Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
ABSTRACT: This piece of work is conceining the research project "Sobre a Relação Sujeito Linguagem:
a fala da criança em questão", which took place at the State University of Londrina and was corrdinated
by Teacher Patrícia de Castro Santos. Trough Claudia Lemos' proposels, the language aquisition process
on a child, who was filmed two years, will be anlyzed, it aims to observe how varied the child's position
is, what the relation child's speaking and with the speak of adult, is like and what role it plays in the
three different Ma's positions for the relation adult/child makes us understand the cild itself. We also to
discuss the child as a speaker and, mainly, dwell on the hurdles we had regarding the establishment of
the Ma's positions both in the second and the third positions
0. Introdução
1. Fundamentação teórica
"... a primeira posição em que o pólo dominante é o outro, sujeito e língua; no que se refere à
segunda posição em que o pólo dominante é a língua, o estatuto do outro e do sujeito e, no que se
1176 AS POSIÇÕES OCUPADAS PELA CRIANÇA NA AQUISIÇÃO DE LINGUAGEM
refere à terceira posição, em que o pólo dominante é o sujeito, o estatuto da língua e do outro".
(1999:03)
A primeira posição é, portanto, marcada pela caracterização da fala da criança como o reflexo da
fala do Outro. Ela é dependente e alienada nesta fala. Permanece em sua fala ocorrências já ditas em
diálogos pronunciados anteriormente pelo o Outro da linguagem. As substituições metafóricas e os
deslocamentos metonímicos ocorrem de acordo com a captura feita pela criança em relação à fala do
Outro, na qual ela está presente.
Conforme Lacan é no período designado "estádio do espelho", que observa-se, mais nitidamente, o
papel constitutivo do a importância do Outro. A criança reconhece sua imagem no corpo do Outro, assim
alienando-se a ele pela linguagem, que a significa como falante, criando um vinculo de identificação.
(DOR, 1985: 78)
Episódio 1:
(Ma brinca de fazer comidinha para sua boneca com A)
A1 – O que qui cê tá fazeno?
Ma1 – papáaa
A2 – Tá fazeno papá?
Ma2 – Ai qui dilícia!
A3 – Ai qui dilícia!
Ma3 – Ah!
A4 – Que gostoso!
( Marina 1: 7 .16)
Episódio 2
(brinca de mostrar os dentes com V e R)
R1 – Da uma risadinha, mostra o dentinho, mostra?
(Ma sorri e põe a mão no dente para mostrá-lo).
V1 – Ela tem dente, tem? Quantus?
C1 – Cato.
V2 e R2 – Cato.
( Marina 1: 7 .16)
Pensando em Marina em primeira posição, sua fala é um reflexo da fala do Outro, pois sustenta-se
por enunciados já pronunciados pela família, como pode-se observar no episódio 1, no qual desloca um
enunciado utilizado pela família, quando se referem ao momento da refeição, e substitui "ai que delícia"
por "ai qui dilícia".
O mesmo acontece no episódio 2, quando Marina responde "cato" para a pergunta da avó. Porém
se considerarmos a resposta dela, é possível afirmar que, ao retomar uma brincadeira feita pela família,
ela tem consciência do significado de sua resposta ou ela sustenta uma resposta retomando outras falas?
Considerando Marina na primeira posição, sua fala, neste momento, é um reflexo da fala do Outro,
sua participação no diálogo só é possível na medida em que este Outro a reconhece como alguém que
pode, neste caso, responder.
Conforme Cláudia Lemos:
“... na fase inicial de acertos a fala da criança não só consiste de fragmentos da fala do adulto
como depende do reconhecimento que a interpretação do adulto confere a esses fragmentos para
continuar a se fazer presente no diálogo”. ( 1998: 15)
Assim, a estrutura dialógica em que Marina está inserida é sustentada pela fala do outro, que
interpreta a fala da Marina, reconhecendo-a como alguém que fala, que responde, que participa das
práticas de linguagem da família.
Episódio 3
(Ma está escolhendo com a mãe os brinquedo para o banho)
M1 – Quem você qué no banho? Barquinho?
Ma1 – ainho.
M2 – Cavalinho?
Ma2 – Él.
M3 – Quantus cavalinhos?
Patrícia de Castro SANTOS & Alessandra CÔRTES 1177
Episódio 4
(Ma explica para A o que irá fazer)
A1 – Qui cê tá fazendo Marina?
Ma1 – É panhu.
A2 – Panhu?
Ma2 – É
A3 – Né banhu?
Ma3 – Neaum (balança a cabeça para confirmar que não)
Culpa
( Marina 1: 7 .16)
Entretanto, observando os episódios 3 e 4 percebemos que Marina está ocupando, neste caso, a
segunda posição, assim discutida por Cláudia Lemos:
“... o fato de que a ocorrência dos erros na fala da criança coincida com impermeabilidade da
criança à correção do erro pelo adulto, ou melhor, com sua impossibilidade de reconhecer o que
na fala do adulto, em resposta a seu enunciado, apontava para uma diferença relativamente ao
seu próprio enunciado. Essa concomitância permitia considerar os processos metafóricos e
metonímicos como circunscritos a um efeito de semelhança ou de espelhamento entre cadeias que,
ainda que originárias do outro, ganhavam seu estatuto na língua, a saber fora da esfera do outro.
Esse efeito de subjetivação, contudo, não basta para promover o reconhecimento da diferença que
o erro instancia e que caracteriza a segunda posição como a de um falante submetido ao
movimento da língua.(1998:15)
..."em contraste com a primeira posição em que o fragmento que comparece na fala da criança é
como que um vestígio metonímico das cadeias pelas quais o outro a interpreta, na segunda
posição, seus enunciados são cadieas permeáveis a outras cadeias e, portanto, passíveis de
deslocamento, de ressignificação, de abrir-se para significar outra coisa". (1999: 11)
Episódio 5
(Ma brinca de fazer sua boneca dormir)
Ma1 – La e la lenê Qui cuca á !#"$ á óça %'& á cá cá zal %
R1 – ()!*+-,./+*102,+435*7698,;:<)=?>;@,A+B3,C á > > D
EDEFGHIEAJKL!EMON
Ma2 – ana e enê a cuca em egá, mamãe e a oça
R2 – Canta!
Ma3 – ana e nenê a cuca vai pegá... (pára de cantar e levanta a boneca) diz “upa!”
V1 – foi na roça...
R3 – Cadê o mamá do nenê?
Ma4 – tá
( Marina 1: 7 .16)
Episódio 6
(Ma está na sala conversando com A)
A1 – O papai que chegô agora?
Ma1 – I nau
A2 – Não, num chegô? Onde o papai foi? Foi trabalhá?
Ma2 – É
A3 – É?
Ma3 – Trabaiá, trabaiá, trabaiá.
Nana papa i a cuca pa pigá ilá o oça mamae abaiá
(canta rápido)
Nana nenê a cuca ai pigá, mumae a lá lá o óóó ça, a mamãe é trabaiá.
Nana lá lá lá a cuca vem pigá.
(Marina 1: 7. 20)
Episódio 7
(Ma está tomando Banho e conversando com sua mãe)
M1 – Marina eu vou te dá o sabonete novo, tá?
Ma1 – Tá.
M2 – Cê lava o pé?
Vai falando pra Alessandra o que você vai lavá.
A1 – Tá lavando o bumbum?
Ma2 – A pé.
Noiado.
A pupu.
A caí
Aaa, mama, aaa, canta pa, pa, la, la
Nana mamãe qui a cuca vem pigá
(canta baixo)
Mimãe ii aa óóá a papa paiá iá.
Nana nene a cuca i pigá (canta baixo) mamãe i lala ó á, papi iá ª
La na nenê a cuca em pigá, mamae i la óó ça, papai abaiá.
Na nenê (engrossa a voz) a cuca em pigá, mamae ilá lá ó ça, o papai aiá.
Nana nene a cuca vem pigá, mamae em la ó. (para de cantar)
(Marina 1: 7. 20)
suas produções e as produções dos adultos, ou, ainda, porque ela não tinha interesse em continuá-la?
Sabendo que sua vó persiste em cantar e considerando também que o término da música deu-se no
período que apresentou maior dificuldade em cantar. Considerando também que esse upa é uma
brincadeira de família, portanto qual o seu real sentido? Ou seria o silêncio inicial a marca do
reconhecimento de um “erro”, assim Ma ocuparia uma terceira posição?
Agora, fazendo uma comparação entre os episódios 5, 6 e 7 observa-se que os diferentes
enunciados produzidos por Ma em episódios acontecidos praticamente num mesmo período, mantém-se
em constante mudança através do funcionamento metafórico/metonímico.
Inicialmente Ma desloca para sua fala a palavra ‘trabalhá’(episódio 6) produzida por mim e a
substitui por ‘trabaiá’. Logo a palavra remeterá a uma música já referida no diálogo anterior, assim
desloca os significantes ‘papai’ e ‘trabalhá’ e os substitui pela música ‘nana nenê’. Suas produções são
reformuladas gradualmente, isto é, se compararmos as decorrências do verbo TRABALHAR, nos
episódios 6 e 7, notaremos uma mudança gradual, pois principia-se com trabaiá P QRQ!SUT4VXWUQRQST4VYSZT
a VXQ[RQSTV \]^_`a9bdcfeg2h\ji
klcmi
n]o
aqpr\]^sZ_tui5ek\b
]rne!cwv2\\jke!c/k\7e[bxv2a!b5\!y ão e substitui os radicais ( tr
– ab – tab – ab), no caso de ‘iá a’ e aiá, não observa-se presença de radicais. É importante também
considerar que os vários deslocamentos e substituições observados são realizados na sua própria fala,
deixa de relacioná-la com a do Outro, como acontece nos episódios 3 e 4.
No entanto, pode-se também observar pelo funcionamento metafórico/metonímico quando ela
desloca da fala de A2 - o verbo trabalhá, no episódio 6, para sua fala, há também um deslocamento no
sentido do significante do verbo trabalhar, primeiramente este se referia a representação do que o pai
estava fazendo, em seguida Ma desloca o significante para a música, remetendo ao significado da música.
Nesse sentido, Ma traz para sua fala uma música sempre cantada por ela e pela sua família, com diversas
substituições no decorrer da sua fala.
Já na terceira posição Cláudia Lemos (1998: 15) diz que
“... o fato de que o desaparecimento do erro que caracteriza o estado chamado de estável,
também pela sua homogeneidade, coincide com a ocorrência na fala da criança de pausas,
reformulações, correções provocadas pela reação do interlocutor, e as chamadas auto-correções.
É importante chamar atenção para o fato de que reformulações, correções e auto-correções se
dão, como acontece com o erro, sob a forma de substituições. Isso significa que elas também
remetem a processos metafóricos e metonímicos que implicam o reconhecimento da diferença
entre a unidade a ser substituída e a que a vem substituir. Esse reconhecimento, porém, é também
determinado por um processo identificatório que se dá na linguagem como movimento de
assemelhamento à fala do outro”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTRO, Maria Fausta Pereira. Língua Materna: Palavra e Silêncio na Aquisição de Linguagem.
FILHO, Luiz Carlos J. Uchoa (org.). Silêncios e Luzes: sobre a experiência psíquica do vazio e da
forma. São Paulo: Caso do Psicólogo, 1998.
CÔRTES, Alessandra. A Inconstância na Fala da Criança - ou das Posições do Sujeito. Trabalho
apresentado no 4º Encontro do Círculo de Estudos Lingüísticos do Sul - CELSUL, no Grupo de
Trabalho: Sobre a Relação Sujeito/Linguagem - a Fala da Criança em Questão. Curitiba, 2000.
___. A Inconstância na Fala da Criança - ou das Posições do Sujeito. Trabalho apresentado no XLIX
Seminário do Grupo de Estudos Lingüísticos do Estado de São Paulo - GEL, no Grupo de Trabalho:
Sobre a Relação Sujeito/Linguagem - a Fala da Criança em Questão. Marília, 2001.
DE LEMOS, Claudia. Em busca de uma alternativa à noção de desenvolvimento na interpretação do
processo de Aquisição de Linguagem: Parte II . Campinas: Unicamp - IEL, 1999
___. (1998). Processos Metafóricos e Metonímicos: seu estatuto descritivo e explicativos na aquisição da
língua materna. Trabalho apresentado na The Trento Lectures Workshop on Metaphor and Analogy,
organizada pelo Instituto per la Ricerca Scientifica e Tecnologica Italiano em Povo.
DOR, Joël. (1985). Introdução à Leitura de Lacan. Porto Alegre, RS: Editora Artes Médicas Sul Ltda.