de Florestas,
substituídos pelo INEA - Instituto Estadual do Ambiente.
207
156
Coincidindo, conforme já comentado, com a proposição constante nas emendas encaminhadas
em 2010 à revisão do Plano Diretor (KAUFFMANN, 2010), como desdobramento dos estudos
realizados em Kauffmann (2003) e Kauffmann et al. (2004) entre outros, da adoção dos Projetos de
Estruturação Urbana, PEUs como unidades de planejamento urbano em correspondência a bacias ou
sub-bacias hidrográficas.
208
157
No item 1.2.2. Palavras-Chave mais Utilizadas apresenta-se a definição resumida da legislação
urbanística.
158
Conforme apresentado no item 3.1 acerca das expansões e intervenções no Rio de Janeiro.
159
A Figura 3.2.2.1 apresenta a Bacia do Rio Morto área de aplicação de diversos estudos da taxa de
impermeabilização do solo (TI) (KAUFFMANN et al., 2004, 2005 e outros).
211
FIGURA 3.2.2.2 – Mapa 1 do Município do Rio de Janeiro – Divisões Administrativas até 2008. Fonte: Rio de Janeiro (2011b).
213
160
A lista da principal legislação que altera o Decreto 322/1976 se encontra no Quadro 3.2.2.2.
219
161
Ver: <http://www2.rio.rj.gov.br/smu>.
221
162
Foram selecionadas as principais normas diretamente relacionadas ao uso e ocupação do solo.
Não consta da lista a legislação de caráter administrativo, organizativo e de denominação de áreas.
222
NORMA ASSUNTO /
ITEM EMENTA
Nº/DATA OBSERVAÇÕES
Decreto Lei Dispõe sobre gabaritos de construções nos Ocupação do solo –
1 8.264 de bairros do Leme, Copacabana, Ipanema e alteração de parâmetros –
01.12.1945 Leblon. gabarito.
Ocupação do solo –
Decreto 1.177 Estabelece condições de altura para
2 alteração de parâmetros –
de 19.09.1977 construções no logradouro que menciona.
gabarito.
Dispõe sobre o tombamento voluntário do Ocupação do solo –
Lei 793 de
3 imóvel que menciona e dá outras alteração de parâmetros –
12.12.1985
providências. tombamento.
Declarada Área de Proteção Ambiental a Orla
Uso do solo – alteração de
Lei 1.272 de Marítima das Praias de Copacabana,
4 parâmetros – preservação
06.07.1988 Ipanema, Leblon, São Conrado e Barra da
ambiental.
Tijuca.
Cria a Área de Proteção Ambiental do Bairro Uso do solo – alteração de
Lei 1.390 de
5 Peixoto, em Copacabana. V Região parâmetros – preservação
12.05.1989
Administrativa e dá outras providências. ambiental.
Regulamenta a Lei 1.390 de 12 de maio de
1989 que criou a Área de Proteção Ambiental Uso do solo – alteração de
Decreto 9.226
6 do bairro Peixoto em parâmetros – preservação
de 13.03.1990
Copacabana, V Região Administrativa, e dá ambiental.
outras providências.
Dispensa do atendimento ao gabarito de
profundidade previsto no PAL 22.351 a
Ocupação do solo –
Decreto 9.763 quadra formada pelas Ruas Santa Clara,
7 alteração de parâmetros –
de 08.11.1990 Domingos Ferreira, Figueiredo Magalhães e
gabarito.
Avenida Atlântica, na V Região Administrativa
- Copacabana, e dá outras providências.
163
O estudo de caso apresentado no item 3.4 ilustra esta situação.
225
164
Para detalhes das intervenções e expansões da cidade do Rio de Janeiro ver item 3.1 e
sistematização no Quadro 3.1.1.
229
165
Outorga Onerosa é um instrumento de política urbana incluído no Estatuto da Cidade, Lei
10.257/2001, no artigo 4º, inciso V, alínea “n” e; definido no artigo 28 como “o direito de construir [...]
acima do coeficiente de aproveitamento básico adotado, mediante contrapartida a ser prestada pelo
beneficiário” de acordo com o estabelecido no plano diretor e lei específica conforme condições que
constam nos artigos 29, 30 e 31 do mesmo Estatuto da Cidade (MEDAUAR, 2002). Também
conhecido como “solo criado”, o recurso tem resultado em controvérsias na aplicação e mesmo na
formulação e regulamentação.
237
166
Trata-se de resultado de estudo comparativo preliminar de possibilidades de ocupação máxima
dos terrenos em questão de acordo com a legislação citada, sujeito ainda a alterações de acordo com
o projeto arquitetônico e urbanístico, especificidades dos terrenos, demandas de mercado etc.
242
TERRENO 1 TERRENO 2
TERRENO 1 TERRENO 2
ÁREA DA GLEBA
2 2
216.725,00m (SG) = [158.240,00m + 2
2
756.950,00m (SG)
58.485,00m recuo]
DIMENSÕES
3.5.1. Formulação
O indicador de ocupação sustentável da bacia hidrográfica – IOS-BH, aqui
proposto e a seguir desenvolvido, acredita-se, se constitui em importante e muito
simples ferramenta para a superação do planejamento contemporâneo no sentido da
sustentabilidade. Instrumento de excelente articulação dos planejamentos urbano e
de recursos hídricos e também ambiental viabiliza objetivamente esta aplicação,
porque se corresponde diretamente à bacia hidrográfica (observada em contexto
amplo, como espaço social), melhor unidade desta gestão articulada. Relaciona-se
facilmente à legislação urbanística na medida em que agrega índices já constantes
destas normas. Devido à simplicidade de sua composição é um indicador aplicável
aos projetos e planos em geral, subsidiando as discussões acerca das dicotomias
presentes na implantação dos planejamentos (funcionalista e estratégico), inclusive
no que se refere às unidades de planejamento, ao zoneamento e pólos de atração
urbana, estratégias, intervenções e alterações da legislação. O indicador pode
exercer papel de mediação entre projeto e teorias e sua aplicação; entre o número e
a realidade: a bacia hidrográfica, a densidade populacional, a área construída; entre
a população (entidades representativas, fóruns de discussão) e os legisladores e
executores do planejamento. O IOS-BH configura-se ainda em elemento de
referência na teoria de Lefebvre (1983), conforme discutido nos itens 1.3. e 1.4, pois
246
3.5.2. Composição
A composição do IOS-BH foi desenvolvida a partir do indicador TI (taxa de
impermeabilização) proposto em Kauffmann (2003) e aplicado em seguida em
diversos estudos relacionados ao planejamento urbano articulado à gestão dos
recursos hídricos (KAUFFMANN, 2009; KAUFFMANN et al. 2007; KAUFFMANN e
PIMENTEL DA SILVA, 2004 e 2005; KAUFFMANN et al., 2003, 2004a, b, c, d;
KAUFFMANN et al., 2004; KLEIMAN e KAUFFMANN, 2006 e 2008) se mostrando
adequado a esta integração. Foram considerados também os parâmetros: qualidade
da água (SCHUELER, 1994); disponibilidade de áreas verdes (Organização Mundial
da Saúde – OMS apud FERREIRA DOS SANTOS, 1988) e densidade de habitantes
(FERRARI, 1979), agora agregados à TI. Tomaram-se também na composição a
área total da bacia hidrográfica, a área total do terreno e a área total edificada – ATE
que se calcula a partir dos índices (números, abstrações conforme discutido no item
3.3) comumente presentes na legislação urbanística: IAA – índice de aproveitamento
da área; IAT – índice de aproveitamento do terreno; TO – taxa de ocupação,
gabarito e outros necessários aos estudos de viabilidades de ocupação dos
terrenos, conforme apresentado no item 3.4.
A seleção destes parâmetros, explicitados a seguir, buscou atender a um
mínimo de variantes que melhor pudessem compor o indicador proposto e que
proporcionassem a sua correspondência com a nova área de planejamento, a bacia
247
167
Cabe destacar a importância dos estudos de Schueler. Thomas Schueler reúne mais de 30 anos
de experiência em gestão e análise de águas pluviais de bacias hidrográficas. Fundou o Centro
de Proteção de Mananciais, em 1992, e lidera a Rede de Águas Pluviais Chesapeake, nos Estados
Unidos, desde 2007. Realizou extensa pesquisa sobre o desempenho de remoção de poluentes,
custo e longevidade das práticas de águas pluviais, resultando em mais de vinte manuais de
proteção e restauração de bacias hidrográficas urbanas. Schueler também trabalhou como
especialista no painel National Research Council, produzindo o relatório de Gestão de Águas
Pluviais nos Estados Unidos em 2008. Acumulou ainda vasta experiência em desenvolvimento de
modelos para tratamento de bacias hidrográficas (SCHUELER et al., 2005 e 2007), ferramentas úteis
para a implantação e acompanhamento do planejamento e gestão das águas urbanas (CSN, 2011).
168
Diversos autores têm se dedicado ao estudo dos efeitos dos processos de urbanização na
ocupação das áreas livres e aumento das áreas impermeabilizadas, alguns citados no item 2.2.1. Sob
este aspecto destacam-se os exemplos de Brandão (1992) aplicado no Rio de Janeiro, Ferraz (1996)
em Piracicaba, SP, Pimentel da Silva et al. (2003) em Angra dos Reis, RJ, e Pauleit e Duhme (2000)
na Alemanha.
248
169
Os exemplos de Belo Horizonte, cujo Plano de Desenvolvimento Urbano de 1996 previa a
possibilidade de impermeabilização de áreas permeáveis desde que compensada por detenção de
determinado volume, o de Guarulhos que em 2000 adotou a obrigatoriedade de detenções para áreas
impermeabilizadas superiores a 1 ha e o de Porto Alegre, quando em 2000 o Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano e Ambiental regulamentou a manutenção das vazões naturais para
qualquer novo empreendimento depois de implantado, todos com resultados insatisfatórios, ilustram
esta consideração (ABRH, 2003; TUCCI, 2002).
249
170
Acioly e Davidson (1998) destacam algumas experiências relacionadas à densidade de habitantes
e habitações. Em Curitiba, o “conceito de densidade utilizado como instrumento capaz de induzir
maiores taxas de ocupação e coeficientes de aproveitamento dos lotes, ajudou a definir um perfil e
uma silhueta urbana da cidade” (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba – IPPUC
1991 e 1993 apud ACIOLY e DAVIDSON, 1998). Em Brasília, a baixa densidade habitacional,
resultou na grande quantidade de áreas verdes no Plano Piloto, mas, apesar de criar um ambiente
250
Para o caso do Rio de Janeiro, Ettrich (1996)171 destaca que o Plano Diretor da
Cidade, embora apresente a recomendação de se adotar um adensamento
proporcional à capacidade de infra-estrutura existente
Apesar dos gabaritos terem sido revistos pelo Plano Diretor, procurando
i=n
Equação 3.5.2.2
IOS-BH = ∑ (ATEi/ATi) x TIi x ATi/A-BH
i=1
Onde se consideraram:
3,5 hab/ 100m2 média da variação de densidade entre 2,5 a 4,5 habitantes por
100m2 (250 a 450 hab/ha) (FERRARI, 1979).
IOS-BHref = 0,145
3.5.3. Aplicação
i=n
IOS-BH = ∑ (ATEi/ATi) x TIi x ATi/A-BH
i=1
30% + (183.132,56m2/ 2
(281.742,50m /
IOS-BH = ∑(ATE/AT x
(236.334,574m2/216.725,00m2)x 2) 2)
216.725,00m x 216.725,00m x
TO) x 1
40% 30% = 0,254 40% = 0,52
= 0,013 + 0,436 = 0,45
TERRENO 2 AT = 756.950,00 m2
42.000,00m2 (ATE comercial) + 2
ATE 639.622,62m 984.035,00m2
333.390,00m2 (ATE residencial)
(42.000,00m2 /756.950,00m2) x
(639.622,62m2/ 2
(984.035,00m /
IOS-BH = ∑(ATE/AT x 30% + 2) 2)
216.725,00m x 216.725,00m x
TO) x 1 (333.390,00m2/756.950,00m2) x
30% = 0,254 40% = 0,52
40% = = 0,017 + 0,176 = 0,193
Fonte: Elaboração da autora.
3.5.4. Discussão
mais um número, mas não somente, não é mais uma abstração (ver itens
3.1, 3.2 e 3.3), é um indicador agregado (quantidade e qualidade), porque se
relaciona também a parâmetros de densidade populacional, disponibilidade
de áreas verdes, de impermeabilização dos solos e, de qualidade das águas
das bacias hidrográficas urbanas;
Vale, apesar disto, questionar estes valores adotados que, embora bem
referenciados, não são inabaláveis, se sujeitam também a possíveis discordâncias
ou revisões. Da mesma forma o próprio IOS-BH, conforme já comentado, se
configura em proposta para o desenvolvimento de indicador de ocupação urbana
sustentável da bacia hidrográfica, aberto a críticas e contribuições.
260
172
Imagens disponíveis em: www1.folha.uol.com.br; http://noticiasongs.org/archives/2471;
www.ecodesenvolvimento.org.br; www.paoeecologia.wordpress.com; www.vorkurs.com.br;
www.spaceblog.com.br; www.igreen.blogs.sapo.pt; www.ponttolavabo.com.br;
www.ecodhome.wordpress.com. Acesso em: 07 nov. 2011.
261
Em acordo com Marx e também Lefebvre (2001, p.145), acredita-se que não!
Talvez existam soluções ou respostas ainda não alçadas! Mas o que poderia ser
considerada contribuição essencial nesta discussão?
173
LEFEBVRE, 2001, p.145.
262
hidrográfica como unidade adequada à gestão integrada das águas urbanas não tem
se viabilizado.
utilizados (5) e que papel estes recursos têm representado para a construção da
sustentabilidade? (6) Por último (mas não por fim) que contribuição poderia ser
relevante? (7)
IOS-BH
SUSTENTABILIDADE INSUSTENTABILIDADE
URBANA URBANA
IOS-BH
SUSTENTABILIDADE INSUSTENTABILIDADE
URBANA URBANA
TI e Qualidade
Área Verde Livre Densidade das Águas
de
Habitantes
i=n
IOS-BH = ∑ (ATEi/ATi) x TIi x ATi/A-BH Equação 3.5.2.2
i=1
Onde:
ATE = AT – AV
3,5 hab/ 100m2 média da variação de densidade entre 2,5 a 4,5 habitantes
por 100m2 (250 a 450 hab/ha) (FERRARI, 1979).
IOS-BH ≤ 0,145
174
O desenvolvimento desta aplicação está explicitado no item 3.5.2.
274
175
Termo emprestado da química e da engenharia ambiental, que se refere a tratamento de terrenos
impactados e quimicamente contaminados.
275
176
HARVEY, 2005, p.14.
277
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