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SEISCENTOS ANOS DE RITUAL NA ORDEM

Por: Harry Carr.


PRÓLOGO
Irmãos, muitos de vocês devem saber que eu viajo longas distâncias no curso de
minhas obrigações com conferências e quanto mais longe vou, mais abismado fico ao
ver que muitos Irmãos acreditam, muito sinceramente, que o nosso ritual maçônico
desceu do céu, diretamente das mãos do Rei Salomão. Eles estão muito seguros de que
foi em Inglês, é claro, porque é a única língua que falam lá em cima. Eles estão
igualmente seguros que tudo foi lavrado em dois tabletes de pedra, para que, os céus
proíbem, nenhuma simples palavra, pudesse ser alterada; e muitos deles acreditam que o
Rei Salomão, na sua própria Loja, praticava o mesmo ritual que eles praticam na deles.
Mas não foi dessa maneira e, nesta noite tentarei esboçar para vocês a história de
nosso ritual desde seu começo até o ponto em que ele foi virtualmente padronizado, em
1813; mas vocês precisam lembrar, que enquanto eu falo do ritual Inglês também lhes
dou a história do seu próprio ritual. Uma coisa vai ser incomum na conversa desta
noite. Esta noite nós não teremos nenhum conto de fadas. Cada palavra que eu
proferir será baseado em documentos que podem ser provados; e em poucas raras
ocasiões quando, apesar de tendo os documentos, não termos a prova completa e
perfeita, direi em alto e bom som “nós achamos...” ou “nós acreditamos...”. Então
vocês saberão que estaremos, por assim dizer, em terreno incerto — mas darei a vocês o
melhor que conheço. E já que uma conversa dessa espécie deve ter um ponto de
partida apropriado, vamos começar dizendo que a Maçonaria não começou no Egito, ou
Palestina, ou Grécia, ou Roma.
INÍCIO DA ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL MAÇÔNICA
Começou em Londres, Inglaterra, no ano de 1356, uma data muito importante e
começou como resultado de uma boa, antiquada, grande disputa acontecendo em
Londres entre maçons talhadores, os homens que cortavam a pedra e os maçons
assentadores e ajustadores, os homens que na verdade construíam paredes. Os exatos
detalhes da rixa não são conhecidos, mas como resultado dessa disputa, 12 hábeis
mestres maçons, com alguns homens famosos entre eles, se apresentaram ao prefeito e
vereadores na Câmara Municipal de Londres, e com permissão oficial, esboçaram um
simples código de regulamentos da profissão.
As palavras de abertura daquele documento, o qual ainda sobrevive, dizem que
aqueles homens tinham se juntado porque seu ofício nunca havia sido regulado dessa
forma, como outros ofícios foram. Então aqui, neste documento, nós temos uma
garantia oficial que esta foi a primeiríssima tentativa de alguma espécie de organização
para os maçons e à medida que o lemos, a primeira regra que eles esboçaram nos dá um
indício para demarcar a disputa que eu estava falando. Eles acordaram “Que todo o
homem do ofício pode trabalhar em qualquer tarefa concernente ao ramo se ele for
perfeitamente habilitado e conhecedor do mesmo”. Irmãos, aquilo era a sabedoria de
Salomão! Se você conhecesse o trabalho, você poderia executar o trabalho e ninguém
poderia te parar! Se nós tivéssemos tanto bom senso hoje em dia na Inglaterra, quanto
melhor nós seríamos.
A organização que foi acertada naquele momento tornou-se, em vinte anos, a
Companhia dos Maçons de Londres (London Masons Company), a primeira guilda de
ofício de maçons e um dos ancestrais diretos da nossa Franco Maçonaria de hoje. Esse

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foi o verdadeiro começo. Mas a Companhia dos Maçons de Londres não era uma loja;
era uma guilda de ofício e eu devo despender um bom tempo tentando explicar como as
lojas começaram, um problema difícil porque nós não temos registros da efetiva
fundação das primeiras lojas operativas.
Em resumo, as guildas eram organizações municipais, grandemente favorecidas
pelas cidades porque ajudavam na administração dos assuntos municipais. Em
Londres, por exemplo, de 1376 em diante, cada ofício elegia dois representantes que se
tornavam membros do Conselho Comum, todos juntos formando o governo da cidade.
Mas o ofício maçônico não servia para a organização da cidade. Muito de seu principal
trabalho era fora das cidades — os castelos, as abadias, os monastérios, os trabalhos de
defesa, os realmente grandes trabalhos de maçonaria estavam sempre longe das cidades.
E nós acreditamos que era nesses lugares, onde não havia outro tipo de organizações
de ofício, que os maçons, que eram engajados naqueles trabalhos por anos, se
agregaram eles próprios em lojas, imitando guildas, para que tivessem alguma forma de
autogoverno no trabalho, enquanto estavam longe de outras formas de controle
profissional.
A primeira real informação sobre lojas chega até nós de uma coleção de
documentos que são conhecidos como “Antigas Obrigações” (Old Charges) ou as
“Constituições Manuscritas” da maçonaria, uma coleção maravilhosa. Elas começam
com o Manuscrito Regius de 1390; seguido pelo Manuscrito Cooke datado de 1410, e
nós temos 130 versões desses documentos correndo através do século dezoito.
A versão mais antiga, o Manuscrito Regius, está em versos rimados e difere em
alguns aspectos dos outros textos, mas em suas formas gerais e conteúdo, eles são muito
parecidos. Eles começam com uma Oração de Abertura, Cristã e Trinitária e então
continuam com a história da ordem, começando nos tempos da Bíblia e em terras
bíblicas e traçam a ascensão da ordem e sua expansão através da Europa até atingir a
França e foi então trazida através do canal e finalmente estabelecida na Inglaterra.
Uma história inacreditavelmente ruim; qualquer professor de história cairia morto se
fosse desafiado a prová-la; mas os maçons acreditavam nela. Era a sua garantia de
respeitabilidade como uma venerável ordem.
Então, depois da história, encontramos os regulamentos, as verdadeiras
Obrigações, para mestres, companheiros e aprendizes, incluindo diversas regras de
caráter puramente moral, e isso era tudo. Ocasionalmente, o nome de um dos
personagens muda, ou a nomeação de um regulamento será alterada levemente, mas
tudo segue o mesmo padrão geral.
Afora essas três seções principais, oração, história e Obrigações, em muitos
deles encontramos poucas palavras as quais indicam os primórdios de uma cerimônia
maçônica. Eu devo adicionar que não se pode encontrar todas as informações em um
único documento; mas quando nós os estudamos como uma coleção, é possível
reconstruir os esboços de uma cerimônia de admissão daqueles dias, a primitiva
cerimônia de admissão na ordem.
Nós sabemos que a cerimônia, tal como era, começava com uma oração de
abertura, então havia a “leitura” da história. (Muitos documentos posteriores se
referem a essa “leitura”). Naqueles dias, 99 maçons em 100 não sabiam ler e nós
acreditamos, entretanto, que eles selecionavam seções particulares da história as quais
decoravam e recitavam de memória. Ler o texto todo, mesmo que soubessem ler,
tomaria muito tempo. Então a segunda parte da cerimônia era a “leitura”.

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Então, encontramos a instrução, que aparece regularmente em praticamente todo
documento, usualmente em Latim e diz: “Então um dos sábios segura um livro
(algumas vezes ‘o livro’, algumas vezes a ‘Bíblia’ e algumas vezes a ‘Bíblia Sagrada’) e
ele ou eles que serão admitidos colocarão sua mão sobre ele e as seguintes Obrigações
serão lidas”. Naquela posição os regulamentos eram lidos ao candidato e tomavam seu
compromisso, um simples compromisso de fidelidade ao rei, ao mestre e à ordem, que
ele deveria obedecer aos regulamentos e nunca trazer vergonha à ordem. Isto era uma
condução direta do compromisso da guilda, a qual era provavelmente a única forma que
eles conheciam; sem babados, sem penalidades, um simples juramento de fidelidade ao
rei, ao empregador (o mestre) e ao ofício.
Deste ponto em diante, o juramento torna-se coração e essência, o centro crucial
de qualquer cerimônia maçônica. O Regius, que é a primeira das versões a sobreviver,
enfatiza isso e vale a pena citar aqui. Depois da leitura das Obrigações do Manuscrito
Regius, temos estas palavras: “E todos os pontos acima, a todos eles, ele precisa jurar.
E todos jurarão o mesmo juramento dos maçons, sejam eles determinados, sejam eles
relutantes”.
Gostassem ou não, havia apenas uma chave que abriria a porta para dentro da
ordem e esta era o juramento do maçom. A importância, a qual o Regius anexa a ele,
nós encontramos repetidas vezes, não nas mesmas palavras, mas a ênfase está sempre lá.
O juramento ou o compromisso é a chave para a cerimônia de admissão.
Assim descrevi para vocês, a mais antiga cerimônia e agora posso justificar o
título de meu trabalho, Seiscentos Anos de Ritual da Ordem. Temos 1356 como a data
do início da organização do ofício maçônico e por volta de 1390 a mais antiga prova
que indica uma cerimônia de admissão. Devido à diferença, em algum lugar entre
essas duas datas, foi onde tudo começou. Isto é quase exatamente 600 anos de história
provável e nós podemos provar cada etapa de desenvolvimento dali em diante.
Maçonaria, a arte da construção, começou milhares de anos antes disso, mas,
para os antecedentes de nossa própria Maçonaria, só podemos voltar à linha direta da
história que pode ser provada e é 1356, quando realmente começou na Bretanha.
E agora há um outro ponto que precisa ser mencionado antes que eu vá adiante.
Eu tenho falado de um tempo quando havia um grau. Os documentos não dizem que
havia somente um grau, eles simplesmente indicam apenas uma cerimônia, nunca mais
que uma. Mas acredito que não poderia ser para o aprendiz, ou aprendiz iniciado;
deveria ser para o companheiro do ofício, o homem que era completamente treinado.
As Antigas Obrigações não dizem isso, mas há ampla prova externa da qual tiramos
essa conclusão. Temos muitas ações judiciais e decisões legais que mostram que nos
anos 1400 um aprendiz era um bem pessoal de seu mestre. Um aprendiz era peça de
equipamento, que pertencia a seu mestre. Ele podia ser comprado ou vendido da
mesma forma que o mestre compraria um cavalo ou uma vaca e sob essas condições, é
impossível que um aprendiz tivesse qualquer status na loja. Isso veio muito depois.
Assim se nós pudermos imaginar nós próprios de volta no tempo quando então havia
um só grau, ele deveria ser para o maçom completamente treinado, o companheiro da
ordem.
Quase 150 anos haveriam passar até que as autoridades e o parlamento
constatassem que talvez um aprendiz fosse na verdade um ser humano também. No
inicio dos anos 1500 temos na Inglaterra toda uma coleção de estatutos de trabalho, leis
trabalhistas, as quais começam a reconhecer o status de aprendizes e naquele tempo
começamos a encontrar evidências de mais de um grau.
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De 1598 em diante, temos atas de duas Lojas Escocesas que praticavam dois
graus. Nós voltaremos a isso mais tarde. Antes dessa data não há vestígios de graus,
exceto talvez num documento Inglês, o Manuscrito Harleian, nº 2054, datado de 1650,
mas acredita-se ser uma cópia de um texto do final dos anos 1500, agora perdido.
PRIMEIRA ALUSÃO A DOIS GRAUS
O Harleian MS é uma versão perfeitamente normal das Antigas Obrigações, mas
amarrado a ele há uma nota na mesma caligrafia contendo uma nova versão do
juramento do maçom de particular importância, por que mostra uma grande mudança
das formas anteriores de compromisso. Aqui está: (There is his all words & signes of a
free Mason to be revailed to you wich you will answer: before God at the Great &
terrible day of Judgment you keep secret & not to revaile the same heares of any person
but to the M‘s & fellows of the said Society of free Masons so help me God xc.)
Irmãos, eu sei que recitei para vocês muito rápido, mas agora vou ler a primeira
linha novamente:
“Há algumas palavras e sinais de um franco maçom a serem reveladas a você...”
“ Algumas palavras e sinais...” plural, mais que um grau. E aqui num documento que
deve ser datado de 1550, temos a primeira alusão da expansão das cerimônias em mais
de um grau. Poucos anos depois temos atas que provam a prática de dois graus. Mas
percebam, Irmãos, que as cerimônias devem também ter começado a assumir uma
forma mais moderna.
Elas provavelmente começavam com uma prece, uma narração de parte da
“história”, a postura livro-nas-mãos para a leitura das Obrigações, seguidas de um
compromisso e então a transmissão das palavras e sinais secretos, quaisquer que
fossem. Não sabemos quais eram, mas sabemos que em ambos os graus as cerimônias
começavam a tomar a forma de nossas modernas cerimônias. Tivemos que esperar
muito tempo antes de encontrar o conteúdo, os verdadeiros detalhes dessas cerimônias,
mas realmente os encontramos ao final dos anos 1600 e este é meu próximo tema.
Lembrem-se, Irmãos, nós ainda estamos com apenas dois graus e eu vou agora tratar
com os documentos que verdadeiramente descrevem essas duas cerimônias, como
primeiro apareceram no papel.
O MAIS ANTIGO RITUAL PARA DOIS GRAUS
A mais antiga prova que temos, é um documento datado de 1696, belamente
escrito à mão e conhecido como Edinburgh Register House Manuscript, por que foi
achado no Escritório de Registros Públicos de Edinburgh (Public Record Office of
Edinburgh). Tratarei primeiro da parte do texto que descreve as reais cerimônias.
Tem o título de “A FORMA DE TRANSMITIR A PALAVRA MAÇONICA” que é um
modo de dizer que é a maneira de se iniciar um maçom. Começa com a cerimônia que
faz do aprendiz um “aprendiz iniciado (geralmente três anos depois do começo de seu
contrato), seguida pela cerimônia para admissão do mestre maçom ou do companheiro
da ordem”, o título do segundo grau. Os detalhes são fascinantes, mas eu posso
descrevê-los apenas brevemente e sempre que puder, usarei as palavras originais, para
que vocês possam ter o sentido da coisa.
Dissemos que o candidato “era colocado de joelhos” e “após muitas cerimônias
para assustá-lo”, (coisa pesada, grosserias mesmo se vocês preferem; aparentemente
eles tentavam aterrorizar o discernimento dele) “após muitas cerimônias para assustá-
lo”, ele pegava o livro e naquela posição, fazia o juramento e aí está a mais antiga
versão do compromisso de um maçom descrito como parte da cerimônia completa.
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“Pelo próprio Deus e você responderá a Deus quando estiver nu perante ele, no
grande dia, você não revelará qualquer parte do que vai ouvir ou ver nessa hora por
palavra ou escrita nem escrever em qualquer tempo nem desenhar na neve ou areia, nem
falará sobre isso a não ser a um maçom iniciado, assim Deus o ajude”.
Irmãos, se vocês estiverem ouvindo cuidadosamente, vocês acabaram de ouvir a
mais antiga versão das palavras “escrever, esculpir, marcar, entalhar diferente de
delinear”. A primeiríssima versão é esta que eu acabei de ler, “não escrever nem por
em palavras, não desenhar com a ponta da espada ou outro instrumento na neve ou
areia”. Percebam, Irmãos, não havia penalidade na obrigação, apenas uma justa e plena
obrigação de segredo.
Depois que ele tinha terminado a obrigação o mais jovem era retirado da loja
pelo último candidato, a última pessoa que tinha sido iniciada antes dele. Fora da porta
da loja era-lhe ensinado o sinal, posturas e palavras de entrada (não sabemos quais
eram, até que ele volte). Ele voltava, tirava seu chapéu e fazia “uma ridícula
reverência” e então dava as palavras de entrada, as quais incluíam uma saudação ao
mestre e aos irmãos. Aquilo acabava com as palavras “sob não menos dor que cortar
minha garganta” e há uma espécie de anotação que diz “você deve fazer o sinal quando
disser isso”. Esta é a mais antiga aparição em qualquer documento, do sinal do
aprendiz iniciado.
Agora Irmãos, esqueçam tudo sobre suas lojas lindamente mobiliadas; estou
falando de maçonaria operativa, quando a loja era ou uma pequena sala no fundo de um
bar, ou sobre o bar, ou mesmo uma divisória anexa a um grande edifício onde
trabalhavam; e se tivesse uma dúzia de maçons ali, seria uma boa audiência. Então,
após o rapaz ter dado o sinal, ele era trazido ao Mestre para a “incumbência”. Aqui
está o Mestre, aqui, pertinho está o “instrutor” e ele, o instrutor, sussurra a palavra no
ouvido de seu vizinho, que sussurra a palavra ao homem em seguida e assim vai, em
volta da loja, até que chega ao Mestre. E o Mestre dá a palavra ao candidato. Neste
caso, há uma espécie de anotação bíblica, que mostra, longe de qualquer dúvida, que a
palavra não era uma palavra, mas duas. B e J, nome de duas colunas, para o aprendiz
iniciado. Isto será muito importante mais tarde, quando começarmos a estudar a
evolução para três graus. No sistema de dois graus havia duas colunas para o aprendiz.
Este era realmente o trabalho completo, mas era seguido por um conjunto de
simples perguntas e respostas intitulado “ALGUMAS PERGUNTAS QUE OS
MAÇONS USAM COLOCAR ÀQUELES QUE TERÃO A PALAVRA ANTES DE
CONHECÊ-LA”. Isso incluía umas poucas perguntas para testar um estranho de fora
da loja e esse texto nos dá a primeira e mais antiga versão do catecismo maçônico.
Aqui estão algumas das quinze perguntas: “Você é um maçom? Como eu saberei?
Quando você foi iniciado? O que torna uma loja verdadeira e perfeita? Onde foi a
primeira loja? Há alguma luz em sua loja? Há alguma jóia em sua loja?”. Os
primeiros tênues princípios do simbolismo maçônico. É incrível como eram poucos no
início. Ali, Irmãos, 15 perguntas e respostas, as quais deveriam ser respondidas pelo
candidato; ele não tinha tido tempo para aprender as respostas. E aquilo era a completa
cerimônia de iniciação de aprendiz.
Agora lembrem-se, Irmãos, estamos falando sobre maçonaria operativa, nos dias
em que maçons ganhavam a vida com maço e cinzel. Sob essas condições o segundo
grau era obtido sete anos depois da data de iniciação, quando o candidato volta para ser
feito “mestre ou companheiro”. Dentro da loja esses dois graus eram iguais, ambos
maçons completamente treinados. Fora da loja, um era empregador, outro empregado.
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Se ele era filho de um Burguês Livre da cidade, ele poderia tomar sua Liberdade e se
estabelecer como mestre imediatamente. De outra forma, ele teria de pagar pelo
privilégio e até então, o companheiro permanecia um empregado. Mas dentro da loja,
ambos tinham o mesmo segundo grau.
Então, depois do término de seus contratos de aprendizado e depois de servir
mais um ano ou dois por “carne e honorários” (isto é, acomodação mais salário), ele se
achegava então para o segundo grau. Ele era “colocado de joelhos e fazia seu
juramento mais uma vez”. Era o mesmo compromisso que ele assumira como
aprendiz, omitindo apenas três palavras. Aí ele era retirado da loja pelo mestre mais
recente e lá eram-lhe ensinados os sinais, postura e palavras de passe (ainda não
sabemos quais eram). Ele voltava e dava o que é chamado de “sinal de mestre”, mas
não é descrito, então não posso falar sobre isso. Depois ele era trazido para o
compromisso. E então, o mestre mais recente, o parceiro que o tinha levado para fora,
sussurra a palavra para o vizinho, cada um à sua vez passa em volta da loja, até que ela
chega ao Mestre, e o Mestre, nos cinco pontos da perfeição — segundo grau Irmãos —
dava a palavra ao candidato. Os cinco pontos naqueles dias — pé com pé, joelho com
joelho, coração com coração, mão com mão, ouvido com ouvido — assim que era nessa
primeira aparição. Sem lenda de Hiram, sem babados, só os CPDP e uma palavra.
Mas nesse documento a palavra não era mencionada. Ela aparece logo em seguida e eu
tratarei disso mais tarde.
Havia apenas duas perguntas de teste para o grau de companheiro e esta era a
quantidade. Dois graus, lindamente descritos, não apenas nesse documento mas em
dois outros textos irmãos: o Manuscrito Chetwode Crawley, datado por volta de 1700 e
o Manuscrito Kevan, descoberto recentemente, datado de mais ou menos 1714. Três
documentos maravilhosos, todos do sul da Escócia, todos contando exatamente a
mesma história — material maravilhoso, se ousarmos confiar neles. Mas, sinto dizer
aos Irmãos que nós, como cientistas em maçonaria, ousamos não confiar neles, por que
foram escritos violando um juramento. Colocando mais simplesmente, quanto mais
eles nos dizem, menos confiáveis são, a não ser que por alguma casualidade ou por
algum milagre, pudermos provar, como devemos fazê-lo, que esses documentos foram
de fato usados numa loja; caso contrário, são inúteis. Nesse caso, por um muito feliz
acaso, conseguimos as provas e faz-se uma história adorável. É isto que vocês terão
agora.
Lembrem-se, Irmãos, nossos três documentos são de 1696 a 1714. Bem no
meio desse período, no ano de 1702, um pequeno grupo de cavalheiros escoceses
decidiu que queriam ter uma loja em seu próprio quintal, por assim dizer. Eram
cavalheiros que viviam no sul da Escócia por Galashiels, umas 30 milhas sudoeste de
Edinburgh. Eram todos notáveis proprietários naquela área — Sir John Pringle de
Hoppringle, Sir James Pringle seu irmão, Sir James Scott de Gala seu cunhado, mais
cinco outros vizinhos se juntaram e decidiram formar uma loja só para eles, na vila de
Haughfoot, perto de Galashiels. Escolheram um homem com bela caligrafia para ser
escrevente e pediram a ele para comprar um livro de atas. Ele comprou. Um adorável
livrinho encadernado em couro (tamanho em oitavo) e pagou “catorze shillings”
escoceses por ele. Eu não entrarei agora nas dificuldades do sistema monetário, mas
hoje seria alguma coisa equivalente a vinte e cinco centavos. Sendo escocês, ele
anotou cuidadosamente a quantia e a registrou no seu livro de atas, para ser
reembolsado na primeira obrigação financeira da sociedade. Então, para facilitar a
primeira reunião da loja, ele começou com o que seria a folha um, com algumas notas,

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não sabemos os detalhes. Mas ele continuou e copiou na íntegra um desses rituais
escoceses, completo do começo ao fim.
Quando terminou, ele havia preenchido dez páginas e as últimas vinte e nove
palavras do ritual eram as primeiras cinco linhas no topo da página onze. Agora, ele
era um escocês e eu lhes disse que ele tinha pago “quatorze shillings” por aquele livro e
a idéia de deixar três quartos de página vazios, ofendia sua avareza. Então, para evitar
o desperdício, abaixo das vinte e nove palavras, ele colocou um título “O Mesmo Dia” e
foi direto na ata da primeira reunião da loja. Espero que vocês possam imaginar tudo
isso meus Irmãos, por que eu descrevi a história da “Loja de Haughfoot”, a primeira
Loja totalmente não operativa na Escócia, trinta e quatro anos mais velha que a Grande
Loja da Escócia. As atas foram lindamente conservadas por sessenta e um anos e
eventualmente em 1763, a Loja foi engolida por uma das lojas maiores da redondeza.
O livro da atas foi para a Grande Loja de Selkirk, desceu de Selkirk para Londres para
que eu escrevesse a história.
Não sabemos quando isso aconteceu, mas alguma vez, durante aqueles sessenta
e um anos, alguém, talvez um dos últimos secretários da loja, deve ter aberto aquele
livro de atas, bateu os olhos nas páginas de abertura e deve ter tido um ataque! Ritual
num livro de atas! Fora! E as primeiras dez páginas desapareceram; estão
completamente perdidas. Aquele açougueiro deveria ter levado a página onze também,
mas nem mesmo ele, teve coração para destruir a ata da primeiríssima reunião daquela
maravilhosa loja. Assim foi que a ata da primeira reunião que salvou aquelas vinte e
nove palavras douradas no topo da página onze e as vinte e nove palavras são
virtualmente idênticas com a porção correspondente do Manuscrito de Edinburgh House
Register e seus dois textos irmãos. Aquelas preciosas palavras são uma garantia que o
outro documento é confiável e isso nos dá um ponto inicial maravilhoso para o estudo
do ritual. Nos não temos apenas os documentos que descrevem a cerimônia; temos
também uma espécie de medida de comparação pela qual podemos julgar a qualidade de
cada novo documento à medida que chega e nesse ponto, eles realmente começam a
chegar.
Agora, Irmãos, deixem-me alertá-los de que até aqui estamos falando de
documentos escoceses. Os céus abençoem os escoceses! Eles cuidaram de cada
fragmento de papel e se não fosse por eles nós praticamente não teríamos história.
Nossos primeiros e melhores materiais são praticamente escoceses. Mas, quando os
documentos ingleses começaram a aparecer, parecem encaixar. Eles não apenas se
harmonizam, freqüentemente preenchem os vazios nos textos escoceses. Daqui para
frente vou nomear o país de origem dos documentos que não forem ingleses.
Dentro dos poucos anos seguintes, encontramos um número valioso de
documentos de ritual, incluindo alguns da mais alta importância. O primeiro desses é o
Manuscrito Sloan, datado de c1700, um texto inglês, hoje na British Library. Ele dá
várias “amarrações” que não tinham aparecido em nenhum documento antes. Dá uma
nova forma ao compromisso do maçom o qual contém as palavras “sem equívoco ou
reserva mental”. Isso aparece pela primeira vez no Manuscrito Sloane, e Irmãos, desse
ponto em diante, cada detalhe de ritual que eu lhes der, será uma “primeira vez”. Não
vou repetir os detalhes individuais toda vez que reaparecem nos textos seqüentes, nem
posso dizer precisamente quando uma prática particular verdadeiramente começou.
Simplesmente direi que este ou aquele item aparece pela primeira vez, dando-lhes o
nome e data do documento pelo qual isso pode ser provado.

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Se vocês concordarem com isso, perceberão — e eu imploro que pensem nisso
dessa maneira — que vocês estão observando uma pequena planta, um viveiro da
Maçonaria e cada palavra que eu mencionar, será um novo movimento, uma nova folha,
uma nova flor, um novo galho. Vocês estarão observando o ritual crescer; e se vocês
virem desse modo, meus Irmãos, saberei que não estarei perdendo meu tempo, por que
esta, é a única maneira de ver.
Agora, voltando ao Manuscrito Sloane que não tenta descrever uma cerimônia
completa. Ele tem uma fantástica coleção de “amarras” e outros estranhos modos de
reconhecimento. Tem um catecismo de vinte e duas Perguntas e Respostas, muitas
delas similares às dos textos escoceses e há uma nota que parece confirmar duas colunas
para o Aprendiz.
Um parágrafo posterior fala de uma saudação (?) para o Mestre, uma curiosa
postura de “abraço”, com “a garra de mestre pelas suas mãos direitas e a ponta dos
dedos de suas mãos esquerdas tocam na Espinha um do outro...”. Aqui a palavra é
dada como “Maha — Byn”, metade num ouvido e metade no outro, para ser usada
como palavra de teste.
Esta foi a primeira aparição em qualquer de nossos documentos e se você está
testando alguém, você deveria dizer “Maha” e o outro teria que dizer “Byn”; se ele não
dissesse “Byn”, você não teria negócios com ele. (Demonstrar).
Falarei sobre diversas outras versões à medida que brotarem mais tarde, mas
devo enfatizar que aqui está um documento inglês preenchendo os vazios em três textos
escoceses e isto acontece a toda hora.
Agora temos outro documento escocês, o Manuscrito Dumfries nº4, datado de
c1710. Ele contém um monte de material novo, mas eu posso mencionar poucos desses
itens. Uma dessas questões é: “Como você foi trazido?” “Vergonhosamente com uma
corda em volta do pescoço”. Este foi o primeiro “cable-tow”; e uma resposta posterior
diz que a corda “é para me enforcar se eu trair minha confiança”. O Dumfries também
menciona que o candidato recebe o “Segredo Real” ajoelhado “sobre meu joelho
esquerdo”.
Entre muitas Perguntas e Respostas interessantes, ele lista algumas penalidades
não usuais daqueles dias. “Meu coração tirado vivo, minha cabeça decepada, meu
corpo enterrado na marca da maré”. “Na marca da maré” é a primeira versão de “à
distância de um cabo da praia”. Irmãos, há muito mais, mesmo em data tão antiga, mas
devo ser breve e eu darei a vocês todos os itens importantes à medida em nos movemos
ao próximo estágio.
Entretanto, essa era a situação no tempo que a primeira Grande Loja foi fundada
em 1717. Tínhamos apenas dois graus na Inglaterra, um para o aprendiz e o segundo
era para o “mestre ou companheiro”. Dr. Anderson, que compilou o primeiro Livro das
Constituições Inglesas em 1723, descreveu o segundo grau inglês como “Mestres e
Companheiro”. O termo escocês já tinha invadido a Inglaterra.
O próximo grande estágio na história do ritual, é a evolução do terceiro grau.
Na verdade, nós sabemos muita coisa do terceiro grau, mas há algumas terríveis
lacunas. Não sabemos como ele começou ou por que começou e não podemos ter
certeza quem começou! À luz de uma vida de estudos, vou dizer-lhes o que sabemos e
vamos tentar preencher as lacunas.

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Seria muito fácil, claro, se pudéssemos esticar as mãos e puxar um grande livro
de atas e dizer “Bem, este é o mais antigo terceiro grau que aconteceu”, mas isso não
funciona dessa forma. Os livros de atas vieram bem mais tarde.
ALUSÕES A TRÊS GRAUS
As primeiras menções do terceiro grau aparecem em documentos como aqueles
dos quais temos falado — principalmente documentos que foram escritos como ajuda-
memória pelos homens que os possuíam. Mas temos que usar as revelações também,
revelações impressas por lucro ou rancor — e teremos algumas alusões muito úteis do
terceiro grau bem antes que verdadeiramente aparecessem na prática. E assim,
começaremos com um dos melhores, um pequeno e lindo texto, uma única folha de
papel, conhecida como “Trinity College, Dublin, Manuscript”, datado de 1711,
encontrado entre papéis de um famoso doutor e cientista irlandês, Sir Thomas
Molyneaux. Este documento é encabeçado por uma espécie de Tau Triplo e abaixo as
palavras “Sob uma pena não menor”. Isso é seguido por um conjunto de onze
Perguntas e Respostas e percebemos imediatamente que alguma coisa está errada! Nós
já temos três conjuntos perfeitos de quinze perguntas, então onze perguntas deve ser
tanto má memória como má compilação — alguma coisa está errada! As perguntas são
perfeitamente normais, apenas não o suficiente delas. Então, depois de onze perguntas,
esperaríamos que o escritor nos desse uma descrição do todo ou parte da cerimônia, mas
em vez disso, ele dá uma espécie de catálogo das palavras e sinais do Maçom.
Ele dá o sinal (demonstrar) do Aprendiz com a palavra B.
Ele dá “articulações (de ossos) e tendões” como o sinal de “companheiro”, com
a palavra “Jachquin”. O “sinal de Mestre é espinha (backbone)” e para ele (i.e. o MM)
o escritor dá a pior descrição do mundo para os CPDC. (Parece claro que nem o autor
da peça, nem o escritor do Manuscrito Sloane, jamais ouviram falar dos Pontos do
Companheiro ou souberam descrevê-los.) Aqui, como eu demonstro, estão as palavras
exatas, não mais, não menos:
Aperte o Mestre em sua espinha, ponha seu joelho entre os dele e diga Matchpin.
Isso, meus Irmãos, é nossa segunda versão da palavra do terceiro grau.
Começamos com “Mahabyn” e agora “Matchpin”, horrivelmente corrompida. Deixem-
me dizer agora, alto e claro, ninguém sabe qual palavra correta era. Era provavelmente
de origem hebraica originalmente, mas todas as primeiras versões são degradadas.
Poderíamos trabalhar para trás, traduzindo do inglês, mas não poderíamos estar certos
de que nossas palavras em inglês estão corretas. Então, aqui no Manuscrito “Trinity
College, Dublin, MS”, temos, pela primeiríssima vez, um documento com segredos
separados para três graus separados; aprendiz, companheiro e mestre. Não é prova para
três graus em prática, mas mostra que alguém estava brincando com a idéia em 1711.
A peça seguinte de prova neste tema vem da primeira revelação escrita e
publicada para entretenimento ou por rancor, num jornal inglês, The Flying Post. O
texto é conhecido como uma “Investigação do Maçom”. Nesse tempo, 1723, o
catecismo era muito mais longo e o texto continha diversas peças de rima, todas
interessantes, mas apenas uma de particular importância ao meu presente propósito e
aqui está:
“Um Maçom iniciado tenho sido, Boaz e Jachin eu tenho visto; Companheiro fui
finamente jurado e conheço a Pedra Polida, Diamante e Esquadro: conheço bem a Parte
do Mestre completa, como Maughbin honesto dirá você”.

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Percebam, Irmãos, ainda há duas colunas para o Aprendiz e novamente alguém
está dividindo os segredos Maçônicos em três partes para três categorias diferentes de
Maçons. A idéia de três graus está no ar. Ainda estamos procurando atas, mas elas
ainda não apareceram. A seguir, temos outro documento inestimável, datado de 1726,
o Manuscrito Graham, um texto fascinante que começa com um catecismo de treze
Perguntas e Respostas, seguidas por uma coleção de lendas, principalmente sobre
personagens bíblicos, cada história com uma espécie de tessitura Maçônica no seu todo.
Uma lenda fala como três filhos foram ao túmulo do pai, tentar se poderiam encontrar
alguma coisa sobre ele, que os conduzisse ao segredo virtuoso que esse famoso
pregador tinha. Eles abriram a tumba, nada encontrando, salvo o corpo morto quase
totalmente consumido, agarraram um dedo que saiu de junta a junta então num puxão
no cotovelo eles levantaram o corpo morto e o sustentaram pé por pé, joelho por joelho,
peito por peito, face por face e mãos às costas e imploraram socorro ao pai... então um
disse ainda tem tutano nesse osso e o segundo disse mas é um osso seco e o terceiro
disse ele cheira mal e eles concordaram em dar um nome como é conhecido da franco
maçonaria até esses dias...
Esta é a primeira história de uma exaltação num contexto Maçônico,
aparentemente um fragmento da lenda Hirâmica, mas o velho senhor no túmulo era Pai
Noé, não Hiram Abif.
Outra lenda diz respeito a “Bazalliell”, o maravilhoso artesão que construiu o
Templo móvel (Tabernáculo) e a Arca da Aliança para os israelitas durante sua
peregrinação no deserto. A história é que perto da morte, Bazalliell pediu que uma
lápide fosse erigida em seu túmulo, com uma inscrição “de acordo com seu desejo” o
que foi feito como segue:
Aqui jaz a flor da maçonaria superior a muitos outros parceiros de um rei e dois
príncipes um irmão. Aqui jaz o coração que todos os segredos guardou. Aqui jaz a
língua que nunca revelou.
As duas últimas linhas não poderiam ser mais apropriadas se especialmente
escritas para Hiram Abif; são virtualmente um resumo da lenda de Hiram.
No catecismo, uma resposta fala por aqueles que ...tendo obtido uma voz tríplice
por ser iniciado, elevado e exaltado e confirmado por três diversas Lojas...
“Iniciado, elevado e exaltado” é claro o suficiente. “Três diversas Lojas”
significa três graus separados, três cerimônias separadas. Não há dúvida de que tudo
isso é uma referência a três graus sendo praticados. Mas nós ainda queremos atas e
ainda não as temos. E sinto muito em dizer-lhes que as primeiras atas que registraram
um terceiro grau, fascinante e interessante como são, referem-se a uma cerimônia que
nunca aconteceu numa loja; ocorreu às margens de uma Sociedade Musical Londrina
(London Musical Society). É uma adorável história e é isso que terão agora.
Em dezembro de 1724 houve uma reunião numa pequena e agradável loja na
Taverna Queen’s Head, na Rua Hollis, Strand, cerca de trezentas jardas do atual
Freemasons’ Hall. Gente legal; o melhor da sociedade musical, arquitetônica e cultural
eram membros dessa loja. Nessa noite em particular, na qual estou interessado, Sua
Graça, o Duque de Richmond era Venerável da loja. Eu deveria acrescentar que Sua
Graça, o Duque de Richmond era também Grão Mestre naquela época e você poderia
chamá-lo de “gente fina”. É verdade que ele era descendente da realeza bastarda, mas
hoje em dia mesmo a realeza ilegítima é considerada gente fina. Um par de meses

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depois, sete dos membros dessa loja e um irmão que eles emprestaram de outra loja
decidiram que eles queriam fundar uma sociedade musical e de arquitetura.
Eles deram a si um quilométrico título latino — Philo Musicae et Architecturae
Societas Apollini — que eu traduzo, “Sociedade Apolôniana para os Amantes da
Música e da Arquitetura” e esboçaram um livro de regras que é indescritivelmente
lindo. Cada palavra escrita à mão. Parece que o melhor estampador o escreveu e
decorou.
Essas pessoas eram muito entusiásticas na sua Maçonaria e na sua sociedade
musical e esboçaram esse inusitado código de regras. Uma regra era, por exemplo, que
cada um dos fundadores teria seu próprio brasão de armas ornado em lindas cores nas
páginas iniciais do livro da atas. Quantas lojas você conhece em que cada fundador
tem seu próprio brasão? Eles amavam sua Maçonaria e fizeram outra regra, que
ninguém poderia vir junto às palestras de arquitetura ou às suas noites musicais — os
melhores maestros eram membros da sociedade — ninguém poderia vir, se não fosse
Maçom, ele teria que ser iniciado antes para que o deixassem entrar; e por que eram tão
ciosos sobre o status maçônico de seus membros, eles mantinham notas da biografia
maçônica de cada membro assim que ele associava. É dessa notas que somos capazes
de ver o que de fato acontecia. Eu poderia falar sobre eles a noite toda, mas para nossa
finalidade presente, só precisamos acompanhar a carreira de um de seus membros,
Charles Cotton.
Nos registros da Sociedade Musical lemos que em 22 de dezembro de 1724,
“Charles Cotton Esq. foi feito Maçom pelo dito Grão-Mestre (i.e. Sua Graça o Duque de
Richmond) na loja de Queen’s Head. Nada poderia ser mais regular. Então, em 18 de
fevereiro de 1725 ... antes de fundarmos essa Sociedade, uma loja foi formada ... para
que Elevássemos Charles Cotton Esq. ... “ e porque isso foi no dia da fundação da
sociedade, não podemos ter certeza se Cotton foi Elevado na Loja ou na Sociedade
Musical. Três meses depois, em 12 de maio de 1725, “o Irmão Charles Cotton Esqr.
Broth Papillion Ball foi regularmente passado a Mestre”.
Agora temos a data da Iniciação, sua Elevação e sua Exaltação; não há dúvida de
que ele recebeu três graus. Mas, “regularmente passado a Mestre” — Não! Não
poderia ser mais irregular! Aquilo era uma Sociedade Musical — não uma loja! Mas
eu lhes disse que eles eram gente fina e tinham alguns visitantes muito ilustres.
Primeiro, o Primeiro Grande Vigilante veio vê-los. Depois, o Segundo Grande
Vigilante. E depois, eles receberam uma carta vexatória do Grande Secretário e, em
1727, a sociedade desapareceu. Nada sobrou, exceto seu livro de atas na Biblioteca
Britânica (British Library). Se você alguma vez for a Londres e passar pelo
Freemason’s Hall, verá um facsimile maravilhoso desse livro. Vale a pena uma viagem
a Londres apenas para vê-lo. Aquele é o registro do mais antigo terceiro grau. Eu
gostaria que pudéssemos produzir um “first timer” mais respeitável, mas esse foi o mais
antigo.
Devo dizer-lhes, Irmãos, que Gould, o grande historiador maçônico acreditou,
toda sua vida, que esse era o mais antigo terceiro grau do qual houvesse qualquer outro
registro. Mas pouco antes de morrer ele escreveu um artigo brilhante nos tratados da
Loja Quatuor Çoronati e ele mudou de idéia. Ele disse, “Não, as atas estão abertas para
larga interpretação e nós não devemos aceitar isso como um registro de terceiro grau”.
Francamente, eu não acredito que ele provou seu caso e nesse ponto eu ouso disputar
com Gould. Observem-me cuidadosamente, Irmãos, por que eu arrisco uma chance de
ser abatido nesse momento. Ninguém argumenta com Gould! Mas eu aceito essa
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disputa porque, dentro de dez meses a partir daquela data, teremos prova incontestável
da prática do terceiro grau. Como poderiam esperar, abençoados sejam, ela vem da
Escócia.
Loja Dumbarton Kilwinning, agora nº18 no registro da Grande Loja da Escócia,
foi fundada em Janeiro de 1726. Na reunião de fundação, estava o Venerável com sete
Mestres Maçons, seis Companheiros e três Aprendizes; alguns eram maçons operativos,
alguns não operativos. Dois meses depois, em Março de 1726, temos essa ata:
“Gabriel Porterfield que compareceu na reunião de Janeiro como Companheiro
foi unanimemente admitido e recebido como Mestre da Fraternidade e renovou seu
compromisso e deu seu dinheiro de entrada”.
Agora, percebam Irmãos, era um escocês que começou em Janeiro como um
Companheiro, um companheiro fundador de uma nova Loja. Então voltou em Março e
renovou seu compromisso, o que significa que passou por outra cerimônia; e deu seu
dinheiro de entrada, o que significa que pagou por isso! Não há dúvida sobre isso. E
está aí o primeiro registro cem por cento filetado a ouro de um terceiro grau.
Dois anos depois, em Dezembro de 1728, outra nova Loja, Greenock Kilwinnig,
em seu primeiríssimo encontro, prescreveu taxas separadas para iniciação, elevação e
exaltação.
MAÇONARIA DISSECADA DE PRITCHARD'S
Daí em diante temos amplas provas da prática dos três graus e então em 1730,
temos a primeira revelação impressa que alegava descrever todos os três graus,
Maçonaria Dissecada, publicada por Samuel Pritchard em Outubro de 1730. Era o
mais valioso trabalho de ritual que tinha aparecido até aquela data, todo em forma de
perguntas e respostas (em separado, uma breve descrição) e teve uma enorme influencia
na estabilização de nosso ritual Inglês.
O seu “Grau de Aprendiz” — naquela época vinte e nove perguntas — deu o
nome de duas colunas ao aprendiz e a primeira delas era “letrada” (identificada por uma
letra). Pritchard lidou para forçar um monte de ritual nas suas perguntas e respostas de
aprendiz. Eis uma das questões para o candidato: “Como ele te fez maçom?” Ouçam
sua resposta:
“Com o meu joelho nu e dobrado e corpo dentro do Esquadro, o Compasso
estendido no meu Peito Esquerdo, minha mão direita nua na Santa Bíblia: ali fiz meu
juramento (ou compromisso) de um Maçom”.
Toda essa informação numa só resposta! E a pergunta seguinte era, “Você pode
repetir esse juramento?” com a resposta, “Eu me esforçarei” e Pritchard deu seguimento
com um juramento magnífico que continha três conjuntos de penalidades (pescoço
cortado, coração arrancado, corpo severamente queimado e as cinzas esparramadas).
Isso é como apareceram em 1730. Documentos de 1760 os mostram separados e
desenvolvimentos posteriores não nos interessa aqui.
O “Grau de Companheiro” de Pritchard, era bem curto, somente trinta e três
perguntas e respostas. Dava J sozinha para o Companheiro (não “letrada”) mas agora o
segundo grau tem um monte de material novo relativo às colunas, à câmara do meio, a
escada em espiral e uma longa recitação sobre a letra G, que começa com o significado
de “Geometria” e termina indicando “O Grande Arquiteto e Inventor do Universo”.

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O “Grau de Mestre ou a Parte do Mestre” de Pritchard, era constituído de trinta
perguntas, algumas com longas respostas, contendo a mais antiga versão da lenda
Hirâmica, literalmente a história completa como ocorreu naqueles dias. Incluía o
assassinato pelos “três Rufiões”, os que procuraram, “Quinze mados Irmãos” que
concordaram entre eles “que se não encontrassem a Palavra nele ou sobre ele, a primeira
Palavra deveria ser a Palavra do Mestre”. Mais tarde, a descoberta, “o
desprendimento”, a exaltação pelos CPDP e outra nova versão da palavra do Mestre
Maçom que é dita significar “O Construtor está prostrado”.
Não há razão para acreditar que Pritchard inventou a lenda Hirâmica. À medida
que lemos sua história em conjunção com aquelas coletadas por Thomas Graham em
1726, pode haver pequena dúvida se a versão de Pritchard surgiu de diversas correntes
de lendas, provavelmente um resultado mais antigo da influência especulativa daqueles
dias.
Mas o terceiro grau não era uma nova invenção. Ele surgiu da divisão do
primeiro grau original em duas partes, tanto que o original segundo grau com seus
CPDP e uma palavra promoveu-se num terceiro lugar, tanto o segundo como o terceiro,
adquirindo materiais adicionais durante o período de mudança. Isso foi alguma coisa
entre 1711 e 1725, mas se começou na Inglaterra, Escócia ou Irlanda, é um mistério; nós
simplesmente não sabemos.
Voltando a Samuel Prichard e sua Maçonaria Dissecada. O livro criou
sensação; vendeu três edições e mais uma edição pirateada em onze dias. Varreu todas
as outras revelações para fora do mercado. Pelos trinta anos seguintes, Prichard foi
reimpresso seguidas vezes e nenhuma outra versão tinha a menor chance; não havia
nada à altura que pudesse se opor. Nós perdemos alguma coisa com isso, por que não
temos registro de qualquer desenvolvimento de ritual durante os trinta anos seguintes —
um grande vazio de trinta anos. Apenas um novo item apareceu em todo aquele
período, a “Obrigação do Iniciado”, uma miniatura de nossa versão moderna, num lindo
Inglês do Século Dezoito. Foi publicado em 1735, mas não sabemos quem o escreveu.
Para informações mais frescas sobre o desenvolvimento do ritual, teremos que
atravessar o Canal, na França.
EVIDÊNCIAS ADICIONAIS DA FRANÇA
Os ingleses plantaram a Francomaçonaria na França em 1725 e ela tornou-se um
elegante passatempo para a alta e a baixa nobreza. O Duque de Tal, manteria uma loja
em sua casa, onde seria o Venerável para sempre e a qualquer hora ele convidava seus
amigos por perto, abririam a loja e fariam mais alguns maçons. Foi assim que começou
e levou dez ou doze anos para que a Maçonaria vazasse para níveis inferiores. Nesse
tempo as lojas começaram a se reunir em restaurantes e tavernas, mas por 1736, as
coisas ficaram difíceis na França e havia o receio de que as lojas fossem usadas para
complôs e conspirações contra o governo.
Em Paris, particularmente, precauções foram tomadas. Um edital foi emitido
por René Herault, Tenente-General de Polícia, que donos de tavernas e restaurantes não
poderiam acomodar lojas maçônicas, sob pena de ser fechado por seis meses e multa de
3.000 libras. Temos dois registros, ambos em 1736/37, de conhecidos restaurantes que
foram fechados pela Polícia por este motivo. Isso não funcionou e a razão é muito
simples. No momento em que os oficiais fechavam as reuniões em tavernas e
restaurantes, elas voltaram para casas particulares novamente; ficou clandestina, por
assim dizer e a Polícia ficou desamparada.

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Finalmente, Herault decidiu que poderia causar maior dano à Ordem, se ele
pudesse transformá-la em motivo de riso. Se ele pudesse fazê-la ridícula, ele estava
certo que poderia colocá-la fora do negócio para sempre e decidiu tentar. Ele entrou
em contato com uma de suas namoradas, uma certa Madame Carton. Agora, Irmãos,
eu sei que o que vou dizer-lhes vai parecer o Jornal Nacional (English News Of the
World), mas estou dando história registrada e muito importante. Então ele entrou em
contato com Madame Carton, que é sempre descrita como uma dançarina da Opera de
Paris. O fato verdadeiro é que ela seguia uma profissão bem mais antiga. A descrição
que dá uma melhor idéia de seu status e de suas qualidades, é que ela dormiu nas
melhores camas da Europa. Ela tinha uma clientela muito especial. Não era coisa de
mocidade; ela tinha cinqüenta e cinco anos naquela época e uma filha com o mesmo
interesse nessa linha de negócio. E eu tenho que ser muito cuidadoso com o que vou
dizer, porque acredita-se que um de nossos Grãos-Mestres estava envolvido com uma
ou mesmo ambas. Tudo isso estava nos jornais da época.
De qualquer maneira, Herault entrou em contato com Madame Carton e pediu-
lhe que obtivesse uma cópia do ritual maçônico de um de seus clientes. Ele tinha a
intenção de publicá-lo e, em fazendo os maçons ridículos, ia colocá-los fora de ação.
Bem! Ela fez e ele fez. Em outras palavras, ela conseguiu sua cópia do ritual e passou
para ele. Foi publicado primeiramente em França em 1737, sob o título de “Recepção
de um Franco-Maçom”. Em um mês foi traduzido em três jornais londrinos, mas
falhou na intenção de diminuir o zelo francês pela Maçonaria e teve nenhum efeito na
Inglaterra. Farei um breve sumário.
O texto, em forma narrativa, descrevia apenas uma simples cerimônia com duas
colunas, tratando principalmente de liturgia (floor-work) e apenas fragmentos de ritual.
O Candidato era privado de metais, joelho direito nu, pé esquerdo usando alpercatas e
fechado sozinho num quarto em total escuridão, para enquadrá-lo mentalmente para a
cerimônia. Seus olhos eram vendados e seu padrinho batia três vezes na porta da Loja.
Após diversas perguntas, era apresentado e admitido aos cuidados do Vigilante.
Ainda vendado, era conduzido três vezes em volta do pavimento no centro da Loja e
havia “chamas resinadas”. Era costumeiro em lojas francesas naqueles dias, terem uma
panela com brasas vivas junto à porta da loja e no momento em que o candidato entrava,
eles espargiam pó de resina na brasa viva para produzirem uma enorme chama que era
para amedrontar a razão do candidato, mesmo que estivesse vendado. (Em muitos
casos, não vendavam os candidatos até à hora do juramento.)
Então, no meio de um círculo de espadas, temos a postura para a obrigação com
três lotes de penalidades e detalhes de Aventais e Luvas. Isso era seguido por sinais,
toques e palavras, relativos a duas colunas. A cerimônia continha diversos traços
desconhecidos na prática inglesa e algumas partes da história parecem ser contadas na
seqüência errada, tanto que à medida que lemos, repentinamente percebemos que o
cavalheiro que estava ditando tinha em mente muito mais assuntos mundanos. Então,
Irmãos, esta foi a primeira revelação da França, não muito boa, mas foi o primeiro de
uma torrente maravilhosa de documentos. Como antes, discutirei apenas os mais
importantes.
Meu seguinte, é ”O Segredo dos Franco-Maçons” (Le Secret des Franc-
Maçons), 1742, publicado por Abbé Perau, que era Prior da Sorbonne, a Universidade
de Paris. Um belo primeiro grau, todo em forma narrativa e cada palavra a favor da
Ordem. Suas palavras para o Aprendiz e Companheiro estavam em ordem inversa (e
isso tornou-se prática comum na Europa) mas dizia praticamente nada sobre o segundo

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grau. Descrevia minuciosamente os brindes e saudações maçônicas com uma
maravilhosa descrição do “Fogo Maçônico”. Mencionava que o grau de Mestre era
“uma grande lamentação cerimonial da morte de Hiram” mas não conhecia nada do
terceiro grau e dizia que os Mestres Maçons tinham apenas um novo sinal e era tudo.
Nosso próximo trabalho é “O Catecismo dos Franco-Maçons” (Le Catechisme
des Franc-Maçons), publicado em 1744, por Louis Travenol, um famoso jornalista
francês. Ele dedicou seu livro “Ao Belo Sexo”, que ele adora, dizendo que ele estava
deliberadamente publicando esta revelação em seu próprio benefício, porque os maçons
o tinham excluído e seu tom é moderadamente anti-maçônico. Ele continua com uma
nota “Ao Leitor”, criticando diversos itens do trabalho de Perau, mas concordando que
“Le Secret” é geralmente correto. Por aquela razão (e Perau era desesperadamente
ignorante sobre o terceiro grau) ele limita sua revelação ao grau de Mestre Maçom.
Mas isto é seguido por um catecismo que é um composto dos três graus, indivisível,
embora seja fácil ver quais perguntas pertencem ao Mestre Maçom.
O Catecismo também contem duas excelentes gravuras do Painel do Grau, ou
Desenhos do Piso, um chamado “Plano da Loja para o Aprendiz-Companheiro”
combinados e o outro para “A Loja de Mestre”.
Travenol começa seu terceiro grau com “A História de Adoniram, Arquiteto do
Templo de Salomão”. Os textos franceses geralmente dizem Adoniram em vez de
Hiram e a história é uma versão esplendida da Lenda Hirâmica. Nas melhores versões
francesas, a palavra do Mestre (Jehova) não está perdida; os nove Mestres que foram
enviados por Salomão para encontrá-lo, decidiram adotar uma palavra substituta por
medo de que os três assassinos houvessem compelido Adoniram a divulgá-la.
Isso é seguido por um capítulo separado que descreve o plano da Loja de Mestre,
incluindo o Painel (Floor-drawing), e a mais antiga cerimônia de abertura de uma Loja
de Mestre. Contém um curioso “Sinal de Mestre” que começa com uma mão ao lado
da testa (demonstrar) e termina com o polegar na boca do estomago. E agora, Irmãos,
temos uma magnífica descrição da liturgia (floorwork) no terceiro grau, a cerimônia
completa, tão lindamente descrita em finos detalhes que qualquer Instrutor poderia
reconstruir do começo ao fim — e cada palavra desse capítulo é material novo que
nunca apareceu antes.
Claro que há muitos itens que diferem das práticas que conhecemos, mas agora
podem ver por que estou tão excitado por esses documentos franceses. Eles dão
detalhes maravilhosos num tempo em que não tínhamos material correspondente na
Inglaterra. Mas antes de deixar o Catecismo, devo dizer algumas palavras sobre sua
figura do Painel do terceiro grau, ou Floor-drawing que contém, como tema central, um
desenho de caixão, circundado por lágrimas, as lágrimas que nossos antigos irmãos
derramaram pela morte de nosso Mestre Adoniram.
Sobre o caixão há um ramo de acácia e a palavra “JEHOVA”, “ancien mot du
Maitre” (antiga palavra do Mestre), mas no grau francês não tinha sido perdida. Era o
Nome Inefável, que nunca deveria ser pronunciado, e aqui, pela primeira vez, a palavra
Jehova está sobre o caixão. O diagrama, em pontos, mostra como três passos em zig-
zag sobre o caixão devem ser feitos pelo candidato, avançando do Oeste para Leste e
muitos outros detalhes interessantes, demais numerosos para serem mencionados.
O catecismo, que é o último item principal no livro, é baseado (como todos os
primeiros catecismos franceses) diretamente na Maçonaria Dissecada de Pritchard, mas

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contém um número de expansões simbólicas e explicações, resultado de influência
especulativa.
E assim chegamos à última das revelações francesas que devo tratar hoje que é
“A Ordem dos Franco-Maçons Traídos” (L’Ordre des Franc-Maçons Trahi), publicada
em 1745 por um escritor anônimo, um ladrão! Não havia leis de direitos autorais
naquele tempo e esse homem sabia que era coisa boa assim que viu. Ele pegou o
melhor material que pôde encontrar, coletou num único livro e adicionou algumas notas
de autoria própria. Assim, roubou o livro de Perau, 102 páginas, o lote e o imprimiu
como se fosse seu próprio primeiro grau. Disse muito pouco sobre o segundo grau (o
segundo grau sempre foi um pouquinho órfão). Ele roubou o admirável terceiro grau
de Travenol e adicionou algumas notas incluindo diversas linhas dizendo que antes da
admissão do Candidato, o Mestre Maçom mais recente da Loja deita no caixão, sua face
coberta com um pano manchado de sangue, assim o Candidato o veria ser exaltado pelo
Venerável antes de avançar na sua parte da cerimônia.
De seu próprio material, não havia muito; capítulos da Cifra Maçônica, dos
Sinais, Garras e Palavras e, de costumes Maçônicos. Ele ainda incluiu dois desenhos
melhorados de Painel do Grau e duas charmosas gravuras ilustrando o primeiro e
terceiro graus em andamento. Seu catecismo seguia a versão de Travenol bem de
perto, mas ele adicionou quatro perguntas e respostas (aparentemente uma contribuição
menor) mas são de alta importância no nosso estudo do ritual:
P. Quando um Maçom se encontrar em perigo, o que ele deve dizer e fazer para
chamar os Irmãos para ajudar?
R. Ele deve colocar as mãos unidas na testa, os dedos entrelaçados e dizer
“Socorro, crianças (ou Filhos) da Viúva”.
Irmãos, não sei se “dedos entrelaçados” são usados nos EUA ou Canadá; direi
apenas que eles são muito bem conhecidos em diversas jurisdições européias e os
“Filhos da Viúva” aparecem em muitas versões da lenda Hirâmica.
Mais três novas perguntas seguem:
P. Qual é a Palavra de Passe do Aprendiz? Resp.: T
P. Qual a do Companheiro? Resp.: S
P. E qual a do Mestre? Resp.: G
Esta foi a primeira aparição de Palavras de Passe impressas, mas o autor
adicionou uma nota explicativa:
Estas três Palavras de Passe são raramente usadas, exceto na França e em
Frankfurt on Main. São da natureza de senhas militares, introduzidas como uma
medida de segurança (quando tratando) com irmãos que não se conhecem.
Nunca se ouviu de Palavras de Passe até essa data, 1745, e elas apareceram pela
primeira vez na França. Vocês perceberam, Irmãos, que algumas delas parecem estar
em ordem errada e por causa do intervalo de trinta anos, não sabemos se elas foram
usadas na Inglaterra naquele tempo ou se foram uma invenção francesa. Nesse quebra
cabeças, temos uma curiosa peça de prova indireta e eu devo divagar por um momento.
No ano de 1730, a Grande Loja da Inglaterra estava em grande confusão por
causa das exposições que estavam sendo publicadas, especialmente a “Maçonaria
Dissecada” de Pritchard, que foi oficialmente condenada na Grande Loja. Mais tarde,
como medida preventiva, certas palavras nos primeiros dois graus foram alternadas, um
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movimento que deu oportunidade para o surgimento de uma Grande Loja rival. “Le
Secret”, 1742, “Le Catecisme”, 1744 e o “Trahi”, 1745, deram todas aquelas palavras na
nova ordem e, em 1745, quando as Palavras de Passe fizeram sua primeira aparição na
França, também apareceram na ordem inversa. Sabendo quão metodicamente a França
tinha adotado — e melhorado — as práticas rituais inglesas, parece ser uma forte
probabilidade que Palavras de Passe já estavam em uso na Inglaterra (talvez em ordem
inversa), mas não há um documento inglês sequer que ampare essa teoria.
Assim, Irmãos, em 1745 a maioria dos principais elementos dos graus da Ordem
já existiam e quando a nova corrente de rituais ingleses começaram a aparecer nos anos
de 1760, o melhor daquele material foi incorporado em nossas práticas inglesas. Mas
era ainda muito cru e um grande esforço no polimento precisava ser feito.
O polimento começou em 1769 por três escritores — Wellins Calcutt e William
Hutchinson, em 1769 e William Preston em 1772 — mas Preston superou os outros.
Ele foi o grande interprete da Maçonaria e seu simbolismo, um professor nato,
constantemente escrevendo e melhorando seu trabalho. Por volta de 1800, o ritual e as
Conferências (Lectures) (as quais eram os catecismos originais, agora expandidas e
explicadas em belos detalhes) estava tudo em seu momento mais brilhante. E então,
com a típica falta de cuidado inglesa, nós os estragamos.
Vocês sabem, meus Irmãos, que de 1751 até 1813, tivemos duas Grandes Lojas
rivais na Inglaterra (a original, fundada em 1717 e a Grande Loja rival, conhecida como
“Antigos” (Antients), fundada em 1751) e eles se odiavam com um zelo
verdadeiramente maçônico. Suas diferenças eram principalmente em assuntos menores
de ritual e suas visões sobre Instalação e Arco Real. O azedume continuou até 1809
quando os primeiros passos foram tomados na direção de uma reconciliação e uma
muito desejada união dos rivais.
Em 1809, a Grande Loja original, os “Modernos” (Moderns), pediram a
necessária revisão e a Loja de Promulgação foi formada para votar o ritual e trazê-lo
numa forma que fosse satisfatória para ambos os lados. Aquilo tinha que ser feito ou
ainda teríamos duas Grandes Lojas até hoje! Fizeram um excelente trabalho e muitas
mudanças foram feitas em aspectos do ritual e procedimentos; mas um grande volume
de material foi descartado e seria justo dizer que eles jogaram fora o bebê junto com a
água do banho. A Colméia, a Ampulheta, a Gadanha, o Incensário, etc., os quais
estavam em nossos Painéis do Grau no início do século dezenove, desapareceram.
Devemos ser verdadeiramente agradecidos pelo esplêndido material que eles deixaram
para trás.
NOTA PARA OS IRMÃOS DOS EE.UU.
Devo acrescentar aqui uma nota para os Irmãos nos EE.UU. Vocês perceberão
que até as mudanças que tenho descrito, tenho falado sobre seu ritual, bem como do
nosso na Inglaterra. Depois da Guerra da Independência, os Estados Unidos
começaram rapidamente acertar suas próprias Grandes Lojas, mas o seu ritual,
principalmente de origem inglesa — Antigos como Modernos — era basicamente
inglês. Suas grandes mudanças começaram por volta de 1796, quando Thomas Smith
Webb, de Albany, NY, se juntou a um maçom inglês, John Hanmer, que era bem
versado no sistema da Conferência de Preston (Preston’s Lecture).
Em 1797, Webb publicou seu Monitor do Franco-Maçom ou Ilustrações de
Maçonaria, largamente baseada nas Ilustrações de Preston. O Monitor de Webb,
adaptado de nosso ritual quando, como eu disse, estava no seu melhor momento,
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tornou-se tão popular que as Grandes Lojas americanas, principalmente nos estados do
Leste naquele tempo, fizeram tudo que puderam para preservá-lo em sua forma original;
eventualmente pelo pedido de Grandes Conferencistas (Grand Lecturers), cuja
obrigação era (e é), assegurar que formas oficialmente adotadas permaneçam imutáveis.
Não posso entrar em detalhes agora, mas dos Rituais e Monitores que tenho
estudado e das Cerimônias e Demonstrações que tenho visto, não há dúvidas que seu
ritual é mais completo que o nosso, dando ao candidato mais explicações, interpretações
e simbolismo, que normalmente damos na Inglaterra.
Com efeito, por causa das mudanças que fizemos em nossos trabalhos entre
1809 e 1813, é justo dizer que, em muitos aspectos, o seu ritual é mais antigo que o
nosso e melhor que o nosso.
Texto traduzido e cedido por:
V.Ir. Paulo Daniel Monteiro
E-Mail: paulo@vecol.com.br

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