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Dissertação apresentada à Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa do Instituto

Tecnológico de Aeronáutica, como parte dos requisitos para obtenção do título


de Mestre em Ciências no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Infraestrutura Aeronáutica, Área de Infraestrutura Aeroportuária.

Bruna Soares de Oliveira

ANÁLISE DE EQUAÇÕES EMPÍRICAS DE TAXA DE

APORTE DE SEDIMENTOS - TAS - PARA GERAÇÃO DE

FUNÇÕES DOSE-RESPOSTA EM PROGRAMAS DE PSA

HÍDRICO

Prof. Dr. Wilson Cabral de Sousa Jr.


Orientador

Prof. Dr. Luiz Carlos Sandoval Góes


Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa

Campo Montenegro
São José dos Campos, SP – Brasil.
2016
ii

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)


Divisão de Informação e Documentação
Oliveira, Bruna
Análise de equações empíricas de taxa de aporte de sedimentos - TAS - para geração de funções dose-
resposta em programas de PSA hídrico / Bruna Soares de Oliveira.
São José dos Campos, 2016.
91f.

Dissertação de mestrado – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Infraestrutura Aeronáutica,


Área de Infraestrutura Aeroportuária– Instituto Tecnológico de Aeronáutica, 2016. Orientador: Prof. Dr. Wilson
Cabral de Sousa Jr.

1. Serviços ecossistêmicos. 2. Retenção de sedimentos. 3. Pagamentos por serviços ambientais. I. Instituto


Tecnológico de Aeronáutica. II. Análise de equações empíricas de taxa de aporte de sedimentos - TAS - para
geração de funções dose-resposta em programas de PSA hídrico.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Oliveira, Bruna. Análise de equações empíricas de taxa de aporte de sedimentos - TAS -


para geração de funções dose-resposta em programas de PSA hídrico. 2016. 91f.
Dissertação de mestrado -Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Infraestrutura
Aeronáutica, Área de Infraestrutura Aeroportuária – Instituto Tecnológico de Aeronáutica,
São José dos Campos.

CESSÃO DE DIREITOS

NOME DO AUTOR: Bruna Soares de Oliveira


TÍTULO DO TRABALHO: Análise de equações empíricas de taxa de aporte de sedimentos - TAS - para
geração de funções dose-resposta em programas de PSA hídrico
TIPO DO TRABALHO/ANO: Dissertação / 2016

É concedida ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica permissão para reproduzir cópias desta


dissertação ou tese e para emprestar ou vender cópias somente para propósitos acadêmicos e
científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta dissertação ou
tese pode ser reproduzida sem a sua autorização (do autor).

__________________________________
Bruna Soares de Oliveira
Rua Carlos Meneguetti, 136, casa 103, Jardim Cerro Azul CEP: 87010-540, Maringá – PR
Análise de equações empíricas de taxa de aporte de
sedimentos - TAS - para geração de funções dose-resposta em
programas de PSA hídrico

Bruna Soares de Oliveira

Composição da Banca Examinadora:

Prof. Dr. Paulo Scarano Hemsi Presidente–ITA


Prof. Dr. Wilson Cabral de Sousa Jr. Orientador – ITA
Prof. Dr. Paulo Ivo Braga de Queiroz Membro interno – ITA
Prof. Dr. Silvio Simões Membro externo – UNESP

ITA
iv

Ao meu irmão, Vicente Soares de Oliveira.


Por todo amor e alegria que me trouxe e para que se orgulhe.
v

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus, por me abençoar e me acompanhar nessa caminhada.


Aos meus amados e idolatrados pais, Luiz Márcio e Marli, pelo incentivo, apoio e seu
amor incondicional. Obrigada por vocês existirem e por ser quem são! Obrigada pela
dedicação, pela amizade, pelo companheirismo. Obrigada pelos ensinamentos, pelos sermões,
pelos castigos, e principalmente pelos exemplos. Obrigada pelos agrados e principalmente
pelos desagrados. Obrigada pelas preocupações, pela caminhada, pela luta, pelas renúncias.
Obrigada por tudo que vocês planejaram e fizeram, por tudo que planejaram e não fizeram e
pelo o que fizeram sem planejar. Obrigada pelas inúmeras vezes que escutaram minhas
reclamações, meu choro, meus pedidos de voltar para casa, viram meu sofrimento e tentaram
me acalmar, sempre me encorajando a continuar. Saibam que minha maior motivação foi dar
orgulho a vocês.
Ao meu irmão, que com suas caretas, risadas e palavras balbuciadas me anima e dá
forças.
A minha madrinha Sueli, por todo amor e dedicação, pelas oportunidades e por sempre
estar presente na minha vida, principalmente nos momentos importantes para mim.
A minha família pelo amor dedicado a mim. Pela compreensão dos finais de semana
que me ausentei do convívio para estudar.
Ao meu orientador Professor Dr. Wilson Cabral de Sousa Jr., pela oportunidade dada
ao me acolher no programa de pós-graduação em Engenharia de Infraestrura Aeronáutica e
pela receptividade com a qual fui recebido. Além disso pela sua orientação durante todo o
exercício do meu mestrado.
Ao meu amigo Rafael Bertolin por sempre ter me apoiado e incentivado, a quem eu
recorri sempre que algo dava errado, e que apesar de estar permanentemente ocupado
arrumou uma maneira de me ajudar. Ao meus amigos Thiago Ribeiro e Bruna Pavani por
aguentar meus incômodos, inúmeras perguntas e de bom grado me ajudarem.
As minhas amigas e amigo, Louise Sander, Priscila Gerhardt, Débora Ortiz, Sara
Machado e Queler Rodrigues que aguentaram minhas crises e os desabafos. Obrigada pelas
conversas, pelas risadas, pelos abraços e pela companhia de todos os dias. Em especial, ao
vi

Matheus Machado, que aguentou os dramas e os dias de chatices, obrigada por todo carinho e
por conseguir fazer dos dias difíceis dias especiais.
A todos os amigos que de uma forma ou de outra estiveram presentes no meu dia-a-
dia, que presenciaram os bons e maus momentos.
A todos os professores que colaboraram para minha formação, dividindo um pouco de
seu conhecimento comigo.
Finalmente, a todas as pessoas que participaram em algum momento dessa caminhada,
que de algum modo me incentivaram e acreditaram em mim.
vii

“Uma gota de chuva


A mais, e o ventre grávido
Estremeceu, da terra.
Através de antigos
Sedimentos, rochas
Ignoradas, ouro
Carvão, ferro e mármore
Um fio cristalino
Distante milênios
Partiu fragilmente
Sequioso de espaço
Em busca de luz.

Um rio nasceu”.
- VINÍCIUS DE MORAES
viii

Resumo

O crescimento populacional, associado às necessidades socioeconômicas, gera uma


forte demanda pelo aumento das cidades, da produção de alimentos, da geração de energia
elétrica, da produção de bens de consumo e outros, provocando forte pressão ao ambiente
natural. Essa influência antrópica em uma bacia hidrográfica, juntamente com as
características naturais da área contribuinte, molda o comportamento sedimentológico da
bacia. Dependendo da interferência no fluxo natural de sedimentos de um dado curso d’água,
seja pelo aumento da produção ou da deposição, os impactos gerados podem ser irreversíveis.
O excesso de sedimentos nos rios constitui um grande problema para sistemas de
bombeamento e de abastecimento, além de causar sérios prejuízos aos usuários de
reservatórios
Este trabalho objetiva analisar pressupostos de valoração para os serviços
ecossistêmicos que associem a função ecossistêmica da cobertura vegetal e do uso de práticas
conservacionistas à contenção de erosão e redução da quantidade de sedimentos nos cursos
d’água, visando subsidiar o aprimoramento dos mecanismos de Pagamentos por Serviços
Ambientais (PSA). Foi utilizada uma rota metodológica pela qual foram calculados os
sedimentos que aportam os pontos de captação, as concentrações de sedimentos nestes pontos
e a turbidez. Foram considerados dois cenários para quantificar e determinar os custos com o
tratamento de água: um cenário atual e um hipotéticos, sendo este, o reflorestamento das áreas
de pastagem inseridas na APA Mananciais do rio Paraíba do Sul.
Considerando que os incentivos proporcionados pelos reflorestamentos devem ser
maiores que o lucro obtido pelo uso da terra mais o custo de reflorestamento, os resultados
apontam que as bacias possuem retorno do investimento em tempos bem distintos, variando
de 1 ano a mais de 15 anos. Apesar de os reflorestamentos reduzirem os impactos do aporte
de sedimento aos corpos d’água nas bacias de captação, os processos ocorrem em magnitudes
diferentes, devendo ser levado em consideração ao serem utilizados para estratégias de
Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA).
ix

Resumo

Population growth, coupled with socioeconomic needs, generates a strong demand for
desenvolvment of the cities, food production, electric power generation, consumer goods and
other production, which puts a heavy pressure on the natural environment. This anthropic
influence in a watershed, along with the natural characteristics of the contributor area, shapes
the sedimentological behavior of the basin. Depending on the interference in the natural flow
of sediments of a given watercourse, either through increased production or deposition, the
impacts generated may be irreversible. Excess sediment in rivers is a major problem for
pumping and supply systems, as well as causing serious damage to reservoir users
This work aims to analyze valuation assumptions for ecosystem services that associate
the ecosystem function of the vegetation cover and the use of conservationist practices to
contain erosion and reduce the amount of sediment in the water courses, aiming to subsidize
the improvement of the mechanisms to Environmental Service Payment (ESP). A
methodological route, then it was calculated the sediments delivery at the capitation point, as
well as the sediment concentration at theses points and the turbidity. Two scenarios were
considered to quantify and determine the costs of water treatment: a current scenario and a
hypothetical one, this related to reforestation of pasture areas inserted in the APA Mananciais
of the Paraíba do Sul river.
Considering that the incentives provided by reforestation should be greater than the
profit obtained by land use plus the cost of reforestation, the results indicate that the basins
have a return on investment in very different times, ranging from 1 year to more than 15
years. In spite of the catchment basins decrease the impacts of the sediment delivery to the
water bodies, the process occur in a different magnitude that should be taken into account
when used to Environmental Service Payment (ESP) strategy.
x

Lista de Figuras

FIGURA 1 - Sequência metodológica para quantificação e valoração do serviço


ecossistêmico de retenção de sedimentos. Fonte:Adaptado de Sousa Júnior (2010). ............ 318
FIGURA 2 - Bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul (SÃO PAULO, 2011). ....................... 42
FIGURA 3 - APA Mananciais do Rio Paraíba do Sul ............................................................ 43
FIGURA 4 - Localização das bacias hidrográficas estudadas no estado de São Paulo. .......... 44
FIGURA 5 - Principais classes de solos da bacia do Ribeirão da Fortaleza. Fonte: OLIVEIRA
et al., 1999.. .............................................................................................................................. 49
FIGURA 6 - Principais usos e coberturas do do solo da bacia do Ribeirão da Fortaleza.
Fonte: VIEIRA et al., 2013....................................................................................................... 50
FIGURA 7 - Principais classes de solos da bacia do Ribeirão Gomeral. Fonte: OLIVEIRA et
al., 1999.. .................................................................................................................................. 49
FIGURA 8 - Principais usos e coberturas do do solo da bacia do Ribeirão Gomeral. Fonte:
VIEIRA et al., 2013. ................................................................................................................. 50
FIGURA 9 - Principais classes de solos da bacia do Ribeirão dos Lemes. Fonte: OLIVEIRA
et al., 1999.. ............................................................................................................................ 498
FIGURA 10 - Principais usos e coberturas do do solo da bacia do Ribeirão dos Lemes. Fonte:
VIEIRA et al., 2013. ............................................................................................................... 509
FIGURA 11 - Principais classes de solos da bacia do Córrego das Posses. Fonte: OLIVEIRA
et al., 1999.. .............................................................................................................................. 49
FIGURA 12 - Principais usos e coberturas do do solo da bacia do Córrego das Posses. Fonte:
VIEIRA et al., 2013. ................................................................................................................. 40
FIGURA 13 - Principais classes de solos da bacia do Rio Entupido. Fonte: OLIVEIRA et al.,
1999.. ........................................................................................................................................ 49
FIGURA 14 - Principais usos e coberturas do do solo da bacia do Rio Entupido. Fonte:
VIEIRA et al., 2013. ................................................................................................................. 41
FIGURA 15 - Principais classes de solos da bacia do Córrego Cachoeirinha. Fonte:
OLIVEIRA et al., 1999.. .......................................................................................................... 42
FIGURA 16 - Principais usos e coberturas do do solo da bacia do Córrego Cachoeirinha.
Fonte: VIEIRA et al., 2013....................................................................................................... 43
FIGURA 17 - Principais classes de solos da bacia do Rio Jacuí. Fonte: OLIVEIRA et al.,
1999.. ........................................................................................................................................ 44
FIGURA 18 - Principais usos e coberturas do do solo da bacia do Rio Jacuí. Fonte: VIEIRA
et al., 2013. ............................................................................................................................... 44
FIGURA 19 - Principais classes de solos da bacia do Ribeirão das Palmeiras. Fonte:
OLIVEIRA et al., 1999.. .......................................................................................................... 45
FIGURA 20 - Principais usos e coberturas do do solo da bacia do Ribeirão das Palmeiras.
Fonte: VIEIRA et al., 2013....................................................................................................... 46
FIGURA 21 - Principais classes de solos da bacia do Rio Una. Fonte: OLIVEIRA et al.,
1999.. ........................................................................................................................................ 47
FIGURA 22 - Principais usos e coberturas do do solo da bacia do Rio Una. Fonte: VIEIRA et
al., 2013. ................................................................................................................................... 50
FIGURA 23 - Principais classes de solos da bacia do Rio Paraitinga. Fonte: OLIVEIRA et
al., 1999.. .............................................................................................................................. 4948
FIGURA 24 - Principais usos e coberturas do do solo da bacia do Rio Paraitinga. Fonte:
VIEIRA et al., 2013. ................................................................................................................. 49
xi

FIGURA 25 - Principais classes de solos da bacia do Rio Paraibuna. Fonte: OLIVEIRA et al.,
1999.. ........................................................................................................................................ 50
FIGURA 26 - Principais usos e coberturas do do solo da bacia do Rio Paraibuna. Fonte:
VIEIRA et al., 2013. ................................................................................................................. 50
FIGURA 27 - Taxa de aporte de sedimento (TAS) para a bacia do rio Entupido. .................. 65
FIGURA 28 - Taxa de aporte de sedimento (TAS) para a bacia do ribeirão da Fortaleza. ..... 52
FIGURA 29 - Taxa de aporte de sedimento (TAS) para a bacia do córrego das Posses......... 66
FIGURA 30 - Taxa de aporte de sedimento (TAS) para a bacia do ribeirão dos Lemes. ....... 66
FIGURA 31 - Taxa de aporte de sedimento (TAS) para a bacia do córrego Cachoeirinha. ... 66
FIGURA 32 - Taxa de aporte de sedimento (TAS) para a bacia do ribeirão Gomeral. .......... 67
FIGURA 33 - Taxa de aporte de sedimento (TAS) para a bacia do rio Jacuí. ........................ 67
FIGURA 34 - Taxa de aporte de sedimento (TAS) para a bacia do ribeirão das Palmeiras. .. 67
FIGURA 35 - Taxa de aporte de sedimento (TAS) para a bacia do rio Una. .......................... 68
FIGURA 36 - Taxa de aporte de sedimento (TAS) para a bacia do rio Paraitinga. ................ 68
FIGURA 37 - Taxa de aporte de sedimento (TAS) para a bacia do rio Paraibuna. ................ 68
xii

Lista de Tabelas

TABELA 1 - Equações de Taxa de Aporte de Sedimentos (TAS) utilizadas no trabalho, com


seus respectivos autores e variáveis.......................................................................................... 35
TABELA 2 – Municípios usuários das águas correspondentes às bacias estudadas. .............. 45
TABELA 3 - Classificação hidrológica dos solos estudados. ................................................. 47
TABELA 4 – Porcentagem de uso e cobertura do solo referente a cada classe de solo
encontrada. ................................................................................................................................ 47
TABELA 5 - Valores das variáveis utilizadas no cálculo da TAS para as bacias estudadas. . 64
TABELA 6 - Menores e os maiores valores de TAS para cada bacia estudada. ..................... 70
TABELA 7 – Valores da análise de sensibilidade das variáveis utilizadas nas equações
estudadas.. ................................................................................................................................. 71
TABELA 8 - Valores das variáveis TAS calculadas pela método de Williams (1977). ......... 72
TABELA 9- Potencial de Erosão do Solo (PRE) – Resultados do modelo InVEST. ............. 73
TABELA 10 - Vazões estimadas nos pontos de captação pelo método de I-Pai Wu.............. 74
TABELA 11 - Concentração de sedimentos em suspensão. ................................................... 75
TABELA 12 - Turbidez nos pontos de captação. .................................................................... 75
TABELA 13 - Vazão de captação nas bacias estudadas.......................................................... 76
TABELA 14 - Custo tratamento químico. ............................................................................... 77
TABELA 15 – Custos potenciais de dragagem (DR) nos cenários estudados. ....................... 78
TABELA 16 – Potencial de arrecadação referente às economias com o tratamento físico-
químico e dragagem.................................................................................................................. 79
TABELA 17 - Pagamentos potenciais pelos reflorestamentos estimados de acordo com as
arrecadações por área reflorestada. ........................................................................................... 79
TABELA 18 - Pagamentos potenciais pelos reflorestamentos estimados de acordo com as
arrecadações por área reflorestada, considerando a menor e a maior TAS. ............................. 80
xiii

Sumário

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 14
1.1 OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS.................................................................................. 17
2 REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................................... 18
2.1 ECONOMIA E MEIO AMBIENTE ........................................................................................ 18
2.2 INSTRUMENTOS ECONÔMICOS PARA CONSERVAÇÃO DA NATUREZA ............................... 19
2.2.1 Pagamento por serviços ambientais - (PSA) ............................................ 22
2.2.2 Críticas às estratégias de PSA .................................................................. 24
2.3 SERVIÇO ECOSSISTÊMICO DE RETENÇÃO DE SOLOS E REFLEXOS NO MEIO HÍDRICO ........ 25
2.3.1 Hidrossedimentologia ............................................................................... 25
2.4 HISTÓRICO DA PREDIÇÃO DE EROSÃO LAMINAR ............................................................. 27
2.5 FUNÇÕES DOSE-RESPOSTA EM PROGRAMAS DE PSA HÍDRICO ........................................ 31
2.5.1 Equações para estimativa da Taxa de Aporte de Sedimento (TAS) ......... 32
2.5.2 Relação entre TAS e sedimentos no curso hídrico ................................... 36
2.5.3 Relação entre sólidos em suspensão e turbidez ........................................ 37
2.6 VALORAÇÃO ECONÔMICA DO SERVIÇO ECOSSISTÊMICO DE RETENÇÃO DE SOLOS .......... 38
3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 41
3.1 ÁREA DE ESTUDO ........................................................................................................... 41
3.2 LEVANTAMENTO DAS INFORMAÇÕES FISIOGRÁFICAS ..................................................... 45
3.2.1 Área total de abrangência da bacia ........................................................... 45
3.2.2 Comprimento do curso principal .............................................................. 45
3.2.3 Maiores e menores altitudes referentes ao curso principal (desnível) ...... 46
3.2.4 Declividade média (gradiente).................................................................. 46
3.2.5 Número curva (CN) .................................................................................. 46
3.2.6 Tempo de concentração da bacia (tc) e Duração do excesso de
precipitação (tr)................................................................................................................. 48
3.3 BACIAS HIDROGRÁFICAS ANALISADAS ........................................................................... 49
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 65
4.1 CÁLCULO DA TAXA DE APORTE DE SEDIMENTO ............................................................ 65
4.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS DAS TAS ............................................................................ 69
4.3 VALORAÇÃO DO SERVIÇO ECOSSISTÊMICO DE RETENÇÃO DE SEDIMENTOS .................... 72
4.3.1 Concentrações de sólidos em suspensão na água e turbidez .................... 74
4.3.2 Custo do tratamento químico.................................................................... 76
4.3.3 Custo de dragagem ................................................................................... 77
4.3.4 Potencial total de arrecadação com o PSA hídrico ................................... 78
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 83
6 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 85
14

1 Introdução

O crescimento populacional, associado às necessidades socioeconômicas, gera uma


forte demanda pelo aumento das cidades, da produção de alimentos, da geração de energia
elétrica, da produção de bens de consumo e outros, provocando forte pressão ao ambiente
natural. Essa influência antrópica em uma bacia hidrográfica, juntamente com as
características naturais da área contribuinte, molda o comportamento sedimentológico da
bacia. Dependendo da interferência no fluxo natural de sedimentos de um dado curso d’água,
seja pelo aumento da produção ou da deposição, os impactos gerados podem ser irreversíveis.
O excesso de sedimentos nos rios constitui um grande problema para sistemas de
bombeamento e de abastecimento, além de causar sérios prejuízos aos usuários de
reservatórios (LIMA et al., 2001).
A erosão é um dos fatores geradores do excesso de sedimento, comprometendo a
qualidade das águas dos rios. Dentre os aspectos ambientais relacionados à erosão, o relevo é
um dos mais influentes, principalmente quando associado aos tipos de solo e as formas de uso
do mesmo, propiciando a aceleração do processo erosivo, podendo causar até ravinas e
voçorocas (AGENCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA, 2001). Além dos aspectos
ambientais, existem vários agravantes, desde a disposição inadequada do lixo, à exploração de
recursos minerais para a construção civil; que ocorrem sem a devida recuperação da área,
passando ainda por problemas de uso indevido e não controlado de agrotóxicos, ocupação
desordenada dos solos, pesca predatória e erosões causadas por desmatamentos
indiscriminados (COMITÊ DE INTEGRAÇÃO DA BACIAS HIDROGRÁFICA DO RIO
PARAÍBA DO SUL, 2014).
Estudo recente da Fundação SOS MATA ATLÂNTICA (2014) mostra como o
desmatamento e a ocupação irregular de áreas de mananciais contribuíram para agravar a
situação nos reservatórios de abastecimento, durante uma seca histórica. Com base nos
resultados desse estudo e diante do cenário atual, é fundamental acelerar as ações de
recuperação dessas bacias hidrográficas produtoras de água, seja por regeneração natural ou
por meio dos esforços de restauração florestal para proteção das nascentes e das margens dos
rios.
15

A manutenção da cobertura florestal nas bacias hidrográficas se destaca por diminuir a


velocidade do escoamento superficial e subsuperficial d’água garantindo a regulagem do ciclo
hídrico, fazendo a manutenção de vazão por meio de maiores índices de recarga dos sistemas
subterrâneos, minimizando enchentes, controlando erosões e assoreamentos, reduzindo o
carreamento de sedimentos, e assim, conservando a qualidade da água (FURTADO, 2010)
MEDEIROS e YOUNG (2011) fizeram uma análise dos bens e serviços provisionados
pelas Unidades de Conservação (UC) brasileiras e constataram que cerca de 34% do volume
anual não sazonal de captação de água são provenientes de fontes de captação localizadas
dentro ou a jusante de UC’s federais. Com relação ao potencial hídrico, o estudo revela que
dos 1.164 empreendimentos de geração de energia hidrelétrica, incluindo outorgados e em
construção, com informações disponíveis, 38,4% estão localizadas a jusante de UC’s federais.
Além disso, dos 120,6 GW (gigawatts) provenientes de fontes hidrelétricas em operação,
construção e outorgadas, 96,9 GW, ou 80,3%, são gerados por fontes hidrelétricas situadas a
jusante de UC’s federais, recebendo contribuição destas através do rio principal ou de seus
tributários. Visto que os serviços de abastecimento público ou geração de energia elétrica
podem ser comprometidos caso não ocorra essa proteção das bacias hidrográficas a montante,
faz-se necessário o aperfeiçoamento da dimensão ambiental na análise econômica, através de
estudos sobre a valoração monetária dos serviços prestados pelo meio ambiente.
Uma vez que a valoração das águas está relacionada à proteção das bacias
hidrográficas, justifica-se que seja cobrado daqueles que se beneficiam da proteção dos
recursos hídricos, ao passo que esses valores devem ser repassados àqueles que ajudam a
preservar esses serviços ambientais (ROSA; KANDEL; DIMAS, 2004).
O primeiro desafio relacionado com essa contribuição financeira está na metodologia
de se medir o quanto cada cobertura ou uso do solo contribui para a retenção de sedimentos,
em termos de volume ou de manutenção da qualidade da água provida, para o abastecimento
ou para a produção de energia. Estas medidas requerem estudos técnicos complexos que
podem lançar mão de mais de uma ferramenta ou referencial teórico, chegando a resultados
finais distintos (ROSA; KANDEL; DIMAS, 2004).
O resultado final esperado é a melhoria das condições hidrológicas da bacia e
manutenção da cobertura vegetal, entretanto para que essa melhoria seja efetiva, faz-se
necessário que os governos atuem de forma integrada e estabeleçam planos para resolver os
problemas de disponibilidade de água que já estão diagnosticados, com instrumentos de
governança e gestão, como a cobrança pelo uso da água a todos os usuários. É importante a
16

implantação de instrumentos econômicos, como o Pagamento por Serviços Ambientais


(PSA), destinados aos proprietários de terras, municípios e Unidades de Conservação que
preservem essas áreas, uma vez que a sustentabilidade dos processos econômicos, assim como
a manutenção da qualidade de vida estão na dependência direta de recursos hídricos em
quantidade e qualidade (SOS MATA ATLÂNTICA, 2014).
17

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo geral

Este trabalho objetiva analisar pressupostos de valoração para os serviços


ecossistêmicos que associem a função ecossistêmica da cobertura vegetal e do uso de práticas
conservacionistas à contenção de erosão e redução da quantidade de sedimentos nos cursos
d’água, visando subsidiar o aprimoramento dos mecanismos de Pagamentos por Serviços
Ambientais (PSA).

1.1.2 Objetivos específicos

 Avaliar o uso de equações empíricas para cálculo de Taxa de Aporte de Sedimentos


(TAS), associando a quantidade de sedimentos que aportam aos meios hídricos em relação à
perda de solos originária;
 Estimar valores de turbidez e valor potencial de arrecadação, considerando o
reflorestamento da APA Mananciais do Rio Paraíba do Sul;
 Servir como instrumento inicial de pesquisas que visem auxiliar nas políticas públicas
buscando a proteção ao recurso hídrico, com base no valor econômico dos serviços
ambientais.
18

2 Revisão da Literatura

2.1 Economia e meio ambiente

Os benefícios dos fatores e agentes ambientais não são considerados nas decisões
econômicas, porque não estão inseridos num sistema de mercado. Pelo sistema econômico e
jurídico tradicional os serviços ambientais são concebidos como externalidades e têm
características de bens públicos (SEEHUSEN e PREM, 2011). Muitos autores, apesar de
reconhecerem o valor desses fatores e agentes ambientais, relacionam a eles apenas o valor de
uso, geralmente negando o valor de troca, pois para eles os serviços prestados pela natureza
eram providos gratuitamente e considerado como o fator gerador de riqueza (GÓMEZ-
BAGGETHUN et al., 2009).
O escopo das análises econômicas convencionais se tornou restrito aos bens e serviços
previamente valorados em termos monetários (valor de troca), excluindo das análises todos os
objetos da natureza que não possuíam valor de troca, de modo que, na segunda metade do
século XX os recursos ambientais praticamente desapareceram das análises econômicas
(GÓMEZ-BAGGETHUN et al., 2009).
COSTANZA et al. (1997) afirma que os recursos naturais não são protegidos
adequadamente porque seus valores não são incluídos entre os fatores do mercado que guiam
as decisões econômicas de produtores e consumidores, extrapolando a operação dos sistemas
econômicos. Por não possuir preços agindo sobre eles, o uso em equilíbrio com a oferta fica
comprometido e os recursos naturais acabam sendo esgotados.
Como raramente os bens e serviços ambientais possuem valor de troca atribuído à eles,
utiliza-se de uma variedade de técnicas para estima-los, para então incorporá-los ao modelo
de mercado e buscar a alocação de recursos mais eficientes (DALY; FARLEY, 2010).
Existe um grande desafio nessa valoração econômica desses bens e serviços
associados aos ecossistemas e sua contribuição na economia nacional. PEARCE (1993)
afirma que o valor de um recurso ambiental pode ser obtido somando os bens e serviços por
ele providos, caso esses benefícios não recebam preços de mercado, o valor monetário dos
mesmos deve ser estimado por técnicas específicas conhecidas como valoração ambiental.
GROOT, WILSON e BOUMANS (2002) ressaltam sobre serviços ambientais “[...] é
inerentemente antropocêntrico: é a presença de seres humanos como agentes que habilitam a
19

tradução de estruturas ecológicas e processos em entidades de valor agregado”. Desta forma,


o conceito se expressa pela identificação das formas de valoração entre as atividades humanas
e a natureza. WUNDER (2005) afirma que o pagamento pelos serviços ambientais deve ser
uma transação voluntária onde se “compra” um serviço ambiental bem definido, com a
condição de que o provedor do serviço ambiental garanta seu fornecimento.
Segundo a Avaliação Ecossistêmica do Milênio - AEM (2005) há diferentes tipos de
serviços ambientais, que podem ser divididos em quatro categorias: Serviços de provisão: são
aqueles relacionados com a capacidade dos ecossistemas em prover bens, sejam eles
alimentos (frutos, raízes, pescado, caça e mel) matéria-prima para a geração de energia (lenha,
carvão, resíduos, óleos); fibras (madeiras, cordas e têxteis); recursos genéticos e bioquímicos;
plantas ornamentais e água; Serviços reguladores: são os benefícios obtidos a partir de
processos naturais que regulam as condições ambientais que sustentam a vida humana, como
a purificação do ar, regulação do clima, purificação e regulação dos ciclos das águas, controle
de enchentes e de erosão, tratamento de resíduos, desintoxicação e controle de pragas e
doenças; Serviços culturais: estão relacionados com a importância dos ecossistemas em
oferecer benefícios recreacionais, educacionais, estéticos e espirituais; Serviços de suporte:
são os processos naturais necessários para que os outros serviços existam, como a ciclagem de
nutrientes, a produção primária, a formação de solos, a polinização e a dispersão de sementes.
Atualmente no mundo são comercializados quatro serviços ambientais com maior
intensidade e frequência, o carbono, água, biodiversidade e beleza cênica. Cada sistema tem
uma forma de pagamento pelo serviço ambiental realizado, sendo que nos sistemas de PSA-
Carbono, paga-se geralmente por tonelada de carbono não emitido para atmosfera ou
sequestrado. Nos sistemas PSA- Água, paga-se pela manutenção ou aumento da quantidade e
qualidade da água. Nos sistemas PSA-Biodiversidade, paga-se por espécies ou hectare de
habitat protegido. Nos sistemas de PSA-Beleza Cênica, paga-se por serviços de turismo e
permissões de fotografia (SEEHUSEN e PREM, 2011).

2.2 Instrumentos econômicos para conservação da natureza

No Brasil, uma das primeiras preocupações com a conservação da natureza ocorreu


devido à escassez de água em alguns locais, ocasionada pelo desenvolvimento econômico das
sociedades. Muitas das reservas que abastecem grandes centros populacionais estão sendo
20

exploradas num ritmo e numa quantidade muito superior à capacidade natural de restauração
de níveis adequados de armazenamento e de qualidade da água disponível. Para minimizar e
conter o impacto da exploração excessiva, o reconhecimento da água como recurso ambiental
dotado de valor econômico está sendo incorporado nas políticas ambientais (THAME, 2000).
Desde 1934, o Código de Águas, estabelecido pelo decreto nº 24.643, já previa o
princípio do poluidor-pagador como instrumento econômico (BRASIL, 1934). Em 1997, a
Lei 9.433 instituiu no país a cobrança pelo uso da água, a qual é um recurso natural
importante para a manutenção da vida no planeta. Por meio dessa lei pretende-se reverter a
situação de degradação da qualidade das águas em várias bacias hidrográficas brasileiras. Essa
lei reconhece, em seu artigo 1º, a água como um recurso natural limitado e dotado de valor
econômico. A lei também institui a Política Nacional de Recursos Hídricos que explicita os
procedimentos de planejamento e gestão de bacias visando a outorga, cobrança e
compensação aos municípios pela água utilizada por qualquer empreendimento ou ator
econômico que abstraia água para propósitos particulares (BRASIL, 1997).
A própria Lei 9.985, de 18 de julho de 2000, que estabeleceu o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), determina que:
“Art. 47 – O órgão ou empresa, público ou privado, responsável pelo
abastecimento de água ou que faça uso dos recursos hídricos, beneficiário da
proteção proporcionada por uma unidade de conservação, deve contribuir
financeiramente para a proteção e implementação da unidade, de acordo com o
disposto em regulamentação específica.
Art. 48 – O órgão ou empresa, público ou privado, responsável pela geração
e distribuição de energia elétrica, beneficiário da proteção proporcionada por uma
unidade de conservação, deve contribuir financeiramente para a proteção e
implementação da unidade, de acordo com o disposto em regulamentação
específica.” (BRASIL, 2000)
A contribuição financeira citada nos Art. 47 e 48 da Lei 9.985/2000 pode ser entendida
como um pagamento pelos serviços ambientais prestados pela UC, buscando a arrecadação de
recursos para a adequada implantação de programas mais efetivos na conservação da
biodiversidade brasileira. Todo recurso ambiental possui um valor intrínseco, ou seja, um
valor próprio, interior, inerente ou peculiar. O valor ambiental é a qualidade das condições
ambientais, neste caso, da qualidade da água (CETESB, 2011).
A qualidade da água não pode ser alcançada sem a conservação de outros recursos
naturais, pois o ciclo hidrológico reflete as condições, os usos e as coberturas do terreno onde
a água emana. O ciclo da água é dependente dos mecanismos de serviços ambientais gerados
21

pelo ecossistema, como por exemplo, os benefícios que a cobertura vegetal tem em relação à
água (LIMA, 1996).
Na tentativa de se atingir a conservação dos recursos naturais e manter seus serviços
ecossistêmicos, podem ser adotados mecanismos de comando e controle e/ou instrumentos
econômicos. Os mecanismos de comando e controle buscam fixar um padrão através de leis e
normas e penalizar aqueles que as ultrapassam. Já o uso de instrumentos econômicos, atuam
no sentido de alterar o preço de custo da utilização do recurso ambiental, internalizando as
externalidades, afetando o nível de uso do recurso (MOTTA, 2006).
PAGIOLA, VON GLESHN e TAFFARELLO (2013) citam, dentre outras, os
seguintes instrumentos econômicos utilizados no Brasil para a conservação dos recursos
naturais:
 Impostos ecológicos: como Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços –
(ICMS) ecológico, no qual o Estado incorpora as áreas sob conservação em suas
fórmulas para a definição do valor do imposto agregado a ser repassado aos
municípios;
 Compensação de reserva legal: por exigência do Código Florestal (lei 12.651/2012) os
proprietários de terra devem manter uma parcela mínima de vegetação nativa,
conhecida como reserva legal, variando de 20% no sul do país a 80% na Amazônia
legal. O sistema de Cotas de Reserva Ambiental permite que os proprietários de terra
contratem outros usuários para manter áreas protegidas a serem contabilizadas como
sua área de Reserva Legal;
 Reservas privadas: proprietários que colocam a terra sobre conservação perpétua,
criando uma Reserva Particular do Patrimônio Natural - (RPPN) estando isentos dos
impostos sobre a área protegida.
Vale citar a cobrança pelo uso da água, estabelecido pela Política Nacional de
Recursos Hídricos (Lei 9.433/1997), no qual estabelece que a receita dessas cobranças seja
utilizada para ações de proteção das águas nas bacias hidrográficas, inclusive recuperação de
matas ciliares.
Dois conceitos que buscam a utilização de instrumentos econômicos são o de
poluidor-pagador, estabelecido pelo Código das Águas anteriormente citado, em que o
responsável pela poluição paga pela poluição/degradação causada e o de conservador-
recebedor, no qual aquele que promove a conservação recebe uma recompensa pela
22

conservação efetuada. Ligado ao segundo conceito, o PSA é uma estratégia de gestão que
vem ganhando força (SEEHUSEN; PREM, 2011).

2.2.1 Pagamento por serviços ambientais - (PSA)

O PSA é um instrumento que busca dar uma solução próxima à de mercado para o
problema ambiental, ou seja, criar um sistema de preços que incentiva os agentes a tomar
decisões ambientalmente corretas. No Brasil, PSA vem sendo discutido com mais atenção
desde o lançamento do Programa Proambiente, em 2000, que consistiu em uma experiência
inicial de PSA no país, mas demonstrou vários desafios a serem superados (WUNDER,
2005).
SOMMERVILLE (2009) define PSA como uma abordagem que objetiva transferir
incentivos positivos para os provedores de serviços ambientais que são condicionados a
provisão do serviço. Enquanto BROSE (2009) define PSA como mecanismos regulatórios que
remuneram e recompensam quem promove a conservação/proteção do ambiente, mantendo os
serviços ambientais para um bem comum, precificando os bens e serviços ambientais,
atribuindo-lhes valor.
Atualmente há diversas definições sobre PSA, mas a mais aceita é de WUNDER
(2006) que afirma que Pagamento por Serviços Ambientais ou Ecológicos pode ser
conceituado como uma transação voluntária através da qual um serviço ecológico específico é
adquirido por um (ou mais) adquirente de um (ou mais) provedor do serviço ecológico se, e
somente se, o provedor do serviço ecológico assegurar a sua provisão.
No PSA, seria invertida a lógica atual de que os responsáveis por manejar os
ecossistemas recebem poucos incentivos pela conservação, sendo mais vantajosos os
benefícios obtidos com outros tipos de usos e ocupações, resultando na conversão de florestas
em áreas produtivas, causando piora na quantidade e qualidade de água, gerando,
consequentemente, custos aos usuários a jusante. O novo cenário seria que os beneficiários a
jusante dos serviços ecossistêmicos façam um contrato de pagamento por utilização desses
serviços, para que os responsáveis por manejar os ecossistemas adotem técnicas que
assegurem a conservação e a restauração dos ecossistemas (WUNDER, 2006). Os pagamentos
realizados pelos usuários dos serviços ecossistêmicos podem ajudar a fazer da conservação
23

uma opção mais atrativa para os gerenciadores dos ecossistemas, induzindo sua adoção
(JACK; KOUSKY; SIMS, 2008).
São experiências pelo mundo de valoração dos serviços ambientais, conforme
demonstra GUEDES e SEEHUSEN (2011): citam LESCUYER (2007) que valorou a
provisão de serviços ambientais de florestas em Camarões em até US$ 560 para madeira, US$
61 para combustível e US$41 a US$70 para produtos florestais não madeireiros, e os
benefícios da regulação climática das florestas tropicais de Camarões em US$842 a US$2.265
por hectare; Citam também YARON (2001), que valorou a proteção contra inundações
provido pelas florestas tropicais em Camarões em até US$24 por hectare por ano; VAN
BEUKERING et al. (2003) valorou os suprimento de água pelos ecossistemas florestais de
25.000 km² em até US$ 2,24 bilhões; e KAISER e RUMASSAT (2002) valorou os benefícios
indiretos de 40.000 hectares em uma bacia hidrográfica no Havaí em até US$ 1,42 a US$2,63
bilhões.
No Brasil, experiências como o Projeto Conservador das Águas em Extrema/MG,
paga pelos serviços ambientais de preservação de mata de galeria ou mata ciliar e práticas
preservacionista a quantia de R$ 65,00 a R$ 169,00/ha/ano em 2009 foram 1393,49 hectare; o
Programa Ecocredito em Montes Claros MG que visa incentivar proprietários rurais a
preservar conservar áreas de relevante interesse ambiental, paga R$ 110,10/ha/ano, em 2009
foram pagas R$ 162.893,90 para 1479 hectares; o Projeto Oásis nos Mananciais da Região
Metropolitana de São Paulo consiste no pagamento por serviços ambientais por áreas naturais
realmente protegidas, o valor máximo pago é de R$ 370,00/ha/ano, são 656 hectares e
aproximadamente 82 nascentes e 41 mil metros de rio o recurso disponibilizado é de US$
800.000,00 (BERNARDES e SOUSA JÚNIOR, 2010).
Em unidades de conservação no Brasil, foram realizadas atividades de valoração
Ambiental com o objetivo de compensação pelos danos existentes por atividades econômicas
e impactos aos ecossistemas, como o Parque Nacional da Tijuca/RJ, Reserva Biológica de
Tinguá/ RJ, Área de Proteção Ambiental de Petrópolis/ RJ, Floresta Nacional de Ipanema/ SP,
Parque Nacional da Serra da Canastra/ MG (PEIXOTO e WILLMERSDORF, 2002) e Parque
Nacional – PARNA de Jurubatiba (FERREIRA et. al., 2005). Além destes, a EMBRAPA
PANTANAL (2009) realizou a valoração do Bioma Pantanal, o Bioma Mata Atlântica e
Cerrado foi valorado por PEIXOTO e WILLMERSDORF (2002) quanto suas funções
ecossistêmicas.
24

2.2.2 Críticas às estratégias de PSA

Os atuais processos de decisão muitas vezes ignoram ou subestimam o valor dos


serviços ambientais. A tomada de decisão sobre os ecossistemas e seus serviços pode ser
especialmente complicada porque diferentes disciplinas, pontos de vista filosóficos e escolas
de pensamento avaliam o valor dos ecossistemas de diferentes maneiras (PEIXOTO, 2011).
Entretanto, a simples ação de quantificar o valor dos ecossistemas não pode, ela
própria, alterar os incentivos que afetam seu uso ou conservação. Muitas mudanças práticas
são requeridas para melhor calcular tais valores. É necessário aperfeiçoar instrumentos e
processos de tomada de decisão e fornecer conhecimento sobre que tipo de informações pode
ter maior influência. A maior parte do trabalho na previsão de mudanças nos valores do fluxo
de benefícios providos por um ecossistema envolve estimar a mudança de fluxos físicos dos
benefícios (quantificar relações biofísicas) e identificar e quantificar uma cadeia de
causalidades entre as mudanças nas condições do ecossistema e do bem-estar humano. Um
problema comum na valoração é que a informação está disponível somente em alguns dos
elos e frequentemente em unidades incompatíveis da cadeia de valor (PEIXOTO, 2011).
Os mecanismos de mercado de valoração ambiental podem incentivar lógicas de
individualismo e competição, sobrepondo valores comunitários e de reciprocidade,
promovendo alteração nas lógicas de conservação, passando daquelas relacionadas a
obrigação ética para aquelas de próprio interesse econômico (GÓMEZ-BAGGETHUN et al.,
2009).
Por outro lado, WUNDER e VARGAS (2005) ressalvam que os esquemas de PSA
dificilmente serão mercados de fato (com exceção dos PSA referentes aos serviços
ecossistêmicos de armazenamento de carbono) já que especificidades locais delimitam ou
eliminam as forças de competição, tão fundamentais para o perfeito funcionamento do
mercado. Neste cenário, estes autores propõem os esquemas de PSA como um acordo
bilateral entre atores individuais ou grupos de usuários e provedores dos serviços
ecossistêmicos. Já LANDEL-MILLS e PORRAS (2002) destacam que o mercado é parte
constituinte de uma infinidade de arranjos institucionais que norteiam a alocação de recursos e
a tomada de decisão, embora nem sempre represente um arranjo ideal.
WUNDER (2006), por sua vez, destaca que as estratégias de PSA são relevantes
quando a ameaça da oferta do serviço ecossistêmico pelo proprietário de terra é legal e
25

legítima ou quando a sociedade ou os usuários dos serviços ecossistêmicos falham em


garantir estes serviços por meio de taxações, regulações dentre outras medidas de comando e
controle. Já JACK, KOUSKY e SIMS (2008) asseguram que a efetividade das práticas de
PSA depende do contexto no qual estas estão inseridas, indicando que uma única prática não
funcionará em todos os contextos. Ainda segundo os mesmos autores, experiências anteriores
sugerem ser improvável que a abordagem do PSA seja capaz de melhorar simultaneamente as
condições de subsistência, reduzir os custos do gerenciamento e aumentar os serviços
ecossistêmicos.
DAILY e MATSON (2008) ressaltam que evoluções em três frentes são condições
necessárias para que o reconhecimento do valor do capital natural seja convertido em
incentivos e instituições que guiam os investimentos, sendo elas: 1) nas ciências de
mapeamento das funções e serviços de produção dos ecossistemas, 2) no planejamento do
financiamento de políticas e de sistemas de governos apropriados e 3) na arte de implementar
os incentivos e instituições nos diversos contextos biofísicos e sociais.

2.3 Serviço ecossistêmico de retenção de solos e reflexos no meio hídrico

2.3.1 Hidrossedimentologia

A erosão hídrica tem início na desagregação do solo por agentes ativos, os quais
englobam a água, temperatura, insolação, vento e ação antrópica e por agentes passivos como
a topografia, a gravidade, o tipo de solo e o uso e cobertura do solo. Após a desagregação, as
partículas de solo alcançam os cursos d’água, os quais têm, inerentes, a função de carrear
sedimentos (CARVALHO, 1994).
Essa erosão hídrica e comumente separada em dois tipos: erosão em sulcos e erosão
laminar. A erosão laminar é associada ao processo de desprendimento das partículas de solo
pelo impacto das gotas de chuva, ou seja, o principal agente energético responsável pelo
desprendimento decorrente do impacto das gotas de chuva está relacionado à intensidade de
precipitação, sendo o escoamento superficial responsável pela energia necessária apenas para
o transporte das partículas de solo liberadas, esse tipo de processo caracteriza-se pela remoção
de delgadas camadas da superfície do solo, sendo notada apenas com o decorrer do tempo,
quando a quantidade de solo removido é aumentada. A erosão em sulcos é facilmente
26

perceptível pela ocorrência de valas e sulcos irregulares, formados em virtude da


concentração do escoamento superficial, neste tipo de erosão, o desprendimento de solo
ocorre quando a força cisalhante excede a resistência crítica do solo e a carga de sedimentos
transportada é menor que a capacidade de transporte (PRUSKI, 2013).
O volume desse material carreado é diretamente proporcional à contribuição da erosão
laminar e em sulcos e depende da região drenada pelo curso d’água. Tal volume, que adensa a
massa líquida, é formado por substâncias solúveis e insolúveis, que podem ser transportadas
pela água de diversas formas: em diluição, compondo a própria química da água, em
suspensão e em rolamento, ou podem ser depositadas (MÜLLER, 1995).
O sedimento em suspensão pode gerar adversidades, tais quais, perturbação do leito do
rio, aumento da turbidez gerando obstáculos ao consumo da água e consequente aumento do
custo de tratamento, interferência na penetração de luz e calor reduzindo a atividade
fotossintética, aumento de sedimentos finos em suspensão causando decréscimo na população
de peixes, redução na profundidade do rio, abrasões em turbinas, danificação de fundações de
pontes, além de atuar como portador de poluentes e microorganismos (CARVALHO, 1994).
O aumento da turbidez afeta diretamente os custos do tratamento da água para
consumo humano, uma vez que o parâmetro turbidez é fundamental para definir as dosagens
de produtos químicos que serão aplicados ao tratamento de água bruta captada dos cursos
d’água. Altos valores de turbidez necessitam de altas dosagens de produtos químicos e geram
maiores descartes de lodo nas Estações de Tratamento da água (VAZ et al., 2010). No Estado
do Paraná foi implementado um programa de conservação do solo, nele foram analisados os
índices médios de turbidez anual em 16 mananciais, os quais tiveram redução de
aproximadamente 50%, caindo de 202,8 para 102,8 NTU em média, como efeito direto da
redução das perdas de solo pela erosão, o que refletiu na diminuição dos custos operacionais
de tratamento da água captada nestes rios de US$7,5 para US$1,7 por 10.000 m³ de água
tratada (SEPLAN, 2003).
É laborioso estimar a distribuição de sedimentos ao longo do curso d’água, a
porcentagem de sedimento em suspensão e a depositada no leito é extremamente dependente
da granulometria do sedimento transportado. Quando há uma grande quantidade de areia, a
porcentagem de sedimento que se deposita no leito é, na maioria das vezes, maior que a em
suspensão. No entanto, predominantemente no alto curso dos rios, a carga em suspensão,
principalmente composta por silte e argila, pode abranger de 90 a 95% do total de sedimentos
(CARVALHO, 1994). Tal porcentagem também é corroborada por WARD e TIMBLE
27

(1995), que afirmam que a carga de sedimentos em suspensão pode representar mais de 90%
do material transportado.
O sedimento depositado pode assorear reservatórios, assorear tomadas d’água,
assorear as calhas dos rios reduzindo a profundidade de modo a aumentar o risco de enchentes
e prejudicar a navegação, e o sedimento pode ainda permitir o crescimento de vegetação,
prejudicando o escoamento (CARVALHO, 1994).
Nos aproveitamentos hidrelétricos o maior problema sedimentológico é o
assoreamento do reservatório, que reduz a capacidade de acumulação de águas e diminui a
vida útil do aproveitamento. A porcentagem de perda de volume por retenção de sedimentos
nesses reservatórios é muito variável, estando relacionada ao projeto e à magnitude da carga
sólida, principalmente. MAHMOOD (1987) estimou que essa perda de capacidade total anual,
como valor médio mundial, tenha sido de 1%, o que corresponde a uma perda de 50km³ a
cada ano. Só no Brasil mais de 35 reservatórios estão parcial ou totalmente assoreados, sendo
que alguns deles continuam em operação, mas com problemas diversos decorrentes do
depósito de sedimentos (CARVALHO, 1994).
Os custos de dragagem poderiam ser evitados se houvesse uma menor taxa de
assoreamento. BIDONE et al. (2009) apontam custos da ordem de R$ 10,00 a R$30,00 por
metro cúbico de sedimento dragado, este valor é influenciado pela composição do material
dragado, e pela distância entre o ponto de retirada e de destinação final do material. BUENO
(2010) apresenta custos superiores a R$25,00 por metro cúbico de sedimento dragado nos
canais do rio Paraibuna, em trecho à jusante do reservatório hidrelétrico.
Quando corretamente conduzidos, os efeitos originados pelos sedimentos podem ser
acomodados ou minimizados, no entanto, o tratamento dessa questão é complexo, tanto pelo
dinamismo dos processos como pela interação desse fenômeno com outros eventos (incluindo
fatores antrópicos).

2.4 Histórico da predição de erosão laminar

As medições de sedimento no leito, mais antigas, foram feitas em 1898 no canal


Nicarágua, o equipamento não fazia a coleta adequadamente, pois consistia de uma caixa sem
tampa e com abertura na frente. Vinte anos mais tarde, foram feitas medições nos rios do
Tirol, ainda com equipamentos não tão adequados. A partir de 1930, esse tipo de medição
28

direta de sedimentos no leito foi sendo aperfeiçoada na Europa, já no Brasil não foi
encontrado nenhum registro sobre medições de sedimento anteriores a 1950 (CARVALHO,
1994).
Os dados de medição de sedimento nos cursos d’água e de erosão laminar do solo
tornaram possível o desenvolvimento da tecnologia de previsão de erosão. As primeiras
análises foram feitas por COOK (1936) para identificar as principais variáveis que afetam a
erosão do solo pela água. Cook listou três fatores principais: a susceptibilidade do solo à
erosão, potencial de erosividade da chuva e do escoamento, e proteção do solo proporcionada
pela cobertura vegetal. Alguns anos mais tarde, ZINGG (1940), a partir de lotes
experimentais, com chuvas simuladas e condições de cultivo definidas, publicou a primeira
equação para calcular perda de solo, ele relacionou inclinação e comprimento de declive com
a perda de solo. Outros (SMITH E WISCHMEIER, 1957; VAN DOREN E BARTELLI,
1956) consideraram fatores como erodibilidade do solo e uso do solo. Esses fatores foram
ainda revisados e consolidados, e o parâmetro de precipitação foi incluído para obter a
equação empírica de Musgrave (MUSGRAVE, 1947).

(1)

Onde E representa a perda do solo superficial média, medida em toneladas por hectare
por ano, ou em polegadas por ano; F é um fator de erodibilidade, referente a um lote de 10%
de declividade e 22 metros de comprimento do declive, medido nas mesmas unidades que E;
R é um fator adimensional de cobertura vegetal; S corresponde a declividade do terreno, em
porcentagem; L é o comprimento do declive, em pés; e P é a precipitação de 30 min, com
período de retorno de 2 anos, em polegadas, para a região a ser considerada.
Segundo VANONI (1975), em 1960 alguns pesquisadores verificaram que apesar da
importância dos fatores utilizados na Equação 1, os parâmetros utilizados não eram facilmente
adaptáveis a muitas das condições de uso da terra existentes, era necessário, portanto, um
modelo de previsão mais abrangente. Foi então que Wischmeier e Smith estudaram a erosão
entressulcos e no sulco em mais de 10.000 lotes com 3,5m de largura e 22,1m de
comprimento e 9% de declividade, nomeados parcela-padrão, distribuídos em todas as regiões
dos Estados Unidos, entretanto com distintas características de clima, solo, relevo e cultivo, e
desenvolveram o modelo de previsão conhecido como a Equação Universal de Perda de Solo
(USLE), visto na Equação 2 (WISCHMEIER E SMITH, 1965).
(2)
29

Em que:
E = perda de solo média anual, t ha-1 ano-1;
R = fator de erosividade da chuva, MJ mm ha-1 h-1;
K = fator de erodibilidade do solo, t ha-1/(MJ mm há-1 h-1);
L = fator de comprimento de encosta, adimensional;
S = fator de declividade de encosta, adimensional;
C = fator de uso e ocupação do solo, adimensional; e
P = fator de práticas conservacionistas, adimensional.
Onde cada fator representa um processo crítico que pode afetar a perda de solo. Os
fatores R, K, L e S são dependentes das condições naturais, já os fatores C e P estão
relacionados às formas de uso e ocupação do solo. Na sequência, são apresentados os fatores
que compõem a USLE.
A erosividade (R) é um índice de erosão pluvial que expressa a capacidade da chuva
de causar erosão em uma área sem proteção e é definido como o produto da energia cinética
de uma chuva pela sua máxima intensidade em 30 minutos, entre os fatores da USLE apenas o
fator R é calculado a partir de registros pluviográficos (PRUSKI, 2013).
A erodibilidade (K) expressa a resistência do solo à erosão hídrica e está relacionado
com as propriedades físicas e químicas do solo, o fator K é o de maior custo e morosidade
para determinação devido a extensão territorial e diversidade edáfica do Brasil (PRUSKI,
2013).
Tanto o comprimento do declive (L) quanto a declividade (S) influem sobre a
velocidade do escoamento superficial, e, consequentemente, sobre as perdas por erosão. O
fator LS é a relação esperada entre as perdas de solo por unidade de área em um declive e
comprimento de encosta quaisquer e as perdas de solo que ocorrem em uma parcela-padrão
(PRUSKI, 2013).
O fator C representa o grau de proteção média à erosão sob determinado manejo
(preparo do solo, cobertura vegetal existente e sequência de cultivo), ele é determinado
através da comparação da perda de solo durante determinado estágio de desenvolvimento da
cultura, com a perda de solo na parcela-padrão (LANE et al., 1992).
O fator P expressa os efeitos das práticas conservacionistas no terreno e varia com a
eficiência das técnicas de controle de erosão utilizadas (PRUSKI, 2013).
Alguns pesquisadores relataram algumas limitações da USLE. FOSTER (1982)
constatou que para utilizar a USLE deve-se assumir que a chuva tem local de incidência e
30

intensidade constantes e verificou também que não é possível obter informações da


variabilidade temporal e espacial da erosão durante a chuva. WILLIAMS (1975) ao aplicar a
USLE obteve resultados superestimados de produção de sedimentos durante anos com baixa
precipitação e subestimados durante anos com elevada precipitação.
Durante as diversas modificações realizadas na USLE, visando à melhoria nas
estimativas das perdas de solo, ocorreu uma grande revisão no modelo e de sua base de dados,
embora a estrutura da equação seja a mesma da USLE, deu-se origem a Equação Universal de
Perdas de Solo Revisada (RUSLE), na qual vários conceitos da modelagem da erosão,
baseados na descrição do processo físico, foram incorporados (PRUSKI, 2013).
Com relação a publicações sobre sedimentologia no Brasil, foram raras antes de 1970.
A primeira, englobando esse tema, foi o trabalho de Wanderbilt Duarte de Barros, intitulado A
Erosão no Brasil, em 1956. A segunda foi em 1958, que Rubens R. Nebrick publicou o Rio
Camaquã, Estudo sobre o Transporte de Sólidos com a finalidade de fazer a previsão do
assoreamento e calcular a vida útil de um reservatório. Somente com a criação da Associação
Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH), em 1977, a realização de simpósios e a edição da
Revista de Hidrologia e Recursos Hídricos, mais trabalhos relacionados a sedimentologia
foram divulgados. Nesse mesmo ano, Amauri Pontes publicou uma expressão para calcular
perda de solo por erosão (EQUAÇÃO 3), que foi amplamente utilizada em estudos
empreendidos pelo DNOS, SUDESUL, IBC e OEA, em regiões cafeeiras do noroeste do
estado do Paraná (CARVALHO, 1994).
(3)

Onde:
E = perda de solo por erosão, em t/ha.ano;
Tx = textura (% areia Horizonte A / % argila Horizonte B);
Dummy = uso agrícola (café 10, pastagem 1);
L = comprimento de rampa, em m;
P = declividade, em %.
Muitas áreas do Brasil apresentam uma produção de sedimento indesejável devido à
concentração de populações nessas áreas e, principalmente devido ao manejo inadequado dos
solos. Estudos de erosão e sedimentação são indispensáveis para conservação,
desenvolvimento e utilização dos solos e dos recursos hídricos (CARVALHO, 1994). Na falta
de modelos matemáticos específicos para cada condição edafoclimática brasileira,
pesquisadores utilizam extrapolações das equações aplicadas fora do país.
31

2.5 Funções dose-resposta em programas de PSA hídrico

A erosão hídrica começa com a incidência das precipitações, do volume total


precipitado, parte é interceptada pela vegetação (quando existente), e o restante atinge a
superfície do solo, provocando umedecimento dos agregados e reduz suas forças coesivas.
Com a continuidade das precipitações os agregados se desintegram em partículas menores,
essas partículas além de obstruir os poros do solo, o impacto das gotas tende também a
compacta-lo, ocasionando o selamento de sua superfície e, consequentemente reduzindo a
capacidade de infiltração da água. Quando a intensidade de precipitação excede a taxa de
infiltração a água começa a escoar carreando o solo. O processo de transporte de solo
(sedimento) até o leito da bacia é um fenômeno complexo com diversidade espacial e
temporal (PRUSKI, 2013). Dependendo das características da bacia hidrográfica, esta possui
um potencial de retenção de solo, evitando que os sedimentos aportem nos cursos d’água.
SOUSA JÚNIOR (2010) propôs uma metodologia para quantificação e valoração do
serviço ecossistêmico de retenção de sedimentos, que será utilizada neste trabalho, conforme
fluxograma ilustrado na Figura 1. Tal metodologia será detalhada no decorrer deste capítulo.

PRE1 Cálculo da TAS


(ton/ano)

Sólidos em suspensão (SS) na água2:


SS = (PRE  TAS)  QMLT

Cálculo da turbidez3:
T = {ln[SS. (1-td)] – 1,57}/0,1

Custos de tratamento da água:


Y1 = 0,011 ln(T) – 0,0013
PSA total5
Y1+Y2
Custos de desassoreamento4:
Y2 = PRE  TAS td CUD

Notas: (1) PRE = Potencial de erosão do solo


(2) QMLT = Vazão média de longo termo
(3) td = taxa de decantação
(4) CUD = Custo unitário de dragagem (R$/m3)
(5) Há que se atentar para a conversão de unidades, necessária a cada passo do
método
FIGURA 1 - Sequência metodológica para quantificação e valoração do serviço ecossistêmico de retenção de
sedimentos. Fonte:Adaptado de Sousa Júnior (2010).
32

2.5.1 Equações para estimativa da Taxa de Aporte de Sedimento (TAS)

Em geral, há duas maneiras de se quantificar a Taxa de Aporte de Sedimento. A


primeira maneira se dá a partir de medições diretas em campo, geralmente aplicadas em
estudos localizados, são medições que demandam preparação de parcelas experimentais ou
estabelecimento de bacias experimentais cujas áreas de drenagem, relevo e níveis de
precipitação são controlados ou coletados por estações hidrometeorológicas, em muitos casos
não representando a complexidade natural das bacias. A segunda maneira ocorre por meio de
estimativas empíricas, aplicadas, normalmente, em áreas maiores, a partir de características
físicas locais e conhecimento do perfil dos fatores exógenos (PRUSKI, 2013).
A determinação da perda de solo e da produção de sedimentos através de medições
diretas em campo é um processo lento e caro, sendo essa uma das principais justificativas do
crescente interesse dos pesquisadores pelos modelos estimativos (REICHARDT e TIMM,
2004). SOUSA JÚNIOR (2010) afirma que em situações de carências de dados as estimativas
por equações empíricas são justificáveis, destacando que o desenvolvimento de modelos
empíricos com dados locais certamente produziria resultados mais precisos.
Os modelos estimativos podem ser classificados, quanto à sua estrutura, em empíricos
e conceituais. Um modelo dito conceitual é baseado em processos físicos, procurando
descrever cada processo que envolve determinado fenômeno estudado, são modelos mais
complexos, geralmente requerem maior quantidade de dados de entrada e uma parametrização
cuidadosa. Por outro lado, os modelos empíricos utilizam relações matemáticas, eles ajustam
os valores calculados aos dados observados, são pouco robustos, uma vez que são concebidos
a partir de condições específicas, contudo, são mais simples e usuais (RENNÓ e SOARES,
2000, TUCCI, 2005).
As equações que serão analisadas neste trabalho, são modelos empíricos, previamente
estudadas por CHAVES (2010), as quais relacionam características da bacia com a taxa de
aporte de sedimentos nos cursos hídricos.
A Equação 4, de MANER (1958), baseia-se em registros de produção sedimentos em
25 reservatórios, com áreas de 0,09 a 860 km², na região de Red Hills, que abrange parte dos
estados do Texas, Oklahoma e Kansas, nos Estados Unidos. Os estudos feitos por Maner
consideraram a bacia acima de cada reservatório para desenvolver dados a fim de estimar a
taxa anual de erosão bruta por milha quadrada de sedimentos na área de contribuição. Esta
taxa foi estimada calculando separadamente o valor derivado da erosão laminar e da erosão
decorrente das margens do canal. A quantidade média de material derivado da erosão do
33

canal, foi estimada a partir de dados sobre taxas anuais de alargamento do canal obtidas pela
comparação de fotografias aéreas dos mananciais iniciais e recentes (período entre fotografias
variaram de 8 aos 16 anos. A taxa de aporte de sedimentos na zona fisiográfica do Red Hills é
uma função de várias características das bacias hidrográficas que estão relacionados com a
razão de alívio das bacias, com isso o modelo teve uma correlação de 0,96 com as taxas de
aporte de sedimento, no entanto, Maner ressalva que a validade do uso dessa variável em
outras áreas deve ser estabelecido por testes adequados.
(4)
Onde:
R = diferença de altura entre o ponto mais alto e o exutório da bacia, em m;
L = comprimento do canal principal da bacia, em m;

ROEHL (1962) discute a relação entre produção de sedimentos e erosão nas bacias
hidrográficas. O autor procurou correlacionar diversos parâmetros morfológicos de influência
na quantidade de sedimentos em suspensão a partir de quantidades conhecidas de erosão
laminar e linear de solos em bacias hidrográficas de 15 reservatórios, com áreas de 1,58 a 432
km², no sudoeste de Piemont nos Estados Unidos. Estas características morfológicas incluem
o tamanho da área de drenagem (W), densidade de drenagem (DD), a extensão do corpo
hídrico principal (L), a diferença entre a maior e menor altitude na bacia (R) e a relação R/L.
Por fim, o autor considerou a relação R/L como melhor indicador e por regressão linear
chegou a Equação 5.
(5)
Onde:
R = diferença de altura entre o ponto mais alto e o exutório da bacia, em m;
L = comprimento do canal principal da bacia, em m;

WILLIAMS e BERNDT (1972) relacionaram a taxa de aporte de sedimentos com o


gradiente de inclinação do canal principal da bacia hidrográfica através da regressão múltipla
step-wise, com isso, desenvolveram a Equação 6. As TAS foram calculadas para cinco
pequenas bacias da região de Blackland no Texas (EUA), onde se verificou que a equação
resultante teve uma correlação alta de 0,90.
(6)
Onde:
D = gradiente do canal principal, em %;
34

RENFRO (1975) utilizou dados disponíveis de produção de sedimentos anual em 14


bacias hidrográficas, que variam em tamanho de 1 a 262 km², em Prairie área de Blackland no
Texas (EUA) para estabelecer relações matemáticas entre taxa de aporte de sedimentos e área
de drenagem da bacia hidrográfica, através de análises de regressão. Com isso, o autor chegou
a Equação 7, a qual teve uma correlação de 0,92 com as taxas de aporte de sedimento.
(7)
Onde:
A = área da bacia , em km²;

VANONI (1975) utilizou dados de 300 bacias hidrográficas em todo o mundo para
desenvolver a Equação 8. Esta equação foi obtida por meio da metodologia tradicional de
monitoramento hidrossedimentométrico, baseada na obtenção de uma série temporal de dados
de precipitação, vazão e concentração de sedimentos que possibilita o cálculo do fluxo de
sedimentos. Esse fluxo é caracterizado pela descarga sólida em suspensão (massa por unidade
de tempo) e a produção de sedimentos, que é a integração do fluxo no tempo.
(8)
Onde:
A = área da bacia, em mi²;

WILLIAMS (1977) desenvolveu a Equação 9 baseado nos dados de produção de


sedimentos para a bacia de Little Elm Creek, no Texas (EUA) e depois testou em outras 15
bacias do Texas, com áreas variando de 0,71 a 20,51 km². As variáveis utilizadas na previsão
da taxa de aporte de sedimentos, em ordem de importância, foram curva-número, relação R/L,
e área de drenagem. A equação teve uma correlação de 0,93 com a taxa de aporte.
(9)

Onde:
A = área da bacia, em km²;
R = diferença de altura entre o ponto mais alto e o exutório da bacia, em m;
L = comprimento do canal principal da bacia, em km;
CN = número-curva, 0 < CN < 100.

LU et al. (2006) desenvolveram seus estudos na bacia de Murrray Darling na


Austrália, com área de 1.100.000 km², cerca de 14% do território australiano. Os autores
35

analisaram alguns estudos que estimaram taxa de aporte de sedimento e comparam os


resultados com sua própria estimativa baseada na vazão de pico e duração do excesso de
precipitação e constataram que a Equação 10 explicou a maioria das variações de TAS.
(10)

Onde:
tr = duração do excesso de precipitação, em h;
tc = tempo de concentração da bacia, em h;

A Equação 11 proposta por USDA-NRCS (1979) foi descrita no trabalho de CHAVES


(2010). Em seu trabalho Chaves concluiu que tal equação é a mais estável dentre as oito
equações de cálculo de TAS por ele estudadas.
(11)

Onde:
A = área da bacia, em mi²;

A Tabela 1 apresenta a descrição das variáveis apresentadas nas Equações de 4 a 11 e


suas respectivas unidades de medidas.

TABELA 1 - Equações de Taxa de Aporte de Sedimentos (TAS) utilizadas no trabalho, com seus respectivos
autores e variáveis.
AUTOR DESCRIÇÃO DAS
EQUAÇÃO
(ANO) VARIÁVEIS
R = diferença de altura entre
MANER
Log(TAS) = 2,96162 + 0,86868 * log (R) - 0,85354 * log (L) ponto mais alto e exutório (m)
(1958)
L = comprimento da bacia (m)
R = diferença de altura entre
ROEHL
Log(TAS) = 2,88753 - 0,83291 * (-log(R/L)) ponto mais alto e exutório (m)
(1962)
L = comprimento da bacia (m)
WILLIAMS
D = gradiente do canal principal
E BERNDT TAS = 0,627 *D0,403
(%)
(1972)
RENFRO
Log (TAS) = 1,793 - 0,142 * log (A) A = área da bacia (km²)
(1975)
VANONI
TAS = 0,42 * A-0,125 A = área da bacia (mi²)
(1975)
36

A = área da bacia (km²)


R = diferença de altura entre o
WILLIAMS
TAS = 1,366 * 10-11 * A-0,0998 * (R/L)0,3629 * CN5,444 ponto mais alto e exutório (m)
(1977)
L = comprimento da bacia (km)
CN = número-curva
USDA-
NRCS TAS = 0,51 * A-0,11 A = área da bacia (mi²)
(1979)
tr = duração do excesso de
LU et al. precipitação (h)
TAS = 2(tr/tc) * {1 - (tr/tc) + (tr/tc) * exp [(tc/tr)]}
(2006) tc = tempo de concentração da
bacia (h)

2.5.2 Relação entre TAS e sedimentos no curso hídrico

WALLING (1983) apresenta um estudo, com base em trabalhos empíricos, sobre a


relação entre processos erosivos e as taxas de sedimentação nas bacias, o autor afirma que
existe uma relação inversa entre a quantidade de sedimentos no exutório e a área da bacia, ou
seja, quanto maior a área, menor a produção de sedimentos para jusante. O autor ressalta a
necessidade de estudos empíricos das características locais para esta definição da relação
entre área e produção de sedimentos, visto que existem diferenças significativas entre os
vários contextos de bacias hidrográficas.
Segundo WALING (1983) a taxa de aporte de sedimentos é uma razão entre a
quantidade de sedimentos verificada no exutório da bacia e a estimativa de erosão para toda a
área da bacia, conforme apresentado na Equação 12.
(12)

Em que:
TAS = Taxa de aporte de sedimento;
Y = Produção de sedimento no exutório da bacia; e
E = Erosão total na bacia.
37

Ou seja, a produção de sedimentos de uma bacia hidrográfica com uma dada vazão,
pode ser estimada pelo produto da erosão total na bacia e a taxa de aporte dos sedimentos no
curso hídrico. Com isso, conforme SOUSA JÚNIOR (2010) chega-se na Equação 13.
(13)

Onde:
SS = Sólidos em suspensão na água;
PRE = Potencial de erosão do solo;
TAS = Taxa de aporte de sedimento; e
QMLT = Vazão média de longo termo.

2.5.3 Relação entre sólidos em suspensão e turbidez

A quantidade de sedimentos na água está diretamente ligada à turbidez. A turbidez


representa uma propriedade ótica que mede a capacidade da água em dispersar a luz e esta
dispersão aumenta com a quantidade de material particulado em suspensão, logo, a turbidez
aumenta com a carga de sedimento suspenso (TEIXEIRA e SENHORELO, 2000).
CORSO (1989) afirma que os efeitos sazonais, a erosão nas margens dos rios e a
defasagem entre pico de concentração e pico de vazão são fatores responsáveis por diminuir a
correlação entre vazão e sedimentos e informa que:
“(...) pelo que indica a literatura, é de se esperar uma melhor correlação entre
turbidez e concentração de sedimentos em suspensão do que entre a descarga líquida
e a concentração de sedimento em suspensão. A turbidez e a concentração de
sedimentos em suspensão respondem de maneira similar a muitos fatores que não
estão diretamente relacionados à descarga líquida.” (CORSO, 1989).
PINHEIRO et al. (2013) afirmam que, de maneira geral não há uma metodologia ideal
para a mensuração da concentração de sólidos suspensos (CSS), porém há métodos que
estimam a CSS indiretamente através da turbidez e que ganharam aceitação dentre os vários
métodos de monitoramento, principalmente pela dificuldade de se obter medidas diretas em
alta resolução temporal.
TEIXEIRA E SENHORELO (2000) realizaram campanhas de campo, em dias com e
sem chuva, para o monitoramento da concentração de sólidos suspensos, vazão e turbidez em
cinco bacias, pertencentes à Bacia do Rio Jucu Braço Sul, no estado do Espírito Santo. Com o
resultado do monitoramento, os autores realizaram regressão linear, regressão de potência e
38

regressão exponencial, para todos os casos o coeficiente de correlação foi bom, variando entre
0,80 e 0.98. A Equação 14 expressa a relação encontrada pelos autores, sem incluir dados de
chuvas, utilizada na sequência metodológica de SOUSA JÚNIOR (2010), cujo coeficiente de
correlação foi de 92%.
(14)

Em que:
SS = Concentração de Sólidos Suspensos (mg/L)
T = Turbidez (NTU)

Reescrevendo-se a Equação 14, em função da turbidez, obteve-se a Equação 15.


(15)

2.6 Valoração econômica do serviço ecossistêmico de retenção de solos

Os processos que atuam na melhoria da qualidade da água, principalmente referente ao


aporte de sedimentos, se dão devido a defesa natural que a cobertura vegetal proporciona a
um terreno contra a erosão. As coberturas vegetais protegem o solo contra os impactos diretos
das gotas de chuva, interceptando-as antes que estas atinjam o solo, reduzem o escoamento
superficial devido ao maior atrito na superfície, contribuindo, também, no aumento da
infiltração, que por sua vez, é elevada devido a formação de canalículos originados a partir da
decomposição das raízes das plantas e demais atividades biológicas, além de melhorar a
estrutura do solo pela adição de matéria orgânica, contribuindo para o aumento na capacidade
de retenção de água (BERTONI; LOMBARDI NETO, 2012). A proteção contra as gotas de
chuva, o aumento da infiltração, a diminuição do escoamento superficial e a melhora na
estrutura do solo contribuem para a redução da erosão, responsável pela geração de material
para o aporte de sedimento.
O aporte de sedimentos aos cursos d’água, ou seja, a não retenção de solo ao longo da
bacia gera impactos ambientais e econômicos. O impacto ambiental ocorre pela destruição de
cobertura florestal bem como pela expansão das áreas antropizadas que tem transformado a
paisagem, resultando na perda de biodiversidade, piora na qualidade da água, assoreamento
dos rios e consequentemente causando danos aos bens e serviços do ecossistema (FROTA;
NAPPO, 2012; TARTARI et al., 2012; GALINDO et al., 2008). O impacto econômico pode
39

ser medido a partir dos custos de recuperação dos recursos naturais ou de mitigação dos
impactos sobre estes, considerando as atividades usuárias desses recursos, ou pela valoração
do serviço antrópico que propiciou o serviço ambiental.
MEDEIROS e YOUNG (2011) fizeram uma análise dos bens e serviços provisionados
pelas Unidades de Conservação (UC) brasileiras e constataram que as três áreas do estado de
São Paulo (rio Cotia, Sistema Cantareira e Analândia), que os custos com produtos químicos
são mais baixos, inferiores a R$ 20,00/1000m³ de água tratada, são as que possuem maiores
índices de cobertura florestal, superiores a 15%. Por outro lado, o custo do tratamento das
águas (com produtos químicos e energia elétrica da Estação de Tratamento de Água para
1.000 m³ de água) do rio Piracicaba é 12,7 vezes superior ao custo de tratamento das águas do
Sistema Cantareira. A bacia de abastecimento do Sistema Cantareira mantém 27,2% de sua
área com cobertura florestal e a bacia do Piracicaba, apenas 4,3%.
Para se chegar a um valor monetário que represente o impacto econômico associado à
água é preciso realizar um levantamento de usos e beneficiários à jusante dos locais onde se
aplicam os esforços de conservação. No entanto, são inúmeros os serviços ambientais que
podem ser valorados, e para tornar exequível a implantação de um programa de pagamento
pelo uso desses serviços, faz-se necessário lançar mão de premissas simplificadoras e eleger,
em muitos casos, um único parâmetro de qualidade, reduzindo o rol de beneficiários com
sensibilidade a este parâmetro. SOUSA JÚNIOR (2010), em sua metodologia, considerou os
custos evitados com tratamento de água para abastecimento e desassoreamento de
reservatórios, conforme Equações 16 e 17.
Os custos evitados no tratamento de água foram relacionados com a redução da
aplicação de coagulante inorgânico para obtenção de valores de turbidez dentro dos padrões
de potabilidade, por meio da Equação 16.
(16)

Onde:
Y1 = Custo para remoção de turbidez;
T = Turbidez.

Já os custos de desassoreamento de reservatórios foram relacionados com o valor de


investimento em operações de dragagem a fim de manter a vida útil do reservatório. Tal
relação foi descrita pela Equação 17.
(17)
40

Onde:
Y2 = Custo para dragagem;
PRE = Potencial de Erosão do Solo;
TAS = Taxa de Aporte de Sedimento;
td = Taxa de Decantação; e
CUD = Custo Unitário de Dragagem.
41

3 Materiais e Métodos

3.1 Área de estudo

O rio Paraíba do Sul possui 1.150 km de comprimento, contabilizados da confluência


dos rios Paraibuna e Paraitinga, próximo ao município Paraibuna – SP, até sua foz no norte
fluminense na praia de Atafona, no Município de São João da Barra – RJ. Sua bacia
hidrográfica abrange os estados de São Paulo (13.900 km²), Rio de Janeiro (20.900 km²) e
Minas Gerais (20.700 km²), compreendendo 184 municípios.
Ao longo de seu curso, o rio Paraíba do Sul pode ser subdividido em 4 trechos
(INSTITUTODE PESQUISAS TECNOLÓGICAS, 2010):
 Curso superior: com 280 km de extensão, compreende a região das nascentes
do rio Paraitinga (SP) até o município de Guararema (SP). Com percurso sobre
terrenos antigos, em altitudes de 1.800 a 572 metros, apresenta declividades
médias de 4,9 m/km e área drenada de 5.271 km².
 Curso médio superior: com 300 km de extensão, compreende o trecho do
município de Guararema (SP) até o município de Cachoeira Paulista (SP). Com
percurso sobre terrenos sedimentares de idade terciarias, em altitudes de 572 a
515 metros, declividade média de 0,19 m/km e área drenada de 6.676 km².
 Curso médio inferior: com 430 km de extensão, compreende o trecho do
município de Cachoeira Paulista (SP) até o município de São Fidélis (RJ). Com
percurso sobre terrenos sedimentares de origem antiga (arquenos), em altitudes
de 515 a 20 metros, declividade média de 1,3 m/km e área drenada de 33.663
km²
 Curso inferior: com 90 km de extensão, compreende o trecho do município de
São Fidéles (RJ) até a desembocadura no oceano Atlântico, município de São
João da Barra (RJ). Com percurso sobre terrenos sedimentares de origem
fluvial, em altitudes de 20 metros até o nível do mar e área drenada de 9.690
km².
42

As bacias analisadas nesse estudo fazem parte do Curso inferior, equivalente ao trecho
paulista da bacia do rio Paraíba do Sul, correspondente a UGRHI 2 (Unidade Hidrográfica de
Gerenciamento de Recursos Hídricos – Paraíba do Sul) (FIGURA 2).

FIGURA 2 - Bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul (SÃO PAULO, 2011).

De acordo com dados do Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São


Paulo (SÃO PAULO, 2005), 8 municípios da UGRHI-2 apresentam cobertura florestal menor
do que 10%. A Área de Proteção Ambiental dos Mananciais do Rio Paraíba do Sul foi criada
tendo como objetivo principal proteger os mananciais formadores do rio Paraíba do Sul, para
isso, foram delimitados polígonos que contemplassem bacias de drenagem de pontos de
captação de água que abasteciam toda a região. Para esses polígonos, por meio do Decreto N°
87.561, de 13 de setembro de 1982, foram determinadas medidas estratégicas para preservar
os fragmentos de floresta nativa remanescentes dessa região, proteger a diversidade biológica
e disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos
naturais (ICMBio, 2014) (FIGURA 3). Atualmente, boa parte desses polígonos ainda atendem
a este propósito, sendo imprescindível que a APA continue cumprindo os objetivos para os
quais foi criada.
43

FIGURA 3 - APA Mananciais do Rio Paraíba do Sul

Com a finalidade de relacionar características físicas da bacias hidrográficas com o


aporte de sedimento nos corpos d’água, foram aplicadas equações para cálculo de taxa de
aporte de sedimentos, de diferentes autores, em onze bacias hidrográficas da região leste do
Estado de São Paulo, pertencentes a UGRHI-2 e na região da APA Mananciais do Rio Paraíba
do Sul (FIGURA 4).
44

FIGURA 4 - Localização das bacias hidrográficas estudadas no estado de São Paulo.

Os municípios usuários das águas pertencentes as bacias da Figura 4 são descritos na


Tabela 2.
45

TABELA 2 – Municípios usuários das águas correspondentes às bacias estudadas.


BACIA CURSO D'ÁGUA PRINCIPAL MUNICÍPIO USUÁRIO
1 Rio Entupido Queluz
2 Ribeirão da Fortaleza Guaratinguetá
3 Córrego das Posses Guaratinguetá
4 Ribeirão dos Lemes Guaratinguetá
5 Córrego Cachoeirinha São José do Barreiro
6 Ribeirão Gomeral Guaratinguetá
7 Rio Jacuí Cunha
8 Ribeirão das Palmeiras Igaratá
9 Rio Una Taubaté
10 Rio Paraitinga São Luis do Paraitinga
11 Rio Paraibuna Paraibuna

3.2 Levantamento das informações fisiográficas

Para o processamento e a preparação dos dados de entrada, assim como o


levantamento das informações fisiográficas necessárias para aplicação da metodologia deste
trabalho foi utilizado o software ArcGIS 10.2.2, um sistema de informações geográficas
desenvolvido pela Environmental System Research Institute (ESRI).

3.2.1 Área total de abrangência da bacia

O arquivo em formato shapefile contendo as bacias de interesse para esse estudo foi
cedido por RIBEIRO (2015). Foi utilizada a ferramenta Calculate Geometry para calcular a
área de cada bacia.

3.2.2 Comprimento do curso principal

O curso principal foi vetorizado utilizando-se a ferramenta Stream to Feature utilizado


a ferramenta Cost Distance foi possível determinar qual era o ponto da drenagem mais
46

distante do exultório das bacias. O comprimento do curso principal foi medido somando os
tamanhos das poli-linhas que compõe o curso principal.

3.2.3 Maiores e menores altitudes referentes ao curso principal (desnível)

Para levantar os valores das maiores e menores altitudes de cada curso principal foram
utilizadas as ferramentas Feature Vertice to Points e Extract Values by Points. Por meio
destas ferramentas foram gerados os pontos iniciais e finais dos cursos principais, por fim,
para se chegar ao desnível a menor altitude foi subtraída da maior.

3.2.4 Declividade média (gradiente)

Foi obtido dividindo-se o desnível da bacia de interesse pelo seu comprimento do


canal principal, considerando a equidade das unidades de medida.

3.2.5 Número curva (CN)

Dentre os métodos mais consagrados para a estimativa do volume de escoamento


superficial está o Método do Número-Curva, que permite estimar a lâmina de escoamento
superficial a partir de dados de precipitação e de outros parâmetros da bacia. Esse método foi
desenvolvido pelo Soil Conservation Service, vinculado ao Departamento de Agricultura dos
Estados Unidos, a partir de dados de grande número de bacias experimentais., em que o valor
do CN pode variar entre 1 e 100, e depende do uso e manejo da terra, grupo de solo, da
condição hidrológica e umidade antecedente do solo, sendo definidos 4 grupos de solo: A, B
C e D. SARTORI (2005) estabeleceram uma nova classificação hidrológica para o Brasil dos
solos A, B, C e D, pois a metodologia inicial reúne os solos dos Estados Unidos, não sendo
completamente compatíveis com os solos brasileiros. Para SARTORI (2005) os solos podem
ser classificados em quatro grandes grupos: A (baixo potencial de escoamento); B (moderado
potencial de escoamento); C (alto potencial de escoamento); D (muito alto potencial de
47

escoamento); iniciando a série com as argilas compactas com baixíssima taxa de infiltração
até as areias bem graduadas e profundas com alta taxa de infiltração.
Afim de calcular o número-curva (CN) foram utilizados mapas de classes de solos e de
uso e cobertura do solo. Para as classes de solos encontradas foram associadas classificações
hidrológicas do solo para as condições brasileiras, seguindo estudo feito por SARTORI
(2005), descritas na Tabela 3.

TABELA 3 - Classificação hidrológica dos solos estudados.


CLASSE DE SOLO CLASSIFICAÇÃO HIDROLÓGICA DO SOLO

Argissolo Vermelho Amarelo C


Cambissolo Háplico C
Cambissolo Húmico C
Latossolo Vermelho Amarelo A
Organossolo Mésico D

O mapa de classes de solo foi sobreposto ao de uso e cobertura do solo, possibilitando


o cálculo percentual de uso em cada classe hidrológica. Os resultados obtidos estão descritos
na Tabela 4.

TABELA 4 – Porcentagem de uso e cobertura do solo referente a cada classe de solo encontrada.
PASTAGEM (%)

AGROPECUÁRI
ÁREA URBANA

FLORESTA (%)

EXPOSTO (%)
EUCALIPTO
ÁGUA (%)

CANA (%)
BACIAS

SOLOS

SOLO

A (%)
(%)

(%)

1 C - - 37 63 - - - -
2 C - - 2 98 - - - -
A - - - 10 - - - -
3
C - - 2 88 - - - -
4 C - - 7 93 - - - -
A - - 59 11 - - - -
5
C - - 28 2 - - - -
6 C - - 14 65 21 - - -
7 C - - 61 39 - - - -
A - - 49 2 2 - - -
8
C - - 44 1 2 - - -
A - - 12 2 2 - - -
9
C - - 57 17 10 - - -
48

A - - 23 3 2 - - -
10 C - - 43 9 2 - - -
D - - 11 7 - - - -
A 5 - 17 16 2 - - -
11 C 3 - 19 25 1 - - 1
D - - 6 3 2 - - -

Cada porcentagem da Tabela 4 foi associada ao valor de CN, conforme metodologia


proposta por TUCCI (2005, pg. 406), e gerado um CN médio para bacia.

3.2.6 Tempo de concentração da bacia (tc) e Duração do excesso de


precipitação (tr)

A duração do excesso de precipitação (tr) foi tomada como sendo 0,5 h, conforme
sugerido por LU et al. (2006), e o tempo de concentração da bacia (tc) foi calculado pela
Fórmula de Ven te Chow (EQUAÇÃO 18) de acordo com estudos feitos por SILVEIRA
(2005), que realizou comparações de desempenho entre equações para a determinação de
tempo de concentração de bacias urbanas e rurais e recomendou a utilização desta, por
apresentar bons resultados
(18)

Em que:
tc é o tempo de concentração (horas);
L é o comprimento (km) do talvegue, e;
S a declividade (m/m).
49

3.3 Bacias hidrográficas analisadas

Guaratinguetá é um município brasileiro do estado de São Paulo, localizada na região


do Vale do Paraíba, e onde se localizam as bacias do ribeirão da Fortaleza, ribeirão Gomeral,
ribeirão dos Lemes e Córrego das Posses. Sua microrregião vive um processo de urbanização
e foi elevada a região metropolitana. O município, com 106.762 habitantes, é um dos mais
importantes do Vale do Paraíba, possuindo importância turística, industrial e comercial.
O ribeirão Gomeral é o principal fornecedor de água para a população da cidade de
Guaratinguetá. Além do abastecimento, esse ribeirão fornece água para a prática da
agricultura irrigada no município, principalmente para o cultivo de arroz.
As Figuras de 5 a 12 mostram os mapas da classificação dos solos e do uso e cobertura
do solo da bacia do ribeirão da Fortaleza, da bacia do ribeirão Gomeral, da bacia do ribeirão
dos Lemes e da bacia do córrego das Posses, respectivamente.

FIGURA 5 - Principais classes de solos da bacia do Ribeirão da Fortaleza. Fonte: OLIVEIRA et al., 1999.
50

FIGURA 6 - Principais usos e coberturas do do solo da bacia do Ribeirão da Fortaleza. Fonte: VIEIRA et al.,
2013.

FIGURA 7 - Principais classes de solos da bacia do Ribeirão Gomeral. Fonte: OLIVEIRA et al., 1999.
51

FIGURA 8 - Principais usos e coberturas do solo da bacia do Ribeirão Gomeral. Fonte: VIEIRA et al., 2013.

FIGURA 9 - Principais classes de solos da bacia do Ribeirão dos Lemes. Fonte: OLIVEIRA et al., 1999.
52

FIGURA 10 - Principais usos e coberturas do solo da bacia do Ribeirão dos Lemes. Fonte: VIEIRA et al., 2013.

FIGURA 11 - Principais classes de solos da bacia do Corrego das Posses. Fonte: OLIVEIRA et al., 1999.
53

FIGURA 12 - Principais usos e coberturas do solo da bacia do Corrego das Posses. Fonte: VIEIRA et al., 2013.

O rio Entupido abastece o município de Queluz, estimado em 11.309 habitantes, sendo


uma das cidades mais privilegiadas em recursos hídricos de toda região (IBGE, 2010). A
classificação dos solos e do uso e cobertura do solo, encontrados na bacia do Rio Entupido,
podem ser observados nas Figuras 13 e 14.
54

FIGURA 13 - Principais classes de solos da bacia do Rio Entupido. Fonte: OLIVEIRA et al., 1999.

FIGURA 14 - Principais usos e coberturas do solo da bacia do Rio Entupido. Fonte: VIEIRA et al., 2013.
55

O córrego Cachoeirinha possui uma pequena área de drenagem de 2,04 km² e abastece
o município de São José do Barreiro, um dos 29 municípios paulistas considerados estâncias
turísticas pelo estado de São Paulo, que possui 4.077 habitantes (IBGE, 2010). As Figuras 15
e 16 mostram mapas da classificação dos solos e do uso e cobertura do solo da bacia do
córrego Cachoeirinha.

FIGURA 15 - Principais classes de solos da bacia do Corrego Cachoeirinha. Fonte: OLIVEIRA et al., 1999.
56

FIGURA 16- Principais usos e coberturas do solo da bacia do Corrego Cachoeirinha. Fonte: VIEIRA et al.,
2013.

O rio Jacuí nasce no município de Cunha, perto da nascente do rio Paraibuna e bem
próximo à divisa do Estado do Rio de Janeiro, o rio abastece os 21.866 habitantes do
município de Cunha (IBGE, 2010). Nas Figuras 17 e 18 podem ser observados os mapas de
classes de solo e de uso e ocupação do solo da bacia do rio Jacuí.
57

FIGURA 17 - Principais classes de solos da bacia do Rio Jacuí. Fonte: OLIVEIRA et al., 1999.

FIGURA 18 - Principais usos e coberturas do solo da bacia do Rio Jacuí. Fonte: VIEIRA et al., 2013.
58

O manancial utilizado pelo município de Igaratá para o abastecimento de água é o


ribeirão das Palmeiras, a classificação dos solos e o uso e a cobertura do solo, encontrados na
bacia do ribeirão das Palmeiras, podem ser observados nas Figuras 19 e 20.

FIGURA 19 - Principais classes de solos da bacia do Ribeirão das Palmeiras. Fonte: OLIVEIRA et al., 1999.
59

FIGURA 20 - Principais usos e coberturas do solo da bacia do Ribeirão das Palmeiras. Fonte: VIEIRA et al.,
2013.

A bacia hidrográfica do rio Una está localizada quase que em sua totalidade dentro do
município de Taubaté (86%), cuja população é estimada em 232.049 habitantes (IBGE, 2010).
As Figuras 21 e 22 mostram mapa da classificação dos solos e do uso e cobertura do solo da
bacia do rio Una.
60

FIGURA 21 - Principais classes de solos da bacia do Rio Una. Fonte: OLIVEIRA et al., 1999.

FIGURA 22 - Principais usos e coberturas do solo da bacia do Rio Una. Fonte: VIEIRA et al., 2013.
61

O rio Paraitinga abastece o município de São Luiz do Paraitinga, estimado em 10.397


habitantes (IBGE, 2010). A cidade ficou mais conhecida devido a enchente de 2010
ocasionada pelo transbordamento do rio Paratinga, que subiu cerca de 12 metros, provocando
a maior tragédia da história do município. A classificação dos solos e o uso e a cobertura do
solo, encontrados na bacia do rio Paraitinga, podem ser observados nas Figuras 23 e 24.

FIGURA 23 - Principais classes de solos da bacia do Rio Paraitinga. Fonte: OLIVEIRA et al., 1999.
62

FIGURA 24 - Principais usos e coberturas do solo da bacia do Rio Paraitinga. Fonte: VIEIRA et al., 2013.

O Rio Paraibuna nasce no município de Cunha, no bairro do Campo Alegre e, então,


segue em direção ao sudoeste. Um trecho do rio atravessa o Parque Estadual da Serra do Mar,
passa pelos municípios de São Luís do Paraitinga e Natividade da Serra, onde suas margens
alargam-se bastante. No município de Paraibuna, que recebe seu nome, suas águas são
aproveitadas para gerar energia elétrica, nos mapas das Figuras 25 e 26 são demonstrados as
classes de solo e uso e ocupação da bacia do rio Paraibuna.
63

FIGURA 25 - Principais classes de solos da bacia do Rio Paraibuna. Fonte: OLIVEIRA et al., 1999.

FIGURA 26 - Principais usos e coberturas do solo da bacia do Rio Paraibuna. Fonte: VIEIRA et al., 2013.
64

Na Tabela 5 são apresentados os valores das variáveis utilizadas no cálculo da TAS


para as onze bacias estudadas.

TABELA 5 - Valores das variáveis utilizadas no cálculo da TAS para as bacias estudadas.

Número-Curva

Concentração
do Canal (km)
Comprimento

Gradiente (%)
Desnível (m)

precipitação
Duração do
excesso de
Área (km²)
VARIÁVEIS

Tempo de
(CN)

(h)

(h)
BACIAS

1 Rio Entupido 9,75 8,22 1407,6 17 75,92 1,08 0,5


2 Ribeirão da Fortaleza 4,70 2,71 730,18 27 70,32 0,46 0,5
3 Córrego das Posses 0,93 1,66 582,07 35 65,50 0,86 0,5
4 Ribeirão dos Lemes 10,69 5,35 1052,65 20 71,12 0,79 0,5
5 Córrego Cachoeirinha 2,04 1,97 268,00 14 66,92 0,47 0,5
6 Ribeirão Gomeral 35,49 12,55 1266,20 10 79,73 1,68 0,5
7 Rio Jacuí 77,89 14,63 766,94 5 83,50 2,29 0,5
8 Ribeirão das Palmeiras 32,34 12,29 271,25 2 74,26 2,70 0,5
9 Rio Una 378,54 49,62 908,70 2 77,08 7,00 0,5
10 Rio Paraitinga 1837,70 124,23 1309,78 1 76,75 15,00 0,5
11 Rio Paraibuna 1408,26 144,35 1028,61 1 60,57 2,99 0,5
65

4 Resultados e Discussão

4.1 Cálculo da Taxa de Aporte de Sedimento

Aplicando os dados levantados para cada bacia foram calculados os valores de TAS
(de 0 a 1) demonstrados nas Figuras de 27 a 37.

FIGURA 27 - Taxa de aporte de sedimento (TAS) para a bacia do rio Entupido.

FIGURA 28 - Taxa de aporte de sedimento (TAS) para a bacia do ribeirão da Fortaleza.


66

FIGURA 29 - Taxa de aporte de sedimento (TAS) para a bacia do córrego das Posses.

FIGURA 30 - Taxa de aporte de sedimento (TAS) para a bacia do ribeirão dos Lemes.

FIGURA 31 - Taxa de aporte de sedimento (TAS) para a bacia do córrego Cachoeirinha.


67

FIGURA 32 - Taxa de aporte de sedimento (TAS) para a bacia do ribeirão Gomeral.

FIGURA 33 - Taxa de aporte de sedimento (TAS) para a bacia do rio Jacuí.

FIGURA 34 - Taxa de aporte de sedimento (TAS) para a bacia do ribeirão das Palmeiras.
68

FIGURA 35 - Taxa de aporte de sedimento (TAS) para a bacia do rio Una.

FIGURA 36 - Taxa de aporte de sedimento (TAS) para a bacia do rio Paraitinga.

FIGURA 37 - Taxa de aporte de sedimento (TAS) para a bacia do rio Paraibuna.


69

4.2 Análise dos resultados das TAS

Equações empíricas, como as que foram utilizadas, são constantemente criticadas por
adotarem suposições irreais sobre a física do sistema e também por desconsiderar a não
linearidade dos processos envolvidos, embora essas críticas sejam válidas, num contexto de
carência de dados, os modelos mais complexos e dinâmicos não apresentam melhor
desempenho que os modelos empíricos, portanto, é justificável o uso dessas equações, com a
ressalva de que o desenvolvimento de modelos empíricos com dados locais tornará os
resultados mais precisos (PRUSKI, 2009).
Não existe um procedimento preciso para calcular TAS, inúmeros fatores, como fonte
do sedimento, textura, a densidade de canais, área de drenagem da bacia, inclinação,
comprimento do curso d’água principal, uso e cobertura do solo, são responsáveis por
variações nas taxas. Os métodos para a determinação das taxas de aporte de sedimentos
tradicionais são frequentemente dado-impulsionados, dependendo de uma ampla série de
dados da produção de sedimentos e dados precisos (estimados ou medidos) de erosão (LU; et
al., 2006), o que não ocorre nas bacias estudadas.
Muitos autores corroboram que, em geral, quanto maior a área de drenagem da bacia
menor é a TAS, isso pode ser explicado porque conforme a área da bacia aumenta pode haver
redução na declividade das vertentes e do gradiente do canal principal, fazendo com que uma
quantidade maior de sedimentos seja contida na própria bacia (LU et al., 2006; RENFRO,
1975; OUYANG e BARTHOLIC, 1997). Para algumas bacias, cujas declividades foram altas
e as áreas foram pequenas, a equação da TAS resultou valores maiores que 100%, nesses
casos, o aporte foi limitado à 100%. O desvio padrão, englobando todas as bacias analisadas,
variou de 0,13 a 0,35 considerando as 8 equações aplicadas.
Como pode ser observado na Tabela 6, os valores mais baixos de TAS foram obtidos
por meio da equação de RENFRO (1975), com exceção da bacia 11 para qual utilizou-se a
equação de ROEHL (1962), variando entre 0,13 e 0,45. Já os maiores valores de TAS, apesar
de terem sido limitados a 1, nas equações com maiores gradientes de declividade, com áreas e
comprimento do canal principal menores e cujos tempo de concentração também são os
menores tiveram as taxas mais elevadas estimadas pela equação de MANER (1958), para as
demais bacias, as taxas mais elevadas foram estimadas pela equação de WILLIAMS E
BERNDT (1972).
70

TABELA 6 - Menores e os maiores valores de TAS para cada bacia estudada.


BACIAS MENOR TAS EQUAÇÃO MAIORES TAS EQUAÇÃO
1 0,32 RENFRO (1975) 1,00 MANER (1958)
2 0,36 RENFRO (1975) 1,00 MANER (1958)
3 0,45 RENFRO (1975) 1,00 MANER (1958)
4 0,32 RENFRO (1975) 1,00 MANER (1958)
5 0,40 RENFRO (1975) 1,00 MANER (1958)
6 0,27 RENFRO (1975) 1,00 WILLIAMS E BERNDT (1972)
7 0,24 RENFRO (1975) 1,00 WILLIAMS E BERNDT (1972)
8 0,27 RENFRO (1975) 0,86 WILLIAMS E BERNDT (1972)
9 0,19 RENFRO (1975) 0,80 WILLIAMS E BERNDT (1972)
10 0,15 RENFRO (1975) 0,64 WILLIAMS E BERNDT (1972)
11 0,13 ROEHL (1962) 0,55 WILLIAMS E BERNDT (1972)

Em seguida, foi feita uma análise de sensibilidade da TAS a cada uma das variáveis da
Tabela 6. Assim, a sensibilidade relativa (Sr) da TAS a uma pequena variação em uma certa
variável ´x´ foi calculada pela Equação 19.

(19)

Em que:
Sr = sensibilidade relativa da TAS;
TASi = valor de TAS calculado de acordo com os valores originais das variáveis;
Xi = nível original da variável i;
Xf = (xi + Δxi); e
TASf = valor de TAS usando o valor acrescido xf.

Considerando uma perturbação de Δxi = 10 % xi realizou-se a análise de sensibilidade,


conforme Tabela 7.
71

TABELA 7 – Valores da análise de sensibilidade das variáveis utilizadas nas equações estudadas..
ANÁLISE DE
SENSIBILIDADE
AUTOR (ANO) DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS SENSIBILIDADE
MÉDIA
RELATIVA
R = diferença de altura entre ponto
0,949498605
MANER (1958) mais alto e exutório (m) 0,90446424
L = comprimento da bacia (m) 0,859429875
R = diferença de altura entre ponto
0,908829201
ROEHL (1962) mais alto e exutório (m) 0,874150287
L = comprimento da bacia (m) 0,839471374
WILLIAMS E BERNDT
D = gradiente do canal principal (%) 0,430729228 0,430729228
(1972)
RENFRO (1975) A = área da bacia (km²) 0,147871593 0,147871593
VANONI (1975) A = área da bacia (mi²) 0,130273929 0,130273929
A = área da bacia (km²) 0,104135464
R = diferença de altura entre o ponto
0,387125067
WILLIAMS (1977) mais alto e exutório (m) 2,086651859
L = comprimento da bacia (km) 0,373964079
CN = número-curva 7,481382826
USDA-NRCS (1979) A = área da bacia (mi²) 0,114722883 0,114722883
tr = duração do excesso de
0,863272703
precipitação (h)
LU et al. (2006) 0,839258792
tc = tempo de concentração da bacia
0,815244881
(h)

Pela Tabela 7 observa-se que, em média, o modelo mais sensível a perturbações nas
variáveis independentes da TAS é o de Williams (1977), com Sr = 2,08. Isso significa que um
erro médio de 10% na estimativa de suas variáveis representaria um erro médio de 20% na
estimativa da TAS, com elevado potencial de propagação de erro. Por sua vez, a equação com
o menor valor de Sr médio (0,11) foi a de USDA-NRCS (1979), indicando que um erro médio
de 10% na variável independente causaria um erro de apenas 1,1% na TAS. Em média, a
sensibilidade relativa para as oito equações foi de 0,69.
Algumas equações apresentaram sensibilidade elevada a algumas de suas variáveis.
Esse é o caso da equação de Williams (1977), em que 10% de variação em CN causaria
variação de 74% na TAS, o que indica alta instabilidade da equação. No caso da equação de
Maner (1958), a variável que implicou maior sensibilidade foi R (Sr = 0.9). Verifica-se ainda
que as equações de TAS mais estáveis (menor Sr médio) são as de NRCS (1979), Vanoni
(1975) e Renfro (1975), que são as equações cuja área de extensão da bacia é o único
parâmetro analisado, não ultrapassando 0,15, em contrapartida resultaram em valores baixos
de aporte de sedimento mesmo para as bacias com maiores índices de declividade.
72

OUYANG E BARTHOLIC (1997) ressaltam a importância de que a TAS seja obtida


da forma mais acurada possível para que o aporte de sedimentos seja estimado com precisão.
PARK et al. (2010) afirmam que a taxa de aporte de sedimentos é complexa para ser
determinada apenas com a declividade do canal e a área da bacia, pois é afetada também por
outros fatores como escoamento superficial potencial, topografia da bacia, clima, tipo de solo,
condições do uso e cobertura, dentre outros fatores relacionados com os processos
hidrológicos. Por esses motivos, para efeito deste estudo, apesar de possuir a maior
sensibilidade, de 2,08, optou-se pela utilização da equação proposta por WILLIAMS (1977),
pois inclui uma quantidade maior de parâmetros, tornando a equação mais adaptável a
realidade das bacias estudadas.

4.3 Valoração do serviço ecossistêmico de retenção de sedimentos

Depois de calculadas as taxas de aporte de sedimentos (TABELA 8), as bacias


estudadas tiveram seu serviço de retenção de solos valorado, por meio da sequência
metodológica apresentada no item 2.5, adaptada de SOUSA JÚNIOR (2010). Para isso,
optou-se pela utilização do Potencial de Erosão do Solo (PRE) (TABELA 9), estimado por
RIBEIRO (2015), para bacias no trecho paulista da bacia do Rio Paraíba do Sul com o auxílio
do modelo InVEST.
Para efeito deste trabalho foram considerados os seguintes cenários:
Cenário 1: Considerando o uso e cobertura atual da bacia hidrográfica;
Cenário 2: Considerando a substituição das áreas de pastagem por florestas, nos locais
que existe a intersecção da bacia hidrográfica com a APA Mananciais do Rio Paraíba do Sul.

TABELA 8 - Valores das variáveis TAS calculadas pela método de Williams (1977).
CENÁRIO 1 CENÁRIO 2
BACIA CURSO D'ÁGUA PRINCIPAL
TAS TAS
1 Rio Entupido 1,00 0,82
2 Ribeirão da Fortaleza 1,00 1,00
3 Córrego das Posses 0,51 0,46
4 Ribeirão dos Lemes 0,89 0,40
5 Córrego Cachoeirinha 0,74 0,73
6 Ribeirão Gomeral 1,00 0,81
73

7 Rio Jacuí 1,00 1,00


8 Ribeirão das Palmeiras 0,45 0,02
9 Rio Una 0,41 0,20
10 Rio Paraitinga 0,28 0,28
11 Rio Paraibuna 0,19 0,19

TABELA 9- Potencial de Erosão do Solo (PRE) – Resultados do modelo InVEST.


CENÁRIO 1 CENÁRIO 2
BACIA CURSO D'ÁGUA PRINCIPAL
PRE (t/ano) PRE (t/ano)
1 Rio Entupido 70564 22315
2 Ribeirão da Fortaleza 5585 5585
3 Córrego das Posses 506 506
4 Ribeirão dos Lemes 19843 19590
5 Córrego Cachoeirinha 22040 22040
6 Ribeirão Gomeral 244265 65597
7 Rio Jacuí 302720 302720
8 Ribeirão das Palmeiras 81376 47277
9 Rio Una 5976304 5153002
10 Rio Paraitinga 17273125 17249507
11 Rio Paraibuna 33838429 33402267

Os menores potenciais de erosão do solo, nos dois cenários, ocorrem nas bacias 2
(Ribeirão da Fortaleza) e 3 (Córrego das Posses), que estão dentre as menores bacias. Já os
maiores potenciais de erosão do solo ocorrem nas bacias 9 (Rio Una), 10 (Rio Paraitinga) e 11
(Rio Paraibuna), que são as bacias com área de extensão bastante superior as outras. Com
relação as reduções de perdas de solos entre os cenários 1 e 2, os reflorestamentos na área da
APA afetam 7 das 11 bacias estudadas, e variam de 0,14 a 68,38%. As bacias 2 (Ribeirão da
Fortaleza), 3 (Córrego das Posses), 5 (Córrego Cachoeirinha) e 7 (Rio Jacuí) não
apresentaram reduções, as duas primeiras por apresentarem cobertura florestal em quase toda
a sua extensão e as duas últimas por terem suas áreas com pouca intersecção com a APA. As
maiores reduções de perdas de solos ocorrem nas bacias 1 (Rio Entupido) e 6 (Ribeirão
Gomeral), essas bacias tiveram sua área de florestamento acrescida em 51,78% e 67,21%,
respectivamente.
74

4.3.1 Concentrações de sólidos em suspensão na água e turbidez

Dando sequência à rota de valoração, foram estimadas as concentrações de sólidos em


suspensão, pela Equação 13, no entanto, diferente do que foi proposto na metodologia
escolhida não foi utilizada a vazão média de longo termo, pois as bacias escolhidas não
possuem monitoramento de vazão. A fim de sanar a falta de informações precisas, foi
utilizada a vazão calculada por RIBEIRO (2015), para bacias no trecho paulista da bacia do
Rio Paraíba do Sul, pelo método de I-Pai-Wu, o qual estima as vazões máximas das bacias.
A Tabela 10 apresenta os resultados das vazões calculadas e também as vazões de
captação.

TABELA 10 - Vazões estimadas nos pontos de captação pelo método de I-Pai Wu.

BACIA CURSO D'ÁGUA PRINCIPAL QMLT (m³/h)


1 Rio Entupido 3015,83
2 Ribeirão da Fortaleza 2684,69
3 Córrego das Posses 599,81
4 Ribeirão dos Lemes 3277,98
5 Córrego Cachoeirinha 1399,01
6 Ribeirão Gomeral 6959,87
7 Rio Jacuí 10545,02
8 Ribeirão das Palmeiras 3515,17
9 Rio Una 20671,32
10 Rio Paraitinga 36139,40
11 Rio Paraibuna 53405,03

Após a obtenção das taxas de aporte de sedimentos, do potencial de erosão do solo e


das vazões, foram calculadas as concentrações de sedimentos em suspensão, e estes são
apresentados na Tabela 11.
75

TABELA 11 - Concentração de sedimentos em suspensão.


CENÁRIO 1 CENÁRIO 2
BACIA CURSO D'ÁGUA PRINCIPAL
SS (g/m³) SS (g/m³)
1 Rio Entupido 2670,98 692,63
2 Ribeirão da Fortaleza 237,48 237,48
3 Córrego das Posses 49,11 44,30
4 Ribeirão dos Lemes 615,02 272,89
5 Córrego Cachoeirinha 1330,81 1312,83
6 Ribeirão Gomeral 4006,41 871,49
7 Rio Jacuí 3277,10 3277,10
8 Ribeirão das Palmeiras 1189,21 30,71
9 Rio Una 13531,44 5691,38
10 Rio Paraitinga 15277,20 15256,31
11 Rio Paraibuna 13742,87 13565,73

As concentrações de sedimentos nos pontos de captação variam de 49,11 a 15277,20


g/m³ no cenário 1, sendo as menores concentrações nas bacias 2 (Ribeirão da Fortaleza), 3
(Córrego das Posses) e, correspondendo as mesmas bacias com menores potenciais de erosão
do solo. As maiores concentrações de sedimentos ocorrem nas bacias 9 (Rio Una), 10 (Rio
Paraitinga) e 11 (Rio Paraibuna), também correspondendo as bacias que apresentam as
maiores potenciais de erosão do solo no cenário 1. No cenário 2, as concentrações de
sedimentos variam de 30,71 a 15256,31 g/m³, sendo as menores concentrações nas bacias 3
(Córrego das Posses) e 8 (Ribeirão das Palmeiras), e as maiores nas mesmas bacias do cenário
1, repetindo as bacias com maiores potenciais de erosão do solo. As reduções da concentração
de sedimentos variam de 0 a 97,42 % entre os cenários 1 e 2.
Após os cálculos da concentração de sedimentos foram também calculados os valores
de turbidez, por meio da Equação 15, correspondentes a cada ponto de captação nos 2
cenários. Os resultados são apresentados na Tabela 12.

TABELA 12 - Turbidez nos pontos de captação.


CENÁRIO 1 CENÁRIO 2
BACIA CURSO D'ÁGUA PRINCIPAL
Turbidez (NTU) Turbidez (NTU)
1 Rio Entupido 56,27 42,77
2 Ribeirão da Fortaleza 32,07 32,07
3 Córrego das Posses 16,31 15,28
4 Ribeirão dos Lemes 41,58 33,46
5 Córrego Cachoeirinha 49,30 49,17
76

6 Ribeirão Gomeral 60,33 45,07


7 Rio Jacuí 58,32 58,32
8 Ribeirão das Palmeiras 48,18 11,61
9 Rio Una 72,50 63,84
10 Rio Paraitinga 73,71 73,70
11 Rio Paraibuna 72,65 72,52

4.3.2 Custo do tratamento químico

Na Tabela 13 são apresentadas os municípios usuários de água e as vazões captadas,


segundo o Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE) do estado de São Paulo, em
cada ponto de captação.

TABELA 13 - Vazão de captação nas bacias estudadas.


VAZÃO DE CAPTAÇÃO
BACIA CURSO D'ÁGUA PRINCIPAL
Q (m³/h)
1 Rio Entupido 98,24
2 Ribeirão da Fortaleza 108,00
3 Córrego das Posses 33,98
4 Ribeirão dos Lemes 130,00
5 Córrego Cachoeirinha 14,40
6 Ribeirão Gomeral 5,00
7 Rio Jacuí 74,48
8 Ribeirão das Palmeiras 90,00
9 Rio Una 1779,01
10 Rio Paraitinga 90,00
11 Rio Paraibuna 7,92

A bacia 9 (Rio Una) chama a atenção quanto à quantidade de água captada, entretanto,
ainda que, dentre as bacias seja a de maior porcentagem de vazão captada, seu percentual
atinge apenas 8,61% da vazão total do rio em questão. As porcentagens de água retiradas das
vazões dos rios, com exceção da bacia 9, variaram de 0,01 a 5,57%.
Por fim, depois de calculada a turbidez, foram calculados também os custos relativos
ao tratamento químico (adição de coagulante inorgânico), utilizando a Equação 16, para os 2
cenários, que foram multiplicados pela vazão de captação de cada bacia (TABELA 13). Por
meio da diferença dos valores entre os cenários foram obtidas os custos evitados no
77

tratamento de água, que são os valores potenciais de arrecadação a serem utilizados nas
estratégias de PSA. Os valores estimados para o tratamento químico são apresentados na
Tabela 14.

TABELA 14 - Custo tratamento químico.


CENÁRIO 1 CENÁRIO 2
CURSO D'ÁGUA Tratamento Tratamento DIFERENÇA DE
BACIA
PRINCIPAL Químico Químico CUSTOS
(R$) (R$)
1 Rio Entupido R$ 37.033,99 R$ 34.437,68 R$ 2.596,31
2 Ribeirão da Fortaleza R$ 34.860,10 R$ 34.860,10 R$ 0,00
3 Córrego das Posses R$ 8.755,20 R$ 8.541,18 R$ 214,02
4 Ribeirão dos Lemes R$ 45.214,82 R$ 42.491,38 R$ 2.723,44
5 Córrego Cachoeirinha R$ 5.244,82 R$ 5.240,99 R$ 3,83
6 Ribeirão Gomeral R$ 1.919,85 R$ 1.779,29 R$ 140,57
7 Rio Jacuí R$ 28.333,66 R$ 28.333,66 R$ 0,00
8 Ribeirão das Palmeiras R$ 32.579,96 R$ 20.241,06 R$ 12.338,89
9 Rio Una R$ 714.048,10 R$ 692.238,74 R$ 21.809,36
10 Rio Paraitinga R$ 36.267,57 R$ 36.265,96 R$ 1,61
11 Rio Paraibuna R$ 3.180,51 R$ 3.179,14 R$ 1,36

Os valores do custo de tratamento químico unitário, relacionado a aplicação de


coagulante inorgânico para a remoção de sedimentos em suspensão, variam de R$1.919,85 a
R$714.048,10 por bacia no cenário 1, no qual os maiores custos unitários são referentes as
bacias 9 (Rio Una) e 4 (Ribeirão dos Lemes). No cenário 2, os custos tem variações
semelhantes. Desconsiderando as bacias 2 (Ribeirão da Fortaleza) e 7 (Rio Jacuí) que não
tiveram alterações nos valores, o potencial de arrecadação variou de R$1,36 a R$21.809,00.
O potencial de arrecadação total, gerado a partir da economia com o tratamento
químico, resultado do reflorestamento no cenário 2, totaliza R$ 39.829,39/ano.

4.3.3 Custo de dragagem

Os custos potenciais de dragagem, calculados por meio da Equação 17, referentes aos
sedimentos aportados nos 2 cenários são apresentados na Tabela 15.
78

TABELA 15 – Custos potenciais de dragagem (DR) nos cenários estudados.


CENÁRIO 1 CENÁRIO 2 DIFERENÇA DE
BACIA CURSO D'ÁGUA PRINCIPAL
Dragagem (R$) Dragagem (R$) CUSTOS
1 Rio Entupido R$ 3.576.889,16 R$ 927.540,83 R$ 2.649.348,33
2 Ribeirão da Fortaleza R$ 283.103,65 R$ 283.103,65 R$ 0,00
3 Córrego das Posses R$ 13.081,06 R$ 11.798,60 R$ 1.282,46
4 Ribeirão dos Lemes R$ 895.199,09 R$ 397.206,84 R$ 497.992,25
5 Córrego Cachoeirinha R$ 826.733,62 R$ 815.561,55 R$ 11.172,08
6 Ribeirão Gomeral R$ 12.381.792,85 R$ 2.693.340,66 R$ 9.688.452,19
7 Rio Jacuí R$ 15.344.876,80 R$ 15.344.876,80 R$ 0,00
8 Ribeirão das Palmeiras R$ 1.856.227,25 R$ 47.929,42 R$ 1.808.297,83
9 Rio Una R$ 124.204.928,40 R$ 52.241.134,28 R$ 71.963.794,13
10 Rio Paraitinga R$ 245.160.917,75 R$ 244.825.702,75 R$ 335.215,00
11 Rio Paraibuna R$ 325.901.293,54 R$ 321.700.573,70 R$ 4.200.719,84

Os custos das dragagens no cenário 1 variam de R$ 13.081,06/ano (bacia 3) a R$


325.901.293,54/ano (bacia 11). Os maiores custos se referem as bacias 9 (Rio Una), 10 (Rio
Paraitinga) e 11 (Rio Paraibuna). No cenário 2 os custos variam de R$ 11.798,60/ano (bacia
3) a R$ 321.700.573,70/ano (bacia 11), os maiores custos se referem as mesmas bacias que o
cenário anterior.
As economias com a dragagem, devido aos reflorestamentos nos cenários 2,
representam a outra parte do potencial de arrecadação, com o total de R$ 91.156.274,11/ano.
Desconsiderando as bacias 2 (Ribeirão da Fortaleza) e 7 (Rio Jacuí) que não tiveram
alterações nos valores, o potencial de arrecadação variou de R$ 1.282,46 a R$ 71.963.794,13.

4.3.4 Potencial total de arrecadação com o PSA hídrico

As arrecadações potenciais obtidas por meio da dragagem são superiores as


arrecadações potenciais obtidas por meio do tratamento químico. Os valores referentes ao
tratamento químico são dependentes das vazões captadas, de modo que os custos foram
maiores de acordo com as maiores vazões de captação.
O potencial de arrecadação total, devido aos reflorestamentos no cenário 2, são
apresentados na Tabela 16.
79

TABELA 16 – Potencial de arrecadação referente às economias com o tratamento físico-químico e dragagem.

BACIA CURSO D'ÁGUA PRINCIPAL POTENCIAL DE ARRECADAÇÃO (R$/ANO)

1 Rio Entupido R$ 2.651.944,64


2 Ribeirão da Fortaleza R$ 0,00
3 Córrego das Posses R$ 1.496,47
4 Ribeirão dos Lemes R$ 500.715,68
5 Córrego Cachoeirinha R$ 11.175,91
6 Ribeirão Gomeral R$ 9.688.592,75
7 Rio Jacuí R$ 0,00
8 Ribeirão das Palmeiras R$ 1.820.636,72
9 Rio Una R$ 71.985.603,48
10 Rio Paraitinga R$ 335.216,61
11 Rio Paraibuna R$ 4.200.721,20

O potencial de arrecadação total, gerado a partir da soma das economias com o


tratamento químico e dragagem, resultantes do reflorestamento do cenário 2, é de R$
91.196.103,47/ano e variam de R$ 0/ano (bacia 2 e 7) a R$ 71.985.603,48/ano (bacia 9).
Utilizando os potenciais de arrecadação, foram estimados os pagamentos potenciais por área
reflorestada, que são apresentados na Tabela 17.

TABELA 17 - Pagamentos potenciais pelos reflorestamentos estimados de acordo com as arrecadações por área
reflorestada.
TOTAL ARRECADADO POR ÁREA
BACIA CURSO D'ÁGUA PRINCIPAL
REFLORESTADA (R$/ha)
1 Rio Entupido R$ 8.338,27
2 Ribeirão da Fortaleza R$ 0,00
3 Córrego das Posses R$ 4.597,45
4 Ribeirão dos Lemes R$ 6.691,38
5 Córrego Cachoeirinha R$ 36.522,58
6 Ribeirão Gomeral R$ 7.650,14
7 Rio Jacuí R$ 0,00
8 Ribeirão das Palmeiras R$ 673,73
9 Rio Una R$ 3.422,72
10 Rio Paraitinga R$ 1.216,07
11 Rio Paraibuna R$ 740,18
80

A implantação dos programas de PSA, além de esbarrar em problemas de governança


e falta de regulamentação, devem ser viáveis, ou seja, os incentivos proporcionados pelos
reflorestamentos devem ser maiores que o lucro obtido pelo uso da terra mais o custo de
reflorestamento.
Neste trabalho foi proposto o reflorestamento das áreas de pastagem inseridas na APA
Mananciais do rio Paraíba do Sul (no cenário 2). Para efeito de comparação foi considerado o
custo de oportunidade (médio) para as áreas de pastagens de R$232,32/(ha.ano), apresentado
no relatório “Programa de Pagamento por Serviços Ambientais para os Mananciais de
Abastecimento Público do Trecho Paulista da Bacia do Paraíba do Sul” (INSTITUTO OIKOS
DE AGROECOLOGIA, 2015). Já para o reflorestamento de 1 hectare de terra o custo
considerado foi de R$16.058,09, utilizando estudo de NASCIMENTO (2007) e considerando
o plantio de mudas em espaçamento de 3x 2 m e a cotação do dólar em setembro de 2016
(R$3,24).
Para as bacias estudadas, somente a bacia 5 (Córrego Cachoeirinha) teria retorno do
investimento já no primeiro ano. As bacias 1 (Rio Entupido), 3 (Córrego das Posses), 4
(Ribeirão dos Lemes), 6 (Ribeirão Gomeral) e 9 (Rio Una) teriam retorno dentro dos
primeiros 5 anos de investimento. As demais bacias levariam mais de 15 anos para obter
algum retorno financeiro pelo reflorestamento.
Considerando os menores e maiores valores das TAS analisadas, ocorreram variações
nos valores potenciais de arrecadação, conforme demonstrado na Tabela 18.

TABELA 18 - Pagamentos potenciais pelos reflorestamentos estimados de acordo com as arrecadações por área
reflorestada, considerando a menor e a maior TAS.
TOTAL TOTAL
DIFERENÇA NO
ARRECADADO ARRECADADO
BACIA CURSO D'ÁGUA PRINCIPAL USO DAS
MENOR TAS MAIOR TAS
EQUAÇÕES
(R$/ha) (R$/ha)
1 Rio Entupido R$ 2.469,56 R$ 7.696,62 R$ 5.227,06
2 Ribeirão da Fortaleza R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00
3 Córrego das Posses R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00
4 Ribeirão dos Lemes R$ 55,53 R$ 171,89 R$ 116,36
5 Córrego Cachoeirinha R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00
6 Ribeirão Gomeral R$ 1.930,94 R$ 7.151,27 R$ 5.220,33
7 Rio Jacuí R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00
8 Ribeirão das Palmeiras R$ 173,13 R$ 550,41 R$ 377,28
9 Rio Una R$ 377,21 R$ 1.587,59 R$ 1.210,39
10 Rio Paraitinga R$ 651,48 R$ 2.779,64 R$ 2.128,16
11 Rio Paraibuna R$ 506,44 R$ 2.142,62 R$ 1.636,18
81

Analisando a Tabela 18, a diferença no potencial de arrecadação variou de R$ 116,36


a R$ 5.227,06, tal variação permite que as bacias 1 (Rio Entupido) e 6 (Ribeirão Gomeral)
tenham o retorno do investimento em reflorestamento reduzido em cerca de 5 anos.
Percebe-se que, apesar desta variação, a equação escolhida para o cálculo da TAS
influencia de forma mais significativa no potencial final de arrecadação quando a
sensibilidade relativa de suas variáveis pode ser relacionada com a alteração do uso e
ocupação do solo, como é o caso da equação de WILLIAMS (1977) que engloba o CN
(número-curva).
Comparando os resultados que poderiam ser obtidos variando a equação escolhida
para o cálculo da TAS com outros estudos, observa-se que, dentre as bacias que apresentaram
potencial diferente de zero, os valores de arrecadação final para as bacias 4 (Ribeirão dos
Lemes), 8 (Ribeirão das Palmeiras) e 9 (Rio Una) ficaram dentro das faixas de valoração de
outros projetos em execução no território brasileiro, como:
 Produtores de Água e Florestas, Bacia Guandu/RJ – que busca a conservação
da bacia hidrográfica por meio da restauração florestal em APPs e áreas
interceptoras de água e saneamento rural. Os valores de pagamento variam
entre R$ 10,00 e 60,00/ha/ano;
 Produtor de Água, Bacia PCJ/SP – que propõe a conservação dos recursos
hídricos através de ações de conservação de solo; cercamento de fragmentos
florestais e restauração florestal, variando a valoração entre R$25,00 e
R$125,00/ha/ano;
 Conservador de Águas, Extrema/MG – que paga em média R$176,00/ha/ano
pelos serviços ambientais de preservação de mata ciliar;
 Oásis, São Paulo/SP – que propõe a proteção das áreas naturais visando o
armazenamento de água, o controle de erosão e a manutenção e qualidade da
água. O pagamento pelos serviços variam entre R$75,00 e R$370,00/ha/ano;
 Produtores de Água, Bacia Guandu/ES – que busca restauração e conservação
florestal de 200 ha. A valoração utilizada engloba os critérios: declividade do
terreno, estágio de regeneração da floresta e o custo de oportunidade. Desta
maneira, os valores variam entre R$80,00 e R$340,00/ha/ano;
 Produtores de Água, Bacia Benevente/ES – que objetiva a conservação
florestal para garantir a quantidade e qualidade dos recursos hídricos,
valorando os serviços de R$80,00 a R$340,00/ha/ano;
82

 Oásis, Apucarana/PR – que possui a finalidade de restaurar a conectividade


entre fragmentos florestais e unidades de conservação, valorando o serviço
prestado de R$93,00 a R$563,00/ha/ano;
 Programa Ecocredito, Montes Claros/MG – que paga R$110,10/ha/ano pelo
serviço de conservação de áreas de relevante interesse ambiental.
Considerando os valores estimados na Tabela17, as demais bacias possuem valor de
arrecadação final superiores aos projetos citados acima, variando de R$ 673,73 a R$
36.522,58/ha/ano.
Os pagamentos são mais explícitos quando atrelados à área trabalhada, pois estabelece
de forma mais clara a relação entre a perda da área produtiva e o pagamento pelo serviço
ambiental. Embora, os pagamentos, em alguns casos pareçam ter valores baixos, podem
mudar a percepção sobre a importância das florestas e, mesmo que em alguns casos
percebidos como simbólicos, são importantes para a promoção de atitudes de conservação
ambiental e para o sentimento de valorização dos serviços ambientais como um beneficio para
a sociedade.
83

5 Considerações finais

Neste trabalho buscou-se quantificar e valorar a arrecadação pelo serviço


ecossistêmico de retenção de sedimento a fim de gerar informações para a adequada tomada
de decisão referente ao uso de PSA. Considerando os menores e maiores valores das TAS
analisadas, ocorreram variações nos valores potenciais de arrecadação, de R$ 116,36 a R$
5.227,06, tal variação permite que as bacias 1 (Rio Entupido) e 6 (Ribeirão Gomeral) tenham
o retorno do investimento em reflorestamento reduzido em cerca de 5 anos. Apesar desta
variação, a equação escolhida para o cálculo da TAS influencia de forma mais significativa no
potencial final de arrecadação quando a sensibilidade relativa de suas variáveis pode ser
relacionada com a alteração do uso e ocupação do solo, como é o caso da equação de
WILLIAMS (1977) que engloba o CN (número-curva).
Com a escolha de utilização da equação de WILLIAMS (1977), os valores finais de
arrecadação tornaram-se mais viáveis, variando de R$673,73 a R$36.522,58, excluindo as
bacias que não tiveram arrecadação (Ribeirão da Fortaleza e Rio Jacuí). Considerando que os
incentivos proporcionados pelos reflorestamentos devem ser maiores que o lucro obtido pelo
uso da terra mais o custo de reflorestamento, para as bacias estudadas, a bacia do Córrego
Cachoeirinha teria retorno do investimento já no primeiro ano. As bacias do Rio Entupido, do
Córrego das Posses, do Ribeirão dos Lemes, do Ribeirão Gomeral e do Rio Una teriam
retorno dentro dos primeiros 5 anos de investimento. No entanto, as demais bacias levariam
mais de 15 anos para obter algum retorno financeiro pelo reflorestamento.
O aporte de sedimentos é um processo complexo que envolve muitas variáveis
relacionadas aos processos hidrológicos. Todas as equações utilizadas para o cálculo do
aporte de sedimento possuem bases empíricas e as suas aplicações para regiões diferentes
daquelas para o qual foram desenvolvidas envolvem a admissão de riscos e devem ser
utilizados com cautela.
Embora os resultados deixem a desejar, devido a carência de dados monitorados, o uso
de equações empíricas é justificado e serve como uma primeira abordagem para a tomada de
decisões. A existência de dados monitorados com certeza permitiria a calibração das equações
ou até mesmo o desenvolvimento de equações específicas para as regiões estudadas.
Os valores de PSA obtidos por este trabalho fazem referência ao serviço ecossistêmico
de retenção de sedimento, não correspondendo ao valor total que as florestas apresentam. Por
84

tal motivo, algumas bacias obtiveram baixos valores de arrecadação, no entanto, ainda que
baixos, tais valores podem mudar a percepção sobre a importância das florestas e, mesmo que
em alguns casos percebidos como simbólicos, são importantes para a promoção de atitudes de
conservação ambiental e para o sentimento de valorização dos serviços ambientais como um
beneficio para a sociedade.
Em futuros trabalhos, deve-se reavaliar a estimativa do valor do CN, já que as tabelas
comumente usadas, apesar de apresentarem muitas classificações de uso do solo, não
enquadram diretamente algumas classes importantes como, por exemplo, solo exposto. De
fato, solos com alto grau de intemperismo podem possuir horizontes de solum mais profundos
e podem ser mais porosos. Assim, pode-se ter uma situação em que o CN é muito difícil de
ser avaliado com base na experiência e na descrição dos solos do hemisfério Norte, que
possuem normalmente horizontes de intemperismo mais rasos e menores taxas de infiltração,
para as mesmas classificações táteis-visuais. Portanto, entende-se que estudos mais profundos
sobre a adaptação dos métodos classificatórios destes solos devem ser realizados, com o
objetivo de se avaliar melhor a ordem de grandeza do CN para solos tropicais.
Recomenda-se, que para obtenção de valores maiores e mais viáveis, que auxiliam na
tomada de decisão, seja feita uma análise conjunta de todos os serviços ecossistêmicos
providos, considerando que as relações entre valor e serviço necessitam ser quantificadas e
valoradas com a maior precisão possível.
85

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FOLHA DE REGISTRO DO DOCUMENTO
1. 2. 3. 4.
CLASSIFICAÇÃO/TIPO DATA REGISTRO N° N° DE PÁGINAS

DM 31 de janeiro de 2017 DCTA/ITA/DM-110/2016 91


5.
TÍTULO E SUBTÍTULO:

Análise de equações empíricas de taxa de aporte de sedimentos - TAS - para geração de funções dose-
resposta em programas de PSA hídrico.
6.
AUTOR(ES):

Bruna Soares de Oliveira


7. INSTITUIÇÃO(ÕES)/ÓRGÃO(S) INTERNO(S)/DIVISÃO(ÕES):

Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA


8. PALAVRAS-CHAVE SUGERIDAS PELO AUTOR:

Pagamentos por serviços ambientais, Retenção de sedimentos, Serviços ecossistêmicos.


9.PALAVRAS-CHAVE RESULTANTES DE INDEXAÇÃO:

Pagamentos por serviços ambientais; Sedimentação; Bacias hidrográficas; Crescimento da população;


Efeitos ambientais; Gestão ambiental; Engenharia civil.
10.
APRESENTAÇÃO: X Nacional Internacional
ITA, São José dos Campos. Curso de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Infraestrutura Aeronáutica. Área de Infraestrutura Aeroportuária. Orientador: Prof. Dr. Wilson Cabral de
Sousa Jr. Defesa em 19/12/2016. Publicada em 2016.
11.
RESUMO:

O crescimento populacional, associado às necessidades socioeconômicas, gera uma forte demanda pelo
aumento das cidades, da produção de alimentos, da geração de energia elétrica, da produção de bens de
consumo e outros, provocando forte pressão ao ambiente natural. Essa influência antrópica em uma bacia
hidrográfica, juntamente com as características naturais da área contribuinte, molda o comportamento
sedimentológico da bacia. Dependendo da interferência no fluxo natural de sedimentos de um dado curso
d’água, seja pelo aumento da produção ou da deposição, os impactos gerados podem ser irreversíveis. O
excesso de sedimentos nos rios constitui um grande problema para sistemas de bombeamento e de
abastecimento, além de causar sérios prejuízos aos usuários de reservatórios. Este trabalho objetiva
analisar pressupostos de valoração para os serviços ecossistêmicos que associem a função ecossistêmica
da cobertura vegetal e do uso de práticas conservacionistas à contenção de erosão e redução da
quantidade de sedimentos nos cursos d’água, visando subsidiar o aprimoramento dos mecanismos de
Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA). Foi utilizada uma rota metodológica pela qual foram
calculados os sedimentos que aportam os pontos de captação, as concentrações de sedimentos nestes
pontos e a turbidez. Foram considerados dois cenários para quantificar e determinar os custos com o
tratamento de água: um cenário atual e um hipotéticos, sendo este, o reflorestamento das áreas de
pastagem inseridas na APA Mananciais do rio Paraíba do Sul. Considerando que os incentivos
proporcionados pelos reflorestamentos devem ser maiores que o lucro obtido pelo uso da terra mais o
custo de reflorestamento, os resultados apontam que as bacias possuem retorno do investimento em
tempos bem distintos, variando de 1 ano a mais de 15 anos. Apesar de os reflorestamentos reduzirem os
impactos do aporte de sedimento aos corpos d’água nas bacias de captação, os processos ocorrem em
magnitudes diferentes, devendo ser levado em consideração ao serem utilizados para estratégias de
Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA).

12.
GRAU DE SIGILO:

(X ) OSTENSIVO ( ) RESERVADO ( ) SECRETO

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