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Ne © ee ae ae ee oe (eae ie oe) ae ee ee ee Seni ee ee ee on ee ae ! ee bes A REESTRUTURAGAO EsPACIAL E AS ‘Novas FORMAS DE SUJEITOS E CoNnFLITOS NAS RELAGOES GEOGRAFICAS DESTE COMEGO DE SECULO Spacial renewal and its socal conflicts forms in the actual segraphyes relations ‘La restrataracin del espacio e las ‘nuenas formas de clases ¢teniones sociales en las relaionesgegrificas de ‘tos cumienzos del sigh XXT Ruy Moreira Universidade Federal Fluminense Email: rymoreira@uol.com.br p. 171-184 MOREIRA, R. ‘A RELSTRUTURACAO ESPACIAL FAS NOVAS FORMAS DR. SUJEITOS, ‘Tres grandes mudangas entrecruzadas dominam as relagées geograficas nesta virada de milénio: a globalizagao, a complexificagao e a biorrevolugao. E correspondem em termos espaciais a uma mudanga, respectivamente, na escala, no modo da interacdo entre os lugares ¢ na forma da ago da técnica. A mudanga de escala tem relagtio com a criago de nova forma de espacialidade diferencial, a do modo de interagio dos lugares com a instituigdo da estrutura em rede e a da forma de acdo técnica com o surgimento bioespago, podemos assim também dizer. Todo esse conjunto de mudangas forma o que a literatura vem chamando de reestruturagiio. E que esté relacionada a um novo quadro de sujeitos da organizagao do espago. Por um lado, o capital rentista tem a hegemonia da reestruturagdo ¢ a conduz no sentido de leva-la a coneretizar seu dominio. Por outro lado, as classes territoriais, expressfio que usarei na falta de uma nomenclatura mais apropriada, advindas da propria reestruturagao, nela intervém ativamente. A globalizagao: a nova qualidade de espacialidade diferencial A globalizaco é a escala geogrifica segundo a qual a hist6ria humana, uma vez tornada mundial, passa a se organizar. E a culminancia da progressio escalar de um processo histérico que tem origem nas transformages ocorridas na sociedade feudal no noroeste da Europa entre os séculos X e XIV e que dai sucessivamente se amplifica em escala de abrangéncia de territério até tornar-se mundial. A fonte inicial dessas transformagGes ¢ 0 renascimento mercantil e urbano, sua melhor expresso é o surgimento da manufatura e seu motor é a seqiiéncia de transformagdes que ocorrem nos meios de transferéncia (transportes, comunicagdes € transmissdo de energia), centrados naquela época nas comunicagdes ¢ nos transportes, portanto na esfera da circulagdo. Mas é a espacialidade diferencial complexa a sua forma. Esclaregamos. A espacialidade diferencial ¢ 0 conceito de escala formulado por Lacoste (1988). E um conceito qualitativo de escala que para os fins de nossa andlise tem seu eixo estrutural na relago entre as esferas da produgao e da circulagdo existente em cada momento da histéria, variando essa relagdo em sua forma em fungdo da dimensio e do contetido no tempo (MOREIRA, 2006). Cada aspecto do real forma um conjunto espacial dentro da estrutura da espacialidade diferencial, diz Lacoste. Ha um conjunto-clima, um conjunto-relevo, um conjunto-campo, um conjunto-cidade, e assim sucessivamente. Estes conjuntos espaciais se organizam e se superpdem em seus recortes sem que haja coincidéncia territorial entre eles, de modo que seu todo é uma superposigiio sequencial de recortes entrecruzados. Pode-se, assim, tomar como ponto de referéncia qualquer nivel de recorte para se visualizar 0 conjunto do arranjo de espaco que entdio se forma, a paisagem sendo 0 que vé o olhar na perspectiva dessa referencia. Dai 172 Terra Livre - n. 30 (1): 171-184, 2008 Lacoste chamar nivel de representagdio e nivel de conceitualizagao a este nivel de referéncia do olhar, a arrumagao total montada pelo olhar sendo a espacialidade diferencial propriamente. A espacialidade diferencial, assim, é uma para cada tempo, contrastando a espacialidade diferencial da sociedade tradicional e a da sociedade moderna. O contraste vem da forma como a esfera da circulagdo organiza espacialmente a esfera da produgio em cada tempo, aqui precisamente intervindo o nivel do desenvolvimento tecnolégico dos meios de transferéncia. Nas sociedades tradicionais a relago com o entorno nao ultrapassa 0 horizonte do ambiente vivo (flora e fauna) imediato e da vila. O nivel do desenvolvimento das forgas produtivas pouco permite além da capacidade de transformar elementos locais da natureza viva e de trocar produtos no ambito estrito da vila. O nucleo da vida econémica ¢ 0 artesanato, uma forma de industria que € parte de uma economia autnoma familiar, onde praticamente nao se separam a produgio ¢ o consumo, a industria ¢ a agricultura, 0 consumo e o mercado, de modo que a relagaio dos homens nfo vai além do contato com as formas vivas da natureza — as plantas e animais que Ihes servem de matéria prima — e de um raio de extensao de relagdo territorial que nao ultrapassa a vila. Lacoste resume esta forma histérica de espacialidade diferencial nestes termos: Outrora, na época em que a maioria dos homens vivia ainda para © essencial, no quadro da auto-subsisténcia aldea, a quase totalidade de suas préticas se inscrevia, para cada um deles, no quadro de um iinico espago, relativamente limitado: 0 “terroir” da aldeia e, na periferia, os territérios que relevam das aldeias vizinhas. Além, comegavam os espagos pouco conhecidos, desconhecidos, miticos. Para se expressarem e falar de suas priticas diversas, os homens se referiam, portanto, antigamente, representacao de um espago tinico que eles conheciam concretamente, por experigneia pessoal (LACOSTE, 1988:53). Antigamente, cada homem, cada mulher percortia a pé 0 seu proprio territério (aquele no qual se inscreviam todas as atividades do grupo ao qual pertencia); ele encontrava seu pontos de referéncia, sem dificuldade, nesse espago continuo, no qual nenhum elemento Ihe era desconhecido (idem:45) E observa que era ela ainda a forma de organizagao do espago em pleno fim de século XIX: Os aldedes que so ainda, em grande parte, agricultores, no fim do século XIX conheciam bem o “terroir” de sua comuna, os 173

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